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TEORIA DA APARÊNCIA Esta ação foi proposta contra uma Pousada em Ilha Grande que vendeu um pacote , mas as fotos do site não guardavam a verossimilhança com o local. Apesar do tema parecer novo e suscitar algumas indagações , o CDC ampliou a cobertura de proteção do consumidor , com a tônica do hábito de vendas pela internet , seja de produtos ou serviços, evitando possíveis danos ao consumidor . No livro Responsabilidade Civil por Acidente de Consumo na Internet , do autor Guilherme Magalhães Martins , pág. 31 , ele esclarece : “ Na forma dos artigos 12 e 14 da Lei 8.078.90 , todo aquele que se disponha a exercer alguma atividade no mercado de consumo tem o dever de responder , independentemente de culpa, pelos vícios ou defeitos do bem ou serviços fornecidos , na tutela das expectativas legítimas da parte vulnerável , isto é , o consumidor . “

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Page 1: €¦ · Web viewApesar do tema parecer novo e suscitar algumas indagações , o CDC ampliou a cobertura de proteção do consumidor , com a tônica do hábito de vendas pela internet

TEORIA DA APARÊNCIA

Esta ação foi proposta contra uma Pousada em Ilha Grande que vendeu um pacote , mas as fotos do site não guardavam a verossimilhança com o local.

Apesar do tema parecer novo e suscitar algumas indagações , o CDC ampliou a cobertura de proteção do consumidor , com a tônica do hábito de vendas pela internet , seja de produtos ou serviços, evitando possíveis danos ao consumidor .

No livro Responsabilidade Civil por Acidente de Consumo na Internet , do autor Guilherme Magalhães Martins , pág. 31 , ele esclarece :

“ Na forma dos artigos 12 e 14 da Lei 8.078.90 , todo aquele que se disponha a exercer alguma atividade no mercado de consumo tem o dever de responder , independentemente de culpa, pelos vícios ou defeitos do bem ou serviços fornecidos , na tutela das expectativas legítimas da parte vulnerável , isto é , o consumidor . “

A mens lege , ou seja , a provisão a favor do consumidor , de mecanismo de lhe assegure o mínimo de segurança na prestação do serviço anunciado , segurança esta que se traduz na concretização da expectativa que a sua visão vislumbra através da tela colorida do seu micro computador.

Esta expectativa deve corresponder aos seus cinco sentidos quando DEPARAR-SE COM A REALIDADE , QUE ESTA SEJA EXATAMENTE O QUE VIU NA TELA .

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Em não sendo assim , TEM O CONSUMIDOR O DIREITO DE NÃO ACEITAR O QUE NÃO COMPROU, RECEBENDO E VOLTA O QUE PAGOU E , AINDA , RESSARCIR-SE DE SEUS PREJUÍZOS , ALÉM DO PAGAMENTO FEITO ,TANTO MATERIAIS , COMO MORAIS.

Na mesma obra , o autor desenvolve a aplicação da Teoria da Aparência , perfeitamente aplicável à prática modernamente e hodiernamente adotada atualmente , a venda pela internet.

Diz , na pag. 94 :

“ Na linguagem comum, invocada por Rodolfo Sacco , costuma-se dizer que a aparência de um fato de distingue do fato real quando a partir do conjunto de informações disponíveis , possa ser inferida a subsistência deste , mas ao mesmo tempo, caso se recorra a todos os meios de verificação, fique evidenciado qual tal fato inexiste .

Angelo Falzea identifica a aparência com o aparecimento do irreal como real , quando um fenômeno, por si mesmo, gera um outro fenômeno, fazendo-o parecer real, embora seja na verdade , irreal. “

Ou seja , aplicando-se a teoria da aparência temos a hipótese de vendas pela internet de um serviço inexistente , tornando-se possível tal demonstração com a utilização dos recursos tecnológicos à disposição dos fornecedores de tais serviços.

Com recursos de “ foto-shop “ e outros mais , vende-se uma irrealidade .Algo que não existe e só é possível constatar tal realidade quando viaja-se quilômetros de distância , utiliza-se de várias conduções , ônibus , barco , etc. e quando chega-se ao local fica difícil fazer o caminho de volta e aí , não se tem outra alternativa se não ficar com o que se viu .

Muito comum nos anúncios de pousada , tendo sido este o fato que originou a ação por reparação de danos materiais e morais .

A realidade do local distava , negativamente , das imagens do site .

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Site x realidade

O objetivo da aplicação da teoria da aparência tem duas vertentes :

A primeira : a aparência coaduna-se com a realidade e a segunda : a pura aparência propriamente dita , aquela em que protege o sujeito de boa-fé, desconsiderando o vício interno de uma situação aparente para fazer valer a situação que efetivamente se desnuda quando este mesmo sujeito de boa-fé depara-se com a realidade.

Além da legislação consumeristas , temos o art. 4º. Da Diretiva 85.374 .CE.

Segue , ainda , o autor do livro , pg. 121 :

“ Uma das grandes inovações trazidas pela Lei 8.078.90 , nesse particular foi a inclusão do vício aparente , de modo que o conhecimento do vício por parte do consumidor , no momento do recebimento do produto ou serviço, não modifica a responsabilidade do fornecedor.

No entanto , a contratação eletrônica e consumo por meio da Internet dá uma nova dimensão à verificação do vício aparente, não podendo esta ocorrer no ato da oferta, por meio de um site ou correio eletrônico, quando a sua apresentação se baseia em simples imagens ou descrições, mas somente no momento do recebimento do produto ou serviço, quando o consumidor . “

Como aplicação tangencial , temos ainda o ensinamento do autor do mesmo livro , ns páginas 124, 125 :

“ O art. 12 , par. 1º. , do Código do Consumidor fortemente inspirado no art. 6º. Da Diretiva 85.374;CE , atenta especialmente ao grau de segurança que deve apresentar todo produto , considerando (...) sua apresentação , o uso e riscos que razoavelmente dele se esperam e a época em que foi colocado em circulação . “

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