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CETAI – CENTRO DE TEOLOGIA APLICADA INTEGRADA FJC – FACULDADE JOÃO CALVINO GRADUAÇÃO EM TEOLOGIA O MENOR INFRATOR E SUA RESSOCIALIZAÇÃO ATRAVÉS DA EDUCAÇÃO: A AÇÃO SOCIAL EM JEQUIÉ/BA EDHER MICHELI RAMOS WELINGTON LOPES CELESTINO

Welington - ressocialização do menor infrator - mono teologia - fjc 2011

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CETAI CENTRO DE TEOLOGIA APLICADA INTEGRADA

FJC FACULDADE JOO CALVINO

GRADUAO EM TEOLOGIAO MENOR INFRATOR E SUA RESSOCIALIZAO ATRAVS DA EDUCAO: A AO SOCIAL EM JEQUI/BA

EDHER MICHELI RAMOS WELINGTON LOPES CELESTINOBARREIRAS/BA2011

EDHER MICHELI RAMOS

WELINGTON LOPES CELESTINO

O MENOR INFRATOR E SUA RESSOCIALIZAO ATRAVS DA EDUCAO: A AO SOCIAL EM JEQUI/BA

Monografia apresentada ao Curso de Graduao em Teologia, da Faculdade Joo Calvino (FJC), como requisito para obteno do ttulo de Bacharel em Teologia.Orientador: Prof. MSc. Lcia Marques Vidal

BARREIRAS/BA2011

E Jesus, tendo ouvido isso, disse-lhes: Os sos no necessitam de mdico, mas sim os que esto doentes; eu no vim chamar os justos, mas sim os pecadores (Mc 2.17).AGRADECIMENTOS

Deus, pelo seu amor incondicional ao me conceder de forma vitoriosa mais esta etapa em minha vida. minha famlia pelo incentivo, amor, compreenso para concluso deste trabalho.Aos professores que muito nos deram para contribuir para nosso aprendizado.Aos colegas pelo convvio nestes tempos em que somou mais aprendizado em minha vida pelas experincias contadas. Coordenao do curso de Teologia da Faculdade Joo Calvino em Jequi, Pastora Mirian Lopes, pela pacincia e luta para que alcanssemos nosso objetivo.

Enfim, a todos que contriburam direta ou indiretamente para a concluso dete projeto, Deus continue a abeno-los.

EDHER MICHELI RAMOS

AGRADECIMENTOS

Deus que sempre me ajudou nos momentos de dificuldades e me alegrou quando me via em momentos de tristeza quando me sentia sem condies de continuar nesta jornada. minha famlia porque sempre me incentivou a crescer, em especial minha irm Mirian, que com insistncia me fez continuar.Aos professores do curso que sempre se mostraram dispostos a nos mostrarem novos caminhos do aprendizado. Pastora Mirian Lopes Celestino, que sempre insistiu para minha permanncia no curso e pela sua concretizao. Aos colegas de turma pelos momentos de convivncia e alegria, tristezas, vitrias.Meu muito obrigado!!!

Deus continue abenoando a todos at a volta de nosso salvador Jesus Cristo.WELINGTON LOPES CELESTINO

resumo

O ato infracional nada mais do que a conduta descrita como tipo ou contraveno penal, cuja denominao se aplica aos inimputveis. Ocorre que, na maioria das vezes, esses menores no praticam atos condizentes com a sua condio legal de incapacidade, quando surge ento a delinquncia juvenil, que segundo diversos doutrinadores e diferentes opinies, apresentam causas diversas, uns vislumbrando o fato como resultado de uma situao de abandono a que o menor est exposto, outros entendendo-o como um modo de viver escolhido pelo prprio adolescente, no raras vezes estimulados pelos pais, entregando-se atividade delitiva conscientes do caminho escolhido. A anlise da eficcia das medidas scio-educativas da legislao atual urgente para que se possa aferir se esto sendo eficientes para ressocializar o adolescente infrator, ou esto lhes oferecendo chances reiteradas de persistir na criminalidade dada a sua relativa brandura. Na verdade, o direito do menor decorre do famigerado direito penal, essencialmente repressivo, mas que devido a sua falibilidade, vem tornando-se mais recuperativo, contudo essa poltica ainda pouco utilizada, mesmo porque no tem demonstrado resultados positivos e tem recebido muitas crticas. Neste nterim, a igreja vem desempenhando seu papel no sentido de resgatar menores de condies de vida nas quais podem ir de encontro com aes infratoras. O processo educacional tem uma grande parcela de contribuio nessa ressocializao, pois a travs da conscientizao e da descoberta do papel social a ser desenvolvido na sociedade que o ser humano tornas capaz de decidir seus rumos. A metodologia foi a pesquisa bibliogrfica a partir de pesquisa de artigos em sites como Scielo, Lilacs, Libertas, livros, revistas, entre outras. Conclumos que ainda existe muito a ser feito, mesmo com a promulgao do ECA, nossa sociedade ainda precisa acordar para um problema crescente em nossa sociedade que cabe tambm a ns sermos co-ajudadores nesse processo de ressocializao do menor infrator. Palavraschave: Menor infrator. Educao. Ao preventiva. Ao social da igreja. ABSTRACT

The infrational act nothing more is of what the described behavior as type or criminal contravention, whose denomination if applies to the inputalies. He occurs that, most of the time, these minors do not practice acts with its legal condition of incapacity, when appears then youthful delinquency, that according to diverse doctrinally and different opinions, diverse causes present, ones glimpsing the fact as resulted of an abandonment situation the one that the minor is displayed, others understanding it as a way of living chosen for the proper adolescent, not rare times stimulated for the parents, delivering itself it the criminal activity conscientious of the chosen way. The analysis of the effectiveness of the partner-educative measures of the current legislation is urgent so that if it can survey if they are being efficient to ressociality the adolescent infractor, or is offering reiterated possibilities to them to persist in given crime its relative brander. In the truth, the right of the minor elapses of the famous criminal law, essentially repressive, but that had its fallibity, it comes becoming recuperative, however this politics still little is used, exactly because it has not demonstrated resulted positive and it has received many critical ones. In this meantime, the church comes playing its role in the direction to rescue minors of life conditions in which infralogs can go of meeting with action. The educational process has a great parcel of contribution in this ressocialization, therefore it is the traverse of the awareness and of the discovery of the social paper to be developed in the society it is that the human being you become capable to decide its routes. The methodology was the bibliographical research from article research in sites as Scielo, Lilacs, You free, books, reviewed, among others. We conclude that still it very exists to be fact, same with the promulgation of the ECA, our society still needs to wake up for an increasing problem in our society that also fits we to be co-helps in this process of ressocialization of the lesser infractor. Key-words: Lesser infractor. Education. Injunction. Social action of the church.SUMRIO1 INTRODUO8

2 O PROCESSO EDUCACIONAL: INSTRUMENTO DE TRANSFORMAO DO SER HUMANO13

2.1 Desigualdade social e pobreza15

2.2 As desigualdades sociais no Brasil17

3 O ATO INFRACIONAL COMO EXPRESSO DA VIOLNCIA URBANA: EXPERINCIA NA CIDADE DE JEQUI/BA22

3.1 O adolescente e o ato infracional: uma viso crtica28

4 A IGREJA ENQUANTO AGENTE DE TRANSFORMAO SOCIAL32

4.1 Aes sociais da igreja32

4.2 A igreja e a assistncia sociedade33

5 METODOLOGIA35

CONSIDERAES FINAIS36

REFERNCIAS40

1 INTRODUO

Entendemos que menores em situao de risco so aquelas que por alguns motivos lhes foi negado o direito bsico considerado indispensvel para que sua formao seja completa. Estas menores em sua maioria so filhos de pais viciados em drogas, moradores de rua e em alguns casos filhos de prostituta, que abandonam as menores na rua fazendo com que elas sofram muitos tipos de violncia, principalmente a violncia sexual, isto crime e fere principalmente o artigo 5 do ECA (Estatuto da Criana e do Adolescente) diz que nenhuma criana ou adolescente ser objeto de qualquer forma de negligencia, discriminao, violncia, crueldade e opresso, punido na forma da lei qualquer atentado, por ao ou omisso, aos seus direitos fundamentais (ECA, 2007, p.10).

Com isso, percebe-se, que menores que se encontram nesta situao ou grupo, carecem de uma ateno especial, visto que, a educao gera e transmite conhecimentos que podem transformar a vida das mesmas. Contudo, para estas menores, j consideradas infratoras, o processo educacional deve ser oferecido de forma diferenciada de tempo e espao, partindo do pressuposto que algumas delas chegam determinada idade sem freqentar ou participar de nenhuma atividade considerada educativa.

Originados de famlia pobres, sem base educacional, maioria desempregados, onde muitas mes so a provedora do lar, esses menores no conseguem e no tem uma referncia familiar que os permita encontrar abrigo diante das adversidades. Assim, lanam-se nas drogas e criminalidade, no conseguindo retornar ao antigo lar.

Diariamente nos jornais as reportagens apresentam casos com um contnuo aumento do envolvimento de menores e suas mortes com o trfico e a criminalidade, percebe-se que a ao e atuao dos governantes e instituies de segurana no conseguem ou no tem estrutura que consiga minimizar essa situao. A Organizao Mundial da Sade (OMS), apresentou estimativas que em 2000 o nmero de mortes no mundo foi de 1,6 milhes de pessoas com ligao direta com a violncia (PRIULI e MORAES, 2005).

No Brasil esse nmero foi de 23 por 100 mil habitantes; a Colmbia de 61,6 por 100 mil. O nmero mais absurdo foi o da frica com 22,2 por 100 mil habitantes. Em alguns pases europeus esse nmero cai para 1,1; 0,7; 0,9 por 100 mil habitantes.

Em 1990, o Brasil criava o Estatuto da Criana e do Adolescente, afastando-se das legislaes tradicionais para a infncia, baseadas na doutrina da situao irregular, que colocava uma diviso entre as crianas e os menores, ou seja, os meninos e meninas de lares ditos desestruturados, os abandonados e/ou perigosos. Tais leis antigas enfatizavam a responsabilidade individual sobre a pblica, deslocando a um plano secundrio a necessidade de implantar as polticas sociais que garantissem a universalidade dos servios e os direitos bsicos.

O Estatuto, baseado na doutrina da proteo integral, assegura s crianas e adolescentes tais direitos. No caso de cometimento de ato infracional, esto destinadas medidas de carter socioeducativo e tambm protetivas, sem deixar de responsabilizar os adolescentes.

A partir deste momento inicia-se uma corrida contra o ato infracional do menor diga-se com cobertura legal, isso o que os adolescentes dizem: sou de menor, no vou pra cadeia, deixando de mos atadas toda uma sociedade que no tem como se defender, pois as polticas de proteo s existem de fato no papel, mas na prtica as polticas de segurana, acolhimento e educao preventiva e ressocializao do menor infrator no se adquam a nossa realidade nem encontram apoio e estrutura suficientes para a realizao de um trabalho eficiente.

O ECA uma conquista inquestionvel, entretanto se v a alta demanda nos ltimos anos e a falta de estrutura das instituies responsveis pela ressocializao desses jovens, deixando margem para a reincidncia.

O que se percebe o crescente ndice de infraes cometidas por adolescentes, demonstra o aumento da crise econmica e a incapacidade do Estado em promover o reequilbrio social. A violncia destes adolescentes, em sua esmagadora maioria, nada mais reflete do que a prpria violncia do meio em que vivem.

Segundo Priuli e Moraes (2005), at meados da dcada de 1990, o crescimento da violncia parecia estar restrito s grandes capitais da regio sudeste do Brasil, hoje as taxas esto crescendo em capitais mdias e mesmo pequenas. A regio sudeste, mais rica e mais desigual, tem as taxas mais insistentemente altas. Este fato mostra que no se pode atribuir pobreza extrema da regio o aumento das taxas de homicdios.

Porm, o Estatuto da Criana e do Adolescente (ECA) no artigo 53, assegura que a criana e o adolescente tm direito a educao, visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exerccio da cidadania e qualificao para o trabalho, assegurando-lhes igualdade de condies para o acesso e permanncia na escola.

Os registros histricos sobre o abandono na infncia parecem estar ento, intimamente ligados a histria do tratamento dado ao abandonado e ao que abandona. Tal tratamento est vinculado, por sua vez, uma concepo de infncia que se altera com o passar dos anos.

Infelizmente nem toda cidade tem rgos cujos programas atendem com medidas socioeducativas para menores. O apoio s famlias fator primordial para que a ressocializao acontea em sua totalidade.

A esse respeito, o art. 100 do E.C.A afirma que: " Na aplicao das medidas levar-se-o em conta as necessidades pedaggicas, preferindo-se aquelas que visem ao fortalecimento dos vnculos familiares e comunitrios."

A famlia tem papel importante na reeducao desse jovem, pois na famlia que a criana encontra a base emocional, afetiva e educacional para relacionar-se com os outros bem como desempenhar seu papel na sociedade de modo a contribuir para o crescimento dela.

As polticas pblicas em nosso pas no conseguem abarcar todos os conflitos vivenciados pelos jovens de comunidades carentes, deixando-os margem da prpria sorte.

Para Priuli e Moraes (2005), a criao do Estatuto no foi para ratificar uma situao de fato j consolidada na realidade cotidiana ou nas decises dos Tribunais. Ele se imps como matriz alternativa do imaginrio e de prticas sociais, incorporando preceitos modificadores de hbitos, usos e costumes at ento vigentes no trato com a criana e com o adolescente. Desse modo, o pensamento incorporado na lei tomou a dianteira, deixando para trs a prtica sedimentada, cabendo aos operadores do Direito e a todos ns acertar o passo a caminho da construo da cidadania daqueles.

Assim, interessa mais sociedade que esses infratores sejam corretamente tratados, sendo desnecessria sua segregao social para o intuito de resgat-los cidadania e no colaborar para seu ingresso na marginalidade, forando-o ao convvio com elementos de outras comunidades, de outras histrias.

Diante disso o tema proposto para esta pesquisa o Menor infrator e educao. Sendo delimitado pelo ttulo O menor infrator e sua ressocializao atravs do processo educacional. A problemtica a ser respondida a seguinte: De que forma a educao tem interferido na formao da cidadania da criana em situao de risco social, sendo este considerado um menor infrator? Elaboramos como objetivo geral: Perceber como o processo educacional tem interferido na formao da cidadania do menor infrator. E como objetivos especficos:

- identificar como os profissionais em educao tm trabalhado no sentido de ressocializar estes menores- como os menores em situao de risco social tem se portado diante da perspectiva de mudana de vida;- identificar polticas pblicas que tem investido e trabalhado para que estes indivduos tenham uma vida diferente;- identificar o papel social da igreja diante de sua aes sociais realizadas atravs prtica educacional existente nas igrejas.

A relevncia deste trabalho se d, a partir do momento que se percebe que toda criana, carece de ateno especial. Quando se trata de menor infrator ou em situao de risco, a educao se torna um suporte para a transformao das vidas destas, que so por diversos fatores levados ao estado muitas vezes de marginalizao.

Na metodologia, para realizar essa pesquisa, de carter reviso de literatura, ser utilizada o instrumento bibliogrfico, buscando compilar as discusses acerca do assunto por diferentes autores. A busca por artigos e trabalhos que tratam doa assunto se deu atravs de sites como Scielo, Libertas, Lilacs e livros, revistas que tratam doa assunto em questo, apresentado os diferentes rgos que oferecem subsdios para atendimentos ao menor em situao de risco social e como se d estes trabalhos e, principalmente o considerado menor infrator, por conta de suas aes que vo de encontro ao que se espera de um menor ainda em desenvolvimento e que tem convvio familiar em seu cotidiano.

2 O PROCESSO EDUCACIONAL: INSTRUMENTO DE TRANSFORMAO DO SER HUMANOCompreende-se educao como conceito, tudo aquilo que se faz em beneficio prprio e tudo aquilo que se faz tentando alcanar a perfeio. Ela se refere essencialmente promoo de uma pessoa bem integrada, capaz de assumir um papel responsvel e ativo na sociedade, compreendendo o desenvolvimento de capacidades referentes ao intelecto e ao desenvolvimento social (cognio), aprendizagem de habilidades ativas prticas (aprendizagem psicomotora) e o desenvolvimento de emoes, atitudes e valores (aprendizagem afetiva).Pode ser considerada tambm como uma forma de dominao de indivduo sobre outro e a ao que os adultos exercem sobre os menores. Contudo, ela deve ser considerada o principal fator para o desenvolvimento do ser humano em sua totalidade (NETO, 2002).

Num sentido mais amplo, a educao compreende tudo aquilo que possa contribuir para o desenvolvimento da pessoa, sobre todos os aspectos fsico e motor, intelectual, esttico, tico, religioso e no pode ser atribudo a fatores genticos. Com isso, percebemos que os processos educacionais se compreenderam por ser uma constante transformao, devendo respeitar os limites que os sujeitos nesse processo carregam consigo.

Para isso, o professor deve se ver como um condutor e no como um mero transmissor de conhecimentos, considerando cada indivduo como nico, com suas diferenas e particularidades, entendendo tambm, que cada aluno constri o conhecimento sobre um caminho prprio, atribuindo valores individuais aos elementos adquiridos em todo seu processo de aprendizagem.

Assim, a escola um direito. Todo indivduo deve ter acesso a um local onde aprofundem sua capacidade de criao e elaborao de conhecimentos, tambm deve ter acesso aos conhecimentos j descobertos e desenvolvidos pela cincia. Segundo Kruppa (1994):

A escola, inclusive, deve se organizar para superar os limites que a diviso de trabalho existente na produo, coloca aos trabalhadores, retornando a eles o conhecimento produzido nas situaes coletivas de trabalho. A escola deve ser um meio que possibilite ao conjunto da populao a discusso e a interferncia na direo da sociedade, nos nveis econmico, poltico e social (KRUPPA, 1994, p.32).

A Educao, como geradora e portadora da transmisso do conhecimento, se transforma na principal chave de mudana. O direito da criana de 0 a 6 anos educao assegurado no art. 227 da Constituio Federal de 1988 e reafirmado no art. 53 do Estatuto da Criana e do Adolescente-ECA 1990. Com isso, tanto a Constituio quanto o Estatuto estabelecem diretrizes e normas essenciais para o desenvolvimento de polticas pblicas de garantia educao institucional e de polticas integradas a infncia.

A insero desse direito, na esfera educacional, justifica-se no processo histrico de construo e evoluo de aes sociais e, principalmente, nas mudanas de concepes sobre criana, infncia, desenvolvimento infantil e aprendizagem, concebidas ao longo desse processo.

Assim pensando, a educao deve ser vista como fator essencial para todo processo de desenvolvimento de todos os seres humanos sem distino sobre qualquer aspecto, ou seja, ela deve ser oferecida de maneira igual, com objetivo nico, que a formao do individuo como ser integrado e integrante da sociedade. Pois, a funo mais nobre e primordial da escola est em socializar o saber sistematizado.

Esta funo adquire naturalmente um trao permanente que ultrapassa circunstncias geogrficas, econmicas e scio-polticas: o de constituir-se em meio de prover s novas geraes o domnio do saber generalizado na experincia scio-histrica da humanidade (LIBNEO, 1990).

Portanto, quando falamos em educao e atribumos mesma estes valores, a temos como sendo igualitria, contudo, percebemos que apesar de tanta importncia ela no oferecida de maneira igual para todos, por diversos motivos, e por isso a falta desta, causa alguns desequilbrios considerados nocivos sociedade, isto , a educao que deveria ser igualitria a mesma que exclui.

Assim, entendemos que o processo educacional deve ser focado com bases slidas em estruturas que possam ser construdas andares infinitos de conhecimentos, contudo, esta construo necessita de uma real ateno, visto que estamos nos referindo criana no processo de formao cognitiva.

Com esta compreenso, a educao como instncia da sociedade deve est voltada segundo Luckesi (1993), para a formao da personalidade dos indivduos, para o desenvolvimento de suas habilidades e para a veiculao dos valores ticos necessrios convivncia social, nada mais tem que fazer do que se estabelecer harmonia entre o indivduo e o meio social j existente.

2.1 Desigualdade social e pobreza

Embora a sociedade humana tenha se transformado de maneira fantstica na histria, a estrutura da desigualdade parece ter-se mantido similar. Ser sempre difcil afirmar se hoje nossas sociedades so mais ou so menos desiguais, porque isto depende muito do olhar. Quem primazia o olhar tico talvez conclusse que so piores, porque sabemos muito mais que antigamente, temos muito mais recursos tecnolgicos disponveis, estudamos sistematicamente durante a vida, e, mesmo assim, mantemos sociedades eticamente condenveis, cada vez mais condenveis. Quem primazia o olhar tecnolgico tende a declamar os feitos obtidos no domnio da natureza atravs da cincia, desde a inveno da roda at ao computador.

No mundo em que vivemos percebemos que os indivduos so diferentes, estas diferenas se baseiam nos seguintes aspectos: coisas materiais, raa, sexo, cultura e outros. Os aspectos mais simples para constatarmos que os homens so diferentes so: fsicos ou sociais. Constatamos isso em nossa sociedade, pois nela existem indivduos que vivem em absoluta misria e outros que vivem em manses rodeadas de coisas luxuosas e com mesa muito farta todos os dias enquanto outros nem sequer tem o que comer durante o dia. Por isso vemos que em cada sociedade existem essas desigualdades, elas assumem feies diferentes porque so constitudas de um conjunto de elementos econmicos, polticos e culturais prprio de cada sociedade.

Vrias teorias aparecem no sculo XIX criticando as explicaes sobre desigualdade, entre elas a de Karl Marx, que desenvolveu uma teoria sobre a noo de liberdade e igualdade do pensamento liberal, essa liberdade baseava-se na liberdade de comprar e vender. Outra muito criticada tambm foi a igualdade jurdica que se baseava nas necessidades do capitalismo de apresentar todas as relaes como fundadas em normas jurdicas. Como a relao patro e empregado tinha que ser feita sobre os princpios do direito, e outras tantas relaes tambm.

Marx (2002) criticava o liberalismo porque s eram expressos os interesses de uma parte da sociedade e no da maioria como tinha que ser. Segundo o prprio Marx a sociedade um conjunto de atividades dos homens, ou aes e que tornam a sociedade possvel. Essas aes ajudam organizao social, e mostra que o homem se relaciona uns com os outros.

Assim, as desigualdades se originam das relaes contraditrias refletidas na apropriao e dominao, dando origem a um sistema social excludente, neste sistema uma classe produz e a outra domina tudo, onde esta ultima domina a primeira dando origem as classes operrias e burguesas. Portanto as desigualdades so frutos das relaes, sociais, polticas e culturais, mostrando que as desigualdades no so apenas econmicas, mas tambm culturais. Participar de uma classe significa que voc est em plena atividade social, seja na escola, seja em casa com a famlia ou em qualquer outro lugar, e estas atividades ajudam-lhe a ter um melhor pensamento sobre si mesmo e seus companheiros.

A desigualdade social tambm acontece quando a distribuio de renda feita de forma diferente sendo que a maior parte fica nas mos de poucos. No Brasil a desigualdade social uma das maiores do mundo. Por esses acontecimentos existem jovens vulnerveis hoje principalmente na classe de baixa renda, pois a excluso social os torna cada vez mais suprfluos e incapazes de ter uma vida digna. Muitos jovens de baixa renda crescem sem ter estrutura na famlia devido a uma srie de conseqncias causadas pela falta de dinheiro sendo: briga entre pais, discusses dirias, falta de estudo, ambiente familiar precrio, educao precria, ms instalaes, alimentao ruim entre outras.

2.2 As desigualdades sociais no Brasil

As desigualdades sociais no so acidentais, e sim produzidas por um conjunto de relaes que abrangem as esferas da vida social. Na economia existem relaes que levam a explorao do trabalho e a concentrao da riqueza nas mos de poucos. Na poltica, a populao excluda das decises governamentais.

At 1930, a produo brasileira era predominantemente agrria, coexistindo com o esquema agrrio-exportado, sendo o Brasil exportador de matria prima, as indstrias eram pouqussimas, mesmo tendo ocorrido, neste perodo, um verdadeiro surto industrial.

A industrializao no Brasil, a partir da dcada de 30, criou condies para a acumulao capitalista, evidenciado no s pela redefinio do papel estatal quanto interferncia na economia (onde ele passou a criar as condies para a industrializao), mas tambm pela implantao de indstrias voltadas para a produo de mquinas, equipamentos, etc. Alm dos elementos j apontados, importante destacar que a reproduo do capital, o desenvolvimento de alguns setores e a pouca organizao dos sindicatos para tentar reivindicar melhores salrios, so pontos esclarecedores da gerao de desigualdades. Quanto aos bens de consumo durveis (carros, geladeiras, televisores, etc.), so destinados a uma pequena parcela da populao. A sofisticao desses produtos prova o quanto o processo de industrializao beneficiou apenas uma pequena parcela da populao.

Acreditava tambm que o aprofundamento da industrializao inverteria o quadro de pobreza da populao. Uma de suas metas era criar meios de inserir esse contingente populacional no mercado consumidor. Contrapunha o desenvolvimento ao subdesenvolvimento e imaginava romper com este ltimo por maio de industrializao e reformas sociais. Mas no foi isso o que realmente aconteceu, pois houve um predomnio de grandes grupos econmicos, um tipo de produo voltado para o atendimento de uma estrita faixa da populao e o uso de mquinas que economizavam mo-de-obra.A poltica econmica, estando em prtica, no se voltava para a criao, e sim para o desenvolvimento dos setores de produo, que economizam mo-de-obra. Resultado: desemprego, cada dia mais moradores da zona rural partem para as cidades em busca de emprego, ou forma diferente para adquirirem a sua sobrevivncia e a dos seus. Sendo assim, e no encontrando alternativas que eles partem para informalidade.

Este setor informal outro fator indicador de condies de reproduo capitalista no Brasil. Os camels, vendedores ambulantes, marreteiros, etc., so trabalhadores que no esto juridicamente regulamentados, mas que revelam a especificidade da economia brasileira e de seu desenvolvimento industrial. De fato, o Brasil conseguiu um maior grau de industrializao, mas o subdesenvolvimento no acabou, pois esse processo gerou uma acumulao das riquezas nas mos da minoria, o que no resolveu os problemas sociais, e muito menos acabou com a pobreza.

Vivemos, porm, numa sociedade de classes. A imposio da economia liberal capitalista est na origem da excluso social ingente, em particular porque o mercado capitalista visto como regulador da sociedade, no o contrrio. A questo da espoliao e alienao do trabalho mais atual que nunca, mantendo-se como angstia nacional encardida. A questo social no pode ser vista apenas desta tica, porque h outras questes sociais anteriores ao capitalismo (questo da mulher, fundamentalismos religiosos, regimes totalitrios, etc.), bem como, possivelmente, haver outras questes sociais posteriores ao capitalismo.

Mas isto no retira a relevncia extrema do confronto de classes. Por certo, o mundo mudou muito, tambm o mercado (embora continue capitalista). Por exemplo, ao lado dos proletrios que vivem condies drsticas de sobrevivncia (salrio mnimo), o mercado abriu nichos de emprego elevado, sem falar em setores onde o trabalho de sentido intelectual (professores, tcnicos, por exemplo), provocando estilo de mais-valia dificilmente comparvel ao dos proletrios. dito que o trabalhador, e, em certo sentido, de fato; mas, socialmente falando, h salrios que permitem praticamente acumular capital e, a, nada tm a ver com os salrios de fome. O mercado explora mais o crebro das pessoas, do que seus braos. O trabalho continua a ser explorado, mas o diapaso da explorao admite variaes inacreditveis. Segundo Althusser (1985):

O salrio representa apenas a parte do valor produzido pelo gasto da fora de trabalho, indispensvel para sua reproduo, quer dizer, indispensvel para a reconstituio da fora de trabalho do assalariado (para a habitao, vesturio e alimentao, em suma, pra que ele esteja em condies de tornar a se apresentar na manh seguinte_ e todas as santas manhs _ ao guich da empresa); e acrescentemos: indispensvel para a criao e educao das menores nas quais o proletariado se reproduz como fora de trabalho (ALTHUSSER, 1985, p. 56).

As desigualdades sociais so enormes, e os custos que a maioria da populao tem de pagar so muito altos. Com isso a concentrao da renda tornou-se extremamente perceptvel, bastando apenas conversar com as pessoas nas ruas para not-la. Do ponto de vista poltico esse processo s favoreceu alguns setores, e no levou em conta os reais problemas da populao brasileira: moradia, educao, sade, etc. A pobreza do povo brasileiro aumentou assustadoramente, e a populao pobre tornou-se mais miservel ainda.

Assim, o investimento na criana se fazia com o intuito de prepar-la para o mundo do trabalho, num pas que vivenciava a expanso da industrializao, necessitando de mo-de-obra barata e produtiva que atendesse ao crescente mercado consumidor. Fazia-se necessria a utilizao dos corpos e dos tempos a fim de introduzi-los no processo de produtividade da sociedade j que, at ento, a condio de pobreza no permitia esse ingresso. Nesse sentido, a educao das menores pobres marcadamente voltada para o trabalho.

Crescia no Brasil [...] um movimento para erigir o ensino profissionalizante no identificado com a mera assistncia criana pobre e, por outro lado, a mentalidade de que o menor rfo, abandonado e delinqente merecia ateno especial_movimento que indica uma tentativa de maior discriminao da populao e formao da mo-de-obra especializada, condizente com a emergncia do processo de industrializao e modernizao do pas (ARANTES, 1995, p.203).

O pobre servia nica e exclusivamente para trabalhar para seus patres e tinham que ganhar somente o bsico referente sua sobrevivncia, pois eles no podiam melhorar suas condies de vida, pois se isso acontecesse, eles poderiam no se sujeitar mais ao trabalho para os ricos. Assim, a existncia do pobre era defendida pelos ricos, pois eles eram ricos custa dos pobres, ou seja, para poderem ficar ricos eles precisavam dos pobres trabalhando para eles, assim conclui-se que os pobres no podiam deixar de serem pobres.

Assim pensando, os pobres se deixavam dominar e os ricos aumentavam cada dia mais o poder que exerciam sobre a classe menos favorecida, disfarando-se com uma roupagem de participao da classe dominada, isto , a classe pobre conformada com a sua situao aceitava sem reclamar sua vida de dificuldades, assim pensando Demo (1991) nos diz que:A pobreza no pode ser definida apenas como carncia. Se assim fosse, no teria causas sociais. Talvez uma definio razovel seja aquela que a entende como represso do acesso s vantagens sociais, denotando com isso que faz parte da dinmica dialtica da sociedade, que se divide entre aqueles que concentram privilgios dos outros. Ser pobre no apenas no ter, mas ser coibido de ter. Pobreza , em sua essncia, represso, ou seja, resultado da discriminao sobre o terreno de vantagens (DEMO, 1991, p.10).

Contudo, cabe a escola a articulao dos diversos interesses dos variados setores da sociedade, criando, como conseqncia, condies de superao da marginalidade a que so submetidos grupos sociais e indivduos. A escola no pode ser local de legitimao da marginalidade, mas de superao (Rodrigues, 1985) demonstrando que independente de condio financeira, todo indivduo dotado de inteligncia, e que pode superar as diversas adversidades encontradas ao longo de sua vida.

3 O ATO INFRACIONAL COMO EXPRESSO DA VIOLNCIA URBANA: EXPERINCIA NA CIDADE DE JEQUI/BAAs informaes abaixo nos foram fornecidas pela Secretaria de Desenvolvimento Social da cidade de Jequi. O municpio de Jequi est localizada na regio Sudoeste do estado da Bahia. Fundao: 1897; altitude: 215 m; nas coordenadas geogrficas Latitude 13 51" 27" S e Longitude 40 05" 01"; populao: 179.128 habitantes; rea total: 3.046,7 km; densidade demogrfica: 58,79 hab/km; principais distncias: com a capital, Salvador: 374 km; Vitria da Conquista: 158 km; e Feira de Santana: 259 km; tem uma economia centrada na indstria, agricultura e pecuria.

Apesar de ser uma cidade em desenvolvimento, os ndices de violncia j comeam a se mostrar de forma assustadora. Diariamente pode-se ouvir nos rdios locais noticias relacionadas a crimes, homicdios, latrocnios, suicdios, entre outros e com a disseminao do trfico de drogas em muitos casos existe o envolvimento de menores.

A cidade no oferece de fato assistncia a esse menor infrator, mas existem instituies que se mobilizam com aes preventivas e de acompanhamento a menores com incidncia ou histrico de violncia em casa, na escola ou com colegas na rua, tanto como autor ou vtima.

Assim, listaremos abaixo as principais instituies que realizam um trabalho assistencial com crianas e adolescentes em situao de risco social.

Temos a Secretaria de Desenvolvimento Social, unidade gestora e executora da Poltica de Assistncia Social no mbito do municpio que responsvel pela superviso das instituies e rgos que prestam assistncias em diversas modalidades.

E atende famlias e indivduos em situao de vulnerabilidade social ou em situao de risco social ou pessoal.

Desenvolve as atividades de execuo, planejamento e superviso regionalizada do programa, projetos e servios com o intuito de oportunizar populao menos privilegiada o acesso a servios de transferncia de renda atravs de programas governamentais, incluso social e participao popular, tais como: Bolsa Famlia, CRAS, Benefcios Sociais, PETI (Programa de Erradicao do Trabalho Infantil), CREAS, Habitar Brasil, Pr Jovem Trabalhador e Adolescente, CAN (Casa de Acolhimento Noturno) e BPC (Benefcio de Prestao Continuada).

O CREAS (Centro de Referncia Especializado de Assistncia Social), desenvolve atendimento a crianas, adolescentes, familiares, idosos e mulheres que tiveram seus direitos violados, ou seja: violncia sexual, fsica, psicolgica e negligncia.

O CREAS desenvolve atividades de apoio psicossocial, psicolgico individual e em grupo, orientao famlia, entrevistas. Oficinas educativas, acompanhamento e encaminhamento sistemtico aos usurios junto rede de servios: educao, sade, trabalho, justia, segurana, esporte, lazer e cultura, realizao de atividades socioeducativas de carter preventivo em comunidades, escolas e outras instituies.

O CRAS (Centro de Referncia de Assistncia Social) uma unidade pblica estatal de base territorial, localizado em reas de vulnerabilidade social.

O atendimento oferecido a famlias e indivduos preferencialmente inseridos no Programa Bolsa Famlia, ou em processo de fragilizao ou rompimento de vnculos familiares, culturais e sociais, adolescentes em cumprimento de medidas socioeducativas, familiares beneficirios do BPC (Benefcio de Prestao Continuada).

As atividades desenvolvidas so: recepo e acolhimento, visita domiciliar, entrevistas, atividades socioeducativas, atividades de gerao de renda, encaminhamento rede de servios e acompanhamento s famlias do Bolsa Famlia.

Conselho Tutelar rgo permanente e autnomo, no jurisdicional, encarregado pela sociedade de zelar pelo cumprimento dos direitos da criana e do adolescente.

As atividades desenvolvidas seguem o parmetro do artigo 136 do Estatuto da Criana e do Adolescente:

Captulo II

Das Atribuies do Conselho

Art. 136. So atribuies do Conselho Tutelar:

I - atender as crianas e adolescentes nas hipteses previstas nos arts. 98 e 105, aplicando as medidas previstas no art. 101, I a VII;

II - atender e aconselhar os pais ou responsvel, aplicando as medidas previstas no art. 129, I a VII;

III - promover a execuo de suas decises, podendo para tanto:

a) requisitar servios pblicos nas reas de sade, educao, servio social, previdncia, trabalho e segurana;

b) representar junto autoridade judiciria nos casos de descumprimento injustificado de suas deliberaes.

IV - encaminhar ao Ministrio Pblico notcia de fato que constitua infrao administrativa ou penal contra os direitos da criana ou adolescente;

V - encaminhar autoridade judiciria os casos de sua competncia;

VI - providenciar a medida estabelecida pela autoridade judiciria, dentre as previstas no art. 101, de I a VI, para o adolescente autor de ato infracional;

VII - expedir notificaes;

VIII - requisitar certides de nascimento e de bito de criana ou adolescente quando necessrio;

IX - assessorar o Poder Executivo local na elaborao da proposta oramentria para planos e programas de atendimento dos direitos da criana e do adolescente;

X - representar, em nome da pessoa e da famlia, contra a violao dos direitos previstos no art. 220, 3, inciso II, da Constituio Federal;

XI - representar ao Ministrio Pblico, para efeito das aes de perda ou suspenso do ptrio poder.

XI - representar ao Ministrio Pblico para efeito das aes de perda ou suspenso do poder familiar, aps esgotadas as possibilidades de manuteno da criana ou do adolescente junto famlia natural. (Redao dada pela Lei n 12.010, de 2009) Vigncia

Pargrafo nico. Se, no exerccio de suas atribuies, o Conselho Tutelar entender necessrio o afastamento do convvio familiar, comunicar incontinenti o fato ao Ministrio Pblico, prestando-lhe informaes sobre os motivos de tal entendimento e as providncias tomadas para a orientao, o apoio e a promoo social da famlia. (Includo pela Lei n 12.010, de 2009) Vigncia (ECA, 1997, ART 136).

A ttulo de informao, existem ainda o CAPS (Centro de Ateno Psicossocial) que atende pacientes com quadro psictico e neurtico. E o CAPs ad (Centro de Ateno Psicossocial lcool e outras drogas), atende usurios e dependentes de lcool e outras drogas.

Concernente ao menor infrator, vimos que no existe uma instituio que, assim como o ECA prope baseado na doutrina da proteo integral, assegura s crianas e adolescentes tais direitos. No caso de cometimento de ato infracional, esto destinadas medidas de carter socioeducativo e tambm protetivas, sem deixar de responsabilizar os adolescentes.

O ECA (1997), indica seis medidas scio-educativas que devem ser adotadas: advertncia, reparao do dano, prestao de servios comunidade, liberdade assistida, semiliberdade, internao.

Ainda assim, os rgos citados acima realizam atividades de carter preventivo com o objetivo de inibir a insero do menor no mundo da criminalidade.

Segundo Marty (2006):

A violncia urbana preocupa hoje em dia pelo nvel que atingiu tanto em termos de frequncia quanto de intensidade. Exige uma anlise aprofundada de suas causas, as quais, como todos sabemos, so mltiplas, e convoca aqueles a quem interessa o psquico, o relacional, o poltico e o social a formular proposies quanto ao seu tratamento. Nenhuma anlise sria pode pretender dar conta dessa violncia reduzindo-a a este ou quele fator (MARTY, 2006, p. 120)..

Assim, pode-se verificar que a incidncia do numero de crianas e adolescentes que adentram no mundo da criminalidade advm de diversos aspectos sejam eles sociais, econmicos, culturais entre outros.

Segundo Santiago (1999), o Estatuto da Criana e do Adolescente (ECA-Lei 8069/90) foi fruto da necessidade da criao de uma Justia especializada e cujo objetivo de julgar as infraes cometidas pelos adolescentes entre doze e dezoito anos(artigo 2 do ECA).

Segundo o ECA (1997), a criana e o adolescente tem direitos resguardados por lei dando a eles o direito de crescer e se desenvolver de forma slida e harmoniosa perante a sociedade garantindo-lhes um futuro seguro.

Para Canetti; Maheirie (2010, p. 575):

Em se tratando da relao entre juventude e violncia, por exemplo, estas categorias apareceram juntas ou at mesmo sobrepostas nos discursos acadmicos; o que colaborou para que se construssem tanto generalizaes que homogeneizaram juventudes1 de espaos, tempos e classes sociais distintas, quanto contriburam para tornar violncia,A partir da criao do ECA crianas e adolescentes tem direitos adquiridos, mas enquanto no se adequanrem aos padres e normas da sociedade o menos instrumento prope normas e regras punitivas que sero aplicadas em conformidade com a infrao cometida.

O que se discute entre os estudiosos se as medidas punitivas do Eca so realmente necessrias no sentido de impor o afastamento do convvio familiar, com recluso, e, talvez sem a realizao de atividades socioeducativas de fato como preconiza o ECA. Pois muitas instituies no possuem instrumentos e recursos ou mesmo estrutura fsica com capacidade e condies de oferecer um atendimento de qualidade a esses menores infratores na perspectiva de reinseri-los sociedade.

Sob esse ponto de vista Marty (2010) afirma que sem banalizar a violncia nem demoniz-la, trata-se de considerar quais so as alternativas resposta de tolerncia zero e de chega de represso que algumas vezes apresentada hoje em dia, considerada por determinados especialistas como sendo o nico caminho possvel para o tratamento da violncia dos jovens. Se provoca uma resposta em termos de limites, de conteno, algumas vezes de chamada da lei, a violncia no poder ser tratada pela nica via da firmeza, se esta firmeza no se acompanhar de justia e de respeito.

Na fala da autora existe a necessidade de que as medidas propostas pela lei sejam cumpridas a rigor sim, mas com dignidade e respeito para no incorrer no erro de aprofundar no menor o desejo de continuar a cometer atos infracionais.

Sobre este pensamento, Santiago (2009), traz afirmaes sobre a a origem do ECA e que esta pode ter sido o fator relevante na forma como as medidas socioeducativas e protetivas so aplicadas aos menores infratores, dando vazo ao pensamento de que este dispositivo carece sofrer profundas alteraes considerando o novo modelo social na qual vivemos.

[...] o ECA adveio da Nova Escola Social, bem como a Lei de Execues Penais e a Lei das Penas Alternativas, atravs das quais, preconiza-se que a sociedade, ao retirar o delinquente do convvio social deve trat-lo de tal modo a readapt-lo as normas de convivncia, no somente atravs do enclausuramento, mas atravs de outras penas substitutivas que, com certeza, surtir melhores resultados, pois se este objetivo no for alcanado durante o perodo de reabilitao, o delinquente tornar-se- um problema social (SANTIAFO, 2009).

Diante da posio desses autores pode concluir que o ECA tem suas vertentes de vantagens quanto a aplicao da lei, entretanto existem cidades que no dispem de rgos que faam o trabalho estabelecido no ECA, mas da subsdios na importncia da famlia no processo de reinsero social. Em seu artigo 100: Na aplicao das medidas levar-se-o em conta as necessidades pedaggicas, preferindo-se aquelas que visem ao fortalecimento dos vnculos familiares e comunitrios."

Neste sentido no se pode perder de vista que a famlia a instituio na qual o sujeito se mantm ligado desde o nascimento at a morte e nos momentos de alegria ou de tristezas ela quem d o aporte e sustentculo para que esse indivduo consiga suportar seus momentos de angstias.

Como dito anteriormente, na cidade de Jequi existem muitos rgos, mas com finalidades distintas, entretanto nenhum que atenda ao enclausuramento como dito pelo ECA, trabalha sim com atividades socioeducativas, recreativas, palestras com objetivo de conscientizar e reeducar o menor e mant-lo afastado do mundo do cometimento de infraes.

Pode-se finalizar usando as palavras de Santiago quando ele diz sobre as medidas adotadas pelo ECA, que a nica medida que priva totalmente o adolescente de sua liberdade a internao; as outras cinco primam pela ressocializao do jovem infrator em meio aberto, sem prejuzo para o controle externo por parte do Judicirio.

Com efeito, percebe-se que a inteno do legislador a ressocializao do delinquente juvenil, atravs de penas substitutivas ao invs de enclausuramento ou de penas corpreas em regime totalmente fechado, como o caso da internao.

3.1 O adolescente e o ato infracional: uma viso crtica

Desde o perodo da ditadura, o Brasil enfrenta problemas com adolescentes e jovens infratores no sentido de propor medidas punitivas e/ou educativas de ressocializao desses adolescentes. Com a redemocratizao culminando com a promulgao da nova carta magna, Constituio Federal de 1988, esses adolescentes adquirem uma conquista que iria mudar suas condutas. Esse era o objetivo do Estatuto da Criana e do Adolescente.

Segundo Cruz e Domingues (s/d), o artigo 227 da nova Constituio, serviu de dispositivo legal para implementao do Estatuto da Criana e do Adolescente ECA, (lei federal 8.069/90), que definiu um novo paradigma no trato Infncia e Adolescncia, tanto na ordem jurdica quanto institucional, estabelecendo limites ao do Estado, do Juiz, da polcia, dos adultos e mesmo dos pais.

Duas instituies importantes surgiram com a ECA, o Conselho Tutelar, encarregado de promover, fiscalizar e defender os direitos infanto-juvenis juntamente com o Ministrio Pblico e os Conselhos Nacional, Estaduais e Municipais tendo como atribuio a formulao das polticas nacional, estadual e municipal para criana e adolescente.

Esse passo foi fundamental para que as crianas vtimas e sujeitos de agresso e violncia possam ter seus direitos aplicados em conformidade aos seus atos praticados. Percebe-se, hoje, nessa instancia que as crianas e adolescentes, e suas famlias, vtimas e sujeitos de violncia no tem de fato apoio satisfatrio que lhes permita integrar a sociedade de forma efetiva.

Tal pensamento est diretamente ligado aos resultados encontrados na pesquisa de Priuli e Moraes (2005) realizada em So Paulo, entre 1974 e 1996 em que revelou um grande aumento de delitos cometidos por adolescentes.

A pesquisa supra citada identificou ainda outros problemas que crescentes a partir de dcadas anteriores. De acordo tal estudo o aumento da mortalidade com causas violentas vem se tornando um fenmeno relevante, considerando que em 1980 esse motivo ocupava o 4 lugar como principal causa de mortes. A partir de 1989, passa a ocupar o segundo lugar. Identifica-se, portanto, um novo e mais grave problema de sade pblica tornando-se objeto de discusses entre a diferentes instancias do governo e rgos competentes.

A pesquisa ainda revelou que esse tipo de violncia parecia caracterstica das grandes cidades. Mostrando que a pobreza no fator preponderante ao aumento dos ndices de taxas de homicdios e outras infraes cometidas por crianas e adolescentes.

Sobretudo, as taxas de mortalidade entre adolescentes acontecem com maior frequncia e ndice entre moradores de bairros perifricos ou os menos favorecidos que residem nos grandes centros urbanos. O perfil desse adolescente, em geral, o mesmo: baixa escolaridade, carentes scio e economicamente, so negros ou descendentes. Fator preocupante o aumento de adolescentes e jovens que esto morrendo vtimas ou sujeitos de violncia.

O estudo realizado em Ribeiro Preto aponta novos nmeros, mas no menos relevantes quanto as questes acima tratadas. Os dados coletados a partir de sujeitos adolescentes com idade entre 14 e 18 anos, do sexo masculino que cumpriam a medida socioeducativa de internao na Fundao Estadual do Bem-Estar do Menor (FEBEM/SP) no ano de 2003, num total de 48 adolescentes.

A instituio supracitada oferece assistncia para uma mdia de 18.000 crianas e adolescentes em todo o Estado de So Paulo, inseridos em programas socioeducativos especficos, como o de privado de liberdade e de liberdade assistida, dependendo do grau infracional e de idade.

Foram observados diferentes critrios no perfil e condies de vida do adolescente em questo para pode se definir o tipo de grau das diferentes infraes cometidas pelos adolescentes da instituio e se as punies estavam de acordo com as infraes.

Os resultados encontrados apontam para uma varivel de faces nas quais os adolescentes encontram envolvidos, sendo elas: a identificao do perfil do adolescente faixa etria de 17 anos, nascido em So Jos do Rio Preto, 68,7% possua o ensino fundamental incompleto e 83,3% no frequentava a escola. Quando da apreenso, a maioria no estava trabalhando.

Os principais tipos de infraes cometidas pelos adolescentes, conforme classificao do Cdigo Penal, foram: infraes contra o patrimnio, roubo qualificado, roubo seguido de morte, infraes contra as pessoas (tentativa de homicdio e homicdio), trfico de entorpecentes, comercializao de substncias entorpecentes.

Os tipos de penalidades aplicadas variava de acordo o tipo de infrao, submetendo o adolescente recluso social.

Quanto ao uso de entorpecentes, drogas lcitas e ilcitas, os adolescentes iniciaram usando tabaco a partir dos 10 anos de idade, aos 12 usavam maconha e a partir dos 15 drogas mais pesadas como cocana e crack. O resultado aponta que a maioria dos amigos dos adolescentes j faziam uso de drogas o que contribui para a insero mais cedo do adolescente nesse mundo de vcios.

O perfil das famlias tambm ponto relevante nesta identificao, pois a partir da famlia que o adolescente tem as referencias para planejamento de seu futuro e medir suas atitudes. Assim, as famlias apresentavam pais separados, e/ou usurios de drogas ilcitas, lcool, tendo as mes como supridoras do lar. A renda da famlia permitia apenas sobrevivncia sem atendimento das reais necessidades que uma pessoa necessita.

Diante disso, as medidas adotadas como socioeducativas para os adolescentes da pesquisa mostraram-se inadequadas, considerando os artigos 121 e 122 do Estatuto da Criana e do Adolescente, enquanto leis determinam que a medida de internao seja uma medida de exceo, devendo ser aplicada ou mantida somente quando evidenciada sua necessidade em observncia ao prprio esprito do Estatuto. Segundo Priuli e Moraes (2005), uma medida considerada grave, pois torna restrito a liberdade, s sendo recomendada quando desaconselhadas medidas menos graves, devendo ser breve e excepcional.

A medida da internao por si s, no tem o objetivo de punir a conduta delitiva, mas consiste em uma forma de se criar condies adequadas para caracterizar a ressocializao do adolescente.

O ndice de violncia, principalmente em casos que envolvam jovens em atos infracionais, gera na sociedade grande impacto, provocando inmeros questionamentos em relao responsabilidade dos adolescentes.

Com o aumento dos casos expostos pela mdia no que se refere prtica de atos infracionais por adolescentes o tema abre ampla discusso j que muitos so os estudos demonstrando que a punio to importante quanto preveno.

Portanto, importante pesquisar, analisar para promover um processo de reflexo sobre o tema, verificar quais os limites e possibilidades dos adolescentes, para que a ltima alternativa em relao aos jovens seja aplicao de uma medida scio-educativa, mas sim, aumentar a qualidade vida, principalmente das comunidades mais carentes, visando propiciar ao adolescente uma melhor integrao e um maior fortalecimento pessoal.

Necessrio ento, tentar contextualizar a problemtica sobre a origem do desequilbrio instalado, verificar as causas e buscar alternativas de soluo, analisando possveis meios para minimizar a crise atual.

A discusso gira em torno de como so aplicadas as leis sobre as infraes cometidas por crianas e adolescentes e se estes recebem, dos rgos responsveis, ateno devida no sentido de devolv-los ao convvio social.

De acordo esse caso, a FEBEM apresenta proposta pedaggica questionvel pois, a aplicao e execuo de medidas socioeducativas vem atreladas e envoltas de aes que necessitam ser analisadas e revistas e apresentadas solues viveis para este grupo que se encontra afastado da sociedade sem direito de exercer sua cidadania plena.

4 A IGREJA ENQUANTO AGENTE DE TRANSFORMAO SOCIAL

Transformar a sociedade por meio do Evangelho a funo da Igreja como agncia do Reino de Deus. E nesse particular, ela tem desenvolvido bem sua misso na recuperao de pessoas que viviam nas drogas, delinquncia, idolatria, etc, e que agora foram ressocializadas, tornando-se cidados de bem.Segundo o socilogo Prsio Santos de Oliveira, em seu livro Introduo Sociologia, sociedade uma reunio de indivduos para um determinado fim; todo grupo ou agregado social que vive submetido s mesmas leis e cujas instituies fundamentais so determinadas por padres culturais comuns (SANTOS, 2001, p.250). Deus criou o homem um ser gregrio, ou seja, tendente a se relacionar com o outro, constituindo-o em famlia (Gn 1.28), que definida pela sociloga Lakatos, considerada o fundamento bsico e universal das sociedades, por se encontrar em todos os agrupamentos humanos, embora variem as estruturas e o funcionamento (LAKATOS, 1999, p. 171).A evangelizao e o servio social so instrumentos que a Igreja de Cristo dispe para influenciar a sociedade. Eles so aceitos universalmente como dever cristo. Da mesma forma que somos convocados a evangelizar toda criatura, igualmente somos chamados a exercer o servio social. A vida de Jesus de Nazar retrata esta dupla funo da Igreja. Jesus peregrinou de cidade em cidade [...] pregando e ensinando o evangelho do Reino de Deus e andou fazendo o bem (At 10.38). Como seus seguidores, temos de abraar o seu exemplo. Pois, tanto a evangelizao da humanidade quanto o servio social so expresses da compaixo crist para a sociedade.4.1 Aes sociais da igreja

1. Atravs da orao. Um recurso eficaz e poderoso para abenoar e proteger a nao a intercesso do povo de Deus. A Igreja exortada a orar por todos os homens, indistintamente, bem como pelas autoridades constitudas (1 Tm 2.1-8), a fim de termos uma vida tranquila e sossegada (v.2). Clamemos a Deus em favor da nao, pois a orao feita por um justo pode muito em seus efeitos (Tg 5.16b).

2. Por intermdio dos conselhos divinos. A Palavra de Deus revela que os reis tementes ao Senhor recebiam conselhos e orientaes dos profetas (2 Cr 20.14-18; Is 37.1-7). Os mensageiros do Senhor exerciam uma funo social muito importante: denunciavam as injustias sociais e os pecados do povo e dos governantes (Jr 2.12,13,19; 25.3-7; Ml 1.12.17).

Hoje h chefes de Estado que tambm procuram conselhos da pastores. Clamemos a Deus para que levante homens autnticos para que falem ousadamente a sua Palavra. Sim, homens irrepreensveis, a fim de aconselharem e confrontarem os pecados da nao (Mc 6.17,18).

3. Por meio dos valores cristos. Quem no gostaria de viver numa sociedade cujas polticas pblicas fossem justas e equnimes? No Declogo (x 20) e no Sermo da Montanha (Mt 57), encontramos os fundamentos para se edificar uma nao mais justa e igualitria. Se a sociedade pautar o seu modo de viver pelos princpios estabelecidos por Deus nas Escrituras Sagradas, no mais assistiremos a sua degradao tica, moral e espiritual. Carecemos desesperadamente destes fundamentos. Tais princpios e valores vm rareando na famlia, na sociedade e no Estado. Que jamais venham a faltar na igreja. Tais princpios so atemporais e servem como um escudo nao.

4.2 A igreja e a assistncia sociedade

1. A evangelizao. Evangelizando, a igreja muda o cenrio da sociedade, na qual acha-se estabelecida. Cabe-nos igualmente minimizar o sofrimento alheio (1 Jo 3.18; Tg 2.14-18), manifestando o amor de Deus atravs de aes concretas. Dediquemo-nos, pois, a socorrer os enfermos, viciados em drogas, rfos, vivas e idosos desamparados. Em seu ministrio, o Senhor Jesus ajudava a todos. Ele o Servo de Jeov (Is 53.4; Lc 22.27; Fp 2.7). Paulo tambm muito se preocupava com os necessitados (1 Co 11.1).

2. A ao social. Sem dvida, a evangelizao a suprema misso da Igreja de Cristo. Todavia, devemos conscientizar-nos de que a ao social tambm faz parte da tarefa que nos confiou o Senhor (Mt 28.19,20; Tg 1.26,27). Por acaso no agiam assim o Senhor Jesus e os apstolos?

3. Restaurando a sociedade. A degradao dos valores familiares, as drogas, a criminalidade e outros sintomas igualmente malficos evidenciam o caos em que vive a sociedade. Cabe a Igreja de Cristo, portanto, lutar contra tais coisas. Atravs da Palavra de Deus, condenemos a prostituio, a pedofilia, o aborto, a corrupo, etc. No nos conformemos com a filosofia deste mundo (Rm 12.2), pois a Igreja do Senhor a coluna e firmeza da verdade (1 Tm 3.1 5).

Como servos de Deus, somos agentes de sua graa salvadora para evangelizar, fazer misses e mostrar a todos, na prtica, o nosso amor (Cl 6.10). tempo de oferecer sociedade tanto o Po que desceu do cu, Jesus Cristo, como o po que brota da terra. O mesmo Senhor que ordenou: Ide e pregai tambm recomendou: Dai-lhe vs de comer. Atravs da Bblia Sagrada, influenciemos e transformemos a sociedade, para que o nome de Cristo seja glorificado entre os homens.

5 METODOLOGIA

Neste trabalho utilizaremos o mtodo da pesquisa bibliogrfica que, segundo Medeiros (2000, p.41), [...] constitui-se em fonte secundria. aquela que busca o levantamento de livros e revistas de relevante interesse para a pesquisa que ser realizada. Seu objetivo colocar o autor da nova pesquisa diante de informaes sobre o assunto de seu interesse.

Para Ruiz (1986, p.58), Bibliografia o conjunto das produes escritas para esclarecer as fontes, para divulg-las, para analis-las, para refut-las ou para estabelec-las; avaliao que pode contribuir com o desenvolvimento de toda a leitura originria de fonte de pesquisa ou a respeito de determinado assunto.

A pesquisa bibliogrfica foi projetada para este trabalho por conta das inmeras discusses existentes sobre o assunto e muitas vezes no conseguem atingir de forma eficiente o pblico alvo desejado: ressocializao do menor infrator.CONSIDERAES FINAISO fato que a responsabilidade do menor foi alvo de constantes discusses, desde os tempos mais remotos, em todos os sistemas jurdicos. Admitia-se que o homem no poderia ser responsabilizado pessoalmente pela prtica de um ato tido como contrrio ao julgamento da sociedade, sem que para isso tivesse alcanado uma certa etapa de seu desenvolvimento mental e social. Contudo, os menores passaram por exaustivos sacrifcios, inclusive tendo que pagar com a prpria vida at garantir uma codificao de seus direitos mais fundamentais.

Muitas foram as legislaes criadas e aplicadas no Brasil. Cada uma, sua poca, foi demonstrando-se ineficaz frente descontrolada arrancada da criminalidade juvenil. Outro dos mais combatidos problemas relacionado com as normas menoristas repousa no discernimento que at hoje reservado ao juiz de menores. No h reprimendas com penas fixas para os infratores. Essa discricionariedade atribuda ao Juiz, dificulta a eficcia da aplicao das medidas scio-educativas.O surgimento da Lei n 8069/90, ou simplesmente Estatuto da Criana e do Adolescente, trouxe grandes avanos para a responsabilidade menoril, tentando aproximar-se da realidade social desfrutada pelo Brasil, que das mais amargas face ao vertiginoso crescimento da marginalizao de menores. Promotores e Juizes da Infncia e da Juventude so categricos ao afirmar que tal Diploma determinou critrios bem mais rgidos de punio, ao mesmo tempo em que criou medidas de recuperao aplicveis aos menores que ainda possuem condies para tal.Importa considerar que no h uma opinio pacifica na doutrina sobre as possveis causa da delinqncia juvenil. O que h so suposies, primordialmente de carter social acerca desses desvios de conduta que culminam com a reprovao da sociedade.

A famlia foi colocada como a grande orquestradora da marginalidade, eis que os pais ou responsveis so considerados como causadores da situao irregular de seus filhos ou pupilos, seja ela concebida como carncia de meios indispensveis subsistncia, abandono material e at mesmo a prtica de infrao penal.

Vivemos no tempo de um laicismo intolerante e algumas vezes feroz. Avizinham-se dias em que tememos que as convices espirituais sejam banidas fora para as catacumbas do privado. A cultura ps-crist est a ser substituda rapidamente por uma cultura anti-crist sob a cobertura de uma inconsistente definio de tolerncia e no embalo de uma multiculturalidade que s serve de pretexto para obliterar a cultura crist. Para o portugus Dr. Duro Barroso, Presidente da Unio Europeia, a Europa deixou de ter cultura prpria para ser um caldear de culturas, todas elas iguais em qualidade e valor. Ser mesmo assim? (Jos da Cruz Policarpo. Revista Viso, 6-12 Janeiro 2005, Cardeal Patriarca, pp. 30).A Igreja evanglica foi a impulsionadora da ideia da separao da Igreja do Estado, embora isso no deva significar que a Igreja ignore o Estado, nem que o Estado faa obstruo Igreja. de todo em todo desejvel que entre um e outro existam protocolos de cooperao e exista um espao salutar no sentido de a Igreja se mover no que sociedade diz respeito, trazendo para ela toda uma interveno rica em solidariedade, assistncia social, promoo da pessoa humana, participao ativa do debate cultural e dos valores que suportam o tecido social.

Uma parte da sociedade tem uma perspectiva negativa da influncia da Igreja nas estruturas sociais, culturais, polticas e econmicas por um lado devido postura da Igreja Catlica Romana e o casamento, por interesse, entre o poder poltico e o religioso de que ela tem sido instrumento, e por outro, devido ao preconceito alimentado de muitas formas.

Face a estes fatores tambm certos setores das igrejas evanglicas acabam por temer e evitar dar relevo a essa influncia e interveno.

Um dos sinais desta tendncia surge da parte de alguns evanglicos que consideram que o espiritual apenas uma das partes em que se reparte a vivncia do ser humano, e no a essncia que percorre todas elas. Outro dos sinais manifesta-se no distanciamento da coisa poltica, econmica, social e cultural. Ainda outra a desconsiderao do trabalho, do associativismo, da voluntariedade e da interveno poltico-partidria como se a uno do Esprito e o poder de Deus na vida dos Seus filhos no se repercutisse nestas reas, como se a vida social fosse um mal necessrio e no um bem a projetar e a valorizar.Cumpre ainda ressaltar que a violncia entre os menores tem aumentado nos ltimos anos, defasado dia-a-dia a legislao menorista vigente dada a prtica de delitos graves como estupros e homicdios, que no tm conotao econmica, afastando totalmente a tese das condies subumanas a que so submetidos os jovens, sobretudo nos grandes centros, e que os levariam a delinquir. O Estatuto prev a possibilidade de requisio de tratamento mdico, psicolgico ou psiquitrico, em regime hospitalar ou ambulatorial, bem como a incluso em programa oficial de auxilio a alcolatras e toxicmanos. necessrio lembrar ainda que, todas essas medidas requerem a apresentao do menor aos rgos competentes para avaliao do procedimento de reeducao social, bem como que sero aplicadas pelo Conselho Tutelar, excetuando-se a medida de colocao em famlia substituta e os relacionados com perda e destituio do Poder Familiar, que sero julgados pela Justia da Infncia e da Juventude.Alm disso, o nmero de menores infratores entre a classe mdia e alta tem aumentado, no s no Brasil, mas na maioria dos pases desenvolvidos. As causas da marginalidade entre os adolescentes so, pois, muito amplas e desconhecidas, no se restringindo somente vadiagem, mendicncia, fome ou descaso social. TTende ainda pelo lado das ms companhias, formao de bandos, agrupamentos excntricos, embriaguez, drogas, prostituio, irreverncia religiosa ou moral e vontade dirigida para o crime, configuram-se como as principais delas.Sendo um dos maiores problemas que enfrentamos hoje e que merece reviso de nossas leis que o adolescente infrator vtima da violncia no prprio lar, do abandono, da falta de escola, educao e de lazer. Desamparado, vira frequentador de locais imprprios, se entrega s tentaes do lcool e das drogas. Inicia-se, assim, na delinquncia, praticando pequenas infraes. Passa a ser explorado por maiores, que o utilizam na linha de frente do crime. Infraes maiores so praticadas com a conscincia da impunidade. Portador de desvios de conduta e de personalidade, sabe que aos 21 anos de idade estar livre de qualquer punio.REFERNCIAS

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