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VI Seminário Latino-Americano de Geografia Física II Seminário Ibero-Americano de Geografia Física Universidade de Coimbra, Maio de 2010 1 GUIA DIGITAL ECOTURÍSTICO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO: DISSEMINANDO CONHECIMENTO GEOGRÁFICO ATRAVÉS DE SIG-WEB Vivian Castilho da Costa; Vancler de Assis INSTITUIÇÃO: Universidade do Estado do Rio de Janeiro UERJ EMAIL DOS AUTORES: [email protected]; [email protected]. RESUMO As unidades de conservação de proteção integral são grandes destinos dos milhares de ecoturistas brasileiros, principalmente aquelas pertencentes à categoria Parque Estadual. Porém, o estabelecimento de atividades recreativas e de ecoturismo no interior das UCs do estado do Rio de Janeiro, apesar de ser potencializado, ainda não ocorreu com base em planejamento detalhado e eficaz, tanto no que diz respeito ao controle e mitigação dos impactos negativos, quanto na divulgação detalhada de informações científicas em linguagem acessível aos seus usuários. Uma das formas de divulgação de mapas e informações desses parques, principalmente nas regiões e pólos ecoturísticos brasileiros, tem sido a Internet. Contudo, o geoprocessamento (Sistema de Informação Geográfica - SIG), também tem-se tornado ferramenta valiosa, principalmente com o apoio do Governo Federal, a exemplo do projeto de SIG-WEB do Ministério do Meio Ambiente (MMA) chamado “I3GEO” (http://mapas.mma.gov.br/i3geo), disponibilizando mapas temáticos. O SIG-WEB, portanto, é uma ferramenta extremamente eficiente na divulgação de dados espaciais. Sua grande vantagem em relação aos SIGs tradicionais é a maior publicidade que informações georreferenciadas podem alcançar devido ao grande poder de disseminação da Web, aliado ao fato de serem mais simples de operar por leigos em softwares de SIG. Assim sendo, o presente estudo justifica-se por ser apoiado na seleção e no uso das melhores opções metodológicas de interface de Geotecnologias de SIG-WEB livre e em sua interoperabilidade, em conformidade com o preconizado pelo OGC (Open Geospatial Consortium, Inc) e pelas “Diretrizes da Implementação do Software Livre no Governo Federal” brasileiro. O presente estudo tem como resultado a compatibilização de bases digitais, provenientes de instituições governamentais brasileiras (IBGE, Fundação

Vivian Castilho da Costa, Vancler de Assis

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II Seminário Ibero-Americano de Geografia Física

Universidade de Coimbra, Maio de 2010

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GUIA DIGITAL ECOTURÍSTICO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DO

ESTADO DO RIO DE JANEIRO: DISSEMINANDO CONHECIMENTO

GEOGRÁFICO ATRAVÉS DE SIG-WEB

Vivian Castilho da Costa; Vancler de Assis

INSTITUIÇÃO: Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ

EMAIL DOS AUTORES: [email protected]; [email protected].

RESUMO

As unidades de conservação de proteção integral são grandes destinos dos milhares de

ecoturistas brasileiros, principalmente aquelas pertencentes à categoria Parque Estadual.

Porém, o estabelecimento de atividades recreativas e de ecoturismo no interior das UCs

do estado do Rio de Janeiro, apesar de ser potencializado, ainda não ocorreu com base em

planejamento detalhado e eficaz, tanto no que diz respeito ao controle e mitigação dos

impactos negativos, quanto na divulgação detalhada de informações científicas em

linguagem acessível aos seus usuários. Uma das formas de divulgação de mapas e

informações desses parques, principalmente nas regiões e pólos ecoturísticos brasileiros,

tem sido a Internet. Contudo, o geoprocessamento (Sistema de Informação Geográfica -

SIG), também tem-se tornado ferramenta valiosa, principalmente com o apoio do

Governo Federal, a exemplo do projeto de SIG-WEB do Ministério do Meio Ambiente

(MMA) chamado “I3GEO” (http://mapas.mma.gov.br/i3geo), disponibilizando mapas

temáticos. O SIG-WEB, portanto, é uma ferramenta extremamente eficiente na divulgação

de dados espaciais. Sua grande vantagem em relação aos SIGs tradicionais é a maior

publicidade que informações georreferenciadas podem alcançar devido ao grande poder

de disseminação da Web, aliado ao fato de serem mais simples de operar por leigos em

softwares de SIG. Assim sendo, o presente estudo justifica-se por ser apoiado na seleção e

no uso das melhores opções metodológicas de interface de Geotecnologias de SIG-WEB

livre e em sua interoperabilidade, em conformidade com o preconizado pelo OGC (Open

Geospatial Consortium, Inc) e pelas “Diretrizes da Implementação do Software Livre no

Governo Federal” brasileiro. O presente estudo tem como resultado a compatibilização

de bases digitais, provenientes de instituições governamentais brasileiras (IBGE, Fundação

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Tema 3 - Geodinâmicas: entre os processos naturais e socio-ambientais

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CIDE, ANA, MMA e prefeituras locais - Instituto Pereira Passos – IPP – Secretaria Municipal

de Urbanismo da Cidade do Rio de Janeiro, entre outras) para a criação de um Guia Digital

das Unidades de Conservação de Uso Integral do Estado do Rio de Janeiro. O primeiro

produto que foi gerado, em fase atual de complementação de informações, está

disponível temporariamente no site http://www.guiapepb.infotrilhas.com. A etapa

subsequente está sendo a implementação do Guia na plataforma I3Geo/MMA

(MapServer).

Palavras-chave: SIG-WEB, Banco de Dados Geográfico, Ecoturismo.

INTRODUÇÃO

Enquanto o Turismo diminuiu 4% no ano de 2009, pelo efeito da crise mundial, um dos

seus segmentos - o ecoturismo - vem crescendo mais de 20% ao ano, segundo dados da

Organização Mundial do Turismo (OMT).

O ecoturismo vem aproveitando os recursos naturais das áreas ainda preservadas com

vários ecossistemas, dentre eles os da Mata Atlântica da região sudeste do Brasil, em

especial o Estado do Rio de Janeiro. Esta atividade vem sendo cada vez mais crescente no

Brasil, principalmente praticadas no interior das unidades de conservação de uso integral

(SNUC, 20001) e na categoria Parque. Este é o grande destino de milhares de visitantes,

que buscam os ambientes naturais para lazer e prática de esportes. Infelizmente, a grande

maioria dos Parques Estaduais do Rio de Janeiro, não dispõe de recursos humanos

(técnicos qualificados) e materiais para o conhecimento detalhado dos aspectos físico-

ambientais disponíveis e passíveis de serem usados de maneira correta pelo ecoturismo.

Muitas vezes os recursos naturais são utilizados de maneira pouco abrangente e

prejudicial ao meio ambiente.

Planos de manejo atualizados, programas de uso público, definição de capacidade de

suporte à visitação, rotinas de monitoramento e, principalmente, equipes treinadas para a

implementação sustentável do ecoturismo, calcada na educação ambiental, ainda são

pouco comuns nas áreas legalmente protegidas, embora a relevância do tema seja

evidente entre seus dirigentes e parceiros.

1 O Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC) foi instituído, no Brasil, em 18 de

julho de 2000, através da Lei Nº 9.985.

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Nas unidades de conservação do município do Rio de Janeiro, o estabelecimento de

atividades recreativas e de ecoturismo, baseadas nos atributos naturais existentes no seu

interior, é uma das principais preocupações dos pesquisadores e administradores das

unidades de conservação do Município do Rio de Janeiro. Faz-se premente a proposição

e/ou implementação de atividades de uso público voltadas para o lazer e ecoturismo,

considerando o potencial (ainda pouco conhecido) dessas áreas, paralelamente ao

interesse crescente da população - tanto daqueles que vivem contíguos ou próximos a

elas, quanto do visitante que vem de outras regiões (bairros e/ou cidades) pelo contato

com a natureza.

Para minimizar o impacto e ordenar a visitação, o planejamento do ecoturismo em

unidades de conservação deve utilizar-se de materiais promocionais, dentre eles os

mapas, que são importantes ferramentas para a elaboração de roteiros e, principalmente,

para navegação dos visitantes in loco (nas trilhas). É, portanto, um produto indispensável

no conjunto de equipamentos do ecoturista.

No entanto, a roteirização e mapeamento sistemático dos caminhos e trilhas em

unidades de conservação ainda são insuficientes ou sendo pontuados com poucas

informações detalhadas de seus atrativos, muitas vezes até sem uma precisão cartográfica

apurada, principalmente porque muitos gestores ainda não dispõem de conhecimentos

técnicos avançados para a utilização plena de Sistemas de Informação Geográfica (SIG ou

GIS - Geographic Information System). Dessa forma, algumas dessas informações se

tornam inacessíveis aos visitantes ou turistas por não estarem divulgadas nos meios de

comunicação ou até mesmo por não serem disponibilizadas prontamente ou atualizadas

periodicamente pelos gestores das unidades de conservação.

As trilhas são a principal infra-estrutura de manejo de visitantes em áreas de elevado

potencial para atividades ecoturísticas. O estabelecimento de mapeamento das atividades

recreativas e de ecoturismo, principalmente em trilhas no interior das unidades de

conservação do município do Rio de Janeiro, ainda não ocorreu com base em um

planejamento detalhado e eficaz.

Uma das preocupações dos pesquisadores e administradores das principais unidades

de conservação do município do Rio de Janeiro é a proposição e/ou implementação de

atividades de uso público com mínimo impacto a biota, e que estejam voltadas para

práticas conscientes de lazer e ecoturismo, considerando o potencial (ainda pouco

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Tema 3 - Geodinâmicas: entre os processos naturais e socio-ambientais

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conhecido) dessas áreas, paralelamente ao interesse crescente da população - tanto

daqueles que residem contíguos ou próximos a elas, quanto do visitante e do turista,

atraídos pelo contato com a natureza.

Uma forma de divulgação dessas atividades, que vem crescendo muito no Brasil,

principalmente nas regiões e pólos ecoturísticos, é a Web. Neste sentido, o Sistema de

Informação Geográfica, o Sensoriamento Remoto, a Cartografia Digital e o Global

Positioning System – GPS, têm-se tornado ferramentas valiosas nas mais diversas áreas de

conhecimento.

Os SIGs constituem-se em um ambiente tecnológico e organizacional que vêm

recebendo cada vez mais adeptos no mundo todo e se configurando como importante

recurso educacional. Entretanto, para atender as necessidades dos usuários dessas

tecnologias, os diversos profissionais devem considerar que o mapa é um meio de

comunicação eficaz para o turismo, principalmente quando associado a um projeto de

banco de dados cartográfico que considere a localização e caracterização ambiental da

área e das atividades a serem mapeadas.

Hoje, vem sendo cada vez mais comum a inserção dos SIGs através do que chamamos

Webmapping que é a técnica de visualização de dados geográficos na internet ou uma

intranet na qual se pode visualizar dados geográficos através de um Browser, ou seja, na

própria interface web (PARMA, 2006). O Webmapping não é um SIG, pois apenas facilita a

distribuição de informações geográficas através de mapas pela rede mundial de

computadores, que ficava fora do alcance do grande público, portanto, podendo ser

chamado também de SIG-WEB ou GIS-WEB. Ele vem conseguindo alcançar o objetivo

maior que é a disseminação de informação espacial para a sociedade. Mas, ainda há

limitações impostas pelo Webmapping, como a velocidade de transmissão, tipos de

representação (a estrutura matricial é mais lenta que a estrutura vetorial dos mapas,

apesar de terem proliferado vários algoritmos de compactação e manipulação de imagens

matriciais), custos de armazenamento, entre outros fatores.

Os Webmapping ou GIS-WEB são ferramentas extremamente eficientes na divulgação

de dados espaciais. Sua grande vantagem em relação aos SIG tradicionais é a maior

publicidade que seus dados irão alcançar já que estarão disponíveis na rede e também são

mais simples de se operar, o que acaba por incluir uma grande gama de usuários, antes

excluída pela falta de capacidade técnica de operar os SIG tradicionais.

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1. OBJETIVO

O presente projeto tem por objetivo geral dar continuidade aos estudos e pesquisas

que já vêm sendo desenvolvidos no interior do Parque Estadual da Pedra Branca,

localizado na zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro (Brasil) e seus mapas ecoturísticos

que possam ser utilizados por usuários da Web, através de um site criado para o projeto,

denominado Guia Digital do Maciço da Pedra Branca.

Assim sendo, o presente estudo apóia-se na seleção (escolha) e no uso das melhores

opções de interface de tecnologias livres ou GIS-WEB livres, não esquecendo a

interoperabilidade, ou seja, sem deixar de pensar que diferentes sistemas proprietários ou

livres podem interagir entre si, estando em conformidade com os pressupostos da OGC e

de acordo com as “Diretrizes da Implementação do Software Livre no Governo Federal”

<http://www.softwarelivre.gov.br/diretrizes/>.

2. AREA DE ESTUDO: BREVE CARACTERIZAÇÃO GERAL

A área definida para o desenvolvimento da presente investigação corresponde a todo

interior do Parque Estadual da Pedra Branca (PEPB), localizado na zona oeste da cidade do

Rio de Janeiro (Figura 1).

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Figura 1: Mapa de localização do Parque Estadual da Pedra Branca (RJ).

Fonte: COSTA, 2010.

Segundo o SNUC (2000), os Parques Estaduais apresentam restrições quanto ao uso e

ocupação do solo, devendo estar de acordo com o que for estabelecido no decreto de

criação da unidade e em seu plano de manejo2. É justamente em toda esta área que as

atividades ecoturísticas estão se expandindo, mas ainda de forma desordenada, pois não

há um planejamento participativo e muito menos discussões com o conselho consultivo

do PEPB que contemplem de forma mais ampla essa temática.

O maciço da Pedra Branca, como um todo, abriga a maior e a segunda mais importante

unidade de conservação da cidade carioca: Parque Estadual da Pedra Branca - PEPB3. Nele

2 Até a presente data, o PEPB não possui plano de manejo aprovado (realizado por empresa contratada), em

fase de avaliação pelo seu órgão gestor (Instituto Estadual do Ambiente - INEA/RJ). 3 Esta unidade de conservação foi criada através da Lei Estadual no 2.377, de 28 de junho de 1974,

correspondendo a toda a área elevada do maciço, acima da cota altimétrica de 100 m.

G u a ra t i b a

S a n t a C ru z

C a m p o G ra n d e

B a n g u

J a c a re p a g u á

B a rr a d a T i ju c a

P a c iê n c ia

R e a le n g o

V a rg e m G r a n d e A lto d a B o a v is ta

T a q u a ra

C o s m o s

Ita n h a n g á

S e p e tib a

R e c re io d o s B a n d e ira n te s

G ru m a r i

V ila M il ita r

S e n a d o r C a m a r á

C a m o r i m

In h o a íb a

A n il

V a rg e m P e q u e n a

S a n t ís s im o

T a n q u e

P ra ç a S e c aJ a r d im S u la c a p

B a rr a d e G u a r a t ib a

C u r ic ic a

F re g u e s ia

M a d u re ir a

P a d r e M ig u e lV ila V a lq u e ire

S e n a d o r V a s c o n c e lo s

P e c h in c h a

P e d r a d e G u a r a tib a

C a m p o d o s A f o n s o s

P a q u e tá

F re g u e s ia ( I lh a d o G o v e r n a d o r)

M a g a lh ã e s B a s to s

G a r d ê n i a A z u l

C id a d e d e D e u sP E P B

O c e a n o A tlâ n t ic o

B a ía d e S e p e t ib a

B a ía d a G u a n a b a r a

J a c a re p a g u á

R e s t in g a d a M a r a m b a ia

6 4 0 0 0 0

6 4 0 0 0 0

6 6 0 0 0 0

6 6 0 0 0 0

6 8 0 0 0 0

6 8 0 0 0 0

74

40

00

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44

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00

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07

48

00

00

N

EW

S

1 0 1 2 3 4 5 km

L im ite d o P a r q u e E s ta d u a l d a P e d r a B ra n c a (C o ta A lt im é t r ic a d e 1 0 0 m )

L im ite d o s B a ir ro s d a C id a d e d o R io d e J a n e i ro

L e g e n d a :

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situam-se as nascentes dos principais rios do município do Rio de Janeiro, bem como os

últimos remanescentes de Mata Atlântica (COSTA, 2002), sendo hoje considerada a maior

floresta urbana do mundo4.

De acordo com estudos realizados por Costa (2002) e Costa (2006), a vertente leste-sul

do referido maciço apresentam aspectos geomorfológicos e ambientais de alta relevância,

que merecem ser analisados com maior detalhe, não somente em função de suas

fragilidades e vulnerabilidades ambientais, mas também de suas potencialidades, sendo

uma delas o ecoturismo (COSTA et al, 2009).

3. MATERIAIS E MÉTODOS

Para a manipulação do banco de dados (mapas digitais temáticos) e sua

disponibilização via Web, o projeto contou com o auxílio de softwares de SIG Livre

(OpenGIS) e de servidor de mapas. Os servidores de mapas permitem aos usuários a

máxima interação com a informação espacial. O usuário ou cliente acessa a informação no

formato original e assim pode realizar consultas de diferentes níveis de complexidades, já

que os servidores de mapa funcionam enviando ao browser, a pedido do cliente, algumas

páginas web, em formato HTML ou DHTML, que possuem a cartografia vetorial e/ou

matricial associada. O objetivo é obter um SIG intuitivo ao usuário não especializado, cuja

arquitetura do tipo cliente/servidor gerencia todas as petições e responde de forma

ordenada as mesmas.

Neste contexto, para a manipulação dos mapas temáticos constantes na base de dados

geográfica, foi utilizado o software de SIG-livre Open Jump

<http://openjump.org/wiki/show/OpenJUMP> e para a publicação dos mapas na internet,

o servidor de mapas livre denominado ALOV Map <http://alov.org>.

Também foram criadas formas de disponibilização digital das informações do Parque

através da confecção de uma interface de home-page. Para tal, foi usada a ferramenta

(software grátis) de criação de sites denominada “Nvu” versão 1.0 <http://www.nvu.com>

(Linspire Inc.).

Foram utilizados GPS, altímetro e trena de roda para levantamento de informações e

aferição de trilhas e seus atrativos no interior do PEPB.

4 O INEA-RJ considera a floresta do PEPB, nessa condição, já que todo o maciço e seu entorno próximo

encontram-se, atualmente, em área considerada urbana.

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Tema 3 - Geodinâmicas: entre os processos naturais e socio-ambientais

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Metodologicamente, o projeto iniciou a partir de três principais etapas de trabalho, a

seguir detalhadas em seus resultados.

4. RESULTADOS OBTIDOS

O primeiro produto resultante do projeto foi a criação de uma home-page que recebeu

o título de “Projeto Mapa Virtual do Parque Estadual da Pedra Branca”

<http://www.guiapepb.infotrilhas.com> e está na Web (Figura 2), através do portal da

internet que discute temáticas sobre trilhas e ecoturismo denominado “Infotrilhas”

<http://www.infotrilhas.com>. A home-page ainda está em aperfeiçoamento. O objetivo

de realizar a home-page foi o de facilitar a divulgação do produto (mapas virtuais do PEPB

a serem visualizados no Alov Map), além de facilitar a disseminação do conhecimento

sobre o PEPB, o uso de SIG e SIG-WEB ao público-alvo: visitantes, (eco)turistas e

pesquisadores interessados nas informações geográficas e ambientais do maciço.

Figura 2: Página inicial (à esquerda), os links de explicação da home-page sobre o Projeto Mapa

Virtual com mapas estáticos em PDF (ao centro) e o link para os mapas interativos em Alov Map –

Java (à direita).

Fonte: http://www.guiadigital.infotrilhas.com (COSTA, 2010).

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Os resultados, das três etapas do projeto, foram:

Etapa 1 – Cartografia Digital do Guia e Criação do Banco de Dados Geográfico (BDG)

O Guia conta com um estudo prévio sobre a semiótica, ou seja, a melhor forma de

representação cartográfica e de uso de simbologias turísticas

(EMBRATUR/DENATRAN/IPHAN, 2001), associadas aos atrativos ecoturísticos presentes

em duas bacias hidrográficas do PEPB – Rio Grande e Camorim, por estas serem as áreas

mais visitadas por ecoturistas no Parque, já que conta com infra-estrutura e entrada oficial

de sede e subsede, onde são fornecidas informações e agendadas caminhadas em suas

trilhas.

Nessa etapa, foram iniciados os mapeamentos temáticos básicos (mapa do município

do Rio de Janeiro, limite do PEPB, curvas de níveis do PEPB, vertentes do PEPB, bacias

hidrográficas do PEPB e informações sobre os pontos notáveis – paradas e mirantes, além

dos acessos secundários do PEPB, tais como trilhas, caminhos, bifurcações, travessias e

circuitos). A confecção do banco de dados foi realizada utilizando o software de SIG livre

Open JUMP. O ALOV Map possibilitou os primeiros testes de viabilização do guia digital via

cliente-servidor na Internet.

Todas as informações geradas, não somente durante os mapeamentos realizados, mas

também na caracterização dos atrativos e limitações à visitação, fazem parte de um banco

de dados que é disponibilizado sob a forma do guia digital no servidor de mapas, SIG-WEB

(MIRANDA E SOUZA, 2002 E 2003 e SCHIMIGUEL et al., 2005) Alov Map inserido na home-

page do projeto.

Tomando-se como base teórico-conceitual algumas experiências sobre a manipulação

de dados cartográficos e modelagem de banco de dados utilizados em softwares de SIG-

WEB e Open GIS, de acordo com as “Diretrizes da Implementação do Software Livre no

Governo Federal” <http://www.softwarelivre.gov.br/diretrizes/>, foram aplicadas na

pesquisa o uso de softwares livres de SIG e a criação de mapas via web para a maior

disseminação dessas ferramentas através da home-page

http://www.guiapepb.infotrilhas.com, inicialmente criada (a partir do início de 2008) para

o projeto do Guia Digital do Maciço da Pedra Branca.

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Tema 3 - Geodinâmicas: entre os processos naturais e socio-ambientais

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A base metodológica da pesquisa foi empregar a construção de mapas virtuais através

de SIG-WEB em plataforma de Open GIS (softwares de SIG livre), disponibilizando via

internet, o Guia Digital, como um “Atlas” dinâmico e interativo5 (Figura 3) dos mapas

temáticos da área de estudo.

Figura 3: Página na internet, demonstrando o banco de dados (mapas temáticos) com

informações vetoriais e a localização da área de estudo - maciço da Pedra Branca – no município

do Rio de Janeiro. É possível visualizar planos de informação vetoriais e matriciais (raster), tais

como imagens de satélite (ao fundo).

Fonte: http://www.guiadigital.infotrilhas.com (COSTA, 2010)

5 Mapa dinâmico interativo é a integração de informações do modelo gráfico (mapa) e o modelo não gráfico

(tabelas de atributos) de um banco de dados geográfico, que através de um clique do mouse, possibilitam a

obtenção detalhada desses elementos relacionais como se estivesse manipulando um SIG. Permitem

também: adicionar e subtrair temas na forma de camadas para serem visualizados; localizar objetos

geográficos através de seus atributos; e executar operações de zoom, através de menus interativos sobre o

mapa (KRAAK, 2001 e MEDEIROS et al, 2005).

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Etapa 2 – Trabalhos de campo para aferição do banco de dados sobre os atrativos

ecoturísticos no Alov Map

Os trabalhos de campo, realizados, respectivamente em dezembro de 2008 até julho

de 2009, possibilitou realizar a aferição da base de dados das trilhas do PEPB, além dos

pontos de atrativos presentes ao longo das trilhas do Rio Grande (Figura 4) e Camorim

(principais bacias hidrográficas, com visitação oficial agendada pelo Parque).

Figura 4: Visão geral da bacia do Rio Grande (sede do PEPB). Observam-se, em verde, a trilha

do Rio Grande, com janela de atributos (Java Applet do Alov Map), contendo a sua extensão

(comprimento em metros)

Fonte: http://www.guiadigital.infotrilhas.com (COSTA, 2010)

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Tema 3 - Geodinâmicas: entre os processos naturais e socio-ambientais

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Para que se tornasse mais eficiente o trabalho de criação das informações básicas -

correção da BDG (ajustes nos mapas temáticos) - realizado em gabinete, foi preciso utilizar

GPS, altímetro e trena de roda para um levantamento mais preciso dos pontos de

atrativos nas trilhas mapeadas em campo. Na sede e subsede foram realizadas anotações

e coleta de pontos notáveis para iniciar a confecção do mapa de atrativos culturais,

históricos, físico/bióticos do PEPB que compõe o BDG no Alov Map (Figura 5).

Figura 5: Visão geral da bacia hidrográfica do Rio Camorim (subsede do PEPB), na cor verde.

Observa-se a trilha do Camorim e seus atrativos ecoturísticos (símbolos ou pictogramas) que

podem ter seus atributos consultados (informações como características de fauna e flora, além de

tipos de atividades como observação de pássaros, etc.)

Fonte: http://www.guiadigital.infotrilhas.com (COSTA, 2010)

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Etapa 3 – Pesquisa de novas plataformas de servidor de mapas (Map Server e I3Geo)

Como o Alov Map não realiza consultas analíticas mais sofisticadas, está sendo

estudada a importação da base de dados do PEPB no I3Geo.

O I3Geo (http://mapas.mma.gov.br/i3geo) é um aplicativo desenvolvido pelo

Ministério do Meio Ambiente (MMA) para o acesso e a análise de dados geográficos e é

totalmente baseado em softwares livres (http://pt.wikibooks.org/wiki/I3geo),

principalmente o Mapserver (<http://mapserver.gis.umn.edu/).

Como o I3Geo tem o objetivo de difundir o uso do geoprocessamento como

instrumento técnico-científico e implementar uma interface genérica para acesso aos

dados geográficos existentes em instituições públicas, privadas ou não governamentais,

sendo licenciado sob GPL e podendo ser utilizado e incorporado por qualquer instituição

interessada sem custos, se torna ferramenta fundamental a ser utilizada para o

desenvolvimento da interoperabilidade e facilidade de acesso remoto aos dados do PEPB

(Figura 6).

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Tema 3 - Geodinâmicas: entre os processos naturais e socio-ambientais

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Figura 6: Base de dados de pontos de atrativos ecoturísticos sendo importada no I3Geo.

Fonte: COSTA, 2010

Operações que normalmente são encontradas em programas de SIG para

computadores pessoais, que operam em instalações locais, estão agora disponíveis no

I3Geo, tais como geração de gráficos, análise de dados tabulares, operações espaciais,

entre outras. Assim, a presente pesquisa poderá subsidiar novos rumos para a criação de

um Guia Ecoturístico para qualquer unidade de conservação pertencente ao Estado do Rio

de Janeiro, permitindo o estabelecimento de redes cooperativas entre o seu órgão gestor

e a comunidade de usuários interessados nas práticas do turismo na natureza.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A idéia principal do Guia Ecoturístico do PEPB é disseminar o geoprocessamento e

reunir em um só endereço informações científicas ou não que se tornem públicas e que

tenham conectividade com outras fontes oficiais, como Ministérios e outros Órgãos

Federais, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), entre outros.

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A perspectiva futura do Guia do PEPB será a de possibilitar a qualquer pessoa montar

seu próprio mapa, sobrepor camadas de dados que lhe interessar e permitir novos

cruzamentos de dados, pesquisas, consultas, análises e impressão, a qualquer hora e em

qualquer lugar que um internauta precisar.

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

COSTA, N. M. C. da. 2002, ´Análise ambiental do Parque Estadual da Pedra Branca, por

geoprocessamento: uma contribuição ao seu plano de manejo´. Tese de doutorado.

Progama de Pós graduação em Geografia. UFRJ. RJ. 317 p.

COSTA, N. M. C. da; COSTA, V. C; CONCEIÇÃO, R. S da; RIBEIRO, J. V. M. 2009, ´Fragilidade

ecoturística em áreas de atrativos no Parque Estadual da Pedra Branca (RJ). Revista

GEOUERJ de Geografia. Ano 11, n. 19, v. 2. [On line].

<http://www.geouerj.uerj.br/ojs/index.php/geouerj/issue/view/56>. [18 de março de

2010, 14:31].

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