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PUBLICAÇÃO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE DISTRIBUIDORES VOLKSWAGEN ANO 30 • Nº 244 MAIO 2007 É a vez de um brasileiro compacto para os ricos europeus JAPÃO milenar e futurista ENTREVISTA Maílson da Nóbrega

Washington Sorio

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Clima Organizacional. Revista Showroom No. 244 - Maio 2007

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É a vez de umbrasileiro compactopara os ricos europeus JAPÃO

milenar efuturista

ENTREVISTAMaílson da

Nóbrega

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rês assuntos relacionados pautam esta edição de Showroom. O crescimento da economia

nacional, considerado bom pelos analistas mas ainda tímido pelo potencial do País, a

oportunidade que o setor automotivo está deixando para os orientais de projetar,

desenvolver e colocar no mercado internacional um “carro verdadeiramente popular” e os

inúmeros interesses que o Japão oferece ao mundo, entre eles, o de ter tirado o primeiro

lugar da GM como o maior fabricante de veículos do mundo. Todos os temas têm um

fundo econômico consistente e aspectos curiosos de conhecer. A intenção foi oferecer

uma leitura agradável com boa dose de informações. O ex-ministro da Fazenda, Maílson

da Nóbrega, é o entrevistado na seção Gente, e fala, com sua conhecida clareza e

simplicidade, por que o Brasil não vai crescer o quanto gostaríamos, mas ainda assim

está otimista em relação ao futuro. Nessa mesma linha de raciocínio caminha a matéria

sobre o setor automotivo. O Brasil tem tudo para colocar no mercado internacional um

veículo verde-amarelo bom e barato. Tem engenharia, mão-de-obra competente e a

bom preço e parque industrial suficiente para criar, desenvolver e produzir em larga

escala um automóvel com a marca Brasil. Segundo o consultor da Ronald Berger, Wim

van Acker, o País está perdendo a chance de sair na frente de países como a China e a

Índia, que têm também condições de fazer isso, mas vêem comprometida, por

enquanto, sua produção ao mercado interno. Exportador conhecido e respeitado, com

capacidade ociosa em suas unidades industriais, o Brasil poderia suprir essa lacuna.

Do oriente também vem o terceiro tema desta edição. Falamos do Japão, esta

superpotência nascida em território pobre, que há tempo é a segunda economia mundial

e exemplo de determinação, disciplina, estudo e perseverança. Entre as inúmeras belezas

exaltadas na seção A Passeio, as qualidades e conquistas do Japão e do povo japonês

sintetizam-se na obtenção do primeiro lugar mundial no ranking de fabricantes de

veículos, posição que vinha sendo ocupada pela estadunidense GM há 73 anos.

Boa leitura.

Conselho Editorial

SOBREECONOMIA E O ORIENTE

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CartasExpediente

PUBLICAÇÃO MENSAL DA

Ano 30 – Edição 244 – Maio de 2007

Conselho EditorialAntonio Francischinelli Jr. , Carlos Alberto Riquena,Evaldo Ouriques, Juan Carlos Escorza Dominguez, Mauro I.C. Imperatori e Silvia Teresa Bella Ramunno.

Editoria e RedaçãoTrade AT Once - Comunicação e Websites Ltda.Rua Itápolis, 815 – CEP 01245-000 – São Paulo – SPTel (11) 5078-5427 / 3825–[email protected]

Editora e Jornalista ResponsávelSilvia Teresa Bella Ramunno (13.452/MT)Redação - Rosângela Lotfi (23.254/MT)

Projeto Gráfico e Direção de ArteAzevedo Publicidade - Marcelo [email protected]

PublicidadeDisal ServiçosMaria Marta Mello GuimarãesTel (11) [email protected]

Impressão Gráfica Itú

Tiragem 6.000 exemplares

Revista filiada à ABERJPermitida a reprodução total ou parcial, desde quecitada a fonte.As matérias assinadas são de responsabilidade doautor e não refletem necessariamente a posição daAssobrav.Registro nº 137.785 – 3º Cartório Civil de PessoasJurídicas da Capital de São Paulo.

AssobravAv. José Maria Whitaker, 603CEP 04057-900São Paulo – SPTel: (11) [email protected]

Diretoria ExecutivaPresidente: Elias dos Santos MonteiroVice-presidentes: Carlos Roberto Franco de Mattos Jr.,Evandro Cesar Garms, Heloisa Souza Ribeiro Ferreira,Luiz Sérgio de Oliveira Maia, Mauro Pinto de Moraes Filho, Mauro Saddi, NiloAugusto Moraes Coelho Filho, Rogério Wink e WalterKeiti Yaginuma.

Presidentes dos Conselhos RegionaisRegião I: Rodrigo Gaspar de FariaRegião II: Luiz Alberto RezeRegião III: Roberto PetersenRegião IV: Carlos Francisco RestierRegião V: João França NetoRegião VI: Ignacy GoldfeldRegião VII: André Luiz Cortez Martins

Conselho de Ex-PresidentesSérgio Antonio Reze, Paulo Pires Simões, João CláudioPentagna Guimarães, Orlando S. Álvares de Moura,Amaury Rodrigues de Amorim, Carlos Roberto Franco de Mattos, Roberto Torres Neves Osório, Elmano Moisés Nigri e Rui Flávio Chúfalo Guião.

Foto de capa: lafstudio/divulgaçãoComputação Gráfica: Filipe Azevedo

O ESTETAMuito simpática e oportuna aentrevista com o ótico MiguelGiannini, personalidade dasmais conhecidas e queridas emSão Paulo (Edição 242 – março2007). Ele mostrou como épossível manter um negóciopróspero e digno por mais de40 anos, sem ceder àspressões da globalização. Alémdisso, ele deu mostras dogrande ser humano que é.Parabéns pelo exemplo de vidapessoal e profissional.Ricardo MendonçaSão Paulo – SP

“A ÍNDIA QUE VEJO”Excelente o depoimento doempresário Vittorio RossiJunior (VW Primo Rossi – SP)sobre a Índia (Edição 242 –março 2007). Ele tocou ospontos cruciais que devemlevar uma pessoa a conheceresse maravilhoso país, semdemagogia e misticismo. Paula R. Bastos São Paulo - SP

WEB 3.0Super educativa a matéria decapa da última Showroom“Vem aí a Web 3.0” (Edição243 – Abril 2007),especialmente porque alerta asempresas a prestarem maisatenção aos internautas, ouseja, àquelas pessoas que secomunicam muito pela rede.Mesmo sendo uma

microempresária, não deixode checar os sites, blogs oucomunidades que “detonam”as empresas ou marcas.Antes de cair na boca dopovo, é preciso estarpreparada para a defesa!Maria Lúcia MendezRio de Janeiro – RJ

POLVO À MODAANTIGASão incríveis as receitasdivulgadas pela cozinheiraIsabel Caldeira (Seção MesaPosta, pág 42) naShowroom. Mesmoparecendo complicadasnuma primeira leitura, elassão simplérrimas de fazer, eo mais bacana é que fogemdo lugar comum. A últimareceita dada por ela “Polvoà moda Antiga” (Edição 243– Abril 2007) ésimplesmente divina, bastater um bom fornecedor depeixes.Ana Georgette São Paulo - SP

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE DISTRIBUIDORES VOLKSWAGEN

FÃS DE YASUSHIARITAAqui em casa somos seismulheres e todas somosfãs do consultor YasushiArita. Sempre que possívelassistimos às suaspalestras e lemos seuslivros, mas mesmo assimgostaríamos de externarnossa admiração por ele.Lendo o seu artigo“Homem X Mulher – podehaver igualdade entrediferentes?” na últimarevista (Edição 243 – Abril2007) ficamos ainda maissensibilizadas com suavisão feminina e altruístado mundo. Parabéns porcontarem com umcolaborador como ele.Suzete, Sônia, Silmara, Selma,Solange e Sandra MaranhãoSão Paulo - SP

SHOWROOM NASRECEPÇÕES DASCONCESSIONÁRIASParabéns pela maravilhosae bela publicação mensalda Assobrav. Tive aoportunidade de conhecê-la e o prazer de ler aedição do mês de março2007. Gostei muito do quevi, por isso gostaria derecebê-la mensalmente.Maria do Socorro de AlmeidaRecife - PE

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N.R.: Recordamos que para receber Showroom mensalmente basta solicitar por e-mail([email protected]) ou carta (Assobrav – A/C Comunicação - Av. José Maria Whitaker, 603– CEP 04057-900 – São Paulo – SP) o seu envio.

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Sumário

3 RECADOA mensagem do Conselho Editorial.

6 QUEM PASSOU POR AQUIAmigos e personalidades que visitaram aAssobrav e o Grupo Disal.

8 GENTEMaílson da Nóbrega, o economista queantecipa os fatos sem bola de cristal.Experiência na vida pública, bom senso,objetividade e muita análise. Estas são asferramentas que o ex-ministro da Fazenda eseus sócios na “Tendências” utilizam paracontinuar acertando nas previsões. Nestaedição, Maílson fala da economia brasileira,da internacional e de um tema específico: ofuturo das cooperativas de crédito no Brasil.

12 CONSULTA SEBRAEAs dicas e as opiniões dos consultores doSEBRAE.

13 RHPara entender de gente não basta conhecerumas poucas regras gerais (às vezes, atéultrapassadas) e com elas acreditar que sepode obter boa produtividade.

14 OUTLOOKNovidades, comentários e lançamentos dosetor automotivo.

15 MOTIVAÇÃO“Atualmente torna-se cada vez maisnecessário à área de Recursos Humanosmensurar suas ações através deprocedimentos que possam respaldar ao

máximo sua atuação nas organizações. Oobjetivo é transformar a área num RHestratégico cuja atuação esteja alinhada aosplanos de negócio.

16 SETORProduzimos e exportamos carros, mas nãosomos reconhecidos como jogadoresimportantes no comércio mundial deveículos. Por quê? Falta ao Brasil promovera marca ‘carro brasileiro’. É preciso olhar omercado externo com atenção constante enão só como projeto de curto prazo paraganhar dinheiro quando o mercado internoestá recessivo. Em outras palavras: urgepavimentar um caminho para inserir, defato, a indústria automotiva brasileira nomercado global.

24 BANDEIRAA Volkswagen no Brasil e no mundo.

30 A PASSEIOJapão, a “Terra do Sol Nascente”. Caro, sim,mas um dos destinos que merecem servisitados mesmo que for preciso sacar odinheiro da Poupança. O Japão não é só asegunda economia do mundo, a terra datecnologia de ponta e das últimas novidadesem todos os campos do conhecimento. OJapão é tradição, arte, singeleza; umacultura milenar que não deixa indiferentenem mesmo quem não curte História. Oscastelos, templos e os parques são apenasalguns dos aspectos que levam o turistaexigente ao Japão, porque lá também seencontra muita diversão. Nas alucinadasnoites de Tóquio, nas estações de esqui, nos

festivais que acontecem na primavera e noverão, tudo isso é proporcionado ao turistacom absoluta segurança e seriedade. OJapão, além de lindo, é um lugar para servisto como exemplo.

36 ADMINISTRAÇÃO“O custo de capital de uma empresa é umamédia ponderada dos custos dos recursospróprios e de terceiros utilizados pelaempresa. É muito importante ter em menteeste número, mesmo sabendo que se tratade uma aproximação.”

38 FREIO SOLTOA opinião, a crítica e a ironia do jornalistaJoel Leite.

40 NOVIDADESO que há de novo em eletrônica digital,periféricos de informática e outrasutilidades.

41 LIVROS&AFINSA resenha do livro “A empresa Sustentável”,lançamento da Campus/ Elsevier, dosautores Andrew Savitz e Karl Weber e acrítica ao filme “Alpha Dog”, o novo deNick Cassavetes; uma história real.

42 VINHOS&VIDEIRASA opinião abalizada de Arthur Azevedo,presidente da Associação Brasileira deSommeliers - SP.

42 MESA POSTAHistórias de receitas e de cozinheiros.

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Quem passou por aqui

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Cesar Álvares deMoura, da VWSavol (S. André),em um de seusirretocáveisternos italianos,para mais umencontro com osconcessionáriosde São Paulo...

O Basy´s man daVolkswagen,Daniel Proença,para mais umarodada deaperfeiçoamentodo sistema...

DécioCarbonari deAlmeida,diretor deServiçosFinanceiros(BancoVolkswagen),que semprepassa poraqui...

Cleide SimõesVideira Cozzi,da VW Marte(SP),surpreendidaao retocar amaquiagem,em visitaoficial àAssobrav...

O simpaticíssimo gerente de Planejamento daRede (VW), Álvaro Gomes, curtindo um minutode folga entre uma tarefa e outra...

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GeorgeMelissopoulos,gerente de pós-venda da VWAlta (SP), parasimbolizar o“piloto” daGarantia semMarcação deTempo...

Marco Tondeli, gerente do Programa de Vendas daVolkswagen, em pose rápida para a coluna, antes deretornar à costumeira reunião mensal de ação de vendas...

O esportista Valter de Souza Mesquita, da VWBiguaçu (SP) e sua habitual paz de espírito, paraacompanhar as útlimas decisões da UNI...

Um dos raros registros doreservado diretor presidentedo Grupo Sabrico (SP),Francisco José FernandesValgode, especialmente paraa coluna...

José RobertoBacchin, da VWMorumbi Motor(SP), correndopara anotar aestratégia daúltima campanhade vendas...

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Gente

omo se sabe, Maílson foi funcionário público de carreirae tem o mérito, entre outros, de ter sido um dos primeirosanalistas a dizer claramente a um ministro e indiretamente aum presidente da República que a privatização das empresasestatais era ponto crucial para o destravamento da economiabrasileira. Os tempos, evidentemente, eram outros, bem maisdifíceis e sombrios: inflação de três dígitos e contas públicassem controle. Isto aconteceu em meados dos anos 80,quando Nóbrega era Secretário Geral do Ministério daFazenda, depois de ter ficado anos no Banco do Brasil eocupado vários cargos no Ministério da Indústria e Comércio.A ascensão de Maílson ao posto maior da Fazenda também sedeu nessa época. O ministro da Pasta então era BresserPereira e o presidente, José Sarney. Bresser acabou deixando ogoverno em 1987 porque Sarney sequer cogitou analisar a

possibilidade de dar início a um processo de privatizações.Com isso, Maílson da Nóbrega passou a ser ministro daFazenda naturalmente, e com muitos problemas pararesolver. Esta experiência – certamente a mais relevante desua vida pública - serviu para comprovar não apenas suacompetência técnica, mas um estilo muito objetivo de ser ede dizer as coisas. Ao contrário de muitos de seus colegas,Maílson vai direto ao ponto. Não é do seu feitio dar voltas eprefere as expressões simples. Em suma, é um economistaque fala português. Nesta entrevista à Showroom, cujo temaprincipal era o futuro das cooperativas de crédito no Brasil, oex-ministro não titubeou em dizer que o caminho naturaldesse segmento é seguir o modelo europeu, com a mesmaindependência e o profissionalismo dos bancos, no fim, seunatural e real propósito, mas também não deixou de falar

MAILSON DA NÓBREGA“Se não fosse assim, não seria o Brasil”

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O economista Maílson daNóbrega, homem cordato,com levíssimo sotaqueparaibano, é um dosnomões que formam oquadro da TendênciasConsultoria Integrada,uma das mais conhecidasempresas do País nosegmento e apontada porboa parte da imprensacomo a que mais acertaprognósticos.

O economista Maílson daNóbrega, homem cordato,com levíssimo sotaqueparaibano, é um dosnomões que formam oquadro da TendênciasConsultoria Integrada,uma das mais conhecidasempresas do País nosegmento e apontada porboa parte da imprensacomo a que mais acertaprognósticos.

Por Silvia Bella

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Não. A experiência mundial mostra que o espíritoassociativo que fez nascer a cooperativa permanece mesmoem uma estrutura maior e mais forte como o banco.Porém, o que precisa mudar na cabeça dos cooperativados,dos associados, é que não será mais possível ter asbenesses das cooperativas, como a isenção de impostos.Os grupos ou entidades que quiserem se cooperativarprecisam estar conscientes que devem respeitar essas novascondições, pertinentes a qualquer banco.Insisto. Não seria uma pena – para os associados - perderesses benefícios que as cooperativas permitem?Veja, na origem a idéia é excelente, mas as cooperativasjamais poderão competir com a força de captaçãofinanceira, da eficiência, da tecnologia que têm os grandesbancos. Quer dizer, “pena” seria perder as possibilidadesque os bancos têm de ganhar dinheiro!Essa idéia romântica que às vezes as empresas têm de queas cooperativas são soluções mais baratas, na verdade podese revelar uma injustiça. Por exemplo, num condomínio,quando alguns moradores não pagam as mensalidades, osoutros precisam cobrir a parte desses inadimplentes. Nacooperativa tradicional é pior ainda, porque osinadimplentes sequer são penalizados com multas oujuros, como ocorre nos condomínios. Esse tipo decamaradagem precisa desaparecer. Então, o que emprincípio parece ser um benefício, acaba sendo umatransferência de renda injusta! Nessa situação, oscapitalizados vão preferir aplicar seus recursos em umbanco qualquer onde obterão rendimentos sobre o seuinvestimento... Vamos falar um pouco da economia nacional? Parece quetudo vai bem...Nós estamos entrando para o clube de países com PIBelevado e existe uma trajetória de crescimento. Veja o setorautomotivo, que é um termômetro excelente da economia.Os fiananciamentos de veículos devem ficar mais baratosneste ano. Os juros anunais cobrados pelos bancos podemchegar a 31%, e como se sabe, quase 85% do custo dessecrédito depende da Selic, que está em queda. De fato, nosúltimos quatro anos os juros baixaram 22 pontospercentuais – e poderiam ter caído mais se os bancos nãotivessem aumentado o spread (a diferença entre o custo dodinheiro para a instituição e a taxa cobrada do tomadorfinal) -, mas como acredito que a competição entre osbancos deve crescer ainda mais, a tendência é que ospread diminua.O senhor então confirma a previsão otimista do setorautomotivo?Certamente. Neste ano a indústria automobilística deveráproduzir 2,8 milhões de unidades, uma marca inédita, eboa pare do volume será vendida internamente, graças aocrédito, sem contar que o País surge como maior potenciana energia limpa.O mesmo vai acontecer no setor imobiliário. O volume definanciamento para a compra de imóveis dobrou em 2006e estamos no limiar de uma explosão imobiliária, o que émuito bom sinal, com crescimento previsto de 20 a 30%ao ano e taxa de juros razoáveis. Na seqüência, vaideslanchar a segurança jurídica que atesta a confiabilidadedo sistema. 9

sobre a economia brasileira e a mundial e antecipar,acertando na mosca, o que o Relatório do Fórum EconômicoMundial – Latin América@Risk mostraria uma semanadepois na imprensa.

Revista Showroom: Por que durante tanto tempo ascooperativas de crédito tiveram uma imagem tão ruim?Maílson da Nóbrega: Na década de 60, as cooperativas decrédito - instituições de investimento de grupos - tiveram aimagem comprometida porque representavam os interessesde “classes”, notadamente da classe política. Muitoscooperativados foram literalmente enganados com relação aseus investimentos, a turma dirigente se vendia e aos olhosdos órgãos reguladores essas instituições não eram nada alémdo que bancos disfarçados – e o pior – com as benesses dascooperativas. Por isso eram mal vistas.Mas também se dizia que as cooperativas eram excelentespara os cooperativados...Sim, de certa forma, mas o propósito era distorcido. O Bancodo Brasil, por exemplo, usava as cooperativas para repassarempréstimos aos cooperativados com vantagens, tendocustos reduzidos. Com isso, não só as cooperativas eramvistas como um apêndice do Banco do Brasil, como o Bancodo Brasil – naquele paternalismo – também tinha suaimagem comprometida. O fato é que o modelo dascooperativas no País foi uma cópia mal feita das cooperativasda Europa, formadas durante o século XIX.E hoje, as cooperativas correspondem ao que se esperadelas?O sistema amadureceu. Consolidou-se a idéia de que ascooperativas - na sua origem, um grupo de pessoas que secotizam - tenham sua base no sistema francês, fortalecidocom a ação do eficiente “Crédit-Agricole” que lá norteou ocooperativismo moderno, focado no crédito rural e, como sesabe, obtendo excelentes resultados para os cooperativados epara a própria instituição. Então, hoje, as cooperativas noBrasil voltaram a ser bem vistas, e digo mais: estamoscaminhando para o sistema alemão, holandês ou japonês,isto é, um sistema nacional onde existem cooperativassingulares (de grupos) mas que estão ligadas a instituiçõesregionais e estas, por sua vez, a um banco. O senhor quer dizer que o caminho natural das cooperativasde crédito é se transformarem em bancos?Sim. Elas só têm a ganhar com isso. Por exemplo, ascooperativas ligadas à Unimed são tratadas de maneiraprofissional. Ora, tendo já uma estrutura desse porte, o queas impede de se tornarem um banco no futuro? Elesganharão se fizerem isso, porque o banco passa a gerir deforma centralizada e extremamente profissional a gestão derisco, a formação de pessoal capacitado e a criação deprodutos, como a venda de seguros e outros benefíciosfinanceiros. Além disso, os bancos são super bemrelacionados, participam de conferências internacionais quelhes asseguram um conhecimento técnico e prévio de muitosmecanismos que podem ser altamente rentáveis. Na Europa isso já acontece. O Sistema de CréditoCooperativo tende a ser mais forte, como os grandes bancos.Mas nessa situação as cooperativas não perdem o seu foco,isto é, trabalhar para os cooperativados que se uniram paracriá-las?

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dívidas, conferido pelas agências internacionais declassificação de risco. Por ora, o País está dois degrausabaixo desse nível, no qual já se encontram México e Rússia.Mas, enfim, este selo abrirá para o Brasil, por exemplo, osbem recheados cofres dos grandes fundos de pensão,impedidos de aplicar dinheiro em países consideradosinseguros. Estima-se que com o “Grau de Investimento”, oPaís passe a disputar um montante de recursos 17 vezesmaior no mercado internacional. E uma evidência de que anossa promoção deve estar próxima é a queda vertiginosa doRisco-País, que pela primeira vez chegou a ficar abaixo damédia do risco do bloco dos emergentes. Outra evidência éque este selo já foi concedido a algumas empresas nacionais,como Ambev, Gerdau e Aracruz, o que lhes garante avantagem de desfrutar de um custo de capital menor.Bem, mas esta “evolução de imagem e credibilidade doBrasil” vem sendo conquistada aos poucos...Claro. Com a política monetária de 1995 a 2000 e aimplantação da Responsabilidade Fiscal, o Banco Central e agestão fiscal começaram a adquirir transparência, comoacontece nos países do primeiro mundo, e aí o Brasil ficouprevisível. Por isso os analistas acertam mais do 90%, isto é,nós nos baseamos em como o Banco Central opera e pelatransparência de como os dados chegam até nós.Resumindo: o Brasil começou a ser um país maisnormal...(risos)O quanto pesa nesse processo a conscientização dasociedade brasileira?Muito. A sociedade brasileira passou a tomar ojeriza àinflação e não só, exigiu a imprensa livre, que por sua veztem feito o seu papel muito bem. Quer dizer, hoje é tudomuito diferente, embora a sociedade não o percebaclaramente porque as mudanças em sociedades sofisticadas,complexas, são naturalmente lentas. Mas veja, hoje nóstemos restrições efetivas ao arbítrio. O presidente ainda temo poder - como gostaria o vice José de Alencar – (risos) deinfluenciar no Banco Central mas isso teria um custo muitoalto. Uma decisão assim seria totalmente equivocada porquetoda a sociedade perceberia o erro em questão de segundos.A mídia divulgaria o fato, os analistas e os mercadosantecipariam as conseqüências desse erro e os investidoresretirariam o dinheiro. Com isso, cairia a diretoria do BancoCentral. Aliás, ela própria seria demissionária porque aquelesprofissionais não estão lá pelo dinheiro que ganham -receberiam muito mais na iniciativa privada – mas paracontribuir com o seu país e não queimariam seus nomes se opresidente impusesse alguma coisa. Então, o presidente sabeque seria uma ação com conseqüências desastrosas para aeconomia. Mandar o Banco Central tomar alguma decisãoque favoreça a grupos seria absurdamente equivocado, seriaum verdadeiro suicídio político.Não corremos este risco, então?Verdade seja dita, o presidente Lula é um dos poucospetistas a entender este processo. Ele sabe que a inflação é

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A Bolsa de Valores também é um termômetro, ainda quemais sensível a chuvas, trovoadas e espirros demagnatas...Sim e a Bolsa também vai de vento em popa. Ela vembatendo recordes e o Risco-País atingiu seu menor patamarhistórico. Os investidores estrangeiros parecem acreditarque há um bom futuro no Brasil. E realmente, temosempresas de primeiríssima linha, um sistema financeirosofisticado... Há três anos ninguém queria investir na América Latina,hoje começamos a correr no ritmo dos caras, emboranossas mazelas ainda sejam um Estado hiper atrofiado quesufoca as empresas, uma burocracia que aniquila oempreendedorismo, uma infra-estrutura de terceiro mundo,uma Justiça que não garante um mínimo de regras aosnegócios e esforços insuficientes na área de educação.Puxa, com tudo isso ainda por fazer, nem sei como osenhor pode ser otimista...Mas, veja, o tempo tem mostrado que os otimistas acertammais que os pessimistas, por isso nós, da Tendências,ganhamos novamente o título da consultoria que maisacerta...e nós somos otimistas – e não ufanistas - só porquenos baseamos em análises e na teoria que atribui àsmudanças estruturais feitas no País, a melhora. Éinquestionável o fato de que o Brasil está evoluindo muitono campo estrutural. Há ainda muito que fazer, como vocêdisse, mas algumas coisas já feitas fizeram muita diferença –e isso vem desde os anos 80 com a separação do BancoCentral do Tesouro. Hoje o Banco Central é um bancomesmo. Quer dizer, apesar da resistência da época, eleevoluiu e contribuiu para a estabilização monetária com oPlano Real.O quanto a onda de crescimento no mundo todo não éresponsável – ou a grande responsável – pelo nosso bomdesempenho?É fato que o mundo vive hoje uma das fases mais pujantesdo pós-guerra. Este é o sexto ano consecutivo decrescimento firme, e segundo dados internacionais, aeconomia global deverá crescer 5% neste e no próximoano, com os Estados Unidos e a China como principaismotores. Agora, o bom é que neste cenário o Brasil ganha.Apenas para se ter uma idéia, há apenas seis anos, o saldocomercial do País, atualmente na faixa de 40 bilhões dedólares anuais, era de três bilhões. As reservas acumuladaspelo Banco Central já são superiores a 110 bilhões dedólares com perspectiva de subir até 150 bilhões no finaldo ano. Isto é uma garantia histórica que faz toda adiferença aos olhos dos investidores estrangeiros. Em suma,os riscos de uma nova crise diminuíram sensivelmente.O que isto significa em termos práticos?Este cenário estimula os prognósticos de que o Brasil estejapróximo de receber o título de “Grau de Investimento” –uma espécie de aval sobre a capacidade de pagamento das

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escolaridade média do brasileiro é de 6 anos. Mas essadeficiência é histórica e tem muitas causas. Uma delas éaté curiosa. Os Estados Unidos, que têm a taxa mais altade alfabetização do mundo, conseguiram isso graças àdeterminação de que todo cidadão deveria ler a Bíbliarotineiramente e isso significava não ter a intermediaçãode outro – um padre, pastor ou professor. Por essa razão,eles não só aprenderam a ler perfeitamente como ainterpretar o que liam. Isso aconteceu em 1800, então elestêm uma vantagem secular sobre nós e sobre a maioria doshabitantes do planeta.No Brasil, na mesma época, saber ler era irrelevante para amão-de-obra produtiva. Hoje é diferente. Somos um paísmuito mais sofisticado, a ponto de o Brasil do século XXIser incapaz de gerar um novo Lula. Hoje, dificilmente umoperário chegaria à presidência.É possível tirar esse atraso histórico?Claro que sim, mas é preciso estar consciente de que anatureza não dá saltos. O progresso é algo gradativo. Ogoverno autoritário no Brasil perdeu muitasoportunidades. Na década de 70, com a crise do petróleo,o jeito teria sido abrir a economia, mas o que fez ogoverno? Exatamente o contrário: fechou, porque era ateoria desenvolvimentista. Pegamos o trem para trás. Em88, o mesmo aconteceu com a Constituição. Foi votadauma Constituição à antiga, então, perdemos a chance duasvezes de pegar o trem pra frente, para a modernidade, eisso nos causou um atraso em relação aos outros paísesque é demorado de tirar, mas é possível.Pegamos o trem certo agora?Agora estamos com o trem na direção certa. Os temposmudaram, o mundo mudou, então não há jeito de deixaro País na mão de uma só pessoa ou nas mãos de meiadúzia de tecnocratas. Nos anos 70 o Estado poderiamandar, mas agora não dá mais. Eu diria que estamos numa transição, onde o novoconvive com o velho e a esperança é de que o novoprevaleça sobre o velho, porque ele gera mais legitimidade.A previsão?Economia crescendo na média de 4%. Poderíamos crescer5 ou 6%, mas tá bom assim... (risos). Se o crescimentofosse de 6%, o Brasil seria um país de primeiro mundo edaí não seria o Brasil. A inflação vai ficar entre 3 a 4%pelos próximos quatro anos e a desvalorização cambialainda vai demorar um pouco, assim como os juros aindavão ficar “altos” por mais um ou dois anos. Como o Lula não pode comprar briga com a população,ele se contenta em crescer 4%, que dá para levar. E elesabe que as grandes mudanças são impossíveis de fazer nocurto prazo, então, vai levando... Agora, o interessante éque o legado dele não será o PAC. O mérito dele não seráo Bolsa Família, mas a estabilidade, porque “pela primeiravez na história deste País” – e aí ele tem razão em dizer oseu famoso jargão - os pobres ficaram mais ricos que osricos. Lula será lembrado pelas coisas que não fez, comonão ter mexido na política econômica, e nós estamoscolhendo os frutos dessa sua decisão.

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ruim para os pobres enão para os ricos. Ele e seus assessores

sabem que acertam não porque sejam excepcionaisgovernantes, mas porque tomaram a decisão correta demanter a mesma política econômica, que entrou em vigor há16 anos. Isto é um mérito deles. Então, a criação de umambiente democrático, com metas de combate à inflação esuperávit primário são grandes coisas. Assim como o Estadoassegurar um ambiente propício ao investimento e na defesada renda dos menos favorecidos.Sabemos o qual é a lição de casa a fazer, mas a queixa dasociedade é que ela está muito demorada... O Brasil mudou muito nos últimos 20 anos, o que para aHistória é nada. Mas, é verdade, ainda faltam açõesfundamentais como a Reforma Tributária, a Política e aTrabalhista. Porém, essas coisas são difíceis de fazer em umou dois governos. Isso exige um esforço muito grande, umesforço gigantesco e como dizia Ronald Coase, Nobel deEconomia em 91, “As mudanças institucionais em paísesdemocráticos são lentas”. De qualquer forma, o conjunto depequenas coisas que já conquistamos - a estabilidade, aabertura – embora ainda sejamos fechados na economia -, aprivatização – embora ainda haja muito a fazer -, tudo isso,mais a Lei das Falências, a Lei da Responsabilidade Fiscal, acriação do COPOM, tudo isso junto, está promovendo ocrescimento e o desenvolvimento do País.Mas o desenvolvimento da Nação passa pela Educação, algoque nos envergonha internacionalmente...É verdade, tanto que menos de 10 milhões de brasileiroslêem jornal, o que significa que a esmagadora maioriasequer tem idéia do que estamos falando. Pior ainda seconsiderarmos outro dado estatístico: o de que a

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Consulta Sebrae

Como umESTOQUEELEVADOpode comprometer o saldo de caixa

V árias podem ser as razões para que o caixa se encontrecom saldo negativo, por exemplo:• A EMPRESA DANDO PREJUÍZO;• OS SÓCIOS INVESTIDORES DISTRIBUINDO LUCROS ALÉM DO POSSÍVEL;• A EMPRESA INVESTINDO EM BENS FIXOS COM RECURSOS DO CAIXA;• CONTAS A RECEBER AUMENTANDO;• ESTOQUE CRESCENDO MÊS A MÊS.

Nas empresas industriais e comerciais, principalmente, oestoque em crescimento pode representar fonte de problemaspara o caixa, pois se este estiver evoluindo em termos derecursos investidos, é o mesmo que dizer que a empresa estádeixando mais recursos financeiros parados ao longo dotempo. Se essa quantidade de recursos superar o volume delucros gerados pela empresa, significa que está ocorrendouma absorção de recursos do caixa. Vamos a um exemplo,comparando dois meses:

Na tabela acima, temos um comparativo do estoque final domês 1 e 2, apresentando uma evolução desse estoque emR$5.000,00. Partindo do princípio que a empresa apresentou

no mês 2 um lucro líquido de R$ 3.000,00 e que esse lucroaumenta o seu capital de giro, para promover a evolução noestoque de R$ 5.000,00, foi utilizado todo o lucro gerado deR$3.000,00 mais R$2.000,00 que provavelmente saiu docaixa da empresa, o que justificaria a existência de saldonegativo no caixa.Essa informação é importante, pois a partir dela, oadministrador pode imediatamente tomar algumas atitudes,tais como:• REVER E ADEQUAR SEUS PROCEDIMENTOS DE COMPRAS;• FAZER UMA ANÁLISE DO ESTOQUE E PLANEJAR UMA AÇÃO DE PROMOÇÃO OU

LIQUIDAÇÃO PARA INCENTIVAR AS VENDAS DOS PRODUTOS QUE ESTÃO COM

GIRO LENTO, PROMOVENDO A SAÍDA DE CERTAS MERCADORIAS MAIS

RAPIDAMENTE DO ESTOQUE.

Para levantar as informações necessárias para esse tipo deanálise, dois tipos de controles são necessários, umdemonstrativo de resultados gerados pela empresa e umcontrole dos estoques, e ambos modelos podem ser obtidosjunto ao Sebrae - SP.O Demonstrativo de Resultados mostra o lucro líquidogerado no período e o Controle de Estoque mostra a situaçãodo item em estoque.

Rosendo de Souza Júnior é consultor Financeiro da Unidade deOrientação Empresarial do SEBRAE - SP

Por Rosendo de Souza Júnior

Nada mais complicadopara uma empresa doque o seu saldo decaixa se apresentarnegativo. Oscompromissos depagamentos precisamser cumpridos e o fatode não possuir recursospara tal levam aempresa acomprometer suaimagem junto aoscredores. Este fato aleva também a buscarempréstimosfinanceiros junto abancos, gerando,consequentemente,despesas como juros apagar, abertura decrédito, entre outras.Tudo isto, enfim,diminui a sua margem de lucro.

Mês Estoque final Diferença Lucro gerado na empresa

1 R$10.000,002 R$15.000,00 R$5.000,00 R$3.000,00

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Rh

V árias organizações têm focalizado seus esforçosem novas aprendizagens e mudanças permanentes natentativa de manterem-se vivas no mercado por maisum bocado de tempo. Elas se conectam a tudo o queocorre ao seu redor, visando ardentemente obterinformações que as alimente para o jogo estratégico doquem-pode-mais-chora-menos, ora avançando mais,ora menos. Para tanto, é o grupo de profissionais, quese assemelha a jogadores bem treinados e motivados,que torna possível cada lance essencial no tabuleiro detais partidas.Os colaboradores se desenvolvem através de novasexperiências e impressões que formam acerca de si e dasociedade, fatores que os levam a degraus superioresde evolução e ao aumento de sua complexidadepsíquica, que, a seu turno, torna-se mais exigente edemanda maior compreensão a seu respeito. Em suma,para entender de gente não basta conhecer umaspoucas regras gerais (às vezes, até ultrapassadas) eacreditar que com isso se tenha produtividade. Ostempos são outros e, portanto, doravante, o caminhodas pedras é uma via a ser explorada constantemente.Contudo, um considerável número de pessoas precisade orientação e acompanhamento por parte das

lideranças existentes na organização em que trabalha.O líder pode extrair de seu seguidor ainda maisdesenvolvimento, desde que o conheça de maneiramais aprofundada, de tal forma que lhe cobre emescala ascendente os recursos que se encontram noestado potencial. Urge ir além do comum e provocarno colaborador o desejo de obter de si significativaquantidade de resultados. O bom contato entre aspartes, então, é uma condição imprescindível para quese efetive tal proposta. Mas os objetivos aquiconsiderados demandam esforço mútuo, além derompimento com a acomodação e os limites auto-impostos pelos medos que comumente dominam acapacidade de enxergar tamanha possibilidade.Porém, extrapolar barreiras não é mais uma ousadiameritória de congratulações, mas uma necessidade(quiçá uma responsabilidade) a ser empreendidacotidianamente. Hoje, somar conhecimento, técnica,experiência, intuição, lógica e coragem, diz maisrespeito a sobreviver do que a revolucionarheroicamente. Estar mais perto dos colaboradoressignifica compreendê-los mais vivamente e não saberapenas quem são, o que fazem e em que parte dográfico dos resultados se situam. As organizaçõestendem a caminhar para um estreitamento norelacionamento humano, tanto com seu públicointerno quanto externo, pois a equilibrada conexãoentre as pessoas de convívio profissional é capaz deoferecer um fluxo favorável de informações, motivaçãoe conhecimento acerca de aspectos fundamentais paraa gestão do capital humano, que busca aprodutividade, entre outros fatores.

Armando Correa de Siqueira Neto é psicólogo e diretor da SelfConsultoria em Gestão de Pessoas. É professor e mestre emLiderança pela Unisa Business School. E-mail: [email protected]

Mais perto doscolaboradores

Por Armando Correa de Siqueira Neto

Para entender de gente não bastaconhecer umas poucas regrasgerais (às vezes, atéultrapassadas) e acreditar quecom isso se tenha produtividade.

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Outlook

primeiro estudo do Concept S causou o maior frisson quando apresentado ao público no Salão

de Genebra. Diante disso, a Lamborghini, marcade luxo do Grupo Volkswagen, decidiu construiro primeiro protótipo dirigível, e a surpresa foiredobrada. O modelo simplesmente arrasou emduas das mais importantes mostras de design domundo: o Concorso Italiano de Monterey e oPebble Beach Concours d´Elegance nos EstadosUnidos. O Concept S foi desenvolvido no Centro de EstiloLamborghin em Sant´Agata Bolognese por LucDonckerwolke, que buscou inspiração nos antigoscarros de corrida monopostos. “O Concept S reúne tudo aquilo que aLamborghini representa: ele é arrojado,descontraído e... italiano”, comentou StephanWinkelmann, presidente da marca. “A decisão de produzi-lo ainda não foi tomada,embora estejamos encorajados pela aceitaçãoextremamente positiva que o protótipo teve nasmostras de Monterey e Pebble Beach”, adiantou.Na verdade, o protótipo recebeu apenasmudanças sutis se comparado ao estudo original.Por exemplo, o pára-brisa (“saute-vent”) quedesviava para cima o vento do rosto do motoristafoi redesenhado para atender questões legais epermitir a futura homologação do modelo. Comisso, o design final do protótipo ficou ainda maisarrojado. Isto porque, os clássicos carros decorrida do passado não tinham pára-brisa, apenasum defletor que direcionava o vento para cima dacabeça do motorista. No Concept S o pára-brisabipartido divide o cockpit, dando ao modelo um

Lamborghini

aspecto ainda mais agressivo e futurista. E o melhor:eles originou um vão que funciona como um adicionalcaptador de ar para o motor, por sua vez, posicionadoatrás dos assentos. Assim como o Gallardo, que lhe serve de inspiração, oConcept S é equipado com um poderoso motor V10. Jáa aerodinâmica foi aperfeiçoada graças aos spoilersfrontal e traseiro e a um grande difusor também naparte posterior do modelo. Para arrematar a obra de arte, um retrovisor retrátilcentral permite ao motorista ver o que está acontecendoatrás. Mas isto, se ele for curioso, porque o prazer dedirigir o Concept S, até o momento, não despertou emnenhum piloto o desejo de testar o equipamento...

surpreende com novo protótipo Lamborghini surpreende com novo protótipo

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omo criar um RH que funcione como agente de mudanças eque vá além do simples gerenciamento do capital humano,apoiando iniciativas e planos de ação que contribuam para aexecução das estratégias do negócio?Contamos com algumas ferramentas que podem nos ajudar nesteobjetivo, então vamos começar respondendo algumas perguntas.Afinal o que é “clima”? Clima é a percepção coletiva que as pessoastêm da empresa, através da experimentação de práticas, políticas,estrutura, processos e sistemas e a conseqüente reação a estapercepção.E o que é uma Pesquisa de Clima Organizacional? É uminstrumento voltado para análise do ambiente interno a partir dolevantamento de suas necessidades. Objetiva mapear ou retratar osaspectos críticos que configuram o momento motivacional dosfuncionários da empresa através da apuração de seus pontos fortes,deficiências, expectativas e aspirações.Mas por que pesquisar? Porque cria uma base de informações,identifica e compreende os aspectos positivos e negativos queimpactam no clima e orienta a definição de planos de ação paramelhoria do clima organizacional e, conseqüentemente, daprodutividade da empresa. Esta atitude da empresa eleva bastanteo índice de motivação, pois dentro desta ação está intrínseca afrase “estamos querendo ouvir você”, “você e sua opinião sãomuito importantes para nós”. A crença na empresa se elevasensivelmente. A Pesquisa de Clima é uma forma de mapear o ambiente internoda empresa para assim atacar efetivamente os principais focos deproblemas, melhorando o ambiente de trabalho. Hoje, nestemundo tão cheio de transformações, em meio à globalização,fusões e aquisições, as empresas devem, cada vez mais, melhorarseus índices de competitividade, e para isso ela depende quase queúnica e exclusivamente de seus seres humanos - motivados, felizese orgulhosos dos valores compartilhados com a organização. Pesquisas indicam que colaboradores com baixos índices demotivação, utilizam somente 8% de sua capacidade de produção.Por outro lado, em setores/áreas/empresas onde encontramoscolaboradores motivados, este mesmo índice pode chegar a 60%.As empresas precisam manter o índice de motivação de seuscolaboradores no mais elevado nível possível, de forma que estevalor passe a ser um dos seus indicadores de resultado.É importante dizer que a Pesquisa de Clima deve sempre estarcoerente com o planejamento estratégico da organização e devecontemplar questões de diferentes variáveis organizacionais, taiscomo: - O trabalho em si: com base nesta variável procura-se conhecer apercepção e atitude das pessoas em relação ao trabalho, horário,distribuição, suficiência de pessoal etc; - Integração Setorial e Interpessoal: avalia o grau de cooperação e

relacionamento existente entre os funcionários e os diversos departamentosda empresa; - Salário: analisa a existência de eventuais distorções entre os saláriosinternos e eventuais descontentamentos em relação aos salários pagos poroutras empresas; - Estilo Gerencial: aponta o grau de satisfação do funcionário com a suachefia, analisando a qualidade de supervisão em termos de competência,feedback, organização, relacionamento etc; - Comunicação: busca o conhecimento que os funcionários têm sobre osfatos relevantes da empresa, seus canais de comunicação etc; - Desenvolvimento Profissional: avalia as oportunidades de treinamento eas possibilidades de promoções e carreira que a empresa oferece; - Imagem da empresa: procura conhecer o sentimento das pessoas emrelação à empresa; - Processo decisório: esta variável revela uma faceta da supervisão, relativaà centralização ou descentralização de suas decisões; - Benefícios: apura o grau de satisfação com relação aos diferentesbenefícios oferecidos pela empresa; - Condições físicas do trabalho: verifica a qualidade das condições físicasde trabalho, as condições de conforto, instalações em geral, riscos deacidentes de trabalho e doenças profissionais; - Trabalho em equipe: mede algumas formas de participação na gestão daempresa; - Orientação para resultados: verifica até que ponto a empresa estimula ouexige que seus funcionários se responsabilizem efetivamente pelaconsecução de resultados. Além de ouvir seus funcionários sobre o que pensam em relação aessas variáveis, as empresas deveriam também conhecer a realidadefamiliar, social e econômica em que eles vivem. Somente assimpoderão encontrar outros fatores do clima organizacional quejustificam o ambiente da empresa.Não existe uma Pesquisa de Clima padrão. Cada empresa adapta oquestionário à sua realidade, linguagem e cultura de seusfuncionários. Para que a empresa tenha sucesso na mensuração do climaorganizacional é necessário: credibilidade no processo, sigilo econfiança. As principais contribuições que podemos obter com a Pesquisa deClima são:- O alinhamento da cultura com as ações efetivas da empresa; - A promoção do crescimento e desenvolvimento dos colaboradores; - A integração dos diversos processos e áreas funcionais; - A otimização da comunicação; - A minimização da burocracia; - A identificação das necessidades de treinamento e desenvolvimento; - O enfoque efetivo do cliente interno e externo; - A Otimização das ações gerenciais, tornando-as mais consistentes; - O aumento da produtividade; - A diminuição do índice de rotatividade; - A criação de um ambiente de trabalho seguro; - O aumento na satisfação dos clientes internos e externos. Depois desta reflexão, deixo a seguinte questão: podem osprofissionais de RH continuar a transferir aos empresários aresponsabilidade pela “não” implantação do Clima Organizacionalcomo estratégia fundamental para o sucesso da organização?Sabemos que de números e resultados os empresários entendem, emuito bem. E nós de RH, entendemos bem nosso papel eresponsabilidade neste processo?

Clima organizacional

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Atualmente torna-se cada vez maisnecessário à área de Recursos Humanosmensurar suas ações através deprocedimentos que possam respaldar aomáximo sua atuação nas organizações. Oobjetivo é transformar a área num RHestratégico cuja atuação esteja alinhadaaos planos de negócios. Mas como fazer?

Motivação

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Por Washington Sorio

Washington Sorio é graduado em Administração de Empresas com MBAem Gestão de RH e diversos cursos de especialização, tanto no Brasilcomo no exterior. Em 2005 recebeu o Prêmio Gestão de Pessoas “LuizCarlos Campos”, como o “Melhor Profissional do Ano”, concedido pelaABRH-RJ. www.washingtonsorio.com.br

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A MARCA “CARROBRASILEIRO”

A MARCA “CARROBRASILEIRO”

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roduzimos e exportamos carros, mas não somosreconhecidos como jogadores importantes nocomércio mundial de veículos. Por quê? “Falta aoBrasil promover a marca ‘carro brasileiro’. Temos queolhar o mercado externo com atenção constante enão só como projeto de curto prazo para ganhardinheiro quando o mercado interno está recessivo.”Em outras palavras: parar de reclamar do realvalorizado em relação ao dólar e da conseqüentequeda de rentabilidade com as exportações epavimentar um caminho para inserir, de fato, aindústria automotiva brasileira no mercado global. Avalorização do real frente ao dólar foi de 58% nosúltimos quatro anos. Quase todas as moedas domundo valorizaram-se em relação ao dólar, queperde força graças ao déficit comercial dos EstadosUnidos. “Você acha que só o real se valorizou frenteao dólar? O euro também se valorizou e não seescuta que as montadoras européias - BMW,Mercedes-Benz, Porsche que vendem nos EUA -diminuíram seus volumes ou deixaram de exportarporque não estão ganhando tanto quanto gostariam”,questiona Acker. Já o Brasil manda cada vez menoscarros para fora. Comparando o primeiro trimestrede 2007 com o mesmo período do ano passadohouve queda de 13% (182,12 mil unidades ante201,24 mil) e se considerarmos os primeiros trêsmeses de 2006 em relação a 2005, o mercado jáhavia caído 9,5%. Os valores se mantém estáveis e aindústria obteve uma receita 0,1% maior com asexportações no primeiro trimestre de 2007 ante omesmo período de 2006. A palavra de ordem naindústria hoje é importar.

Carros compactos para ricoseuropeusO assunto é ainda mais sério quando se fala emcarros de baixo custo ou de ultra baixo custo, foco de

P Por Rosângela Lotfi

Por trás dos óculos de aro fino, os olhos azuis do holandês Wim vanAcker não escondem uma frustração: quando conversa com seus sócios ecolegas na consultoria Roland Berger todos falam de carros indianos,chineses e de como (e quando) invadirão as ruas do mundo todo. Só elefala dos carros brasileiros.

um estudo mundial da Roland Berger que analisoutodos os mercados do planeta para esses veículosque impulsionarão o crescimento da demandamundial. “O Brasil é um país com boarepresentação em carros de baixo custo, mas temoutras regiões do mundo onde este segmento demercado está crescendo muito rapidamente”,afirma van Acker. O conceito de carros de baixocusto não é linear, um veículo desse segmento édiferente para o europeu, para o americano, paraos países emergentes e é diferente para o Brasil.Para uniformizar e obter estatísticas confiáveis, aRoland Berger levantou dados do segmento AB,compactos ou pequenos, que no mercadobrasileiro, por exemplo, vai do Celta e ao Golf.Logo, nem todo compacto é de baixo custo. E nemtodo carro de baixo custo é espartano, desprovidode acessórios, já que a tecnologia é cada dia maisbarata e os consumidores querem inovação. “Osnovos modelos serão equipados com tecnologiasmais acessíveis, que permitem manter o preçobaixo dos veículos”, diz Acker. Segundo o estudo, “o segmento AB crescerá para18 milhões de unidades nos próximos seis anos, oque significa um quarto do mercado mundial”.Hoje, o tamanho desse segmento é de 14 milhõesde unidades vendidas. O crescimento anual será de4%. Esse incremento virá da China, da Índia, daEuropa Central e do Leste, impulsionado não sópelos emergentes mas por mercados desenvolvidos.Isso mesmo! Cada vez mais, carros compactosserão a opção dos ricos europeus, japoneses e atédos ricos norte-americanos, que até aqui gostavamde grandalhões e beberrões. “As pessoas precisamdiminuir as despesas com mobilidade. Elas têmmenos renda disponível e, de tempos em tempos,os combustíveis apresentam alta de preços. Nosmercados emergentes há uma enorme demanda

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por mobilidade, há problemas de infra-estrutura, detransporte público (como no Brasil) e as pessoas precisam selocomover. E nos mercados desenvolvidos as pessoas trocamde carros; elas saem dos usados para os novos. Também lá, ocarro não é apenas um bem de investimento, tem umenorme valor emocional.”

Car, care, coreCom experiência de 17 anos como consultor no setorautomotivo, Win conhece os mercados europeus, o norte-americano (atualmente mora em Detroit), os latino-americanos e também o chinês. Segundo ele, “os chinesespensam se o carro vai vender e ponto final. Para eles,questões como qualidade e performance de segurança nãosão tão importantes.” Na visão da consultoria, a chave para osucesso no segmento compactos se resume a três palavras eminglês e nem todas têm tradução simples e literal: car, care,core. “Care” refere-se à experiência de compra doconsumidor, mas também é financiamento, seguro, serviços,garantia, rede de revendedores. “Tudo isso é muitoimportante para obter sucesso com carros de baixo custo”. Jáo “core” está relacionado ao grau de representatividade damontadora no mercado. É importante para o consumidor,especialmente de baixa renda, acreditar na marca, pois láestará investida a sua poupança. E onde estão osconsumidores, os grandes mercados? Eles estão no Japão que

é um dos mercados principais para veículos do segmentoAB. A frota de compactos saltará de 0,8%, ou 2.508milhões para 2.599 milhões. Na Europa, que consomecinco milhões de veículos desse segmento por ano eimporta 1.5 milhões, especialmente no Leste Europeu,crescerá de 5.471 milhões para 5.758 milhões deunidades. O continente europeu é especialmenteimportante para o Brasil, que manda veículos para lá, masé também uma ameaça: o mercado é abastecido pelasplantas de baixo custo e mão-de-obra barata do leste.A demanda por veículos de baixo custo aumentará noMéxico, o volume subirá de 455 mil para 582 milunidades. No Brasil, a elevação será de 3,9%, de 1.284milhão para 1.513 milhão de unidades e coisa similardeverá acontecer em outros mercados de tamanhoequivalente ao nosso, como o russo, por exemplo.Já nos EUA, onde o consumo de carros pequenos émínimo, a expansão será de 8,7%. Sairá de 428 mil para705 mil unidades. “A razão principal é que as pessoas lánão gostam de carros pequenos e, de um modo geral, oscarros são muito baratos, assim como a gasolina que ébaratíssima. Porém, acreditamos que esse segmento vácrescer para 700 mil carros nos próximos seis anos. E háestatísticas que apontam que pode chegar a três milhõesao ano.” Parece muito, considerando a cultura automotrizamericana, mas o mercado é grande: as vendas totais estãoem 17 milhões de unidades por ano. A Roland Berger fezuma análise sócio-demográfica lá e identificou o potencial:pessoas pobres, com baixa renda, imigrantes sem históriade crédito e, exceto nas grandes capitais, há falta de infra-estrutura de transporte público. “Há muita demandareprimida nos EUA e carros desse segmento podem ser

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vendidos lá se tiverem boa qualidade e o nome demarcas famosas. O interessante é que ninguém estátentando montar uma estratégia para vender carrosbaratos por lá.”

Qualidade é mesmo muitoimportanteQualidade é importante para aceitação e confiança dosconsumidores no mundo inteiro. A qualidade dos carroschineses e indianos ainda não é tão boa quanto a doscarros norte-americanos (quando se fala em qualidade,os japoneses ocupam o topo da lista) que, por sua vez,segundo van Acker, têm qualidade similar aosbrasileiros. Em números: 120 problemas em cada 100veículos. “Os chineses não chegaram a esse nível. Estãochegando, mas ainda não estão lá. E esse ‘ainda nãochegaram lá’, cria oportunidades para a indústriabrasileira.” A China é como o Brasil, diz Win, que morou aqui dezanos. Não há um só Brasil, há Brasis. Nas diversasregiões há pessoas com diferente poder aquisitivo. NaChina tem regiões que são completamente diferentestambém, por isso, não é tão fácil atender esse mercado.Na China e na Índia a utilização de capacidade edemanda são muito distintas. A agressividade nomercado mundial das montadoras chinesas e a decisãofirme de atender ao mercado interno e partir paraexportação não ocorre na Índia. A China já é o terceiromaior produtor automotivo mundial, com mais de 5,7milhões de unidades em 2006, devendo chegar aos setemilhões em 2007. A Índia espera produzir 2,8 milhõesde veículos daqui a três anos, um milhão a mais que em

2006. “A China está desenvolvendo uma supercapacidade. É uma situação que o Brasil conhece bem,pois na década de 1990 viveu um boom deinvestimentos, de novas fábricas e a demanda nãocresceu tanto quanto deveria. O mesmo estáacontecendo no gigante asiático, o que representa umperigo para a indústria de países como o Brasil”, diz osócio diretor da Roland Berger. Com a estrutura atual,poderiam ser produzidos mais de três milhões deveículos no Brasil, mas a expectativa é que em 2007 ovolume seja de 2,78 milhões de unidades e só em 2010,nossa indústria alcançará a capacidade instalada, que é ade abastecer o mercado interno e suprir os embarques.A Índia será menos agressiva nas exportações; asprevisões de venda e produção se igualam, ou seja, opaís precisa da própria capacidade instalada para suprirsuas necessidades.

Carros populares são carros deUS$10 mil?O mercado chinês crescerá nos segmentos de baixocusto. Já se desenvolveu nos segmentos mais altos, quehoje estão saturados. Os compactos, segundoestimativas da consultoria, vão crescer dentro da Chinade 1.2 milhões em 2007 para 2.6 nos próximos seisanos, uma taxa de elevação de 13,4% ao ano. Quantocusta para produzir o carro chinês? Tomando como baseo Chery QQ, a equipe da consultoria chegou a ummontante entre US$ 4 mil a US$ 5 mil. Para vender emoutros mercados, com os custos de logística, impostosde importação, custos para processos jurídicos, custosde conversão para homologação de acordo com as leis

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de segurança e emissões, custos de marketing e paraestabelecer a rede de revendedores, o carro sairia porUS$ 10 mil. Ou seja, são competitivos, uma ameaça,mas...nem tanto.Com este número em mente chega-se a uma definição: carros de baixo custo são carrosde US$ 10 mil ou menos. Os mercados locais são muito importantes para asmontadoras locais. É difícil tirar das mãos doschineses e indianos o mercado de seus própriospaíses. Outros mercados também crescerão. Um delesé o Brasil: nos próximos seis anos estima-se que cincomilhões de brasileiros poderão comprar um carro eos veículos de baixo custo desempenharão umimportante papel no crescimento de 1.5 milhões deunidades nesse período, algo em torno de 3.9% aoano até 2012. As montadoras brasileiras têm posição confortávelpara atender essa demanda. Exceto Índia e China,não são só as montadoras locais que ganham espaçoquando o mercado cresce. No leste europeu, aRenault domina com o Logan da marca Dacia e tem24% de participação no segmento AB, de baixo custo,

em um mercado de tamanho similar ao do Brasil.Na Rússia, o mercado vai crescer 4% ao ano. Dezanos atrás, as montadoras globais só tinham 8% domercado, agora tem 40%.

Desenvolvendo estratégiasImportante fator de competitividade na disputaglobal é desenvolver uma arquitetura de veículoque será utilizada em ciclos cada vez mais longos,mas com derivados (diferentes modelos comoSUVs, picapes, state wagons, hatchs, vans e sedans)que terão ciclos de vida mais curtos. A arquiteturatem que ser global, o design atrativo, os módulos esistemas utilizados os mais baratos possíveis ou jálargamente aprovados para não encarecer oproduto.O estudo da Roland Berger conclui que o carro debaixo custo de sucesso venderá no mínimo 260 milveículos/ano na Europa (número que o consultoradmite estar subestimado). Carros de baixo custo competitivos no mundotodo teriam de custar entre US$ 5 e 7 mil. Aindústria brasileira é muito forte e poderiacompetir com qualquer outra indústria do mundo.A engenharia nacional é adequada para o mercadointerno e para outros países do globo. A praçadoméstica, mesmo menor que a chinesa, se estável,atrai investimentos, a distância da Europa tantopara nós quanto para os asiáticos é a mesma, masainda levamos vantagem em um ponto muitoimportante: a confiabilidade e a experiência que osparceiros internacionais têm com o Brasil. Vale, emuito, a história de muitos anos com a Europa,Estados Unidos e outros mercados. Tudo issoconsiderado, a indústria brasileira poderia fazermais, obter mais êxito do que apenas os 600 milcarros exportados por ano. “Por que os chineses vão aumentar suasexportações de centenas de milhares para milhõespor ano e o Brasil não? Quem, como eu, trabalhacom o mercado mundial acha muito estranho ofato de falarem da China, da Índia, da Coréia e nãodo Brasil. O País já provou sua competência deengenharia e manufatura e tem todas asmontadoras globais instaladas aqui. Não serápossível ganhar mais espaço nos mercados externose impedir que os chineses, que ainda têm queprovar um monte de coisas, o façam? O Brasilpoderia ter políticas de exportação consistentes eabocanhar milhões de dólares, que serão dosasiáticos se nada for feito”, questiona van Acker.Não só as montadoras poderiam fazer mais. Ogoverno poderia fazer seu papel, estabelecendouma política industrial consistente, acordoscomerciais e reduzindo impostos. Assim, os colegasde Win van Acker saberiam do que ele estáfalando.

Wim van Acker, da Roland Berger

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Atenção total ao cliente resulta em umatendimento “nota 10”. Este foi o méritodos concessionários VW que, como prêmio,irão aproveitar as merecidas férias em umdos lugares mais bonitos do mundo.No mês que vem, junho, os 10concessionários Volkswagen vencedores dacampanha Top 10 e os cinco ganhadores daImportados Top 5 estarão desfrutando doconforto e da beleza de Dubai, no orientemédio. Esses empresários e suas equipestrabalharam arduamente durante o ano,aperfeiçoando processos e ajustando a rotinado dia-a-dia para atingir os objetivospropostos pela Montadora.

Top 10 e

A lém da viagem a Dubai e dahospedagem de 7 dias no Burj Al Arab, o hotelmais luxuoso do mundo, os campeões ganharãoum curso de pilotagem em um Lamborghini noautódromo local e um safári 4X4 em um Touaregpelo deserto.Rodeada por desertos, dunas de areia e assupreeendentes montanhas Hajar, Dubai abrigainacreditáveis construções de alta tecnologia eoferece uma infinidade de coisas para fazer, ver eouvir. Há desde atrações modernas até as maistradicionais, como uma das maiores pistas indoorde esqui do mundo ou uma visita à casa do SheikSaeed Al Maktoum´s e prestigiar uma coleção defotografias antigas e históricas. Uma das maiores emais lindas mesquitas, a Jamairah, está lá e é ummoderno exemplo da arquitetura islâmica, inteirafeita de pedras na medieval tradição Iatimid.

Importados Top 5

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Este é, por enquanto, o hotel mais luxuoso do mundo euma das grandes atrações em Dubai. Devido à suaarquitetura única e original, o hotel é parte de uma ilhaartificial distante 280 metros da praia e seu acesso é feitopor uma via em curva. Ou seja, os visitantes começam adescortinar a beleza da paisagem paulatinamente. Já o hotel, é um espetáculo em si mesmo. No hall há umafonte de vários lances, dispostos como degraus. Os jatosd´água fazem uma coreografia sincronizada, iluminada ànoite por luzes coloridas. As paredes são formadas poraquários altíssimos, com peixes de água salgada, e é portodo esse luxo que o Burj Al Arab é considerado um “seteestrelas”. Aliás, sete também é o número dos restaurantesque o hotel possui. Dentre eles, destacam-se o Al Mahara,um restaurante submarino, onde além da fantástica

culinária pode-seapreciar a profundezado mar e suas criaturasfantásticas, comotubarões, corais eoutras espécies e o AlMuntaha, umrestaurante panorâmicosemi-suspenso no ar,com uma vista únicasobre o deserto e que jáse tornou umareferência da cidade.

Campanha Nacional Top 10CLASSIFICAÇÃO REGIÃO CONCESSIONÁRIO CATEGORIA

1º 3 Corujão A2º 6 Euromar A3º 6 Saga A4º 6 Disbrave A5º 6 Discautol A

1º 6 Autobel B2º 5 Disnove B3º 1 Sorana B

1º 3 Piramide C2º 3 Somaco C

Campanha Importados Top 5 CLASSIFICAÇÃO REGIÃO CONCESSIONÁRIO CATEGORIA

1º 1 Caraigá I2º 3 Servopa I

1º 1 Sorana II2º 1 Biguaçu II

1º 4 Recreio BH III

Foi altamente produtiva a“Semana de Atualização” dosInstrutores do TreinamentoAssistência Técnica daVolkswagen. Como se sabe, oprojeto conta com representantesdos Centros Regionais deTreinamento de todo o Brasil e temo objetivo de garantir a qualidade dasinformações passadas à Rede deConcessionárias, por meio de umprocesso de aprendizagem eficaz.Naturalmente, a meta do programa éassegurar uma maior satisfação dosconsumidores, garantindo maior retençãoe fidelidade dos mesmos.O gerente de Treinamento do Pessoal daRede, Wolfgang Mathias Pfeiffer, reforçouo objetivo da montadora que é,prioritariamente, a alta performance ematendimento. Na esteira da campanha dePós-Vendas, “Doutores em Volkswagen”,os instrutores receberam atualizaçõessobre motores, transmissões e ELSA,entre outros assuntos. Hoje eles já devemestar retransmitindo os conhecimentosadquiridos às suas bases - São Bernardodo Campo, Bauru, Porto Alegre, Curitiba,Rio de Janeiro, Goiânia, Belo Horizonte eRecife.“D

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Carros de luxo Agora, a Linha Passat e PassatVariant passa a ser ofertada comuma nova estrutura, para atender omercado de veículos importadoscom o que há de melhor em termosde design, qualidade, segurança econforto. O motor Turbo 200 cv, queequipava somente a versão top delinha – Highline, passa a equipartambém a versão de entrada –Comfortline, além do retorno daversão V6 ao mercado brasileiro,com toda força, no auge dos seus250 cv de potência

Volkswagen Aconteceu de 2 à 6 demaio, a segunda etapado SuperSurf na praiade Itaúna - Saquarema- Rio de Janeiro. Já é osexto ano consecutivo

que a Volkswagen é patrocinadora oficial doCampeonato SuperSurf, um dos mais importantescampeonatos de Surf do Brasil. Um grande eventoque reúne os mais renomados esportistas brasileiros.Com uma estrutura que oferece sinergia entre oMarketing da Volkswagen, a Rede deConcessionários e o principal, seu público. Além deter ampla divulgação na mídia televisiva, impressa einternet. O estande apresentou os modelosCrossFox, SpaceFox e o Novo Golf. A próxima etapaserá no litoral norte de São Paulo, na cidade deUbatuba/SP, de 20 a 24 de maio.

SurfSuper

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O Volkswagen Bora começou bem – e no pódio - asua participação na temporada 2007 da Copa NextelStock Car, a principal competição multimarcas doautomobilismo brasileiro. A corrida foi realizada dia21 de abril, domingo de manhã no autódromo deInterlagos, em São Paulo. Pilotado por Daniel Serra –filho de Chico Serra, um dos maiores nomes doautomobilismo nacional – o sedan largou na poleposition, apresentou excelente desempenho ecompletou a prova em terceiro lugar. Tambémconquistamos o quarto lugar, com o piloto HooverOrsi. O presidente da Volkswagen do Brasil,ThomasSchmall assistiu a corrida e participou da festa. Eleentregou a taça de terceiro colocado a Daniel Serra.

Bora,sucesso absoluto naStock Car

O Fox é considerado o modelo da VW doBrasil com o maior potencial de penetraçãoentre os jovens devido às suascaracterísticas exclusivas em termos dedesign, espaço interno e versatilidade emseu segmento. O Fox Route é a primeira série especial doFox com foco no público de espírito jovem.Esse público é em sua maioria guiado pelaimagem e se interessa por novidadestecnológicas para uso no dia-a-dia.O Fox Route será ofertado nasmotorizações 1.0 Total Flex (5Z1HC4) e1.6 Total Flex (5Z1HE4) e também serávendido na versão 4 portas, com destaquepara ítens visuais de série com grande valoragregado como:

• Rodas de liga leve• Faróis duplos• Antena de teto• Tape preto na coluna B• Aerofólio na tampa traseira na cor doveículo• CD-Player MP3 Clarion com entrada USB*• Pen drive de 512 MB*• Interior com tecido exclusivo• Soleira exclusiva com o nome da série

FoxRoute

Poucos, muito esportivos e super charmosos. Não é oslogan de uma revista feminina, mas certamenterevela os atributos que muitas mulheres apreciam nosexo oposto: exclusividade, dinamismo e sex appeal.Na verdade, estas qualidades pertencem ao FoxSportline, uma edição limitada do modelo destinadaao mercado argentino. São apenas 700 unidades,dotadas de volante multi funcional em couro, saiaslaterais, spoilers nos pára-choques dianteiro etraseiro, farol duplo, lanterna e farol de neblina,aerofólio traseiro e ítens de conforto como espelhosinterno Auto focus e externo Tilt-down.

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A Passeio

Kimono X HDTV

Conhecer o Japão é umadessas experiênciasmágicas e inesquecíveis.Para começar, a viagem élonga e vai alimentandonossa fantasia. O queesperamos encontrar?Uma paisagem bucólica,montanhosa, coberta porum verde veludo muitobem cuidado e salpicadode casas singelas demadeira com lumináriasde papel de arroz.

Conhecer o Japão é umadessas experiênciasmágicas e inesquecíveis.Para começar, a viagem élonga e vai alimentandonossa fantasia. O queesperamos encontrar?Uma paisagem bucólica,montanhosa, coberta porum verde veludo muitobem cuidado e salpicadode casas singelas demadeira com lumináriasde papel de arroz.

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udo muito clean, místico eharmonioso. De repente, de uma portadupla de correr, surge uma moça, lindaem seu traje de seda colorida, cheio deadereços. Ela caminha ligeira a passoscurtos, como que suspensa no ar. Os péspequenos, cobertos por meias, estãoenfiados em getas, as clássicas sandáliasde madeira. Nas mãos ela traz uma cha-wan, a tigelinha de chá verde. Perfeito,não? E possível. O mais interessante doJapão é que ele convive esplendidamentecom dois opostos: a tradição milenar e omundo high-tech. A cineasta SophiaCoppola em seu belíssimo filme“Encontros e Desencontros” abordoumuito bem esse aspecto. Quem viu ofilme, não pôde ficar indiferente àsurpresa sentida pela protagonista aodescer do seu apartamento em ummoderníssimo hotel de luxo em Tóquio eentrar em uma das salas do lobby ondesenhoras de kimono montavam ikebanas- arranjos florais onde o que prevalece éo aspecto harmônico linear e não aprofusão de flores, como no ocidente. Ocontraste é marcante e acaba pontuandotodo o filme. A noite de Tóquio é uma 31

loucura. Acontece de tudo e todo tipo degente é vista. Enquanto alguns jogamalucinadamente em caças-níquel outrosdesafinam sem medo nos karaokês. Umaprofusão de luminosos confunde os turistasque olham para o alto tentando identificaro que dizem e em seguida para a multidãoque transita nas ruas tentando evitarencontrões. Sim, é um clima de puraadrenalina, mas muito seguro. O risco deser assaltado é pequeníssimo, assim comoo de ser enganado por taxistas,comerciantes ou qualquer cidadão a quemse peça uma informação. Aliás, se você nãosabe, memorize: não existe “dar gorjetas”no Japão. Os profissionais se sentemofendidos, já que além de se considerarembem pagos pelas funções quedesempenham à beira da perfeição, é umaafronta receber dinheiro como gratificação.A ética japonesa, a obrigação de sercorreto, cortês, educado e disciplinado éum traço comum da sociedade. É o quemais nos encanta e o que, no fundo, maisinvejamos. Porque é esta cultura do “serjaponês” que fez daquele país, pobre emrecursos naturais, uma das maiorespotências mundiais, detentor de inúmeros

Por Paulo Brumus

títulos, recordes e conquistas. Uma dasmais recentes é a da Toyota, queroubou a liderança na estadunidenseGM depois de 73 anos.

O arquipélagoA “Terra do Sol Nascente” – Nippon –,no extremo oriente do Globo é umarquipélago (compreende quatrograndes ilhas - Honshu, Shikoku,Kyushu e Hokkaido -, além de mais detrês mil ilhas menores nas adjacências)situando ao longo da costa leste daÁsia. Através do Mar do Japão e do Marde Okhotsk, o Japão tem como“vizinhos” a Rússia, Coréia do Sul eTaiwan. Cerca de 73% do país émontanhoso, com uma cordilheira nocentro de cada uma das ilhasprincipais. A montanha mais alta doJapão é o famoso monte Fuji com3.776 metros de altitude e seu pontomais baixo fica no lago Hachirogata,quatro metros abaixo do nível do mar.O litoral marítimo do Japão (29.751 km) é aproximadamentequatro vezes maior que o litoralbrasileiro (7.491 km).

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do Japão-grande-potência queconhecemos. Sua derrota na SegundaGuerra depois dos bombardeamentos deHiroshima e Nagasaki, e a subseqüenteocupação pelos Estados Unidos até 1952,deram ao Japão motivos suficientes para,nas três décadas seguintes, experimentarum grande crescimento econômico,movido pela exportação de produtos dealta tecnologia. Embora o Japão tenha um sistema políticodemocrático e pluripartidário (há seisgrandes partidos políticos, sendo o maisforte o Partido Liberal Democrata, nopoder desde 1955), o país tem umimperador e de acordo com a suaconstituição, o imperador é o símbolo doEstado e da unidade do povo. Ele nãopossui poderes relacionados ao Governo,mas exerce o “poder datradição”, mais um evidentesinal da boa convivênciaentre o antigo e o novo. A população japonesa ébastante homogênea, sendoquase toda composta porjaponeses, mas como sesabe, há um significativonumero de estrangeiros.Legalmente são cerca de 2milhões e meio e asprincipais colônias são asdos coreanos, chineses,brasileiros (em torno de 400

mil) e filipinos. A maioria dos brasileirosresidentes no Japão são nikkei (descendentesde japoneses) que vivem e trabalham noJapão legalmente e são conhecidos comodekasseguis.A população do Japão é de cerca de 130milhões de pessoas, ou seja, muita gentepara pouca terra, mas isso não é umproblema para a longevidade das pessoas. Aexpectativa média de vida é de 81 anos, umadas maiores do mundo, e a taxa demortalidade infantil de 3,4 para cada milnascimentos.

A potênciaO Japão continua sendo a segunda potênciaeconômica mundial (a maior é a economiados Estados Unidos) em decorrência de seugrande parque industrial. Dentre asprincipais atividades estão a indústriaautomobilística (o país é sede mundial dasmontadoras Toyota, Nissan, Honda,Mitsubishi, Mazda, Daihatsu, Suzuki,Subaru, Isuzu e Hino), a indústria eletrônicae de informática, a siderurgia, a metalurgia, aconstrução naval e química, com destaquepara as indústrias com tecnologia de pontanestes setores. A maior parte dessasindústrias concentra-se na faixa litorânea,devido a dependência de matérias-primas,transportadas em grande parte por viamarítima. As exportações japonesas, emgeral de produtos industriais, ultrapassam os320 bilhões de dólares e incluem produtoseletroeletrônicos, automóveis, embarcações emaquinário industrial. No entanto, o Japãopossui reduzidos recursos minerais eenergéticos. Sua dependência externa emrelação a esses produtos ultrapassa 90% doconsumo nacional.As principais atividades econômicas doJapão circulam entre as ilhas de Hokkaido,Honshu, Shikoku e Kyushu. O Japão écortado por uma eficiente malha rodoviária eferroviária que liga o país de norte a sul, masapesar do vasto uso das linhas ferroviárias

A origem do país remonta há 30 mil anos,no período pré-cerâmico, quando povoscaçadores e coletores chegaram às ilhas. Aagricultura do arroz e o desenvolvimentode armas de metal (grande tradiçãojaponesa) permitiram o surgimento depequenos Estados que permaneceram emguerra durante muito tempo, até seremunificados no século IV pelo clã Yamato.Porém, a aristocracia samurai se opôs aopoder central nos séculos seguintes e asguerras continuaram, caracterizando oJapão como um país belicoso.O poder do imperador foi restabelecidoapenas em 1868, quando a nação viveuum período de desenvolvimentoeconômico e de expansionismo. Após asvitórias nas guerras sino-japonesa (1894-1895) e russo-japonesa (1904-1905), opaís conquista a Coréia e as ilhas deTaiwan e de Sacalina, mantendo tambéminteresse sobre a Manchúria.

A onipresença doImperadorA história moderna já é conhecida portodos. Após uma crise econômica nadécada de 1920, o país alia-se com a Itáliae a Alemanha na Segunda GuerraMundial, invade a Manchúria, estabelece ogoverno de Manchukuo e ataca a base dos

Estados Unidos em Pearl Harbor. Asconseqüências, também de domíniopúblico, forjaram a personalidade

A Passeio

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Noite em Tóquio

Outono em Kioto

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para carga, cada vez mais o transporterodoviário vem se tornando vital para adistribuição de produtos e isto faz com queseja gigantesco o gasto do orçamento eminfra-estrutura em transporte. Paraencurtar a distância entre as ilhas Honshue Hokkaido, a engenharia japonesaconstruiu duas pontes e um imenso túnelcom 54 quilômetros de extensão. Apropósito, são inúmeras as pontes noJapão: antigas, modernas, grandes epequenas, todas belíssimas e reveladorasda excelência da arquitetura nacional. Paraapreciá-las basta ir a um dos inúmerosparques. Sobre lagos, pedras ousimplesmente para unir pontos, elascontribuem para um conjuntoextremamente bucólico, relaxante eharmonioso, o que faz dos jardinsjaponeses os mais apreciados em todo omundo.

Exportador de culturaHoje, o Japão é um dos maioresexportadores do mundo de culturapopular. Os desenhos animados, filmes,literatura, pornografia e música japonesesconquistaram popularidade em todo omundo, e especialmente nos outros paísesasiáticos, mas há também diversas artestradicionais que merecem a atenção doturista, não só por sua beleza e delicadeza,mas pela história que revelam. É o caso doNoh, o Kyogen, o Raku-go, o Kabuki, oYosakoi Soran e o Bunraku no teatro; oShibu, dança com leque que acompanha orecital de um poema, e o Kembu, dançacom espada, na dança; o Taiko, Enka,Sankyoku, Joruri e os populares Karaokêsna música; o Ukiyo-e, Emakimono e Sumi-e na pintura e, claro, na estética, os Bonsai,Origamis, Ikebana e o Shodo, a arte dacaligrafia. E o bom de conhecer toda essa arte é acomodidade que o metrô e os trensoferecem. Embora o fluxo de pessoas sejagrande, o serviço de transporte público éextremamente organizado e absolutamentepontual. Os funcionários não medemesforços para se fazer entender em inglês eo turista é tratado como um rei. Para se teruma idéia, ao comprar a passagem, você jásabe onde tem que se posicionar naplataforma. Através de uma sinalizaçãocolorida aérea e terrestre, você entende,sem stress algum, que o seu vagão pararáexatamente à sua frente e no horáriomarcado. Maravilhoso.Se for às compras no supermercado,porém, atenção: olhe apenas com os olhose não com as mãos, “à brasileira”. Tudo o

que se toca, se compra.Além de serem muitoseveros com a higiene,recordo que o país não éfértil e tudo vem de fora,elevando naturalmente opreço dos produtos.Frutas, por exemplo, sãoartigos preciosos,comumente dadas depresente a pessoasconvalescentes, tamanhoé o seu valor.Outro detalhe a observaré que as moedas estrangeiras são aceitasapenas em um número limitado de hotéis,restaurantes e lojas de souvenires, então, épreciso ter ienes na carteira. Pode-secambiar ienes em bancos, nas agências decâmbio e outros locais autorizados.Travellers checks e cartões de créditointernacionais são aceitos sem problemas.No paraíso das compras que é o Japão,especialmente no tocante a eletrônicos(zona de Akihabara), cabe uma ressalva: opreço é bem alto se se tratar de umanovidade “made in Japan”. Um produtoequivalente com o selo “made in China”pode custar a metade. O mesmo vale paraos eletrônicos que “já saíram de moda”(tenha presente que a cada minuto surgeuma novidade nesse segmento...) “madein Japan”. Há várias lojas e shoppings centers ondese pode gastar dinheiro. Desde lojasespecializadas, até de departamentos,onde souvenires podem ser adquiridos noduty free. Para isso, tenha sempre opassaporte à mão. Com isso, você fica àvontade para escolher os artigos japonesesque mais fascinam os ocidentais, comopérolas, kimonos e obis (faixas), artigos delaca, lanternas (de papel produzidas naprovíncia de Gifu), cerâmicas e louçaspara a cerimônia do chá, seda, artigos debambu, bonecas e leques, sempre muitocoloridos e atraentes.

Acomodação em estilojaponêsPense como pode ser interessante ao invésde ficar no arranha-céu do filme deSophia Coppola, hospedar-se em umryokan. Os ryokans existem emabundância nas áreas turísticas,notadamente nas termas. Nesse tipo dehabitação, o quarto, a sala de banho e asrefeições são no estilo japonês, o quesignifica um ambiente forrado comtatamis limpos e macios, decoração sóbriae de bom gosto. A diária média por

pessoa, incluindo duas refeições, gira emtorno de 20 ienes, fora o imposto de 5% ea taxa de serviço de 10%, o que acabasendo equivalente aos hotéis de redesinternacionais e ocidentais em Tóquio,sem as refeições.O Japão é lindo todo o ano, mas aprimavera, naturalmente, é a estação maisagradável, não só por causa datemperatura, mas pelo fato de as cerejeiras– árvore símbolo do Japão – estarem emflor. Acredite, é algo digno de ver. As cerejeiras florescem primeiro emKyushu, que é a região mais quente, noinício de março, mas essas lindas árvorespodem ser contempladas repletas de floresaté maio no nordeste do país.Já o verão, que começa em junhotrazendo muitas chuvas, é quente eúmido, mas as praias e montanhas ficamcheias de gente, o que proporcionadiversão garantida. Mesmo porque, esta éa época do plantio do arroz e há muitasfestas populares, entre elas, a escalada aoMonte Fuji.Agora, se você é um romântico e gosta danatureza, precisa visitar o Japão nooutono. É quando o arquipélago apresentauma profusão de cores, que vão dovermelho-dourado ao amarelo pálido. Étambém a estação da colheita, por issorolam inúmeros festivais e campeonatosesportivos. E no inverno, que não é tãoforte quanto na Europa ou EstadosUnidos, a dica é esquiar nas regiõesmontanhosas, onde a neve é abundante.Diversos esportes são praticados no Japão.Eles variam desde os tradicionais, como asartes marciais, em especial o Judô, oKaratê, o Kendo e o Sumo, assim como obasebol. O governo proporciona acessoa diversas modalidades esportivas aseus habitantes, entre elas, o tênis,tênis de mesa, vôlei e natação, o quetem garantido aos japonesesinúmeras medalhas olímpicas erecordes ao longo dos anos. Uma 33

Portão flutuante de O-torii-Miyajima

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curiosidade é o crescente interesse dosmeninos japoneses pelo futebol, queganhou popularidade com a chegada deZico ao campeonato local que surgia, a J-League. Desde então, os clubes da ligacontam com muitos atletas estrangeiros,principalmente brasileiros. Apenas pararecordar, em 2002 o país sediou a Copa doMundo em conjunto com a Coréia do Sul,chegando à fase de oitavas-de-final.

Templos e termasO Japão tem centenas de estações de águastermais, e há dois mil anos os japonesestomam “banhos quentes”. Não surpreendeque tenham se tornado experts no assuntoe por isso seus spas são os mais procuradosdo mundo. Eles oferecem uma infinidadede maneiras para o turista experimentar oato de se banhar (onsen) num balneário deágua mineral quente. Ah, sim, há tambéma tradição de se comer um ovo cozidonaquela água, que de tanto enxofre deixa asua casca preta. Diz a lenda que a cada ovodaqueles ingerido, sua vida aumenta seteanos. Pelo sim, pelo não, não deixe deprovar. O gosto é de um ovo cozidocomum e corrente.A prática dos banhos quentes tem sedifundido também entre os jovens e osexecutivos em visita de negócios, o quetem tornado cada vez mais populares osspas perto de Tóquio, entre os quaisdestacam-se os de Hakone, Atami,Tonosawas, Ito, Kinugawa, Nasu, Nikko eShiobara.Outro atrativo turístico que enlouquece osocidentais são os castelos e os templos,estes, carregados de beleza, paz e história.Super bem conservados, não há palavras

para descrever o impacto queproporcionam.

Entre os castelos, nãodeixe de visitar o Nijo,

construído em 1603 e com275 mil metros quadrados, para

ser a residência oficial do primeiroTokugawa Xogum leyasu. Por issoele é representativo da mais elevadaarquitetura Momoyama e éconsiderado uma relíquia histórica.Já o Castelo de Ouro (Kinkaku –ji),na cidade de Kioto, famosíssimomundialmente por ter o pavilhãorecoberto de ouro, chama-severdadeiramente Rokuonji, um templozen que pertence à seita de Shokokuji doRinzai-shu. O castelo recebeu este nomeem razão do seu fundador, YoshimitsuAshikaga (Rokuon-in-den), ter nascido emRokuya-on, local onde Buda orou pelaprimeira vez.

Novamente as cerejeirasem florA melhor época para visitá-lo é naprimavera, quando as cerejeiras queenfeitam os portões de entrada principal,estão super floridas. Mas se você for nooutono não ficará desapontado, pois asfolhas estarão quase vermelhas.O castelo tem três andares eaproximadamente 13 metros de altura;reúne também três estilos diferentes: o depalácio propriamente dito no primeiroandar, uma casa de samurai no segundo eum templo Zen no terceiro. A estrutura,esmerada e nobre, emoldurada por umalagoa, forma um dos conjuntosarquitetônicos mais bonitos do mundo.Outro castelo que merece a vista é oNagoia, construído em 1612. Localizadona cidade de mesmo nome, em meio aoparque Meijo, é um verdadeiro campoverde dentro da cidade. Entre asconstruções que restaram, a HommaruPalace conta com painéis pintados pelofamoso artista da época, Sadanobu Kanou.Hoje, após várias restaurações, o castelotem elevador para facilitar a visita até oquinto andar, de onde se tem uma vistaespetacular da cidade.

Entre os templos mais antigos e importantes,destaca-se o Kiyomizu-Dera (Templo dasÁguas), da era Hoki (778 d.C). Conta-se quehá mais de 1200 anos, Enchin, um monge deNara, teve uma visão onde deveria procurar anascente do rio Yodo. Depois de uma longaprocura, encontrou no monte Otowa, em meioa uma névoa, uma pequena fonte e lá surgiu oKiyomizu-Dera. Mas por falar em Nara, eestando lá, não deixe de conhecer o parque,onde fica o Kofuku-ji, um templo budista dosmais antigos do Japão. Localizado logo naentrada, o templo data de 669 d.C e foifundado pela esposa de Fujiwara Katari, umdos Shogum da grande família Fujiwara quecomandou o país do VIII ao XII século.Enquanto o país vivia guerras civis emcontinuação, o templo manteve um exércitode soldados monges para sua proteção. Eenquanto reinava a família Fujiwara,prosperava também o templo, até começar oseu período de declínio, no século XII. Hoje,após séculos de história, de ruínas ereconstruções, o templo Kokufi-ji tem umsignificativo acervo de arte, protegido contrafogo e terremotos que merece ser visto.

Santuário FutamiuraO Santuário de Futamiura fica localizado napraia de mesmo nome, em Ise-shi, Mie-ken,cidade vizinha à famosa Toba (Cidade dasPérolas). Na era Tokugawa, a praia era muito utilizadapara o banho, já que suas águas limpíssimasserviam para purificar-se antes de visitar otemplo de Ise. O incrível do santuário é que ele é formadopor duas pedras, amarradas por uma corda. Oespetáculo é indescritível, especialmente aonascer do sol, quando o astro sobe entre asduas rochas. Para muitos, é o nascer do solmais lindo do planeta. Daí o nome Futamiura.Futami significa “olhar mais um vez”.Mas em Ise, o interesse do turista curioso porexcentricidades também não será frustrado.Uma tradição de 2 mil anos continua: a deoferecer aos deuses frutas e verduras

A Passeio

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Trem-bala em Osaka

Sagano-Kioto

Apartamento tipo “cápsula” em hotelde Shinjuku-eki

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cultivadas apenas por fertilizantes naturais e,quando colhidos, rigorosamente lavados. Osalimentos são cultivados por homens que sepurificam nas águas diariamente e sempre vestemroupas brancas e limpas para trabalhar.Um sal grosso também é feito manualmente no diamais quente do verão e tratado no fundo doSantuário Mishioden. No dia 15 de outubro essesal é queimado para se fazer o Katashio (aoferenda), quando os sacerdotes de Ise Shrine e ostrabalhadores que o produziram participamjuntos de um antigo ritual.E antes de voltar a Tóquio para pegar o avião queo trará novamente à realidade, retorne a Kioto ouvá pela primeira vez, conforme o seu roteiro.Kioto é uma típica cidade onde a tradiçãomilenar japonesa foi preservada. Percorra as ruase absorva a atmosfera das casas tradicionais, osjardins e o dia-a-dia do Japão tranqüilo. Ah, nãodeixe de visitar a Escola de Gueixas. Issomesmo, a cidade mantém uma escola degueixas, e elas podem ser vistas a todo omomento, passeando pelas ruas em seus trajesluxuosos e postura elegante. Não resista, peçapara tirar uma foto ao lado de uma delas. Elasvão atendê-lo com a maior atenção. A atençãodigna de uma gueixa. Boa viagem.

O JAPÃOQUE VEJOVou ao Japão desde a década de 70,quando representava o estado deGoiás no JICA - Japan InternationalCooperation Agency, um órgãofacilitador de transferência detecnologia e de instalação deempresas japonesas no Brasil. Mastodas as vezes, pisar em territóriojaponês é uma experiência e tanto. Ésempre surpreendente e revelador. OJapão é um mistério. Acho mesmoque nenhum ocidental consegueentender, com profundidade, acultura, os hábitos e a rígidadisciplina dos japoneses. Uma dasprimeiras e principais barreiras é alíngua. Nem tanto a língua falada,que se pode aprender, mas a escrita,que pode comprometer até traduçõestécnicas. Depois, existe a hierarquia eo caráter reservado do povo. Numamesa de negociação, por exemplo, édifícil perceber o que eles pretendem,porque não deixam transparecernenhuma emoção. Aliás, a emoção éalgo naturalmente reprimido, já que aoserem obrigados a viver em casaspequenas - dada a limitação de espaço-, feitas de papel e madeira, sãoacostumados a falar baixo e a serextremamente discretos desde crianças.Também se diz que os japoneses nãogostam de ser tocados, não gostam deabraços, sequer de apertos de mão, pelomesmo motivo. Sendo obrigados apartilhar pequenos espaços entre muitos- o Japão deve ter a metade da área doestado de Goiás e quase a população doBrasil - esse tipo de “intimidade” estácompletamente fora de cogitação emqualquer relação comercial. Por outrolado, a educação, a cordialidade e opreparo intelectual dos japoneses é algoque merece ser exaltado. Não por outrarazão conseguiram transformar umarquipélago pobre em uma super potência

Por Hugo Goldfeld

tecnológica. E o maisbonito: sem perder astradições. Eu costumodizer quediferentemente daEuropa, que a cada diafica mais “velha” com

tantos problemas sociais, o Japão ficaapenas mais “antigo”, porque consegueconviver harmoniosamente com atradição e o respeito por templos de900 anos e jovens de cabelo verdecomandando computadores de últimageração. Isto não significa o melhordos mundos nem que sejam perfeitos.É conhecido o alto índice deinsatisfação pessoal que aflige o povojaponês, certamente pelo excesso detrabalho e pelas pressões de umasociedade altamente competitiva queexige, no mínimo, o máximo de cadacidadão. Acredito que este tambémseja um dos motivos pelos quais nãose privam da happy hour ou mesmo dosaquê na hora do almoço, um hábito(ou uma fuga), comum eperfeitamente aceito. E como todopovo, o japonês também tem suasexcentricidades. Para mim, a maisinteressante é o teatro Kabuki, comose sabe, estrelado apenas por homens.O pitoresco não é o fato dos homensfazerem também os papéis femininos -uma tradição milenar - mas deexistirem apenas 12 peças escritas,que são encenadas ao longo dosséculos repetidamente e sempre commuito público!Por isso e por muito mais, recomendoa todo mundo que visite o Japão. Nãosó os templos belíssimos, mas osjardins, a oferta infinita de consumo, agastronomia, e a atmosferacompletamente diferente daquela aque estamos habituados no ocidentemerecem a visita. E não se assustem, oJapão não é tão caro quanto dizem.Tudo depende do que se quer comprar.Se forem produtos eletrônicos, elescustam um pouco mais do que nosEstados Unidos e menos do que naEuropa, mas a comida, por exemplo,é mais cara. Evidentemente, não vápedir carne, porque em um paíspequeno, onde 80% do territórioé montanhoso, fica mesmo muitodifícil criar vacas...

VW Govesa, Goiânia - GO35

Jardim do templo de Kioto

Casa típica japonesa

Cerejeira, árvore símbolo do Japão

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este número, mesmo sabendo que se trata de umaaproximação.Espera-se que o retorno obtido pela empresa sejaigual ou superior ao custo de capital da empresa .Assim, se o retorno obtido for de 20% e o custode capital de 18% , a empresa terá obtido lucroeconômico de 2 pontos percentuais . Este é oconceito de Economic Value Added (EVA) ouValor Econômico Adicionado. Só há lucroeconômico após remunerar a totalidade dosrecursos utilizados, sejam eles próprios

ou de terceiros.O conceito EVA aplicado em uma empresa estimula a buscade padrões mais altos de eficiência quando comparados aospadrões de lucro contábil, que considera lucro o que vaialém da remuneração dos recursos de terceiros.Este conceito pode ser aplicado na avaliação de desempenhodos centros de lucro de uma concessionária de veículos.Considerando que as decisões envolvendo imobilizações nãosão tomadas pelos gerentes e ainda há dificuldade de alocarestas imobilizações aos centros de resultados, podemos nosconcentrar em medir o capital utilizado no giro dos negóciosdos departamentos de veículos novos, veículos usados,peças/acessórios e oficina. Em seguida, podemos calcular ocusto do capital utilizado no giro dos negócios daqueledepartamento. Teremos então identificado para cada centro de resultado, asreceitas, despesas e o custo do capital utilizado no giro. Aoresultado final encontrado podemos chamar de lucroeconômico do departamento. É uma ótima base de cálculopara a remuneração dos gerentes de cada departamento. Equando todos os gerentes “correm” atrás de lucroeconômico, os resultados da concessionária tendem a sersuperiores.Dispor de informações com qualidade é um forte aliado parabuscar resultados superiores em qualquer empresa, inclusiveem concessionárias de veículos. Se você tem informaçõescom qualidade, sabe dos efeitos positivos. Se não as tem,ainda é tempo de consegui-las.

Ademar Campos Filho é consultor de empresas, pós graduado emAdministração Contábil e Financeira pela EAESP-FGV de São Paulo. Ésócio da Advance Consultoria Empresarial, especializada em gestãode concessionárias de veículos.e- mail [email protected]

Administração

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ara desempenhar as suas atividades, as empresasutilizam recursos próprios (recursos dos sócios, mais oslucros gerados) e recursos de terceiros, na forma deempréstimos e financiamentos. A totalidade dos recursospróprios e de terceiros é mostrado do lado direito dobalanço patrimonial (passivos e patrimônio líquido). Estesrecursos permitem que as empresas façam as aplicaçõesnecessárias para o giro das operações (duplicatas a receber,cheques a receber, estoques...) e também em imobilizações( terrenos, prédios, máquinas, móveis...) Os recursospróprios têm um custo, de quantificação não muito fácil,mas que precisa ser considerado nas decisões de negócio.O custo dos recursos próprios não é reconhecido pelacontabilidade. A legislação do Imposto de Renda permite,dentro de certas condições, o reconhecimento para finsfiscais dos juros sobre o capital próprio (lei 9249/95).Entretanto, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM)recomenda que os juros sobre capital próprio sejammostrados como distribuição de lucros, permitindo assim acomparação entre os resultados das empresas. Os recursos de terceiros também têm custos, mas estes sãode fácil quantificação e mostrados na contabilidade comodespesas de juros. Do anedotário empresarial, conta-se que um gerente dedepartamento muito amigo do contador e do financeirosolicitava a ambos que só utilizassem recursos próprios nasatividades do seu departamento e que, portanto, nenhumjuro fosse atribuído a seu departamento.O custo de capital de uma empresa é uma médiaponderada dos custos dos recursos próprios e de terceirosutilizados pela empresa. É muito importante ter em mente

O custo de capital de umaempresa é uma média ponderadados custos dos recursos próprios ede terceiros utilizados pelaempresa. É muito importante terem mente este número, mesmosabendo que se trata de umaaproximação.O conceito de

Custo de Capitale suas aplicações

Por Ademar Campos Filho P

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nadamaisestúpido doque isso: ora, se épreciso ouvir o “outrolado” é porque existe um ladopreferencial da notícia; existe “o seu” lado, que– se supõe – seja o lado “correto”, o lado que o jornal definiucomo o certo.Não raro o jornal informa que o representante do “Outro Lado”não foi ouvido porque “não foi encontrado em casa” ou “nãoretornou a ligação até o fechamento desta edição”. Certamenteele não teve a mesma chance do entrevistado oficial, querepresenta “O Lado Certo” da notícia, certo? A Folha – ou qualquer outro jornal - tem o direito deentrevistar quem quer que seja e desprezar pessoas ou assuntosque não lhe convém. Mas é preciso deixar claro essa posiçãopara o leitor e não fazê-lo acreditar que está tendo uma visão“imparcial” do fato.A grande mídia é quem determina os temas discutidos pelasociedade. Ou você acha que algum setor social discutiu aoportunidade de assistirmos por mais de três meses,diariamente, a trama do Alemão e os “heróis” nacionais (naanálise do cientista social Pedro Bial) na casa do BBB?A agenda eleita pela mídia é que determina a agenda pública. OPaís discute o que a mídia quer. Ontem foi o escândalo dossanguessugas, hoje é o apagão aéreo, amanhã será qualqueroutro assunto que interessa aos donos dos jornais.Não é “pecado” deixar de ouvir o “outro lado”. Temos o direitode sermos parciais. E somos. Mas é preciso deixar claro a nossaposição.Nas últimas eleições presidenciais, a revista Carta Capitalrevelou sua preferência por Lula. O Jornal da Tarde assumiusua feroz campanha contra o então prefeito Paulo Maluf nadécada de 70. “Ele (Maluf) é pernicioso para São Paulo”,assumiu o editor Julio Mesquita.O que nós jornalistas não podemos fazer é levar o leitor à ilusãode que está recebendo uma notícia imparcial.

Freio Solto

A prendi na faculdade que jornalista deve serimparcial. Tentei seguir a cartilha dos meus mestres;acreditei mesmo, algumas vezes, que estava sendoimparcial ao dar uma notícia. Com o passar do tempopercebi que todos os jornais, todos os veículos decomunicação, são parciais. Então resolvi criar o meupróprio jornal. Foi assim que nasceu o “Jornal Parcial”,um boletim distribuído pela internet para os amigos.Ora, um jornal igual aos outros? Não, bem diferente: osoutros não admitem a parcialidade. Como se fossepossível você ter uma visão isenta das coisas. Quemassiste a um acontecimento, o vê a partir da suaexperiência, do repertório que construiu durante a vida.Assim, aquela é uma visão particular e, portanto, parcial.No jornalismo não há problema em selecionar as notícias.O problema é não dizer que seleciona. É fazer o leitor crerque está recebendo uma informação isenta. Lembra-se da história do copo com metade de água? Na

visão do primeiro personagem o copo está “meio vazio”.Na visão do segundo, está “meio cheio”. Questão deponto de vista.Assim enxergamos os acontecimentos do mundo: comabsoluta parcialidade.A imparcialidade não existe. Quando eu olho o mundo jáestou sendo parcial, porque o vejo apenas de um lado;vejo o outro, ou as coisas, a partir da minha posição. Éimpossível estar no lugar do outro. Estou sempre no“meu” lugar, tenho a “minha” visão do fato; jamais podereimostrar o mundo a partir da visão do outro.A ilusão da imparcialidade leva jornais e jornalistas aoridículo. A campeã dessa estupidez é a Folha de S. Paulo.O jornal criou uma coluna chamada “Outro Lado”, paradar a sensação ao leitor de que está fazendo um trabalhoimparcial, ouvindo o “Outro Lado” da notícia. Não há

Joel Leite é jornalista, formado pela Fundação Cásper Líbero, com pós-graduação em Semiótica, Comunicação Visual e Meio Ambiente. Diretor daAgência AutoInforme, assina colunas em jornais, revistas, rádio, TV einternet. Não tem nenhum livro editado e nunca ganhou nenhum prêmio dejornalismo. Nem se inscreveu.

O mito daimparcialidade

Quando o jornal precisa ouvir “ooutro lado” da notícia é porque jáse posicionou, assumiu suaparcialidade: o “outro lado” não éo “seu”, mas “do outro”.

Por Joel leite

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UM APARELHO SKYPE ACESSÍVEL

Quase todo mundo conhece ou ouviu falar dasfacilidades (e economia) do Skype. O problema é o meio

para falar: ou com microfone ecaixas acústicas do PC, semnehuma privacidade, ou comheadset. Os aparelhos do tipoconvencionais já existem masesbarram no preço muito salgado.Esbarravam, pois a Philips lançouo VOIP080 um telefone comconexão USB com fio para PCintegrado ao Skype que oferecequalidade de conversa ao vivocom a simplicidade de umtelefone convencional. Com ele épossível controlar as funções doSkype diretamente no telefone.Preço sugerido: R$ 159,00Onde encontrar: Serviço deAtendimento ao Consumidor (11)2121-0203 (grande SP) e 0800-7010203 (demais regiões).www.philips.com.br.

CONVERGÊNCIA DE MÍDIAS

Não satisfeita em revolucionar a indústriamusical com o iPod (que alcançou a marca de 100milhões de aparelhos vendidos em cinco anos emabril último) e o iTunes, a Apple quer fazer omesmo com filmes e programas de TV. Para isso,lançou em março nos EUA (abril no Brasil) a AppleTV. Uma espécie de tocador de DVD para a era dainternet. A Apple TV conecta-se, através da redeWiFi existente, ao PC, a TV widescreen (desde quetenha alta resolução) e a vários sistemas de hometheater. Integra-se com perfeição ao iTunes epermite aos usuários escolher, entre o acervo dosite, filmes e programas de TV (ainda comqualidade inferior ao DVD) clipes de música epodcasts. Ou assistir trailers de filme diretamentena TV, ouvir as músicas no sistema de som evisualizar álbuns de fotos em alta-resolução. AApple TV tem disco rígido de 40 GB, armazena até50 horas de vídeo, nove mil músicas e 25 milfotos.Preço sugerido: nos EUA US$ 299, no Brasil nãodivulgado Onde encontrar: Fnac

MULTILEITOR DE CARTÕES

As câmaras digitais têm cartão de memória, assim como outros aparelhos - celulares, handhelds etc.Cada um num formato diferente. Para transferir os dados para o computador era preciso identificar o

tipo de cartão e conectar o próprio aparelho ao PC. Parasimplificar, sobretudo para aqueles que curtem tecnologia, masnão são especialistas, a Sony trouxe para o Brasil ummultileitor de cartões que lê 17 tipos, o Multicard ReaderMRW-62E-S1. Com este leitor basta tirar o cartão de memória ecolocar diretamente no equipamento para que os dados sejamtransferidos. A alimentação de energia e a transferência dedados são feitas via cabo USB, com alta velocidade deconexão. É ideal para quem lida com fotografia e vídeo.Simplicidade com design refinado: apenas 57gramas e tamanhode 86 x 15,7 x 50 mm. Além disso, é compatível com os

sistemas operacionais Windows e Macintosh.Preço sugerido: R$ 79,00. Onde encontrar: www.sonystyle.com.br ou nas lojas de varejo especializadas em informática e fotografia. 40

Novidades

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“Alpha Dog”, o novo filme de Nick Cassavetes, narra umahistória real: três dias na vida de um grupo de jovenscalifornianos. Três dias em que tudo foge do controle e setorna definitivo. No ano 2000, Jesse James Hollywood, terceirageração de uma família de traficantes de maconha, seqüestra emanda matar um garoto de quinze anos, irmão de outrovendedor de drogas que lhe devia dinheiro. Com um passaportefalso, foge – advinha para onde? Sim, para o Brasil. O filmenarra as 72 horas finais desses jovens de classe média,isolados em uma vida suburbana, com tempo, grana e drogas àvontade em uma eterna festa. De tanto imitar a vida bandida,ultrapassam a linha tênue, deixam de ser outsiders e vão parao outro lado. É um filme violento, sobretudo na linguagem queos jovens usam. Agressivos, empregam as 53 variações de usoda palavra fuck em cada frase. Por natureza, a América é permeada pela contracultura e seusheróis são os criminosos; o novo sonho americano dos jovensbrancos da classe média é se tornar um deles. No longa, nomes, locais e acontecimentos foram trocados, oque permanece é a liderança que James Hollywood (no filmeJohnny Truelove) exerce sobre o bando. Assemelham-se, defato, à matilha a que se refere o nome do filme, machodominante. Por cinco anos, Hollywood, o bandido mais jovem procuradopelo FBI, encabeçou a lista dos mais procurados até ser presona praia de Saquarema, na Região dos Lagos (RJ). O processoainda tramita no estado da Califórnia. Se condenado porassassinato, será punido com a pena de morte. O elenco de jovens e consagrados atores traz o promissor ator,Emile Hirsch (Heróis Imaginários), o cantor e popstar, JustinTimberlake, Ben Foster (X-Men 3) e Anton Yelchin (SociedadeFeroz), além dos veteranos Bruce Willis (Xeque-Mate) e SharonStone (Bobby). Estreou 11 de maio.

Alpha Dog, EUA, 2006Direção: Nick Cassavetes (Diário de uma paixão; Um ato decoragem) Distribuição: Imagem Filmes

Liv ros&Afins

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Mais uma história realnas telas do cinema

CRESCIMENTO ELUCRO

“O assuntosustentabilidade está napauta de todos osexecutivos”. A frase é donovo presidente daFebraban (a federação dosbancos), Fábio CollettiBarbosa, que preside o

Banco Real, instituição que ao lado da Natura dáexemplos de crescimento e lucro. Lucro com responsabilidade social e ambiental é otema central do livro “A empresa Sustentável”,lançamento da Campus/ Elsevier, dos autoresAndrew Savitz e Karl Weber. O primeiro dirige umaconsultoria independente, a Sustainable BusinessStrategies, e o segundo é consultor de gestãoaclamado e autor especializado em negócios, temassociais e políticos. Os autores argumentam que ascompanhias que exploram recursos humanos enaturais na sede por lucro são empreendimentosinsustentáveis e têm cada vez menos espaço numaépoca em que a pressão de acionistas einvestidores por responsabilidade social e ambientalé cada dia maior. O contrário, aliar atenção aosrecursos humanos e naturais ao lucro é o desafiodos que buscam prosperar e ainda passar uma boaimagem aos seus clientes. “Organizações e sociedades sustentáveis geramrendimentos como fonte de sobrevivência, em vezde consumir o próprio capital. Ou seja, sãoempreendimentos duradouros”, defendem osautores. O livro propõe que responsabilidade social é umconceito incompleto e que o mais apropriado seriasustentabilidade, porque responsabilidade enfatizaos benefícios para os grupos sociais fora daempresa, ao passo que sustentabilidade atribuiigual importância aos benefícios desfrutados pelasempresas em si. Além disso, o livro traz aos leitoresinformações sobre as ferramentas necessárias e osexemplos reais para alcançar a sustentabilidade,como o caso da fábrica de chocolate Hershey Foods.

“A empresa sustentável” (Campus/Elsevier), de AndrewW. Savitz e Karl Weber. Preço sugerido: R$ 69,00

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americana a obter o certificado deneutralização de carbono, o que evidencia suapreocupação com o meio ambiente. Uma das maiores preocupações da equipe deenologia da Cono Sur é localizar novos locaisde plantio em todo o território chileno, umaquase obsessão pela descoberta de novosterroirs. Em alguns locais, tais como o Vale doElqui, Bio-Bio e San Antonio, já são cultivadasvariedades brancas e as tintas Pinot Noir e aSyrah de clima frio. Estes vinhedos

complementam os já existentes em Chimbarongo e nos vales do Maipo,Casablanca e Cachapoal. Outra novidade é a Riesling, uma uva brancaque a Cono Sur está cultivando em Bio-Bio, que tem mostrado muitapersonalidade e principalmente tipicidade no Chile.Entre as uvas tintas, o diferencial da Cono Sur está no manejocuidadoso da exigente Pinot Noir, que nas mãos de Adolfo Hurtado e doconsultor francês Martin Prieur, dá origem ao melhor vinho destavarietal no Chile, o espetacular Ocio, um vinho muito exclusivo e raro.A Wine Premium está trazendo três linhas diferentes de vinhos da ConoSur (www.conosur.com), além do ícone Ocio. A mais básica, e deexcepcional relação custo/qualidade é a Varietal Bicicleta, seguida pelalinha Reserva e pela linha 20 Barrels, esta última, de categoriapremium. O nome da primeira homenageia o transporte utilizado pelostrabalhadores para se deslocar pelos vinhedos. Os vinhos da Cono Sur já estão disponíveis nas melhores lojasespecializadas do Brasil e também na Wine Premium, pelo websitewww.winepremium.com.br

Isabel Caldeira é cozinheira, estudiosa e especialista em receitas ecardápios especiais. Contato: [email protected]

Arthur Azevedo, consultor de vinhos, presidente da ABS-SP, editorda revista Wine Style e do website Artwine (www.artwine.com.br)

Na pequena e quase desconhecida Chimbarongo, no Vale deColchagua, está escondido, bem guardado, um segredo dagigante Concha Y Toro: a vinícola boutique Cono Sur, dirigidacom muita competência por Adolfo Hurtado, um dos maispremiados e prestigiados enólogos do Chile.Os vinhos da Cono Sur são agora representados pela WinePremium, uma empresa do grupo Expand, do empresário OtávioPiva de Albuquerque. A Wine Premium já existe há três anos,mas só agora começa a aparecer para o público, com equipespróprias de vendas e com toda a infra-estrutura necessáriapara atender a crescente demanda do mercado brasileiro. Desde 1993, quando começa a história da Cono Sur, a empresatem adotado uma postura agressiva de inovações,surpreendendo com o plantio das primeiras videiras deViognier no Chile, em 1997, ou com a introdução da rolhasintética, em 1995, e da “screw-cap” (tampa de rosca), em2002. Em 2003, teve a primeira colheita totalmente orgânica,certificada por importante organização na Alemanha epretende, ainda em 2007, se tornar a primeira vinícola sul-

Por Arthur Azevedo

Vinhos & Videiras

O legado saboroso da antigüidadeMesa Posta

Cono Sur,a excelência da PINOT NOIR no Chile

faisão, perdiz e codorna. Exímios caçadores, abatiam o javali eo cervo, bem como a lebre, que cortavam em pedaços,marinavam em cebola, orégano, tomilho e cominho epreparavam em molho com o sangue do próprio animal(produzindo um precursor do “civet” dos nossos dias). Odomínio do forno os fez produzir doces adoçados com mel emais de setenta variedades de pães, elaborados com farinhas detrigo ou aveia. Um tempero obrigatório era o limão, queassociado ao ovo, converte-se em substancioso molho queentra, por exemplo, numa sopa de galinha de consistênciaespessa, a Sopa de Galinha com molho de Ovos e Limão.

Continuemos nosso percurso de quatro etapas para conhecer agastronomia da Antigüidade, na Civilização Ocidental, iniciado naedição anterior, visualizando “O legado saboroso da Antigüidade”,conforme a citada obra “A Canja do Imperador”, de J. A. Dias Lopes.Os fundamentos, ingredientes e técnicas da Grécia Antiga ajudaram adelinear a essência da Cozinha ocidental e o seu legado chegou aosnossos dias por intermédio do Império Romano. Os historiadoresestabelecem o início do aprendizado dos romanos no ano em queestes conquistaram a florescente cidade grega de Corinto, no istmoentre a península do Peloponeso e o sul do país, em 146 a.C., épocaem que os gregos já usavam os condimentos, empregavam o vinho eo leite na cozinha, guisavam as carnes com ervas aromáticas, aspreparavam com saborosos recheios, conservavam os alimentos emazeite de oliva e produziam pão. Enquanto os romanos não tinhamqualquer familiaridade com os frutos do mar e dos rios, os gregospreparavam talentosamente peixes, moluscos e crustáceos. No séculoVI a.C. Aristóteles relacionou 110 classes de peixes. Os gregoscriavam todos os animais que conhecemos. Em Ática, região aonoroeste do Peloponeso, sua vegetação fornecia aos ovinos ecaprinos uma ração de louro, malva, tomilho, orégano, salvia ecoentro, o que lhes conferia uma carne temperada pela próprianatureza. O porco recebia tratamento diferenciado e chegava à mesarecheado com toucinho, azeitonas, ovos e ostras. Produziam ainda,embutidos, sendo atribuída a eles a criação da morcela de sangue.

Selvagens e domesticadas, as aves também mereciam a glóriado fogão: pato, ganso, pavão, galinha, galinha d’angola,

Por Isabel Caldeira

INGREDIENTES: 1,5 quilo de galinha cortada pelas juntas; 1 cebola picada; 1cenoura picada; 1 folha de louro; 125 gramas de arroz; 2 ovos; 5 colheres desopa de suco de limão; 2 colheres de sopa de salsinha picada finamente; caldode galinha (preferencialmente) ou água o quanto baste; sal a gosto. PREPARO:coloque a galinha, a cebola, a cenoura, e o louro, numa panela; cubra com ocaldo, tempere com sal e cozinhe com a panela tampada até a galinha ficarmacia a ponto de poder ser despregada do osso (se necessário, acrescente maiscaldo durante o cozimento); durante o cozimento, descarte com umaescumadeira a espuma que se forma na superfície; retire a galinha do caldo,elimine a pele, desosse e desfie; leve o caldo ao fogo e acrescente o arroz;após uns 20 minutos acrescente a galinha desfiada e deixe levantar a fervura;retire a panela do fogo; num recipiente bata os ovos um pouco até espumareme aos poucos acrescente o suco de limão sem parar de bater; agregue váriascolheradas de sopa quente, mexendo delicadamente; junte essa molho à sopa,que estará fora do fogo e misture bem; polvilhe com a salsinha e sirva. Édeliciosa.

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