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WLADEMIR DIAS-PINO • CRONOBIOGRAFIA 1927 | Wlademir Dias-Pino nasce em 24 de abril de 1927, na Rua Pareto, bairro da Tijuca, no Rio de Janeiro, filho primogênito de Laura Azevedo Dias e Luciano Dias Pino. Nos registros oficiais, a data de nascimento é 2 de maio de 1927, erro decorrente da impossibilidade do registro imediato, por seu pai encontrar-se preso por motivos políticos. Antecedentes | Na Itália, o avô paterno de Wlademir, Giuseppe del Pino ator, gráfico e militante anarquista era proprietário de um jornal que foi fechado por motivos políticos. Após o fechamento, tenta manter em funcionamento uma gráfica clandestina, mas é descoberto. Perseguido, refugia-se na Espanha, onde conhece a atriz e também militante Anna Diaz Robles, pertencente a uma família de atores de teatro satírico. Casam-se e partem de navio para Buenos Aires. Ao aportarem em escala no Rio de Janeiro, encantados com a beleza da paisagem, resolvem ficar na cidade e adotar o novo país. O jovem Pino monta uma gráfica no bairro da Lapa. Algum tempo depois, transferem-se para São Paulo onde fundam um pequeno parque gráfico. O casal tem quatro filhos e vive em São Paulo até a morte prematura de Giuseppe del Pino. Anna, ao ficar viúva, retorna ao Rio de Janeiro com os três filhos mais novos. O mais velho, Pepe, que também é ator, permanece em São Paulo cuidando da gráfica da família. No Rio de Janeiro, Luciano, irmão de Pepe e pai de Wlademir, dedica-se a atividades jornalísticas ao lado do irmão Romeu Pino, presidente do Sindicato dos Gráficos. Luciano é militante comunista, jornalista e gráfico. Trabalha como tipógrafo na Imprensa Nacional. Figura marcante em sua formação, Laura é quem ensina o filho Wlademir a ler e escrever, sem permitir que ele vá à escola muito novo para que não seja submetido à palmatória. O método didático da mãe é recortar com tesoura palavras dos jornais editados pelo próprio marido. Esse sistema de recorte de palavras e formas é mantido durante toda a vida do poeta, sendo a tesoura o instrumento de realização de várias de suas obras. Na primeira infância, Wlademir brinca com os tipos gráficos de chumbo: “Vivi no meio gráfico, comecei a lidar com o tipo desde muito cedo e ficou aquele amor pela forma das letras”. Convivendo com o alfabeto desde a tenra infância, um dia conclui que “a maior arbitrariedade existente na cultura humana é a imposição do código alfabético”. 1930 • 1940 Wlademir passa a primeira infância no Rio de Janeiro, onde brinca na Praça Hilda jogando bola: nasce então seu amor e sua torcida pelo América e pelo Salgueiro. Uma de suas tias era professora de moda do Liceu de Artes e Ofícios e, com alguma frequência, Wlademir ajudava a fazer chapéus com blocos de madeira como uma escultura-molde. Essa foi sua primeira aula de forma. Começa a escrever poemas ainda criança. 1937 | Por razões políticas, Luciano, pai de Wlademir, é forçado a transferir-se com a família para Mato Grosso. A tia, que trabalhava como figurinista de Alzira Vargas, articula a transferência para evitar a iminente prisão de Luciano. Esse fato marca profundamente

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WLADEMIR DIAS-PINO • CRONOBIOGRAFIA

1927 | Wlademir Dias-Pino nasce em 24 de abril de 1927, na Rua Pareto, bairro da

Tijuca, no Rio de Janeiro, filho primogênito de Laura Azevedo Dias e Luciano Dias Pino.

Nos registros oficiais, a data de nascimento é 2 de maio de 1927, erro decorrente da

impossibilidade do registro imediato, por seu pai encontrar-se preso por motivos políticos.

Antecedentes | Na Itália, o avô paterno de Wlademir, Giuseppe del Pino – ator, gráfico e

militante anarquista – era proprietário de um jornal que foi fechado por motivos políticos.

Após o fechamento, tenta manter em funcionamento uma gráfica clandestina, mas é

descoberto. Perseguido, refugia-se na Espanha, onde conhece a atriz e também militante

Anna Diaz Robles, pertencente a uma família de atores de teatro satírico. Casam-se e

partem de navio para Buenos Aires. Ao aportarem em escala no Rio de Janeiro,

encantados com a beleza da paisagem, resolvem ficar na cidade e adotar o novo país. O

jovem Pino monta uma gráfica no bairro da Lapa. Algum tempo depois, transferem-se

para São Paulo onde fundam um pequeno parque gráfico. O casal tem quatro filhos e vive

em São Paulo até a morte prematura de Giuseppe del Pino. Anna, ao ficar viúva, retorna

ao Rio de Janeiro com os três filhos mais novos. O mais velho, Pepe, que também é ator,

permanece em São Paulo cuidando da gráfica da família. No Rio de Janeiro, Luciano,

irmão de Pepe e pai de Wlademir, dedica-se a atividades jornalísticas ao lado do irmão

Romeu Pino, presidente do Sindicato dos Gráficos. Luciano é militante comunista,

jornalista e gráfico. Trabalha como tipógrafo na Imprensa Nacional.

Figura marcante em sua formação, Laura é quem ensina o filho Wlademir a ler e escrever,

sem permitir que ele vá à escola muito novo para que não seja submetido à palmatória. O

método didático da mãe é recortar com tesoura palavras dos jornais editados pelo próprio

marido. Esse sistema de recorte de palavras e formas é mantido durante toda a vida do

poeta, sendo a tesoura o instrumento de realização de várias de suas obras. Na primeira

infância, Wlademir brinca com os tipos gráficos de chumbo: “Vivi no meio gráfico, comecei

a lidar com o tipo desde muito cedo e ficou aquele amor pela forma das letras”.

Convivendo com o alfabeto desde a tenra infância, um dia conclui que “a maior

arbitrariedade existente na cultura humana é a imposição do código alfabético”.

1930 • 1940

Wlademir passa a primeira infância no Rio de Janeiro, onde brinca na Praça Hilda

jogando bola: nasce então seu amor e sua torcida pelo América e pelo Salgueiro.

Uma de suas tias era professora de moda do Liceu de Artes e Ofícios e, com alguma

frequência, Wlademir ajudava a fazer chapéus com blocos de madeira como uma

escultura-molde. Essa foi sua primeira aula de forma.

Começa a escrever poemas ainda criança.

1937 | Por razões políticas, Luciano, pai de Wlademir, é forçado a transferir-se com a

família para Mato Grosso. A tia, que trabalhava como figurinista de Alzira Vargas, articula

a transferência para evitar a iminente prisão de Luciano. Esse fato marca profundamente

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a vida de Wlademir. Em penosa viagem, levam três meses para alcançar o destino,

Cuiabá, na época uma cidade de 35 mil habitantes. Lá permanecerá até os 24 anos de

idade. Wlademir chega a Cuiabá com 10 anos e o primário completo. A primeira

residência da família é uma casa alugada na Rua Nova, perto do Colégio Salesiano, no

qual faria o ginasial. Nesse período, costumava ler vorazmente os clássicos na biblioteca

pública da cidade que possuía, apesar de acadêmica, uma intensa atmosfera literária.

Seu pai foi responsável pela renovação gráfica da impressa de Mato Grosso e, como

jornalista e comentarista, também produzia crítica de cinema e ensaios sobre a vida

social. Nessa época, conhece o poeta Manoel de Barros que vai até sua casa para

entregar ao pai de Wlademir um exemplar de seu primeiro livro. A visita do jovem poeta

mato-grossense marca o pequeno WDP. Anos mais tarde, Wlademir seria um dos

responsáveis pelo início da divulgação de sua obra.

1938 | Já com 11 anos, escrevia livros de poemas. Sem seu consentimento e em

segredo, um dia seu pai, que administrava uma gráfica, publica com tipografia um livro

seu, que retira de um conjunto de manuscritos. Extremamente tímido, quando vê a

edição, revolta-se e coloca fogo nos livros. Alguns exemplares são salvos.

1939 | Os corcundas, seu primeiro livro conhecido, é impresso por seu pai com sua

concordância um ano depois, em janeiro de 1939, como atesta o cólofon na contracapa

do único exemplar existente desta edição. Wlademir ainda não completara 12 anos de

idade. O universo grotesco dos personagens do poema foi inspirado, segundo ele, na

commedia dell'arte, que sua avó apresentava aos netos, além de “forçá-los” a ouvir ópera

e ler peças de teatro. Os corcundas foi reimpresso em 1954, passando essa data a

aparecer equivocadamente como a data em que foi escrito. Nas décadas de 1950 e 1960,

a obra é objeto de análises críticas em jornais e publicações nacionais. Em nenhuma

delas é apontado o fato absolutamente extraordinário, então desconhecido, de Wlademir

tê-la escrito enquanto ainda era criança, e o trabalho é tratado por toda a crítica como

obra adulta e plena, precursora formal de sua surpreendente originalidade e capacidade

inventiva. Em entrevista recente, o poeta, pela primeira vez, esclarece esse fato.

(A)

TATO

Pesa

e mais que essa consciência de pesar,

pesa as coisas,

– como as palavras esqueletam os lábios

moles de horizontes –

num vento que dilata a veia

[sobre]

das folhas que já eram antes hálito

a transparência dessa sede

o que retesa as sombras

como um medo

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....

trecho de Os corcundas, 1939.

O crítico Philadelpho Menezes fala de Os corcundas no livro Roteiro de literatura: poesia

concreta e visual: "Entre o muito que foi soterrado na história da poesia concreta, há que

se dar um destaque especial para o poeta Wlademir Dias-Pino. [...] Em livros como Os

corcundas, do final da década de 1940, (SIC) Dias-Pino mostra uma poesia incomum para

os padrões brasileiros. Com imagens estranhas, associações imprevisíveis, um

vocabulário rebuscado colocado numa sintaxe toda desconjuntada, sua poesia em verso

é surpreendente e pede uma reedição cuidadosa. Em Os corcundas, o tema é a

deformação física. Mas a deformação não fica só no tema. Ela invade a própria

linguagem, entorta a sintaxe das frases, põe vocábulos antipoéticos nos versos, deforma

as palavras".

Já Augusto de Campos, em artigo publicado em 1966 no Estado de São Paulo, diz: "A

rebeldia de Wlademir se manifesta ainda, ao nível semântico, pela dessacralização do

poético, através de um sistemático 'culto ao feio' ou do 'mau gosto' em Os corcundas, a

que se vem adicionar o culto da máquina (tipográfica) em A máquina ou a coisa em si: em

ambos os casos ocorre a intromissão de um vocabulário rejeitado em poesia e que pela

constante reiteração chaga a ser, propositadamente incômodo e perturbador. [...] Nesse

monturo de dejetos verbais – ou nesse modo mais umbigo de ser – Wlademir trata de

revolver e perseguir uma espécie de fenomenologia do indizível poético, para chegar ao

fim das calvas coisas. Ao mesmo tempo sente-se nele a consciência existencial da

solidão e da alienação do poeta no mundo moderno".

1940 | Wlademir lê e escreve poesia sistematicamente, livro após livro. Nesse ano é

lançada A fome dos lados, Edições Cidade Verde, Cuiabá, sua segunda publicação

conhecida. Desde Os corcundas, aparecem nos textos de Wlademir características

formais coerentes que devem evoluir e ser desenvolvidas e radicalizadas futuramente,

entre elas o uso do branco da folha do papel como expressão, a variação do tamanho das

letras e o índice como parte da própria estrutura do poema. Em A fome dos lados

descreve o impacto de ver o corpo de um amigo do pai torturado e assassinado pela

polícia de Filinto Müller na ditadura Vargas.

Aqui está a mancha do assassino livre agora era bom e é livre sua mancha horizontal e leve como são leves as coisas horizontais pag. 1 Eis o morto livre raso e vazio

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em seu ninho de sangue calvo (calvo como a bala de fuzil) sangue que é escudo assim tombado esse nível de dor sombra de chaves estancado como sede encostada ao morto como inteira sombra pág. 2 trechos de A fome dos lados, 1940.

1941 • 1950

Na década de 1940, além de incorporar sua vocação radical influenciado pela tradição

revolucionária familiar, Wlademir assume plenamente seu projeto de ser poeta e artista.

Conclui o ginasial tardiamente depois de ser obrigado a passar um ano estudando em

São Paulo e morando com o tio, pois foi expulso do colégio local por um diretor com

pretensões literárias acadêmicas ofendido por um artigo de Wlademir criticando poema de

sua autoria. Cria, com um grupo de amigos, um núcleo literário que pensa a invenção de

uma arte e uma literatura brasileiras que parta não dos regionalismos folclóricos: buscam

uma arte territorial e não uma arte regional. Nesse sentido, tomam como metáforas

elementos da própria fisicalidade da geografia local: do subsolo mato-grossense a pedra

piçarra constituída por camadas (ideia fundamental em sua obra futura); a pedra canga,

ferruginosa que espalha um pó que lhes lembra a retícula gráfica; e uma geometria

influenciada pelo corte vertical da extração da borracha da seringueira. Além das linhas

horizontais e verticais do construtivismo, Wlademir incorpora estruturalmente em sua

produção visual a linha inclinada. Essa opção por uma geometria da inclinação vai

influenciar tanto os gráficos futuros de A ave e a ideia de uma nova direção de leitura – a

leitura de vértices, de dobras –, pois os sistemas de leitura existentes seguem uma

direção horizontal ou vertical. Toma a gráfica como instrumento de arte, comunicação e

luta fundando jornais literários com forte atuação local. Trabalha como vitrinista e

decorador, e consegue empregar-se na Imprensa Oficial. Estuda estatística, que vai

influenciar diretamente sua produção poética. No final da década, lidera o lançamento do

movimento artístico cuiabano denominado intensivismo.

1941 | É publicado A máquina que ri, seu terceiro livro conhecido, Edições Cidade Verde,

Cuiabá.

Cresces em direção de tua morte essa que fecha o instante que vives como o sexo dilata os poros ou como as bolhas de ar distanciando-se dos peixes agudos trecho de A máquina que ri, 1941.

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1942 | São publicados os livros: Maria busca pé, Moisés, capital cem réis, O espanador

da lua e A bola do bolão (infantis) pela Edições Cidade Verde. Todos estão perdidos,

existindo deles apenas as capas usadas como provas tipográficas.

1943 | A mãe de Wlademir, Laura, inaugura no dia 14 de maio de 1943 sua loja de

confecções de roupas infantis. Wlademir fala da importância desse fato: “Foi no Paraíso

das Crianças, ao ver a minha mãe manipular os retalhos, que aprendi a lidar com as

formas. Foi a minha grande aula de geometria. Depois foi fácil compreender a arte

indígena e a arte popular como geometrias”.

• Publica o livro Número azul. O livro está perdido.

1944 | Prepara a impressão de Geometria do ar. Por motivos desconhecidos, apenas a

capa foi impressa e o livro permanece inédito em sua totalidade, tendo sido preservados

fragmentos com textos datilografados colados na boneca. Segundo Wlademir, a

importância desse projeto é que nele inicia-se a elaboração dos conceitos utilizados

posteriormente em A ave, obra fundamental da literatura brasileira.

Escudos medalham o chão aplainando a história e as lanças partidas sopram sombras agudas ..... Há também coisas pequenas que ardem, em pirâmides entre soltos cadáveres e soltas sombras Mas o herói não fala – Aguarda! E seu olhar completa no espaço o último pombo em fuga trechos de Geometria do ar, inédito, 1944.

1945 | Publica os livros Chapéu do mundo e Também também também, Editora Saci,

Cuiabá. Os originais estão perdidos, restando as provas das capas e trechos

selecionados reunidos em conjunto datilografado posteriormente.

1946 | Em 1° de maio de 1946, Luciano Dias Pino, à frente de um grupo político, funda

em Cuiabá a representação do Partido Trabalhista Brasileiro, o PTB, no estado do Mato

Grosso.

• Publica o livro Poesia geral, Editora Saci, Cuiabá. O livro está perdido.

1947 | Publica o livro Perfil, Editora Saci, Cuiabá. O livro está perdido.

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1948 | Este é um ano muito importante na vida do jovem Wlademir, 21 anos já

completos, com decisivos acontecimentos se sucedendo: além da morte do pai, o

lançamento do movimento intensivista e a elaboração do primeiro projeto de A ave; fatos

que definem a futura trajetória do poeta.

• Aos 48 anos, morre Luciano, pai do poeta, deixando a esposa, Laura, viúva com cinco

filhos: Wlademir, Adalgisa, Alamita, Walquíria e Serafim.

• Escreve o poema Dia da cidade, texto que trabalha a desconstrução da linearidade e

ordinalidade da escrita, propondo uma multiplicidade de direções e planos de leitura. O

poema, que antecede diretamente A ave em sua estrutura (ver poema nesta exposição –

sala 2), tem idealmente a forma de um grande painel, apresentando-se como uma

espécie de mapa-máquina da cidade de Cuiabá. Labirinto aberto para percorrermos de

distintas maneiras. Wlademir usa linhas gráficas como indicadores de leitura (como ruas

da cidade) propondo, pela primeira vez, uma leitura sem intervalos dentro de uma teia

geométrica. Ao leitor é oferecida a liberdade de, entrando no poema, tomar diferentes

direções de leitura, cada uma delas gerando articulações combinatórias distintas entre os

versos. Obra excepcional e única em sua originalidade, permanece praticamente inédita,

tendo sido mostrada poucas vezes.

• Wlademir Dias-Pino, Silva Freire, Rubens de Mendonça, Othoniel Silva e Amália Sizínia

Verlangieri organizam e lançam em Cuiabá um movimento literário de vanguarda que

denominam intensivismo, antecipando novas bases conceituais e formais para a literatura

e a arte e rompendo com o modernismo. A criação do movimento foi anunciada com

manifesto no jornal Sacy, editado pelo grupo.

Sobre isso, fala Wlademir: “O intensivismo propunha intensificar o sentido da imagem na

poesia, propunha uma superposição de imagens, o que nós chamamos de leitura de

vértices. [...] Com isso nós tentávamos substituir o sentido de adjetivação da poesia e

estabelecer um código do suporte. Já trabalhávamos com a questão da posição da

palavra no suporte da página, a leitura por posição da palavra, como é na matemática o

número. Nós propúnhamos também uma leitura contínua. [...] Com isso quebra-se o

sentido de verso, porque o verso é uma linha debaixo da outra. Quando você vai colocar

a palavra pela potencialidade, pela posição no espaço, você automaticamente quebra o

sentido de verso. E como estabelecer uma leitura para essa escrita? Através de gráficos.

[...] Isto foi, acredito, a grande novidade do intensivismo: encontrar um indicador de

leitura. Assim ele se liberta do sentido temático, da unidade temática de um poema

tradicional”.

“Nós queríamos não mais a concreção da palavra porque nós já tínhamos um indicador

de leitura que quebrava a palavra, nós queríamos a superposição de imagens. [...] Não

queríamos um sentido, queríamos um sentido de superposição. Com isto pesquisávamos

as camadas possíveis de um significado.” [...] “Nós percebemos que a grande questão

atual no poema seria a visualidade nascer simultaneamente à inscrição do poema. Não

ESCREVER mas o INSCREVER do poema.”

• Elabora a concepção geral do poema-livro artesanal A ave – livro-objeto voltado para as

questões do manuseio e da visualidade. Trabalhará nessa estrutura nos próximos anos

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passando a imprimir e produzir artesanalmente o livro em 1953 e finalizando a produção

em abril de 1956, quando é lançado.

• Passa a fazer xilogravuras com as quais ilustra várias de suas publicações. Diz o crítico

mato-grossense João Antonio Neto: "Seus trabalhos de xilogravura vêm tendo uma

aceitação enorme pelas revelações extraordinárias do talento que evidenciam. Mas não

fica somente aí o talento de Wlademir. Talvez seja a mais original formação mental da

nova geração mato-grossense".

1949 | Publica o livro O processo da poesia brasileira pela Edições Sarã, Cuiabá. O

original está perdido.

1950 | Funda o jornal Arauto da Juvenília, juntamente com seu amigo de infância

(Benedito Sant´Ana da) Silva Freire e o poeta Rubens de Mendonça. Este jornal seria

porta-voz do movimento intensivista e instrumento de agitação no universo limitado da

política literária cuiabana. Com Silva Freire, estabelece um pacto, desde quando eram

estudantes, de criar uma identidade local: Freire trabalhando para a criação de uma

identidade cuiabana que denominam cuiabania e Wlademir contatando artistas e

intelectuais fora do estado para estabelecer uma rede de articulação da vanguarda.

1951 • 1960

Wlademir retorna em 1952 para o Rio de Janeiro, abrindo com essa mudança um grande

e novo espaço de atividades. Em Cuiabá, depois de uma militância literária que o faz

desferir fortes críticas às figuras poderosas do cenário local, é colocado em forte

isolamento social. Não só perde o emprego que possuía na Imprensa Oficial como torna-

se pessoa controversa entre os colegas. Em 1952, essas circunstâncias o levam, depois

de quase duas décadas vivendo em Cuiabá, a mudar-se para o Rio de Janeiro. Ao

chegar, trazendo consigo o projeto de A ave, trabalha como vitrinista e realiza montagens

de exposições promocionais, como o Salão do Mar e a Primeira Feira Automobilística.

Faz amizade com o jornalista Oliveira Bastos e o poeta Ferreira Gullar, com quem divide

moradia na cidade. Em 1956, lança A ave, considerado o primeiro poema semiótico da

literatura universal. Participa do lançamento da poesia concreta e da Exposição Nacional

de Arte Concreta com o poema Solida. Começa a militar na União Nacional dos

Estudantes (UNE) e trabalha com programação visual em diversas publicações. Associa-

se ao artista Dionísio del Santo, com quem cria um estúdio de serigrafia para serviços

gerais. Com essa técnica, publicará mais tarde o clássico Solida e fará, em 1958, a

primeira decoração abstrata do Carnaval brasileiro, um escândalo na época.

1951 | Publica o livro O poema visual no Brasil (ensaio), Edições Sarã, Cuiabá. O livro

está perdido.

• Cria em Cuiabá um novo jornal, Sarã, porta-voz do movimento intensivista, editado por

ele e Silva Freire. O jornal era distribuído de forma gratuita e semiclandestina, pois

criticava a literatura oficial da época e mantinha posições ideológicas de esquerda. “Sarã

é uma planta regional que nasce na beira do rio e que o protege contra o alargamento

provocado pela correnteza. Tínhamos, já naquela época, preocupações ecológicas.

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Quem comandava a literatura tradicional de Cuiabá era Dom Aquino, arcebispo local, que

era também da academia de letras. O sentido provocador de Sarã era confundir com

Satã. Era um jornal que ninguém recebia na rua porque as pessoas ficavam com medo.

Nós fazíamos o jornal, eu e Silva Freire, e distribuíamos de graça por debaixo da porta

porque ninguém tinha peito de andar com o jornal na rua.” WDP

1952 | Ao chegar ao Rio de Janeiro, cria com Silva Freire a Frente de Informações Mato-

grossenses (FIM), instituição para receber estudantes e jovens que vinham naquele

momento de Cuiabá.

• Associa-se à União Nacional dos Estudantes (UNE). “Primeiro fomos para a AMES –

Associação Mato-grossense de Estudantes. Como era na Correia Dutra, ficava perto da

UNE. A política estudantil nesta época era muito forte. Passei a fazer o jornal da AME e

mais tarde a revista da UNE, Movimento. A UNE, nessa época, tinha um poder político

enorme, incalculável se você comparar com o que ela possui hoje.” WDP

• Começa a desenvolver seus poemas desmontáveis.

1953 | Funda o jornal Japa, juntamente com Silva Freire, com a finalidade de divulgar

poetas jovens. O jornal terá um único exemplar. Dentre os vários poemas e textos

literários publicados, um dos únicos contos escritos por Ferreira Gullar: “Osíris come

flores”.

1954 | Reedita Os corcundas, seu primeiro livro conhecido, cuja primeira edição é de

1939. A data de 1954 passa a ser, equivocadamente, considerada pela crítica a de sua

primeira publicação. Wlademir não esclarece o equívoco.

1955 | Publica o livro A máquina ou a coisa em si, Edições Igrejinha, Cuiabá. Dedica-se

também à pintura, elaborando a série Direcional. Desenvolve uma série de poemas sem

palavras e os nomeia Elementos.

1956 | Depois de vários anos de produção artesanal, o livro-objeto A ave é dado como

definitivamente realizado e, em abril de 1956, é lançado no Rio de Janeiro. Conclui então,

após alguns anos de trabalho, a feitura de quase 300 exemplares, cada um deles com

pequenas diferenças um do outro. É importante ressaltar que A ave tem um compromisso

conceitual com o movimento intensivista e não com a poesia concreta lançada, com sua

participação, também em 1956. Nos anos anteriores, Wlademir elaborou inúmeros

projetos de poemas e livros numa espécie de estudos de estrutura e conceito para montar

A ave.

"A importância de 1956 para a história da literatura brasileira pode ser registrada

mediante três episódios capitais: o lançamento da poesia concreta, a publicação de

Grande sertão: veredas e o surgimento de A ave, de Wlademir Dias-Pino, livro que se

liga(va) às virtualidades gráficas e verbo-visuais do concretismo, mas que apontava para

um desdobrar novo nas aventuras composicionais da própria poesia concreta.” Moacy

Cirne, A ave: objeto-poema.

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“Quando nós fizemos A ave, nossa intenção era propor uma separação entre escritura e

leitura. Se estabelecemos uma tábua de palavras com a memória do livro, separamos

aquilo que é escritura do que é leitura. Nós tentamos fazer com que o próprio poema faça

a leitura do poema, que este se transforme em uma máquina (antecipação conceitual do

circuito integrado)", entrevista de Wlademir a Evandro Salles, publicada no catálogo Arte

e Palavra, 1986.

• Wlademir torna-se o editor e programador visual da Revista Movimento, da UNE, função

que desempenhará até 1959.

• Juntamente com Haroldo de Campos, Décio Pignatari, Augusto de Campos, Ronaldo

Azeredo e Ferreira Gullar, Wlademir funda o movimento da poesia concreta. Ao lado

desses poetas e de 22 artistas plásticos, participa da Primeira Exposição Nacional de Arte

Concreta realizada em dezembro 1956 no Museu de Arte Moderna de São Paulo

(MAM/SP). O poeta apresenta o cartaz-gráfico-poema Solida um desdobramento radical

de A ave em que a leitura se faz por um sistema que antecipa o código de barras.

“Através de Simeão Leal conheci Oliveira Bastos, que estava ligado ao Ministério da

Educação. Oliveira Bastos me aproximou do pessoal de São Paulo. Eu era amigo também

do Gullar. Com isso nós fizemos contato e eu participei da exposição de arte concreta.”

WDP

“Acho que a poesia concreta é o que foi feito pelas 6 pessoas que participaram da

formação. Não vou me preocupar com o que coincide e não coincide. Se são 6 pessoas,

serão 6 pensamentos e não uma fórmula que direcione todos.”

“Em 1956, num importante depoimento dos concretista à revista O Cruzeiro eu digo que

poesia se faz sem palavras. Isso na época, foi muito chocante.”

1957 | Em fevereiro de 1957 participa da versão carioca da Exposição Nacional de Arte

Concreta que acontece no Ministério de Educação e Cultura. Na mesma época, com a

colaboração de Silva Freire, então presidente do Teatro Universitário Brasileiro da UNE,

realiza a Noite de Arte Concreta, evento com debates e apresentação de poemas.

Participam Haroldo de Campos, Ferreira Gullar, Hélio Oiticica, entre outros.

1958 | Realiza na Praça Mauá, no Rio de Janeiro, a primeira decoração carnavalesca

com motivos abstratos e geométricos. Era também a primeira vez que se usava plástico

como suporte e serigrafia no Carnaval. A decoração recebe violentas críticas por parte

dos políticos da época mas, com o passar dos anos, a abstração acaba por ser

incorporada às decorações carnavalescas em todo o Brasil. Posteriormente, nos anos

1970, realiza anualmente decorações carnavalescas em Cuiabá em trabalho intencional

de resgate e valorização do samba. Fala Antonio Olinto sobre o evento de 1958: "Pela

primeira vez em nossa história, entrou esse tipo de desenho (abstração) em contato com

o grande público. Os panos pintados por Wlademir acabaram sendo a inspiração dos

carnavais seguintes, e a verdade é esta: não pode mais o Carnaval do Rio voltar a ser

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figurativo, porque o povo se acostumou com os triângulos, os círculos, o tipo geral de

desenho, enfim, de Wlademir Dias-Pino".

• Distancia-se simultaneamente do grupo concreto de São Paulo, o Noigandres, bem

como do lado carioca do movimento, estabelecendo um caminho pessoal e solitário que

desemboca futuramente na fundação de um novo movimento: o poema/processo.

• Começa a trabalhar no Ministério dos Transportes ao lado dos amigos Antonio Olinto e

João Felício dos Santos, onde, dando continuidade às suas experiências na revista da

UNE, desenvolve a programação visual construtiva da revista Brasil Constrói. Esses

trabalhos possibilitam a Wlademir desenvolver um alto padrão formal gráfico que, mais

tarde, será usado tanto na elaboração da gráfica do poema/processo como nas

extraordinárias produções editoriais da Universidade Federal de Mato Grosso, a

Universidade da Selva que ajudará a idealizar e fundar a partir de 1972 em Cuiabá.

• Colabora com ilustrações de humor para a Revista da Semana.

• Desenvolve uma nova série de trabalhos que denomina Poemas manipuláveis e

Poemas para armar.

• Começa a ilustrar, no jornal O Globo, a coluna literária denominada Porta de Livraria,

escrita semanalmente por Antonio Olinto. Esse trabalho continuará durante 15 anos,

quando a coluna deixará de existir.

1961 • 1970

Em 1962, lança o livro-caixa Solida, conjunto de versões do poema impressas em

serigrafia em folhas soltas reunidas em caixa. Rompendo com as barreiras entre os

gêneros artísticos, Solida é, ao mesmo tempo, poema, pintura e escultura – e algo além

disso tudo. Sua leitura também é feita tridimensionalmente no espaço e no tempo,

fazendo o espectador se deslocar em volta da página que, dobrada e cortada, ganha três

dimensões, estabelecendo o que Wlademir chama de leitura esférica do poema. O

significado é codificado, ganhando diferentes significantes, distintas formas, até abrir-se

para a fisicalidade corporal plena e uma leitura por meio do deslocamento do leitor no

tempo e no espaço. O poema não é lido mais apenas pelo olho, abrindo-se para uma

leitura corporal. A posição do corpo do observador em relação ao poema ganha

importância. Na gráfica do poema, a cor escolhida para demarcação do significado é o

vermelho.

A partir das bases teóricas desenvolvidas desde o intensivismo, e que geraram os livros A

ave e Solida, lança em 1967, com um grupo de poetas jovens, o movimento do

poema/processo: movimento radical de arte e poesia visual que, com seu epicentro no

Rio de Janeiro, estende-se por todo o Brasil com fortes núcleos em Recife e Natal, além

de criar uma rede com poetas de países da América Latina e Europa. São estabelecidas

pelo grupo as bases teóricas de uma arte semiótica e de processos artísticos de

comunicação de massas.

1961 | Wlademir elabora diversos projetos de livros aplicando conceitos matemáticos ao

poema e ao ato de leitura. Entre eles está Numéricos, finalizado nesse ano, mas que será

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publicado apenas em 1968 e reeditado em 1986. Numéricos, com A ave e Solida,

completa a trilogia dos mais importantes livros publicados de Wlademir.

“Com Numéricos, eu radicalizei a questão ordinal e cardinal, que é a problemática entre a

pintura e o poema. É o mesmo problema que existe entre imagem e escrita. Isso sempre

me perseguiu. Eu percebi que precisava fazer um trabalho que ligasse a radicalidade do

cardinal e do ordinal. Então fiz os Numéricos, que é uma junção das duas coisas e dei por

encerrado esse ciclo de trabalhos ligadas ao ato de inscrever e de escrever.” WDP

1962 | Publica a versão livro-caixa-poema de Solida impresso em serigrafia.

“Solida não é mais um livro tipográfico, a própria A ave já não é mais um livro feito só com

letras. Não me interessa só quebrar verso e palavra, me interessava o não uso da

palavra, o não uso do compromisso com a palavra. Porque se vamos fazer um novo

código que é a semiótica da poesia, da posição da palavra no suporte do papel, não

podemos ficar presos a um outro código, porque o alfabeto é tão arbitrário que não

permite a superposição.”

“Em Solida a ilustração nasce simultaneamente à inscrição, elas estão interligadas. Mas

para fazer isso era preciso uma libertação da figuração.”

“Na medida em que se descobre a posição da palavra no espaço, pode-se observar qual

camada esta palavra ocupa dentro do suporte e aí estabelecer um código para ele

fazendo-se assim o poema Solida, que é um código de suportes. No cubismo se projeta a

paisagem sobre um cubo, facetando-se a pintura. Se tomamos uma forma geométrica e

projetamos uma palavra, codificamos cada face desse espaço e passamos a mexer com

o suporte do poema. Perde-se assim a superfície plana da página e entra-se na

tridimensionalidade. Chega-se ao Solida através disso.” WDP citado por Rogério Camara

em poesia/poema, 2015.

1965 | Em razão de um concurso literário promovido pelo Ministério dos Transportes

onde trabalhava, conhece os jovens poetas Álvaro de Sá e Neide de Sá. Álvaro inscreveu

o livro AutoBrook, que foi desclassificado. O livro foi recolhido do lixo por Wlademir. Como

para as inscrições foram usados pseudônimos, o autor foi contatado por Wlademir por

meio de anúncio de jornal que pedia contato a vários dos poetas rejeitados, iniciando, por

meio desse chamado, grande amizade com Álvaro de Sá, Neide de Sá e Moacy Cirne.

Lançará dois anos depois com o grupo o movimento do poema/processo.

1966 | Edita Brasil 66, poema-colagem feito com imagens dos acontecimentos políticos

desse ano de endurecimento da ditadura. A obra já possui elementos que vão

caracterizar o poema/processo que será lançado no ano seguinte.

1967 – Exposição de lançamento do movimento do poema/processo na Escola de

Desenho Industrial (ESDI), no Rio de Janeiro, em dezembro de 1967. O movimento

democratizará a atividade poética de vanguarda e reunirá em todo o Brasil dezenas de

outros jovens poetas e teóricos, entre eles: Falves Silva, José Claudio, Hanry Correa de

Araujo, Joaquim Branco, Walter Carvalho, Bianor Paulino da Costa, Dailor Varela, Ney

Leandro de Castro, Anchieta Fernandes, Sebastião Nunes, Frederico Marcos, J.

Medeiros, P. J. Ribeiro, Sonia Figueiredo, Ariel Tacla, Deise Lacerda, entre muitos outros.

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O movimento estabelece também uma rede de comunicação artística na América Latina

através dos poetas visuais Clemente Padím, do Uruguai, Edgardo Antonio Vigo, da

Argentina, e Guilhermo Deisler, do Chile.

• Exposição-lançamento simultâneo do poema/processo em Sobradinho, Natal.

“O movimento do poema/processo é para você ler sistemas e não estruturas. Quando

mudamos de um partido para outro, estamos mudando uma estrutura por outra, mas

quando mudamos capitalismo por socialismo estamos mudando sistemas, estamos

mudando processos. Se educamos para a leitura de estrutura estamos apelando para

uma política de mudança de estrutura, mas se educamos um povo a ler processos

estamos propondo mudanças de sistemas. Só o processo é revolucionário, a estrutura

não.”

“A estrutura de trabalho de um indivíduo é plagiável, seu processo não. Falo na

fisicalidade da coisa. O inscrever é a agilidade, o escrever não. Nós dizemos que um

poema é físico, é inscrito, ele está aqui, você pega e muda. Já o estado da poesia é

metafísico. No sentido de que a linguagem não é o exercício da língua mas, sim, aquilo

que é universal como a matemática.”

“O que diferencia o poema da pintura é a problemática da direção da leitura. O quadro é

emblemático, é um todo e toda leitura de um poema é ordinal, o que não existe na

pintura. Por isso digo que meus quadros são poemas (e meus poemas são quadros).”

“O que eu quero é fazer um poema que possua uma máquina específica para ser lido, e

não fazer um poema para uma máquina existente ler. Pois se fizer isto, estou

subordinando o poema ao poderio dos donos dessas máquinas, estou alimentando estas

máquinas servilmente. E o papel do poeta é justamente quebrar esse lado servil para com

as máquinas.” WDP

• Participa da IX Bienal de São Paulo, com Objetos sensoriais, cinco grandes

esculturas feitas em madeira e pintadas a óleo.

1968 | Em janeiro, o movimento do poema/processo realiza na Cinelândia, no Rio de

Janeiro, um escandaloso ato público coletivo, uma espécie de happening-manifestação,

com cartazes e passeata contra a poesia discursiva, subjetiva, sentimental e tradicional.

Aproveitam o momento oportuno de quebra-quebra na China para chamar a atenção da

mídia para nosso problema artístico. Durante o ato, nas escadarias do Teatro Municipal,

são rasgados livros de diversos poetas entre eles Carlos Drummond de Andrade e João

Cabral de Melo Neto.

• É realizada a II Exposição Nacional do Poema/Processo na Escola de Belas-Artes, no

Rio de Janeiro.

• Participa, com o grupo do poema/processo, do evento Arte Pública no Aterro,

organizado por Frederico Morais no MAM/RJ; participa ainda da Semana de Arte

Brasileira no Instituto de Educação, no Rio de Janeiro; da IV Exposição Nacional de

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Poesia de Vanguarda, em Ouro Preto; da IV Exposição Nacional do Poema/Processo, no

MAM/BA; da Expo Volante, em Brasília.

• É convidado a participar da I Bienal de Arte Moderna de Nuremberg, na Alemanha.

• Trabalha na Editora Vozes como programador visual e diagramador de livros e da

Revista de Cultura Vozes.

1969 | É publicado um pequeno livro-anexo para Numéricos, com texto crítico de Álvaro

de Sá.

• Começa a trabalhar como programador visual da Organização Simões Editora, fazendo

capas e diagramando livros. Na mesma editora, publica os livros de sua autoria Poemas

visuais e Dez anos de poesia concreta. Os livros estão desaparecidos.

• Participa, com o grupo do poema/processo, do I Festival de Música Popular de

Cataguases e do II Festival de Pirapora. Em Cataguases, o grupo acaba sendo expulso

pelo prefeito da cidade depois do escândalo causado pelo tom agressivo do espetáculo

no teatro local: Maria Alcina cantava enquanto no palco os poetas vorazmente comiam

carne crua, sangrando, como se fosse carne humana – uma forma de ridicularizar os

festivais de música então na moda nas grandes redes de TV.

1971 • 1980

Com a parada tática estabelecida em 1972 pelos componentes do poema/processo,

resolve aceitar convite do reitor Gabriel N. Neves para participar da equipe de fundação

da Universidade Federal de Mato Grosso e implantar a identidade visual da Universidade

da Selva. Renuncia aos cinco empregos que tinha no Rio de Janeiro: professor de

comunicação na Pontifícia Universidade Católica (PUC); programador visual no Ministério

dos Transportes; sócio no escritório de propaganda com Dionísio del Santo; programador

visual da Editora Vozes e, à noite, professor de comunicação na Universidade Federal

Fluminense (UFF). Wlademir retorna a Cuiabá em 1972. O projeto da UFMT apaixona o

poeta, que começa a desenvolver um enorme ciclo de estudos e produções conceituais,

teóricas, visuais e gráficas sobre questões brasileiras, entre as quais: os índios de Mato

Grosso, suas línguas, sistemas medicinais, arquiteturais; o humanista Rondon e o

pensamento de uma territorialidade brasileira; os sistemas educacionais; a arte regional

ou territorial etc. Wlademir permanece na UFMT por 25 anos, tendo assessorado cinco

reitores exercendo as funções de pesquisador, editor, idealizador de projetos e

programador visual, até completar a implantação da identidade visual da Universidade da

Selva. Trabalha assim 15 anos a mais além do tempo regulamentar, até aposentar-se em

1994.

1971 | Lança, pela Editora Vozes, Processo: linguagem e comunicação, livro de grande

importância no contexto do movimento do poema/processo, pois reúne sua base

conceitual e demonstra o contra-estilo de muitos poetas integrantes, contendo

depoimentos de vários deles.

1972 | As tensões políticas no Brasil tornam-se cada vez maiores. O grupo do

poema/processo, usando intensamente da correspondência internacional, e mesmo

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sofrendo dificuldades políticas, chega à conclusão que pode estar dando a falsa

impressão no exterior, de que no Brasil vivia-se um clima de liberdade, dado o caráter

avançado e experimental de suas produções. Por essa razão, decidem estabelecer o que,

em linguagem de guerra de guerrilhas, chama-se parada tática: a interrupção temporária

da ação organizada do grupo e sua rede nacional e internacional de poetas.

• É convidado pelo então reitor Gabriel Novis Neves a integrar o grupo que desenvolveria

o projeto da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT), a futura Universidade da

Selva, retornando a Cuiabá.

1973 | Dá início ao projeto Poema Conceito, que desenvolve até os dias de hoje. A

origem desse projeto está em reflexão sobre a tecnologia da televisão que, segundo

Wlademir, não estabeleceu até agora uma linguagem própria, pois as duas ordens de

leitura na televisão (visual e verbal) são independentes e paralelas e não

interdependentes. Assim, caso se desligue o som do aparelho, ou caso o ouça de longe

sem ver a imagem, é possível entender de forma geral o que é narrado. (ver obras nesta

exposição – sala 2)

• Em março de 1973, desde sua primeira edição, passa a compor o conselho editorial do

Jornal Selvagem, editado pela UFMT.

• Projeta, pela primeira vez em Cuiabá, decorações geométricas para o Carnaval de rua

(Floração do Cerrado e Mosaicos Cuiabanos), assim como decorações públicas de Natal.

Até 1977, será responsável pela visualidade de muitos carnavais em Cuiabá. Cria na

universidade um bloco de Carnaval com o objetivo de estabelecer o resgate ético-político

das manifestações populares em prol do que chama de uma cuiabania acolhida pela

cultura acadêmico-erudita.

1974 | Inicia seus trabalhos editoriais na Universidade Federal do Mato Grosso

idealizando, editando e fazendo a programação visual nos anos seguintes de centenas de

cartazes, jornais, livros, livretos e folhetos, parte integrante de um grande ideário cultural e

político de criação de uma Universidade da Selva no Centro Geodésico da América do

Sul.

• Em parceria com João Felício dos Santos, publica A marca e o logotipo brasileiros. O

livro apresenta posfácio de Antônio Houaiss. A obra articula, por meio de uma grande

seleção de logotipos produzidos no Brasil, uma leitura antropológica, artística e cultural da

escrita e da visualidade, da pré-história aos dias atuais. Nele, são estabelecidas as bases

teóricas e visuais para seu longo e interminável projeto Enciclopédia visual brasileira (ver

nessa exposição na sala 2).

1975 | A Edições Europa do Rio de Janeiro publica cinco volumes de sua Enciclopédia

visual brasileira em formato reduzido adaptado para a edição. Dos 1001 volumes

projetados e em produção, estes seis foram os únicos impressos até hoje. São eles:

Aubrey Beardsley: Febres do capricho, A lisa escolha do carinho, Escritas arcaicas, A

comunicação visual da astrologia, Naquele flutuar das escritas: Caligramas e pré-história:

Uma leitura projetada.

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• Como integrante da Comissão de Estudos Ibéricos, Wlademir faz edição, diagramação e

paginação dos livros O forte de Coimbra, de Carlos Francisco Moura; e, como

coordenador do Laboratório de Pesquisas Visuais da UFMT, é responsável pela

publicação dos livros: Breve memória sobre a imprensa em Matto-Grosso, de Estevão de

Mendonça; Notícias práticas das minas do Cuiabá, de João Antonio Cabral Camello;

Reflexões sobre a capitania de Mato Grosso, de Ricardo Franco de Almeida Serra;

Relação das povoaçoens do Cuyabá e Mato Grosso de seos principios thé os prezentes

tempos, de Joseph Barboza de Sá; Vias de communicação de Matto-Grosso, de Barão de

Melgaço; O primeiro caminho para as Minas de Cuyabá/Caminho das monções, de Gentil

de Assis Moura e Gervásio Leite; Carta Régia de 12 de maio/Extrato do discurso do

presidente/Creação da diretoria dos indios.

Em 28 de abril de 1975, enquanto responsável pelo departamento visual, Wlademir

trabalha na publicação do Jornal dos Transportes, em Brasília.

1977 | É editado pela Editora Vozes o livro Vanguarda – produto de comunicação. Edição

coletiva organizada por Álvaro de Sá:.

• Participa da XIV Bienal de São Paulo com a obra Poema-espacional.

1981 • 1990

Essa década é dedicada com intensidade às atividades da Universidade da Selva, a

UFMT: edita dezenas de livros, jornais e outras publicações, mantém um programa

gigantesco de exposições no museu da universidade, organiza um programa de exibição

de cinema, além de dedicar-se ao estudo de diversas línguas indígenas e formar uma

grande biblioteca sobre cultura indígena brasileira. Permanece em contato com o meio

literário e artístico do Rio de Janeiro com idas sistemáticas à cidade, onde mantém sua

residência e seu principal arquivo. Faz também programação visual para órgãos públicos

e privados além da programação visual do Carnaval de Cuiabá.

1981 | Edita o Jornal Cuiabano de Medicina nº 1, 2, 3 e 4. A revista impressa na UFMT

sob direção de Wlademir perfaz um trabalho editorial único. (ver nesta exposição)

1982 | Realiza exposição retrospectiva de sua obra na UFMT, quando é publicado, pelo

Departamento de Letras, catálogo com depoimentos, poemas e iconografia: Wlademir

Dias-Pino – a separação entre inscrever e escrever. Nele aparece pela primeira

vez o poema Dia da cidade, de 1948. No livro, o poema é impresso em partes, dividido

em 48 folhas do livro.

1986 | Nos 30 anos da poesia concreta é realizada no Rio de Janeiro, no Fórum de

Ciência e Cultura da UFRJ, exposição em homenagem ao poeta com antologia de sua

produção poética, com curadoria de Evandro Salles.

1982/1990 | Edita e faz a programação visual de uma série enorme de publicações que

incluem livros, jornais, revistas, folhetos e cartazes. Alguns exemplos: O homem

amazônico, Edições UFMT, Cuiabá; Jornal de Bolso – Semanário de Circulação Dirigida,

ano 1, n°33; Raízes da Universidade de Mato Grosso – prolegônimos, 1982; Boletim

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Diário – Projeto Cinco e Meia, programação do Museu de Arte e Cultura Popular; O Fifó –

Boletim Informativo da Comunidade Universitária, editora Marta de Arruda; Existir é uma

denúncia cultural, livro original inédito, projeto por um museu iconográfico/UFMT;

Catálogo de exposição Silva Freire, Imprensa Universitária – Semana de Letras – projeto

Amostra Permanente de Obras de Escritores Mato-grossenses; Universidade // Reflexão,

Edições UFMT; KOXIXO Suplemento Cultural do Jornal O Estado de Mato Grosso,

editora Marta de Arruda; Jornal Caminhando, laboratório de pesquisas visuais, Cuiabá.

• Trabalhando ao longo dos anos com a ideia de série e de projeto, Wlademir desenvolve

simultaneamente o que poderíamos chamar de diferentes "aglomerados de trabalhos",

com temas e abordagens às vezes totalmente distintas, constituídos por milhares de

imagens. Um exemplo é a série "desenhos de mulheres" que, em 2015, girava em torno

de 15 mil desenhos: rostos, braços, mãos, corpos de mulheres jovens e velhas. Possui

várias outras séries como os desenhos em auto-contraste, desenhos de crianças,

Poemas sem palavras, Poemas manipuláveis, Elogio ao A//a, além da infindável coleta,

reelaborção e produção de imagens para a Enciclopédia visual brasileira.

1991 • 2000

No começo da década continua suas atividades editoriais na UFMT até sua

aposentadoria em 1994. Volta paulatinamente a viver no Rio de Janeiro, passando

temporadas numa cidade e noutra. Transfere parte de seu arquivo de Cuiabá para o Rio

de Janeiro, desfazendo-se de outro montante significativo. Dedica-se às suas pesquisas

visuais e aos projetos em desenvolvimento como a Enciclopédia visual e o poema-

conceito.

1991-1994 | Entre outros, edita nesse período os livros Trilogia cuiabana: tempo de

estórias e espaço cotidiano, Silva Freire, Edições UFMT; Proposta metodológica e

operacional, cadernos de Informação 3, Edições UFMT.

1993| Participa do II Fórum Brasília de Artes Visuais com a exposição Elogio ao A//a, o

alfabeto da poesia na língua A. Apresenta em Brasília mais de mil variações gráficas da

letra A feitas nos seus vários estilos construtivos e cuiabanos. Hoje, os ‘As’ do poeta

chegam a 4 mil artes finalizadas. (ver nesta exposição – sala 2)

1994 | Em Brasília, edita o livro-catálogo Cidade imaginada – ensaio plástico-poético.

Concepção, montagem gráfica e editorial do livro para o catálogo da exposição do mesmo

nome, com curadoria de Evandro Salles.

• Conclui suas atividades na UFMT retornando ao Rio de Janeiro.

1996 | Conhece Regina Pouchain, com quem desenvolverá, desde então, longa parceria

amorosa e literária produzindo em conjunto livros e projetos.

1998 | Recebe, em 28 de abril, do governador do estado de Mato Grosso, Dante Martins

de Oliveira, o título de Comendador da Ordem do Mérito de Mato Grosso.

2000 | Publica pela Editora Sinal o livro Gôngora minax: texto de Regina Pouchain e

colagens de Wlademir.

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• É criado por Rogério Camara e Priscilla Martins – das universidades de Brasília e

Espírito Santo – o site Enciclopédia visual, que busca apresentar a obra de Wlademir na

web: www.enciclopediavisual.com.

2001 • 2010

Dedica-se com intensidade à elaboração da Enciclopédia visual brasileira,

trabalho gigantesco e interminável feito por etapas: pesquisa de imagens, edição e

seleção, recorte, colagem, elaboração de camadas de cores e fundos, montagem de

estruturas visuais geométricas, copiagem e programação visual. Além da Enciclopédia

dedica-se à elaboração de desenhos, programação visual e à feitura de poemas

eletrônicos usando os métodos gráficos e visuais proporcionados pelo instrumental

computacional.

Mantendo seu arquivo e sua biblioteca em sua casa de vila no bairro do Catete, no Rio de

Janeiro, um dia durante o ano de 2010 é surpreendido por um trágico acontecimento:

depois de longa estada fora da cidade a trabalho, quando retorna encontra a casa

invadida pela água que se infiltrou de uma obra em casa vizinha. São destruídos

inúmeros documentos, livros inéditos, livros de toda sua história e grande parte dos

originais de sua Enciclopédia visual, que durante vários anos foram feitos manualmente

por séries de camadas superpostas de colagens. Essa é a razão de parte significativa de

sua própria bibliografia ter desaparecido.

2001 | Faz projeto gráfico da Revista Urbana nº 22, publicada em outubro de 2001 no Rio

de Janeiro, com a temática: poema fanzine, overdose de poesia e comemoração de 15

anos.

2008 | Realiza a exposição Contrapoemas e Antipoemas no Oi Futuro Ipanema, Rio de

Janeiro, com curadoria de Adolfo Montejo Navas e Alberto Saraiva. A mostra é uma

coleção de poemas digitais projetados feitos em colaboração com Regina Pouchain.

• Recebe, em 28 de novembro, do Governo do Estado do Mato Grosso, o título de

Cidadão Mato-grossense por ter contribuído para o desenvolvimento da cultura no estado.

2009 | É criada e aprovada em 18 de novembro a Lei nº 9.244, que, por iniciativa do

deputado estadual Alexandre Cesar, reconhece o intensivismo, segmento literário e

cultural nascido em Mato Grosso, como forma de manifestação cultural popular, com os

direitos respeitados e suas histórias resguardadas e ensinadas nas escolas do estado.

2010 | Participa da exposição Rio experimental - más allá del arte, el poema y la acción

realizada na Fundación Botin em Santander, Espanha. A mostra apresentou um

panorama da arte experimental praticada no Rio de Janeiro na segunda metade da

década de 1960 e na de 1970, com especial destaque para as atividades de Wlademir

Dias-Pino e do Poema/processo. É editado catálogo de 324 páginas com curadoria de

Monica Carballas

2011 • 2015

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Prestes a completar 90 anos de idade, o poeta trabalha em torno de dez horas por dia,

produzindo simultaneamente imagens e textos para vários de seus projetos: imagens

para a sua infindávelmente feita e refeita Enciclopédia visual, poemas conceitos, coleção

de livros com imagens e textos de escritores amigos, produzidos pela Editora Sinal criada

por Wlademir para a edição desses projetos, imagens digitais construídas em computador

etc. Incansável em sua busca pelo poema total, idealiza e planeja novos projetos, novos

processos, novas abordagens, novas perspectivas e atende convites para participar de

livros e exposições. Continua intocado seu desejo e sua energia em busca de um Poema

Infinito.

2011 | Realiza nova exposição no Oi Futuro Ipanema denominada Poemas matemáticos

– 700 poemas projetados em fachada de prédio e apresentados no espaço do centro

cultural.

• É editado pelo Oi Futuro e pela Editora Aeroplano o livro Wlademir Dias-Pino. O livro,

que republica vários de seus primeiros livros e faz uma retrospectiva de sesu livros

fundamentais, foi elaborado inteiramente por Wlademir com a assistência de Regina

Pouchain e Domingos Octavio, seu colaborador técnico para computação e arte-final.

2012 | Em conjunto com Regina Pouchain, elabora o livro inédito Zygaena rotissilábica

com textos e colagens.

2013 | Em 12 de novembro, recebe da Universidade Federal de Mato Grosso o título de

Doutor Honoris Causa.

• Finaliza o romance inédito denominado LERVEGER: o almirante do mar de Xaraés. Um

romance construído de fragmentos, para ser imaginado em qualquer lugar do Pantanal e

em qualquer tempo.

• Participa da primeira edição da mostra Bola na Rede, Funarte/Brasília, por ocasião

da Copa das Confederações.

2014 – Segunda edição da mostra Bola na Rede, coletiva por ocasião da Copa do

Mundo, na Funarte/Brasília.

• Dando sequência ao recente reconhecimento internacional do poema/processo e das

vanguardas brasileiras, é impresso por OEI Magazine na Suécia, em inglês, o livro

Process/Poem – Poema/Processo; ampla panorâmica da produção do poema/processo e

da obra de Wlademir Dias-Pino. O livro de 520 páginas acompanhou a realização de

exposição e incluiu textos de diversos críticos, bem como textos teóricos de época

produzidos pelos integrantes do movimento.

• Participa da mostra coletiva A experiência da arte, com Cildo Meireles, Eduardo

Coimbra, Ernesto Neto, Paula Trope, Vick Muniz e Waltercio Caldas. Centro Cultural

Banco do Brasil, Brasília.

2015

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• Entre setembro e outubro, é realizada, no Museu da Universidade Federal do Mato

Grosso, Vanguarda experimental, uma grande mostra sobre o conjunto da obra de

Wlademir Dias-Pino, idealizada e produzida por ele. Foram expostas imagens, textos,

reproduções de livros e jornais. Acompanhou a mostra um seminário sobre sua produção

e uma série de homenagens da universidade e do governo de Mato Grosso

reconhecendo plenamente o trabalho de Wlademir como uma das mais importantes

contribuições para a arte e a cultura brasileiras.

• É lançado o livro Poesia/Poema Wlademir Dias-Pino, organizado por Rogério Camara e

Priscilla Martins. Antologia da obra com fac-símile dos livros principais e ensaios críticos.

Projeto financiado com Bolsa Funarte de Estímulo à Produção em Artes Visuais 2014 –

Editora Estereográfica.

• Participa, no Centro Cultural Hélio Oiticica, no Rio de Janeiro, da exposição coletiva

Casa cidade mundo, com artistas, escritores e arquitetos.

• Participa da segunda edição da mostra A experiência da arte, SESC-Santo André,

São Paulo.

• Em comemoração aos 89 anos de vida do poeta, que se completam em abril de 2016, é realizada no Museu de Arte do Rio – MAR a maior exposição de obras de Wlademir Dias-Pino até o momento. Apesar de não ser uma retrospectiva, a mostra O poema infinito de Wlademir Dias-Pino apresenta amplo e inédito panorama do conjunto de sua produção.