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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO BIOMÉDICO CURSO DE BIOMEDICINA Vinicius Pacheco Garcia NÍVEIS SÉRICOS DE PROTEÍNA C REATIVA EM INDIVÍDUOS SOB RISCO CARDIOMETABÓLICO Niterói 2013

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

INSTITUTO BIOMÉDICO

CURSO DE BIOMEDICINA

Vinicius Pacheco Garcia

NÍVEIS SÉRICOS DE PROTEÍNA C REATIVA EM INDIVÍDUOS

SOB RISCO CARDIOMETABÓLICO

Niterói

2013

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Vinicius Pacheco Garcia

NÍVEIS SÉRICOS DE PROTEÍNA C REATIVA EM INDIVÍDUOS

SOB RISCO CARDIOMETABÓLICO

Trabalho de Conclusão de Curso (TCC)

apresentado ao Curso de Biomedicina da

Universidade Federal Fluminense, como requisito

necessário para obtenção do grau de Bacharel em

Biomedicina. Área: Análises Clínicas

Orientadores: Prof. Dr. Antonio Claudio Lucas da Nóbrega

Drª Natália Galito Rocha

Niterói

2013

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Vinicius Pacheco Garcia

NÍVEIS SÉRICOS DE PROTEÍNA C REATIVA EM INDIVÍDUOS

SOB RISCO CARDIOMETABÓLICO

Trabalho de Conclusão de Curso (TCC)

apresentado ao Curso de Biomedicina da

Universidade Federal Fluminense, como requisito

necessário para obtenção do grau de Bacharel em

Biomedicina. Área: Análises Clínicas

Aprovada dia 29 de Julho de 2013.

BANCA EXAMINADORA

___________________________________________________________________

Prof. Dr. Antonio Claudio Lucas da Nóbrega

Universidade Federal Fluminense

___________________________________________________________________

Profª. Drª. Letícia Abel Penedo

Universidade Federal Fluminense

___________________________________________________________________

Prof. Dr. Manuel Gustavo Leitão Ribeiro

Universidade Federal Fluminense

___________________________________________________________________

Prof. Dr. Dr. Igor Alexandre Fernandes (Suplente)

Universidade Federal Fluminense

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“Diante da vastidão do tempo e da imensidão do

universo, é um imenso prazer para mim dividir

um planeta e uma época com você.”

Carl Sagan

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por permite que eu me levante todas as manhãs, por me ensinar todas

as coisas e por estar sempre em minha vida.

Se existe alguém em especial que devo agradecer esse alguém é minha mãe Eliane.

Agradeço pela oportunidade de conviver com você, por toda experiência de vida, dedicação,

amor e carinho. Se não fosse por você eu nunca teria alcançado nada em minha vida!

Obrigado.

Agradeço ao meu pai Marco por todo amor, dedicação e carinho. Obrigado por todos

os seus conselhos nos momentos em que precisei!

Agradeço a toda a minha família, por ser exatamente o que são Família! Em especial

aos meus avôs, patriarca e matriarca. Aprendi com vocês o valor da humildade, dedicação e

compromisso com o trabalho. Obrigado por vocês sempre estarem me ensinando algo novo.

Agradeço a minha tia Jozelha por ajudar minha mãe sempre quando ela precisa e por

cuidar de mim. A minha bisavó Jandira (Dona Santa) com seus 98 anos por ser um exemplo

de vida. Ao meu padrasto Ivan por dar um significado a mais em nossas vidas e a minha

prima Jackeline por toda ajuda e pelos momentos malucos que vivemos.

Agradeço aos amigos da família Flávio, Luci e Flavinha por me acolherem quando eu

precisei. Obrigado.

Agradeço a minha namorada Priscila pelo companheirismo, amor, dedicação, risadas e

paciência. Você veio multiplicar as bênçãos em minha vida.

Agradeço aos meus amigos de infância Michael, Pablo e Romenick, sempre seremos o

quarteto nada fantástico rs! Obrigado por estarem presentes nesse momento maravilhoso que

é a infância. Nós rimos bastante.

Agradeço aos meus amigos Wallace, Pedro Henrique e Feitosa, que apesar da

distância sempre criam oportunidades para nos encontrarmos. Obrigado pelas melhores

sessões de RPG, eu aprendi muito com tudo isso!

Agradeço aos meus amigos de Niterói, Ayslan, Liza, Carol, Mariana. Em especial aos

meus dois grandes irmãos de luz Leonardo Alves (Paulista), por todas as conversas,

conselhos, risadas, horas gastas de vídeo-game e cerveja. Agradeço a Leonardo Assaf

(Macabú), obrigado por me convencer a fazer a prova para UFF, pela presença em minha vida

desde o princípio dessa jornada, por todas as conversas, piadas, conselhos e principalmente

por estar sempre disposto a me ajudar.

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Agradeço a minha turma de biomedicina, por me acolherem e me ajudarem nesses 4

anos de faculdade. Desejo que todos vocês alcancem sucesso.

Agradeço à toda equipe do LACE, por toda ajuda, dedicação, oportunidade e

conhecimento. Aprendo com vocês, todos os dias, o que é ciência.

Agradeço ao professor Antonio Claudio Lucas da Nóbrega por todo seu conhecimento

e experiência, pelos conselhos e por oportunidade de trabalhar no LACE.

Agradeço em especial, a Natália Galito Rocha por toda dedicação, paciência e

serenidade. Não é qualquer pessoa que auxilia 3 monografias, projeto de mestrado e uma

conclusão de tese de doutorado. Parabéns e muito obrigado.

Agradeço a professora Letícia, por acreditar e confiar em mim, por me apoiar e me

ajudar sempre que eu preciso. Obrigado por estar sempre disposta a me ensinar.

Agradeço ao LACE, em especial, cinco pessoas: Helena (Mariana), Lucas (Fabiano),

Renan (Félix), Mayra (Ângela) e Tati (Diana). Obrigado por me ajudarem com minhas

tarefas, pelos risos, conversas e bandejão, as coisas seriam bem diferentes sem vocês.

Agradeço a todos as pessoas que passaram em minha vida. De alguma forma vocês me

ensinaram muitas coisas. Hoje eu sou o que sou, em parte, porque eu aprendi com todos vocês

(sem exceção).

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RESUMO

As doenças cardiovasculares são as principais causas de morte natural no mundo, inclusive no

Brasil e no Estado do Rio de Janeiro. A gênese dessas doenças é um processo complexo que

inclui alterações na função endotelial. Agressões químicas, mecânicas ou metabólicas podem

levar a disfunção da célula endotelial, fazendo que o endotélio se torne um substrato para o

acúmulo de diversos tipos de células. Essa resposta vascular é do tipo inflamatória e pode dar

início a uma série de eventos que culminam com a formação da placa aterosclerótica. A

proteína C reativa (PCR) é uma proteína reagente de fase aguda, tradicionalmente considerada

como marcador de inflamação e tem sido relacionada como um fator preditor importante no

desenvolvimento e progressão das doenças cardiovasculares. Há evidências de que indivíduos

com doenças cardiometabólicas possuem alteração nos marcadores bioquímicos inflamatórios

relacionados ao endotélio, em especial, nos níveis séricos de PCR, porém não está claro na

literatura se indivíduos sob risco cardiometabólico (RCM) já apresentam precocemente

alterações nos níveis de PCR. Dessa forma, os objetivos do presente estudo foram determinar

os níveis séricos de PCR conforme a quantidade de fatores de RCM, bem como determinar a

associação entre os níveis séricos de PCR e as variáveis de RCM. O protocolo consistiu nas

seguintes avaliações: bioquímica, clínica, física e composição corporal. As avaliações foram

realizadas em dois dias não consecutivos. Os subgrupos RCM apresentaram maiores níveis

séricos de PCR quando comparados ao grupo CT [CT (0,06±0,01 mg/L) vs. RCM≤2

(0,34±0,04 mg/L); vs. RCM=3 (0,28±0,03 mg/L); vs. RCM≥4 (0,56±0,2 mg/L); P<0,05], mas

não foram observados diferenças entre eles. Considerando o grupo como um todo, os níveis

de PCR se correlacionaram com circunferência da cintura e HDL (r=0,40; P<0,01).

Concluímos que, mesmo na ausência de doenças pré-existentes ou do uso de medicação, os

indivíduos sob RCM já apresentam uma alteração nos níveis séricos de PCR. O aumento da

circunferência da cintura e diminuição dos níveis de HDL parece estar associado com o

aumento de PCR em indivíduos sob RCM.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1. Dosagem da concentração de proteína C reativa por imunoturbidimetria ..............17

Figura 2. Distribuição dos níveis de PCR de acordo com a presença do número de

componentes do RCM ..............................................................................................................20

Figura 3. Transporte reverso de colesterol ..............................................................................25

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LISTA DE TABELA

Tabela 1. Limites atuais recomendados para circunferência da cintura por organização .........5

Tabela 2. Variáveis antropométricas e metabólicas de cada grupo ........................................19

Tabela 3. Análise de regressão múltipla para PCR .................................................................21

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LISTA DE ABREVIATURAS

AHA/NHLBI – Association/National Heart, Lung, and Blood Institute

ANOVA – Análise de variância

AVE – Acidente vascular encefálico

CNTF – Fator neutotrófico ciliar

CT – Grupo controle

DAC – Doença arterial coronariana

DVC – Doenças cardiovasculares

ECLIA – Eletroquimioluminescência

ELISA – Enzyme Linked Immuno Sorbent Assay

FGF – Fator de crescimento de fibroblasto

HDL – Lipoproteína de alta densidade

HGF – Fator de crescimento de hepatócito

HOMA-IR – Índice de resistência insulínica

IAM – Infarto do miocárdio

ICAM-1 – Moléculas de adesão intercelular -1

IDF – International Diabetes Federation

IgG – Imunoglobulina G

IL-1 – Interleucina 1

IL-1 RA – Antagonista do receptor de interleucina 1

IL-11 – Interleucina 11

IL-1α – Interleucina 1 alfa

IL-1β – Interleucina 1 Beta

IL-6 – Interleucina 6

IL-8 – Interleucina 8

IMC – Índice de massa corporal

KDa – Kilodalton

LACE – Laboratório de Ciências do Exercício

LCAT – Lecitina-colesterol aciltransferase

LDL – Lipoproteínas de baixa densidade

LE – Lipases endoteliais

LIF – Fator inibitório de leucemia

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MCP-1 – Proteína quimioatraente dos monócitos

MRFI –Multiple Risk Factor Intervention Trial

NCEP-ATPIII – National Cholesterol Education Programs Adult Treatment Panel III

OMS – Organização Mundial de Saúde

OSM – Oncostatina M

PAD – Pressão arterial diastólica

PAS – Pressão arterial sistólica

PCR – Proteína C reativa

PCR-us – Proteína C reativa ultrassensível

PFAg – Proteínas de fase aguda

PHS – Physician’s Health Study

RCM – Risco cardiometabólico

RE – Retículo endoplasmático

RHPP – Cardiovascular Health Study e o Rural Health Promotion Project

SAA – Amilóide sérico

SM – Síndrome metabólica

TG – Triglicerídeos

TGF-β – Fator de crescimento transformante

TNF-α – Fator de necrose tumoral alfa

TNF-β – Fator de necrose tumoral Beta

UFF – Universidade Federal Fluminense

VCAM-1 – Moléculas de adesão celular vascular 1

VLDL – Lipoproteína de muita baixa densidade

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SUMÁRIO

AGRADECIMENTOS ............................................................................................................................................ v

RESUMO .............................................................................................................................................................. vii

LISTA DE ILUSTRAÇÕES ................................................................................................................................ viii

LISTA DE TABELA ............................................................................................................................................. ix

LISTA DE ABREVIATURAS ............................................................................................................................... x

SUMÁRIO ............................................................................................................................................................ xii

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................. 1

2. REVISÃO DA LITERATURA ..................................................................................................................... 3

2.1. Síndrome Metabólica e doenças cardiovasculares ............................................................................... 3

2.2. Resposta Inflamatória .......................................................................................................................... 6

2.3. Proteínas de fase aguda ........................................................................................................................ 7

2.3.1. Funções fisiológicas e patológicas da reação de fase aguda ............................................................ 8

2.4. Proteína C reativa e sua função ............................................................................................................ 8

2.4.1. Ativação do complemento ............................................................................................................... 9

2.4.2. Atividade fagocítica ........................................................................................................................ 9

2.4.3. Expressão de moléculas de adesão .................................................................................................. 9

2.4.4. Métodos de mensuração da proteína C reativa .............................................................................. 10

2.4.5. Valores de referência ...................................................................... Error! Bookmark not defined.

2.5. Papel da PCR nas doenças cardiovasculares ...................................................................................... 11

2.6. Lacuna científica ................................................................................................................................ 13

3. OBJETIVOS ................................................................................................................................................ 14

3.1. Objetivo principal .............................................................................................................................. 14

3.2. Objetivos secundários ........................................................................................................................ 14

4. MATERIAIS E MÉTODOS ........................................................................................................................ 15

4.1. Amostra .............................................................................................................................................. 15

4.2. Protocolo ............................................................................................................................................ 15

4.3. Descrição dos métodos utilizados ...................................................................................................... 16

4.4. Análise estatística ............................................................................................................................... 17

5. RESULTADOS ........................................................................................................................................... 19

5.1. Características da amostra .................................................................................................................. 19

5.2. Avaliação dos níveis séricos de PCR em indivíduos com RCM ........................................................ 20

5.3. Associação entre os níveis séricos de PCR e os critérios de RCM .................................................... 21

6. DISCUSSÃO ............................................................................................................................................... 22

7. CONCLUSÃO ............................................................................................................................................. 27

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................................................ 28

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1. INTRODUÇÃO

As doenças cardiovasculares (DCV) são a principal causa de morte natural no mundo,

inclusive no Brasil e no Estado do Rio de Janeiro. Dados preliminares do ano de 2011

apontam que aproximadamente 29% dos registros de mortalidade foram decorrentes de

doenças cardiovasculares (1). Os mecanismos etiopatogênicos das doenças cardiovasculares

são bastante complexos e apenas parcialmente compreendidos, muito embora seja evidente o

papel da resistência insulínica, hiperglicemia, hiperlipidemia e obesidade, particularmente

central e hipertensão (2, 3). Como esses fatores interagem entre si e sinergicamente aumentam

o risco para o desenvolvimento e progressão de doenças cardiovasculares, o conceito de "risco

cardiometabólico" tem sido utilizado como o descritor mais adequado deste complexo

universo responsável por milhares de mortes ao ano em todo o mundo.

Um dos primeiros estágios de desenvolvimento das DCV inclui uma alteração na

função da camada de células que reveste internamente os vasos sanguíneos (4), o endotélio. A

importância da função endotelial para a homeostasia do sistema cardiovascular começou a ser

valorizada, principalmente, a partir da descoberta de Furchgott e Zawadzki em 1980 (5), a

qual mostrou que a vasodilatação em resposta à acetilcolina em preparações de anéis de aorta

era dependente da presença de células endoteliais íntegras. Atualmente, sabe-se que o

endotélio é sensível a estímulos humorais, neurais e mecânicos, sintetizando e liberando

substâncias vasoativas capazes de modular o tônus vascular (6).

Agressões químicas, mecânicas ou metabólicas ao vaso podem levar à disfunção da

célula endotelial, fazendo com que o endotélio se torne um “substrato” para o acúmulo de

diversos tipos de células. A resposta vascular a estes agentes agressores é do tipo inflamatória

e envolve a interação de diversos grupos celulares como monócitos, linfócitos T, plaquetas e

células musculares lisas vasculares, dando início a uma série de eventos que culminam com a

formação da placa aterosclerótica. A disfunção endotelial representa a primeira fase na

formação da placa ateromatosa, onde a deposição de leucócitos sobre o endotélio e sua

penetração no espaço subendotelial são mediadas por moléculas de adesão expressas no

endotélio e nas células circulantes. Acredita-se que a secreção de moléculas de adesão seja

regulada por citocinas sintetizadas em pequenas quantidades pelo endotélio, como

(interleucina-6, fator de necrose tumoral-alfa e interleucina-1) e pela concentração de proteína

C reativa (PCR) (7, 8).

Há evidências de que indivíduos com doenças cardiometabólicas possuem alteração

nos marcadores bioquímicos inflamatórios relacionados ao endotélio, em especial, nos níveis

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séricos de PCR (9, 10). Entretanto, não se sabe se a presença de fatores de risco na ausência

de doenças pré-existentes, é capaz de alterar os níveis séricos de PCR, nem mesmo a

quantidade mínima de fatores capaz de modificá-los.

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2. REVISÃO DA LITERATURA

2.1. Síndrome Metabólica e doenças cardiovasculares

A síndrome metabólica (SM) e a morbidade/mortalidade associadas a ela constituem

um dos principais problemas de saúde pública mundial (11, 12). Estima-se que 40% dos

adultos na população dos EUA (13, 14) e um quarto da população adulta europeia (15, 16) e

latina (17) apresentarão SM no momento em que atingirem a idade de 60 anos.

A SM é caracterizada pela co-ocorrência de múltiplos fatores, os quais interagem e

sinergicamente aumentam o risco de desenvolvimento e progressão de doenças

cardiovasculares, diabetes tipo 2 e câncer (18, 19). Devido ao aumento das taxas mundiais de

obesidade e de estilos de vida sedentários, a SM surge como um problema sério e preocupante

não só para os clínicos, mas também para os responsáveis pela saúde pública a nível mundial

(11, 20). Atualmente, a maior parte dos esforços vão no sentido de detectar e tratar

precocemente indivíduos com SM e consequentemente, diminuir o aparecimento de doenças

cardiovasculares.

Em 1999, a Organização Mundial de Saúde (OMS) definiu SM como a presença de

diabetes, diminuição de tolerância à glicose ou resistência à insulina e, pelo menos, dois dos

seguintes fatores: Obesidade (Índice de Massa Corporal >30 kg/m2 ou circunferência da

cintura >90 cm no sexo masculino, e >85 cm no sexo feminino); Dislipidemia (triglicerídeos

>1,7 mmol/L ou HDL colesterol <0,9 mmol/L no sexo masculino ou <1,0 mmol/L no sexo

feminino); Hipertensão (pressão arterial >140/90 mmHg); Microalbuminúria (excreção de

albumina >20 μg/min) (11).

A partir de 2001, o National Cholesterol Education Programs Adult Treatment Panel

III (NCEP-ATPIII) determinou a presença de SM quando pelo menos três das seguintes

características estão presentes: Circunferência da cintura >102 cm no sexo masculino e <88

cm no sexo feminino; Triglicerídeos >150 mg/dl (1,69 mmol/L); HDL colesterol <40 mg/dl

(1,04 mmol/L) no sexo masculino e <50 mg/dl (1,29 mmol/L) no sexo feminino; Pressão

arterial ≥130/85 mm Hg e glicose em jejum ≥110 mg/dl (6,1 mmol/L) (12).

Em 2005, ambas a International Diabetes Federation (IDF) (21) e a American Heart

Association/National Heart, Lung, and Blood Institute (AHA/NHLBI) (22) tentaram conciliar

essas diferentes definições clínicas para diagnóstico da SM. Além disso, IDF retirou a

resistência insulínica e adicionou a circunferência da cintura como critério obrigatório para

diagnóstico de SM, enquanto AHA/NHLBI não considerou essa variável como obrigatória e

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sim, como um dos cinco critérios para diagnóstico de SM. Os demais fatores foram

semelhantes aos definidos pela NCEP-ATP III.

Em 2009, foi publicado na revista Circulation (23) (Tabela 1.), o novo consenso com

os critérios para diagnóstico de SM. Além dos indivíduos terem que apresentar três ou mais

dos cinco critérios listados pelo NCEP-ATPIII (24), a circunferência da cintura passou a não

constituir mais um componente obrigatório entre os fatores para o diagnóstico de SM, porém

a medida continua a ser usada como uma ferramenta útil de triagem. Além disso, destacou-se

a necessidade de se adotar valores diferentes para a medida da circunferência da cintura em

diferentes grupos étnicos e entre os sexos. Com isso, foram adotadas novas medidas para a

população da América do Sul (circunferência da cintura ≥90 cm em homens e ≥80 cm em

mulheres).

Com a modificação dos pontos de corte para diagnóstico de SM, muitos indivíduos

considerados saudáveis pelos critérios antigos, passaram a compor o grupo. E, apesar de

apresentarem fatores de risco cardiovasculares, muitas vezes, não apresentam doenças

crônicas, como diabetes e hipertensão, e nem fazem uso de medicações regulares. Dessa

forma, o termo “risco cardiometabólico” (RCM) é considerado o descritor mais adequado

desse subgrupo de indivíduos.

Ainda não se sabe como os diversos componentes do RCM estão relacionados, mas

diversos fatores independentes, tais como a idade, alterações hormonais, moléculas hepáticas,

vasculares e de origem imune contribuem para o surgimento dos distúrbios cardiometabólicos

(25). Uma hipótese seria que a associação desses fatores levaria a uma inflamação crônica de

baixo grau em indivíduos sob RCM (26, 27), o que levaria ao processo de disfunção

endotelial e, consequentemente, aumentaria o risco de desenvolvimento das DCV.

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Tabela 1. Limites atuais recomendados para circunferência da cintura por organização

Limite recomendado (circunferência da cintura)

População Organização

(referência)

Homem

Mulher

Europid IDF (22) ≥94 cm ≥80 cm

Caucasiano

WHO (28) ≥94 cm (Aumento do risco)

≥102 cm (Risco elevado)

≥80 cm (Aumento do risco)

≥88 cm (Risco elevado)

Estados Unidos da

América

AHA/NHLBI

(ATP III) (29)

≥102 cm ≥88 cm

Canadá Health Canada

(30, 31)

≥102 cm ≥88 cm

Europeu European

Cardiovascular

Societies (25)

≥102 cm ≥88 cm

Asiático

(incluindo japonês)

IDF (22) ≥90 cm ≥80 cm

Asiático WHO (32) ≥90 cm ≥80 cm

Japonês Japanese Obesity

Society (33)

≥85 cm ≥90 cm

China Cooperative Task

Force (34)

≥85 cm ≥80 cm

Oriente Médio

(Mediterrâneo) IDF (22) ≥94 cm ≥80 cm

Sub-Sahara africano IDF (22) ≥94 cm ≥80 cm

América Central e do Sul IDF (22) ≥90 cm ≥80 cm

Tabela modificada de: Aberti, K.G.M.M.; et al. Harmonizing the metabolic syndrome: a joint interim statement

of the International Diabetes Federation Task Force on Epidemiology and Prevention; National Heart, Lung, and

Blood Institute; American Heart Association; World Heart Federation; International Atherosclerosis Society; and

International Association for the Study of Obesity. Circulation. 2009.

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2.2. Resposta Inflamatória

Infecções e injúria tecidual induzem uma cascata complexa de eventos fisiológicos

conhecidos como resposta inflamatória, que promove proteção aos tecidos, restringindo os

danos no local da infecção ou injúria, mas podendo ter efeitos deletérios quando de forma

exacerbada. Em geral, uma resposta inflamatória aguda é de curta duração com ação de

mediadores inflamatórios agindo localmente no sentido de restringir as consequências e a

extensão do dano tecidual (35). A resposta local se inicia quando o dano tecidual e endotelial

desencadeia vasodilatação e aumento da permeabilidade vascular. Com o aumento da

permeabilidade vascular ocorre extravasamento de leucócitos para os sítios inflamados (36).

A reação sistêmica ocorre quando a capacidade homeostática local é superada pela magnitude

do estímulo agressor ou pela insuficiência dos mecanismos reguladores e, com isso, a resposta

inflamatória extravasa os limites do seu microambiente, se manifestando de modo sistêmico

em todo o organismo. Esse processo é denominado resposta de fase aguda (36).

Em estágios iniciais da inflamação o tipo celular predominante é o neutrófilo, em fases

mais tardias monócitos e linfócitos também migram para o local, amplificando o processo

inflamatório. Vários mediadores participam ativamente da resposta inflamatória (36): 1)

Quimiocinas realizam quimiotaxia de leucócitos; 2) Enzimas plasmáticas, como bradicinina e

fibrinopeptídeos, aumentam a permeabilidade vascular; 3) Plasmina degrada coágulos em

produtos quimiotáticos e ativa proteínas do sistema complemento e seus derivados, por

exemplo, as anafilotoxinas induzem degranulação de mastócitos e, consequentemente, a

liberação de histamina e opsoninas, facilitando a fagocitose; 4) Mediadores lipídicos como

tromboxanos, prostaglandinas e leucotrienos participam do processo de vasodilatação

(eritema) e aumento da permeabilidade vascular (edema); 5) Citocinas (IL-1, IL-6 e TNF-α)

induzem efeitos locais, tais como indução da expressão de moléculas de adesão e de

quimiocinas, facilitando a migração de leucócitos e efeitos sistêmicos como a indução de

proteínas de fase aguda, levando a febre (36). A dor, outro sintoma característico da

inflamação, é causada primariamente pela estimulação das terminações nervosas por algumas

das substâncias (prostaglandinas e bradicinina) liberadas durante o processo inflamatório, mas

também, em parte, por compressão relacionada ao edema. Em resumo, todos estes fatores

atuam em conjunto, levando aos eventos celulares e vasculares da inflamação (37, 38).

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2.3. Proteínas de fase aguda

Em 1941 foi introduzido o termo “fase aguda” para descrever as alterações nas

concentrações séricas de diversas proteínas observadas nesses pacientes (39-42). Atualmente,

sabe-se que, além das infecções, muitas outras formas de injúria tecidual, desencadeiam

alterações na concentração de várias proteínas plasmáticas. Na resposta inflamatória, o fígado

produz diversas proteínas, as quais são conhecidas como “proteínas de fase aguda” (PFAg).

Algumas proteínas como fibrinogênio, haptoglobina, fibronectina, ceruloplasmina e

C3 do complemento tem suas concentrações aumentadas moderadamente (1,5 a 4 vezes), já as

concentrações de PCR, amilóide sérico A (SAA) e α1-glicoproteína ácida tem um aumento de

mais de 100 vezes. Outras proteínas de fase aguda podem ter suas concentrações diminuídas,

como a albumina, a pré-albumina e a transferrina.

O fígado é o alvo principal dos mediadores inflamatórios sistêmicos, suprindo os

metabólitos essenciais para a resposta de estresse e os componentes necessários para a defesa

de primeira linha no sítio de inflamação. Assim, este órgão é capaz de restringir os limites da

lesão tecidual e auxiliar no reparo celular. Através de seus receptores específicos, o hepatócito

responde a quatro tipos de mediadores das respostas inflamatórias de fase aguda (41): 1)

Citocinas do tipo IL-1 (IL-1α, IL-1β) e TNF (TNFα e TNFβ) estimulam a produção hepática

da PCR, do componente C3 do complemento, haptoglobina, SAA e a glicoproteína ácida,

constituindo as PFAg do tipo 1; 2) Citocinas do tipo IL-6, IL-11, fator inibitório de leucemia

(LIF), oncostatina M (OSM) e fator neurotrófico ciliar (CNTF) que estimulam, através do

receptor gp130, a maioria das PFAg do tipo 1 e, mais especificamente, o fibrinogênio,

haptoglobina e as antiproteases (α1-antiquimiotripsina, α1-antitripsina, α2-macroglobulina e a

ceruloplasmina), constituindo as PFAg do tipo 2(43); 3) Glicocorticóides que agem

sinergeticamente com as citocinas do tipo IL-1 e IL-6 estimulando a produção de algumas

PFAg, principalmente a glicoproteína ácida. Entretanto, a ação mais importante dos

glicocorticóides na reação de fase aguda é a de inibir a produção de citocinas pelos

macrófagos e células endoteliais, impedindo que sua ativação continuada tenha consequências

lesivas aos tecidos; 4) Fatores de crescimento como fator de crescimento de hepatócito

(HGF), fator de crescimento de fibroblasto (FGF) e o fator de crescimento transformante

(TGF-β) que, juntamente com os glicocorticóides e hormônios, como a insulina, modulam a

resposta hepática às linfocinas.

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8

2.3.1. Funções fisiológicas e patológicas da reação de fase aguda

Coletivamente, as PFAg agem como antiproteases, fatores coagulantes ou

cicatrizantes, com ação protetora contra a destruição tecidual associada à inflamação (43).

Recentemente, verificou-se também que certas PFAg como a PCR podem controlar

retroativamente a função das citocinas indutoras da PFAg, estimulando, por exemplo, a

síntese do inibidor solúvel de IL-1, o IL-1 RA (44). A PCR, que se eleva rápida e

precocemente na reação inflamatória aguda, parece contribuir para a resposta inespecífica de

defesa anti-infecciosa através de múltiplos mecanismos. Sua capacidade de ligação com

vários componentes celulares (fosfocolina, presente na parede bacteriana, substâncias

nucleares e fibronectina, proteína da matriz do tecido conjuntivo) e com a membrana de

neutrófilos e monócitos estimulam muitas atividades biológicas ligadas à inflamação, como a

ativação do complemento, opsonização, quimiotaxia, fagocitose, produção de radicais livres e

citotoxicidade.

2.4. Proteína C reativa e sua função

O termo “proteína C reativa” foi primeiramente utilizado em 1930 (45). Essa proteína

foi observada em soro de pacientes com infecções agudas, uma vez que a mesma é capaz de

precipitar o polissacarídeo C da cápsula do pneumococo.

A PCR é uma globulina com uma massa molecular de aproximadamente 118 KDa,

composta por cinco subunidades globulares cíclicas idênticas, classificada como um membro

da superfamília pentraxinas. Seu gene foi mapeado no cromossomo humano 1, entre 1q21 e

1q23. Ele contém 2263 nucleotídeos e um único íntron (46). Sua síntese ocorre no fígado

sendo secretada principalmente pelos hepatócitos (45). A interleucina-6 (IL-6) é o indutor

principal do gene da PCR, enquanto que a IL-1, os glicocorticóides e alguns outros elementos,

incluindo os produtos de ativação do complemento, atuam sinergicamente com a IL-6 para

amplificar o seu efeito (47).

Nos hepatócitos, sob condições fisiológicas, a PCR é sintetizada em baixas

concentrações na forma de pentâmero. Assim ela é montada e armazenada em vesículas, no

interior do retículo endoplasmático (RE), sendo mantida lá por duas carboxilesterases

residentes (48). Durante a inflamação, a PCR é transportada do interior do RE até a superfície

celular e em seguida, secretada na corrente sanguínea (47). O tempo de secreção, durante a

fase aguda da inflamação é reduzido de 18 h para 75 min. Essa acentuada aceleração no

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processo de secreção é devido à diminuição da afinidade da PCR pelas carboxilesterases, o

que tem sido atribuído a uma alteração conformacional da PCR (49)

Na corrente sanguínea, a PCR participa na defesa contra microorganismos induzindo a

ativação do complemento, a opsonização e a fagocitose destes microorganismos patógenos

(50, 51).

2.4.1. Ativação do complemento

A participação da PCR na ativação do complemento e, consequentemente, na resposta

ao dano tecidual mediado por complemento (52) acontece através da sua afinidade ao ligante

depende de cálcio, formando um complexo com os resíduos de fosfocolina e

fosfoetanolamina presentes no polissacarídeo C da parede celular dos Streptococcus

pneumoniae. A PCR também se une a várias substâncias que não contem fosfocolina, tais

como a fibronectina, cromatina e histonas. A união da PCR a um ligante ativa o complemento

por via clássica pela ligação ao fator C1q do complemento e via alternativa pelo fator H.

Também há descrito que a PCR, quando se une a lipoproteínas de baixa densidade (LDL)

oxidadas e degradadas, podem levar a ativação do complemento (53).

2.4.2. Atividade fagocítica

Há descrito na literatura que, um aumento das concentrações séricas de PCR está

associado com um aumento nos mecanismos de exposição dos neutrófilos aos antígenos

durante a infecção (54). Devido as suas características de união ao ligante, a PCR forma parte

da imunidade natural funcionando como a opsonina no processo de fagocitose, como por

exemplo, na remoção das membranas e do material nuclear das células necrosadas. Alguns

estudos (55, 56) têm demonstrado que a PCR pode unir-se a receptores da fração Fc da IgG,

bem como auxiliar na fagocitose de várias espécies bacterianas juntamente com os leucócitos

polimorfonucleares no sangue periférico (55).

2.4.3. Expressão de moléculas de adesão

A PCR também pode induzir a expressão das moléculas de adesão celular vascular 1

(VCAM-1), intercelular 1 (ICAM-1) e E-selectina nas células endoteliais da veia umbilical e

das artérias coronárias, bem como aumenta a secreção da proteína quimioatraente dos

monócitos (MCP-1) por parte das células endoteliais da veia umbilical. Estudos prévios

observaram que a incubação destas células com PCR recombinante induz um aumento sete

vezes maior na produção de MCP-1 (57). Essa modulação da expressão de moléculas de

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10

adesão (VCAM-1, ICAM-1) e MPC-1 pela PCR podem induzir ou acelerar um processo de

aterosclerose (57).

2.4.4. Métodos de mensuração da proteína C reativa e valores de referência

A utilização de PCR como um marcador de inflamação vascular foi inicialmente

dificultada pela baixa sensibilidade dos testes em medir as concentrações mínimas de PCR

existentes no soro, por isso, foi necessário o desenvolvimento de técnicas de alta sensibilidade

(54). A denominação de PCR ultrassensível (us) refere-se aos métodos que detectam

concentrações menores de PCR sendo mais sensíveis na identificação de alterações

inflamatórias em pacientes aparentemente saudáveis ou com fatores de riscos

cardiovasculares.

Existem vários métodos para a detecção de PCR, em geral, os laboratórios clínicos

utilizam os métodos por imunonefelometria ou imunoturbidimetria, os quais são

reprodutíveis, totalmente automatizados e capazes de medir a PCR com um limite de detecção

de 3-5 mg/L (PCR-us). Apesar de não terem alta sensibilidade, ensaios tradicionais, incluindo

precipitação por polissacarídeo C do pneumococo (45), cristalização (58), precipitação em

tubo utilizando anticorpo anti-PCR (59), fixação do complemento (60), Ouchterlony (61),

aglutinação em látex (62), radioimunoensaio (63), imunodifusão radial (61) e fluorescência

(63) ainda são utilizados.

Tem sido relatado que a PCR-us tem um grau de estabilidade de mensuração que é

semelhante à do colesterol total (64). Não há variação diurna das concentrações de PCR-us

(65), portanto, a coleta de sangue para realização de PCR-us pode ser realizada sem a

preocupação do momento da coleta.

A maioria dos indivíduos saudáveis tem as concentrações plasmáticas de PCR-us

menores de 1 mg/L (66), porém os valores normais investigados por vários pesquisadores

podem variar. Por exemplo, Pradhan e colaboradores encontrou (67) concentrações médias de

0,26 mg/L, com intervalos de 0,10 a 0,61 mg/L em mulheres saudáveis, enquanto Ridker e

colaboradores (68) divulgaram um valor plasmático médio de PCR-us de 1,13 mg/L em

indivíduos saudáveis de sexo masculino. Em outro estudo, quando comparados os métodos de

ELISA e de aglutinação com látex para a mensuração de PCR-us observou-se que os valores

médios dos indivíduos controles foram similares nas técnicas (0,99 mg/L e 1,2 mg/L

respectivamente) (69).

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11

Contudo, em outro estudo se utilizou as análises em quartis para avaliação da PCR.

Foi observado que o risco relativo de sofrer um evento cardiovascular futuro aumenta, por

cada quartil, em 26% em homens e 33% para as mulheres (70). O valor médio de PCR-us

reportado nesse estudo foi de 0,16 mg/L e os intervalos de PCR-us para os indivíduos com

risco cardiovascular mais baixo e os mais altos foram de 0,01 a 0,069 (quartil 1); 0,07 a 0,11

(quartil 2); 0,12 a 0,19 (quartil 3); 0,20 a 0,38 (quartil 4) e maiores que 0,38 mg/L (quartil 5).

Outra forma sugerida para interpretar os resultados da PCR-us é definir como baixo

risco para desenvolver doenças cardiovasculares uma PCR-us menor que 1 mg/L; como risco

médio entre 1 mg/L e 3 mg/L; e como risco alto entre 3 mg/L e 10 mg/L. Se a PCR-us for

maior que 10 mg/L, o teste deve ser repetido novamente e o paciente deve ser examinado para

determinar as possíveis fontes de infecção e inflamação (57).

Portanto, as diversas formas de interpretação das concentrações plasmáticas de PCR-

us constituem um problema no momento de estabelecer os valores de referência, deste modo,

se recomendam tomar como base as concentrações e valores obtidos em diversos estudos,

adaptados e padronizados às determinadas condições particulares (54).

2.5. Papel da PCR nas doenças cardiovasculares

A PCR-us é o marcador inflamatório mais estudado na área das DCV. Na prática

clínica, altos níveis de PCR foram associados a fatores como hipertensão arterial, índice de

massa corporal, tabagismo, síndrome metabólica, diabetes mellitus, obesidade, terapia de

reposição hormonal, infecções e inflamações crônicas. A atividade física, a perda de peso e

tratamento com estatinas, niacina ou fibratos estão associados a uma diminuição nos valores

de PCR (9, 10).

A aterosclerose é uma doença crônico-degenerativa que leva à obstrução das artérias

em razão a um processo proliferativo com deposição de lipídeos e quadro inflamatório. É

caracterizada pela presença de macrófagos, monócitos, linfócitos e outras células em resposta

a agressão na parede arterial. Alguns estudos demonstraram associação entre os níveis de

PCR e o desenvolvimento da aterosclerose (9, 71, 72).

Vários estudos têm mostrado que PCR pode ter valor prognóstico em pacientes com

síndromes coronarianas agudas. Um estudo observou que houve aumento da incidência de

revascularização de angina coronária recorrente, infarto do miocárdio e morte por evento

cardiovascular em pacientes com angina instável e com PCR-us superior a 3 mg/L (73). De

acordo com dados do European Concerted Action on Thrombosis and Disabilities, Angina

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Pectoris Study Group, um estudo com 2121 pacientes, contendo homens e mulheres com

angina estável e instável, demonstrou uma associação entre os níveis elevados de PCR-us e

um aumento do risco relativo de infarto do miocárdio (74). Em outro estudo, a PCR-us foi um

fator preditor de eventos coronarianos recorrentes em homens e mulheres que sofreram um

infarto do miocárdio (75).

O Multiple Risk Factor Intervention Trial (MRFIT) (76) demonstrou uma associação

positiva entre PCR e mortalidade por doenças cardiovasculares em homens fumantes

acompanhados por um período de 17 anos. O Cardiovascular Health Study e o Rural Health

Promotion Project (RHPP) (77), que incluiu homens e mulheres com mais de 65 anos com

DCV subclínica, encontrou uma associação entre PCR-us e eventos coronários futuros. Já o

Physician’s Health Study (PHS) (68) mostrou associações positivas entre PCR-us e futuro

eventos coronários em homens aparentemente saudáveis, fumantes e não fumantes. Este

estudo também mostrou que aqueles no quartil superior de PCR-us tiveram duas vezes mais

risco de apresentar um evento cardiovascular futuro, três vezes de infarto do miocárdio e

quatro vezes de doença vascular periférica.

Na SM, a PCR desempenha um papel importante uma vez que reflete a gravidade da

mesma para correlacionar com disfunção endotelial e redução da fibrinólise (78). Os

componentes individuais da SM estão efetivamente estabelecidos como fatores para o

desenvolvimento de DCV (21, 79). Indivíduos com SM tem aumento no risco relativo de

doença cardiovascular entre de 1,5 a 3,0 vezes (80). Além disso, parece que quanto maior o

número de componentes da SM maior a chance de desenvolver DCV, especialmente na

presença de fatores de risco específicos como hiperglicemia e elevação da pressão arterial

(81).

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2.6. Lacuna científica

Nas últimas décadas tem havido uma série de investigações envolvendo células e

moléculas associadas com a resposta imune, no processo de lesão aterosclerótico vascular e

na formação de placas de ateroma. As análises de marcadores inflamatórios conhecidos e sua

estreita relação com os fatores de risco clássicos (resistência insulínica, hiperglicemia,

hiperlipidemia e obesidade e hipertensão) (82, 83) permitem uma abordagem e rastreamento

dos agentes causadores, bem como as substâncias que estão envolvidas no desenvolvimento e

progressão da DCV.

A inflamação subclínica crônica presentes nos indivíduos com SM pode ser um

elemento comum envolvendo a patogênese de DCV (84). Há evidências de que indivíduos

com doenças cardiometabólicas possuem alteração nos marcadores bioquímicos inflamatórios

relacionados ao endotélio, em especial, nos níveis séricos de PCR (9, 10). Entretanto, não está

claro se indivíduos sob RCM sem doenças pré-existentes já possuem precocemente alterações

nos níveis de PCR.

Além disso, a mensuração de PCR-us parece ser fundamental para avaliar o risco de

desenvolvimento de DCV. Como ainda não há uma definição concreta dos valores de

referência séricos de PCR, o presente estudo usará como padrões de normalidade indivíduos

saudáveis e vai compará-los com os grupos sob risco cardiometabólico estratificados

conforme a quantidade de fatores, a fim de determinar se indivíduos sob RCM já apresentam,

precocemente, alterações nos níveis séricos de PCR. Dessa forma, o estudo pretende

identificar um possível marcador de risco cardiometabólico precoce e, consequentemente,

definir novos caminhos de diagnóstico complementares na prevenção das doenças

cardiovasculares.

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14

3. OBJETIVOS

3.1. Objetivo principal

Avaliar os níveis séricos de proteína C reativa em indivíduos com risco

cardiometabólico.

3.2. Objetivos secundários

3.2.1. Estratificar o grupo sob risco cardiometabólico conforme a quantidade de fatores de

RCM;

3.2.2. Verificar se a quantidade de fatores de risco cardiometabólicos influencia os níveis de

proteína C reativa;

3.2.3. Determinar a associação entre os níveis séricos de proteína C reativa e as variáveis que

definem o risco cardiometabólico.

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4. MATERIAIS E MÉTODOS

4.1. Amostra

Foram recrutados 118 voluntários de ambos os sexos por meio de panfletos, mídia

impressa e eletrônica. Esses possuíam as seguintes características: idade entre 18 e 49 anos,

mulheres apresentavam ciclo menstrual regular, sedentário, não fumavam, apresentavam

eletrocardiograma de repouso e de esforço normais, não possuíam doenças previamente

diagnosticadas e não usavam medicamentos regularmente (exceto anticoncepcionais).

Os critérios para RCM que foram utilizados no estudo seguiram a nova definição dos

critérios de síndrome metabólica publicados recentemente no periódico Circulation (23):

1. Circunferência da cintura ≥90 cm em homens e ≥80 cm em mulheres;

2. Triglicerídeos ≥150 mg/dL;

3. Colesterol HDL <40 mg/dL em homens e <50 mg/dL em mulheres;

4. Pressão arterial sistólica ≥130 e/ou pressão arterial diastólica ≥85 mmHg;

5. Glicemia de jejum ≥100 mg/dL.

Os indivíduos que apresentaram um ou mais dos critérios listados acima foram

inclusos nos grupos RCM. O grupo RCM ainda foi divido em subgrupos conforme a

quantidade de critérios de RCM:

RCM≤2 (inferior ou igual a dois critérios para RCM)

RCM=3 (três critérios para RCM)

RCM≥4 (superior ou igual a quatro critérios para RCM)

Os indivíduos que não apresentaram os critérios listados acima foram inclusos no

grupo controle (CT). Os indivíduos selecionados para participar do projeto foram esclarecidos

quanto aos procedimentos adotados no estudo, previamente aprovado pelo Comitê de Ética da

Instituição (CEP-CCM/HUAP 013/2010). Os indivíduos que concordaram em participar do

estudo assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

4.2. Protocolo

Os voluntários foram submetidos a um protocolo de estudo que consistiu em duas

visitas ao Laboratório de Ciências do Exercício (LACE). O primeiro contato foi realizado por

telefone ou pessoalmente, onde foi feito um cadastro pré-selecionando os voluntários. Ainda

no primeiro contato foi marcada a primeira visita, que constituiu de triagem e coleta de

sangue para exames bioquímicos. Na segunda visita foi realizada avaliação clínica, composta

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por exame físico e por avaliação da composição corporal. A seguir são apresentados detalhes

sobre os procedimentos que foram realizados em cada uma das visitas.

Visita 1: Exames Bioquímicos. Após um período de jejum de 12 horas foi coletada uma

amostra de sangue para a realização das seguintes dosagens: glicose, insulina plasmática,

colesterol total, triglicerídeos, HDL-colesterol, LDL-colesterol, proteína C reativa.

Visita 2: Avaliação Clínica. Um profissional médico realizou o exame clínico completo, com

avaliação da história médica pregressa e história familiar, além da medida de pressão arterial

de repouso com esfigmomanômetro manual, pelo método auscultatório e eletrocardiograma

de repouso (Marquette Hellige GMBH CardioSmart ST, Freiburg, Alemanha).

4.3. Descrição dos métodos utilizados

Perfil lipídico

Para avaliação do perfil lipídico foram dosados os triglicerídeos (TG), a lipoproteína

de alta densidade (HDL colesterol), a lipoproteína de baixa densidade (LDL colesterol) e a

lipoproteína de muito baixa densidade (VLDL colesterol) através do método enzimático

colorimétrico (Roche®), onde os lipídios são clivados à moléculas de colesterol e ácidos

graxo. Esse colesterol é oxidado por ação do peróxido de hidrogênio, produzindo uma

coloração na reação de intensidade proporcional à concentração da molécula dosada. Todas as

dosagens foram feitas no equipamento Modular Evo (Roche®).

Perfil glicêmico

Para avaliação do perfil glicêmico foram dosadas a glicose e a insulina em jejum. A

concentração de glicose circulante no sangue foi mensurada através do método enzimático

GOD-PAP, Modular EVO (Roche®) e a insulina, através do método de ECLIA

(eletroquimioluminescência) - Técnica de Sanduíche, Modular EVO (Roche®). O índice de

HOMA-IR se fundamenta nas dosagens de insulina e glicose em jejum e possui a finalidade

de indicar o quadro de resistência insulínica e a capacidade funcional das células beta

pancreáticas. Foi calculado através da fórmula: glicose em jejum (mmol/L) x insulina em

jejum (mU/L) / 22,5 (85).

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Dosagem das concentrações de proteína C reativa

As concentrações de PCR foram quantificadas através do método de

imunoturbidimetria, o qual utiliza a imunoprecipitação e a dispersão da luz para quantificar os

analitos presentes no soro. A formação desses imunoprecipitados provoca turvação do meio,

levando a diminuição da intensidade do feixe de luz incidente que atravessa a solução. Um

fotodetector mede a absorbância da luz que atravessa a cubeta de reação. Por comparação com

as absorbâncias e concentrações conhecidas da curva padrão de um calibrador, é possível

determinar, quantitativamente, a PCR na amostra ensaiada (86).

Esta metodologia apresenta muitas vantagens, pois não necessita de instrumentos

específicos, pode ser utilizada por vários analisadores automáticos, inclusive os de

bioquímica, facilita o fluxo de trabalho, aperfeiçoa o volume de amostra necessário para a

realização de exames, possui bom desempenho analítico e operacional, com um custo

reduzido (87).

Figura 1. Dosagem da concentração de proteína C reativa por imunoturbidimetria

4.4. Análise estatística

A normalidade das variáveis foi verificada pelo teste de Shapiro-Wilk. Os resultados

são expressos como média ± erro padrão da média. Para comparações das variáveis entre os

grupos, foi utilizado o teste ANOVA one-way. Quando foram encontrado valores de F

significativos, o teste de Newman-Keuls foi utilizado como procedimento post-hoc. Variáveis

descontínuas foram analisadas utilizando o teste Qui-quadrado. O teste de regressão linear

múltipla stepwise foi utilizado a fim de avaliar a associação entre variáveis de risco

cardiometabólico e a concentração de proteína C, bem como estabelecer um modelo que

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melhor explicaria essa interação. Uma probabilidade menor do que 5% foi considerada

estatisticamente significativa em análises bicaudais.

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5. RESULTADOS

5.1. Características da amostra

Participaram do estudo 118 voluntários, de ambos os sexos, com idade de 36±1 anos.

As variáveis antropométricas e metabólicas foram demonstradas na tabela 2. Os grupos CT e

RCM (RCM≤2, RCM=3 e RCM≥4) não apresentaram diferenças significativas nas variáveis

gênero, idade e IMC. Porém, como já esperado, os grupos CT e RCM (RCM≤2, RCM=3 e

RCM≥4) apresentaram diferenças significativas (P<0,05) para a maioria dos critérios

utilizados para o diagnóstico de risco cardiometabólico. Além disso, os grupos RCM=3 e

RCM≥4 apresentaram diferenças nas variáveis IMC, circunferência da cintura, pressão

arterial sistólica, HDL, TG, VLDL, glicose e HOMA-IR quando comparados ao grupo

RCM≤2 (P<0,05).

Tabela 2. Variáveis antropométricas, metabólicas e hemodinâmicas de cada grupo.

Variáveis Grupos

CT RCM≤2 RCM=3 RCM≥4

Nº (H/M) 18 (11/7) 67 (34/33) 23 (19/4) 10 (6/4)

Idade (anos) 33±2 36±1 37±1 39±1

IMC (kg/m²) 22,90±0,62 28,76±0,40* 32,26±0,88*† 31,15±0,97*†

Cinc.cintura (cm) 78,98±1,88 95,02±1,12* 105,86±1,70*† 103,2 ±1,54*†

PAS (mmHg) 114±1 116±1 126±3*† 129±1*†

PAD (mmHg) 75±1 76±1 81±2 8 ±3*†

Colesterol total (mg/dL) 174,89±6,77 193,30±4,94 207,22±8,53* 215,30±8,66*

HDL (mg/dL) 56,67±2,60 53,85±1,47 41,48±1,54*† 38±2,82*†

LDL (mg/dL) 102,06±6,68 119,77±4,50 124±7,63 138,38±8,43*

VLDL (mg/dL) 13,11±1,25 19,56±0,85* 41,87±3,24*† 46,13±4,42*†

TG (mg/dL) 54,83±2,35 98,52±4,51* 209,09±16,28*† 230,88±22,26*†

Glicose (mg/dL) 86,72±1,57 87,61±0,76 95,76±2,39*† 97±4,40*†

HOMA-IR 1,39±0,14 2,17±0,13 3,84±0,30*† 4,85±1,02*†‡

Dados estão apresentados como média±erro-padrão da média; CT, grupo controle; RCM, grupo sob

risco cardiometabólico; IMC, índice de massa corporal; PAS, pressão arterial sistólica; PAD, pressão

arterial diastólica; HDL, lipoproteína de alta densidade; LDL, lipoproteína de baixa densidade;

VLDL, lipoproteína de muito baixa densidade; TG, triglicerídeos; HOMA-IR, índice de resistência

insulínica. (*) P<0,05 vs. CT; (†) P<0,05 vs. RCM≤2; (‡) P<0,05 vs. RCM=3.

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5.2. Avaliação dos níveis séricos de PCR em indivíduos com RCM

Os subgrupos RCM apresentaram maiores níveis séricos de PCR quando comparados

ao grupo CT [CT (0,06±0,01 mg/L) vs. RCM≤2 (0,34±0,04 mg/L); vs. RCM=3 (0,28±0,03

mg/L); vs. RCM≥4 (0,56±0,2 mg/L); P<0,05]. Entretanto, não houve diferença significativa

da concentração de PCR entre os subgrupos RCM (P>0,05).

Figura 2. Distribuição dos níveis de PCR de acordo com a presença do número de

componentes do RCM. (*) <0,05 vs CT.

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5.3. Associação entre os níveis séricos de PCR e os critérios de RCM

Para identificar a associação entre os níveis séricos de PCR e os critérios de RCM, foi

realizada uma análise de regressão múltipla, na qual todas as variáveis foram adicionadas ao

teste. Considerando o grupo RCM como um todo, o modelo (r=0,40; P<0,01) que melhor

explicou a associação entre essas variáveis incluiu a circunferência da cintura e o HDL

(Tabela 3).

Tabela 3. Análise de regressão múltipla entre os critérios de RCM e níveis séricos de PCR

Modelo B0 B1 B2 F Erro Padrão P R

CC + HDL -1,214 0,13 0,006 10,826 0,33 mg/L <0,01 0,40

Y= B0+B1*(circunferência da cintura)+ B2*(HDL)

Apesar de IMC, insulina e HOMA-IR não terem sido considerados fatores de RCM,

foram encontradas associações positivas entre IMC vs. níveis séricos PCR e HOMA-IR vs.

níveis séricos PCR, no grupo como um todo. Ao avaliar os subgrupos RCM separadamente,

apenas o IMC dos grupos RCM=3 e RCM≥4 apresentou correlação positiva com os níveis

séricos de PCR (P<0,05).

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6. DISCUSSÃO

Nesse estudo, testou-se a hipótese de que indivíduos sob risco cardiometabólico sem

doenças pré-existentes já apresentariam alterações precoces nos níveis de proteína C reativa.

Os principais achados do presente estudo foram: 1) indivíduos sob RCM com dois, três e

quatro fatores de RCM apresentaram maiores níveis de PCR quando comparados aos

indivíduos saudáveis; 2) Os níveis de PCR associaram-se positivamente com circunferência

da cintura e negativamente com HDL.

O estudo atual verificou que os indivíduos dos grupos RCM possuem maiores níveis

de PCR em relação ao grupo CT. De forma geral, as alterações nas concentrações de PCR

podem ser observadas em diversos estudos, os quais mostraram que os níveis de PCR estão

elevados em indivíduos com angina estável (74), em idosos com risco para infarto agudo do

miocárdio (77) e homens fumantes com risco para acidente vascular encefálico (88). Um

outro estudo avaliou a relação entre os níveis de PCR-us, a presença de síndrome

metabólica e eventos cardiovasculares. Foram estudadas 14719 mulheres, sendo que destas,

3535 possuíam SM. Os níveis de PCR-us foram fatores preditores independentes de eventos

cardiovasculares nesse estudo (89). Um dos maiores estudos até o momento, o National

Health and Nutrition Examination Survey, examinou a associação entre inflamação e

síndrome metabólica. Uma amostra representativa da população dos EUA (8570 participantes

com mais de 20 anos de idade) com SM apresentou uma concentração de PCR quatro vezes

maior quando comparada a indivíduos sem SM (90). Além disso, outro estudo mostrou que os

níveis de PCR em indivíduos obesos com SM são maiores do que indivíduos não obesos sem

SM (91). Com isso, os resultados do presente estudo adicionam a informação de que

indivíduos sob RCM sem doenças pré-existentes já possuem precocemente alterações nos

níveis de PCR.

Entretanto, não houve diferenças nas concentrações de PCR entre os grupos RCM

(RCM≤2, RCM=3 e RCM≥4). Diferentemente, outros estudos demonstraram que quanto mais

componentes do RCM os indivíduos apresentavam, maiores foram os valores de PCR. Em seu

estudo, Yang T. el al (92) observaram um aumento gradual nos níveis de PCR com o número

de componentes da SM. A mediana da PCR em indivíduos com 0, 1, 2, 3, 4, ou 5

componentes da síndrome metabólica foram: 0,48, 0,83, 1,30, 1,73, 2,20 e 3,21 mg/L,

respectivamente. Em outro estudo também foram analisados os valores de PCR em diferentes

grupos definidos de acordo com a quantidade de critérios da SM. Os resultados mostraram um

aumento na concentração de PCR de acordo com o aumento do número de componentes da

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SM (93). Assim, parece haver uma clara relação entre o número de componentes da SM e o

aumento dos níveis de PCR-us. Contudo, no presente estudo, não foi verificada relação entre

o número de componentes da SM e os níveis séricos de PCR. Um dos motivos que explicaria

essa diferença é que todos os estudos anteriores que utilizaram amostras de indivíduos com a

presença de doenças cardiometabólicas pré-existentes como DAC, IAM, AVE, diabetes ou

hipertensão, e/ou faziam uso de medicações regulares. Tais fatos justificariam o aumento dos

níveis séricos de PCR de acordo com o aumento do número de doenças associadas presentes

nesses indivíduos.

Além disso, o presente estudo demonstrou que apenas um componente de RCM já é

capaz de alterar os níveis de PCR. Assim, a PCR pode ser utilizada como um marcador de

risco precoce para o aparecimento de DCVs, porém não parece ser específico para auxílio no

diagnóstico de SM, uma vez que seus níveis não estavam aumentados em indivíduos com três

fatores de RCM (grupo RCM=3), quando comparados a indivíduos com dois ou menos

fatores (grupo RCM≤2).

No presente estudo, verificou-se que o melhor modelo que explicaria o aumento dos

níveis séricos de PCR incluiu a circunferência da cintura e o HDL. Segundo Nakamura et al

(94), dentre os componentes da SM, a circunferência da cintura é o principal determinante

para o aumento das concentrações de PCR. Um estudo avaliou 1044 indivíduos idosos com

SM e verificou que eles apresentavam elevados níveis de PCR associado a um aumento na

circunferência da cintura. Além disso, acrescentou que essa associação fosse devido a

presença de inflamação sistêmica de baixo grau (95). Essa ideia é suportada por uma série de

estudos prévios, os quais demonstraram correlação positiva entre PCR e percentual de

gordura visceral e abdominal (96-98). Não se sabe ao certo como o tecido adiposo contribui

para a produção de PCR. Entretanto, tem sido relatado que o tecido adiposo é um importante

órgão endócrino que secreta várias substâncias biologicamente ativas, tais como leptina,

adiponectina, fator de necrose tumoral alfa (TNF-α), interleucina-6 (IL-6) e proteína

quimiotática de monócitos-1 (MCP-1) (99-101). Estas substâncias são denominadas

adipocitocinas. Acredita-se que a secreção inadequada das adipocitocinas pró-inflamatórias e

anti-inflamatórias em indivíduos com SM (101, 102) possa levar a um quadro inflamatório

sistêmico, o qual ativa os genes que codificam a PCR e outros agentes de fase aguda.

Um estudo comparou os níveis de PCR em subgrupos de indivíduos obesos

estratificados conforme o número de componentes da SM. Foi revelado que estes subgrupos

apresentaram maiores níveis de PCR quando comparados aos indivíduos eutróficos,

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independentemente da quantidade de componentes SM (94). Vale salientar que a forte

associação entre obesidade central (circunferência da cintura) e níveis de PCR sugere o

envolvimento de tecido adiposo abdominal na produção e regulação da PCR. O tecido

adiposo, quando em excesso, leva a um aumento do tamanho dos adipócitos e este, aumenta a

produção de citocinas pró-inflamatórias, desencadeando processos inflamatórios (103).

Durante a inflamação, ocorre diminuição da HDL, o qual perde sua função

antioxidante e torna-se pró-oxidante (104, 105). Além disso, essa diminuição aumenta à

susceptibilidade a oxidação do LDL nas camadas subendoteliais, estimulando a aterogênese e

propiciando a expansão da placa aterosclerótica (106, 107).

Um estudo anterior do nosso grupo mostrou que os indivíduos do grupo RCM, apesar

de não apresentarem doenças pré-existentes ou fazerem uso de medicamentos, já possuem

uma disfunção endotelial precoce, mostrado pelo aumento de sE-selectina e sICAM (108),

moléculas de adesão liberadas na circulação sistêmica em resposta ao estímulo de citocinas

inflamatórias (IL-1, TNF-α e IL-6) (109). Isso poderia explicar o aumento nos níveis séricos

de PCR no grupo RCM do presente estudo, já que a disfunção endotelial parece estimular a

síntese e a liberação de PCR (110).

A HDL está associada negativamente aos níveis séricos de PCR. Diversos estudos

evidenciaram associação inversa entre HDL e PCR sugerindo que baixos níveis de HDL

podem favorecer o processo inflamatório (111, 112). Uma mudança em três proteínas

associadas ao HDL acelera o processo de aterosclerose (113). Nos estados de inflamação

sistêmica, uma diminuição da proteína de transferência de fosfolipídios (PON), um aumento

de ceruloplasmina e uma diminuição da transferrina poderiam diminuir a função antioxidante

do HDL durante a resposta de fase aguda, convertendo a HDL para um estado pró-oxidante,

pró-inflamatório e pró-aterogênico (114). Além disso, tem sido relatado que a diminuição dos

níveis de HDL está associada com níveis elevados de PCR em indivíduos com SM (115).

Acredita-se que o transporte de colesterol reverso (Figura 3), um processo em que o

colesterol é removido das células periféricas e transportado para o fígado (metabolismo e/ou

excreção) (116), esteja reduzido durante a infecção e inflamação (117). A HDL, por ação da

enzima lecitina-colesterol aciltransferase (LCAT), retira o colesterol presente na LDL e o

esterifica, deixando-o mais hidrossolúvel. Assim, ele entra na molécula de HDL sendo esta

internalizada pelo fígado, eliminando o colesterol pela bile (118). Dessa forma, a diminuição

da HDL, levaria a um aumento excessivo da LDL na circulação. Esse excesso aumenta as

chances de depósito da LDL na camada subendotelial, favorecendo a aterogênese. Além

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disso, o aumento de LDL eleva o perfil inflamatório, levando a liberação de citocinas

inflamatórias como IL-1, IL-6 e TNF-α, bem como estimula a síntese e a liberação de PCR

pelas células hepáticas, aumentando sua concentração sérica.

Figura 3. Transporte reverso de colesterol.

Outra hipótese é que a diminuição da atividade da LCAT durante o processo

inflamatório diminua os níveis de HDL devido a uma deficiência no processo de esterificação,

similar ao que é encontrado em seres humanos ou animais com mutações no gene de LCAT

(119). Além disso, alguns estudos mostram que lipases sintetizadas pelas células endoteliais

podem regular o metabolismo do HDL (120, 121). O aumento da expressão das lipases

endoteliais (LE) reduzem os níveis de HDL, enquanto que a sua inibição aumenta os níveis de

HDL (122). Tem sido demonstrado que o tratamento de células endoteliais cultivadas com

TNF-α ou IL-1 aumenta a expressão das LEs (123). Se os efeitos forem semelhantes in vivo,

os níveis reduzidos de HDL durante inflamação poderão ser explicados pela ação das LEs.

Existem algumas limitações do estudo que devem ser mencionadas. Primeira, o IMC

foi diferente entre os grupos CT e os subgrupos RCM (RCM≤2, RCM=3, RCM≥4), o que

levaria a crer que a obesidade per se já aumentaria os níveis séricos de PCR. Porém, não foi

verificado aumento concomitante dos níveis séricos de PCR com o aumento do IMC nos

subgrupos RCM=3 e RCM≥4, quando comparados ao subgrupo RCM≤2. Dessa forma, o

RCM parece potencializar os efeitos da obesidade sobre a concentração sérica de PCR. A

segunda limitação se refere ao tamanho amostral. Devido ao reduzido número de indivíduos

nos subgrupos, não foi possível verificar os efeitos do gênero sobre os níveis séricos de PCR,

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porém não foram observadas diferenças nas proporções de homens e de mulheres entre os

grupos estudados.

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7. CONCLUSÃO

Os níveis séricos de PCR foram maiores nos indivíduos sob risco cardiometabólico

quando comparados aos indivíduos saudáveis, mesmo na ausência de doenças pré-existentes

ou uso de medicamentos. A circunferência da cintura e o HDL atuaram como preditores

independentes associados ao aumento nos níveis séricos de PCR. Além disso, o presente

estudo demonstrou que apenas um critério de risco cardiometabólico já foi capaz de alterar os

níveis de PCR.

Esses resultados indicam uma elevação nos níveis séricos de PCR ainda nos estágios

iniciais da história natural da doença cardiometabólica. Considerando que os estágios iniciais

de desenvolvimento das DCV estão associados a uma inflamação subclínica, a detecção

precoce de PCR sérica sem estado inflamatório agudo associado, favoreceria o diagnóstico

complementar e/ou prevenção do desenvolvimento de doenças cardiometabólicas.

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