7
www.contacto.lu 18 DE MARÇO DE 2015 ANO 45 N° 11 0,62 E O PRIMEIRO JORNAL DE LÍNGUA PORTUGUESA NO LUXEMBURGO Sindicato da Construção de Portugal diz que portugueses são presas fáceis de angariadores pág. 7 Dérbi entre Niederkorn e Differdange abre Liga BGL pág. 17 (!4FA51C-adaaaf!:K;k;k;L;l Voto dos estrangeiros marca edição deste ano do Festival das Migrações págs 2, 3, 9, 14 e 15 Santa Casa cria o “Cesto Solidário” no Luxemburgo pág.12 Participe e ganhe prémios fantásticos!

Votodosestrangeirosmarcaediçãodeste Sindicato ... · tornou-se em Junho de 2014 o11º ... humilde, eTomás, que pertence à ... tentativa de exploração, porque o medo tanto pode

Embed Size (px)

Citation preview

www.contacto. lu 18 DE MARÇO DE 2015 • ANO 45 • N° 11 • 0,62 E

O P R I M E I R O J O R N A L D E L Í N G U A P O R T U G U E S A N O L U X E M B U R G O

Sindicatoda Construçãode Portugaldiz que

portugueses sãopresas fáceis deangariadores

pág. 7

Dérbi entreNiederkorn eDifferdangeabre Liga BGL

pág. 17

(!4FA51C-adaaaf!:K;k;k;L;l

Voto dos estrangeirosmarca edição desteano do Festival das Migrações págs 2, 3, 9, 14 e 15

Santa Casa criao “Cesto

Solidário” noLuxemburgo

pág.12

Participe e ganheprémios fantásticos!

Casal grão-ducal inaugurou a 32ªO Grão-Duque Henri e aGrã-duquesa Maria Teresavisitaram no sábado oFestival das Migrações,Culturas e Cidadania, quedecorreu até domingo.Xavier Bettel e Mars DiBartolomeo também esti-veram no certame organi-zado pelo CLAE.

O festival contou com mais de400 stands, onde os visitan-tes puderam mergulhar em

diferentes culturas e provar as espe-cialidades de cada um delas.

Música, gastronomia, literatura oudança continuam a ser o prato fortedo evento. Este ano, o direito de vo-to dos estrangeiros foi também tema

do certame, já que a questão vai a re-ferendo a 7 de Junho no Luxembur-go. No seu discurso inaugural, Fran-co Barilozzi, da direcção do CLAE(Comité de Ligação das AssociaçõesEstrangeiras), disse que esse direitoseria “uma perspectiva de construiruma nova sociedade”. Em resposta,o primeiro-ministro respondeu queo Governo aceitará o resultado do re-ferendo. “As pessoas têm de decidirem conjunto em que país querem vi-ver. Não se trata de um direito de vo-to dos estrangeiros. Apenas as pes-soas que já vivem no país têm o di-reito de votar”, disse Xavier Bettel.

A ministra da Integração, CorinneCahen lembrou, por seu lado, queactualmente 45% das pessoas que vi-vem no Luxemburgo ainda não têmpassaporte luxemburguês.

Estes três dias são tradicionamen-te uma festa intercultural e uma tor-re de babel onde todos se entendem.

O casal grão-ducal visitou o 32° Festival das Migrações no sábado e passou por um stand de gastronomia cabo-verdiana. ApesarA beleza eslava não passou despercebida durante o evento

2 em foco 18 DE MARÇO DE 2015 \\ Contacto

O deputado do PSD eleito pela emigração do círculo da Europa, Carlos Gonçalves (centro), passou pelo stand do CONTACTO

O projecto Lenacay (Barcelona) trouxe o rock misturado com o flamenco A gastronomia é sempre um bom pretexto para o convívio As voluntárias do stand da associação Ami

O grupo folclórico Luso-luxemburguês actuou no palco principal

edição do Festival das Migrações

A presença brasileira é uma constante no festivalde não ter acompanhado o grão-duque a Cabo Verde, a grã-duquesa provou um pouco dos sabores do arquipélago Fotos: Manuel Dias

Mais fotos em

Contacto \\ 18 DE MARÇO DE 2015 em foco 3

zade Portugal–Luxemburgo (APL) As bandas Cassandra Lobo group (foto) e Cabolux actuaram na sexta-feiraO stand da Colômbia traz sempre muita cor e animação ao Festival das Migrações

O embaixador de Portugal, Carlos Pereira Marques, cumprimentou o casal grão-ducal, Mars di Bartolomeo e Xavier BettelOs ritmos africanos também se fizeram ouvir durante o fim-de-semana

Contacto \\ 18 DE MARÇO DE 2015 luxemburgo actualidade 9

Lei entrou em vigor em Janeiro deste ano

Primeiro-ministro do Luxemburgocasa com companheiro em Maio

O primeiro-ministro do Luxembur-go, Xavier Bettel, vai casar a 15 deMaio com o companheiro, cincomeses após a entrada em vigor dalei que permite o casamento entrehomossexuais, segundo notíciaavançada pela RTL.

O primeiro-ministro anunciara jáem Agosto a intenção de casar como arquitecto belga Gauthier Deste-nay, com quem vive em união defacto desde 2010.

“Ele pediu-me [em casamento] eeu disse ’sim’”, disse Bettel em Agos-to ao jornal Los Angeles Times.

Nessa altura, o primeiro-ministroluxemburguês ainda não tinha dataoficial para a cerimónia.

Segundo a RTL, os dois homensvão casar a 15 de Maio deste ano.

Ao CONTACTO, o assessor doprimeiro-ministro, Paul Konsbruck,recusou comentar a notícia avan-çada na sexta-feira pelo canal de te-levisão luxemburguês, defendendoque se trata de “um assunto privadodo primeiro-ministro”.

O Grão-Ducado, que já tinha des-de 2004 uma lei que permitia a uniãode facto de casais homossexuais,tornou-se em Junho de 2014 o 11ºpaís da Europa a reconhecer o ca-samento entre pessoas do mesmosexo. Os primeiros casamentos fo-ram celebrados em Janeiro de 2015,altura em que a lei entrou em vigor.

Recorde-se que a proposta de le-galizar o casamento homossexual jáfazia parte do programa do anteriorGoverno, liderado por Juncker. A re-forma da lei do casamento ganhounovo impulso com a chegada ao Go-verno de Xavier Bettel. Em 2012, Xavier Bettel assistiu com o companheiro à cerimónia religiosa do casamento do grão-duque herdeiro, na catedral do Luxemburgo Foto: Marc Wilwert

Referendo sobre direito de voto dos estrangeiros debatido durante Festival das Migrações

Défice democrático no Luxemburgoagravou-se nos últimos anos, defende historiador

O historiador luxemburguês DenisScuto diz que o défice democráticono Luxemburgo tem vindo a au-mentar, por causa da exclusão dosestrangeiros das eleições legislati-vas. Enquanto nos anos 1970 havia60% da população com direito devoto nas legislativas, a taxa de par-ticipação caiu hoje para 45%, “me-nos do que em 1919, quando foi in-troduzido o sufrágio universal parahomens e mulheres”. Nessa altura,47% da população podia votar naslegislativas, segundo Scuto.

O historiador falava ao CON-TACTO à margem de um debate nosábado sobre o direito de voto dosestrangeiros nas eleições legislati-vas, uma questão que vai ser refe-rendada a 7 de Junho.

O debate organizado pelo Co-mité de Ligação das AssociaçõesEstrangeiras (CLAE) durante o Fes-tival das Migrações sentou à mes-ma mesa o historiador, o ministroda Justiça, Félix Braz, o presidenteda bancada parlamentar do CSV,Claude Wiseler, e Eduardo Dias, doCLAE. A questão (dar ou não o di-reito de voto aos estrangeiros naslegislativas) só não recolheu o simdos cristãos-sociais (CSV). O pre-sidente da bancada parlamentar dopartido continua a defender que aparticipação nas legislativas devecontinuar a estar limitada aos na-cionais, uma posição partilhada pe-lo ADR.

Para o historiador luxemburguêsDenis Scuto, a proposta do CSV pa-

ra combater o défice democrático –alargar o acesso à dupla nacionali-dade – não resolve o problema.

“Ao longo dos anos, este direito[de aceder à nacionalidade] foi sen-do restringido”, acusa Denis Scuto,que lamenta que a lei da naturali-zação não contemple igualmente odireito do solo, atribuindo a naci-onalidade luxemburguesa aos nas-cidos no país. O historiador de-nunciou ainda as situações de de-sigualdade criadas pela lei.

“Por causa da possibilidade de re-cuperação da nacionalidade pelosdescendentes de luxemburgueses, éhoje possível que uma pessoa quevive na Austrália e que nunca viveu

nem pensa viver no Luxemburgopossa votar nas eleições legislativas,enquanto um residente no Luxem-burgo não pode”, sublinhou.

O problema vai agravar-se no fu-turo, defendeu o ministro da Justi-ça. “O número de naturalizações jáestá a baixar, e hoje em dia a maior

parte são casos de recuperação denacionalidade, que não resolvem oproblema”, disse o ministro. “Apercentagem de estrangeiros vaicontinuar a aumentar e o défice de-mocrático não vai parar de crescer,se continuarmos a querer resolvero problema só pela via da nacio-

nalidade”, acrescentou. Além disso,“nem toda a gente pode obter a du-pla nacionalidade, porque é preci-so que o país de origem a aceite, eportanto é limitador obrigar essaspessoas a adoptar a nacionalidadeluxemburguesa para poderem vo-tar”, defendeu ainda. n P.T.A.

O historiador Denis Scuto Foto: Guy Jallay

13, allée J.W Leonard 9 HaaptstroossL-7526 Mersch L-9806 HOSINGEN

Tel : 32 93 21 Fax : 32 87 44 Tel : 92 34 16 Fax : 26 91 08 09

Email : [email protected] Email : [email protected]

www. Kellen.luPortas Abertas dias 28/29 de Março 2015 (Mersch)

25/26 de Abril 2015 (Hosingen)

Ação Portas Abertasmontagem de maquinasautomaticas de graça.

Contacto \\ 18 DE MARÇO DE 2015 artes & espectáculos 13

Nova tradução francesa de “A Dama e o Luxemburguês” publicada pelas Edições Saint-Paul

História de pioneiro luxemburguêsno Brasil chega ao Luxemburgo

O romance “A dama e oluxemburguês”, do escri-tor brasileiro Marc AndréMeyers, atravessou oAtlântico graças à ex-jornalista portuguesa Só-nia da Silva, que o tradu-ziu para francês. A sagada emigração luxembur-guesa para o Brasil chegaagora ao Grão-Ducado.

O brasileiro Marc AndréMeyers tinha sete anosquando assistiu ao funeral

do engenheiro luxemburguês LouisJacques Ensch, o pioneiro da side-rurgia no Brasil que inspirou o ro-mance “D’amour et d’acier” (“A da-ma e o luxemburguês”, no origi-nal). Os pais do escritor brasileiroeram luxemburgueses de Feulen eDiekirch que emigraram nos anos1940 para Monlevade, em MinasGerais, ao serviço da luxembur-guesa Arbed. Nesses anos, a in-dústria siderúrgica em Minas Ge-rais era uma das jóias da coroa doGrão-Ducado: em pequeno, MarcAndré Meyers lembra-se de entre-gar flores ao príncipe Jean, futuroGrão-Duque do Luxemburgo, du-rante uma visita à localidade bra-sileira de Monlevade.

O escritor e professor de Enge-nharia na Universidade da Califór-nia, hoje com 69 anos, entrevistouantigos trabalhadores e consultoufontes documentais para escrever oromance que conta a saga da emi-gração luxemburguesa para o Bra-sil. Uma história que é também asua, mas sobretudo a da população“de aço” de Minas Gerais, “oitentapor cento de ferro nas almas”, co-mo no poema de Drummond deAndrade recordado pelo escritordurante a apresentação do livro,publicado pelas Edições Saint-Paul.

“Senti que se não contasse estahistória, ela ia desaparecer”, disseMeyers ao CONTACTO.

O romance, inspirado em Ensch,conta a história dos amores do pi-oneiro luxemburguês com umabrasileira de passado controverso,tendo como pano de fundo a sagada indústria siderúrgica no Brasil,nos anos 1920.

Na década de 30, a crise mun-dial leva a Arbed a querer encerrara fábrica, mas Ensch, apaixonadopelo Brasil, recusa.

“A Arbed telefonou-lhe para elefechar a fábrica emMonlevade e elerecusou: pediu empréstimos aosbancos e conseguiu manter a fá-brica aberta”, conta Meyers. Hoje,a fábrica prossegue, agora propri-edade da Arcelor-Mittal.

“Ensch é um herói no Brasil“, de-fende Meyers, mas a saga que ins-pirou o romance, publicado no Bra-sil em 2013, era desconhecida noGrão-Ducado.

DA “LÍNGUA NATAL”À LÍNGUA FRANCA

O livro chegou ao Luxemburgo gra-ças a uma triangulação entre o Bra-sil, o Grão-Ducado e os portugue-ses do Luxemburgo. Em 2013, anoem que a editora brasileira Recordpublica “A dama e o luxembur-guês”, o escritor brasileiro entra emcontacto com o jornal CONTACTO,que publica uma notícia sobre o ro-mance.

O livro acaba dessa forma porchegar às mãos de Sónia da Silva –na altura à frente das Edições Saint-Paul, propriedade do mesmo grupoeditorial do CONTACTO –, que de-cide traduzi-lo para francês, de for-ma a fazer chegar a história aos lu-xemburgueses.

“Quando li o livro, pensei: ’Istotem de passar de forma urgente pa-ra o património literário do Lu-xemburgo’”, conta Sónia da Silva.Como a editora e o escritor têm “amesma língua natal” (uma expres-são que Sónia da Silva prefere a “lín-gua materna”), a ex-jornalista, dou-torada em literatura francesa, deci-de então traduzi-lo para francês.

Sónia da Silva levou cerca de umano a traduzir as quase 400 páginasdo romance, nesta que é a sua pri-meira tradução literária. Um pro-jecto que lhe permitiu fazer uso doPortuguês, o idioma que lhe per-mitiu devolver aos luxemburguesesuma história que faz parte da His-tória do país.

“Poder reabilitar a minha línguamaterna, que tive de deixar de par-te, e que tinha ficado, de algumaforma, anémica, deixou-me muitoorgulhosa”, conta ao CONTACTO.

Pelo meio, a tradutora (hoje res-ponsável do departamento de co-municação do Museu Nacional deHistória e Arte) teve de lutar comexpressões do português do Brasilque desconhecia e encontrar o ca-minho para restituir à versão fran-cesa a musicalidade do português,“uma língua da mesma família”.

“Foi um achado encontrar a Só-nia, quem é que iria fazer essa tra-dução? Ela tem uma grande inteli-gência e sentido crítico, e foi es-sencial neste projecto, que é tãomeu como dela”, elogia o escritorbrasileiro.

Meyers, que nunca perdeu ocontacto com os amigos e familia-res do Luxemburgo, espera que ahistória que escreveu “chegue ago-ra aos luxemburgueses”.

n Paula Telo Alves

Sónia da Silva assina a tradução em francês do romance “D’amour et d’acier”, do escritor brasileiro Marc André Meyers. Uma história inspirada em factos reaisque conta a saga da emigração luxemburguesa para o Brasil Foto: Manuel Dias

Leia e assine

C_1025_LA01_CB

*Exemplo de voo ida e volta reeeservado em www.luxair.pt(inclui refeição a bordo, franqqquia de bagagem e taxas de emmmissão).

Fly in good company

www.luxair.pt

DEIXOU DE SERUM PESO PARA SI!

149€ *IDA EVOLTAALL INCLUSIVE

DESDE

LISBOA E PORTO,23 KG DE BAGAGEMINCLUIDO? FIXE!

14 artes & espectáculos 18 DE MARÇO DE 2015 \\ Contacto

Edite Fonseca trouxe “Daniela ea Pedra Mágica” ao Grão-Ducado

Edite Fonseca apresentou no do-mingo o seu segundo livro infantil“Daniela e a Pedra Mágica” no Sa-lão do Livro, do Festival das Migra-ções, em Kirchberg.

A jovem escritora, de 31 anos, na-tural da região de Sabugal (distritoda Guarda) contou com uma plateiacheia de crianças, muito participa-tivas e entusiasmadas com a obra.O livro narra a história de amizadeentre Daniela, uma jovem de classe

humilde, e Tomás, que pertence àclasse rica, e o pai deste, que não vêcom bons olhos essa amizade. Mascomo o laço é forte, puro e verda-deiro, os dois enfrentam tudo e to-dos e transformam esse sentimentonum amor que vence tudo.

“Tanto no primeiro livro, comoneste segundo, inspirei-me nos lu-gares onde vivi e onde passei a mi-nha infância”, diz Edite, acrescen-tando que se sente muito à vontade

para escrever livros infantis, en-quanto assume ao mesmo tempogosto pelo romance.

“Muita magia” e “fazer com queos mais pequenos viajem para ummundo mágico e maravilhoso” é odesejo da escritora, diz ao CON-TACTO, acrescentando que ambi-ciona com esta obra ilustrada dequase cem páginas, “prender os lei-tores até ao fim”.

“Kassandra, uma infância tumul-tuosa” foi o primeiro romance au-tobiográfico da escritora, que já ven-deu mais de 500 exemplares. A au-tora prepara neste momento a se-gunda edição da obra, o que a or-gulha muito, já que é uma jovem au-tora, pouca conhecida, mas diz quesente estar “a ganhar” o seu lugar“no mundo literário”.

“Aventura estival”, baseado nu-ma aventura de Verão será o ter-ceiro livro de Edite, que esta se pre-para a apresentar no Mónaco, nomês de Agosto.

Ao CONTACTO, a escritora, jor-nalista e professora de português,disse ainda que concilia a suapaixão pela escrita com o trabalhono jornal português LusoInfo, emParis, onde vive e trabalha actual-mente. n Janine Garcia

A jovem escritora, de 31 anos, natural da região de Sabugal (distrito da Guar-da) já lançou dois livros infantis e um romance autobiográfico Foto: J. Garcia

Mais fotos em

José Saraiva falou de“Os medos e a gente”

“ O livro ’Os medos e a gente’ é umatentativa de exploração, porque omedo tanto pode ter uma vertentede atrofio como pode ter uma ver-tente da regulação, do trato daspessoas na sociedade, das leis, nor-mas, etc. Este livro tenta exploraressa dualidade”, disse José Saraiva,que apresentou a obra no domin-go, no Salão do Livro do Festival dasMigrações, em Kirchberg.

O autor, que viveu de perto o“acontecimento histórico” dosatentados do 11 de Setembro de2001 nos Estados Unidos, reconhe-ce não ter usado esse evento paraescrever o livro. No entanto, hásempre uma influência. “Acreditoque haja uma ligação, mas comotudo na vida é mais uma experi-ência” disse o escritor ao CON-TACTO, revelando que na altura do11 de Setembro trabalhava no Con-sulado de Portugal em Nova Ior-que.

“Imagine no dia seguinte aosatentados a quantidade de pedidosde paradeiro, dos familiares emPortugal. Foram dias de intensaprocura para dar resposta a todosestes pedidos”, recorda José Sarai-va, que participou ainda no Gabi-nete de crise de apoio à comuni-dade portuguesa nos EUA.

Com esta obra, o autor faz um re-gresso ao passado. “Há 17 anos queeu não publicava nada. Surgiu estanecessidade de voltar a abraçar apoesia e neste livro eu vou buscaralguns poemas que tinha publica-do em ‘Equilíbrio’ e ‘Pó. É. Mas’. Di-gamos que é um arrumar da casa,

e que seja uma rampa para novosprojectos”, diz o autor, nascido emS. Romão, concelho de Seia.

E o próximo projecto já está emandamento. Vai ser uma nova obrano campo das relações humanas.“Aquilo que eu gosto de abordar sãoas pessoas, os objectivos, as frus-trações, os medos, as alegrias, astristezas”, diz o escritor de 44 anos.

“Não podemos esquecer as pes-soas que estão à nossa volta, as re-lações humanas e familiares. A pri-oridade fundamental é a minha fa-mília, os meus filhos [4 e 6 anos] ea minha mulher. Fazendo aquiloque se gosta, consegue-se conciliara escrita com a vida familiar e a pro-fissão”, disse aquele que é hoje con-tabilista da Embaixada Portuguesaem Haia, Holanda.

O gosto de escrever poesia nas-ceu do descontentamento. “Só es-creve quem está descontente. Quemtiver contente senta-se no sofá a verum jogo de futebol e bebe duas cer-vejas”, diz o autor, que diz ter co-meçado a escrever aos 15 anos.

José Saraiva terminou a apre-sentação do livro com uma sessãode autógrafos no stand da associa-ção Amigos do 25 de Abril. “Com oInstituto Camões e o Joaquim Pra-zeres [director do IC], a escolha in-cidiu sobre o nome de José Saraiva,porque considerámos que devemosdar sempre que possível a oportu-nidade a autores não conhecidos,de virem apresentar os seus livros”,explicou António Medeiros, um dosresponsáveis da associação.

n Ruben Mendes

José Saraiva, à direita, com um dos seus leitores Foto: Ruben Mendes

Mais fotos em

Para celebrar reabertura de nova ala de exposições

Três dias de festa noMuseu de História deArte do Luxemburgo

Depois de ter estado quatro anosem obras, o Museu Nacional deHistória de Arte do Luxemburgoinaugura amanhã uma nova alade exposições com 2.300 m2. Paracomemorar a reabertura da alaWiltheim, o museu vai estar emfesta na sexta-feira, sábado e do-mingo.

Da programação, destaque pa-ra o concerto de Marly Marques.O quinteto liderado pela cantoraluso-descendente nascida no Lu-xemburgo integra o cartaz de es-pectáculos que assinala a inau-guração da nova ala do museu. Ogrupo luso-luxemburguês actuano domingo, às 16h.

De Portugal vêm Joana Amo-rim e Joana Bagulho, que formamum grupo de música barroca (cra-

vo e flauta). As intérpretes de mú-sica barroca portuguesas actuamsexta e sábado às 15h e no do-mingo às 11h e 17h.

No dia anterior (sábado), pelas18h, cabe ao cantor luxembur-guês Serge Tonnar e à sua banda,os Legotrip, animar o final da tar-de no MNHA. Tonnar é dos rarosautores e compositores que es-creve e canta em luxemburguês.

Durante três dias, o museu vaiestar de portas abertas, com visi-tas guiadas à nova ala, momentosmusicais e actividades para cri-anças. Três dias de festa, das 10às 18h, na sexta e no domingo, eno sábado até às oito da noite.

Programa completo na inter-net, em www.mnha.lu.

Monoprix Luxembourg - 3/11 Rue du Fort Bourbon 1249 LuxembourgTelefone : 28 48 711Aberto de Segunda a Quinta-feira das 8h às 20h, Sexta-feira das 8h às 21h,aos sábados das 8h às 19h e aos domingos das 9h às 13h.

MONOPRIX

NA COMPRADE 1 ARTIGO

FESTEJA O PRIMEIRO ANIVERSÁRIO !

ATÉ22 DEMARÇO 2015

EM TODO O PRONTO-A-VESTIR**Oferta aplicada nos artigos mais barato, excepto roupa interior e meias.

O 2°A METADE DO PREÇO

Contacto \\ 18 DE MARÇO DE 2015 artes & espectáculos 15

Valter Hugo Mãe:“Tento transformar a tristeza em arte”

“Tento transformar a tristeza em ar-te”. Foi com esta frase que ValterHugo Mãe resumiu a sua missão nomundo ao público que o foi ver aoSalão do Livro, no Festival das Mi-grações, no fim-de-semana.

O autor português, que recebeuem 2007 o Prémio José Saramago,esteve à conversa com o públiconum ambiente descontraído. Con-fessou à plateia que os seus livros“se distinguem muito uns dos ou-tros” e que o processo de escrita éinfluenciado pela leitura de “en-saios, pensamento e filosofia”, ten-do atingido em termos criativos umnível de exigência que lhe “destróio desassossego”.

Actualmente, a iniciar o seu sé-timo romance, o autor de “A De-sumanização”, “Apocalipse dosTrabalhadores” e “A máquina defazer espanhóis” confessou algu-mas das dificuldades da escrita, co-mo o facto de estar constantemen-te a “ligar-se a coisas que já se es-creveu” ou a dificuldade em acer-tar a estética do livro. Disse aindaque não faz “planos para o livro (...),a maturação do pensamento é quevai ditar a historia”.

A propósito de “O Apocalipse dosTrabalhadores”, romance de 2008que narra a história de duasmulheres-a-dias portuguesas que seapaixonam por dois homens dife-rentes, um dos quais de origemucraniana, algumas pessoas do pú-blico confiaram terem-se sentidotocadas pela história, que descreve

também as dificuldades da emi-gração, quer para os que emigram,quer para os familiares que ficamno país. “Estas foram as páginasmais bonitas que pude escrever”,admitiu o escritor. Este livro é uma“crítica feita a nós” enquanto terrade emigrantes que recebeu no pas-sado vagas de cidadãos ucranianos

e brasileiros e que não foi capaz deos acolher de forma positiva, naopinião do escritor.

Um facto que, para Valter Hugo,“mais do que ofensivo, é burro”.

O segundo livro de que ValterHugo falou foi o seu último ro-mance, “A Desumanização”, quetem lugar na Islândia. “Acho que é

o meu melhor livro”, admitiu, ex-plicando a sua admiração pessoale contando mesmo algumas pas-sagens que lá viveu como turista,numa terra onde “a primeira dis-ciplina é a aprendizagem da soli-dão”.

O escritor, de 44 anos, de Vila doConde, desenvolve outras activida-des artísticas para além da escrita.Neste encontro falou também dasua paixão pelo rock e pelo dese-nho. “Em relação à música mudeide sexo”, disse, em tom irónico,referindo-se a uma passagem porestilos diferentes. Já foi vocalista deuma banda de rock (os “Governo”),mas actualmente prefere escutarmúsica clássica.

Enquanto desenhador ValterHugo disse simplesmente que de-senha “muito mal”, mas disse ter si-do descoberto por acaso enquantorabiscava para matar tempo numasala de espera de hospital. Acaboupor ser contactado por um galeristae fazer uma exposição, mas actu-almente desenha apenas a título in-formal. “Adoro as artes plásticas,mas não sou artista plástico”, disse.

n Lydia Guardado

“Sou uma pessoamuito séria e atésubstancialmenteantipática”. Afrase de ValterHugo Mãe éapenas meio cer-ta – a simpatiado escritor é umacaracterísticaóbvia.Foto: Lydia Guardado

Mais fotos em

“Frantuguês”foi a língua mais

falada por José Cruz

Em estreia no Grão-Ducado, o hu-morista José Cruz apresentou nosábado, na Abadia Neimënster, oseu primeiro one-man-show, “Olá!”.

Com simpatia contagiante, o hu-morista de 37 anos, nascido emPoissy (França), falou-nos num so-taque muito próprio, da sua paixãopela stand-up comedy e dos ob-jectivos do seu espectáculo, actu-almente em digressão pela Europa.

“Desde muito cedo que falo comos meus pais uma mistura entre oportuguês e o francês. Comecei porbrincar com a confusão que isso ge-ra e decidi escrever o meu primeiroshow sobre isso, mas também falarum pouco de mim, revelar quem éo José Cruz”, diz o humorista, paraquem o facto de actuar em portu-guês também é uma forma de nãoperder as suas raízes.

O actor trouxe para o palco vá-rias personagens e exprimiu-se em“frantuguês”, como popularmentese apelida a mistura entre francês eportuguês que os emigrantes falamem França. Quando lhe perguntamse é português ou francês respon-de: “Sou tosta mista”. O humorista

brincou ainda com a confusão queos nomes e apelidos portuguesesprovocam nos franceses e luxem-burgueses. O actor não hesitou emusar e abusar do “frantuguês”, comexpressões como “Oh Maria, ondeestá a ’poubela’? Olha… talvez no li-xo!”, ou “Oh menina, desculpe in-comodar, eu quero prender orendez-vous”, ou ainda “Estou aprecisar de ’vacanças’ mas entre-tanto vou ali pedir uma ’tranche dejambon’”.

“O meu espectáculo é sempreuma representação única, nunca éigual pois a interacção com o pú-blico é sempre diferente. O públicoportuguês pode ser uma loucura”,disse ao CONTACTO o actor, queencenou inúmeros episódios tea-trais que arrancaram gargalhadasdos espectadores, que eram sobre-tudo portugueses.

O espectáculo de José Cruz veiointegrado no Festival Humor pelaPaz.

O calendário de actuações do ar-tista pode ser consultado na sua pá-gina oficial no Facebook.

n Patrícia Marques

Este espectáculo marcou a estreia do actor no Luxemburgo Foto: P. Marques

Mais fotos em

OS SEUS PRODUTOS PORTUGUESESPREFERIDOS EM EXCLUSIVO NA DELHAIZE