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VOS SOIS - Equipes de Nossa Senhora · o mundo todo: "o Amor de Deus foi derramado em nessos corações pelo ... Trecho de carta recebida do casal .Álvaro e Mercedes, da

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"VOS SOIS o CORPO DE CRIST011

O LEIGO (EQUIPISTA) -~RESEN.ÇA DA IGREJA NO MUNDO

* ESCUTAR A PALAVRA DE DEUS

UM MOMENTO COM A EQUIPE DA CARTA MENSAL

Um grupo de casais vem trabalhando desde meados de 1985 numa tarefa muito importante. Eles organizaram uma coleta de opiniões entre os equlplstas a respeito do ·processo constituinte". No segundo semestre de 1985, como vocês estão lembrados, foi feito um levantamento junto aos casais das Equipes. Durante o ano de 1986, o grupo trabalhou na apuração e na realimentação do material obtido.

Todo este trabalho resultou no documento que está encartado neste número da Carta Mensal. Grampeado na parte central da Carta, o documento foi prepa­rado para ser destacado e manuseado, estudado e debatido, usado, enfim. O Mo­vimento espera que seja útil a todos os casais e todas as equipes que queiram, efetivamente, participar do • processo constituinte" .

*

Até agora, não recebemos nenhuma reclamação, nenhuma queixa. Mas em conversa com muitos equiplstas, somos surpreendidos com freqüência pela cons­tatação que em data avançada no mês, ainda não receberam a Carta Mensal. No entanto, nossa programação é sempre a mesma: as remessas são feitas pelo Secretariado entre o dia 22 e 24 do mês anterior. Por exemplo, a Carta Mensal de maio/87 foi despachada para todos no dia 23 de abril . . . Parece que nosso Correio, que vinha funcionando tão bem, teve uma recaída de ineficiência . ..

Há muito tempo que não falamos de dinheiro. Mas plano vai, plano vem e parece que o Cruzado está bem encolhldinho ... Os custos de produção da Carta Mensal, entrtl o número de dezembro 86 e maio 87, triplicaram! 1: o mo­mento de perguntar: continuamos levando a sério o compromisso que assumi­mos, ao entrar no Movimento, em relação à contribuição? Continuamos mantendo a proporcionalidade entre o que recebemos e o que enviamos, ou a nossa con­tribuição parou no Cruzado 1? Ou no Cruzeiro? Estamos estudando algumas alternativas: empobrecer, emagrecer ou diminuir a freqüência da CM. O que vocês acham? Só depende de vocês e da sua contribuição ...

*

Este número está dedicado ao Espírito Santo, Senhor e Fonte de Vida, cuja presença entre nós explode no primeiro domingo do mês, dia de Pentecostes. E nós, da Equipe da Carta Mensal, unimos nossas preces às de todos os aqui­pistas do Brasil, para que o mesmo Espírito Santo venha nos iluminar e iluminar especialmente todos aqueles que têm a responsabilidade de dotar nosso país de um novo instrumental constitucional. Para que tudo seja feito numa perspec­tiva de salvação e de vida eterna, e para que saibamos nos entregar plena­mente à Vontade do Senhor, assim como Maria, que, sob diferentes nomes, todas as nossas equipes invocam.

1: de tudo isto que a Carta Mensal quer falar este mês!

Boa leitura!

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EDITORIAL

PENTECOSTES

Pentecostes - nossa celebração litúrgica anual da manifestação pü­blica do Espírito Santo. Prometido por Jesus aos apóstolos, o Espírito Consolador veio para renovar tudo e realizar a Igreja. Como "primeiro dom dos fiéis", é Ele, o Espírito de Jesus Cristo "que tudo realiza, sem Ele nada existe."

Dizia o Patriarca Ortodoxo Atenágoras, homem de Deus e apaixo­nado pela unidade da Igreja: "Sem o Espírito Santo, Deus está distante, o Cristo permanece no passado, o Evangelho uma letra morta, a Igreja uma simples organização, a autoridade um poder, a missão uma propa­ganda, o culto um arcaísmo, e a ação moral utna ação de escravos. Mas no Espírito Santo o mundo é enobrecido pela geração do Reino, o Cristo ressuscitado se faz presente, o Evangelho se faz força do Reino, a Igreja realiza a comunhão trinitária, a autoridade se transforma em serviço, a liturgia é memorial e antecipação", a ação humana se deifica."

Quanto significa para nós o Pentecostes! Tudo adquire sentido em nossa vida cristã. O Espírito Santo, Deus agindo em nós renova todas as coisas, tudo recria para o Reino de Jesus e do Pai.

Mais do que hunca, em nosso mundo tão marcado pelas dificul­dades e sofrimentos, pelas desilusões e ignorâncias, explode a vida, o grande dom de Deus. Pela presença atuante do Espírito a morte não é mais a rainha da terra; os desejos mais íntimos de felicidade que todos nós temos não se desmancham em desenganos e desilusões; é possível a felicidade - a Vida Verdadeira e Plena existe e é para nós!

Que felicidade a ·nossa de cristãos! Temos respostas para nós e para o mundo todo: "o Amor de Deus foi derramado em nessos corações pelo seu Espírito que habita em nós" (Rm 5,5). E é verdade que tudo termi­nará bem pois o Amor de Deus preenche tudo e vence tudo. "O Espírito do Senhor enche todo o universo e ele" mantém unidas todas as coisas" (Sab 1,7).

Alegria! Esta é a realidade que Jesus nos dá pelo seu Espírito que habita .em nós. Alegria é conhecer e experimentar e construir a Vida mais plena. Alegria é o nosso dom recebido; alegria que nasce de dentro de nós, que é o rosto da Igreja, nossa mensagem para todas as pessoas do mundo. Alegria, pois somos mais que vencedores naquele que nos conquistou, e tudo nos deu de si até o dom total do seu Espírito.

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Poderá ainda haver o que nos cause medo? Poderá ainda haver problemas, dificuldades, angústias, escuridões, paixões, destruições e mor­tes sem resposta?

O Senhor tudo vence e nos dá a sua força, a força que o faz vencer, a plenitude do seu Amor, o Espírito Santo, Senhor que é a fonte da Vida.

Esta é a fonte de água viva que jorra para a vida eterna: "todos os que estão sedentos venham à fonte das águas" (ls 55,1). E a todos os sedentos somos enviados para que partilhem conosco da mesma fonte. Enviados corno portadores do Espírito, da Vida, da Alegria para o mundo que sedento procura saciar-se do que não satisfaz.

Pentecostes - Festa da fonte da Vida, da nossa vida cristã, da nossa Grande Novidade - do Evangelho a ser levado' por todo o mundo -e muitos estão esperando! Desde este dia bendito "a Palavra do Senhor foi anunciada por toda a face da terra" - o Evangelho que faz discí­pulos e liberta os homens para a Terra Prometida. Continuamos a ouvir a voz de Jesus que, enviando o Espírito Santo, está conosco "todos os dias até o fim dos tempos" (Mt 28, 20), e também a nós, corno Igreja, nos envia a sermos portadores da novidade aos nossos tempos; Deus ama os homens.

fJ I ,

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Côn. Tosi Cons. Espiritual - Eq.

São Carlos

CARTA DA EQUIPE RESPONSAVEL INTERNACIONAL

MATRIMONIO E SACERDóCIO

Um casal da primeiríssima equipe, Pierre e Rozenn de Mont­jamont, falando de suas reuniões iniciais de 1939-1940, dizia: "Não podemos passar sob silêncio uma graça que nossa equipe viven­ciava intensamente. Em nosso entusiasmo, dizíamos que era o casa­mento de nossos dois sacramentos : a Ordem e o Matrimônio. Re­presentados por nosso Conselheiro Espiritual, padre, e por nossos casais, nossos dois sacramentos colabbravam ..em estreita harmonia em nossa cuidadosa busca do pensamento de Deus."

Estes dois sacramentos não podem, na verdade, existir um sem o outro. É .o que nos lembra esta anedota, retomada pelo Pe. Caffa­rel, nosso fundador, numa palestra em 1960: "Um dia, Pio X, jovem bispo, visitava sua mãe no humilde casebre de sua aldeia natal e lhe fazia admirar seu anel de pastor. A velhinha, num gesto espon­tâneo, beijou a própria aliança de prata, toda desgastada pelo tra­balho, dizendo: Filho, você não teria aquele, se eu não tivesse este."

Não será surpreendente que estes dois 'estados de vida' te­nham passado pelas mesmas crises simultâneas em dois mil anos de cristianismo. Não será de estranhar, tampouco, que em nossas civilizações do consumível , do descartável, do artificial, do substi­tuível. . . , estes dois 'estados de vida' possam parecer, aos olhos dos homens, espécies em extinção. Em verdade, nossas civilizações desenvolvem, por vezes até a exacerbação, o sentido do utilitarismo, da imediata satisfação das necessidades, em detrimento do sentido, do autêntico, do duradouro, da fidel idade . ..

Nas Equipes, praticamos a experiência do suporte e da anima­ção mútuos entre casais e sacerdotes. Estamos todos engajados na missão da Igreja (pelo sacerdócio comum dos fiéis), mas respei­tamos as diferenças entre as duas vocações. Cada uma tem sua missão específica no plano de Deus e expressa de forma diferente o Amor de Cristo para com todos.

São muitos os padres por este mundo afora, que podem dar testemunho do auxílio que encontraram em nossas equipes, tanto para seu ministério cotidiano junto a casais quanto para sua voca­ção pessoal.

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É com este espírito que nosso movimento de 'leigos', pouco suspeito de clericalismo, tem mantido, desde o início, sua solici­tação para que cada equipe se faça acompanhar por um sacerdote, conselheiro espiritual.

Não é fácil: mas a ausência de um padre não deveria impedir o início de uma equipe. Cabe às equipes mais antigas aceitar de emprestar seu conselheiro espiritual a uma equipe nova. Devemos poupar o tempo de nossos conselheiros espirituais, mas nem porisso devemos privar, por timidez, as equipes de seu ministério.

No ambiente desgastante e mutilador em que vivemos, a com­plementação e a solidariedade entre casais e sacerdotes não deve se expressar somente pela vivência mas também por uma busca teológica em comum. Todos podem sair ganhando uma melhor compreensão do sentido do matrimônio e do sacerdócio na vida e na missão da Igreja em nossos dias.

O nosso agradecimento antecipado, portanto, a todos vocês, sacerdotes e casais, por nos enviarem suas reflexões decorrentes da experiência vivida em equipe, sobre a complementação dessas duas vocações, que levam, cada uma, o selo de um sacramento.

Jean Claude e Jeanine MALROUX

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Trecho de carta recebida do casal .Álvaro e Mercedes, da Equipe Responsável Internacional:

" .. . a última reunião da Equipe Responsável Internacional foi em Troussures *, e lá conhecemos o Pe. Caffarel que falou especialmente aos membros da ERI. Ficamos impressionados. Nunca vi tanta liberdade, tan­ta humanidade e tanta criatividade. Percebemos então que muitos de seus seguidores, inclusive sacerdotes e dirigentes, não têm sabido enxergar o que Pe. Caffarel queria que fossem as Equipes, e quanta profundidade do carisma ainda resta a descobrir. Ele nos falou de Moncau, dizendo que ele, sim, tinha compreendido o que eram as Equipes . . . "

* Casa de oração fundada e dirigida pelo Cônego Caffarel, desde seu desliga­mento das ENS, em 1972.

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A PALAVRA DO PAPA

A PROMESSA DO ESPlRITO SANTO

1. "Eu rogarei ao Pai ·e Ele vos dará outro Consolador, para estar convosco para sempre, o Espírito da Verdade ... " (Jo 14, 16-17).

"Não vos deixarei órfãos; voltarei para vós" (Jo 14,18).

Estas palavras - referidas pelo Evangelista João - pronunciou-as Cristo na vigília da sua paixão, durante o discurso de despedida, no cenáculo.

Com tais palavras Jesus preparava os discípulos para a sua morte, visto que o tempo da sua missão messiânica sobre esta terra estava a aproximar-se já do término.

Quando Cristo disse "não vos deixarei órfãos; voltarei para vós", estas palavras eram um prenúncio dos dias sucessivos à ressurreição, quando foi dado aos discípulos encontrá-1'0 ainda por quarenta dias.

Simultaneamente, contudo, estas palavras referiam-se ao Espírito Santo. Cristo ressuscitado não deixa os discípulos "órfãos" - não deixa "órfã" a Igreja- porque lhe "dá" o Espírito Santo: "Recebei o Espírito Santo".

2. É o Espírito-Paráclito. Cristo Lhé chama "outro Consolador", · porque Ele traz - de modo diverso de Cristo - a mesma Boa Nova

da salvação e da Graça: a alegre Boa Nova. Aquilo que por Cristo foi manifestado com a palavra do Evangelho - depois de ter sido cruci­ficado - foi roconfirmado com a ressurreição - a mesma coisa Ele, o Espírito da Verdade, manifestará com uma ação interior. Ele permanecerá para sempre com a Igreja, como o Sopro salvífico do Pai e do Filho, como Dom do alto, como "doce hóspede da alma humana".

O Concílio Vaticano li manifestou de muitos modos esta ação do Paráclito através de toda a história da Igreja, e também na época con­temporânea. Os seus frutos são verdade, amor e luz, que se desenvolvem nos homens sob o sopro do Espírito Santo.

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ENCICLICA MARIANA DE JOÃO PAULO //

"REDEMPTORIS MATER"

SINTESE DO DOCUMENTO

Com data de 25 de março, foi publicada a Encíclica de João Paulo H para o Ano Mariano, com o título "Redemptoris Mater", sobre a Bem­aventurada Virgem Maria na vida da lgrejà que está a caminho, do­cumento que oficialmente dá início à preparação para o Ano Mariano promulgado pelo Santo Padre e que abrangerá o período de 7 de junho de 1987, festa do Pentecostes, até 15 de agosto de 1988, solenidade da Assunção de Maria.

A Encíclica "Redemptoris Mater" aprofunda a realidade de Maria no mistério de Cristo e na :vida da Igreja peregrina, de acordo sobretudo com o capítulo VIII da Constituição conciliar Lumen Gentium e com a Exortação Apostólica Marialis Cultus de Paulo VI. Sobressaem algumas características de fundo: a amplitude dos comentários bíblicos, o posi­cionamento trinitário, cristológico e pneumatológico, a preponderância da fé da Virgem; tudo isto posto na perspectiva do momento eclesial pre­sente, com uma referência particular à dimensão ecumênica.

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Depois das Encíclicas dedicadas respectivamente a Cristo Redentor (Redemptor hominis, 1979), ao Pai das misericórdias (Dives in miseri­cordia, 1980) e ao Espírito Santo, Senhor e Dador de vida (Dominum et Vivijicantem, 1986), as quais formam uma espécie de "trilogia trini­tária", o Santo Padre quis dedicar uma Encíclica a Maria de Nazaré, a criatura que, por sua relação singular com a Trindade, a Tradição cristã saúda como filha predileta do Pai, Mãe imaculada do Verbo encarnado e templo santo do Espírito Santo.

Duas são, especialmente, as fontes às quais o Papa recorre e se refere constantemente: antes de tudo a Sagrada Escritura, e depois os documentos do Concílio Vaticano 11, em particular as Constituições Lumen Gentium, sobre a Igreja, Dei V erbum, sobre a divina Revelação, e Gaudium et Spes, sobre a Igreja no mundo contemporâneo. Por esta razão, a Encíclica apresenta-se como uma reflexão ampla sobre a Palavra de Deus e um comentário pontual dos textos conciliares, concretamente do capítulo VIII da Lumen Gentium, que trata de "A Santíssima Virgem Maria, Mãe de Deus, no mistério de Cristo e da Igreja". A atenção à Bíblia e ao Vaticano li está acompanhada por uma referência constante à Tradição - patrística e litúrgica - tanto do Oriente como do Ocidente.

* * * A Encíclica Redemptoris Mater está articulada na seguinte forma:

Introdução (nn. 1-6); três partes respectivamente intituladas: "Maria no mistério de Cristo" (nn. 7-24), "A Mãe de Deus no centro da Igreja que está a caminho" (nn. 25-37), "Mediação materna" (nn. 38-50), Conclusão (nn. 51-52).

Na Introdução o Santo Padre ressalta o motivo que o impeliu a proclamar um Ano Mariano e a dedicar uma Encíclica à Santíssima Virgem: é "a perspectiva do Ano Dois Mil, que já está próximo, no qual o Jubileu bimilenário do nascimento de Jesus Cristo, nos leva a volver o olhar simultâneamente para a sua Mãe" (n. 3). E explica como, na realização do desígnio salvífico de Deus, o nascimento de Maria de Na­zaré precedeu o de Cristo; e assim como em cada ano o tempo litúrgico do Advento precede o do Natal, é também oportuno que um Jubileu mariano preceda e prepare o grande Jubileu cristológico do Ano Dois Mil.

Na primeira parte - "Maria no mistério de Cristo" - são ana­lisadas três expressões bíblicas:

- o apelativo "cheia de graça" (Lc 1, 28), com o qual o anjo Gabriel saudou Maria de Nazaré. A Encíclica interpreta-o e aprofunda-o à luz de um célebre versículo da Carta aos Efésios: "Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que, do alto dos Céus, nos abençoou com toda a espécie de bênçãos espirituais em Cristo" (1, 3);

- o louvor dirigido por Isabel a Maria: "Feliz daquela que acre­ditou" (Lc 1, 45). A Encíclica retoma uma vez mais a este louvor,

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mostrando o seu amplo alcance e insistindo no fato de que a vida da Mãe de Jesus foi, toda ela, um "caminho" ou "peregrinação" da fé e na fé;

- as palavras dirigidas por Jesus agonizante ao discípulo amado: "Eis aí a tua mãe" (Jo 19, 27), que constituem um "testamento" de altíssimo valor eclesial.

Na reflexão aprofundada destes textos são citadas, com concatena­ção lógica, numerosas passagens bíblicas que, de diversas maneiras, se referem à Mãe do Redentor. Assim, a primeira parte do documento cons­titui uma prolongada meditação bíblica sobre a figura de Maria na sua relação singular com Cristo: como mãe solícita, generosa companheira na obra da salvação e discípula fiel.

Na segunda parte- "A Mãe de Deus no centro da Igreja que está a caminho"-, a Encíclica mostra como Maria é, para "o Povo de Deus radicado em todas as nações da terra", modelo e guia da sua peregri­nação entre "as perseguições do mundo e as consolações de Deus" (n. 25). A metáfora do caminho, de grande ressonância bíblica, revela-se parti­cularmente fecunda para ilustrar a presença de Maria na vida da Igreja: a Mãe do Senhor precede e sustém, guia e conforta o itinerário do Povo de Deus.

Nesta segunda parte, uma secção inteira trata da problemática, tão viva em nosso tempo, do "caminho da Igreja e a unidade de todos os cristãos" (nn. 29-34), onde se recorda também a convicção dos irmãos separados, do Ocidente, de que a figura de Maria faz parte da nossa fé em Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem; e de igual modo é dado um lugar importante aos esplêndidos testemunhos marianos das Igrejas do Oriente e à comemoração tanto do XII centenário do 11 Con­cilio Ecumênico de Nicéia (787), como do X centenário da "conversão ao cristianismo" dos povos da antiga Rus'-Ucrânia, Bielo-Rússia (ou Rús­sia Branca) e Rússia (n. 33). Outra secção está dedicada a considerar, à luz do Magnificat, cântico quotidiano da Igreja, alguns problemas do nosso tempo, como o amor preferencial pelos pobres.

Na terceira parte- "Mediação materna"-, na linha do cap. VIII da Lumen Gentium, a Encíclica trata da "mediação materna" de Maria, retomando a doutrina do Vaticano 11. Esta mediação, subordinada à única mediação de Cristo, único Senhor, Salvador e Mediador, consiste essen­cialmente na intercessão e na função materna que a Virgem, segundo o desígnio de Deus, exerce no âmbito da Igreja.

Na conclusão, o Santo Padre, depois de ter ressaltado o significado do Ano Mariano, dirige um convite a reler com interesse os textos do Vaticano 11, a projetar-se para novas metas de fé e de civilização, e fina­liza com um comentário da antífona Alma Redemptoris Mater.

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A EC/R CONVERSA COM VOCÊS

Caros amigos

Celebramos no mês de junho a grande festa de Pentecostes: a festa do Espírito Santo.

Designado algumas vezes de "parente pobre da Santíssima Trindade", por não ficar claro na pequena mente do homem seu papel bem definido, como existe para o Pai e para o Filho, o Espírito Santo é o fruto do Amor do Pai para com o Filho e a devolução integral do Amor do Filho para com o Pai. Mas o Espírito Santo também é o Amor ao infinito e também é uma pessoa, conforme nos revelou o próprio Cristo.

A Bíblia nos mostra a história de um Deus que se compromete cada vez mais com o homem. Assim é que o Pai cria um plano de amor, o Filho se faz homem, anuncia este pl~no, morre e ressuscita e o Espírito Santo nos dá a força para amar.

"Jesus funda a Igreja, o Espírito a anima; Jesus lança a missão, o Espírito a autentica; Jesus institui os sacramentos, o Espírito faz deles viver; Jesus fala, o Espírito faz compreender a palavra" ("A fé explicada aos jovens e adultos" - Vol. I, pág. 215).

~ exatamente o que acontece em Pentecostes. A obra de Cristo é concluída pelo Espírito. Neste dia o homem compreendeu que é possível construir um mundo para o bem de todos, que é possível a cooperação, e que a incompreensão, o mal-entendido e a confusão de Babel, se trans­forma em colaboração, ajuda mútua e amor.

O milagre das línguas traz ao mundo e aos homens a esperança de um Deus que continua a se comunicar de inúmeras maneiras e em todos os lugares.

O Deus comprometido com o homein fica definitivamente conosco. "O amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado" (Rom. 5,5).

De todos os dons e frutos que o Espírito nos envia, gostaríamos de realçar três: O Espírito nos toma sábios - o Espírito nos tpma respon­sáveis - o Espírito nos reúne para a missão.

O Espírito nos toma sábios que é muito mais que racionalidade e inteligência. A sabedoria nos leva para os caminhos dos segredos de Deus.

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Sem o Espírito que nos abre os corações para o entendimento das Escri­turas, o homem, por mais inteligente que seja, está longe de ser sábio.

Não existe, porém oposição entre inteligência e sabedoria. Nós que podemos conhecer, estudar, aprofundar e pesquisar, façamos disso uma fonte e o apoio para a sabedoria. Esta sabedoria nos levará a inverter valores que o mundo tanto busca e admira ...

O Espírito nos torna responsáveis. Responsáveis no sentido de cons­truirmos, de tomar a iniciativa e de "arregaçar as mangas". Enquanto viviam com Jesus, os apóstolos estavam muito mais numa atitude de assistir do que de fazer. Agora, após Pentecostes, eles partem para a ação e continuam a construir o Reino iniciado por Jesus.

Antes de Pentecostes, os apóstolos estavam preocupados em conser­var as lembranças históricas de Jesus. Estavam muito mais voltados para o passado. . . Após Pentecostes, o que vemos? Uma verdadeira explosão da Igreja primitiva. Isto é responsabilidade ...

O Espírito nos reúne para a missão. Pentecostes é união, é comu­nhão. A comunidade nasce, cresce e progride no Espírito. Pentecostes é falar a mesma língua, é entender e viver a linguagem do amor. Comu­nidade é colocar em comum o que cada um tem e é. Para isso é preciso abrir mão do egoísmo, da teimosia e da posse. E assim, unidos, o Espírito nos leva para a missão. A missão de devolver ao mundo e ao homem a esperança, a possibilidade do encontro, a missão de recriar a vida e a liber­dade no interior de cada um. E especificamente para nós, amigos, a missão de recriar a vida no interior de cada casal, cada equipe, cada família ...

"Sem o Espírito Santo, Deus está longe, Cristo permanece no pas­sado, o Evangelho é letra morta, a Igreja uma simples organização, a missão uma propaganda, o culto uma evocação, e o agir cristão uma moral de escravos". (Patriarca Atenágoras).

Para sua reflexão: Minha equipe ainda vive de lembranças, se satisfaz a si mesma

ou está aberta aos sinais do Espírito? Qual a missão do leigo (indivíduo e casal) que recebeu o . Espírito

pelo Batismo?

Yeda e Darci

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A PALAVRA DE NOSSOS PASTORES

Desde o início de fevereiro/87, o boletim 'notícias' da CNBB vem acompanhado de um encarte chamado 'notícias-constituinte'. Em seu nú­mero 07, este encarte nos fala do encontro que se realizou em 25 de março de 1987 entre a CNBB e uma centena de Constituintes. Tendo em vista a importância do assunto, a preocupação deste número da Carta Mensal com o tema e o pouco destaque que recebeu na grande imprensa, damos a seguir alguns pontos principais do referido encontro.

Motivação: A razão para a realização do encontro foi a convicção do papel autônomo e responsável que cabe aos cristãos, neste momento histórico de reordenamento institucional, no 'propósito de construir a ci­dade dos homens segundo a dignidade essencial e inalienável da pessoa humana'. Trata-se de buscar caminhos e apresentar princípios, em face da missão evangelizadora da Igreja.

Natureza: Trata-se de um serviço, sem qualificação especial, que é uma expressão de caridade, com amor a Deus e ao próximo, e que não se deve confundir com 'lobby'. Busca-se construir uma sociedade solidária e fraterna, pela 'promoção de condições concretas para realizar e reivin­dicar os direitos fundamentais de todos os homens e de todas as mulheres'.

Concretização: D. Ivo Lorscheiter abriu o encontro, destacando alguns pontos, essenciais do documento. 'Por uma Nova Ordem Consti­tucional': a importância do momento histórico (n.0

' 6 a 12); as formas de atuação do povo (n.0

' 35 a 41); as propostas da Igreja, sem a pretensão de imprimir caráter confessional à Constituição, mostrando que a Igreja trabalha para que se incorporem à nova Constituição os mecanismos e instrumentos democráticos que permitam a participação ativa da popula­ção nas decisões de interesse coletivo (n.0 23) e, finalmente, a terceira parte do documento, onde são esboçados critérios e exigências por uma nova ordem constitucional.

Vinte e sete constituintes falaram em seguida, sobre um grande núme­ro de temas específicos e sobre a forma de atuação da CNBB e dos próprios Constituintes. Todos os pontos foram colocados num clima de grande franqueza, fraternidade, simplicidade e respeito pela diversidade de opiniões e de concepções de mundo. A totalidade destes oradores rea­firmou a importância do trabalho da CNBB, a validade da experiência do encontro e a necessidade de sua continuidade.

Entre as propostas de continuidade, pode-se destacar: formação de grupos de estudos sobre temas específicos; invocação a Deus, eventu­almente um dia de prece; lançamento de uma grande mobilização popular;

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assessoria aos Constituintes que o desejarem; necessidade de contrapor-se a objetivos de desmoralização da Constituinte pelos meios de comuni­cação de massa, interessados em desacreditar o seu papel de transforma­ção social.

Continuidade: A Comissão de Acompanhamento da Constituinte da CNBB, sob a coordenação de Dom Cândido Padim, vai agora reunir-se para avaliar a reunião e planejar a continuidade do trabalho, levando em consideração os desafios destacados.

Em vista do consenso sobre a necessidade de aprofundar o inter­câmbio estabelecido no convívio deste encontro entre a Comissão de Acompanhamento e os Constituintes, novos encontros deverão ser reali­zados, adequando-se sua periodicidade ao ritmo próprio dos trabalhos constituintes.

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NOTíCIAS BREVES

• Uma Comissão Especial já escolheu as letras para a Missa da Campanha da Fraternidade 1988, cujo lema será "Ouvi o clamor deste Povo!· e o tema: Frater­nidade e Negro.

• O documento sobre divida externa 'A Serviço da Comunidade Humana: uma Consideração J:tica da Dívida Internacional' da Comissão Justiça e Paz da Santa Sé, foi lançado em publicação de 38 páginas pelas Edições Paulinas . Além da apresentação, introdução e proposta final, traz os três capítulos sobre os prin­cípios éticos, o atendimento às urgências e as responsabilidades dos países industrializados e em desenvolvimento, dos credores e das organizações finan­ceiras multilaterais. "Consciente de sua missão, que é projetar a luz do Evan­gelho sobre as situações onde são engajadas responsabilidades humanas, a igreja convida de novo todas as partes a examinarem as implicações éticas da questão da Dfvlda Externa dos pafses em desenvolvimento a fim de chegar a soluções justas e respeitosas da dignidade daqueles que sofrem mais dura­mente suas consequências • .

• O Santo Padre impôs o Pálio a Dom Agnelo Rossi, como Decano do Colégio Cardinalício. Dom Agnelo, paulista de 73 anos, 50 anos de sacerdocio, 31 anos de episcopado e 22 de cardinalato é o Presidente da Administração do Patri­mônio da Sé Apostólica.

• Uma manhã de oração ecumênica aconteceu em Brasília, no Colégio La Salle, dia 14 de março de 1987, com jovens da Igreja Presbiteriana, Assembléia de Deus, Batista, Metodista e Católica, sob a coordenação dos Focolarlnos. Foi uma experiência de muita espontaneidade, serenidade e profundidade. ·valeu a pena esta manhã de diálogo pessoal com Deus e intensa comunhão fraterna·, testemunhou um jovem, no final.

• O ano de 1987 é o Ano Internacional do Desabrigado, .conforme declaração da Organização das Nações Unidas - ONU. Chamando a atenção do mundo inteiro para este imenso campo de grande interesse, a ONU visa promover uma atitude de solidariedade humana, polftica e econômica para milhões de famílias que não possuem o ambiente essencial para uma vida digna.

• O 'Movimento Pró-Constituição' da Arquialocese de Florianópolis, do qual faz parte Dom Murilo Krieger, Bispo Auxiliar, lançou um Manual de vinte páginas sobre Participação na Constituinte, de grande interesse para todos.

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MARIA, MÃ.E E VIRGEM, RETRATO DO POVO DE DEUS

Como entender a ação do Espírito Santo em Maria?

Muita gente se pergunta: "Será que Jesus nasceu mesmo de uma virgem?" Eles não acreditam, porque hoje nunca se ouve falar de crian­ças que nascem de virgens. Estas pessoas são como Maria que pergun­tava: "Como é que vai ser isso, se não conheço homem?" (Lc 1,34). São como Nicodemos que perguntava: "Como pode um homem nascer de novo, sendo já velho? Poderá ele entrar uma segunda vez no seio de sua mãe e nascer?" (Jo 3,4). Fechadas dentro da sua ciência, tais pessoas não conseguem entender a ação do Espírito Santo.

Para se poder entender a ação do Espírito Santo em Maria, não · basta só a ciência. A gente deve olhar também o que este mesmo Espírito está reali~ando hoje. Deus não mudou de lá para cá! O que a Bíblia afirma sobre Maria, isto está acontecendo hoje no Brasil com o povo humilde que, como Maria, se abre para a palavra de Deus e a procura viver.

A ação do Espírito Santo em Maria e no povo

Maria dizia: "Como é que vai ser isso, se não conheço homem?" O anjo respondeu: "O Espírito virá sobre ti!" Ela acreditou, concebeu por obra e graça do Espírito Santo e a "Palavra de Deus se fez carne" (cf. Jo 1,14).

O povo "humilde e pobre" sempre diz: "Quem somos nós? Como é que podemos ser Igreja de Cristo, se não temos recursos, se não sabemos nada, se somos fracos?" Pelo anúncio do Evangelho, Deus lhe responde: "O Espírito virá sobre ti!" O povo acreditou nesta mensagem, concebeu do Espírito Santo, e a Igreja já está nascendo. E na vida e no testemunho desta Igreja, que a palavra de Deus se faz carne e nos revela a sua mensagem.

No seio de Maria crescia Jesus como força e esperança de libertação. José tentava compreender aquela gravidez, mas não havia jeito. Visto que ele não queria fazer mau juízo, resolveu afastar-se. Mas nem todos eram como José. Os livros antigos relatam as calúnias dos maldosos: "Ela é

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ENCARTE

AS EQUIPES DE NOSSA SENHORA E O PROCESSO CONSTITUINTE

A partir do levantamento efetuado sob a perspectiva do pro­cesso constituinte no 2.0 semestre de 85,. foram coletados alguns conceitos e valores que são consensuais nas ENS do Brasil.

Do contexto global das respostas ao levantamento deduz-se três conceitos gerais pelos quais devemos lutar no sentido de serem orientadores de toda a nossa Carta Magna.

1.° Conceito geral

A PESSOA HUMANA deve ser tomada como o PRIMEIRO VALOR da Nação. Em função dela e de seu grupamento, formando b Povo, é que devem ser concebidos e elaborados os preceitos constitucionais , as leis e as normas regulamentadoras.

O legisl·ador constituinte deverá ter em conta a Pessoa Humana como unidade indivisível, viva a insubstituível na humanidade, con­forme a maior parte das linhas filosóficas, e como "Filho de Deus", na visão rei igiosa cristã.

A partir da prioridade dada a Pessoa Humana é consequência lógica a prevalência da noção de "ser" (condições e prerrogativas da pessoa humana). sobre a noção de "ter" (como posse de cois:ts e valores por parte do Estado, das Empresas, dos Organismos e dos Indivíduos).

Nesse sentido, especial atenção deve ser dada àqueles capí­tulos da constituição que contenham aspectos relativos à Economia. Essa ciência, quando não aplicada com cuidado, dá aos fenômenos humanos a direção de previlégio ao material e ao individual, favo­recendo o egoísmo. Porém, a ciência da Economia, quando dá priQ­ridade à pessoa humana, é um intenso fator de paz.

Assim, pode ser lembrado que os processos sócio-econômicos de promoção e construção das habitações devem ser projetados em função das pessoas habitantes e das famílias que elas formam e, secundariamente, em função do Estado, dos bens de capital e do material, envolvidos nesse processo.

As mesmas considerações podem ser lembradas quanto aos processos sócio-econômicos que envolvem a alimentação, a saúde, a educação, o trabalho assalariado, a segurança e o lazer.

Também como consequência do respeito à Pessoa Humana, devem ser estimulados e preservados os direitos, oportunidades e deveres de homens e mulheres de forma que as igualdades e as desigualdades peculiares entre homem e mulher possam ser efeti­vamente vivenciadas.

V Conceito geral

A Carta Magna deve conter em seu bojo orientações e dispo­sitivos que estimulem a CULTURA NACIONAL e permitam a sua preservação.

Entenda-se a expressão "Cultura Nacional" no seu mais amplo sentido. Pertencem a essa cultura a língua nacional, os costumes regionais, a moral, a expressão artesanal, a fé religiosa, a culinária, a farmacopéia, e muitas outras expressões da vida do Povo.

No sentido da preservação' da Cultura Nacional propõe-se que haja dispositivos que permitam às comunidades representarem e obterem o respaldo da Justiça e das autoridades constituídas, na defesa dos valores culturais próprios dessas mesmas comunidades.

3.° Conceito geral

A VIDA é um bem natural. Todas as formas de vida são essen-ciais, todas devem ser preservadas. ·

Na visão religiosa entende-se a Vida como graça de Deus, sem a qual nada adquire sentido.

O respeito à vida, quer humana, quer vegetal, quer animal, responde aos mais profundos anseios das pessoas normalmente equilibradas.

Portanto, o contexto da nova Carta Magna deve promover a realização, a propagação e a preservação da vida humana, bem como de todas as demais formas de vida. Lembre-se em especial que o aborto não deve ser permitido e que devem ser promovidos todos os meios para o amparo aos nascituros.

* *

Apresenta-se a seguir conceitos e valores que se mostraram consensuais e que dizem respeito mais especificamente à vida familiar.

1. O AMOR deverá ser tomado como princípio fundamental em todo o contexto constitucional, que direta ou indiretamente se refira às inter-relações pessoais e, primordialmente, às inter-rela­ções familiares.

2. A família deverá ser sustentada como principal NúCLEO EDUCACIONAL e para tanto deverá ser assistida pelo Estado.

3. A família como FONTE DE VIDA humana deve ser defen­dida, promovida e assistida para que pais e mães possam exercer a paternidade e a maternidade com plena consciência, liberdade e responsabilidade.

4. A INDISSOLUBILIDADE do vínculo conjugal deve ser pre­servada, como consequência da opção de amor, consciente e livre, unindo íntima e totalmente duas pessoas, de forma que essas pes­soas possam realizar ao máximo as suas potencialidades e as potencialidades das pessoas que nascerem na família constituída nessa unidade conjugal.

5. A INTIMIDADE da vida familiar deve ser preservada para permitir o pleno desenvolvimento das relações interpessoais na família.

6. O direito de CRER E PROFESSAR uma fé religiosa, viven­ciá-la, difundí-la e educar os filhos nessa fé, é um valor que deve ser preser.vado.

7. Da mesma forma, o direito à EDUCAÇÃO E INSTRUÇÃO gratuita oferecida pelo Estado.

8. O direito de receber INSTRUÇÃO e EDUCAÇÃO por inter­médio dos MEIOS DE COMUNICAÇÃO, que respeitem as raízes culturais da nação, é um bem que deve ser promovido e preservado pelo Estado.

9. O direito de obter ASSISnNCIA para as crianças (creches), inválidos (hospitais e instituições especializadas) e idosos (progra­mas de valorização e promoção), deve ser atendido pelo Estado de forma a permitir o equilíbrio sócio-econômico da família.

1 O. Promoção e proteção aos MENORES CARENTES no sen­tido de tirá-los da marginalização e trazê-los à convivência social daqueles que desfrutam dos bens da nação.

11. O direito à preservação da SAúDE deve ser promovido pelos meios estatais.

12. A GESTAÇÃO de um novo ser deve ser defendida e assis­tida pelo Estado, em respeito à Pessoa Humana e à Vida.

Propõe-se às Equipes de todo o nosso Brasil que aprofundem suas reflexões a partir desses pontos consensuais e de documentos emitidos pela CNBB (POR UMA NOVA ORDEM ORDEM CONSTI­TUCIONAL- e IGREJA E CONSTITUINTE), participem efetivamente da elaboração da Carta Magna.

De várias maneiras poder11os participar:

1.0) Promovendo mobilização popular a partir da discussão de

conceitos e valores a serem incorporados pela Constituição. Para tanto promovam-se mesas-redondas, palestras, encontros, progra­mas nos meios de comunicação, atividades nos sindicatos, nos clubes de serviço, nas paróquias, etc.

2.0) Promovendo a discussão do Ante-projeto que será apre­

sentado pelo Executivo, bem como discutindo as idéias e os com­portamentos que surjam na Assembléia Constituinte, e expressan­do-se explicitamente a respeito.

3.0) Levando aos Deputados e Senadores eleitos para a As­

sembléia Constituinte os valores e os conceitos que defendemos, e cobrando dos mesmos uma atuação coerente.

Nesse sentido é conveniente uma participação intensiva no programa elaborado pelo Senado e pelos Correios para a apresen­tação de propostas.

Alerta-se ao final, que esse trabalho que é hoje exigível de todos os cristãos c;eve levar-nos à atitude de pesquisa dos fenô­menos Pessoa Humana e Família, como se apresentam em nossos dias e em suas perspectivas futuras, para que a participação do equipista no processo constituinte atinja profundidade e eficácia, dentro de nosso dever de evangelização.

prostituta! Dormiu com um soldado romano!" Era isso que os inimigos diziam de Nossa Senhora!

Hoje, no seio do povo pobre nasce e cresce a Igreja como força e esperança de libertação. Muita gente tenta explicar esta "gravidez" com argumentos tirados só da ciência, mas não o conseguem. São como José, gente honesta. Outros, porém, são maldosos e espalham calúnias: "Essa tal.de Igreja dos pobres, assim eles dizem, isso é comunjsmo! Feito com dinheiro do estrangeiro!"

Tais explicações não explicam nada! São de gente que não acredita no que é humilde e fraco. Acredita só e unicamente nas suas próprias idéias e o que nelas não se encaixa é colocado de lado ou negado sim­plesmente. Eles se consideram "doutores da lei", donos da verdade! Por isso mesmo, não podem ser alunos do Espírito Santo que ensina pela força que nasce da fraqueza, pela sabedoria que brota da ignorância, pela vida nova que nasce de uma virgem, pela igreja servidora que surge do povo humilde.

Como e~ Maria, assim hoje! O Espírito Santo varre o mundo! Fez nascer Jesus da virgem Maria e faz nascer a Igreja do povo pobre como de uma virgem!

Maria, Mãe e Virgem, retrato do povo de Deus

Maria, Mãe e Virgem! Isso é muito mais do que só uma questão biológica, muito mais do que uma charada científica! E o retrato fiel do modo de agir de Deus com o seu povo!

_Quando Deus age, Ele sempre produz algo totalmente novo. O que ele realiza não cabe em nenhum esquema nosso. Deus é criador. Age sem recursos! Não depende de nós, nem nos vem consultar se estamos d1 acordo com Ele ou se a sua ação se encaixa nos esquemas da nossa ciência! Nós dependemos dele. Ele nos amou primeiro. E Ele que sempre toma a iniciativa. Quando Ele entra em cena, desarruma tudo! Sempre ~urpreende! Ele é livre! E onde existe o Espírito do Senhor, aí começa -a' existir a liberdade (2 Cor 3,17). .

Não é fácil entender os caminhos de Deus! Ele pede conversão, não só do comportamento. Isso até que não é tão difícil. Basta ter uma vontade forte. Mas Ele pede mudança no modo de pensar: tem que cair do cavalo, como São Paulo! Tem que crer mesmo que Deus é capaz de realizar o impossível, tanto hoje como ontem! Tem que reconhecer que Ele é maior do que a nossa ciência, "maior do que o nosso coração" (1 Jo 3,20).

Só na hora em que alguém começar a desconfiar um pouco das suas próprias idéias e reconhecer que aquilo que nasce do povo é maior do que a sua lógica é capaz de explicar, aí ele estará em condições de

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começar a entender o que a Bíblia quer afirmar, quando ela diz que Maria ficou grávida por obra e graça do Espírito Santo! (cf. Mt 1,18).

A incompreensão do próprio povo

Mas não convém mistificar o "povo humilde e pobre", como se bastasse alguém ser deste povo pobre, para poder ser salvo e ter a com­preensão das coisas de Deus! Pelo contrário! Não eram só os inimigos que não entendiam a gravidez de Maria. O próprio povo não a com· preendia e fez sofrer a Maria, forçando-a a fazer aquela viagem com­prida e incômoda na companhia de José, o único que lhe ficou fiel. O povo só foi enten'der o sentido da gravidez depois da manifestação de Jesus como Messias. E mesmo assim, diante de Pilatos, ele voltou atrás .e pediu a sua morte! (cf. Me 15,6-15).

Não é pelo fato de alguém pertencer ao povo pobre que ele tenha a chave da compreensão do mistério de Deus presente na vida. A história de Maria mostra o contrário. Às vezes, os preconceitos do povo são tão grandes, que o impedem de ver as coisas que estão ocorrendo. Uma virgem põe em risco a sua honra pela libertação do povo, e o próprio povo não quer entender tal sacrifício! O sofrimento que disso resultou para Maria deve ter sido bem maior do que todo o sofrimento causado pela incompreensão dos "orgulhosos", dos "poderosos" e dos "ricos", de que ela fala no seu cântico (cf. Lc 1,51-53).

Deus pede conversão é de todos, tanto dos pobres como. dos ricos, tanto dos pequenos como dos poderosos, tanto dos humildes como dos orgulhosos. Só que, dentro do plano de Deus, são precisamente os pobres, os pequenos e os humildes que entendem a mensagem do Evangelho e a aceitam. "Sim, Pai, porque assim foi do teu agrado!" (Mt 11 ,26).

Fr. Carlos Mesters em Maria, a Mãe de Jesus­

Ed. Vozes- Petrópolis

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PONTOS CONCRETOS DE ESFORÇOS

"Dedicar, cada mês, o tempo necessano para um verdadeiro diálogo conjugal sob o olhar do Senhor:

- DEVER DE SENTAR-SE" .

. . . Aqui, dá vontade de dizer: - não há o que relembrar, a não ser para convidá-los a relerem o "O DEVER DE SENTAR-SE" (diálogo conjugal), preparado pela EC/R e editado pelas Paulinas. Está tudo lá ... e como está!!!

Em todo o caso, algumas relembranças:

a) - o "DEVER DE SENTAR-SE" tem seu alicerce na recomenda­ção de São Lucas - 14, 28-33 (qual o rei que antes de construir uma torre não verifica se o dinheiro irá dar para levar a termo a construção; qual o general que antes de enfrentar o inimigo não examina se tem solda­dos suficientes para a batalha ... ) ;

b) - esse meio de aperfeiçoamento fala em "dedicar, cada mês, o tempo necessário ... " Dedicar significa: - "oferecer, ofertar, consa­grar . .. " Trata-se da "consagração", a cada mês, que o casal faz de um "tempo necessário . .. ", para calmamente, após uma oração (se possível espontânea) eliminar as causas da desunião e construir o lar sob o olhar e com a ajuda de Deus;

c) - quanto "tempo" pode ser, razoavelmente, considerado como "necessário"?

Não há tempo fixado pelo Movimento. O casal decidirá sobre o "tempo necessário", mas, por óbvio, menos de meia hora não é tempo suficiente para "calmamente" nos questionarmos e valorizarmos nossos "passos à frente";

d) - onde fazer o "DEVER DE SENTAR-SE"? O casal decidirá. Alguns o fazem deitados; outros o fazem sentados mesmo, e alguns o fazem caminhando (como nós). O importante é que haja um mínimo de condições para realizá-lo com tranqüilidade;

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e) - do que devemos tratar no "DEVER DE SENTAR-SE"? Todos os assuntos, econômicos, sociais, políticos, etc., que interessam a nós, aos nossos familiares e à comunidade. Poderemos, por exemplo, nos ques­tionar assim:

eu- você; eu e você; nós; nós e os filhos; nós e nossos familiares; nós e nossa Equipe; nós e o Movimento; nós e a Comunidade;

f) - como tudo isso é analisado sob o olhar e com a ajuda de Deus, devemos ser humildes, caridosos e interessados em nos unirmos;

g) - recomenda-se que do "DEVER DE SENTAR-SE" seja fixada uma linha de ação para o mês seguinte e que seja o propósito anotado por escrito, para relê-lo tantas vezes quantas necessárias.

O "DEVER DE SENTAR-SE" é uma procura da "paz" e não o encontro para um tratado de não-beligerância. Devemos ser otimistas e lutarmos por novas conquistas a dois. Apoiados na oração poderemos crescer, cada vez mais, como casal e, com nosso testemunho, sermos luz, sal e fermento. Há missão mais importante?!

Em tempo: - Conforme observou um equipista do Rio de Janeiro, o "DEVER DE SENTAR-SE" mal feito é cansativo e 'tem gosto de giló, mas o "DEVER DE SENTAR-SE" bem feito é .doce como um "papo de anjo".

Ma. Helena e Nicolau Zarif Eq. 6/D- N. S. Santíssima Trindade

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PUBLICAÇOES

Pretendemos, nesta seção, levar ao conhecimento de nossos Irmãos equlplstas, alguns documentos

- e publicações que têm chegado a nossas mãos e que têm despertado nosso Interesse. Não se trata de nenhum julgamento de valor, apenas nosso de­sejo de partilhar com todos o enriquecimento que nos vem da leitura dessas publicações.

OS LEIGOS NA IGREJA E NO MUNDO

Trata-se do n.o 47 da Coleção 'Estudos da CNBB', publicada pelas Edições Paulinas, e cujo título com­pleto é: Os leigos na Igreja e no mun­do: vinte anos depois do Vaticano 11. Datado de 1987, o documento tem 98 páginas e contém textos de vários autores. Em sua apresentação, diz Dom Celso José Pinto da Silva, coor-denador do Setor Leigos da CNBB:

• A escolha de 'Vocação e Missão dos leigos na Igreja e no mundo' co­mo tema do próximo Sínodo dos Bis­pos, correspondeu à crescente neces­sidade, sentida em toda a Igreja, de compreender melhor e de situar com mais clareza o lugar e a ação dos leigos na missão da Igreja.

Os anos que se seguiram ao Con­cilio Vaticano 11 foram muito ricos em

.os leigos · · na igreja

. e no mundo

novas experiências: os leigos se encontraram face a desafios e questionamentos nascidos de seu engajamento no mundo, sobre­tudo no âmbito da ação social e política. Crises e renascimentos, rupturas e reencontros marcaram os caminhos do laicato nestes 20 anos.

No Brasil, em 1983, quando foram elaboradas as 'Diretrizes Gerais da Ação Pastoral da Igreja', os bispos já apontavam os

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'leigos' como uma das áreas da vida eclesial que necessitava de especial atenção e maior empenho pastoral.

Tudo isso vem provocando novo interesse pela reflexão teoló­gico-pastoral a respeito da realidade dos leigos, sua vocação e sua participação na vida e na missão da Igreja.

Seminários de estudo, assembléias episcopais, encontros pas­torais, debates e estudos vêm sendo organizados em torno da temá­tica dos leigos. Já é grande e rico o conjunto de trabalhos elabo­rados como alimento e expressão de toda esta reflexão.

A presente publicação visa tornar mais acessível, ao maior número de pessoas, parte deste material. Tem-se a intenção de colaborar desta maneira, para se alargar um debate tão oportuno e de estimular, sobretudo aos leigos, a participárem mais ativa e conscientemente da preparação para o próximo Sínodo."

INSTRUÇõES SOBRE A TEOLOGIA DA LIBERTAÇAO

Este livrinho de 134 páginas, da­tado de 1986, é o número 3 da Cole­ção 'Teologia da Libertação', que vem sendo publicada pelas Edições Loyola. A edição do documento foi coordena­da pela CNBB e sua apresentação é de Dom Luciano Mendes de Almeida. Diz ele:

·A teologia da libertação é apre­sentada pelo Santo Padre João Paulo 11 em sua carta aos bispos dos Brasil, de 9 de abril de 1986, 'não só como oportuna, mas útil e necessária'. Seu estudo e aprofundamento, no entanto, receberam especiais luzes e esclare­cimentos através das duas instruções da Sagrada Congregação para a Dou­trena da Fé, de 6 de agosto de 1984 e de abril de 1985. Para melhor perce-bermos o íntimo nexo entre os dois documentos, era conveniente sua pu­

blicação em volume único com índice analítico. Contribuem para a melhor compreensão do texto sobre a 'Liberdade Cristã e a Libertação', a síntese elaborada pela mesma Congregação, a apre­sentação feita por D. Valfredo Tepe (. .. ) "

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FAMfLIA CRISTA

As Edições Paullnas publicam mensalmente esta esplêndida revista que muitos dos equipistas já conhecem e assinam. Para os que ainda não tiveram contato com ela, vale a pena dizer que "Família Cristã" já completou 53 anos de existência, promovendo "paz e amor na família brasileira", conforme proclama a capa da edição de seu cinquentenário, em janeiro de 1984.

A Carta Mensal teve a oportuni-dade, este mês, de fazer uma visita à redação de "Família Cristã" e de con­versar longamente com seus respon­sáveis. Em todas as palavras, pude­mos sentir a profunda preocupação das Irmãs Paulinas- a Pia Sociedade, Filhas de São Paulo é Editora-Proprie­tária da revista - com a inserção da família brasileir-a na Igreja, Povo de Deus a caminho. Com uma tiragem superior a 170.000 exemplares, Famí­lia Cristã procura permanentemente ....,.o-ir.b.., responder aos anseios de seus leito­res orientando as matérias publicadas a partir do interesse revelado pelas cartas que recebe. E um só objetivo: que a Palavra chegue a todos, ilumine , oriente, dê sentido à vida. No Editorial ~L..ii:..J:::::±.:~~AüiiiL::..~iiiJ de seu cinquentenário, diz a Família Cristã:

"(Família Cristã) não é um tratado de teologia. Não é um instrumento político, nem uma revista clerical. FC quer ser apenas um periódico jornalístico-cristão, através do qual todos os assuntos podem ser debatidos, estudados, esclarecidos ... Tudo o que diz respeito à dignidade da pessoa, FC assume e promove, consciente de que Jesus Cristo, encarnando-se, assumiu todas as dimensões da humanidade ... "

As Irmãs Paulinas acreditam- e nós também- que os casais das Equipes de Nossa Senhora são leitores e divulgadores naturais de Família Cristã. Se vocês estão interessados, recomendamos que escrevam logo para a redação da revista e se informem da melhor forma de fazê-lo. Eis o endereço: Rua Domingos de Morais, 642- Cx. Postal 12908- CEP 04010- São Paulo, S.P., telefone: (011) 549-9777.

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AS E.N.S. E O SíNODO

Prosseguindo na reflexão que temos feito em nossos números ante­riores a respeito de nossa contribuição de leigos casados à matéria do Sínodo dos Bispos sobre os leigos, que vai se reunir em outubro próximo, pensamos em trazer à consideração de vocês, este mês, o doloroso teste­munho daqueles dentre nós que participam dos cursos de preparação ao Batismo e ao Matrimônio. Quantas vezes temos ouvido desses nossos irmãos a expressão de seu quasi-desânimo frente à falta de interesse e de conhecimento dos candidatos a padrinhos ou dos noivos em relação ao sacramento ao qual se preparam e . à fé cristã em geral!

A este respeito, lembramo-nos das palavras de João Paulo li, em Porto Alegre, no dia 5 de julho de 1987:

"Não aconteça, diletíssimos pais que me ouvis, que vossos filhos cheguem à maturidade humana, civil e profissional, ficando crianças em assuntos de religião. Não é exato dizer que a fé é uma opção a fazer-se em idade adulta. A verdadeira opção supõe o conhecimento; e nunca poderá haver escolha entre coisas que não foram sábia e adequadamente propostas. A Igreja tem confiança em vós, ela espera muito de vós."

As ferramentas e os locais de formação que temos muitas vezes em nossas mãos, como a catequese, os grupos de jovens que acompanhamos, os círculos de estudos, os diversos movimentos de apostolado e de espiri­tualidade, devem ser utilizados para promover este melhor conhecimento da fé. São oportunidades que nem sempre são eficazmente aproveitadas para despertar a opção consciente naqueles que nos são confiados.

O fortalecimento de todos esses meios como um apostolado dos leigos casados em sua missão de transmissão da fé é mais um ponto que nos parece importante levar à reflexão de nossos bispos, no Sínodo que se aproxima.

Gostaríamos muito de conhecer o fruto das reflexões de vocês sobre estes assuntos. Escrevam-nos ...

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TESTEMUNHOS

Para que a seiva do Movimento circule, a parti­cipação dos equipistas nas páginas da Carta Men­sal é essencial. Damos abaixo dois textos, um ex­traído de uma resposta ao tema de estudos, outro de um Boletim de Setor.

Reflexões de uma equipista sobre o tema "Vós sois o Corpo de Cristo (Cap. 7).

-Aos 18 anos

Quem é Cristo para mim?

• Um ideal, um modelo distante, algo a ser, no futuro, importante na minha vida. Eu quero acreditar nele, mas acredito demais em mim mesma e me encho de orgulho pelo que sou.

-Aos 20 anos

Quem é Cristo para mim?

• O Cristo histórico, o Deus da Justiça social. Acompanho de perto as reivindicações de liberdade política feitas pela igreja do Brasil .. Vejo o Cristo atuando, através da igreja, na sociedade como um to­do, mas não o percebo como uma pessoa atuando na minha própria vida. Assim, Cristo está longe de ser uma pessoa concreta para mim, para o meu destino. Ainda acredito demais em mim mesma.

-Aos 22 anos

- Quem é Cristo para mim?

• I! o Cristo crucificado, o meu ·verdadeiro encontro com Cristo. Não me orgulho mais pelo que sou, percebo a minha vulnerabili­dade. Sinto-me um precisado de Cristo. Começo a caminhar, ali­mentando-me do sangue do Cristo crucificado. Entre desacertos e acertos, permaneço. Sou um amigo importuno. Medito a sua pala­vra. Faço um ato de fé cotidiano e espero. Ao longo desses anos Cristo me reconstrói: Com seu sangue, com a sua palavra.

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-Aos 34 anos

Quem é Cristo para mim?

• É o Cristo ressuscitado. Na procura da· minha verdade encontro a verdade: Tudo já está preparado. O único fato realmente impor­tante na história: a Ressurreição, já .aconteceu e acontece em nós quando Cristo nos alimenta. Cristo etn mim, me redime. Pressinto a chegada em mim do homem novo; construído no sofrimento e na esperança do Cristo Redentor. Quero aquietar o meu coração, no silêncio procuro entender o mistério que humanamente não sou capaz. Resta ainda um questionamento: Senhor, para onde queres me levar?

Rosa

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Texto extraído de "Nosso Mensageiro", Boletim do Setor de Recife, Pe.

SER UM SO

"Por isso o homem deixará seu pai e sua mãe para se unir à sua mulher, e os DOIS SERÃO UM SO. Assim, não são dois, mas um só. Portanto, que o homem não separe o que Deus uniu". (Mt 19, 5-6).

Os nossos anos de casados nos dizem, cada vez mais, o quanto é difícil esta unidade da qual fala o Evangelho, mas também o quanto é gratificante o esforço dispendido para conseguí-la.

Cada casamento é uma nova história. História iniciada por duas pessoas, reforçada pela presença dos filhos. Não há modelo a ser seguido. Há algumas semelhanças com outros casamentos, mas a individualidade destas duas pessoas determina um caminhar diferente do dos outros.

A proposta evangélica é radical: partimos de dois, caminhando para um só. Por conseguinte, os dois não se anulam num só, mas tentam fazer e viver um só. Esta insistente repetição de palavras diz claramente que a individualidade de cada um tem que ser respeitada e que esta deve colo­car-se à disposição do outro, para a construção de um único caminho.

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Neste sentido, o harmonizar-se com o outro é um passo bastante significativo na vida conjugal. E isto é feito nas pequenas coisas: dividir as tarefas da casa (e não fazer apenas as gratificantes), refletir sobre os desentendimentos que ocorrem no dia-a-dia, colocar-se no lugar do outro nas diversas situações, dividir a vida dos filhos (na escola, na doença, na espiritualidade, nas dificuldades), ter um lazer a dois (passeio, uma re­de, ... ), rezar juntos, etc.

O harmonizar-se nas mínimas coisas não é concretizado em alguns anos, mas tem que ser tentado todos os dias e DEVE SER PROCURADO a partir do momento em que os dois decidem viver juntos. A renúncia e o respeito à personalidade do outro são duas atitudes fundamentais que se completam. O casamento é, portanto, uma das tentativas de se chegar à unidade com Deus, através do outro.

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RETIROS

Graça e Walter- Eq. 6

Recife- PE

1. De 25 a 28 de junho haverá mais um Encontro • NóS DOIS ... AGORA!· na Casa de Retiros de Baruerl, SP. Informações com Maria e José Aquino, telefone (011) 62-2309 ou 263-0582.

2. Sessões de Formação, 2.0 semestre:

05 a 08 de setembro, em Curitiba 09 a 12 de outubro, em Juiz de Fora

3. Retiros programados pelos Setores:

Data 14-16/08

28·30/08

29·30/08 25·27/09

24 ·25/10 30/10 ·01/11

13·15/11

14 ·15/11

27-19/11

Setor Niterói São Carlos

V alinhos Vinhedo

Rio· F São Carlos Sorocaba

Rio- D

Rio-A

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Local

Sociedade São Vicente Paulo

Casa de Siloé

Sociedade São Vicente Paulo

Casa Retiro São José

NOTICIAS DOS SETORES

Míni-Eacres

- Realizado na Sociedade São Vi­cente de Paulo em São Carlos/SP em 22-03-87 tendo como pregador Pe. José Carlos Di Mambro, C.E. da ECIR que abordou o tema • Llneamenta" (algu­mas linhas sobre a missão do leigo na Igreja), exortando para que cada cris­tão assuma o seu verdadeiro papel e cumpra sua missão na Igreja. Como representantes da ECIR participaram Olguinha e Toninha. O encontro teve a presença de 5 casais de ligação de São Carlos, 2 de Araraquara, bem co­mo de 15 casais responsáveis de equ i­pe de São Carlos e 5 de Araraquara. Participaram também o casal regional Arany e Mira, o CR do Setor de Ara­raquara Leonor e Danilo e o CR do Setor de São Carlos Ondina e Evaristo que em sua mensagem aos presentes salientou: • Preparemo-nos para o Sí­nodo, com séria reflexão sobre a Igre­ja e a nossa missão de cristãos atuan­tes".

- Também no dia 22-03-87 teve lu­gar no Colégio Pequeno Príncipe em Ribeirão Preto/SP o Míni-Eacre reunin­do casais responsáveis de equipes de Ribeirão Preto e Batatais.

Mudanças nos Quadros

- Na tarde de 29-03-87 ao final de missa concelebrada por Frei Eduardo, C.E. do Setor; Pe. Jacob, Pároco de Ca­noas/AS e 1.° C.E. da Eq. 1 de Traman­dai; Pe. Geraldo, Vigário de Santo An­tonio e Pe. Eugênio, Pároco de Osório, Maria Oliva e Luís Carlos após seis anos de profícuo trabalho entregaram a responsabilidade pelo Setor Leste, Osório/AS ao casal Terezinha e Luís

Motti Lopes da Eq. 1 de Tramandaf, empossados por Neri e João Carlos, casal regional. Estiveram presentes os casais responsáveis pelos setores A, B, C e D de Porto Alegre, vários casais equipistas do Setor Leste e as duas • equipinhas ", ' cujos casais responsá­veis foram substituídos, tendo sido em­possados na ocasião pelo novo C.R. do Setor os casais Iracema e João (Tramandaí) e Lurdes e Pedro (Santo Antonio).

- Em missa muito concorrida e prestigiada por inúmeros equipistas, tomou posse em 22 de fevereiro últi­mo, cqmo responsável pelo Setor do ABC (Região São Paulo Sul I) o Casal Lairce e Leocádio Montibeller. A Santa Missa foi concelebrada pelo novo C.E. do Setor Pe. Carlito Daii'Agnese e por Pe. Ayrton, C.E. das equipes 9 e 11 daquele Setor. ·

Volta ao Pai

- Roberto Moreira (Eq. 3 Ribeirão Preto/SP)

·Já eramos uma equipe pequena, apenas 4 casais, pois dois dos nossos mudaram-se de Ribeirão. Agora mudou­se o Roberto. E a nossa pequena equi­pe, com grande tristeza comunica sua volta à casa do Pai. Deveria ser a ale­gria da volta aos sábados, mas somos limitados e nos doi a sua ausência". Numa das reuniões da equipe, já sem sua presença, um apelo de Santinha sua esposa sobre a Importância do côn­juge em nossa vida, sacudiu a todos: "Vivam bem, aproveitem, saboreiem a vida a dois". Roberto soube externar em gestos diários o amor conjugal, es­pelho do amor dívino e deixa para

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seus irmãos de equipe uma lembrança indelível. .

- Geraldo Domingos Adabbo (Eq. 10 São Carlos/SP)

Sua equipe passa por uma triste ex­periência, mas confia plenamente que Geraldo está junto de Deus a quem tanto amou e serviu. Procurando viver de acordo com sua vontade e teste­munhar Jesus Cristo em todos os mo­mentos de sua vida, sempre disponível às necessidades dos irmãos. Deixa muitas saudades para sua esposa Ave­fina, filhos , filha, nora e neta, mas dei· xa, sobretudo, o exemplo de· um cris­tão de muita fé, amor a Deus e ao próximo, principalmente aos mais ne· cessitados, a quem tanto deu em con· torto material e espiritual como con· frade que era de São Vicente de Paulo

Boletins Informativos - A equipe de coordenação do

BICA (Boletim do Setor de Araraquara/ SP) reuniu-se em 23 de fevereiro pas· sado, para avaliação do seu trabalho. Dentre os pontos levantados, apresen­tou-se o nome do boletim, uma vez que o título BICA surgiu de • Boletim Informativo da Coordenação de Arara­quara ", que passou de coordenação a Setor. A equipe respónsável, contudo resolveu manter o nome, pois mais Im­portante do que a sigla é o sentido da palavra ·bica ", uma vez que o boletim é fonte de comunicação e expressão do movimento no local.

- Recebemos o exemplar n.0 007 (Abril/87) do • Nosso Mensageiro" , bo­letim das equipes do Nordeste, edita­do por nossos irmãos do Recife, con­tendo um Interessante artigo do Pe.

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Barros, entltulado • O Menor Abando­nado " (a propósito da última campa­nha da Fraternidade) bem como artigos e colaborações de casais equipistas.

- "O Equipista" (boletim Informati­vo do Setor de Ribeirão Preto/SP) de março/87 apresenta em seu Editorial uma reflexão sobre como priorizamos o valor e o uso do nosso tempo nos dias atribulados de hoje e conclue des­tacando a importância dos retiros co­mo oportunidade para refletirmos sere­namente, com profundeza e sob a luz do Espírito Santo, sobre nós próprios e a nossa missão como casais cristãos.

Conselheiros Espirituais

- A Eq. 2 - N. S. das Famílias, de Assis/SP parabeniza seu Conselheiro Espiritual Pe. Antonio Carlos Golfetti pela passagem· do seu 3.0 aniversário de ordenação sacerdotal ocorrido no último dia 19 de março e agradece a esse jovem sacerdote que com tanta dedicação os assiste desde logo após sua ordenação. Seus equipistas rogam a Deus que abençõe o seu Assistente e que o mantenha firme na missão sa­cerdotal.

- Pe. Orestes Brandani Filho, C.E. da Eq. 4 - N. S. de Guadalupe, de Piraçlcaba/SP acaba de ser transferido para Campos do Jordão. Seus equlpis­tas publicaram no Jornal de Piracicaba de 20-03-87, cujo recorte recebemos, uma tocante carta de ~espedida e agra­decimento e que bem demonstra, ape­sar do pouco tempo em que Pe. Ores­tes permaneceu como Assistente da equipe, a afinidade que em todas as ocasiões liga os Conselheiros Espiri­tuais aos equipistas.

CARTA DOS LEITORES

Recebemos há algum tempo a seguinte carta enviada por Daisy e Bertoche (Casal Regional Rio-I) :

"Rio, 12 de novembro, 1986

À Equipe de Carta Mensal

Paz e Alegria!

Estive hoje numa reunião com Bispos e eles fizeram uma pergunta: Quantos sacerdotes (e religiosas) o Movimento das Equipes deu à Igreja?

E uma pergunta que não soube responder com exatidão, pois embora se saiba de filhos de equipistas que abraçaram a vocação religiosa, seria bom sair publicada na Carta Mensal a relação completa deles. Assim, os Bispos que lêm a Carta Mensal, e os equipistas em geral teriam a infor­mação correta.

Com um abraço

Daisy e Adolpho Bertoche"

Achamos tanto a pergunta dos senhores Bispos quanto a sugestão de Daisy e Bertoche extremamente válidas. Nesse. sentido apelamos a todos os casais equipistas do Brasil que tenham filhos ou filhas que abraçaram a carreira religiosa para que nos encaminhem correspondência com o nome do casal, a equipe e setor a que pertencem, o nome dos filhos ou filhas na carreira religiosa e a ordem em que ingressaram. Apelamos também, de modo especial, aos nossos "casais correspondentes", para que nos auxiliem nessa tarefa. Daqui a algum tempo esperamos publicar uma relação a mais completa possível.

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MEDITANDO EM EQUIPE

TEXTO DE MEDITAÇÃO - Jo 20, 19-23

À tarde desse dia , o primeiro da semana, estando fechadas as portas onde se achavam os discípulos, por medo dos judeus , Jesus veio e, pon­do-se no meio deles , lhes disse: " A paz esteja convosco!" Tendo dito isto, mostrou-lhes as mãos e o lado. Os discípulos , então, exultaram por verem o Senhor. Ele lhes disse de novo: "A paz esteja convosco! Como o Pai me enviou, também eu vos envio." Dizendo isto, soprou sobre eles e lhes disse: " Recebei o Espírito Santo. Aqueles a quem perdoardes os pecados ser-lhes-ão perdoados; aqueles aos quais não perdoardes , ser­lhes-ão retidos. "

ORAÇÃO LITúRGICA

Vamos todos louvar juntos o mistério do amor, pois o preço deste mundo foi o sangue redentor, recebido de Maria , que nos deu o Salvador.

Veio ao mundo por Maria , foi por nós que ele nasceu . Ensinou sua doutrina , com os homens conviveu . No final de sua vida , um presente ele nos deu.

Observando a lei mosaica, se reuniu com os irmãos. Era noite. Despedida. Numa ceia: refeição . Deu-se aos doze em alimento, pelas suas próprias mãos.

A Palavra de Deus vivo transformou o vinho e o pão no seu sangue e no seu corpo para a nossa salvação. O milagre nós não vemos , basta a fé no coração.

Tão sublime sacramento adoremos neste a! ta r, pois o Antigo Testamento deu ao novo seu lugar. Venha a fé por suplemento os sentidos completar.

Ao Eterno Pai cantemos e a Jesus , o Salvador. Ao Espírito exaltemos, na Trindade eterno amor. Ao Deus Uno e Trino demos a alegria do louvor.

(Oração da tarde na véspera de Corpus Cristi - Liturgia das horas)

Um momento com a Equipe da Carta Mensal .. . . .. . .......... .

Editorial : Pentecostes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2

· Carta da E.R.I. : Matrimônio e Sacerdócio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4

A palavra do Papa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6

Encíclica " Redemptoris Mater" . ............ .... ... ·............ 7

A ECIR conversa com vocês . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10

A palavra de nossos pastores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12

Maria, mãe e virgem: retrato do povo de Deus . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14

Dever de sentar-se . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17

Publicações . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19

As E.N.S. e o Sínodo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22

Testemunhos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23

Retiros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25

Notícias dos Setores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26

Carta dos Leitores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28

Encarte: As Equipes de Nossa Senhora e o Processo Constituinte

EQUIPES DE NOSSA SENHORA

01050 Rua João Adolfo . 11 8 · 9' o cj. 901 o Tel. 34 8833

São Paulo · SP