_Volta Ao Mundo - Nº 258 Abril (2016)

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  • 8/16/2019 _Volta Ao Mundo - Nº 258 Abril (2016)

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         M     E     N     S     A     L ,

         A     N     O      2

         2 ,

         N .     º

         2     5     8 ,

         A     B     R     I     L     2     0     1     6

          €      4  ,      9

          0

    N . º | A B R I L | M E N S A L | A N O

    Em família   D E C A R R O P E L A B U L G Á R I A

    E X P E D I Ç Ã O À T E R R A D U R A E M Á G I C A D O S G É I S E R E S ,V U L C Õ E S E G L A C I A R E S . U M A E X P E R I Ê N C I A D E V I D A .

    B TL 

     20 16

    QUEM GANHOU 

    O CONCURSO DE 

    FOTOGRAFIA?

    Brooklyn   A G A S T R O N O M I A N O N O V O C E N T R O D E N O V A I O R Q U E

    TÓQUIO PARA OCIDENTAIS.NOVIDADES DA CIDADE

    QUE SE RENOVA

    A CADA DIA.

    Islândia

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    4 VOLTA AO MUNDO

    28 Islânda 

    82Um roteiro paraabrir o apetite nolocal onde, agora,todos os caminhosvão dar. NovaIorque vale a pena.

    Brooklyn 

    e embarque Porta 

    N.º | ABRIL | MENSAL | ANO

    Hábitos alimentares

    no mundo e outrascuriosidades.Página 99

    10Um lago em Itália,um spa no Japão,um hotel da TVe a entrevistaao embaixadoritaliano.

    Mitos, realidade enatureza inóspitanuma viagem quenão deixa ninguémindiferente.Há vida no gelo.

    Em Alta 

    104Países imaginários,personalidades quea história esqueceue mascotes forado normal.Surpreenda-se.

    Grémio 

    62De carro, emfamília, por umpaís europeuque continuaa ser quasedesconhecido.

    Bulgária 

    Tóquio Uma cidadesempre com

    novidades para

    descobrir. Venhaconnosco.

    46 

    86 Sofia Machado vivena Austrália comum pé em Portugale o outro em todo omundo. Histórias deuma trotamundos.

    Viajantes 

    90ViníciusLummaretz,presidenteda Embratur.Turismo brasileiroe muito mais.

    Entrevista 

        N    I    K     V

        A    N     D

        E    R     G

        I    E    S    E    N

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    6 VOLTA AO MUNDO

    Rui Leitão Designer 

    O diretor de arte

    daVolta ao Mundo 

    é, também ele, um

    viajante sempre

    em busca de novos

    destinos. No verão

    passado, com a

    mulher e as duas

    filhas, fez-se àestrada pela Bulgária.

    Foi de Sófia ao mar

    Negro e trouxe-nos

    um relato pessoal

    da experiência.

    Dicas, impressões,

    curiosidades e factos

    históricos numa

    viagem em família

    que teve um final feliz.

    Leonelde Castro Fotógrafo

    O premiado fotó-

    grafo da Global

    Imagens foi com

    o jornalista João

    Ferreira Oliveira

    à descoberta da

    Islândia. Acom-

    panharam um grupo

    de clientes da Pinto

    Lopes Viagens e

    surpreenderam-

    -se com paisagens e

    costumes nascidos

    do frio. Neste mês

    é de Leonel a foto

    de capa da revista.

    Foi conseguida

    na Lagoa Azul,

    Islândia, a menos

    de uma hora de

    Reiquejavique.

    Neste mêsconnosco

     Neste mês fazemos capacom a Islândia, redesco-brimos Tóquio e arran-camos de carro pela

    Bulgária. Três destinos, três for-mas diferentes de viajar. No paísdos vulcões e da natureza inóspita

    acompanhamos um grupo de por-tugueses num circuito organizadopela Pinto Lopes Viagens. Semprecom guia, programa detalhado eacompanhamento próximo. Nacapital do Japão, fomos à procura denovidades de restaurantes, bares elojas num roteiro tipicamente cita-dino e moderno. Quanto à Bulgária,a viagem foi feita por pai, mãe eduas filhas e de automóvel. Comtodas as peripécias inerentes.

    Em grupo, sozinho ou em família,

    estas são as nossas propostas porqueo que mais importa é fazer a viagem.Seja para ir à terra na Páscoa ou noNatal, seja para pegar na mochilae atravessar a América do Sul, sejapara mudar de vida numa ilha doPacífico. Sair do conforto, daquilo

    que conhecemos, pode não seragradável para toda a gente, mas é oprimeiro passo que faz a diferença.

    É esse o desafio que fazemostodos os meses na edição em papele todos os dias no site  e na páginade Facebook da Volta ao Mundo –

    sair. Fazer-se à estrada. Diz-se queé em viagem que se conhecem ver-dadeiramente as pessoas e poucasverdades serão tão claras.

    Ter um companheiro – ou com-panheira – de estrada que mergulhanas águas quentes da Lagoa Azul naIslândia, que arrisca comer umaespetada de pele ou coração defrango no Golden Gai de Tóquioou que conduz por uma estradacom informações em círilico numpaís desconhecido é uma vanta-

    gem que poucos têm. É essa a nossavantagem. É essa a sua vantagem.Viajantes como estes estão nasnossas páginas há quase 22 anos.São os nossos olhos e ouvidos noterreno. São os nossos contadoresde histórias.

    CICERONES

    Diz-me como, para onde e com quem viajas e dir-te-ei quem és.

    Conta-me como foi 

    [email protected]

    Ricardo

    Santos

        L    E    O    N    E    L    D    E    C    A    S    T    R    O    /    G    L    O    B    A    L    I    M    A    G    E    N    S

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    ATLANTA BARCELONA DOETINCHEM HONG KONG ISTANBUL LISBOA LOS ANGELES PORTO MADRID MIAMI NEW YORK OORDEGHEM ONTINYENT

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    WAIKATO, NOVA ZELÂNDIA

    Fantasia A PENÍNSULA COROMANDEL,EM WAIKATO, ILHA NORTE DANOVA ZELÂNDIA, É UM LOCALPROCURADO PELOS TURISTASQUE VISITAM OS ANTÍPODAS.AQUI, NA PRAIA DE CATHEDRALCOVE, NÃO HÁ QUEM RESISTA ÀSFORMAÇÕES ROCHOSAS. SÃOCENÁRIOS PARA FOTOGRAFIASQUE PARECEM IRREAIS.

    FOTOGRAFIA DE JAN & NADINE BOERNER/WESTEND/CORBIS

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    10

    Em Alta O casalUnderwood.

    Página

    12

    { A Jinxi de José Guedes na página 20}

    Um spa  único no Japão, a inovação no lago de Como, as sugestões de um empresárioportuguês na China, as selfies  que se transformaram em arte, um restaurante dedicado

    aos ABBA e uma conversa reveladora com o embaixador de Itália.

    O artista Christo – e a mulher, Jeanne-Claude,– ficaram conhecidos pelas instalaçõesprovocadoras e com uma relação umbilicalcom o meio ambiente, envolvendo-as napaisagem e arquitetura local. Depois da morteda mulher, em 2009, Christo continua a fazermilagres com a arte. A instalação The Floating

    Piers  será um longo e largo passadiço demadeira sobre o lago d’Iseo, perto de Milão,um trabalho com setenta mil metros quadradosque vai ligar duas das margens e passar poralgumas das ilhotas no meio. A obra estarápronta a 18 de junho e só vai estar montadadurante duas semanas.thefloatingpiers.com

    Passeiosobre...o lagoTodas as razões são válidas para ir a Itália, mas agora há ainda mais duas.No lago d’Iseo, uma plataforma sobre a água com setenta metros quadrados, no lago de Como está prestes a abrir mais um hotel de luxo.

    VOLTA AO MUNDO

    EXOS DE JOÃO FERREIRA OLIVEIRA OLIVEIRINHA1111GMAIL.COM

        D    R

    destino

    O trabalhode Christo étemporário.Só vai estardisponível16 dias.

    HOTEL SERENOEM COMOIl Sereno será um novo hotel

    debruçado sobre o mítico lago de

    Como. erá apenas trinta quartos e

    vem confirmar e ajudar a manter oestatuto de serenidade do local,

    apesar dos turistas. Um luxo

    discreto, a menos de dez minutosde carro do centro de Como, e com

    vista para os Alpes. O restaurante é

    dedicado aos sabores da região,

    com ingredientes das regiõesvizinhas de Valtellina e Piemonte.

    >> ilsereno.com 

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    12 VOLTA AO MUNDO

    Em Alta  A Czech Airlines começa a terceirafrequência no Porto a 5 de junho. A ligação duraaté final de agosto e acontece às quartas-feiras com partida do Porto às07h30 e chegada à capital checa às 11h30. Mais em czechairlines.com

    Em Portugal,a série passa

    nos canais VSéries e SIC.

    A série House of Cards protagonizada porKevin Spacey e Robin Wright é um dosmaiores sucessos televisivos dos últimosanos – e acabou de regressar para mais umatemporada, a quarta. Narra a subida aopoder do obstinado, maléfico e sedutor casalFrank e Claire Underwood. Para celebrar, o

    hotel The Jefferson, localizado no coraçãode Washington, capital dos EUA e cenárioda série, criou um pacote em que é pos-sível encarnar a vida dos protagonistas porduas noites. Têm quartos em tudo seme-lhantes aos utilizados na série, o menu derefeições inclui as tradicionais costeletas

    com coleslaw,como aquelas onde Frankcostuma procurar refúgio e é possível percor-rer, numa corrida matinal com personaltrainer , aquele que se julga ser o percursoque Claire faz todos os dias. Custa 706 dólarespor noite e por casal.>> jeffersondc.com

    Viver comose estivesse no House of Cards Há um hotel em Washington que imita a casa de Frank e Claire Underwood da famosa série de intriga política americana.

    hotel

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    13/108Viagens Abreu, S.A • Capital Social € 7.500.000 • Sede: Av. dos Aliados, 207 • 4000-067 Porto • RNAVT 1702 • Operador • Cons. Reg. Com. do Porto nº 15809 • NIF 500

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    www.mundoabreu.pt

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    Desde

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           P       U       B

    A ate Modern vai ter uma exposiçãocom selfies  (ou autorretratos) de 50 artistas.

    Nem o pintor Marcel Duchampresistiu à tentação - que não é de hoje.

    Afebre das selfies  atacou em força nos últimos anos,devido à proliferação dos smartphones . Mas a ver-dade é que há já várias décadas que as pessoas se foto-

    grafam - basta recordar o velho autorretrato, termo quase

    caído em desuso. Por puro prazer, vaidade ou fruto de uma

    performance , muitos artistas não resistiram a apontar a

    lente na sua direção, mostrando que captar o próprio ego

    também pode ser uma arte. É precisamente isto que tentamostrar a exposição Performing for the Camer a, patente

    na Tate Modern, em Londres, até ao próximo dia 12 de

     junho. Mais de quinhentas imagens de meia centena de

    artistas, entre eles o pintor francês Yves Klein, a fotógrafae cineasta norte-americana Cindy Sherman - por muitos

    considerada a rainha do autorretrato - e até Marcel Du-

    champ, pintor e escultor dadaísta francês quase sempre(e injustamente) lembrado pelo seu famoso urinol. Kim

    Kardashian não integra a exposição.

    >> tate.org.uk 

    irar selfies  semprefoi uma arte

    museu

    Nãoé de hoje

    a moda dos

    autorretratos.

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    14 VOLTA AO MUNDO

    Em Alta  Os operadores franceses assinalam um aumentode 60% na procura pelo destino Portugal. Os dados apontampara este verão e baseiam-se nos pedidos para as partidas de junho, julho e setembro.

    O nome oficial é baía de Ago, mas na regiãocostuma ser apelidada de baía das Péro-las. É debruçada sobre as suas águas, dentrodo Parque Natural de Ise-Shima (na ilhaHonshu, a maior ilha das que compõem oJapão) que fica a primeira estância termalde superluxo do reconhecido grupo hoteleiroAman. Numa zona longe das grandes ci-dades, repleta de santuários e onde o am-biente e as tradições ancestrais continuama ser respeitadas. O resort  tem 24 suites e duas villas com dois quartos, dispondo

    Spa com tradção alvez o Japão não seja o destino em que se pensa primeiro quando é preciso descansar. Mas neste resort , o primeiro

    spa  do grupo Aman, o luxo associa-se à tranquilidade da baía das Pérolas para mudar essa ideia.

    destino

    daquilo que uma estância deste género ésuposto ter: um spa  termal, uma piscina

    para a prática de watsu (espécie de shiatsu dentro de água), ginásio, estúdio de ioga,piscina olímpica e um restaurante japonês,naturalmente. A decoração e o ambienteremetem para um ryokan, um tipo de alo-jamento tradicional nipónico.Preço por noite a partir de 700 euros emquarto duplo.

    >> aman.com/resorts/amanemu

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    é alugado!’’Pedro

           P       U       B

    A baía ficano Sul dapenínsulade Shima.em cercade 50 ilhas.

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    16 VOLTA AO MUNDO

    Em Alta  O Zoomarine celebra 25 anos em 2016e reabriu portas a 22 de março. Na programaçãopara esta temporada estão previstas novas atrações, como orenovadoestádio dos golfinhos. Mais em zoomarine.pt 

    Este é o primeiro verão que o Artist Residen-ce tem as portas abertas ao público. O hotelainda não tem um ano de vida, mas já foi con-siderado o melhor hotel do ano pelo Good Ho-tel Guide, para muitos a bíblia da hotelaria. Umadistinção difícil de conquistar, se bem que asrazões sejam fáceis de compreender: pela loca-lização, no central bairro de Pimlico, na zonade West London, próximo da Abadia de West-minster ou da Tate Britain, mas, sobretudo, pelocharme que os responsáveis conseguiram dar aeste pequeno hotel com apenas dez quartos.Um ambiente cosmopolita, como tantos outros,

    Esta pode ser uma das maiores metrópoles do mundo, mas continua a ser também das mais trendy  e uma das tendências do momento são os pequenos hotéis de charme. Como o Artist Residence.

    Pequeno e charmoso EM LONDRES

    hotel

    com pormenores rétro artísticos e muito cimen-to e tijolo à vista, mas sem cair em exageros e

    exercícios de decoração estéreis apenas paraestrangeiro ver. Conserva uma simplicidade eum cheiro a casa que nem sempre são fáceis dealcançar numa unidade hoteleira. Tem cocktailbar , restaurante com uma cozinha de mercado(produtos frescos, da época) e uma sala de jogoscom mesa de pingue-pongue. Pormenores quefazem toda a diferença.Preço por noite em quarto duplo a partir de 200 euros.

    >> artistresidencelondon.co.uk 

    A T-shirt  da loja da Tate é uma daspossibilidades de compras.

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           P       U       B

    Já houve o musical, o filme, agora chegou orestaurante totalmente dedicado à mítica banda

    sueca. Chama-se Mamma Mia! Te Party, fica em

    Estocolmo e promete uma refeição inesquecível.

    Gozados por meio mundo, adorados pela outrametade, a verdade é que tantos anos depois dofinal da banda (terminaram em 1982) os Abba conti-nuam a ser um fenómeno mundial. Não é por isso deestranhar que no passado mês de janeiro tenha abertoem Estocolmo um restaurante totalmente dedicado aogrupo sueco. Uma inauguração que seria sempre no-tícia, mas os responsáveis decidiram elevar a fasquia efazer uma coisa em grande. Não só em tamanho – temcapacidade para servir 450 pessoas em simultâneo –mas também pelo próprio espetáculo, uma espécie de

    musical em constante diálogo com o público. Os artis-tas saem do palco, vão para junto das mesas e os clien-tes também podem dançar, se assim o entenderem.A comida? Não é que seja propriamente o mais impor-tante, mas os donos garantem que é boa, muito boa.Cozinha mediterrânica, de inspiração grega. Aliás, todaa decoração remete para as ilhas gregas. Os membrosda banda já lá estiveram, quanto a Pierce Brosnan eMeryl Streep, dois dos protagonistas do filme (MammaMia, de 2008), consta que ainda não foram vistos.>> mammamiatheparty.com 

    Comer (e dançar)AO SOM DOS ABBA

    restaurante

    A banda começou em  1972 

    e o úl timo espe táculo 

    acon teceu dez anos depois.

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    18 VOLTA AO MUNDO

    Em Alta 

    Em setembro e dezembro do ano passado, o Cyan DragonBoutique Hotel recebeu dois importantes prémios atribuídospelo governo chinês. Fica na cidade de Jinxi, localizada a cercade cinquenta quilómetros a este de Xangai, rodeada por 16 lagose com cerca de cinco mil anos de história. Os donos e fundado-res do boutique hotel são um casal luso-chinês (ele português eela chinesa), José e Joana Guedes, apaixonados pela culturaclássica chinesa e por antiguidades. «Este é um projeto de vida,que recupera o ambiente e tradição locais, onde as comodidades

    modernas não foram esquecidas», explica José Guedes. Ex--gestor de empresas, engenheiro de formação, decidiu aventurar--se pela China há quase 16 anos, associando-se a Joana, naturalde Xangai. A «paixão pela beleza local, cultural» acabou por sematerializar no Cyan Dragon, com o objetivo de dar aos clientes«felicidade e harmonia». José Guedes não tem nos seus planosregressar a Portugal, «pela forte ligação» que criou ao longo dosanos com esta terra. A riqueza cultural e histórica de Jinxi estábem patente por toda «a cidade que tem o poder de encantarquem visita, quer pela sua estrutura quer pela arquitetura ou agastronomia». exto de Catarina Vasques Rito

    Jinxi  DE JOSÉ GUEDES

    cicerone

    3. Cyan DragonBoutique Hotel  

    4. Ponte Puqing 

    1.Templo a Flor e Lótus Na dinastia Song do Sul (1127-1279), o imperador Xiaozong,acompanhado da sua esposa Chen, fugiu de um ataque inimigoe, ao fazê-lo, atravessou a cidade. A imperatriz Chen foi atraídapela beleza da cidade e decidiu ficar. Infelizmente, Chen morreude doença em Jinxi e o pesaroso imperador Xiaozong enterrou ocorpo no Lago Wubao e decretou que o nome original do local -Jinxi - fosse alterado para Chenmu em memória de sua esposafavorita. O nome manteve-se por mais de oitocentos anos atéque recuperou a denominação original em 1993. Na cidade, aindaexistem edifícios que foram construídos nas dinastias Ming (1836--1644) e Qing (1644-1911). Os lagos, as flores de lótus, as pontes

    sobre os canais, a grande ponte pedestresobre o lago, o úmulo da Imperatriz Chen,o Pavilhão Wenchang, o emplo Piscinade Lótus, as estreitas vielas, as gôndolas

    de passeio e os muitos canais são a marca

    desta pequena cidade recém-descobertapelo turismo. Muitos poetas antigos vieramaqui e compuseram poesia alusiva.

    2.Jinxi  Jinxi é uma cidade com milhares de anos de história. A área era habitada porgente que se dedicava à pesca e à agricultura, sobretudo do arroz.

          E      S      C      O      L      H      A

          S

        F    O    T    O    S    D    E    T    A    I    S    F .

        B     Ê    R    T    O    L    L    I    M

    Saiba mais sobre este hotel premiado

    como o melhor boutique hotelde caraterísticas chinesas emcyandragontours.com .

    Jinxi é conhecida pelas suas pontes,como é o caso da ponte Gulian ouPuqing (na foto). Perto desta está otemplo taoísta de Chengxu.

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    19/108

    PUB

    Maisinformações

    em skyspace-

    la.com

    LA nas alturasAcaba de ser inaugurado o mais alto

    deck panorâmico de Los Angeles: OUESkyspace. Além da vista é toda uma

    verdadeira experiência sensorial.

    Aúnica maneira de ver LA!» pode ler-seassim que abre o site do OUE Skyspace.Não será a única forma de ver a cidade califor-

    niana, há sempre várias maneiras de descobriruma cidade, sobretudo Los Angeles, a segunda

    maior metrópole dos Estados Unidos, mas

    compreende-se o exagero. Afinal este nova

    atração está localizada 300 metros acima do

    nível do solo, no 70º andar do icónico U.S. BankTower, e possui um deck exterior em vidro com

    260 metros quadros com uma vista de 360º.

    Vista que chega às San Gabriel Mountains e

    ao Oceano Pacífico. Mas a experiência não sefica por aqui. Lá dentro há uma sala interativaem que a tecnologia ajudará a explorar a cidade

    de forma virtual e a chegar todos os cantos

    que o olho humano não consegue alcançar.

    «

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    20 VOLTA AO MUNDO

    O Abrigo da Montanha, antigaestalagem com quatro décadas,reabriu em outubro passado apósdois anos de obras. Nesta requa-lificação, a estalagem à entradado Sabugueiro – na rua das lojasde queijo, enchidos tradicionais,gorros quentes, casacos de pele,botas para a neve e cães serra-da-

    -estrela – passou a ser um hotelrural e spa de quatro estrelas.

    O hotel reabilitado tem pisci-na interior aquecida, salas debanho suíço e turco e cabina dehidromassagem. As janelas dos21 quartos e das seis suites enqua-dram a serra e, agora, é possívelficar à varanda a apreciá-la.

    As cadeiras destas antigas varan-das foram inspiradas nas resga-tadas de navios que ligavam Por-tugal ao Brasil e que serviam deassento para passageiros de pri-meira classe. A porta ao lado dohotel é a do restaurante, que erajá um clássico na aldeia e que nãoperdeu clientela com a renova-

    ção. Aqui, continua a comer-seos petiscos regionais da serra,como o arroz de carqueja comenchidos, ou o cabrito assado.

    O Abrigo da Montanha abriutambém um segundo espaço, apoucos metros do original, comtrês quartos de tamanho familiare seis duplos.

    Um hotel com olho na serra 01Na serra da Estrela, a aldeia do Sabugueiro é a última povoação antes de se alcançar o cimo, a 20 quilómetros dali. É lá que fica oAbrigo da Montanha, hotel antigo que reabriu completamente renovado, com spa  e um restaurante regional. TEXTO: LUÍSA MARINHO

    ABRIGO DAMONTANHA HOTEL SPARua do Comércio,46, Sabugueiro, SeiaTel.: 238315329Web: abrigodamon-tanha.ptpreço: desde 89euros (duas pessoascom pequeno--almoço)

    Em Alta 

    SABUGUEIRO

    Escapadas sempassar fronteiras

    vindas de quem mais sabe sobre o assunto – a revista Evasões .

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    (Príncipe Real), LisboaTel.: 211379763Web: facebook.com/missjappaDas 12h30 às 15h00 e das19h30 às 00h00; sábado,em modo contínuo até à01h00. Encerra à segunda.Preço médio: 25 euros

    02 Muito mais o que apenas sushi LISBOA

    Um dos espaços com maior potencial  no Príncipe Real está diferente. É a vez de AnnaLins, uma das nossas mais entendidas em cozinha oriental, mostrar o que vale.

    A imagem de marca é uma bo-neca japonesa suspensa no teto,num baloiço. É o mote para a MissJappa, num piscar de olho assu-mido ao filme O Amor É Um Lu-gar Estranho, de Sofia Coppola.

    Não é de hoje a parceria entre

    os irmãos Joana e Diogo Marto-rell, sócios fundadores da cadeiaGo Natural, e a chef  Anna Lins,mais conhecida por ter trabalha-do em dupla com Paulo Morais(seu marido) no Umai ou noIzakaya, mas o Miss Jappa repre-senta uma incursão mais audaz

    no território da cozinha japone-sa. Este restaurante não é umjaponês puro e duro e criou váriassecções, combinados de sushi  ede sashimi , onde apresenta pro-postas «fora da caixa», como umtártaro desconstruído, ceviche

    de mexilhão, cachaço de porcoou ramen de camarão, corvina,espinafres, curgete e ovo.

    A carta de cocktails foi con-fiada a um dos bartenders maiscotados de Lisboa, o britânicoDave Palethorpe (do bar CincoLounge). TEXTO: JOÃO MIGUEL SIMÕES

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           P       U       B

    03 O Bonapartechegou à Baixa portuense.

    PORO

    O mais antigo pub do país ganhou uma filial longe da

    Foz. Abriu na semana passada mas já é uma almavelha, pois replica na perfeição o carisma e a mística doBonaparte original, aberto em 1977. TEXTO DE TIAGO ALVES

    Na entrada há as típicas boxes de madeira. Para lá do compri-do balcão, há outra área com bancos compridos, mesas ecadeirões de pele e veludo. O estilo é o mesmo da Foz, só queenquanto lá «está dividido em dois andares, aqui está tudoconcentrado num», explica Pedro Teichgräber, um dos sócios.A decoração, concebida por Klaus Teichgräber, assenta em

    dezenas de bugigangas e antiguidades. Os mais atentos atépoderão descobrir algumas peças em comum com a Foz, maso filho do fundador garante que nada foi retirado da «sede».Graças ao «vício» do pai, Pedro e a irmã Cláudia herdaramcentenas de velharias, muitas em duplicado. Paulo Andrade,o terceiro sócio, foi «a peça fundamental» para a concreti-zação do projeto do novo Bonaparte.Além do estilo, também o serviço, a música dos anos 1990 e2000 e o espírito se mantêm e o staff  vai rodar entre os doislocais. Uma das novidades é a introdução de uma carta detapas, concebida pelo amigo Mário Rodrigues, vencedor doChefs' Academy. «Vamos ter os famosos pregos do Bonapar-te, mas aqui há condições para ter mais algumas coisas para

    petiscar e faz todo o sentido», explica Pedro. «No fundo,queremos ser uma segunda casa, como os pubs e os sportsbars devem ser.»

    BONAPARTE DOWNTOWNPraça Guilherme Gomes Fernandes, 40 (Baixa) PortoHorário: todos os dias, das 17h00 às 02h00Preços: cerveja 2 euros, bebidas brancas a partir de 4 eurosContacto: el.: 220962852Web: facebook.com/bonapartedowntown

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    22 VOLTA AO MUNDOVOLTA AO MUNDO22

    Giuseppe Morabito nasceu em Roma em 1953. Licenciado em Ciência Política. É embaixador italiano em Lisboa desde 2015.

    esquecer o Teatro San Carlo de

    Nápoles». Curioso também é quea ópera desempenhe um papelde ligação dos emigrantes italia-nos com a pátria dos antepassa-dos. «No Brasil, por exemplo, aópera é muito difundida, e netosde italianos, que nunca apren-deram a falar italiano, estudama língua por causa dela», desta-ca o embaixador, de 62 anos, eque ao longo da carreira estevecolocado no Iraque, em França,na Bélgica e nos Estados Unidos.

    Sobre o Líbano, seu anterior pos-to e onde assistiu aos efeitos daguerra na Síria, «um conflito queameaça a coexistência entre po-vos de diferentes religiões quesempre viveram no Médio Orien-te», recorda tratar-se desse Le-vante onde sobrevive certa in-fluência italiana, legado dos

    Giuseppe Morabito reflete

    um pouco, mas a respos-ta sai rápida: «Aida, deVerdi, é a minha ópera preferi-da.» E porquê? «Pela história,pelo Egito, e por ter que ver comas grandes civilizações do Medi-terrâneo, como os fenícios, osegípcios ou os romanos», expli-ca o embaixador de Itália, numportuguês que está a desenvolvera bom ritmo desde que no anopassado trocou Beirute (nesseLíbano que foi a Fenícia) por Lis-

    boa. Para um italiano, diz o di-plomata, «a ópera é algo muitoimportante, que faz parte da cul-tura nacional», mesmo que «afruição seja feita sobretudo pelaelite». Acrescenta o embaixadorque a ópera é um pouco «maispopular no Norte, onde fica oScala de Milão, mas convém não

    mercadores venezianos e geno-veses, dos tempos em que a Itáliaestava dividida em repúblicas,reinos e ducados.Curiosamente, sublinha o em-baixador, «a popularidade daópera entre os italianos acaba porrevelar-se no momento da uni-ficação, quando VERDI passa aser usado como palavra de or-dem», significando «Vitor Ema-

    nuel Rei De Itália». A unidadenacional dá-se em 1861, mas sófica completa em 1870, quandoos Estados Papais são incorpora-dos no Reino de Itália e Romapassa a capital. A Giuseppe Mo-rabito agrada a popularidade deVerdi, autor deAida, Nabucco ouLa Traviata, tal como a de Puc-cini ou de Rossini, outros gran-des nomes da ópera italiana, masconfessa que «um dos grandesdefeitos dos italianos é ficarem

    satisfeitos com a admiração queos outros têm pelo nosso passa-do e pela nossa cultura». O di-plomata acrescenta que é neces-sário reforçar a ideia da Itáliacomo país aberto à modernida-de, que não vive só da tradição,mas que faz dela uma vantagem.«Não somos só ópera e moda egastronomia, somos tambémlíderes na tecnologia.»Sobre estes meses em Portugal,Giuseppe Morabito nota existir

    grande simpatia pelos italianos ediz ser fácil sentir-se em casa emLisboa, onde há tantas influênciasda arquitetura italiana, comoaliás no Porto. Gosta do TeatroSão Carlos, e recorda que a pri-meira ópera lá estreada, em finaisdo século XVIII, foi La BallerinaAmante, de Cimarosa.

    Mala Diplomática

    ESOUROS DOS PAÍSES VISOS PELOS EMBAIXADORES POR LEONÍDIO PAULO FERREIRA

    AIDA É A MINHA ÓPERA PREFERIDA

    Giuseppe Morabito 

     UM DOS GRANDES

    DEFEITOS DOS ITALIANOSÉ FICAREM SATISFEITOS

    COM A ADMIRAÇÃO QUE

    OS OUTROS TÊM PELO

    NOSSO PASSADO E PELA

    NOSSA CULTURA

    itália    G    U    S    T    A    V    O     B

        O    M    /    G    L    O    B    A    L    I    M    A    G    E    N    S

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    24 VOLTA AO MUNDO

    MANÁGUAunca conheci ninguém que tivesse tirado férias eatravessado o mundo para conhecer Manágua.Trata-se de um destino bastante exótico, muitoextravagante e, como costumam escrever nos guias

    em inglês, off the beaten track (numa tradução livre: fora doscaminhos mais percorridos). Estas expressões que, normalmen-te, se utilizam para atrair turistas, parecem ser as mesmas que,neste caso, os afastam.Uma das surpresas que as viagens proporcionam é perceber que,

    no mundo, há cidades com organizações radicalmente diferentes.Antes dessa experiência, por de-feito, acredita-se que, no essen-cial, as cidades partilham umasérie de princípios. A capital daNicarágua é a prova de que não éassim. No mundo, há cidades com

    muitas formas.Em 1972, a capital da Nicarágua so-freu um terramoto de enorme in-tensidade. Dada essa violência e aprecariedade das construções,calcula-se que cerca de 90% da ci-

    dade terá ficado destruída. Ao lon-go dos anos setenta, a elite governante de então roubou toda a ajudainternacional que foi enviada para reconstruir a cidade. Não há quem

    desminta a crueza desta afirmação. Em 1979, iniciou-se a revoluçãoSandinista que deu origem a um conflito que terminou em 1990.Após uma guerra civil de 11 anos, mais de 20 anos sobre o terramoto,

    foi já em meados dos anos noventa que, muito devagar, se iniciaramalgumas obras públicas. Nessa época, o centro da cidade já deixarade ser claramente identificável. O terramoto fizera que alguma cons-

    trução crescesse junto dos edifícios que resistiram; o conflito fez quecomunidades surgissem dispersas em áreas afastadas; a necessidade

    fez que muita população se instalasse junto das reservas de água.Todas essas construções foram desenvolvidas sem uma ideia queas organizasse.Com frequência, as ruas novas não seguem o traçado das antigase, ainda hoje, em Manágua, quando alguém indica caminhos oulocalizações, não indica os nomes das ruas, novas ou velhas; omais comum é usar referências que já não existem: qualquercoisa fica a x metros a oeste do antigo teatro, ou qualquer coisafica a x metros a norte do antigo mercado.

    Em Manágua, os fantasmas existem, há muita gente que ainda os vê.Com poucas exceções, não se tratade uma cidade de gente nos pas-seios. A grande dispersão da cidadeimpede caminhadas, mas permitemuitos terrenos baldios. A primei-ra imagem de Manágua, a que maisfica na memória, são imensas es-tradas, muito amplas, congestiona-das com todo o tipo de trânsito,poluição e bom tempo, malabaris-tas a aproveitarem os segundos deum semáforo vermelho diante de

    uma multidão de motorizadas.Naquela que é a segunda metrópole mais populosa da AméricaCentral, logo após a Cidade da Guatemala, são apresentadas duasopções ao visitante mais insistente: a Catedral de Santiago, umdos poucos edifícios que resistiu ao terramoto, e o Puerto SalvadorAllende, onde se paga bilhete para entrar numa área renovadacom restaurantes e salsa ao vivo.Faltou falar das pessoas. Em qualquer ponto da cidade, apesar das

    cicatrizes do passado, apesar das dificuldades do presente, aspessoas sorriem, são delicadas, sempre atenciosas. Vale a penatirar férias e atravessar o mundo para conhecê-las.

    Uma crónica de José Luís Peixoto 

    Uma das surpresas queas viagens proporcionam é perceber que, no mundo,

    há cidades com organizaçõesradicalmente diferentes.

    Passageiro Frequente

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    Concurso de fotografia na BTL 

    LUGAR

    GABRIEL

    SOEIRO

    MENDES

    3Assinatura

    revista Volta ao

    Mundo

    3Hotel Pestana

    – 2 noites

    3Aulas dança

    Academia

    Danças do

    Mundo

    – 3 meses

    3Kit  viajante

    Ministério do

    Comércio e

    Turismo do Peru

    3T-shirt  

    sardinha

    LUGAR

    INÊS MARTINS

    DUARTE

    3Assinatura

    revista Volta ao

    Mundo

    3Restaurante

    Qosco – comida

    peruana –

    2 pessoas

    3Aulas dança

    Academia

    Danças do

    Mundo– 2 meses

    3Kit  Viajante

    Ministério do

    Comércio e

    Turismo do Peru

    3T-shirt  

    sardinha

    1º 

    2º 

    Estes são os vencedores do concurso de fotografia "Eu fiz o mochilão na América Latina". A Fundação AIP e

    a Casa da América Latina organizaram, a Volta ao Mundo colaborou na escolha e a Bolsa de Turismo de Lisboa

    encheu para ouvir os participantes. Para o ano há mais. Parabéns a todos e boas viagens!

    26

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    LUGAR

    RITA GOMES

    3Assinatura

    revista Volta ao

    Mundo

    3Boost Go car

    Lisboa

    3Aulas dança

    Academia

    Danças do

    Mundo – 1 mês

    3Kit  Viajante

    Ministério do

    Comércio e

    Turismo do Peru

    3T-shirt  

    sardinha

    MENÇÃO

    HONROSA

    PEDRO PULIDO

    3Hippotrip

    3Caça ao

    tesouro

    MENÇÃO

    HONROSA

    FILIPA PAIS

    3Hippotrip

    3Caça ao

    tesouro

    MENÇÃO

    HONROSA

    NUNO MADEIRA

    3Hippotrip

    3Caça ao

    tesouro

    MENÇÃO

    HONROSA

    LUÍS ZILHÃO

    3Hippotrip

    3Jardim

    Zoológico

    MENÇÃO

    HONROSA

    JOÃO VASCO

    3Hippotrip

    3Caça ao

    tesouro

    MENÇÃO

    HONROSA

    MANUEL

    MESQUITA

    3Hippotrip

    3Caça ao

    tesouro

    MENÇÃO

    HONROSA

    MIGUEL VIEIRA

    FLORES

    3Hippotrip

    3Jardim

    Zoológico

    3º  1ª 

    2ª 

    4ª 

    6ª 

    3ª 

    5ª 

    7ª 

    27VOLTA AO MUN DO

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    Isând O MAIS JOVEM PAÍS DO MUNDO, GEOLOGICAMENTE FALANDO, É MUITO MAIS DO QUE UM PAÍS.

    É UMA TERRA DE FANTASIA, MÁGICA, SELVAGEM, PURA, VIVA, BELA, ÀS VEZES BRUTA, UM MISTODE PARAÍSO E INFERNO, REALIDADE E FICÇÃO, EM QUE SÓ OS ISLANDESES SERIAM CAPAZES DE

    (SOBRE)VIVER. HÁ UM ANTES E UM DEPOIS DE UMA VISITA À ISLÂNDIA.

    TEXTO DE JOÃO FERREIRA OLIVEI RA | FOTOGRAFIAS DE LEONEL DE CASTRO/GLOBAL IMAGENS

    Isto não é bem um país

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     Eles são um bocadinho brutos, nãoacha?», diz-me, a medo, um dosportugueses que partilha connos-co o autocarro, depois de tentarmeter conversa com um islandêssem receber grande troco. Estamosintegrados num grupo da PintoLopes Viagens, um programa de

    nove dias à volta do país com o sugestivo nome de IlhaMágica. Ivo Martins, o nosso guia, a viver na Islândia háoito anos, contextualiza: «As condições meteorológicassão adversas durante a maior parte do ano, às vezes

    mudam de dia para dia, de hora para hora. O islandêsnão pensa o que vai fazer. O islandês faz.» Uma ponteque cai, uma estrada que fica intransitável, um vulcãoque entra em erupção – quem não se lembra do im-pronunciável Eyjafjallajokull, que paralisou o espaçoaéreo europeu em 2010? –, aqui tudo pode acontecer,e não apenas no inverno. «É preciso ser forte. Eles nãosão brutos, viveram isolados durante muito tempo,apenas não são propriamente delicados. Como que aextensão da própria natureza.»

    Fama de guerreiros que atravessa fronteiras.A revista canadiana Vice fez mesmo uma reporta-

    gem em 2014 intitulada Ninho de Gigantes, em quetentou perceber como é que um país com a mesmapopulação da cidade de Malmö, na Suécia – unssingelos 330 mil habitantes para um território dez porcento maior do que Portugal – é capaz de produziralguns dos homens mais fortes do planeta. Todosos anos há islandeses entre os finalistas da provaWorld Strongest Man.

    Mesmo os que não participam em qualquercompetição são verdadeiros poços de força e deenergia. Homens e mulheres, doutores e enge-nheiros, dos mais novos aos mais velhos. «Toda

    a gente tem família que vive no campo ou traba-lha na pesca. Isto faz que a sociedade seja maisdesburocratizada. Ninguém está à espera que ooutro resolva os seus problemas. Há pouco maisde trinta anos nem sequer tinham fruta. São unsguerreiros», diz, com visível admiração, antes deencerrar o assunto, em jeito de anedota. «Poucotempo depois de cá ter chegado vi uma velhinha nosupermercado carregada com sacos de compras etentei ajudar. Ela atirou-me um olhar fulminante,como se estivesse a ofendê-la. Acho que quem iaprecisar de ajuda era eu».

    «O islandesesestão agoraa aprender aviver com oturismo demassas. Nemsempre têmum sorrisoaberto, masa confiançaconquista-se.

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     Em poucos locais do mundo se sentirá de for-ma tão intensa o peso da geografia. A força domapa. Bastam algumas horas de estrada parapercebê-lo. Estamos a 286 quilómetros da Grone-lândia – a pequena ilha de Grímsey, 40 quilómetros anorte do território, é mesmo atravessada pelo círculopolar ártico –, estão aqui alguns dos maiores e maisativos vulcões do planeta, os maiores fiordes, a maiorcascata da Europa, géiseres, praias de areia preta,campos de lava, lagoas glaciares, piscinas geotermais,

    icebergues, é impossível não ser absorvido por estecaldeirão. «Se vocês soubessem o que está por baixodos vossos pés nem cá vinham», brinca Ivo. Sabemos.Por baixo desta superfície que literalmente significaTerra Gelada (Iceland), onze por cento coberta porglaciares, corre um rio de lava que vai modificando emoldando o território. Cresce todos os anos cerca decinco centímetros. Têm mesmo a ilha mais jovem doplaneta, Surtsey, resultado de uma erupção vulcânicaocorrida em 1963 e desde então classificada comoReserva Natural. Uma espécie de laboratório, vivo,apenas com um heliporto e um farol a que só um

    pequeno grupo de cientistas tem acesso, de forma amonitorizar e proteger o ecossistema.

    Resistir às armadilhas do turismo é, aliás, uma dasgrandes preocupações de muitos islandeses e outrodos pontos que pode levar à falta de empatia inicial.E não apenas entre os mais velhos. Atente-se nestaconversa com um estudante de 19 anos, na cosmopolitaReiquejavique: «Um dia fui com um grupo de amigospara uma piscina, queríamos aproveitar o sábado paradescansar, mas apareceu uma equipa de filmagens

    estrangeira para gravar um anúncio.» Aquilo que emmuitos países seria visto por um grupo de jovens comoum dia diferente, aqui foi considerado um incómodo.«Tinham umdrone e ficaram lá o dia todo. Deviam terrespeitado quem lá estava e voltado outro dia. Não seiporquê mas agora toda a gente parece querer vir paraaqui», conclui, com firmeza, como se os seus olhos,acostumados a esta realidade, não conseguissem filtrara beleza que quase nos cega.

    Mais uma vez é compreensível. Afinal estamos a falardas piscinas, os locais de sociabilização por excelênciados islandeses. Em cada pequena localidade há uma

    Praias de areiapreta, lagoasglaciares,géiseres ,icebergues,campos delava, cascatas,vulcões,nada falta aeste país. Sóflorestas.

    O peso a geografia 

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    Dettifoss(à esquerda),as maioresquedasde águada Europa.O géiserStrokkur (emcima, à direita).

    piscina geotermal, a céu aberto. Além disso, os númerosestão aí para comprovar que muito tem mudado nosúltimos anos, sobretudo depois do colapso económicoe da erupção do Eyjafjallajokull. Se por essa altura onúmero de visitantes rondava os quinhentos mil porano, quase todos concentrados durante o verão, agoraultrapassa a barreira de um milhão – para uma populaçãode trezentas mil pessoas. Uma aposta concertada porparte das autoridades, para ajudar a superar a crise, eque acompanhou a crescente curiosidade pelo país,

    como se todos nós, espetadores que seguíamos à dis-tância os acontecimentos, tivéssemos acordado paraeste vulcão adormecido que era a Islândia.

    Durante o inverno, época em que a maioria dosturistas hiberna, fruto das condições climáticas maisadversas (há pouco mais de quatro a cinco horas de luzpor dia), os islandeses voltam a estar orgulhosamentesós, entregues a si e à sua natureza.

    Não receiem, contudo, que aqui ninguém o vai

    tratar mal. Bem pelo contrário. Convém não confundiralguma rudeza nos modos e secura nas palavras, commá educação. Conquistar a confiança e o sorriso dos

    islandeses faz parte da essência da própria viagem. Dequalquer viagem, na verdade, mas aqui ainda mais.Até porque os próprios nem sempre têm consciênciadesta sua outra face mais austera. «Normalmente aspessoas são muito amigáveis. Diz-lhes que és repórtere vão dar-te tudo o que precisas», escreve-me umaamiga jornalista, por mensagem, depois de lhe ter

    pedido algumas dicas sobre Reiquejavique. Está forado país, em trabalho, mas faz questão de elaborar umaextensa lista com sugestões. Depois de nos aconselhar

    a comer num restaurante junto ao porto, beber umcopo na Rua Laugarvegurinn, a principal rua da capitale a mais conhecida e movimentada do país, ou no

    Íslenski Barinn, um bar local com música islandesa«onde toda a gente se encontra para (muita) cerveja»,termina dizendo que se formos simpáticos e pacientesas pessoas nos levarão a todo o lado com elas. Deixa,ainda assim, um aviso: «Nós gostamos muito de festa,de sair à noite, mas têm de ter cuidado, não entrem emcompetições. Não há muita gente a beber e aguentarcomo nós.» Segue-se uma série de sorrisos, virtuais,mas que soam totalmente verdadeiros.

    Por vezes temos a sensação de estarmos noutro planeta,tal a beleza, força e estranheza da paisagem.

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    Não é por acaso que o país se chama Iceland – terra gelada.Onze por cento do território está coberto por glaciares.

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     Sair à noite é apenas uma força de expres-são. Esta viagem começa (e acaba) em Rei-quejavique, por isso há tempo suficientepara explorar a capital. Passeamos pelo centro dacidade, uma cidade pequena, organizada, idealpara descobrir a pé; passamos junto ao gabinete detrabalho do primeiro-ministro, uma casa modesta(aparentemente) sem qualquer segurança – «se láforem bater à porta é possível que seja ele a abrir»,garante Ivo; vamos até ao Harpa, sala de concertos

    por excelência, um edifício de vidro que contrastacom a restante arquitetura, ruas repletas de casinhascoloridas que, aqui e ali, mais parece uma aldeia depescadores do que uma capital; vamos à rua Lau-garvegurinn, tal como Inga nos sugeriu, bebemosuma cerveja, duas cervejas, várias cervejas, mas anoite não chega. Nunca chega, no verão. A luz dasduas da madrugada confunde-se com o sol das duasda tarde e acabamos por rumar ao hotel atordoados,não vergados pelo álcool, mas, mais uma vez, pelaforça da natureza. Não é islandês quem quer, muitomenos do dia para... para o dia.

    É bonita a cidade, seria até um bom destino paraumcity break, se estivesse a apenas uma ou duas horasde distância de avião, mas é assim que nos fazemos àestrada que a Islândia se apresenta na sua plenitude.A Islândia por que todos anseiam. Um postal perfeito,um filme de Terrence Malick, o paraíso para quemquiser encontrar a imagem de fundo para o seu com-putador ou o quadro ideal para colocar na parede dasala ou do escritório. Às vezes não parece bem umpaís, mas sim um parque temático, um jardim de

    experiências divino com que nós, viajantes, simpleshumanos, nos podemos deleitar.Exagero? Tudo aqui é um exagero. E nem sequer

    é preciso ir muito para o interior do país, onde se si-tuam as zonas ainda mais geladas, inóspitas, apenas aoalcance de guias especializados ao volante de monstertrucks. Cruzamo-nos com eles constantemente. Jipescom rodas gigantes especialmente feitos para andarnos glaciares deixando o mínimo de marcas possível.Uma outra viagem, um outro mundo. A nossa é feitade autocarro, quase sempre junto ao litoral, mais de ummilhar de quilómetros ao longo da Ring Road, a estrada

    Sonho ou realae?Reiquejaviqueé uma cidademoderna,cosmopolita,mas mantémuma aura eambientefamilliar. Tempouco mais deduzentos milhabitantes.

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    nacional construída apenas em 1974 e que liga o país deuma ponta à outra. Antigamente a maioria dos turistasficava-se pelo Círculo Dourado, um percurso com umaextensão de trezentos quilómetros à volta da capital.

    As atrações (não são atrações, desculpem, é mes-mo natureza), sucedem-se a todo o instante. Quasenem temos tempo para absorvê-las a todas, mereciamum dia por si só, uma reportagem completa. Comoo lago glaciar de Jökulsárlón, junto ao Vatnajokull, omaior glaciar da Europa. Uma área de 18 km2 e uma

    profundidade de 284 metros repleta de iceberguesem tons de azul por onde fazemos um passeio numbarco anfíbio, perante o olhar tímido de algumasfocas. Não é de estranhar que aqui se tenham rodadodois filmes de James Bond, A View to a Kill , de 1984,com Roger Moore, e Die Another Day, de 2002, comPierce Brosman. E ainda Lara Croft: Tomb Raider .

    A lista é longa quando de fala de filmes e de séries,desde Batman Begins, atéFlags of Our Fathers e Letters from Iwo Jima, ambos de Clint Eastwood, Hostel II ,uma película de terror com cenas rodadas na pacíficae angelical Blue Lagoon, a tão afamada Guerra dos

    Tronos, ou ainda Prometheus, de Ridley Scott. A cenade abertura teve lugar em Detifoss, nada mais nadamenos do que a maior queda de água da Europa, com44 metros de altura e cem metros de largura. Uma cenaem que um alienígena, ou um humanoide, ingereuma substância misteriosa e desintegra-se na água,perante a presença de uma nave espacial. Estranho?Nem por isso. A própria literatura – a capital está clas-sificada como cidade literária pela UNESCO – e todo oimaginário islandês estão cheios de lendas, de figuras

    mitológicas. Como os Huldufólk, uma espécie de elfosque habitam em fendas de rochas, cavernas e escarpase que apenas algumas pessoas têm o privilégio de poderver. Ainda hoje, há muito quem jure tê-los visto. Nósnão conseguimos, mas tirámos uma fotografia comGrýla e Leppalúði, criaturas usadas para assustar ascrianças que se portavam mal, e que agora têm réplicasna cidade de Akureyri. A quarta maior do país, lá bemno extremo norte, com cerca de 17 mil habitantes, pormuitos considerada como a mais bonita de todas. Tem,inclusive, uma estância de esqui com 24 pistas, apesarde estar localizada a apenas mil metros de altitude.

    Em cima àesquerda,Grýla eLeppalúði, doissimpáticosmonstros,na cidadecosteira deAkureyri; emcima à direita,a CatedralLuterana, em

    Reiquejavique.

    Esta é uma terra cheia e enas e criaturas mitoógicas.Na iteratura mas também no imaginário popuar.

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    David Barbosae Ana Coelho(foto ao lado,no trator),são um casalportuguêsque tentoua sua sortena Islândia.Trabalhamambos emhotelaria.

    Ivo, omnipresente, reconhece-lhe a beleza econhece-lhe todos os cantos, até porque foi a suaterra durante muitos anos, antes de se mudar paraa capital. Leva-nos até ao topo para que vejamos avista para o fiorde Eyjafjörður, mas é já cá em baixoque tem guardada uma surpresa. Pede que olhemospara os semáforos. «Para os semáforos?», perguntamtodos. Sim, para os semáforos. O sinal verde é paraavançar, como em qualquer parte do mundo, maso vermelho tem a forma de coração! Uma iniciativa

    criada em 2008 para dar ânimo e carinho às suasgentes, mostrando-lhes que o dinheiro não era oúnico caminho para a felicidade.

    Foi precisamente por amor, e para ganhar maisalgum dinheiro, que David Barbosa e Ana Coelho– jovem casal que trabalha no Hotel Sveinbjarnarger-ði, já do outro lado do fiorde, em plena Ring Road –vieram cá parar. Ela é formada em turismo, David éo cozinheiro. Chef . Chegou a trabalhar na cozinha doconceituado The Yeatman, em Vila Nova de Gaia, maso salário não condizia com a fama da casa e decidiuarriscar. «Tenho cá um tio, ele ajudou-me com a

    estada, mas não foi fácil. Trabalhei numa fábricade peixe, num matadouro, tentava trabalhar emrestaurantes mas não conseguia porque não tinha odiploma», diz. Pensou desistir, já não aguentava ofrio, a falta de luz natural no inverno, «nós, latinos,não fomos feitos para viver assim», até que foi lavarloiça para um restaurante onde conheceu o dono dohotel, que apostou em si. «Eles podem parecer algobrutos, no início são algo desconfiados, mas depoisde te conhecerem são fiéis e honram a sua palavra

    como ninguém. Basta um aperto de mão.» Ivo, nopaís há mais tempo, abana a cabeça em sinal deconcordância, enquanto David faz o resumo. «Nãosei quanto tempo aguentaremos, até porque a vidaé mais cara, e isto é duro, uma coisa é visitar outraé viver, mas para já vamos ficando. Além disso, estaterra tem qualquer coisa. Não é fácil de explicar,mas tem qualquer coisa. Uma força... Há momentosem que... não sei...», termina, de forma abrupta,preferindo não verbalizar.

    Momentos como aquele que vivemos na cida-de de Húsavík, terra onde se instalou o navegador

    Se no inverno há apenas quatro a cinco horas e uz por ia, no verão a noite nunca chega!

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    Garðar Svavarsson, o primeiro escandinavo a viverna Islândia, em 870. Atualmente é mais conhecidapor ser um dos melhores destinos do mundo paraa observação de baleias. Há saídas de barco ao finalda tarde e ao início da manhã. A saída do final datarde é anulada, devido à força do mar e do vento,mas de manhã tudo está mais calmo e o barco podefinalmente partir rumo à baía de Skjálfandi.

    Por instantes parece que estamos nos Açores.A companhia garante que o avistamento de baleias

    é quase sempre garantido, mas diz a regra que hásempre uma exceção e parece ser o caso. Até que,de repente, eis que ela aparece. Não uma baleiaqualquer, mas a baleia-azul, uma das mais difíceisde se deixar ver, o maior animal do mundo, capaz deatingir mais de 25 metros de comprimento ou pesarmais de cem toneladas. Vemos-lhe apenas o dorso,ainda assim, suficiente para perceber que é real enão um monstro ou uma criatura mitológica, pormais que ninguém pareça acreditar no que acaboude presenciar. Não há nada mais transcendente doque a realidade.

    As piscinas geotermais são os «cafés» os isaneses. A Bue Lagoon é a mais famosa e turística e toas.

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     PROGRAMAA agência Pinto Lopes Viagens tem duas datas em aberto paraeste ano, entre os dias 6 e 14de junho e de 25 de julho a 2 deagosto. Uma viagem de nove diasque custa 2630 euros por pessoa.

    1.º DIA • PORTO OU LISBOA(AVIÃO) - FRANKFURT

    Em horário a combinar,comparência no aeroportoescolhido para embarque em vooregular com destino a Frankfurt.Chegada, assistência nasformalidades de desembarque etransfer  para o hotel. Alojamentono Hotel Park Inn Aeroporto4* ou similar.

    MOEDA: COROA ISLANDESA

    (, EUROS)

    FUSO HORÁRIO: GMT – HORA

    IDIOMA:  ISLANDÊS

    DOCUMENTOS: CARTÃO D E

    CIDADÃO OU PASSAPORTE

    QUANDO IR: O VERÃO SERÁ

    A MELHOR ALTURA PARA

    VISITAR O PAÍS. HÁ SOL, LUZ

    E TEMPERATURAS AMENAS

    DURANTE QUASE TODO O

    DIA. O INVERNO ESTÁ APENAS

    AO ALCANCE DOS MAIS

    AVENTUREIROS

    Guia da Islândia

    RECORTE E LEVENA SUA VIAGEM

    AGRADECIMENTOS:

    2.º DIA • FRANKFURT (AVIÃO) -- KEFLAVIK - REIQUEJAVIQUETransfer  do aeroporto paraembarque em voo regularcom destino a Keflavik. Partidapara Reiquejavique. Visita aHöfdi House onde, em 1986,

    foi assinado o Tratado de NãoProliferação de Armas Nucleares;passagem pela escultura emforma de barco viking Sólfarid ,paragem na Catedral LuteranaHallgrímskirkja (visita interior),lago Tjörn e Museu Nacional, idealpara uma introdução à culturaviking e à história da Islândia.Jantar. Alojamento no HotelIceland Air Natura 4* ou similar.

    3.º DIA • REIQUEJAVIQUE -- FIORDE SKAGA - AKUREYRIViagem para Akureyri. Nopercurso, visita a Glaumbaer,uma antiga quinta tradicional(Laufás) de telhados de colmo,um dos mais famosos museusetnográficos da Islândia.Passagem pelos picos deOxnadalur e chegada a Akureyri,com as suas casas coloridas,de madeira. Visita e tempo livre.Jantar. Alojamento no HotelSveinbjarnargerdi ou similar.

    4.º DIA • AKUREYRI - GODAFOSS - - HÚSAVÍKSaída para Godafoss (a quedade água dos deuses). Viagemcontornando a península deTjörnes. Paragem no Asbyrgi

    Canyon. Continuação para acidade de Húsavík, capital daobservação de baleias na Europa.Passeio, a pé, com visita à Igrejae ao Museu das Baleias. Após o jantar, possibilidade de efetuar umpasseio de barco para observaçãodas baleias (opcional). Alojamentono Hotel Fosshotel Húsavikou similar.

    5.º DIA • HÚSAVIK - LAGOMÝVATN - DETIFOSS - REGIÃODE EGILSSTADIRSaída para o lago Mývatn, desde1974 área de conservação

    natural e local privilegiado paraobservadores de aves, fotógrafose amantes da natureza, onde seobservam as pseudocrateras deSkutusstadir, as construções debasalto e magma petrificadosDimmuborgir e as craterasvulcânicas Hverfell e Namaskard,fumarolas e bocas sulfatadas

    de lama e lava. Possibilidadede tomar banho na piscinageotermal de Mývatn, um spa  a céu aberto (opcional). Visita aDetifoss, as maiores quedas deágua da Europa. Continuação paraEgilsstadir, região dos fiordes do

    Leste. Jantar. Alojamento no LakeHotel ou similar.

    6.º DIA • EGILSSTADIR -- REYDARFJÖRDUR -- ESKIFJÖRDUR -- STÖÕVARFJÖRÕUR -- DJÚPIVOGUR - HORNAFJÖRDURPartida para as cidades deEgilsstadir e Reydarfjördur.Continuação para a vila deEskifjördur e visita ao MuseuMarítimo. Prova de tubarão comBrenivin, a bebida tradicional(opcional). Seguem-se os fiordesdo Leste, por entre as vilaspiscatórias até Stöõvarfjörõurcom visita ao Museu dos Minerais.Continuação para Djúpivogur,entre santuários de gansos ecisnes e a baía de Höfn, escudadapelo grande glaciar de Vatnojökull.Jantar. Alojamento no Hotel Jökullou similar.

    7.º DIA • HORNAFJÖRDUR -- SKAFTAFELL - VÍK -- DYRHÓLAEY - SKÓGAFOSS -- SELFOSSViagem ao longo do Vatnajökull, omaior glaciar da Europa. Paragemna lagoa glaciar Jökulsárlón.Continuação para Fjallsárlón,

    anfiteatro natural que permiteobservar uma língua terminal dogrande glaciar. Prosseguimentopelo Skaftafell National Park,até a povoação de Vík, famosapelas praias de areia preta e pelastrês rochas de Reynisdrangur.Continuação para Dyrhólaey,santuário de aves onde poderáencontrar o papagaio-do-mar.Destaque para as famosasquedas de água de Skógafosse Seljalandsfoss. Final do dia aolargo do glaciar de Eyjafjallajokull,com vista para o vulcão que parouo tráfego aéreo em 2010. Jantar.

    Alojamento no Hotel Selfoss ousimilar.

    8.º DIA • SELFOSS - GULLFOSS -- GEYSIR - THINGVELLIR -- REIQUEJAVIQUEDescoberta do Sudoeste daIslândia, iniciando o Golden Circle,o mais antigo percurso turístico da

    ilha. Viagem ao parque de Geysir,onde se pode observar o géiserStrokkur expelir água quente docoração da terra, a mais de 35metros de altura. Continuaçãopara as quedas de água de Faxie Gullfoss, a cascata símbolo da

    Islândia. Prosseguimento parao Parque Natural de Thingvellir,com o mais antigo parlamentodo mundo. Este parque éatravessado pela falha que separaas placas tetónicas americanae euro-asiática. Continuaçãopara Reiquejavique. Tempo livre.Alojamento no Hotel Iceland AirNatura 4* ou similar.

    9.º DIA • REIQUEJAVIQUE - BLUELAGOON - KEFLAVIK (AVIÃO) -- PORTO OU LISBOAManhã na Blue Lagoon, piscinageotérmica ao ar livre.Trata-se de uma fontede água salgada e mineralizadaque brota do interior da terraentre os 38º e os 40º C. Poderáexperimentar a sílica para fazermáscaras faciais ou revestir ocorpo. Em horário a combinarlocalmente, transfer  ao aeroportopara embarque em voo regularcom destino a Portugal, viaFrankfurt. Fim da viagem e dosserviços Pinto Lopes Viagens.

    INCLUI• Passagem aérea em classeeconómica Porto ou Lisboa // Keflavik / Porto ou Lisboa em

    voo regular Lufthansa, com direitoa uma peça de bagagem até 23 kge respetivas taxas de aeroporto,segurança e combustível(conforme partida);• Assistência nas formalidadesde embarque;• Circuito em autocarro de turismo; • Alojamento e pequeno-almoçonos hotéis mencionados ousimilares;• Meia-pensão (seis jantares); • Guia acompanhante, falandoportuguês, desde e até Keflavik;• Entrada na Torre da Cate- dral, Museu Nacional

    em Reiquejavique, MuseuGlaumbær, Museu das Baleias,Museu dos Minerais, MuseuMarítimo, passeio de barco nalagoa glaciar de Jökulsárlóne Blue Lagoon;• Taxas hoteleiras, serviços e IVA; • Seguro Multiviagens (assistência,cancelamento e interrupção).

    REIQUEJAVIQUE

    Atlântico 

    Norte 

    Akureyri

    KeflavikVic

    Húsavik

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    Há novos bairros em renovação permanente. Velhas áreas queestão cada vez mais novas. Viagem a uma novíssima Tóquio

    que abraça o contraste. A capital do Japão continua a ser umadas mais excitantes cidades do planeta.

    TEXTO RUI PEDRO TENDINHAFOTOGRAFIA NIK VAN DER GI ESEN

    A CIDADE DE TODAS AS

    OPORTUNIDADES

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    arte de Tóquio está na renovação constante. Tudo mudaa toda a hora. Dizermos que está a aparecer uma novaTóquio vale o que vale – a capital do Japão é sempre nova

    e renovada. Mas na verdade estão a surgir novíssimasrotas urbanas que tornam a cidade uma experiência maissensorial, para lá dos óbvios chamarizes de turistas comoa gigante passadeira de Shibuya ou a Tokyo Tower, umaespécie de Torre Eiffel em versão armadilha para curiosos.

    Nesse turbilhão da mudança e das novas vidas dosbairros e das áreas há algo que é imutável: as mil e umapossibilidades de contraste. Para nós, ocidentais, o jogo,o gozo, está aí. No contraste, cada vez mais excêntrico,está o ganho. Seja pelo choque cultural, seja pela perdiçãodas coordenadas. O “diferente” não é o exótico só por si,é antes uma miragem de um futuro pop. Nesse sentido, 

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    uma aura de felicidade. Uma aura que contagia. Depois,o mais importante, onde quer que entremos, há aquelahospitalidade japonesa elevada à perfeição. Não é aquela

    coisa de parecer que somos da casa, é outra coisa. Talvezo contrário mas faz sentido. Dê por onde der, um estranhonão se sente deslocado mesmo com a tonificante sensação(e aí a questão é residual) de estarmos em modo de perdidona tradução.

    Ficamos a beber um expresso fortíssimo no Taste andSense, um café que faz paredes meias com uma pequenaboutique com roupa unissexo que faz inveja à marca Ya-mamoto. O Taste and Sense é daqueles cafés com estiloeuropeu mas que aqui ganha uma dimensão zen inacredi-tável. É caro mas o sorriso genuíno da empregada, que estávestida como se estivesse numa produção de moda para

    Tóquio éuma das 47regiões doJapão. A área

    metropolitanada capital japonesa écomposta por23 distritos ealberga quase38 milhões depessoas.

    é tanto uma cidade para quem a visita pela primeira vezcomo para quem a revisita. A nova Tóquio não está tantopresente geograficamente como mentalmente. É o tal estado

    de espírito que soa e é verdadeiramente novo.Em 2016 as palavras trendy e hipster  tornaram-se pleo-nasmos quando pensamos nos locais com maior dinâmicaem Tóquio. Chegamos aNaka-meguro e percebemos que anovidade não é um rumor infundado. A azáfama dá lugar auma tranquilidade honesta e sem exageros. Naka-meguroestá na moda, é verdade, porque houve uma estratégiapara se chamar um comércio feito de pequenos requintes:lojas de moda de autor, cafés de encantos minimais e umaharmonia com um sentimento de bairro habitacional. Nãoé exagero, mas o ciclista que faz o seu passeio matinal ouo vizinho do lado que vai ao supermercado gourmet  têm

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    De acordo coma consultoraMercer, Tóquiofoi a 11.ª cidademais cara domundo em2015 para

    estrangeiros láresidentes.

    a V, compensa tudo (dizem-nos que fica mal deixarmosgorjeta e acatamos o conselho). Para a primavera, a zonaganha ainda uma reputação (nesta altura ainda não muitomassificada) maior, pois no canal do bairro o espetáculodas cerejeiras em flor adquire uma vibração de beleza

    transbordante. As cherryblossom girls que inundam aquelaspontes de quimono e sombrinhas de sol não são mirageme estão lá à nossa frente para selfies infindáveis.

    Mesmo que as obras para os Jogos Olímpicos de 2020estejam a perturbar o bater da cidade, há sempre aquelasensação de isolamento do bairro Dakainyama, uma dasáreas mais chiques e jovens da cidade. Aliás, chique nocontexto de Tóquio pode ser algo na ordem do rumor, doinvisível, mas é mesmo aqui que as celebridades da mú-sica pop e do cinema vivem. Uma área calma da cidadecapaz do toque de Midas que preconiza toda a maneirade viver dos seus habitantes: tradição e alta modernidade

     A  linha verde do metro de Tóquio (Yamanote) passa por três dos bairrosmais visitados da cidade: Shibuya, Harajuku e a vibrante Shinjuku.

    pacata. Uma arquitetura funcional, sempre com edifíciosbaixos e pequenos recantos comerciais com apenas umandar. Nota-se que o luxo impera mas não é impositivo.A verdadeira estrela de Dakainyama (também conhecidocomo Daikanyama) é uma livraria que parece um paraíso

    tropical, aTsutaya, onde há livros também para ocidentais,restaurantes, DVD e sofás lindos de morrer para ficarmoslá sem pressas. Fica no complexo T-Site e é de um arrojourbanístico que se diria pacífico.

    De metro ou a pé todos os caminhos vão dar à áreamais mutante da cidade, Shibuya. A vantagem de longascaminhadas nesta cidade infinita mas sempre com pontode referência é encontrarmos o permanente cruzamentocom o futurista e o ancestral, com a tecnologia e o arcaico.É aconselhável embrenharmo-nos sempre pelas traseiras.Há vastas áreas onde parece que estamos numa vila ondeas colinas tapam os arranha-céus e só nos deparamos com

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    descobrir este vasto labirinto de edifícios altos e sem-pre com novas lojas e novos recantos para acontecer.A ideia é imaginar o que seria se o Rossio estivesse semprea transformar-se ou se cada vez que visitássemos TimesSquare já não a reconheceríamos. Em Shibuya aconteceisso. O caos organizado. Milhares e milhares de pessoas eraramente alguém dá encontrões. No posto de informa-ção para os estrangeiros há um vídeo que informa: na ruaprincipal passam em cada 45 segundos três mil pessoas.

    Comprovamos e é verdade: não há ninguém a esbarrar emninguém nem com a totalidade dos turistas com telemóvelna mão a tirar fotografias.

    O segredo mais bem guardado de Shibuya talvezseja um pequeno bar noturno de discos de jazz  de vinil.Chama-se JBS Bar e não é fácil de encontrar, fica no pri-meiro andar de um dos prédios (aliás, por aqui, os locaismais tentadores não estão ao nível da rua). É uma misturade jovens estrangeiros que se deixaram ficar por Tóquioe grupos de japoneses discretos. O dono é sexagenário etem orgulho na sua coleção de discos. Serve as bebidassem saber uma única palavra em inglês. No JBS a madeira

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    As lojas deconveniência eos restaurantesde sushi  empassadeiraou de massasramen  sãoalternativaspara nãoestoirar oorçamento.

    edifícios baixos e tradicionais. Ficamos, por vezes, comaquela sensação de que o tempo aqui vai parar sempre.É nestes becos e traseiras onde na noite se encontram osmais castiços e raros bares.

    Em Shibuya o que é novo é o que é de amanhã. Esque-cemos a passadeira fotogénica, a estátua do cão famosoe outros marcos já referenciais. O interessante aqui é

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     A  definição de moda em Tóquioé totalmente diferente da realidade

    ocidental. A cada esquina há alguémque surpreende pelo arrojo, masmistura-se facilmente na multidão.A sensação é de se estar no futuro.

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    clara e suave domina uma decoração com um design deum bom gosto evidente. Dir-se-ia que é o local perfeitopara se conhecer outros ocidentais já  connaisseurs dacidade, como Vaughn, um simpático australiano que setornou habitante de Tóquio depois de há sete anos tervindo aqui parar por acaso. É ele quem nos leva a seguirpara um local saído de um filme da família Blade Runner,

    de Ridley Scott, oEST, um antro de ténis de mesa que ficaaberto toda a noite. Um local de beleza anacrónica ondea insónia tem um rival: mesas de bilhar, mesas de ténisde mesa, pistas de bowling e karaoke. Às três da manhãé hora de ponta e é frequentado por grupos. Às sextas eaos sábados dizem-nos que todas essas atividades sãoexercidas essencialmente por jovens vestidas de uniformeescolar embriagadas. Mesmo para quem não quer jogartoda esta atmosfera já compensa. Ter apenas em atençãoque os japoneses quando bebem, bebem a sério e, nessesestados, nunca têm muita paciência para quem não temolhos em bico.

    N  éons e ecrãs rivalizam comtemplos antigos ou jardins cuidados

    que convidam ao descanso. Esta é

    uma cidade de duas caras. E esse éum dos seus muitos encantos.

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    Não faltaoferta culturalem Tóquio. Aolongo do anohá diversosfestivais,mas nada secompara àscerejeiras em

    flor, de fimde março aoinício de abril.

    sete anos e ainda me sinto a explorar. Todos os dias muda.Estou curioso para ver como vai ser a nova parte central, asobras gigantes para os Jogos Olímpicos estão aí...». Em 2016está na berra a área deUra-Hara, um subárea de Shibuya que jápertence aHarajuku, um centro de lojas onde a extravagânciados  fashionistas está em todo o lugar. Mas em Ura-Hara aslojas de jovens designers de moda japoneses são em si mesmo

    uma obra de arte. Quem não quer entrar também não fica aperder: o ambiente nas ruas e nos cafés é digno de desfile demoda: eles muito punk mas sempre com sapatilhas da moda(ultimamente o modelo branco Adidas Stan Smith), elassempre com ar angelical e com quimonos muito coloridos.

    Seguimos com Vaughn para Omotesandõ, a zona dasmarcas de luxo e das avenidas de requintes nipónicos.Lá está, outro caso de um bairro que se renova cons-tantemente. Cada vez com uma fleuma mais europeia,é lá que se pressente o peso económico do Japão. Nãosão apenas os preços exorbitantes das lojas como LouisVuitton, Yamamotto ou Prada (todas elas em edifícios de

    Para além do pingue-pongue noturno, há um apelo ine-gável em Shibuya. Um apelo que se renova a cada momento.Vaughn descreve assim o seu bairro: «Diria que é um labora-tório de histórias e shopping, onde há também casas de café,bares e experiências novas e velhas. Passo aqui todos dias há

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    Tóquio nãodorme. Hácybercafésabertos 24horas por dia,bancas decomida quenão fecham egente para asfrequentar.

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    Esta é umacidadefetichista

    onde bandadesenhada,máscaras eroleplaying  fazem parte daementa.

    uma bizarria fascinante), mas uma fauna onde os jaguaresnegros fazem a nossa imaginação pensar em histórias de

    yakuzas. Despedimo-nos de Vaughn, que nos deixa umareflexão pessoal: «A cidade está a ficar cada vez mais locale independente. Preza-se a qualidade em detrimento daquantidade. Os criativos estão a vencer, fazem as coisasacontecer, colaboram entre si... Apesar do gigantismo deTóquio, surge um sentimento de comunidade, seja entreos fãs de música, arte, moda ou mesmo café.»

    Deixamos o deboche fashion e ficamo-nos pelo maiscastiço spot  de sake da cidade, o Nakanishi Omotesando,sempre cheio de grupos de jovens mais alegres do queembriagados. Os empregados são de uma simpatia extremamas mais uma vez não falam inglês, embora nos deixem

    S hinjuku é considerado o maior Red Light District da Ásia, com os seusbares, casas de jogo e de sexo. E, no entanto, sente-se a segurança.

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    sem fechar os olhos, julgamos estar numa pequena aldeiarural de um filme de Ozu (não faltam os pequenos templose os cemitérios belíssimos). Tudo limpo, tudo arrumado.

    Se Omotesando tem a perfeição nos seus encantos, aimperfeição seduz e faz das suas numa área mais cosmo-polita ainda:Roppongi, sempre visível pela altura da torrearranha-céus Roppongi Tower, quartel-general do famoso

    Festival de Cinema de Tóquio. É o local mais fervilhante danova Tóquio, aliança divertidamente anarquista entre negó-cios e prazer. As mesmas ruas onde durante a tarde vemosmilhares de homens de negócios engravatados e à noiteapanhamos com foliões e até alguma prostituição feminina.Se a ideia é fazer um tour  noturno, o melhor é semprecomeçar com um ramen no Gonpachi, o famoso restau-rante de bambu que Tarantino copiou em Kill Bill (o genialcombate entre Uma Thurman e Lucy Liu). É lá que são asmais divertidas refeições de Roppongi e não é estranho ver-mos grupos de tambor tocarem no palco do piso superior.A novidade agora é que há um Gonpachi só shushi-bar  no

    O Golden Gai,em Shinjuku,é uma áreade pequenosbares deporta fechadadedicados àsmais variadastemáticas.

    provar todos os tipos de sake gelado à disposição. Apetecedizer que isto é um abuso, ninguém é assim tão hospita-leiro. À saída, de novo a questão das traseiras. Aqui, naparte oeste, fora da avenida principal, há uma pacatez eum sentido estético que evoca a Tóquio antiga. De repente,

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    E m Shibuya, procure o JBS Bar. O jazz  é rei da festa com uma oferta dediscos de vinil de fazer corar qualquer loja de música.

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    Perca-senuma cidadeonde nãofaltamtesouros àespera de serdescobertos.

    andar de cima. Diz-se – e comprovamos- é impossívelsair sóbrio deste gigante restaurante. O próximo destinoé talvez o bar coqueluche deste lado da cidade: o BananaFish, onde o fator cosy integra-se às mil maravilhas numpequeno balcão povoado de aves raras. Quando lá chegamosapanhamos uma rapariga solitária com cabelo azul e rosa eum grupo de quarentões com pinta de liberais melómanos.

    A banda sonora vai de bandas sonoras de filmes dos anos1980 a pop nipónica do melhor e a decoração tem cartazesde obras-primas de Hollywood em japonês. Como tudo emTóquio, é limpíssimo. Um mimo.

    Para o ataque matinal a Roppongi, a sugestão que qual-quer habitante de Tóquio é capaz de fazer passa pelo de-nominado Triângulo de Arte de Roppongi, composto portrês museus de um modernismo de meter respeito. Sãoeles: Museu Mori Art; o Centro Nacional de Arte e o San-tori. Ao Mori Art, situado no complexo da torre RoppongiHills, acabam por chegar os grandes eventos de modacontemporânea. Recentemente, a estrela da arte moderna

    japonesa Takashi Murakami expôs lá. No Centro Nacionalde Arte basta caminhar em redor da fachada para sermostomados por este edifício com uma majestosa fachada dearte. Seja qual for a exposição, a ida, pelo menos, à cafetariaminimal e à espantosa casa de banho, já valem a visita.Cortesia do aclamado designer  Kurokawa Kisho. Quemfizer o hat trick depara-se com o Suntory, um museu dos

    anos 1960 reformulado pelo famoso arquiteto Kengo Kumae cujos temas das exposições acabam por seguir sempreo tema Arte na Vida. Há uma sala de cerimónia de cháabsolutamente imperdível. Ainda assim, o melhor aqui éo pretexto para visitarMidtown, a zona de Roppongi ondehá um equilíbrio orgânico entre típicos jardins japoneses ecentros comerciais de luxo num conglomerado de arranha--céus elegantes. Aliás, tudo aqui é elegante.

    Tóquio e as suas novas Tóquios não vão parar de mudar.Se Bill Murray regressasse a esta metrópole para um remake de Lost in Translation – O Amor É Um Lugar Estranho, ofilme seria outro.

        os dias de melhor visibilidade, o monte Fuji é visível deste o topo

    dos edifícios mais altos de Tóquio. Fica a duas horas e meia de viagem.

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    Guia de Tóquio

    RECORTE E LEVENA SUA VIAGEM

    MOEDA: IENE (, EUROS).

    TROQUE DINHEIRO NOS PRINCIPAIS

    BANCOS E PROCURE AS CAIXAS

    MULTIBANCO COM REFERÊNCIAS

    INTERNACIONAIS.

    FUSO HORÁRIO: GMT + HORAS

    IDIOMA: JAPONÊS

    QUANDO IR: MARÇO E ABRIL

    SÃO OS MESES DAS CEREJEIRAS

    EM FLOR. NO VERÃO, O CLIMA É

    CONVIDATIVO, APESAR DO CALOR

    QUE SE FAZ SENTIR EM AGOSTO.

     IRA KLM (klm.pt) voa de Lisboapara Tóquio com escala em

    Amesterdão a partir de 563 eurospor pessoa, ida e volta.

     FICARHotel Villa Fontaine RoppongiUm quatro estrelas com charmeoriental mas com funcionalidadeocidental. Está mesmo ao ladode uma estação de metro e opequeno-almoço é um banqueteque inclui peixe e sopas miso.-- ROPPONGI, MINATO-KU

    QUARTO DUPLO A PARTIR DE EUROS

    POR NOITE

    HVF.JP

     BEBEREm Tóquio o que estáverdadeiramente na modanão são os Starbucks mas simcafés artesanais onde os donossão mestres na arte de fazerexpressos. A cultura do café dequalidade chegou a Tóquiocom uma invasão de cafésautênticos e com um visualquase sempre muitorecomendável. A loucura é tantaque até há circuitos e sites  

    (o www.en.goodcoffee.me é umexemplo) para todos poderemperder-se nas tentações dacafeína. Depois, há a questãodo ambiente. Os japoneses fazemda arte da preparação do café umespetáculo à parte.Os cafés, sejam cappucinos ,americanos ou expressos, nãocustam os nossos 60 cêntimos,mas têm um outro valor simbólico.São servidos com uma pompaminimal e lembram um certopeso sagrado das coffee shopsda Califórnia, ou seja, é genteque leva o café muito a sério. Por

    isso, estão sempre cheios e bemfrequentados. Os novíssimoscafés de Tóquio são sítios para seser visto, mas, essencialmente,para saborear cafés produzidos nahora à nossa frente. Deixamos trêssugestões.

    Onibus CoffeeRecentemente inaugurado, é umexemplo da cultura do kohi  (éassim que os japoneses dizem

    café) moderna e contemporânea.Um edifício que é também umapérola arquitetónica. O donogaba-se de todo o engenhoorgânico, onde cada grão étostado com arte. Ao lado há umparque que convida também paraum hábito muito nipónico: bebercafé nos parques.MEGURO --, MEGURO-KU,

    ABRE DIARIAMENTE DAS H ÀS H

    Blue Bottle Kyosumi-Shirakawa

    RoasteryO conceito não é japonês mas amaneira como chegou a Tóquioé um belo exemplo de comoé possível a cultura japonesa

    apropriar-se da essência de umprojeto. No espaço há uma áreapara workshops , cursos sobre aarte de fazer café e é ainda umarmazém. Nesta zona da cidadepodemos mesmo dizer que háum cluster  de outros cafés ondeo design  e a decoração contammuito.-- HIRANO-KOTO-KU

    ABRE DAS H ÀS H

    Hi MonsieurUm pequeno café verde onde sebebe um dos melhores cafés dacidade. É o seu proprietário quem

    nos faz questão de servir. Umambiente muito acolhedor, ondenos sentimos em casa. E tudo épensado ao detalhe: do logótipoao merchandising , que apetecemesmo comprar. -- DAITA SETAGAYA-KU

     SAIRKaraoke-kan shibuyaO incrível spot  dekaraoke  que Sofia

    Coppola, no seu Lost in Translation, tornou paragem obrigatória emShibuya. Tem cabinas individuaise é óptimo para fazer uma festa comsake  à mistura.- UDAGAWA-CHŌ

    SHIBUYA-KU

    JBS (jazz blues & soul) BarUm bar de jazz  onde podemos falarsobre música com o dono e apreciaro requinte de uma decoração demadeira esplendorosa.-- DOGENZAKA,

    SHIBUYA-KU

    HTTP://TOKYOJAZZSITE.COM/DIRECTORY/

    LISTING/JBS-JAZZ-BLUES-SOUL

    Nakanishi Omotesandō

    Um sake-bar  genuíno competiscos e empregadosembriagados, old-style  nipónico.Muita gente gira, muita confusão.Kampai é a palavra de ordem!-- MINAMIAOYAMA MINATO TOKYO

    ABRE DIARIAMENTE DAS H ÀS H

    EstSó mesmo no Japão. Umaestilizada casa de jogos ondepodemos estar uma madrugada a

     jogar ténis de mesa ou snooker .F, -- SHIBUYA, SHIBUYA-KU

    ABERTO TODAS AS NOITES

     COMERGonpachiA cadeia de restaurantes que inspirouQuentin Tarantino em Kill Bill .-- NISHI-AZABU MINATO-KU,

    ABERTO TODOS OS DIAS DAS H

    ÀS H (O SUSHI-BAR FECHA ÀS H)

    JBS BAR, EM SHIBUYA

    GOLDEN GAI, SHINJUKU

    TÓQUIO

    Toshima

    Shinjuku

    Shibuya

    Meguro

    Shinagawa

    Minato

    Chuo KotoChiyoda

    Bunkyo

    Arakawa

    TaitoSumida

    Edogawa

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    BULGÁ IAdo sagradoao profano

    De Sófia ao mar Negro em automóvel.

    Foi esta a viagem de férias de verão de uma

    família portuguesa - pai, mãe e duas filhas.Entre a história e a praia, descobriram um

    país surpreendente, barato e seguro.

    TEXTO E FOTOGRAFIA DE RUI LEITÃO

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    PraçaNezavisimostcom o edifíciodo Largo aofundo, antigasede do PCbúlgaro, e dolado esquerdoo Conselho deMinistros.

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    R i o  D a n ú b i o 

    Sófia

    Plovdiv 

    Stara Zagora

    Veliko Tornovo 

    Ruse 

    Mar Negro 

    Ivanovo 

    Buzludzha

    Vratsa

    Rila

    Pleven

    Sunny Beach

    Nessebar 

    Varna 

    BULGÁRIA

    SÉRVIA

    TURQUIA

    GRÉC IA

    HUNGR IA

    UCRÂN IA

    ROMÉNIA

    MACEDÓNIA

    ALBÂNIA

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    ideia, de início, não foi consensual, o que

    seria mais ou menos de esperar numa família

    de quatro pessoas que, embora partilhem o

    gosto por viajar, vagueiam numa faixa etária

    entre os 11 e os 46 anos. Não foi de estranhar

    que, antes da partida, surgissem propostas

    como a da Rita, a mais nova – «Paris, Disney,

    sim?» – ou da Inês, «vítima» do dia-a-dia

    da adolescência em que vive – «Já sei: Toron-

    to! Gostava de encontrar o Shawn Mendes na

    Nas cavesda Catedralde AlexanderNevskyestá umadas maiorescoleções daEuropa dearte pictóricareligiosa.

    rua, fixe?». «Disney outra vez? Mendes quê?

    E que tal algo novo, mais cultural e com praia?

    Já ouviram falar da história daquele escravo

    que derrotou os romanos?», perguntávamos

    nós, os pais, apelando ao gosto que tinham

    pela matérias de História. «Que tal um país

    que fica no outro lado da Europa, muito per-

    to da terra da Valentina?», inquirimos. Va-

    lentina é uma ucraniana, amiga de alguns

    anos, que cuidou da Inês e da Rita quando

    eram pequenas e os laços tornaram-se fortes.

    Já várias vezes nos tinha convidado para umas

    férias no mar Negro, mas as circunstânciasrecentes naquele país tornaram isso impos-

    sível. Ficou a curiosidade.

    Mas porquê a Bulgária? Três razões: é da-

    queles países relativamente próximos que fazem

    parte do imaginário de país de Leste longínquo

    e desconhecido; porque se apresentava sufi-

    cientemente seguro para viajar de carro; e por-

    que o custo de vida nos parecia acessível.

    Decisão tomada, passámos ao planeamen-

    to, distribuir os dias que tínhamos previsto e

    tentando um equilíbrio entre cultura e lazer.

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    Foi assim que resolvemos começar em Sófiae seguir em direção ao mar Negro, atraves-sando o centro do país por estradas nacionaise percursos secundários de forma a desfrutaro melhor possível das paisagens e dos monu-mentos que esperávamos encontrar. O re-gresso a Sófia seria mais rápido e sem paragens,feito pela auto-estrada.

    O passo seguinte foi marcar voo, tendosido a dificuldade encontrar um com umaescala que nos permitisse conhecer outrodestino, já que não existem voos diretos des-

    de Portugal. Optámos por fazer esca