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VOLUME II SUMÁRIO DIAGNÓSTICO AMBIENTAL_________________________________________7 5.1 MEIO FÍSICO_________________________________________________________7 5.1.1 CLIMA____________________________________________________________7 5.1.2 QUALIDADE DO AR_________________________________________________13 5.1.3 GEOLOGIA________________________________________________________24 5.1.4 GEOMORFOLOGIA___________________________________________________56 5.1.5 SOLOS___________________________________________________________64 5.1.6 USO E OCUPAÇÃO DO SOLO__________________________________________78 5.1.7 HIDROLOGIA______________________________________________________89 5.1.8 QUALIDADE DAS ÁGUAS_____________________________________________95 5.1.9 RUÍDO__________________________________________________________124 5.1.10 SÍNTESE DO DIAGNÓSTICO DO MEIO FÍSICO__________________________130 5.2 MEIO BIÓTICO______________________________________________________133 5.2.1 VEGETAÇÃO E FLORA______________________________________________135 5.2.2 FAUNA__________________________________________________________162 5.2.3 ESPÉCIES DE INTERESSE__________________________________________219 5.2.4 SÍNTESE DO DIAGNÓSTICO DO MEIO BIÓTICO_________________________231 1

Volume 2

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VOLUME II

SUMRIO

7DIAGNSTICO AMBIENTAL

75.1MEIO FSICO

75.1.1CLIMA

135.1.2QUALIDADE DO AR

245.1.3GEOLOGIA

565.1.4GEOMORFOLOGIA

645.1.5SOLOS

785.1.6USO E OCUPAO DO SOLO

895.1.7HIDROLOGIA

955.1.8QUALIDADE DAS GUAS

1245.1.9RUDO

1305.1.10SNTESE DO DIAGNSTICO DO MEIO FSICO

1335.2MEIO BITICO

1355.2.1VEGETAO E FLORA

1625.2.2FAUNA

2195.2.3ESPCIES DE INTERESSE

2315.2.4SNTESE DO DIAGNSTICO DO MEIO BITICO

LISTA DE QUADROS

18Quadro 5.1.1 - Padres da qualidade do ar.

Quadro 5.1.2 - Padres nacionais da qualidade do ar (Resoluo CONAMA n. 03 de 28/06/90).19Quadro 5.1.3 - Limites mximos de emisses para veculos leves novos, segundo PROCONVE.19Quadro 5.1.4 - Resultados das concentraes de material particulado em cada ponto de coleta, com o respectivo ndice de qualidade do ar.23Quadro 5.1.5 - Caracterizao estrutural da rea mapeada.40Quadro 5.1.6 - Classificao de passivos-problema.44Quadro 5.1.7 - Quantitativos de passivos ambientais identificados.45Quadro 5.1.8 - Consistncia das argilas em funo da resistncia e do SPT (DER/SP, 1991).52Quadro 5.1.9 - Relao dos trechos com ocorrncia de solos-moles na BR-163.52Quadro 5.1.10 - Legendas de nomenclatura de solo (anterior e atual).66Quadro 5.1.11 - Aptido de uso do solo por valor atribudo e por segmento na rea desmatada e na rea remanescente da AII.85Quadro 5.1.12 - Discriminao de Aptido de Solos na rea de Influncia Indireta.86Quadro 5.1.13 - Estaes fluviomtricas existentes na rea de insero das BRs 163 e 230.91Quadro 5.1.14 - Estatstica descritiva dos parmetros de qualidade das guas superficiais coletadas em maio/2002 nas drenagens adjacentes s rodovias BR-163 e BR-230.99Quadro 5.1.15 - Estatstica descritiva dos parmetros de qualidade das guas superficiais coletadas em agosto/2002 nas drenagens adjacentes s rodovias BR-163 e BR-230.99Quadro 5.1.16 - Peso e curva de cada parmetro de qualidade da gua.122Quadro 5.1.17 - Nvel de critrio de avaliao para ambientes externos (NBR 10151/00).125Quadro 5.1.18 - Levantamento dos nveis de rudo.128Quadro 5.2.1 - Informaes sobre a localizao toponmica e tipologia vegetacional dos inventrios florsticos ao longo da BR-163 e da BR-230.136Quadro 5.2.2 - Sumrio da fitossociologia das florestas de transio, incluindo campinaranas (inventrios 2 e 3) amostradas ao longo da BR-163 e em parte da BR-230.139Quadro 5.2.3 - Sumrio da fitossociologia das florestas aberta e estacional amostradas ao longo da BR-163 e em parte da BR-230.141Quadro 5.2.4 Sumrio da fitossociologia das florestas ombrfilas densas amostradas ao longo da BR-163 e em parte da BR-230.143Quadro 5.2.5 - Sumrio da fitossociologia das florestas secundrias latifoliadas amostradas ao longo da BR-163 e em parte da BR-230.145Quadro 5.2.6 - Lista das 10 espcies de maior representatividade fitossociolgica do Inventrio no.1, realizado em Floresta de Transio (BR-163).146Quadro 5.2.7 - Lista das 10 espcies de maior representatividade fitossociolgica do Inventrio n0.2, realizado em Floresta de Transio (BR-163).147Quadro 5.2.8 - Lista das 10 espcies de maior representatividade fitossociolgica do Inventrio no.3, realizado em Floresta de Transio (BR-163).147Quadro 5.2.9 - Lista das 10 espcies de maior representatividade fitossociolgica do Inventrio no.4, realizado em Floresta Estacional Semi-Decdua. Rodovia Cuiab-Santarm (BR-163).148Quadro 5.2.10 - Lista das 10 espcies de maior representatividade fitossociolgica do Inventrio no.5, realizado em Floresta Ombrfila Aberta (BR-163).149Quadro 5.2.11 - Lista das 10 espcies de maior representatividade fitossociolgica do Inventrio no.6, realizado em Floresta Ombrfila Aberta (BR-163).150Quadro 5.2.12 - Lista das 10 espcies de maior representatividade fitossociolgica do Inventrio no.7, realizado em Floresta Ombrfila Aberta (BR-163).151Quadro 5.2.13 - Lista das 10 espcies de maior representatividade fitossociolgica do Inventrio no.8, realizado em Floresta Ombrfila Aberta (BR-163).152Quadro 5.2.14 - Lista das 10 espcies de maior representatividade fitossociolgica do Inventrio no.9, realizado em Floresta Ombrfila Aberta (BR-163).153Quadro 5.2.15 - Lista das 10 espcies de maior representatividade fitossociolgica do Inventrio no.10, realizado em Floresta Ombrfila Aberta (BR-230).154Quadro 5.2.16 - Lista das 10 espcies de maior representatividade fitossociolgica do Inventrio no.11, realizado em Floresta Ombrfila Densa (BR-163).155Quadro 5.2.17 - Lista das 10 espcies de maior representatividade fitossociolgica do Inventrio no.12, realizado em Floresta Ombrfila Densa (BR-163).156Quadro 5.2.18 - Lista das 10 espcies de maior representatividade fitossociolgica do Inventrio no.13, realizado em Floresta Ombrfila Densa (BR-163).157Quadro 5.2.19 - Lista das 10 espcies de maior representatividade fitossociolgica do Inventrio no.14, realizado em Floresta Ombrfila Densa (BR-163).158Quadro 5.2.20 - Lista das 10 espcies de maior representatividade fitossociolgica do Inventrio no.15, realizado em Floresta Ombrfila Densa (BR-163).159Quadro 5.2.21 - Lista das 10 espcies de maior representatividade fitossociolgica do Inventrio no.16, realizado em Floresta Secundria Latifoliada (BR-230).160Quadro 5.2.22 - Lista das 10 espcies de maior representatividade fitossociolgica do Inventrio no.17, realizado em Floresta Secundria Latifoliada (BR-230).161Quadro 5.2.23 Lista de espcies de peixes registradas nos cursos dgua da rea de influncia do empreendimento.172Quadro 5.2.24 - Resultados da anlise de correlao cannica entre os parmetros ambientais e as espcies com maior ocorrncia entre os ecossistemas aquticos avaliados.179Quadro 5.2.25 - Anlise de correlao simples entre os parmetros fsico-qumicos das guas e as espcies de peixes com maior ocorrncia geogrfica.180Quadro 5.2.26 Lista de espcies de anfbios registrados na rea de influncia do empreendimento.182Quadro 5.2.27 Lista de espcies de rpteis registrados na rea de influncia do empreendimento.183Quadro 5.2.28 - Uso de hbitat pela herpetofauna na rea de influncia do empreendimento.186Quadro 5.2.29 - Espcies de aves registradas ao longo do traado da BR 163 no estado do Par entre a fronteira PA-MT e Rurpolis.187Quadro 5.2.30 Lista das espcies de mamferos registrados ao longo dos seis pontos de amostragem, organizados em sentido sul para norte da rodovia.204Quadro 5.2.31 Lista das espcies de mamferos que ocorrem no interflvio Tapajs-Xingu, com indicao do nome popular, o tipo de registro e o status de conservao de cada uma delas.205Quadro 5.2.32 - Espcies de valor para a conservao e respectivo status, ocorrentes nas reas de influncia do empreendimento220Quadro 5.2.33 - Espcies de interesse econmico, principalmente madeireiro, ocorrentes na reas de influncia do empreendimento.221Quadro 5.2.34 - Espcies de vertebrados atingidas por atropelamentos ao longo do trecho em estudo, registradas com registro de coordenadas e localidade.230

LISTA DE FIGURAS

10Figura 5.1.1 - Diagrama termopluviomtrico de Itaituba (DNMET, 1992) e da Base Area do Cachimbo (BRASIL, 1980).

Figura 5.1.2 - Ponto 1 - Destacamento da Policia Militar da Serra do Cachimbo17Figura 5.1.3 - Ponto 2 - Cachoeira do Curu17Figura 5.1.4 - Ponto 4 - Alvorada da Amaznia Posto Alvorada17Figura 5.1.5 - Ponto 7 - Trairo Comercial Leal17Figura 5.1.6 - Ponto 8 - Km 30 Hotel Restaurante Colonial17Figura 5.1.7 - Ponto 9 - Ruroplis Auto Posto Trevado Churrascaria e Peixaria Trevo17Figura 5.1.8 - Localizao dos pontos de coleta do material particulado na BR-163, em coordenadas UTM.18Figura 5.1.9 - Grfico de concentrao de material particulado.22Figura 5.1.10 - Compartimentao geolgica do Brasil.26Figura 5.1.11 - Coluna estratigrfica das reas de influncia.27Figura 5.1.12 - Campo de mataces granticos em encosta de morro.53Figura 5.1.13 - Croqui esquemtico do fraturamento observado nas rochas granticas do Complexo Xingu.53Figura 5.1.14 - Quartzo diorito, Complexo Xing (amostra de mo).53Figura 5.1.15 - Mataces granticos do Complexo Xingu com sulcos provenientes da abraso elica.53Figura 5.1.16 - Granodiorito do Complexo Xingu alterado, adquirindo colorao avermelhada. No detalhe, cristal de feldspato alcalino.53Figura 5.1.17 - Seqncia metavulcano-sedimentar com fraturamento NW-SE e NE-SW.53Figura 5.1.18 - Intruso metabsica concordante com a estruturao do metapelito.54Figura 5.1.19 - Possvel dique ocorrente junto s rochas do Complexo Xingu, inferido a partir de alterao colorimtrica da estrada.54Figura 5.1.20 - Afloramento de arenito fino do Grupo Beneficente em curso d'gua.54Figura 5.1.21 - Amostra de mo de laterita, que forma a camada de cobertura dos arenitos do Grupo Beneficente. Quando removida, o arenito, por ser altamente frivel, torna-se amplamente suscetvel ao erosiva.54Figura 5.1.22 - Afloramento, em jazida de emprstimo, de arenito da Formao Gorotire com ocorrncia de vnulas paralelas e perpendiculares S0.54Figura 5.1.23- S0 basculada em arenitos da Formao Gorotire.54Figura 5.1.24 - Afloramento, em jazida de emprstimo, de siltito com S0 marcada por variao colorimtrica.55Figura 5.1.25 - Vista, em dois planos, de amostra de mo de siltito da Formao Maecuru.55Figura 5.1.26 - Afloramento de siltito da Fm Maecuru em foto e croqui esquemtico, mostrando a relao entre as camadas macias e laminadas.55Figura 5.1.27 - Arenito, aflorante ao longo da BR-230, com estratificao de pequeno porte. A rocha tem cor branca e altamente frivel.55Figura 5.1.28 - Salto do Curu.59Figura 5.1.29 Eroso na Serra do Cachimbo.59Figura 5.1.30 - Perfil Norte-Sul da Amaznia (ROSS, 1995).61Figura 5.1.31 Aspectos da eroso na Serra do Cachimbo.63Figura 5.1.32 - Vertente convexa em campo de mataces granitides.63Figura 5.1.33 - Incio de eroso linear.63Figura 5.1.34 - Processos erosivos (ravinas e voorocas).63Figura 5.1.35 - Processos erosivos.63Figura 5.1.36 - Processos erosivos em reas florestadas (ao fundo).63Figura 5.1.37 - Relao entre a condutividade hidrulica e a granulometria do solo.68Figura 5.1.38 - Mapa de Aptido de Solos na rea de Influncia Indireta80Figura 5.1.39 - Mapa de reas Disponveis na rea de Influncia Indireta da BR-163.88Figura 5.1.40 Eroso provocada pela ao da gua.94Figura 5.1.41 Processos erosivos provocados pela ao da gua.94Figura 5.1.42 Processos erosivos junto a drenagens.94Figura 5.1.43 Bancos de sedimentos.94Figura 5.1.44 Reservatrio de gua formado junto a rodovia.94Figura 5.1.45 - Reservatrio de gua.94Figura 5.1.46 Formao de banhados zonas alagadias.94Figura 5.1.47 - Variao da temperatura da gua superficial das drenagens amostradas em maio e agosto de 2002 na AID da BR-163 (S-N) e da BR-230 (WE).100Figura 5.1.48 - Variao da turbidez da gua superficial das drenagens amostradas em maio e agosto de 2002, na AID da BR-163 (S-N) e da BR-230 (W-E), confrontada com os limites de guas doces das Classes 1, 2 e 3 (CONAMA).102Figura 5.1.49 - Variao da concentrao de slidos totais da gua superficial das drenagens amostradas em maio de 2002, na AID da BR-163 (S-N) e da BR-230 (W-E), confrontada com os limites de guas doces das Classes 1, 2 e 3 (CONAMA).103Figura 5.1.50 - Variao do pH da gua superficial das drenagens amostradas em maio e agosto de 2002, na AID da BR-163 (S-N) e da BR-230 (W-E), confrontada com os limites (superior e inferior) de guas doces das Classes 1, 2 e 3 (CONAMA).105Figura 5.1.51 - Variao da condutividade da gua superficial das drenagens amostradas em maio e agosto de 2002 na AID da BR-163 (S-N) e da BR-230 (W-E).106Figura 5.1.52 - Variao da concentrao de oxignio dissolvido (OD) na gua superficial das drenagens amostradas em maio e agosto de 2002, na AID da BR-163 (S-N) e da BR-230 (W-E), confrontada com os limites de guas doces das Classes 1, 2, 3 e 4 (CONAMA).108Figura 5.1.53 - Variao da demanda bioqumica de oxignio (DBO5) na gua superficial das drenagens amostradas em maio de 2002 na AID da BR-163 (S-N) e da BR-230 (W-E), confrontada com os limites de guas doces das Classes 1, 2 e 3 (CONAMA).109Figura 5.1.54 - Variao das concentraes de nitrato e nitrognio total na gua superficial das drenagens amostradas em maio de 2002, na AID da BR-163 (S-N) e da BR-230 (W-E), confrontada com os limites de nitrato em guas doces das Classes 1, 2 e 3 (CONAMA).111Figura 5.1.55 - Variao das concentraes de fosfato na gua superficial das drenagens amostradas em maio de 2002, na AID da BR-163 (S-N) e da BR-230 (W-E), confrontada com os limites de guas doces das Classes 1, 2 e 3 (CONAMA).111Figura 5.1.56 - Variao das concentraes de leos e graxas na gua superficial das drenagens amostradas em maio e agosto de 2002, na AID da BR-163 (S-N) e da BR-230 (W-E).112Figura 5.1.57 - Variao das concentraes de zinco na gua superficial das drenagens amostradas em maio e agosto de 2002, na AID da BR-163 (S-N) e da BR-230 (W-E), confrontada com os limites de guas doces das Classes 1, 2 e 3 (CONAMA).114Figura 5.1.58 - Variao das concentraes de Ferro na gua superficial das drenagens amostradas em maio e agosto de 2002, na AID BR-163 (S-N) e da BR-230 (W-E), confrontada com os limites de guas doces das Classes 1, 2 e 3 (CONAMA).116Figura 5.1.59 - Variao das concentraes de Mangans na gua superficial das drenagens amostradas em maio e agosto de 2002, na AID da BR-163 (S-N) e da BR-230 (W-E), confrontada com os limites de guas doces das Classes 1, 2 e 3 (CONAMA).116Figura 5.1.60 - Variao do contedo de coliformes fecais na gua superficial das drenagens amostradas em maio de 2002, na AID da BR-163 (S-N) e da BR-230 (W-E), confrontada com os limites de guas doces das Classes 1, 2 e 3 (CONAMA).119Figura 5.1.61 - Variao do contedo de bactrias totais na gua superficial das drenagens amostradas em maio de 2002, na AID da BR-163 (S-N) e da BR-230 (W-E), confrontada com os limites de guas doces das Classes 1, 2 e 3 (CONAMA).120Figura 5.1.62 - ndice de Qualidade de gua das drenagens amostradas em maio de 2002, na AID da BR-163 (S-N) e da BR-230 (W-E), confrontado com os limites de qualidade utilizados neste diagnstico.123Figura 5.1.63 Metodologia de campo para monitoramento do nvel de rudo.127Figura 5.2.1 - Categorizao da raridade das espcies em funo de seu grau de disperso espacial dentro dos ecossistemas estudados.175Figura 5.2.2 - Curvas acumulativas da riqueza de espcies em funo do esforo de coleta para trs apetrechos de coleta.175Figura 5.2.3 - Diagrama de Venn representando a afinidade ictiofaunstica coletada para os trs apetrechos.176Figura 5.2.4 - Anlise de similaridade entre os locais de coleta com base na anlise de presena-ausencia das espcies de peixes registradas.176Figura 5.2.5 - Afinidades ictiofaunsticas entre os ecossistemas estudados, com base nas caractersticas espaciais.177Figura 5.2.6 - Exemplar de Hyla boans (anfbio) observado na rea de influncia direta.181Figura 5.2.7 - Exemplar de Polychrus acutirostris (rptil) observado na regio da serra do Cachimbo181Figura 5.2.8 - Espcies de aves encontradas em hbitat de savana na serra do Cachimbo com ndices de abundncia relativa 100 indivduos/hora de observao.194Figura 5.2.9 - Espcies de aves encontradas em hbitat de floresta submontana na Serra do Cachimbo com ndices de abundncia relativa 100 indivduos / hora de observao. Cypseloides senex com um ndice de 2571 indivduos/100 horas.195Figura 5.2.10 - Espcies de aves encontradas em hbitat de ectono entre savana e floresta submontana na Serra do Cachimbo com ndices de abundncia relativa 100 indivduos/hora de observao.196Figura 5.2.11 - Espcies de aves encontradas em floresta ombrfila densa em Novo Progresso com ndices de abundncia relativa 100 indivduos/hora de observao.197Figura 5.2.12 - Espcies de aves encontradas em floresta ombrfila aberta em Novo Progresso com ndices de abundncia relativa 100 indivduos/hora de observao.198Figura 5.2.13 - Espcies de aves encontradas em floresta ombrfila densa em Trairo com ndices de abundncia relativa 100 indivduos/hora de observao.199Figura 5.2.14 - Espcies de aves encontradas em floresta ombrfila aberta em Trairo com ndices de abundncia relativa 100 indivduos/hora de observao.200Figura 5.2.15 - Dendrograma elaborado a partir da matriz dos ndices de abundncia, mostrando as relaes de similaridade entre os diferentes stios censados.201Figura 5.2.16 - Dendrograma elaborado a partir da matriz de presena/ausncia de espcies durante os censos, mostrando as relaes de similaridade entre os diferentes stios censados.201Figura 5.2.17 - Exemplar de Selenidera gouldii capturado com rede de neblina.202Figura 5.2.18 - Macho adulto de Pipra vilasboasi capturado na rea de estudo.202Figura 5.2.19 - Espcies de aves encontradas em hbitats antrpicos na serra do Cachimbo com ndices de abundncia relativa 100 indivduos / hora de observao.212Figura 5.2.20 - Dendrograma elaborado a partir da matriz de presena/ausncia de espcies durante os censos, mostrando as relaes de similaridade entre os diferentes stios censados.214Figura 5.2.21 - Tamandua tetradactyla (tamandu-mirim) encontrado morto ao longo da BR-163.215Figura 5.2.22 - Ateles marginatus (macaco-aranha) visualizado a margem da BR 163 em rea de Floresta Ombrfila Aberta Submontana.217Figura 5.2.23 - Detalhe do Saimiri ustus (mico-de-mos-amarelas) criado como animal de estimao em Rurpolis, PA.217

DIAGNSTICO AMBIENTAL

5.1 MEIO FSICO

5.1.1 CLIMA

O presente texto visa analisar descritivamente o clima da rea situada no entorno da BR-163 e da BR-230. Para tanto, ser discutida a atuao das massas de ar na rea, bem como a sua dinmica, articuladas aos registros meteorolgicos e climatolgicos obtidos.

Dentre os elementos climticos estudados, ser dada nfase pluviometria, uma vez que ela apresenta variao sazonal significativa na rea. Tal variao uma caracterstica tpica da zona tropical, onde se insere a rea, e de toda a Amaznia Legal.

Nesse sentido, deve-se ter como referncia o papel da Amaznia para a circulao geral da atmosfera, para o balano hdrico e para o ciclo de CO2. Embora as conexes de escala global entre os processos atmosfricos ainda no sejam bem conhecidas, sabe-se que em termos regionais o clima influencia e influenciado pela cobertura do terreno. consenso, tambm, que mudanas abruptas nessa cobertura tero respostas climticas em curto prazo na prpria Amaznia e em mdio ou longo prazo no planeta.

A rede de estaes de superfcie alocada na rea impossibilita a elaborao de um estudo microclimtico, nica escala capaz de indicar impactos diretos das obras previstas. Indubitavelmente, os possveis impactos na dinmica atmosfrica da rea sero indiretos, relacionados a mudanas na cobertura do terreno. Em empreendimentos rodovirios, em que a rea de Influncia Direta restringe-se a uma faixa de um ou dois quilmetros, seriam necessrios registros meteorolgicos com grande detalhe, inexistentes em todo o Brasil e de invivel implementao no escopo de um estudo de impacto ambiental.

Metodologia

Em um estudo climatolgico, sempre tarefa complexa delimitar fisicamente uma rea de estudo. A natureza da atmosfera terrestre, fludo que circula em toda superfcie do planeta, a principal causa dessa dificuldade.

A fim de apresentar um diagnstico das condies climticas da rea onde esto localizados os trechos das rodovias a serem pavimentados, considerada rea de estudo deste trabalho toda a rea de Influncia Indireta do empreendimento.

Quanto dimenso temporal para a caracterizao pluviomtrica, adotou-se o perodo 1983-1996. A carncia de informaes qualificadas na rea foi o principal fator para a escolha desse perodo: dentro dele que se obtiveram sries contnuas, consistidas e com pelo menos dez anos. Para se chegar at a seleo final, foram avaliadas as sries de aproximadamente 50 postos a partir da base de dados da ANA (2002), e desses foram selecionados oito postos pluviomtricos para a anlise da precipitao, dos quais a localizao pode ser vista no Volume V, Apndice Clima, Figura 1 Postos Pluviomtricos. O conceito de clima utilizado foi o proposto por SORRE (1951), que definiu clima como a sucesso habitual dos estados da atmosfera sobre uma determinada rea. Essa sucesso uma resposta aos processos de troca de energia e matria entre a superfcie e a atmosfera.

A descrio e a interpretao dos dados meteorolgicos e climatolgicos permitem compreender os controles climticos atuantes e classificar os diferentes tipos climticos. Foram utilizadas fontes secundrias, como as informaes climatolgicas do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) (DNMET, 1992), do Projeto RADAMBRASIL (BRASIL, 1975, 1976 e 1980) e da Agncia Nacional das guas (ANA, 2002).

A partir dos dados levantados, foi realizado o tratamento estatstico. Em termos de manipulao, foram efetuados os clculos de mdias, amplitudes e extremos. Os dados foram sintetizados em quadros ou dispostos espacialmente. Foram utilizadas tcnicas de geoprocessamento para auxiliar na gerao das isoietas. Os processos foram supervisionados pela equipe e seus resultados encontram-se na seqncia do trabalho. Foram interpoladas isoietas anuais, de janeiro e julho, a partir das respectivas mdias dos dados da ANA (2002) dentro do perodo de anlise (1983-1996).

Com o objetivo de verificar as condies dos postos pluviomtricos e da Estao Climatolgica de Itaituba-PA, foi realizada uma inspeo de campo percorrendo os trechos rodovirios de sul para norte. Essa inspeo serviu tambm para conhecer os responsveis pela estao climatolgica e os observadores dos postos pluviomtricos. Durante o percurso, os tcnicos fizeram uma visualizao da paisagem, buscando subsdios para uma melhor classificao climtica da regio e para uma identificao de reas onde os processos atmosfricos gerem conseqncias paisagem regional.

A Regio Norte do Brasil, onde est inserida a rea de estudo, apresenta a mais baixa densidade de postos e estaes meteorolgicas do Pas. Dentro da AII, em uma rea de aproximadamente 72.793 km2, equivalente a pouco mais de trs vezes o Estado de Sergipe, existe apenas uma Estao Climatolgica Principal do INMET, em Itaituba-PA. Sendo assim, o estudo foi dividido entre a anlise descritiva dos dados termopluviomtricos de Itaituba, da Base Area do Cachimbo e de postos pluviomtricos selecionados da ANA. No Volume V, Apndice Clima, Figura 1 Postos Pluviomtricos, pode ser visualizada a localizao dos postos pluviomtricos selecionados para o estudo.

Diagnstico

A situao da rea de Influncia Indireta, em termos de circulao geral da troposfera, oferece a primeira caracterstica para a compreenso dos seus diferentes climas. Localizada nas adjacncias do Equador geogrfico, a AII estende-se dos 340' S aos 0930' S. A amplitude latitudinal de quase 6, na transio da zona equatorial para a tropical, um importante fator no entendimento da dinmica atmosfrica regional.

Esse balizamento relevante, considerando o balano global de radiao, causa maior da circulao atmosfrica, que define os climas em nvel planetrio. Em termos regionais, dentro da rea, alm da latitude, as massas de ar e a cobertura do terreno (destacadamente a presena da Floresta Amaznica) tm papel decisivo na elaborao dos quadros mesoclimticos.

As massas de ar que atuam na vertente atlntica da Amrica do Sul participam da circulao sobre a rea. Merecem destaque as massas Tropical martima (mT), Equatorial continental (cE) e Equatorial martima (mE), bem como a descontinuidade atmosfrica que marca o encontro dos Alsios do Hemisfrio Sul e do Hemisfrio Norte, denominada Convergncia Intertropical (CIT). A massa Polar martima (mP) tem atuao reduzida a eventos isolados no inverno, sobremaneira no SW da Amaznia, sendo mais rara sua penetrao pelo norte mato-grossense. A sucesso desses sistemas determina os tipos de tempo e os climas existentes na AII.

A condio tropical que predomina na regio, com baixos gradientes trmicos no interior das massas de ar com atuao mais destacada ao longo do ano (mT e cE), tem como resposta a baixa velocidade mdia dos ventos.

A circulao do ar em superfcie, na rea de estudo, controlada pelas massas de ar que atuam na regio. Em termos regionais, as direes predominantes dos ventos responde s massas de ar conforme descrito a seguir (NIMER, 1989):

-cE ventos de oeste a noroeste, situao ocorrente no fim do vero e incio do outono;

-mT ventos de leste a nordeste, de ocorrncia anual, com destaque ao inverno;

-CIT ventos de norte, na passagem da CIT, no incio e meados do vero;

-mP ventos de sul, situao rara, de ocorrncia hibernal, gerando a friagem.

Localmente, entretanto, a formao de pequenos ciclones ou linhas de instabilidade pode gerar aguaceiros e trovoadas com ventos mais fortes associados. Essas situaes caracterizam-se por uma rpida evoluo, em geral no fim da tarde, quando a superfcie j liberou muita energia atmosfera. Em um dado ponto (i.e. um posto de observao meteorolgica), no haver um padro direcional de vento associado, uma vez que essas ocorrncias so localizadas e com raio de abrangncia de poucos quilmetros. Dessa forma, elas podem no ser captadas pelo posto ou, se o forem, a sua entrada e evoluo podem ocorrer a partir de qualquer quadrante, sem o estabelecimento de um padro especfico identificvel pelos sistemas de observao.

A importncia de todos esses fatores pode ser avaliada atravs dos dados da rede de observao hidrometeorolgica/climatolgica. A avaliao dos dados obtidos, corroborada pela bibliografia consultada (BRASIL, 1976 e 1980; NIMER, 1989; ANDRADE, 1972; IBGE, 2000), demonstra que a pluviosidade o elemento climtico com variao mais significativa na rea. A temperatura apresenta um comportamento tipicamente equatorial-tropical, com baixa amplitude anual (Figura 5.1.1).

Figura 5.1.1 - Diagrama termopluviomtrico de Itaituba (DNMET, 1992) e da Base Area do Cachimbo (BRASIL, 1980).

A amplitude trmica anual de 2C e a inexistncia de um perodo seco (determinado a partir da veracidade da relao emprica P2t, onde P= precipitao mensal em mm e t = temperatura mdia mensal em C) caracterizam um clima equatorial mido em Itaituba. O diagrama (Figura 5.1.1) foi construdo a partir das normais 1961-90 do INMET, mas os dados relativos Itaituba restringem-se a 1971-90. A temperatura mdia mensal apresenta menor valor em fevereiro (25,8C) e maior em outubro (27,8C). A caracterstica tropical complementar amplitude trmica anual a diria, que excede em muito quela, podendo chegar a valores na casa dos 10C (SIOLI, 1985).

As duas passagens zenitais do Sol acontecem em maro e outubro, demonstrando que o domnio do ar cE e mT que comanda o regime trmico, e no a insolao. Outra evidncia observvel atravs do exame das temperaturas mximas e mnimas absolutas. A primeira tem seu pico em 38C (pouco mais de 10C acima da mdia de outubro), ao passo que a segunda tem seu menor valor em novembro, quando foi registrado 17,2C, indicando que as incurses da massa mP ocorrem raramente e, quando ocorrem, o ar polar j se encontra tropicalizado. Segundo o esquema classificatrio de Kppen, as informaes do INMET apontam, em Itaituba, para a variedade climtica Af, isto , clima de selva.

Todavia, a situao regional, de acordo com os mapeamentos consultados (IBGE, 2000; ANDRADE, 1972), indica um tipo monsnico (Aw) com chuvas concentradas no vero. A prpria cobertura vegetal primitiva (IBGE, 2000) mostra que a rea de transio entre a Floresta Ombrfila Densa (tpica de climas Af) e Aberta (de climas Am e Aw). O fato mais relevante que so recolhidos mais de 1.900 mm de chuva anualmente, e aproximadamente 40% desse total concentra-se no vero.

Na Base Area do Cachimbo, a temperatura apresenta comportamento anual similar ao de Itaituba, deixando precipitao a diferena marcante (Figura 5.1.1), caracterizando um perodo de seca entre os meses de junho e agosto. Situada no extremo sul da rea de estudo, a 570 quilmetros de Itaituba, a precipitao indica que nessa regio a transio entre o domnio dos climas Equatoriais e Tropicais (Am ou Af para Aw), indicando um clima de Savanas - Aw. A vegetao original um misto de Savana e Floresta Ombrfila, conseqncia tanto das condies edficas do Complexo do Cachimbo quanto da dinmica atmosfrica regional.

A gua e sua importncia climtica regional

As caractersticas trmicas de toda rea so homogneas na escala a que se destina o presente estudo. So as variveis relativas dinmica da gua, no seu trnsito superfcie-atmosfera, que mostram variao significativa.

Alm de ser a chave de diferenciao climtica na rea de Influncia Indireta, a gua tem relevncia capital tambm na estruturao do espao regional, nas atividades agrcolas e extrativistas e at mesmo nas condies de transporte, tanto fluvial - muito usado na regio - quanto terrestre, inviabilizando-o em vrias situaes. A existncia de um perodo mais pluvioso fator importante a considerar-se no planejamento de empreendimentos rodovirios.

A Figura 2, a Figura 3 e a Figura 4, Apndice Clima, Volume V, mostram, respectivamente, as isoietas anuais, as de janeiro e as de julho. A Figura 5, Apndice Clima, Volume V, apresenta os grficos com as concentraes sazonais (percentuais) da precipitao.

Foi empreendida a anlise da tendncia dos totais interanuais dos postos pluviomtricos selecionados, dentro da srie 1983-96. Apenas os postos 254005 e 455004 do extremo norte da rea apontaram tendncia de diminuio dos totais anuais de chuvas. Os seis postos restantes apresentaram tendncia de aumento nos totais anuais recolhidos.

As imagens de satlite analisadas indicam que o entorno de todos os postos encontra-se com a cobertura do terreno alterada, verificando-se solos expostos, em preparo ou cultivados. As duas excees so o posto 1057001, no extremo sudoeste, cuja rea no foi coberta pelas imagens do Projeto, e o posto 555000, no centro norte, cuja cobertura vegetal encontra-se razoavelmente mantida. Cabe frisar que se assume amplamente que a retirada da cobertura vegetal original redundaria em quedas nos totais de chuvas (e.g. LAURANCE et al., 2002). Os dois principais mecanismos geradores de precipitao pluviomtrica da regio so a passagem da CIT e a dinmica da massa cE. A primeira responde principalmente pela declinao solar, ao passo que a segunda, pela insolao e interao superfcie-atmosfera. justamente nesse caso que o impacto da supresso da Floresta poderia induzir a decrscimos pluviomtricos. Todavia, o oeste da Amaznia (a regio fonte da massa cE) a sua rea mais preservada, permitindo, dessa forma, que suas caractersticas de alta temperatura e umidade se mantenham. Por fim, deve-se lembrar que as sries estudadas apresentam a extenso mnima para anlise macroclimtica (em torno de 10 anos) e que a interao superfcie-atmosfera amaznica ainda no bem conhecida.

Um importante controle da precipitao na rea a temperatura superficial das guas do Pacfico Oriental Equatorial. Seu aquecimento gera o fenmeno chamado El Nio, e seu resfriamento, La Nia. Para o Norte do Brasil as conseqncias so, respectivamente, diminuio e aumento das precipitaes (INPE, 2002). Cabe lembrar que os anos secos apresentam condies mais favorveis para a ocorrncia e difuso de queimadas (item 5.3.5. - Vulnerabilidade ao fogo deste EIA).

Em todos os postos estudados, o ano mais seco (i.e., com menor total anual de chuva) foi aquele em que se observou um evento de El Nio moderado ou forte. Nessa situao, os totais variaram na ordem de 1.250 a 1.650 mm/ano, bem abaixo das mdias apuradas, que oscilam entre aproximadamente 1.900 a 2.300 mm/ano. Outra constatao importante refere-se intensidade do perodo seco, que nos anos de El Nio maior. Tal questo pode ser bem avaliada na poro norte da rea (postos 555000, 556000, 455044 e 254005), onde os registros de precipitao igual a zero em julho e agosto acontecem co mais frequncia em anos de El Nio. No sul da rea, essa ocorrncia no anormal, mas o que se observa uma reduo nos totais de chuvas de inverno, sendo os menores valores encontrados em anos de El Nio forte ou moderado.

Com relao ao fenmeno inverso, La Nia, o padro oposto. Os anos com os maiores totais anuais so aqueles em que ocorre o fenmeno, e freqente a ocorrncia de totais pluviomtricos de vero acima das normais.

Na poro norte, o perodo com maiores totais pluviomtricos vai de janeiro at abril. Os menores totais acontecem no meio do ano, entre junho e agosto. No sul, o perodo de chuvas ocorre entre dezembro e maro, e o seco, em junho-julho. A Figura 5, Apndice Clima, Volume V, mostra a distribuio sazonal da precipitao nos postos selecionados, onde se observa a concentrao das chuvas no vero, sempre na casa dos 40%, sendo que apenas no posto 556000 o valor cai para 38%.

Essa dinmica coordenada pela posio da CIT e pela alternncia do ar cE e mT. O primeiro carregado de umidade, resultante de sua gnese e seu amadurecimento processarem-se sobre o ncleo da floresta amaznica, levando abundantes chuvas, na forma de aguaceiros de final de tarde, por onde passa. Esse regime pluvial favorece a ocorrncia de processos erosivos em reas com solo exposto.

A CIT induz ocorrncia de aguaceiros nos moldes da massa cE, com a diferena de que ela passa pela rea no fim do vero, com atuao marcada na poro norte. A massa tropical, por seu turno, origina-se sobre o Atlntico - importante fonte de umidade - mas estvel, seja pela subsidncia da Alta Subtropical que a sustenta, seja pelo esfriamento relativo do continente (Brasil Centro-norte) no inverno. No sul da rea, pode-se sentir intensamente a presena do ar mT no inverno, aproximando-a dum clima de savana.

O exame das isoietas confirma o padro concentrado das chuvas no vero e expe o relativamente complexo padro espacial das chuvas. Nesse sentido, as Figuras 2, 3 e 4, Apndice Clima, Volume V, mostram as isoietas das mdias anuais, de janeiro e julho. Julho o ms com as menores alturas de precipitao recolhida em toda rea, a exceo dos postos 254005, 455004 (perde para agosto por 0,5 mm) e 1055001 (3,5 mm a mais que junho). O pice das chuvas ocorre em janeiro nos postos do norte, incluindo a o 655001 e excluindo o 556000; no sul, janeiro o ms mais chuvoso, exceto no posto 1057001, onde as precipitaes de dezembro excedem as de janeiro em 4,96 mm. A rea corta o setor amaznico que NIMER (1989) e MORAES et al. (2002) qualificaram como corredor menos chuvoso. SCHNEIDER et al. (2000) caracteriza essa rea como de transio (entre 1.800 e 2.200 mm/ano de chuva), entre a zona de pluviosidade seca (2.200 mm/ano de chuva). Percebe-se pelo exame das isoietas anuais que no oeste e noroeste ocorrem os maiores totais na rea, sendo que no extremo norte ocorrem os menores. As reas mais chuvosas so aquelas em que ocorre a sobreposio das chuvas ligadas CIT e massa cE. No norte, a atuao da massa cE mais limitada, e no oeste acontece a atuao tanto do ar cE quanto da CIT, incrementando os totais anuais de chuvas.

5.1.2 QUALIDADE DO AR

O presente item visa caracterizar a qualidade do ar e dar subsdios para futuros monitoramentos das condies atmosfricas nas reas de influncia da rodovia, considerando a presena, a distribuio espacial e os efeitos dos poluentes atmosfricos.

Um poluente atmosfrico pode ser definido como qualquer substncia que esteja no ar em concentraes altas o suficiente para produzir efeitos mensurveis e danosos em seres humanos, animais, plantas ou materiais. O poluente pode ser tanto de origem antropognica como proveniente de emisses naturais, como decomposio microbiana e de erupes vulcnicas, entre outras fontes (GONALVES, 1997).

O poluente atmosfrico, em qualquer forma de matria ou energia, cuja intensidade, quantidade, concentrao, perodo de exposio ou qualquer outra caracterstica que estiver em desacordo com os nveis estabelecidos pode tornar o ar:

imprprio, nocivo ou ofensivo sade;

inconveniente ao bem-estar pblico;

danoso aos materiais, fauna e flora;

prejudicial segurana, ao uso e gozo da propriedade a s atividades normais da comunidade.

Segundo LYONS (1990) e SEINFELD (1986), as substncias usualmente consideradas poluentes do ar podem ser classificadas como:

Material Particulado/Partculas em Suspenso: mistura de compostos em estado slido ou lquido;

Compostos de enxofre: xidos (SO2, SO3), gs sulfdrico (H2S), sulfatos (SO4 -2);

Monxidos de carbono;

Compostos de nitrognio (NO, NO2), amnia (NH3), cido ntrico (HNO3);

Compostos halogenados: cido clordrico (HCl), cido fluordrico (HF), cloretos, fluoretos;

Compostos orgnicos: hidrocarbonetos, lcoois, aldedos, cetonas, cidos orgnicos.

A seguir realizada uma breve descrio dos poluentes mais importantes relacionados as fontes mveis.

Material particulado

As partculas presentes na atmosfera so provenientes de fontes naturais, como vulces, aerossis marinhos e ao do vento sobre o solo, e de outras de carter antropognico, como a queima de combustveis fsseis, os processos industriais e o trfego rodovirio.

Nos ltimos anos, foi dedicada especial ateno aos efeitos das partculas presentes na atmosfera. As medies tradicionais de Partculas Totais em Suspenso (PTS) tm sido substitudas pela medio da frao PM10 (partculas com um dimetro aerodinmico inferior a 10 m), por serem essas as partculas que representam um maior risco para a sade (ELSOM, 1989; SEINFELD, 1986).

O material particulado ou aerossol atmosfrico constitudo pelas partculas slidas e lquidas em suspenso na atmosfera. As partculas inalveis (PM10) so definidas como partculas com dimetro aerodinmico menor que 10 m e so divididas em partculas grossas inalveis, com dimetro aerodinmico entre 2 e 10 m, e partculas finas, com dimetro aerodinmico menor que 2 m (SEINFELD, 1986).

Estudos recentes tm demonstrado a existncia de correlaes entre as variaes dos nveis dirios de PM10 produzidas por diversas fontes e os efeitos nocivos sade humana. Em muitas cidades, as PM10 so consideradas como um dos poluentes que mais causam preocupao, estando a sua ao relacionada com todos os tipos de problemas de sade, desde a irritao nasal e a tosse at a bronquite e a asma, podendo at mesmo levar morte (CERQUEIRA, 2000).

A capacidade do material particulado de aumentar os efeitos fisiolgicos dos gases presentes no ar um dos aspectos mais importantes a serem considerados. Os efeitos de uma mistura de material particulado e dixido de enxofre, por exemplo, so mais acentuados do que os provocados pela presena individualizada de cada um deles. Alm disso, pequenas partculas podem absorver o dixido de enxofre do ar e, com a gua (umidade do ar), formar partculas contendo cido, o que irrita o sistema respiratrio e pode danificar as clulas que o protegem.

Dixido de Enxofre

O enxofre liberado na queima de combustveis combina-se com o oxignio do ar e d origem ao dixido de enxofre (SO2), que, aps oxidao, pode ser transformado em trixido de enxofre. Na presena da umidade do ar, esse composto d origem ao cido sulfrico e seus respectivos sais, contribuindo desse modo para a formao de chuvas cidas, responsveis pela acidificao das guas e dos solos. O SO2 um gs incolor, muito solvel na gua, que pode ocorrer naturalmente na atmosfera, principalmente devido s atividades vulcnicas.

O SO2 de origem antropognica um poluente primrio. Resulta essencialmente da queima de combustveis fsseis, principalmente no setor da produo de energia, e de diversos processos industriais, podendo tambm ser emitido em pequenas quantidades, como, por exemplo, em veculos a diesel.

O gs irritante para as mucosas dos olhos e para as vias respiratrias, podendo ter, em concentraes elevadas, efeitos agudos e crnicos na sade humana, especialmente no aparelho respiratrio. O dixido de enxofre pode igualmente agravar os problemas cardiovasculares devido ao seu impacto na funo respiratria. A presena simultnea na atmosfera de dixido de enxofre e partculas pode evidenciar ou agravar os efeitos de doenas respiratrias crnicas ou aumentar o risco de doenas respiratrias agudas (SEINFIELD, 1998).

Concentraes elevadas de SO2 podem provocar alteraes nos processos metablicos das plantas, entre os quais destaca-se a reduo da taxa de crescimento e da taxa fotossinttica, especialmente quando combinadas com determinadas condies adversas, como as baixas temperaturas. Entre outros efeitos mais facilmente observveis destaca-se o aparecimento de necroses, bem como o aumento da sensibilidade ao gelo e aos parasitas. A sensibilidade dos diferentes tipos de organismos muito varivel, sendo os lquens os mais suscetveis.

Monxido de Carbono

Os efeitos da exposio dos seres humanos ao monxido de carbono so associados capacidade de transporte de oxignio pelo sangue. O monxido de carbono compete com o oxignio na combinao com a hemoglobina, uma vez que a afinidade da hemoglobina com o monxido de carbono cerca de 210 vezes maior do que com o oxignio. Quando uma molcula de hemoglobina recebe uma molcula de monxido de carbono forma-se a carboxihemoglobina, que diminui a capacidade do sangue de transportar oxignio aos tecidos do corpo.

O efeito da intoxicao por CO semelhante ao da anemia ou hipoxia. A maior parte das exposies a baixas concentraes de CO produz efeitos sobre o sistema nervoso central. Uma possvel explicao para isso a reduo do suprimento de oxignio para o crebro.

Acima de 1.000 ppm o CO altamente txico, podendo ser responsvel por ataques cardacos e elevada taxa de mortalidade. O CO abundante especialmente em reas metropolitanas. Em condies de exposio aguda, pode causar a morte.

A principal razo para o controle das emisses de CO est na proteo da sade e do desenvolvimento de crianas em perodo de gestao, de recm-nascidos, de idosos e de enfermos.

Metodologia

A abordagem adotada para o estudo da qualidade do ar envolve o diagnstico das condies atuais atravs da avaliao de condicionantes regionais, como as queimadas que freqentemente ocorrem no cerrado e florestas da Amrica do Sul durante a estao de seca, e o atual estado da rodovia, considerando o tipo de pavimento e o reduzido trfego rodovirio.

Os resultados das simulaes compreendem diferentes cenrios, embasados em caractersticas climticas representativas da regio.

Para a avaliao da qualidade do ar foi utilizado o modelo Industrial Source Complex Short Term (ISCST), recomendado pela Environmental Protect Agency (EPA, 1992) para avaliao de impactos ambientais, com nfase no efeito dos poluentes sade humana e ao meio ambiente.

No ms de agosto foi realizada uma campanha para amostragem de material particulado ao longo da BR-163 e da BR-230, no trecho referenciado neste estudo (Figura 5.1.8 e Mapa 2 - Amostragens, Anexo, Volume VI). As coletas do material particulado foram feitas utilizando holders com dimetro de 47 mm, filtros de policarbonato com 0,45 m e bombas vcuo com vazo operacional de 0,02 m3/min. O tempo total de amostragem foi de 24 horas, com exceo do ponto 6 na Vila Moraes de Almeida, que no tinha energia disponvel durante 24 horas. Nesse caso, a bomba ficou ligada somente 14 horas e 30 minutos.

Os equipamentos de coleta foram instalados nos pontos descritos abaixo:

Ponto 1 - Destacamento da Policia Militar da Serra do Cachimbo (Figura 5.1.2)

Coordenadas: 732.606 / 8.940.514

Ponto 2 - Cachoeira do Curu (Figura 5.1.3)

Coordenadas: 724.045 / 9.033.816

Ponto 3 - Castelo dos Sonhos Borracharia Central

Coordenadas: 709.082 / 9.080.396

Ponto 4 - Alvorada da Amaznia Posto Alvorada (Figura 5.1.4)

Coordenadas: 686.495 / 9.193.568

Ponto 5 - Novo Progresso Auto Posto Novo Progresso

Coordenadas: 675.650 / 9.221.640

Ponto 6 - Vila Moraes de Almeida Posto Eldorado

Coordenadas: 651.623 / 9.313.538

Ponto 7 - Trairo Comercial Leal (Figura 5.1.5)

Coordenadas: 611.470 / 9.480.324

Ponto 8 - Km 30 Hotel Restaurante Colonial (Figura 5.1.6)

Coordenadas: 634.890 / 9.519.596

Ponto 9 - Ruroplis Auto Posto Trevado Churrascaria e Peixaria Trevo (Figura 5.1.7)

Coordenadas: 731.940 / 9.547.156

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Figura 5.1.2 - Ponto 1 - Destacamento da Policia Militar da Serra do Cachimbo

Figura 5.1.3 - Ponto 2 - Cachoeira do Curu

Figura 5.1.4 - Ponto 4 - Alvorada da Amaznia Posto Alvorada

Figura 5.1.5 - Ponto 7 - Trairo Comercial Leal

Figura 5.1.6 - Ponto 8 - Km 30 Hotel Restaurante Colonial

Figura 5.1.7 - Ponto 9 - Ruroplis Auto Posto Trevado Churrascaria e Peixaria Trevo

Figura 5.1.8 - Localizao dos pontos de coleta do material particulado na BR-163, em coordenadas UTM.

Padres de qualidade do ar

A pureza do ar monitorada segundo padres de qualidade estabelecidos na legislao em funo da quantidade de partculas em suspenso ou das quantidades de dixido de enxofre, de monxido de carbono ou de oxidantes fotoqumicos presentes no ar, medidos em microgramas por metro cbico em um determinado tempo.

O Programa Nacional de Controle da Qualidade do Ar (PRONAR) tem por objetivo a melhoria da qualidade do ar mediante o atendimento dos padres estabelecidos e o no comprometimento da qualidade do ar em reas consideradas no degradadas, tendo como estratgia bsica limitar, em nvel nacional, as emisses por tipologia de fontes e poluentes prioritrios, reservando o uso dos padres de qualidade do ar como ao complementar.

O PRONAR estabeleceu dois tipos de padres de qualidade do ar: o primrio e o secundrio (Quadro 5.1.1). Esses padres foram oficialmente definidos pela Resoluo do CONAMA n( 03 de 28/06/90 (Quadro 5.1.2).

Quadro 5.1.1 - Padres da qualidade do ar.

Tipo de padroCaractersticas

PrimrioSo as concentraes de poluentes atmosfricos que, quando ultrapassadas, podero afetar a sade da populao, bem como a fauna, a flora, os materiais e o meio ambiente em geral. Podem ser entendidos como nveis mximos tolerveis.

SecundrioSo as concentraes de poluentes atmosfricos abaixo das quais se prev o mnimo efeito adverso sobre o bem-estar da populao, assim como o mnimo dano fauna e flora, aos materiais e ao meio ambiente em geral, podendo ser entendidos como nveis desejados, constituindo-se em meta de longo prazo.

Quadro 5.1.2 - Padres nacionais da qualidade do ar (Resoluo CONAMA n. 03 de 28/06/90).

PoluentesPadro Primrio

(g/m3Padro secundrio

(g/m3Tempo de AmostragemMtodos de medio

Partculas totais em suspenso240*(c) - 80**150(c), 6024 horas anual (a)Amostradores de grandes volumes (Hi-Vol)

Dixido de enxofre385 *(c) ((365))

80***100(c), 4024 horas anual (b)Pararrosanlina ou Pararosanlina

Monxido de carbono40.000 (35ppm):*(c)

10.000 (9ppm): ## (c)40.000 (c)

10.000 (c)1 hora - 8 horasInfravermelho no dispersivo

Oznio160 # (c)160 (c)1 horaQuimiluminescncia

Fumaa150(c); 60100(c), 4024 horas anual(b)Refletncia

Partculas inalveis150 *(c); 50 ***150(c), 5024 horas anual(b)Amostrador de particulados. Finos e grossos. Separao inercial/filtrao

Dixido de nitrognio @320 #; 100***190, 1001 hora anual (b)Quimiluminescncia

#concentrao mxima em 1 hora

##concentrao mxima em 8 horas

*concentrao mxima diria

**concentrao mdia geomtrica anual

***concentrao mdia aritmtica anual

@ apenas este parmetro pode ser excedido mais de uma vez ao ano(a) mdia geomtrica

(b) mdia aritmtica

(c) no deve ser excedido mais do que uma vez por ano.

O Programa de Controle da Poluio do Ar por Veculos Automotores (PROCONVE), aprovado pela Resoluo n( 18/86 do CONAMA, estabelece os limites de poluio para veculos leves novos, conforme pode ser observado no Quadro 5.1.3. Esses limites eram progressivamente mais restritivos at o ano de 1997. Devido a esse programa, os automveis mais novos tiveram suas emisses reduzidas em mais de 90%, entre 1989 e 1997.

Quadro 5.1.3 - Limites mximos de emisses para veculos leves novos, segundo PROCONVE.

AnoCO (g/km)HC (g/km)NOx (g/km)MP (2) (g/km)

89-91242,12-

92-96242,12-

92-93121,21,4-

Mar/94121,21,40,05

Jan/9720,30,60,05

Os carros a lcool e a gasolina so importantes fontes emissoras de monxido de carbono (CO), xidos de nitrognio (NOx) e hidrocarbonetos (HC), enquanto que os veculos com motores de ciclo diesel, em especial os caminhes e nibus, so importantes emissores de xidos de nitrognio (NOx) e material particulado, alm de, em menor grau, monxido de carbono (CO) e hidrocarbonetos (HC).

A emisso de poluentes atmosfricos pelas fontes estacionrias e mveis de uma rea ou regio associada s caractersticas topogrficas e meteorolgicas determina os nveis de qualidade do ar da mesma rea ou regio, o que, em conseqncia, determina os possveis efeitos adversos da poluio do ar sobre os receptores, que podem ser o homem, os animais, as plantas e os materiais em geral (SEINFIED, 1986).

Uma grande preocupao em relao emisso de gases txicos e ao comprometimento da qualidade do ar na regio diz respeito s queimadas. Uma queimada pode ocorrer por razes naturais ou por iniciativa humana. Naturalmente, uma queimada pode ocorrer devido fatores climticos, por exemplo grandes perodos sem precipitao associados a uma ignio espontnea de um relmpago. Artificialmente, uma queimada pode ser produzida por motivos econmicos, como para a prtica da agricultura ou da pecuria.

A emisso de poluentes devido s queimadas causa vrios efeitos intensos ao equilbrio climtico do planeta. Alm do dixido de carbono (CO2), ocorre emisso de metano (CH4) e xido nitroso (N2O), gases que podem aumentar o efeito estufa. Na presena de radiao solar e altas concentraes de xidos de nitrognio (NOx), a oxidao de monxido de carbono (CO) e hidrocarbonetos acompanhada da formao de oznio (O3), outro gs relacionado ao efeito estufa.

A emisso de poluentes que possuem um tempo de residncia na atmosfera da ordem de uma semana (KAUFMAN, 1995), durante a estao seca, gera uma espessa camada de fumaa sobre as regies Norte e Centro-Oeste do Brasil. As altas temperaturas envolvidas na fase de combusto e a ocorrncia de circulaes convectivas midas associadas favorecem os movimentos convectivos ascendentes e podem ser responsveis pela elevao de poluentes at a troposfera, onde podem ser transportados para regies muito distantes das fontes emissoras.

Em WARD et al. (1992) so apresentados dados dos principais compostos emitidos em queimadas no Cerrado do Brasil Central e na Floresta Amaznica. Essas observaes foram realizadas durante o perodo do experimento BASE-B (Biomass Burning Airborn and Spaceborne - Brazil), conduzido durante os meses de agosto e setembro do ano de 1990 numa rea de cerrado prxima Braslia e numa rea de floresta prxima Marab.

Atravs de medidas de concentrao de material particulado (MP), dixido de carbono (CO2) e monxido de carbono (CO) foram estimados os fatores de emisso desses compostos nessas reas. O fator de emisso um nmero que fornece diretamente a quantidade de emisso de um determinado composto qumico em funo da quantidade de biomassa queimada. WARD et al., (1992) constataram que o cerrado em geral emite aproximadamente 1.700 g de CO2 por kg de biomassa queimada e 50 a 70 g de CO por kg de biomassa queimada, enquanto que a floresta emite entre 1.500 a 1.700 g de CO2 e de 100 a 150 g de CO por kg de biomassa queimada. Os valores relacionados ao material particulado so de 4,4 g de MP por kg de biomassa queimada para o cerrado e de 10 g de MP por kg de biomassa queimada.

FEREK et al. (1996) apresentam resultados de fatores de medidas de emisso para CO e CO2 realizadas a bordo do avio C-131, durante o experimento SCAR-B. O estudo foi realizado para a mesma rea de floresta e de cerrado. Em reas de floresta foram obtidos valores de emisso com mdias da ordem de 1.674 g e 70 g de CO2 e CO, respectivamente. Para o cerrado so reportados valores mdios em torno de 1.700 g e 66 g de CO2 e CO. Esses valores so coerentes com os apresentados em WARD et al. (1992).

KAUFMAN et al. (1992) apresentam fatores de emisses para MP, CO e CO2 obtidos atravs do experimento BASE-A (Biomass Burning Airborn and Spaceborne Amaznia), realizado na regio da Amaznia em setembro de 1989. Em rea de Cerrado esses valores so da ordem de 1.783 g de CO2, 24 g de CO e 4 g de MP por kg de biomassa queimada. Em trs regies distintas de florestas obteve-se 1.666, 1.741 e 1.585 g/kg de CO2; 98, 47 e 121 g/kg para CO, e 5 e 16 g/kg para MP.

Alm das queimadas, o trfego na BR-163 e na BR-230 responsvel pela deteriorao da qualidade do ar, pois propicia a emisso de material particulado, o que ocorre devido falta de pavimentao.

A qualidade do ar de uma regio influenciada diretamente pelos nveis de poluio atmosfrica, os quais esto vinculados a um complexo sistema de fontes emissoras estacionrias (indstrias, queimadas, emisses naturais, etc.) e mveis (veculos automotores, avies, trens, etc.). A magnitude do lanamento dessas emisses, seu transporte e diluio na atmosfera determinam o estado atual da qualidade do ar atmosfrico.

Na rea de estudo no h registros de instalao de estaes de qualidade do ar prximo ou junto rodovia BR-163.

Diagnstico da rea de Influncia Indireta

A qualidade do ar nas reas de influncia da BR-163 e da BR-230 depende das emisses de contaminantes constantes no decorrer do ano e de aspectos climticos e meteorolgicos que influenciam as condies de disperso dos contaminantes atmosfricos. Os principais parmetros meteorolgicos locais que favorecem os elevados ndices de poluio do ar so:

alta porcentagem de calmaria;

direo predominante dos ventos;

ventos fracos;

baixa freqncia de precipitao pluviomtrica em alguns perodos do ano.

De maneira geral, pode-se afirmar que a circulao atmosfrica nos estados do Mato Grosso e Par afetada basicamente pelo deslocamento da zona de convergncia intertropical, que provoca chuvas durante o perodo de outubro a maio e seca de junho a setembro. Uma outra caracterstica o sistema de alta presso que atua constantemente sobre a regio. Esse sistema o responsvel pela predominncia do vento leste/nordeste, bem como pela grande umidade verificada na regio. A proximidade do Oceano Atlntico a leste e a presena de grandes reas de florestas e pastagens so os fatores geogrficos que influenciam o "caminho dos ventos" na rea de estudo.

Os ventos em baixos nveis na regio em estudo apresentam caractersticas interessantes (KAIANO, 1979). De maio a agosto existe a componente zonal mxima de leste e a componente meridional positiva, prevalecendo ventos de sudeste, enquanto que de dezembro a maro predominam os ventos de nordeste. Essa mudana sazonal da direo do vento est relacionada com o deslocamento meridional do cavado equatorial (regio de presses menores entre as regies de altas subtropicais na superfcie). Na superfcie, nos meses de dezembro a maro, o centro de baixa presso localizado na regio da Bolvia favorece um deslocamento para sul do cavado equatorial, ocasionando assim os ventos de nordeste, observados nos baixos nveis durante esse perodo. Tal orientao da direo dos ventos facilita a entrada de umidade de regies ocenicas para a Amaznia.

Por outro lado, de maio a agosto, o cavado equatorial situa-se mais ao norte, de forma que a circulao dos baixos nveis influenciada pelos alsios do Hemisfrio Sul, resultando nos ventos de sudeste.

A temperatura tambm mostra variaes sazonais. Nos baixos nveis, os menores valores de temperatura observados so de janeiro a abril, causados pela alta precipitao e nebulosidade existentes nesse perodo. Os mximos valores de temperatura ocorrem em perodos em que o sistema de alta presso localiza-se sobre a regio central da Amaznia.

As variaes sazonais de umidade relativa tambm esto relacionadas com o deslocamento do sistema de alta presso, obtendo maiores valores no perodo compreendido entre fevereiro e abril e menores valores no perodo de agosto a outubro.

Pode-se dizer que o perodo de outubro a abril, estao das chuvas, favorvel disperso de poluentes devido grande instabilidade atmosfrica. Por outro lado, o perodo compreendido entre maio e setembro, estao da seca, considerado crtico em virtude da grande estabilidade atmosfrica, da reduo das chuvas e da presena de fatores que dificultam a disperso de poluentes.

A presena constante no perodo de seca de um sistema de alta presso (anticiclone) sobre a regio de estudo um fator desfavorvel disperso de poluentes, com atuao de ventos fracos e formao de inverses trmicas muito prximas superfcie. O contrrio ocorre quando um sistema frontal chega regio, instabilizando a atmosfera e aumentando a ventilao, deslocando a massa de ar poluda da regio para locais distantes e conseqentemente atingindo a superfcie com concentraes menores.

Diagnstico da rea de Influncia Direta

Com base nos resultados das anlises de laboratrio para MP dos pontos amostrados na campanha de agosto de 2002 foi gerado um grfico (Figura 5.1.9), no qual pode-se constatar que trs pontos ficaram acima do valor primrio de qualidade do ar (Ponto 3 Castelo dos Sonhos, Ponto 5 Novo Progresso, Ponto 6 Vila Moraes de Almeida) e cinco pontos ultrapassaram os valores do padro secundrio de qualidade do ar (Ponto 1- Serra do Cachimbo, Ponto 2- Cachoeira do Curu, Ponto 4 Alvorada da Amaznia, Ponto 7 Trairo, Ponto 9- Ruroplis). Somente um ponto ficou dentro dos padres permitidos (Ponto 8 Km 30).

Figura 5.1.9 - Grfico de concentrao de material particulado.

Quadro 5.1.4 - Resultados das concentraes de material particulado em cada ponto de coleta, com o respectivo ndice de qualidade do ar.

Pontos de coletasConcentrao (g/m3)ndiceQualidade

Ponto 1200.551-100Regular

Ponto 2171.351-100Regular

Ponto 3394.4200-299M

Ponto 4234.451-100Regular

Ponto 5309.3101-199Inadequada

Ponto 6396.3101-199M

Ponto 7198.351-100Regular

Ponto 8143.251-100Regular

Ponto 9208.951-100Regular

Os ndices, at a classificao regular, atendem os Padres de Qualidade do Ar Primrios, estabelecidos pela Resoluo CONAMA 03, de 28/06/1990.

Em dois pontos os valores de concentrao estavam acima dos padres de qualidade, com classificao m (muito insalubre), que est acima do nvel de ateno. Um ponto recebeu classificao de qualidade inadequada (insalubre para grupos sensveis).

Diante dos resultados obtidos, possvel constatar que os maiores valores de concentrao do material particulado foram encontrados nos locais onde os equipamentos foram instalados no lado oeste da BR-163, devido direo predominante dos ventos da regio em estudo, que de leste.

A presso variou de 1011 mb a 1013 mb. A temperatura esteve sempre acima de 30 C, e a umidade relativa no ultrapassou 55%, devido poca de seca.

Observou-se que em apenas um dos pontos onde foi feita a amostragem os valores de concentrao do material particulado ficaram dentro dos padres permitidos, no prejudicando a sade da populao, a flora e a fauna.

Um dos fatores que podem ser destacados para entender os elevados valores de concentrao o intenso trfego de caminhes na rodovia, que faz com que a poeira fique em suspenso no ar, podendo causar efeitos significativos em pessoas com doenas pulmonares, como asma e bronquite.

O alto ndice de concentrao pode causar ao meio ambiente em geral danos na vegetao, reduo da visibilidade e contaminao do solo.

O ponto de amostragem 6 o mais crtico, visto que apresentou o maior valor de concentrao de todo perodo de estudo. Nenhum dos pontos amostrados obteve boa qualidade do ar.

5.1.3 GEOLOGIA

A regio dos estudos caracteriza-se pela ocorrncia de litologias de diferentes idades, recobertas muitas vezes por mantos de alterao de espessuras variadas, o que dificulta, em muito, a visualizao de afloramentos in situ. Alm disso, as severas condies climticas da regio fomentam uma elevada alterao intemprica das rochas, no sendo comum as ocorrncias de afloramentos de rocha s.

Sob o ponto de vista geolgico, a rea no apresenta uma grande variao de unidades litolgicas, estando as rochas gneas do embasamento e as sedimentares bem definidas em termos de domnios de ocorrncia. De forma geral, os contatos so determinados pela topografia, sendo que as litologias sedimentares ocorrem em pores mais elevadas.

O mapeamento geolgico tem como objetivo fornecer informaes referentes s unidades ocorrentes na rea de influncia, visando estabelecer os impactos ambientais passveis de ocorrerem em virtude das obras serem executadas.

Uma avaliao geolgica completa envolveria um mapeamento de detalhe em uma ampla rea, abrangendo estudos geofsicos, coleta de amostras para laminao e descrio em microscpio tico, coleta de sedimentos fluviais para anlise granulomtrica e outros estudos. Porm, dentro do escopo dos servios, no se faz necessria uma abordagem desse tipo, sendo o mapeamento da rea de implantao do empreendimento plenamente suficiente para o alcance dos objetivos almejados.

Metodologia

Para a execuo das tarefas de mapeamento geolgico, realizadas durante o ms de junho de 2002, tornou-se necessria a utilizao de diversos mtodos de estudo, incluindo o uso de instrumentos, visando facilitar o processo de caracterizao da regio. Entre os equipamentos utilizados pode-se destacar o Global Positioning System (GPS), utilizado para a determinao das coordenadas geogrficas dos pontos de interesse, e a bssola, com a qual torna-se possvel, alm da orientao geogrfica, a medio das estruturas geolgicas. Alm desses intruentos foi fundamental a utilizao do mapa geolgico escala 1:1.000.000 do Projeto RADAMBRASIL (BRASIL Departamento Nacional de Produo Mineral, 1975, 1976 e 1980), visando correlacionar previamente as unidades mapeadas em campo com aquelas determinadas em mbito regional.

Um mtodo importante para a caracterizao do contexto estrutural da regio foi a tomada de atitudes das principais estruturas e planos de fraqueza das rochas, tais como fraturas e estruturas sedimentares primrias, atravs da utilizao da tcnica da mo esquerda. Essa tcnica consiste na determinao da direo de mergulho do plano e, com o polegar fazendo um ngulo de 90 com os demais dedos e apontado para este, determina-se a direo da estrutura. Com a bssola, ento, medem-se os respectivos planos.

A coleta de amostras e posterior anlise em lupa permitiu a caracterizao mineralgica e textural das rochas. Os minerais formadores das rochas gneas do embasamento foram quantificados e transportados para o sistema QAPF (quartzo, feldspato alcalino, plagioclsio e feldspatide), possibilitando, assim, uma correta caracterizao da litologia.

importante salientar que o mapeamento foi feito exclusivamente ao longo da estrada, no tendo sido traados transectos a partir do eixo para determinao das litologias. Isso porque os principais afloramentos encontram-se em cortes de estrada e lajeados em sangas, sendo as pores externas faixa de domnio geralmente cobertas por mantos de alterao, dificultando a visualizao dos afloramentos. Excees se do em cavernas e reas de lavra mineral fora do eixo da estrada, tendo sido feitas visitaes quelas de maior facilidade de acesso e de maior importncia (possveis jazidas de emprstimo).

Todos os dados litolgicos e estruturais obtidos no mapeamento foram confrontados com aqueles existentes na bibliografia consultada, visando definir a relao espao-temporal das rochas, enquadrando-as em unidades estratigrficas previamente relacionadas. Tomou-se como base a classificao empregada no Projeto RADAMBRASIL, tendo sido adicionadas e englobadas no contexto adotado informaes de maior detalhe e, muitas vezes, de caracterizaes diferenciadas de outros autores e entidades, como a Companhia de Pesquisa e Recursos Minerais (CPRM). Todas as idades listadas e determinadas para cada perodo obedecem escala de tempo geolgico da Geological Society of America (1999).

Evoluo Geotectnica

A rea de localizao das rodovias encontra-se dividida em dois domnios principais: a BR-230, com eixo deslocado no sentido oeste-leste, est localizada na denominada Bacia Sedimentar do Amazonas, enquanto a BR-163, sentido sul-norte, desenvolve-se sobre o Escudo Cristalino Brasileiro, mais especificamente a Provncia Tapajs. A Figura 5.1.10 permite uma visualizao da compartimentao geolgica do Brasil.

Segundo Almeida et al. (1977), a Provncia Tapajs Cobre uma extenso de 1.670 km2, correspondendo poro do Crton Amaznico conhecido como Crton do Guapor. Sob o ponto de vista geomorfolgico, a provncia apresenta um relevo baixo, em geral inferior a 600 m de altitude mxima.

O Complexo Xingu abrange a maior parte das rochas de idade pr-Cambriana aflorantes na provncia, sendo predominantemente composto por gnaisses e migmatitos de fcies anfibolito a granulito, ocorrendo, subordinadamente, anfibolitos, quarzitos, xistos e outras litologias metassedimentares e metavulcnicas, bem como numerosos granitos e granodioritos intrusivos. Tem como trend predominante o sentido NW, sendo que, na extremidade oeste, predominam trends NNE-NE.

Figura 5.1.10 - Compartimentao geolgica do Brasil.Presume-se que as litologias do Complexo Xingu tenham idade superior a 2.5 Ga, sendo grande parte dos gnaisses e migmatitos interpretados como provenientes do metamorfismo de protlitos sedimentares no Ciclo Transamaznico (2,1 1,8 Ga, segundo BRITO NEVES et al., 1989).

Entre 1.70 e 1.45 Ga, as litologias da Provncia Tapajs foram afetadas por processos de falhamento, vulcanismo e plutonismo cratnico cido a intermedirio (Evento Paraense), gerando os riolitos, andesitos e piroclsticas do Grupo Uatum. Ocorreram, ainda, intruses granticas (mais comumente alcalinas), granodiorticas, diorticas, gabricas e sienticas, bem como intruses de diques de diabsio. Ainda neste perodo formaram-se as rochas sedimentares do Grupo Beneficente, ocorrentes na poro centro-norte da provncia. A intensa atividade das falhas condicionou a distribuio das rochas efusivas e intrusivas, assim como das bacias de sedimentao e a deformao das camadas nelas contidas, ocorrendo, em algumas coberturas sedimentares, um fraco metamorfismo.

Em eras recentes, com a definio dos sistemas fluviais da regio, iniciou-se a deposio dos sedimentos cenozicos, caracterizados por conglomerados, areias e sedimentos siltico-argilosos aluvionares.

Na Figura 5.1.11 apresentada a coluna estratigrfica da rea de influncia, sendo determinadas as ocorrncias das unidades listadas ao longo desta.

Figura 5.1.11 - Coluna estratigrfica das reas de influncia.

importante ressaltar que foram analisadas conjuntamente as publicaes da CPRM (KLEIN, 2000a e 2000b), as quais correspondem ao mapeamento das Folhas Caracol e Vila Riozinho, em escala 1:250.000. Esse trabalho apresenta conceitos novos e de maior detalhamento que os abordados pelo Projeto RADAMBRASIL, tendo sido, porm, utilizado meramente para efeitos de anlise comparativa. Esse fato explicado em decorrncia de o mapeamento abranger apenas uma parte da rea de influncia total, enquanto que o efetuado pelo Projeto RADAMBRASIL abrange a rea por completo.

Diagnstico da rea de Influncia Indireta

Ao longo da rea de Influncia Indireta ocorrem litologias gneas e sedimentares de diferentes idades, sendo muitas delas ocorrentes tambm na rea de Influncia Direta. Dessa forma, este item apresentar apenas aquelas com ocorrncia exclusiva na rea de Influncia Indireta pelo empreendimento, sendo as demais descritas em maior detalhe no item pertinente rea de Influncia Direta.

Granito Teles Pires

O Granito Teles Pires, pertencente ao Grupo Uatum, contemporneo Formao Iriri, ocorrente na rea de Influncia Direta do empreendimento. Datado do Pr-Cambriano Superior, abrange granitos, granfiros e microgranitos, tendo tendncia alasqutica. So subvulcnicos, cratognicos, exibindo feio circulares e eventual textura do tipo rapakiwi. Consiste em corpos intrusivos, correspondentes ao vulcanismo subseqente consolidao cratnica. Tem potencial para mineralizao de estanho, nibio, tntalo, ouro, zircnio e titnio.

Os corpos intrusivos so, em geral, pequenos e de forma arredondada, tendendo a localizar-se na poro sul da rea mapeada. So freqentes ao longo da Chapada do Cachimbo, no Estado do Mato Grosso, e nas proximidades do contato entre as rochas do embasamento (Complexo Xingu) e as litologias sedimentares do Grupo Beneficente, no extremo sul da BR-163, ainda no Estado do Par.

De acordo com os dados analisados, o granito Teles Pires fonte substancial de minrios, sendo potencialmente concentrador de garimpos de ouro e demais minerais listados. Pode ser estudada, ainda, sua utilizao como jazida de emprstimo para materiais de construo, em especial, quando alterado intempericamente, de saibro. Pela proximidade de ocorrncia em relao rodovia, deve ser interpretado como fonte meramente alternativa de material, visto que este pode ser plenamente fornecido por rochas ocorrentes em locais mais prximos rea de implantao da pavimentao.

Granito Maloquinha

Contemporneo ao Granito Teles Pires, abrange granitos e granodioritos com tendncia alasqutica, sendo, assim como o anterior, subvulcnicos, circulares e cratognicos. Localmente, so biotticos, tendo mineralizaes de estanho, ouro, nibio e tntalo.

Ocorrem como pequenos corpos circulares ao longo de praticamente todo o trecho da BR-163 desenvolvido sobre a Provncia Tapajs. Por vezes, tm seus limites determinados por fraturamentos NW-SE. Assim como o Granito Teles Pires, suas ocorrncias so favorveis implantao de garimpos e so passveis de utilizao no ramo da construo civil.

No mapeamento efetuado pela CPRM (KLEIN, 2000a e 2000b), este corpo intrusivo, bem como seus cogenticos (Granito Teles Pires, por exemplo), foram inseridos no contexto de Sute Intrusiva Maloquinha.

Grupo Urupadi

De idade neo-siluriana a meso-devoniana, mais comumente visualizado ao longo dos rios que atravessam a faixa de litologias paleozicas. Abrange as Formaes Trombetas, Maecuru e Erer, as quais so de difcil diferenciao entre si. Entretanto, de acordo com os dados analisados, infere-se que na rea de Influncia Direta ocorra apenas a Formao Maecuru (havendo, ainda, a possibilidade desta formao ter sido, ao longo do trecho da BR-230 compreendido entre os municpios de Miritituba e Rurpolis, confundida com a Formao Prosperana). Dessa forma, na rea de Influncia Indireta sero caracterizadas apenas as Formaes Erer e Trombetas, sendo a Formao Maecuru discutida em detalhe no diagnstico referente rea de Influncia Direta.

- Formao Trombetas

A Formao Trombetas engloba arenitos finos e micceos, folhelhos escuros e silexitos intercalados, tendo presena de pirita nodular. Tem contato discordante com o Complexo Cristalino, rochas do Grupo Uatum e sedimentares de cobertura (Formaes Gorotire e Prosperana). De acordo com suas caractersticas, como por exemplo, marcas de ondas e tubos de vermes ao longo dos estratos, interpretada como originria da deposio sedimentar atravs de um ciclo de transgresso marinha ocorrido no final do Ordoviciano.

No flanco sul, ocorre apenas o Membro Pitinga, formado por folhelhos escuros de pequena espessura. No flanco norte, alm da unidade referida, ocorrem os Membros Nhamund e Manacapuru, representados por grandes seqncias de arenitos. No que diz respeito ao contedo fossilfero, a Formao Trombetas tem ocorrncias comuns de Arthrophycys harlani e Climacograptus sp..

- Formao Erer

Arenitos e siltitos intercalados, de cor cinza e verde, laminados e argilosos, com contedo fossilfero, sendo reportadas ocorrncias de trilobitas (Dalmanites sp.) e braquipodos (Acrospirifer sp.), bem como esporos, chitinozorios, escolecodontes e acritarchas. Esta unidade tem contato concordante com a Formao Maecuru, tendo, em sua base, um conjunto de folhelhos de cor cinza escuro, slticos e micceos. O ambiente deposicional consiste em plancies de mar, em seu flanco norte, e sistemas flvio-deltaicos, no flanco sul.

Grupo Tapajs

O Grupo Tapajs consiste na seo pensilvaniana da Sinclise do Amazonas, sendo constitudo pelas Formaes Monte Alegre, Itaituba e Nova Olinda. Sua disposio discordante no contato com as formaes silurio-devonianas sotopostas. Ocorre s margens do rio Tapajs, em contato com as Formaes Curu e Barreiras.

- Formao Monte Alegre

Consiste na seo basal do grupo, formada por arenitos de cores claras, friveis e de granulometria mdia a fina, com boa seleo e destacadas estratificaes cruzadas. De forma geral, os arenitos produzem uma topografia forte, acentuada. Ocasionalmente, ocorrem nveis de arenitos grossos e camadas lenticulares de folhelhos.

Os arenitos tm potencialidade de uso na construo civil, uma vez que, pelo fato de serem friveis, os arenitos alteram-se facilmente sob a ao intemprica, formando sedimentos arenosos passveis de abrigar jazidas. A proximidade de afloramentos desta Formao em relao aos trechos de pavimentao da BR-230 junto ao Municpio de Miritituba, a classifica como potencial fonte de obteno de material de emprstimo.

- Formao Itaituba

Aflorante no rio Tapajs, caracteriza-se por camadas de calcrios e anidritas, sendo os calcrios associados a arenitos, folhelhos e siltitos. Os calcrios so de origem marinha, com cores cinza claro a escuro, lenticulares, bastante consolidados e levemente dolomitizados, apresentando elevado teor fossilfero. Neles so encontrados braquipodas, pelecipodas, trilobitas, cefalpodas, corais, briozorios, crinides e foramnferos. Os calcrios podem ser utilizados com fins de correo dos solos.

- Formao Nova Olinda

Corresponde a calcrios e a elevadas quantidades de sedimentos qumicos (anidrita e sal-gema). Na seo basal ocorrem com freqncia arenitos de cores variadas, com granulometria fina a mdia, friveis ou consolidados, macios e, comumente, com marcas de onda. Assim como as litologias da Formao Itaituba, os calcrios tm uso potencial para correo dos solos.

Diabsio Penatecaua

Esta unidade corresponde s intruses de carter bsico ocorrentes na Sinclise do Amazonas e cercanias, sob a forma de sills e/ou diques. Essas litologias, de idade Juro-Cretcea, tm cor cinza a verde escuro, com textura suboftica. Petrograficamente so compostas predominantemente por plagioclsio (andesina-labradorita), muitas vezes alterados intempericamente. grande a ocorrncia de minerais pesados, tendo-se ainda minerais acessrios como sericita, clorita e biotita.

Tem granulometria fina a grossa, muitas vezes com intercrescimentos microgrficos (quartzo-feldspato), atingindo, localmente, composio granodiortica. Intrude as rochas da Formao Barreiras e do Grupo Tapajs, margem norte do rio Tapajs.

- Formao Barreiras

Datada do perodo Cretceo-Tercirio, ocorre no extremo norte da rea de influncia, estando em contato com as rochas do Grupo Tapajs. composta por arenitos finos a mdios, siltitos e argilitos, com ocorrncias subordinadas de conglomerados (seixos com dimetro de 5 a 15 cm imersos em matriz arenosa).

Os arenitos presentes nesta unidade tm colorao amarelada e avermelhada, com percentuais de argila, caulinticos, friveis e com ocorrncias de estratificao cruzada. Os siltitos e argilitos tm colorao avermelhada ou arroxeada, sendo mal compactados e macios a laminados. H a tendncia de ocorrerem nveis laterticos ao longo de toda a unidade.

Aluvies Antigos

Ocorrem, em discordncia angular, sobre as rochas sedimentares devonianas nas proximidades do Municpio de Itaituba. Compreendem areias finas com presena de argila, de cor amarelada a acinzentada. Na base da unidade ocorrem conglomerados ferruginosos com pequenos seixos imersos em matriz arenosa.

Compreendem depsitos cujos sedimentos formadores so passveis de utilizao no ramo da construo civil, podendo vir a serem teis quando da implementao das obras.

Detalhamento estrutural regional

Em escala regional, destacam-se estruturas NW-SE e NE-SW, havendo, ao longo das reas de Influncia, o domnio de diversas estruturas que controlam o comportamento das unidades geolgicas, bem como estabelecem, muitas vezes, os seus limites. De maior importncia, tem-se a ocorrncia do Graben do Cachimbo, com suas diversas estruturas limitantes e componentes, e o Alto Estrutural Juruena-Teles Pires.

Graben do Cachimbo

Esta bacia tafrognica preenchida por uma sedimentao de provvel ambiente marinho raso e continental representada pelas rochas sedimentares do Grupo Beneficente, as quais encontram-se parcialmente deformadas. Seus limites norte e sul esto relacionados a sistemas de falhas profundas acompanhadas de atividades magmticas, representados pelos Lineamentos Jamanxim-Curu e So Joo da Barra-Teles Pires. Esse baixo estrutural estende-se por aproximadamente 600 km na direo NW.

Seu limite oeste consiste na Falha Maracan, includa no Lineamento Tapajs, e ao leste tem-se a Falha Quinze de Novembro, de direo NW-SE.

- Lineamento Tapajs

Com direo NE-SW, compreende as suturas associadas ao vulcanismo de carter bsico-intermedirio e cido, bem como as rochas intrusivas do Grupo Uatum. Esta feio estrutural desloca-se por grande extenso ao longo da rea, sendo visualizada cortando as rochas granticas do Complexo Xingu nas proximidades do Municpio de Itaituba.

- Falha Maracan

De direo NE-SW, afeta, predominantemente, as rochas do Complexo Xingu e do Grupo Beneficente, limitando as efusivas cidas da Formao Iriri.

- Lineamento Jamanxim-Curu

Alongado na direo NW-SE, estende-se desde a cachoeira do rio Curu at o rio Tapajs, delimitando o flanco norte do Graben do Cachimbo.

- Lineamento So Joo da Barra-Teles Pires

Sinuoso, tem trend principal NW-SE e abriga rochas que evidenciam efeitos metamrficos dinmicos, tais como quartzitos e metavulcnicas. Delimita a borda sul do Graben do Cachimbo e a poro norte do Alto Estrutural Juruena-Teles Pires.

- Falha do Rio So Joo da Barra

Com direo principal NW-SE e de caracterstica destral, afeta as rochas do Complexo Xingu, o Granito Teles Pires e as pores metassedimentares do Grupo Beneficente.

- Falha do Quinze de Novembro

Com direo NW-SE, tem extenso superior a 100 km, apresentando rejeito vertical e afetando as rochas da Formao Iriri, onde as rochas vulcnicas cidas apresentam-se intensamente cataclasadas, enquanto as sedimentares do Grupo Beneficente permanecem suborizontais no bloco abatido.

- Falha do Cristalino

De direo geral E-W, apresenta rejeito sinistral e afeta as rochas do Complexo Xingu, da Formao Iriri e do Grupo Beneficente. Grande parte de sua extenso limita a Formao Iriri e o Grupo Beneficente.

- Alto Estrutural Juruena-Teles Pires

Corresponde a um megabloco que ocupa a rea sul do Graben do Cachimbo, mantendo a direo WNW-ESSE, sendo controlado por sistemas de falhas profundas e de gravidade, limitado, ao norte, pelo lineamento So Joo da BarraTeles Pires.

Abrange as rochas do Complexo Xingu, aqui intensamente dobradas, falhadas e profundamente erodidas, a ponto de possibilitar o afloramento das rochas mais antigas dessa unidade.

Lineamento Abacaxis

Tendo direo preferencial NW-SE, corta as rochas do Complexo Xingu nas proximidades do Municpio de Cui-Cui, j fora da rea de Influncia Indireta, porm com tendncias a controlar a estruturao local das referidas litologias granticas. Muito possivelmente esteja relacionado ao vulcanismo Uatum, tendo favorecido a intruso dos corpos granticos Maloquinha e Teles Pires.

As estruturas ao norte so de difcil determinao regional, visto a rea estar predominantemente coberta por sedimentos, impossibilitando o afloramento de litologias do embasamento cristalino.

Geologia econmica regional

Metalogenia

A regio do entorno da BR-163 caracteriza-se pela intensa atividade garimpeira desenvolvida h dcadas e que , ao lado da extrao vegetal, uma das principais fontes de gerao de renda da populao local.

Em face do grande nmero de garimpos na regio, o Ministrio das Minas e Energia criou a Portaria n 882, de 25 de julho de 1983, a qual destina uma rea aproximada de 28.745 km2 para a execuo de tal atividade, sendo denominada Reserva Garimpeira do Tapajs. A reserva localiza-se a oeste da rea mapeada, tendo diversas reas requeridas para a execuo das atividades e sendo assim delimitada, de acordo com o Pargrafo 1o. da referida Portaria (Apndice Portaria).

Dessa forma, so extrados diversos bens minerais, conforme descrito a seguir. No foram determinadas quaisquer ocorrncias de minerais nos mapeamentos de campo, tendo sido elas descritas meramente a partir dos dados presentes no Projeto RADAMBRASIL (BRASIL, 1975).

- Ouro

O ouro, em conjunto com o diamante, a cassiterita, a columbita, a tantalita e a wolframita, em suas formas aluvionar, eluvionar e coluvionar, bem como diversas gemas, consiste em um mineral garimpvel de acordo com o Pargrafo 1 da Lei Federal n 7.805, de 18 de julho de 1989, a qual cria o regime de permisso de lavra garimpeira.

As mineralizaes se do em larga escala nas proximidades da rea analisada, sendo essa afirmao comprovada atravs da existncia de diversos garimpos na regio. So identificadas ocorrncias tipo placer nos depsitos aluvionares do vale do rio Iriri, em especial nos seus afluentes Curu e Ba. Alm disso, so importantes as ocorrncias ao longo do rio Jamanxim, bem como seus tributrios rio Tocantins, rio Ururi, rio Novo e rio Claro. Salienta-se que os nveis conglomerticos das rochas das Formaes Prosperana e Gorotire so potenciais fontes de concentrao de ouro.

Estudos efetuados pelo DNPM identificaram a ocorrncia de ouro nos igaraps do Germano e do Aragara, afluentes do Creporizinho, bem como no Castanhal e Saudade, formadores do rio Caracol, um dos tributrios do Tocantins.

H ocorrncias de ouro supergnico, oriundo do enriquecimento por meio dos processos de formao das lateritas sobre rochas j mineralizadas. Ouro primrio ocorre nas formas filoneana (junto a veios de quartzo associados a fraturas extensionais ou falhas em zonas de cisalhamento) e stockworks (relacionado a processos hidrotermais oriundos das intruses granticas). As rochas do Complexo Xingu podem apresentar mineralizaes de ouro em veios de quartzo.

- Barita

As ocorrncias de barita restringem-se ao curso mdio do rio Sucunduri, a oeste da rea mapeada. O mineral ocorre amorfo ou cristalizado, como cimento de brecha de falha.

- Calcrio

H ocorrncias mapeadas de calcrios nodulares escuros e argilosos, de colorao clara, no igarap Bom Jardim, afluente esquerdo do rio Tapajs, cerca de dois quilmetros a montante do Municpio de Itaituba. Essa ocorrncia se d na unidade denominada Formao Itaituba, Grupo Tapajs, datada do Carbonfero.

- Ferro

Sob a forma de hematita, restringe-se aos itabiritos do Grupo Beneficente no rio Sucundurizinho, a oeste da rea mapeada.

- Nibio e Tntalo

So formados por metassomatismo nas fraturas de extenso das rochas do Complexo Xingu no curso mdio do rio Tapajs, estando associados ao mineral quartzo.

- Sulfetos

Calcosita e bornita, ambos sulfetos de Cobre, foram identificados no vale do rio Iriri e de seu afluente, o rio Curu, em veios quartzo-feldspticos no alto Iriri. Da mesma forma, ocorreriam disseminaes de pirita e calcopirita nas rochas vulcnicas e intrusivas associadas na confluncia do riozinho do Anfrzio com o Iriri, fora da rea de mapeamento.

Diagnstico da rea de Influncia Direta

Sob um panorama geral, a rea de insero do empreendimento divide-se em dois domnios bem definidos. Ao norte, ao longo da BR-230, tem-se um predomnio das litologias sedimentares pertencentes Bacia Sedimentar do Amazonas, bem como o afloramento de rochas granticas do embasamento. Destacam-se os siltitos e arenitos das Formaes Maecuru e Prosperana, os siltitos da Formao Curu e os depsitos aluvionares quaternrios, bem como afloramentos das rochas do embasamento, representadas por granitos e dioritos do Complexo Xingu.

Ao longo da BR-163, que corta o Estado do Par no sentido sul-norte, ocorrem as litologias gneas do Complexo Xingu e da Formao Iriri (Grupo Uatum). Destacam-se tambm os arenitos e siltitos da Formao Gorotire e do Grupo Beneficente.

Complexo Xingu

Datado do Pr-Cambriano Inferior a Mdio, abrange regionalmente gnaisses, migmatitos, anfibolitos, dioritos, granodioritos, granulitos, rochas metavulcnicas e metabasitos, bem como granitos produtos de anatexia. Consiste na litologia de maior rea aflorante na regio do mapeamento, compondo a base da coluna estratigrfica e servindo como substrato das demais unidades ocorrentes.

Ocorre na BR-230, junto ao Municpio de Rurpolis, onde aflora sob a forma de mataces mtricos a decamtricos junto a espessos perfis de solo (Figura 5.1.12). A rocha tem cor cinza mdio, apresentando localmente enclaves escuros e arredondados de rocha mais fina, possivelmente oriundos de diferenciao magmtica ou de assimilao de rochas sncronas ou anteriores. Os granitos apresentam trs trends principais de fraturamento, sendo dois no sentido NW-SE e um no sentido NE-SW. O trend principal (F1) se d no sentido NW-SE e apresenta alto ngulo de mergulho, mais comumente na ordem de 80. A ele esto subordinados um fraturamento NE-SW (F2) de alto ngulo (por vezes com ngulos mais baixos, da ordem de 30) e um F3 NW-SE de baixo ngulo. As variaes de mergulho da F2 poderiam ocasionar a determinao de um padro adicional, no tendo sido, porm, realizada esta subdiviso, sendo essas variaes interpretadas apenas como inflexes do fraturamento. As fraturas, de acordo com anlise em campo, so desde fechadas a milimetricamente espaadas e no aparentam ter qualquer tipo de preenchimento. A Figura 5.1.13 consiste em um croqui esquemtico de estruturao das fraturas na rocha, apresentando as relaes entre os trs trends aqui mencionados.

H uma ocorrncia mapeada de quartzo diorito aflorante em lajeados junto estrada, o qual caracterizado por ser uma rocha de cor cinza mdio com cristais de feldspato alcalino destacada em uma matriz microcristalina. So, ainda, identificados cristais de quartzo e plagioclsio. Em campo, a rocha apresenta duas direes principais de fraturamento, ambas NW-SE, uma com alto ngulo (da ordem de 90) e outra com baixo ngulo (em mdia 30).

Os mataces granticos apresentam sulcos erosivos, em forma de ondulaes, caractersticos de uma abraso elica ao longo do tempo geolgico. Em eras pretritas, sedimentos arenosos carreados pelos ventos teriam, paulatinamente, causado a formao de tais feies erosivas nas rochas atravs do atrito, gerando o aspecto freqentemente visualizado em campo (Figura 5.1.15).

Ao longo do trecho ocupado pela BR-163 so muito comuns os afloramentos das litologias granticas do Complexo Xingu, que ocorrem sob a forma de lajeados em sangas, mataces em encostas ou, com maior freqncia, em cortes de estrada. So sotopostos por espessos mantos de alterao, tendo sido, em locais isolados, identificada a existncia de veios de quartzo. A medio do fraturamento coincidiu com os valores de F1, F2 e F3 determinados na BR-230, gerando porm, um fator novo: a F3, desta vez, pelo sentido de deslocamento da BR, ocorre com mergulho a favor da estrada, determinando potenciais riscos quando da ampliao dos cortes, visto a possibilidade de ocorrncia de cisalhamento ou queda de blocos na execuo de obras no macio rochoso.

Nas proximidades do Municpio de Trairo h ocorrncias de granodiorito de colorao avermelhada, com cristais grossos de feldspato alcalino e plagioclsio avermelhados, alterados intempericamente, em geral com forma andrica, e quartzo incolor e andrico (Figura 5.1.16).

A ocorrncia de seqncias metavulcano-sedimentares se d apenas junto ao contato com as rochas da Formao Gorotire, ao norte do Municpio de Novo Progresso, na BR-163. Consiste em metapelitos com intruso de metabasitos com fraturamento em trs trends bem definidos, concordantes com aqueles observados nas litologias gneas do Complexo Xingu. A Figura 5.1.17 e a Figuar 5.1.18) mostram a ocorrncia em afloramento de corte de estrada. Em reas topograficamente rebaixadas, logo ao norte do Municpio de Trairo, tem-se evidncias da ocorrncia de dique bsico cortando as rochas do Complexo Xingu, o que foi inferido com base na modificao colorimtrica da estrada (Figura 5.1.19).

As rochas gneas do Complexo Xingu tm imenso potencial para produo de brita. Em adio, quando alteradas intempericamente, podem constituir importantes jazidas de saibro. A abundncia dessas litologias ao longo de todo o trecho das rodovias possibilita a obteno de material de emprstimo, a ser utilizado nas obras de pavimentao, sem a necessidade de deslocamentos significativos para transporte de jazidas ao local de utilizao.

O mapeamento em escala 1:250.000 realizado por KLEIN (2000 a e b) possibilita um maior detalhamento da unidade, inclusive atribuindo uma denominao diferente mesma. De acordo com este trabalho, as rochas ortometamrficas do Complexo Xingu seriam definidas como Complexo Cui-Cui, abrangendo os granitides descritos com metamorfismo em variados graus. Os granitides pertencentes a essa unidade foram mapeados como pertencentes Sute Intrusiva Creporizo.

Grupo Beneficente

Datado do Pr-Cambriano Mdio, o Grupo Beneficente abrange arenitos de cor branca, bem selecionados, com granulometria fina e bastante friveis, que esto, por vezes, cobertos por crosta latertica. descrito, bibliograficamente, como tendo um predomnio de rochas metamrficas epizonais dobradas e falhadas, no tendo sido, entretanto, visualizadas rochas desta natureza ao longo do trecho analisado. De acordo com dados do Projeto RADAMBRASIL (BRASIL Departamento Nacional de Produo Mineral, 1975), o