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PLANO MUNICIPAL DE SANEAMENTO DE PARECI NOVO VERSÃO REVISADA TOMO III: ESGOTAMENTO SANITÁRIO

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PLANO MUNICIPAL DE SANEAMENTO DE PARECI NOVO

VERSÃO REVISADA

TOMO III: ESGOTAMENTO SANITÁRIO

Elaboração do Plano Municipal de Saneamento Básico de Pareci Novo

Ano 2013/2014

Consórcio Intermunicipal do Vale do Rio Caí - CIS/CAÍ

Sra. Carla Maria Specht

Presidente do Consórcio

Prefeitura Municipal de Pareci Novo

Sr. Rafael Antonio Riffel

Prefeito

MJ Engenharia

Mariangela Correa Laydner

Orgel de OIiveira Carvalho Filho

Sócios Diretores e Responsáveis Técnicos

Equipe Técnica

Eng. Civil Mariângela Correa Laydner

Eng. Civil Orgel de Oliveira Carvalho Filho

Eng. Civil Paulo Renato da Silva Abbad

Adm. Fábio Lucas de Oliveira Bueno

Eng. Ambiental Igor Augusto Schneider

Eng. Ambiental Vinícius Alencar Siqueira

Eng. Ambiental Daniela Lugoch

Eng. Ambiental Karina Marckmann

Soc. Cristian Sanabria da Silva

Soc. Jana Alexandra Oliveira da Silva

Colaboração

Secretaria Estadual de Habitação e Saneamento - SEHABS

Atualização do Plano Municipal de Saneamento Básico de Pareci Novo

Ano 2018

Prefeitura Municipal de Pareci Novo

Oregino José Francisco

Prefeito

Paulo Alexandre Barth

Vice-Prefeito

La Clé arquitetura e sustentabilidade

Sílvia Melchior Seibert

Arquiteta e Urbanista - CAU A58.888-1

Sócia Diretora e Responsável Técnica

Equipe Técnica

Vanessa Sanini Casanova

Arquiteta e Urbanista - CAU A13.96838

Patrícia Camargo de Lima

Arquiteta e Urbanista - CAU A18.39950

Camila Pohl Frohlich

Eng. Ambiental e Mestre em Desenvolv. Regional - CREA/RS 177964

Leonardo Brun

Estagiário Engenharia Civil

SUMÁRIO

1. DIAGNÓSTICO DO SERVIÇO DE ESGOTAMENTO SANITÁRIO5

1.1 Aspectos Legais, Políticos e de Gestão de Serviços 5

1.2 Planejamento 10

1.3 Regulação e Fiscalização 12

1.4 Ações Intersetoriais 14

1.5Participação e Controle Social 14

1.6 Educação Ambiental 16

1.7 Gestão Operacional do Sistema de Esgotamento Sanitário 16

2. DEMANDAS FUTURAS DO ESGOTAMENTO SANITÁRIO 20

2.1 Cenário 1: Sistema Individual para a Zona Rural 20

2.2 Cenário 2: Sistema Coletivo para a Zona Urbana 21

3. ALTERNATIVAS E CONSTRUÇÃO DE CENÁRIOS PARA O ESGOTAMENTO SANITÁRIO 22

4. OBJETIVOS, METAS, PROGRAMAS E AÇÕES 29

4.1 Objetivos 29

4.2 Metas31

5. AÇÕES DE EMERGÊNCIA E CONTINGÊNCIA 43

5.1 Ações para o sistema de esgotamento sanitário 43

5.2 Ações para o Sistema Operacional de Esgotamento Sanitário45

5.3 Regras de Atendimento e Funcionamento Operacional para Situações Críticas 47

5.4 Estruturação Operacional do Plano de Contingências 58

5.4.1 Medidas para a Elaboração do Plano de Contingências 58

5.4.2 Medidas para a Validação do Plano de Contingências 58

5.4.3 Medidas para a Atualização do Plano de Contingências 59

6. MECANISMOS DE PARTICIPAÇÃO E CONTROLE SOCIAL 60

6.1 Audiência Pública 61

6.2 Consulta Pública 63

6.3 Conferência Municipal 64

6.4 Conselho Municipal de Saneamento Básico65

7. AVALIAÇÃO SISTEMÁTICA DO PLANO MUNICIPAL DE SANEAMENTO 69

7.1 Comissão de Acompanhamento para Avaliação da Eficácia e Eficiência do Plano70

7.2 Plano de Avaliação Sistemática71

7.3 Banco de Dados e Indicadores 72

7.4 Acompanhamento das Metas do PMSB 77

7.5 Revisão do Plano a cada Quatro Anos 78

8. REFERÊNCIAS 80

1. DIAGNÓSTICO DO SERVIÇO DE ESGOTAMENTO SANITÁRIO

Este capítulo é composto de uma descrição detalhada da prestação do serviço de esgotamento sanitário no município de Pareci Novo, da gestão e planejamento por parte do poder público, passando pelas estruturas que compõem o sistema.

1.1 Aspectos Legais, Políticos e de Gestão de Serviços

A Constituição Federal em seu artigo 23, afirma que:

"é competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios: (...) IX - promover programas de construção de moradias e a melhoria das condições habitacionais e de saneamento básico.”

Já em seu artigo 30, é expresso que:

"compete aos Municípios: (...) VII - prestar, com a cooperação técnica e financeira da União e do Estado, serviços de atendimento à saúde da população”.

Além da Constituição Federal, podem-se citar as seguintes leis que disciplinam a prestação de serviços de esgotamento sanitário em nível federal.

· Lei nº 10.257, de 10 de julho de 2001, que dispõe sobre o Estatuto das cidades, que estabelece as normas de ordem pública e de interesse social que regulam o uso da propriedade urbana em prol do bem coletivo, da segurança e do bem-estar dos cidadãos, bem como do equilíbrio ambiental;

· Lei nº 9.433, de 08 de janeiro de 1997, que institui a Política Nacional de Recursos Hídricos;

· Lei nº 11.445, de 05 de janeiro de 2007, que estabelece diretrizes nacionais para o saneamento básico;

· Lei nº 11.107, de 06 de abril de 2005, que dispõe sobre normas gerais de contratação de consórcios públicos;

· Lei nº 11.124, de 16 de junho de 2005, que dispõe sobre o Sistema Nacional de Habitação de Interesse Social - SNHIS, cria o Fundo Nacional de Habitação e Interesse Social - FNHIS e institui o Conselho Gestor do FNHIS;

· Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990, que dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes;

· Resolução Ministério das Cidades nº 75, de 02 de julho de 2009, que estabelece orientações relativas à Política de Saneamento Básico e ao conteúdo mínimo dos Planos de Saneamento Básico;

· Resolução CONAMA nº 357/2005, a qual dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes, e d á outras providências;

· Lei nº 11.520, de 03 de agosto de 2000, que institui o Código Estadual do Meio Ambiente do Estado do Rio Grande do Sul;

· Lei nº 12.037, de 19 de dezembro de 2003, que dispõe sobre a Política Estadual de Saneamento;

· Lei nº 10.350, de 30 de dezembro de 1994, que institui o Sistema Estadual de Recursos Hídricos;

· Decreto Estadual nº 37.033, de 21 de novembro de 1996, que regulamenta a outorga do direito de uso da água no Estado do Rio Grande do Sul;

· Lei nº 13.761, de 15 de julho de 2011, que institui o Cadastro Técnico Estadual de Atividades Potencialmente Poluidoras ou utilizadoras de recursos ambientais;

· Lei nº 13.575, de 21 de dezembro de 2010, que dispõe sobre a organização do Sistema Estadual de Proteção Ambiental, a elaboração, implementação e controle da política ambiental do Estado e dá outras providências;

· Lei nº 11.730, de 09 de janeiro de 2002, que dispõe sobre a política Estadual de Educação Ambiental no âmbito do Estado do Rio Grande do Sul;

· Resolução CONSEMA nº 276/2013, de 13 de maio de 20 13; a qual dispõe sobre a excepcionalidade nos sistemas de tratamento de esgotos sanitários, no que diz respeito aos padrões e condições para a emissão de efluentes líquidos domésticos em águas superficiais do Estado do Rio Grande do Sul;

· Resolução CONSEMA nº 128/2006, de 07 de dezembro de 2006, que dispõe sobre a fixação de Padrões de Emissão de Efluentes Líquidos para fontes de emissão que lancem seus efluentes em águas superficiais no Estado do Rio Grande do Sul;

· Resolução CONSEMA nº 129/2006, de 24 de novembro d e 2006, a qual dispõe sobre a definição de Critérios e Padrões de Emissão para Toxicidade de Efluentes Líquidos lançados em águas superficiais do Estado do Rio Grande do Sul;

· Lei Orgânica do Município de Pareci Novo, de 10 de novembro de 1994.

· Lei Complementar n° 356, de 05 de setembro de 1997, que dispõe sobre o parcelamento do solo urbano e dá outras providências;

· Lei nº 462, de 14 de dezembro de 1998, que cria o fundo municipal do meio ambiente - FAMMA, e dá outras providências;

· Lei n° 1007, de 25 de junho de 2004, que cria o Conselho Municipal do Meio Ambiente – COMDEMA, e dá outras providências;

· Lei n° 1093/2005, de 07 de janeiro de 2005, que dispõe sobre a Estrutura Administrativa Básica dos Serviços Municipais e dá outras providências;

· Decreto n° 572, de 30 de maio de 2005, que regulamenta as atribuições do Departamento de Meio Ambiente e dá outras providências;

· Lei n° 1.170, de 24 de junho de 2005, que institui a Lei de Diretrizes Urbanas do Município de Pareci Novo e dá outras providências.

· Lei n.º 1.624, de 21 de janeiro de 2009, que altera a redação do caput do art. 4°, da Lei n° 462, de 14 de dezembro de 1998, que cria o Fundo Municipal do Meio Ambiente – FAMMA, e dá outras providências;

· Lei n° 1.206, de 14 de setembro de 2005, que altera a redação do inciso II, alíneas ‘a’ a ‘k’, do artigo 3º da Lei 1007, de 25 de junho de 2004, que cria o Conselho Municipal do Meio Ambiente – COMDEMA, e dá outras providências;

· Lei n° 1.595, de 22 de agosto de 2008, que altera a redação do art. 52, da Lei Municipal n.º 1170, de 24 de junho de 2005, que institui a Lei de Diretrizes Urbanas do Município de Pareci Novo;

· Lei n° 1.645, de 03 de abril de 2009, que altera a redação dos §§ 1° e 3do art. 10, e revoga o inciso II, do § 3°, do art. 10, da Lei n. º Municipal n.º 1170, de 24 de junho de 2005, que institui a Lei de Diretrizes Urbanas do Município de Pareci Novo, e dá outras providências;

· Lei nº 2.062 de 22 de março de 2013, que altera a redação do art. 52, da Lei Municipal n° 1.170, de 24 de junho de 2005, que institui a Lei de Diretrizes Urbanas do Município de Pareci Novo.

Elencado o embasamento legal que abarca a elaboração do Plano Municipal de Saneamento Básico, destacamos que a Secretaria Municipal de Obras e Viação é responsável pelo sistema de esgotamento sanitário no município. Não existe rede coletora esgoto sanitário, de modo que a destinação majoritária do esgoto sanitário é realizada no solo, por infiltração, através de fossas sépticas e sumidouros.

Deste modo, a administração municipal exige a instalação de fossa (vide figura ilustrativa na sequência) e sumidouro nos lotes do município. De acordo com Von Sperling (1995),

“as fossas sépticas são uma forma de tratamento à nível primário. (...) são basicamente decantadores, onde os sólidos sedimentáveis são removidos para o fundo, permanecendo nestes um tempo longo o suficiente (alguns meses) para sua estabilização. Esta estabilização se dá em condições anaeróbias.”

Figura 1 - Esquema de uma fossa séptica de câmara única

Fonte: Von Sperling, 1995

Segundo Andreoli (2009),

“( ...) dentre as fossas absorventes, encontram-se desde as mais rudimentares, que são nada mais que simples buracos no solo, até construções mais bem elaboradas, com paredes de sustentação em alvenaria de tijolos ou anéis de concreto, sempre com aberturas e fendas que permitem a infiltração dos esgotos, e devidamente cobertas, geralmente com laje de concreto. Podem ser estruturas retangulares, mas geralmente são cilíndricas, e as paredes de sustentação mais usuais são em alvenaria de tijolos, que utilizam tijolos vazados com furos no sentido radial (exceto na parte superior e algumas fiadas de amarração) ou tijolos maciços com fendas entre os tijolos na maioria das fiadas da parede. Geralmente não têm o fundo revestido, para permitir a infiltração da água, mas em algumas há uma camada de brita que constitui a base do fundo (…)”.

O esquema de um sistema fossa séptica – sumidouro é demonstrado na figura a seguir.

Figura 2 - Esquema de um sistema fossa séptica- sumidouro

Fonte: CAESB

De acordo com o mapa de solos, apresentado no Tomo I – Caracterização do município, o respectivo solo é favorável à utilização de sumidouros por não apresentar afloramentos rochosos e por ter presença expressiva de composições areníticas em suas formações rochosas. Além disso, as fossas construídas no município seguem as medidas normatizadas pela ABNT (NBR 7229/1992 - Projeto, construção e operação de sistemas de tanques sépticos).

A exigência de instalação de fossa séptica e sumidouro é estabelecida na Lei n° 1170, de 24 de junho de 2005, que institui a Lei de Diretrizes Urbanas do Município de Pareci Novo:

CAPITULO III

DAS EDIFICAÇOES

(...) Art. 27. Os projetos deverão ser apresentados aos órgãos competentes da Prefeitura Municipal contendo os seguintes elementos:

(...) § 3º Conteúdo d os projetos hidrossanitário:

I – o projeto hidrossanitário deverá ser apresentado na mesma escala do projeto arquitetônico, constando as dependências sé ticas, poço negro, caixa de inspeção e passagem, caixa de gordura, localização do poço negro, caimento mínimo de 2% (dois por cento) na rede de esgoto e esgoto cloacal que não poderá passar pelos ralos ou caixas de gordura:

II – nas edificações situadas em vias não servidas por esgoto cloacal, deverão ser instaladas fossas sépticas e sumidouros obedecendo as seguintes especificações:

a) Fossa séptica deverá ser dimensionada de acordo com a NBR 7229, ser localizada em local próximo à via pública, ser dotada de tampa visível e não apresentar obstruções que possam impedir ou dificultar a limpeza;

b) O sumidouro deverá ter volume mínimo de 6,00m³ (seis metros cúbicos) e distante de 1,50m (um metro e cinquenta centímetros cúbicos) d de todas as divisas, ser dimensionado de acordo com a NBR 7229 e com capacidade nunca inferior a 1,50m³ (um metro e cinquenta centímetros cúbicos) e não pode ser localizado a menos de 20 (vinte) metros de fonte de captação ou de abastecimento de água potável;

c) quanto à fossa séptica, quando houver ampliação do prédio existente a fossa e o sumidouro deverão ser ampliados para atender a nova edificação de acordo com as normas da ABNT;

d) As águas provenientes de pias de cozinhas e de copas deverão passar por caixa de gordura antes de serem lançadas nos sumidouros;

e) Não serão permitidas ligações das fossas sépticas ou de sumidouros diretamente ao coletor público pluvial.

1.2 Planejamento

Os serviços de saneamento básico se encontram com a seguinte distribuição de atribuições:

o planejamento, conforme o inciso I, Artigo 2º do Decreto Federal n. 7.217/2010, é considerado como:

as atividades atinentes à identificação, qualificação, quantificação, organização e orientação de todas as ações, públicas e privadas, por meio das quais o serviço público deve ser prestado ou colocado à disposição de forma adequada.

Assim, o processo de planejamento do saneamento básico envolve, dentre outros itens, o plano de saneamento básico, elaborado pelo titular. Este instrumento deve seguir algumas normativas para auferir validade jurídica, dentre as mais expressivas, podemos mencionar o que segue.

O plano de saneamento básico será revisto periodicamente, em prazo não superior a quatro anos, anteriormente à elaboração do plano plurianual (ART. 25. § 4º DECRETO Nº 7.217, DE 21 DE JUNHO DE 2010 QUE REGULAMENTA A LEI N 11.445/2007).

São condições de validade dos contratos que tenham por objeto a prestação de serviços públicos de saneamento básico: II - a existência de estudo comprovando a viabilidade técnica e econômico-financeira da prestação universal e integral dos serviços, nos termos do respectivo plano de saneamento básico (ART. 11.LEI FEDERAL DO SANEAMENTO BÁSICO N 11.445/2007).

O planejamento possui uma ferramenta gratuita de grande importância, sendo ela os indicadores prospectados através do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS). O SNIS se constitui no maior e mais importante sistema de informações do setor de saneamento no Brasil, apoiando-se em uma base de dados que contém informações de caráter institucional, administrativo, operacional, gerencial, econômico-financeiro e de qualidade sobre a prestação de serviços de água, esgotos e manejo de resíduos sólidos urbanos.

As informações disponibilizadas pelo SNIS oferecem às administrações Federal, Estaduais e Municipais, aos prestadores de serviços, às instituições de regulação, aos agentes de controle social e à população em geral um grande auxílio no planejamento e execução de políticas públicas de saneamento; orientação da aplicação de recursos; conhecimento e avaliação do setor saneamento; avaliação de desempenho dos prestadores de serviços; aperfeiçoamento da gestão; orientação de atividades regulatórias e de fiscalização; e exercício do controle social.

Todavia, as informações municipais, alimentadas no respectivo sistema, se apresentam incompletas, fator que impossibilita a contabilização de indicadores por parte do SNIS.

Quando da elaboração da revisão do presente documento, o Plano Plurianual de Pareci Novo já estava em fase de elaboração, de tal forma que se não foi possível apresentar as possíveis ações relacionadas ao sistema de gestão dos resíduos sólidos a serem executadas entre 2018 e 2021, fazendo jus a compatibilização posterior.

1.3 Regulação e Fiscalização

A organização, a regulação e a fiscalização se apresentam ausentes na prestação dos serviços de saneamento. Para os fins do Artigo 2º do Decreto 7.217/2010, consideram-se:

II - regulação: todo e qualquer ato que discipline ou organize determinado serviço público, incluindo suas características, padrões de qualidade, impacto socioambiental, direitos e obrigações dos usuários e dos responsáveis por sua oferta ou prestação e fixação e revisão do valor de tarifas e outros preços públicos, para atingir os objetivos do art. 27;

III - fiscalização: atividades de acompanhamento, monitoramento, controle ou avaliação, no sentido de garantir o cumprimento de normas e regulamentos editados pelo poder público e a utilização, efetiva ou potencial, do serviço público;

IV - entidade de regulação: entidade reguladora ou regulador: agência reguladora, consórcio público de regulação, autoridade regulatória, ente regulador, ou qualquer outro órgão ou entidade de direito público que possua competências próprias de natureza regulatória, independência decisória e não acumule funções de prestador dos serviços regulados.

Se considerarmos que a entidade reguladora e fiscalizadora se utiliza das diretrizes do Plano Municipal de Saneamento como embasamento de suas ações, temos que a ausência desta entidade favorece lacunas e prejuízos imensuráveis à perpetuação de um quadro ascendente de melhorias em termos de saneamento básico.

Destaca-se que conforme o Parágrafo único do Artigo 20 da Lei Federal 11.445/2007, “incumbe à entidade reguladora e fiscalizadora dos serviços a verificação do cumprimento dos planos de saneamento por parte dos prestadores de serviços, na forma das disposições legais, regulamentares e contratuais”. Ainda, o Inciso III do Artigo 11 da Lei Federal n. 11.445/2007, ratifica que a validade dos contratos que tenham por objeto a prestação de serviços públicos de saneamento básico condiciona-se à existência de normas de regulação, incluindo a designação da entidade de regulação e de fiscalização.

Ademais, a regulação e fiscalização desempenham um papel fundamental na eficiência e sustentabilidades dos serviços se nos atentarmos para os princípios, objetivos e demais diretrizes previstas na Lei Federal 11.445/2007:

Art. 21. O exercício da função de regulação atenderá aos seguintes princípios:

I - independência decisória, incluindo autonomia administrativa, orçamentária e financeira da entidade reguladora;

II - transparência, tecnicidade, celeridade e objetividade das decisões.

Art. 22. São objetivos da regulação:

I - estabelecer padrões e normas para a adequada prestação dos serviços e para a satisfação dos usuários;

II - garantir o cumprimento das condições e metas estabelecidas;

III - prevenir e reprimir o abuso do poder econômico, ressalvada a competência dos órgãos integrantes do sistema nacional de defesa da concorrência;

IV - definir tarifas que assegurem tanto o equilíbrio econômico e financeiro dos contratos como a modicidade tarifária, mediante mecanismos que induzam a eficiência e eficácia dos serviços e que permitam a apropriação social dos ganhos de produtividade.

Art. 23. A entidade reguladora editará normas relativas às dimensões técnica, econômica e social de prestação dos serviços, que abrangerão, pelo menos, os seguintes aspectos:

I - padrões e indicadores de qualidade da prestação dos serviços;

II - requisitos operacionais e de manutenção dos sistemas;

III - as metas progressivas de expansão e de qualidade dos serviços e os respectivos prazos;

IV - regime, estrutura e níveis tarifários, bem como os procedimentos e prazos de sua fixação, reajuste e revisão;

V - medição, faturamento e cobrança de serviços;

VI - monitoramento dos custos;

VII - avaliação da eficiência e eficácia dos serviços prestados;

VIII - plano de contas e mecanismos de informação, auditoria e certificação;

IX - subsídios tarifários e não tarifários;

X - padrões de atendimento ao público e mecanismos de participação e informação;

XI - medidas de contingências e de emergências, inclusive racionamento;

§ 1º A regulação de serviços públicos de saneamento básico poderá ser delegada pelos titulares a qualquer entidade reguladora constituída dentro dos limites do respectivo Estado, explicitando, no ato de delegação da regulação, a forma de atuação e a abrangência das atividades a serem desempenhadas pelas partes envolvidas.

§ 2º As normas a que se refere o caput deste artigo fixarão prazo para os prestadores de serviços comunicarem aos usuários as providências adotadas em face de queixas ou de reclamações relativas aos serviços.

§ 3º As entidades fiscalizadoras deverão receber e se manifestar conclusivamente sobre as reclamações que, a juízo do interessado, não tenham sido suficientemente atendidas pelos prestadores dos serviços.

1.4 Ações Intersetoriais

O saneamento básico se constitui como objeto fundamental para o desenvolvimento social e econômico de uma comunidade, interferindo diretamente na qualidade de vida da população. Assim sendo, não se pode planejar e executar saúde pública e saneamento básico de forma isolada, cartesiana. Assim, a intersetorização sugere eficiência e eficácia às políticas públicas. Ckagnazaroff et al. (2005) explica que “a intersetorialidade é a articulação de saberes e experiências com vistas ao planejamento, para a realização e a avaliação de políticas, programas e projetos, com o objetivo de alcançar resultados sinérgicos em situações complexas.”

Conforme já mencionado, o diálogo entre os setores é pontual, sendo o principal responsável pelas divergências observadas em todo o ciclo da gestão dos serviços de saneamento básico. A necessidade de avançar no entrosamento entre os diversos setores da administração local é legítimo.

1.5 Participação e Controle Social

O controle social é uma forma de participação que só ocorre mediante o acesso à informação, e a educação ambiental é um elemento facilitador desse processo. Esta, deve ser praticada em comprometimento com mudanças estruturantes na busca pela construção de sociedades sustentáveis. Neste sentido, não foram identificadas formas de participação e controle social com relação ao sistema de gestão dos resíduos sólidos.

Garantido perante à Constituição Federal da República, para os fins do Artigo 2º do Decreto 7.217/2010, considera-se controle social, o “conjunto de mecanismos e procedimentos que garantem à sociedade informações, representações técnicas e participação nos processos de formulação de políticas, de planejamento e de avaliação relacionados aos serviços públicos de saneamento básico”. Lock (2004) acredita que a participação popular enquanto princípio constitucional ocorre quando o cidadão, sem interesse individual imediato, tem como objetivo o interesse comum, buscando algo por vias administrativas ou judiciais. Para isso, é necessária a participação ativa da comunidade, pois os serviços de saneamento proporcionam a preservação do meio ambiente, como também uma melhoria na qualidade de vida da população.

A Lei Federal n. 11.445/2007, em seu Artigo 26, garante que deverá “ser assegurado publicidade aos relatórios, estudos, decisões e instrumentos equivalentes que se refiram à regulação ou à fiscalização dos serviços, bem como aos direitos e deveres dos usuários e prestadores, a eles podendo ter acesso qualquer do povo, independentemente da existência de interesse direto”.

Dessarte, o Decreto Federal 7.217/2010 especifica que:

Art. 3º Os serviços públicos de saneamento básico possuem natureza essencial e serão prestados com base nos seguintes princípios:

IX - transparência das ações, baseada em sistemas de informações e processos decisórios institucionalizados;

Art. 34. O controle social dos serviços públicos de saneamento básico poderá ser instituído mediante adoção, entre outros, dos seguintes mecanismos:

I - debates e audiências públicas;

II - consultas públicas;

(...)

IV - participação de órgãos colegiados de caráter consultivo na formulação da política de saneamento básico, bem como no seu planejamento e avaliação.

§ 1º As audiências públicas mencionadas no inciso I do caput devem se realizar de modo a possibilitar o acesso da população, podendo ser realizadas de forma regionalizada.

§ 2º As consultas públicas devem ser promovidas de forma a possibilitar que qualquer do povo, independentemente de interesse, ofereça críticas e sugestões a propostas do Poder Público, devendo tais consultas ser adequadamente respondidas.

§ 3º Nos órgãos colegiados mencionados no inciso IV do caput, é assegurada a participação de representantes:

I - dos titulares dos serviços;

II - de órgãos governamentais relacionados ao setor de saneamento básico;

III - dos prestadores de serviços públicos de saneamento básico;

IV - dos usuários de serviços de saneamento básico; e

V - de entidades técnicas, organizações da sociedade civil e de defesa do consumidor relacionadas ao setor de saneamento básico.

§ 4º As funções e competências dos órgãos colegiados a que se refere o inciso IV do caput poderão ser exercidas por outro órgão colegiado já existente, com as devidas adaptações da legislação.

§ 5º É assegurado aos órgãos colegiados de controle social o acesso a quaisquer documentos e informações produzidos por órgãos ou entidades de regulação ou de fiscalização, bem como a possibilidade de solicitar a elaboração de estudos com o objetivo de subsidiar a tomada de decisões, observado o disposto no § 1o do art. 33.

1.6 Educação Ambiental

Não há, pela prefeitura de Pareci Novo, ações contínuas e de respaldo no que tange a educação ambiental relacionada ao sistema de esgotamento sanitário.

1.7 Gestão Operacional do Sistema de Esgotamento Sanitário

Na área urbana do município de Pareci Novo, a coleta, tratamento e destinação final dos esgotos sanitários é realizado, na grande maioria dos domicílios, através de fossas sépticas seguidas por sumidouros. O processo é estabelecido na Lei Municipal n° 1170, de 24 de junho de 2005, que institui a Lei de Diretrizes Urbanas. Todavia, não há uma fiscalização durante as obras que garantam, de fato, a implantação dos dispositivos apresentados em projeto, o que possibilita oportunidade para ligações clandestinas dos esgotos sanitários junto à rede de drenagem pluvial. De forma complementar, não há uma fiscalização ou exigência quanto a limpeza das fossas sépticas, fator que reduz a zero a sua eficiência quando ultrapassados os limites temporais.

Conforme já apresentado no Tomo I – Caracterização do município, estamos falando de um município muito pequeno, com população total inferior a 5 mil habitantes. Suas características rurais são marcantes, apresentando baixa urbanização. Quando se analisa a paisagem da cidade, observa-se a baixa densidade de aglomerações desenhada por glebas/terrenos maiores. Esta amenidade possibilita a materialização do atual sistema de esgotamento sanitário utilizado em sua área urbana, ou seja, as glebas possuem área territorial suficiente para comportar a infiltração dos esgotos no solo sem que haja a saturação. Porém, na localização de cada terreno, o solo pode apresentar uma composição diferenciada, o que demanda a necessidade de um ensaio de infiltração de solo pretérito à construção dos dispositivos de coleta, tratamento e disposição dos esgotos no solo.

Cabe destacar que de acordo com o mapa de solos, apresentado no Tomo I – Caracterização do município, o respectivo solo é favorável à utilização de sumidouros por não apresentar afloramentos rochosos e por ter presença expressiva de composições areníticas em suas formações rochosas.

Ainda, devido esta mesma característica já destacada supra, cumpre afirmar que ainda não existem ocupações irregulares em termos de cidade informal, vilas e periferia urbana. Todavia, questiona-se a legalidade da localização da cidade com um todo, em termos ambientais de hipsometria, uma vez que aproximadamente 95% da área territorial urbana está sujeita a inundações.

Esta fragilidade repercute diretamente o sistema de esgotamento sanitário quando pensamos nos impactos do sistema materializado (ou a adotar/substituir). Assim, pelo atual cenário de utilização majoritária de fossa séptica e sumidouro nas residências, temos que um evento de inundação satura o solo, proporcionando que a água residuária que percolaria no solo, se misture à água fluvial durante seu período de inundação. Ainda, o sistema está sujeito ao refluxo, quando o solo saturado pela água de inundação, permeia a fossa séptica pelo seu canal de saída.

Se pensarmos na implantação de uma rede coletora de esgotos, um problema similar estará posto, quando as águas da inundação permearem a canalização através de arestas em sua estrutura.

Em termos quantitativos, não existem levantamentos concretos de dados primários quanto ao esgotamento sanitário na área urbana, de modo que a tabela a seguir apresenta informações aproximativas. Cabe destacar que apenas 28% da população total do município de Pareci Novo reside na área urbana, ou seja, aproximadamente 981 indivíduos.

Tabela 1 - Dados gerais sobre o esgotamento sanitário na zona urbana

Destino do esgoto sanitário

Nº de habitantes

Nº de domicílios

% dos domicílios

Fossa séptica / sumidouro

775

387

79 %

Fossa séptica / rede pluvial

167

83

17 %

Outros

39

20

4 %

TOTAL

981

490

100 %

Os dados quantitativos, conforme já referenciado, são aproximativos da realidade, de maneira que não há informações mais aprofundadas, tais como a caracterização das informações por bairros ou demais áreas geográficas.

Quanto a tarifação, esta não é aplicada, principalmente porque não há o estabelecimento de uma prestação de serviços de esgotamento sanitários de fato. Desta maneira, também não há a aplicação de uma tarifa diferenciada para a população de baixa renda.

Na área rural, o sistema se comporta de forma similar à urbana, possuindo como diferenciação a ausência de uma rede pluvial. Assim, em termos quantitativos, também não existem levantamentos concretos de dados primários quanto ao esgotamento sanitário, de modo que a tabela a seguir apresenta informações aproximativas, sem que fosse possível realizar uma qualificação por localidades ou demais áreas geográficas. Cabe destacar que a zona rural comporta 72% da população total do município de Pareci Novo, ou seja, aproximadamente 2.530 indivíduos.

Tabela 2 - Dados gerais sobre o esgotamento sanitário na zona rural

Destino do esgoto sanitário

Nº de habitantes

Nº de domicílios

% dos domicílios

Fossa séptica / sumidouro

1616

438

64 %

Fossa rudimentar

859

232

34 %

Outros

50

14

2 %

TOTAL

2525

684

100 %

2. DEMANDAS FUTURAS DO ESGOTAMENTO SANITÁRIO

Tão importante quanto analisar as carências atualmente existentes nos sistemas de saneamento do município; projetar as demandas futuras para os sistemas de esgotamento sanitário é essencial na elaboração do Programa Municipal de Saneamento, uma vez que esse deve ser a principal ferramenta não só para a melhoria das carências de saneamento existentes no município, como aquelas que poderão vir a surgir nos próximos 20 anos.

Com base nas projeções apresentadas no “Tomo I – Caracterização do município” e nos dados levantados durante a etapa de Diagnóstico do Serviço de Esgotamento Sanitário, serão apresentados os cenários que melhor se adequaram à realidade do município de Pareci Novo em termos de qualidade técnica e a viabilidade econômica da prestação do serviço de esgotamento sanitário pelos próximos 20 anos.

2.1 Cenário 1: Sistema Individual para a Zona Rural

Esse cenário considera a implantação de um sistema individual de tratamento de esgotos na zona rural do município. Este sistema será composto por fossas-filtro dimensionadas, instaladas e operadas conforme as normas técnicas NBR 7.229/93 e NBR 13.969/97. Nesse cenário a limpeza e manutenção das fossas ficariam a cargo do prestador de serviço de esgotamento sanitário, que cobraria uma taxa anual pela prestação desse serviço. O lodo coletado deverá receber o devido tratamento e destino final adequado. O tratamento poderá ser realizado por empresa terceirizada, pelo prestador de serviço de esgotamento sanitário ou, ainda, por uma por um consórcio intermunicipal.

Tendo em vista uma projeção decrescente da população rural, trabalhou-se replicou-se os dados atuais nas projeções de demanda de 2038 como fator de segurança ao planejamento.

Tabela 3 - Estimativa de demandas para a zona rural

Nº de habitantes

Nº de domicílios

Volume de lodo digerido (m³/ano)

2224

684

225

2.2 Cenário 2: Sistema Coletivo para a Zona Urbana

Esse cenário considera a implantação de um sistema coletivo de coleta e tratamento de esgoto composto por redes coletoras, interceptores, estações elevatórias e uma estação de tratamento de esgoto sanitário, dimensionados e operados conforme as seguintes normas técnicas:

· NBR 9.649/86: Projeto de Redes Coletoras de Esgoto Sanitário;

· NBR 8.160/99: Instalações Prediais de Esgotos Sanitários;

· NBR 12.207/98: Projeto de Interceptores de Esgoto Sanitário

· NBR 12.208/92: Projeto de Elevatórias de Esgoto Sanitário

· NBR 12.209/92: Projeto de Estações de Tratamento de Esgoto Sanitário.

Nesse cenário, o sistema coletivo contemplaria somente a zona urbana do município, uma vez que se acredita ser inviável a implantação de sistemas coletivos em zonas com baixa densidade populacional. Na zona rural seriam aplicados sistemas de fossas-filtro domiciliares, conforme apresentado no cenário anterior

Para esse cenário foram projetadas as vazões características de sistemas de esgotamento sanitário, bem como alguns parâmetros utilizados no dimensionamento de estações de tratamento de esgoto.

Tabela 4 - Estimativa das vazões para o sistema

População urbana em 2038

Consumo de água em 2038

(m³/dia)

Volume de esgotos gerados (m³/dia)

1762

263,10

210,50

3. ALTERNATIVAS E CONSTRUÇÃO DE CENÁRIOS PARA O ESGOTAMENTO SANITÁRIO

Planejamento e Organização dos Serviços relacionados ao Saneamento Básico

Para nortear as ações da promoção do saneamento básico, a Lei do Saneamento define quatro funções básicas para a gestão: o planejamento, a prestação dos serviços, a regulação e a fiscalização. Ainda, prevê que essas funções devam atender ao princípio fundamental do controle social, garantindo à sociedade informações, representações técnicas e participações nos processos de formulação de políticas, de planejamento e de avaliação, relacionados aos serviços públicos de saneamento básico. Destas, somente a função de planejamento é indelegável. Isso significa dizer que tanto a prestação dos serviços, quanto a regulação e fiscalização, podem ser repassadas a outros atores, reafirmando a responsabilidade do município frente à organização e prestação dos serviços públicos de interesse local, seja de modo direto, sob regime de concessão ou permissão, ou via acordo de cooperação e contrato de programa. Esta responsabilidade é destacada na Constituição Federal e na Lei Federal nº 11.445/07.

Com relação à função de planejamento, a Lei do Saneamento destaca claramente a responsabilidade dos municípios na formulação da Política Municipal de Saneamento Básico. A lei ainda prevê a elaboração dos Planos de Saneamento Básico para cada município, os quais devem ser compreendidos como uma ferramenta estratégica de planejamento para regulamentação dos serviços de saneamento básico, para o embasamento da tomada de decisões técnicas dos gestores quanto a este assunto. É imprescindível que o Plano Municipal de Saneamento seja revisado sempre que necessário, observando o prazo limitado em quatro anos e, antecedendo o Plano Plurianual, de modo a possibilitar que este último abarque as demandas prognosticadas no Plano de Saneamento.

O planejamento, neste sentido, remete à identificação, qualificação, quantificação, organização e orientação de todas as ações, públicas e privadas, por meio das quais o serviço público deve ser prestado ou colocado à disposição de forma adequada. O instrumento que materializa o planejamento é o Plano Municipal de Saneamento Básico. Deste modo, as Comissões de Coordenação e Execução devem se comunicar continuamente sobre as disposições do respectivo Plano em contraposição de mudanças diagnosticadas, cenários alterados, leis sancionadas, recursos financeiros disponibilizados, dentre outros aspectos. Para tal, além da criação das respectivas Comissões, deve haver a nomeação oficial dos responsáveis por cada setor, garantindo a participação e mobilização de todos os envolvidos.

A formulação de políticas e planos é fortemente influenciada por fatores políticos, sociais, econômicos, culturais, dentre outros. A última década, especialmente, fez emergir tanto visões de mundo, quanto saberes que compõem os pressupostos sob os quais, hoje, o planejamento das ações pode se sustentar. Tais pressupostos dão origem a princípios, os quais vinculam-se à noção de saneamento como um direito social, como um serviço de interesse local, como uma medida de promoção à saúde e de proteção ambiental, como uma ação de infraestrutura que promove o desenvolvimento urbano e a habitação salubre e, ainda, como meta social de responsabilidade do Estado, que pressupõe a universalidade , a equidade , a integralidade, a intersetorialidade, a qualidade e regularidade da prestação de serviços, a transparência das ações, a participação e o controle social.

Uma vez que os serviços de saneamento são de interesse local e o poder público local tem a competência para organizá-los e prestá-los, o município é o titular do serviço. Assim, este estudo parte do pressuposto de que o município tem autonomia e competência constitucional sobre a gestão dos serviços de saneamento, no âmbito de seu território, respeitando as condições gerais estabelecidas na legislação nacional sobre o assunto. As competências do município quanto aos serviços de saneamento básico, de acordo com as premissas do artigo 9º da Lei Federal nº 11.445/07, são destacadas a seguir:

· estabelecer mecanismos de controle social.

· estabelecer sistema de informações sobre os serviços, articulado com o Sistema Nacional de Informações em Saneamento.

· intervir e retomar a operação dos serviços delegados, por indicação da entidade reguladora, nos casos e condições previstos em lei e nos documentos contratuais.

· elaborar os planos de saneamento básico.

· prestar os serviços diretamente ou autorizar a sua delegação.

· definir o ente responsável pela sua regulação e fiscalização, bem como os procedimentos de sua atuação.

· adotar parâmetros para a garantia do atendimento essencial à saúde pública, inclusive quanto ao volume mínimo per capita de água para abastecimento público, observadas as normas nacionais relativas à potabilidade da água.

· fixar os direitos e os deveres dos usuários.

No que tange ao planejamento e organização dos serviços com foco nestas premissas, o estabelecimento de informações sobre os serviços prestados é essencial ao embasamento de tomadas de decisões. Atualmente, não há a disposição um banco de dados constando informações sobre a cadeia do saneamento básico, que permitam a utilização em cálculos de indicadores. Na ausência destes elementos, não há como avaliar quantitativamente os distintos segmentos. De encontro a isso, as projeções realizadas se utilizaram de dados literários e médias nacionais, que não replicam com fidelidade a realidade local.

Para a execução racional e organizada das ações de planejamento, uma estratégia é a organização de um Sistema Municipal de Informações sobre Saneamento Básico, composto por instrumentos básicos de gestão e um conjunto de agentes institucionais que, no âmbito das respectivas competências, atribuições, prerrogativas e funções, integram-se de modo articulado e cooperativo para a formulação das políticas, definição de estratégias, execução e avaliação das ações de saneamento. Como principal instrumento do Sistema Municipal de Informações sobre Saneamento Básico, ter-se-ia o licenciamento ambiental.

Como forma de possibilitar a alimentação do banco de dados, todos os empreendimentos do município devem ser licenciados, visando a rastreabilidade dos resíduos gerados como forma de ratificação da responsabilidade do gerador. Todavia, um conjunto de agentes deve agir concomitante, no sentido de buscar informações sobre os resíduos de atividades que não são passíveis de licenciamento ambiental, a exemplo de algumas atividades agrícolas e estabelecimentos comerciais.

Modelo de Regulação dos Serviços relacionados ao Saneamento Básico

Conforme estabelecido no Decreto nº 6.017/2007, a regulação envolve todo e qualquer ato, normativo ou não, que discipline ou organize determinado serviço público, incluindo suas características, padrões de qualidade, impactos socioambientais, direitos e obrigações dos usuários e dos responsáveis por sua oferta ou prestação e fixação, além da revisão do valor de tarifas e outros preços públicos. A regulação cabe ao titular dos serviços, ou seja, o município, que pode realizá-la diretamente ou delegá-la à entidade de outro ente federativo. Nesse caso, a delegação só pode ser feita a uma entidade reguladora constituída especificamente para esse fim, dentro dos limites do respectivo estado, devendo ser explicitada a forma de atuação e a abrangência das atividades a serem desempenhadas pelas partes envolvidas (art. 8º e art. 23, § 1º, da Lei nº 11.445/07). A entidade reguladora e fiscalizadora dos serviços é a responsável pela verificação do cumprimento dos planos de saneamento por parte dos prestadores de serviços, na forma das disposições legais, regulamentares e contratuais (art. 20).

Nas atividades de regulação dos serviços de saneamento básico, estão incluídas a interpretação e a fixação de critérios para a fiel execução dos contratos, dos serviços e para a correta administração de subsídios (art. 25, § 2º). O desenho regulatório é considerado o instrumento basilar para se garantir eficiência e eficácia à atividade reguladora e serve como modelo para análise do atendimento das entidades reguladoras aos princípios da regulação. Destacam-se a independência da entidade reguladora, a garantia dos mandatos de seus dirigentes, a capacidade técnica, as decisões tomadas por órgãos colegiados e a participação social. São instrumentos do exercício da participação social na regulação a realização de audiências e consultas públicas, a constituição de ouvidorias e o funcionamento efetivo dos conselhos.

A regulação da prestação de serviços públicos deve atender principalmente os seguintes objetivos.

Figura 3 - Objetivos da regulação

Fonte: Adaptado da Lei Federal nº 11.445/07

Nas atividades de regulação dos serviços de saneamento básico, estão incluídas a interpretação e a fixação de critérios para a fiel execução dos contratos, dos serviços e para a correta administração de subsídios. Os modelos de regulação que podem ser utilizados são: a regulação por entes estaduais, por entes municipais e por consórcios de regulação. No Quadro seguinte são apresentadas as vantagens e desvantagens de cada modelo.

Quadro 1 - Vantagens e desvantagens dos modelos de regulação

Modelo

Vantagens

Desvantagens

Regulação Estadual

Redução dos custos da regulação;

Existência de órgão colegiado de dirigentes;

Vencimentos compatíveis para o quadro técnico;

Troca de expertise adquirida entre os serviços públicos regulados.

O distanciamento dos entes estaduais em relação ao serviço público e aos usuários acarreta a necessidade de previsão de mecanismos mais eficientes para garantir a eficiência e celeridade da regulação, bem como o acesso à regulação pela sociedade.

Regulação Municipal

Proximidade com o serviço público;

Facilidade de fiscalização constante;

Participação dos usuários no controle social.

A falta de escala e de escopo pode conduzir à inviabilidade da regulação;

Baixos salários levam à baixa qualidade técnica da atividade de regulação.

Consórcio de regulação

Apresenta a vantagem dos modelos anteriores;

Minimiza a desvantagem dos modelos anteriores.

A forma de escolha do quadro dirigente e do processo de decisões, que poderá gerar conflitos de caráter político;

A insegurança da continuidade do consórcio quando da ocorrência de mudanças de governo, em razão de seu caráter pactuado.

Fonte: Brasil (2011d)

Considerando a realidade institucional, econômico-financeira e política do município e considerando a forma consolidada de estabelecimento do consórcio de municípios da qual Pareci Novo integra, entende-se pela formalização de um consórcio de regulação. O bom relacionamento entre os municípios da região, as dificuldades financeiras enfrentadas por todos e a ausência de entidade reguladora para os serviços de saneamento básico nestes, motivam o direcionamento para um modelo de regulação consorciada.

Modelo de Fiscalização dos Serviços relacionados ao Saneamento Básico

O ato de fiscalizar está vinculado ao controle do processo, permitindo que, ao longo da operação do sistema, seja possível ajustar eventuais falhas e corrigir rumos tanto da prestação, quanto da regulação dos serviços. A fiscalização, segundo o Decreto nº 6.017/07, refere-se às atividades de acompanhamento, monitoramento, controle e avaliação, no sentido de garantir a utilização, efetiva ou potencial, do serviço público.

Assim como a regulação, a fiscalização cabe ao titular dos serviços que pode realizá-la diretamente ou delegá-la à entidade de outro ente federado (art. 8 da Lei nº 11.445/07). A mesma lei ainda define que o “serviço adequado é o que satisfaz as condições de regularidade, continuidade, eficiência, segurança, atualidade, generalidade, cortesia na sua prestação e modicidade das tarifas”, e que “a atualidade compreende a modernidade das técnicas, do equipamento e das instalações e a sua conservação, bem como a melhoria e expansão do serviço” (art. 6).

Nestes termos o titular pode delegar esta função ao Conselho Municipal; ao ente ou órgão regulador municipal ou estadual; ou ao consórcio, por exemplo. Tendo em vista a maior proximidade com a realidade local, um Conselho Municipal de Saneamento ou similar, teria melhor atuação. Todavia, teria a necessidade de transformá-lo em um conselho deliberativo, assim como, trazer uma representação mais significativa da sociedade civil junto à formação de suas representações.

4. OBJETIVOS, METAS, PROGRAMAS E AÇÕES

De acordo com as diretrizes do Ministério das Cidades, deverão ser definidos os objetivos e metas municipais de curto, médio e longo prazo para a universalização do acesso aos serviços de saneamento básico no território, com integralidade, qualidade e prestados de forma adequada à saúde, à proteção do meio ambiente e contribuindo para a redução das desigualdades sociais. O objetivo do planejamento em saneamento, visa, basicamente, a otimização na implantação dos serviços, na qualidade e quantidade disponível, bem como dos recursos aportados.

Deste modo, deverá ser garantido o acesso à água potável e em condições adequadas para outros usos; soluções sanitárias, ambiental e tecnologicamente apropriadas para os esgotos e resíduos sólidos coletados; a disponibilidade de serviços de drenagem e manejo de águas pluviais urbanas adequados à segurança da vida, do meio ambiente e do patrimônio público e privado, além da melhoria contínua do gerenciamento, da prestação e da sustentabilidade dos serviços, garantida, sempre que possível, de maneira integrada para os quatro eixos.

4.1 Objetivos

Conforme descrito pelo Guia para Elaboração de Planos Municipais de Saneamento Básico, a definição de objetivos e sua explicitação de maneira organizada é uma atividade essencial no planejamento de sistemas municipais de saneamento e deve estar contida no produto final. A importância do estabelecimento dos objetivos deve-se a necessidade de deixar claro o cenário almejado para o direcionamento das ações do Plano, bem como da avaliação periódica das ações necessárias para se atingir esse objetivo último.

Não existe uma “receita” única e pronta para a definição “em série” dos objetivos que irão compor os respectivos Planos Municipais de Saneamento Básico. A definição dos objetivos deve ser o resultado de um processo de negociação entre a administração municipal, os agentes gestores e a população, e realizado com base no conhecimento das especificidades e carências do município, detectadas na etapa de diagnóstico. Esse processo de negociação não é mais do que a busca de uma solução de compromisso que concilie objetivos conflitantes como demanda da população por infraestrutura e serviços que representam investimentos volumosos, com disponibilidade limitada de recursos; estabelecimento de prioridades diferenciadas por parte de cada um dos setores envolvidos para as diversas intervenções etc. Obviamente, a definição dos objetivos não deve ser feita apenas em função do cenário atual, mas também levando em consideração as tendências de desenvolvimento socioeconômico do município ao longo do tempo.

Os objetivos gerais podem ser definidos sucintamente da seguinte maneira:

· Promoção da salubridade ambiental e da saúde coletiva;

· Proteção dos recursos hídricos e controle da poluição;

· Proteção da natureza;

· Proteção contra situações hidrológicas extremas e acidentes de poluição;

· Valorização social e econômica dos recursos ambientais;

· Ordenamento do território;

· Melhoria nos quadros normativo e institucional.

Do ponto de vista prático, os objetivos gerais devem ser alcançados por meio do estabelecimento de objetivos específicos para cada um dos setores que compõem o sistema de saneamento municipal. No que tange o sistema de esgotamento sanitário do município, busca-se a minimização das principais carências detectadas durante a fase de diagnóstico, formando assim 03 principais objetivos:

· Garantir a universalização do acesso ao tratamento de esgoto sanitário no município;

· Regularização e melhoria nas condições das estruturas utilizadas no sistema de esgotamento sanitário, no que tange o atendimento das normas técnicas, construtivas e manuais de saneamento;

· Melhoria na gestão operacional do sistema de esgotamento sanitário.

4.2 Metas

Com base na definição dos objetivos supracitados, pretende-se estabelecer o acesso a prestação dos serviços de esgotamento sanitário no município de Pareci Novo. Todavia, para garantir que esta melhoria esteja em consonância com a disponibilidade de recursos, há a necessidade de se definir metas específicas, em comprometimento com a universalização dos serviços de uma maneira gradual dentro dos limites territoriais e financeiros do município.

A partir deste pressuposto, as metas do presente Plano Municipal de Saneamento Básico foram fixadas levando em consideração os seguintes fatores: evolução histórica dos indicadores; situação atual com base na análise situacional do déficit e; estimativas para os casos onde não se dispõe de indicadores, devido à carência dos dados atuais, os quais poderão sofrer modificações durante as revisões do Plano, a cada quatro anos. Basicamente, as metas para o esgotamento sanitário são prazos de implantação dos sistemas necessários para a universalização do serviço, os quais foram definidos em 04 diferentes categorias:

· Ações Imediatas ou Emergenciais: até 03 anos;

· Ações de Curto Prazo: 04 a 08 anos;

· Ações de Médio Prazo: 09 a 12 anos;

· Ações de Longo Prazo: 13 a 20 anos.

As ações necessárias para o atendimento das demandas de saneamento básico do município podem ser divididas em ações não estruturais e ações estruturais. As ações não estruturais (ou estruturantes) são aquelas que acarretam em repercussões, sobretudo no planejamento futuro das ações. Estas fornecem suporte político e gerencial para a sustentabilidade da prestação dos serviços, encontrando-se tanto na esfera do aperfeiçoamento da gestão, em todas as suas dimensões, quanto na melhoria cotidiana e rotineira da infraestrutura física.

Por outro lado, as ações estruturais são aquelas que correspondem aos tradicionais investimentos em obras, com intervenções físicas relevantes nos territórios. Tais ações são necessárias para suprir o déficit de cobertura pelo s serviços e a proteção da população quanto aos riscos epidemiológicos, sanitários e patrimonial.

Ainda, estas ações podem ser subdivididas em ações de caráter individual para cada um dos eixos do saneamento como também de caráter integrado, buscando abordar a interface entre um ou mais setores através de elementos semelhantes do ponto de vista técnico e institucional.

A1 - RECADASTRO COMERCIAL DO SISTEMA DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA E DA SOLUÇÃO DE ESGOTAMENTO SANITÁRIO UTILIZADA

Problema: Para a otimização da operação do sistema de abastecimento de água, é necessário um controle de perdas, que permitirá o combate a fraudes, erros de medições e até mesmo identificação de vazamentos na rede. Consequentemente, isto propiciará o conhecimento da demanda do sistema de esgotamento sanitário. Para que isto seja possível, porém, é fundamental a elaboração de um cadastro completo dos usuários do sistema de abastecimento de água. Adicionalmente, é de suma importância que as informações quanto à forma de esgotamento sanitário dos usuários sejam cadastradas.

Medida: Elaboração de um cadastro completo dos usuários do sistema de abastecimento do município, contendo no mínimo as seguintes informações referentes a cada usuário: endereço, faixa de renda (baixa, médio ou alta renda), idade do hidrômetro, classe metrológica do hidrômetro, estado de funcionamento do hidrômetro e condição de instalação (se está visível, em lugar de fácil acesso para o leiturista, etc.), tipo de esgotamento (fossas sépticas ligada a rede de drenagem, fossas sépticas seguidas de valos de infiltração, etc.), estado da solução em esgotamento. Essa medida, após concluída, será a principal fonte de consulta do sistema de abastecimento de água e de esgotamento sanitário no município, o que subsidiará a elaboração de uma série de outras medidas de gestão do sistema.

Investimento: R$ 59.099,68. Este valor foi estimado empregando-se a atualização de agosto de 2013 do Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil - SINAPI - de uma equipe formada por um engenheiro júnior, responsável pela coordenação e criação da base de dados georreferenciada; e por um auxiliar de engenharia, que realizará visitas em cada domicílio, levantando as informações relevantes sobre o sistema de abastecimento de água e solução adotada em esgotamento sanitário, além de realizar a fiscalização quanto à adequação as normas construtivas desta última. Considera-se que o engenheiro dedicará 400 h à esta atividade, e que o auxiliar de engenharia terá carga horária de 44 h semanais, durante 4 meses; ainda, devido à atividade de fiscalização, considera-se que este último receba um adicional de periculosidade de 30%. Considera-se ainda que as atividades do auxiliar de engenharia exigirão o aluguel de um veículo com motorista.

Adicionalmente, sugere-se a capacitação de um servidor da Prefeitura, ou contratação de profissional habilitado, responsável por todo o ser viço de atualização da base georreferenciada do município. Desta forma, modificações na rede viária, cadastro imobiliário, sistema de abastecimento de água, sistema de esgotamento sanitário e sistema de drenagem urbana seriam informadas a este profissional, que atualizaria a base de dados, sendo esta de utilidade aos mais diversos setores da administração municipal, e fonte de informação para futuros estudos realizados na área. O custo desta atividade seria de R$ 11.749,32 por mês, valor este referente ao salário de um engenheiro júnior, com carga horária de 44 h por semana.

Prazo: Emergencial.

A2 – CAPACITAÇÃO PARA MULTIPLICADORES DE EDUCAÇÃO E CONSCIENTIZAÇÃO AMBIENTAL

Problema: Sabe-se que um dos grandes problemas do esgotamento sanitário e drenagem urbana são as ligações cruzadas, ou seja, a ligação de esgoto sanitário na rede pluvial e a ligação de esgoto pluvial nas redes de esgoto sanitário. A ligação de esgotos cloacais na rede de esgotos pluviais podem causar poluição ambiental e degradação dos corpos receptores; e a ligação de esgotos pluviais na rede de coletora de esgotos sanitários podem causar sobrecarga nas redes e nas estações elevatórias, comprometendo algumas de suas estruturas, e podem diminuir a eficiência do tratamento de esgotos haja vista a diluição dos esgotos. O mesmo remete a importância em manter os sistemas individuais com limpezas frequentes.

Medida: Capacitação de multiplicadores de educação e conscientização ambiental que atente para as consequências das ligações cruzadas dos esgotos de forma a conscientizar a população a abandonar tal prática, acerca da importância em realizar a correta limpeza e destinação dos lodos provenientes dos sistemas individuais. A medida terá maior eficácia se implantada em curto prazo, concomitantemente com o início da reestruturação planejada para o sistema urbano.

Investimento: R$ 20.000,00. Foi estimada uma equipe técnica de um educador ambiental (formado na área de sociologia, biologia ou gestão ambiental), com prazo de três meses para realização do trabalho de capacitação de mediadores da educação ambiental que perpetuarão ações junto às comunidades. Considerou-se um salário médio para este profissional de R$ 2.500,00, aos quais adicionam-se os custos externos ao salário líquido do profissional. Além disso, estimou-se também eventuais gastos com deslocamento e criação de material educativo.

Prazo: Curto prazo, com estabelecimento contínuo das atividades ao longo dos tempos.

A3 - LEVANTAMENTO DE DADOS SOBRE DOENÇAS RELACIONADAS AS DEFICIENCIAS DO SANEAMENTO BÁSICO

Problema: Não há um levantamento por parte da Secretaria Municipal de Saúde e Assistência Social de Pareci Novo das causas geradoras de enfermidades causadas por influência de falhas na prestação de serviços de saneamento. Não há, no município de Pareci Novo, registros de implicações de saúde causadas pelo contato de pessoas com água de enchente na zona urbana, com resíduos sólidos, vinculados a má qualidade da água de abastecimento público ou ao contato com esgotos sanitários.

Medida: Dar atenção especial para eventos de aumento de pacientes com os mesmos sintomas que possam ser associados a problemas em um dos eixos do saneamento do município. Ainda, manter os dados atualizados, realizando o contínuo abastecimento. Os casos que merecem maior atenção são:

· Ligados ao abastecimento de água: habitantes de um a mesma região com diarreias infecciosa, hepatite A, cólera ou outras doenças que possam ser de veiculação hídrica.

· Ligados ao esgotamento sanitário: habitantes de áreas que não possuam sistemas de esgotamento sanitários com parasitoses, hepatite A, disenteria ou outras doenças associadas ao contato com esgotos.

· Ligados à gestão de resíduos sólidos: habitantes com sintomas de leptospirose, febre tifoide, ancilostomose, amebíases ou outras doenças relacionadas a agentes biológicos que fazem os resíduos como sua fonte de alimento e abrigo.

· Ligados à drenagem urbana: habitantes com sintomas de leptospirose, febre tifoide, cólera, hepatites ou outras doenças relacionadas a enchentes, principalmente após grandes eventos de precipitação.

Além da atenção aos casos descritos será necessária a criação de um banco de dados com as ocorrências e seus pontos críticos e, um sistema de comunicação emergencial com o Departamento Municipal de Saneamento ou responsáveis por este setor.

Investimento: Sem investimento direto. Havendo a necessidade de montagem de uma estrutura mínima inicial e o treinamento das equipes de saúde, que pode ser realizado pelos técnicos da própria Secretaria de Saúde.

Prazo: Emergencial, com atualização contínua dos dados.

A4 - CONTROLE E FISCALIZAÇÃO DA LIMPEZA DAS FOSSAS SÉPTICA

Problema: A falta de esgotamento sanitário e a sua má execução trazem prejuízos ambientais, tais como a poluição dos corpos hídricos e da água subterrânea, e sanitários, tais como a proliferação de doenças de veiculação hídrica e a proliferação de vetores. As fossas sépticas são a principal forma de tratamento dos esgotos sanitários existente nas áreas onde não existe rede coletora, e estas, segundo Neto (1999), precisam ser limpas periodicamente (mensalmente ou anualmente, dependendo do projeto). Embora esta operação seja muito simples, não pode ser realizada de forma negligente ou descuidada; sobretudo, deve-se respeitar a data prevista para realização da limpeza. Se no tempo adequado o lodo não for removido, o espaço destinado à decantação será ocupado por sólidos e o reator não será efetivo no tratamento dos esgotos.

Medida: Controle e fiscalização quanto a periodicidade de limpeza das fossas sépticas. Sugere-se que o prestador do serviço realize licitação para contratação de empresa para a realização da limpeza das fossas sépticas. A empresa deverá portar Licença de Operação para a realização deste tipo de atividade. A cobrança por estes serviços pode ser realizada através de taxa dentro do IPTU. É necessário que esta ação seja complementada com ações de educação ambiental, a fim de conscientizar a população quanto à importância da limpeza das fossas sépticas.

Investimento: R$ 70.680,00 por ano. Este custo foi estimado para a limpeza de uma fossa séptica por domicílio (número de domicílios atual) no município. Considera-se que cada fossa seja limpa a cada dois anos. Ressalta-se, porém, que este custo pode ser atenuado, ou mesmo eliminado, através da cobrança de taxa dos munícipes.

Prazo: Médio prazo, com estabelecimento contínuo das atividades ao longo dos tempos.

A5 - LEI ESTABELECENDO SANÇÕES AOS PROPRIETÁRIOS DE LOTES NÃO LIGADOS A REDE COLETORA DE ESGOTOS E IMPLANTAÇÃO DE POLÍTICA TARIFÁRIA

Problema: Apesar da Lei estadual nº 6.503 de 22 de dezembro de 1972 estabelecer em seu Art. 18 que é obrigatória a ligação de toda construção considerada habitável à rede pública de abastecimento de água e aos coletores públicos de esgoto, esta lei não prevê sanções para o proprietário que não realizar a ligação de esgoto quando houver rede coletora factível de ligação. De forma complementar, tendo em vista que se pretende implantar, de fato, um sistema de esgotamento sanitário, deverá ser previsto uma política tarifária para os serviços.

Medida: Criação de política tarifária para os serviços e criação de uma lei municipal que preveja sanções ao proprietário que não se ligar a rede coletora de esgoto quando for factível de ligação. Sugere-se algumas alternativas quanto aos tipos de sanções a serem implementadas:

Pagamento compulsório: Existindo rede coletora passando frente a lote, caso este lote não realize sua ligação ao mesmo em prazo a ser estipulado, o proprietário do lote deverá, apesar de não utilizar o serviço, arcar com o pagamento do serviço. Ressalta-se, porém, que após a instalação da rede coletora haverá um período de carência, antes da cobrança compulsória, para que os usuários possam ligar-se a rede.

Multas: O proprietário que não ligar-se a rede coletora de esgotos receberá notificação onde constará a data limite para que este regularize sua situação. Caso este não realize a ligação à rede, receberá multa no valor estabelecido na lei a ser criada.

Investimento: Sem investimento.

Prazo: Médio prazo.

A6 – PLANEJAMENTO DA IMPLANTAÇÃO DE SISTEMA ADEQUADO DE ESGOTAMENTO SANITÁRIO

Problema: Atualmente não existe solução pública e coletiva para o esgotamento sanitário no município. Desta maneira, propõe-se que seja realizado nesta etapa a elaboração dos estudos e projetos que possibilitem a futura implantação de um sistema adequado de esgotamento sanitário, conforme previsto nos cenários 1 e 2, apresentados preteritamente.

Medida: Elaboração dos estudos e projetos necessários para a materialização do sistema de esgotamento sanitário previsto nos cenários 1 e 2.

Investimento: R$ 723.102.02. Este valor foi estimado com base nos custos de estudos para implantação de sistemas de esgotamento sanitário (Von Sperling (2007); Salazar (2010)). Considerou-se cenários 1 e 2.

Prazo: Curto prazo para iniciar os trabalhos que perpetuarão, provavelmente, até o início do médio prazo.

A7 - IMPLANTAÇÃO DE SISTEMA ADEQUADO DE ESGOTAMENTO SANITÁRIO

Problema: Atualmente, não existe solução pública e coletiva para o esgotamento sanitário no município. Desta maneira, propõe-se que seja realizado o fomento à correta implantação de sistemas individuais de tratamento e destinação dos esgotos sanitários da área rural e, a implantação de redes coletoras de esgotos sanitários na área urbana, com destinação à Estação de Tratamento de Efluentes.

Medida: Implantação da solução em esgotamento sanitário conforme cenários 1 e 2 já apresentados em itens anteriores.

Investimento: R$ 3.725.016,10. Este valor foi estimado com base em estudo de custos de implantação de sistemas de esgotamento sanitário realizado a partir de levantamento em diversos sistemas (Von Sperling (2007); Salazar (2010)). Considerou-se condições intermediárias entre favorável e desfavorável de implantação do sistema de esgotamento sanitário, e a população atual do município.

Prazo: Findar do médio prazo. Este prazo remete à materialização do início das ações de implantação, de modo que aspectos como estudos e projetos devem ser amparados nas etapas anteriores.

A8 - INSTITUIR A REGULAÇÃO E A FISCALIZAÇÃO DO SISTEMA DE SANEAMENTO BÁSICO

Problema: Tendo em vista a realidade institucional, econômico-financeira e política do município e considerando a forma consolidada de estabelecimento do consórcio de municípios da qual Pareci Novo integra, entende-se pela formalização de um consórcio de regulação. O bom relacionamento entre os municípios da região, as dificuldades financeiras enfrentadas por todos e a ausência de entidade reguladora para os serviços de saneamento básico nestes, motivam o direcionamento para um modelo de regulação consorciada. Nas atividades de regulação dos serviços de saneamento básico, estão incluídas a interpretação e a fixação de critérios para a fiel execução dos contratos, dos serviços e para a correta administração de subsídios. Destacam-se a independência da entidade reguladora, a garantia dos mandatos de seus dirigentes, a capacidade técnica, as decisões tomadas por órgãos colegiados e a participação social. São instrumentos do exercício da participação social na regulação a realização de audiências e consultas públicas, a constituição de ouvidorias e o funcionamento efetivo dos conselhos.

O município de Pareci Novo já é membro de um Consórcio Público Regional, de modo que todas as questões burocráticas culminam ao encontro da Lei Federal nº 11.107/2005, tais como criação, regulamentação, instituição do fundo de arrecadação e formação dos conselhos. Esta consolidação confere o avanço de uma importante etapa, colocando Pareci Novo e os municípios deste consórcio à frente no tempo quando se pretende planejar e efetivar uma solução consorciada.

Ainda, considerando a maior proximidade com a realidade local, o Conselho Municipal de Saneamento ou similar, teria melhor atuação como entidade fiscalizatória. Nestes termos, teria a necessidade de transformá-lo em um conselho deliberativo, assim como, trazer uma representação mais significativa da sociedade civil junto à formação de suas representações. O ato de fiscalizar está vinculado ao controle do processo, permitindo que, ao longo da operação do sistema, seja possível ajustar eventuais falhas e corrigir rumos tanto da prestação, quanto da regulação dos serviços. A fiscalização, segundo o Decreto nº 6.017/07, refere-se às atividades de acompanhamento, monitoramento, controle e avaliação, no sentido de garantir a utilização, efetiva ou potencial, do serviço público.

Art. 23. A entidade reguladora editará normas relativas às dimensões técnica, econômica e social de prestação dos serviços, que abrangerão, pelo menos, os seguintes aspectos:

I - padrões e indicadores de qualidade da prestação dos serviços;

II - requisitos operacionais e de manutenção dos sistemas;

III - as metas progressivas de expansão e de qualidade dos serviços e os respectivos prazos;

IV - regime, estrutura e níveis tarifários, bem como os procedimentos e prazos de sua fixação, reajuste e revisão;

V - medição, faturamento e cobrança de serviços;

VI - monitoramento dos custos;

VII - avaliação da eficiência e eficácia dos serviços prestados;

VIII - plano de contas e mecanismos de informação, auditoria e certificação;

IX - subsídios tarifários e não tarifários;

X - padrões de atendimento ao público e mecanismos de participação e informação;

XI - medidas de contingências e de emergências, inclusive racionamento. (LEI FEDERAL 11.445/2007)

Cabe destacar que conforme o Parágrafo único do Artigo 20 da Lei Federal 11.445/2007, “incumbe à entidade reguladora e fiscalizadora dos serviços a verificação do cumprimento dos planos de saneamento por parte dos prestadores de serviços, na forma das disposições legais, regulamentares e contratuais”. Por fim, o Inciso III do Artigo 11 da Lei Federal n. 11.445/2007 deixa explicito que a validade dos contratos que tenham por objeto a prestação de serviços públicos de saneamento básico condiciona-se à existência de normas de regulação, incluindo a designação da entidade de regulação e de fiscalização.

Medida: Instituir a regulação e a fiscalização do sistema de saneamento básico que, até o momento, é inexistente.

Investimento: Sem custos/investimentos previstos.

Prazo: Emergencial.

P1 - PROGRAMA MUNICIPAL DE IMPLEMENTAÇÃO, UNIVERSALIZAÇÃO E MANUTENÇÃO DO SISTEMA DE ESGOTAMENTO SANITÁRIO

Justificativa: A indevida disposição do esgoto sanitário provoca sérios danos à qualidade ambiental e riscos à saúde pública. Desta forma, torna-se necessária a escolha da solução em esgotamento sanitário mais adequada para o município, sua implantação, e apropriada manutenção. Ainda, é essencial para o bom desempenho da solução em esgotamento sanitário a participação ativa da população.

Objetivo: Implantar um sistema adequado de esgotamento sanitário para o município, e primar pelo desempenho ótimo do mesmo.

Ações envolvidas:

· Recadastro comercial do sistema de abastecimento de água e da solução de esgotamento sanitário utilizada;

· Controle e fiscalização da limpeza das fossas sépticas;

· Educação ambiental continuada;

· Lei estabelecendo sanções aos proprietários de lotes não ligados a rede coletora de esgotos e lei estabelecendo uma política tarifária aos serviços;

· Planejamento e implantação de um sistema adequado de esgotamento sanitário.

Executores: Prefeitura Municipal.

Possíveis Fontes de Recursos para o Programa: Governo Federal (FUNASA) e Governo Estadual (SEHABS).

5. AÇÕES DE EMERGÊNCIA E CONTINGÊNCIA

Toda organização com potencial de gerar uma ocorrência anormal, cujas consequências possam provocar sérios danos a pessoas, ao meio ambiente e a bens patrimoniais, inclusive de terceiros, devem ter como atitude preventiva o planejamento de ações de emergência e contingência, ou seja, a elaboração de um planejamento tático a partir de uma determinada hipótese de evento danoso.

Medidas de contingência centram na prevenção e as emergências objetivam programar as ações no caso de ocorrência de um acidente. Assim, as ações para emergência e contingência são abordadas conjuntamente, pois ambas referem-se a uma situação anormal.

Basicamente, emergência trata de situação crítica, acontecimento perigoso ou fortuito, incidente, caso de urgência, situação mórbida inesperada e que requer tratamento imediato; e contingência, é qualquer evento que afeta a disponibilidade total ou parcial de um ou mais recursos associados a um sistema, provocando em consequência, a descontinuidade de serviços considerados essenciais.

5.1 Ações para o sistema de esgotamento sanitário

O município Pareci Novo não possui rede coletora de esgotos sanitários. Basicamente, na área urbana do município o que se utiliza normalmente sã o soluções individuais como sistemas fossa séptica/sumidouro ou sistema fossa séptica/filtro anaeróbio, com lançamento do efluente no solo, na rede de drenagem ou diretamente nos córregos que cortam a cidade em grande parcela dos lotes urbanos. Na área rural a solução individual é geral, existindo ainda mais dificuldade em fiscalizar o correto dimensionamento dessas soluções.

Contudo, é necessário prever ações de contingência e emergência para as atuais soluções de esgotamento sanitário e, também, para o sistema coletivo de coleta previstos no planejamento de programas, projetos e ações deste Plano. Nestes termos, coloca-se a Secretaria Municipal de Obras e Viação como responsáveis pela coordenação do plano de emergência e contingência vestem ser o titular dos respectivos serviços de esgotamento sanitário.

As situações emergenciais na operação do sistema de esgotamento sanitário ocorrem em partes do sistema, as quais podem apresentar falhas devido aos mesmos serem submetidos a condições adversas durante o seu funcionamento. Estes eventos são resolvidos através dos procedimentos de manutenção e serviços de eliminação de ligações clandestinas de águas pluviais nas redes coletoras.

Alguns dos principais problemas ocorrem nos seguintes elementos que compõem ou têm influência no sistema de esgotamento sanitário:

· Ramais prediais, redes coletoras, coletores tronco, interceptores e emissários de esgoto;

· Estações elevatórias;

· Estações de tratamento;

· Controle operacional do sistema de esgotos sanitários;

· Soluções individuais como sistemas fossa séptica/sumidouro ou sistema fossa séptica/filtro anaeróbio.

Grande parte dos problemas em um sistema de coleta e tratamento dos esgotos tem origem na má utilização das instalações sanitárias por parte dos usuários. O lançamento de águas pluviais na rede de esgotamento sanitário é o maior exemplo desta utilização inadequada. É um problema que se apresenta em todos os municípios brasileiros, sendo que raramente se busca uma solução. A vazão incompatível com a capacidade do sistema provoca refluxos e transbordamentos, em geral afetando locais situados nas regiões mais baixas.

Soluções paliativas são implementadas em vários municípios para a resolução do problema de esgotos na rede de drenagem, tais como a instalação de válvulas de retenção no ramal domiciliar, transferindo o problema para os imóveis que não o possuem ou provocando o transbordamento de poços de visita, comprometendo a saúde da população.

A real solução do problema exige a eliminação das contribuições através de ações coordenadas de identificação dos imóveis que apresentam a conexão irregular e o estabelecimento de mecanismos com embasamento legal, que permitam convencer ou mesmo coagir o proprietário a efetuar as modificações nas instalações sanitárias do imóvel para eliminar o problema. Paralelamente deve-se adequar o processo de realização de novas ligações de esgoto, garantindo que novas conexões d e águas pluviais não sejam incorporadas ao sistema de esgoto. Se o problema se restringisse ao imóvel do cliente, poderia ser considerado de menor importância. Porém, dependendo das condições hidráulicas da instalação, os objetos lançados ultrapassam o limite do ramal e atingem a rede coletora, onde seu efeito é potencializado com a agregação de outros detritos e incrustações de gordura, afetando outros imóveis.

5.2 Ações para o Sistema Operacional de Esgotamento Sanitário

Os itens a seguir apresentam os principais tipos de ocorrências e as ações a serem desencadeadas para recuperar a funcionalidade das estações de elevatórias e de tratamento de esgoto, quando implantadas:

· Em caso de interrupção no fornecimento de energia elétrica nas instalações das estações elevatórias e/ou de tratamento deverá ser efetuada a comunicação à concessionária de energia elétrica e acionamento de geradores para a manutenção do trabalho até que o fornecimento de energia se restabeleça;

· Caso constatada a danificação de equipamentos eletromecânicos deve ser efetuada a instalação de equipamentos reserva, devidamente disponíveis pelo prestador de serviço. Para ocorrências de danificação na estrutura, os reparos necessários deverão ser realizados;

· Em relação a ações de vandalismo, deve ser comunicado o ocorrido à Polícia Civil do município;

· Para qualquer situação em que não seja possível evitar o extravasamento de esgoto para a rede pluvial, ou diretamente para os corpos hídricos, deve ser feita a comunicação ao órgão ambiental responsável.

Além de prejudicar a prestação dos serviços, o mau funcionamento das estações elevatórias de esgoto tem implicações de caráter legal que podem resultar no enquadramento dos responsáveis pelo sistema de esgoto na lei de crimes ambientais.

O lançamento de águas pluviais no sistema de esgotos sanitários é um dos principais fatores que podem causar falhas na operação das estações elevatórias, através da introdução de materiais estranhos nos conjuntos moto bomba, em especial pedras, pedaços de madeira e principalmente areia. Para se evitar a parada imprevista desses conjuntos e o consequente extravasamento de esgoto sem tratamento nos cursos d´água são necessárias as seguintes ações:

· Instalação e operação de sistemas de gradeamento para retenção de materiais com dimensões superiores às suportadas pelos conjuntos moto bomba;

· Estabelecimento de um programa rotineiro de manutenção dos poços de sucção das elevatórias, para remoção da areia acumulada;

· Os equipamentos eletro mecânicos deverão sofrer inspeções periódicas para verificação do seu funcionamento;

· Em elevatórias importantes e onde há incidência significativa de interrupção de energia elétrica, deve-se instalar conjunto gerador para funcionamento automático no caso da falta de energia;

· A implantação de sistemas de supervisão e controle para acompanhamento da operação das estações elevatórias em tempo real agiliza a tomada de decisão para minimizar o extravasamento;

· Assim como no caso de estações de recalque de água, a definição de um plano de manutenção não é suficiente para garantir o nível de confiabilidade requerido.

A implementação dessas ações certamente reduzirá a probabilidade de falência das unidades de bombeamento, garantindo maior segurança ao funcionamento do sistema de esgotos, bem como aos seus responsáveis legais.

No que se refere à estação de tratamento, esta possui a finalidade de produzir um efluente que atenda às exigências legais, tanto no que se refere ao padrão de emissão propriamente dito, quanto à manutenção dos padrões de qualidade do corpo receptor, definidos em função de sua classe de uso. A legislação federal que regula o assunto, a Resolução CONAMA n° 357 (alterada pela Resolução CONAMA nº 430), estabelece o conceito de metas progressivas para atendimento dos padrões fixados para a classe do corpo receptor. Contudo, não há no município um sistema de tratamento, nem sequer uma rede coletora (como abordado anteriormente) sendo, portanto, o Planejamento de ações de Emergência e Contingência para a operação de ETE uma referência para uma possível instalação futura.

De qualquer maneira, partindo-se do pressuposto de que a estação de tratamento de esgoto seja adequadamente projetada e construída para atender às exigências legais, cabe à administração do sistema de esgoto operá-la correta mente para que as condições previstas em projeto se confirmem na prática.

Para atingir esse objetivo faz-se necessário o cumprimento dos seguintes requisitos:

· Estabelecimento de um sistema de controle operacional da estação, que preveja a medição e o registro de vazões afluentes e efluentes, da produção de resíduos, controles específicos exigidos para o bom desempenho da planta em função do tipo de tratamento empregado e controle laboratorial dos principais parâmetros tais como DBO, DQO, série de sólidos, colorimetria, compostos nitrogenados, fósforo e outros pertinentes, tanto do afluente e efluente (para verificação da eficiência da estação e comparação como previsto em projeto) como do corpo receptor (antes e depois do lançamento), de modo a verificar o cumprimento das exigências legais;

· Disposição adequada dos resíduos gerados na estação, desde o tratamento preliminar (gradeamento), passando pela unidade de remoção de areia, até a produção excedente de lodo.

5.3 Regras de Atendimento e Funcionamento Operacional para Situações Críticas

Em situações de emergência a operação dos sistemas deve ocorrer, de tal forma, a mitigar os riscos e contribuir para manutenção das estruturas danificas, visando manter a disponibilidade e a qualidade dos serviços.

Os impactos causados em situações de emergência nos sistemas de esgotamento sanitário, comumente refletem-se mais significativamente sobre as condições gerais do ambiente externo, através da contaminação do solo e das águas superficiais e subterrâneas. Entretanto, podem ocorrer situações onde a população pode ficar exposta diretamente com os esgotos domésticos resultando em malefícios ao bem-estar e a saúde das pessoas.

Diante das condições apresentadas, foram identificadas situações de anormalidades operacionais dos serviços de saneamento básico, e as respectivas ações de mitigação, de forma a controlar e sanar a estas condições anormais de operação.

Visando sistematizar estas informações, foi elaborado um quadro de inter-relação dos cenários de emergência e respectivas ações associadas, para os principais elementos que compõe as estruturas do sistema de esgotamento sanitário.

A seguir, são apresentadas as tabelas com a descrição das medidas emergenciais previstas para o sistema de esgotamento sanitário, bem como os responsáveis pelas ações a serem implementadas.

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Quadro 2 - Medidas emergenciais para o esgotamento sanitário

Unidade do Sistema

Falha

Causas

Consequências

Ações para diminuir os riscos da falha

Ações de Emergência

Ações Pós Falha

Rede Coletora

Pavimentação das tampas dos poços de visita

Obras de pavimentação das ruas sem a devida fiscalização.

Impedimento ao acesso dos poços de visita, impossibilitando amanutenção destes

Cadastro das unidades do sistema de esgotamentosanitário e fiscalizaçãodas obras de pavimentação.

Remoção do pavimento que esta cobrindo os poços de visita

Esclarecimento da importância damanutenção dos poços de visitas junto a Secretariade Obras

Ligação irregular de esgoto pluvial nas redes de esgoto sanitário

Irresponsabilidade ou desconhecimento dos usuários quanto a legislação e normas vigentes.

Sobre carga dascanalizações econsequentemente o rompimento destas.

Fiscalização das novascontrações; Realizar vistorias nas construções antigas

Em caso de rompimento deve-se realizar limpeza e troca das tubulações.

Interromper as ligações clandestinas detectadas

Formação de Gases

Decomposição anaeróbia damatéria orgânica devido a sedimentação de sólidos no interior da rede coletora.

Os gases resultantes dadecomposição do esgoto, como