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VILAS DE MALOCAS E BAIRRO RESTINGA: A VERSÃO DOS REMOVIDOS
SOBRE O PLANO DE CONFINAMENTO EM VILA DE TRANSIÇÃO -
EUGENIA NA PORTO ALEGRE DE 1967-1970.
Neila Prestes de Araujo
Mestranda no PPG História da UFRGS
As remoções das “Vilas de Malocas” do entorno centro da cidade de Porto Alegre, motivada pelo
branqueamento, modernização e valorização de sua área central, tinha como lema “Remover para
Promover”, porém, produziu a segregação dos pobres de maioria negra, em prática eugênica e de
higienização social urbana, constituindo gueto de “enclausuramento” em “vila de transição” dos
indesejados, excluídos e segregados. O processo foi construído e justificado pelo sistema de representação
negativo, discurso sobre as comunidades removidas que fortalecia as relações de poder e dominação sobre
os sujeitos excluídos. O Estado usou de seu poder de gestor e disciplinador para executar política urbana,
desvelando o racismo estrutural do seu plano para cidade. No uso do seu biopoder, promoveu a distinção
dos sujeitos entre os “cidadãos” (com direito a cidade) e os “não-cidadãos (sem direito a cidade)
Palavras-chave: Eugenia; Higienização Social; História Urbana.
O Bairro Restinga1 tem sua origem em 1967 e está inserido no processo de
modernização urbana da cidade, em contexto sombrio de gentrificação2 e
desterritorialização dos Territórios Negros3 - Vilas de Malocas4. Ação do Estado, já
inserido no Governo Militar, promoveu e ampliou a exclusão dos indesejados. A face
branca, moderna, educada e higiênica da cidade é mantida com a segregação e
1 O levantamento documental apresenta o espaço entre o Morro Tapera e o Morro São Pedro, um vale
com vegetação típica de uma restinga recortado pelo Arroio do Salso em meio a uma zona rural 22km a
26 km de distância do centro de Porto Alegre como descrição do local onde essa população removida das
“vilas de malocas” foi assentada - sendo a primeira a Ilhota. Assim, na pressa de mudar as feições da
cidade (região central e valorizada) que ainda tinha ares de precariedade provinciana, para uma paisagem
moderna e higiênica a altura de ser capital do Estado do Rio Grande do Sul, com seu ideário de “Europa
dos trópicos”, iniciou as remoções dos sujeitos que representavam o oposto pretendido para paisagem de
Porto Alegre. 2 Ainda assim, a definição simplificada não dá conta da complexidade do processo como afirma Furtado
(2014, p. 343) “o fenômeno de gentrificação precisa ser explicado tanto por tendências estruturais, quanto
por especificidades históricas, sem retirá-lo, contudo, do ponto de vista teórico, do contexto social do qual
ele é parte.”, sendo o processo de gentrificação “teorizado como parte da totalidade orgânica da formação
social, o que significa procurar as causas do processo de gentrificação na conjuntura da produção,
circulação e consumo” (FURTADO, 2014, p.343). 3 A cidade de Porto Alegre é representada com pouca ou nenhuma referência a comunidade negra. Em
meio a um sistema de exclusão (trabalho, escola e espaço) tal comunidade se manteve a margem social e
territorial da cidade. 4 Sobre o tema ver Silveira (2015); Bohrer (2011)
imposição do afastamento territorial e social a quem foi negado o direito a cidade5, com
o discurso de “Remover para Promover” (D’AVILA, 2000 p. 51)6, o poder público
apresenta uma estratégia de limpeza social materializada na guetificação da pobreza.
No tempo que a observamos, a burguesia brasileira se assentava sobre problemas
internos que levariam a um Estado de exceção com o golpe de 1964. Um sistema
conservador e ditatorial que restringiu o diálogo político com a sociedade, com reflexos
em Porto Alegre. O Governo Militar passou a intensificar a reestruturação das cidades
brasileiras, principalmente as capitais, com projeto para áreas metropolitanas7. Em Porto
Alegre, as “vilas de Malocas” significavam um problema urbano e social que deveria
ser combatido para a aplicação do Plano Diretor8. O Planejamento Urbano é aplicado
aos moldes da ditadura - Estado de exceção que promoveu ação eugênica e de
higienização social, que priorizou a desarticulação dos Territórios Negros9 e pobres e
não a sua inclusão na estruturação urbana (BOHRER, 2011, p 121 -152).
5 Sobre composições raciais das vilas de malocas em Porto Alegre, ver: Waimer (2017) 6 Textos nas áreas de Geografia, Urbanismos e Sociologia apresentam perspectiva argumentativa que
sustentam a necessidade de estudo observando segregação racial e higienização social na produção de
gueto materializado no espaço geográfico, histórico e social do bairro Restinga. Ver: Gamalho (2009);
Zamboni (2009). 7 O debate sobre o planejamento e constituição está na Tese de Doutorado de Danielle H. Viegas (2016).
Planejamento da Região Metropolitana de Porto a Partir da Cooperação Técnica Entre o Brasil e a
República Federal da Alemanha (1963-1978). 8 O plano de modernização e desenvolvimento do Regime Militar desencadeou obras nas estruturas
urbanas de todo o Brasil, no RGS e sua capital não foi diferente. Fernanda JanhVerriem sua Dissertação
de Mestrado descreve a atuação da SERFHAU no Rio Grande do Sul entre 1964 a 1975, dando uma visão
mais específica sobre o projeto de urbanização aplicado neste processo (VERRI, 2014). 9 A tradição dos Territórios Negros de Porto Alegre está sendo registrada por iniciativas que buscam os
Mestres e sua oralidade (exercício de ouvir). No documentário Mestre Borel, a ancestralidade negra em
Porto Alegre (direção de Anelise Guterres e Baba Dyba de Yemonja, 2010), o Sr. Walter Calixto Ferreira,
mais conhecido como Mestre Borel, nos conta os recortes da cidade onde os negros habitavam.Cada
esquina, cada rua e seu trajeto até a Ilhota é contado por esse Grió.Assim ele fala: “ponto por ponto, eu
fecho os olhos e vejo tudo isso ai”, descrevendo a Ilhota sua memória percorre nas passagens de madeira
que acessavam o espaço. A comunidade começa no Areal da Baronesa, em curvas e retas, ultrapassando
cruzeiros, dobrando em esquinas até chegar na alagada Ilhota. Numa fração descuidada do tempo de
lembrar, Mestre Borel chega na Restinga, em sua narrativa expressa grande surpresa de: “O pessoal, os
restingueros que a gente chama era justamente o povo que se conhecia: Ilhota, Areal da Baronesa, aquele
pessoal que foram recrutando e foram trazendo pra cá né? Foram despejando pra cá. Então tinha muita
gente ligada com a gente, conosco [...] dos centros religiosos e áfricas e tal [...] que por aqui se acabaram,
foram se acabando.”. Sobre seu território o mestre conta, ”Ilhota, Areal da Baronesa era nosso chão, chão
de criolo, era chão de negro [...] era a senzala, uma senzala...” Quanto a configuração do território, Mestre
Borel comenta ainda “nossas famílias moraram fora da Ilhota e Areal da Baronesa, mas sempre voltando
para nossas origens”. Sobre sua família ele se posiciona de forma ampla, quase tribal quando afirma que
“nossa família, não precisa nem olha que a gente é negro, tá na cara né, que são raízes, são
ancestralismo”. Ele denuncia o preconceito e reivindica sua identidade, a do seu povo e da sua gente em
sua comunidade, agora na Restinga. Transcrição da narrativa do documentário. Disponível online:
https://www.youtube.com/watch?v=ftjdoUEC4b0 .Acessado em 28/05/2018.
Em 1967, o poder público executa remoção dessa população de “maloqueiros”,
iniciando pela Ilhota, conduzindo compulsoriamente estes sujeitos para um espaço
distante do centro da cidade, em meio à área rural10. O que resultou na formação do
bairro Restinga11. Este, planejado como “vila de transição”, com a função de
confinamento e recuperação dos sujeitos históricos a serem enquadrados ao modelo
dominante. Durante a pesquisa encontramos fontes documentadas que confirmam ações
de violência eugênica e de higienização social que promoveu o agravamento do
contexto de luta pelo direito a cidade12.
Todo território ocupa um espaço, quando este espaço entra em disputa, o mais
frágil é sempre expulso. Na história que conto, o poder econômico, político e social
define o mais forte. Assim, “a estrutura espacial da cidade muda se as preferências da
elite mudam e se em seu entendimento [das elites] a geografia da cidade também deve
ser mudada” (LAVE, 1990, p. 142. In.:FURTADO, 2011, p. 95). Por essa prática, a elite de
Porto Alegre usava as estruturas de poder e gestão pública de seu domínio e promovia
ampliação de áreas urbanas reformuladas para moradia dos “cidadãos” que podiam
pagar o custo de morar na cidade moderna. Removendo os “não cidadãos”, precarizados
em suas relações de trabalho13.
10 A população que não possuía lugar nessa nova face da cidade é deslocada e destinada a estar fora dos
limites do sonho modernizante. Como um corpo doente, a capital do Rio Grande do Sul foi tratada,
higienizada e reestruturada. Coloca-se a máquina do governo para solucionar os problemas que poderiam
surgir da aglomeração de pobres no entorno da cidade. O capital e o lucro se impõem nas decisões
políticas sobre a forma de planejar os recortes de terras urbanas negligenciando os sujeitos e seus
territórios (SILVA, 2004); (CABETTE, 2014); (KRAUSE e FRIDMAN, 2007). 11 As autoras Vanessa Zamboni (2009) do Urbanismo e Nola Gamalho (2009) da Geografia, estabelecem
o referencial inicial da proposta de pesquisa. Os conceitos interdisciplinares resgatados destas obras
apoiam as leituras e análise das fontes. As experiências anteriores e seus registros, abrem caminho para a
reflexão e orientam as buscas iniciais das fontes nos arquivos e junto aos moradores. É base
argumentativa de hipóteses já testadas e momento de reconhecimento dos entendimentos desenvolvidos
até o momento. 12 A não inclusão dos negros no pós-abolição na Primeira República denuncia a aplicação de um plano de
governo para nova nação sustentado pela distinção racial, privilegiando a distribuição de terras e
contratação de imigrantes europeus em posto de trabalho no sistema capitalista emergente. O que
produziu o empobrecimento dessa população de sujeitos “Quase-Cidadão”(s), bem apontado por Lilian
M. Schwarcz (2007) em seu texto - Dos males da dádiva: sobre as ambiguidades no processo da abolição
brasileira. (SCHWARCZ, 2007, p. 23 – 54. In.: CUNHA e GOMES, 2007). Essa política conhecida como
Branqueamento segue a ideologia científica oitocentista de hierarquização racial conhecida como
eugenia. 13 Porto Alegre não absorve a comunidade negra liberta na virada o séc. XIX. Esta se refugia nos
territórios do entorno do centro da cidade. Poucos são os que conseguem se projetar socialmente. A
maioria dessa população vai ocupar espaços marginais no mercado de trabalho. Grande parte dessa
população será removida no decorrer do séc. XX, muitos estão entre os primeiros moradores do Bairro
A disputa do espaço entre os moradores dos antigos arrabaldes de Porto Alegre
(locais de concentração da comunidade negra) e a pequena e média burguesia
transcende a luta simbólica e se materializa no espaço físico, promovendo segregação e
gentrificação14 apoiado em sistema de representação15 negativo sobre as “Vilas de
Malocas”. A ideia do necessário isolamento desses “quase-cidadãos”16 justificou-se em
argumentos do risco de contágio sanitário e social conferido a estes por intelectuais,
gestores públicos e jornalistas. A matéria do Jornal ZH de 17 de janeiro de 1966 afirma
“Célio Vai Confinar Malocas” nos apresenta uma mostra do discurso da imprensa sobre
o tema:
Visando por um termino à Proliferação de malocas em zonas residenciais e
próximas até mesmo do centro da cidade, a Divisão de Fiscalização, a partir
de hoje tomara a si a responsabilidade de fiscalizar e remover os casebres
existentes na periferia da cidade. Conforme a determinação do prefeito todas
as malocas existentes atualmente em zonas residenciais serão removidas e
confinadas em uma gleba de terra adquirida pela Prefeitura na Estrada da
Restinga, próximo à Sociedade Hípica. Atualmente existe em Porto Alegre
50 mil malocas a cada dia que passa são aumentadas na sua proliferação .
Para essa fiscalização serão designados 15 fiscais da prefeitura para realizar
exclusivamente esta tarefa. A remoção será procedida de comum acordo com
o Departamento Municipal de Habitação e com ajuda dos funcionários da
Divisão de Limpeza Pública, em caminhões da Secretaria Municipal dos
Transportes. (Fonte: CÉLIO VAI CONFINAR MALOCAS - ZERO HORA
17de janeiro de 1966 In.: Museu de Comunicação Hipólito da Costa.)
O Regime Militar pós-1964 usou de forças disciplinares necessárias para
manutenção da ordem social dentro do seu projeto político-econômico. Como afirma
Foucault “O poder disciplinar é, com efeito, um poder que, em vez de se apropriar e de
retirar, tem como função maior “adestrar”. Ele não amarra as forças para reduzi-las;
procura ligá-las para multiplicá-las e utilizá-las num todo” (Foucault, 2000 p. 143),
como ferramentas do biopoder, o Regime construiu um cenário e um ator a ser
combatido17.
Restinga. Sobre as comunidades negras, sua organização social e território, os testos que seguem
ampliaram o horizonte desta análise: Mattos (2000); Kersting (1998); Müller (1999); Silveira (2015) 14 Para o uso do conceito na cidade de Porto Alegre na dec. de 1970 Furtado, (2003; 2014) 15 Na leitura sobre o coletivo social e suas identidades, tratamos da representação como um conjunto de
saberes que diz algo sobre o estado das coisas nas realidades percebidas “enquanto sistemas de
interpretação que regem nossa relação com o mundo e com os outros – orientam e organizam as condutas
e as comunicações sociais.” (JODELET, 2001. p. 21). 16 Para leitura sobre o termo “Quase-Cidadão” ver debate em: Schwarcz (2007) 17 O jogo complexo de imposição e manutenção das distinções sociais no Brasil perpetua a hierarquização
racial, atravessado por mecanismos de disputas de poder. O biopoder apontado por Foucault serve como
ferramenta conceitual para análise dos processos de controle e racialização social da sociedade
Aqui lemos a prática do poder como repressão e cerceamento, ação que torna um
plano executável pela imposição da força física e simbólica, aplicado sobre o
comportamento dos sujeitos:
(...) é um conjunto de ações sobre ações possíveis, ele opera sobre o campo
de possibilidade onde se inscreve o comportamento dos sujeitos ativos; ele
incita, induz, desvia, facilita ou torna mais difícil, amplia ou limita, torna
mais ou menos provável; no limite ele coage ou impede absolutamente, mas é
sempre uma maneira de agir sobre um ou vários sujeitos ativos (Foucault,
1995. p. 243).
O Estado, em seu biopoder, promoveu ações apoiado em sistemas de
representação18. Tais sistemas, partilhados pelos políticos, intelectuais e imprensa, que
descreveram suas visões sobre o cenário maléfico das “Vilas de Malocas”,
consolidaram, através do senso comum, a legitimidade da prática excludente dos
indesejados.
Esse enredo de representações (documentados na época) deve ser cruzado e
confrontado ao modo de representar expresso pelo depoimento do sujeito histórico
(maloqueiro – restingueiro19) que desejo alcançar com a história oral.
As ações que permeiam o engendramento do biopoder escondem a falta de
vontade política de inclusão dessa comunidade nas relações de produção e interação
social e a conivência dos favorecidos. Comunicando em discursos práticas de racismo e
segregação social urbana sobre o “Outro” indesejado, como solução para manutenção da
saúde urbana de Porto Alegre.
As documentações20 que emergiram da pesquisa estão mergulhadas na
subjetividade discursiva de cunho ideológico e discriminatório. Estas materializaram em
registros as tensões de disputa pelo espaço urbano. Assim, encontramos nas transcrições
do debate político travado na Câmara de Vereadores, em estudo nesta pesquisa, as
disputas de representação de campos partidário, de um lado a denuncia e critica da
hierárquica, que insiste na desconstrução do “Outro” não ideal pelo discurso, aplicando políticas de
branqueamento e a imposição do poder para submeter este “Outro” ao lugar social, econômico, político e
espacial, ordenado pela classe e etnia governante.
18 Sentença prévia, estabelecida por ideologia civilizatórias eurocêntricas oitocentistas do evolucionismo
social, que será debatido no decorrer do texto. 19 Forma como é conhecido o morador do bairro Restinga. 20 Um conjunto de fontes: documentos públicos, debates políticos e publicações em veículo de
comunicação impressa.
resistência contrária ao Regime Militar. De outro, o discurso do representante do poder
vigente – Diretor do DEMHAB – Sr. Polozo de Oliveira.
Ao ser questionado das condições de vida do local chamado Restinga, o Diretor
do DEMHAB Sr. Polozo de Oliveira afirma: “Mesmo que não houvesse estrada, luz,
água, as condições seriam melhores do que viver nesse pardieiro que é a Ilhota.” Uma
frase duas sentenças, tal afirmativa esclarece de forma sutil, Não há condições humanas
dignas, nem está sendo atendida com presença do estado a comunidade removida da
Ilhota para Restinga. E, com a autoridade do Estado e seus instrumentos de repressão é
definido e representado o desprezo pelo Território da Ilhota.
Pela força das instituições o Estado impôs um lugar geográfico previamente
definido para isolamento e enquadramento do sujeito inadequado - Restinga21.
A pesquisa volta-se para o entendimento da versão dos silenciados e suas
experiências no processo de formação do bairro Restinga, que é fruto de ação para
invisibilização da pobreza. Estes sujeitos removidos para o bairro construíram pela
sobrevivência um novo território22.
Quero entender quem é esse “Outro”, condenado por morar em “vilas de
malocas” pela condição de pobreza. Nas fontes, encontro uma população de maioria
negra, pobre e que vive em “vilas precárias” abandonas pelo poder público de Porto
Alegre. Ali me deparo com seu território, o registro de sua apropriação configura no
espaço nomeado como Território Negro, lugares de uma outra cultura de saberes
discriminados pela ordem estabelecida. Estes na época das políticas de remoção em
estudo eram conhecidos como região de baixo custo de moradia e, ao mesmo tempo,
espaços de referência social e cultural. Ali encontro histórias de pertencimento, com os
Griós e suas memórias, líderes religiosos e agregadores sociais da sua comunidade,
21 Os “removidos” reproduziram a sua precariedade em território criado “artificialmente”. O bairro nasce
com a desapropriação de uma área rural, onde foi aplicada uma urbanidade “inventada” no discurso para
receber os primeiros moradores, já que no local não havia estruturas básica para sobrevivência (NUNES
1990 p. 09). Em texto institucional do programa “História dos Bairros”, encontramos a fala de uma das
primeiras moradoras do bairro: “Não tinha rua. Era uma picada que nós fizemos para botar as casas. A
gente derrubou aquelas árvores e fomos botando as casas. Quando eu vim tinham três casas, o resto era
mato” (NUNES, 1990 p. 09). Tal depoimento reafirma a precariedade do espaço. 22Onde um contingente de maioria negra foi removido, desarticulado em suas práticas de pertencimentos
e condenados ao abandono durante os primeiros anos de ocupações do espaço urbano inventado pelo
discurso, mas sem condições de habitação.
revisitados pela memória, em processo de resistência (como manutenção de poder sobre
o vivido) frente ao avanço da cidade: Quilombos Urbanos23.
Essa perspectiva do olhar histórico percorre um caminho que tem como
princípio a aproximação com o vivido socialmente. Minha expectativa é de superar uma
história oficial, construída por fontes unicamente documental, e assim buscar no que
está oculto nos acontecimentos o que seria para Rufino, superar “o artificio do trompe
l’oeil” da história oficial do Brasil, que o autor descreve como um “engana-olho”,
versão a qual deixa de fora toda a construção cruel das exclusões do seu povo, que
chama de “ficção de mau gosto” (SANTOS, 2004, p.29 e 30).
A gênese do bairro Restinga apresenta a violência para com as comunidades
negras de Porto Alegre pelos dispositivos de poder do Estado, de onde emerge o sujeito
histórico que buscamos conhecer. Aquele “Outro” que nos diversos filtros sociais de
aptidão para compor a sociedade civilizada no modelo de dominação imposto, não
logrou êxito nos seus critérios. A leitura das relações raciais como dispositivo de poder
amplia o debate. Aparecida Sueli Carneiro (2005, p. 29) em sua tese apresenta síntese
sobre racismo, na qual busco sustentar meu trabalho, defendendo que:
Disso decorre que a essência do racismo, enquanto pseudo-ciência, foi buscar
legitimar, no plano das ideias, uma prática, e uma política, sobre os povos
não-brancos e de produção de privilégios simbólicos e/ou materiais para a
supremacia branca que o engendrou. São esses privilégios que determinam a
permanência e reprodução do racismo enquanto instrumento de dominação,
exploração e mais contemporaneamente, de exclusão social em detrimento de
toda evidência científica que invalida qualquer sustentabilidade
para o conceito de raça (CARNEIRO, 2005, p.29).
No Brasil produziu-se na ação o que não se admitia em discurso: o privilégio de
ser branco. Para Sueli Carneiro (2005, p. 30) a segregação impostas as comunidades
negras possui a função de controle e manutenção social das estruturas raciais. A autora
firma em seu texto que “Nesse sentido, a pobreza a que são submetidos os negros no
Brasil é parte da estratégia racista de naturalização da inferioridade social dos grupos
dominados a saber negro ou afrodescendente e povos indígenas”. Essa estratégia,
23 Trabalhos de pesquisa remontam os espaços e práticas culturais dos territórios negros desarticulados
com a expansão da cidade “civilizada e moderna”, que encontramos nos textos de Felipe R. Bohrer
(2011), Francieli R. Ruppenthal (2015), Ana L. Goulart Koehler (2015), Rodrigo de A. Weimer (2017).
Estes somam-se a textos que já vinham se dedicando ao estudo das comunidades negras em Porto Alegre,
como os de Liane S. Müller (1999), Jane R. Mattos (2000). Estes são complementares para uma
contextualização ampla que soma as leituras de estudos específicos sobre o bairro Restinga desenvolvido
por Vanessa Zamboni (2009) e Nola P. Gamalho (2009). Saliento que outros textos vão sendo
relacionados no processo de análises durante a construção da dissertação.
considerando a análise das práticas raciais e suas relações de poder pressupõem, no
estudo de Sueli Carneiro, o “dispositivo de racialidade/biopoder”, onde apresenta o
mesmo como “campo de significações das relações raciais e as relações de poder nelas
imbricadas no Brasil”. A pesquisadora demonstra a aplicabilidade do conceito de
biopoder/biopolítica, para leitura social da rede de poder engendrada para sua
manutenção, na análise dessas imposições de poder onde, ao perceber os mecanismos
do racismo observados, Sueli Carneiro encontra a leitura de Foucault:
Através deste termo tanto demarca, em primeiro, lugar, um conjunto
decididamente heterogêneo que engloba discursos, instituições, organizações
arquitetônicas, decisões regulamentares, leis, ações filantrópicas. Em suma, o
dito e o não-dito são os elementos dos dispositivos. O dispositivo é a rede
que se pode estabelecer entre estes elementos. (Foucaul, 1979. In.:
CARNEIRO, p. 38).
Quando da análise dos acontecimentos históricos, me aproximo de um sujeito
sobre o qual recaiu uma distinção depreciativa: a construção do “Outro” como a
negação do “cidadão”, do ser de direitos ou simplesmente do “ser” quanto “sujeito”24.
Em tempos em que não eram mais possíveis os discursos de distinção racial
declarados, ainda impera nos registros identificações da condição de ser negro e de
morar em espaço a ser “recuperado” para saúde da cidade,quando a população a ser
removida é identificada nos registros com a conotação negativa do “Outro” (não dito)
“degenerado”, “doente”, “primitivo”, “desajustado”, “feio”: o (a) maloqueiro (a), hoje
Restingueiro (a).
A construção representativa do problema “maloqueiro” é sustentada pelo sistema
de poder saber. Desvelados quando analisados de forma a cruzar fontes e discursos,
demonstram o seu engendramento em uma rede de “saberes e poderes e, sobretudo, os
objetos estratégicos que um determinado campo de poder busca realizar” (CARNEIRO,
2005, p. 31). Dentro do recorte estudado, a intencionalidade de ampliação de áreas
urbanas estruturadas para abrigar a expansão da burguesa em seu modelo social motiva
à remoção dos territórios negros a começar pela Ilhota, entendida como resistência de
24 É representação construída, definida pelo fenótipo que denuncia a origem a qualidade dos sujeitos e seu
lugar.O negro como subproduto social foi uma construção desenvolvida ao longo da história brasileira e
que sustentou o sistema de exploração escravista.A subjugação do negro no pós-abolição e manutenção
disso no projeto nacional de branqueamento da Primeira República na contínua permanência, com a
estrutura de exploração montada, se reproduziu pela naturalização desse lugar social, cristalizado pela
representação de modelo branco e da ausência de conflito aparente nas propagandas construídas de uma
democracia racial. O Brasil é um discurso propaganda que se afunda em contradições autoritárias, uma
“nação” sem povo ou um povo sem “país”.
costumes primitivos e precários. Com isso demonstramos os fundamentos para leitura
das primeiras remoções, como constituintes de uma prática racista. Mesmo assim, para
que não haja dúvidas dessa aplicabilidade e enquadramento conceitual, trazemos o texto
de Sueli Carneiro (2005, p. 70), onde autora fala sobre o racismo como:
Dispositivo disciplinar das relações sociais, institui elações raciais como
complexificação das relações sociais, amalgamando às contradições de
classes, as contradições de raças. Isso institui a pobreza como condição
crônica da existência negra, na medida em que a mobilidade de classe torna-
se controlada pela racialidade. Essa dinâmica tem efeito paralisante sobre o
grupo dominado, produzindo seu confinamento aos patamares inferiores da
sociedade e produzindo resistências que e constituem mais como mecanismos
de inscrição da racialidade, subjugada na dinâmica do dispositivo, e menos
como estratégia de emancipação. (CARNEIRO, 2005, p. 70)
Entendo essa rede de poder como um emaranhado de forças disciplinares e
reguladoras do Estado sobre os corpos dos sujeitos. Por uma leitura orgânica da
sociedade, percebo a hierarquização social sustentada nas relações econômicas,
inviabilizando a comunidade negra em sua plena participação no mercado de trabalho.
Nesse intento de construir análise e entendimento sobre os jogos de
representação que orquestraram o processo histórico em estudo, me aproximo de Spivak
e sua reflexão sobre a possibilidade de fala do sujeito subalterno (“maloqueiro” –
“removível” – “restingueiro”) e o importante papel da mesma no contar desta história -
Pode o subalterno falar?. Compreendendo o lugar de fala do intelectual e sua
responsabilidade na construção da narrativa (sobre o outro e com o outro), pretende que
a pesquisa supere a persistente continuação do Outro como a sombra do EU [Self]
(SPIVAK, 2014, p. 63).
Assim, trazer o sujeito removido compulsoriamente durante o fato histórico e
tomar sua narrativa como fonte, cruzando e contrapondo com a versão registrada nos
documentos não pretende uma descrição de “como as coisas realmente eram” ou de
privilegiar a narrativa da história como imperialismo como a melhor versão da
história. E sim, potencializar o registro de versões até então silenciadas e oferecer um
relato de como uma explicação e uma narrativa da realidade foram estabelecidas como
normativas (SPIVAK, 2014, p. 62) desconsiderando a versão do sujeito subalterno e
construindo certezas e crenças que fortaleceram a classe dominante como modelo de
enquadramento social, desqualificando e invisibilizando o outro estigmatizado.
A história dos sujeitos e suas versões dos fatos pela memória torna as
experiências inteligíveis, conferindo-lhes significado (AMADO, 1995). Busco entender
as permanências e os esquecimentos como esquemas de construção da memória e da
representação no mundo dos sujeitos, respeitando o papel e o espaço do lembrar como
fenômeno construído social e individualmente (POLLOK 1992, p. 2 - 5).
Tendo o cuidado de perceber os sujeitos imersos na cultura social estudada
compreendida como outra vertente do real, um sistema de representação simbólica
existente em si mesmo (...) “visão do mundo” que tem sua coerência e seus próprios
efeitos sobre as relações da sociedade como espaço (BONNEMAISON, 2002), os
sistemas de representação simbólica demonstram as formas de organização das ideias
que influenciaram a mentalidade dos sujeitos e se materializam no espaço como reflexo
da cultura dominante que expulsou a dominada e como esta última sobreviveu frente as
adversidades.
Para romper com o silenciamento e produzir fontes que amplie e registro
documental existente propusemos o estudo orientado nas práticas da História Oral, em
sua legitimidade e singularidade, como aponta Pollok (1992 p.8) Se a memória é
socialmente construída, é obvio que toda documentação também o é. Para mim não há
diferença fundamental entre fonte escrita e a fonte oral25. O aporte teórico e
metodológico que sustenta a pesquisa em andamento entende o uso da “narrativa da
memória” como superação dos mecanismos de silenciamento das comunidades
subalternas precariamente atendidas e pouco estudadas26, com o cuidado ético
necessário para não exercer papel contrário ao desejado, impondo vigilância atenta em
todos os momentos da pesquisa27.
O resultado parcial da pesquisa já surpreende pelas narrativas dos depoentes,
detalhes que possibilitam o cruzamento com demais fontes28. Este recorte demonstra
relato da chegada na Restinga e a situação das casas de madeiras removidas do local de
origem, desmontadas e carregas em caminhão da Prefeitura junto dos seus moradores.
25 Ver: Portelli (1997); Delgado (2020) 26 Ver: Costa (2014), quanto a aplicação da História Oral somada a preocupação e iniciativa de preservar
o depoente ver experiência de Weimer (2013). 27 Ver: Portelli (1997); Amado (1997) 28 O cruzamento das fontes é necessário, como lembra Alberti (2005, p. 30) se o emprego da história oral
significa voltar a atenção para as versões dos entrevistados, isso não quer dizer que se possa prescindir
de consultar as fontes já existentes sobre o tema escolhido.
Na Restinga, local de destino a casa era jogada em um monte de tábuas, que
aguardavam o tempo de se transforma novamente em “casas”.
No caso do Sr. Antônio29 a entrevista conta as lembranças de um menino
assustado que em 13 de fevereiro de 1967, aos 8 anos retornou do centro onde
engraxava sapatos e sua casa e a mãe já não estavam mais na Ilhota. Houve momentos
em que foi necessário parar a entrevista permitindo que o entrevistado se recuperasse
antes de continuarmos. Parte do depoimento apresento a seguir:
Na Ilhota, você viu as primeiras casas serem retiras?
Sim, a nossa foi uma das primeiras.
Como foi esse momento?
É como eu te falo né, quando cheguei lá, só tava a marca da casa no
terreno, tive que dormi por lá,..., ai tinha um Russo lá, o cara que tinha uma
tendinha, que disse - não, tu fica aqui que, amanhã nois vamo indo pra lá e
tu vai com nois. Ai tá, quando eles vieram tinha um caminhão lá,..., era uma
trazera de ônibus, a cabine eles cortaram...era a trazera de ferro, era o
caminhão....
A traseira de um ônibus antigo?
A cabine e a atrazeira do ônibus, dava umas dez pessoa sentada no
lado do motorista, o resto era carroceria de ferro, botava tudo os negócios
ali e viam embora. Dai quando nos viemo de lá que via que não chegava
nunca... eu queria me atirá de dentro do caminhão! ...não chegava nunca! Eu
acostumado... ai a pé pro centro...eu vinha de lá e olhando ...olhava pra um
olhava pra outro...e...só tinha o pessoal conversando e uns brabo né, porque
vieram tudo...eu digo, eu vo me atira disso aqui e vo volta correndo!!!...dai
disseram não, tu não te atira e fecharam as janela e me colocaram no meio
do corredor sentado, eu loco pra me atira pra fora.
E o Sr. Tinha que idade?
Eu tinha 8 para 9 ....Ai quando cheguamo ali (apontando para a
direção do local do assentamento) eu vi minha mãe lá ...
(em sorrisos ele explica)
Da faxa de Belém Novo pra cá tinha mato dos dois lados... a rua era
estreitinha assim (mostrando com as mãos), ia ia ia.... Cara a cavalo,
carreta de boi, e eu...que que é isso?...nada de chega...
Depoimento em 18 de maio de 2017.
Ao ser questionado sobre qual a sensação de ver sua casa fora do lugar, aos 8
anos de idade Sr. Antônio engasga e chora. Dou um tempo e mudo a pergunta. Por um
tempo em meio a uma nuvem de tristeza em voz baixa ele fala da falta de agua e do
caminhão pipa, do açude. Fala sobre as escolas que não havia e que trabalho só quando
iniciou a construção das casas em 1970 – Projeto Restinga (DEMHAB).
Para a pesquisa, introduzir a representação do próprio sujeito removido para o
bairro Restinga no debate através da História Oral, pretende uma construção narrativa
29 Sr. Antônio é um senhor de 59 anos, joga futebol na comunidade com frequência e pediu para ser
entrevistado junto do amigo Sr. Farias. Ambos são moradores da Restinga e aceitaram conceder a
entrevista.
dialógica com as testemunhas e suas memórias, em coparticipação entre pesquisador e
narrador na elaboração da fonte oral, possibilitando aprofundar e contrapor versões
anteriores sobre a remoção, sobre a cidade e seus signos e significados significantes que
conduziram a mentalidade no recorte tempo espaço estudado. O diálogo entre
pesquisador e testemunha estabelece a construção de uma fonte fundamental para o
entendimento do fato histórico, mais que isso, possibilita a representação e
autorepresentação dos que ainda não possuíram momento de reconhecimento da fala.
Sem buscar vitimar ou culpar, mas sim ampliar a possibilidade de análise pelo diálogo
direto com o “outro” até então representado em falas estranhas a ele.
A pesquisa, se faz aqui com coparticipação do depoente que nos deposita em
confiança suas memórias para construção de uma narrativa conjunta dessa história. A
ética me faz inteiramente responsável pelo o resultado da pesquisa, para as críticas e
possíveis falhas, porém, eu não seria capaz de contar com tamanha propriedade essa
história sem os diálogos que constroem as fontes orais que lhe dão sentidos.
Para concluir esta apresentação podemos entender até o momento que a História
do Bairro Restinga como resultado do “sistema de representação” da cidade de Porto
Alegre nos permite entender as teias e tessituras formadoras dos atuais mapas territoriais
das culturas da cidade e das culturas internas ao bairro, junto com isso questionar os
sistemas de inclusão e exclusão, os parâmetros subjetivos que elegiam (e elegem), quem
pertencia a cidade e quem dela estava excluído.
A Cidade se constitui espaço de multiplicidade cultural e étnica, que se propõem
teoricamente democrática, mas, na pratica exclui, segrega e estigmatiza em sua divisão
do espaço. Ampliar o conhecimento sobre as tramas históricas deste processo é um dos
caminhos e objetivos que a pesquisa deseja alcançar, entendendo que a socialização,
debate e reflexão sobre os resultados devem retornar ao coletivo social do qual se refere
– O Bairro Restinga.
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