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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 007.186/2013-4 GRUPO I – CLASSE VII – Plenário TC 007.186/2013-4 [Apenso: TC 020.597/2013-4] Natureza(s): Representação Órgãos/Entidades: Entidades/Órgãos do Governo do Estado de Mato Grosso; Secretaria de Estado de Educação de Mato Grosso Responsável: Permínio Pinto Filho (CPF: 384.350.391-53) Representante: José Pedro Gonçalves Taques (405.404.481-68) Representação legal: não há SUMÁRIO: REPRESENTAÇÃO. PROJOVEM URBANO. PNAE. INSPEÇÃO. CONHECIMENTO. PROCEDÊNCIA PARCIAL. RECOMENDAÇÕES E CIÊNCIA À SEDUC/MT. RELATÓRIO Trata-se de Representação formulada pelo então Senador da República Pedro Taques (peça 1), com fulcro no art. 237, III, do Regimento Interno/TCU, acerca de possíveis irregularidades ocorridas na aplicação de recursos federais pela Secretaria de Estado de Educação de Mato Grosso no âmbito do programa “Projovem Urbano”. 2. O Representante traz ao conhecimento do Tribunal, em síntese, as seguintes situações que lhe foram relatadas por cidadãos mato- grossenses: a) que o Projovem no Município de Pontes e Lacerda não teria recebido material escolar nem os recursos para a merenda escolar; b) que os profissionais empregados do Projovem teriam ficado sem receber ao menos 390 horas lecionadas, sempre com valores inferiores ao dos respectivos contratos; c) que dos profissionais empregados do Projovem era exigida a apresentação de recibo como autônomos para recebimento dos pagamentos; d) que os gestores do programa teriam orientado os professores a lançar nos diários de classe a presença de alunos que nunca frequentaram as salas de aula. e) as mesmas situações também teriam ocorrido nos municípios de Primavera do Leste e Barra do Garças. 1

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 007.186/2013-4

GRUPO I – CLASSE VII – PlenárioTC 007.186/2013-4 [Apenso: TC 020.597/2013-4]Natureza(s): RepresentaçãoÓrgãos/Entidades: Entidades/Órgãos do Governo do Estado de Mato Grosso; Secretaria de Estado de Educação de Mato Grosso Responsável: Permínio Pinto Filho (CPF: 384.350.391-53) Representante: José Pedro Gonçalves Taques (405.404.481-68)Representação legal: não há

SUMÁRIO: REPRESENTAÇÃO. PROJOVEM URBANO. PNAE. INSPEÇÃO. CONHECIMENTO. PROCEDÊNCIA PARCIAL. RECOMENDAÇÕES E CIÊNCIA À SEDUC/MT.

RELATÓRIO

Trata-se de Representação formulada pelo então Senador da República Pedro Taques (peça 1), com fulcro no art. 237, III, do Regimento Interno/TCU, acerca de possíveis irregularidades ocorridas na aplicação de recursos federais pela Secretaria de Estado de Educação de Mato Grosso no âmbito do programa “Projovem Urbano”.

2. O Representante traz ao conhecimento do Tribunal, em síntese, as seguintes situações que lhe foram relatadas por cidadãos mato-grossenses:

a) que o Projovem no Município de Pontes e Lacerda não teria recebido material escolar nem os recursos para a merenda escolar;

b) que os profissionais empregados do Projovem teriam ficado sem receber ao menos 390 horas lecionadas, sempre com valores inferiores ao dos respectivos contratos;

c) que dos profissionais empregados do Projovem era exigida a apresentação de recibo como autônomos para recebimento dos pagamentos;

d) que os gestores do programa teriam orientado os professores a lançar nos diários de classe a presença de alunos que nunca frequentaram as salas de aula.

e) as mesmas situações também teriam ocorrido nos municípios de Primavera do Leste e Barra do Garças.

3. Com o objetivo de colher informações para o adequado deslinde do processo, a Unidade Técnica promoveu diligência à Secretaria de Estado de Estado de Educação de Mato Grosso para que se pronunciasse a respeito das supostas irregularidades trazidas ao conhecimento do Tribunal (peça 5, p. 1-2).

4. Em atendimento ao Ofício nº 0400/2013-TCU/SECEX-MT de diligência, foi juntado aos autos o Ofício 1151/2013/GS/SEDUC/MT, de 03 de junho de 2013 (peça 10, p. 1-58), apresentando os seguintes esclarecimentos:

a) solicitou-se a desconsideração do prazo estabelecido para atendimento, devido à demora burocrática para reunião de informações que subsidiam a resposta;

b) informou-se que os contratados para atuarem no programa Projovem passaram por processo seletivo e, posteriormente, foram efetivados como prestadores de serviços, sendo pagos conforme carga horária mensal comprovada através de notas fiscais e relatórios da Coordenadoria responsável pelo acompanhamento (fiscalização do Projovem Urbano em Mato Grosso);

c) informou-se, ainda, que, com pertinência à merenda escolar, a aquisição, segundo a Resolução CD/FNDE 60/2011, é de responsabilidade da Secretaria de Estado de Educação, devendo,

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portanto, ser precedida de procedimento licitatório, o que ocasionou certa morosidade; no entanto, tal situação já foi solucionada, sendo os gêneros alimentícios encaminhados juntamente com os materiais didáticos aos 10 (dez) polos regionais.4.1. Também foram apresentados os seguintes documentos:

a) relação dos profissionais contratados para atender o Programa Projovem Urbano a partir de setembro/2012 por um período de 18 meses (peça 10, p. 15-19), publicado no Diário Oficial de Mato Grosso, em 3/10/2012;

b) CI 3746/2013 – SEDUC/SUDE, de 17/4/2013, que encaminha resposta à CI nº 3523/2013 que solicitou informações referentes ao programa Projovem Urbano (peça 10, p. 20-25);

c) CI 3967/2013 – SEDUC/SUPF, da Superintendência de Planejamento e Finanças encaminhada ao Sr. Francisco Pereira Assunção, Assessor Técnico, de 24/4/2013, encaminhando os relatórios de pagamentos efetuados por credor – FIP 680 (peça 10, p. 26-58).

5. A Secex/MT efetuou o exame dos elementos trazidos aos autos na forma a seguir transcrita:

“(...)

EXAME TÉCNICO

3. O não cumprimento do prazo para resposta estipulado no Ofício nº 0400/2013-TCU/SECEX-MT pode ser desconsiderado em face de dificuldades no levantamento de dados, conforme informado pelo Secretário de Educação do Estado de Mato Grosso.

4. No que pertine ao não recebimento por parte do município de Pontes e Lacerda de material escolar e nem recursos para a merenda escolar, o Secretário de Educação declarou que esta é adquirida segundo a Resolução CD/FNDE 60/2011, sendo responsabilidade da Secretaria de Estado de Educação, devendo, portanto, preceder de licitação, fato que ocasionou certa morosidade. No entanto, tal situação já foi solucionada, tendo os gêneros alimentícios, bem como os materiais didáticos encaminhados aos 10 (dez) polos regionais.

4.1. Quanto a esta questão, também consta na resposta à CI 3746/2013 – SEDUC/SUDE (peça 10, p. 20-25), que encaminhou ao Sr. Francisvaldo Pereira de Assunção, Assessor Técnico, a resposta à CI 3523/2003, que solicitou informações referentes ao programa Projovem, os seguintes esclarecimentos:

a) que as informações quanto ao início das aulas e ausência de material escolar são procedentes, uma vez que as aulas tiveram início, conforme o calendário do Ministério da Educação e Cultura-MEC, na data uniforme para todo o país, ou seja, 18 de junho de 2012. Ainda, que houve atraso na impressão do material didático e, com isso, estes só foram recebidos na SEDUC/MT em 31/8/2012 e distribuídos aos polos em 14/9/2012.

b) no que pertine à merenda escolar, é de amplo conhecimento que os alimentos são comprados e entregues nas escolas. Os diretores das escolas onde há o funcionamento do Programa Projovem sabem que não há repasse destes recursos;

c) que o processo de aquisição da merenda escolar em Mato Grosso se dá por meio da Câmara de negócios, presidida pelos Assessores Pedagógicos, que são parte na estrutura do Projovem, atuando como diretores de polo;

d) que a questão geográfica influencia na dinâmica do trabalho, visto que todas as ações precisam ser alinhadas com informações dos polos e que, com isso, os encaminhamentos se tornam morosos e não conseguem acompanhar o ritmo das escolas, o que acarreta atrasos no cumprimento dos prazos.

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4.1.1. Do exame efetuado nos esclarecimentos apresentados pelo Senhor Secretário de Educação de Mato Grosso, bem como naqueles constantes na resposta à CI 3746/2013 – SEDUC/SUDE, damos como sanada a questão, notadamente por não restar configurado desvios de recursos e/ou outras irregularidades graves, mas sim atrasos na elaboração e distribuição de material didático por parte do Ministério da Cultura e Educação e, também, morosidade em procedimento licitatório na compra de produtos alimentícios para a merenda escolar. Releva destacar que a grande extensão geográfica do Estado de Mato Grosso é um dos fatores preponderante a ser considerado nestes atrasos.

4.2. Quanto ao fato de que os empregados do Projovem teriam ficado sem receber ao menos 390 horas lecionadas e ou recebido pagamentos a menor, na resposta à CI 3746/2013 (peça 10, p. 23-24), foram apresentados os seguintes esclarecimentos:

a) os atrasos no pagamento dos profissionais do Projovem sobrevieram devido aos tramites dos processos para a implementação do programa;

b) o Edital 015/2012 GS/SEDUC/MT, publicado no Diário Oficial nº 25.810, de 24 de maio de 2012, contém critérios para a seleção de pessoas, dando atenção aos profissionais que já possuíam experiência anterior com o Projovem, devido ao fato do programa requerer uma dedicação diferenciada do ensino regular;

c) os testes de seleção dos profissionais para habilitação no programa ocorreram entre os dias 30/5/2012 a 5/6/2012;

d) os documentos para formalização dos contratos foram protocolados na Secretaria de Estado de Educação em Cuiabá para que a coordenadoria de Aquisições e Contratos – CAC/SEDUC/MT desse início à contratação dos profissionais selecionados por polos, em setembro de 2012;

e) que houve um lapso de tempo maior do que o previsto, em razão da demora, por parte dos interessados, em encaminhar a documentação necessária para a formalização dos contratos, impossibilitando o pagamento em tempo hábil das remunerações dos profissionais que atendem ao programa Projovem Urbano. Há de se lembrar, ainda, que no Estado de Mato Grosso, o Projovem atende 8 (oito) polos municipais, totalizando o montante de 88 profissionais;

f) que todos os profissionais do Projovem já tiveram as 390 horas lecionadas devidamente pagas, de acordo com o que preconiza a legislação e conforme relatório expedido pela Coordenação Financeira de Estado de educação no Mato Grosso (peça 10, p. 29-58).

4.2.1. Da mesma forma que no item anterior desta instrução, também damos como sanada a questão, considerando serem suficientes os esclarecimentos apresentados. Também, cabe registrar que não restaram identificados desvios de recursos ou outras irregularidades graves, mas tão somente dificuldades gerenciais quando do início das atividades do programa Projovem Urbano.

4.3. No que tange à exigência de apresentação de recibo como autônomos pelos profissionais atuantes no Projovem, preliminarmente foi esclarecido (peça 10, p. 24-25) que estes profissionais foram contratados por meio de processo seletivo, em caráter temporário, com resultado final publicado no Diário Oficial do Estado (peça 10, p. 15-19). Assim, o Sistema Informatizado de Recursos Humanos/SAD/MT é incompatível para o pagamento de pessoal que tenham como fonte de recurso o disponibilizado pelo Governo Federal e que, portanto, em atendimento ao Parecer Jurídico nº 1469/2012/ASEJ/SEDUC/AD53, foram foi recomendado que “todos os contratados deverão apresentar nota fiscal de prestação de serviços emitida pela Prefeitura, no valor das horas efetivamente trabalhadas, bem como pagar o ISSQN, e apresentá-la junto ao relatório mensal de atividades desenvolvidas.”

4.3.1. Também, foi esclarecido que a incidência do ISSQN está prevista para todas as espécies de serviço, de acordo com o artigo 156, III da Carta Magna e, ainda, que é competente para tributar o

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ISSQN o município em que se verificou o local da prestação dos serviços. Por esta razão é cobrada a apresentação de comprovante de pagamento do ISSQN aos profissionais inseridos no Projovem.

4.3.2. Acrescentou-se, também, que as condições para aprovação dos pagamentos seguem em conformidade com o Decreto Estadual nº 8.199/2006, quanto à documentação necessária, e a instrução Normativa nº 001/2007-SAGP/SEFAZ, quanto aos dias de pagamento, mediante a apresentação de Nota Fiscal, a qual será atestada pelo servidor designado, depois de cumpridas todas as formalidades contratuais (cláusula 6ª, inciso 6.4 e 6.6 dos Termos de Contratos celebrados entre a Secretaria de Estado da Educação e os profissionais contratados).

4.3.3. Conforme demonstrado, não restou configurada a existência de desvio de recursos federais e nem de outras irregularidades graves para esta questão. Embora não se possa comprovar a adequação dos valores pagos a cada profissional atuante no Projovem, por hora trabalhada no exercício de 2012 (peça 10, p. 29-58), vê-se que estes pagamentos estão adequadamente acompanhados pelo Sistema Integrado de Planejamento, Contabilidade e Finanças – Secretaria Estadual do Tesouro Estadual – SATE/SEFAZ, conforme informa o relatório de pagamentos efetuados por credor – FIP 680 encaminhado pela CI 3967/2013 – SEDUC/SUPF, de 24/4/2013 (peça 10, p. 26). Assim, também entendemos como sanada mais esta questão.

4.4. No tocante ao fato de que os gestores do programa teriam orientado os professores a lançarem nos diários a presença de alunos que nunca frequentaram as salas de aula, na resposta à CI 3746/2013 (peça 10, p. 23-24), foram apresentados os seguintes esclarecimentos:

(...)Em consonância com o artigo 4, III, alínea “z” da Resolução CD/FNDE nº 60/2011, o Ente

Executor é responsável pelo cadastramento, acompanhamento de frequência e Certificação do PROJOVEM URBANO, bem como sua constante atualização no sistema.

Hoje, o Sistema Integrado de Monitoramento e Controle do Ministério da Educação – SIMEC, conta com um total de 1.569 alunos cadastrados no programa. Deste total 951 alunos estão aptos a receber o auxílio-financeiro referente ao oitavo período do Programa (18/1/2013 a 17/2/2013).

São considerados aptos, os educandos que cumpriram com a carga horária mínima e com os trabalhos desenvolvidos em sala de aula.

A respeito da orientação em lançar presenças para alunos faltosos nos diários, o que, caso houvesse a suposta orientação para proceder com os lançamentos nos diários, o número de alunos aptos seria muito maior, o que não se constata.

(...)

4.4.2. Embora o exemplo utilizado para demonstrar que o número de educandos inscritos no Sistema Integrado de Monitoramento e Controle do Ministério da Educação – SIMEC é maior que o número de educandos aptos a receber o auxílio-financeiro, referente ao oitavo período do programa (28/1/2013 a 17/2/2013), não se refira ao exercício de 2012, exercício em que se presume tenham ocorrido os fatos, não vislumbramos indícios que nos levem a entender que tal irregularidade tenha realmente ocorrido. Por outro lado, também não restaram constatadas ocorrências de desvios de recursos federais ou outras irregularidades graves. Deste modo, entendendo como saneada a questão (...).”

6. Em conclusão, entendeu a Unidade Técnica que não foram apresentados na peça inicial indícios de desvios ou irregularidades, não estando presente um dos seus requisitos básicos para a admissibilidade, devendo-se não conhecer da representação. Adicionalmente, sugere realizar fiscalização no conexo Programa Nacional de Apoio à Alimentação Escolar no Estado, principalmente por

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esse segundo programa envolver somas cerca de 100 vezes maior que o Projovem e ante a ausência de trabalhos recentes da parte do Tribunal (Peças 12 a 14).

7. A fiscalização foi autorizada pelo Relator, conforme despacho que integra a peça 15, sendo determinado que os trabalhos fossem realizados preliminarmente à apreciação de mérito da representação, uma vez que as conclusões da fiscalização poderiam eventualmente acarretar modificações no mérito da representação.

8. Concluída a inspeção, foi elaborado o Relatório à peça 47, cujas propostas contaram com a anuência dos dirigentes da Unidade Técnica (peças 48/49). Transcreve-se a seguir excerto do referido relatório:

(...)

6. Feitas essas breves considerações, tratando do tema específico objeto de análise da presente fiscalização, o Programa Nacional de Alimentação Escolar, popularmente conhecido como merenda escolar, é gerenciado pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) e visa à transferência, em caráter suplementar, de recursos financeiros aos estados, ao Distrito Federal e aos municípios destinados a suprir, parcialmente, as necessidades nutricionais dos alunos.

7. A origem do programa remonta à década de 40, no entanto, atualmente, é regido pela Lei 11.947, de 16 junho de 2009, e pela Resolução 26/2013 do FNDE. No Estado de Mato Grosso, o programa é atualmente regulamentado pela Instrução Normativa 3/2015, da Secretaria de Educação do Estado de Mato Grosso.

8. No âmbito de Mato Grosso, nos termos dos artigos 2º e 8º das Instruções Normativas 1/2012, 1/2013, 7/2014 e 3/2015, todos do GS/SEDUC/MT, o PNAE é gerido de forma descentralizada (escolarizada), ou seja, o FNDE repassa os recursos para a entidade executora, que, no caso em exame, é a Seduc, a qual, por sua vez, efetua a transferência para as escolas da rede beneficiada pelo programa, chamadas de unidades executoras. Cada escola efetua a aquisição dos gêneros alimentícios a serem utilizados na preparação do cardápio da alimentação escolar, obedecendo à legislação específica sobre compra e seguindo a supervisão do setor responsável pelo programa nas entidades executoras, que nesse caso é a Coordenadoria de Alimentação Escolar/Seduc (artigo 4º, incisos II e IV, das mesmas Instruções Normativas da SEDUC/MT já mencionadas).

9. Dessa forma, os recursos recebidos pela Seduc são repassados pela Superintendência de Planejamento e Finanças (SUPF) aos Conselhos Deliberativos da Comunidade Escolar (CDCE) das escolas estaduais para a execução do PNAE, sem necessidade de convênio, ajuste, acordo, contrato ou instrumento congênere, nos termos do disposto no artigo 8º das Instruções Normativas 1/2012, 1/2013, 007/2014 e 3/2015, todos do GS/SEDUC/MT.

10. A transferência é feita em dez parcelas mensais, a partir do mês de fevereiro, para a cobertura de 200 dias letivos. Cada parcela corresponde a vinte dias de aula. O valor total a ser repassado é calculado da seguinte forma: VT = Número de alunos x Número de dias x Valor per capita, onde VT é o valor total de recursos a ser repassado à unidade executora (art. 8º das Instruções Normativas da SEDUC/MT já mencionadas).

11. Cabe à Coordenadoria de Alimentação Escolar (CAE) da Seduc orientar e acompanhar a realização do Pregão e da Chamada Pública para registro de preços dos gêneros alimentícios a serem adquiridos pelas escolas estaduais, por meio da equipe de licitação, conforme previsto no art. 4º, inciso II, das Instruções Normativas 1/2012, 1/2013, 7/2014 e 3/2015, todos do GS/SEDUC/MT.

12. Ademais, compete ao Conselho Estadual de Alimentação Escolar (CEAE), entre outras atribuições, o acompanhamento e a fiscalização do cumprimento dos princípios e das diretrizes do

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PNAE, bem como da aplicação dos recursos públicos transferidos à conta referente ao programa, segundo dispõe o art. 4º, inciso V, das Instruções Normativas da SEDUC/MT anteriormente referidas.

13. Um dos meios utilizados pelo CEAE para a fiscalização do programa de alimentação escolar é a realização de visitas às escolas, a fim de verificar a higiene pessoal das merendeiras, do ambiente e dos alimentos, as condições de armazenamento, de preparo e de distribuição dos alimentos e a gestão dos recursos financeiros das escolas. O CEAE também analisa, por amostragem, algumas prestações de contas que já possuam parecer técnico da Seduc para subsidiar o Parecer conclusivo acerca da execução do programa no respectivo exercício a ser enviado ao FNDE (artigo 35, inciso II, da Resolução 26/2013 do FNDE).

14. A Seduc, por sua vez, realiza o controle da execução do PNAE por meio do acompanhamento das licitações e homologação dos pregões, da análise das prestações de contas apresentadas pelas unidades escolares, das visitas de monitoramento para verificar a eficiência, a eficácia e a efetividade do programa e do recebimento e da averiguação das denúncias recebidas acerca das falhas verificadas na execução do programa de alimentação escolar (peças 21 e 22).

15. No presente trabalho foram excluídos da análise os procedimentos de controle adotados sobre os pregões realizados, haja vista que tal verificação teria um cunho mais voltado à conformidade e o objetivo da fiscalização era levantar a existência, a adequação e a efetividade dos instrumentos de controle que permitissem verificar e corrigir os riscos à execução e à efetividade do programa.

16. Assim, focou-se o trabalho na avaliação da efetividade dos controles internos adotados pela Seduc na análise das prestações de contas apresentadas pelas unidades escolares, nas visitas de monitoramento realizadas nas unidades executoras e na averiguação das denúncias recebidas acerca das falhas verificadas na execução do programa. Além disso, foi levantado também se os recursos transferidos pelo FNDE ao Estado de Mato Grosso estavam sendo repassados às escolas no montante estabelecido e na frequência fixada na norma.

17. Com a análise de tais pontos de controle, a equipe de fiscalização pretendeu responder à seguinte questão: “Os instrumentos de controle existentes no PNAE no Estado de Mato Grosso estão garantindo que os recursos do programa estejam chegando tempestivamente e na quantidade normatizada às unidades escolares e sendo utilizados de fato nas aquisições de merenda escolar?”.

18. Para tanto, foram analisadas 150 prestações de contas do ano de 2012 apresentadas pelas escolas estaduais participantes do programa de alimentação escolar que se encontravam na situação em “diligência”. No que se refere ao monitoramento feito pela Seduc junto às unidades executoras do programa, foram analisados os Termos de Visitas realizadas às escolas estaduais nos anos de 2013 e 2014, comparando-se, ainda, com os achados levantados pelo Conselho Estadual de Alimentação Escolar em suas visitas de acompanhamento do programa, avaliando, inclusive, as respostas da Seduc quanto às solicitações feitas pelo Conselho frente às irregularidades apontadas nas visitas.

19. Quanto ao tratamento dado às denúncias que chegaram à Secretaria de Educação nos anos de 2013 e 2014, foram levantadas as providências tomadas, avaliando sua efetividade para a resolução das irregularidades apontadas. Por fim, analisaram-se, por meio dos relatórios do Sistema Integrado de Gestão Educacional (SigEduca) e do Siafi Gerencial, a frequência e a quantidade dos repasses financeiros executados pelo FNDE e pela Seduc, a fim de verificar se haviam ocorrido atrasos ou repasses a menor que pudessem comprometer o desempenho do programa.

20. O fato de o programa ser executado em todos os municípios do estado limita a análise da efetividade dos controles internos, haja vista que seria necessário visitar boa parte das escolas beneficiadas em diversos municípios, a fim de constatar in loco se os recursos repassados pela Seduc estão sendo aplicados de fato em merenda escolar na qualidade desejada para o corpo discente das escolas estaduais.

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21. Apesar dessa limitação, partindo do pressuposto da exiguidade do tempo disponível para análise dos controles internos a ser realizada em sede de inspeção e para não fugir ao escopo dessa fiscalização, focou-se nos pontos de controle eleitos de modo a viabilizar a análise acerca da existência, da adequação e da efetividade dos instrumentos de controle adotados pela Seduc na execução do PNAE.

ACHADOS

. Inexecução de parcela dos recursos repassados pelo FNDE e utilização do saldo para realizar repasses maiores para as unidades executoras em desconformidade com os critérios estabelecidos em norma

22. Para responder à primeira parte da questão elaborada pela equipe de inspeção acerca da efetividade dos instrumentos de controle em garantir que os recursos do programa estivessem chegando tempestivamente e na quantidade normatizada às unidades escolares, foi feito um levantamento de todos os repasses realizados pela Seduc às unidades escolares estaduais de Mato Grosso ao longo do exercício de 2014. Esse levantamento foi realizado por meio do Sistema de Gestão de Planejamento e Orçamento (GPO), que se encontra no SigEduca. Para tanto, foi solicitada autorização de acesso ao referido sistema, por meio do Ofício dirigido à Superintendente de Gestão Escolar, juntado na peça 18, p. 5.

23. Após devidamente autorizados pela administração da Secretaria de Educação, foi levantado no GPO um relatório de todos os repasses realizados às escolas estaduais de Mato Grosso em 2014 (peça 35, p. 434-873). Como são 746 unidades escolares, foi feita uma amostragem aleatória de 86 unidades escolares, com o objetivo de obter uma amostra com nível de confiança de 95% e erro amostral de 10% (peça 39).

24. Ao analisar a referida amostra, foi verificado que o nono e o décimo repasses de todas as escolas referentes ao ensino fundamental, ao ensino médio, ao EJA (Educação de Jovens e Adultos) e ao Programa Mais Educação alcançaram valores maiores do que o previsto no artigo 38 da Resolução 26 do FNDE, de 17/6/2013, que traz a seguinte fórmula: VT = A x D x C, sendo VT = valor a ser transferido; A = número de alunos; D = número de dias de atendimento e C = valor per capita para aquisição de gêneros para o alunado. Em algumas outras escolas (em 48 das 86 unidades da amostra), além do nono e do décimo repasses, o oitavo também foi feito em valor maior do que o previsto na referida norma.

25. Chama a atenção a diferença de valor desses repasses, pois, para as unidades do campo, a quantia a maior alcançava o percentual de 80% para o ensino fundamental, o ensino médio e o EJA, enquanto que, para as demais escolas, esse percentual era de 33,33%. O Programa mais Educação, por sua vez, alcançou a cifra fixa a maior de 16,66% tanto para as escolas do campo, quanto para as localizadas em área urbana, com exceção de duas escolas indígenas e uma de remanescentes de quilombos, nas quais atingiu o aumento percentual de 33,33%.

26. Em face desse achado, foi encaminhado ofício à Coordenação da Alimentação Escolar a fim de que apresentasse justificativas para tal achado (peça 20). A Seduc, por meio do Ofício 274/2015 – SEDUC/CAE, peça 44, p. 1-2, apresentou a seguinte resposta:

No ano de 2014 a Secretaria de Estado de Educação atendeu em sua rede 746 (setecentos e quarenta e seis) unidades escolares e considerando algumas especificidades no atendimento da rede estadual de ensino de Mato Grosso, como escolas localizadas em áreas rurais (ensino fundamental, ensino médio e EJA) em que é utilizado o transporte escolar e que devido ao horário que os alunos saem de suas residências é imprescindível a oferta de uma refeição a mais e consequentemente um aporte maior de recursos financeiros.

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Outro atendimento diferenciado é do Ensino Médio Integrado em que o aluno permanece mais de quatro horas na unidade escolar e é ofertado uma refeição a mais, sendo necessário para isso um repasse maior para as unidades escolares que ofertam esta modalidade de ensino. A Resolução FNDE nº 26 em seu Art. 38 estabelece os valores per capitas que serão repassados recebidos pela EEx e repassados às Unidades Executoras – UEx – não podem ser inferiores ao valor per capita repassado pelo FNDE. No Capítulo VIII, Seção I, Art. 38 da Resolução nº 26 FNDE, que dispõe sobre a Execução dos Recursos Financeiros do Programa, não é mencionado que seja irregular a utilização de saldo de recursos para aumento do per capita repassado às unidades escolares.

27. Percebe-se, portanto, que a Seduc justifica os repasses a maior em razão da necessidade diferenciada das unidades escolares. Ocorre que o artigo 38 da Resolução 26/2013 do FNDE já contempla essas diferenças, estabelecendo quantias distintas para essas situações, como, por exemplo, o valor per capita de R$ 1,00 para os alunos matriculados em escolas de tempo integral com permanência mínima de 7h (sete horas) na escola ou em atividades escolares.

28. Ou seja, a Secretaria de Educação está se valendo de critérios próprios, ainda que sejam tecnicamente justificáveis, para distribuir recursos federais repassados para a execução do PNAE. Essa prática, além de não estar respaldada em norma, gera transferências com fundamento em critérios que, muitas vezes, podem não seguir os mesmos princípios estabelecidos pela União, os quais embasam as transferências dos recursos federais. Além disso, cabe destacar que tal prática gera transferências iníquas entre as diversas unidades escolares, visto que, conforme já destacado, foram verificadas escolas que receberam 80% acima do valor que deveria ser repassado com fundamento no artigo 38 da Resolução 26 do FNDE, enquanto outras só receberam 33,33% a mais.

29. Para ocorrer transferência de valores a maior, como verificado em 2014, foi preciso haver, de algum modo, sobra de recurso repassado pela União, seja no mesmo exercício, seja resultante de saldo restante do exercício de 2013. Para analisar esse aspecto, foram levantados os repasses dos recursos federais feitos pelo FNDE e pela Seduc ao longo dos dois exercícios (peças 34, 41 e 42) , chegando-se ao seguinte resultado:

 Origem do repasse federal 2013 2014

Repasse do FNDE R$ 33.398.571,20 R$ 33.052.464,00

Repasse da Seduc R$ 25.577.458,00 R$ 35.726.816,80

30. Da análise dos dados acima, percebe-se que, em 2013, a Seduc repassou às escolas quase oito milhões de reais a menos do que o FNDE repassou para ela no mesmo exercício; em 2014, por sua vez, os repasses feitos pela Seduc ultrapassaram dois milhões e meio de reais da quantia que foi recebida da União. Mesmo com esse acréscimo em 2014, verifica-se que a Seduc, ainda assim, teve um deficit de execução dos recursos do PNAE recebidos ao longo do período de 2013 e 2014 da ordem de R$ 5.146.760,40, cifra relevante, quando se sabe que o valor per capita repassado pela União é muito baixo, sendo de apenas R$ 0,30 por aluno, para o ensino fundamental, o ensino médio e o EJA, e complemento até R$ 0,90 por aluno, para o Programa Mais Educação.

31. Para tentar verificar o que justificou o elevado deficit de execução em 2013, foi retirado no GPO o relatório de repasses por unidade escolar do referido exercício. Ao analisá-lo, observa-se que as unidades escolares, em sua quase totalidade, não receberam o segundo e o terceiro repasses por meio da fonte 169, que se refere aos recursos federais repassados ao Estado de Mato Grosso (peça 35, p. 1-433). Ao analisar os dados das transferências federais, verifica-se que, no mesmo exercício, a União repassou as dez parcelas ao longo do mencionado exercício, sendo a primeira em fevereiro e a décima em dezembro. Desse modo, fez-se necessário encaminhar ofício à Coordenação de Alimentação

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Escolar da Seduc com o questionamento acerca dos motivos que levaram à suspensão dos mencionados repasses ao longo de 2013 (peça 20).

32. Em resposta, peça 44, a Seduc informou que houve o repasse regular dessas parcelas para todas as unidades escolares, apresentando um relatório de repasses no qual estava registrada a fonte 369 como principal origem dos recursos. Foi questionado à Seduc a que se referia essa fonte e foi informado que ela tinha origem em recursos federais reprogramados de exercícios anteriores. Ou seja, ela representa execução de recurso federal, mas originada de saldo de outros exercícios. Desse modo, considerando a resposta apresentada, pode-se concluir que não houve interrupção dos repasses dos recursos federais ao longo do exercício de 2013, tendo em vista que foram utilizados saldos de exercícios anteriores para enviar o segundo e o terceiro repasses de recursos da União às unidades escolares.

33. Apesar disso, mantém-se o achado referente ao deficit de execução por parte da Seduc de quase oito milhões de reais do valor repassado pelo FNDE durante o exercício de 2013. Esse ponto foi, inclusive, objeto de questionamento no ofício encaminhado à Seduc, peça 20. Em resposta, a Secretaria de Educação encaminhou alguns documentos, que estão juntados à peça 46, para tentar demonstrar a aplicação dos recursos federais ao longo do exercício de 2013, são eles: extrato da conta corrente de merenda escolar do Estado de Mato Grosso, relatório do Fiplan com os repasses de recursos federais às escolas e relatório das liberações de recursos federais ao Estado de Mato Grosso.

34. Ao analisar tais documentos, fica evidente que o Estado recebeu do FNDE em 2013, conforme já exposto acima, a quantia de R$ 33.398.571,20. Quanto aos repasses, como se pode verificar no relatório do Fiplan, foram aplicados da fonte 169, que representam os recursos federais recebidos no mesmo ano, a quantia de R$ 23.107.290,00. O restante, R$ 8.957.095,99, foi da fonte 369, a qual, conforme já destacado anteriormente, representa os recursos federais repassados em exercícios anteriores.

35. Percebe-se divergência desses dados do Fiplan com os retirados do GPO, peça 34. No entanto, nos dois fica demonstrado que a Seduc executou em 2013 menos do que recebeu no mesmo exercício, tendo em vista que repassou boa parcela dos recursos que haviam sido originados de exercícios anteriores, da fonte 369, ao longo desse exercício.

36. Do conjunto de achados é possível concluir que a gestão dos recursos do PNAE não está sendo eficiente no âmbito da Seduc, tendo em vista que está havendo sobra de recursos repassados pela União, os quais ficam sem ser aplicados em sua finalidade específica dentro do período para o qual foram destinados (segundo dados retirados do GPO, peça 34, 23,4% dos recursos repassados pelo PNAE em 2013 não foram transferidos às escolas ao longo do mesmo exercício).

37. Além disso, para compensar o deficit de execução do exercício de 2013, a Seduc aumentou os últimos repasses do exercício de 2014, aplicando critérios próprios, sem fundamento em norma federal que regulamenta os repasses dos recursos da União destinados ao PNAE. Essa prática, além de não ter respaldo legal, afronta os critérios de distribuição de recursos federais estabelecidos na Resolução 26 do FNDE, podendo gerar ineficiência na execução do programa em face do comprometimento da distribuição equitativa das verbas da União. Desse modo, para uma melhor efetividade do programa, seria mais adequado que o Estado de Mato Grosso distribuísse as sobras dos recursos federais com base nos mesmos critérios fixados no artigo 38 da Resolução 26 do FNDE.

38. Considerando que a permanência da situação encontrada poderá trazer sérios riscos à efetividade do programa, haja vista a possibilidade de comprometimento dos exíguos valores que são repassados às unidades escolares executoras, entende-se que seja necessário dar ciência à Seduc acerca da inexecução de parcela dos recursos repassados pelo FNDE e utilização do saldo para realizar repasses a maior para as unidades executoras em desconformidade com os critérios estabelecidos em norma, identificada nos relatórios de repasses por unidade escolar dos exercícios de 2013 e 2014,

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retirados do Sistema de Gestão de Planejamento e Orçamento do SigEduca, o que afronta o disposto no artigo 38 da Resolução 26/2013 do FNDE.

Elevado número de prestações de contas sem análise conclusiva

39. Além dos repasses realizados pela Seduc, foram analisados os instrumentos de controle adotados pela Secretaria para avaliar a execução do PNAE. Dentre eles, destaca-se a análise das prestações de contas das escolas, que são as unidades executoras do programa no âmbito do Estado de Mato Grosso. Até 2014, essas prestações de contas eram feitas semestralmente, artigo 19 da Instrução Normativa 1/2013/GS/SEDUC/MT c/c artigo 25 da Instrução Normativa 3/2015/GS/SEDUC/MT. Em razão disso, nos exercícios de 2012 e 2013, foram apreciadas, por semestre, 733 e 742 prestações de contas, respectivamente, ensejando um total de 2.950 nos dois anos.

40. Apesar do elevado número de prestações de contas, chama a atenção o fato de que nenhuma delas foi reprovada e somente em uma foi instaurada a devida Tomada de Contas Especial (Escola Estadual Meninos do Futuro – Cuiabá/MT), conforme quadro 1 abaixo:

Quadro 1: Situação das prestações de contas em 2012 e 2013

  2012 2013

 1º Sem

2º Sem 1º Sem 2º Sem

Total 2012

1º Sem

2º Sem 1º Sem 2º Sem

Total 2013

Não iniciada 0  1 0 0,14% 0,07% 1 3 0,13% 0,40% 0,27%

Aberta 2 2 0,27% 0,27% 0,27% 2 4 0,27% 0,54% 0,40%

Impressa 3 5 0,41% 0,68% 0,55% 15 23 2,02% 3,10% 2,56%

Diligência 66 84 9,00%11,46

%10,23

% 185 21424,93

%28,84

%26,89

%

Aprovado c/ Parecer Jurídico 5 2 0,68% 0,27% 0,48% 1 0  0,13% 0,00% 0,07%

Em análise 0 0 0 0 0 3 3 0,40% 0,40% 0,40%

Aprovada 643 63287,72

%86,22

%86,97

% 516 47669,54

%64,15

%66,85

%

Enviado ao Jurídico 1 2 0,14% 0,27% 0,20% 5 1 0,67% 0,13% 0,40%

Não atendida 7 0  0,95% 0,00% 0,48% 2   0,27% 0,00% 0,13%

Tomada de Contas 1 0  0,14% 0,00% 0,07% 0 0 0 0 0

Notificação Extrajudicial 5 5 0,68% 0,68% 0,68% 12 18 1,62% 2,43% 2,02%

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  733 733       742 742      

Fonte: relatório Sigeduc 2012 e 2013 (peça 33)

41. Os dados levantados demonstram que, além de haver um elevado percentual de contas aprovadas, existem 150 prestações de contas na situação em “diligência” desde 2012, em razão da incidência de diversas impropriedades. Esse último dado demonstra que a Seduc retarda a finalização da análise das prestações de contas para concluir definitivamente pela sua aprovação ou não.

42. Cabe destacar que, mesmo havendo um elevado índice de contas aprovadas, além de nenhuma conta reprovada, tais dados não comprovam a boa execução do programa, tampouco correspondem à verificação de controle por parte da Seduc, haja vista as inúmeras impropriedades/irregularidades encontradas nas prestações de contas de 2012 que ainda se encontram na situação em “diligência”. Podemos citar como exemplos as seguintes ocorrências: reprogramação dos recursos não condizente com os dias letivos; provável débito; produtos previstos no cardápio e que não foram adquiridos; inexecução dos cardápios; não cumprimento do mínimo referente à agricultura familiar; não consonância entre valores repassados e executados; não comprovação da devolução dos recursos impugnados; falta de extrato bancário; despesas executadas sem comprovação; ausência do Parecer do Conselho Fiscal favorável à aprovação da prestação de contas; aquisição de produtos não previstos no cardápio; aquisição de produtos com valores acima da planilha de preços; aquisição de produtos com fornecedor não habilitado e ausência de prestação de contas de 2010 e 2011.

43. Os referidos achados foram encontrados no documento juntado à peça 32, dentre os quais os mais relevantes apareceram na seguinte frequência no exercício de 2012: reprogramação dos recursos não condizente com os dias letivos (constatado em 11 prestações de contas das 150 em “diligência”); provável débito (constatado em 11 prestações de contas das 150 em “diligência”); produtos previstos no cardápio e não foram adquiridos (constatado em 20 prestações de contas das 150 em “diligência”); inexecução dos cardápios (constatado em 2 prestações de contas das 150 em “diligência”); não cumprimento do mínimo referente à agricultura familiar (constatado em 2 prestações de contas das 150 em “diligência”); não consonância entre valores repassados e executados (constatado em 1 prestação de contas das 150 em “diligência”); não comprovação da devolução dos recursos impugnados (constatado em 25 prestações de contas das 150 em “diligência”); falta de extrato bancário (constatado em 5 prestações de contas das 150 em “diligência”); despesas executadas sem comprovação (constatado em 13 prestações de contas das 150 em “diligência”); ausência do Parecer do Conselho Fiscal favorável à aprovação da prestação de contas (constatado em 7 prestações de contas das 150 em “diligência”); aquisição de produtos não previstos no cardápio (constatado em 18 prestações de contas das 150 em “diligência”); aquisição de produtos com valores acima da planilha de preços (constatado em 11 prestações de contas das 150 em “diligência”); aquisição de produtos com fornecedor não habilitado (constatado em 9 prestações de contas das 150 em “diligência”) e ausência de prestação de contas de 2010 e 2011 (constatado em 2 prestações de contas das 150 em “diligência”).

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44. Todas as irregularidades verificadas pela Seduc são reportadas no Sistema Integrado de Gestão Educacional (SigEduc), por ocasião da análise da prestação de contas, para que as escolas possam sanear as pendências ou apresentar justificativas que afastem as irregularidades. Entre as falhas apontadas, devido à gravidade e ao potencial de dano ao erário que podem impingir, destacam-se a não comprovação da devolução dos recursos impugnados, os possíveis débitos, a aquisição de produtos com valores acima dos registrados na planilha de preços e as despesas executadas sem comprovação. Essas irregularidades representam 40% do total das prestações de contas de 2012 que ainda estão em diligência.

45. A título de ilustração das irregularidades mencionadas, cabe citar o caso da Escola Militar Tiradentes (Cuiabá-MT), a qual, conforme informações juntadas na peça 32, p. 108 – 109, foi diligenciada a devolver R$ 9.667,00 no primeiro semestre de 2012, em virtude de vários cheques compensados (850145, 850146, 850147, 850149, 850150 e 850155) sem comprovação das respectivas despesas. Apesar desse achado, cabe destacar que a referida prestação de contas ainda se encontra na situação em “diligência”, dois anos depois, sem qualquer conclusão acerca da sua regularidade ou não, mesmo não tendo ocorrido comprovação da devolução do recurso mencionado.

46. Cabe mencionar, ainda, que o montante das despesas impugnadas nessa prestação de contas é relativamente alto, haja vista que a escola recebeu no primeiro semestre R$ 24.996,00 (peça 36), tendo sido glosados 38,67% dos recursos recebidos nesse período por falta de comprovação de sua regular execução. Tal fato comprova a inércia da Seduc frente às irregularidades verificadas nas prestações de contas, tendo em vista que fica aguardando o saneamento de irregularidades que podem ensejar, inclusive, débito, retardando, por conseguinte, a tomada de providências quanto à responsabilização do gestor.

47. Importante salientar que em outras 25 escolas foram verificadas irregularidades similares à relatada acima, dando ensejo a diligências para devolução de recursos recebidos ao longo do exercício de 2012, cujas execuções não foram regularmente comprovadas. Tais diligências também se encontram em aberto, mesmo não havendo evidências de que os recursos glosados tenham sido restituídos.

48. Do elenco de achados verificados nas prestações de contas, é relevante mencionar, ainda, aqueles que podem impactar diretamente na qualidade e na efetividade do programa, tais como:

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aquisição de produtos não previstos no cardápio, produtos previstos no cardápio que não foram adquiridos e reprogramação dos recursos não compatível com os dias letivos. Esses achados equivalem a 32,66% do total das prestações de contas em “diligência” no ano de 2012.

49. Tais apontamentos são importantes porque para o PNAE alcançar seus objetivos, os alimentos devem ser adquiridos conforme a previsão no cardápio de cada escola. Além disso, a merenda precisa atender às necessidades nutricionais dos alunos alimentados. No entanto, mesmo havendo previsão de aquisição de determinados alimentos para compor o cardápio, algumas escolas simplesmente não compraram os gêneros alimentícios necessários à elaboração de suas refeições, deixando, por conseguinte, de executar o cardápio planejado. Tal fato demonstra que não se sabe ao certo o que está sendo servido como merenda, pois não foram comprados os alimentos que compunham os cardápios planejados e as merendas foram servidas assim mesmo, o que pode colocar em risco o balanceamento nutricional correto previsto no cardápio.

50. Outra verificação levantada nas prestações de contas que também podem sinalizar o comprometimento da qualidade da merenda é a reprogramação financeira não compatível com os dias letivos. O programa utiliza como parâmetro 200 dias letivos por ano, sendo, portanto, 100 dias por semestre (art. 38, inciso VI, da Resolução 26/2013 – FNDE). Na Escola Estadual Santo Antônio, localizada em Confresa-MT, (peça 32, p. 57-59), foi reprogramado para o segundo semestre de 2012 o valor da ordem de R$ 6.026,16, o que equivalia a 67% dos recursos recebidos (R$ 9.451,20), mesmo ela tendo informado que atendeu a 110 dias letivos. Nesse aspecto, não há como se garantir uma merenda de qualidade com a aquisição de gêneros alimentícios com menos da metade dos recursos para todo um semestre. Além disso, importante salientar que esse não é um caso isolado, pois há pelo menos 11 escolas na condição de “diligência” em situação semelhante.

51. A Seduc, por sua vez, mesmo diante de todos esses apontamentos, continua mantendo as respectivas prestações de contas na situação em “diligência”, portanto pendentes de análise conclusiva, em vez de dar continuidade ao processo para aprová-las ou não a depender do atendimento dos preceitos estabelecidos na Resolução 26/2013 do FNDE e na Instrução Normativa 1/2013 da Seduc. Essa inércia afeta as eventuais medidas administrativas que seriam cabíveis na apuração da responsabilidade dos gestores, tendo em vista que ficam dependendo da conclusão da análise das prestações de contas.

52. Em paralelo a esse trabalho de monitoramento das prestações de contas realizado pela Secretaria de Educação, há a atuação do Conselho Estadual de Alimentação Escolar (CEAE), o qual, nos termos do artigo 5º, inciso III, da Resolução 26/2013 do FNDE, “é um órgão colegiado de caráter fiscalizador, permanente, deliberativo e de assessoramento, instituído no âmbito dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios”. Cabe a esse órgão a emissão do parecer conclusivo acerca da execução do programa do respectivo exercício (artigo 35, inciso III, da Resolução 26/2013 do FNDE).

53. Para melhor subsidiar seu trabalho, o CEAE realiza visitas de monitoramento nas escolas estaduais que recebem recursos do programa. Em 2013, foram visitadas 67 escolas (peça 27), tendo sido uma delas na capital e todas as demais no interior, sendo 32 em Rondonópolis e 14 em Alta Floresta. Entre as principais constatações registradas nos relatórios de visitas realizadas, destacaram-se a não utilização de uniforme pelas merendeiras, o não preenchimento ou a ausência do registro diário da alimentação, a falta de limpeza e/ou higiene do ambiente de trabalho, a falta de itens como fogão e geladeira, a não execução do cardápio planejado e a existência de cozinhas inadequadas para o correto preparo das merendas.

54. Nesse diapasão, o Conselho Estadual de Alimentação Escolar (CEAE), por meio do Ofício 21/2014/CEAE/MT, de 4 de agosto de 2014 (peça 24, p. 49-50), questionou a Seduc sobre os seguintes aspectos, a fim de subsidiar a emissão do parecer conclusivo acerca da execução do programa ao longo do exercício de 2013: reprogramação na maioria das escolas, alcançando 1/3 do valor total disponibilizado anualmente; aquisição de produtos da agricultura familiar abaixo dos 30% exigidos no

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artigo 24 da Resolução 26/2013 do FNDE; produtos alimentícios relacionados na nota fiscal que não estavam presentes no cardápio executado; prestações de contas “em aberto”, sem pareceres, nem justificativas.

55. A Seduc, por meio do Ofício 115/2014-GAB/Seduc/SEE, de 11 de setembro de 2014 (peça 24, p. 61-64), respondeu que a reprogramação dos recursos das escolas estava de acordo com o art. 38, alínea “a”, inciso XX, da Resolução 26/2013 do FNDE, não ultrapassando o limite de 30% do valor repassado no exercício. Informou, também, que, nas situações em que verifica existência de alimentos relacionados na nota fiscal não previstos no cardápio, solicita à escola que justifique o motivo pelo qual ocorreu essa impropriedade.

56. No que tange à agricultura familiar, não houve cumprimento do limite estabelecido no art. 24, da Resolução 26/2013 - FNDE, por falta de logística dos fornecedores da Agricultura Familiar e do Empreendedor Familiar Rural, pela ausência de documentação necessária por parte desses fornecedores, além de que, nem todo município tinha produção realizada pela agricultura familiar. Entretanto, a Coordenadoria de Alimentação Escolar informou que todos os processos analisados que apresentaram a irregularidade mencionada foram enviados às escolas para que justificassem o não atendimento dos 30% da agricultura familiar.

57. No que pertine especificamente ao ponto relacionado ao presente achado, ou seja, sobre a existência de prestações de contas na situação “em aberto”, a Seduc informou que os técnicos não conseguiram analisar todas as prestações de contas que foram encaminhadas, motivo pelo qual estavam sem o Parecer Técnico. Apesar disso, destacou que a Coordenadoria de Alimentação Escolar (CAE) faz um levantamento periódico no sistema quanto à situação da prestação de contas e, ao encontrar alguma escola que ainda não fechou a sua prestação de contas, envia um e-mail solicitando-a; caso não ocorra o envio da prestação de contas, é realizada visita in loco e lavrado um “termo de visita” cobrando que regularize a situação da mesma.

58. Apesar dessa justificativa, mais uma vez se destaca a situação de que o CAE/Seduc, mesmo constatando diversas irregularidades ao analisar as prestações de contas, está mantendo as referidas contas na situação em “diligência”, retardando a conclusão de sua análise. Essa demora na emissão do parecer conclusivo da Seduc aumenta o risco de o controle interno se tornar menos efetivo, pois, embora sejam verificadas irregularidades, não são tomadas medidas administrativas para repor os recursos impugnados, tampouco reprovam-se as prestações de contas eivadas de irregularidades constatadas e não justificadas. Ademais, há prejuízo ao ambiente de controle, em virtude da diminuição da expectativa de controle, pois os gestores das escolas que se encontram irregulares não sofrem medidas sancionatórias que, oportunamente, visam a corrigir os erros e a repor o recurso impugnado ao erário.

59. Considerando esses aspectos e tendo em vista que o art. 45 da Resolução 26/2013 do FNDE prevê que o CEAE deve emitir o parecer conclusivo sobre a prestação de contas até o dia 31 de março, não é razoável que essa emissão se dê, mesmo com diversas escolas apresentando suas contas em “diligência”. Ademais, a própria Seduc, por meio do art. 25, §§ 7º e 8º, da Instrução Normativa 7/2014, fixou prazo máximo de 30 dias para o cumprimento do Parecer Técnico, em “diligência”. Caso esse prazo não seja cumprido, deverá ser instaurada a tomada de contas especial em desfavor do gestor em exercício, na qualidade de corresponsável pelo dano causado ao erário.

60. Por conseguinte, diante do achado ora relatado, torna-se necessário dar ciência à Seduc acerca da demora na conclusão das prestações de contas dos exercícios de 2012 e 2013, verificada nos Relatórios Detalhados da Situação da Prestação de Contas dos referidos exercícios, retirados do Sistema de Gestão de Planejamento e Orçamento do SigEduca, o que afronta o art. 45 da Resolução 26/2013 do FNDE e o art. 25, §§ 7º e 8º, da Instrução Normativa 7/2014 da Seduc/MT.

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Reduzido número de visitas técnicas regulares de monitoramento das unidades executoras do programa

61. Conforme já destacado anteriormente, a equipe de fiscalização elencou os seguintes aspectos a serem verificados na inspeção em tela, a saber: se os instrumentos de controle adotados pela Seduc estão garantindo que os recursos do PNAE estão sendo repassados na frequência e na quantidade estabelecida em norma e se estão sendo aplicados efetivamente na aquisição de merenda escolar. A primeira parte da questão foi analisada por meio da verificação detalhada dos repasses realizados pelo FNDE à Seduc e desta às escolas estaduais, cuja avaliação está exposta no primeiro achado. A segunda, por sua vez, foi verificada por meio da análise das prestações de contas, exposta no segundo achado, e dos relatórios de visitas técnicas, apresentada no presente tópico.

62. Quanto a esse último aspecto, cabe destacar que o conjunto dos relatórios de visitas técnicas, peça 22, demonstra que a SEDUC realizou, nos exercícios de 2013 e 2014, poucas visitas in loco de monitoramento planejadas (em 2013, foram apenas 20 e, em 2014, 29). Além disso, em 2014, as visitas programadas ocorreram quase exclusivamente nos municípios de Cuiabá e Várzea Grande (27 de um total de 29 visitas em 2014). Em 2013, por sua vez, apesar de terem ocorrido mais visitas nas unidades do interior, dez de um total de vinte, nove delas se restringiram a unidades localizadas no Município de Barra do Bugres.

63. Tais dados demonstram que as escolas do interior praticamente não são monitoradas, recebendo visitas, na maioria das vezes, apenas após ocorrência de denúncias (em 2014, das 16 visitas realizadas em razão de denúncia, 8 foram em unidades escolares do interior – peça 21, p. 46-126), o que dificulta o acompanhamento da execução do programa, podendo comprometer, por consequência, sua efetividade.

64. Mesmo diante desse quadro de escassez de visitas de monitoramento (foram feitas, no total, 24 visitas, em 2013, e 45, em 2014, somando as planejadas e as decorrentes de denúncia, peça 21, p. 4-126 e peça 22, o que representa, respectivamente, 3,2% e 5,9% do total de 742 e 746 unidades escolares estaduais existentes em Mato Grosso nos respectivos exercícios – dado retirado do sistema SigEduca), chama a atenção o reduzido número de denúncias recebidas pela Seduc em relação à execução do PNAE, que totalizaram quatro em 2013, peça 21, p. 4-45, e dezesseis em 2014, peça 21, p. 46-126. A pouca expressão desses números, no entanto, não demonstra a boa execução do programa, tendo em vista que, em análise mais detida dos relatórios das visitas técnicas programadas realizadas em 2014, peça 22, verificou-se que a Seduc levantou problemas na execução do programa em 28 das 29 visitas realizadas durante o referido exercício (nessas visitas foram vistas 21 escolas; oito delas receberam duas visitas).

65. Os problemas verificados pela Secretaria de Educação eram de ordens variadas, a saber: estrutura inadequada e higiene precária da cozinha; alimentos oferecidos diversos do cardápio planejado; oferta de alimento que não poderia fazer parte do cardápio (pipoca, maria mole); inexistência de planilha de preços para checar recebimento do fornecedor ou, quando presentes, apresentando preços desatualizados; merendeiras com uniformes inadequados; alimentos armazenados de forma incorreta; ausência de planejamento de cardápio, falta de seu lançamento no sistema e inexistência de cardápio atualizado fixado em mural; falta de preenchimento do Registro Diário da Alimentação Escolar; alimentos utilizados de marcas diferentes às adjudicadas (peça 40).

66. Os referidos achados foram verificados com a seguinte frequência nas 21 escolas visitadas pela Seduc, ao longo do exercício de 2014 (peça 40): merendeira com uniforme inadequado (em 14 das 21 escolas visitadas em 2014); falta de preenchimento do Registro Diário da Alimentação Escolar (em 15 das 21 escolas visitadas); inexistência de planilha de preços para checar recebimento do fornecedor ou, quando presentes, apresentam preços desatualizados (em 14 das 21 escolas visitadas em 2014); alimentos armazenados de forma incorreta (em 8 das 21 escolas visitadas em 2014); ausência de planejamento de cardápio, falta de seu lançamento no sistema e inexistência de cardápio atualizado

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fixado em mural (em 12 das 21 escolas visitadas em 2014); oferta de alimento que não poderia fazer parte do cardápio (em 9 das 21 escolas visitadas em 2014); alimentos de marca diferente da adjudicada (em 7 das 21 escolas visitadas em 2014); merenda servida não corresponde à prevista no cardápio (em 5 das 21 escolas visitadas em 2014); estrutura inadequada e higiene precária da cozinha (em 5 das 21 escolas visitadas em 2014).

67. Considerando que tais achados se replicaram nas diversas unidades visitadas, nada obsta que também possam ser verificados nas demais unidades que não foram objeto de monitoramento, inclusive nas localizadas no interior, que praticamente só receberam visitas quando houve denúncias acerca da execução do programa.

68. Dentre as irregularidades apontadas nos relatórios, releva mencionar a elevada incidência da falta de preenchimento do Registro Diário da Alimentação Escolar, que ocorreu em 15 das 21 unidades visitadas. É importante destacar essa falha porque ela impede que se monitore a quantidade de alunos que estão sendo atendidos pela merenda escolar em cada uma das unidades, visto que nele deve ser registrado o número de alunos servidos pela merenda oferecida no dia. Desse modo, como a Seduc não faz o acompanhamento presencial da execução desse programa, acaba ficando comprometida a avaliação feita por ela acerca da efetividade da alimentação escolar no Estado de Mato Grosso, visto que não há instrumentos de controle que permitam avaliar o número de alunos que estão sendo beneficiados pelo programa.

69. Com relação ao monitoramento realizado em razão de denúncias, em 2014, peça 21, p. 46-126, foram recebidas e analisadas 16 denúncias, sendo oito referentes a municípios do interior e oito a Cuiabá e Várzea Grande. Nesse rol de denúncias, 14 foram objeto de visitas e duas foram resolvidas apenas por meio de justificativas dos Diretores da unidade, referentes às Escolas Estaduais 11 de Março, em Cáceres, peça 21, p. 61-64, e Vanderley Cecatto, em Santo Antônio do Leste, peça 21, p. 116-121. O objeto das denúncias dessas duas unidades que não receberam visita tratava, na primeira escola, de presença de “bichinhos” na comida oferecida aos alunos e de desvio de alimentos e, na segunda, da falta de variedade na oferta da merenda, de inexistência de cardápio da merenda e de compra com nota fria.

70. Ocorre que, para esclarecer se o que estava sendo apontado na denúncia estava ocorrendo ou não, era necessário visitar a unidade para verificar, por exemplo, a qualidade da comida que estava sendo oferecida na merenda, no primeiro caso, e, no segundo relato, a verificação in loco da comida oferecida para evidenciar se estava adequada ao cardápio proposto, além do levantamento junto à

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unidade se os alimentos estocados estavam devidamente lançados em notas fiscais recebidas pela escola. O instrumento utilizado pela Seduc para esclarecer o objeto das referidas denúncias se mostrou falho, pois se baseou apenas nas justificativas apresentadas pelos denunciados, as quais sequer foram acompanhadas de comprovação documental. Tal prática, além de não permitir verificar se os fatos apontados na denúncia ocorreram de fato ou não, possibilita que, em razão da falha no controle, aumente o risco de reincidência de novos casos, os quais, inclusive, podem ser agravados, como na primeira escola, por exemplo, com a permanência de oferta de alimentos contaminados, que podem vir a comprometer a saúde dos alunos.

71. Uma outra situação digna de nota refere-se à denúncia recebida pela Secretaria de Educação a respeito da Escola Estadual Waldemon Moraes Coelho, de Campo Verde, na qual estava sendo apontado uso de recurso da merenda escolar para outras finalidades (peça 21, p. 100-103). Nesse caso, apesar de a Secretaria ter feito visita técnica para observar a veracidade ou não da denúncia, afastou sua procedência com fundamento nas informações prestadas pelo Diretor da unidade, que afirmou só utilizar os recursos do programa para fornecimento de merenda escolar, e com base, ainda, no fato de que a Diretoria da escola já havia sido orientada pela Assessoria Pedagógica acerca do assunto. No entendimento da Seduc, portanto, tais fatos demonstravam que a denúncia seria infundada.

72. O procedimento de controle adotado na avaliação dessa denúncia, no entanto, também se mostrou falho, pois foi baseado, mais uma vez, em informações prestadas pelo denunciado. Nesse caso concreto, era necessário adotar alguns procedimentos de fiscalização como verificar se os alimentos fornecidos nas últimas notas fiscais recebidas pela unidade escolar encontravam-se estocados, tendo em vista que havia relato de que a escola obtinha nota fiscal informando fornecimento de alimentos, quando, na realidade, estavam sendo fornecidos itens diversos, tais como os de limpeza, por exemplo.

73. Quando a Secretaria de Educação recebe esse tipo de denúncia e conclui que ela é improcedente sem fazer qualquer levantamento mais detalhado acerca dos fatos, isso implica em elevado risco de se estar perdendo a oportunidade de detectar desvios no programa, o que acabará gerando dano ao erário e, por consequência, prejuízos ao corpo discente da unidade escolar. Todo esse conjunto de fatos implica também na redução da expectativa de controle, o que agrava a situação e aumenta o risco de reincidência das falhas apontadas.

74. Percebe-se do conjunto relatado que o controle realizado pela Seduc na execução do PNAE é falho, uma vez que não é feito um acompanhamento periódico das unidades escolares, a fim de verificar in loco se a merenda escolar está chegando ao seu público-alvo e com a qualidade necessária. Essa condição, por si só, afeta o ambiente de controle, reduzindo a expectativa de controle por parte do agente que executa o programa, que deveria sofrer um monitoramento próximo da Secretaria de Educação por meio, por exemplo, da estrutura da Assessoria Pedagógica, unidades de Assessoria compostas por profissionais da educação pertencentes aos quadros das escolas, que atuam perante as escolas localizadas nos municípios sob sua circunscrição (artigos 1º e 2º da Instrução Normativa n.º 5/2015/GS/SEDUC/MT).

75. Desse modo, considerando os achados relatados, cabe recomendar à Seduc que avalie a possibilidade de utilizar a estrutura da Assessoria Pedagógica para realizar o acompanhamento da execução do PNAE e envide esforços para construir um planejamento de visitas de monitoramento nas unidades escolares, de modo a garantir que haja um efetivo acompanhamento finalístico da execução do PNAE.

CONCLUSÃO

76. O trabalho de fiscalização realizado junto à Seduc para levantar a efetividade dos instrumentos de controle internos existentes no PNAE no Estado de Mato Grosso possibilitou levantar os seguintes achados: deficit de execução de parcela dos recursos repassados pelo FNDE e repasses a maior para as unidades executoras em desconformidade com os critérios estabelecidos em norma;

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retardo na conclusão das prestações de contas, que ficam por longo prazo na situação “em diligência”, sem um posicionamento definitivo quanto à sua aprovação ou reprovação; ausência de acompanhamento periódico do programa junto às unidades executoras, o que afeta o ambiente de controle, reduzindo a expectativa de controle por parte do agente que executa o programa.

77. O conjunto desses achados permite concluir que os instrumentos de controles internos aplicados pela Seduc não estão garantindo que os recursos repassados pelo FNDE estejam chegando às escolas com a periodicidade e no montante fixados em norma federal. Além disso, a entidade executora do PNAE no Estado de Mato Grosso, Secretaria de Estado de Educação, não tem instrumentos suficientes que lhe permitam aferir a real efetividade do programa em seu âmbito de atuação, haja vista que não há um monitoramento efetivo de sua execução junto às unidades finalísticas, que efetivamente executam o programa (escolas estaduais).

78. Nesse sentido, faz-se necessário dar ciência à Seduc acerca das falhas encontradas e elencadas no presente relatório, recomendando que envide esforços para a melhoria dos instrumentos de controle existentes de modo que possam ser reduzidos os riscos de falhas na execução do PNAE, com a consequente melhoria da efetividade do programa.

79. Outrossim, deve ser encaminhada cópia desse relatório ao Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso, tendo em vista que há recursos estaduais que compõem o montante do PNAE, a título de contrapartida, para que adote as providências que entender pertinentes.

80. Ademais, cabe considerar, ainda, que esta fiscalização foi determinada em sede preliminar à análise de mérito da representação que tratava a respeito de possíveis irregularidades ocorridas na aplicação de recursos federais do programa Projovem Urbano pela Secretaria de Estado de Educação de Mato Grosso, além de abordar também algumas questões referentes aos repasses de recursos para aquisição de merenda escolar. Nesse aspecto, destaca-se, mais uma vez, que a presente inspeção verificou tanto algumas impropriedades nos repasses dos recursos realizados pela Seduc às unidades escolares, quanto variados problemas nos controles internos aplicados pela Secretaria de Educação na execução do PNAE.

81. Como tais evidências confirmam parcela do objeto da representação que deu origem aos presentes autos, entende-se que ela deva ser conhecida para, no mérito, ser julgada parcialmente procedente apenas no que pertine à ocorrência de falhas na execução do programa de merenda escolar, encaminhando, por conseguinte, as propostas de ciência e de recomendações para a melhoria dos controles internos da Seduc. A seguir, a Secex-MT poderá avaliar a inclusão nos planos de fiscalização seguintes o monitoramento das medidas tomadas pela Seduc/MT frente aos encaminhamentos propostos por esta Corte de Contas.

PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO

82. Diante do exposto, submetem-se os autos à consideração superior, propondo:

82.1. conhecer da presente representação eis que satisfeitos os requisitos de admissibilidade previstos no artigo 235 do Regimento Interno deste Tribunal, para, no mérito, considerá-la parcialmente procedente apenas no que pertine à ocorrência de falhas na execução do programa de merenda escolar, haja vista a verificação, em sede de inspeção, de falhas nos repasses dos recursos do Programa Nacional de Alimentação Escolar realizados pela Secretaria de Estado de Educação de Mato Grosso e nos controles internos adotados na execução do programa;

82.2. dar ciência à Secretaria de Estado de Educação de Mato Grosso sobre as seguintes impropriedades:

82.2.1. inexecução de parcela dos recursos repassados pelo FNDE e utilização do saldo para realizar repasses a maior para as unidades executoras em desconformidade com os critérios

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estabelecidos em norma, identificada nos relatórios de repasses por unidade escolar dos exercícios de 2013 e 2014, retirados do Sistema de Gestão de Planejamento e Orçamento do SigEduca, o que afronta o disposto no artigo 38 da Resolução 26/2013 do FNDE;

82.2.2. demora na conclusão das análises das prestações de contas dos exercícios de 2012 e 2013, verificada nos Relatórios Detalhados da Situação da Prestação de Contas dos referidos exercícios, retirados do Sistema de Gestão de Planejamento e Orçamento do SigEduca, o que afronta o art. 45 da Resolução 26/2013 do FNDE e o art. 25, §§ 7º e 8º, da Instrução.

82.3. recomendar à Secretaria de Estado de Educação de Mato Grosso que avalie a possibilidade de utilizar a estrutura da Assessoria Pedagógica para realizar o acompanhamento da execução do PNAE e envide esforços para construir um planejamento de visitas de monitoramento nas unidades escolares, de modo a garantir que haja um efetivo acompanhamento finalístico da execução do PNAE.

82.4. dar ciência do acórdão que vier a ser proferido, assim como do relatório e do voto que o fundamentarem, à Secretaria de Estado de Educação de Mato Grosso e ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação;

82.5. enviar cópia do acórdão que vier a ser proferido, bem como do relatório de inspeção, ao Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso, para que tome as providências que entender pertinentes.”

É o Relatório.

VOTO

Preliminarmente, cumpre conhecer da representação uma vez que se mostram atendidos os requisitos de admissibilidade previstos nos arts. 235 e 237, III, do Regimento Interno.

Quanto ao mérito, verifica-se, no processo, que o representante, então Senador da República Pedro Taques, trouxe ao conhecimento desta Corte de Contas notícias de possíveis irregularidades ocorridas na aplicação de recursos federais pela Secretaria de Estado de Educação de Mato Grosso-Seduc/MT no âmbito do programa “Projovem Urbano”.

Após a realização de diligência à Seduc/MT para esclarecer aspectos mencionados na representação, a Unidade Técnica aprofundou os trabalhos mediante inspeção. Assim, teve oportunidade de também examinar os instrumentos de controle existentes no PNAE, no âmbito do qual foram transferidos para o Estado de Mato Grosso e seus municípios R$ 40 milhões em 2013, enquanto para o Projovem, naquele exercício, foi transferido R$ 1,5 milhão segundo a instrução.

Concluídos os trabalhos, foi constatado: inexecução de parcela dos recursos repassados pelo FNDE e utilização do saldo para realizar repasses maiores para as unidades executoras em desconformidade com os critérios estabelecidos em norma federal; atraso na conclusão dos exames das prestações de contas, que ficam por longo prazo na situação “em diligência”, sem um posicionamento definitivo quanto à sua aprovação ou reprovação; ausência de acompanhamento periódico do PNAE junto às unidades executoras, o que afeta o ambiente de controle.

Diante das falhas apuradas na execução do programa da merenda escolar, cumpre considerar parcialmente procedente a representação, dando-se ciência à Seduc/MT acerca das ocorrências constatadas bem como recomendando-se àquela Secretaria adotar medidas visando à melhoria de seus controles internos a fim de reduzir riscos de falhas na execução do PNAE.

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Face ao exposto, acolho as propostas e Voto por que este Tribunal adote a deliberação que ora submeto à consideração deste Colegiado.

TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 23 de setembro de 2015.

RAIMUNDO CARREIRO Relator

ACÓRDÃO Nº 2370/2015 – TCU – Plenário

1. Processo nº TC 007.186/2013-4. 1.1. Apenso: 020.597/2013-42. Grupo I – Classe de Assunto: VII - Representação 3. Interessados/Responsáveis:3.1. Representante: José Pedro Gonçalves Taques (405.404.481-68)3.2. Responsável: Permínio Pinto Filho – (CPF: 384.350.391-53) 4. Órgãos/Entidades: Entidades/Órgãos do Governo do Estado de Mato Grosso; Secretaria de Estado de Educação de Mato Grosso.5. Relator: Ministro Raimundo Carreiro.6. Representante do Ministério Público: não atuou.7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado de Mato Grosso (SECEX-MT).8. Representação legal: não há

9. Acórdão:Vistos, relatados e discutidos estes autos que tratam de Representação formulada pelo

então Senador da República Pedro Taques acerca de possíveis irregularidades ocorridas na aplicação de recursos federais pela Secretaria de Estado de Educação de Mato Grosso no âmbito do programa “Projovem Urbano”.

Acordam os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do plenário, ante as razões expostas pelo Relator, em:

9.1. conhecer da presente representação eis que satisfeitos os requisitos de admissibilidade previstos nos artigos 235 e 237, III, do Regimento Interno deste Tribunal, para, no mérito, considerá-la parcialmente procedente no que se refere à ocorrência de falhas na execução do programa de merenda escolar, haja vista a verificação, em sede de inspeção, de falhas nos repasses dos recursos do Programa

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Nacional de Alimentação Escolar realizados pela Secretaria de Estado de Educação de Mato Grosso e nos controles internos adotados na execução do programa;

9.2. dar ciência à Secretaria de Estado de Educação de Mato Grosso sobre as seguintes impropriedades:

9.2.1. inexecução de parcela dos recursos repassados pelo FNDE e utilização do saldo para realizar repasses a maior para as unidades executoras em desconformidade com os critérios estabelecidos em norma, identificada nos relatórios de repasses por unidade escolar dos exercícios de 2013 e 2014, retirados do Sistema de Gestão de Planejamento e Orçamento do SigEduca, o que afronta o disposto no artigo 38 da Resolução 26/2013 do FNDE;

9.2.2. demora na conclusão das análises das prestações de contas dos exercícios de 2012 e 2013, verificada nos Relatórios Detalhados da Situação da Prestação de Contas dos referidos exercícios, retirados do Sistema de Gestão de Planejamento e Orçamento do SigEduca, o que afronta o art. 45 da Resolução 26/2013 do FNDE e o art. 25, §§ 7º e 8º, Instrução Normativa 7/2014 da Seduc/MT;

9.3. recomendar à Secretaria de Estado de Educação de Mato Grosso, com fundamento no art. 250, III, do RITCU, que avalie a possibilidade de utilizar a estrutura da Assessoria Pedagógica para realizar o acompanhamento da execução do PNAE e envide esforços para construir um planejamento de visitas de monitoramento nas unidades escolares, de modo a garantir que haja um efetivo acompanhamento finalístico da execução do PNAE;

9.4. dar ciência do presente acórdão, assim como do relatório e do voto que o fundamentam, à Secretaria de Estado de Educação de Mato Grosso e ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação e ao representante;

9.5. enviar cópia do presente acórdão, bem como do relatório de inspeção, ao Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso para as providências que entender pertinentes.

10. Ata n° 38/2015 – Plenário.11. Data da Sessão: 23/9/2015 – Ordinária.12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2370-38/15-P.13. Especificação do quorum: 13.1. Ministros presentes: Aroldo Cedraz (Presidente), Benjamin Zymler e Raimundo Carreiro (Relator).13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti, André Luís de Carvalho e Weder de Oliveira.

(Assinado Eletronicamente)AROLDO CEDRAZ

(Assinado Eletronicamente)RAIMUNDO CARREIRO

Presidente Relator

Fui presente:

(Assinado Eletronicamente)PAULO SOARES BUGARIN

Procurador-Geral

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