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SÁBADO, 6 DE JULHO DE 2013 www.readmetro.com |04| {BEBIDA} U ma pesquisa recente do Insti- tuto Kantar Worldpanel mos- tra que 55% do consumo de whisky no Brasil ocorre com alguma mistura. A estatística não considera mistura o consumo com água nem gelo, o que vem de en- contro aos dados da Scotch Whisky Association, que revelam um cres- cimento de 73% na exportação pa- ra o Brasil nos últimos quatro anos. Os números vêm endossar uma ten- dência crescente pelos bares da ci- dade, de investir cada vez mais na formulação de coquetéis que levam whisky como base. Suco, refrigeran- te, água de coco e cubos de gelo com sabor estão entre os mixes mais po- pulares. Tania Cesar, diretora de marketing da Diageo, empresa lí- der no segmento de bebidas alcoóli- cas premium, só tem a comemorar: “O público vem descobrindo a bebi- da de um jeito muito interessante, com proximidade e criatividade”. Especialistas no assunto, como a sommelière Alexandra Corvo, veem com bons olhos o “jeito” li- vre de paradigmas do brasileiro. “O importante é o consumidor descobrir qual a melhor experiên- cia para si”. A escolha do copo e a temperatura, diz a sommelière, também não são engessadas. “Is- so é mais cultural. Eu sugiro a ta- ça tradicional de vinho.” Spencer Jr., barman premia- do do MyNY, faz um adendo: “Não existe jeito correto. Agora, se você quer aproveitar ao máximo, é pre- ciso ter bom senso. Pegar um sin- gle malt e misturar com água de coco, na minha opinião, é um ab- surdo”. Aos adeptos dos ‘clubes do whisky’, embora a indústria divul- gue que a bebida não se altera na garrafa, Spencer observa que não é bem assim. “Estudos mostram que, sim, ocorre uma mudança. Depois de aberto, quanto mais ar aprisio- nado na garrafa, mais rapidamente vai se deteriorar”. EDUARDO RIBEIRO O que é um single malt? Há três classificações para o whisky. O apreciado ‘single malt’ é produzido totalmente a partir de cevada e na mesma destilaria. Já o ‘single grain’ nasce apenas em uma destilaria, porém ad- mite a mistura de grãos não maltados na composição. E existe aquele que domina o mercado mundial, o ‘blended’, que é nada senão a harmonização de vários whiskies dos dois tipos para for- mar uma só personalidade - o que não o torna menos nobre, já que entrega uma variação muito mais ampla de notas de sabor. ‘Mania’ de misturar a bebida a outros ingredientes alavanca consumo de whisky no Brasil PRAZERES DO MALTE Boteco São Bento: carta variada para suprir a demanda ANDRÉ PORTO/ METRO O mais caro O melhor Variações DALMORE TRINITAS O título de whisky mais ca- ro do mundo já produzi- do pertence ao Trinitas 64, da distilaria Dalmore. Uma única garrafa chega a cus- tar cerca de 118 mil euros. A limitadíssima safra foi concebida a partir de co- lheitas feitas nos anos de 1868, 1878, 1926 e 1939. Os dois últimos anos de maturação ocorreram em barril de carvalho branco american de nove litros. Água de coco vai bem, mas está lon- ge de ser a única boa mistura com whisky. Pelos bares de São Paulo, es- timulantes combinações vêm con- quistando paladares, como o drink Gentleman Soul, do MyNY, com suce de limão, maple canadense e bitter de pêssego. Conheça outras receitas. SUNTORY Todo o mundo sabe que os países com mais tradição e que definiram os tipos de whisky são Escócia, Irlanda, Esta- dos Unidos e Canadá. Nos últimos tempos, porém, o Japão vem surpreendendo o mercado. Maltes como os da mar- ca Suntory ganharam prêmio no World Whiskies Award de 2013, na categoria Blended Whisky e Blended Malt. No Ici Bistrô, a carta ‘On The Rocks’ traz gelos saborizados com assinatura do mixologista Márcio Silva ‘Maracujack’ é hit na carta do Charles Edward ‘Jack’s Zen Tea’, do Osaka: American whisky, xarope de gengibre, suco de limão e chá preto com canela e menta O ‘Gold Frost’ leva whisky Gold Label, suco de maçã e bastante gelo

Whisky 2013 07 06 4

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‘Mania’ de misturar a bebida a outros ingredientes alavanca consumo de whisky no Brasil

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SÁBADO, 6 DE JULHO DE 2013www.readmetro.com |04| {BEBIDA}

Uma pesquisa recente do Insti-tuto Kantar Worldpanel mos-tra que 55% do consumo de whisky no Brasil ocorre com

alguma mistura. A estatística não considera mistura o consumo com água nem gelo, o que vem de en-contro aos dados da Scotch Whisky Association, que revelam um cres-cimento de 73% na exportação pa-ra o Brasil nos últimos quatro anos. Os números vêm endossar uma ten-dência crescente pelos bares da ci-dade, de investir cada vez mais na formulação de coquetéis que levam whisky como base. Suco, refrigeran-te, água de coco e cubos de gelo com sabor estão entre os mixes mais po-pulares. Tania Cesar, diretora de marketing da Diageo, empresa lí-der no segmento de bebidas alcoóli-cas premium, só tem a comemorar: “O público vem descobrindo a bebi-da de um jeito muito interessante, com proximidade e criatividade”.

Especialistas no assunto, como

a sommelière Alexandra Corvo, veem com bons olhos o “jeito” li-vre de paradigmas do brasileiro. “O importante é o consumidor descobrir qual a melhor experiên-cia para si”. A escolha do copo e a temperatura, diz a sommelière, também não são engessadas. “Is-so é mais cultural. Eu sugiro a ta-ça tradicional de vinho.”

Spencer Jr., barman premia-do do MyNY, faz um adendo: “Não existe jeito correto. Agora, se você quer aproveitar ao máximo, é pre-ciso ter bom senso. Pegar um sin-gle malt e misturar com água de coco, na minha opinião, é um ab-surdo”. Aos adeptos dos ‘clubes do whisky’, embora a indústria divul-gue que a bebida não se altera na garrafa, Spencer observa que não é bem assim. “Estudos mostram que, sim, ocorre uma mudança. Depois de aberto, quanto mais ar aprisio-nado na garrafa, mais rapidamente vai se deteriorar”. EDUARDO RIBEIRO

O que é um single malt?Há três classificações para o whisky. O apreciado ‘single malt’ é

produzido totalmente a partir de cevada e na mesma destilaria. Já o ‘single grain’ nasce apenas em uma destilaria, porém ad-

mite a mistura de grãos não maltados na composição. E existe aquele que domina o mercado mundial, o ‘blended’, que é nada

senão a harmonização de vários whiskies dos dois tipos para for-mar uma só personalidade - o que não o torna menos nobre, já

que entrega uma variação muito mais ampla de notas de sabor.

‘Mania’ de misturar a bebida a outros

ingredientes alavanca

consumo de whisky no

Brasil

PRAZERESDO MALTE

Boteco São Bento: cartavariada para suprir

a demanda

ANDRÉ PORTO/ METRO

O mais caro

O melhor

Variações

DALMORE TRINITASO título de whisky mais ca-ro do mundo já produzi-do pertence ao Trinitas 64, da distilaria Dalmore. Uma única garrafa chega a cus-tar cerca de 118 mil euros. A limitadíssima safra foi concebida a partir de co-lheitas feitas nos anos de 1868, 1878, 1926 e 1939. Os dois últimos anos de maturação ocorreram em barril de carvalho branco american de nove litros.

Água de coco vai bem, mas está lon-ge de ser a única boa mistura com whisky. Pelos bares de São Paulo, es-timulantes combinações vêm con-quistando paladares, como o drink Gentleman Soul, do MyNY, com suce de limão, maple canadense e bitter de pêssego. Conheça outras receitas.

SUNTORYTodo o mundo sabe que os países com mais tradição e

que definiram os tipos de whisky são Escócia, Irlanda, Esta-dos Unidos e Canadá. Nos últimos tempos, porém, o Japão

vem surpreendendo o mercado. Maltes como os da mar-ca Suntory ganharam prêmio no World Whiskies Award de

2013, na categoria Blended Whisky e Blended Malt.

No Ici Bistrô, a carta ‘On The Rocks’ traz gelos saborizados com assinatura

do mixologista Márcio Silva

‘Maracujack’ é hit na cartado Charles Edward

‘Jack’s Zen Tea’, do Osaka:American whisky, xarope degengibre, suco de limão e chá

preto com canela e menta

O ‘Gold Frost’ leva whisky Gold Label,

suco de maçã e bastante gelo