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Comentário de Allan Kardec Esta doutrina “Panteísta” faz de Deus um ser material que, embora dotado de suprema inteligência, seria em ponto grande o que somos em ponto pequeno. Ora, transformando-se a matéria incessantemente, Deus, se fosse assim, nenhuma estabilidade teria; achar-se-ia sujeito a todas as vicissitudes, mesmo a todas as necessidades da Humanidade; faltar-lhe-ia um dos atributos essenciais da Divindade: a imutabilidade. Não se podem aliar as propriedades da matéria à idéia de Deus, sem que Ele fique rebaixado ante a nossa compreensão e não haverá sutilezas de sofismas que cheguem a resolver o problema da Sua natureza íntima. Não sabemos tudo o que Ele é, mas sabemos o que Ele não pode deixar de ser e o sistema de que tratamos está em contradição com as suas mais essenciais propriedades. Ele confunde o Criador com a criatura, exatamente como o faria quem pretendesse que engenhosa máquina fosse parte integrante do mecânico que a imaginou. Então nós dizemos: “Fulano é uma criatura imperfeita, ainda em desenvolvimento”. Mas esta é uma concepção humana. Para Deus, aquele fulano, que está em desenvolvimento, é perfeito, porque ele traz em si todos os elementos da perfeição, que estão apenas aflorando, desenvolvendo-se, maturando-se, amadurecendo, para chegar, enfim, a um ponto determinado, que nós humanos consideramos a perfeição, mas que ainda não é a perfeição, para Deus. Para Deus, a perfeição é um incessante evoluir. Ela não está, de maneira alguma, em algo que se fez e se completou. Por isso, costumo dizer que as pessoas que dizem “Eu sou um homem que realmente me realizei”, se soubessem o que quer dizer a realização das potencialidades internas do Espírito da criatura humana, nunca usariam esta expressão. Um homem realizado, uma criatura realizada, seria uma criatura que não teria nada a realizar, não teria nada a fazer, estaria completa em si mesma. Para Zoroastro, na Pérsia – fundador da religião chamada, hoje, Madzeista, a única imagem perfeita de Deus é o fogo. E então, o que fizeram os homens? Passaram a usar o fogo.

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Comentário de Allan KardecEsta doutrina “Panteísta” faz de Deus um ser material que, embora dotado de suprema inteligência, seria em ponto grande o que somos em ponto pequeno. Ora, transformando-se a matéria incessantemente, Deus, se fosse assim, nenhuma estabilidade teria; achar-se-ia sujeito a todas as vicissitudes, mesmo a todas as necessidades da Humanidade; faltar-lhe-ia um dos atributos essenciais da Divindade: a imutabilidade.

Não se podem aliar as propriedades da matéria à idéia de Deus, sem que Ele fique rebaixado ante a nossa compreensão e não haverá sutilezas de sofismas que cheguem a resolver o problema da Sua natureza íntima.

Não sabemos tudo o que Ele é, mas sabemos o que Ele não pode deixar de ser e o sistema de que tratamos está em contradição com as suas mais essenciais propriedades. Ele confunde o Criador com a criatura, exatamente como o faria quem pretendesse que engenhosa máquina fosse parte integrante do mecânico que a imaginou.

Então nós dizemos: “Fulano é uma criatura imperfeita, ainda em desenvolvimento”. Mas esta é uma concepção humana. Para Deus, aquele fulano, que está em desenvolvimento, é perfeito, porque ele traz em si todos os elementos da perfeição, que estão apenas aflorando, desenvolvendo-se, maturando-se, amadurecendo, para chegar, enfim, a um ponto determinado, que nós humanos consideramos a perfeição, mas que ainda não é a perfeição, para Deus.Para Deus, a perfeição é um incessante evoluir. Ela não está, de maneira alguma, em algo que se fez e se completou. Por isso, costumo dizer que as pessoas que dizem “Eu sou um homem que realmente me realizei”, se soubessem o que quer dizer a realização das potencialidades internas do Espírito da criatura humana, nunca usariam esta expressão. Um homem realizado, uma criatura realizada, seria uma criatura que não teria nada a realizar, não teria nada a fazer, estaria completa em si mesma.Para Zoroastro, na Pérsia – fundador da religião chamada, hoje, Madzeista, a única imagem perfeita de Deus é o fogo. E então, o que fizeram os homens? Passaram a usar o fogo.Quando vemos velas acesas em algum lugar, no sentido devocional; quando vemos lâmpadas acesas, nos altares das igrejas, estamos diante de uma transposição do Zoroastrismo para outras religiões. Ou, em outras palavras, da adoração do fogo, da simbologia do fogo, presente nas manifestações religiosas.Esta concepção de Zoroastro nos dá o exemplo concreto do que seja aquilo que poderemos imaginar como constante e incessante dinâmica da existência de Deus, se poderemos chamar assim; da sua vivência como uma inteligência, que é o centro de todo o Universo, que controla toda a movimentação dos astros, das galáxias, do espaço infinito. Deus é um dinamismo constante. Não poderia ser, portanto, estático, de maneira alguma.

Conteúdo extraído do livro “No Limiar do Amanha” de José Herculano Pires

A inteligência de Deus se revela em Suas obras como a de um pintor no seu quadro; mas, as obras de Deus não são o próprio Deus, como o quadro não é o pintor que o concebeu e executou.

KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. FEB.

http://www.remizerkowski.no.comunidades.net/index.php?pagina=1900287058