29
Eclesialogia, 4ª parte. VATICANO II: CONCÍLIO E SÍNODOS Identificar-se com CRISTO, com sua Missão e com sua Igreja... O II Concílio do Vaticano foi convocado pelo papa João XXIII e celebrado sob o seu pontificado e do de Paulo VI entre 1962 e 1965, ao longo de quatro sessões, aproximadamente uma por ano, em geral de outubro a dezembro. Foi o concílio ecumênico mais representativo dos 21 da história da Igreja, com a participação de mais de dois mil bispos do mundo inteiro. Por vontade expressa de João XXIII foi um concílio pastoral, isto é, não foi dedicado a condenar erros mas a procurar a atualização da doutrina da Igreja face à sociedade contemporânea. Diferenças entre os Documentos a) Constituição: exposição de verdades doutrinárias; b) Decreto: disposições disciplinares; c) Declaração: “juízo sobre determinado estado de coisas ou sobre o problema concreto”. Os Documentos do Concílio Vaticano II

dehoniana.edu.br · Web view12) Comprometemo-nos a partilhar, na caridade pastoral, nossa vida com nossos irmãos em Cristo, sacerdotes, religiosos e leigos, para que nosso ministério

  • Upload
    others

  • View
    0

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Eclesialogia, 4ª parte.

VATICANO II: CONCÍLIO E SÍNODOS

Identificar-se com CRISTO, com sua Missão e com sua Igreja...

O II Concílio do Vaticano foi convocado pelo papa João XXIII e celebrado sob o seu pontificado e do de Paulo VI entre 1962 e 1965, ao longo de quatro sessões, aproximadamente uma por ano, em geral de outubro a dezembro.

Foi o concílio ecumênico mais representativo dos 21 da história da Igreja, com a participação de mais de dois mil bispos do mundo inteiro.

Por vontade expressa de João XXIII foi um concílio pastoral, isto é, não foi dedicado a condenar erros mas a procurar a atualização da doutrina da Igreja face à sociedade contemporânea.

Diferenças entre os Documentos

a) Constituição: exposição de verdades doutrinárias;

b) Decreto: disposições disciplinares;

c) Declaração: “juízo sobre determinado estado de coisas ou sobre o problema concreto”.

Os Documentos do Concílio Vaticano II

Do encontro resultaram 16 documentos, que se agrupam desta forma: quatro constituições (os de maior importância), nove decretos e três declarações:

- Constituição sobre a sagrada liturgia, “Sacrosanctum Concilium” (SC), 4.12.1963;- Constituição dogmática sobra a Igreja, “Lumen gentium” (LG), 21.11.1964;- Constituição dogmática sobre a revelação divina, “Dei Verbum” (DV), 18.11.1965;- Constituição pastoral sobre a Igreja no mundo atual, “Gaudium et spes” (GS), 7.12.1965;

- Decreto sobre os meios de comunicação social, “Inter mirifica” (IM), 4.12.1963;- Decreto sobre as Igrejas Católicas orientais, “Orientalium Ecclesiarium” (OE), 21.11.1964;

- Decreto sobre o ecumenismo, “Unitatis redintegratio” (UR), 21.11.1964;- Decreto sobre o ministério pastoral dos bispos, “Christus Dominus” (CD), 28.10.1965;- Decreto sobre a formação sacerdotal, “Optatam totius” (OT), 28.10.1965;- Decreto sobre a conveniente renovação da vida religiosa, “Perfectae caritatis” (PC), 28.10.1965;

- Decreto sobre o apostolado dos leigos, “Apostolicam actuositatem” (AA), 18.11.1965;- Decreto sobre a atividade missionária da Igreja, “Ad gentes” (AG), 7.12.1965;- Decreto sobre o ministério e vida dos presbíteros, “Presbyterorum Ordinis” (PO), 7.12.1965;

- Declaração sobre a educação cristã, “Gravissimum educationis” (GE), 28.10.1965;- Declaração sobre as relações da Igreja com as religiões não cristãs, “Nostra aetate” (NA), 28.10.1965;

- Declaração sobre a liberdade religiosa, “Dignitatis humanae” (DH), 7.12.1965.

João XXIII (1881-1963) participou na primeira sessão conciliar e Paulo VI (1897-1978) presidiu às restantes.

1º. Concílio: NICEIA I

Data: 20/05 a 25/07 de 325. Papa: Silvestre I (314 - 335).

Decisões principais:

1. A confissão de fé contra Ário: igualdade de natureza do Filho com o Pai. Jesus é “Deus de Deus, Luz da Luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado, não criado, consubstancial ao Pai”.

2. Fixação da data da Páscoa a ser celebrada no primeiro domingo após a primeira lua cheia da primavera (hemisfério norte).

3. Estabelecimento da ordem de dignidade dos Patriarcados: Roma, Alexandria, Antioquia, Jerusalém.

2º. Concílio: CONSTATINOPLA I

Data: maio a junho de 381. Papa: Dâmaso I (366 - 384).Decisões principais:

1. A confissão da divindade do Espírito Santo, e a condenação do Macedonismo de Macedônio, patriarca de Constantinopla. “Cremos no Espírito Santo, Senhor e fonte de vida, que procede do Pai, que é adorado e glorificado com o Pai e o Filho e que falou pelos profetas. Com o Pai e o Filho ele recebe a mesma adoração e a mesma glória” (DS 150).

2. Condenação de todos os defensores do arianismo (de Ário) sob quaisquer das suas modalidades.

3. A sede de Constantinopla ou Bizâncio (“segunda Roma”, com a mudança da capital imperial em 330), recebeu preeminência sobre as sedes de Jerusalém, Alexandria e Antioquia.

3º. Concílio: ÉFESO

Data: 22/06 a 17/07 de 431. Papa: Celestino I (422 - 432).

Decisões principais:

1. “Cristo é uma só Pessoa em duas naturezas”.

2. Definição do dogma da maternidade divina de Maria, contra Nestório, patriarca de Constantinopla, que foi deposto. Portanto, Maria, é mãe de Deus (Θεοτόκος, Theotókos). “Mãe de Deus não porque o Verbo de Deus tirou dela a sua natureza divina, mas porque é dela que Ele tem o corpo sagrado dotado de uma alma racional , unido ao qual, na sua pessoa, se diz que o Verbo nasceu segundo a carne” (DS 251).

3. Condenou o pelagianismo (de Pelágio) que negava os efeitos do pecado original.

4. Condenou o messalianismo, que apregoava uma total apatia ou uma moral indiferentista.

4º. Concílio: CALDEDÔNIA

Data: 08/10 a 1º/11 de 451. Papa: Leão I, o Grande (440 - 461).

Decisões principais:

1. Afirmação das duas naturezas na única Pessoa de Cristo, contra o monofisismo de Êutiques de Constantinopla. “Na linha dos santos Padres, ensinamos unanimemente a confessar um só e mesmo Filho, Nosso Senhor Jesus Cristo, o mesmo perfeito em divindade e perfeito em humanidade, o mesmo verdadeiramente Deus e verdadeiramente homem, composto de uma alma racional e de um corpo, consubstancial ao Pai segundo a divindade, consubstancial a nós segundo a humanidade, ‘semelhante a nós em tudo com exceção do pecado´ (Hb 4,15); gerado do Pai antes de todos os séculos segundo a divindade, e nesses últimos dias, para nós e para nossa salvação, nascido da Virgem Maria, Mãe de Deus, segundo a humanidade”.

“Um só e mesmo Cristo, Senhor, Filho Único que devemos reconhecer em duas naturezas, sem confusão, sem mudanças, sem divisão, sem separação. A diferença das naturezas não é de modo algum suprimida pela sua união, mas antes as propriedades de cada uma são salvaguardadas e reunidas em uma só pessoa e uma só hipóstase” (DS 301 - 302).

2. Condenação da simonia, dos casamentos mistos e das ordenações absolutas (realizada sem que o novo clérigo tivesse determinada função pastoral).

5º. Concílio: CONSTANTINOPLA II

Data: 05/05 a 02/07 de 553. Papa: Virgílio (537 - 555).Decisões principais:

Condenação dos nestorianos Teodoro de Mopsuéstia, Teodoro de Ciro e Ibas de Edessa: “Não há senão uma única hipóstase [ou pessoa], que é Nosso Senhor Jesus Cristo, Um na Trindade... Aquele que foi crucificado na carne, nosso Senhor Jesus Cristo, é verdadeiro Deus, Senhor da glória e Um na Santíssima Trindade” (DS 424).

“Toda a economia divina é obra comum das três pessoas divinas. Pois da mesma forma que a Trindade não tem senão uma única e mesma natureza, assim também, não tem senão uma única e mesma operação... Um Deus e Pai do qual são todas as coisas, um Senhor Jesus Cristo para quem são todas as coisas, um Espírito Santo em quem são todas as coisas” (DS 421).

6º. Concílio: CONSTANTINOPLA III

Data: 07/11 de 680 a 16/09 de 681. Papa: Ágato (678 - 681).Decisões principais:

Condenação do monotelismo, heresia defendida pelo patriarca Sérgio de Constantinopla que ensinava haver só a vontade divina em Cristo.Este Concílio ensinou que “Cristo possui duas vontades e duas operações naturais, divinas e humanas, não opostas, mas cooperantes, de sorte que o Verbo feito carne quis humanamente na obediência a seu Pai tudo o que decidiu divinamente com o Pai e o Espírito Santo para a nossa salvação” (DS 556. 559). A vontade humana de Cristo “segue a vontade divina, sem estar em resistência nem em oposição em relação a ela, mas antes sendo subordinada a esta vontade todo poderosa” (DS 556; CEC 475).

7º. Concílio: NICEIA II

Data: 24/09 a 23/10 de 787. Papa: Adriano I (772 - 795).

Decisões principais: Contra os iconoclastas: há sentido e liceidade na veneração de imagens. “Para proferir sucintamente a nossa profissão de fé, conservamos todas as tradições da Igreja, escritas ou não escritas, que nos têm sido transmitidas sem alteração. Uma delas é a representação pictórica das imagens, que concorda com a pregação da história evangélica, crendo que, de verdade, e não na aparência, o Verbo de Deus se fez homem, o que é também útil e proveitoso, pois as coisas que se iluminam mutuamente têm sem dúvida um significado recíproco” (DOC 111).

“Nós definimos com todo o rigor e cuidado que, à semelhança da representação da cruz preciosa e vivificante, assim as venerandas e sagradas imagens pintadas quer em mosaico, quer em qualquer outro material adaptado, devem ser expostas nas santas igrejas de Deus, nas alfaias sagradas, nos paramentos sagrados, nas paredes e mesas, nas casas e nas ruas; sejam elas as imagens do Senhor Deus, dos santos anjos, de todos os santos e justos” (DS 600 - 601).

8º. Concílio: CONSTANTINOPLA IV

Data: 05/10 de 869 a 28/02 de 870. Papa: Adriano II (867 - 872)

Decisões principais;

1. Superação do cisma do patriarca de Constantinopla, Fócio, que foi condenado.2. O culto das imagens foi confirmado.

9º. Concílio: LATRÃO I

Data: 18/03 a 06/04 de 1123. Papa: Calixto II (1119 - 1124).

Decisões principais:

1. Confirmação da Concordata de Worms, que assegurava à Igreja plena liberdade na escolha e ordenação dos seus bispos. A Concordata de Worms, por vezes chamada de Pactum Calixtinum, foi um tratado entre o papa Calisto II e o imperador Henrique V, celebrado em 23 de setembro de 1122. Encerrou a primeira fase da Questão das Investiduras entre o Papado e o Sacro Império Romano-Germânico.

2. Fortalecimento da disciplina eclesiástica e confirmação do celibato sacerdotal.

10º. Concílio: LATRÃO II

Data: abril de 1139. Papa: Inocêncio II (1130 - 1143).Decisões principais:

1. O cisma do antipapa Anacleto II.

2. Vetou o exercício da medicina e da advocacia pelo clero.

3. Rejeitou a usura e o lucro.

11º. Concílio: LATRÃO III

Data: 05 a 19 de março de 1179. Papa: Alexandre III (1159 - 1181).

Decisões principais:

1. Fixação da necessidade de dois terços dos votos na eleição do Papa, ficando excluído qualquer recurso às autoridades leigas para dirimir dúvidas do processo eleitoral.

2. Rejeição do acúmulo de benefícios ou funções dentro da Igreja por parte de uma mesma pessoa.

3. Recomendação da disciplina da Regra aos monges e cavaleiros regulares, que interferiam indevidamente no governo da Igreja.

4. Condenação das heresias da época, de fundo dualista (catarismo) ou de pobreza mal entendida (Pobres de Lião ou Valdenses).

12º. Concílio: LATRÃO IV

Data: 11 a 30 de novembro de 1215. Papa: Inocêncio III (1198 - 1216).

Decisões principais:

1. Condenação dos albigenses e valdenses.

2. Condenação dos erros de Joaquim de Fiore, que pregava o fim do mundo para breve, apoiando-se em falsa exegese bíblica.

3. Declaração da existência dos demônios como sendo anjos bons que abusaram do seu livre arbítrio pecando: “Com efeito, o Diabo e outros demônios foram por Deus criados bons em sua natureza, mas se tornaram maus por sua própria iniciativa” (DS 800). 

4. A realização de mais uma cruzada para libertar o Santo Sepulcro de Cristo, em Jerusalém, que se achava nas mãos dos mulçumanos.

5. A profissão de fé na Eucaristia, tendo sido então usada a palavra ´transubstanciação´. 

6. Obrigação da confissão e da comunhão anuais.

7. Fixou normas sobre a disciplina e a Liturgia da Igreja.

13º. Concílio: LYON I

Data: 28/06 a 17/07 de 1245. Papa: Inocêncio IV (1243 - 1254).

Decisões principais:

Excomunhão e deposição do imperador Frederico II da Alemanha;

Discussão sobre a 7ª Cruzada e o Grande Cisma;

Questões disciplinares (chapéu vermelho para os cardeais )...

14º. Concílio: LYON II

Data: 07/05 a 17/07 de 1274. Papa: Gregório X (1271 - 1276).

Decisões principais:

1. Procedimentos referentes ao conclave, eleição do Papa em recinto fechado.2. União da Igreja latina com a Igreja grega (Constantinopla).

15º. Concílio: VIENNE (França)

Data: 16/10 de 1311 a 06/05 de 1312. Papa: Clemente V (1305 - 1314).

Decisões principais:

1. Supressão da Ordem dos Templários.

2. Contra o modo de viver a pobreza dos franciscanos, chamados ´Espirituais´, que adotavam ideias heréticas sobre a pobreza.

3. Condenação do franciscano Pedro Olivi, que admitia no ser humano elementos intermediários entre a alma e o corpo.

16º. Concílio: CONSTANÇA (Alemanha)

Data: 05/11 de 1414 a 22/04 de 1418. Papas: Existência de vários antipapas.

Decisões principais:1. Resignação do Papa romano, Gregório XII (1405 - 1415);

2. Deposição do anti-Papa João XXIII (1410 -1415) em 29/05/1415;

3. Deposição do anti-Papa avinhense Benedito XIII (1394 -1415) em 26/07/1417;

4. Eleição de Martinho V em 11/11/1417 ;

5. Superação do Grande Cisma do Ocidente (1378 - 1417).

6. Condenação da doutrina de João Hus, João Wiclif e Jerônimo de Praga, precursores de Lutero.

7. Decreto relativo à periodicidade dos Concílios e rejeição do conciliarismo (prevalência da autoridade dos concílios sobre o Papa).

17º. Concílio: BASILEIA-FERRARA-FLORENÇA-ROMA

Datas e locais: Basileia, de 23/07/1431 a 07/05/1437; Ferrara, de 18/09/1437 a 1º/01/1438; Florença ,de 16/07/1439 a ?; Roma, a partir de 25/04/1442. Papa: Convocado por Papa Martinho V e realizado por Eugênio IV (1431 - 1447).

Decisões principais: 1. Reunião com os gregos em 06/07/1439; com os armênios em 22/11/1439; com os jacobistas em 04/02/1442. 2. Questões doutrinárias sobre a SS. Trindade: “O Espírito Santo tem sua essência e seu ser subsistente ao mesmo tempo do Pai e do Filho e procede eternamente de Ambos como de um só Princípio e por uma única expiração... E uma vez que tudo o que é do Pai, o Pai mesmo o deu ao seu Filho Único ao gerá-lo, excetuando o seu ser de Pai, esta própria processão do Espírito Santo a partir do Filho, ele a tem eternamente de Seu Pai que o gerou eternamente” (DS 1300-1301. “Por causa dessa unidade, o Pai está todo inteiro no Filho, todo inteiro no Espírito Santo; o Filho está todo inteiro no Pai, todo inteiro no Espírito Santo; o Espírito Santo todo inteiro no Pai, todo inteiro no Filho”. “O Pai, o Filho e o Espírito Santo não são três princípios das criaturas, mas um só princípio” (DS 1331).

18º. Concílio: LATRÃO V

Data: 10/05/1512 a 16/03/1517. Papas: Júlio II (1503 - 1513) e Leão X (1513 - 1521).

Decisões principais: 

1. Contra o concílio cismático de Pisa (1511 - 1512).

2. Decretos de reforma da formação do clero, sobre a pregação, etc.

3. Condenou a Sanção de Bourges, declaração que favorecia a criação de uma Igreja Nacional da França. Assinatura de uma Concordata que regulamentava as relações entre a Santa Sé e a França.

4. Condenação da tese segundo a qual a alma humana é mortal e uma só para toda a humanidade, de Pietro Pomponazzi.

5. Exigência do “imprimatur” para os livros que versassem sobre a fé ou teologia.

19º. Concílio: TRENTO

Data: 13/12/1545 a 04/12/1563 (em três períodos). Papas: Paulo II (1534 - 1549); Júlio III (1550 - 1555) e Pio IV (1559 - 1565).

Decisões principais: 1) Contra a Reforma de Lutero. 2) Doutrina sobre a Escritura e a Tradição. 3) Reafirmação do Cânon das Sagradas Escrituras. 4) Declarou a Vulgata isenta de erros teológicos. 5) Doutrina do pecado original, justificação, os sacramentos e a missa, a veneração e invocação dos santos, Eucaristia, purgatório, indulgências, etc. 6) Decretos de reforma.

“Quando Deus toca o coração do homem pela iluminação do Espírito Santo, o homem não é insensível a tal inspiração que pode também rejeitar; e no entanto, ele não pode tampouco, sem a graça divina, chegar, pela vontade livre à justiça diante dele” (DS 1525). “Tendo recebido de Cristo o poder de conferir indulgências, já nos tempos antiquíssimos usou a Igreja desse poder, que divinamente lhe fora doado...” (DS 1935).

Na Sessão VI, cânon 30, afirmou: “Se alguém disser que a todo pecador penitente, que recebeu a graça da justificação, é de tal modo perdoada a ofensa e desfeita e abolida a obrigação à pena eterna, que não lhe fica obrigação alguma de pena temporal a pagar, seja neste mundo ou no outro, purgatório, antes que lhe possam ser abertas as portas para o reino dos céus´ seja excomungado” (DS 1580,1689,1693). “A Igreja ensina e ordena que o uso das indulgências, particularmente salutar ao povo cristão e aprovado pela autoridade dos santos concílios, seja conservado na Igreja, e fere com o anátema aos que afirmam serem inúteis as indulgências e negam à Igreja o poder de as conceder” (Decreto sobre as Indulgências). “Fiéis à doutrina das Sagradas Escrituras, às tradições apostólicas, ... e ao sentimento unânime dos padres, professamos que os sacramentos da nova lei foram todos instituídos por Nosso Senhor Jesus Cristo” (DS 1600-1601). “No santíssimo sacramento da Eucaristia, estão contidos verdadeiramente, realmente e substancialmente, o Corpo e o Sangue juntamente com a alma e a divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo e, por conseguinte, o Cristo todo” (DS 1651).

20º. Concílio: VATICANO I

Data: 08/12/1869 a 18/07/1870. Papa: Pio IX (1846 - 1878).

Decisões principais: 1) Constituição dogmática Dei Filius, sobre a fé católica; 2) Constituição Dogmática Pastor Aeternus, sobre o primado e a infalibilidade do Papa quando se pronuncia “ex catedra”, em assuntos de fé e de Moral;

3) Questões doutrinárias.

“Este único e verdadeiro Deus... criou simultaneamente no início do tempo ambas as criaturas do nada: a espiritual e a corporal” (DS 3002). “A criação também não é uma emanação necessária da substância divina” (DS 3023 -3024). “Deus cria livremente do nada” (DS 3025). “A Santa Igreja, nossa mãe, sustenta e ensina que Deus, princípio e fim de todas as coisas, pode ser conhecido com certeza pela luz natural da razão humana a partir das coisas criadas” (DS 3004).

21º. Concílio: VATICANO II

Data: 11/10/1962 a 07/12/1965. Papas: João XXIII (1958 - 1963) e Paulo VI (1963 - 1965).Decisões principais: “Procuremos apresentar aos homens de nosso tempo, íntegra e pura, a verdade de Deus de tal maneira que eles a possam compreender e a ela espontaneamente assentir. Pois somos Pastores...” (João XXIII aos Padres conciliares, na homilia de abertura do concílio). Sobre a importância do Concílio Vaticano II, disse o Papa João Paulo II, em 15/10/1995: “Na história dos Concílios, ele reveste uma fisionomia muito singular. Nos Concílios precedentes, com efeito, o tema e a ocasião da celebração tinham sido dados por particulares problemas doutrinais ou pastorais. o Concílio Ecumênico Vaticano II quis ser um momento de reflexão global da Igreja sobre si mesma e sobre as suas relações com o mundo. A essa reflexão impelia-a a necessidade de uma fidelidade cada vez maior ao seu Senhor.

Mas o impulso vinha também das grandes mudanças do mundo contemporâneo que, como ´sinais dos tempos´, exigiam ser decifradas à luz da Palavra de Deus. Foi mérito de João XXIII não só ter convocado o Concílio, mas também ter-lhe dado o tom da esperança, tomando as distâncias dos ´profetas de desventura´ e confirmando a própria e indômita confiança na ação de Deus. Graças ao sopro do Espírito Santo, o Concílio lançou as bases de uma nova primavera da Igreja. Ele não marcou a ruptura com o passado, mas soube valorizar o patrimônio da inteira tradição eclesial, para orientar os fiéis na resposta aos desafios da nossa época. À distância de trinta anos, é mais do que nunca necessário retornar àquele momento de graça. Como pedi na Carta Apostólica Tertio milennio adveniente (n.36) entre os pontos de um irrenunciável exame de consciência, que deve envolver todas as componentes da Igreja, não pode deixar de haver a pergunta: quanto da mensagem conciliar passou para a vida, as instituições e o estilo da Igreja. Já no Sínodo dos Bispos de 1985 [sobre o Concílio] foi posto um análogo interrogativo. Ele continua válido ainda hoje, e obriga antes de mais a reler o Concílio, para dele recolher integralmente as indicações e assimilar o seu espírito...” (L’Osservatore Romano, 15/10/95).

O CONCÍLIO VATICANO II

Papa João XXIII e o Concílio

Contra todas as expectativas, João XXIII:

Convocou o maior Concílio da História da Igreja;

Expressando sua consciência e convicção de ser verdadeiramente Bispo de Roma (também convocou um Sínodo para a Igreja de Roma);

Desejava ainda a reforma do Direito Canônico realizada posteriormente por João Paulo II.

“[...] tudo para ser conservador: - idade avançada, - origem rural, - formação teológica tradicional, - patriarca de uma cidade italiana de longa tradição,

- filho de carreira diplomática dos pontificados de Pio XI e Pio XII,

- ex-membro da cúria”.

Objetivo Geral

João XXIII estabeleceu:

Como fazer com que o mundo de hoje se abra ao Evangelho?

Como evangelizar o mundo de hoje?

Como anunciar o Evangelho para o mundo de hoje e como vivê-lo?

1º anúncio: João XXIII, 25 jan 1959;Início / abertura: 11 outubro 1962;1ª seção: 13.10 – 08.12.1962;03.06.1963: Falecimento de João XXIII;21.06.1963: Eleição do Papa Paulo VI;2ª seção: 29.09 – 04.12.1963;3ª seção: 14.09 – 21.11.1964;4ª seção: 14.09 – 07.12.1965; Término: 08 dezembro 1965.

Observadores de outras

Observadores de outras Igrejas Cristãs

* Comunhão Anglicana; Federação Luterana Mundial; * Aliança Presbiteriana Mundial; * Igreja Evangélica da Alemanha; * Conselho Mundial dos Metodistas; * Conselho Mundial dos Congregacionalistas;

* Convenção Mundial das Igrejas de Cristo; * Associação Internacional do Cristianismo Liberal; * Igreja da Índia do Sul; * Igreja Unida do Cristo do Japão; * Federação Protestante da França; * Conselho Mundial de Igrejas.

Observadores das Igrejas Ortodoxas

* Patriarcado de Constantinopla; * Patriarcado grego ortodoxo de Alexandria; * Igreja Russa Ortodoxa - Patriarcado de Moscou; * Igreja Sérvia Ortodoxa; * Igreja Ortodoxa da Geórgia; * Igreja Búlgara Ortodoxa;

Igreja Russa Ortodoxa no estrangeiro.

O Século da Igreja

O século XX registrou alguns eventos decisivos no campo eclesiológico, como o nascimento do Conselho Ecumênico de Igrejas (1948), a celebração do Concílio Vaticano II (1962-1965) e uma intensa atividade teológica e eclesiológica, que marcou um caminho que levou a Igreja cristã "da era pré-ecumênica à era ecumênica".

Já Otto Dibelius caracterizara o século XX como Das Jahrhundert der Kirche (O Século da Igreja).

ANGELO GIUSEPPE RONCALLI (JOÃO XXIII)

Nasceu em 1881 e foi ordenado padre em 1904; Homem de família humilde e religiosa; Sempre manteve laços com sua família; Capelão militar em 1915, durante a Primeira Guerra Mundial; Em 1921 foi eleito Presidente da Comissão Italiana da Propagação da Fé (visitou vários países);

Em 1925 foi nomeado Bispo e enviado para a Bulgária como visitador e depois delegado apostólico (contato com os Ortodoxos).

Em 1934 foi transferido para a Delegação Apostólica de Constantinopla (contato com o mundo islâmico);

Desenvolveu funções diplomáticas e foi Bispo dos católicos de rito latino;

- 1944 (com 63 anos de idade) tornou-se Núncio Apostólico em Paris;

Em 1952 (com 72 anos) foi convidado pelo Papa Pio XII para substituir o Patriarca de Veneza e tornou-se cardeal.

Bispo de Roma

Roncalli anota em seu diário que aos 72 anos de idade assumiria um ministério diretamente voltado para a pastoral, após longos anos de serviço diplomático. Reconhecia que já estava “às portas da eternidade”. Veneza seria sua “última” missão.

Entretanto, depois de um longo pontificado (1939-1958), faleceu o Papa Pio XII. Após um pontífice de grande influência na Igreja, o Conclave estava inclinado a escolher um “Papa de transição”.

“Dizem que sou um papa de transição. É isso mesmo, mas, de transição em transição, a Igreja vai em frente”.

S. Ioannes PP. XXIII / Angelo Giuseppe Roncalli

(28/10/1958 – 03/06/1963)

Carta Apostólica sob forma de Motu Proprio Consilium, que define o dia de abertura do Concílio Ecumênico Vaticano II (2 de fevereiro de 1962).

Encíclicas: * Pacem in Terris (11/04/1963), * Mater et Magistra (15/05/1961).

PAULO VI

S. Paulus PP. VI / Giovanni Battista Montini

(21./06/1963 – 06/08/1978).

Encíclicas: * Eccleiam Suam (06/08/1964), * Mense Maio (29/04/1965),

Mysterium Fidei (03/09/1965), * Christi Matri (15/09/1966), * Populorum Progressio (26/03/1967), * Sacerdotalis Caelibatus (24/06/1967),

* Humanae Vitae (25/07/1968).

Exortações Apostólicas: * Petrum et Paulum Apostolos (22/02/1967),

* Signum Magnum (13/05/1967), * Evangelica Testificatio (29/06/1971),

Marialis Cultus (02/02/1974), * Gaudete in Domino (09/05/1975),

* Evangelii Nuntiandi (08/12/1975).

RECEPÇÃO DO CONCÍLIO VATICANO II

PELA IGREJA LATINO-AMERICANA

Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB)

Criada em 14 de outubro de 1952 (10 anos antes do Concílio).

Promotora da Pastoral de Conjunto e da Colegialidade dos Bispos.

Sua experiência de 10 anos (por ocasião do Vaticano II) permitiu melhor recepção do Concílio por parte da Igreja no Brasil.

Antes do Concílio elaborou um Plano de Emergência (1962) para acolher o apelo do Papa João XXIII – por uma planificação pastoral do Continente.

O PE antecipou-se à teologia da Colegialidade, presente no Vaticano II e foi elaborado em clima de preparação para o grande Concílio.

O ''Pacto das Catacumbas'' para uma Igreja serva e pobre

No dia 16 de novembro de 1965, poucos dias antes do encerramento do Vaticano II, cerca de 40 padres conciliares celebraram uma Eucaristia nas Catacumbas de Domitila, em Roma, pedindo fidelidade ao Espírito de Jesus. Depois dessa celebração, assinaram o "Pacto das Catacumbas".

O documento é um desafio aos "irmãos no Episcopado" a levar adiante uma "vida de pobreza", uma Igreja "serva e pobre", como sugerira o Papa João XXIII.Os signatários – entre eles muitos brasileiros e latino-americanos, embora muitos outros aderissem ao pacto mais tarde – se comprometiam a viver em pobreza, a renunciar a todos os símbolos ou privilégios do poder e a pôr os pobres no centro do seu ministério pastoral. O texto teve uma forte influência sobre a Teologia da Libertação, que surgiria nos anos seguintes.Um dos signatários e propositores do pacto foi Dom Helder Câmara.

Assinado por 40 Padres Conciliares. Nós, Bispos, reunidos no Concílio Vaticano II, esclarecidos sobre as deficiências de nossa vida de pobreza segundo o Evangelho; incentivados uns pelos outros, numa iniciativa em que cada um de nós quereria evitar a singularidade e a presunção; unidos a todos os nossos Irmãos no Episcopado; contando sobretudo com a graça e a força de Nosso Senhor Jesus Cristo, com a oração dos fiéis e dos sacerdotes de nossas respectivas dioceses; colocando-nos, pelo pensamento e pela oração, diante da Trindade, diante da Igreja de Cristo e diante dos sacerdotes e dos fiéis de nossas dioceses, na humildade e na consciência de nossa fraqueza, mas também com toda a determinação e toda a força de que Deus nos quer dar a graça, comprometemo-nos ao que se segue:

1. Procuraremos viver segundo o modo ordinário da nossa população, no que concerne à habitação, à alimentação, aos meios de locomoção e a tudo que daí se segue (Cf. Mt 5,3; 6,33s; 8,20).

2) Para sempre renunciamos à aparência e à realidade da riqueza, especialmente no traje (fazendas ricas, cores berrantes), nas insígnias de matéria preciosa (devem esses signos ser, com efeito, evangélicos). Cf. Mc 6,9; Mt 10,9s; At 3,6. Nem ouro nem prata. 3) Não possuiremos nem imóveis, nem móveis, nem conta em banco, etc., em nosso próprio nome; e, se for preciso possuir, poremos tudo no nome da diocese, ou das obras sociais ou caritativas. Cf. Mt 6,19-21; Lc 12,33s.

4) Cada vez que for possível, confiaremos a gestão financeira e material em nossa diocese a uma comissão de leigos competentes e cônscios do seu papel apostólico, em mira a sermos menos administradores do que pastores e apóstolos. Cf. Mt 10,8; At. 6,1-7.

5) Recusamos ser chamados, oralmente ou por escrito, com nomes e títulos que signifiquem a grandeza e o poder (Eminência, Excelência, Monsenhor...). Preferimos ser chamados com o nome evangélico de Padre. Cf. Mt 20,25-28; 23,6-11; Jo 13,12-15.

6) No nosso comportamento, nas nossas relações sociais, evitaremos aquilo que pode parecer conferir privilégios, prioridades ou mesmo uma preferência qualquer aos ricos e aos poderosos (ex.: banquetes oferecidos ou aceitos, classes nos serviços religiosos). Cf. Lc 13,12-14; 1Cor 9,14-19.

7) Do mesmo modo, evitaremos incentivar ou lisonjear a vaidade de quem quer que seja, com vistas a recompensar ou a solicitar dádivas, ou por qualquer outra razão. Convidaremos nossos fiéis a considerarem as suas dádivas como uma participação normal no culto, no apostolado e na ação social. Cf. Mt 6,2-4; Lc 15,9-13; 2Cor 12,4.

8) Daremos tudo o que for necessário de nosso tempo, reflexão, coração, meios, etc., ao serviço apostólico e pastoral das pessoas e dos grupos laboriosos e economicamente fracos e subdesenvolvidos, sem que isso prejudique as outras pessoas e grupos da diocese. Ampararemos os leigos, religiosos, diáconos ou sacerdotes que o Senhor chama a evangelizarem os pobres e os operários compartilhando a vida operária e o trabalho. Cf. Lc 4,18s; Mc 6,4; Mt 11,4s; At 18,3s; 20,33-35; 1Cor 4,12 e 9,1-27.

9) Cônscios das exigências da justiça e da caridade, e das suas relações mútuas, procuraremos transformar as obras de "beneficência" em obras sociais baseadas na caridade e na justiça, que levam em conta todos e todas as exigências, como um humilde serviço dos organismos públicos competentes. Cf. Mt 25,31-46; Lc 13,12-14 e 33s.

10) Poremos tudo em obra para que os responsáveis pelo nosso governo e pelos nossos serviços públicos decidam e ponham em prática as leis, as estruturas e as instituições sociais necessárias à justiça, à igualdade e ao desenvolvimento harmônico e total do homem todo em todos os homens, e, por aí, ao advento de uma outra ordem social, nova, digna dos filhos do homem e dos filhos de Deus. Cf. At. 2,44s; 4,32-35; 5,4; 2Cor 8 e 9 inteiros; 1Tim 5, 16.

11) Achando a colegialidade dos bispos sua realização a mais evangélica na assunção do encargo comum das massas humanas em estado de miséria física, cultural e moral - dois terços da humanidade - comprometemo-nos: - a participarmos, conforme nossos meios, dos investimentos urgentes dos episcopados das nações pobres; - a requerermos juntos ao plano dos organismos internacionais, mas testemunhando o Evangelho, como o fez o Papa Paulo VI na ONU, a adoção de estruturas econômicas e culturais que não mais fabriquem nações proletárias num mundo cada vez mais rico, mas sim permitam às massas pobres saírem de sua miséria.

12) Comprometemo-nos a partilhar, na caridade pastoral, nossa vida com nossos irmãos em Cristo, sacerdotes, religiosos e leigos, para que nosso ministério constitua um verdadeiro serviço; assim: - esforçar-nos-emos para "revisar nossa vida" com eles; - suscitaremos colaboradores para serem mais uns animadores segundo o espírito, do que uns chefes segundo o mundo; - procuraremos ser o mais humanamente presentes, acolhedores...; - mostrar-nos-emos abertos a todos, seja qual for a sua religião. Cf. Mc 8,34s; At 6,1-7; 1Tim 3,8-10.

13) Tornados às nossas dioceses respectivas, daremos a conhecer aos nossos diocesanos a nossa resolução, rogando-lhes ajudar-nos por sua compreensão, seu concurso e suas preces. AJUDE-NOS DEUS A SERMOS FIÉIS.

PARTICIPAÇÃO DO BRASIL NO CONCÍLIO VATICANO II

175 BISPOS BRASILEIROS PARTICIPARAM DO CONCÍLIO VATICANO II.

A. O que o Brasil levou ao Concílio?

1. Colegialidade

Os bispos brasileiros que participaram do Vaticano II formavam um grupo coeso, provindo de longa experiência de colegialidade. Esta foi, certamente, uma das melhores contribuições de nossos pastores.

No Brasil, o exercício colegiado e corresponsável dos bispos desenvolveu-se de maneira crescente pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (fundada em 1952) e em nível continental no Conselho Episcopal Latino-Americano (fundado em 1955).

Nossos bispo contribuíram decisivamente para que o debate conciliar se desenvolvesse colegiadamente e com sensibilidade pastoral.

Assinalamos alguns indicadores da exemplar atuação colegiada do nosso episcopado:

- A declaração coletiva às vésperas do Concílio;

- A saudação à Igreja e ao povo brasileiro, após a II sessão conciliar;

- 121 bispos brasileiros viajaram juntos para Roma, logo depois do exercício cidadão de votar nas eleições nacionais;

- A maioria de nossos bispos hospedou-se na Domus Mariae, onde se tornaram notórias sua múltiplas e movimentadas reuniões;

- A título de ilustração, das doze intervenções de bispos brasileiros, na última sessão conciliar, nove foram coletivas.

2. Assessoria de leigos qualificados

Outra contribuição de nosso episcopado foi a experiência de contar com leigos competentes nos quadros pastorais. Nesta linha colocam-se algumas intervenções na sala conciliar:

- Na 40ª Congregação Geral (03/10/1963), Dom Geraldo Proença Sigaud, em nome de nossos prelados, solicitou que no esquema eclesiológico se ressaltasse a Igreja como “Família de Deus”;

- A intervenção de Dom Cândido Padim, na 50ª CG (17/10/1963) propôs, em nome de um grupo de bispos brasileiros, antepor o tratado do Povo de Deus àquele referente à hierarquia (Acentuou, também, o diálogo hierarquia – fiéis, além de pleitear mais clareza acerca da finalidade do apostolado de leigos);

- Intervindo durante a 99ª CG (12/10/1964), o mesmo Dom Padim, em nome de 40 bispos do Brasil, elogiou o esquema sobre o apostolado dos leigos e insistiu na ênfase à formação do laicato e sua efetiva participação nos organismos eclesiais;

- Na 136ª CG (27/09/1965) o cardeal Agnelo Rossi, com o respaldo de 92 colegas brasileiros, no exame do Esquema 13, sobre a Igreja, pediu melhor redação e precisação das noções de “Povo de Deus” e “mundo”.

3. Planejamento Pastoral

Outro destaque da contribuição de nossos bispos foi o qualificado planejamento pastoral.

Aliás, a dimensão pastoral do Concílio, junto à doutrinal e teológica, permitiu que o caminhar das Igrejas da América Latina influenciasse vários pontos do debate conciliar.

Concretamente, o Plano de Emergência (1962), que se propunha reforma e renovação pastorais, foi notável experiência que nossos pastores levaram ao vaticano II.

O compromisso eclesial no mundo não podia deixar de marcar a Igreja no Brasil. Quando o cardeal Suenens indicou os rumos da GS esta sensibilidade levou o episcopado brasileiro em peso dar-lhe generoso apoio.

B. O que o Brasil trouxe do Concílio?

Em linhas gerai a Igreja no Brasil colheu da seara conciliar novos espírito e consciência eclesiais.

Nossos bispos obtiveram o reconhecimento e o apoio à sua postura pastoral, com a participação dos leigos e de abertura à realidade. Assim, as dimensões pastoral, dialógica e comunional, de abertura ao mundo e de atenção aos sinais dos tempos, passaram a ser veiculados reiteradamente pelos documentos da CNBB.

É necessário lembras que o Vaticano II realizou-se no coração da cultura ocidental. Não forneceu linhas práticas para todos os meridianos da Igreja, mesmo que tenha aberto amplas e preciosas indicações.

Não era possível simplesmente transplantar o Concílio ao Brasil que não é, rigorosamente, um país tão ocidental.

A importância e a aplicação do Concílio no Brasil são, de resto, incontestes. O Vaticano II é um acontecimento-chave tanto para a compreensão da Igreja em geral quanto para a do Brasil em particular que o abraçou com entusiasmo.

A Igreja no Brasil buscou traduzir o Concílio na prática pastoral (bem expressa no Plano de Pastoral de Conjunto 1966-1970), na reflexão teológica

e na sua organização estrutural.

O certo é que não se poderia esperar uma recepção uniforme do Concílio, por conta da diversidade de situações históricas, traços culturais e características sociais de nosso país.

SÍNODO DOS BISPOS

O Sínodo dos Bispos foi instituído por São Paulo VI, em 15 de setembro de 1965 com o Motu Proprio Apostolica Sollicitudo.

Sua instituição ocorreu no contexto do Concílio Vaticano II que, com a Constituição dogmática Lumen Gentium (21 de novembro de 1964), mostrou o rosto da Igreja.

Visa envolver os bispos cum et sub Petro (com e sob Pedro), nas questões que interessam à Igreja Universal.

Ao longo dos anos, a legislação sinodal passou por sucessivos melhoramentos, em 1966, 1969, 1971, 2006 e 2018.

Existem dois tipos de sínodo, ordinariamente celebrados no Vaticano: a) Ordinários (acontecem de maneira periódica, mas sem uma norma fixa); b) Extraordinários (maneira excepcional).

Papa Francisco, com a Constituição Apostólica Episcopalis Communio (15 de setembro de 2018), renovou profundamente o Sínodo dos Bispos.

Em particular, o Sínodo é entendido como um processo dividido em três fases:

a) Fase preparatória, na qual se realiza a consulta do Povo de Deus sobre os temas indicados pelo Romano Pontífice; b) Fase celebrativa, caracterizada pela reunião de assembleia dos Bispos;

c) Fase de implementação, na qual as conclusões do Sínodo aprovadas pelo Romano Pontífice devem ser aceitas pela Igreja.

Sínodo significa “caminhar juntos”: Συνοδός = σύν + ὁδός (syn + hodós).

Sínodos Ordinários

(e respectivas Exortações Apostólicas Pós-Sinodais)

1ª Assembleia Geral Ordinária (29/09 – 29/10/ 1967):

“A preservação e o fortalecimento da fé católica, a sua integridade, o seu vigor, o seu desenvolvimento, a sua coerência doutrinal e histórica” (?);

2ª Assembleia Geral Ordinária (30/09 – 06/11/1971):

“O sacerdócio ministerial e a justiça no mundo” (?);

3ª Assembleia Geral Ordinária (27/09 – 26/10/1974):

“A evangelização no mundo moderno” (Exortação Apostólica Evangelii nuntiandi/ EN – 18/12/1975);

4ª Assembleia Geral Ordinária (30/09 – 29/10/10/1977):

“A catequese no nosso tempo“ (Exortação Apostólica Catechesi Tradendae/ CT – 16/10/1979);

5ª Assembleia Geral Ordinária (26/09 – 25/10/1980):

“A função da família cristã no mundo de hoje“ (Exortação Apostólica Familiaris Consortio/ FC – 22/11/1981);

6ª Assembleia Geral Ordinária (29/09 – 29/10/1983): “A penitência e a reconciliação na missão da Igreja“ (Exortação Apostólica Reconciliatio et paenitentia/ ReP – 02/12/1984);

7ª Assembleia Geral Ordinária (01/10 – 30/10/1987): “A vocação e a missão dos leigos na Igreja e no mundo“ (Exortação Apostólica Christifideles laici/ CfL – 30/12/1988);

8ª Assembleia Geral Ordinária (30/09 – 28/10/1990): “A formação dos sacerdotes nas circunstâncias atuais“ (Exortação Apostólica Pastores dabo vobis/ PdV – 25/03/1992);

9ª Assembleia Geral Ordinária (02/10 – 09/10/1994): “A vida consagrada e a sua missão na Igreja e no mundo“ (Exortação Apostólica Vita Consecrata/ VC – 25/03/1996);

10ª Assembleia Geral Ordinária (30/09 – 27/10/2001): “O Bispo: Servidor do Evangelho de Jesus Cristo para a esperança do mundo“ (Exortação Apostólica Pastores Gregis/ PG – 16/10/2003);

11ª Assembleia Geral Ordinária (02/10 – 23/10/2005): “A Eucaristia: fonte e ápice da vida e da missão da Igreja” (a Exortação Apostólica Sacramentum Caritatis/ SCa – 22/02/2007);

12ª Assembleia Geral Ordinária (05/10 – 26/10/2008): “A Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja” (Exortação Apostólica Verbum Domini/ VD – 30/09/2010);

13ª Assembleia Geral Ordinária (07/10 – 28/10/2012): “A nova evangelização para a transmissão da fé cristã” (Exortação Apostólica Evangelii Gaudium/ EG sobre o anúncio do Evangelho no mundo atual – 24/11/2013);

14ª Assembleia Geral Ordinária (04/10 – 25/10/2015): “O Amor na Família” (Exortação Apostólica Amoris Laetitia/ AL – 19/03/2016);

15ª Assembleia Geral Ordinária (03/10 – (28/10/2018):

“Os jovens, a fé e o discernimento vocacional” (Exortação Apostólica Christus vivit/ CV – 25/03/2019).

Sínodos Extraordinários e Especiais

Assembleia Geral Extraordinária (25/11 – 08/12/1985):

“20º aniversário da conclusão do Concílio Vaticano II“;

Assembleia Geral Extraordinária (05/10 – 19/10/2014):

“Os desafios pastorais da família no contexto da evangelização”.

Sínodo Especial para a América (16/11 – 12/12/1997): Encontro com Jesus Cristo vivo, caminho para a conversão, a comunhão e a solidariedade na América – Exortação Apostólica Ecclesia in America/ EiA (22/01/1999).

Assembleia Especial do Sínodo dos Bispos para a Pan-Amazônia (6-27/10/2019): “Amazônia, novos caminhos para a Igreja e para uma ecologia integral”.