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Rute – Aula 3

Esta é a terceira e última aula sobre este livro da Bíblia. Foi feita opção de um estudo centralizado na narrativa histórica e nas atitudes e características das personagens principais, mas sempre com referências a temas bíblicos como a Redenção, Providência e Soberania de Deus.

Recapitulando: O Livro de Rute faz a ligação – na versão bíblica que usamos, pois a Bíblia Hebraica traz outra disposição dos livros – entre o Livro de Juízes (que termina com uma expressão de desalento: “naquele tempo não havia reis em Israel e cada fazia o que bem entendia”) e o Livro de I Samuel, que inaugura o período dos reis.

Ou seja, há uma nítida transição entre um período de imensas dificuldades e relaxamento espiritual (segundo o epílogo de Juízes, Israel precisava urgentemente de um rei, um líder político e religioso que restaurasse a nação) e o período de surgimento da monarquia e consequente escolha de Davi para ser o modelo de rei).

Rute é um PEQUENO LIVRO, COM UMA GRANDE HISTÓRIA. Uma história que cresce exponencialmente em importância

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quando entendemos que Rute, uma moabita, foi a bisavó de Davi e, portanto, está na linhagem messiânica.

É uma história com grandes perdas e decepções, mas com um grande triunfo. E basicamente esta é uma história de redenção, não só de Rute e Noemi, mas de todos nós.

A história começa de maneira dramática: fome em Israel, mudança de uma família para uma terra estrangeira onde não se adorava a Deus, e uma súbita piora nas condições (adicionando luto à fome, ou “da lama ao caos”). Falta de recursos, perdas irreparáveis, desamparo, tudo apontando para uma tragédia).

Mas eis que Deus intervém (na verdade Ele nunca esteve ausente, mas apenas em dois momentos desta história Deus intervém diretamente – dando alimento e dando um filho a Rute) e Noemi fica sabendo que as coisas estão mudando em Israel.

Ora, passado o motivo que levou àquela mudança (fome), a decisão mais sábia era voltar. Nada mais justificava a permanência naquelas terras de Moabe.

Na volta, um impasse: Noemi queria prosseguir sozinha, não achava justo colocar em risco o futuro de suas noras Orfa e Rute, que então passariam a ser estrangeiras em Israel (além do mais, presumo, ela não queria correr o risco de ser “culpada” por fazer que homens israelitas se casassem com estrangeiras em sua própria terra...)

Sabemos o que aconteceu: uma prova de lealdade que se tornou exemplo para a posteridade (onde quer que tu fores, irei eu, onde quer que pousares a noite, ali pousarei eu, o teu povo é o meu povo, e o teu Deus é o meu Deus, onde quer que morreres ali morrerei eu e serei sepultada).

Um compromisso solene e belíssimo, e isso tudo depois de Noemi declarar que nada tinha a oferecer, a não ser

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compartilhar sua tristeza, e afirmar, segundo seu entendimento um tanto equivocado, que Deus era seu adversário, o que tornou ainda mais surpreendente a decisão de Rute acompanhar Noemi.

Mas assim se fez e elas voltaram. Noemi afirma que partiu ditosa e voltou de “mãos vazias”, mas veremos que não seria bem assim....

A chegada deu-se no início da colheita da cevada e do trigo, sendo este um sinal evidente de “fertilidade”.

A nota do capítulo 1 é: Deus não te deixa na mão!

No capítulo 2 vimos Rute trabalhando e Deus trabalhando mais ainda, provendo um encontro “casual” entre Rute e um redentor.

Esta parte da história revela iniciativas (estratégias) e generosidade.

A nota deste capítulo é: Deus realiza sua obra comumente por meio de agentes humanos, cujos atos, embora pareçam insignificantes e insuficientes, conduzem ao resultado que Deus traçou.

Há sinais evidentes de que a coisas vão mudar, dessa vez para melhor!: “bendito seja ele do SENHOR, que ainda não tem deixado sua benevolência nem para com os vivos nem para com os mortos”.

Esses sinais de esperança e a confiança de que é Deus que está por trás de tudo vão empurrando a amargura e o desespero para trás

No capítulo 3 há um desenvolvimento destas estratégias e tudo se conduz para uma viva esperança de restauração e um bom futuro (não sem suspense e retrocessos).

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Agora, no capítulo 4, temos o desfecho da história.

A nota aqui é: confie em Deus, porque suas misericórdias são sem fim! Ninguém que se abriga sob suas asas fica decepcionado, pois é a sua honra que está em questão! Ele pode fazer muito mais do que pedimos ou pensamos!

Leitura capitulo 4

“A VIDA DO SANTO NÃO É UMA LINHA RETA PARA A GLÓRIA, MAS ELES CHEGAM LÁ.” – CAPÍTULO 4

Na vida dos santos há deslizamento de pedras, precipícios, névoas escuras, animais perigosos e curvas escorregadias e fechadas. Tudo isso faz com que muitas vezes você tenha que regredir a fim de ir em frente.

Mas, em toda esta perigosa estrada, que não deixa você ver muito longe, há frequentes sinais que dizem: “O melhor ainda está para vir.” E no canto inferior direito escrito com uma letra inconfundível estão as palavras, “Eis que estarei convosco todos os dias”

O livro de Rute é um dos sinais para você. Ele foi escrito e tem sido pregado para lhe dar algum incentivo e a esperança de que todas as curvas desconcertantes em sua vida não são becos sem saída. Em todos os reveses de sua vida como um crente Deus está tramando para a sua alegria.

Contratempos, esperança e estratégias de justiça

A história de Rute é uma série de contratempos. No capítulo 1 Noemi e seu marido e dois filhos foram obrigados a deixar sua terra natal em Judá, por conta da fome. Então o marido de Noemi morre. Seus filhos se casarão com moabitas e por dez anos as mulheres se revelaram estéreis. E então seus filhos morrem deixando duas viúvas na casa de Noemi. Apesar de Rute se unir à Noemi, o capítulo 1 termina com a queixa amarga de

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Noemi: “Ditosa parti, porém o Senhor me vez voltar vazia. . . O Todo-Poderoso tem tratado muito amargamente comigo [se manifestou contra mim].”

No capítulo 2 Noemi é cheia com uma nova esperança, porque Boaz aparece na cena como um possível marido para Rute. Mas ele não propõe a Rute. Ele não faz qualquer movimento. Pelo menos é o que parece à primeira vista. Assim, o capítulo termina cheio de esperança, mas também com grande suspense e incerteza sobre como tudo isso vai funcionar.

No capítulo 3 Noemi e Rute fazem um movimento arriscado no meio da noite. Rute vai a Boaz na eira e diz: “Eu quero que você estenda as suas asas sobre mim como o meu marido.” Mas, quando a tragédia da viuvez de Rute parece ter se resolvida, em uma linda história de amor aparece um problema inesperado. Há um outro homem que, segundo o costume hebraico, tem o direito de se casar com Rute. O impecavelmente honesto Boaz não vai continuar sem dar a este homem a oportunidade legal. Assim, o capítulo 3 termina novamente no suspense de outro revés.

Mais contratempos no caminho para a glória

Após o encontro da meia-noite no capítulo 3, Boaz vai até o portão da cidade onde o negócio oficial foi feito. O parente mais próximo se aproxima, e Boaz define a situação diante dele. Noemi está vendendo a pequena propriedade que ela tem, e o dever do parente mais próximo é o de comprá-la, para que a herança permaneça na família. Para nosso espanto o parente diz: “Eu vou resgatá-lo.”

Nós não queremos que ele resgate a propriedade, nós queremos que Boaz faça-o. Então, novamente parece haver um retrocesso.

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E a ironia desse revés é que ele está sendo causado pela justiça. O parente está apenas fazendo o seu dever. Às vezes a estrada da vida cristã está entupida, não com pedras ou ursos, mas com bons operários que estão apenas fazendo seu dever. Nossas frustrações não são apenas causadas pelo pecado, mas também (aparentemente) pela justiça inoportuna (farisaísmo).

Excesso de justiça, via de regra, conduz ao orgulho.

Só quando estamos prestes a dizer: “Ó não! Não deixe que este outro rapaz leve Rute!” Boaz diz ao parente mais próximo: “Você sabe, não é, que Noemi tem uma nora. Então, quando você se faz como resgatador você também deve tomá-la como sua esposa e dar filhos ao nome de seu marido, Malom?”

Então, para nosso grande alívio, o parente diz no versículo 6, que ele não pode fazê-lo.

Talvez ele já seja casado. Seja qual for a razão, nós estamos torcendo para que Boaz chegue, mesmo em meio a dificuldades e problemas, à festa de casamento com a linda Rute em seu braço.

Mas, ainda há uma nuvem no céu. Rute é estéril. Ou pelo menos ela parece ser. No capítulo 1 versículo 04 nos vemos que ela tinha sido casada por dez anos com Malom e não tinha filhos. Assim, mesmo agora o suspense ainda não acabou.

Você entende agora porque eu disse que a lição do livro de Rute é que a vida do santo não é uma linha reta para a glória? A vida é uma curva atrás da outra. E nós nunca sabemos o que virá.

Mas o ponto principal da história é que o melhor ainda está por vir. Não importa onde você está, se você ama a Deus, o melhor ainda está por vir.

Sinalização de obra da graça de Deus em retrocessos amargos

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Rute foi escrito para nos ajudar a ver os sinais da graça de Deus em nossas vidas, e para nos ajudar a confiar em sua graça, mesmo quando as nuvens são tão grossas que não podemos ver a estrada e muito menos os sinais ao lado. Vamos voltar e lembrar que foi Deus que agiu no sentido de transformar cada revés em um trampolim para a alegria, e que é Deus, que em todas as nossas amargas providências, quem está planejando para o nosso bem.

O presente que foi Rute

Primeiro, quando toda a vida de Noemi parecia desabar em Moabe, foi Deus quem deu Rute a Noemi. Nós sabemos isso a partir de dois versos: em 1:16 nós sabemos que na raiz do compromisso de Rute a Noemi está no compromisso de Rute com o Deus de Noemi: “Seu Deus será meu Deus.” Deus tinha ganhado a fidelidade de Rute em Moabe, e é a Deus a quem Noemi devia o incrível amor de sua nora. Também em 2:12 ele diz que quando Rute veio a Judá com Noemi, ela viria a refugiar-se sob as asas de Deus. Por isso, é devido a Deus que Rute deixou sua casa e família para seguir e servir Noemi. O tempo todo Deus estava transformando o revés de Noemi em alegria.

A preservação de Boaz

Em segundo lugar, Noemi dá a impressão no capítulo 1, que não há esperança que Rute pudesse se casar e criar filhos para continuar a linhagem da família (1:12). Mas o tempo todo Deus está preservando um homem rico e piedoso chamado Boaz, para fazer exatamente isso. O motivo por qual nós sabemos que isso foi obra de Deus é que Noemi admite em 2:20. Ela reconhece que por trás do encontro “acidental” de Rute e Boaz estava a bondade de Deus, que “não abandonou nem vivos nem mortos”. Todos os prejuízos que o santo tem que suportar Deus já está planejando para o seu ganho.

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A abertura do ventre de Rute

Em terceiro lugar, quem foi que deu um filho ao ventre estéril de Rute? Deus deu o filho. Olhe 4:11. Os habitantes da cidade oraram para Boaz e Rute. Eles sabem que Rute foi casada dez anos mas não teve filhos.

Então, eles oram para que Deus fizesse com Rute como havia feito com Raquel e Lia. E assim o autor deixa claro no versículo 13 o que causou essa criança a ser concebida. “e ele [Boaz] a possuiu, e o SENHOR lhe fez conceber”.

Então, repetidas vezes neste livro foi Deus quem estava trabalhando nos amargos contratempos de Noemi. Quando ela perdeu o marido e os filhos, Deus lhe deu Rute. Quando ela não conseguia pensar em nenhum parente para levantar a prole e o nome da família, Deus deu-lhe Boaz. Quando a estéril Rute casou-se com Boaz, Deus lhe deu um filho. A moral da história é revelada na vida de Noemi.

A vida do santo não é uma linha reta para a glória, mas Deus faz com que eles cheguem lá.

A obra gloriosa de Deus na História

O livro de Rute quer ensinar-nos que o propósito de Deus para a vida de seu povo é conectar-nos a algo muito maior do que nós. Deus quer que nós saibamos que quando nós o seguimos, as nossas vidas sempre vão significar mais do que pensamos que elas significam. Para o cristão, há sempre uma ligação entre os eventos comuns da vida e do estupendo trabalho de Deus na história. Tudo o que fazemos em obediência a Deus, não importa quão pequeno seja tem significado. Faz parte de um mosaico cósmico que Deus está pintando para mostrar a grandeza do seu poder e sabedoria para o mundo e para os principados e potestades nos lugares celestiais (Efésios

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3:10). A profunda satisfação da vida cristã é que ela não seja entregue a ninharias. Servindo a sogra viúva, sendo catadora em um campo, se apaixonando, tendo um bebê - para o cristão, essas coisas estão todas ligadas a eternidade. Elas são parte de algo muito maior do que parecem.

Assim, a palavra glória não é muito forte. Há uma esperança para nós além do bonito do bebê e da avó feliz. Se não houvesse nós seriamos os homens mais miseráveis. A história aponta para Davi. Davi aponta para Jesus. E Jesus aponta para a ressurreição de nossos corpos mortais (Rm 8:23), quando “não haverá mais morte, nem pranto, nem clamor, nem dor; porque já as primeiras coisas são passadas.” (Apocalipse 21:4).

O melhor ainda está para vir. Essa é a verdade inabalável sobre a vida de uma mulher e um homem que seguem a Cristo na obediência da fé. Digo para os jovens que são fortes e esperançosos, e eu digo que para os antigos, para quem a natureza exterior está rapidamente definhando. O melhor ainda está para vir. Amém!

Genealogia: um registro final da benção de Deus

O registro dos nomes das gerações ao final do livro demonstra que as orações foram atendidas.

A linhagem de Boaz se tornou como a de Perez (um pai “substituto” que teve uma geração ininterrupta de filhos homens – afinal, Davi inaugurou uma dinastia de 20 reis )

Deus se revela um aliado, não um inimigo.

Este registro revela que suas bênçãos se estendem muito além.

Note ainda: este livro narra uma história anterior a Davi (Boaz e Rute seriam bisavós de Davi)

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Ou seja, Davi entra em cena muito antes de verdadeiramente entrar na história. Isso é um sinal evidente da eleição (escolha) divina de Davi. Lá atrás as coisas estavam sendo preparadas.

A escolha de Davi não foi feita de última hora, de improviso... essa escolha tem uma longa “pré-história” e aconteceu literalmente antes que o escolhido fosse formado no ventre de sua mãe (Jeremias 1.5 e Salmo 139.16 “no teu livro foram escritos todos os meus dias, cada um deles escrito e determinado quando nem um deles havia ainda”).

Se essa história de Rute terminasse apenas em uma pequena aldeia da Judéia com uma avó abraçando um neto novo, seria apenas mais uma história.

De repente, percebemos que ao longo de toda a história algo muito maior do que poderíamos imaginar estava acontecendo. Deus não estava traçando uma bênção temporal para alguns judeus em Belém. Ele estava preparando a vinda do maior rei que Israel teria, Davi. E o nome de Davi traz consigo a esperança do Messias, a nova era de retidão, paz, liberdade da dor, do choro, da tristeza e da culpa.

Esta pequena história se desdobra em um grande rio de esperança.

Considerações finais

Lembre-se: esta não é uma história de um homem buscando uma mulher no campo, ou uma história de um casamento, de superação, essas coisas. Esta é a história de Deus preservando uma linhagem para seu povo, uma linhagem que um dia chegará ao rei Davi, que chegará até o Rei Jesus.

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Na genealogia de Jesus há uma estrangeira. (as outras 4 mulheres: uma teve um filho do sogro, outra era prostituta, uma era adúltera e outra era virgem)

Igualmente, fomos “adotados” e hoje pertencemos à família de Jesus

E o que temos em comum? Só estamos lá pela grande misericórdia de um Redentor. Porque um dia estávamos destituídos de tudo, sem esperança, e fomos resgatados

Como Paulo afirma em Efésios 2.3, éramos, por natureza, filhos da ira, ou seja, estávamos debaixo da ira de Deus. V.4 “Mas Deus, sendo rico em misericórdia por causa do grande amor com que nos amou, e estando nós mortos em nossos delitos e pecados, nos deu vida juntamente com Cristo – pela graça sois salvos”.

Assim, pelos méritos de Cristo hoje estamos sob suas asas.

E ninguém que se abriga sob suas asas fica decepcionado, pois é a sua honra que está em questão! Ele pode fazer muito mais do que pedimos ou pensamos!

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NOTAS ADICIONAIS

I - Adendo sobre os personagens principais

Noemi: embora Rute empreste o nome ao livro, Noemi pode ser considerada a protagonista da história. “Visto de cima”, o enredo mostra a experiência de Noemi como um modelo, um padrão, que pode ser sintetizado assim: Deus redime da morte.

Rute: sua atuação é de grande vulto. Mostra-se extremamente leal, demonstra amor sacrificial que abre mão de seu próprio interesse para ajudar o próximo, e acaba por se

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tornar um instrumento de livramento. É diligente, tem iniciativa, é decidida, é trabalhadora, é humilde.

Boaz: um homem temente a Deus e generoso, que igualmente se revela um instrumento de redenção e livramento. Ele sabe reconhecer o valor da lealdade, protege os desamparados, promove e preserva a estabilidade da família. Sua posição de vantagem econômica não o coloca distante de Deus, pelo contrário, ele reconhece ser um agente de Deus e passa a ser o provedor. Ademais, ele age com integridade e observa a justiça, ainda que não seja um cego cumpridor de normas (é uma pessoa inteligente). As pessoas reconhecem seu caráter e pronunciam bênçãos sobre ele, as quais se confirmam, tornando-se um paradigma de pessoa fiel que recebe recompensas de Deus. Ao se mostrar disposto a abrir mão de seus bens em favor de necessitados, Boaz tem inscrito seu nome na história.

Esses três personagens atuam em sintonia magistral sob a trilha sonora da perfeita harmonia entre a justiça e compaixão.

Encontram-se a graça e a verdade. A justiça e paz se beijaram (Salmos 85.10)

II - Mais lições preciosas

Deus se demonstra preocupado com os necessitados (salmos 146.9 – o Senhor guarda o peregrino, ampara o órfão e a viúva). Deus é aliado delas, não seu adversário.

Mas esse agir de Deus comumente é “intermediado” por gente de verdade, pessoas dispostas a exercer a bondade e generosidade. Deus se manifesta sobretudo no cotidiano, não apenas através de anjos e milagres.

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E Deus recompensa seus fiéis. Salmo 18.25 “para com o benigno, benigno te mostras”

Noemi roga para que Deus demonstre às suas noras a mesma bondade que elas demonstram a si, o que de fato se confirmou.

O desfecho do livro – genealogia – revela também que as benções de Deus vão muito além da vida das pessoas que as receberam.

Sua misericórdia é de geração em geração.

III – Orações atendidas:

Há um padrão na narrativa que destaca o tema da recompensa. Há pedidos (orações) que pede que Deus recompense o ato de outra pessoa e a oração é atendida, sendo ambos abençoados e, via de regra, através justamente da pessoa que fez a oração!

Rute 1.8-9

Oração: Noemi pede a Deus que recompense suas noras pela bondade para com ela e seus filhos, dando-lhe novos maridos

Resposta: nada sabemos a respeito de Orfa, mas o Senhor deu a Rute um novo marido, Boaz (Rute 4.10-13

Rute 2.12

Oração Boaz pede a Deus que recompense Rute pela sua bondade para com Noemi, dando-lhe proteção e segurança.

Resposta: Deus atende a essa oração justamente por meio de Boaz que, de boa vontade, cumpriu o papel de protetor da família, casando-se com Rute (3.9). Ele é ao mesmo tempo o abençoador e o abençoado!

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Rute 2.19-20

Oração: Noemi pede a Deus que recompense Boaz pela sua bondade para com Rute e a família dela

Resposta: Deus atendeu a essa oração, dando a Boaz uma esposa virtuosa (3.11) que lhe deu um filho (4.13) que seria o “auxílio”, inclusive para Noemi.

Rute 3.10

Oração: Boaz pediu a Deus que recompensasse Rute pela fidelidade a seu marido falecido

Resposta: Deus atendeu a essa oração por meio de Boaz, que se casou com Rute e lhe deu um filho

Rute 4.11-12 e 14-15

Oração: as pessoas pediram a Deus que desse uma descendência a Boaz e que o tornasse próspero e famoso. E que Noemi fosse ricamente abençoada por aquele filho e que seu nome fosse perpetuado em Israel

Resposta: Deus atendeu a essa oração, capacitando Rute a ter um filho que foi ancestral do grande rei Davi (4.13, 17-22).

Esta oração foi muito além do que eles poderiam imaginar...

Devemos pedir a Deus que abençoe aqueles que demonstram bondade e fidelidade, pois nossas orações podem ser o catalisador (o veículo) para as bênçãos de Deus na vida deles e na vida na comunidade da aliança (inclusive na sua)

IV – Quatro marcas do redentor:

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Quatro marcas do redentor, as quais nos leva a duas implicações para os redimidos – Pastor David Platt (voltemos ao evangelho)

1 – Ele procura os destituídos para serem de sua família. Ele convida “fique aqui” pois ali vc terá tudo o que precisa, não há necessidade de buscar nada fora. Total satisfação.

2 – Ele salva do mal. Ele oferece proteção contra os perigos do mundo. Ele ordena que ninguém te toque.

O Senhor da colheita olha para uma estrangeira viúva e desvalida, lhe chama para ser da sua família e lhe dá alimento e proteção

3 – Ele serve a mesa. Ele mesmo serve os destituídos à sua mesa. No começo do capítulo, Rute está sem qualquer comida. Ao final, ele está tendo uma refeição com o Senhor da colheita. Não te lembra as bodas do cordeiro?

4 – Ele cobre os destituídos com sua Graça. Antes não havia nada, somente fome e pobreza e total falta de perspectiva. Agora, há fartura, proteção e uma grande e firme esperança!

V - Implicações:

1 – nós fomos cativados pelo mistério da misericórdia e devemos refletir sobre isso. Por que eu? Por que me favorece?

2 – nós devemos ser agentes da misericórdia. Rute demonstrou misericórdia, amor sacrificial, quando não tinha nada. Não o fará agora que ela mesma foi inundada de misericórdia?? Boaz demonstrou misericórdia, amor sacrificial, quando tinha fartura e não passava por qualquer dificuldade. Agora que ele foi ainda mais abençoado com uma mulher virtuosa e um filho, não demonstrará ainda mais misericórdia?

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Esse agir não é motivado por um sentimento de culpa, mas de gratidão porque fomos alcançados pelo mistério da graça e misericórdia.

VI - Conclusões:

O amor sacrificial permeia toda a história.

Jesus resumiu toda a lei de Moisés em dois mandamentos:

Amar a Deus com todo o ser e amar o próximo como a si mesmo (Mt 22.37-39)

Ao ordenar aos discípulos que amem uns aos outros, ele os lembra que a maior expressão de amor é dar a vida pelos seus amigos (Jo 15.12-13)

A expressão maior desse amor sacrificial é Jesus.

Mesmo Elimeleque sacrificou-se tentando prover alimento à sua família.

Rute se sacrificou em favor de sua sogra

Noemi sacrificou-se em favor dos filhos e marido

Boaz sacrificou-se em favor de Noemi e Rute