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Webreportagem como exercício prático no ensino do Jornalismo Digital Gibran Luis Lachowski 1 Iuri Barbosa Gomes 2 RESUMO Na atual conjuntura comunicacional, o modelo pós-fordista de produção e distribuição de notícias impõe ao jornalista o acúmulo de funções: da sugestão de pauta à diagramação do conteúdo, passando pela edição, escolha da foto e outros atributos relacionados à prática jornalística. O potencial humano é explorado ao máximo na lógica comercial da informação. Esse acúmulo de funções é tangenciado pelas por mudanças sociais, econômicas e culturais todas elas fortemente influenciadas pelo desenvolvimento de novas tecnologias. O desenvolvimento acelerado dos meios de comunicação hoje em dia, em especial os atrelados às chamadas Novas Tecnologias da Comunicação (NTC), tem causado transformações na produção e distribuição de conteúdo informacional, e, consequentemente, no processo criativo e estrutural do storytelling termo este que os norte-americanos usam para se referirem à narrativa do fato jornalístico. A Internet, a chamada “superestrada da informação” (PINHO, 2003, p. 42), já era utilizada para a transmissão de informações antes mesmo da invenção da World Wide Web (WWW ou Web). A partir do uso comercial da Web no início dos anos 1990 é que a grande rede passou a atender demandas jornalísticas devido, principalmente, ao surgimento dos navegadores. É importante frisar que as NTC são caracterizadas por uma lógica de demanda: funcionam por disponibilização e acesso, o chamado modelo todos para todos (PALACIOS, 2003, p.21), e isso influencia de forma direta no campo jornalístico. Destarte, como suporte não estanque de transmissão de informações, a Web se apresenta como um profícuo espaço para a confecção de produtos jornalísticos que exploram ao máximo as mídias na construção da narrativa jornalística. E é neste 1 Mestre em Estudos da Linguagem e formado em Comunicação Social (habilitação Jornalismo) pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT)\campus de Cuiabá. Professor do curso de Comunicação Social da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat)\campus de Alto Araguaia e integrante do grupo de pesquisa “Comunicação, Cultura e Sociedade” da mesma instituição (linha “Jornalismo, Sociedade e Política”). E-mail: [email protected] 2 Mestre em Estudos de Cultura Contemporânea e formado em Comunicação Social (habilitação Jornalismo) pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT\campus Cuiabá. Professor do curso de Comunicação Social da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat)\campus de Alto Araguaia e integrante do grupo de pesquisa “Comunicação, Cultura e Sociedade” da mesma instituição (linha “Comunicação, Cultura e Linguagens midiáticas”). E-mail: [email protected]

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Webreportagem como exercício prático no ensino do Jornalismo Digital

Gibran Luis Lachowski1

Iuri Barbosa Gomes2

RESUMO

Na atual conjuntura comunicacional, o modelo pós-fordista de produção e

distribuição de notícias impõe ao jornalista o acúmulo de funções: da sugestão de pauta

à diagramação do conteúdo, passando pela edição, escolha da foto e outros atributos

relacionados à prática jornalística. O potencial humano é explorado ao máximo na

lógica comercial da informação.

Esse acúmulo de funções é tangenciado pelas por mudanças sociais, econômicas

e culturais – todas elas fortemente influenciadas pelo desenvolvimento de novas

tecnologias. O desenvolvimento acelerado dos meios de comunicação hoje em dia, em

especial os atrelados às chamadas Novas Tecnologias da Comunicação (NTC), tem

causado transformações na produção e distribuição de conteúdo informacional, e,

consequentemente, no processo criativo e estrutural do storytelling – termo este que os

norte-americanos usam para se referirem à narrativa do fato jornalístico.

A Internet, a chamada “superestrada da informação” (PINHO, 2003, p. 42), já

era utilizada para a transmissão de informações antes mesmo da invenção da World

Wide Web (WWW ou Web). A partir do uso comercial da Web no início dos anos 1990

é que a grande rede passou a atender demandas jornalísticas – devido, principalmente,

ao surgimento dos navegadores. É importante frisar que as NTC são caracterizadas por

uma lógica de demanda: funcionam por disponibilização e acesso, o chamado modelo

todos para todos (PALACIOS, 2003, p.21), e isso influencia de forma direta no campo

jornalístico.

Destarte, como suporte não estanque de transmissão de informações, a Web se

apresenta como um profícuo espaço para a confecção de produtos jornalísticos que

exploram ao máximo as mídias na construção da narrativa jornalística. E é neste

1 Mestre em Estudos da Linguagem e formado em Comunicação Social (habilitação Jornalismo) pela

Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT)\campus de Cuiabá. Professor do curso de Comunicação Social da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat)\campus de Alto Araguaia e integrante do grupo de pesquisa “Comunicação, Cultura e Sociedade” da mesma instituição (linha “Jornalismo, Sociedade e Política”). E-mail: [email protected] 2 Mestre em Estudos de Cultura Contemporânea e formado em Comunicação Social (habilitação

Jornalismo) pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT\campus Cuiabá. Professor do curso de Comunicação Social da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat)\campus de Alto Araguaia e integrante do grupo de pesquisa “Comunicação, Cultura e Sociedade” da mesma instituição (linha “Comunicação, Cultura e Linguagens midiáticas”). E-mail: [email protected]

contexto que surge a webreportagem multimídia, um produto informacional que agrega

elementos das mídias tradicionais num só suporte, e que se configura como um reflexo

da influência das NTC na produção jornalística atual.

Para o presente trabalho, o que interessa não é se debruçar sobre regras ou

mesmo modelos pré-estabelecidos, mas sim, entender como a confecção de uma

webreportagem multimídia pode auxiliar no ensino do Jornalismo on-line – em especial

no que se refere à compreensão das características, rotinas e demandas do jornalismo de

terceira geração.

Introdução

Na atual conjuntura comunicacional, o modelo pós-fordista3 de produção e

distribuição de notícias impõe ao jornalista o acúmulo de funções: da sugestão de pauta

à diagramação do conteúdo, passando pela edição, escolha da foto e outros atributos

relacionados à prática jornalística. O potencial humano4 é explorado ao máximo na

lógica comercial da informação.

Esse acúmulo de funções é tangenciado pelas por mudanças sociais, econômicas

e culturais – todas elas fortemente influenciadas pelo desenvolvimento de novas

tecnologias. O desenvolvimento acelerado dos meios de comunicação hoje em dia, em

especial os atrelados às chamadas Novas Tecnologias da Comunicação (NTC), tem

causado transformações na produção e distribuição de conteúdo informacional, e,

consequentemente, no processo criativo e estrutural do storytelling – termo este que os

norte-americanos usam para se referirem à narrativa do fato jornalístico.

A Internet, a chamada “superestrada da informação” (PINHO, 2003, p. 42), já

era utilizada para a transmissão de informações antes mesmo da invenção da World

Wide Web (WWW ou Web). A partir do uso comercial da Web no início dos anos 1990

é que a grande rede passou a atender demandas jornalísticas – devido, principalmente,

ao surgimento dos navegadores. É importante frisar que as NTC são caracterizadas por

uma lógica de demanda: funcionam por disponibilização e acesso, o chamado modelo

todos para todos (PALACIOS, 2003, p.21), e isso influencia de forma direta no campo

jornalístico.

3 No campo jornalístico, o modelo fordista se caracteriza, nas redações, por uma clara divisão de

funções: pauteiro, repórter, redator, diagramador, editor etc. Já no pós-fordista, há um acúmulo de funções. Este fato é presenciado, principalmente, no setor das assessorias de imprensa. 4 “Em termos de trabalho, o “potencial” humano de uma pessoa define-se por sua capacidade de

transitar de um tema a outro, de um problema a outro” (SENNETT, 2008, p.108).

A influência da informática nos processos de difusão da informação é

decisiva. Conduz à adoção de novo modelo informacional distributivo,

dinâmico e hipertextual, no sentido de atender os usuários conectados em

redes eletrônicas, de modo não mais linear, mas respeitando sua estrutura

cognitiva, suas demandas singulares, independentemente da localização

geográfica. Tal dinamicidade pressupõe maior agilidade, precisão,

completeza, consistência e densidade. (TARGINO, 1995, p. 03)

Vivencia-se atualmente, no campo comunicacional, o modelo 2P2 (peer to

peer): a notícia circula de tal maneira que a interatividade passa da mera decidibilidade

para a interatividade implausível5, sendo esta uma das marcas do chamado jornalismo

de terceira geração. Aliás, há todo um histórico do desenvolvimento desse suporte6 no

que tange ao storytelling.

Destarte, como suporte não estanque de transmissão de informações, a Web se

apresenta como um profícuo espaço para a confecção de produtos jornalísticos que

exploram ao máximo as mídias na construção da narrativa jornalística. E é neste

contexto que surge a webreportagem multimídia, um produto informacional que agrega

elementos das mídias tradicionais num só suporte, e que se configura como um reflexo

da influência das NTC na produção jornalística atual.

Para o presente trabalho, o que interessa não é se debruçar sobre regras ou

mesmo modelos pré-estabelecidos, mas sim, entender como a confecção de uma

webreportagem multimídia pode auxiliar no ensino do Jornalismo on-line – em especial

no que se refere à compreensão das características, rotinas e demandas do jornalismo de

terceira geração.

Não se quer aqui, frisa-se, discorrer sobre a recepção de uma webreportagem,

mas sim lançar um olhar de como é possível unir, por exemplo, no ensino da prática do

Jornalismo on-line, os conceitos de multimidialidade, podcast, imagem semovente e

streaming num só produto jornalístico.

O produto jornalístico: notícia

5 O poeta cibernético Philadelpho Menezes (apud COSTA, 2004, p. 09) define como três os tipos de

interatividade: decidibilidade (o leitor controla apenas o processo de leitura da obra), interatividade possível (o autor limita-se a fazer sugestões a um usuário que as organiza como bem entender) e interatividade implausível (quando o usuário pode alterar a leitura da obra de forma definitiva para os próximos leitores). 6 Segundo Luciana Mielniczuk (2003), o webjornalismo se divide em webjornalismo de primeira geração

(na qual os produtos oferecidos eram reproduções de partes do que era veiculado nos jornais impressos), webjornalismo de segunda geração (também conhecida como “fase da metáfora”, na qual links e outros recursos do hipertexto começam a ser explorados) e webjornalismo de terceira geração (na qual características como, por exemplo, interatividade, multimidialidade e customização, por exemplo, estão presentes).

É possível definir notícia como um relato jornalístico de acontecimentos tidos

como relevantes para a compreensão do cotidiano. É importante frisar que uma notícia

passa necessariamente por critérios jornalísticos, tais como atualidade, universalidade,

proximidade e proeminência (ERBOLATO, 2004, p. 59-65). Após isso, ela precisa

passar pelos processos de produção, circulação e consumo. Assim temos o produto

jornalístico: a notícia.

Tendo a notícia em mãos, o jornalista passa a se preocupar com a maneira de

transmitir essa informação. Em geral a regra é informar o máximo possível com o

mínimo de custo e esforço – tanto por parte de quem a produz como de quem a

consome. Ao longo do tempo, viu-se uma transformação na construção do storytelling,

e essas diferentes formas de expressão jornalística se definem pelo estilo e assumem

expressão própria pela obrigação de tornar a leitura interessante e motivadora7.

Em termos técnicos, é comum a utilização da pirâmide invertida, em especial no

jornalismo impresso, para organizar o texto de tal maneira em que os dados apurados

mais importantes estejam nos parágrafos iniciais e os menos relevantes nos parágrafos

finais. Este modelo de escrita roteiriza a leitura da notícia. Há quem acredite que esse

modelo, calcado no uso do lead – o primeiro parágrafo da notícia (quem, o que, quando,

onde, como e por que) –, inibe a imaginação e a criatividade dos jornalistas, além de

estimular a preguiça (NOBLAT, 2003, p. 99). Há, porém, quem veja a pirâmide

invertida como a modernização do texto jornalístico (SODRÉ, 1996, p. 141).

Visões e crenças à parte, o que é cediço é que as NTC contribuíram e tem

contribuído para que se pense e se experimente novas formas de se reportar uma

informação.

O papel (átomos) vai cedendo lugar a impulsos eletrônicos (bits) que podem

viajar a grandes velocidades pelas auto-estradas da informação. Estes bits

podem ser atualizados instantaneamente na tela do computador na forma de

textos, gráficos, imagens, animações, áudio e vídeo; recursos multimídia que

estão ampliando as possibilidades da mídia impressa. (Manta apud PINHO,

2003, p. 115)

O que se observa no Jornalismo On-line, por exemplo, é uma não hierarquização

da leitura por conta, essencialmente, do hipertexto8. Tem-se o que Pierre Lévy (1993)

7 Um exemplo de proposta para tornar a leitura interessante e motivadora é o jornalismo em

quadrinhos, que alia a arte sequencial (EISNER, 1999) com a prática jornalística. Cf. GOMES, Iuri Barbosa. Jornalismo em Quadrinhos: mediações e linguagens imbricadas nas reportagens Palestina – Uma Nação Ocupada e em O Fotógrafo. 2010, 93 f. (Dissertação). Estudos de Cultura Contemporânea, Universidade do Estado de Mato Grosso (ECCO-UFMT). 8 “Tecnicamente, um hipertexto é um conjunto de nós ligados por conexões. Os nós podem ser palavras,

define como leitura não-linear, pela qual é possível quebrar protocolos de leitura e

navegar por vários links9 para se obter um maior aprofundamento sobre o tema

noticiado ou simplesmente se praticar o exercício da ciber-flânerie10

(LEMOS apud

BARBOSA, 2003, p. 177).

O leitor do webjornalismo, através dos links, faz o percurso que quiser ou que

achar mais conveniente. Assim, a abordagem do fato dada pelo jornalista acaba não

sendo tão importante.

O que passa a ser fundamental é o jornalista proceder a uma coleta exaustiva

de elementos, de tal forma que o usuário possa encontrar a sua própria notícia

no relato do acontecimento. Essa forma de construção noticiosa vai ao

encontro daquilo que os editores costumam pedir: deixar os fatos falarem por

si próprios. (CANAVILHAS, 2004, p. 157)

Se as NTC são adaptações de formas tradicionais de comunicação à eletrônica,

que surgem e ressurgem sob as mais diferentes facetas e denominações (TARGINO,

1995, p. 04), é neste novo fluxo comunicacional do Jornalismo On-line que nascem

possibilidades de experimentações estéticas a serviço da organização e apresentação de

uma notícia. A webreportagem multimídia é uma delas.

Reportagem: conceito e aplicação em sala de aula

A função do jornalista é informar, contar histórias (NOBLAT, 2003, p. 37). O

texto é a ferramenta primeira que o profissional faz uso para passar uma notícia ao

público. Um dos gêneros mais nobres do jornalismo é a reportagem, geralmente melhor

compreendida se posta em comparação à notícia\matéria. A inicial corresponde à

extensão e aprofundamento da segunda, com maior investimento na apuração de dados,

assim como no planejamento (pauta) e redação do material jornalístico, ocupando mais

espaço\tempo nos veículos midiáticos e possibilitando uso de extensa série de recursos

editoriais. Além disso, a reportagem valoriza a humanização da narrativa, podendo se

concentrar em determinadas pessoas, situações ou aspectos das histórias, quebrando o

fluxo imediatista, genérico e retilíneo da construção jornalística tradicional.

páginas, imagens, gráficos ou partes de gráficos, sequências sonoras, documentos complexos que podem eles mesmos ser hipertextos.” (LÉVY, 1993, p. 33). 9 Em especial os links disjuntivos, que são abertos em novas páginas. Isso possibilita a simultaneidade na

navegação: enquanto se navega por um endereço, outro é aberto numa nova página ou aba. 10

A ciber-flânerie seria uma “apropriação do ciberespaço pela hipérbole, pela profusão de informação, pelo excesso”. (LEMOS apud SATURNINO, 2012, 07). No caso dos termos flâneur e flânerie, o significado está relacionado com o ato de deambular sem destino, algo de quem pratica a divagação.

Por isso a reportagem é um gênero do jornalismo pouco visto nos impressos

diários e nos sites e blogs dedicados à cobertura dos acontecimentos imediatos, com

atualizações em tempo real, o que também ocorre com a maioria das emissoras de TV e

rádio, principalmente nas de sinal aberto. Nesse sentido, a reportagem torna-se mais

presente no veículo revista, por conta de algumas de suas características, sobretudo a

periodicidade alargada (semanal, quinzenal, mensal, bimensal), o que força a busca de

pautas próprias ou de novos enfoques sobre assuntos já divulgados.

Quanto ao gênero, a reportagem, no Brasil, encontra-se no campo informativo

ou interpretativo. Destacado defensor da primeira categorização, Melo (2003)

compreende-a de tal modo por se tratar de peça jornalística que não visa ao julgamento

de valor e se contrapõe historicamente à opinativa, que do século XVII ao XIX

sintetizou os escritos de imprensa na Europa, sobremaneira na França e na Inglaterra,

com seus artigos de fundo e defesa de causas públicas ou interesses corporativos.

Representantes do outro enquadramento, entre eles Sodré e Ferrari (1986), Erbolato

(2004), sustentam que a reportagem é um esforço para determinar o sentido de uma

ocorrência, indo além de sua conformação factual (pelo esclarecimento, pelo

detalhamento, pela investigação, pela contestação), sendo este enquadramento o mais

comum nas faculdades de Comunicação (habilitação Jornalismo).

A reportagem pode ser expressa em vários formatos, conforme a composição

estilística e o objetivo do levantamento de dados, sendo os mais conhecidos a

investigativa e a literária. A primeira tem como traço marcante a densa consulta a

documentos, visita a cartórios, a Juntas Comerciais, a instâncias judiciais, ao Ministério

Público e, várias vezes, relação com assuntos de conotação política, econômica e social,

no patamar de denúncias de desvios éticos e corrupção monetária. Nesses casos,

recomenda-se cuidado com o uso de informações em off (mais para procura de novos

dados ou confirmações que divulgação), mentiras, contrainformações, boatos, jogos de

aparência, acusações. O mais sensato, então, é garantir consistência na fundamentação

do que for descoberto, equilíbrio entre fontes (sobretudo se conflitantes) e até mesmo

um aguçado senso analítico quanto ao perfil psicológico dos entrevistados

(DIMENSTEIN, 1990, p. 17-33).

Fortes (2007) corrobora com esse pensamento, ressaltando a possibilidade da

utilização de equipamentos tecnológicos nas investigações (microfimadoras e

levantamento via internet, por exemplo), a postura de ir além das declarações das fontes

de informação e a reflexão sobre técnicas delicadas, como infiltração, dissimulação,

disfarce e gravação escondida.

A reportagem literária vale-se da narrativa do “contar histórias” para atrair o

leitor ao texto e, gradativamente, repassar-lhe os dados coletados. Nesse sentido,

relativiza a estrutura de “pirâmide invertida”, que parte da informação mais

importante\atual dentre as apuradas para a de menor relevância, como se vê no

convencional lead. Isso pode ser feito com o uso de inúmeros recursos típicos da

literatura, entre eles a caracterização detalhada de personagens, a composição da

paisagem em que ocorrem os fatos e seu desenrolar (casa, fazenda, rua, bairro, cidade),

a reprodução de sons de animais e máquinas, a menção de gírias e palavras típicas de

um ambiente social ou lugar do país, a utilização de comparações e metáforas

(COSSON, 2001).

Há radicalizações, com reportagens em tom de contos, crônicas e até em formato

de sonhos, quando se constrói cenas imaginárias, que no texto serão reveladas como

tais, mas mantendo a tênue ligação realidade-ficção. No entanto, por mais efusiva que

pareça a narrativa é obrigação do jornalista deixar explícito o que é real e o que

corresponde a um desejo de realidade, pois, afinal, a base do jornalismo reside em

informar, interpretar e opinar acerca do que compõe o cotidiano palpável.

Por esse tipo de elaboração a reportagem é terreno fértil para a confecção de

perfis, de pessoas (mais comuns), contudo também de prédios, árvores, animais e

outros. A partir da centralização num ente\personagem da história pode-se aprofundar

na edificação de sua personalidade, recorrendo a pessoas próximas, desafetos,

comentaristas\analistas. Se o foco é um ser não humano, trabalha-se para dar-lhe aura de

sensibilidade por meio de experiências vivenciadas dentro de si ou em seu entorno

(KOTSCHO, 2004).

Com base nesse arcabouço conceitual é que se busca trabalhar com as

disciplinas ligadas à produção jornalística nos semestres iniciais (Técnicas de

Reportagens e Entrevistas, no 2º semestre; Reportagem e Redação I, no 3º; e

Reportagem e Redação II, no 4º), sobretudo nesta última, que representa a passagem do

texto noticioso para o mais apurado, extenso e complexo. A ementa da referida

disciplina possibilita ao estudante condições de efetuar o jornalismo interpretativo com

responsabilidade social, ética e competência técnica, valorizando a conexão da apuração

jornalística com o agir ético; a relação de mecanismos de construção textual literária

com a fidelidade à verdade no relato dos fatos; o aperfeiçoamento de procedimentos de

concepção, coleta e elaboração.

A concepção de reportagem é explanada aos acadêmicos a partir de um conjunto

de atividades acadêmicas que inclui tópicos concernentes à bibliografia do plano de

ensino de Reportagem e Redação II, leitura de obras, debates acerca de temas correlatos

à disciplina, elaboração de pautas, coleta de dados, edição e veiculação de materiais

(com fotografias) em meios midiáticos que o curso possui –entre eles dois blogs, sendo

um deles usado especificamente para a publicação de peças de Jornalismo Digital.

Estimula-se que as pautas partam da iniciativa dos estudantes, que tenham

interesse público e sejam, se não inéditas em termos de assunto, ao menos

potencializadoras de informações novas/reveladoras, distanciando-se dos “materiais

frios” (atemporais), que podem colocá-los em condição de comodismo, vez que não os

incentivam a se atentar para o que mais palpita na realidade local. O planejamento deve

conter apresentação do assunto pretendido, enfoque definido, rol de fontes, sugestões de

perguntas a cada uma e contatos das mesmas, assegurando um bom primeiro passo para

a coleta de informações na rua. Afinal, a pauta “é o ponto de partida da atividade

jornalística. Deve ser dada atenção especial a ela, de forma a torná-la rica e substancial.

A pauta deve conter os rumos necessários para a consolidação da matéria proposta, de

preferência, pelo repórter” (FORTES, 2008, p. 79).

Não raro as pautas são corrigidas para que tenham maior conjunto de

informações e ajuste de enfoque a fim de que o mesmo contemple a noção de interesse

público. Do mesmo modo, as primeiras versões das reportagens retornam para

melhorias em termos de gramática, redação jornalística e complementação (ou

checagem) de dados.

Orienta-se a realização de entrevistas com diversos tipos de fontes (como

autoridades, usuários de serviço público, especialistas, beneficiários de projetos, a além

do a documentos), evitando-se a supervalorização das oficiais e, ao contrário, por se

destacar o “jornalismo de concepção social”, priorizando-se depoimentos, relatos,

denúncias comprovadas de pessoas não-proeminentes e com menor expressão no status

quo. Cobra-se que os diálogos com os entrevistados sejam precedidos de consistente

pesquisa acerca da questão investigada, para que informações mal explicadas sejam

percebidas e até mesmo contestadas. Consulta a documentos e reprodução de

informações levantadas junto a outras pessoas podem estruturar sólidos

questionamentos.

Para além das entrevistas, busca-se apontar técnicas de apuração baseadas no

acompanhamento de situações, vivência de experiências e potencialização de sentidos

humanos (tato, olfato, paladar, visão e audição). Desse modo consegue-se uma narrativa

mais humanizada e detalhada (mostrando o universo interno de uma cadeia pública ou

de um asilo para idosos.

A atenção ao tato, olfato, paladar, visão e audição enquanto instrumentos a

serem inseridos no ferramental de apuração dos estudantes é despertada mais

especificamente por meio do que se convencionou chamar de “laboratório de sentidos”.

São aulas em que os acadêmicos têm contato manual, sentem cheiros e gostos de

alimentos (de olhos fechados), apreciam músicas e descrevem detalhadamente

ambientes da universidade. O objetivo é que agucem os sentidos, agregando isto às

situações jornalísticas.

Inspira o laboratório a conduta minuciosamente curiosa de Tchékhov (2007, p.

35-81), expressa em obra sobre viagem à colônia penal russa de Sacalina, em 1890, na

qual apresenta volumoso elenco de técnicas de coleta de dados, entre os quais: ter à mão

caderno para anotar dados, observações, formas de se falar; participar de atividades

festivas e entabular conversas com diversos tipos de pessoas; dar importância ao que o

rodeia; prestar atenção em detalhes de rituais, cerimônias, eventos marcantes; fazer

vistorias sem aviso prévio, para descobrir funcionamento rotineiro de um lugar; dar

importância e checar boatos; registrar sinais de distinção social e buscar motivos;

perceber mistura de passado e presente em arquitetura e decoração de residências;

guardar papéis, folhetos, documentos e similares; dar às entrevistas tom de conversas;

contar, medir, pesar.

Recorte: o ensino de Jornalismo Digital

Para o presente trabalho será levado em consideração os conceitos acima citados

e que são utilizados no ensino da disciplina Jornalismo Digital11

. As ementas trazem

conceitos que hoje, inclusive, pouco são usados, mas que, claro, mostram-se úteis aos

alunos, uma vez que, para muitos, é o primeiro contato com essa linguagem.

O conteúdo programático é dividido em dois semestres, com 60h/a cada um. Em

Jornalismo Digital I, no 5º semestre, são apresentados alguns conceitos referentes à

cibercultura e tudo que a ela se refere (questão de direitos autorais, imagens na Internet

etc), às quebras de paradigma que o novo suporte ocasionou ao storytelling, e são

trabalhadas algumas ferramentas úteis à prática jornalística na Web – sites de podcast,

11

Por questões exigidas pelo evento, não será identificada a instituição de onde a prática do ensino serviu de base para a construção desta pesquisa.

galerias de fotos on-line, confecção e manutenção de blogs.

Em Jornalismo Digital II, no 6º semestre, são feitas avaliações técnicas e críticas

de páginas da Web, exercícios práticos de confecção e envio de newsletters, postagem e

cobertura jornalística de eventos realizados na própria universidade e de fatos ocorridos

na cidade. Busca-se com isso agregar as demais disciplinas no curso: Técnicas de

Reportagens e Entrevistas, Reportagem e Redação, Fotojornalismo, Assessoria de

Imprensa, Telejornalismo e Radiojornalismo. Assim, esta prática interdisciplinar segue

as propostas dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs).

Partindo desta interdisciplinaridade, que vai ao encontro da multimidialidade do

Jornalismo On-line, é proposta aos alunos a confecção de uma webreportagem

multimídia no segundo semestre da disciplina (Jornalismo Digita II), pois entende-se

que neste momento acadêmico os alunos já estão preparados, teórica e tecnicamente,

para a execução desta atividade.

Para fins pedagógicos, a proposta de uma webreportagem multimídia se mostra

como um instrumento útil que alia, destarte, a teoria e a prática.

Webreportagem multimídia: a prática do Jornalismo On-line

A questão é que essa coleta exaustiva de informações se torna importante numa

reportagem a ser veiculada na Web. Ressalta-se que o que se aplica ao jornalismo

impresso vale para o suporte on-line, a diferença é o potencial informativo agregado, em

especial, à multimidialidade.

No contexto do Jornalismo on-line, multimidialidade refere-se à

convergência dos formatos das mídias tradicionais (imagem, texto e som) na

narração do fato jornalístico. A convergência torna-se possível em função do

processo de digitalização da informação e da sua posterior circulação e/ou

disponibilização em múltiplas plataformas e suportes, numa situação de

agregação e complementaridade. (PALACIOS, 2003, p. 18)

Somam-se a isso a interatividade e a hipertextualidade, próprias do jornalismo

de terceira geração. Com isso, há uma ruptura no modelo tradicional de se apresentar

uma reportagem. Por maior que seja o texto, por mais detalhes e por mais elementos

gráficos que se possa publicar num jornal ou revista, ainda assim na Web esse material

ganha proporções elásticas (hipertextualidade), e isso possibilita uma navegação e uma

fruição comunicacional diferentes das dos meios tradicionais.

Em sala de aula, como prática do Jornalismo on-line, busca-se utilizar dos

recursos disponíveis para se confeccionar a webreportagem multimídia, em especial

aqueles que possibilitem uma navegação rápida, sem os empecilhos de um

carregamento demorado da página em questão.

Um exemplo de webreportagem multimídia é “Ambulantes no Trem12

”, que une

todas as ferramentas trabalhadas em sala de aula ao longo dos dois semestres com os

alunos. Feita em Flash13

, ela traz o material usado como referência na construção da

reportagem, galeria de fotos, entrevistas em áudios e vídeos – além do making off do

site e dos créditos.

É evidente que neste exemplo há todo um trabalho de programação por trás,

desde a confecção e disposição das informações e mídias até a própria publicação do

material na Web. O que se observa é que a reportagem nesses moldes evidencia-se

como um pleno exercício de construção hipertextual.

Ferramentas: armazém on-line de instrumentos multimídia

Para a construção da webreportagem multimídia na disciplina de Jornalismo

Digital II, utiliza-se também a linguagem Flash. Um instrumento útil e de fácil

manuseio que emprega essa linguagem é o Prezi14

, um dispositivo on-line de cadastro

gratuito que a piori é usado para criar apresentações de trabalhos – uma espécie de

sucessor do PowerPoint, da Microsoft. Com o Prezi é possível construir ambientes

tridimensionais mesclando imagens, sons e vídeos – ou seja, a famosa multimidialidade

do Jornalismo On-line. Com a amálgama de um podcast (arquivo de áudio) com uma

fotografia, por exemplo, tem-se o que Buitoni (2011) define como imagem semovente.

A partir de imagens estáticas, sem usar o movimento do vídeo, o trabalho

com a imagem fotográfica constrói um formato híbrido que interage com a

fala; o detalhe focalizado dá mais expressividade às palavras que estão sendo

ditas naquele momento. [...] estamos diante de uma nova forma de narrativa

audiovisual: a imagem potencializa o sentido da palavra sonora. Em vez de

apenas denotar, a imagem “semovente” nos convida a um jogo exploratório.

(BUITONI, 2011, p. 182)

Com a mescla destas linguagens num suporte como o Prezi, o leitor torna-se

proativo: ele faz o percurso, vai e volta e se prende a este ou àquele aspecto da

reportagem. Porém, é necessário lembrar que esse tipo de material

12

Disponível em: http://www.ambulantesnotrem.com/# 13

Esta linguagem trabalha com animações vetoriais. A principal característica dela é o pouco peso dos arquivos, ou seja, estes não demoram para serem carregados – o que é fundamental uma vez que a maioria dos leitores fazem o chamado varrimento visual (CANAVILHAS, 2004). Aliás, essas animações vetoriais em flash são visualizadas ao mesmo tempo em que são vistas no navegador. É uma técnica conhecida como streaming. 14

URL: http://prezi.com

não é essencial à compreensão do texto e é lido como unidade independente.

Isso quer dizer que a possibilidade não é, simultaneamente, uma

impossibilidade: o usuário pode recorrer ao conteúdo, mas, se não o fizer,

receberá informação suficiente para interpretar a notícia. (CANAVILHAS,

2004, p. 164)

Porém, deixa-se claro que são propostas de prática-ensino, não dogmas

comunicacionais, até porque o

recente surgimento e desenvolvimento da atividade jornalística na Internet,

como adverte o jornalista Leão Serva (em Moherdaui, 2000: 11), “ainda

espera um conjunto de procedimentos que consolide as diversas novidades

impostas pelas características dos novos meios e, ao mesmo tempo, aponte

aquilo que, por ser essencial à atividade jornalística, permanecerá nestes

novos meios”.” (PINHO, 2003, p. 113)

Assim, para o exercício prático de uma webreportagem multimídia os alunos

aprendem a utilizar ferramentas como Animoto15

(imagens semoventes), SoundCloud16

(podcast), Photo Story 3 (áudio e fotografia em vídeo). Todo o material apurado será

editado em sala de aula e posteriormente montado no Prezi. A finalização dar-se-á com

a publicação da webreportagem multimídia no blog de cada acadêmico.

É a primeira vez que uma proposta como esta é realizada no curso, sendo que

trata-se de um trabalho ainda em andamento. Ao final deste semestre letivo, todas as

webreportagens serão publicadas e divulgadas. Como forma de incentivo, esse material

poderá, a critério de cada aluno, ser inscrito em congressos que abarquem esse tipo de

prática – como o Expocom, da Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da

Comunicação (Intercom).

Considerações finais

A prática do jornalismo hoje em dia tem combinado ferramentas tecnológicas e

ideias inovadoras – prova disso são as ferramentas gratuitas disponíveis na Web e que,

claro, possuem, claro, upgrades a quem paga por elas. E a apropriação dessas

ferramentas altera o próprio fazer jornalístico (CAPRINO; ROSSETTI; GOULART,

2008, p. 92).

É interessante notar que uma proposta como essa permite a imersão do aluno na

elaboração estética e informativa do que apurou – bem como uma navegação fluida por

parte de quem lê a webreportagem. Tendo em vista os Parâmetros Curriculares

15

URL: http://animoto.com/ 16

URL: https://soundcloud.com/

Nacionais (PCNs), a interdisciplinaridade faz-se um útil instrumento no ensino superior,

principalmente por se tratar da formação de profissionais dos quais é exigida uma

contrapartida social.

REFERÊNCIAS

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