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O ESTADO DE S. PAULO QUARTA-FEIRA, 29 DE FEVEREIRO DE 2012 Caderno2 D3 Camila Molina “Cenário de cinema, é sério”, diz a artista Tininha Llanos sobre as cidades de Cachoeira e São Félix, no Recôncavo Baiano, onde, a partir de hoje e até sábado, ocor- re um festival dedicado a inter- venções artísticas. Integrante do GIA (Grupo de Interferência Ambiental), coletivo de artistas sediado na Bahia e dos mais des- tacados do circuito – por exem- plo, eles participam da atual edi- ção da mostra do projeto Rumos Artes Visuais do Itaú Cultural, em São Paulo –, Tininha organi- za, há três anos, o Fiar, Festival de Intervenções Artísticas do Re- côncavo. Mais de 50 artistas bra- sileiros e outros latinos vão criar obras especialmente para o even- to e, mais ainda, participar de de- bates, oficinas e encenações abertos ao público em geral. O desafio é integrar criação ar- tística à paisagem e ao espaço ur- bano, agir em uma região no inte- rior do Estado da Bahia fora do eixo Salvador-Sudeste. Todas as edições do Fiar ocorreram em Cachoeira e São Félix, localida- des tombadas pelo Iphan. São duas cidades que ficam uma de frente para a outra, com uma ponte sobre o Rio Paraguaçu. “Arte urbana nos grandes cen- tros fica muito vinculada à publi- cidade. O interior ainda não foi invadido pelo show biz”, diz Tini- nha Llanos. O festival tem, as- sim, o seu caráter reflexivo, co- mo também chama a atenção pa- ra uma via “relacional” entre pes- soas e o espaço da cidade. A feira livre de Cachoeira, por exemplo, atrai um público gran- de, de 500 a 1 mil pessoas vindas de lugares diversos, inclusive, “da roça”. Interessa ao festival justamente a audiência espontâ- nea e imensurável –, mas há os interessados em artes visuais e artistas locais que cativamente participam das atividades do Fiar, mais um evento da região, assim como a já conhecida Bie- nal do Recôncavo. A performance de abertura desta edição do festival, hoje, a partir das 8 horas da manhã, do coletivo Mucambo Nuspanoça, do Piauí, ocorrerá justamente na feira de Cachoeira, onde os artis- tas WG e Gilsão pretendem criar grafites em roupas dos transeun- tes. Mas as intervenções artísti- cas do evento são diversas, tra- zem desde uma instalação com guarda-chuvas com sensores no Jardim Grande da cidade, a reali- zação de oficinas de fotografia pi- nhole e de animação em pelícu- la, respectivamente, com Bianca Portugal e com Paula Damasce- no no Bairro do Tororó, e de pas- seios de barco até a criação do Flutuador, uma ilha estética feita de garrafas de plástico e criada pelo GIA para o Rio Paraguaçu. Rede. Na verdade, o Fiar tem essa pertinência de ser uma ativi- dade de esforço coletivo e inde- pendente num cenário artístico brasileiro – e internacional – do- minado pelo mercado de arte ou eventos espetaculares ávidos por patrocínios milionários. A 3.ª edição do festival marca sua ampliação, como a realização de um Encontro de Rede de Artes Visuais com representantes de vários coletivos. Como a chilena Rosa Apablaza e o Desislaciones, criado em 2006, mas que promo- ve um blog com criadores de di- versos países latinos. Outros par- ticipantes do festival são os gru- pos Opavivará, do Rio; Poro, de Minas Gerais; EIA e Frente 3 de Fevereiro, de São Paulo; e Rádio Amnésia, da Bahia. “Serão três debates públicos, com temas vas- tos”, diz Tininha. O Fiar 3 está sendo realizado com R$ 100 mil – recursos de edital da Funarte, da Secretaria de Estado da Bahia e com apoios locais. “Os anterio- res foram feitos com um terço desse montante”, afirma a cura- dora. Um livro sobre o evento se- rá lançado em abril, com 5 mil exemplares para distribuição. Visuais. Festival CRIAÇÕES PARA O RECÔNCAVO Começa hoje o Fiar 3, evento que promove série de intervenções e debates em duas cidades baianas MARK DAYVES/DIVULGAÇÃO Programação Por meio de blogs é possível acompanhar atividades de coleti- vos. O do festival é o http://FIAR- bahia.wordpress.com Na rua. Imagem de uma das intervenções do coletivo baiano GIA, uma das principais atrações em Cachoeira e São Félix

Visuais. Festival - fiarbahia.files.wordpress.com file%HermesFileInfo:D-3:20120229:OESTADODES.PAULO QUARTA-FEIRA, 29 DE FEVEREIRO DE 2012 Caderno2 D3 Rádio. Programa CamilaMolina

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%HermesFileInfo:D-3:20120229:

O ESTADO DE S. PAULO QUARTA-FEIRA, 29 DE FEVEREIRO DE 2012 Caderno2 D3

Rádio. Programa

CamilaMolina

“Cenáriodecinema, é sério”, diza artistaTininhaLlanos sobre ascidadesdeCachoeiraeSãoFélix,no Recôncavo Baiano, onde, apartir dehoje e até sábado, ocor-re um festival dedicado a inter-venções artísticas. Integrantedo GIA (Grupo de InterferênciaAmbiental), coletivo de artistassediadonaBahia e dosmais des-tacados do circuito – por exem-plo, eles participamdaatual edi-çãodamostra doprojetoRumosArtes Visuais do Itaú Cultural,em São Paulo –, Tininha organi-za, há três anos, o Fiar, FestivaldeIntervençõesArtísticasdoRe-côncavo.Maisde50artistas bra-sileiros eoutros latinos vão criarobrasespecialmenteparaoeven-toe,maisainda,participardede-bates, oficinas e encenaçõesabertos ao público em geral.Odesafioéintegrarcriaçãoar-

tísticaàpaisagemeaoespaçour-bano,agiremumaregiãonointe-rior do Estado da Bahia fora doeixo Salvador-Sudeste. Todas asedições do Fiar ocorreram emCachoeira e São Félix, localida-des tombadas pelo Iphan. Sãoduas cidades que ficam uma defrente para a outra, com umaponte sobre o Rio Paraguaçu.“Arte urbana nos grandes cen-trosficamuitovinculadaàpubli-cidade. O interior ainda não foiinvadidopeloshowbiz”,dizTini-

nha Llanos. O festival tem, as-sim, o seu caráter reflexivo, co-motambémchamaaatençãopa-raumavia“relacional”entrepes-soas e o espaço da cidade.A feira livre de Cachoeira, por

exemplo, atrai um público gran-

de, de 500 a 1mil pessoas vindasde lugares diversos, inclusive,“da roça”. Interessa ao festivaljustamenteaaudiênciaespontâ-nea e imensurável –, mas há osinteressados em artes visuais eartistas locais que cativamente

participam das atividades doFiar, mais um evento da região,assim como a já conhecida Bie-nal do Recôncavo.A performance de abertura

desta edição do festival, hoje, apartir das 8 horas da manhã, do

coletivo Mucambo Nuspanoça,doPiauí,ocorrerá justamentenafeiradeCachoeira,ondeosartis-tasWGeGilsãopretendemcriargrafitesemroupasdostranseun-tes. Mas as intervenções artísti-cas do evento são diversas, tra-

zem desde uma instalação comguarda-chuvas com sensores noJardimGrandedacidade,areali-zaçãodeoficinasdefotografiapi-nhole e de animação em pelícu-la, respectivamente, comBiancaPortugal e com Paula Damasce-nonoBairrodoTororó, edepas-seios de barco até a criação doFlutuador, umailhaestética feitade garrafas de plástico e criadapeloGIA para o Rio Paraguaçu.

Rede. Na verdade, o Fiar temessapertinênciadeserumaativi-dade de esforço coletivo e inde-pendente num cenário artísticobrasileiro – e internacional – do-minadopelomercadode arte oueventos espetaculares ávidospor patrocínios milionários. A3.ª edição do festival marca suaampliação, como a realização deum Encontro de Rede de ArtesVisuais com representantes devários coletivos.Comoa chilenaRosaApablazaeoDesislaciones,criadoem2006,masquepromo-ve um blog com criadores de di-versospaíseslatinos.Outrospar-ticipantes do festival são os gru-pos Opavivará, do Rio; Poro, deMinas Gerais; EIA e Frente 3 deFevereiro, de São Paulo; e RádioAmnésia, da Bahia. “Serão trêsdebatespúblicos,comtemasvas-tos”, diz Tininha. O Fiar 3 estásendo realizado com R$ 100mil– recursos de edital da Funarte,daSecretaria deEstadodaBahiaecomapoios locais.“Osanterio-res foram feitos com um terçodessemontante”, afirma a cura-dora.Umlivrosobreoeventose-rá lançado em abril, com 5 milexemplares para distribuição.

Visuais. Festival

! Um lugar que o turistabrasileiro deveria visitarJardim Botânico do Brooklyn:Muitos brasileiros vêm a NY enão saem de Manhattan, o que éuma grande besteira.

! Uma exposiçãoA novíssima sessão islâmica do

Metropolitan. Mais de 100milpeças das mais diversas regiõesdo Oriente Médio. É uma verda-deira viagem no tempo.

! Um artista damúsicaMayer Hawthorne: americano deMichigan, ele acaba de lançarseu terceiro disco e não sai das

rádios aqui nos Estados Unidos.Ele continua fiel à sua sonorida-de “anos 60/70”…

! Um restauranteNão saberia escolher somenteum… Aqui vão algumas boas op-ções: Barbuto, Minetta Tavern,Standard Grill e Morandi.

! Uma baladaBoomBoom Room

! Um parqueWashington Square Park.

! Onde comprarvinis legais emNYBleecker Street Records

ACULTURADENOVAYORKNASONDASDAELDORADOPedro Andrade estreia amanhã Conexão América, às 20h

CONEXÃONOVAYORK,PORPEDROANDRADE

CRIAÇÕESPARAORECÔNCAVO

FELIPE RAU/AE

Começa hoje oFiar 3, evento quepromove série deintervenções edebates em duascidades baianas

MARK DAYVES/DIVULGAÇÃO

CONEXÃOAMÉRICACom PedroAndradeQuando: àsquintas, 20 hOnde: EldoradoBrasil 3000 (FM107,3 - SP)Site: territorioel-dorado.com.brEstreiaamanhã

Andrade.Dicas de points descolados e tendênciasmusicais

!ProgramaçãoPor meio de blogs é possívelacompanhar atividades de coleti-vos. O do festival é o http://FIAR-bahia.wordpress.com

Na rua. Imagem de uma das intervenções do coletivo baiano GIA, uma das principais atrações emCachoeira e São Félix

cinemarko!cial

Garanta já seu ingresso. Informações e programação completa no www.cinemark.com.br.Garanta já seu ingresso. Informações e programação completa no www.cinemark.com.br.

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Romeu e Julieta,'%-'.%$ $ /- 0-11-23 4$54677$1

Giselle,'%-'.%$ $ /- 4$%689 :-26;$

Cinemark apresenta comexclusividade os ballets:

Emanuel Bomfim

Chega até ser senso comumquando se diz que brasileiro sevaleporsuaginga,porumacapa-cidade nata de improvisar. É oestereótipo do Zé Carioca quevira discurso, amplificado porbaluartesdenossaculturapopu-lar, como o samba e o futebol.Pedro Andrade não faz esse ti-po.Aliás, antes de ganhar proje-ção com o público brasileiro,porcontadoManhattanConnec-tion, o alinhado apresentador jáera protagonista de horário no-bre na NBC, um dos principaiscanais de televisão nos EstadosUnidos.Enãochegouláporaca-so, tampouco pela brasilidade.Acostumado a lidar com câ-

meras e holofotes diariamente,o guia mais famoso de NovaYork agoraassumeumnovode-safio: “falar na latinha”. Ama-nhã, às 20 horas, o jornalista eex-modelo estreia o programasemanalConexãoAméricanaRá-dio Eldorado Brasil 3000 (FM –107,3). Mais do que indicarpoints descolados da Big Apple,elevai anteciparaopúblicopau-listano as novas tendências damúsica, sempre em ebulição nametrópole norte-americana.“A partir domomento que al-

guma coisa faz sucesso aqui, lo-go depois repercute no mundointeiro”,afirmaobrasileiro,mo-rador de Nova York há 11 anos.

Quando chegou, era quase umanônimo. Tinha a experiênciade modelo acumulada, mas co-mo qualquer imigrante desem-penhou atividades “menores”,como guardador de volumes,carregador de gelo, bartender,para depois encaminhar o so-nho de ser jornalista televisivo.Disciplinado e ambicioso,

conquistou seuespaço aos pou-cos: começou em site, foi paraTV regional, nacional, em rede,até virar âncorade fato. Éo titu-lar do antenado 1ST Look, guiasobre artes, noite, gastronomiaemúsica de Nova York.O convite para integrar o ti-

medoManhattanConnection, naGlobo News, veio em grandeparteporessaespéciedeonipre-sençanatelinha. “OLucasMen-des estava chegando de Los An-geles e me viu no avião, depoispegouumtáxiparacasaemeviuna TV do táxi; chegou em casa eeu estava passando na televi-são... Aí falou: ‘Quem é esse Pe-dro Andrade? Esse nome émui-to brasileiro, ele deve ser brasi-leiro!’ Fui entrevistado no pro-grama e a resposta do públicofoi incrível.Logoquesaídoestú-dio, recebi a ligação me convi-dando para trabalhar lá”, conta.Quemassiste às suas reporta-

gens, já deve ter se acostumadocomastrilhasmoderninhasqueembalam cada uma de suas di-cas culturais. Um repertórioque, segundo ele, não temcarti-lha pronta. Nova York émutan-teesempretemalgumcantopa-raouvir e descobrir boamúsica.“Antigamente, você tinha os ar-tistasnoSoHo, aí eles forampa-raTribeca,depoisparaChelsea,e hoje emdia o principal celeiroé, sem dúvida, Williamsbourg,no Brooklyn. É onde estão oschamados novos artistas, tantono setor de música como de ar-te. O sucesso está brotando porlá”, define o apresentador.Depoisdo indie rockdoStro-

kes, que dominou público eatenções no início da décadapassada, Pedro afirma que a ci-dade não vive o monopólio deum estilo musical ou bandaatualmente,mas respira a ondado retro-soul, escancarada pe-la explosiva Amy Winehouse.“Você tem um artista incrívelcomo este Mayer Hawthorne,que já é tocadonaprogramaçãodaEldorado, comessasonorida-de muito antiga, além da pró-pria Adele”, relata. De gostoversátil, Pedro não escondesuaveia indie. “Estouapaixona-do pelo último álbumdoAngusand Julie Stone.”Identificar sua atração naEl-

dorado como Conexão Américaé, para ele, a possibilidade decompartilhar vocações co-muns entre Nova York e SãoPaulo. “Acho que os interessessão parecidos nas duas cida-des. Esse lance de as pessoasgostaremdecomer fora,danoi-te ser única, de a moda ter umpapel importante, de as pes-soascurtiremestilo. Issoémui-to similar, mas cada uma delasé encantadora por si só.”