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v.5, n.1/ 2015 1 Cadernos de Ciência e Saúde VOLUME 5 . NÚMERO 1 . ANO 2015 ISSN 2236-9503

VOLUME 5 . NÚMERO 1 . ANO 2015 (6).pdf · Cavenague Diegues4; Daniela Savi Geremia5; Sandra Marisa Pelloso6. RESUMO: A assistência adequada de profissionais qualificados no momento

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Cadernos deCiência e Saúde

VOLUME 5 . NÚMERO 1 . ANO 2015

ISSN 2236-9503

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Cadernos deCiência e Saúde

CADERNOS DE CIÊNCIA E SAÚDE

EDITORA CIENTÍFICAAna Augusta Maciel de Souza

EDITOR DE SUBMISSÃOFlávio Júnior Barbosa Figueiredo

EDITOR DE SELEÇÃO DE MANUSCRITOAlanna Fernandes Paraíso

EDITOR DE TEXTOJoão Marcus Oliveira Andrade

CORPO EDITORIALDra. Eunice Francisca Martins, Universidade Federal Minas Gerais, Minas Gerais-Brasil.Dr. Sérgio Henrique Sousa Santos, Universidade Federal Minas Gerais, Minas Gerais-Brasil.Dr. Lucinéia de Pinho, Universidade Estadual de Montes Claros, Minas Gerais-Brasil.Me. Waldemar de Paula Júnior, Instituto Educacional Santo Agostinho, Minas Gerais-Brasil.Dra. Flávia Márcia Oliveira, Universidade Federal de Sergipe, Sergipe- Brasil.Dra. Anna Caroline Campos Aguiar, Centro de Pesquisas René Rachou, Minas Gerais – Brasil.Dra. Fabiane Matos dos Santos, Universidade Federal do Espírito Santo, Espírito Santo – Brasil.Dra. Nádia Aléssio Velloso, Universidade Federal de Mato Grosso, Mato Grosso- Brasil.Dr. Carla Silvana Oliveira e Silva, Universidade Estadual de Montes Claros, Minas Gerais-Brasil.

REVISÃO LINGUÍSTICAGeane C. A. Sena.

DIAGRAMAÇÃOEditoração gráfica: Maria Rodrigues MendesCapa: Débora Torres

Cadernos de Ciência e Saúde / Faculdades Santo Agostinho. – Vol. 1, n. 1, - . -Montes Claros : Faculdades Santo Agostinho, 2011-v. : il. 28 cm.

SemestralVol. 5, n. 1, 2015.Organizador(a):ISSN 2236-9503

1. Saúde. 2. Enfermagem. I. Faculdades Santo Agostinho . II. Título

CDU: 61

Catalogação: Bibliotecário Edmar dos Reis de Deus - CRB 6-2486.

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EDITORIAL

ARTIGOS DE PESQUISA

A ENFERMAGEM NO PARTO NORMAL ATIVO E A REDUÇÃO DOTRAUMA PERINEAL: RELATO DE UMA EXPERIÊNCIA

CARACTERIZAÇÃO DE USUÁRIOS HIPERTENSOS E DIABÉTICOSCADASTRADOS NO HIPERDIA EM UMA ESTRATÉGIA DE SAÚDE DAFAMÍLIA

EDUCAÇÃO PERMANENTE EM SAÚDE, EDUCAÇÃO CONTINUADAEEDUCAÇÃO EM SAÚDE: CONCEITOS E APLICAÇÃO NOSDIFERENTESÂMBITOS DE SAÚDE

FATORES RELACIONADOS AO ABSENTEÍSMO DE PROFISSIONAIS DEENFERMAGEM EM UM HOSPITAL PRIVADO EM VITÓRIA DACONQUISTA

INÍCIO DO CONSUMO DE TABACO ENTRE PESSOAS QUE PROCURAMABANDONAR O HÁBITO DE FUMAR

ORIENTAÇÕES PARA EXAME ENDOSCÓPICO: A IMPORTÂNCIA DOENFERMEIRO

PERCEPÇÃO DOS ENFERMEIROS DE UM HOSPITAL MATERNO-INFANTIL SOBRE QUALIDADE DE VIDA

PERCEPÇÃO DO ESTRESSE ENTRE OS PROFISSIONAIS DEENFERMAGEM QUE ATUAM NO CENTRO CIRÚRGICO DE UMHOSPITAL PRIVADO EM VITÓRIA DA CONQUISTA – BA

INSTRUÇÕES AOS AUTORES

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Cadernos deCiência e Saúde Editorial

A Revista Cadernos de Ciência & Saúde da Faculdade Santo Agostinho, Campus

de Montes Claros, localizada na cidade de Montes Claros, no norte de Minas Gerais, teve

seu início em 2011. Sob a responsabilidade da Comissão Docente, composta pela equipe

diretora do Instituto Educacional Santo Agostinho, coordenadores do curso de Enferma-

gem, de Ensino pesquisa e Extensão, além de colaboradores de diferentes instituições, tem

como objetivo de incentivar ainda mais a busca pelo conhecimento científico e estimulo ao

pensamento crítico, ampliando os horizontes para a melhoria da formação profissional.

Com periodicidade semestral, a Cadernos de Ciência & Saúde, pode ser vista como

um espaço multidisciplinar, apesar de ser idealizada pelo departamento de Enfermagem, a

qual servirá de laboratório para as produções desenvolvidas pelos discentes ao longo da

sua formação acadêmica. Através dessa prática, a apresentação dos conceitos científicos

propiciará não somente o amadurecimento intelectual dos alunos, como também o desen-

volvimento dos profissionais e da sociedade em geral.

O principal público-alvo da revista é a comunidade da FASA, a qual é formada por

professores e alunos. Desse modo, a Cadernos de Ciência & Saúde fornece acesso livre

a todos os trabalhos publicados, a fim de difundir em sua plenitude o conhecimento cientí-

fico, solicitando-se apenas que os usuários citem a fonte.

Sabendo que a evolução e o desenvolvimento social também ocorrem através da

informação, a Cadernos de Ciência & Saúde buscará, através de critérios pré-estabele-

cidos, divulgar materiais pautados em qualidade e relevância, de modo a transformar este

veículo em um periódico respeitado.

Através dessa jornada, que se reinventa a cada edição, temos a certeza de que a

confiança aplicada na revista possa perpetuar ao longo de várias edições. Só assim será

possível vislumbrar um aumento da produção acadêmica local. Afinal, através de trabalho

sério e exemplos docentes, podemos consolidar esse processo de iniciação científica, a

qual envolve princípios éticos e responsabilidade com a informação e resulta em alicerces

para a base da vida do profissional e do futuro pesquisador.

Leandro Ceotto Freitas Lima

Farmacêutico-Bioquímico

Doutor em Fisiologia

Universidade Federal do Espírito Santo

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Cadernos deCiência e Saúde

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Cadernos deCiência e Saúde

1 Mestre em Enfermagem. Professora Assistente na Universidade Federal da Fronteira Sul. Chapecó, SC, Brasil. E-mail: [email protected]

2 Mestre em Saúde Coletiva. Docente da Graduação e Pós- Graduação do Centro Universitário Filadélfia. Londrina,PR, Brasil. E-mail: [email protected].

3 Mestre em Enfermagem. Professor Assistente na Universidade Estadual do Centro Oeste. Guarapuava, PR, Brasil.E-mail: [email protected]

4 Especialista em Enfermagem Obstétrica. Docente da Graduação da Faculdade Campo Real. Guarapuava, PR, Brasil.E-mail: [email protected]

5 Mestre em Enfermagem. Professora Assistente na Universidade Federal da Fronteira Sul. Chapecó, SC, Brasil. E-mail: [email protected]

6 Doutora em Enfermagem. Docente da Graduação e Pós-graduação em Enfermagem e Diretora Adjunta do Centrode Ciências da Saúde na Universidade Estadual de Maringá. E-mail: [email protected] do estudo: Paraná. Universidade Estadual de Maringá.Autor para correspondência: Érica de Brito Pitilin. Avenida Colombo, 5.790, Bloco 2, Jardim Universitário,Maringá, Paraná, Brasil, CEP 87020-900, Telefone: (42)99766924.

Artigo de pesquisa

A ENFERMAGEM NO PARTO NORMAL ATIV O E A REDUÇÃO DOTRAUMA PERINEAL: RELA TO DE UMA EXPERIÊNCIA

Érica de Brito Pitilin1; Evanira Luisa Janjacomo Chiquetti2; Maicon Henrique Lentsck3; PatríciaCavenague Diegues4; Daniela Savi Geremia5; Sandra Marisa Pelloso6.

RESUMO: A assistência adequada de profissionais qualificados no momento do parto garante umamaternidade segura e livre de complicações futuras. Objetivou-se relatar a experiência vivenciadadurante a assistência de enfermagem prestada em uma instituição filantrópica referência para partonormal de baixo risco na cidade de São Paulo, no período de julho a dezembro de 2012. Trata-se de umrelato de experiência de estágio curricular que abordou a problemática desenhada a partir de méto-dos observacionais utilizando as seguintes técnicas de coleta de dados: diário de estágio, observa-ção estruturada (pesquisador participante) e participação das atividades clínicas/gerenciais. Foipossível o desenvolvimento de habilidades e reflexões a cerca de um parto humanizado e ativo e aatuação do enfermeiro na contribuição da redução do trauma perineal. A experiência foi significativasinalizando que o cenário em questão é muito importante como campo de dispersão para o aluno deenfermagem que busca aprimorar seus conhecimentos na área da saúde da mulher. A interação daenfermagem na condução e preparo para o parto, com base nas diretrizes preconizadas vigentes nopaís, contribuem para o bem-estar materno e fetal.

DESCRITORES: Enfermagem; Parto normal; Humanização; Períneo; Assistência.

NURSING IN NORMAL CHILDBIR TH ASSETS AND REDUCTION OFTRAUMA PERINEAL

ABSTRACT: Adequate assistance of qualified professionals at delivery ensures a safe and freematernity future complications. The objective was to report the experience lived during the nursingcare provided in a charity reference for normal delivery at low risk in the city of São Paulo, in theperiod July to December 2012. This is an experience report of curricular training that addressed theissue drawn from observational methods using the following techniques of data collection : dailystage , structured observation (participant researcher ) and participation of clinical / managerialactivities. It was possible to develop skills and reflections about a humanized and active birth andthe nurses in contributing to the reduction of perineal trauma. The experience was significant,indicating that the scene in question is very important as to the stray field of nursing studentsseeking to enhance their knowledge in the area of women’s health. The interaction of nursing in theconduct and preparation for delivery based on the guidelines recommended in force in the countrycontribute to maternal and fetal well-being.

KEYWORDS: Nursing; Natural childbirth; Humanizing; Perineum; Care.

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Cadernos deCiência e Saúde

A enfermagem no parto normal ativo e a redução do trauma perineal

INTRODUÇÃO

A atuação do enfermeiro na assistên-cia prestada à gestante é cada vez maisvalorizada, principalmente, após a implan-tação do Programa de Atenção Integral àSaúde da Mulher (PAISM) em 1984 e, maisatualmente, na implantação de diretrizes daRede Cegonha, que consiste em um novoparadigma para uma assistência qualifica-da e humanizada à gestante, parturiente epuérpera (BRASIL, 2011). É cada vez maisnotável a autonomia desse profissional paraa realização de alguns procedimentos e atémesmo a condução do parto normal semdistócia. Além disso, ao profissional enfer-meiro portador de diploma de obstetriz oude enfermeiro obstetra cabe ainda a assis-tência à parturiente e ao parto normal, iden-tificação de distócias obstétricas e tomadade providências até a chegada do médico,realização de episiotomia, episiorrafia eanestesia local, quando indicado, amparadopela Lei do exercício profissional de enfer-magem (BRASIL, 1986).

Para a Organização Mundial da Saú-de (OMS), uma atenção humanizada envol-ve um conjunto de conhecimentos, práticase atitudes que visam à promoção do parto edo nascimento saudáveis por meio de pro-cedimentos comprovadamente benéficos,que evitem as intervenções desnecessáriase que preservem a privacidade e autonomiada mulher (BRASIL, 2011). Nesta perspec-tiva, o Programa de Humanização do Pré-Natal e Nascimento (PHPN) foi implanta-do no país com o objetivo de assegurar aqualidade do acompanhamento pré-natal, daassistência ao parto e puerpério às gestan-tes e ao recém-nascido garantindo, entreoutros aspectos, a livre escolha da mulherna posição do parto, o direito a acompanhan-te de sua preferência, o incentivo àdeambulação e ingestão de líquidos, alémda oferta de métodos não invasivos e nãofarmacológicos para alívio da dor no âmbitodo Sistema Único de Saúde (SUS) (BRA-SIL, 2002). Visando a humanização da aten-ção ao parto, também foram implementadasoutras ações pautadas no reconhecimento

das mulheres como sujeitos dessa experi-ência, como a avaliação permanente da ade-quação da tecnologia e das práticas obsté-tricas empregadas, o financiamento de cur-sos de especialização em enfermagem obs-tétrica, a introdução no SUS do pagamentoda analgesia peridural no parto normal e detaxas limite de cesarianas para o pagamen-to de partos cirúrgicos. Destaca-se, ainda,o Pacto pela Redução da Mortalidade Ma-terna que conta com a adesão de estados emunicípios que se comprometeram aimplementar, dentre outras, medidas para amelhoria da qualidade da assistência à ges-tação e ao parto (BRASIL, 2004).

No entanto, apenas uma pequena par-cela da população feminina brasileira rece-be o atendimento humanizado no momentodo parto. Apenas 30,4% dos partos recebe-ram medidas para o alívio da dor, 16,3%contaram com a presença do acompanhan-te e em 71,6% foi realizada a episiotomia,com diferenças significativas entre as regi-ões brasileiras, em particular na região Su-deste (80,3%), Centro-Oeste (78,8%) e Sul(78,5%). Isso revela o uso rotineiro dessaprática e, consequentemente, a predominân-cia de um modelo mais intervencionista nacondução do parto normal (BRASIL, 2009).Além disso, o modelo intervencionista é ain-da hegemônico no sistema público e priva-do de saúde expressado na manutenção dealtas taxas de partos cirúrgicos.

Neste contexto, a gestante necessitade um conjunto de cuidados, medidas e ati-vidades que ofereçam a possibilidade devivenciar a experiência do parto como pro-cessos fisiológicos. A alteração desse cur-so pode desencadear uma cascata de even-tos desnecessários e sucessivos, aumentan-do-se o nível de complexidade e de riscodos procedimentos (SILVA et al, 2011).Reconhecer que o parto é um processo nor-mal e que pode ser acompanhado sem in-terferência desnecessária é um desafio paraos profissionais da saúde. O enfermeiro nasua prática pode tornar o trabalho de partohumanizado incorporando medidas de acor-do com o modelo de assistência ao nasci-mento vigente em nosso país, tendo a mu-

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Cadernos deCiência e Saúde

lher como protagonista do seu parto quedeve ser realizado por meio de práticas res-peitosas e embasadas cientificamente.

Uma pesquisa americana comparou aassistência dada ao parto por enfermeirasobstetrizes e médicos e verificou que nospartos conduzidos pela enfermagem ocor-reu 23,5% de episiotomia, 22,6% de períneoíntegro, 2,9% da extensão de laceração paraterceiro e quarto graus, enquanto que entreos médicos a frequência de episiotomia foi40,2%, 5,4% de períneo íntegro e 16,4% delaceração para terceiro e quarto graus(LOW, 2000). Assim, o parto quando con-duzido por enfermeiros obstetras preservaa integridade física da mulher, evitando quemutilações desnecessárias sejam realizadase garantindo uma maternidade segura e li-vre de complicações futuras. A enferma-gem, caracterizada como disciplina teórico-prática, possui potencial para fomentar ideiasinovadoras, desencadeando em alguns pro-fissionais a motivação para novas experi-ências (BACKERS et al, 2012). O progres-so constante nesta área exige que tais pro-fissionais tenham uma base de conhecimen-to que lhes permita identificar os resultadosesperados, as variações normais e as anor-malidades na saúde da mulher durante o seuciclo gravídico-puerperal (ORSHAN, 2010).

Para focar esse contexto assistencial,os coautores deste trabalho realizaram umestágio curricular, com a supervisão diretade uma enfermeira obstétrica, em uma ins-tituição filantrópica referência para partosde baixo risco pelo Ministério da Saúde(MS); o que possibilitou a construção dopresente artigo que traz alguns aspectos te-óricos e práticos do momento vivido nestesingular ambiente de assistência a mulhe-res durante o trabalho de parto. Diante dasreflexões aqui iniciadas, o presente estudoteve como objetivo apresentar as experiên-cias e as atividades vividas pelos estudan-tes do curso de pós-graduação, destacandoa assistência de enfermagem obstétrica nomanejo do curso clínico do trabalho de par-to ativo e humanizado e a sua contribuiçãona redução do trauma perineal.

MÉTODO

Trata-se de um relato de experiênciaque descreve aspectos vivenciados durantea assistência de enfermagem à mulher emtrabalho de parto na oportunidade de umestágio curricular do curso de Pós-Gradua-ção em Enfermagem Obstétrica do CentroUniversitário Filadélfia (UNIFIL) de Lon-drina- PR, no segundo semestre de 2012. Orelato de experiência é uma ferramenta depesquisa descritiva que apresenta uma re-flexão sobre uma ação ou um conjunto deações que abordam uma situação vivenciadano âmbito profissional de interesse da co-munidade científica (BASTOS; GUIMA-RÃES, 2003).

Os estágios ocorreram em uma insti-tuição filantrópica referência para gestaçõesde baixo risco e parto normal pelo MS. Areferida instituição localiza-se na cidade deSão Paulo e possui um total de 118 leitos,sendo 14 leitos no pré-parto, 04 salas departo, 06 leitos pós-parto imediato, 88 namaternidade e 06 na terapia intensivaneonatal. Trata-se, portanto, de um estudocom um olhar qualitativo que abordou a pro-blemática desenhada a partir de métodosobservacionais utilizando as seguintes téc-nicas de coleta de dados: diário de estágio,observação estruturada (pesquisador parti-cipante) e participação das atividades clíni-cas/gerenciais. Não foram utilizados dadospessoais.

Conforme as diretrizes para pesquisadefinidas pela resolução CNS/MS 466/2012,a pesquisa não necessitou da submissão paraapreciação ética por se tratar de relato deexperiência dos próprios autores, comanuência do local onde ocorreu o estágiocurricular e garantias de confidencialidadedos dados.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Entre as pacientes assistidas duranteo período do estágio, observou-se uma pro-porção maior de pacientes casadas, entre10 a 59 anos e baixa escolaridade. As pro-

A enfermagem no parto normal ativo e a redução do trauma perineal

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Cadernos deCiência e Saúde

fissões destas mulheres sugeriram baixosníveis socioeconômicos, sendo a maioriadona de casa. Em relação aos aspectos clí-nico-obstétricos foi visto que a maioria eramultípara, gesta III, teve o parto normal nasgestações anteriores, gestação única comapresentação cefálica e situação longitudi-nal. Por se tratar de gestações de baixo ris-co, as pacientes não possuíam nenhumadoença crônica degenerativa.

As etapas das atividades compreen-deram o incentivo ao parto normal ativo ehumanizado e a atuação do enfermeiro paraa contribuição da redução do traumaperineal.

O ENFERMEIRO E O PARTONORMAL ATIV O E HUMANIZADO

Prestar uma assistência à mulher du-rante todo o trabalho de parto, conduzir erealizar o parto sem distócia e promover oscuidados no pós-parto imediato eram osobjetivos dos estágios. A instituição em quedecorreu o estágio é referência para partosde baixo risco e tem como foco as diretri-zes preconizadas pelo PHPN, ahumanização da assistência, incentivo aoaleitamento materno na primeira hora devida e a presença do acompanhante de es-colha da paciente durante todo o processode parturição no âmbito do SUS.

No primeiro momento que chegavamà instituição, as gestantes eram acolhidas eavaliadas pelo enfermeiro por meio da con-sulta de enfermagem, sendo admitidas aque-las que estavam em verdadeiro trabalho departo (02 a 03 contrações em 10 minutos edilatação cervical mínima de 3cm). Apósserem admitidas, eram encaminhadas parao pré-parto e conduzidas a um trabalho departo ativo, com o estímulo da deambulaçãoe do movimento. Esta primeira etapa forne-cia subsídios para a elaboração de um pla-no de cuidados pelo enfermeiro que,embasado pelo conhecimento técnico e ci-entífico, estimulava a utilização de outrosrecursos para a aceleração desta primeirafase do trabalho de parto, como banho deaspersão ou banheira, massagens relaxantes,

bola suíça, música, aromas, também utiliza-dos como medidas não farmacológicas parao alívio da dor durante esta fase.

A dor, por ser uma experiência subje-tiva e individual, era sempre valorizada. Se-gundo Hotelling (2010), para os profissio-nais que atendem as mulheres em trabalhode parto o manejo da dor é bastante impor-tante para aumentar ou diminuir os senti-mentos de autoestima da mulher e a sensa-ção de satisfação geral com o parto, auxili-ando-as em sua transformação para a ma-ternidade. Assim, por meio de medidas nãoinvasivas, a dor era minimizada proporcio-nando uma recuperação mais rápida e umamelhor satisfação do atendimento recebido.Tais medidas fazem parte de um contextode valorização do parto fisiológico e naturalque favorece a liberação de endorfinas egarante o relaxamento e a sensação de alí-vio (SOUZA et al, 2011). A associação deduas ou mais dessas medidas eram utiliza-das em grande parte pelas parturientes du-rante a vivência nos estágios. Elas apren-deram a usar as bolas de parto e, sentadasou encostadas na bola, podiam se movimen-tar de várias maneiras a fim de reduzir odesconforto. A bola suíça é um recurso quetraz vantagens por seu baixo custo finan-ceiro, pela promoção da posição vertical,conferindo liberdade à parturiente para ado-tar outras posições, pelo exercício do ba-lanço pélvico e por suas características deobjeto lúdico que traz benefícios psicológi-cos (SILVA et al, 2011).

Ademais, a postura vertical e a movi-mentação podem facilitar a circulação ma-terno-fetal e a descida do feto na pelvematerna, melhorar as contrações uterinas ediminuir o trauma perineal (REZENDE,2011). Logo, a postura assumida pela paci-ente tem importância expressiva nacontratilidade uterina, ou seja, manter a par-turiente em pé está associado a uma maiorintensidade e eficiência das contrações emsua capacidade de causar dilatação cervicale, quanto mais efetivas, menor é a duraçãodo trabalho de parto. Vale ressaltar que odecúbito dorsal afeta o fluxo sanguíneo com-prometendo a circulação uteroplacentária.

A enfermagem no parto normal ativo e a redução do trauma perineal

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Cadernos deCiência e Saúde

Por esse motivo, durante o trabalho de par-to no período do estágio, a paciente adotavaa posição que desejasse e, como estratégiada assistência, evitava-se a posição supina.

Outro método não farmacológico uti-lizado era a massagem, realizada na maio-ria dos casos pelo acompanhante. A assis-tência contínua do parceiro e o auxílio detécnicas de controle da respiração apresen-tavam um grande benefício para as parturi-entes que se mostravam mais seguras econfiantes em relação ao parto. A finalida-de da presença do acompanhante é ofere-cer apoio emocional reconfortando a mu-lher por meio do contato físico, palavras deestímulo e carinho nos momentos mais difí-ceis evitando, assim, que a mulher sinta-sesolitária, amedrontada e ansiosa (SAITO;RIESCO, 2008). Pesquisas demonstram quea presença do acompanhante esteve asso-ciada com a redução do uso de medicaçõespara o alivio da dor, com o número de cesa-rianas e, até mesmo, a redução de casos dedepressão pós-parto (BECK et al, 2009).Entretanto, limitações na infraestrutura degrande parte das maternidades brasileiraspara acolher um (a) acompanhante escolhi-do (a) pela mulher, sem devassar a privaci-dade de outras, vem dificultando aimplementação desta medida. Há tambémresistência por parte das instituições por te-merem que a presença de acompanhanteatrapalhe a rotina de trabalho já estabelecida.

Em consonância com a literatura atu-al da assistência à parturiente vigente nopaís, as práticas humanizadas durante a ex-periência dos estágios eram priorizadas acada fase do trabalho de parto, valorizandoalgumas ações e erradicando outras comoo jejum, práticas invasivas sem critério,tricotomia, enteroclisma, sondagem vesical,amniotomia e a indução do parto comocitocina. Era realizado o mínimo necessá-rio de toques vaginais em que a evoluçãoclínica da parturição ditava a conduta dosexames e os intervalos entre eles. Os to-ques frequentes e sem apuro técnico sãotraumatizantes para os tecidos maternos,provocam edema da cérvice e proporcio-

nam maior risco de infecção (ACOG, 2009).A ruptura artificial da membrana amnióticaera realizada apenas quando havia indica-ção formal como, por exemplo, para corri-gir distócias funcionais. Para Rezende(2011), a amniotomia não deve ser realiza-da de rotina, uma vez que isoladamente nãoapresenta efetividade para acelerar o partoe, sim, contribui para o aumento da incidên-cia de cesariana e de cardiotocografia anor-mal. Por fim, a indução do trabalho de partocom ocitocina era feita após avaliaçãocriteriosa de cada caso utilizando-se comoreferencial o Índice de Bishop, que avaliadiversas situações como a dilatação, o apa-gamento, a altura da apresentação e a con-sistência, e a posição do colo (SANCHES-RAMOS; DELKE, 2011). Nas situações emque o trabalho de parto não evoluía paraparto normal, após avaliação, a parturienteera encaminhada ao Centro Cirúrgico pararealização de parto cesariana.

Assim, medidas simples e de baixocusto como deambulação, banho, oferta delíquidos, apoio emocional e segurança con-tribuem para uma prática assistencial ade-quada e humanizada podendo serreproduzida em qualquer instituição. Garantiro bem- estar materno e fetal, além de umaexperiência significativa para a mulher, faz-se indispensável para a prática da enferma-gem. O enfermeiro deve descrever e dis-cutir as várias opções de assistência com acliente para que esta possa decidir sobre otipo que lhe seja mais apropriado, tornando-se sujeito ativo durante todo o processo detrabalho de parto. Durante a vivência dosestágios, eram incentivados os recursos dis-poníveis, bem como seus benefícios, para oalívio e controle da dor de maneira natural.O trabalho de parto para essas mulheres eramenos doloroso, mais seguro e repercutiaem uma experiência positiva para um nas-cimento sem grandes traumas, além de umaredução fisiológica do tempo de duração decada fase.

Infelizmente, a humanização da assis-tência ao nascimento como é preconizadapelo MS não condiz com a realidade evi-

A enfermagem no parto normal ativo e a redução do trauma perineal

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Cadernos deCiência e Saúde

denciada em várias instituições hospitalaresno país, seja pela carência de recursos hu-manos, ausência de fiscalização e auditoriada garantia dos direitos previstos em lei, ro-tinas institucionais, ambiente físico inadequa-do, dificuldades financeiras, entre outros. Oque se observa é uma dificuldade para amudança nas práticas assistenciais do en-fermeiro nas perspectivas de prestação deum atendimento humanizado e de qualidadepara a mãe, o recém-nascido e para a famí-lia, resultando em uma assistência nãohumanizada (SOUZA; SILVA; MELLO,2012; BECK et al, 2009).

REDUZINDO O TRAUMAPERINEAL

Como protocolo da instituição, a par-turiente era encaminhada para a sala departo quando completava os 10 cm de dila-tação. A paciente poderia escolher se que-ria ter o parto na água, de cócoras, em qua-tro apoios ou em outra posição que desejas-se. Preferencialmente, elas optavam pelaposição semissentada, proporcionada pelaprópria mesa ginecológica, o que facilitavao período expulsivo e a proteção do períneo.A influência das mudanças de posição ma-terna no parto vem sendo um tópico de in-teresse há muitas décadas em pesquisas.Um estudo com 20 ensaios clínicos sobreas posições no segundo período do parto emCuiabá-MT confirmou que na posição ver-tical ou lateral havia uma diminuição da sen-sação dolorosa intensa durante o períodoexpulsivo e menor índice de laceração quan-do comparada com a supina ou litotomia.Em outro estudo, a posição vertical e a late-ral estiveram associadas à redução do tem-po de expulsão fetal, redução dosangramento, menos chance de episiotomiae menor período de dor (GUPTA;HOFMEYR; SMYTH, 2008).

Além da posição semi-verticalizadapara a prevenção do trauma perineal du-rante a passagem do feto, eram emprega-das medidas como a eliminação do puxoprolongado, a restrição do uso de infusãoendovenosa de ocitocina e o emprego de

técnicas para a proteção do períneo, umavez que a passagem do feto pelo anelvulvoperineal pode lesionar a integridade doassoalho pélvico com laceração e frouxidão.Era exercida uma leve pressão com a mãodominante na região perineal enquanto quea outra protegia a sínfise púbica da mulher(Manobra de Ritgen).

Entre todos os partos conduzidos pelogrupo durante a vivência do estágio, houveuma baixa incidência de laceração perinealde terceiro e/ou quarto graus, uma vez quese respeitava esse tempo naturalmente e emapenas 15 deles foi realizada a episiotomia.Conforme as diretrizes estabelecidas peloPHPN, a episiotomia era realizada diantede situações de sofrimento fetal, necessi-dade do uso de fórceps, fetos grandes eperíodo expulsivo prolongado (BRASIL,2002). A técnica empregada era a medianalateral direita por apresentar menor risco deextensão para o reto e esfíncter anal. ParaSantos e colaboradores (2008), o uso seleti-vo da episiotomia (que em geral não ultra-passa 30% dos partos) tem se mostrado maisbenéfico para as mulheres do que o uso ro-tineiro, este último sendo classificado entreas práticas claramente prejudiciais ou inefi-cazes e que devem ser eliminadas.

Para o desprendimento dos ombros,era tracionada a apresentação para baixocom objetivo de liberar o ombro anterior edepois para cima, auxiliando a saída do pos-terior. Neste momento era indicada aprofilaxia da hemorragia puerperal por meioda administração de 10U de ocitocinaintramuscular. Logo após o nascimento, eraestimulada a amamentação antes da primei-ra hora de vida e o contato pele a pele entrea mãe e o bebê. Para o MS, estimular aamamentação no primeiro minuto, dentre assuas inúmeras vantagens, garante a preven-ção de complicações hemorrágicas e o re-torno uterino ao tamanho normal (BRASIL,2011). Se fosse da vontade do pai/acompa-nhante, este poderia realizar oclampeamento do cordão umbilical.

A condução do terceiro período do tra-balho de parto (delivramento) compreendiao manejo ativo das massagens uterinas e a

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tração controlada do cordão umbilical. Arevisão da placenta era realizada para veri-ficar a sua integridade, analisando a presen-ça das membranas ovulares, a fim de severificar se houve a expulsão completa docório e âmnio. Por fim, avaliava-se a pre-sença de duas artérias e uma veia no cor-dão umbilical aproveitando para coletaramostra de sangue para tipagem sanguíneado recém-nascido. A amamentação ocorriana primeira hora de pós- parto e, após esteperíodo, a mulher era encaminhada ao alo-jamento conjunto.

Foi possível observar um baixo graude intervencionismo durante a execução doparto normal indicando que a prática obsté-trica na instituição está em acordo com asrecomendações internacionais fundamenta-das em evidências científicas. O curso clí-nico do trabalho de parto e o parto ocorriamde maneira natural. Paradoxalmente aocrescimento e à implementação de políticasgovernamentais no âmbito da saúdereprodutiva da mulher em nosso país, aindaconvivemos com regiões desprovidas deprogramas e de profissionais habilitados, bemcomo poucos que incorporam na prática asdiretrizes estabelecidas (ERDMANN,2009).

CONCLUSÃO

Este estudo oportunizou uma leiturasobre a importância do papel do enfermeirona assistência prestada à mulher durante otrabalho de parto tornando- a sujeito ativodo processo da parturição. Além disso, essaexperiência contribui para suscitar reflexõessobre a humanização do cuidado naparturição e a necessidade de se ter umadiscussão mais ampla sobre o reconheci-mento da enfermagem, sobretudo a enfer-magem obstétrica, nesse tipo de assistên-cia, com o propósito de transformar o partonuma experiência única e inigualável paraquem o vive. A importância do suporteafetivo à mulher durante o trabalho de par-to e o parto tem sido crescentementeenfatizada, seja para romper com a solidão

imposta a ela por rotinas institucionais tra-dicionalmente estabelecidas, seja por propi-ciar resultados obstétricos e neonatais maisfavoráveis.

Um enfoque maior na assistência àparturiente por meio de medidas de baixocusto e baixa densidade tecnológica e alter-nativa para o alívio e controle da dor resul-tou em baixo grau de intervenções, baixaindicação de cesárias e menor proporçãode partos com episiotomia e/ou lacerações,ficando evidente que, apesar de todo o avan-ço tecnológico, a enfermagem obstétrica éindispensável para executar o cuidadohumanístico e capaz de influenciar adesmedicalização do parto. Parece ser asuperação de uma prática que veio paraaperfeiçoar os cuidados prestados com qua-lidade e de maneira humanizada.

Fica a sugestão de que se possa pen-sar na constituição de casas de parto ou ins-tituições com esse perfil humanístico durantea assistência prestada à mulher, a fim detornar o parto mais completo, respeitando aindividualidade de cada paciente, seu con-texto social, psicológico e cultural. Ainda,sugere-se que o contexto acadêmicoenfoque também essa prática durante a for-mação generalista do profissional enfermei-ro, tornando o cenário em questão um cam-po rico para a dispersão do conhecimento.

RESPONSABILIDADESINDIVIDUAIS

Os autores trabalharam juntos em to-das as etapas de produção do artigo.

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CARACTERIZAÇÃO DE USUÁRIOS HIPER TENSOS E DIABÉTICOSCADASTRADOS NO HIPERDIA EM UMA ESTRATÉGIA

DE SAÚDE DA FAMÍLIA

Sabryna da Silva Ibaldo1, Andressa da Silveira2, Carla Tatiane Soares de Oliveira1, Juliane CeolinPredebon Argemi3, Glaucia Dias dos Santos4

RESUMO: A hipertensão arterial sistêmica é considerada a doença cardiovascular mais frequente,além de ser o principal fator de risco para o acidente vascular cerebral e infarto agudo do miocárdio.Já o diabetes mellitus, outra importante enfermidade crônica, vem aumentando significativamente osíndices de morbimortalidade em nível nacional. Esta pesquisa tem por objetivo caracterizar os usuá-rios hipertensos e/ou diabéticos em tratamento vinculados ao HIPERDIA em uma unidade básica desaúde. Trata-se de um estudo descritivo, retrospectivo, com abordagem quantitativa desenvolvidonos prontuários de pacientes hipertensos e/ou diabéticos de uma unidade básica de saúde, domunicípio de Uruguaiana/RS. Obteve-se 246 prontuários, destes, 127 corresponderam a pacienteshipertensos e 119 a pacientes hipertensos e diabéticos. Os principais resultados do estudo mostra-ram a prevalência do sexo masculino, na faixa etária entre 41 a 50 anos, que utilizam mais de ummedicamento. Com base na caracterização dos usuários cadastrados no Programa HIPERDIA, cons-tatou-se a carência de informações nos prontuários. Sugere-se que as unidades de saúde, junto coma equipe multiprofissional, façam um preenchimento completo dos prontuários para que se possaconhecer seus usuários para assim elaborar estratégias para maior adesão ao tratamento.

PALAVRAS-CHAVE: Enfermagem; Assistência à Saúde; Hipertensão Arterial; Diabetes Mellitus;Doenças Crônicas.

USERS HYPERTENSIVE CHARACTERIZA TION AND REGISTEREDIN DIABETIC HIPERDIA IN A FAMIL Y HEALTH STRATEGY

ABSTRACT: Hypertension is considered the most frequent cardiovascular disease, and is the mainrisk factor for stroke and acute myocardial infarction. Have diabetes mellitus, other major chronicdisease, has been significantly increasing the morbidity and mortality rates nationwide. The researchaims to characterize the hypertensive and / or diabetic users in treatment linked to HIPERDIA in a basichealth unit. This is a descriptive, retrospective study with a quantitative approach developed in themedical records of patients with hypertension and / or diabetes in a primary care unit in the municipalityof Uruguaiana / RS. There was obtained 246 records, of these, 127 corresponded to hypertensivepatients and 119 in hypertensive and diabetic patients. The main results of the study showed theprevalence of males, aged 41 to 50 years, using more than one drug. Based on the characterization ofregistered users in HIPERDIA Program found to lack of information from medical records. It is suggestedthat health facilities along with the multidisciplinary team make a complete filling of the records so youcan know your users so as to develop strategies to better adherence to treatment.

KEYWORDS: Nursing; Health Care; Arterial Hypertension; Diabetes mellitus; Chronic Diseases.

1Acadêmica do Curso de Enfermagem da Universidade Federal do Pampa. Uruguaiana/RS, Brasil. E-mail:[email protected]

2 Doutoranda em Enfermagem pelo Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal de SantaMaria. Professora Assistente da Universidade Federal do Pampa. Uruguaiana/RS, Brasil. E-mail:[email protected]

3 Mestre em Odontologia. Cirurgiã-Dentista. Uruguaiana/RS, Brasil. E-mail: [email protected]êmica do Curso de Fisioterapia da Universidade Federal do Pampa. Uruguaiana/RS, Brasil. E-

mail:[email protected]

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INTRODUÇÃO

A transição epidemiológica tem tidoalgumas mudanças no seu perfil como asubstituição de doenças transmissíveis pordoenças não-transmissíveis e causas exter-nas. Essas mudanças não ocorrem sozinhas,mas sim em conjunto com as transforma-ções demográficas, sociais e econômicas.A transição epidemiológica está diretamen-te ligada à transição demográfica e com afrequência do aparecimento de doençasnão-transmissíveis (SCHRAMM et al,2004).

Tais fatores propõem uma reorgani-zação nos serviços de saúde para que con-sigam atender às necessidades do predomí-nio de doenças crônico-degenerativas queexigem assistência de longa duração, comênfase nos fatores de risco. Dentre as do-enças crônicas, as cardiovasculares são asque mais afetam a população, sendo a maisprevalente a Hipertensão Arterial Sistêmica(HAS) (MARIN et al, 2012). A hiperten-são arterial é uma doença de etiologiamultifatorial, associada a alterações do me-tabolismo, hormonais e fenômenos tróficos.Caracterizada pela elevação da pressão ar-terial, é vista como um dos principais fato-res de risco cardio e cerebrovascular, e tam-bém de complicações renais (MIRANZI etal, 2008; MOREIRA et al, 2013).

O Diabetes Mellitus (DM), outra im-portante enfermidade crônica, vem aumen-tando significativamente os índices demorbimortalidade em nível nacional. É deextrema importância conhecer essa corre-lação entre as patologias para que o trata-mento seja correto, uma vez que as duasdoenças têm efeitos sistêmicos e uma con-tribui para o aparecimento da outra. O DMapresenta-se como um distúrbio metabólicocaracterizado pelo aumento no nível deglicemia, podendo ser associado a outrosdistúrbios, afetando vários órgãos comoolhos, rins, cérebro, coração e vasos san-guíneos. Esta condição pode se originar dealgumas formas como defeitos na secreçãode insulina que resulta da destruição dascélulas beta do pâncreas (BRASIL, 2006).

Segundo a Organização Mundial daSaúde (OMS), é importante reconhecer ocaráter epidêmico das doenças crônicas nãotransmissíveis e que ações imediatas sãoimportantes para combatê-las o mais rápi-do possível, uma vez que elas são as princi-pais causadoras de mortes no mundo(FREITAS, GARCIA, 2012).

A HAS e o DM apresentam váriosaspectos em comum como etiopatogenia,fatores de risco como obesidade esedentarismo, cronicidade, que requer umtratamento contínuo e controle rigoroso. Ascomplicações podem ser evitadas se hou-ver um tratamento adequado, contudo, aspatologias podem ser assintomáticas, comdifícil adesão ao tratamento. Dessa forma,necessitam de acompanhamento por umaequipe multidisciplinar com abordagem maisrigorosa da atenção básica (BRASIL, 2001).

A hipertensão arterial e o Diabetesmellitus são as mais comuns e para se terum controle e tratar essas doenças é preci-so que o usuário mude o modo como vive, etenha uma dieta mais saudável. Mas, é pre-ciso haver uma orientação adequada quan-to às intervenções necessárias para o trata-mento e o usuário deve reconhecer que po-dem ocorrer complicações graves destaspatologias (MIRANZI et al, 2008). Devidoao elevado aumento das Doenças CrônicasNão transmissíveis (DCNT), a OrganizaçãoMundial da Saúde (OMS), em 2013, apro-vou um plano de ação para a prevenção econtrole das DCNT com ênfase no contro-le das doenças do aparelho circulatório, dasneoplasias, das doenças respiratórias, crô-nicas e diabetes, bem como para preveniros fatores de risco como tabaco, dieta nãosaudável, falta de atividade física e álcool.Tendo esse plano como objetivo reduzir ataxa de mortalidade em consequência dasDCNT (ALVES; MORAIS; NETO; 2015).

Entre os sistemas elaborados peloMinistério da Saúde, existe o Sistema deCadastramento e Acompanhamento deHipertensos e Diabéticos (SisHiperdia), quefoi criado em 2012 e permite cadastrar eacompanhar os usuários com HAS e/ouDM, e possui o propósito de gerar informa-

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ções para os trabalhadores e gestores desaúde, para aquisição, dispensação e distri-buição de medicamentos a todos os usuári-os cadastrados (CONTIERO et al, 2009;MALFATTI; ASSUNÇÃO, 2011).

O HIPERDIA possibilita gerar infor-mações para adquirir, dispensar e distribuirmedicamentos para os usuários cadastra-dos (MALFATTI; ASSUNÇÃO, 2011). Osistema envia as informações dos usuáriospara o Cartão Nacional de Saúde, podendoidentificá-los de forma única no SUS. Osbenefícios se dão pela orientação aosgestores para criação de novas estratégiase por permitir conhecer a epidemiologia doDM e HAS (DATASUS, 2011).

Ademais, é preciso avaliar a qualida-de das informações em saúde nos Sistemasde Informação em Saúde (SIS), instrumen-tos importantes para o diagnóstico, pois ca-racterizam populações em risco e possibili-tam planejar estratégias terapêuticas deacordo com as necessidades de cada grupopopulacional (ZILLMER et al, 2010).

O levantamento de dados é impres-cindível porque torna possível identificar asfalhas existentes nos cadastros dos usuári-os e permite que sejam elaboradas outrasestratégias para tornar o atendimento e aorientação adequados. Contudo, o grandedesafio de um Sistema de Informações emSaúde começa por reconhecer a importân-cia da informação coletada e a possibilida-de de acessar os dados com facilidade, in-tegrar dados com diversas fontes, garantira comparabilidade dos dados e a completudedas informações (LIMA et al, 2011).

Frente ao exposto, este estudo tem porobjetivo caracterizar os usuários hipertensose/ou diabéticos em tratamento vinculados aoHIPERDIA em uma unidade básica de saú-de do município de Uruguaiana/RS.

METODOLOGIA

Trata-se de um estudo descritivo, re-trospectivo, com abordagem quantitativa. O

estudo corresponde ao recorte do Projetode pesquisa intitulado “Acompanhamento depacientes Hipertensos e Diabéticos usuári-os da atenção básica de Uruguaiana-RS”,com aprovação no comitê de ética e pes-quisa da Universidade Federal do Pampa,com número de registro 457.092.

O estudo foi desenvolvido em prontu-ários de usuários vinculados a uma Unida-de Básica de Saúde (UBS) de referênciapara usuários cadastrados no HIPERDIA,no espaço temporal de 2005 a 2014. A es-colha do cenário deve-se ao fato deste serreferência no atendimento a hipertensos ediabéticos no município.

A pesquisa foi composta por duas eta-pas: na primeira etapa foi utilizado um for-mulário previamente testado para caracte-rizar o perfil clínico dos usuários doHIPERDIA, com busca e levantamento dedados no arquivo da UBS. Na segunda eta-pa foi realizada uma busca ativa nos pron-tuários onde se verificou os seguintes tópi-cos: gênero, idade, tipo de doença acometi-da (hipertensão, diabetes tipo I, diabetes tipoII, associação das doenças), fármaco utili-zado, posologia, o ano do cadastro e últimoacompanhamento na UBS.

Para a inclusão dos dados foi utilizadoo software Microsoft Excel 2007, posteri-ormente realizou-se a análise dos dados.

RESULTADOS

Em relação ao número de cadastrosrealizados na UBS supracitada, tem-se: 2005(01), 2007 (30), 2008 (05), 2009 (22), 2010(35), 2011 (43), 2012 (31), 2013 (58), 2014(22), totalizando 247 cadastros. Quanto aogênero, 167 (67,47%) pertencem ao gênerofeminino e 80 (32,52%) ao gênero masculi-no.

A Tabela 1 apresenta a faixa etáriados usuários com hipertensão e diabetescadastrados no HIPERDIA da UBS, cená-rio deste estudo em Uruguaiana/RS.

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Tabela 1: Faixa etária dos usuários comhipertensão arterial sistêmica e diabetes

mellitus de Uruguaiana/RS

A partir da faixa etária foi possívelestabelecer a fase cronológica dos partici-pantes do estudo, de acordo com a Tabela2.

Tabela 2: Fase cronológica dos usuárioscadastrados no HIPERDIA de Uruguaiana/RS

Dos prontuários analisados, 27(10,97%) não descreveram o fármaco utili-zado e 14 (5,69%) não indicaram a posologiado medicamento. Os dados deste estudopossibilitaram identificar as classes de me-dicamentos que os usuários da UBSsupracitada fazem uso, o que pode ser vistona Tabela 3.

Tabela 3: Classe de medicamentos utilizadospelos usuários hipertensos e diabéticos de

Uruguaiana/RS

O estudo possibilitou caracterizar osparticipantes em relação aos medicamen-tos utilizados, conforme a Tabela 4.

Tabela 4: Porcentagem de medicamentosutilizados pelos usuários hipertensos cadas-

trados no HIPERDIA de Uruguaiana/RS

Ao analisar a consistência e a coerên-cia das informações contidas nos prontuári-os, constatou-se a falta de anotações con-cisas. Estas evidências denotam que as ano-tações estão incompletas, o que dificulta acaracterização dos participantes. Outro as-pecto relevante é que a objetividade dasanotações da equipe multidisciplinar em re-lação ao usuário pode não ser suficiente parasustentar o quadro de saúde, prejudicandopráticas de prevenção e promoção da saú-de, contribuindo para a morbimortalidadedessa população.

DISCUSSÃO

Constatou-se que o diabetes e a hi-pertensão foram mais frequentes a partir dos50 anos de idade. Este aumento está relaci-onado com a presença de doenças crôni-cas, principalmente cardiovasculares, queatualmente estão cada vez mais presentesentre as morbidades da população em ge-ral, que possui uma expectativa de vida maior(MARIN et al, 2012; SILVA et al, 2006).

Ressalta-se, ainda, que em pacientesdiabéticos a hipertensão é duas vezes maisfrequente que na população em geral, o queocorre devido à maior incidência que estaspessoas têm de doença coronariana, doen-ça arterial periférica e doença vascular ce-rebral. O diabetes é a sexta causa mais co-mum de internações hospitalares e, devido

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às complicações, eleva ainda mais os cus-tos do tratamento (FRAGA et al, 2012;BRASIL, 2006; SILVA et al, 2006).

Em relação ao gênero, ressalta-se aelevada prevalência de doenças metabóli-cas em mulheres. Já as doençascardiovasculares acometem mais os ho-mens, sendo um dos principais motivos deóbito. Em contrapartida, identifica-se quesão as mulheres que mais buscam o serviçode saúde. Tal fato justifica-se porque elassão consideradas mais frágeis e vulneráveisque os homens, e pelo fato do sexo femini-no ser mais flexível a mudanças do que osexo masculino (GOMES; NASCIMEN-TO; ARAÚJO, 2007; MORAIS; NETO,2015; SAMPAIO, 2015).

A hipertensão arterial representa 60%da morbimortalidade do Brasil, elevando ocusto médico-social principalmente pelascomplicações que desencadeia. Para que opaciente aceite o tratamento é preciso queele entenda a necessidade de aderir de for-ma terapêutica e que, a partir disso, mude oseu estilo de vida (CONTIERO et al, 2009).

As doenças cardiovasculares são asprincipais causas de mortalidade em pesso-as com diabetes (FREITAS; GARCIA,2012). Apresenta-se também como um pro-blema de saúde pública nacional e no mun-do, transformando-se numa epidemia; sen-do esta doença inter-relacionada a outrasdoenças que comprometem a saúde do in-divíduo, causando elevados custos para ocontrole de suas complicações (SILVA etal, 2006).

O controle da glicemia e da pressãoarterial é eficaz no domínio do diabetes e dahipertensão, sendo ainda muito importanteo uso adequado do tratamentomedicamentoso e mudanças no estilo devida. A não adesão ao tratamentomedicamentoso representa um problema decontexto mundial pela diminuição dos efei-tos terapêuticos, em especial de doençascrônicas, acarretando um aumento nos cus-tos para sistemas de saúde(MAGNABOSCO et al, 2015). Oautocuidado dos pacientes diabéticos torna-

se mais desafiador que das outras DCNTpelo fato de ser necessária umamonitorização da glicose no sangue, usoadequado dos medicamentos, mudança noshábitos alimentares e atividade física(SAMPAIO, 2015).

A objetividade das anotações da equi-pe multidisciplinar sobre o estado de saúdedo usuário é outro aspecto relevante, poisinformações insuficientes podem prejudicaras práticas de prevenção e promoção dasaúde do usuário; não sustentando suas ne-cessidades de saúde e contribuindo para umprognóstico negativo. A ampliação de da-dos cadastrais traria melhor conhecimentoda situação inicial dos usuários e apontariapara outras possíveis complicações de saú-de (MOREIRA; GOMES; SANTOS,2010).

O diagnóstico precoce da doença e oestabelecimento do vínculo entre os usuári-os e a UBS, concomitante ao preenchimen-to correto das informações referentes aousuário, são elementos imprescindíveis paraamenizar e controlar os agravos à saúdedecorrentes da falta ou ausência de trata-mentos adequados. Assim, o acompanha-mento e o controle da hipertensão e do dia-betes representam estratégias para preven-ção de patologias secundárias, bem como oaparecimento de complicações clínicas, do-enças cardiovasculares, internações hospi-talares e, até mesmo, o óbito (MALFATTI;ASSUNÇÃO, 2011).

CONCLUSÃO

Os índices de usuários cadastradosaumentaram com o passar dos anos, tal fatopode estar atrelado à referência que esseserviço de saúde representa para a popula-ção. Contudo, essa procura também refle-tiu na qualidade, coerência e consistênciadas informações dos prontuários. As anota-ções cruzadas ou excessivamente objetivasprejudicam na caracterização dessa popu-lação.

A procura pelo atendimento no servi-ço de saúde aumenta com proximidade da

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terceira idade, assim como a utilização doserviço pelo gênero feminino. O uso demedicamentos pelos usuários doHIPERDIA demonstra a dependência con-tínua destes fármacos, muitas vezes asso-ciados para minimizar os agravos e contro-lar a hipertensão e o diabetes.

Sugere-se que a UBS, junto com aequipe multidisciplinar, adote um sistema depreenchimento dos prontuários completo,que possibilite ao profissional da saúde co-nhecer os usuários do HIPERDIA, e a par-tir disso elaborar estratégias para a adesãoao tratamento. O preenchimento adequadodo prontuário contribui para o gerenciamentoda unidade, controle, dispensação e distri-buição de medicamentos, além da atualiza-ção dos dados referentes aos usuários.

RESPONSABILIDADESINDIVIDUAIS

Os autores trabalharam juntos em to-das as etapas de produção do artigo.

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EDUCAÇÃO PERMANENTE EM SAÚDE, EDUCAÇÃO CONTINUADA EEDUCAÇÃO EM SAÚDE: CONCEIT OS E APLICAÇÃO NOS DIFERENTES

ÂMBITOS DE SAÚDE

Marli Terezinha Oliveira Vannuchi1, Tatiane Angélica Phelipini Borges2, Franciely Midori Bueno deFreitas3, Rafaela de Oliveira Vannuchi4

RESUMO: Trata-se de uma reflexão teórica que tem por objetivo analisar os conceitos-chave relati-vos à Educação Permanente em Saúde, Educação Continuada e Educação em Saúde e fazer umcomparativo com ações realizadas na atenção básica, e na área hospitalar. Embora apresente diferen-ças, é frequente na prática dos serviços de saúde a implementação das diversas formas de maneiraindistinta da educação. Assim, procurou-se fazer uma articulação reflexiva dos preceitos dos váriosmodelos de concepção dos processos educacionais na tentativa de sanar dúvidas em relação aosconceitos. Tal articulação apresenta uma concepção educativa em prol da conscientização dossujeitos trabalhadores sobre as distintas contribuições pessoais, sociais, relacionais e institucionaisque podem advir das diferentes formas de perceber e exercer a educação na área da saúde, e notrabalho em saúde. Assim, julga-se pertinente que os profissionais da área da saúde, em especial osenfermeiros, compreendam de forma correta e coerente os conceitos acerca da Educação Permanenteem Saúde, Educação Continuada e Educação em Saúde, visto que esta compreensão subsidiará oplanejamento de suas ações educativas em saúde de forma eficaz, no intuito de resultar no impactonecessário, tanto para melhoria da qualidade da assistência quanto para preservar e melhorar aqualidade de vida da população.

DESCRITORES: Centros de Saúde~ Hospitais Públicos~ Educação Permanente~ Educação Conti-nuada~ Educação em Saúde.

CONTINUOUS EDUCATION IN HEAL TH, EDUCATION AND CONTINUINGHEAL TH EDUCATION: CONCEPTS AND IMPLEMENT ATION IN

DIFFERENT AREAS OF HEALTH

ABSTRACT: This is a theoretical reflection that aims to examine the key concepts relating toContinuing Education in Health, Continuing Education and Health Education and make a comparisonwith actions performed in public health and hospitals. Although present differences, is common inthe practice of health services to implement various forms indistinctly education. So we tried to makea reflective articulation of the precepts of the various design models of educational processes in anattempt to answer questions regarding concepts. Such articulation presents an educational designfor the sake of awareness of subjectworkers about the different personal, social, relational andinstitutional contributions that can arise from different ways of perceiving and exercise education inhealth and workplace health. Thus, it is deemed appropriate that health professionals, especiallynurses, to understand correctly and coherently about the concepts of Continuing Education inHealth, Continuing Education and Health Education, since this understanding subsidize planningthe educational activities in health effectively in order to result in the necessary impact, both toimprove the quality of care, and also to preserve and improve the quality of life.

KEYWORDS: Health Centers~ Hospitals Public~ Education Continuing~ Education Continuing~Health Education.

1 Docente. Doutora em Saúde Pública pela Universidade de São Paulo. Professor Adjunto do Curso de Enfermagem.Universidade Estadual de Londrina/ UEL. Integrante do Grupo de Estudo da Formação na Área da Saúde (GFAS).Londrina – PR. Email:[email protected]

2 Enfermeira. Mestre em Enfermagem. Doutoranda em Saúde Coletiva – Universidade Estadual de Londrina/ UEL.Integrante do Grupo de Estudo da Formação na Área da Saúde (GFAS).

3 Enfermeira. Mestranda em Enfermagem – UEL. Integrante do Grupo de Estudo da Formação na Área da Saúde(GFAS). Londrina – PR. Email: [email protected]

4 Nutricionista. Residente Multiprofissional em Saúde da Família/ UEL. Londrina – PR. Email:[email protected]

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INTRODUÇÃO

A educação em todos os campos deatuação profissional ocupa espaço privile-giado, pois a rapidez com que as mudançasse configuram através do fenômeno daglobalização exige contínua atualização dossaberes, consequentemente, possibilita au-mentar de forma gradativa o nível de parti-cipação dos sujeitos nas sociedades moder-nas em busca do aperfeiçoamento do co-nhecimento.

Assim, a educação dos trabalhadoresda área da saúde requer empenho e apri-moramento dos métodos educativos paraque alcancem com eficácia a equipemultiprofissional. De modo que se possibili-tem estratégias de educação que encora-jem estes profissionais a buscarem o apri-moramento do conhecimento e transforma-ções de suas práticas assistenciais no intui-to de promover o desenvolvimento dos pro-cessos de trabalho (SARDINHA PEIXO-TO et al, 2013).

A busca pelo processo educativo queacompanhe o desenvolvimento tecnológicoe a evolução do conhecimento deve primare transcender o aperfeiçoamento técnico,indo além da análise de problemas pontuaisdo processo de trabalho, garantindo assis-tência de qualidade à população (GUIMA-RÃES~ MARTIN~ RABELO, 2010~ CA-VALCANTE et al, 2013).

Neste contexto, a enfermagem cons-titui uma profissão da saúde que se baseiana ciência que estuda o cuidado humano nosdiversos âmbitos em que está inserido e quese materializa no planejamento das ações,cuidados prestados e práticas educativaspara os pacientes e seus familiares. Alémdisso, a equipe de enfermagem necessitaapropriar-se de novos conhecimentos nointuito de qualificar seu trabalho através decursos, capacitações e atualizações sobreas principais necessidades vivenciadas nocotidiano de trabalho (PIRES, 2009~ CU-NHA; MAURO, 2010).

Ao discutir educação em enfermagemem seus diversos âmbitos, é importante de-finir os conceitos acerca das principais for-

mas de educação utilizados nos processosde trabalho, a saber: Educação Permanen-te em Saúde, Educação Continuada e Edu-cação em Saúde. A compreensão destesdiferentes termos é o primeiro passo parapropor ações educativas eficazes para o tra-balho em equipe.

Assim, o objetivo deste artigo foi re-fletir sobre os conceitos-chave relativos àEducação Permanente em Saúde, Educa-ção Continuada e Educação em Saúde, efazer uma comparação com suas aplicaçõesnas ações realizadas nas áreas da AtençãoBásica e hospitalar. Para tal, procurou-sefazer uma articulação reflexiva dos precei-tos dos vários modelos de concepção dosprocessos educacionais na tentativa de sa-nar dúvidas em relação aos conceitos. Essaarticulação apresenta uma concepçãoeducativa em prol da conscientização dossujeitos trabalhadores sobre as distintas con-tribuições pessoais, sociais, relacionais einstitucionais que podem advir das diferen-tes formas de perceber e exercer a educa-ção na área da saúde e no trabalho dos pro-fissionais de saúde.

CONCEITOS DE EDUCAÇÃO PER-MANENTE EM SAÚDE, EDUCA-ÇÃO CONTINUADA E EDUCAÇÃOEM SAÚDE

A Educação Permanente em Saúde(EPS) apresenta-se como uma proposta deação estratégica capaz de contribuir para atransformação dos processos formativos,das práticas pedagógicas, assistenciais e desaúde. Surgiu na tentativa de aprimorar ométodo educacional em saúde, tendo o pro-cesso de trabalho como seu principal objetode transformação, com o intuito de melho-rar a qualidade dos serviços da equipe desaúde, visando alcançar equidade no cuida-do, tornando os sujeitos trabalhadores maiscompetentes para o atendimento das neces-sidades da população, indo ao encontro dasprioridades da gestão setorial e do controlesocial em saúde e das instituições formado-ras (SILVA , et al, 2010~ BRASIL, 2004).

A proposta de EPS na perspectiva de

Educação permanente em saúde, educação continuada e educação em saúde

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transformação ocorre por meio da articula-ção entre a teoria e a prática realizada pe-los profissionais. É mediada por políticasinstitucionais que amparem estas ações eparte do pressuposto da aprendizagem notrabalho executado no cotidiano dos servi-ços, organizando-se como processo perma-nente, de natureza participativa emultiprofissional envolvendo toda a equipe,de modo a não priorizar ações individuais.

A EPS, hoje no Brasil, já figura comuma política bem definida (Portaria Nº 198/GM/MS de 13 de fevereiro de 2004) e asua gestão deve ser feita pelos Polos de EPSque funcionam como dispositivos do Siste-ma Único de Saúde (SUS) para a promo-ção de mudanças e articulaçõesinterinstitucionais necessárias para suaviabilização (BRASIL, 2004).

Segundo esta Política, a EPS é o con-ceito pedagógico, no setor da saúde, paraestabelecer relações entre ensino e as açõese serviços, e entre docência e atenção àsaúde, sendo ampliado, na Reforma Sanitá-ria Brasileira, para as relações entre for-mação e gestão setorial, desenvolvimentoinstitucional e controle social em saúde. AEPS realiza a agregação entre aprendiza-do, reflexão crítica sobre o trabalho eresolutividade da clínica e da promoção dasaúde coletiva (BRASIL, 2004~ BRASIL,2007).

Desta forma, a EPS constitui-se emuma das alternativas viáveis de mudança noespaço de trabalho em razão de cogitar for-mas diferenciadas de educar e aprender,através da qual se propõe transcender aotecnicismo e às capacitações pontuais, ins-tigando a participação ativa dos educandosno processo, assim como o desenvolvimen-to da capacidade crítica e criadora dos su-jeitos (SILVA, et al, 2011).

Por conseguinte, o processo educativotranspassa a atividade do trabalhador, en-quanto este, de algum modo, ora é educa-dor, ora é educado, atuando como mola pro-pulsora para transformações dosparadigmas destes indivíduos, dado que seutiliza de conhecimentos específicos ao in-

terferir/contribuir no mundo do trabalho,transformando a natureza e a sociedade aopasso que transforma a si próprio, amplian-do, assim, sua visão de mundo (SILVA, etal, 2011~ GUIMARÃES~ MARTIN~RABELO, 2010).

Logo, o processo educativo pode ca-racterizar-se como um cuidado das institui-ções de saúde para com os trabalhadoresno processo de trabalho. A educação volta-da para os profissionais que desenvolvematividades de enfermagem nos serviços desaúde nasceu com o intuito de aperfeiçoa-mento da prática assistencial para que pro-movam melhorias nos ambientes de traba-lho constantemente (CAVALCANTE, et al,2013~ SILVA, et al, 2010).

Para tanto, a EPS precisa ser um ins-trumento que venha a despertar nos profis-sionais de saúde envolvidos a motivação in-dispensável para a modificação da ativida-de profissional, tornando-os mais críticos, afim de não mais trabalharem apenas cum-prindo suas atividades de forma mecanicista(SARDINHA PEIXOTO et al, 2013~ CU-NHA; MAURO, 2010).

Neste mesmo contexto, a EducaçãoContinuada (EC) é definida como um con-junto de atividades educativas para atuali-zação do indivíduo, no qual é oportunizado odesenvolvimento do profissional, assim comosua participação ativa e eficaz no dia a diada instituição. É pautada pela concepção deeducação como transmissão de conhecimen-to e pela valorização da ciência como fontedo conhecimento, além de ser pontual, frag-mentada e construída de forma não articu-lada à gestão e ao controle social (CUNHA;MAURO, 2010).

A EC possui uma abordagem comênfase em cursos e treinamentos construídoscom base no diagnóstico de necessidadesindividuais, com enfoque nas categorias pro-fissionais e no conhecimento técnico-cien-tífico de cada área. Portanto, a EC temcomo finalidade melhorar o desempenhoprofissional a partir da aquisição de conhe-cimentos, habilidades, atitudes e mudançascomportamentais, possibilitando o desenvol-

Educação permanente em saúde, educação continuada e educação em saúde

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vimento de competências profissionais parapoder interagir e intervir no contexto em queestão inseridos, além de auxiliar naminimização dos problemas advindos da atu-alização profissional (PEDUZZI et al,2009~ SARDINHA PEIXOTO et al, 2013,BEZERRA et al, 2012 ).

Além disso, a EC deve ser um pro-cesso amplo e abrangente, mesmo que seproceda de demandas pontuais deve con-templar, também, discussões sobre as polí-ticas públicas de saúde que incluam as rela-ções entre trabalho, educação e saúde, co-nhecimento e competências técnico-cientí-fico, ética e política. Para que se torne efe-tiva, deve fazer parte do planejamento dainstituição como uma ferramenta estratégi-ca para o desenvolvimento de pessoas esofrer avaliações sistematicamente(PEDUZZI et al, 2009~ SARDINHA PEI-XOTO et al, 2013).

Para tanto, as estratégiasimplementadas acerca da EC devem con-tribuir para o aprimoramento e manutençãoda competência do profissional de saúde nointuito de assegurar uma assistência de qua-lidade aos pacientes e seus familiares. Ain-da, devem promover segurança, autonomiae aumento da autoestima dos profissionaispor meio de ações qualificadas e sistemati-zadas, fazendo com que estes sintam-se maisvalorizados e motivados para o desempe-nho das atividades e crescimento pessoalno trabalho (BEZERRA et al, 2012).

Mesmo que a EC tenha conceitos di-ferentes da EPS, as duas visam aprimorare atualizar o conhecimento dos profissionaisde saúde para um mesmo fim, que é proporatividades e ações educativas para melho-rar a assistência ao paciente e seus familia-res, e propiciar maior interação na equipede saúde, oportunizando a promoção daaprendizagem e intercâmbio dos conheci-mentos.

Por outro lado, a Educação em Saúde(ES), de acordo com a definição do Minis-tério da Saúde, é um processo educativo deconstrução de conhecimentos em saúde quevisa a apropriação de saberes pela popula-

ção, ou seja, são meios adquiridos para pre-servar e melhorar a sua vida. A ES está re-lacionada à aprendizagem dos sujeitos emrelação a um conjunto de práticas de sabe-res com o intuito de aumentar sua autono-mia para fazer boas escolhas e empoderarestes sujeitos para cuidados, promoção eprevenção da sua própria saúde de acordocom suas necessidades (BRASIL, 2006).

As práticas de ES devem envolvertrês seguimentos prioritários: os profissio-nais de saúde que valorizem a prevenção ea promoção tanto quanto as práticas curati-vas, os gestores que apoiem estes profissi-onais e a população que necessita construirseus conhecimentos e aumentar sua auto-nomia nos cuidados, individual ou coletivo,sendo imprescindível que os saberes e va-lores do indivíduo sejam levados em consi-deração para que haja a construção de no-vos conhecimentos (CERVERA; PARREI-RA; GOULART, 2011).

Valorizar conhecimentos prévios dossujeitos envolvidos nas ações de ES deveser primordial, pois, segundo preceitos deFreire (2007), deve-se capacitar os sujeitospor meio de seu empoderamento, reflexãocrítica e conscientização para que estes es-colham os meios para promover, manter erecuperar a sua própria saúde. As suas es-colhas devem ser feitas de maneira consci-ente e não impostas pelos profissionais desaúde.

Nesse sentido, o profissional deve atu-ar como facilitador, buscando conhecer arealidade e o contexto em que o indivíduoestá inserido, humanizando o processo, va-lorizando as informações trazidas e estimu-lando sua autonomia e corresponsabilização,fazendo com que este assuma um papel ati-vo no processo de mudança de realidade deacordo com as necessidades individuais ecoletivas, e a partir de escolhas de estraté-gias mais apropriadas segundo sua própriaótica (FALKENBERG et al, 2014).

É importante salientar que apesar deser um método que compreende o ser hu-mano baseado na integralidade, não é pos-sível garantir que a ES seja completamente

Educação permanente em saúde, educação continuada e educação em saúde

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eficiente, considerando que a mudança dehábitos, atitudes e comportamentos, que sãoos resultados esperados, são processos com-plexos e multifatoriais (SILVA et al, 2010).

Nessa perspectiva, a ES representa umrecurso no qual o conhecimento cientifica-mente produzido, intermediado pelos profis-sionais de saúde, atinge a vida cotidiana daspessoas, estimulando a compreensão doscondicionantes do processo saúde-doença-cuidado, oferecendo subsídios para a ado-ção de novos hábitos (FALKENBERG etal, 2014~ CERVERA; PARREIRA;GOULART, 2011).

A UTILIZAÇÃO DOS CONCEITOSDE EDUCAÇÃO NA PRÁTICA DAATENÇÃO BÁSICA

No âmbito da atenção básica, os con-ceitos da educação se confundem e sãopouco trabalhados na prática diária. No en-tanto, apesar do desconhecimento acercados mesmos pelos profissionais de saúde doSUS, os diferentes conceitos de educaçãosão aplicados e podem ser percebidos, mui-tas vezes de forma não estruturada, na roti-na das Unidades Básicas de Saúde (UBS)e demais serviços da rede.

A aplicação prática dos conceitos deeducação encontra entraves na atual tran-sição do modelo de saúde, com forte resis-tência no que se refere ao modelohegemônico assistencialista. O antigo mo-delo é privatista e técnico- assistencial, comfoco na lógica capitalista, restrito a procedi-mentos, prescrição de medicamentos e usode equipamentos, ou seja, prevalece aindao conceito de saúde como ausência de do-ença e a utilização de tecnologias duras.

Apesar do surgimento do ProgramaSaúde da Família como estratégia para re-organização do modelo de assistência, ob-serva-se ainda a fragmentação do cuidadoe dificuldades na implementação dos novosconceitos de saúde pautados naintegralidade, corresponsabilização eprotagonismo do usuário.

Frente à resistência observada entre

os profissionais, na mudança do sistema ede paradigmas surgem os novos conceitosde Educação em Saúde, que buscam a pro-moção de mudanças no processo de traba-lho e o desenvolvimento de articulação en-tre as esferas: gestão, serviços de saúde,instituições de ensino e órgãos de controlesocial.

Dentre os três tipos de educação jáexplorados neste trabalho destaca-se naatenção básica a Educação Permanente emSaúde que ocorre frequentemente e, princi-palmente, nas reuniões de equipe ematriciamentos realizados. Pois ambosacontecem de forma contínua e exigem aparticipação multiprofissional e intersetorial,gerando a necessidade de discussão e apri-moramento do processo do trabalho, visan-do sempre a garantia do acesso a um servi-ço de qualidade e resolutivo ao usuário.

Entretanto, a consolidação da Educa-ção Permanente em Saúde exige uma dis-cussão contínua acerca de seus preceitos eorganização estruturada para que ocorra defato, gerando reflexão sobre o processo detrabalho e mudanças de caráter permanen-te de modo a fortalecer, também, o vínculoentre os profissionais e equipes da Estraté-gia Saúde da Família. Visto que a interação,a comunicação e o trabalho multiprofissional,em geral, é uma das principais dificuldadesencontradas nas equipes e, ao mesmo tem-po, fundamental para mudança do modelo eclínica ampliada.

A Educação Continuada, por sua vez,apresenta-se mais consolidada, já que é umaprática comum nos serviços de saúde. Poisas necessidades de atualização dos profis-sionais emergem continuamente à medidaque a ciência atualiza-se e avança rapida-mente. Esta prática, também nãoestruturada, ocorre conforme as necessida-des dos profissionais ou solicitação do Mi-nistério da Saúde, ficando restrita, em suamaioria, a núcleos específicos, com foco nacapacitação dos profissionais e transmissãode conhecimento.

A Educação em Saúde, um conceitoque aos poucos vem sendo explorado na

Educação permanente em saúde, educação continuada e educação em saúde

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rotina dos serviços de saúde, é atualmenteuma das ferramentas de maior relevânciana atenção básica. Os profissionais perce-bem nos atendimentos individuais e coleti-vos a baixa resolutividade de suas açõesquando relações verticais, nas quais predo-minam a prescrição normativa einstrumentalização, são estabelecidas comos usuários.

Em um modelo assistencial, no qual aprevenção e promoção da saúde regem seufuncionamento, a interação dinâmica entreo saber técnico e o saber popular é impres-cindível para que haja compreensão ecorresponsabilização no processo saúde-doença-cuidado. Busca-se, portanto, naatenção básica, a formação de vínculo evalorização dialética, estabelecendo umarelação horizontal entre as equipes e a po-pulação, a fim de formar sujeitos ativos eautônomos sobre os determinantes de saú-de não restritos a processos patológicos eato médico.

A UTILIZAÇÃO DOS CONCEITOSDE EDUCAÇÃO NA PRÁTICA DAATENÇÃO HOSPITALAR

Não diferente do que ocorre na aten-ção básica, no contexto hospitalar os con-ceitos sobre Educação Permanente em Saú-de, Educação Continuada e Educação emSaúde também se confundem, porém sãotrabalhados em algumas situações da práti-ca diária e, na maioria das vezes, de formanão sistematizada.

Na realidade, o que prevalece hoje,principalmente nas instituições hospitalares,é a fragmentação da educação. Mesmo queem alguns hospitais existam os setores es-pecíficos, designados por serviço de Edu-cação Continuada, estes são responsáveisprincipalmente por dar treinamentos aosprofissionais de saúde de acordo com a de-manda imposta pela instituição. Assim, ademanda ou o problema é identificado noprofissional ou na unidade de atendimentopela chefia imediata e esta transfere suaresponsabilidade para o setor de EC para

que este encontre uma saída, sendo os trei-namentos a solução visualizada com maiorfacilidade.

Desta forma, o que se entende por trei-namento é o método de transmitir conheci-mentos sem a participação ativa do profis-sional que o recebe, servindo para que esteindivíduo consiga reproduzir o aprendizadoem sua prática posteriormente, de maneiramecanizada.

Diante desta controvérsia, as estrutu-ras de EC existentes em algumas organiza-ções deveriam criar espaços para discus-sões no intuito de possibilitar estratégias cri-ativas para traçar metas e soluções, paraque os profissionais pudessem atualizar seusconhecimentos e não apenas buscar solu-ções pontuais para sua prática assistencial.

A preocupação dos gestores hospita-lares deveria ir além da atualização técnicae pontual dos profissionais, como se obser-va com frequência no cotidiano das institui-ções. O aprimoramento dos conhecimentos,aquisição de novos conceitos, atitudes ecompetências deveriam ser algo inerente econstante nas ações de educação.

Por sua vez, a Educação Permanenteem Saúde, conforme preconizada pelas por-tarias ministeriais, preza por contribuir paramodificações nos processos de trabalho dosprofissionais de saúde, ou seja, perpassar otecnicismo e as capacitações pontuais eestimular a capacidade crítica reflexiva doindivíduo nas ações educativas no próprioambiente de trabalho, o que na prática hos-pitalar ocorre em raríssimos casos.

Sabe-se que ações educativas propor-cionadas aos profissionais de saúde a mé-dio e longo prazo propiciam gradativamentea correlação entre teoria e prática, acresci-das da reflexão crítica dos envolvidos. Semcontar que, por meio da motivação e estí-mulo, pode-se levar o profissional a seconscientizar quanto à importância da atua-lização de seus conhecimentos.

Porém, não basta somente limitar asações de EPS como o modelo de educaçãoque aprimore os conhecimentos dos profis-sionais para que ocorram modificações em

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suas práticas clínicas. Também é necessá-rio haver modificações organizacionais, demodo a subsidiar estratégias e mudançasinstitucionais para que seja viável que osprofissionais coloquem em prática os conhe-cimentos adquiridos e visualizados comonecessários.

Talvez a falta de vinculação do setorde EPS com as demais instâncias adminis-trativas da instituição hospitalar, aliada à faltade compreensão dos profissionais de saúdesobre a importância das ações e atividadesEPS, dificultem as modificações das práti-cas clínicas e assistenciais.

Neste sentido, percebe-se que há certadificuldade no entendimento dos conceitosde EPS e EC pelos profissionais de saúde,em especial os enfermeiros que trabalhamem unidades hospitalares. Muitas vezes,essa confusão de conceitos faz com queestes profissionais transfiram suas respon-sabilidades educacionais para os setores deEPS ou EC da instituição hospitalar e, porisso, as ações educativas não causam o im-pacto necessário para melhoria da qualida-de da assistência.

Em relação à ES no contexto hospita-lar, observa-se que ela é utilizada em todomomento pelo profissional, pois acontececomumente em ações de prevenção e pro-moção à saúde. Almeja-se que durante todoo atendimento ao paciente, desde sua en-trada até a alta hospitalar, haja uma educa-ção em saúde efetiva, esclarecendo as dú-vidas do paciente e o preparando para seuautocuidado após sua saída. Nota-se que aES é inerente ao processo de trabalho prin-cipalmente do enfermeiro, sendo esta umadas suas principais atividades: o ser educa-dor.

As instituições hospitalares devembuscar a capacitação e o desenvolvimentode seus quadros, pois é nítido em seu con-texto o contraste entre a necessidade e arealidade. Devido a isso, um programa deeducação voltado aos profissionais, princi-palmente os de enfermagem, requer um pla-nejamento dinâmico, participativo einterdisciplinar. Os objetivos devem ser bem

definidos, buscando atender diretamente asnecessidades da organização e dos profis-sionais (SILVA~ SEIFFERT, 2009).

A educação dos profissionais de saú-de, pacientes/ usuários e seus familiares nãodeve ser vista apenas como um processoinstitucional ou de capacitação, mas sim sera preocupação dos gestores em elaborarestratégias na tentativa de qualificar a as-sistência prestada. Desmistificar e sanar aconfusão que há sobre os conceitos de EPS,EC e ES deve ser o primeiro passo, pois,sem isso, haverá dificuldades para aimplementação de ações educativas ou qual-quer tipo de estratégia.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante do exposto, julga-se pertinenteque os profissionais da área da saúde, emespecial os enfermeiros, compreendam deforma correta e coerente os conceitos acer-ca da EPS, EC e ES, visto que esta com-preensão subsidiará o planejamento de suasações em saúde de forma eficaz. Ao dife-renciar as terminologias é possível definir otipo de ação a ser desenvolvida diante danecessidade educativa apresentada.

Embora apresente diferenças, é fre-quente na prática dos serviços de saúde aimplementação das diversas formas de ma-neira indistinta da educação. Como o en-fermeiro deve desempenhar o importantepapel de educador e este tipo de atividadeestá inserido em sua prática diária, por es-tar em contínuo contato com os pacientes/usuários, seja no contexto da saúde coletivaou hospitalar e também no gerenciamentode equipes de saúde, é de suma importân-cia a distinção dos conceitos para poderhaver um planejamento prévio, de acordocom a proposta e objetivos, bem como paramensuração dos índices efetivos das ativi-dades e ações.

Mas, é primordial que os profissionaisde saúde reconheçam a importância de pro-curar formas de articulação entre diversasáreas do conhecimento e de usar o diálogocom os envolvidos para que a educação uti-

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lizada por eles seja efetiva e traga significa-do para os que fazem parte da sua açãoeducativa.

Por fim, existe a necessidade deconscientização dos profissionais de saúdesobre o valor do aprimoramento profissio-nal e pessoal, e da apropriação do conheci-mento para o exercício de seu processo detrabalho. De modo que se tornem mais crí-ticos, reflexivos e preparados para mudan-ças globais e assistenciais, e estejam emconsonância com as necessidades de aten-dimento e atenção à população.

RESPONSABILIDADES INDIVIDU-AIS

Os autores trabalharam juntos em to-das as etapas de produção do manuscrito.

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FATORES RELACIONADOS AO ABSENTEÍSMO DE PROFISSIONAIS DEENFERMAGEM EM UM HOSPIT AL PRIVADO EM VITÓRIA DA

CONQUISTA

Pâmella Dias1; Giovana Fernandes Araujo2

RESUMO: Introdução: No Brasil, a enfermagem se depara com diversas dificuldades, o que pode seranalisado através da observação de atividades insalubres, podendo acarretar uma série de proble-mas de saúde responsáveis pelo aumento no nível de absenteísmo. Objetivo: analisar as principaiscausas de absenteísmo dos profissionais de enfermagem em um hospital da rede privada em ummunicípio do sudoeste da Bahia. Metodologia: Esta pesquisa é de natureza quantitativa, descritiva,realizada em um hospital de nível secundário. Os dados foram obtidos a partir do banco de dados doRH do hospital, envolvendo informações referentes ao sexo, setor de trabalho, data de admissão,atestados médicos e tempo de ausência no trabalho durante o ano de 2013. Resultados e Discussão:Foram analisados 242 atestados médicos e 1161 dias de trabalho perdidos, além disso, observou-seque os atestados sem CID ocuparam a primeira posição (40%), seguidos pelas doenças do sistemaosteomuscular e do tecido conjuntivo (14%) e doenças do aparelho respiratório (12%), e dentre asdoenças osteomusculares encontradas destacaram-se a cervicalgia (21%) concomitante à Lumbagocom ciática (18%) e dor lombar baixa (15%). Conclusão: A pesquisa possibilitou um levantamentodos principais fatores relacionados ao absenteísmo de profissionais de enfermagem no hospitalcenário da pesquisa, sendo que os dados encontrados, além de possibilitar a identificação dasprincipais causas relacionadas ao absenteísmo de profissionais de enfermagem, servem de subsídiopara a realização de novas pesquisas e ações voltadas à saúde deste trabalhador.

PALAVRAS-CHAVE: Absenteísmo; Enfermagem; Hospital.

FACTORS RELATED TO ABSENTEEISM OF NURSES IN A PRIVATEHOSPITAL IN VITÓRIA DA CONQUISTA

ABSTRACT: Intr oduction: In Brazil, the nursing is faced with various difficulties, which can beanalyzed by observing unhealthy activities which may cause a series of health problems responsiblefor the increased level of absenteeism. Objective: analyze the main causes of absenteeism amongnurses in a private hospital in a city in the southwest of Bahia. Methodology: This research is aquantitative, descriptive study, at a secondary level hospital. Data were obtained from the databaseof HR hospital, involving information on gender, sector of employment, date of admission, medicalcertificates and time away at work during the year 2013. Results and Discussion: were analyzed 242medical certificates to 1161 working days lost, furthermore, it was observed that the certificateswithout CID ranked first (40%) followed by diseases of the musculoskeletal system and connectivetissue (14%) and respiratory (12%) and among the musculoskeletal diseases encountered diseaseshighlights were neck pain (21%) concomitant with Lumbago with sciatica (18%) and low back pain(15%). Conclusion: The results allow a survey of the main factors related to absenteeism of nursesin the scenario’s Research Hospital, and the data found in addition to enabling the identification ofthe main causes related to absenteeism of nurses serve as a subsidy for carrying new research andactions that worker health.

Keyword: Related Factors; Absenteeism; Nursing; Hospital.

1 Graduanda em Enfermagem pela Faculdade Independente do Nordeste- Barra do Choça-Ba, Brasil,[email protected]

2 Enfermeira. Docente da Faculdade Independente do Nordeste. Mestre em Meio ambiente e Sustentabilidade –Vitória da Conquista-Ba, Brasil, [email protected]

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INTRODUÇÃO

O trabalho, indiscutivelmente, exerceum papel extremamente relevante na vidado indivíduo funcionando como provedor doseu sustento e/ou da família, podendo con-tribuir tanto para a sua qualidade de vidaquanto interferir no processo de saúde apartir de fatores encontrados no ambientede trabalho (BRASIL; 2001, 2002).

O mercado de trabalho atual é um re-flexo do mundo capitalista que leva o indiví-duo a ter um comportamento individualistae consumista. Neste cenário, o trabalhadoré impulsionado pela competitividade eagressividade no mercado de trabalho, o quegera sérias consequências à sua saúde e suaprodutividade. Desta forma, um fator rele-vante que influi diretamente na qualidade devida do profissional é a condição de traba-lho, sendo que, quando esta não está ade-quada, a ação a ser desenvolvida aumentaa probabilidade de o trabalhador passar porum processo de adoecimento e, por conse-guinte, o absenteísmo (MARTINATO etal,2010)

Um tema que tem sido estudado e dis-cutido por diversos trabalhos científicos é oprocesso de adoecimento econsequentemente o afastamento de pro-fissionais da saúde, na busca por explica-ções cabíveis e soluções para esta proble-mática.

Para iniciar a discussão acerca doabsenteísmo de profissionais de enferma-gem no mercado de trabalho, faz-se neces-sário conhecer a enfermagem. Potter ePerry (2006, p.2) definem enfermagemcomo “[...] uma arte e uma ciência”, ou seja,o enfermeiro deve estar preparado para atu-ar de forma hábil e humanizada respeitandoa dignidade e personalidade do paciente, ele-vando a qualidade da assistência prestada aum nível de excelência.

Ainda afirmam que “no centro da prá-tica de enfermagem está o paciente, inclu-indo o indivíduo, a família e/ou a comunida-de”. Sendo assim, os cuidados prestadospela enfermagem não devem se restringirapenas ao paciente; uma vez que o olhar

deste profissional deve ser amplo, abrangen-do as necessidades do cliente, da família e/ou comunidade. Os pacientes chegam àsinstituições de saúde com diversos proble-mas, experiências e vulnerabilidades quepodem estar associadas a diversas questõesenvolvendo fatores familiares ou sociais,bem como podem provocar danos a tercei-ros.

No Brasil, a enfermagem se deparacom diversas dificuldades, principalmentequando o campo de atuação é uma institui-ção hospitalar, o que pode ser analisado atra-vés da observação de atividades insalubresrealizadas pelos trabalhadores desta área.Tais atividades aliadas às más condições detrabalho podem acarretar uma série de pro-blemas de saúde responsáveis pelo aumen-to no nível de afastamento de enfermeirosdo mercado de trabalho. Além disso, o tra-balhador de enfermagem de ordinário pos-sui mais de um vínculo empregatício(STACCIARINI; TRÓCOLI, 2001).

Para Assunção (2009), é relevanteanalisar as vivências, experiências e conhe-cimentos dos profissionais sobre o seu dia adia, promovendo uma relação entre traba-lho e saúde mais adequada na perspectivade auxiliar e melhorar as condições de tra-balho. “Para entender o adoecer dentro doprocesso de trabalho, é necessário perce-ber quem é o trabalhador que adoece e deque forma ele está inserido no processo pro-dutivo” (FERREIRA, 2013, p.34). Contu-do, tal processo de adoecimento pode impli-car em absenteísmo, ou seja, ausência doprofissional no âmbito de trabalho quandosua presença era esperada, ocorrendo tan-to pela falta justificada ou não quanto peloatraso. Fato este que gera transtornos àsorganizações, bem como à gerência da ins-tituição para a qual o trabalhador presta ser-viço. Pois a sobrecarga de trabalho sobreos demais profissionais aumenta e,consequentemente, diminui-se a qualidadedo serviço prestado (GOMES; MORGA-DO, 2012).

Segundo Aguiar e Oliveira (2009), oabsenteísmo tem sido relacionado a diver-sos problemas nas instituições, dos quais

Fatores relacionados ao absenteísmo de profissionais de enfermagem em um hospital privado em Vitória da Conquista

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destaca-se a diminuição da produtividade,refletindo diretamente na redução da quali-dade de assistência prestada. Além disso,pode-se desconfiar da presença de proble-mas voltados às condições de trabalho ge-rando insatisfação por parte dos funcionári-os, assim como acidentes de trabalho. Osautores ainda afirmam que os estudos so-bre absenteísmo permitem o levantamentode informações acerca da saúde dos traba-lhadores e dos possíveis fatores que podemestar associados ao sistema organizacionalda instituição.

Segundo Torres e Pinho (2006), umadas principais dificuldades que afligem ostrabalhadores de instituições hospitalares sãoas condições de trabalho, que podem estarcorrelacionadas aos agravos à saúde, o querepercute na qualidade dos serviços presta-dos aos clientes, que também podem ocasi-onar um aumento no índice de absenteísmoe afastamento das atividades profissionais.

No que diz respeito à saúde dessesprofissionais, existe uma área da saúde pú-blica, denominada Saúde do Trabalhador,integrada por ações de promoção e prote-ção à saúde que, em consonância com açõesde vigilância do ambiente e condições detrabalho, e concomitante à prestação deassistência integral, visa à diminuição e pre-venção de riscos ou danos à saúde do tra-balhador e, consequentemente, à reduçãodo absenteísmo (BRASIL; 2001, 2002).

Isto posto, observa-se a necessidadee importância de estudos que demonstremo quantitativo de trabalhadores de enferma-gem que, por motivos de saúde, precisamse ausentar do mercado de trabalho. Demodo que tais estudos tenham em vista aproblemática gerada em torno deste afas-tamento para os trabalhadores e instituiçõesde saúde, e a diminuição da qualidade doscuidados prestados aos clientes para, a par-tir disso, poder buscar soluções cabíveis.Portanto, o objetivo deste estudo foi anali-sar as principais causas de absenteísmo dosprofissionais de enfermagem em um hospi-tal da rede privada localizado em um muni-cípio do sudoeste da Bahia.

METODOLOGIA

Esta pesquisa, de natureza quantitati-va e descritiva, foi realizada em um hospitalda rede privada, de nível secundário, locali-zado em um município do sudoeste da Bahia,com capacidade para 58 leitos, que realizacerce de 450 internações por trimestre, le-vando em consideração o primeiro trimes-tre de 2014. O referido hospital possui umamédia de 779 funcionários responsáveis pelaassistência aos pacientes, dos quais 154 sãoprofissionais de enfermagem e destes 32 sãoenfermeiros assistenciais.

Os dados foram obtidos a partir dobanco de dados do RH e do Serviço de Saú-de do Trabalhador desse hospital. Os mes-mos foram organizados no programa Excel/2010, envolvendo informações referentes aosexo, setor de trabalho, data de admissãono hospital, motivo de afastamento e tempodo afastamento. A coleta de dados, realiza-da na segunda quinzena de abril de 2014,ocorreu por meio de análise retrospectivade ficha do funcionário no RH e de atesta-dos médicos.

Os dados foram apresentados em for-ma de tabela para facilitar a análise descri-tiva dos mesmos, além disso foram utiliza-dos números absolutos e porcentagens. Paraa definição das causas de afastamento foilevada em consideração a ClassificaçãoInternacional de Doenças e Problemas Re-lacionados à Saúde (CID 10).

Para a realização da pesquisa foramobservadas todas as normas da Resoluçãonº 466/12 do Conselho Nacional de Saúdepara pesquisas envolvendo seres humanos.Portanto, os dados foram coletados apósaprovação do projeto pelo Comitê de Ética ePesquisa (CEP) da Faculdade Independentedo Nordeste. Obtendo o parecer favorávelsob o número: 29041414.4.0000.5578.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Este estudo teve como base oabsenteísmo por doença justificado atravésdos atestados médicos. As informações pri-

Fatores relacionados ao absenteísmo de profissionais de enfermagem em um hospital privado em Vitória da Conquista

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márias (quantitativo de pessoal de enferma-gem, cargo, data de admissão e atestadosmédicos) foram adquiridas através de umlevantamento retrospectivo no banco dedados do setor pessoal da unidade hospita-lar cenário do estudo.

Na tabela 1 observa-se que o quanti-tativo de pessoal de enfermagem no ano de2013 foi, em média, de 154 profissionais,sendo que 32 (21%) eram enfermeiros e 122(79%) técnicos de enfermagem. Tais acha-dos corroboram com as variáveis obtidas porBarreto e Melo (2011) que observaram emseu estudo um maior percentual de técni-cos de enfermagem (79,1%) em relação àcategoria de enfermeiros (28%).

De acordo com Rossetti e Gaidzinski(2011), a quantidade de técnicos de enfer-magem voltados à assistência em uma uni-dade hospitalar, por vezes, excede o núme-ro de enfermeiros e esta distribuição é rea-lizada considerando as atividades e habili-dades de cada categoria profissional. Aindasão levados em consideração aspectos téc-nico-administrativos e das características daunidade como os métodos e jornadas de tra-balho, carga horária semanal, indicadoresque possibilitem a avaliação de qualidade daassistência, categorização dos pacientes deacordo com o grau de dependência atravésdo Sistema de Classificação de Pacientes(SCP), “índice de segurança técnica (IST),taxa de absenteísmo (TA), taxa de ausên-cia de benefícios (TB), e proporção de pro-fissionais de enfermagem de nível superiore médio [...]” com intuito de garantir segu-rança aos pacientes (COFEN; 2004, p.3).

Tabela 1 - Distribuição da quantidade média deprofissionais, cargo, sexo, 2014.

Ressalta-se também a prevalência detrabalhadores do sexo feminino (86%) emcomparação ao masculino (14%), fato esteque corrobora com os estudos de diversosautores (REIS et al, 2003) e demonstra asobrecarga exercida sobre este gênero nadupla jornada de trabalho. Haja vista a as-sociação do trabalho remunerado às diver-sas funções desempenhadas pela mulher, dasquais se destacam a maternidade, o cuidarda família e da casa como um todo e, emalguns casos, ainda é a principal provedorado sustento da família.

A Tabela 2 apresenta a distribuição dotempo de trabalho por profissionais de en-fermagem na unidade hospitalar cenário dapesquisa, sendo possível observar que cer-ca de 51% trabalhavam de <1 a 3 anos nainstituição. Fernandes et al (2011) em suapesquisa verificou que 58% dos 152 profis-sionais de enfermagem e gerência de umhospital de médio porte já trabalhavam há 3anos na instituição e cerca de 61,19% dostrabalhadores que apresentaram atestadosmédicos trabalhavam há cerca de 1 a 6 anos.

Tabela 2 - Distribuição do Tempo de Trabalhodos Profissionais de Enfermagem, 2014.

Na tabela 3 os profissionais de enfer-magem estão distribuídos de acordo com osetor que atuam na unidade hospitalar emquestão. Logo, observa-se que a maioriadestes profissionais está direcionada às Clí-nicas (Médica e Cirúrgica) e Pronto Aten-dimento (enfermeiros 44% e técnicos emenfermagem 52%).

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Observa-se que a maioria trabalha emsetores de média e alta complexidade, o quepode contribuir para o adoecimento do tra-balhador. Costa, Vieira e Sena (2009), emseu estudo, constataram que os profissio-nais que atuavam na UTI e Clínica Médicaeram os que mais se ausentavam por moti-vos de doenças mediante a apresentaçãode atestados médicos, de modo que cercade 24,5% atuava nas Clínicas Médicas (A eB) e 16,1% na UTI. Estes autores aindaafirmam que a ocorrência de faltas nestessetores implica de peculiaridades das açõesdesenvolvidas pelos profissionais e desgas-te emocional principalmente no que diz res-peito a pacientes de alta complexidade oucom eminente risco de morte.

Na tabela 4 são apresentados os da-dos referentes aos atestados médicos evi-denciando os dias de ausência no trabalho.

Tabela 4 - distribuição dos números de dias deausência no trabalho, 2014.

Observou-se que há um predomíniode atestados por 1 ou 2 dias de dispensaao trabalho. Em um estudo realizado porFernandes et al (2011), verificou-se apredominância de atestados de 1 dia(47,9%).

Segundo Silva e Maziale (2000, p. 48),até 15 dias de ausência em instituições pri-

Tabela 3 - Distribuição dos profissionais de enfermagem de acordo com o setor de trabalho, 2014.

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vadas “a empresa arca com o ônus do tra-balhador afastado por doença e acima de15 dias, o trabalhador fica afastado comseus benefícios pagos pelo governo”. As-sim sendo, apresentar atestados por mais

de 15 dias implica em afastamento peloINSS, o que pode acarretar a redução desalário durante o período.

As causas de absenteísmo são apre-sentadas na Tabela 5.

Tabela 5 - Causas de absenteísmo por doenças mais frequentes, 2014.

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A Tabela 5 apresenta as causas deabsenteísmo por doenças comumente ob-servadas nos atestados do hospital cenárioda pesquisa, no período de janeiro a dezem-bro de 2013, sendo agrupadas de acordo como código internacional de doenças (CID -10). Contudo, observou-se que os atesta-dos sem CID ocuparam a primeira posição(40%), seguidos pelas doenças do sistemaosteomuscular e do tecido conjuntivo (14%)e doenças do aparelho respiratório (12%),corroborando com as pesquisas de Costa,Vieira e Sena (2009), que constataram aprevalência de doenças ostemusculares edo tecido conjuntivo (24%), seguidas de pro-blemas respiratórios (14%) e circulatórios(8,8%). Sancinetti (2009) também eviden-ciou a presença de doenças osteomuscularesem proporção considerável frente aos de-mais problemas de saúde encontrados.

Analisando as justificativas dos afas-tamentos a partir dos 242 atestados médi-cos, foi constatado que 98 destes não haviadiagnóstico. Frente a isto, é cabível ressal-tar que não é obrigatória a descrição doCID- 10 a não ser por motivos específicoscomo justa causa, dever legal ou quando opaciente solicita e/ou autoriza, promovendoao trabalhador o direito de não ser exposto(SILVA ; MAZIALE, 2000; CREMEB,2009). A falta de registro do CID no atesta-do médico implica em dificuldades do setorde saúde do trabalhador em apurar se o mo-tivo do absenteísmo guarda relação com otrabalho realizado.

Tal resultado com predominância dedoenças osteomusculares pode ter associa-ção com LER/DORT que, de acordo comLucas (2009, p.73), é uma síndrome relaci-onada ao trabalho, integrada a ocorrênciasde sintomas como “dor, parestesia, sensa-ção de peso, fadiga, de aparecimento insidi-oso geralmente nos membros superiores,mas podendo acometer membros inferio-res”.

Os principais problemasosteomusculares encontrados nesta pesquisaforam distribuídos na tabela 6.

Tabela 6 - distribuição dos problemasosteomusculares encontrados, 2014.

Dentre as doenças osteomuscularesencontradas destacam-se a cervicalgia(21%) concomitante à Lumbago com ciáti-ca (18%) e dor lombar baixa (15%).

Segundo Brasil (2001), tanto acervicalgia quanto o Lumbago com ciáticae a dor lombar baixa estão incorporadas àsdorsalgias e lombalgias descritas por Couto(2007) como dor na região dorsal e lombar,respectivamente.

Couto (2007) afirma que mesmo po-dendo ocorrer espontaneamente, alombalgia, mais frequentemente, afeta ocu-pações que promovam esforços físicos exi-gentes e pode estar correlacionada aoabsenteísmo. É de suma importância res-saltar que, apesar da maioria dos episódiosde dorsalgia e lombalgia ser autolimitada taisproblemas de saúde devem ser tradados afim de evitar a cronificação.

A cervicalgia é caracterizada por algiaespontânea ou palpação ou edema em re-gião cervical, sem que haja uma história decomprometimento de discos cervicais, alémdisso, é de caráter comum entre os sinto-mas musculoesquéticos, e na maioria dasvezes ocorre devido a distúrbios mecânicos(BORESTEIN, 2008; BRASIL, 2001).Borestein (2008) ainda ressalta que estaalgia pode ser considerada secundária aouso excessivo de uma estruturaanatomicamente normal ou a deformidadesassociadas a esta estrutura.

Brasil (2001) refere-se a Lumbagocom ciática como dor na região lombar, po-dendo se irradiar para os membros inferio-res e, por conseguinte, evoluir para um qua-

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dro persistente de dor isolada nestes mem-bros.

Considerando o desgaste físico e men-tal dos profissionais de saúde acerca do seuofício, percebe-se que tais distúrbios podemestar associados ao trabalho desenvolvido,logo, a saúde e qualidade de vida dos pro-fissionais também interferem na qualidadeda assistência.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conclui-se que os índices deabsenteísmo entre os trabalhadores de en-fermagem mostrados neste estudo apresen-tam-se elevados, entretanto, há dificuldadeem conhecer completamente suas causaspor ausência do CID nos atestados médi-cos. É possível que alguns dos problemasde saúde apresentados estejam relaciona-dos ao trabalho ao levar-se em considera-ção que a enfermagem está exposta a inú-meros riscos ocupacionais, associados àscondições e ao ambiente de trabalho. Ain-da, observa-se a necessidade da instituiçãoem constituir um banco de dados para re-gistros das faltas, afim de possibilitar a iden-tificação mais rápida das causas deabsenteísmo, fornecendo subsídios para arealização de novas pesquisas e ações vol-tadas à saúde desses trabalhadores no hos-pital cenário da pesquisa.

“Os autores trabalharam juntos emtodas as etapas de produção do artigo”.

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ANEXO I- DECLARAÇÃO

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ANEXO II- COMPROV ANTE DA APROVAÇÃO NO COMITÊ DE ÉTICAEM PESQUISA

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INÍCIO DO CONSUMO DE TABACO ENTRE PESSOAS QUE PROCURAMABANDONAR O HÁBITO DE FUMAR *

Roselma Lucchese1, Flávia Mendes2, Ivania Vera3, Lorena da Silva Vargas4, Rodrigo Lopes de Felipe5,Inaína Lara Fernandes6, Camila Lucchese Veronesi7

RESUMO: O consumo do tabaco vitimiza milhões de pessoas por ano, com maior prevalência entreos homens. O objetivo deste estudo foi estimar o início do hábito de fumar e fatores associados napopulação tabagista que procurou tratamento em um programa de atenção primária. Estudo trans-versal retrospectivo, em uma Unidade Básica de Saúde orientada pelo Programa Municipal de Con-trole do Tabagismo, em Catalão, Goiás, Brasil. Amostra de 325 indivíduos com dependência nicotínicaque procuraram tratamento entre os anos 2011 a 2013. A coleta de dados ocorreu entre agosto asetembro de 2013. A variável desfecho foi o início do ato tabagístico antes dos 18 anos de idade.Entre os sujeitos que iniciaram o tabagismo, 75,7% o fizeram antes dos 18 anos, com média de 13 anosde idade; 37,5% do sexo masculino e 62,5% do sexo feminino. Em meio às mulheres a média foi de 15,6anos de idade, para os homens a média de idade foi 14,9 anos. Houve prevalência estado civilsolteiro, escolaridade ensino fundamental, com vínculo empregatício, recebendo mais de três salári-os mínimos, residindo em lar uni residente. Idade e” a 60 anos foi estatisticamente significante(RP:0,79; IC:0,62-1,00). Este estudo desponta a relação do serviço disponibilizado pela atençãoprimária, atentando para o início do consumo do tabaco pelas pessoas que procuram ajuda. Estedado revela características do fumante que podem interferir na condução do tratamento e cessaçãodo ato tabagístico. O tempo do uso do tabaco poderá determinar o nível de dependência e a presençaou agravo de doenças secundárias.

DESCRITORES: Hábito de fumar; Tabaco; Estudantes; Saúde do adolescente.

START OF TOBACCO USE AMONG PEOPLE LOOKINGFOR LEAVE THE SMOKING

ABSTRACT: Tobacco consumption victimizes millions of people per year, with higher prevalenceamong men. Objective: estimating the onset of smoking and associated factors in smoking peoplewho sought treatment in a primary care program. Method: a retrospective cross-sectional study in aBasic Health Unit driven by the Municipal Programme for Tobacco Control, in Catalan, Goiás, Brazil.The sample consisted of 325 individuals with nicotine dependence seeking treatment between theyears 2011-2013. Data collection occurred between August and September 2013. The outcome variablewas the beginning of the smoking act before 18 years old. Results: among the subjects who startedsmoking, 75.7% did so before age 18, with a mean age of 13; 37.5% male and 62.5% female. Amongwomen the average was 15.6 years, for men the average age was 14.9 years. There were state civil

* O estudo financiado pela Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de Goiás Brasil (FAPEG), processo nº201200661660420.

1 Doctorate in Nursing, Associate Professor at the Federal University of Regional Goiás, Campus Catalão, Goiás,Brazil, roselmalucchese@hotmail

2 Graduate Student of Nursing at the Federal University of Regional Goiás, Campus Catalão, GO, Brazil,[email protected]

3 Doctorate in Nursing, Associate Professor at the Federal University of Regional Goiás, Campus Catalão, Goiás,Brazil, [email protected]

4 Master’s Student of the Postgraduate Program of Organizational Management of the Federal University ofRegional Goiás, Campus Catalão, [email protected]

5 Doctorate Student of Morphological Sciences, Volunteer Professor at the Federal University of Regional Goiás,Campus Catalão, GO, Brasil, [email protected]

6 Nurse, Professor at the Federal University of Regional Goiás, Campus Catalão, GO, Brasil, [email protected] Master in Environmental and Health Sciences, Adjunct Professor at the Federal University of Regional Goiás,

Campus Catalão, GO, Brasil, [email protected]

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prevalence single, elementary school education with employment contract, receiving more thanthree minimum wages, living in a uniresident home. Age e” 60 years old was statistically significant(OR: 0.79, CI: 0,62-1, 00) Conclusion: this study brings out the relationship between the serviceprovided by primary care, paying attention to the top of the tobacco consumption of the peopleseeking help. This data reveals characteristics of smokers who can intervene in the course of treatmentand cessation of tobacco act. The time of tobacco use can determine the level of dependency and thepresence of secondary disease or condition.

KEYWORDS : Smoking; Tobacco; Students; Teen Health.

Início do consumo de tabaco entre pessoas que procuram abandonar o hábito de fumar

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INTRODUÇÃO

No âmbito da pesquisa na área de saú-de mental é concreta a necessidade deavanços que superem os modelosbiomédicos e que dialoguem com a atençãopsicossocial. No Brasil a carência centra-se na proximidade de produção de conheci-mento com os princípios da Reforma Psi-quiátrica, incluindo o enfrentamento ao usoe abuso de álcool e outras drogas, nas di-mensões clínicas, éticas (ONOKO-CAM-POS, 2014) e sociais. Com estas afirma-ções procura-se justificar o interesse do pre-sente estudo pela temática do consumoabusivo do tabaco.

O consumo do tabaco vitimiza mun-dialmente cerca de 6 milhões de pessoaspor ano, sendo o maior percentual em paí-ses em desenvolvimento. Estima-se que noano de 2030 o número de mortes pelo taba-co alcance mais de 8 milhões de pessoasem igual período. Sabe-se neste contextoque o nível de escolaridade favorece a ten-dência de aumento do tabagismo para ospróximos anos (WHO, 2011).

Nota-se que grande parte dosconsumistas do tabagismo é do sexo mas-culino, fazendo com que estes liderem oconsumo do tabaco no mundo. Contudo, ohábito de fumar tem aumentado seus índi-ces entre as mulheres (WHO, 2012). Avulnerabilidade entre os adolescentes paraa iniciação do hábito de fumar é outro fenô-meno que preocupa, pois estes estão maispredispostos a fazerem o uso contínuo dotabaco e seus derivados, viabilizando pro-blemas em sua vida adulta e dificultando ainterrupção do hábito (WÜNSH-FILHO etal, 2010).

Quanto mais cedo se inicia o consu-mo do tabaco a dependência torna-se maisintensa, o que na fase adulta dificulta o aban-dono do hábito. O grupo mais crítico e afe-tado são os adolescentes e a produção deconhecimento ganha espaço na observaçãodos agravos da qualidade de vida daquelesque têm o consumo de tabaco precoce, quese associa ao risco para desenvolvimentode doenças oportunistas e/ou agravarem as

pré-existentes (AFONSO; PEREIRA,2013).

Por outro lado, dentre os idosos, o usoe consumo do tabagismo prevalece na fai-xa etária de 60-69 anos, no sexo masculinoe tendem à redução com o passar dos anos(LIMA; FAUSTINO, 2013).

Os estudos que buscaram estimar oconsumo de tabaco nas diversas fases devida do ser humano reforçam que o contatoe início do hábito de fumar dar-se-á na ado-lescência (DIAS et al, 2013, MARTINS;SEIDL, 2011, PEÑA et al, 2013). Tais acha-dos, juntamente com o aumento do risco dedoenças e dificuldades de abandono do ci-garro, indicam a importância em investigaro início do consumo de tabaco na popula-ção que busca atendimento para a cessa-ção do tabagismo (LIMA; FAUSTINO,2013).

Diante desta problemática e da buscapara o abandono do consumo de tabaco, noBrasil tem-se como enfrentamento aimplementação do Programa Nacional deControle do Tabagismo (PNCT) coordena-do pelo Instituto Nacional do Câncer, comestratégias voltadas para a prevenção dainiciação do tabagismo em adolescentes,incentivo e oferta de tratamento à popula-ção tabagista e planejamento de ações quevisem proteger a saúde das pessoas expos-tas ao tabagismo passivo (CRUZ; GON-ÇALVES, 2010).

Com o intuito de descentralizar o aten-dimento à população fumante, o PNCT pos-sui o apoio dos estados e municípios naconcretização das ações previstas na Por-taria nº 571 de 05 de abril de 2013. Nessaperspectiva, os programas municipais decontrole do tabagismo têm a responsabili-dade de promover o acesso à abordagemintensiva ao fumante, bem como atuar naprevenção, seja nas unidades escolares, detrabalho ou de saúde (BRASIL, 2013).

A relevância das atividades preventi-vas está no cuidado com os adolescentesainda em fase de experimentação. Pois, umavez em contato com o tabaco e seus deri-vados, podem tornar-se fumantes crônicospodendo necessitar de apoio especializado

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para abandono da nicotina (ARAÚJO,2012).

Diante do exposto, o estudo em ques-tão objetivou estimar o início do hábito defumar e os fatores associados na popula-ção tabagista que procurou tratamento emum programa de atenção primária.

MÉTODO

Trata-se de um estudo transversal re-trospectivo, realizado em uma Unidade Bá-sica de Saúde orientada pelo ProgramaMunicipal de Controle do Tabagismo, emCatalão, um município de porte médio, lo-calizado no Sudeste do Estado de Goiás-Brasil. Esta cidade possui grande relevân-cia econômica e referência na área da saú-de para a região, compreendendo os muni-cípios margem da estrada de ferro,totalizando 18 municípios: Catalão,Anhanguera, Cumari, Davinópolis,Goiandira, Nova Aurora, Ouvidor, Três Ran-chos, Caldas Novas, Corumbaíba,Marzagão, Rio Quente, Ipameri, CampoAlegre de Goiás, Pires do Rio, Palmelo,Santa Cruz de Goiás e Urutaí.

A população estudada são pessoascom dependência nicotínica que procuraramtratamento entre os anos 2011 a 2013. Aamostra por conveniência foi constituída porindivíduos que atenderam os critérios de in-clusão: terem 18 anos ou mais, acolhidos ecadastrados pelo Programa Municipal deControle do Tabagismo, residentes no mu-nicípio local da pesquisa. Foram excluídosaqueles que não prosseguiram o tratamentointensivo, regularizado pelo referido progra-ma.

O instrumento utilizado foi estruturadoe orientado para atender às variáveis doestudo. Sendo assim, continha dados sobreo início e o tempo de consumo do tabaco edados sociodemográficos como: faixa etária,estado civil, escolaridade, ocupação, rendae moradia. A variável desfecho foi o iníciodo tabagismo antes dos 18 anos de idade e,as variáveis preditoras, as condiçõessociodemográficas.

A coleta de dados, realizada pelo pes-quisador de campo, ocorreu por meio deprontuários gerados pelo processo de trata-mento da Unidade Básica de Saúde, entreos meses de agosto a setembro de 2013.

Os dados foram digitados em duplaconferência em banco de dados. Posterior-mente, foi realizada a limpeza do Banco deDados e checagem das inconsistências uti-lizando Software Statistical Package forthe Social Sciences (SSSP) for Windowsversão 22.

A análise estatística dos dados foi emnúmeros absolutos, percentis, média, medi-ana e moda, desvio padrão. Na análise deassociação univariada, entre o desfecho eas variáveis preditoras, aplicou-se o testeQui Quadrado (x)2 ou Fischer, e nível designificância de 5%. A magnitude da asso-ciação foi expressa pela Razão dePrevalência (RP) e seus respectivos inter-valos de confiança (IC 95%). Considerou-se associação entre o desfecho e as variá-veis preditoras o valor de p menor a 0,05.

Este estudo faz parte de um projetode pesquisa matriz que visa analisar a aten-ção à saúde de pessoas em uso abusivo deálcool, tabaco e outras drogas. O desenvol-vimento do estudo atendeu as normas naci-onais e internacionais de ética em pesquisaenvolvendo seres humanos. Sendo assim, foiaprovado pelo Comitê de Ética em Pesqui-sa da Universidade Federal de Goiás(COEP/UFG), protocolo número 162/12.

RESULTADOS

A amostra deste estudo foi compostapor 325 indivíduos, em sua maioria mulhe-res (62,5%), idade máxima de 78 anos, mé-dia de 46,15 anos, mediana de 46 anos(dp=11,732 anos), na faixa etária entre 40-49 anos de idade (36,9%), casados (53,6%),com ensino fundamental (46,4%), com vín-culo empregatício (54,8%), salário mínimode 1 a 3 (41,6%) e residindo com alguém(81,5%).

Quando analisados pela variável des-fecho, encontrou-se uma prevalência de

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maioria masculina (76,2%), na faixa etáriaentre 30-39 anos (84,7%), estado civil sol-teiro (80,3%), com ensino fundamental(77,4%), com vínculo empregatício (79,8%),com renda acima de 3 salários mínimos(45,2%) e em lar uniresidente (59,3%).

Ainda entre os que iniciaram o taba-gismo antes dos 18 anos a média de idadefoi de 13 anos, moda 15 anos. Em meio às

mulheres a média de idade foi de 15,6 anose moda de 15 anos (dp=5,6 anos). Para oshomens a média de idade foi 14,9 anos deidade, moda de 12 anos (dp=4,1 anos). Osdemais dados, com respectivas variáveis,estão dispostas na Tabela 1.

A análise univariada revelou que ida-de acima de 60 anos foi associada ao des-fecho p=0,028 (RP: 0,79; IC 0,62-1,00).

Tabela 1 Prevalência e fatores associados ao início de consumo de tabaco entre pessoas atendi-das em um Programa Municipal de Controle do Tabagismo entre os anos 2011 a 2013, Catalão,

Goiás, Brasil, 2013. (n=325).

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DISCUSSÃO

Os achados desta pesquisa revelamque a maioria das pessoas que procurarampelo serviço para cessação do atotabagístico iniciado antes dos 18 anos deidade são homens em faixa etária produti-va. A média de idade para início do hábitode fumar não foi distante dos estimados emoutros estudos com média variando entre14,9 a 16 anos (DIAS et al, 2013,MARTINS; SEIDL, 2011, PEÑA et al,2013).

Em outra pesquisa, o início do taba-gismo foi ainda mais precoce, de 7 a 27 anos,e na segunda década de vida (84,1%)(MARTINS; SEIDL, 2011). Possuir amigosfumantes e ter idade e”15 anos estão asso-ciados ao uso regular de cigarros em ado-lescentes de escola pública e as razões queos leva a fumar são específicas da idade(MENEZES et al, 2014).

Quando analisados, sobretudo os ado-lescentes, pesquisa prévia revelou que aprevalência nesta faixa etária oscila entre osexo feminino (13,4%) e masculino (15,3%).Nestes, a idade mínima de início do atotabagístico foi de 9 anos de idade(FERREIRA; TORGAL, 2010).

Ao se ponderar estudos com pessoasidosas, pesquisa prévia realizada no Estadode São Paulo, Brasil, encontrou nesta faixaetária, dos 1.954 participantes, uma médiade idade de 69,7 anos. A prevalência dohábito de fumar foi relativamente baixa(17,5%) e de ex-fumantes quase a metadeda amostra é do gênero masculino (47,6%).Dos participantes fumantes, o consumo dotabagismo foi antes dos 16 anos de idade(42,7%) e entre os 16 e 20 anos pouco maisde um terço (30,6%). Em relação às mu-lheres, muitas nunca fumaram (73,7%)(ZAITUNE et al, 2012).

Entre os idosos há relatos que a idadede iniciação do fumo deu-se em torno dos16 anos (42,7%), com consumo de 20 oumais cigarros por dia (ZAITUNE; BAR-ROS; LIMA et al, 2012). Em outra pesqui-sa, em que os participantes foram oriundos

de serviços de saúde, o início de consumode cigarros foi aos 16,3 anos com média deidade de 47,1 anos (SILVA et al, 2011).

Quando se busca por dados de idososinstitucionalizados, pesquisa realizada com116 idosos em 13 Instituições de Longa Per-manência (ILPI) no Distrito Federal, Bra-sil, mostrou que houve prevalência do taba-gismo no sexo masculino (23%), com graude dependência oscilante (77,6%) modera-da (51,7%) e elevada (29,9%) (CARVA-LHO; GOMES; LOUREIRO, 2010).

Neste contexto de ILPI, ao ser apli-cado o questionário de dependêncianicotínica, observou-se que idosos acima de70 anos tendem a ter dependência nicotínicamais elevada, quando comparado aos ido-sos de 60 a 69 anos que foi moderada. Estefato também associou-se ao nível de esco-laridade, depressão, motivação de cessaçãoe prejuízo de saúde, identificada, assim, umamaior dependência nicotínica à baixa esco-laridade (CARVALHO et al, 2013).

Por outro lado, as pessoas com maisde 60 anos com longa data de consumo decigarros estão expostas por um período maiorao tabaco, com altas taxas de dependênciagrave nicotínica (80%) pelo teste deFagerströn (SECCO et al., 2013). Sendoque metade dos fumantes com longa datade uso perderá em torno de 10-15 anos devida e morrerá de alguma doença relacio-nada ao tabaco (OMS, 2014).

Não obstante, verificou-se que amos-tras de pesquisas são mais expressivas parao sexo feminino, pois sua seleção deu-se emserviços de saúde. Isso mostra que mulhe-res têm graus de dependência maiores etambém apresentam mais tentativas deabandonar o cigarro (RUSSO; AZEVEDO,2010). Ao mesmo tempo, tendem a procu-rar mais a ajuda dos serviços para a cessa-ção do tabagismo, quando comparado aosexo oposto, por apresentarem maiores pre-ocupações com relação à saúde (LIMA;FAUSTINO, 2013; SATTLER; CADE,2013).

A procura por ajuda dos dependentesdo tabaco é multifatorial, desde o

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reestabelecimento da saúde individual até apreocupação com as doenças advindas emdecorrência do uso do mesmo (SANTOSet al, 2008). A associação entre tabagismoe doenças oftalmológicas, cardiovasculares,cerebrovasculares e pulmonares está des-crita na literatura. Ao mesmo tempo, há re-lação direta entre consumo do tabaco e al-coolismo, câncer e depressão (LIMA;FAUSTINO, 2013).

Estes achados corroboram no sentidode que, seja qual for a idade de início do usoe consumo do tabaco, as pessoas hão deprecisar de ajuda para abandonar o hábitode fumar na fase adulta. Muitas vezes, amotivação nesta idade é o aparecimento decomplicações decorrentes do tabaco(LUCCHESE et al, 2013).

Quanto à escolaridade, houveprevalência do ensino fundamental nos in-divíduos na variável desfecho. Esses dadosconcordam com outro estudo em contextointernacional (HOOD et al, 2012). Isto podeser compreendido pelo fato de início do há-bito de fumar ocorrer mais cedo entre osadolescentes contemporâneos (SILVA et al,2014b).

No público alvo de 13 a 17 anos, 1.565estudantes de escolas públicas e privadasde Anápolis, Goiás, observou-se uma maiortendência ao início do tabaco em alunos darede privada, apesar de relatarem ter assis-tido propagandas antitabaco. Destes estu-dante, 82% já tiveram informaçõesintrafamiliares. Em controvérsia, tambémalegaram propagandas de marcas ou even-tos, atores fumando em filmes, vídeos, amos-tras grátis, entre outros (SILVA et al,2014b).

Outro estudo com 92 alunos de esco-las da rede pública do ensino fundamental emédio, com idade de 12 a 17 anos, em Mi-nas Gerais, Brasil, revelou que uma peque-na porcentagem dos estudantes era fuman-te (2,2%), com consumo diário de 10 a 20cigarros por dia. Desta população do estu-do, mais da metade (57,6%) citou que osfamiliares próximos faziam o consumo dotabaco (REINALDO; GOECKING;

SILVEIRO, 2012).Ter familiares fumantes, uso e consu-

mo do álcool e drogas ilícitas foram associ-ados ao uso do tabaco por universitários emCriciúma e Santa Catarina. Destes, muitosfumavam para relaxar (43,1%), pelo pró-prio prazer (33,3%) e iniciados por vontadeprópria (49%) (ROSA et al, 2014).

Em adição, o nível de escolaridade, nãoter pais vivos e abuso físico por parte do paiforam fatores de risco associados ao uso econsumo do tabaco por pessoas que fre-quentavam ambulatório universitário emCuiabá e Mato Grosso. Dois fatoresprotetivos, descobertos nesta pesquisa, foio fato de se conviver com os pais por todainfância e referir raça branca (SILVA; SOU-ZA, 2013).

Uma possibilidade de discussão daassociação do tabaco no adulto jovem é agrande influência da mídia sobre algumasgerações da população brasileira. Sabe-se,contudo, que as propagandas de cigarrosforam proibidas na mídia escrita e televisivapela Lei nº 9.294 de 15 de julho de 1996 eforam obrigadas a exibir em seus rótulos asexplicações dos malefícios do uso do taba-co (BRASIL, 1996).

Possuir vínculo empregatício foi umadas variáveis prevalentes neste estudo. Istode certa forma se torna importante comomeio de manutenção do uso e consumo dotabaco. Este dado concorda com estudoprévio que mostra que, entre os tabagistasuniversitários, trabalhar e ter renda para opróprio sustento prevaleceu entre eles(67,1%) (ROSA et al, 2014).

Como forma de reduzir o consumo dotabaco, no dia mundial sem tabaco, ocorri-do em 31 de maio de 2014, foi conclamadoque os governos aumentassem os impostossobre os produtos derivados do tabaco, coma finalidade de reduzir o seu consumo, osriscos à saúde decorrentes dele e contribuirpara proteção das gerações contemporâne-as e futuras. Acreditava-se que o aumentode 10% nos preços levaria à diminuição de4% no consumo em países de alta renda e,aproximadamente, 8% nos países de média

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e baixa renda (OMS, 2014).Ao mesmo tempo, pesquisa com ado-

lescentes suíços revelou a associação docapital social e o consumo de álcool, tabacoe uso de drogas ilícitas. Ou seja, quantomenor o capital social, maiores as chances(aproximadamente 60%) do consumo doálcool, três vezes mais chances de consu-mo do tabaco e o dobro de chances de usode drogas ilícitas, quando comparado commelhor capital social (ÂSLUND;NILSSON, 2013). Estes resultados sãocompatíveis com esta pesquisa ao revelarque receber > 3 SM foi prevalente nas pes-soas que iniciaram o uso e consumo do ta-baco antes dos 18 anos de idade (desfecho).

A redução no consumo do tabaco éum fator importante a ser considerado, so-bretudo sob o aspecto da saúde e qualidadede vida individual e coletiva. Pesquisa reali-zada nos Estados Unidos da América (1959a 2010), que avaliou fumantes, ex-fuman-tes e não fumantes, revelou uma reduçãono consumo do tabaco entre homens (9,3%)e mulheres (9,7%) (THUN et al, 2013). NoBrasil, desde 1989, houve queda no númerode fumantes, chegando em 2008 a 17,2%da população (WÜNSCH-FILHO et al,2010).

Coabitar com os pais também tem sidorelacionado ao início e consumo de subs-tâncias psicoativas entre adolescentes eadultos jovens (SILVA et al., 2014a; ROSAet al., 2014). Fato inversamente ao encon-trado nesta pesquisa, ao revelar que residirem lar uniresidente foi prevalente no desfe-cho, reforça a necessidade de açõesantitabagistas direcionadas ao adolescentee que envolvam parcerias intersetoriais, osistema educacional, a sociedade e, sobre-tudo, a família (MENEZES et al, 2014).Estes resultados revelam que o tabagismotem intrínseca relação com a família e suasafinidades, uma vez que conviver com ospais toda infância são fatores protetivos nouso e consumo do tabaco (SILVA; SOU-ZA, 2013).

CONCLUSÃO

Este estudo estimou o início do hábitode fumar e fatores associados nos indivídu-os tabagísticos que procuraram tratamentoem um programa de atenção primária. Den-tre estes, a amostra teve grande relevânciaao revelar que a maioria iniciou o tabagis-mo antes dos 18 anos de idade.

Observa-se neste ínterim que a pro-cura pelo tratamento vem aumentando,sobretudo nos idosos, apesar da grandemaioria ter iniciado o consumo do tabacoapós os 18 anos de idade.

Apesar de haver uma maiorprevalência do consumo tabagístico no sexomasculino, são as mulheres quem têm pro-curado mais por atendimento nos serviçosespeciais, com vistas à cessação do atotabagístico. Contudo, preocupa-se com apopulação adolescente e seu contato pre-coce com o tabaco.

A amostra por conveniência de pes-soas intencionadas ao abandono do hábitode fumar em um programa de antitabagismofoi uma limitação neste estudo, assim comoo recorte temporal da população tabagística.

Contudo, aspectos positivos são pon-derados, entre eles a disponibilização doserviço na atenção primária, que primou emestudar e entender os reais motivos que le-varam estas pessoas ao início precoce dohábito do cigarro. Momento em que foramrealizadas programações de conduta a cadareunião de grupo e inovações para abran-ger o público alvo (pessoas que querem aban-donar o hábito de fumar).

Por fim, estes resultados apontam paraa necessidade de planejamento eimplementação de políticas e programasvoltados à população jovem, e uma melhorestruturação da rede de apoio na atençãoprimária, no acolhimento destas pessoas emtodas as faixas etárias, de modo que envol-vam e direcionem o adolescente e sua fa-mília, imagem objeto na cessação do atotabagístico.

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RESPONSABILIDADESINDIVIDUAIS

Os autores trabalharam juntos em to-das as etapas de produção do artigo.

AGRADECIMENTO

Estudo financiado pela Fundação deAmparo à Pesquisa do Estado de GoiásBrasil, processo nº 201200661660420.

REFERÊNCIAS

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ORIENTAÇÕES PARA EXAME ENDOSCÓPICO:A IMPORTÂNCIA DO ENFERMEIRO

Mônica Isabel Alves1; Nariman de Felicio Bortucan Lenza2

RESUMO: Trata-se de uma revisão bibliográfica que teve como objetivo apresentar a importânciadas orientações realizadas a pacientes pré e pós-procedimentos de exames de endoscopia digestivaalta (EDA), visto que o paciente possa ter dificuldades no entendimento das orientações e daspalavras utilizadas pelo profissional enfermeiro. Além disso, reconhecer que a orientação de boaqualidade e consoante com o nível cultural do paciente reproduzirá menor dano físico, psíquico,mental e social a este, melhorando a qualidade do serviço prestado. Para tanto, foi realizado umlevantamento nas bases de dados da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), de produções bibliográficasrelacionadas ao tema, selecionando-se 5 artigos publicados em português, 1 em inglês e 10 livros. Otrabalho está estruturado da seguinte forma: o primeiro capítulo se desenvolveu com ênfase nolevantamento bibliográfico, utilizando os autores que defendem essa temática e o segundo abordasobre a educação em procedimentos de enfermagem. Concluiu-se que a presença e atuação doenfermeiro endoscopista são notavelmente importantes por seu aporte científico e educativo, crian-do estratégias para amenizar as ansiedades, medos e complicações aos pacientes pré e pós-exame. Opapel do enfermeiro ainda está em processo de reconhecimento pelas autoridades, sendo este umeducador vinculado pelo próprio processo de trabalho e execução de procedimentos.

PALAVRAS-CHAVE: Educador; Endoscopia; Enfermagem.

ORIENTATIONS FOR ENDOSCOPIC EXAM:THE IMPOR TANCE OF THE NURSE

ABSTRACT: This is a literature review that aims to show the importance of the instructions given topatients pre-and post-tests procedures endoscopy (EDA ), since the patient may have difficulty inunderstanding the guidelines and the words used by professional nurses and recognize that theguidance of good quality and consonant with the cultural level of the patient play less physical,psychic, mental and social damage to this, improving the quality of service. A survey was conductedin the databases of the Virtual Health Library (VHL), bibliographic productions related to the theme,selecting 5 articles published in Portuguese, one in English and 10 books. The paper is structured asfollows, the first chapter was developed with an emphasis on literature review using the authorsargue that this theme, the second addresses on education in nursing procedures. It is concluded thatthe presence and activity of the nurse endoscopist are remarkably important for its scientific andeducational contribution, creating strategies to alleviate the anxieties, fears and complications forpatients pre and post-test. The role of the nurse is still in the process of recognition by the authorities,with the nurse educator bound by the work process and implementation of procedures itself.

KEYWORDS: Educador; Endoscopia; Enfermagem.

1 Mônica Isabel Alves.Enfermeira do Centro de Diagnóstico por Imagem e Ambulatório de Gestantes de Alto Riscode Franca. Especialista em Saúde da Família pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). PrefeituraMunicipal de Franca.

2 Nariman de Felicio Bortucan Lenza. Enfermeira. Doutoranda em Enfermagem Fundamental na Escola de Enferma-gem de Ribeirão Preto, da Universidade de São Paulo (EERP-USP).

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INTRODUÇÃO

A Endoscopia Digestiva Alta, tambémconhecida comoesofagogastroduodenoscopia é um examerealizado introduzindo-se pela boca um apa-relho flexível com iluminação central quepermite a visualização direta da porção in-terna dos órgãos do trato digestivo superior.Este exame pode ser realizado com anestesiatópica (um spray de anestésico na garganta)ou com sedação, utilizando medicação admi-nistrada por uma veia para permitir que opaciente relaxe e adormeça. Com o auxílioda endoscopia é possível diagnosticar váriaspatologias, entre elas: gastrite, esofagite, re-fluxo gastroesofágico, úlceras pépticas,pólipos e tumores. Além da utilização comométodo diagnóstico, a endoscopia também éum procedimento que pode ser utilizado comcaráter terapêutico, permitindo a realizaçãode retirada de corpos estranhos, controle desangramento em úlceras pépticas, retirada depólipos, entre outros. É o método mais utili-zado no Brasil para detecção da bactériaHelicobacter pylori que causa grande des-conforto e leva à morte, pelo menos,um mi-lhão de pessoas por ano.

Devido aos avanços tecnológicos nes-sa área, houve o interesse em abordar esseassunto a partir da observação da dificulda-de dos técnicos e auxiliares em enferma-gem de orientar os pacientes submetidos aoexame de endoscopia digestiva alta (EDA),visto que esses profissionais não são acom-panhados por um enfermeiro neste setor eassumem várias outras funções antes, du-rante e pós-procedimento.

O Objetivo deste trabalho é reconhe-cer que a atuação do enfermeiro com umaorientação de boa qualidade e consoante como nível cultural do paciente causará menordano físico, psíquico, mental e social a este,melhorando a qualidade do serviço prestado.

METODOLOGIA

Trata-se de um estudo de pesquisa bi-bliográfica realizada nas bases de dados daBiblioteca Virtual em Saúde (BVS).

Para realizar a busca foram utilizadosos seguintes descritores: Educador;

Endoscopia; Enfermagem.Os critérios de inclusão foram estu-

dos relacionados à temática da atuação doenfermeiro educador em procedimentos deendoscopia. Buscou-se incluir estudos queabordassem as experiências e relatos doenfermeiro enquanto educador, a importân-cia da atuação e presença deste profissio-nal durante a realização dos exames deendoscopia digestiva alta e estudos queabordassem o tema sobre o ensino em pro-cedimentos de enfermagem e a atuação doenfermeiro em educação em saúde.

Foram encontrados artigos nas Basesde dados do LILACs (Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências daSaúde) e SCIELO (Scientific EletronicLibrary Online), também foram incluídoslivros, manuais e cartilhas que abordassemo tema referente à endoscopia digestiva alta.

O levantamento bibliográfico foi reali-zado no período de janeiro a junho de 2014,sendo selecionados 3 artigos que aborda-vam a temática, 1 monografia e 11 livros.Foram feitas pesquisas em 02 sitesinstitucionais que condiziam com o tema.

Após seleção do material, foi realiza-da leitura criteriosa, fichamento, compara-ção dos dados e avaliação quanto ao seucontributo para o objetivo do estudo. Emseguida foram criadas 02 categorias de aná-lise: “O enfermeiro educador em procedi-mentos” e “A educação em procedimentosde enfermagem”. Depois foi feita discus-são sobre cada categoria, embasada na li-teratura nacional.

O ENFERMEIRO EDUCADOR EMPROCEDIMENTOS

Na década de 60, o educador PauloFreire teve um grande destaque no país aopropor seu método de ensino, que não visa-va apenas a alfabetização, mas também aconscientização (FREIRE, 1993). Nestesentido, os enfermeiros devem facilitar oentendimento do usuário para que ele sejanão apenas passivo, mas também ativo du-rante o processo de orientação, trans e pós-exame. Assim,

Espera-se que o (a) enfermeiro (a) fun-cione como “professor (a)” para os outros

Orientações para exame endoscópico

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membros da equipe, assim como para os pa-cientes (MAGALHÃES, 2004). Para Ma-galhães e colaboradores, o enfermeiro en-quanto educador assume um papel social,cultural e histórico de preparar o indivíduo,numa participação ativa e transformadora,nas diferentes possibilidades de nascer, vivere morrer em uma sociedade.

Jesus (2000) relata que o papel do(a)enfermeiro (a) era apenas cuidar do pacien-te durante o exame.Com as mudanças ocor-ridas na prática e na educação do (a) enfer-meiro (a) há necessidade de treinamento paraatender os pacientes submetidos aos proce-dimentos de endoscopia. Hoje, devido aosgrandes avanços desta área, é necessário queo profissional seja capacitado pararecepcionar, orientar, atender de formaholística o paciente no pré, trans e pós- aten-dimento e procedimento endoscópico.

Para Waldow (2005), as várias formasde arte podem abrir canais de comunicaçãoentre cuidadores e seres cuidados. É im-portante ter conhecimento de suas váriasaplicações e seus benefícios nas atividadesdiárias desenvolvidas pelo enfermeiro quedeve buscar todos os recursos possíveis,teóricos e práticos, para o melhor desem-penho de suas ações no processo de traba-lho (DILLY et al, 1995).

É importante buscar diariamente emcada realidade vivida o conhecimento ne-cessário para a tomada de decisões coe-rentes em cada situação específica. Comisso, torna-se imprescindível a atuação doenfermeiro na sala de procedimentos e umapós-graduação para efetivar o conhecimentoespecífico; estando este apto para acompa-nhar as inovações e as novas descobertasno campo da educação.

A enfermagem deve trabalhar com umconceito mais amplo de educação (DILLYet al, 1995), não apenas planejar e repassaros conteúdos relevantes, mas também bus-car a participação de todos os envolvidos noprocesso educativo. Neste contexto, os pa-cientes são os “alunos” e carecem da utili-zação de instrumentos e métodos para ori-entação e entendimento de forma clara, con-cisa e coerente; de modo que as orientações/

informações sejam adequadas ao nível decompreensão de cada paciente.

Também é fundamental estabelecerambientes onde a educação seja estimula-da e desenvolvida de forma a auxiliar o pro-cesso de entendimento e transformação doconhecimento entre os envolvidos (equipede enfermagem, pacientes e familiares),permitindo uma interação geradora de be-nefícios para a equipe endoscópica, pacien-tes e serviço.

Muller (2006) afirma que o enfermei-ro endoscopista planeja, implementa, dirigee supervisiona o setor,avaliando o pacientea cada instante.

Silva (2010) relata sobre a importân-cia de treinamento da equipe que atua nosetor de endoscopia.

Leite e Pereira (1991) também corro-boram com as ideias de Silva e Almeidasobre a constituição de um programa deeducação de treinamentos para a melhoriada assistência prestada,dando suporte e co-nhecimento à equipe.

A educação permanente e os treina-mentos têm impacto nas ações realizadaspela equipe e favorecem o vínculo dos pro-fissionais atuantes. Além disso, o enfermei-ro educador promove transformação positi-va e auxiliadora no processo de trabalhado,sendo visto como aliado no setor deendoscopia.

Jacobus (2011) mostra que 64% dasinformações acerca do exame foram reali-zadas por técnicos de enfermagem, 52% dasorientações foram realizadas pelo médicosolicitante, porém não foi especificada a atu-ação do enfermeiro. Pois este foi incluído naequipe de enfermagem. Assim, 75% dos pa-cientes conhecem as funções exercidas peloenfermeiro no setor de endoscopia, emborao público pesquisado não tenha conhecimen-to abrangente das atribuições do enfermei-ro; não diferenciando as categorias profissi-onais (auxiliar, técnico e enfermeiro).

Jacobus descreve sobre a contribui-ção do enfermeiro para a realização daendoscopia digestiva satisfatória, no olhardos pacientes, de acordo com a tabelaabaixo:

Orientações para exame endoscópico

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Fonte: JACOBUS, 2011.

Dessa forma, Jesus (2000) destacaque os enfermeiros devem estar atentos àsinformações passadas aos pacientes que irãoser submetidos à endoscopia. Sendo que aorientação sobre o procedimento, as medi-cações utilizadas, o preparo do exame, osriscos e os procedimentos que podem serrealizados durante a endoscópia devem seresclarecedores, com o intuito de dimimuir aansiedade e esclarecer dúvidas.

Paes (2006) também atribui ao enfer-meiro a explicação acerca dos procedimen-tos ao paciente e aos seus familiares, possi-bilitando a realização do exame semintercorrências e com maior qualidade.

A SOOBEEG destaca sobre a atua-ção do enfermeiro durante todo o processoque o paciente percorre até a sua total re-cuperação pós- exame.

A educação para a saúde é parte inte-grante do papel e funções do enfermeiro deendoscopia digestiva, dando ênfase à pre-venção, rastreio, educação e suporte(ESGENA, 2004).

As orientações acerca do preparopara realização da endoscopia é feita deacordo com o estabelecimento assistencialde saúde, sendo de comum acordo o jejumde 8 horas antes do procedimento, aobrigatoriedade de acompanhante adulto ea não ingestão de alguns alimentos no diaanterior ao exame como leite e frutas comcasca.

Miyajima (2010) enfatiza que o exa-me bem sucedido começa no momento doagendamento através de orientações cor-retas feitas por profissional qualificado, aptoe com conhecimento técnico/ científico.

Sendo assim, todos os pacientes que

sejam submetidos a procedimentosendoscópicos diagnósticos/terapêuticos têmo direito de ser assistidos por enfermeirosqualificados e treinados na área dos cuida-dos de enfermagem em endoscopia digesti-va (ESGENA, 2004).

O setor de endoscopia possui umaequipe composta por médico, auxiliares etécnicos de enfermagem. Poucos os servi-ços têm condições financeiras de manter umenfermeiro exclusivo. Além disso, a Socie-dade Brasileira de Endoscopia Digestiva(SOBED) dispõe sobre a nãoobrigatoriedade legal desta contratação.Porém, vários autores relatam a importân-cia da presença deste profissional atuandoneste setor (SOBEEG, 2011; ESGNA, 2004).

Assim, não há legislação específicapara contratação de um enfermeiroendoscopista. Este profissional acumulafunções administrativas e procedimentos demais setores, apesar de ser real e importan-te a sua atuação na forma de promover aprática educadora e científica, uma vez queé responsável por educar usuários e equipede enfermagem.

A EDUCAÇÃO EMPROCEDIMENTOS DEENFERMAGEM

Na Idade Média, surgiram locais pró-prios para assistência aos pobres, aos por-tadores de doenças e aos excluídos, poiseram considerados perigosos para a socie-dade. Os locais eram sujos, sem ventilaçãoe iluminação adequadas e com um númeroexcessivo de doentes. Os cuidados eramprestados por mulheres de moral duvidosa,

Tabela 1 - Como enfermeiro poderá contribuir para a realização do exame

Orientações para exame endoscópico

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leigas e sem preparo específico, que se pre-ocupavam com a cura espiritual e a salva-ção eterna (PORTO; VIANA, 2009). Maistarde, esses locais passaram a ser chama-dos de hospitais. A medicina passou a utili-zar o hospital como local de cura e de for-mação de profissionais na área da saúde noséculo XVII e o médico tornou-se a figuracentral deste local.

Segundo Porto e Viana (2009), no sé-culo XIX, a enfermagem profissional iniciou-se com a atuação de Florence Nightingalena Guerra da Criméia e de Ana Néri noBrasil. Desde então, as práticas educativasem saúde têm sido presença marcante naatuação dos enfermeiros (SAUPE; BUDÓ,2004).

A Organização Mundial de Saúde(OMS) tem buscado discutir sobre a impor-tância das atividades educativas junto aospacientes, elaborando materiais institucionaispara a educação permanente.

A prática profissional mostra que oenfermeiro não tem incorporado a educa-ção do paciente como uma atividade rele-vante no desenvolvimento de suas atribui-ções. Mas, vê-se que este se encontra bas-tante absorvido pelas demandas administra-tivas, que o tem distanciado da assistênciadireta ao paciente.

A prática constitui um processo deaprendizagem através da qual o enfermeiroadapta-se à profissão, eliminando o que lheparece inutilmente abstrato ou sem relaçãocom a realidade vivida e conservando o quepode servi-lhe de alguma forma.

O enfermeiro em sua prática diária ede acordo com o contexto social em queatua, torna a aprendizagem vinculada à re-alidade. É preciso deixar evidente que aofalar-se de aprendizagem e realidade nãose está falando em ter orientações ou pro-postas únicas, mas sim que o enfermeiroeducador tenha uma compreensão crítico -reflexiva sobre suas práticas, sobre os ob-jetivos a serem atingidos e o feedback desuas ações. Ou seja, o educador deve estarsempre criando e recriando métodos de en-sino dinâmicos e mutáveis.

Quando são trazidas as ideias freirenaspara o cotidiano da prática educativa doenfermeiro, pode-se, pela crítica e reflexão,ver transformados ou reconstruídos sabe-res dentro de um grupo que não tem o co-nhecimento advindo do princípio acadêmi-co-científico. Ao mesmo tempo, os profissi-onais da enfermagem também se apropri-am do conhecimento que vem do universocomum, considerando-se, junto a seu clien-te, um aprendiz durante o cuidado.

A relação dos educadores com os sa-beres que ensinam é fundamental para aconfiguração da identidade profissional. Aarticulação do saber docente e da práticaque ensinam leva em conta a especificidadeda ação educativa e contribui para o desen-volvimento de habilidades, técnicas e conhe-cimento para enfrentar os desafios de edu-car, treinar e orientar. Sendo assim, o pro-fissional da saúde que se propõe a ser umeducador em saúde deve assumir-se comotal, pois sua ação é imprescindível à comu-nidade. Ambas as partes, educadores eeducandos, enfermeiros e pacientes, ensi-nam e aprendem.

Freire (2007) mostra que o homem nãopode ser pensado ou analisado como umrecorte isolado do contexto que se insere.Desse modo, nas orientações acerca do pro-cedimento, o enfermeiro deve conhecer arealidade que seu paciente está inserido,orientando-o segundo suas dificuldades enecessidades.

Embora a educação/orientação emtodos os momentos do cuidado seja indis-pensável, é necessária a humanização,transformando as ações/procedimento/ori-entação em um ato pensado, simples, amo-roso e não mecânico.

A implicação e a humanização são cla-ras para Freire, segundo o qual “não há, po-rém, humanização na opressão, assim comonão pode haver desumanização na verdadei-ra libertação”. Neste sentido, o enfermeiroeducador não deve ser apenas um mero cola-borador, mas toma para si o papel fundamen-tal da transformação da sua equipe, dos usuá-rios/ pacientes e do ambiente de trabalho.

Orientações para exame endoscópico

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como já citado anteriormente, o en-fermeiro é um educador vinculado pelo pró-prio processo de trabalho e execução deprocedimentos. Da prática surgem novasreflexões e novos conhecimentos, amplia-se a teoria e resulta novas alternativas paraa prática (ZARPELLON, 2007).

Através da revisão bibliográfica, ob-servou-se a importância de o enfermeiroatuar na sala de endoscopia criando estra-tégias para amenizar as ansiedades, medose complicações aos pacientes. Ainda, veri-ficou-se que a prática do enfermeiro influ-encia no processo de geração de conheci-mento. Mas, principalmente, que o fato deestar presente junto à equipe endoscópicapara solucionar problemas, orientar, realizartreinamentos e minimizar os riscos geradospelo procedimento traz ao educador/enfer-meiro o feedback necessário para intervirno processo de educação, reflexão crítica econstrução do seu próprio saber.

Segundo os autores pesquisados, parao enfermeiro promover a prática educado-ra é necessário alto conhecimento técnico -científico, reflexão constante, bom relacio-namento interpessoal e afetivo. Sendo esteprofissional responsável por educar usuári-os e a equipe de enfermagem.

Podemos observar que o papel da en-fermagem em endoscopia digestiva, re-conhecido pela primeira vez em 1941, ain-da está em processo de reconhecimentopelas autoridades, EstabelecimentosAssistenciais de Saúde (EAS) e institui-ções de ensino. O objetivo de adotar oenfermeiro endoscopista é valorizar o pro-fissional, reconhecer e aprimorar o pro-cesso de educação no ensino de enferma-gem e respaldar a equipe de possíveis trans-tornos nos procedimentos.

A European Society ofGastroenterology and Nurses andAssociates (ESGNA), criada em 1996, éuma organização profissional de enfermei-ros que acredita que a educação em saúdeé papel do enfermeiro em endoscopia, com

ênfase na prevenção, rastreio, educação esuporte; oferecendo cursos e certificandoesses profissionais para atuarem na práticaendoscópica.

O desafio para o enfermeiroendoscópico é enfatizar a importância de suaatuação, ampliando conhecimentos, pontosa serem discutidos e pactuados com a equi-pe e órgãos responsáveis.

O ensino superior está desempenhan-do vários e novos papéis na sociedade atu-al; estando em contínua mudança e os pro-fissionais enfermeiros endoscópicos tam-bém são responsáveis pela mudança de ati-tude, ações e pensamento da sociedade.

O enfermeiro precisa estar sempreaprimorando seus conhecimentos acerca denovos equipamentos, desinfecção e esterili-zação, relacionamento interpessoal paraatender os usuários que muitas vezes têmcomo conhecimento adquirido sites dainternet, estando mais exigentes, curiosos einteressados.

Conclui-se, assim, que a educação estáintimamente relacionada em todo e qualquerprocedimento realizado pelo enfermeiro oupela equipe de enfermagem. Sendo, portanto,de extrema valia seu aporte científico,educativo e sua atuação no setor deendoscopia digestiva alta. O educador/en-fermeiro deve utilizar e buscar todos os re-cursos e instrumentos necessários para le-var o conhecimento e o entendimento aousuário. O educador em questão está apto,capacitado e pronto para utilizar esses ins-trumentos de forma efetiva, minuciosa, re-flexiva e crítica.

REFERÊNCIAS

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PERCEPÇÃO DOS ENFERMEIROS DE UM HOSPITALMATERNO-INFANTIL SOBRE QUALIDADE DE VIDA

Maluanne Santos Silva1; Giovana Fernandes Araújo2

RESUMO: O presente estudo teve por objetivo avaliar a percepção da qualidade de vida por enfer-meiros atuantes na rede hospitalar. O estudo foi de natureza qualitativa do tipo descritiva, realizadoem um hospital de médio porte localizado em um município do Sudoeste da Bahia. Participaram dapesquisa enfermeiros que atuam nos períodos matutino e vespertino da unidade. Foi realizadoatravés de entrevista gravada utilizando um roteiro semiestruturado. Os resultados foram analisadosvisando à identificação das categorias e unidades temáticas a partir da utilização do referencial deBardin. Emergiram as categorias: a qualidade de vida sob a ótica dos enfermeiros; relação entrequalidade de vida e lazer; relação entre qualidade de vida e trabalho e importância do trabalhopara qualidade de vida. Os enfermeiros relacionam qualidade de vida à saúde, à diminuição deestresse, ao trabalho, à família e aos amigos. Para os participantes, o lazer é essencial para ter-se QV(qualidade de vida), uma vez que leva ao prazer e consequente bem- estar. Foi possível perceber umparadoxo entre os relatos, pois, enquanto alguns acreditam que para ter-se QV é necessário traba-lhar, já que o trabalho proporciona condições para isso, outros acreditam que o trabalho pode ser umfator preponderante para a perda da QV por condições como estresse e organização do trabalho.Concluiu-se que os participantes possuem noção de conceitos e que percebem o trabalho, com suasnuances, como um forte fator colaborador, ou não, para o indivíduo poder viver com QV.

DESCRITORES: Enfermagem; Percepção; Qualidade de vida.

PERCEPTION OF NURSES A MOTHER AND CHILD HOSPIT ALON QUALITY OF LIFE

ABSTRACT: The present study aimed to evaluate the perception of the quality of life for nurses thatwork at the hospital network. The study was qualitative descriptive, conducted in a medium-sizedhospital located in a city in Bahia’s Southwest. Were selected nurses who work during morning andafternoon shifts to reach this research’s target,. It was conducted through recorded interviews byusing a semi-structured script. The results were analyzed in order to identify the categories andthematic units from the use of Bardin Referential. Categories emerged: quality of life from the perspectiveof nurses; relationship between quality of life and leisure; relationship between quality of life andwork and the importance of the work for quality of life. Nurses related quality of life to health,decrease of stress, job, family and friends. For participants, leisure is essential to level QL (quality oflife) up, because it would lead to pleasure and consequent welfare. It was possible to see a paradoxbetween the reports, since while some believe it is necessary to work for the purpose of having QL,once it provides favorable conditions. To others, work can be a major factor in the loss of QL becausedepending of the work organization it also provides stress conditions. It was concluded thatparticipants possess notion of concepts and realize the work, with its nuances, may or not be astrong contributor factor, for the individual QL.

KEYWORDS : Nursing; Perception; Quality of life.

1 SILVA, M, S. Graduada em Enfermagem pela Faculdade Independente do Nordeste.2 ARAÚJO, G, F. Enfermeira. Mestra em meio ambiente e sustentabilidade. Especialista em Enfermagem do trabalho

e saúde da família. Professora do curso de Enfermagem da Faculdade Independente do Nordeste.

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INTRODUÇÃO

A saúde do trabalhador tem estreitarelação com as condições de trabalho. Issodiz respeito à forma pela qual o trabalho érealizado, em que área o trabalhador atua ea que riscos ele está mais exposto (físicos,químicos, biológicos, mecânicos). Em 1997,a Organização Mundial de Saúde - OMSidentificou a exposição dos indivíduos aosriscos ocupacionais ressaltando os riscosergonômicos e físicos, que atingem 30% daforça de trabalho nos países desenvolvidose de 50 a 70 % nos países em desenvolvi-mento. Tais dados resultam no aumento daentrega de atestado médico, aparecimentodas doenças profissionais e sequelas ouinvalidez por acidentes de trabalho (UFMG,2007).

De acordo com Silva (2011), o traba-lho refere-se ao empreendimento das for-ças e potencialidades humanas para alcan-çar um determinado fim, além de estabele-cer certo domínio sobre a natureza. É umamaneira que permite aos trabalhadores esuas famílias terem acesso a bens e servi-ços, garantindo o sustento, já que é uma fon-te contínua de renda. Trabalhar significa estáinserido em um meio social privilegiado, pro-piciando melhorias na qualidade de vida. Poroutro lado, pode gerar agravos à saúde dotrabalhador: desgaste físico e mental, alémde riscos ocupacionais, comprometendo acapacidade laboral, gerando muitas vezessequelas irreversíveis ao indivíduo.

A expressão qualidade de vida (QV)designa-se como uma área multidisciplinarenglobando conhecimentos das diversas for-mas de ciências e conhecimento popular. Otermo é facilmente percebido na sociedadecontemporânea, sendo incorporado pela po-pulação em geral em várias formas de sig-nificados (ALMEIDA; GUTIERREZ;MARQUES, 2012).

Desde a década de 1960 já começoua dar-se atenção à qualidade de vida no tra-balho, através de iniciativas de pesquisado-res, líderes sindicais e governantes, com oobjetivo de alcançar melhorias na organiza-

ção de trabalho, minimizando, com isso, as-pectos negativos do empregador econsequentemente geração de bem-estaraos mesmos (JESUS; FIGUEREDO; OLI-VEIRA, 2010). Segundo Haddad (2000), aqualidade de vida no trabalho é o maiordeterminante da QV, uma vez que vida semtrabalho não há significado. Assim sendo,passou a ocupar um lugar central na vidado homem.

Atualmente vem ocorrendo algumasmudanças no cenário do mundo do traba-lho, que vem passando por rápidas trans-formações nas últimas décadas. A criaçãode máquinas cada vez mais avançadas au-menta de forma grandiosa a produtividadelibertando homens e mulheres dos serviçospesados. Entretanto, tais novas inserçõestecnológicas substitui o trabalho do homempelo da máquina reduzindo, assim, a ofertade trabalho e consequentemente gerando odesemprego (SILVEIRA, 2009).

Quando se trata dos trabalhadores daárea da saúde como enfermeiros, as condi-ções de trabalho para estes profissionaisnem sempre dispõem dos meios necessári-os à mobilização de suas capacidades e li-mites. A carga de trabalho elevada somadaàs condições de trabalho não motivadorassão fatores que influenciam negativamentena qualidade de vida dos enfermeiros(CECAGNO et al, 2003). Deve-se levar emconsideração que essa classe profissionalatua em áreas complexas, que exigem mui-ta dedicação e responsabilidade. A remu-neração na maioria das vezes é baixa, o queos leva a ter mais de um vínculoempregatício para poder sanar despesaspessoais e familiares. A carga horária ex-cessiva de trabalho, somada às condiçõesde trabalho insalubres, culminam nosurgimento de patologias ligadas à profis-são e, dependendo da cronicidade, podemser irreversíveis (MEDEIROS et al, 2006).

Os enfermeiros possuem uma médiasalarial inferior à do médico e do dentista,porém a carga horária de trabalho é seme-lhante ao profissional médico. Pois profissi-onais de enfermagem cumprem uma carga

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horária superior a 44 horas semanais, já queprecisam cobrir a ausência dos colegas detrabalho que se afastaram por doenças, im-previstos e acidentes. Muitas vezes os tra-balhadores acumulam carga horária extrano local de trabalho, que deveria ser tiradacomo dia de folga. Contudo, a instituiçãodesconta-a de acordo com as faltas no tra-balho. Nessas condições, os riscosocupacionais são grandes, geradores deadoecimento, comprometendo a qualidadede vida e a saúde dos trabalhadores de en-fermagem (FELLI, 2012).

O interesse por este tema deu-se apartir da leitura de artigos científicos a res-peito da qualidade de vida relacionada aoprofissional de enfermagem ao cursar a dis-ciplina “Saúde do Trabalhador” no 6º semes-tre do curso de graduação em enfermagem.A discussão a respeito do tema torna-serelevante uma vez que o enfermeiro neces-sita estar bem para exercer com excelên-cia o maior objetivo da profissão que é ocuidar.

Nesta perspectiva surgiu o seguinteproblema: “qual é a percepção dos en-fermeiros atuantes na rede hospitalar arespeito da qualidade de vida”? Assim, opresente estudo teve por objetivo compre-ender a percepção da qualidade de vida porenfermeiros atuantes na rede hospitalar.

METODOLOGIA

Trata-se de uma pesquisa de naturezaqualitativa do tipo descritiva. Os dados fo-ram coletados em um hospital de médio portelocalizado no município de Vitória da Con-quista, no Sudoeste da Bahia. Trata-se deuma instituição pública administrada por umafundação sem fins lucrativos que prestaatendimento através de demanda espontâ-nea ou de encaminhamento de outros servi-ços de saúde.

A população do estudo foi compostapor enfermeiros que trabalham no hospital,sendo a amostra formada por profissionais

que atuam nos períodos matutino e vesperti-no, em diferentes setores, perfazendo o to-tal de 08 participantes. Foram adotados osseguintes critérios de inclusão: enfermeirosque trabalham exclusivamente no períodomatutino ou vespertino, que aceitaram par-ticipar voluntariamente da pesquisa, teremassinando o Termo de Consentimento Livree Esclarecido e que estejam na escala detrabalho no dia da coleta de dados.

Os dados foram coletados no períodode 12 a 16 de maio de 2014, através de en-trevista gravada, utilizando um roteirosemiestruturado elaborado e aplicado pelapesquisadora. As entrevistas foram realiza-das individualmente no local de trabalho, emhorário determinado, junto aos profissionaismencionados.

As entrevistas, após serem realizadas,foram transcritas na íntegra para o progra-ma Word 2010. Os dados foram analisadosvisando à identificação das categorias e uni-dades temáticas por meio da utilização doreferencial de Bardin. Análises dos dadosforam operacionalizadas a partir das seguin-tes questões: foi realizada a leitura flutuantee aprofunda dos dados, grifando os relatossignificativos, semelhantes e diferentes; re-cortes de fragmentos grifados; busca de ca-tegorias a partir das temáticas mencionadasno objetivo; elaboração de uma lista de falados entrevistados por categorias; escolha dasfalas que possuem maior poder de síntese eabrangência, e informações dentre os con-teúdos das entrevistas para exemplificar ascategorias emergentes.

A pesquisa foi realizada a partir daautorização do Comitê de Ética em Pesqui-sa da Faculdade Independente do Nordestepara aprovação, em atendimento à Resolu-ção 466/12 do Conselho Nacional de Saú-de, parecer nº 639.557. Foi garantido o sigi-lo das informações pessoais com preserva-ção do anonimato dos participantes, queassinaram o Termo de Consentimento Li-vre e Esclarecido, resguardando a integri-dade e os direitos.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

Caracterização dos sujeitos

A Tabela 1 apresenta a caracteriza-ção dos participantes do estudo.

Tabela 1 - Caracterização dos participantes doestudo. 2014.

Fonte: Elaborado pelas autoras baseado em dadoscoletados.

Conforme a Tabela 1, observa-se nafaixa etária que se trata de enfermeiros adul-tos jovens em período da vida dedicado àsatividades laborais. A maior parte dos en-trevistados é do sexo feminino, que é umacaracterística da profissão. Em relação aotempo de formação, nota-se que a maioriapossui até 5 anos. Entre os participantesobserva-se que, com uma exceção, possu-em mais de um vínculo empregatício, que éoutra característica encontrada na profis-são por questões salariais. Estamultiplicidade de empregos pode ser um dosmotivos de precarização e penosidade no

trabalho. No que diz respeito à carga horá-ria de trabalho, 06 possuem 40 horas sema-nais e 02 mais de 40 horas semanais.

As categorias relacionam-se à percep-ção de qualidade de vida dos enfermeirosdo hospital materno-infantil: A qualidade devida na ótica dos enfermeiros, relação en-tre qualidade de vida e lazer, relação entrequalidade de vida e trabalho e importânciado trabalho para qualidade de vida.

Categoria I - A qualidade de vida sob aótica dos enfermeiros

Os enfermeiros relacionam qualidadede vida à saúde, à diminuição de estresse,ao trabalho, à família e aos amigos.

Pra mim qualidade de vida é uma coisatemporária. Você pode está muito bemhoje entendeu? Pode ocorrer algo noseu cotidiano e a partir desse momentoachar que você não está com a qualida-de de vida que você gostaria que esti-vesse. Então é muito circunstancial elaestá relacionada a você está bem pro-fissionalmente, nas relações familiares,e de amizade. Obviamente incluindotambém a saúde como um todo. Deve estábem fisicamente e emocionalmente (en-fermeiro A).É quando você consegue conciliar a suaprofissão, o que você escolheu comoprofissão, com sua parte familiar que éa sua residência, com a questão de es-portes e lazer. O lazer é que comanda amaior parte da qualidade de vida men-tal. Porque se você não estiver com amente boa dificilmente você vai saberlidar com o corpo. Pra mim o que co-manda a maior parte é a parte mentalmesmo (enfermeiro C).Em minha opinião, qualidade de vida époder ter uma vida tranquila, sem tantoestresse, tempo para pode aproveitar ascoisas boas da vida, para almoçar comtranquilidade, ficar com a família, terhorários flexíveis no trabalho, poderdescansar, praticar esportes e realizaratividades que proporcionam prazer(enfermeiro E).

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Nas definições dadas pelos participan-tes há em comum a satisfação quanto à pro-fissão e o convívio familiar, apontados comofatores para ter-se QV. Ainda destaca-senos relatos a importância do lazer ou de umaatividade que traga algum tipo de prazer.

Por conta da complexidade e dimen-são, é difícil conceituar qualidade de vida jáque cada indivíduo entende o conceito deQV de forma diferenciada. Contudo, parater-se qualidade de vida é necessário queexistam fatores intrínsecos e extrínsecos secorrelacionando (SABÓIA; PONTE, 2013).

A qualidade de vida depende da satis-fação de várias necessidades pertinentes aoser humano: estar bem consigo mesmo, como trabalho e ter saúde. Desta forma, os se-res humanos podem ser considerados iguaisquanto à espécie, mas são distintos quantoà maneira de viver a vida. Pois cada indiví-duo tem seus objetivos de vida, diferentescrenças, valores e anseios de realizações.Tudo isso faz com que a avaliação da quali-dade de vida referida por cada pessoa pos-sa sofrer modificação mediante as mudan-ças impostas pela vida. Portanto, de acordocom as alterações importantes ocorridas aolongo da vida das pessoas, elas tambémmudam, não apenas a avaliação das coisas,mas a forma pela qual avaliam sua qualida-de de vida (ARAÚJO; SOARES;HENRRIQUES, 2009).

Categoria II – Relação entre qualidadede vida e lazer

Houve enfermeiro no segundo mo-mento da entrevista que não relacionou olazer como um fator importante para ter-seQV, ao contrário da maioria dos participan-tes.

É algo que muitas pessoas confundem,pois qualidade de vida é o cotidiano, odia a dia. Já lazer é um espaço à parteque se reserva para realizar atividadesque traga diversão e prazer (enfermeiroD).É que o lazer favorece prazer ao ser hu-mano. Quando você sente prazer nas

coisas que se faz e você dedica uma par-te da vida para isso então a vida se tor-na mais leve e você tem qualidade devida. Com menos esforço para conse-guir as coisas com menos tempo de tra-balho para conseguir retorno financei-ro então consegue proporcionar a vidamais tranquila, mais tempo pra viver comos seus amigos e sua família. Com ativi-dades que dê prazer. A partir do momen-to que o trabalho impede que você te-nha lazer você deixa de ter qualidadede vida (enfermeiro E).(...) o lazer é quando você está se diver-tindo, é quando você está bem. Então,quanto mais lazer melhor. Se seu traba-lho é um lazer, ótimo. Um surfista, porexemplo, há de convir que não existaum trabalho melhor do que aquele umsufista profissional, o trabalho dele éum lazer pra maioria das pessoas é oque todo mundo gostaria ser. (...) É teruma atividade que consiga remunerarele, dá uma condição econômica pra elee que ao mesmo tempo seja uma coisaque ele faça com prazer, seja ele um tra-balho de carcereiro, gari, enfermeiro,se remunerar bem e trazer prazer estáótimo. Agora eu acho que existem tra-balhos muito mais divertidos (enfermei-ro A).

Interessante notar que um participan-te relaciona lazer a trabalho ao analisar quese o indivíduo trabalha com prazer e possuiboa remuneração o trabalho torna-se umlazer, portanto, o trabalho não seriadesgastante. Seria uma idealização do tra-balho que não está ao alcance de todos. Paraos outros, o lazer é essencial para ter-se QV,pois levaria ao prazer e consequentementeao bem- estar, principalmente mental. ParaTrindade (2011), é considerado direito ine-rente ao ser humano o acesso ao lazer, porser considerado um componente essencialpara a vida dos seres humanos; sendo estauma das condições para que se alcance aexistência digna. Pode-se definir tal direitocomo a busca de ocupação dos indivíduosem atividades que lhes dão prazer: reservarparte do seu tempo para o convívio familiar,praticar exercícios físicos, participar de ati-

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vidades intelectuais, ir ao cinema, ou atémesmo não fazer nada.

A qualidade de vida se associa à sa-tisfação, à relação entre familiares e ami-gos, às atividades cognitivas, produtividadee saúde física. Tais elementos levam a en-tender que quando o ser humano passa aadquirir bons hábitos e melhorias nos rela-cionamentos, fazendo aquilo que lhe dá pra-zer, consequentemente terá mais condiçõesde adquirir qualidade de vida (ROCHA,DELCONTI, 2012).

Categoria III - Relação entre trabalhoe qualidade de vida

As percepções quanto a relação dotrabalho com a QV também variaram comalguns olhares distintos uns dos outros.

(...) que o trabalho permita que a pes-soa tenha QV e que a pessoa consigafazer o que gosta e que o lazer tambémnão atrapalhe no trabalho, que a pes-soa não confunda lazer com trabalho.Então, quando tem cargas horárias de-finidas e trabalhos mais contínuos per-mite organizar o dia para ter QV (enfer-meiro H).Para ter qualidade de vida é necessárioter trabalho. Já que através do traba-lho se obtém recursos para suprir as ne-cessidades diárias, se satisfazer profis-sionalmente (enfermeiro D).Nos dias atuais, se prega sobre a quali-dade de vida conciliada ao trabalho.Em minha opinião, o trabalho executa-do pode alterar a QV devido estresse,carga horária elevada, má remunera-ção (enfermeiro F).

Foi possível perceber um paradoxoentre os relatos, enquanto alguns acreditamque para ter-se QV é necessário trabalhar,uma vez que o trabalho proporciona condi-ções para isso, para outros o mesmo podeser um fator preponderante para a perda daQV por condições como estresse e organi-zação do trabalho. Para Teixeira et al (2009),qualidade de vida no trabalho significa man-ter e desenvolver satisfação, ou seja, ter uma

“sensação de bem-estar” no trabalho. O quenão se limita a bons salários e sim às ques-tões relacionadas à qualidade de vida como,por exemplo: tempo de ficar ao lado da fa-mília, ter horários reflexíveis no trabalho,carga horária de trabalho flexível, além desensação de segurança na carreira.

Conforme estudos que investigam qua-lidade de vida no trabalho, é possível detec-tar que existe relação de mensuração darelação do trabalhador com a execução dotrabalho. Além disso, o mesmo limita-se emopinar e conceituar tal expressão, sendoevidenciado o seu caráter subjetivo emultidimensional (SOUZA, 2001).

Ainda nesta categoria, os participan-tes veem o trabalho como ferramenta deautorrealização, valorização da família esociedade e, consequentemente, fator rele-vante para obter-se qualidade de vida.

Categoria IV – Importância do traba-lho para qualidade de vida

As percepções quanto a importânciado trabalho para qualidade de vida são simi-lares, uma vez que os enfermeiros respon-deram que para se ter qualidade de vida énecessário ter trabalho, já que este é sinôni-mo de independência, autoestima e cresci-mento individual.

A importância do trabalho é que atra-vés dele você passa a ser independente,se sentir útil, ativo, isso também é quali-dade de vida. Pensar no futuro. (Enfer-meiro G).Quando você não tem uma ocupação,um emprego, uma profissão, você acabatendo uma baixa autoestima, muitas ve-zes não tem realizações profissionais aívocê vai ter um baixo desempenho den-tro da própria família, da própria soci-edade. Acaba sendo um indivíduo pou-co estimulado. Então, se você não tra-balha, dificilmente você tem uma quali-dade de vida boa. Interferindo no seumental, na parte física. Só o lazer nãosalva a vida de ninguém (enfermeiro C).Sem trabalho o indivíduo não consegueter qualidade de vida, já que um sempre

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está relacionado com o outro. Por con-ta disso, se faz necessário que o ambien-te do trabalho seja um ambienteprazeroso e de crescimento individual(enfermeiro D).

A maioria das pessoas, mesmo apre-sentando condições financeiras para vivero resto da vida de maneira confortável, con-tinuaria a trabalhar. Isso porque o trabalhonão é só uma fonte de sustento, mas simum meio de sentir-se como integrante dasociedade, ou de um grupo, é uma forma deter-se ocupação e de atingir-se os objetivosna vida (TOLFO, PICCININI, 2011).

O trabalho por si próprio, através dasrelações humanas, oferece uma descarga aosimpulsos dos libidos, além de poder proporci-onar aos indivíduos meios necessários parasubsistência e, assim, ter sentido a existênciana sociedade. É por meio do trabalho que osindivíduos se socializam e vivem na coletivi-dade (CARREIRA, MARCON, 2003).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Através deste estudo foi possível ob-servar a percepção de qualidade de vida paraos entrevistados. Os enfermeiros relaciona-ram qualidade de vida à saúde, à diminui-ção de estresse, ao trabalho, à família e aosamigos. Para eles o lazer é essencial parater-se QV, pois levaria ao prazer econsequente bem-estar. Ainda foi possívelperceber um contrassenso entre os relatos,pois, enquanto alguns acreditam que parater-se QV é necessário trabalhar para aqui-sição de estabilidade econômica eautoestima, para outros, o trabalho pode sero fator principal para a perda da QV, vistoque o local de trabalho pode ser considera-do estressante, vinculando negativamentecom reconhecimento profissional deficien-te (baixa remuneração, carga horária ele-vada). Portanto, é possível concluir que osparticipantes possuem noção dos diversosconceitos de qualidade de vida e que perce-bem o trabalho, com suas nuances, comoum forte fator colaborador, ou não, para oindivíduo poder viver com QV.

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PERCEPÇÃO DO ESTRESSE ENTRE OS PROFISSIONAIS DEENFERMAGEM QUE ATUAM NO CENTRO CIRÚRGICO DE UM

HOSPITAL PRIVADO EM VITÓRIA DA CONQUISTA – BA

Natali Barberino Alves1; Giovana Fernandes Araujo2

RESUMO: Introdução: Estresse é uma resposta do organismo quando a pessoa se depara com umacondição que provoque sua irritação, excitação, confusão, amedrontamento ou de modo que torneextremamente feliz. Objetivo: avaliar a percepção dos profissionais de enfermagem em relação aoestresse ocupacional no centro cirúrgico. Métodos: trata-se de uma pesquisa de caráter exploratório– descritivo e de natureza qualitativa realizada em um hospital da rede privada de um município dosudoeste da Bahia. Os participantes desta pesquisa foram profissionais de enfermagem atuantes nocentro cirúrgico do referido hospital. A coleta de dados foi realizada utilizando-se a técnica deentrevista gravada. As respostas foram analisadas visando à identificação de categorias e unidadestemáticas a partir da utilização do referencial de Bardin. Resultados: A partir da transcrição dasentrevistas surgiram as categorias causas do estresse no trabalho, causas de desgaste físico eemocional, atitudes para conciliar trabalho e lar ou métodos para aliviar o estresse. Conclusão:O estudo apontou que os profissionais de enfermagem percebem o centro cirúrgico como um ambi-ente muito estressante revelando vários fatores desencadeantes de desgastes físicos e emocionais.

PALAVRAS-CHAVE: Estresse; Enfermagem; Centro cirúrgico.

PERCEPTION OF STRESS AMONG THE NURSING PROFESSIONALSWORKING ON A SURGICAL CENTER OF A PRIVATE HOSPITAL IN

VIT ORIA DA CONQUISTA - BA

ABSTRACT: Intr oduction: Stress is a response of the body when a person is faced with a conditionthat causes her anger, excitement, confusion, intimidation or of mode which makes extremely happy.Objective: To evaluate the perceptions of nursing professionals in relation to occupational stress inthe operating room. Methods: This is exploratory research - descriptive, qualitative held at a privatehospital in a city in the Southwest of Bahia. The participants in this study were active nursing staffin the operating room of the hospital. The data was obtained through the recorded interview technique.The answers were analyzed in order to identify categories and thematic units from the use of Bardin’sreferential. Results: From the interviews transcript the following categories emerged: Causes ofstress at work; causes of physical and emotional exhaustion, attitudes to balance work and home ormethods for stress relief. Conclusion: The study showed that nurses perceive the operating room asa very stressful environment and reveals several factors that cause physical and emotional exhaustion.

KEYWORDS: Stress; Nursing; Operating Room.

1 Graduanda em Enfermagem pela Faculdade Independente do Nordeste- Barra do Choça-Ba, Brasil.2 Enfermeira. Docente da Faculdade Independente do Nordeste. Mestra em Meio Ambiente e Sustentabilidade –

Vitória da Conquista-Ba, Brasil.

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INTRODUÇÃO

A Organização Mundial de Saúde(OMS) define a saúde como “um estado decompleto bem-estar físico, mental e social,e não consiste apenas na ausência de doen-ça ou de enfermidade” (LEVI, 2002, p.167).De maneira que o trabalho e suas condi-ções têm grande influência, forma negativaou positiva, na saúde. A concepção de saú-de do trabalhador compreende as relaçõesde trabalho e o processo saúde/doença. Pelofato de os trabalhadores estarem incluídosno mercado de trabalho, eles estão propen-sos a diversos riscos ambientais eorganizacionais. As condições de saúde dostrabalhadores dependem de vários fatoresdeterminantes proveniente dos métodos detrabalho (LEVI, 2002).

O termo stress já faz parte do cotidia-no de vida da população, sendo definido pelaAssociação Brasileira de Stress como umaresposta do organismo com elementos quí-micos, físicos que sobrevêm quando a pes-soa se depara com uma condição que pro-voque sua irritação, excitação, confusão,amedrontamento ou de modo que a torneextremamente feliz (BUSSOLETTO, 2014).

Estresse é um problema mundial quetem afligido essencialmente a saúde de tra-balhadores. Este termo deriva-se da Físicasignificando “grau de deformidade que umaestrutura sofre quando é submetida a umesforço” (FRANÇA; RODRIGUES, 2007,p.29).

Diversas pesquisas realizadas sobreestresse e qualidade de vida dos enfermei-ros apontam que as formas de trabalho pro-vocam um desgaste profissional, sobrevin-do do ambiente, da sobrecarga, das relaçõesde trabalho conflituosas, juntamente comsituações presentes tais como: dor, sofrimen-to e morte. Todos esses eventos causam oestresse e tensão nos profissionais de en-fermagem e implica na sua qualidade de vida(BERESIN; SANTOS, 2009).

Segundo Deminco (2011), a Organi-

zação Mundial de Saúde (OMS) reconheceo estresse como a doença do século 20 ecomo a maior epidemia global deste século.No Brasil a taxa de incidência do estresseafeta cerca de 32% da população adulta,segundo pesquisa realizada pelo Centro Psi-cológico de Stress. De modo que 13% dehomens e 19% de mulheres possuíam si-nais significativos de estresse, o que indicaque no Brasil o gênero feminino apresentanível de estresse mais elevado do que omasculino. O estresse em alguns lugares doBrasil é mais frequente devido à ocupaçãoexercida pelo trabalhador (LIPP, 2013).

Conforme Costa (2007), em nível glo-bal, o estresse em trabalhadores brasileirossó é inferior aos do Japão, sendo que os pro-fissionais da área de saúde ocupam o ter-ceiro lugar entre os grupos mais compro-metidos, isso de acordo com uma pesquisarealizada pela International StressManagement Association (ISMA) queavaliou nove países.

Somente a manifestação de estímulosestressores não causa o estado de estresse,que pode gerar efeitos diferenciados emcada pessoa. Existem “fatorescondicionantes individuais, tais como: pre-disposição genética, idade, sexo e persona-lidade” (LIPP, 2002, p.14).

No decorrer de 1936, Hans Hugo Bru-no Selye, médico endocrinologista, mais co-nhecido como Hans Selye, inicia os estudosrelacionados ao estresse. Em seus estudosrelata que o estresse é denominado um con-junto de ações desenvolvidas no organismomediante uma condição que exige esforçode adaptação (FRANÇA; RODRIGUES,2007).

O estresse surge mediante umaconsequência dos esforços repetitivos deadaptação a uma condição existente e, nemsempre, é um fator de dano emocional e físi-co, mas sim uma forma natural de defesa dopróprio organismo. Através do sistema ner-voso o organismo recebe estímulos internos,tais como pensamentos, emoções (angústia,

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medo, alegria e tristeza), e estímulos exter-nos, como frio, calor, situações de insalubri-dade, do trabalho e âmbito social. Este con-junto de estressores pode oportunizar diver-sas reações no organismo humano, pois estáinterligado com regulação das emoções efuncionamento dos órgãos (BRUGGER etal, 2010; FRANÇA; RODRIGUES, 2007).

As reações do estresse podem sernaturais e adequadas para a vida, entretan-to, mediante alguma situação de desafio,pode provocar consequências no organis-mo das pessoas. O estresse pode ser clas-sificado em dois tipos: o eustress e o distress.O eustress é definido como estresse positi-vo, tensão com hemostasia entre tempo,esforço, realização e resultados. Já odistress é o momento de tensão com que-bra de hemostasia biopsicossocial de forma excessiva ou porausência de esforço, incompatível com otempo, resultados e realização (FRANÇA;RODRIGUES, 2007).

Anteriormente, Selye classificava oestresse somente em três fases: alerta, re-sistência e exaustão. Logo após 15 anos depesquisas realizadas por Lipp, foiidentificada a existência de outra fase doestresse, nomeada como fase de quaseexaustão, sendo esta posicionada entre afase da resistência e a fase da exaustão.Assim, o método trifásico aderido por Seyleacabou sendo expandido para o modeloquadrifásico proposto por Lipp (2001).

Para melhor compreensão das fasesde desenvolvimento do estresse é relevanteconsiderar que a manifestação dos seus sin-tomas depende da situação em que se en-contra o indivíduo. Na fase de alerta, co-nhecida como o momento positivo doestresse, as pessoas adquirem energia me-diante a produção de adrenalina, a sensa-ção de perfeição é geralmente alcançada ea sobrevivência preservada. Já na fase deresistência, nomeada a segunda fase, aspessoas automaticamente tentam enfrentaros seus estressores com a finalidade de

manter seu equilíbrio interno. Se esses fa-tores estressantes permanecerem de modofrequente e intenso provocarão uma que-bra nesta fase permitindo a existência dafase de quase-exaustão. Nesta fase inicia oprocesso de adoecimento e os órgãos queapresentarem maior fragilidade genética ouadquirida manifestarão os sinais de deterio-ração. Caso não obtenha respostasatisfatória mediante a retirada dosestressores ou através da utilização de mé-todos de enfrentamento, as pessoas acabamatingindo a etapa final do estresse, a faseda exaustão, período em que as doenças semanifestam nos órgãos mais fragilizadoscausando infarto, úlceras, psoríase, dentreoutros. A depressão ocorre como parte doquadro de sintomas do estresse na fase dequase-exaustão e se prolonga na fase deexaustão (LIPP 2001).

O interesse pelo estudo do estresse notrabalho tem sido crescente na literatura ci-entífica, especialmente nos últimos anos. Omotivo para este aumento é justamente oimpacto negativo do estresse na saúde, poisdesencadeia algumas doenças, leva ao es-gotamento físico e emocional, pensamentosdisfuncionais, absenteísmo, insatisfação como trabalho, redução das competências, afe-tando a qualidade de vida do trabalhador e,consequentemente, o funcionamento e aefetividade das organizações (PASCHOAL;TAMAYO, 2004; COSTA, 2007).

Segundo a Health EducationAututhority, a enfermagem foi estabelecidacomo a quarta profissão que mais apresen-ta estresse decorrente das atribuições im-postas aos profissionais da área, como aresponsabilidade pela vida das pessoas e ovínculo com pacientes cujo sofrimento épraticamente inevitável. Sendo assim, cabeao enfermeiro promover uma assistênciaespecífica à necessidade do paciente, dedi-cando-se no desempenho de suas ações, oque acaba provocando um aumento da pro-babilidade do aparecimento do estresse. Porisso, tem sido fundamental a realização de

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pesquisas a cerca deste tema (BRITO;CARVALHO, 2003).

O centro cirúrgico (CC) é uma unida-de que apresenta cuidados de alta comple-xidade e uso de tecnologia avançada, ondeexiste uma espécie de invasão da privaci-dade dos clientes. Visto que os enfermei-ros mantêm um contato direto com o paci-ente, faz-se imprescindível que estes pro-fissionais tenham a competência de com-preender os riscos inerentes ao procedimentocirúrgico e a capacidade para prestar apoioe atenção psicológica proporcionandotranquilidade e segurança; favorecendo as-sim o tratamento e a recuperação do paci-ente. São constantes as exigências atribuí-das ao enfermeiro na unidade cirúrgica, poisestão voltadas para aspectos tanto adminis-trativos quanto assistenciais. Os profissio-nais de enfermagem que atuam no centrocirúrgico são responsáveis pelo cliente daadmissão à alta do setor, respeitando suaindividualidade, prestando uma assistênciaadequada à necessidade do paciente. Porsua complexidade e ações desenvolvidas, ocentro cirúrgico é um setor potencialmenteestressante (SCHMIDT, 2009).

Nessa perspectiva, surgiu o seguintequestionamento: “Qual é a percepção dosprofissionais de enfermagem em relação aoestresse em seu ambiente de trabalho”?Portanto, o presente estudo teve por objeti-vo avaliar a percepção dos profissionais deenfermagem em relação ao estresseocupacional no centro cirúrgico.

METODOLOGIA

Foi realizado um estudo exploratório-descritivo e de natureza qualitativa em umhospital da rede privada de um município dosudoeste da Bahia.

Os participantes desta pesquisa foramprofissionais de enfermagem atuantes noCentro cirúrgico do referido hospital,totalizando 18 profissionais, tendo comoamostra 14, de modo que 4 recusaram-se aparticipar da pesquisa. Para atender ao ob-jetivo do estudo, foram estabelecidos os se-

guintes critérios de inclusão: ser enfermei-ro, técnico ou auxiliar de enfermagem queatua na unidade de centro cirúrgico, estarpresente no local da coleta de dados, ter dis-ponibilidade, aceitar participar do estudo eassinar o Termo de Consentimento Livre eEsclarecido (TCLE).

A coleta de dados foi realizada na se-gunda quinzena do mês de abril de 2014,utilizando-se a técnica de entrevista por meiode roteiro semiestruturado contendo ques-tões norteadoras. As entrevistas ocorrerampor meio de gravação através de um grava-dor digital e no local de trabalho dos partici-pantes em horário pré-determinado.

Após a realização das entrevistas, asrespostas foram transcritas na íntegra parao programa Word 2010 e analisadas visan-do à identificação de categorias e unidadestemáticas a partir da utilização do referencialde Bardin. As análises operacionalizadasseguiram os seguintes passos: leitura flutu-ante e aprofundada dos dados coletados;grifo dos relatos significativos, semelhantese diferentes; recortes de fragmentos grifa-dos; busca de categorias a partir do objeti-vo do estudo; organizar a lista de falas quepossuem maior poder de síntese eabrangência, bem como informações den-tre os conteúdos das entrevistasexemplificando as categorias emergentes.

Para a realização desta pesquisa fo-ram observadas todas as normas da Reso-lução nº 466/12 do Conselho Nacional deSaúde para pesquisas envolvendo seres hu-manos. Sendo assim, os dados foramcoletados após aprovação do projeto peloComitê de Ética e Pesquisa (CEP) da Fa-culdade Independente do Nordeste, proto-colo número 29013714.4.0000.5578.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Verificou-se que a maioria dos parti-cipantes eram do sexo feminino, sendo 1enfermeira, 13 técnicas de enfermagem esomente 1 técnico de enfermagem. A faixaetária variou de 23 a 49 anos. Conformeapresentado na Tabela 1.

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A partir da transcrição e da análise dosdados surgiram as categorias citadas abai-xo:

Causas do estresse no trabalho

A análise dos relatos permitiu verifi-car, entre os participantes, como causa deestresse a sobrecarga de atividades execu-tadas pelo profissional de enfermagem.

Só tem uma enfermeira atuante e queela assume dois setores tanto no centrocirúrgico quanto no CME e tem a jorna-da de trabalho de 40 horas, supervisio-nando se está tudo funcionando adequa-damente e se a equipe sabe lidar com asdiversas situações existentes, e quandoa demanda de cirurgias é grande temque dá conta de todas que estão sendorealizadas, e acaba sendo muito corri-do provocando fatores causadores doestresse (Enfermeira J).Nós que trabalhamos no período notur-no sobrecarregamos de tarefas, além docentro cirúrgico tem os serviços do

CME. Pois à noite só tem duas técnicastrabalhando e tem que dá conta dos doissetores. E quando falta um funcionárionos postos de enfermagem, temos queassumir outros setores que não está aptoa fazer. Então tudo isso é o que mais medeixa estressada e desgastada (téc. deenf. D.O).Estar em um ambiente fechado e a jor-nada de trabalho acaba acarretando oestresse (téc. de enf. S.M).

Nas falas fica evidente que outras atri-buições, além da supervisão do setor, sãofatores estressantes no centro cirúrgico, dasquais destacam-se a extensa carga horáriae o baixo número de trabalhadores no perí-odo noturno.

Segundo Costa e Fugulin (2011), asprincipais atuações abordadas pelos dirigen-tes dos estabelecimentos de saúde recaemquanto à restrição quantitativa e/ou de tra-balhadores de enfermagem, gerando sobre-carga de trabalho para os profissionais, atra-palhando a organização e a realização dasatividades assistenciais, e qualquer ação que

Tabela 1. Distribuição da caracterização dos participantes - 2014.

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proporcione a qualidade na prestação doscuidados. Evidencia-se tal situação pela faltade um método de dimensionamento de pes-soal que prioriza o método de trabalho rea-lizado no setor e que submeta a enfermeirapara executar estimativas e avaliações doquadro de pessoal do centro cirúrgico.

De acordo com o Coren (2010, p.04),o dimensionamento “fixa e estabeleceparâmetros para dimensionar o quadro deprofissionais de enfermagem para as uni-dades assistenciais nas instituições de saú-de e assemelhados”.

Os participantes percebem que a es-trutura do centro cirúrgico e sua complexi-dade exigem do trabalhador maior atençãoe estar sempre alerta.

[...] O centro cirúrgico é muitoestressante, ele se torna em todo o mo-mento um setor de urgência porque nãoé o mesmo paciente que você está acom-panhando, em tudo você tem que pres-tar bastante atenção, porque se fizeruma coisa errada pode haver um errogravíssimo e não tem como mais rever-ter o quadro (téc. de enf. C).Pressão, pois mexemos com cirurgia dealta complexidade, então isso gera oestresse porque mesmo que você não sejaestressada o momento em si faz com quevocê tenha mais agilidade e acaba so-brecarregando (téc. de enf. A.P).

Por sua complexidade e ações desen-volvidas, o centro cirúrgico é um setor po-tencialmente estressante. A maioria daspesquisas realizadas pela psicologia e filo-sofia relatam que a enfermagem primordi-almente no nível hospitalar é uma das pro-fissões que mais causa o estresse(SCHMIDT, 2009).

O enfermeiro executa atividades ex-tremamente complexas e de alta responsa-bilidade, por meio do ritmo acelerado e jor-nadas excessivas de trabalho, que são fato-res condicionantes para a manifestação doestresse ocupacional (ROCHA;MARTINO, 2010).

Para que o profissional possa ter umamelhor qualidade de vida devem ser

direcionadas ações e conscientizações pe-las instituições hospitalares para a promo-ção do bem-estar e satisfação pessoal (RO-CHA; MARTINO, 2010).

Também foi mencionada a administra-ção de recursos materiais como uma dassituações estressantes.

Cobrar material do fornecedor causa ummaior desgaste porque pede e às vezesnão vem, e com isso tem que ficar insis-tindo antes do procedimento cirúrgicopara está tudo adequado, e não suspen-der por causa da falta do material. En-tão fora das minhas atividades tenho queparar para cobrar material pelo qual nãodeveria fazer, onde só tenho que dizer,marquei a cirurgia, tá no sistema, e eleconfirmar que sim (Enfermeira J).

No estudo de Souza e Ferreira (2010)foi também citada a manutenção de equi-pamentos como um dos fatores de desgas-te na promoção da um atendimentohumanizado.

Também causa bastante estresse quan-do cobro manutenção de equipamentos,pois tenho que cobrar várias vezes an-tes da cirurgia agendada e quando che-ga no dia da cirurgia é que vai fazer amanutenção, e com isso me estressa to-talmente (Enfermeira J).

A maneira como é organizado o tra-balho, bem como a ocupação do dia a dia,vem impossibilitando tempo livre para reali-zação de outras atividades fora do ambien-te de trabalho, interferindo nas relações fa-miliares e na vida particular do profissionalde enfermagem (MEDEIROS et al, 2006).

Os gestores podem colaborar para tor-nar as práticas mais humanizadas com aprevenção e redução de fatores que pro-porcionam o estresse (FONTANA, 2010).

Causas de desgaste físico e emocional

Algumas atividades são relatadascomo causadoras de desgaste físico e emo-cional:

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Transportar o paciente, pois tem momen-tos corridos que não tem pessoas dispo-níveis para ajudar e acaba tendo esfor-ço além do que deveria acarretando nofísico esse cansaço (téc. de enf. J).[...] trabalhamos até altas horas damadrugada, provocando um cansaçofísico por ficar muito tempo na cirurgia,pois não teve tempo para descansar (téc.de enf. S.M).Muitas vezes ocorre o desgaste emocio-nal pela forma que é tratada pelos mé-dicos (téc. de enf. D).A equipe médica exige muito, são igno-rantes, e não trata a gente da forma quedeveria (téc. de enf. W).

Para o desenvolvimento dos serviçosde enfermagem, o método de trabalho temsuas particularidades, de acordo como éestruturado e desenvolvido, proporcionan-do aos trabalhadores um desequilíbrio nasaúde física e mental (SECCO et al, 2010).

No processo de trabalho de enferma-gem é preciso reconhecer as cargas físi-cas, tais como ficar muito tempo em pé,transportar materiais e pacientes de um lu-gar para outro, cargas biológicas pelo con-tato com microorganismos, proporcionandograves riscos à equipe; a tecnologia utiliza-da como objeto de trabalho, as condiçõesde instalação e manutenção dos materiais eequipamentos utilizados, podendo levar aoaparecimento de lesões e cargas psíquicasque auxiliam no adoecimento do trabalha-dor (SECCO et al, 2010).

A quantidade inferior de profissionaisde enfermagem, juntamente com a sobre-carga de trabalho, pode provocar, no decor-rer dos anos, a manifestação de patologiasnos aspectos físicos e psíquicos dos traba-lhadores de enfermagem (NEUMAN;FREITAS, 2008).

Em alguns depoimentos aparecerammanifestações emocionais relacionadas aonível de exigência voltadas à atenção namanipulação e gasto de materiais.

Por ser hospital privado tem muitosmateriais caros que deve está atento noque foi gasto e o que foi aberto, pois

nada pode ser aberto sem ser utilizado,e caso for aberto causa transtorno paraa equipe e por isso causa o desgaste fí-sico e mental, pois deve estar atento asambas partes, tanto na parte física namanipulação das atividades e na men-tal que deve está atenta a todos os deta-lhes que são muitos (téc. de enf.J).

A manifestação do cansaço mental éencontrada nos trabalhadores de enferma-gem, pois esta profissão exige extrema de-dicação, podendo gerar sobrecarga de tra-balho e conflitos com pacientes, chefias ecolegas de trabalho (COELHO; ARAUJO,2010).

Trabalhar com situações de emergên-cia e óbitos no setor foram relatados comogeradores de desgaste emocional.

(…) quando acontece alguma cirurgiade paciente considerado grave e queleva à perca do paciente ou caso paci-ente for jovem como já teve casos que foifeito o que era necessário, mas que infe-lizmente não resistiu, isso acaba cau-sando um desgaste emocional para todaa equipe (téc. de enf.J).O que mais me desgasta no trabalho équando tem um óbito, eu fico arrasada,pois você luta, busca, faz tudo que podepara dá certo e penso que é uma lutaque não valeu a pena (téc. de enf. S).

A morte pode causar um sentimentode trabalho inacabado ou mal sucedido. Umtrabalho impedido pela presença de óbitoafeta o ethos e a missão da equipe, sendomotivos de aflição e desgaste tanto para osfamiliares quanto para os profissionais(SOUZA; FERREIRA, 2010).

Os problemas e dificuldades existen-tes nas condições de trabalho da equipe deenfermagem possibilitaram a reflexão quan-to à necessidade de atendimentointegralizado ao paciente atendendo às suasnecessidades psicofísicas e, por outro lado,a equipe que necessita de cuidados a seremprestados. Sendo assim, é fundamental queo profissional de enfermagem sinta-se cui-dado para prestar uma assistência com qua-

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lidade ao paciente (NEUMAN; FREITAS,2008).

Os principais fatores causadores doestresse dentro da ala cirúrgica estão liga-dos ao relacionamento interpessoal no localde trabalho devido à presença de desres-peito entre os profissionais, bem como pro-blemas de relacionamento e trabalho emequipe (PEREIRA; MIRANDA; PASSOS,2009).

Atitudes para conciliar trabalho e lar

Segundo os participantes, existem difi-culdades na conciliação do trabalho com olar.

É um pouco difícil, mais eu tento estácom a cabeça aqui quando estou no tra-balho e quando estou em casa fico coma cabeça lá, pois tenho minha casa,meus filhos para cuidar, e não é muitofácil porque tenho criança de 1 ano e 2meses e estou no trabalho, e fico um pou-co preocupada, e no horário que possoeu ligo, e procuro saber como está, ecom isso dá para conciliar (téc. de enf.J.A).Complicado, pois eu saio do trabalhode uma rotina de 12 horas, e chego emcasa e trabalho mais 6 horas dentro decasa e fazendo toda a jornada que vocêiria fazer durante o dia, e com isso gerao estresse dentro de casa e não no tra-balho, pela correria que você não temtempo de fazer o que deveria ser feito, evai deixando para outro dia, e vai acu-mulando, e deixado para fazer no diade folga (téc. de enf. A.P).

A maioria dos profissionais da área desaúde é do sexo feminino e acaba exercen-do múltiplas funções, tais como: mãe, donade casa e trabalhadora. Devido à execuçãode multiempregos na área da saúde, princi-palmente em enfermagem, aumenta a jor-nada de trabalho, somando com as caracte-rísticas tensiógenas da unidade, tanto pelaassistência prestada quanto pela hierarquia

existente na equipe (MEDEIROS et al,2006).

As exigências multidimensionais atri-buídas às mulheres como mãe, mulher eenfermeira são difíceis de serem concilia-das (MERIGHI et al, 2011).

As profissionais de enfermagem de-monstraram que separam a vida profissio-nal da pessoal estabelecendo um equilíbrionas atividades cotidianas.

[...] tudo que acontece na minha casaeu deixo lá, a partir do momento queestou no trabalho procuro está concen-trada no que irei fazer. Eu sei que temosnossas dificuldades, mas precisamos estáequilibrado para saber diferenciar ascoisas e não quer dizer que você vaideixar seus problemas e sua vida lá fora.Mas dentro do trabalho tem que ter res-ponsabilidade no que lhe é apto a fazer,pois lidamos com vida e se juntar os pro-blemas de casa com o trabalho ocorre odesequilíbrio (téc. de enf. J).Quando chego em casa é como se eu nãotivesse trabalhado, pois tomo banho etento esquecer meu cansaço. Eu tenhomeus horários (téc. de enf. R).Não misturar as coisas porque aí vocênão consegue fazer nada (téc. de enf.T).

Atualmente a sociedade exibe umamulher com aspecto diferenciado da queexistia há algumas décadas, que exerciaapenas função de esposa e de mãe. Hojeas mulheres adquirem seu espaço no âmbi-to profissional exercendo multiplicidade defunções (MERIGHI et al., 2011).

Estas funções definem papéis que pre-cisam ser conciliados na rotina diária da vidadessas mulheres. Entretanto, esta concilia-ção se torna um desafio mediante às diver-sas funções exercidas que causam desgas-te. Por outro lado, evidencia-se que convi-ver com este desafio na rotina diária reme-te as mulheres à ideia de superação cons-tante, motivo pelo qual desejam conciliarfunções, possibilitando o alcance de seusobjetivos (MERIGHI et al, 2011).

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Atitudes ou métodos para aliviar oestresse

Nesta categoria constatou-se a pre-sença de dificuldades para utilizar-se estra-tégias para aliviar o estresse. Porém, hárelatos mostrando que algumas mulheresconseguem reservar tempo para o lazer ereligiosidade.

Para eu descansar é corrido porquecomo eu faço 12 horas, o tempo de des-cansar é mínimo, pois como tenho meuesposo, mal chego em casa tenho quearrumá-la (téc. de enf.R).Fico com minha família, tenho cachor-ro, toco violão, esqueço de tudo, poissão essas atividades de lazer que faz es-quecer a tensão (téc. de enf.T).[...] quando chego em casa e estou can-sada procuro descansar e dormir e nãofaço nada porque reponho minhas ener-gias para o outro dia. Agora tem diasque você trabalha e chega com maisânimo ainda e faço logo as coisas den-tro de casa. Não faço atividade física,pois não tenho tempo [...] e quando che-go em casa não tenho mais coragem parapraticar alguma atividade, só assistirtelevisão mesmo (téc. de enf.F).[...] Prefiro ficar em casa, gosto muito(téc. de enf. D.O).

Ao analisar os dados das entrevistasconstata-se a relevância dada à religião e afé em Deus, e que estas atitudes transmi-tem paz e força para recomeçar.

Quem tem Deus tem tudo, participo daigreja católica, busco em Deus minhaforça, porque tudo que temos é Deus quenos dá. Se ele me deu essa missão deestar trabalhando na área de saúde, eunão posso está aqui somente para cum-prir uma escala, um horário, mas quetenho algo a mais para fazer [...] (téc.de enf.J).Eu vou para a igreja, pois sou evangéli-ca, e busco ao Senhor e ele me dá forçase alivia todos os meus estresses (téc. deenf. J.A).Vou para a igreja, sou católica, eu leiomuito a bíblia, rezo o terço, e isso me dá

forças, e energia para recomeçar (téc.de enf. S).

Um dos entrevistados abordou sobrea importância da execução de atividades fí-sicas e das coisas que lhe dá mais prazerpara proporcionar seu bem-estar e uma vidacom plenitude.

Dou aula de dança à noite em acade-mia, que era um trabalho que eu tinhaanteriormente, e quando comecei a tra-balhar no hospital comecei a ter um picohipertensivo, que tive que tomar remé-dios constantemente, e o cardiologistame indicou que eu voltasse fazer algu-ma atividade física ou alguma coisa queeu gostasse de fazer, e com isso voltei adá aula de danças à noite durante a se-mana para aliviar a tensão do dia a diano hospital, e não precisei tomar maisremédios, e a PA ficou controlada. Euprocuro sempre está viajando, faço bas-tante atividade, vou ao cinema e shows(téc. de enf. W).

A maneira como o estresse é enfren-tado está relacionada à avaliação do méto-do de ações executadas ou às situaçõesocorridas no período voltadas aos valorespessoais que estão em mudança, com a fun-ção de promover qualidade de vida no âm-bito ocupacional (PEREIRA; MIRANDA;PASSOS, 2009).

No local de trabalho é necessário ob-ter uma parceria abrangendo “todos os seg-mentos da gestão empresarial, os profissio-nais de saúde, segurança, ergonomia e meioambiente” em conformidade com os traba-lhadores, com o intuito de promover a satis-fação da saúde, do bem-estar e qualidadede vida (MENDES, 2007, p.1324).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O estudo apontou que os profissionaisde enfermagem percebem o centro cirúrgi-co como um ambiente muito estressante,revelando vários fatores desencadeantes dedesgastes físicos e emocionais.

Há uma preocupação nos dias de hoje

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com esse crescimento acelerado da popu-lação com estresse devido à capacidade dossistemas de saúde e social para atender aessa nova demanda, sendo um grande de-safio para os serviços de saúde. É neces-sário que o profissional de saúde encare oestresse como sendo parte integral da soci-edade e perspectiva de vida, juntamente comum trabalho multidisciplinar, para que o aten-dimento seja digno e satisfeito para eles.

A percepção de fatores estressantese suas consequências devem estimular umareflexão do cotidiano do profissional de en-fermagem quanto a organização do traba-lho e os relacionamentos interpessoaisobjetivando a elaboração de estratégias paragerenciar estes fatores.

“Os autores trabalharam juntos emtodas as etapas de produção do artigo”.

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Revista Cadernos de Ciência e Saúde

APRESENTAÇÃO E POLÍTICAEDITORIAL

A revista Cadernos de Ciência e

Saúde é uma publicação multidisciplinar naárea da saúde de periodicidade trimestral.

Publica artigos originais e inéditos, re-senhas críticas e notas de pesquisa (textosinéditos); edita debates e entrevistas; e vei-cula resumos de dissertações e teses e no-tas sobre eventos e assuntos de interesse,inclusive revisão crítica sobre tema especí-fico, que contribuam para o conhecimentoe desenvolvimento das Ciências da Saúde.

Os editores reservam-se o direito deefetuar alterações e/ou cortes nos originaisrecebidos para adequá-los às normas darevista, mantendo estilo e conteúdo.

MISSÃO DA REVISTA

Divulgar resultados de pesquisas naárea das ciências da saúde que contribuampara a prática profissional e para o avançodo conhecimento científico.

PROCESSO DE JULGAMENTO DOSARTIGOS

A revista adota o sistema de avalia-ção por pares (Double blind peer review),de forma sigilosa, com omissão dos nomesde revisores e autores. Os pareceres/avali-ações emitidos pelos revisores são aprecia-dos pelos editores em relação ao conteúdoe pertinência. Os artigos podem ser acei-tos, reformulados ou recusados.

Os artigos submetidos, que atendem às“instruções aos autores” e que se enquadremcom a sua política editorial, são encaminha-dos ao Editor para primeira avaliação queconsiderará o mérito científico da contribui-ção. Após a aprovação nesta primeira etapa,os artigos serão encaminhados aos consulto-res Ad hoc previamente selecionados pelo

Instruções aos autores

Editor. Todos os artigos são enviados a doisconsultores de reconhecida experiência natemática abordada. Os consultores têm oprazo de, no máximo, 28 dias para entregados pareceres, quando for aceita a realiza-ção da avaliação pelos avaliadores. Casocontrário, será enviado para outros consulto-res. Em persistindo a não aceitação, doismembros do Conselho Editorial avaliarão oartigo. Em caso de desacordo entre os avali-adores, o artigo será encaminhado para umasegunda avaliação. No caso da identificaçãode conflito de interesse por parte dos consul-tores, será encaminhado para outro consul-tor. Posteriormente serão encaminhados ospareceres de aceitação de publicação, ne-cessidade de reformulação ou de recusajustificada aos autores.

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Os artigos aceitos sob condição serãodevolvidos aos autores para modificações/alterações necessárias e normalizações deacordo com o estilo da revista.

Caso o número de trabalhos aprova-dos ultrapasse o número máximo de artigospara uma edição, os artigos excedentes se-rão publicados na edição posterior.

REGISTRO DE ENSAIOS CLÍNICOS

Os Cadernos de Ciência e Saúdeapoiam as políticas para registro de ensaiosclínicos da Organização Mundial da Saúde– OMS - e do International Committee ofMedical Journal Editors – ICMJE. Ressal-ta-se a importância dessas iniciativas parao registro e divulgação internacional de in-formação sobre estudos clínicos, em aces-so aberto. Nessa perspectiva somente se-rão aceitos para publicação os artigos refe-

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rentes a pesquisas clínicas que apresentemo protocolo de identificação em um dos re-gistros de Ensaios Clínicos, validados peloscritérios estabelecidos pela OMS e ICMJE,cujos endereços estão disponíveis naurl: http://www.icmje.org. O número de iden-tificação deverá ser inserido no final do re-sumo do artigo.

FORMA E PREPARAÇÃO DOSARTIGOS

CATEGORIAS DE ARTIGOS

1. Os Cadernos de Ciência e Saú-de aceitam trabalhos para as seguintes se-ções:

1.1 Revisão - revisão crítica da lite-ratura sobre temas pertinentes à saúde pú-blica (até 20laudas e 5 ilustrações);

1.2 Ar tigos de pesquisa- resultadode pesquisa de natureza empírica, experi-mental ou conceitual (até 18 páginas e 5 ilus-trações);

1.3 Notas - nota prévia, relatando re-sultados parciais ou preliminares de pesqui-sa (até 5 páginas e 3 ilustrações);

1.4 Resenhas - resenha crítica de li-vro relacionada à temática Ciências da Saú-de, publicado nos últimos dois anos (máxi-mo de 3 páginas);

1.5 Cartas - crítica a artigo publicadoem fascículo anterior dos Cadernos de Ci-ência e Saúde (até 3 páginas e 1 ilustra-ção);

1.6 Relato de Experiência (até 15páginas e 3 ilustrações);

1.7 Reflexão teórica (até 18 pági-nas e 3 ilustrações);

1.8 Atualização (até 20 páginas);

2. Os Cadernos de Ciência e Saú-de aceitam colaborações em português.

3. Os Cadernos de Ciência e Saú-de aceitam somente artigos inéditos e origi-nais, e que não estejam em avaliação emnenhum outro periódico simultaneamente.Os autores devem declarar essas condições

no processo de submissão. Caso sejaidentificada a publicação ou submissão si-multânea em outro periódico o artigo serádesconsiderado. A submissão simultânea deum artigo científico a mais de um periódicoconstitui grave falta de ética do autor.

4. O artigo que envolva pesquisa ourelato de experiência com seres humanosdeverá apresentar em anexo uma cópia dodocumento de aprovação por um comitê deética de pesquisa (de acordo com a Resolu-ção n.º 466 / 2012, do Conselho Nacionalde Saúde).

5. Os originais devem ser digitados emWord respeitando o número máximo delaudas definido por seção da revista.

6. Da folha de rosto devem constartítulo em português que deve ser centraliza-do, em caixa alta, Times New Roman, ta-manho 12, espaçamento 1,5.

Abaixo do título: Nomes dos autores(centralizado; não deve estar em caixa alta;inicia-se pelo primeiro nome, seguido donome do meio e por último o sobrenome)com as informações, em nota de rodapé,referentes a cada autor na seguinte ordem:Titulação, vínculo institucional - Departa-mento, Unidade, Universidade (apenas um,por extenso), Cidade, Estado (abreviação),País e e-mail.

Observação: não havendo vínculoinstitucional, informar a titulação, a ativida-de profissional, a cidade, o estado e o país.

A indicação dos nomes dos autoreslogo abaixo do título é limitada a sete. Aci-ma deste número serão listados nos Agra-decimentos.

7. Ainda na folha de rosto o (s) au-tor (es) deve (m) explicitar se o trabalho foifinanciado, se é resultado de monografia,dissertação de mestrado ou tese de douto-rado (nesse caso o orientador deverá serincluído como autor), em notas de rodapé

Instruções aos autores

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cuja numeração será no título.

8. Resumos e descritores – devemser apresentados, na folha de rosto, doisresumos, sendo um em português e outroem inglês (abstract), incluindo descritores ekeywords.

Artigos de pesquisa – para os depesquisa, o resumo deve conter entre 160 até250 (duzentas e cinquenta) palavras, estabe-lecendo a introdução, os objetivos do es-tudo ou investigação, os métodos emprega-dos, os principais resultados e as principaisconclusões. Os resumos devem estar comletra tamanho 11, e espaçamento simples.Abaixo do resumo, em português, deve serfornecido de 3 (três) a 6 (seis) palavras-cha-ve extraídas do vocabulário “Descritores emCiências da Saúde” (LILACS - disponívelnas bibliotecas médicas ou na Internet http://www.decs.bvs.br).

As palavras-chaves devem iniciar coma primeira letra em maiúscula e devem serseparadas por ponto e vírgula (;). Observarna quebra de linha que alguns descritoresusam barra (/) e esta deve estar agregadaao descritor;

Alguns descritores são compostos pordois ou mais termos, separados por vírgulae isso tem que ser respeitado.

Após o resumo em português vem otítulo do trabalho em inglês (centralizado, emcaixa alta, Times New Roman, tamanho 12,espaçamento 1,5) seguido do abstract (Ti-mes New Roman, tamanho 11, eespaçamento simples). As keywords devemseguir o Medical Subject Headings (Mesh– disponível em http://www.nlm.nih.gov/mesh/meshhome.html) quando acompanha-rem os resumos em inglês.

As expressões “PALAVRAS-CHA-VE:” e “KEYWORDS:” devem estar emmaiúsculo e em negrito.

Demais categorias – para as demaiscategorias, o formato do resumo deve sernarrativo, entre 200 até 250 (duzentas ecinquenta) palavras, destacando o objetivo,

os métodos usados para levantamento dasfontes de dados, os critérios de seleção dostrabalhos incluídos, os aspectos mais im-portantes discutidos e as conclusões maisimportantes e suas aplicações. (Somente nãonecessitam de resumo, as Cartas e as Re-senhas).

9. O texto deve ser redigido em TimesNew Roman, tamanho 12 com espaço en-tre linhas 1,5, digitado com paragrafação de2cm, formato A4, (21cm x 29,7cm). As fo-lhas devem apresentar margem esquerda esuperior de 3 (três) centímetros e direita einferior de 2 (dois) centímetros.

10. Em texto com dois autores ou maisdevem ser especificadas, antes das referên-cias, as responsabilidades individuais (coma seção: RESPONSABILIDADES INDI-VIDUAIS , em caixa alta e negrito) de to-dos os autores na preparação do mesmo,de acordo com um dos modelos a seguir:

Modelo 1: “Os autores trabalharamjuntos em todas as etapas de produção doartigo.”

Modelo 2: “Autor X responsabilizou-se por…; Autor Y responsabilizou-se por…;

Autor Z responsabilizou-se por…,etc.”

11. Tabelas e gráficos podem ser pro-duzidos em Word ou Excel. Todas as ilus-trações devem estar dentro do texto comrespectivas legendas e numeração em al-garismos arábicos.

12. As citações diretas curtas (de atétrês linhas) são insertas no texto entre aspas.As citações diretas longas (mais de três li-nhas) devem constituir um parágrafo inde-pendente, recuado (4cm da margem esquer-da) em fonte tamanho 11 (onze) eespaçamento 1 (um) entre linhas, dispensan-do aspas. Ressalta-se que deve-se evitar ci-tações diretas no artigo.

13. As citações obedecem à recomen-dação das normas da Associação Brasilei-ra de Normas Técnicas (ABNT), em espe-

Instruções aos autores

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cial a NBR 10.520 ou a que a substituir.No corpo do texto as citações com

mais de três autores devem ser elaboradasutilizando-se o primeiro autor seguido daexpressão “et al.” que deve estar em itáli-co. Exemplo: (SANTOS et al., 2011) ouSantos et al. (2011).

Quando o artigo for de pesquisa quali-tativa e conter falas dos sujeitos de pesqui-sa deve-se obedecer à seguinte norma: asfalas devem estar dispostas no texto semrecuo de 4cm da margem e em itálico. Nãodeve-se usar aspas.

14. As referências devem seguir aNBR 6023, da ABNT. No corpo do texto,citar apenas o sobrenome do autor e o anode publicação, seguidos da página no casode citações diretas.

Todas as referências citadas no textodeverão constar nas referências, ao final doartigo, em ordem alfabética, alinhadas à es-querda, conforme exemplos abaixo. Os au-tores são

responsáveis pela exatidão das refe-rências, assim como por sua correta cita-ção no texto.

Os nomes dos autores devem estar emformato abreviado em todas as referênci-as. As referências de artigos de periódicosdevem conter o nome do periódico escritopor extenso. Abreviaturas não devem serutilizadas nos nomes dos periódicos. A ci-dade do periódico deve ser omitida na ela-boração da referência. Deve-se incluir semcortes a página inicial e a final do artigo.

Para destaque de nomes dos periódi-cos, títulos de livros e outros destaques ne-cessários nas referências deve se usar afonte em negrito.

Os autores devem utilizar preferenci-almente referências atuais dos últimos 5anos. As referências antigas podem ser uti-lizadas se forem imprescindíveis para a es-crita do trabalho e deve se limitar a menos

que 30% do total de referências do artigo.

15. Agradecimentos – devem serbreves e objetivos, somente a pessoas ouinstituições que contribuíram significativa-mente para o estudo, mas que não tenhampreenchido os critérios de autoria, desde quehaja permissão expressa dos nomeados.Podem constar agradecimentos a instituiçõespelo apoio econômico, material e outros.

16. Declaração de Conflito de in-teresses, Transferência de direitos au-torais,

Responsabilidade - Os autores de-vem informar, em declaração, qualquer po-tencial conflito de interesse, a transferênciade direitos autorais e a responsabilidade dosautores em uma única declaração (seguirmodelo abaixo).

DECLARAÇÃO

Declaro/Declaramos, para os devidosfins que não qualquer potencial de conflitode interesses.

Certifico/Certificamos que participei/participamos suficientemente do trabalho“TÍTULO DO ARTIGO” para tornar pú-blica a minha/nossa responsabilidade peloconteúdo.

Certifico/Certificamos que o artigorepresenta um trabalho original e que nemeste manuscrito, em parte ou na íntegra, nemoutro trabalho com conteúdo substancial-mente similar, de minha/nossa autoria, foipublicado ou está sendo considerado parapublicação em outro periódico, quer seja noformato impresso ou no eletrônico. Decla-ramos que em caso de aceitação do artigo,concordo/concordamos que os direitos au-torais a ele referentes se tornarão proprie-dade exclusiva da revista Cadernos de Ci-ência e Saúde, vedada qualquer reprodução,total ou parcial, em qualquer outra parte oumeio de divulgação, impressa ou eletrônica,sem que a prévia e necessária autorizaçãoseja solicitada e, se obtida, farei constar ocompetente agradecimento à revista Cader-nos de Ciência e Saúde.

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Cidade, e data.

Nome e assinatura de cada um dosautores.

17. Submissões - As submissões de-vem ser realizadas via e-mail como arquivoanexo para o seguinte endereço:[email protected]

PADRÕES PARA REFERÊNCIAS:

Artigos de periódicos:

MARTINS, A. Novos paradigmas e saúde.Physis, v.9, n.1, p.83-112, 1999.

SILVA, A. A. M. et al. Cobertura vacinal efatores de risco associados à não vacina-ção em localidade Urbana do nordestebrasileiro. Revista de Saúde Pública, v.33, n. 2, p. 147-156, 1999.

Artigos de periódicos em meio eletrôni-co:

XAVIER-GOMES, L. M.; ANDRADE-BARBOSA, T. L.; CALDEIRA, A. P.Mortalidade por causas externas em idososem Minas Gerais, Brasil. Escola AnaNery Revista de Enfermagem, v.14, n.4,p.779-786, 2010. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1414-81452010000400018&script=sci_arttext>.Acesso em: 10 dez. 2012.

PEREIRA, B.F.B. et al. Motivos quelevaram as gestantes a não se vacinaremcontra H1N1. Ciência & Saúde Coletiva,v.18, n.6, p.1745-1752, 2013. Disponível em:<http://www.scielosp.org/scielo.php?pid=S1413-81232013001400025&script=sci_arttext>.Acesso em: 12 jan. 2013.

XAVIER-GOMES, L.M. et al. Knowledgeof family health program practitioners inBrazil about sickle cell disease: adescriptive, cross-sectional study. BMCFamily Practice, v.12, p.89-95, 2011.Disponível em: <http://

www.biomedcentral.com/content/pdf/1471-2296-12-89.pdf>. Acesso em: 20 Jan. 2013.

Livros:

SHULTZ, J. Ciência e saúde. Rio deJaneiro: Zahar, 2006. 308p.

Capítulos de livros:

PEREIRA, N. T. A mortalidade perinatalno Brasil. In: GUSMÃO, B. (Org.).Epidemiologia e a saúde coletiva noBrasil: dos anos 80 aos dias atuais. Rio deJaneiro: Scipcione, 2001. p. 140-173.

Trabalhos apresentados em congressos,seminários etc.

CONGRESSO BRASILEIRO DEEPIDEMIOLOGIA, 1., 1990, São Paulo.Anais... São Paulo: UNICAMP, 1990.431p.

GOMES, L. P. Epidemiologia dos acidentesofídicos no Brasil. In: CONGRESSOBRASILEIRO DE EPIDEMIOLOGIA,2., 1994, Belo Horizonte. Anais... BeloHorizonte: ABRASCO, 1994. p. 80-89.

Dissertações e teses:

GOMES, L. M. X. Avaliação da qualidadeda assistência prestada à criança comdoença falciforme na Atenção Primáriano Norte de Minas Gerais. 2010. 114 p.Dissertação (Mestrado em Ciências daSaúde) – Universidade Estadual de MontesClaros - Unimontes, Montes Claros, 2010.

CAMARGO JUNIOR, K. R. A constru-ção da Aids. Racionalidade médica eestruturação das doenças. 1993. 229 p.Tese (Doutorado em Saúde Coletiva) –Instituto de Medicina Social, Universidadedo Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janei-ro, 1993.

Jornais:

SÁ, F. Praias resistem ao esgoto: correntes

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dispersam sujeiras, mas campanha deinformação a turistas começa domingo.Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 15. abr.1999. Primeiro caderno, Cidade, p.25.

Referência legislativa:

BRASIL. Lei nº. 8.926, de 9 de agosto de1994.Torna obrigatória a inclusão, nasbulas de medicamentos, de advertência erecomendações sobre o uso por pessoasde mais de 65 anos.

Diário Oficial [da] República Federati-va do Brasil, Brasília, DF, v. 132, n. 152,p. 12037, ago. 1994. Seção 1, pt.1.

SÃO PAULO (Estado). Decreto nº.42.822, de 20 de janeiro de 1998. Dispõesobre a desativação de unidades adminis-trativas de órgãos da administração diretae das autarquias do Estado e dá providên-cias correlatas. Lex-Coletânea deLegislação e Jurisprudência, SãoPaulo, v. 62, n. 3, p. 217-20, 1998.

Documentos eletrônicos:

REVENGE, S. J. The internetdictionary. Avon: Future, 1996. 98p.

Referência obtida via base de dadosBiblio: CELEPAR, 1996. Disponível em:<http://www.celepar.br/celepar/celepar/biblio.biblio.html>. Acesso em: 20 jan.2000.

ALEIJADINHO. In: ALMANAQUEabril: sua fonte de pesquisa. São Paulo:Abril, 1996. 1 CD-ROM.

MOURA, G. A. C. Citações e referên-cias a documentos eletrônicos. Dispo-nível em: < http://www.elogica.com.br/users/gmoura/refet>. Acesso em: 9 dedez. 1996.

COSTA, M. Publicação eletrônica[mensagem pessoal]. Mensagem obtidapor <[email protected]> em 10 ago. 2001.

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