94
ÜNIVIBSÍDADE DO AMA20NAS-tJÂ INSTITUTO NACIONAL DS PESQUISAS DA AMA2ÕNIÀ-MPA im, GORDURA E CAROOIDRATOS CRESCIMENTO DE JUVENIS lA, Piractus brachypomus Wâlter Vásquez Torrea 50413 .. le : 02-0027 12 Manaus-AM, 2001

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ÜNIVIBSÍDADE DO AMA20NAS-tJÂ

INSTITUTO NACIONAL DS PESQUISAS DA AMA2ÕNIÀ-MPA

im, GORDURA E CAROOIDRATOS

CRESCIMENTO DE JUVENIS

lA, Piractus brachypomus

Wâlter Vásquez Torrea

50413 ..le :02-0027

12

Manaus-AM, 2001

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UNIVERSIDADE DO AMAZONAS- UA

INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA- INPA

EXIGÊNCIAS DE PROTEÍNA, GORDURA E CARBOIDRATOS EMDIETAS PARA CRESCIMENTO DE JUVENIS DE PÍRAPITINGA,

Piaractus brachypomus

WALTER VASQUEZ-TORRES

Tese apresentada ao Programa de Pós-graduação em Biologia Tropical e RecursosNaturais do convênio INPA/UA, como parte dosrequisitos para obtenção do título de Doutor emCiências Biológicas, área de concentração:Biologia de Água Doce e Pesca Interior.

-1

Manaus, AM2001

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UNIVERSIDADE DO AMAZONAS- ÜA

INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA- INPA

EXIGÊNCIAS DE PROTEÍNA, GORDURA E CARBOiDRATOS EMDIETAS PÁRA CRESCIMENTO DE JUVENIS DE PIRAPITINGA;

Piaractus brachypomus

WALTER VASQUEZ-TORRES

ORIENTADOR: Manoel Pereira Filho, Dr

Tese apresentada ao Programa de Pós-graduação em Biologia Tropical e RecursosNaturais do convênio ÍNPA/UA, como parte dosrequisitos para obtenção do título de Doutor emCiências Biológicas, área de concentração:Biologia de Água Doce e Pesca Interior.

m íiManaus, AM

2001

BIBLIOTECA DO livPA

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DEDICATÓRIA

^ minfia esposa,

Çíòria.

Jl meusJiCfios,

(DanieC TeGpe

JuCiana Margarita

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Ficha catalográfica

Vásquez-Torres, Wálter

Exigências de proteína, gordura e carboidratos em dietas para crescimentode juvenis de pirapitinga (Piaractus brachypomus)Manaus: INPA/UA, 200174p.Tese de Doutorado

1. Peixe de água doce - Piaractus brachypomuslP\rap\i\nQa. 2. Nutrição. 3.Exigências nutricionais- carboidratos/lipídios/proteína/aminoácidos. 4.Dieta referência. 5. Aminoácidos em carcaça

CDD 19® 597.013

SINOPSE.

Foram realizados cinco experimentos para definir a composição de uma dieta dereferência purificada e determinar níveis de exigências de macronutrientes emdietas para crescimento de Piaractus brachypomus (TELEOSTEI, CHARACIDAE).No experimento 1 foram avaliadas 4 dietas de referência, No experimento 2 a dietacom 32% de PB que produziu melhores resultados no experimento 1, melhoradamediante a suplementação com uma pré-mistura de macrominerais e vitamina C,foi definida como a dieta referência para a espécie. No experimento 3 foramtestadas 6 dietas com níveis de PB entre 16 e 36%; foi determinado que 31,6%era o nível ótimo de PB para máximo crescimento. No experimento 4 foramformuladas 9 dietas isoprotéicas com 32% de PB num esquema fatorial AxB (A =20, 28 e 36% de CHOs em combinação com B = 4, 8 e 12% de LIP). Ocrescimento foi máximo para as dietas com qualquer nível de CHOs emcombinação com 4% de LIP. Os resultados indicam que a pirapitinga tem maioreficiência para utilizar CHOs do que LIP como fonte de energia. No experimento 5foram testadas 9 dietas isoprotéicas com diferentes perfis de aminoácidosessenciais (AAE). O perfil de AAE das dietas que produziram o melhordesempenho nas variáveis analisadas, similar ao padrão de AAE da carcaçadeterminado neste estudo, era deficiente em arginina. Também foi verificado que operfil de AAE corporais de Piaractus brachypomus era semelhante ao padrãomédio descrito para teleósteos.

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AGRADECIMENTOS

À UNIVERSIDAD DE LOS LLANOS. (UNILLANOS) pela concessão doafastamento para a realização do curso e pelo co-financiamento do projeto depesquisa da tese.

Ao INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA (INPA) pelaoportunidade oferecida para realização do curso.

Ao Dr. MANOEL PEREIRA FILHO, pela orientação, confiança, apoio,amizade e permanente colaboração recebida durante a elaboração desta tese.

Ao CNPq, pela bolsa concedida.

Ao PONDO COLOMBIANO DE INVESTIGACIONES CIENTÍFICAS YPROYECTOS ESPECIALES -"FRANCISCO JOSÉ DE CALDAS" (COLCIENCIAS-de Colômbia) pelo apoio financeiro para a realização desta pesquisa.

À técnica do Laboratório de Nutrição de Peixes da CPAQ, MARIA INÊS DEOLIVEIRA PEREIRA, pela colaboração na realização de parte das análisesbromatològicas.

Ao pessoal do "PROGRAMA DE CIÊNCIA Y TECNOLOGIAAGROPECUÁRIAS" de COLCIENCIAS, em especial a Dra OLGA LÚCIA ACOSTAMIRKOW, pelo apoio e permanente colaboração no manejo dos recursosfinanceiros aportados por COLCIENCIAS.

A todo o pessoal que colaborou de perto na realização do trabalho delaboratório, em especial a ADRIANA PATRÍCIA MUNOZ R., JUAN CARLOSSALINAS V., EDNA YOLIMA BELTRAN R. e JAIRO E. ORDONEZ V.

Aos colegas professores e amigos J. ALFREDO ARIAS CASTELLANOS,PABLO E. CRUZ CASALLAS, PEDRO RENÉ ESLAVA MOCHA, SANDRAPARDO CARRASCO e o Dr. ÁLVARO WILLS, pelo apoio e valiosas sugestõespara o melhoramento do trabalho.

A colega do Programa de Pós-Graduação do INPA MARTHA YOSSAPERDOMO, pela sua amizade e inestimável colaboração.

A todos aqueles que, direta ou indiretamente, contribuíram para que estetrabalho se tornasse uma realidade.

m

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Abreviaturas utilizadas

AGE = Ácidos Graxos Essenciais

AGPI = Ácidos Graxos Poli-Insaturados

ANOVA = Análise de Variância

CAA = Conversão alimentar aparente

CHOs = Carboidratos

CMC = Carboxi-metil-celulose

CPAQ = Coordenação de Pesquisas em Aqüicultura

d = Dias

DP = Desvio-padrão

EB = Energia Bruta

ED = Energia digestível

EE = Extrato Etéreo

ENN = Extrato Não Nitrogenado

EPU = Estación Piscícola de Unillanos

IALL = Instituto de Acuicultura de Ia Universidad de los LIanos

F = Razão de variâncias (estatística)

GEB = Ganho de Energia Bruta

GP = Ganho de peso

IP = Incremento em Peso

LIP = Lipídios

MS = Matéria Seca

PB = Proteína Bruta

PBc = Proteína Bruta consumida

PER = Taxa de Eficiência Protéica (Protein Efficiency Rate)

Pf = Peso final

Pi = Peso inicial

ppm = Partes por milhão

PPV = Porcentagem de Retenção de Proteína (Protein Production Value)

RE = Porcentagem de Retenção de Energia

SQ = Escore Químico

t = tempo (dias)

TEC = Taxa Específica de Crescimento

IV

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LISTA DE TABELAS

Página

Tabela 2.1. Composição de ingredientes das dietas utilizadas nosexperimentos 1 e 2 para determinar a dieta de referência paraestudos nutricionais em Piaracfus brachypomus 12

Tabela 2.2. Composição centesimal das dietas e das amostras decarcaça dos peixes do experimento 1 para determinar a dieta dereferência para estudos nutricionais em Piaractus brachypomus 18

Tabela 2.3. Composição centesimal das dietas e das amostras decarcaça dos peixes do experimento 2 para determinar a dieta dereferência para estudos nutricionais em Piaractus brachypomus. 19

Tabela 3.1. Composição de ingredientes e análise centesimal das dietasutilizadas no experimento 3 para determinar níveis de exigência deproteína em dietas para crescimento de Piaractus brachypomus 25

Tabela 3.2. Composição centesimal das carcaças e valores de retençãode energia dos peixes no experimento 3 para determinar asexigências de proteína em dietas para crescimento de Piaractusbrachypomus 32

Tabela 4.1. Composição de ingredientes e análise centesimal das dietasdo experimento 4 para determinação dos níveis de exigência decarboidratos e lipídios em dietas para crescimento de Piaractusbrachypomus 39

Tabela 4.2. Taxa específica de crescimento (TEC), conversão alimentaraparente (CM) e retenção de proteína (%PPV) no experimento 4para determinar níveis de exigências de carboidratos e lipídios emdietas para crescimento de Piaractus brachypomus 42

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Tabela 4.3. Composição centesimal das carcaças dos peixes noexperimento 4 para determinar níveis de exigência de carboidratos elipídios em dietas para crescimento Piaractus brachypomus .47

Tabela 5.1. Composição de ingredientes das dietas utilizadas noexperimento 5 para determinar o efeito de diferentes perfis deaminoácidos essenciais (AAE) sobre o crescimento de juvenis dePiaractus brachypomus .54

Tabela 5.2. Composição analisada de aminoácidos (AA) da caseína e dagelatina utilizadas na elaboração das dietas do experimento 5 paradeterminar o efeito de diferentes perfis de aminoácidos essenciaissobre o crescimento de juvenis de Piaractus brachypomus .55

Tabela 5.3. Composição centesimal e proporções calculadas deaminoácidos essenciais (AAE) das dietas utilizadas no experimento 5para determinar o efeito de diferentes perfis de AAE sobre ocrescimento de juvenis de Piaractus brachypomus .56

Tabela 5.4. Composição de aminoácidos essenciais e escore químico(SQ) das dietas com 0,0% e 21,9 a 35,0% de caseína noexperimento 5, para determinar o efeito de dietas com diferentesperfis de AAE sobre o crescimento de juvenis de Piaractusbrachypomus 58

Tabela 5.5. Composição centesimal de carcaças dos peixes doexperimento 5 para determinar os efeitos de dietas com diferentesperfis de aminoácidos essenciais (AAE) sobre o crescimento dejuvenis de Piaractus brachypomus .62

Tabela 6.1. Composição de nutrientes das dietas experimentais queproduziram melhor desempenho de crescimento e aproveitamento denutrientes no estudo para determinação da dieta referência, níveisótimos de proteína, carboidratos e lipídios e aproximação ao perfilideal de aminoácidos essenciais em dietas para juvenis de Piaractusbrachypomus 67

VI

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LISTA DE FIGURAS

Página

Figura 2.1. Efeito das dietas do experimento 1 sobre o consumo dematéria seca (A), ganho de peso (B) taxa específica de crescimento(C), conversão alimentar aparente (D), taxa de eficiência protética(i) e retenção de nutrientes (F) no estudo para determinação dadieta referência para Piaractus brachypomus 14

Figura 2,2, Efeito das dietas do segundo experimento sobre o consumode matéria seca (A), ganho de peso (B) taxa específica decrescimento (C), conversão alimentar aparente (D), taxa deeficiência protética (E) e porcentagem de retenção de proteína (F)no estudo para determinação da dieta referência para Piaractusbrachypomus 15

Figura 3.1. Relação entre níveis de proteína das dietas e ganho de peso(a), taxa específica de crescimento (b), consumo de matéria seca(c), conversão de alimento (d), eficiência de utilização protéica (e)e porcentagem de retenção de proteína (f) no experimento 3 paradeterminação das exigências de proteína em dietas paracrescimento de Piaractus brachypomus 28

Figura 4.1. Efeito das dietas sobre o ganho de peso (a), consumo dealimento (b), eficiência de utilização de proteína (c) e porcentagemde retenção de energia (d) no experimento 4 para determinaçãodos níveis ótimos de carboidratos e de lipídios em juvenis dePiaractus brachypomus 45

Figura 5.1. Relação entre nível de caseína das dietas e ganho de peso(a), taxa específica de crescimento (b), conversão alimentaraparente (c), taxa de eficiência protéica (d), porcentagem deretenção d© proteína (e) e porcentagem de retenção energia (f) noexperimento 5 para determinar o efeito de diferentes perfis de AAEsobre o crescimento de juvenis de e Piaractus brachypomus. 57

V» vu

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SUMÁRIO

Página

Resumo gera/....,......,,.............,,............. ^

CAPÍTULO IINTRODUÇÃO GERALMATERIAL E MÉTODOSUnidades experimentais 3

Peixes experimentais,,,,,,.,,,,,,..,.,,..,.. ,4Dietas experimentais

Análise de composição próxima! 5

Parâmetros de resposta analisados 6

Delineamento experimental e análises estatísticas 7

Bibliografia citada

CAPÍTULO IIDieta de referência semipurifigada para avaliação das exigênciasNUTRiciONAis EM JUVENIS DE PIRAPITINGA, Piaraçtus braçhypomus 9

RigUMO 9

introdução

Material e métodos

Resultados e discussão

Conclusões

Bibliografia citada....,,..........,,..,,..*..,.......,. 20

CAPITULO III

Efeito de dietas com níveis variáveis de proteína sobre o crescimento e aefiqiênçia de utili^çAq de nutrientes em juvenis de PIRAPITINGA, Piaractusbraçhypomus. 22

RESUMO 22

Introdução,,,,,,,,.,,.

viii

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<5)

Material e métodos 24

Resultados e discussão 25

Conclusões 33

Bibliografia citada 33

ÇAPÍTULO „,,36RELAÇÃO CARBOIDRATOS: LIPÍDIOS SOBRE O CRESCIMENTO E A UTILIZAÇÃO DENUTRIENTES EM JUVENIS DE PiRAPiTiNGA, Pisractus brschypomus 36

Resumo,,.. 36

lntroduçio„„„„, ,37

Material e métodos 39

Resultados e discussão 40

Conclusões 48

Bibliografia dtada 48

CAPÍTULO

Efeito de dietas com diferentes perfis de aminoácidos essenciais sobre o

CRESCIMENTO Ê A UTILIZAÇÃO DE NUTRIENTES EM JUVENIS DE PIRAPITINGA, PiaraçtUSbraehypQmus. 5\

Resumo 51

Introdução

Material e métodos.. 53

Resultados e discussão 55

Conclusões 63

Bibliografia citada 63

CAPÍTULO VI ; 66

Discussão final e recomendações...,,......,, .....66

ilbllografla citada.,,,. 71

Summary 73

IX

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Resumo geral

o presente estudo teve como objetivo determinar as exigências dos

macronutrientes proteína, carboidratos e lipídios em dietas para crescimento de

juvenis de pirapitinga (Piaractus brachypomus CUVIER 1818, TELEOSTEI,

CHARACIDAE) e definir a composição de uma dieta referência para pesquisas

sobre nutrição desta espécie.

O crescimento foi usado como critério básico para medir os efeítoe das

dietas, sendo também analisados consumo de matéria seca, taxa específica de

crescimento (TEC), conversão alimentar aparente (CAA), taxa de eficiência protéica

(PER) e retenção de proteína (%PPV) e energia (%RE). As dietas foram elaboradas

utilizando ingredientes purificados: caseína e gelatina, como fontes de proteína;

dextrina como fonte de carboidrato; óleos de peixe e de milho, como fonte de

lipídios; alfa celulose, como material inerte não nutritivo; carboximetilcelulose como

ligante e pré-misturas de vitaminas, macrominerais e microminerais.

Foram realizados cinco experimentos. No experimento 1 testaram-se quatro

dietas (H-440 com 47,0% PB, C-102 com 41,0% PB, NRC com 37,0% PB e IALL-1

com 32,0% de PB) elaboradas com ingredientes purificados e uma dieta controle

(32,0% de PB), com ingredientes comuns. No segundo experimento foi. usada como

dieta base a IALL-1 que apresentou melhor desempenho no primeiro experimento; a

dieta 1 ficou sem modificações, a dieta 2 foi suplementada com vitamina Ç e pré-

mistura de macrominerais e na dieta 3, o óleo vegetal foi substituído por óleo de

peixe. Os resultados, em conjunto, indicaram que a dieta IALL-1 suplementada com

macrominerais e vitamina C, produziu melhores resultados sendo recomendada

como dieta referência semipurificada. O experimento 3 foi realizado para determinar

o nível de proteína para máximo crescimento de juvenis de Piaractus brachypomus.

Foram formuladas seis dietas isocalóricas com níveis de proteína (PB) entre 16,0 e

36,0%, com incrementos de 4,0%. Os resultados mostraram que 31,6% foi o nível

com máximo crescimento; a eficiência protéica e a retenção de PB foram

X

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negativamente correlacionadas com o nível de PB dietética. Não foram observadas

diferenças significativas na composição de nutrientes da carcaça (P>0,05) em

função dos níveis de proteína das dietas. O experimento 4 foi realizado para

determinar a habilidade de P. brachypomus em utilizar carboidratos (CHOs) e

lipídios (LIP) como fontes de energia. Foram formuladas 9 dietas isoprotéicas com

32,0% de PB e níveis de energia bruta entre 5,0 e 5,4 kcal/g num esquema fatorial

de AxB (A = 20.0. 28,0 e 36,0% de CHOs e B = 4,0, 8,0 e 12,0% de LIP). Os testes

para avaliar os efeitos da interação dos fatores CHOsiLIP foram significativos

(P<0,05) indicando haver dependência entre estes para as variáveis analisadas. O

ganho de peso e a TEC foram máximos para as dietas com qualquer dos níveis de

CHOs em combinação com 4,0% de LIP. O aumento nos níveis de LIP para 8,0 e

12,0% pioraram significativamente o crescimento. Os dados obtidos indicaram que a

pirapitinga tem maior eficiência para utilizar CHOs do que LIP como fonte de

energia. No experimento 5 foram formuladas 9 dietas ísocalóricas e isoprotéicas

variando a concentração da caseína entre 0,0 e 35,0% com incrementos de 4,4%,

concomitante com^ a diminuição nas mesmas proporções da gelatina para gerar

alterações graduais no perfil de aminoácidos essenciais (AAE). O objetivo foi

determinar o perfil de aminoácidos que produzia melhor crescimento e utilização de

nutrientes. A composição de aminoácidos da carcaça da pirapitinga foi analisada. O

"Escore Químico" (SQ) calculado comparando-se os perfis de AAE da carcaça com

as dietas experimentais mostrou que as rações que produziram o melhor

desempenho, com 31,6 e 35,0% de caseína tinham um perfil de AAE apenas

deficiente em arginina, com SQ = 70,0 e 59,5, respectivamente. Foi verificado que o

perfil de aminoácidos corporais da pirapitinga era similar ao perfil padrão descrito

para teleósteos em geral.

Foi determinada a composição da dieta referência para estudos de nutrição e

definidas as exigências de proteína (32,0%), carboidratos (mínimo 36,0%), lipídios

(máximo 4,0%) e a aproximação do perfil de AAE para o melhor crescimento de

juvenis de Piaractus brachypomus.

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CAPITULO I

INTRODUÇÃO GERAL

Produto do recente desenvolvimento e aperfeiçoamento nas técnicas de cultivo

de peixes, particularmente no relacionado ao manejo dos planteis de reprodutores,

reprodução induzida, incubaçâo e manejo de larvas e alevinos, a produção mundial da

aqüicultura cresceu de 13,13 milhões de toneladas em 1990 para 28,27 em 1997

(FAO, 1999). Na atualidade são cultivadas, no mundo todo, mais de 300 espécies de

peixes utilizando estratégias de alimentação e dietas práticas que visam atender, da

forma mais precisa, as exigências de nutrientes específicas de cada uma delas. A

contínua expansão e melhoramento da eficiência na produção da aqüicultura exige

permanentes avanços relacionados à formulação e aos processos tecnológicos de

fabricação de rações comerciais. Porém, para que esse desenvolvimento seja

possível, devem ser considerados as necessidades de nutrientes de cada espécie em

particular quanto a seus níveis de energia, proteínas, lipídios, vitaminas e minerais,

bem como a disponibilidade das matérias primas e seu custo.

Na América do Sul, a aqüicultura é considerada uma atividade produtiva de

singular importância em razão da grande diversidade de organismos aquáticos com

condições zootécnicas favoráveis para cultivo. Embora seu desenvolvimento em

nosso continente seja relativamente recente, reconhecem-se notáveis avanços na

exploração de espécies nativas em cativeiro, principalmente de peixes de água doce.

Entre outros, destacam-se alguns peixes neotropicais da subfamília Serrasalminae

(TELEOSTEI, CHARACÍDAE), em particular a pirapitinga (Piaractus brachypomus), o

pacu (Piaractus mesopotamicus) e o tambaqui (Colossoma macropomum) (Saint-

Paul, 1985).

Na Colômbia a pirapitinga é uma espécie de grande importância comercial,

amplamente cultivada em sistemas intensivos e semi-intensivos em escala industrial

(FAO, 1994; INPA, 1995). Essa espécie tem demonstrado alto potencial para criação

1

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em viveiros: rusticidade, docilidade, excelente qualidade e sabor da sua carne (Bello &

Gil, 1992), hábito onívoro com tendência ao consumo de frutos e sementes o que lhe

permite aceitar diferentes tipos de alimentos naturais (Silva, 1985; Árias & Vásquez-

Torres, 1988), subprodutos agro-industriais e dietas artificiais. Além disto, por

apresentar altas taxas de conversão alimentar e crescimento diário (Pérez & Martino,

1993), resistência às enfermidades em condições de confinamento (Hemández et ai,

1992) e bom preço da carne.

As dificuldades de reprodução em cativeiro que afetaram seu desenvolvimento

durante as primeiras etapas de sua exploração na década de 80, foram superadas

mediante a utilização de técnicas de indução à desova com hormônios naturais,

similares às utilizadas em outras espécies (Woynarovich, 1988; Árias et ai, 1989;

Vásquez-Torres, 1989) e também com hormônios sintéticos para a reprodução

artificial (Munoz et ai, 1991; Munoz & Vásquez-Torres, 1993). A estacionalidade na

maturação dos ovários, que limitava sua reprodução artificial ao longo do ano, foi

superada na maioria das estações de produção de alevinos dos Planaltos Orientais da

Colômbia, com base nos resultados de pesquisas sobre manejo e nutrição de

reprodutores (Vásquez-Torres, 1994).

Atualmente a fase de engorda apresenta as maiores dificuldades devido à

carência de conhecimentos sobre exigências de nutrientes da espécie (proteína,

carboidratos e lipídios). A ausência de rações completas é, portanto, um dos fatores

que mais tem limitado o desenvolvimento intensivo da atividade (Hemández et ai,

1992).

O presente estudo teve como objetivo determinar as exigências nutricionais de

juvenis de pirapitinga {Piaractus brachypomus) e,

a) estabelecer uma metodologia para experimentação em condições controladas; b)

definir a composição de uma dieta referência para a realização de pesquisas com

pirapitinga; c) determinar os níveis dietéticos de proteína, carboidratos e lipídios para

juvenis dessa espécie.

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MATERIAL E MÉTODOS

O trabalho foi executado em duas fases:

Fase 1: Padronização da dieta de referência.

Capítulo II, (Experimentos 1 e 2).

Fase 2: Determinação das exigências de macronutrientes

Capítulo III, nível de proteína. (Experimento 3).

Capítulo IV, níveis de carboidratos e lipídios. (Experimento 4)

Capítulo V, perfil de aminoácidos essenciais. (Experimento 5).

Os diferentes experimentos foram realizados na "Estadón Piscícola dei Instituio

de Acuicultura de Ia Universidad de Los Uanos (EPU)\ em Viliavicencio, Meta,

Colômbia.

O trabalho de laboratório para determinação da composição centesimal das

dietas e de matéria corporal dos peixes foi realizado nos laboratórios de nutrição de

peixes do "Instituto de Acuicultura de Ia Universidad de los Uanod' e da Coordenação

de Pesquisas em Aqüicultura do INPA, Manaus (CPAQ/INPA).

Unidades experimentais

Foi utilizado um pavilhão de 200 m^ de área coberta, com proteção para

eliminar ò excesso de luz e minimizar influências do meio ambiente que pudessem

afetar os experimentos. O sistema foi constituído por 27 unidades experimentais

(tanques cilíndricos de cimento-amianto de 500 litros), com fornecimento de água a

uma taxa de 2 l/min/tanque. A água foi redclada através de um sistema central de filtros

biológicos para remoção de partículas em suspensão e redução da concentração de amónia,

nitritos e nitratos. Uma vez por semana a qualidade da água foi monitorada e foi renovado um

terço do seu volume para remoção dos sedimentos depositados no tlindo dos tanques; a

aeração da água foi permanente para manter níveis de oxigênio próximos à saturação. O

oxigênio dissolvido foi medido com oxímetro digital portátil, (SCHOTT GERATE CG

867/1100), a temperatura instantânea com termômetro convencional de mercúrio, o

pH com medidor digital portátil (SCHOTT GERATE CG 858/5100) e os parâmetros

Page 19: Wâlter Vásquez Torrea - repositorio.inpa.gov.br

?)

dureza, amônia, nitritos e nitratos com kits de análise (MERK). Quando necessário,

foram aplicadas medidas corretivas para mantê-las dentro dos intervalos desejados:

temperatura 26 ±1,2 ®C, pH 7,3 ± 0.2, dureza >40 ppm e concentração de nitritos e amônia

<0,02 ppm.

Peixes experimentais

Foram utilizados juvenis de pirapitinga, Piaractus brachypomus, de

aproximadamente 60 dias de idade, obtidos por reprodução induzida. Para garantir a

homogeneidade genética, os alevinos de cada experimento procedeu de um mesmo

casal de reprodutores. Dos viveiros de cria os alevinos foram transferidos para

tanques cilíndricos de 3000 L de capacidade, onde foram condicionados durante 5 a 8

dias para o manejo em laboratório. A seguir, foram individualmente pesados e

distribuídos aleatoriamente em grupos de 20 indivíduos por unidade experimental. Os

dados de peso médio e número de tratamentos serão descritos para cada experimento.

Dietas experimentais

Nos diferentes estudos desenvolvidos, os tratamentos foram constituídos por

dietas experimentais. Estas foram elaboradas com ingredientes purificados seguindo

procedimentos recomendados na literatura (Tacon, 1988; Shearer ef a/., 1991; NRC,

1993; Lovell, 1998). Tais ingredientes foram :

a) caseína e gelatina, como fontes de proteína; b) amido, dextrina, e D-glicose,

como fontes de carboidratos; c) óleos vegetais e de peixe, como fontes de lipídios; d)

pré-misturas de vitaminas e minerais; ô) carboximetilcelulose (CMC) como aglutinante,

não nutritivo; f) celulose microcristalina, como componente inerte, não digestível.

Os componentes das diferentes rações foram misturadas por dez minutos

(separadamente os micro e macro-ingredientes). Após, esses dois grupos foram

reunidos e submetido à mistura por mais 15 min. Após, foram adicionados os óleos e

a água (600 ml kg"^ de ingredientes) até formar um homogeneizado de consistênciapastosa, misturando por mais 5 minutos. O produto obtido foi submetido três vezes a

moinho de carne para compactação e obtenção de grânulos de 3 mm de diâmetro,

Page 20: Wâlter Vásquez Torrea - repositorio.inpa.gov.br

í)

que foram cortados manualmente entre 6 -10mm de comprimento. As dietas úmidas

foram estocadas em embalagens plásticas fechadas a vácuo e mantidas sob

refrigeração (-20®C) até o dia anterior ao uso.

Cada dieta foi fornecida até aparente saciedade, aos três grupos de peixes, nos

diferentes experimentos, durante período de oito semanas. O consumo diário de

matéria seca, por unidade experimental, foi registrado. De cada tratamento foram

separadas amostras para as análises de composição proximal.

Análise de composição proximai

Para cada experimento foi determinada a composição centesimal das

diferentes dietas e amostras de tecidos corporais dos peixes. Do lote inicial, 20 peixes

de cada teste foram selecionados e, no final, cerca de 10 de cada repetição os quais

foram sacrificados e triturados em moinho de carne para obtenção de uma pasta

homogênea. O material foi armazenado em embalagens plásticas e congelado até a

^ realização das análises químicas, conforme metodologias padrão descritas pela

Association of Offíciai Agricultural Chemists (AOAC, 1984)1:

1. Umidade, definida como a perda de peso das amostras até um peso constante,

quando submetidas a temperatura de 105 ""O.

2. Proteína bruta (PB), definida como o conteúdo de nitrogênio das amostras

determinado pelo método micro-Kjeldahl, multiplicado pelo fator 6,25 (assumindo-

se que a proteína tem em média 16% de nitrogênio);

3. Lipídios (EE), que correspondem à fração das amostras extraída durante 4 horas

com éter de petróleo. Essa fração continha gorduras neutras e demais materiais

solúveis em solventes orgânicos;

4. As cinzas que é a porção que permaneceu depois de calcinar toda a matéria

' orgânica das amostras em mufla a 550 °C;

5. Extrato livre de nitrogênio (ENN), fração determinada indiretamente subtraindo de

100 o valor encontrado para as outras frações.

Os resultados das análises de proteína, lipídios, cinza e ENN são dados a

100% da matéria seca (MS).

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A energia bruta (EB) das dietas e das amostras de tecido corporal foi

determinada utilizando-se bomba calorimétrica adiabática PARR 121 EA.

Os valores obtidos nessas análises constituem a média de nove determinações

(3 amostras/repetição).

Parâmetros de resposta analisados

O critério básico para avaliar os efeitos das dietas foi o ganho de peso dos

peixes, calculado pela expressão:

GP = Pf-Pi

GP = Incremento em peso (g); Pi e Pf, pesos inicial e final, respectivamente.

O consumo de alimento foi analisado em termos da ingestão total de matéria

seca por indivíduo durante os 60 dias de experimento, em relação à biomassa

corporal final. Foi calculado como se indica a seguir:

Consumo = MSi (g) / Pf (g)

A quantidade de matéria seca ingerida (MSi) foi determinado a partir dos dados

da média de consumo diário por unidade experimental/peixe:

MSi = EConsumo médio diário multiplicado pela % de MS do alimento

Por sua vez, a média de consumo diário por peixe foi calculada a partir dos

dados de alimento fornecido diariamente por unidade experimental:

Consumo médio diário = alimento fornecido (g) em cada tanque/número de

peixes.

Também foram calculados e analisados os índices descritos a seguir:

- Conversão alimentar aparente (CAA):

CAA= MSi/GP

- Taxa específica de crescimento (TEC):

TEC = 100* [Ln(Pf) - Ln(Pi)l/1

Ln(Pf) e Ln(Pi) = Logaritmo natural dos pesos final e inicial;

t = Tempo, em dias do experimento.

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- Eficiência de utilização de proteína (PER):

PER = GP/PBc

PBc = Proteína bruta consumida por peixe (g)

Porcentagem de proteína depositada (%PPV):

%PPV = 100*GPBc/ PBc

GPBc= Ganho de proteína bruta corporal (g)

- Porcentagem de retenção de energia (%RE):

%RE=100*GEB/EBc

GEB = Ganho de energia bruta corporal (kcal/g)

EBc = Energia bruta consumida (kcal/g)

Deüneamento experimental e análises estatísticas

Para os experimentos foram utilizados delineamentos experimentais

inteiramente ao acaso, com "T" tratamentos (dependendo do experimento) e três

repetições. Cada repetição foi constituída por grupos de 20 peixes por unidade

experimental. Os dados obtidos para os parâmetros analisados, nos diferentes testes,

foram examinados através de análise de variância ou de regressão, dependendo do

experimento, ao nível de significância de 5 % para o valor de "F". Nos casos de

diferenças estatisticamente significantes para o teste T" foi realizado o teste de Tukey

para a separação das médias (P<0,05). As análises foram efetuadas com o auxílio do

programa de computador PC/ Systat ® 7.0 para Windows.

Bibliografia citada

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'I

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CAPITULO II

Dieta de referência semipurificada para avaliação das exigênciasNUTRiciONAis EM JUVENIS DE PIRAPITINGA, Piaractus brachypomus.

RESUMO

Foram realizados dois experimentos com o objetivo de definir uma dieta referência

semipurificada para estudos de exigências nutricionais em Piaractus brachypomus.

No primeiro experimento foram testadas quatro dietas com ingredientessemipurificados (H-440 com 47,0% PB, 0-102 com 41,0% PB. NRC com 37,0% PB e

IALL-1 com 32% de PB) e uma dieta controle (32,0% de PB), com ingredientes

comuns. No segundo experimento, a dieta IALL-1 foi a base para a formulação de

duas outras dietas experimentais; a dieta 1 não teve modificações, a dieta 2 foi

suplementada com vitamina 0 e pré-mistura de macrominerais, enquanto na dieta 3

o óleo vegetal foi substituído por óleo de peixe. Para medir os efeitos das dietas

foram considerados o ganho de peso, consumo de matéria seca, taxa específica de

crescimento (TEC), conversão alimentar aparente (CAA), eficiência de utilização da

proteína (PER) e retenção de proteína (%PPV) e energia (%RE). Entre as dietassemipurificadas o melhor desempenho foi observado para as formulações NRC e

ÍALL-1, que não diferiram entre si (P>0,05). A dieta IALL-1, que tinha menor nível dePB, * foi utilizada como base para o segundo experimento. Neste, os peixesalimentados com a dieta 2 apresentaram crescimento 42% maior que o observado

com a dieta 1. As demais variáveis analisadas, CAA, TEC, PER e %PPV, também

foram significativamente melhoradas. Os resultados, em conjunto indicaram que adieta IALL-1 suplementada com macrominerais e vitamina C pode ser recomendada

como dieta referência semipurificada para essa espécie.

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Introdução

A determinação dos nutrientes necessários às dietas para as diferentesespécies de peixes que se cultivam no mundo têm sido obtidas através de estudos em

condições controladas. Isso, para impedir interações da variável nutriente testada com

^ efeitos ambientais, tais como alimento natural, temperatura, luz e qualidade da água(Chiu, 1989; Lovell, 1998). Uma etapa básica nesse processo de avaliação dasexigências de nutrientes é o desenvolvimento de dietas experimentais de referência,preparadas com ingredientes purificados que permitam máximo controle de suacomposição química (Lovell, 1998). Em cada experimento as dietas são iguais, emtodos os aspectos, tais como: palatabilidade, estabilidade na água, textura, tamanhode partícula e conteúdos de energia e nutrientes, com exceção do nutriente que estásendo testado (NRC, 1993). Como indicaram Lovell (1998) e Shearer et ai (1991),para estes propósitos, a caseína e a gelatina em formas altamente purificadas é umaexcelente combinação de fontes protéicas. Rotineiramente também são utilizadas

dextrina como fonte de carboidratos, óleos de peixe que fornecem ácidos graxos a)-3e de vegetais que provêem co-6, celulose purificada como material inerte não nutritivo,carboximetilcelulose (CMC) como aglutinante para aumentar a estabilidade na água,e, pré-misturas de vitaminas e minerais para melhorar o valor nutritivo das dietas.

Para que a dieta referência tenha sucesso, deve ser consumida facilmente pelosanimais objeto de estudo e produzir respostas de crescimento e conversão de

alimento, no mínimo similares às conseguidas com uma boa dieta comercial.

Para diferentes espécies marinhas e de água doce têm sido desenvolvidos

modelos diversos de dietas de referência purificadas e semipurificadas. Para salmão etrutas, dietas com 40,0% de proteína (Ogata et ai, 1983; Cho et ai, 1985) ou com42,0 a 50,0% (Shearer et ai', 1991; Tibaldi & Lanari, 1991; NRC, 1993); para catfish epeixes de águas quentes, dietas com 36,0% de PB (Li & Lovell, 1985; Lovell, 1998);com 30,0% de PB para tilápias (El-Sayed, 1989), além de algumas dietas commodificações das anteriores descritas porTacon (1988), NRC (1993) e Lovell (1998).Contudo não há informações disponíveis para espécies tropicais de água doce como

a pirapitinga, de hábito alimentar tipicamente onívoro.

10

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o objetivo do presente estudo foi definir as características de uma dieta

referência, semipurificada, e a metodologia básica de experimentação para a

avaliação das exigências nutricionais da pirapitinga, Piaractus brachypomus.

Material e métodos

O local, condições experimentais e procedimentos em geral estão descritos em

Material e Métodos do Capítulo I.

Foram realizados dois experimentos. No experimento 1 testaram-se cinco

dietas, consistindo de três formulações de dietas de referência utilizadas para

diferentes espécies de peixes, H-440, C-102 e NRC, descritas porTacon (1988), mais

a dieta formulada tomando como base os níveis de nutrientes recomendados por este

mesmo autor em rações práticas para peixes tropicais de água doce e hábito

alimentar onívoro, denominada IALL-1. Como controle, para as comparações, foi

utilizada a ração padrão do Laboratório de Nutrição de Peixes CPAQ/INPA. As quatro

primeiras dietas foram elaboradas com ingredientes semipurificados, enquanto a

ração 5 foi constituída de matérias primas usuais em alimentos para peixes (Tabela

2.1). A composição de aminoácidos da caseína e gelatina utilizadas foi determinada

pelo método de oxidação no laboratório comercial Degussa-Huls AG IC FA-AT,

Frankfurt, Alemanha.

O segundo experimento foi projetado para melhorar as características de

desempenho da formulação que mostrou melhores resultados no primeiro

experimento. Foram testadas três dietas: a dieta 1 teve composição de ingredientes

idêntica à dieta IALL-1; a dieta 2 foi suplementada com pré-mistura de macrominerais

e vitamina C; na dieta 3, além da pré-mistura de .macrominerais e da vitamina C, o

óleo vegetal foi substituído por óleo de peixe (Tabela 2.1).

No primeiro experimento foram utilizados 300 peixes de 11,4 ± 1,6g distribuídos

ao acaso em grupos de 20 indivíduos em 15 tanques (5 tratamentos com 3

repetições); no segundo experimento trabalhou-se com 180 peixes de 11,3 ± 1,1g

distribuídos em grupos de 20 peixes em 9 tanques (3 tratamentos com 3 repetições).

11

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Tabela 2.1. Composição de ingredientes das dietas utilizadas nos experimentos 1 e 2 paradeterminar a dieta de referência para estudos nutricionais em Piaractus brachypomus

Experimento 1 Experimento 2

Dietas H-440 C-102 NRC IALL-1 CPAQ/INPA 1 2 3

Ingredientes (% do alimento)

Caseina ̂ 38,00 40,00 32,00 30,00 30,00 30,00 30,00

Gelatina 2 12,00 5,00 8,00 5,00 5,00 5,00 5,00

Amido de milho 15,00

Dextrina 28,00 9,00 30,00 30,00 30,00 30,00 30,00

D-glicose 5,00

Celulose 3,00 18,00 18,00 18,00 18,00 18,00

Carboximetilcelülose 12,85 12,85 5,85 10,85 10,85 10,85 10,85

Farinha de peixe 29,00

Farelo de soja 10,00

Farinha de trigo 5,00

Fubá de milho 55,00

Óleo de soja 3,00 3,00 3,00 3,00

Óleo de milho 6,00

Óleo de peixe 3,00 10,00 3,00 3,00 3,00 3,00 6,00

Pré-mistura vitaminas 3 0,10 0,10 0,10 0,10 0,60 0,10 0,10 0,10

Pré-mistura minerais 4 0,05 0,05 0,05 0,05 0,40 0,05 0,05 0,05

Pré-mis. macrominerais® - 4,00 4,00

Áo. ascórbico (StayC-35) - 0,03 0,03

2,91, Lys 8,06, Thr 4,14, Arg 3,43, l-leu 5,02, Leu 9,34, Vai 6,54, HIs 3,10, Phe 5,02;.2 Composição analisada: MS 91,00%; PB 94,02%; ME (% PB): Met 0,92, Lys 3,81, Thr 1,87, Arg 8,25,

l-leu 1,52, Leu 3,02, Vai 2,37, His 0,72, Phe 2,07;3 Rovimix Vitaminas ® Lab. Roche SA: Vit A 8,0*106 ui, Vit D3,1,8*106 Ul, Vit E 66,66 g, Vit BI 6,669, Vit B213,33 g, Vit B6 6,66 g, Pantotenato de Ca 33,33 g, Biotina 533,3 mg, Ac. Fólico 2,66 g, Ac.Aiscórbico 400,00 g, Ac. Nicotinico 100,00 g, Vit BI 2 20,00 mg, Vit K3 6,66 g, veículo qsp 1 kg;

4 Premix microminerais ® Lab. Roche S.A.: Composição por kg: Magnesio 10,0, Zinc 160,0, Ferro40,0, Cobre 100,0, lodo 5,0, Selenio0,5, CobaHoO.I;

5 Composição por kg: Ca(H2P04) 136,0 g; Lactato de Ca 348,5 g; 2MgS04.7 H^O, 132,0 g; KH2PO4240,0 g; NaCI 45,0 g; AlCb 0,15 g, CMC 98,35 g.

Os resultados das diferentes variáveis de resposta estudadas nos dois

experimentos, foram analisados através de ANOVA usando-se o modelo X = // + 7"/ +

6/ em que X = o valor observado; p média geral da característica; T, = efeito dotratamento /, sendo / = as diferentes dietas testadas nos experimentos 1 e 2; e e/= o

erro. Para o caso de significância no valor de "F" as médias foram separadas pelo

teste de Tukey (P<0,05). Nos dois experimentos, o crescimento foi analisado em

termos de ganho de peso, porém com o objetivo de comparar os resultados obtidosneste experimento com os de outras pesquisas com espécies diferentes, alimentadas

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cx)m dietas semípurificadas, os dados de ganho de peso foram transformados à

porcentagem de incremento em peso:

%IP = 100*(Pf-Pi)/Pi

Resultados e discussão

Os resultados de consumo de alimento, ganho de peso, taxa específica de

crescimento (TEC), conversão alimentar aparente (CAA), eficiência de utilização de

proteína (PER) e porcentagem de retenção de proteína (%PPV) e de energia (%RE)

dos experimentos 1 e 2 são descritos nas Figuras 2.1 e 2.2. Nas Figuras o extremo

superior de cada coluna representa o valor médio de três repetições de grupos de 20

peixes ± DP. Letras diferentes sobre as barras indicam diferenças significativas entre

tratamentos pelo teste de Tukey (P<0,05).

No experimento 1, a taxa de consumo de matéria seca (Figura 2.1-A) foi

significativamente diferente entre tratamentos. O consumo diário das dietas H-440 e

C-102 (14,00 ± 0,56 e 13,60 ± 0,33 g/kg de peixe, respectivamente) foi menor que o

observado com as dietas NRC e IALL-1 (16,80 ± 0,59 e 17,00 ± 0,49 g/kg/dia). O

consumo foi máximo quando receberam a dieta controle (20,40 ±1,1 g/kg),

provavelmente a mais palatável. As dietas H-440 e C-102 tinham 50,0% mais de

lipídios que as demais, o que significou em maior quantidade de energia não protéica

disponível. Segundo Cho et a/. (1985) dietas com níveis de energia muito altos

diminuem significativamente o consumo de matéria seca pelos peixes desses

tratamentos. Por outro lado, a dieta 0-102 que proporcionou os menores valores

absolutos de consumo e crescimento, continha amido e glicose como fontes de

carboidratos, contrastando com as que somente tinham dextrina. Apesar dos

carboidratos serem importantes fontes de energia (Peragón ef a/., 1994; Erfanullah &

Jafri, 1998), nem todas as classes desse composto podem ser igualmente utilizadas

pelos peixes (Pieper & Pfeffer, 1980; Garcia-Gallego et al., 1994). Segundo Lovell

(1998), nos peixes, diferentemente dos mamíferos e das aves, a remoção da glicose

da corrente sangüínea, depois da ingestão de uma dieta rica em glicose ou amido,

acontece de forma muito lenta, possivelmente devido a aparente dificuldade para

metabolizar a glicose. No caso dos peixes do tratamento C-102, os altos níveis

circulantes de glicose, produto da ingestão de amido, podem ter exercido efeito

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inibidor do apetite, conforme modelo glicostático discutido por Cuenca & Garcia-

Gallego (1987).

No segundo experimento os consumos de 14,4 ± 0,6g e 14,9 ± 0,7g,

respectivamente, das dietas 1 e 2, foram menores que da dieta 3 (16,6 ± 0,3g)

(P<0,05). Estes valores, menores que os observados para a dieta base IALL-1 do

experimento 1 mostraram que a adição da pré-mistura de macrominerais e vitamina C

não aumentou significativamente o consumo de matéria seca (Figura 2.2-A).

Não foram observadas diferenças no ganho de peso entre os peixes

alimentados com as dietas semipurificadas no experimento 1, porém as médias de

ganho (entre 17,4 e 22,3 g) foram menores (P<0,05) que as observadas com o

tratamento controle, 88,6 ± 21,1g (Figura 2.1-B). O TEC mostrou resultados que

acompanharam os dados de ganho de peso, sendo mínimo na dieta C-102

(1,52±0,09) e máximo (1,78 ±0,11) na dieta NRC. Esses valores comparados com a

dieta controle (3,56 ±0,37) foram significativamente menores (Figura 2.1-C).

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Figura 2.1. Efeito das dietas do experimento 1 sobre o consumo de matéria seca (A), ganhode peso (B) taxa específica de crescimento (C), conversão alimentar aparente (D), taxa deeficiência profética (E) e retenção de nutrientes (F) no estudo para determinação da dietareferência para Piaractus brachypomus.

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No segundo experimento, o ganho de peso (Figura 2.2-B) obtido com as dietas

2 e 3 (30,5 ±1,3 e 28,0 ±3,3g, respectivamente) foi estatisticamente maior que o

observado no tratamento 1 (16,3 ±1,4). Comparando estes resultados com os

descritos no primeiro experimento, observa-se que houve diferença de 9,1g,

equivalente a um incremento de aproximadamente 42,0% no ganho de peso com a

dieta IALL-1. Os resultados de TEC 2,16 ±0,05 e 2,05 ±0,14 com as dietas 2 e 3,

foram estatisticamente maiores que os da dieta 1 (1,47 ± 0,09). Novamente estes

valores foram superiores aos observados no primeiro experimento (Figura 2.2-0).

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Dietas

Figura 2.2. Efeito das dietas do segundo experimento sobre o consumo de matéria seca(A), ganho de peso (B) taxa específica de crescimento (0), conversão alimentar aparente(D), taxa de eficiência protética (E) e porcentagem de retenção de proteína (F) no estudopara determinação da dieta referência para Piaractus brachypomus.

Em termos de porcentagem de ganho de peso (%IP) e de TEC, os maiores

valores conseguidos com a dieta 2 no segundo experimento (270,0% e 2,16,

respectivamente), são comparáveis com os obtidos em pesquisas realizadas em

condições experimentais similares com outras espécies de peixes. Trabalhos com

híbridos de tilapia {Oreochromis nifoticus X O. aureus) realizados por Shiau et ai

(1988) mostraram, em média, 230,0% de IP com dietas contendo 28,0% de PB.Trabalhando com Tilápia zillii, El-Sayed (1989) obteve IP de 200,0 a 288,0% e TEC

entre 2,30 e 3,23 com dietas de 30,0% de PB. Os resultados dos experimentos 1 e 2

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indicam que as diferentes dietas testadas continham nutrientes em quantidade e

qualidade suficientes para promover um normal crescimento dos juvenis de

pirapitinga.

No primeiro experimento houve tendência de melhores respostas na conversão

aparente de alimento (CAA) à medida que os níveis protéicos das dietas

semipurificadas diminuíram, conforme demonstra a Figura 2.1-D, embora essas

diferenças não foram estatisticamente significativas. No segundo experimento (Figura

2.2.-D) houve significância estatística entre as médias de conversão de matéria seca,

sendo melhor a observada com a dieta 2 (1,08 ±0,04). Elangovan & Shim (1997)

relataram melhoras de 1,92 para 1,43 de CAA em Barbodes altus com níveis de

proteína de 20,0 até 40,0%, enquanto com níveis maiores não houve melhora rta

conversão. Em 77/ap/a Zillii, Mazid et ai (1979) observaram que a conversão

melhorava, proporcionalmente, com o nível de proteína da dieta até 37,0% (1,28) e

piorava com níveis maiores. Reis et ai (1989) observaram em bagre de canal

correlação positiva entre os níveis de proteína e CAA. O mesmo foi observado por

Kim et ai (1991) para truta e por Twibell & Brown (1998) para híbridos de tilápia. Para

P. brachypomus, Baras et ai (1996) relatam valores de conversão entre 1,18 e 1,89

utilizando dietas práticas com 45,0% de PB e diferentes regimes de alimentação. Para

essa mesma espécie Gutierrez et ai (1996) determinaram valores entre 2,4 e 6,9

utilizando dietas práticas com diferentes níveis de PB e de ED. Os resultados aqui

obtidos indicaram que as dietas testadas apresentaram eficiência de conversão

considerada normal para peixes, entre 1,2 e 2,0 (Parker, 1987; De Silva & Anderson,

1995).

Com relação à taxa de eficiência de proteína (PER) (Figura 2.1-E), observou-se

variação no aproveitamento inversamente proporcional aos níveis dietéticos de

proteína. Esse foi menor nas dietas H-440 (1,94 ±0,08), C-102 (2,28 ± 0,24) e NRC

(2,11 ± 0,24)1 com alta concentração de proteína, e máximo com as dietas IALL-1(2,39 ± 0,09) e controle (2,69 ± 0,27). Quanto às porcentagens de retenção denutrientes, foi observado que os peixes alimentados com a dieta C-102 apresentaram

a menor %PPV (4,6%) comparada com as observadas nos tratamentos 1, 3 e 4,

iguais entre si (P>0,05) com média de 12,2%. Com relação às %RE, observou-secomportamento semelhante entre todos os tratamentos (Figura 2.2E).

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Entre os tratamentos do segundo experimento, a dieta 2 teve PER de 3,21 ±

0,15 e %PPV de 49,6%, melhores que as demais dietas testadas (Figura 2.2E e F),

incluídas aquelas do experimento 1. No organismo, a proteína é utilizada para

crescimento e como fonte de energia. Os níveis ótimos de PB exigidos para tais

processos variam nas diferentes espécies e dependem, entre outros fatores, dos

níveis de nutrientes não protéicos (Samantaray & Mohanty, 1997) e da relação PB/ED

(De Silva & Anderson, 1995). Britz & Hecht (1997) demonstraram que desequilíbrios

nesta relação, por altas concentrações de PB, conduziam a processos catabólicos de

desaminação, isto é, à utilização dos aminoácidos como fonte de energia. No primeiro

experimento, quando o nível de proteína aumentou de 32,0% nas dietas IALL-1 e

controle, para 45,0% na dieta H-440, o PER, a %PPV e a %RE diminuíram, sugerindo

que a proteína foi degradada e usada como fonte de energia quando ingerida em

excesso. Padrões similares têm sido descritos para Tilapia zillii, (Mazid et ai, 1979; El-

Sayed, 1989) e carpa herbívora (Dabrowski, 1977).

As análises de composição proximal das dietas e das carcaças são

apresentadas nas Tabelas 2.2 e 2.3. No primeiro experimento os conteúdos de

proteína das dietas H-440, C-102 e NRC apresentaram níveis de proteína acima de

37,0%; a dieta IALL-1 e a dieta controle tinham 32,3% e 32,6% de PB,

respectivamente. Observou-se tendência de aumento da proteína corporal,

proporcional aos níveis das dietas experimentais. Os conteúdos de energia tiveram

comportamento oposto, menor nos peixes dos tratamentos 1 e 2 quando comparados

com os tratamentos 3 a 5; esta tendência foi similar para os lipídios corporais. No

segundo experimento, as dietas eram isoprotéicas (30,0% de PB) com uma

composição similar à dieta IALL-1 (Tabela 2.3). A composição das carcaças dos

peixes submetidos a essas dietas foi homogênea, entre tratamentos, para os

nutrientes analisados.

Na formulação das dietas do primeiro experimento, a principal fonte de variação

entre tratamentos foi a proporção de caseína e gelatina usada. Dessa forma, as

diferenças observadas nas variáveis resposta aparentemente dependeram destes

dois compostos. A caseína é considerada um alimento protéico de alto valor biológico

e por esta razão é amplamente utilizada na fabricação de dietas semipurificadas emestudos de exigências nutricionais em peixes. Apesar de ser deficiente em arginina,

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em multas pesquisas tem sido utilizada como única fonte protéica (Dabrowski, 1977;

Mazid et ai, 1979; Winfree & Stickney, 1981; Ogata et ai, 1983; Shiau et ai, 1988;

Herold & Hung, 1995), porém, com maior freqüência, em combinação com a gelatina

(Santiago & Lovel, 1988; El-Sayed, 1989; Kim et ai, 1991; Elangovan & Shim, 1997;

Gomes & Gonzáles-Pena, 1997; Shiau, 1997; Erfanullah & Jafri, 1998; Adhan et ai,

^ 2000; Ruyter et ai, 2000). A composição de aminoácidos da gelatina mostra que é

desbalanceada em AAE, sendo relativamente abundante em arginina (NRC, 1993).

Segundo Lovell (1998), a combinação de caseína e gelatina, por complementação, é

considerada como fonte ideal de proteína para uso em dietas semipurificadas. No

presente estudo, a mistura caseína/gelatina nas diferentes proporções em que foram

utilizadas, demonstrou ser suficiente para um aceitável crescimento da pirapitinga^

embora as dietas com a menor quantidade desses dois ingredientes tenham sido as

que mostraram melhores respostas.

Tabela 2.2. Composição centesimal das dietas e das amostras de carcaça dos peixes doexperimento 1 para determinar a dieta de referência para estudos nutricionais em Piaractusbrachypomus

Item analisado MS Matéria seca (g 7100 g) EB^

% PB EE Cinza ENN Kcal/100 g

Dieta

Tratamento 1 (H-440) 65,0 47,3 7.8 3.3 41.6 477,1

Tratamento 2 (0-102) 55,3 41,5 9.2 3.4 45,9 492,0

Tratamento 3 (NRC) 57,8 37,5 4.3 1.7 56,5 476,8

Tratamento 4 (IALL-1) 57,0 32,3 5.0 2.6 60,1 433,7

Tratamento 5 (CPAQ-INPA)68,0 32,6 5.1 6.0 56,3 442,6

Carcaça

Inicial 27,0 59,9 23,5 15,9 0.7 486,2

Tratamento 1 25,4 59,6 32,0 9.0 0.0 598,7

Tratamento 2 22,1 57,8 30,4 9.7 2.1 567,0

Tratamento 3 25.1 56,6 35,6 7.8 0.0 620,8

Tratamento 4 25,0 53,6 37,3 7.9 1.2 627,7

Tratamento 5 28,8 47,7 38,4 9.5 4.4 634,2

= extrato etéreo; ENN = extrato não nitrogenado; EB = energia tMnita;1 Valor de EB analisada em bomba calorimétrica (PARR121 EA, USA).

Nas dietas do segundo experimento, a proporção caseína/gelatina foi

constante, sendo a adição da pré-mistura de macrominerais e vitamina C a principal

fonte de variação entre tratamentos. A troca de óleo vegetal por óleo de peixe na

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dieta 3, aparentemente, teve influência sobre o consumo e o crescimento

aumentando-os, mas quanto ao aproveitamento e uso de nutrientes foi igual à dieta

base (IALL-1). Os efeitos da suplementação com macrominerais foram superiores

aos apresentados pela dieta 3, sendo significativamente melhores (P<0,05) para as

variáveis de eficiência de uso dos nutrientes analisadas (Figura 2.2. D-F). Embora

não tenha sido desenvolvida uma mistura de minerais para uso em dietas

semipurificadas para peixes, como relata Lovell (1998), no presente estudo a pré-

mistura utilizada foi suficiente para melhorar o aproveitamento dos nutrientes

(homeóstase, ativação de enzimas e hormônios) e fornecer elementos básicos

estruturais para formação de esqueleto, sangue e músculos.

Tabela 2.3. Composição centesimal das dietas e das amostras de carcaça dos peixes doexperimento 2 para determinar a dieta de referência para estudos nutricionais em Piamctusbrachypomus.

r j MS Matéria seca (g/100 g)Item analisado

(%) PB EE Cinzas ENN

Dieta 1 52,9 29,9 6.2 1.6 62,3Dieta 2 55,1 30,0 6,9 3,9 59,2Dieta 3 50,9 31,3 5,9 3.8 59,0

CarcaçaInicial 19,6 65,9 18,7 14,7 0.7Tratamento-1 25,6 57,5 31,3 9.9 1.3Tratamento-2 28,9 51,8 33,1 12,8 2.3Tratamento-3 27,7 52,8 34,8 9,9 2,6

Todo os valores representam as médias de 3 repetições. MS = matéria seca; PB = proteína Bruta; EE= extrato etéreo; ENN = extrato não nitrogenado.

Conclusões

Verificou-se que as dietas semipurificadas testadas mostraram aceitável

desempenho, porém a dieta com menor proporção de PB (dieta IALL-1 com 32%),

suplementada com macrominerais e vitamina C, produziu as melhores respostas de

crescimento e uso de nutrientes, podendo ser considerada a fórmula mais indicada

para utilização como dieta referência em estudos nutricionais com Piaractusbrachypomus e espécies afins.

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T

' i -J

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CAPITULO 111

Efeito de dietas com níveis variáveis de proteína sobre o

CRESCIMENTO E A EFICIÊNCIA DE UTILIZAÇÃO DE NUTRIENTES EM JUVENISDE PIRAPITINGA, Piaractus brachypomus.

RESUMO

Foi realizado um experimento para determinar o nível de proteína que

proporciona crescimento máximo de juvenis de Piaractus brachypomus em condições

controladas. Foram formuladas seis dietas isocalóricas semipurificadas com níveis de

proteína (PB) entre 16,0 e 36,0% em aumentos de 4,0%. Durante 60 dias foram

alimentados à saciedade 360 juvenis de 15,5 ± 0,82g de peso médio, distribuídos ao

acaso em grupos de 20 indivíduos em 18 unidades experimentais (seis tratamentos

com três repetições). O ganho de peso e a taxa específica de crescimento (TEC)

aumentaram, proporcionalmente, com a concentração da proteína nas dietas até o

nível de 32,0%. Acima deste, os resultados foram significativamente reduzidos

(P<0,05). O nível mínimo de proteína para máximo crescimento, calculado a partir dos

dados de ganho de peso utilizando análise de regressão de segundo grau, foi 31,6%.

O menor consumo de alimento e a melhor conversão (CAA) foram observadas com a

dieta de 32,0% de PB. A taxa de eficiência protéica (PER) e a porcentagem de

retenção de proteína (%PPV) foram negativamente correlacionadas com os níveis de

proteína. A máxima eficiência de utilização da proteína para crescimento foi

observada com a dieta de menor conteúdo de proteína (16,0%). Não foram

observadas diferenças significativas na composição de nutrientes da carcaça (P>0,05)

em função dos níveis de proteína das dietas.

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Introdução

A produção intensiva de uma espécie de peixe, em particular, é sustentada

por vários fatores, dentre os quais é relevante a disponibilidade de dietas

nutricionalmente balanceadas e de custo atraente. A proteína, o constituinte básico

dos tecidos animais, é o componente nutricional mais importante e ao mesmo tempo

mais caro nas rações para organismos aquáticos. De maneira geral, os peixes têm

exigências de proteína relativamente altos comparados com outros organismos

terrestres criados pelo homem (NRC, 1993), porém as exigências entre grupos não

são muito diferentes (Lovell, 1998) e dependem de muitos fatores como o hábito

alimentar, se de águas frias ou quentes, de ambientes marinhos ou de água doce, e

da etapa de desenvolvimento fisiológico.

A proteína é utilizada pelos peixes para manutenção e crescimento, de tal

forma que as necessidades para essas funções básicas podem variar com a

espécie, sistema de cultivo e com a fase da vida. Tem sido observado que o

crescimento pode ser adversamente afetado tanto por baixos quanto por altos níveis

de proteína na dieta. Além disso, a proteína em excesso é eliminada pelo organismo

e causa um desnecessário aumento nos custos da ração. Por tal razão é de extrema

importância o conhecimento do nível de proteína exigido para as espécies, em

particular, para a formulação de dietas bem balanceadas e de custo mínimo.

Segundo (NRC, 1993) as exigências de proteína para máximo crescimento

podem variar entre 31,0 e 55,0% para peixes em geral. Dados da literatura têmdemonstrado que tais necessidades decrescem com o tamanho dos indivíduos

(Wilson, 1998), de tal forma que as exigências para juvenis podem ser maiores queas descritas para produção. Por exemplo, entre 25,0 e 45,0% para truta (Kim et a/.,

1991; Kim, 1997), 41,0 e 43,0% para carpa herbívora (Dabrowski, 1977), 30,0 e

38,0% para carpa comum (Satoh, 1991), 22,0 e 30,0% para bagre de canal (Wilson,1991) e 30,0 e 40,0% para tilápias, Oreochromis spp. (Luquet, 1991).

Para as diferentes espécies da família Serrasalmidae cultivadas na América

do Sul, existem dados sobre exigências de proteína para alevinos e juvenis detambaqui {Colossoma macropomum) e de pacu (Piaractus mesopotamicus)

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determinadas sob diferentes condições experimentais, mas para a espécie objeto

deste estudo, a pirapitinga, as informações disponíveis das exigências de proteína

para crescimento estão limitadas a um único trabalho com Juvenis de 200g de peso

(Gutierrez et ai, 1996).

O objetivo deste estudo foi determinar os efeitos de dietas com diferentes

níveis de proteína sobre o crescimento, utilização da proteína e a composição

corporal em juvenis de P. brachypomus em condições controladas.

Material e métodos

o local, as condições experimentais e os procedimentos em geral deste

trabalho estão descritos em Material e Métodos do Capítulo I.

Neste experimento foram formuladas seis dietas com 16,0, 20,0, 24,0 , 28,0 ,

32,0 e 36,0% de PB. Para os diferentes níveis de proteína foi mantida constante a

proporção das fontes protéicas, 89,2% para caseína e 10,8% para gelatina. As

proporções da dextrina e dos óleos foram ajustadas para manter as dietas isocalóricas

com aproximadamente 510,0 kcal de EB/lOOg de ração (Tabela 3.1). As

concentrações dos demais ingredientes foram idênticos para as dietas.

Foram utilizados 360 peixes de 15,52 ±0,82g de peso médio, distribuídos ao

acaso em grupos de 20 indivíduos em 18 unidades experimentais (seis tratamentos

com três repetições). Os peixes foram alimentados à saciedade uma vez ao dia,

durante 60 dias, registrando-se o consumo diário por unidade experimental.

As relações entre níveis de proteína das dietas com o ganho de peso e as

outras variáveis biológicas estudadas foram avaliadas através de análise de regressão

linear e polinomial de segunda ordem, conforme o melhor ajustamento obtido paracada variável. Para o modelo quadrático foi utilizado Y = ̂+p^*X\+ i82*(X;/ + e, onde

Y = valor médio da variável por tratamento; )8b=o intercepto, coeficientes de

regressão e Xi = proporção de proteína nas dietas (/ = 16,0, 20,0, 24,0, 28,0, 32,0 e

36 0% de PB). Os dados de composição de carcaça e porcentagem de retenção de

energia (%RE) foram analisados através de ANOVA usando o modelo X = // + 0/ + 6/em que X é o valor observado, p média geral da característica. D, o efeito dotratamento /, sendo / = 16,0, 20,0, 24,0 , 28,0 , 32,0 e 36,0% de PB; e e/ o erro.

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Quando o valor de F foi significativo, as médias foram separadas pelo teste de Tukey

(P<0,05). Para as análises estatísticas e cálculos matemáticos dos diferentes índices,

foram utilizados os valores de proteína analisados.

Tabela 3.1. Composição de ingredientes e análise centesimal das dietas utilizadas noexperimento 3 para determinar níveis de exigência de proteína em dietas para cresdmento

c© de Piaractus brachypomus

Inprediente Dieta (% PB)(% do alimento) 16 20 24 28 32 36

Caseína 17,9 22,4 26,9 31,4 35,9 40,3

Gelatina 2,2 2.7 3.2 3.8 4.3 4.9

Dextrina 37,9 34,5 31,1 27,6 24,2 20,8

Óleo de peixe 6,5 5.7 4.9 4.1 3,3 2.5

Óleo de milho 6.5 5.7 4.9 4,1 3.3 2.5

Outros ingredientes ̂ 29,0 29,0 29,0 29,0 29,0 29,0

Composição centesimal (% da MS) ̂Proteína Bruta (Nx6,25) 14,8 20,8 24,3 28,2 33,0 37,4

Lípídios 12,4 10,7 9,1 8.9 5.7 5.4

Cinzas 3.9 3,3 3.8 4.9 4.7 3.6

Energia Bruta (Kcal/100 gf 552,7 535,2 552,1 548,2 542,1 533,1

Matéria seca (% da dieta) 62,6 57,3 59,5 57,9 56,9 56,8

10utros ingredientes: CMC 6,8 %; Celulose 18,00 %; ácido ascórbico 0,03%; pré-misturas: vitaminas0,10%; microminerais 0,05%; macrominerais 4,02% (a composição das pré-misturas foi similar àsutilizadas no experimento 2, Capítulo II);

2 Os valores representam as médias de 3 repetições;3 Valor analisado em bomba calorimétrica (PARR121 EA, USA).

Resultados e discussão

Os resultados para os parâmetros biológicos ganho de peso (GP), taxa

específica de crescimento (TEC), consumo de alimento, conversão de alimento (CAA),

eficiência de utilização protéicâ (PER) e retenção de proteína (%PPV) estão

representados na Figura 4.1. Cada ponto representa a média de uma repetição.

Os dados de crescimento mostraram que houve um incremento gradual no GP

em função dos níveis de proteína dietética até um máximo de 46,5 ± 5,0g com a ração

com 32,0% PB (Figura 3.1a), enquanto com a ração que continha 36,0% de PB os

peixes tiveram aumento de peso significativamente menor (39,3 ±6,0g). A relaçãoentre o nível protéico da dieta e o crescimento foi descrita pela equação Y = - 20,15 +

3 981*X -0,063*X^ sendo Y = GP e X = % de PB. O nível de proteína ótimo para

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máximo ganho de peso foi calculado derivando a função GP = j8b + )8i *X + P2*(X)^ e

igualando a zero. Portanto: ÕGP/6PB = 3,981-2*0,063*PB = O, de forma tal que PB =

3,981/0,126 = 31,6. Acima do valor obtido para máximo crescimento (31,6% de PB),

houve diminuição do ganho de peso.

A TEC variou significativamente de 1,6 na dieta com menor conteúdo de

proteína até 2,2 na dieta com 32,0% (Figura 3.1b). O nível ótimo de proteína para

máxima velocidade de crescimento, calculado a partir dos dados da equação de

regressão para essa variável foi de 32,5%, corroborando o valor determinado para

máximo ganho de peso. Os dados da TEC obtidos, entre 1,9- 2,2 para níveis de

proteína acima de 20,0%, são superiores aos observados para essa mesma espécie

(1,64) por Méiard et al. (1993); para tambaqui (1,05 a 1,91) por Eckmann (1987)-e

Macedo-Viegas et al. (1996) e para pacu (1,80) por Fernandes et al. (2000). Também

são maiores que os descritos para outras espécies como tilápia (Jauncey, 1982);

catfish M. nemurus (Khan et al., 1993); híbridos de Bluegil (Webster et al., 1997); M.

capito (Papaparaskeva-Papoutsoglou & Alexis, 1986); muskellunge (Brecka et al.,

1995) e HIppoglossus hippoglossus (Aksnes et al., 1996). Na maioria dessas

investigações os valores da TEC diminuíram com níveis de PB acima do ótimo

determinado para a espécie, semelhante ao observado neste estudo.

Nos peixes, as exigências de proteína são diferentes em função da espécie,

hábito alimentar, estado fisiológico, condições de cultivo, fontes de proteína, nível

energético da dieta e metodologia utilizada para a determinação, entre outras (Tacon,

1987; Tidwell et al., 1992; Brecka et al., 1995; Twitíell & Brown, 1998; Robinson & Li,

1999). Contudo, as necessidades de proteína para crescimento das principaisespécies cultivadas no mundo, podem oscilar entre 31,0 e 55,0% (NRC, 1993) que

eqüivalem, segundo Tacon (1987) a 30,0 e 70,0% do conteúdo de energia bruta da

dieta. Nas condições deste estudo, 31,6% de proteína dietética correspondeu ao nível

ótimo para máximo ganho de peso de juvenis de P. brachypomus. Tal valor é

compWável com as exigências determinadas para bagre de canal, 32,0 a 36,0% (De

Silva & Anderson, 1995) ou 26,0 a 32,0% (Robinson & Li, 1999; Robinson & Li, 1999),

para carpa comum 31,5% (Lovell, 1998), para tilápias em geral 30,0 a35,0% (De Silva

& Anderson, 1995) e para híbridos de tilápia 29,6% (Tidwell et al., 1992). A maioria

destes dados foram calculados a partir de curvas de dose-resposta (Wilson, 1989)

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utilizando dietas semipurificadas. Para o pacu {Piaractus mesopotamicus), espécie do

mesmo gênero e hábito alimentar similar ao P. brachypomus, foi determinado um

valor de 26,0% por Fernandes et ai. (2000) e entre 22,0 e 34,0% por Carneiro et ai.

(1992). Para tambaqui (Colossoma macropomum), outra espécie do grupo, Macedo-

Viegas et aí. (1996) obtiveram 22,0%; Vazquez-Vidal Jr. et aí. (1998) de 25,0%;

Larios-Saldana et ai. (1988) entre 27,0 e 32,0%; Merola & Cantelmo (1987) entre

30,0 e 40,0% e Van der Meer et aí. (1995) entre 48,0 e 52,0%. São escassos os

estudos sobre as exigências de proteína para P. brachypomus. No entanto, Gutierrez

et aí. (1996) determinaram que eram necessários 29,8% de proteína (em dietas

práticas) para crescimento dessa espécie. Estes pesquisadores trabalharam com

juvenis de 180g, e dado que geralmente as exigências de proteína decrescem com o

aumento do tamanho e idade dos peixes (Wilson, 1986), a diferença de tamanho dos

peixes experimentais, nos dois estudos, pode ter sido causa da menor necessidade

protéica naquele trabalho.

O aumento da proteína para 36,0%, acima do nível ótimo de exigência

determinado, causou diminuição significativa no ganho de peso e na TEC. Essa

resposta foi similar à observada em diversas espécies de teleósteos quando o nível de

proteína excede os mínimos determinados para máximo crescimento, como em

tambaqui (Vazquez-Vidal Jr. et aí., 1998); em híbridos de tilápia (Twibell & Brown,

1998); Tilapia zllll (Mazid et ai., 1979); Mugil capito (Papaparaskeva-Papoutsoglou &

Alexis, 1986); Sarotherodon mossambicus {óauncey, 1982); catfish, Mystus nemurus

(Khan et aí., 1993) e Barbodes altus (Elangovan & Shim, 1997), entre, outras. De

acordo com De Silva & Anderson (1995) e Wilson (1986), este comportamento pode

ter origem no desequilíbrio da relação proteína/energia das dietas por diminuição das

fontes energéticas não protéicas, concomitante com o aumento da proteína (Jauncey,

1982). Segundo Aksnes et ai. (1996), Shiau et ai. (1996), Kim (1997) e Samantaray &

Mohanty (1997) tal desproporção pode influenciar a partição metabólica da proteína

da dieta para síntese de proteína ou para produzir a energia que deveria ser oriunda

dos lipídios e carboidratos. Visto que essa é uma resposta típica em diferentes

espécies de peixes, pode-se sugerir que aumentos nos níveis de proteína, acima das

suas necessidades, em dietas isocalóricas para pirapitinga também podem deprimir

seu crescimento.

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60

00

5 506

•S2 40JS

O30

16

5 1500

00

0

1 13so

U

~

(a)y = - 20.15 + 358x- 0.063:?

? = 0.6098

0

0 ^

® /s0

1 1 1 A 1

2.5

2.0

1.5

(b)

y = 0.1+ 0.13X-0.002:?

1^=0.694

-U L

2.0

s1.5

1.0

y =19.231- 0.358X + aOOS:?

i2=a668

(d)

y = 2.562- 0.09X + 0.001:?

? = 0.776

■yfí 1 1. J I I L

5.5

4.5

g3.5

2.5

lOOr

y = 107.956-L85x? = 0,816

y = 5.931-0.096X?= 0.900

16 20 24 28 32 36 16 20 24 28 32 36

Nível de proteína (%)

Figura 3.1. Relação entre níveis de proteína das dietas e ganho de peso (a), taxa específicade crescimento (b), consumo de matéria seca (c), conversão alimentar aparente (d),eficiência de utilização protéica (e) e porcentagem de retenção de proteína (f) noexperimento 3 para determinação das exigências de proteína em dietas para crescimentode Piaractus brachypomus.

O consumo médio de alimento foi similar ao observado nos experimentos 2 e 3

descritos no Capítulo 2. Entre tratamentos observaram-se diferenças significativas(P<0,05) sendo maior com as dietas de baixo teor protéico, 15,1 ± 0,24g MS/kg/dia e

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gradualmente menores até atingir o mínimo 13,2 ± 0,59g/kg/d com a dieta de 32,0%

de PB (Figura 3.1c) equivalentes a uma taxa de consumo de 1,32% de MS ao dia. Um

comportamento similar foi observado por Van der Meer et ai (1995) em tambaqui e

por Papaparaskeva-Papoutsoglou & Alexis (1986) em Mugií capito. Esses resultados

são diferentes dos observados por Vazquez-Vidal Jr. et al. (1998) também com

tambaqui; por Fernandes et al. (2000) com pacu; por Robinson & Li (1999) e Robinson

& Li, (1999a) com catfish e por Grisdalle-Helland et al. (1997) com Salmo sa/ar, que

não detectaram influencia significativa do nível de PB sobre o consumo.

Os peixes, como a maioria dos animais, comem para satisfazer suas

necessidades de nutrientes e energia para o metabolismo basal e crescimento (Smith,

1989). Quando a dieta é deficiente em energia ou em um nutriente essencial para o

crescimento, como a proteína, uma compensação é feita aumentando o consumo de

alimento (Hepher, 1988). Por outro lado, segundo Papaparaskeva-Papoutsoglou &

Alexis (1986), pode acontecer que dietas formuladas para serem isoenergéticas não o

sejam para os peixes devido às diferenças na digestibilidade, especialmente dos

carboidratos, que pode diminuir com o nível incorporado, como observado em outras

espécies (Kim & Kaushik, 1992; Wilson, 1994). Nesses casos podem regular suas

necessidades de energia modificando a ingestão em função das proporções da

energia digestível da dieta. Provavelmente estas teorias possam ser a explicação da

maior ingestão das dietas com menores conteúdos de proteína no presente

experimento.

O baixo consumo de alimento e o alto aumento de peso obtido com a dieta de

32,0% de PB, produziram valores de conversão alimentar aparente (CAA) de 1,1 ±

0,03, significativamente melhor que o observado nos tratamentos com proporções de

proteína abaixo e acima deste nível (Figura 3.1 d). Nesta mesma espécie Gutierrez et

al. (1996) observaram diminuição no valor da CAA de 3,9 para 2,4 com o aumento dos

níveis da proteína de 27,0% para 30,0%. Em pacu, Fernandes et ai (2000)

observaram melhora de 1,44 para 1,19 aumentando a proteína da dieta de 22,0 para

30,0%, sugerindo que este peixe aproveita melhor as dietas com teores de proteína

entre 26,0 e 30,0%. Eckmann (1987) observou que o tambaqui melhorou sua

conversão aumentando o nível de proteína de 25,0% para 38,0% e considerou

excelentes os dados de conversão, entre 2,0 e 1,2. Ainda para essa mesma espécie

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Vazquez-Vidal Jr. et al. (1998) não observaram diferenças significativas trabalhando

com níveis de proteína entre 18,0 e 30,0%, e igualmente Merola & Cantelmo (1987)

com níveis de 30,0, 35,0 e 40,0% de PB. Nesses dois trabalhos o valor médio da

CAA foi de aproximadamente 1,8. Méiard et al. (1993) relataram resultados da CAA

entre 1,28 e 1,78 para tambaqui e entre 1,48 e 1,57 para P. brachypomus cultivados

em tanques rede com alimento contendo 34,0% de proteína. Comparando esses

dados com os do presente experimento, os valores determinados, além de melhores,

se apresentam na média de 1,2 a 1,5, definida para peixes cultivados em condições

experimentais (De Silva & Anderson, 1995). Esses dados são superiores aos descritos

para diversas espécies, entre outras Sarotherodom mossambicus (Jauncey, 1982);

Mugil capito (Papaparaskeva-Papoutsoglou & Alexis, 1986); 77/ap/a nilotica (El-8ayed

&Teshima, 1992); hibridos bluegill (Tidwell et aí., 1992; Websteref a/., 1997); Mystus

nemurus (Khan et al., 1993); Epinepheius malabrícus (Shiau & Lan, 1996); híbridos de

tilapia (Twibell & Brown, 1998) e bagre de canal catfish (Robinson & Li, 1999;

Robinson & Li, 1999a).

A taxa de eficiência protéica (PER) foi negativamente correlacionada com os

níveis de proteína dietética de tal forma que, quanto maior o nível de proteína na

dieta, proporcionalmente menor foi o incremento da biomassa. O PER variou entre 4,7

para a dieta com menor teor de proteína e 2,4 para a de maior conteúdo. Tal

comportamento é expressado pela equação de regressão Y = 5,931 - 0,096*(PB),

com r^ = 0,90 (Figura 3.1e). Segundo Halver (1989) a porcentagem de retenção de

proteína (%PPV), que é um índice mais exato da quantidade de proteína utilizada ou

retida pelo peixe, teve comportamento muito parecido com o observado para o PER.

As porcentagens caíram de 80,2% com a dieta de 16,0% de PB para 39,0% com adieta de máximo conteúdo de proteína. A relação entre os níveis de proteína e sua

utilização líquida foi descrita pela equação Y = 107,956 - 1,85*(PB) com r^= 0,816(Figura 3.1f). Com 32,0% de PB, que foi o nível dietético que produziu o máximo

ganho, o PER e a %PPV tiveram valores de 2,9 ± 0,1 e 47,2 ±1,6%, respectivamente.

Para tambaqui, Vazquez-Vidal Jr. et al. (1998) também observaram correlação

negativa destes parâmetros. Os valores de PER e %PPV no ponto de máximo ganho

de peso, 2,6 e 31,0% para PER e %PPV, respectivamente, são semelhantes aosobservados neste experimento. Igualmente são comparáveis os dados relatados para

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Jllapia zillii 2,39 e 50,3% (Mazid et a/., 1979); para S. mossambicus, 1.68 e 28,2%

(Jauncey, 1982) e carpa comum 2,15 a 2,9 para o PER e 40,0% para %PPV. Para

híbridos de tilápia, Twibell & Brown (1998) relataram um valor de PER de 2,58 e para

tambaqui Merola & Cantelmo (1987) de 1,23. Gutierrez et al. (1996) que trabalharam

com pirapítinga, determinaram uma %PPV de 45,0% com dietas 30,0% de PB e 2700

kcal/kg de ED. Observaram, também, diminuição da retenção ao aumentar a energia

da dieta. Segundo estes pesquisadores, níveis de energia maiores diminuíram a

ingestão de alimento, o que se expressou numa menor retenção de energia.

Fernandes et al. (2000) não encontraram diferenças significativas no PER e na %PPV

trabalhando com dietas Isoenergéticas e diferentes níveis de PB (22,0 a 30,0%) em

pacu, porém observaram a mesma tendência à diminuição nas dietas com altos teore?

de proteína. Para o melhor nível de proteína, 26,0%, o PER e a %PPV foram 3,13 e

47,7% respectivamente, valores que são muito parecidos com os observados para P.

brachypomus neste experimento.

Tem sido demonstrado que com níveis altos de PB na dieta o PER e a %PPV

apresentaram-se reduzidos. Aparentemente, essa resposta está associada à falta de

energia digestível, de fontes não protéicas, nos níveis mais elevados de inclusão de

PB, de tal forma que a proteína tem que ser parcialmente utilizada como energia

induzindo menores PER e %PPV. Considerações similares para esse fenômeno foram

feitas por ArzeI et al. (1995) para a truta; Khan et al. (1993) e Vazquez-Vidal Jr. et al.

(1998) para bagre de canal e Hemández ef a/., (1995) e Fernandes et ai, (2000) para

o tambaqui.

O aumento em peso dos peixes alimentados com as dietas de 24,0 a 28,0% de

PB foi em média 12,0% menor que o observado no tratamento com máximo ganho de

peso (32,0% de PB). Apesar do PER não definir quanta proteína do ingerido, foi

utilizada para manutenção e deposição nos tecidos na forma de proteína e lipídios

(Hepher, 1988), é possível considerar que a pirapitinga tem capacidade para

aproveitar eficientemente dietas com níveis de proteína abaixo do ótimo determinado

para incrementar sua biomassa, o que do ponto de vista econômico pode ser de

considerável importância.

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Não se observaram diferenças significativas nas porcentagens de retenção de

energia em função dos níveis de proteína utilizados (Tabela 3.2). Mazid et ai (1979),

que também trabalharam com diferentes níveis de proteína e energia digestível em

dietas semipurificadas para 77/ap/a ZiUii, não observaram correlação entre a

concentração de proteína na dieta e a retenção de energia.

Tabela 3.2. Composição centesimal das carcaças e valores de retenção de energia dospeixes no experimento 3 para determinar as exigências de proteína em dietas paracrescimento de Piaractus brachypomus

Tratamento % % da MS EB"®%RE "®

(Dieta) MS"®

00CL

EE"® {kcal/kg)

Carcaça inicial 24,4 62,5 20,5 5046,4

16 32,2 ± 0,4 52,7 ±3,6 29,7 ± 3,8 6337 ± 577 30,5 ±5,5

20 32,0 ± 0,2 53,0 ± 1,0 32,2 ± 3,2 6248 ± 172 35,8 ±3,0

24 31,8 ±2,3 55,9 ± 2,6 32,5 ± 2,9 6274 ±147 35,3 ±4,8

28 30,2 ±0,7 54,0 ± 1,0 33,4 ±1,3 6163 ±164 34,7+0,6

32 29,1 ± 1,0 55,8 ± 1,7 33,4 ± 1,6 6026 ±315 33,5 ±2.2

36 29,4 ± 0,6 54,7 ± 1,1 33,0 ± 1,5 6019 ± 99 33,0 ±0.8

I UUUO wO I UW«J i\#^wuyvww ̂ ufi | iviw iiiuiwiiu i

bruta; EE= Extrato etéreo; EB= energia bruta determinada em bomba calorimétrica; %RE= retenção deenergia; Não se observou significância estatística (P>0,05).

Quanto à composição da carcaça, não detectaram-se diferenças significativas

nas proporções de PB, EE ou Cinzas, mas observou-se tendência de aumento nos

níveis de lipídios, proporcional aos níveis de proteína nas dietas e inverso com relação

à MS. As proporções de água e lipídios apresentaram-se inversamente

correlacionadas, como notado em outras espécies. O valor de EE aumentou

ligeiramente, provavelmente devido à desaminação do excesso de aminoácidos com a

subseqüente deposição na carcaça na forma de gordura. Resultados similares têm

sido relatados por vários pesquisadores para as espécies Barbode altus (Elangovan &

Shim 1997); grey mullet (Papaparaskeva-Papoutsoglou & Alexis,1986) e diferentes

espécies de catfish (Webster et ai, 2000); Khan et ai (1993); Robinson & Li (1999) e

Robinson & Li (1999a) em condições experimentais semelhantes ou seja, dietas

semipurificadas, isoenergéticas com diferentes níveis de proteína e peixes Juvenis.

Contrário ao observado neste experimento, Jauncey (1982); Pereira Filho (1989);

Tidwell et ai (1992) e Webster et ai (1997) detectaram significantes incrementos na

concentração da proteína corporal, em função dos níveis protéicos das dietas.

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Conclusões

Os resultados de ganho de peso e de TEC observados neste estudo

mostraram que 32,0% de PB na dieta é o nível ótimo para promover o máximo

crescimento de juvenis de P. brachypomus; não foram observados efeitos dos níveis

de proteína sobre a composição corporal dos juvenis de P. brachypomus.

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■4J

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CAPITULO IV

RELAÇÃO CARBOIDRATOS: LIPÍDIOS SOBRE O CRESCIMENTO E A UTILIZAÇÃO DENUTRIENTES EM JUVENIS DE PIRAPITINGA, Piaractus bmchypomus

Resumo

Este estudo foi realizado para determinar os efeitos de dietas com diferentes

proporções de carboidratos e lipídios sobre o crescimento de juvenis de Piaractus

brachypomus. Foram formuladas 9 dietas semipurificadas, isoprotéicas, com 32,0%

de proteína e níveis de energia bruta entre 500 e 540 Kcal/1 OOg, num esquema

fatoríal AxB sendo A = três níveis de carboidrato (20,0, 28,0 e 36,0%) e B = três

níveis de lipídios (4,0, 8,0 e 12,0%), com nove tratamentos e três repetições. Foram

utilizados 540 peixes de 7,8 ± 0,49g de peso médio. Os efeitos simples e a interação

dos fatores CHOsiLIP foram significativos (P<0,05) indicando dependência entre

eles em todas as variáveis analisadas. O ganho de peso e a taxa específica de

crescimento (TEC) foram máximos nas dietas com os três níveis de CHOs em

combinação com 4,0% de LIP (entre 23,7 e 27,3 g). O aumento nos níveis de LIP

para 8,0 e 12,0% reduziram significativamente o crescimento. O fator de conversão

de alimento (CAA) foi significativamente menor para as dietas com maiores níveis de

CHOs e LIP. A eficiência de utilização de proteína (PER) e as porcentagens de

retenção de proteína (%PPV) e energia (%RE) estiveram positivamente

correlacionadas com os níveis dos fatores analisados. Os dados indicaram que a

pirapitinga tem maior eficiência para utilizar CHOs do que LIP como fonte de

energia; níveis de lipídios acima de 4,0% com qualquer proporção de CHOs,

deprimiram o crescimento.

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Introdução

Parte dos desafios que a pesquisa em nutrição de peixes tem que resolver é

encontrar mecanismos para diminuir os níveis de proteína nas dietas, substituindo-a

por fontes energéticas, não protéicas, como carboidratos e lipídios, bem mais baratas.

Níveis dietéticos adequados desses dois nutrientes contribuem para melhorar o

aproveitamento da proteína, porém a quantidade certa para as diferentes espécies de

peixes cultivados não é suficientemente conhecida.

De forma geral, o principal papel dos carboidratos na dieta é servir como fonte

de energia (Furuichi, 1988). Servem, também, como precursores na síntese de

metabólitos intermediários necessários para o crescimento, tais como aminoácidos

não essenciais e ácidos nucléicos (NRC, 1993). Ainda não foi determinado com

precisão quais são as necessidades de carboidratos para peixes, contrastando com o

estabelecido para proteínas e lipídios; no entanto, se os carboidratos não estiverem

presentes na dieta, as proteínas serão catabolizadas para prover energia e para

sintetizar vários compostos biologicamente importantes, usualmente derivados dos

carboidratos (NRC, 1993). Peragón et al. (1999) demonstraram que a ausência de

CHOs na dieta reduz significativamente o crescimento e o ganho de peso diário, como

conseqüência direta de uma hipotrofia muscular. Segundo Tacon (1987), parte das

dificuldades para estabelecer níveis adequados de carboidratos têm a ver com o fato

de que os peixes podem sintetizá-los a partir de proteínas e lipídios (gluconeogênesis)

e pela habilidade para satisfazer suas necessidades energéticas a partir do

catabolismo destes mesmos compostos.

Vários autores, citados por Wilson (1994), têm observado que a atividade

intestinal da amilase, que é responsável pela hidrólise dos carboidratos complexos

como o amido, é maior em peixes onívoros como tilápias, carpas e bagre de canal,

que em peixes carnívoros como truta, enguia, salmonídeos e peixes marinhos em

geral. Nesses últimos, altos teores de carboidratos diminuem o consumo de alimento

e o crescimento (Garcia-Gallego et al., 1991). Entretanto, os onívoros têm

demonstrado maior tolerância em níveis elevados, usando-os mais eficientemente

como fonte de energia (El-Sayed & Garling Jr., 1988) e, no caso de excessos,

armazenando-os na forma de lipídios (Shiau, 1997). O nível ótimo de carboidratos em

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r5»

dietas para peixes varia entre espécies. De acordo com FURUICHI (1988), pode

oscilar entre 30,0 a 40,0% para onívoros e entre 10,0 e 20,0% para carnívoros, e sua

utilização pode ser afetada pelos níveis dietéticos de proteína e lipídios.

Os lipídios são a fonte energética mais importante para a manutenção dos

animais em geral. Os ácidos graxos livres derivados dos trígíicérídes representam a

^ principal fonte de combustível aeróbico para o metabolismo energético do músculodos peixes (Tacon, 1987). As exigências dietéticas de lipídios para peixes marinhos e

de água fria são maiores comparadas com as de espécies tropicais de água doce

(Wilson, 1998), em parte devido à limitada habilidade dos primeiros em utilizar os

carboidratos como fontes de energia (NRC, 1993). Os lipídios também são utilizados

como fontes de ácidos graxos essenciais (De Silva & Anderson, 1995).

\ % Segundo Wilson (1998), os peixes não têm capacidade metabólica para

sintetizar ácidos graxos poli-insaturados (AGPI) das séries cjü-6 (linoleico) e (jü-3

(linolênico), portanto esses ácidos devem ser incorporados ao organismo na forma já

elaborada com os alimentos ingeridos (Tacon, 1987; Lovell, 1998). Os maiores

produtores primários de AGPIs são as algas unicelulares, marinhas e de agua doce.

Nos crustáceos planctônicos, principais consumidores de fitoplâncton e nos peixes

zooplanctófagos que por sua vez alimentam-se destes, as cadeias originais de AGPIs

de 18 carbonos (Cis) da série u)-3 produzidas pelas algas, são alongadas para C20 e

para C22 , respectivamente (De Silva & Anderson, 1995). Nas algas de água doce e

conseqüentemente nos peixes destes ecossistemas, são comuns os AGPIs da série

tjü-6, principalmente de ácidos de 18 carbonos. De forma similar, os produtos

provenientes das plantas terrestres, principalmente os óleos de sementes, contém

.basicamente AGPIs da série w-6.

. Para diferentes espécies neotropicais de água doce da família Serrasalmidae

cultivadas em escala comercial na Colômbia, Brasil, Venezuela e Peru, entre elasí

pirapitinga {Piaractus brachypomus), pacu (P. mesopotamicus) e tambaqui

{Colossoma macropomum), não são conhecidas as exigências de carboidratos e

lipídios em dietas para crescimento. Por tal motivo foi realizado este estudo que teve

como objetivo analisar os efeitos de diferentes proporções de carboidratos e lipídios

sobre o crescimento e aproveitamento de nutrientes em juvenis de pirapitinga.

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Material e métodos

O local, condições experimentais e procedimentos em geral estão descritos em

Material e Métodos do Capítulo I.

Neste experimento foi utilizado um delineamento experimental inteiramente ao

acaso com 9 tratamentos e três repetições, em esquema fatorial AxB sendo A = três

níveis de carboidratos (20,0, 28,0 e 36,0%) em combinação com B = três níveis de

lipídios (4,0, 8,0 e 12,0%). As dietas eram isoprotéicas com 32,0% de PB e a energia

bruta mantida entre 500 e 520 Kcal/1 OOg. Nas dietas com máximo nível de

carboidratos (CHOs) esses valores oscilaram entre 530 e 540 Kcal/1 OOg. O ajuste na

formulação foi feito modificando a porcentagem de alfa celulose. As concentrações

dos demais ingredientes foram iguais em todas as dietas (Tabela 4.1).

Tabela 4.1. Composição de ingredientes e análise centesimal das dietas do experimento 4para determinação dos níveis de exigência de carboidratos e lipídios em dietas paracrescimento de Piaractus brachypomus

Ingrediente DIETA (Proporção de CHOs-LIP)(% do alimento) 20-4 20-8 20-12 28-4 28-8 28-12 36-4 36-8 36-12

Dextrina 20,0 20,0 20,0 28,0 28,0 28,0 36,0 36,0 36,0

Óleo de peixe 2.0 4.0 6.0 2.0 4.0 6.0 2,0 4.0 6.0

Óleo de milho 2.0 4.0 6.0 2.0 4.0 6.0 2.0 4.0 6.0

Alfa celulose 27,0 23,0 19,0 19,0 15,0 11,0 11,0 7.0 3.0

Outros ingredientes ̂ 49,0 49,0 49,0 49,0 49,0 49,0 49,0 49.0 49,0

Proporção CHOs: LIP 5.0 2,5 1,67 7.0 3.5 2,34 9.0 4.5 3.0

Composição centesimal (% de MSfProteína Bruta (Nx6,25) 32,8 31,8 33,1 32,5 32,5 33,6 30,5 32,1 33,2

Energia Bruta (Kcal/1 OOg)^ 502,4 506,2 526,7 495,2 514,0 517,7 532,9 525,5 540,3

Lipídios 3.2 7.1 9.8 3.7 7.6 10,7 3.5 7.2 11,4

Cinzas 4,2 4.1 3.5 3.6 3.2 3.5 3,2 3,5 3.5

Matéria seca (% da dieta) 59,2 59,9 62,4 57,9 64,2 64,4 63,6 65,4 66,8

WUUVW lliyi m X/WyV/V| IVtj fVy WIVIW /V) wyww W I I IIW Wl «W

(de composição similar às utilizadas no experimento 2, Capítulo II) de vitaminas 0,1%; microminerais0,05%; macrominerais 4,02%;

^ Os valores representam as médias de três repetições;3 Valor analisado em bomba calorimétrica (PARR121 EA, USA).

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utilizaram-se 540 peixes de 7,8 ± 0,49g de peso médio, distribuídos ao acaso

em 27 grupos de 20 indivíduos. Os peixes foram alimentados à saciedade uma vez

por dia, durante 60 dias, com controle do consumo diário por unidade experimental.

Os diferentes resultados foram submetidos a análise de variância (P<0,05) e

os efeitos isolados dos tratamentos foram avaliados considerando três tratamentos

com nove repetições para cada um dos fatores estudados e suas interações. Foi

usado o modelo X = fj + Ci + Lj + (CxL)if + e/y em que Xij, representa o valor

observado; fj a média geral da característica; C/ o efeito dos CHOs sendo / = 20,0,

26,0 e 36,0%; Lj corresponde ao efeito dos LIP sendoy = 4,0, 8,0 e 12,0%; (CxL)g o

desvio devido à interação entre CeL,eeqo erro. Para o caso de significância de "F"

as médias foram separadas pelo teste de Tukey (P<0,05).

Resultados e discussão

o máximo ganho de peso (27,26g) foi obtido com a dieta 28-4. A análise dos

efeitos simples do fator CHOs não mostrou influência sobre essa variável, de tal

forma que, com qualquer nível os ganhos de peso foram similares (P>0,05).

Entretanto, as médias de GP em função dos níveis de LIP, variaram

significativamente sendo melhor com as dietas contendo 4,0% (Figura 4.1a). A

análise de variância para os efeitos combinados foi significativo (P<0,05) indicando

haver interação entre os dois fatores. Para as dietas com 20,0% de CHOs, o

aumento nos níveis de lipídios causaram uma diminuição significativa no GP,

passando de 26,9g com a dieta de 4,0% de lipídios para 20,4 e 19,4g com as dietas

de 8,0 e 12,0%, respectivamente. No níve'1 de 36,0% de CHOs combinado com

12,0% de lipídios o GP (20,6g) foi menor (R<0,05) comparado com as dietas

contendo 4,0 e 8,0% (23,7g e 23,5g, respectivamente). A análise conjunta destes

resultados indicaram que os níveis de lipídios foram a principal fonte de variação do

crescimento. Quanto ao ganho de peso, as combinações responsáveis pelo melhor

desempenho corresponderam aos tratamentos que tinham relação CHOs:LIP de 5,0,

7,0 e 9,0 (dietas com 20,0 a 36,0% de carboidratos em combinação com 4,0% de

lipídios).

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Os dados de TEC relativos aos efeitos simples e combinados dos fatores

analisados, mostraram um padrão semelhante ao observado para ganho de peso.

Os valores máximos obtidos para as dietas com 20,0 e 28,0% de carboidratos em

combinação com 4,0% de lipídios foram 2,47 e 2,50 (Tabela 4.2). Os menores

valores, 2,07 e 2,13 foram observados para as dietas com relação CHOs:LIP entre

1,67 e 3,5; as mais baixas entre as proporções utilizadas (Tabela 4.1).

Para peixes carnívoros, os carboidratos complexos como o amido e a dextrina

têm baixa digestibilidade (Tacon, 1987) e seu aproveitamento diminui conforme

aumentam suas proporções na dieta (Edwards et al., 1977; Hemre et al., 1989),

podendo até deprimir o crescimento e provocar desordens graves (Zamora &

Echavarria, 1987). Por outro lado, os peixes onívoros têm demonstrado maior

tolerância para níveis elevados de carboidratos (Hepher, 1988; Lovell, 1998), sendo

importante o estado físico da fonte, já que amidos cozidos ou gelatinizados como a

dextrina têm maior digestibilidade (Gallaghier, 1997). Furuichi & Yone (1980)

observaram que carpas alimentadas com dietas contendo dextrina em proporções

variáveis de 0,0 a 40,0%, tiveram aceitável desempenho com níveis até 30,0%. Com

40,0% o crescimento foi deprimido e a conversão alimentar piorou. Zamora &

Echavarria (1987) relataram que para esta mesma espécie foram observados ótimos

resultados de crescimento com 26,0% de dextrina. Garcia-Gallego et al. (1994) e

Degani et al. (1986) demonstraram que a enguia podia utilizar eficientemente até

30,0% de carboidratos como fonte de energia. Num estudo posterior Degani & Viola

(1987) conseguiram incrementar para 38,0% seus níveis em. dietas para a mesma

espécie reduzindo a quantidade de proteína usada para energia, com maior

deposição de gordura na carcaça. Desempenho similar foi observado para a

pirapitinga neste estudo. As respostas de crescimento foram satisfatórias e não se

detectaram efeitos de diminuição na velocidade de crescimento com o aumento nos

níveis de carboidratos de 20,0 para 36,0%.

Para os peixes, os lipídios são importantes fontes de energia metabólica e de

ácidos graxos essenciais (AGE) (Watanabe, 1987; NRC, 1993). De Silva &

Anderson (1995) relataram que todos os peixes estudados até essa data, pareciam

necessitar de ácido linolênico (C18:3u)-3) em proporção de aproximadamente 1,0 a

2,0% do peso seco da dieta e, observaram também, que tal exigência podia ser

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reduzida (0,5% da dieta) pela ingestão de AGPIs de cadeia maior tais como C20:5(ji)-

3, C22:5u)-3 ou C22:6tjj-3. Conforme relataram Tacon (1987), Hepher (1988) e NRC

(1993), os peixes de águas frias como as trutas e o salmão, precisam principalmente

dos ácidos linolênico (18:3(jl)-3), eicosapentaenoico (20:5ijü-3) e docosahexaenoico

(22:6a)-3), todos da série ü)-3. Contrariamente, as tilápias, peixes tipicamente de

água doce, têm exigências por ácidos graxos da serie u)-6 como o linoleico (18:2u)-

6) e araquidônico (20:4(jü-6) (Wilson, 1998). Entretanto, algumas espécies, também

de água doce e de hábito alimentar onívoro, como a carpa comum e o bagre de

canal, precisam de uma mistura das duas séries (Kanazawa, 1988).

Tabela 4.2. Taxa específica de crescimento (TEC), conversão alimentar aparente (CAA) eretenção de proteína (%PPV) no experimento 4 para determinar níveis de exigências decarboídratos e lípídios em dietas para crescimento de Piaractus brachypomus

Interação CHOs x LIP^LIP-4 LIP-8 LIP-12 CHOs

TEC CHOs-20 2,47^ 2,13 2,07"^ 2,20^CHOs-28 2,50^ 2,13®^ 2,33®^ 2,32

CHOs-36 2,27®® 2,30®^ 2,10"^ 2,22

LIP 2,41® 2,19" 2,17" <- ^ 2Efeitos simples

CAA CHOs-20 1,10®^ 1,10®^ 1,10®^ 1,10*CHO&-28 1,07®® 1,03®^ 1,03®^ 1,04*CHOs-36 0.97 ®® 1,00®^ 0,97®® 0,98®

LIP

CO

1,04® 1,03® <- Efeitos simples

%PPV CHOs-20 43,7 44,7 44,7 44,38

CHOs-28 42,9 44,6 44,1 43,86

CHOs-36 46,4 59,7 50,1 48,13

LIP 44,33 45,74 46,29 Efeitos^lmples^^ Médias obtidas de três repetições; ̂ Médias obtidas de nove repetições;* Letras diferentes indicam significânoia estatística pelo teste de Tukey (P<0,05) para as médias dos efeitoscombinados dos LIP sobre os CHOs (letras minúsculas dentro das filas) e dos efeitos dos CHOs sobre os LIP(letras maiúsculas dentro das colunas).

No presente experimento observou-se uma marcada tendência à diminuição

do crescimento com o aumento nas proporções de lipídios de 4,0 para 12,0% nos

três níveis de carboidratos, com exceção do tratamento 28-12 (Figura 4.1a). Na

ausência de informações sobre as exigências de AGE para a pirapitinga e, tomando

em consideração sua condição de espécie tropical de água doce e hábito alimentar

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tipicamente onívoro, é válido supor que suas exigências deveriam ser semelhantes

às descritas para outros onívoros como as carpas e o bagre de canal. É possível

sugerir que as diferenças no crescimento e nas outras variáveis analisadas, neste

estudo, tiveram origem nas variações nos níveis dietéticos de lipídios ou no

desequilíbrio na relação CHOsiLIP, mais do que na qualidade dos AGE, uma vez

que a mistura em partes iguais de óleos vegetal e de peixe nas dietas, garantiram

AGE nos níveis mínimos necessários recomendados para peixes tropicais de água

doce (Tacon, 1987).

Pesquisas realizadas com diferentes espécies para definir os efeitos de níveis

variáveis de lipídios, apresentaram resultados semelhantes de crescimento. El-

Sayed & Garling Jr. (1988) demonstraram que a tilápia (T. zilli^ teve pequeno

crescimento quando alimentadas com dietas com uma relação CHOs:LIP de 24,1

(41,0% de dextrina e 1,7% de LIP) comparado com o obtido com dietas que

continham 4,2% LIP e 38,8% de carboidratos (relação 8,8). Com níveis maiores de

até 15% de LIP, e diminuição de carboidratos até 12,0% numa relação entre 8,8 e

0,8, pioraram significativamente o crescimento e as demais variáveis analisadas. De

Silva et ai (1991) testaram 4 níveis de LIP (6,0, 12,0, 18,0 e 24,0%) em híbridos de

tilápia vermelha obtendo crescimento melhor com a dieta de 18%. Em bagre de

canal, Page & Andrews (1973) demonstraram que 6,0% de lipídios era melhor que

12,0%; em Scieanops ocellatus, Craig atai (1999) compararam dietas com 0,4, 7,0,

14,0 e 21,0% de lipídios e observaram aceitável crescimento com 7,0% e tendência

a diminuir com 14,0 e 21,0%. Estes dados são opostos aos relatados para outras

espécies onde máximos incrementos em peso foram conseguidos com maior

conteúdo de lipídios. Trutas tiveram melhor desempenho com dietas contendo

24,0% de LIP do que dietas de 12,0% (Beamish & Mediand, 1986). Segundo Lee &

Putnam (1973) essa mesma espécie cresceu melhor com 24,0% de lipídios

comparada com 8,0 e 16,0%. Samantaray & Mohanty (1997) que trabalharam com

9,0, 13,0 e 17,0% de gordura em dietas para Channa striata, observaram melhor

crescimento com níveis entre 13,0 e 17,0%. Igualmente em Salmo safar Hemre &

Sandnes (1999) observaram maior crescimento com dietas de altíssimos conteúdos

de graxas, entre 38,0 e 47,0%. Contudo, existem na literatura estudos que mostram

que variações nos níveis de lipídios não causaram efeitos aparentes sobre o

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crescimento em Oreochromis niloticus (Haniey (1991); híbridos de tiiapia

(Fitzsimmons et af., 1998); Sparus aurata (Santinha et a/., 1999); Dicentrarchus

labrax (Peres & Oliva-Teles (1999); híbridos de Striped Bass (Nematipour et a/.,

1992) e tambaqui (Van der Meer et ai, 1997). Essas observações confirmam que

peixes de água fria e marinhos, que têm limitada habilidade para utilizar

carboidratos, precisam mais dos lipídios como fonte de energia não protéica,

enquanto que para espécies tropicais de água doce, de forma contraria, são mais

importantes os carboidratos. Considerando as preferências alimentares de P.

brachypomus pelas frutas em seu ambiente natural (Árias & Vásquez-Torres, 1988),

é de esperar que este peixe tenha habilidade para digerir e utilizar carboidratos,

mais eficientemente que lipídios, como também foi demonstrado para tambaqui por

Moreira da Silva (1997). Isto, aparentemente, explica porque a pirapitinga não

apresentou diferenças no crescimento com os diferentes níveis de carboidratos

utilizados e sim, por ação dos lipídios, com respostas significativamente menores

para as dietas com níveis acima de 4,0% destes, mostrando efeito de interação

negativa com os carboidratos.

O consumo de matéria seca foi negativamente correlacionado com os níveis

dos fatores analisados. Os efeitos simples mostraram significativa diminuição no

consumo à medida em que o conteúdo de carboidratos aumentou, sendo mínimo

com 36,0% (Figura 4.1-b). Para o fator lipídios também se observou tendência no

mesmo sentido, porém não significativa. A análise das interações indicou efeitos

combinados sobre o consumo (P<0,05). Para as dietas com 20,0 e 28,0% de

carboidratos o consumo foi significativamente menor na combinação com 8,0 e

12,0% de lipídios comparado com os obtidos com 4,0%. Igualmente observou-se

que com 4,0% de gordura os consumos foram diferentes nas três concentrações de

carboidratos, sendo tão menor quanto maior o nível deles. De Silva et ai (1991)

observaram que em híbridos de tilápia vermelha a média de consumo foi menor com

as dietas que continham maior nível de lipídios. Observações similares foram

relatadas para Sparus aurata por Santinha et ai (1999).

A CAA mostrou diferenças significativas dos efeitos simples, unicamente para

a variável carboidratos, indicando que a melhor conversão de alimento obteve-se

nos peixes do tratamento com 36,0%. A análise para efeitos combinados também foi

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significativa (P<0,05). As médias observadas dos tratamentos de 36,0% de

carboidratos com 4,0 e 12,0% de lipídios (0,97), significativamente menores que a

dieta de 36-8 (1,0), não demonstraram claramente qual o tipo de interação entre os

dois fatores, porém a tendência indicou que houve mínima influência dos níveis dos

lipídios sobre os efeitos dos carboidratos na CAA. (Tabela 4.2).

1430 ' ' ' / Y(

28a>

o<n 26<i>o.

<DTJ 24O

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CHOs* • 20%

* >*28** A3B»

(c)

-

• ♦ —

1 1

_

—1

4 8 12üpfdios (%)

CHOs

CHOs

4 8 12Lipídios (%)

Figura 4.1. Efeito das dietas sobre o ganho de peso (a), consumo de alimento (b), eficiênciade utilização de proteína (c) e porcentagem de retenção de energia (d) no experimento 4para determinação dos níveis ótimos de carboidratos e de lipídios em juvenis de Piaractusbrachypomus.

Desta maneira os melhores resultados de conversão corresponderam à

relação CHOsiLIP 9,0 e 3,0, respectivamente. Os resultados na literatura são

diversos e às vezes contraditórios, dependendo da espécie e condições

experimentais. Para Catia catla e Labeo rohita, Erfanullah & Jafri (1998) obtiveram

máxima conversão de alimento com uma relação CHOsrLIP de 8,93. Para esta

ultima espécie, Anwar & Jafri (2001), que testaram 5 níveis de lipídios, entre 3,2 e

11,6% observaram que com 5,1% obteve-se a melhor conversão (1,76). Resultados

opostos foram observados em tilápia vermelha (De Silva et ai, 1991); em tambaqui

(Van der Meer et ai, 1997) e em T. zillií (El-Sayed & Garling Jr., 1988), onde os

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índices de conversão foram melhores para dietas com relações CHOsrLIP menores

de 3,0, isto é, com altos níveis de lipídios, iguais aos níveis determinados para

espécies de água fria como a truta (Beamish & Mediand, 1986) e, marinhas como o

Dicentrarchus labrax (Peres & Oliva-Teles, 1999). Outros pesquisadores não têm

encontrado diferenças na conversão de alimento variando os níveis de lipídios entre

3,0 e 12,0%, por exemplo em híbridos de tilápia (Fitzsimmons et ai, 1998) ou entre

2,5 e 10,0% para híbridos de Striped Bass (Nematipour et ai, 1992). Apesar de

pequenas as diferenças observadas nas resposta de CAA, tudo pareceria indicar

que a pirapitinga consegue utilizar com maior eficiência carboidratos do que lipídios

como fonte de energia.

A análise da taxa de eficiência protéica (PER) e porcentagens de retenção de

proteína (%PPV) e de energia (%RE), mostraram tendência ao aumento

proporcional com os incrementos nos níveis dos dois fatores (Figura 4.1, Tabela

4.2). A análise dos efeitos simples e combinados dos dados do PER tiveram

comportamento semelhante com o observado para o CAA. Desta forma a máxima

deposição de matéria na carcaça, por grama de proteína consumida, entre 3,21 e

3,28, foi constatada com as dietas de 36,0% de CHOs (Figura 4.1-c), indicando que

estes contribuíram significativamente para aumentar a eficiência do uso da proteína

para crescimento, isto é, houve efeito de "economia de proteína" similar ao

observado em diferentes espécies de peixes (Degani & Viola, 1987; Matty, 1989;

Kim & Kaushik, 1992; Shiau, 1997 e Peragón et ai, 1999). As diferenças entre as

médias de %PPV na análise dos efeitos simples, foram significativas para os

carboidratos com um valor de 48,1%. Não foi observada significância estatística para

os efeitos simples dos lipídios nem para os efeitos combinados (Tabela 4.2).

Considerando que as dietas eram isoprotéicas, os maiores valores de %PPV, entre

46,4% *e 59,1% observados com as dietas contendo 36,0% de CHOs indicaram que

parte da proteína que normalmente é utilizada para produzir energia foi efetivamente

substituída pelos carboidratos, liberando-a para deposição na carcaça, corroborando

os resultados obtidos com o PER. Igualmente, os dados de porcentagem de

retenção de energia (%RE) indicaram que, devido ao efeito dos carboidratos, houve

maior deposição de energia (P<0,05) com as dietas de 28,0 e 36,0%, comparada

com a observada com 20,0% (Figura 4.1). Quanto ao efeito dos lipídios não

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houveram diferenças significativas para os níveis testados. A análise da interação

mostrou que as dietas com 28,0 e 36,0% de carboidratos combinadas com 12,0% de

lipídios, induziram maior %RE (Figura 4.1.-d)(P<0,05).

Os resultados de trabalhos com espécies de peixes de diferentes hábitos

alimentares têm mostrado uma correlação positiva entre lipídios dietéticos e lipídios

corporais; normalmente quando os lipídios são fornecidos em excesso, uma porção

é depositada como gordura na cavidade abdominal e carcaça (Lee & Putnam, 1973;

Beamish & Mediand, 1986; El-Sayed & Garling Jr, 1988; Haniey, 1991; Van der

Meer et ai, 1997; Craig et ai, 1999; Hemre & Sandnes, 1999; Anwar & Jafri, 2001).

Contrariamente, neste experimento, não foram observadas diferenças significativas

entre as proporções de LIP, de PB e EB nem nas porcentagens de umidade na

carcaça por efeito dos tratamentos (Tabela 4.3).

Tabela 4.3. Composição centesimai das carcaças dos peixes no experimento 4 paradeterminar níveis de exigência de carboidratos e lipídios em dietas para crescimentoPiaractus brachypomus

Tratamento % % da matéria seca EB

(Dieta) MS"® PB"®

mm

(kcal/1 OOg)"®

Carcaça Inicial 18,8 65,6 18,9 573,9

20-4 25,3 ±0,6 57,8 ±2,5 26,6 ±1,6 639,5 ±73,0

20-8 25,4 ±1,0 56,5 ±2,4 25,9 ±3,8 620,3 ±17,0

20-12 25,8 ± 0,4 56,3 ±2,0 26,1 ±1,1 595,8 ± 17,0

28-4 25,6 ±0,1 53,7 V 1,9 28,9 ±4,1 627,2 ±11,0

28-8 25,5 ±0,3 55,2 ±1,9 28,1 ±1,7 620,3 ±25,0

28-12 27,2 ±0,6 51,7 ±2,8 29,7 ±4,0 649,5 ± 8,0

36-4 25,9 ±3,2 53,5 ± 3,2 27,7 ±1,0 629,6 ±29,0

36-8 26,1 ±0,8 55,0 ± 0,8 30,2 ±2,0 677,1 ±33.0

36-12 26,7 ±1,1 54,2 ±1,1 28,8 ±1,3 653,5 ± 39,0

Todos 08 valores representam as médias de três repetições ±DP; MS = matéria seca; PB = proteínabruta; EE = Extrato etéreo; EB = energia bruta determinada em bomba calorimétríca;^ Não se observou sígnificância estatística para o valor de F (P> 0,05).

Quanto às proporções de lipídios corporais, tais resultados são semelhantes

aos descritos por Fitzsimmons, et ai (1998) que testaram dietas com níveis de

lipídios similares aos utilizados neste experimento para alimentar híbridos de tilápia

e aos descritos por Santinha et ai (1999) em Spaurus aurata, e, por Degani & Viola

(1987) em enguia {Anguilia anguilia), que trabalharam com níveis de LIP maiores, na

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faixa de 15,0 a 21,0% e de 15,0 e 35,0%, respectivamente, sem detectar diferenças

na composição químico-bromatológica da carcaça. Aparentemente os níveis de

lipídios testados não foram suficientes para causar diferenças significativas na

deposição de gordura corporal. Igualmente, a diminuição do consumo em resposta

aos incrementos nos níveis energéticos das dietas, indiretamente pode ter

controlado sua ingestão.

Conclusões

Os resultados mostraram que o crescimento da pirapitinga foi afetado pelos

níveis das fontes de energia não protéicas, carboidratos e lipídios, mostrando alta

capacidade para utilizar eficientemente carboidratos em níveis dietéticos entre 20,0 e

38,0%. Concentrações de lipídios acima de 4,0%, com qualquer porcentagem de

carboidratos, afetaram negativamente o crescimento. Os maiores valores de PER e

%PPV foram observados com as dietas de 36,0% de carboidratos,

independentemente dos níveis de lipídios, indicando que, nesses níveis, houve efeito

de "economia de proteína". O melhor crescimento foi verificado com as dietas

contendo carboidratos e lipídios numa relação entre 5,0 e 9,0, porém a máxima

porcentagem de retenção de proteína foi constatada quando a relação foi de 4,5.

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50

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É

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CAPITULO V

Efeito de dietas com diferentes perfis de aminoácidos essenciais

SOBRE o CRESCIMENTO E A UTILIZAÇÃO DE NUTRIENTES EM JUVENIS DEPIRAPITINGA, Piaractus brachypomus

Resumo

Este experimento foi realizado para determinar o efeito de dietas isocalóricas e

isoprotéicas, com diferentes perfis de aminoácidos essenciais sobre o crescimento de

juvenis de pirapitinga. Foram formuladas 9 dietas variando a concentração da caseína-

entre 0,0 e 35,0% com incrementos de 4,4%, concomitante com a diminuição nas

mesmas proporções da gelatina para gerar alterações graduais no perfil de

aminoácidos essenciais (AAE). A composição de AA da caseína, da gelatina e de

amostras de tecido corporal da pirapitinga foram determinados. A análise das

variáveis estudadas mostraram um efeito quadrático dos níveis dietéticos da caseína

sobre o ganho de peso (GR), taxa específica de crescimento (TEC), conversão

alimentar aparente (CAA), taxa de eficiência profética (PER) e porcentagens de

retenção de proteína (%PPV) e energia (%RE). Dentro do intervalo de variação da

concentração de caseína não foi observado o ponto de inflexão que indicaria o nível

mínimo necessário para máximo GP. O "Escore Químico" (SQ), calculado

comparando os perfis de AAE da carcaça com os das dietas experimentais, mostrou

que as rações com 31,6 e 35,0% de caseína produziram as melhores respostas,

sendo, a arginina (SQ = 70,0 e 59,5 respectivamente), o aminoácido limitante. Não

foram observadas diferenças significativas na composição química da carcaça em

resposta às variações nas proporções das fontes protéicas das dietas. O perfil de

aminoácidos corporais da pirapitinga foi similar ao padrão descrito para teleòsteos.

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introdução

Satisfazer as exigências protéicas de um animal em crescimento implica que

este possa dispor, a partir da dieta fornecida, de aminoácidos nas quantidades e

proporções necessárias para a fabricação de suas próprias proteínas funcionais e

estruturais. Em termos práticos, isto pressupõe o conhecimento prévio das

exigências quantitativas de cada aminoácído essencial para máximo crescimento,

necessárias para a formulação de dietas completas (De Ia Higuera, 1987).

Todos os estudos sobre necessidades qualitativas de aminoácidos indicam

que os peixes precisam dos mesmos aminoácidos essenciais que a maioria dos

mamíferos (Hepher, 1988; De Silva & Anderson, 1995; King et ai, 1996; Lovell,

1998; Wilson, 1998) mais a arginina, aminoácido que os peixes não podem sintetizar

nas quantidades suficientes, como fazem os mamíferos a partir do ciclo da omitina,

durante o processo de síntese de uréia (Lovell, 1998; Boisen et ai, 2000).

As exigências quantitativas para os 10 AAE (Arg, His, l-leu. Leu, Lys, Met,

Phe, Thr, Try e Vai)) têm sido determinadas para poucas espécies, entre elas para

Cyprínus carpio (carpa) (NRC, 1993), Satmo gairdneri (truta arco iris) (Rodehutscord

et ai, 1997), Ictalurus punctatus (bagre de canal) (Wilson, 1991), Anguilia anguilia

(enguia japonesa) e Oncorhynchus tshawytscha (salmão)(NRC, 1993); na revisão de

Mambrini & Kaushik (1995) também estão incluídas Chanos chanos e Orecx:hromis

niloticus. Na última década têm sido publicados inúmeros estudos sobre exigências

dietéticas de um ou mais aminoácidos para diversas espécies (Murthy & Varghese,

1988; Borlogan, 1991; Luquet, 1991; LaII et ai, 1994; Ruchimatefa/., 1997; Kaushik,

1998; Simmons ef a/., 1999).

As necessidades quantitativas de aminoácidos essenciais (AAE) têm sido

determinadas mediante experimentos nos quais os peixes são alimentados com

dietas elaboradas com ingredientes purificados como caseína e gelatina,

complementadas com misturas de aminoácidos cristalinos (Murai et ai, 1984; NRC,

1993), para produzir dietas com perfil de AAE similar ao do ovo de galinha (Wilson,

1986) ou do músculo, ovos ou de carcaça do peixe em questão, tomadas como

proteínas de referência (Ketola, 1982; Ogata et ai, 1983). Essas dietas sãobalanceadas para todos os AAE, com exceção do AA testado, que é adicionado em

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níveis graduais nas dietas experimentais (Wilson, 1986; Lovell, 1998). Com os

resultados é construída uma curva de crescimento e o ponto onde diminui a

velocidade de incremento em peso ("área de diminuição do retorno" segundo

Cowey, 1994) é considerado como o valor da exigência mínima, e corresponde ao

menor nível do AAE estudado que produz a máxima resposta de ganho de peso (De

Silva & Anderson, 1995).

Para algumas espécies de peixes têm sido observada uma alta correlação

entre as proporções relativas dos AAE individuais determinados desta forma e as

proporções relativas dos mesmos 10 AAE presentes nos tecidos corporais (Tacon,

1987; Wilson, 1988; Ranseyer & Garling Jr., 1994; De Silva & Anderson, 1995;

Mambrini & Kaushik, 1995; Kaushík, 1998). Segundo esses pesquisadores esta

correspondência pode ser utilizada como ferramenta para deduzir, a partir do padrão

de AAE de tecidos corporais o perfil necessário em dietas para novas espécies de

interesse à aqüícultura.

Na literatura não foram encontradas informações com relação às exigências

de aminoácidos essenciais necessários em dietas para crescimento de Piaractus

brachypomus. O presente estudo foi planejado com o objetivo de determinar os

efeitos de dietas com diferentes proporções de aminoácidos essenciais sobre o

crescimento e a eficiência de utilização de nutrientes em juvenis de pirapitinga.

Material e métodos

o local, as condições experimentais e os procedimentos em geral deste

trabalho estão descritos em Material e Métodos do Capítulo I.

Foram formuladas nove dietas isoprotéicas e isocalóricas, idênticas quanto à

composição de ingredientes, com exceção dos níveis das fontes protéicas caseína e

gelatina. Baseados na metodologia desenvolvida por Murai et ai., (1984), a

concentração da caseína variou entre 0,0 e 35,0% com incrementos de 4,4%,

concomitante com a diminuição da gelatina nas mesmas proporções para gerar

alterações entre as proporções relativas dos AAE nas diferentes dietas (Tabela 5.1).

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Tabela 5.1. Composição de ingredientes das dietas utilizadas no experimento 5 paradeterminar o efeito de diferentes perfis de aminoácidos essenciais (AAE) sobre ocrescimento de juvenis de Piaractus brachypomus

Ingrediente Dieta (% de caseína)

(% do alimento) 0 4,4 8,8 13,1 17,5 21,9 26,2 30,6 35,0

Caseína 0.0 4,40 8,80 13,1 17.5 21,9 26,2 30,6 35,0

Gelatina 35,0 30,6 26,2 21,9 17,5 13,1 8.8 4,4 0,0

Outros Ingredientes ̂ 65,0 65,0 65,0 65,0 65,0 65,0 65,0 65,0 65,0

%PB formulada 32,9 32,6 32,2 31,9 31,6 31,2 30,9 30,6 30,2

EB (kcal/100g)2 481,9 484,2 486,5 488,8 491,1 493,4 495,6 497,9 500,2

1 Dextrina 30,0%, óleo de peixe 3,0%, óleo vegetai 3,0%, CMC 6,8 %, celulose 18,0%, ácido ascórbico0,03%; pré-misturas: vitaminas 0,1%, microminerais 0,05%, macrominerais 4,02% (a composiçãodas pré-misturas foi similar às utilizadas no experimento 2, Capítulo II);

2 Energia bruta determinada em bomba calorimétríca.

A composição de aminoácidos da caseína, gelatina e amostras de tecidos

corporais de Piaractus brachypomus foi determinada pelo laboratório Degussa-Hüis

AG IC FA-AT, Frankfurt, Alemanha. As porcentagens teóricas de AAE das dietas

experimentais foram calculadas a partir dos níveis de proteína analisada e dos

resultados de composição de AA da caseína e da gelatina. Com os dados de

proporções de aminoácidos das dietas e da carcaça foi calculado o Escore Químico

(SQ) para determinar quais os AAE limitantes nas dietas que produziram melhor

desempenho de crescimento. O SQ foi calculado pela expressão SQ = %AAEciieta x

100) / %AAE carcaça- Focam utilizados 540 peixes de 10,8 ± 1,2g de peso médio,

distribuídos ao acaso em grupos de 20 indivíduos em 27 unidades experimentais

(nove tratamentos com três repçtições).

As relações entre os níveis de caseína (CAS) das dietas com as variáveis de

resposta estudadas foram avaliadas através de análise de regressão polinomíal de

segunda ordem. O modelo utilizado foi Y = Po+ p^*Xi+ P2*(X\)^ + §1, onde Y = valormédio da variável por tratamento; Po= intercepto, Pi ep2= coeficientes de regressão

eX\ = proporção de CAS nas dietas (/ = 0,0, 4,4, 8,8, 13,1, 17,5, 21,9, 26,2, 30,6 e

35,0% de CAS); e/ o erro. Os dados de composição da carcaça foram analisados

através de ANOVA usando o modelo X/ = p + 0/ + ©/ em que X/ é o valor observado, p

média geral da característica. D/ é o efeito da dieta /, sendo / = 0,0, 4,4, 8,8, 13,1,

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17,5, 21,9, 26,2, 30,6 e 35,0% de caseína; e, o erro. Quando o valor de F foi

significativo, as médias foram separadas pelo teste de Tukey (P<0,05).

Resultados e discussão

Na Tabela 5.2 são apresentados os resultados da análise de composição de

aminoácidos da caseína e da gelatina.

Tabela 5.2. Composição analisada de aminoácidos (AA) da caseína e da gelatina utilizadasna elaboração das dietas do experimento 5 para determinar o efeito de diferentes perfis deaminoácidos essenciais sobre o crescimento de juvenis de Piaractus brachypomus.

AA*AA /100 g de proteína

Caseína Gelatina

Met 2,91 0,92

Cys 0,47 0,09

Lys 8,06 3,81

Thr 4,14 1,87

Arg 3,43 8,25

Isl 5,02 1,52

Leu 9,34 3,02Vai 6,54 2,37His 3,10 0,72

Phe 5,02 2,07

Gly 1,88 22,89Ser 5,53 3,43

Pro 11,56 14,72

Ala 3,03 9,75

Asp 7,15 5,94

Glu 21,73 10,67

Hpro 12,72

Hlys 1,08

* Método aplicado: oxidaçâo (Met analisada como Methionine sulfòne e Cys como ácido dsteico).

Os resultados das análises de composição de proteína, energia bruta e de

aminoácidos essenciais das dietas experimentais aparecem descritos na Tabela 5.3.

Por sua vez, na Figura 5.1, são representados os resultados de ganho de peso (GP),

taxa específica de crescimento (TEC), conversão alimentar aparente (CAA), eficiência

de utilização da proteína (PER) e porcentagens de retenção da proteína (%PPV) e de

energia (%RE).

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Tabela 5.3. Composição centésima! e proporções calculadas de aminoácidos essenciais(AAE) das dietas utilizadas no experimento 5 para determinar o efeito de diferentes perfis deAAE sobre o crescimento de juvenis de Piaractus brachypomus

Composição centesimal Dieta (% de caseína)(g/1009deMS)i 0 4,4 8,8 13,1 17,5 21,9 26,2 30,6 35,0

Proteína (Nx6,25) 35,1 35,5 33,9 32,4 31,5 33.2 31,2 29,1 27,2

Extrato etéreo 5.4 5.5 5.4 5,6 4.9 5.5 6,0 5.8 6.1

Cinzas 3.7 4.1 3,9 4.2 4.3 3,78 4.0 3,8 3.4

EB(Kcal)2 455,7 461,9 476,3 479,9 458.6 493,2 528,4 498,3 514,9

Composição de AAE (g/100 g de PB analisada)

Met 0,32 0,41 0,48 0,54 0,60 0,72 0,75 . 0,77 0,79

Lys 1,34 1,54 1,65 1,75 1,87 2,15 2,18 2,19 2,19

Thr 0,66 0,76 0,83 0,88 0,95 1,09 1,11 1,12 1,13

Arg 2,90 2,71 2,39 2,09 1,84 1,74 1,45 1,17 0,93

l-leu 0,53 0,69 0,81 0,92 1,03 1,23 1,29 1,33 1,37

Leu 1,06 1,35 1,56 1,75 1,95 2,31 2,42 2,49 2,54

Vai 0,83 1,03 1,16 1,27 1,40 1,65 1,72 1.75 1,78

His 0,25 0,36 0,45 0,52 0,60 0,73 0,78 0,82 0,84

Phe 0,73 0,87 0,95 1,03 1,12 1,30 1,34 1,35 1.37

Trp^ - - - - - - - - -

Total AAE (%) ' 8,62 9,80 10,39 10,92 11,58 13,22 13,37 13,36 13,32

10s valores representam as médias de três repetições;2 Energia bruta analisada em bomba calorimétrica (PARR121 EA, USA);3 Dados de % de Trp não foram determinados.

O GP e o TEC (Figura 5.1a-b) se apresentaram positivamente correlacionados

com os níveis de caseína presentes nas dietas. No caso de GP, os dados mostraram

efeito quadrático significativo (P<0,05) expressado pela equação Y = -2,è3 + 1,251*X

-0,009*X^ com r^ = 0,899, sendo Y = GP e X = % Caseína {CAS); contudo, dentro do

intervalo de variação da concentração da C>AS estudado, não foi observado a "área de

diminuição do retomo" para determinar o nível mínimo necessário para máximo ÇP.

Os peixes alimentados com as dietas de 30,6 e 35,0% de caseína, que apresentaram

os maiores valores de GP, 28,7g e 28,8g, respectivamente, foram estatisticamente

iguais (P>0,05). Ogata et ai., (1983) realizou experimentos com salmões usando

caseína como fonte de proteína, e demonstrou que apesar de ser uma proteína de

alta qualidade, seu perfil de AAE não era suficiente para atender às necessidades

quantitativas para máximo crescimento quando utilizado como única fonte protéica. No

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presente experimento o escore químico (EQ) calculado para as rações que

produziram os maiores resultados de crescimento e de aproveitamento de nutrientes

mostraram que o primeiro AAE limitante foi a arginina (Tabela 5.4), com valores de

70,0 e 59,5 para as dietas com 30,6% e 35,0% de caseína, respectivamente.

Provavelmente, a baixa proporção de Arg tenha impedido que, neste experimento, os

peixes atingissem o ponto de máximo ganho de peso com as dietas testadas. Na dieta

sem caseína o SQ foi menor que 100 para todos os AAE, com exceção da arginina.

40

t = -2,53 + 1.251 X- 0,009x2r2= 0.90 o

' « I ü i 1 1 \ L

OLU

? = -0,162 + 0,12x - 0.002x2r2= 054

J 1 1 1 1 1 1 1 U

10l

8

O

4

2

100

'V'" 9.58 - 0,6951 X + 0,013x2r2= 0.74

J 1 1 1 1 1

t = -2,571 + 2,839x- 0,033x2r2 =» 0.87 o

J I I , I . I 1 , l_ \A .9

0,127+0,151 X-0.001x2

Y " -1.160 + 2,383x - 0.039x2- r2= 0.85 o

40LU

q:

20 (f)

«_ '

Dietas (% de caseína)

Figura 5.1. Relação entre nível de caseína das dietas e ganho de peso (a), taxa específicade crescimento (b), conversão alimentar aparente (c), taxa de eficiência protéica (d),porcentagem de retenção de proteína (e) e porcentagem de retenção energia (f) noexperimento 5 para determinar o efeito de diferentes perfis de AAE sobre o crescimento dejuvenis de e Piaractus brachypomus.

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Tabela 5.4. Composição de aminoácidos essenciais e escore químico (SQ) das dietas com0,0% e 21,9 a 35,0% de caseína no experimento 5, para determinar o efeito de dietas comdiferentes perfis de AAE sobre o crescimento de juvenis de Piaractus brachypomus

Dieta AAE ( g 7100 de PB)(% de caseína)

Met Lys Thr Arg l-Ieu Leu Vai His Phe Trp

0.0 0,92 3,81 1,87 8,25 1.52 3,02 2,37 0,72 2,07 -

21,9 2,16 6,47 3,29 5,24 3,71 6,97 4,98 2,21 3,91 -

26,2 2.41 7,00 3,57 4,64 4.15 7.76 5,50 2,51 4,28 -

30,6 2,66 7,53 3,86 4,03 4,58 8,55 6,02 2,80 4,65 -

35,0 2,91 8,06 4,14 3,43 5,02 9,34 6,54 3,10 5,02 -

SQ^ Dieta 1SQ dieta 6

SQ dieta 7

SQ dieta 8

SQ dieta 9

41,6 59.2 47,1 143,2 40,8 44,9 53,6 36.4 56,6

97,9 100,4 82,8 90,9 99,4 103,6 112,6 111,5 106,9

109,2 108,7 90,0 80,5 111,1 115,3 124,4 126,5 117,0

120,4 116,9 97,1 70,0 122,9 127,0 136,2 141,5 127,1

131.7 125,2 104.3 59,5 134,6 138,8 148,0 156,6 137,2

SQ =Escore Químico = (%AAE da dieta xlOO/ % AAE da carcaça)nd = Não determinado

Na curva de resposta para a TEC, expressada pela equação Y = -0,162 +

0,12*X - 0,002*X^ (Figura 5.1. b), foi observado um ponto de máximo crescimento

que correspondeu a uma proporção de 30,0% de CAS; tal valor foi obtido derivando a

função GP = jSb + i8i *(CAS) + P2*(CAS)^ e igualando a zero. Desta forma ÕGPIÕCAS =

0,120 -2*(0,002*CAS^ = O e %CAS = 0,120/0,004 = 30,00. Este dado de CAS é

próximo daquele do tratamento com 30,6% de caseína e 4,4% de gelatina, com perfil

e conteúdo total de AAE como descrito na Tabela 5.2.

Segundo De Ia Higuera (1987), Tacon (1987) e NRC (1993) para que a síntese

protéica ótima (crescimento) possa acontecer num organismo, é preciso que todos osaminoácidos estejam presentes simultaneamente no tecido. Se este equilíbrio não é

conseguido porque a dieta não é balanceada, ou porque alguns AAE têm baixa

disponibilidade biológica, muitos deles são catabolizados refletindo-se numa

diminuição do crescimento e da eficiência alimentar (Hepher, 1988). No caso deste

experimento, as dietas com 0,0 a 17,5 de caseína tinham baixo conteúdo de AAE

(entre 8,62 e 11,58% do total de AAE das dietas, Tabela 5.3) e desproporção nas

porcentagens dos mesmos aminoácidos com relação ao perfil da carcaça

determinado para a espécie, utilizado como proteína de referência (Tabela 5.4). Como

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resultado os peixes alimentados com as dietas que tinham os menores conteúdos

totais de AAE e desproporções no balanço degradaram a maior parte dos

aminoácidos consumidos, refletindo-se em baixíssimas taxas de crescimento e,

inclusive, em alguns indivíduos dos tratamentos com 0,0 e 4,4 de C4S, em perdas de

peso durante o período experimental. Isto, provavelmente devido a que parte da

proteína dos próprios tecidos foi consumida para sustentar o metabolismo básico.

Nesse caso o desequilíbrio nas proporções dos AAE dietéticos pode ter induzido

efeitos de antagonismo entre aminoácidos ou ainda de toxicidade por excesso, como

observado em diferentes espécies de peixes (Lovell, 1998). À medida que a proporção

de caseína ia crescendo, as porcentagens totais de AAE nas dietas também

aumentaram e as proporções relativas destes se aproximando ao perfil da proteína de

referência (Tabelas 5.3 e 5.4); com isto os resultados de crescimento e eficiência de

utilização de nutrientes também melhoraram significativamente (Figura 5.1a-b).

O consumo de alimento variou entre 21,7 e 16,1 g-MS/Kg peso vivo/dia, sendo

semelhante aos observados nos experimentos descritos anteriormente. Foi detectada

tendência a ser menor, quanto maior a proporção de caseína nas dietas, porém as

diferenças não foram estatisticamente significativas (P>0,05). Aparentemente os

peixes tentaram compensar as deficiências de AAE das dietas com baixos conteúdos

de caseína, aumentando o consumo, comportamento semelhante ao descrito para

outras espécies de peixes em condições de insuficiência dietética de nutrientes

básicos para o crescimento (De Silva et ai, 1989; Hepher, 1989; Chong ef a/., 2000).

A conversão alimentar aparente (CAA) mostrou correlação numérica negativa (Figura

5.1-c) de tal forma que os melhores dados (1,16-1,17) corresponderam às dietas comníveis de caseína acima de 26,2%. Nos peixes dos tratamentos com 0,0 e 4,4% de

caseína, onde foram observados os maiores valores de consumo relativo (21,7 e 18,4

g-MS/kg/dia) e os incremento mínimos de peso durante os 60 dias do experimento

(0,15g e 1,26g respectivamente), os índices de conversão foram desprezíveis. O

cálculo matemático derivado da curva de regressão de segundo grau, construída com

os dados observados, indicou que o nível de CAS para máxima eficiência de

conversão correspondia a 26,7%. A caseína, que foi a fonte de variação básica neste

experimento, é considerada proteína com excelente perfil de AAE e altadigestibilidade (Lovell, 1998). Seu incremento nas dietas, que resultou num melhor

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balanço de AAE, beneficiaram significativamente a conversão de alimento de forma

similar ao observado em diferentes estudos nutricionais onde a caseína foi utilizada

como fonte única de proteína (Winfree & Stickney, 1981; Ogata et al., 1983) ou em

combinação com a gelatina (Santiago & Lovel, 1988; El-Sayed, 1989; Kim etat., 1991;

Aksnes et al., 1996; Elangovan & Shim, 1997).

A taxa de eficiência protéica (PER) aumentou proporcionalmente com os níveis

dietéticos de caseína mostrando correlação de tipo quadrático (r^ = 0,962) e indicando

que quanto maior o conteúdo deste ingrediente nas dietas, maior seu aproveitamento

(Figura 5.1-d). A PER variou entre 0,04 e 3,39 sendo que para o nível de caseína que

promoveu máxima velocidade de crescimento, o valor da PER observado foi 3,08. A

retenção de proteína (%PPV) teve comportamento semelhante ao observado para a;

PER. Foi negativa nos peixes alimentados com a dieta de 0,0 de caseína (-0,67%) e

aumentou gradualmente até um valor de 56,6% com a dieta de máximo conteúdo de

caseína: Nos peixes alimentados com a dieta sem caseína, que tinha desproporção e

baixo conteúdo de AAE, parte da proteína tecidual possivelmente foi catabolizada

para sustentar o metabolismo básico e conseqüentemente, perderam biomassa como

sugerido anteriormente, na análise dos dados de CAA. A porcentagens de retenção

de energia (%RE) aumentou de 3,3% para 37,2%, proporcionalmente com as

concentrações de caseína dietética até o nível de 30,6%. Com a dieta de máximo

conteúdo de caseína a %RE diminuiu para 36,9% caracterizando um efeito de

resposta curvilíneo (r^ =0,852), similar ao descrito para as demais variáveis

analisadas.

Inúmeros trabalhos têm descrito os efeitos da insuficiência dietética dos AAE

nos peixes, geralmente caracterizados por redução do crescimento e eficiência de

utilização da proteína, medida em termos da PER e %PPV, como ilustrado em

recentes pesquisas sobre exigências dos AAE: arginina em catfish (Buentello & Gatlin

III, 2000); threonina em Sciaenops ocellatus (Boren & Gattlin III, 1995) e em Chanos

chanos (Borlogan, 1991); lisina em Salmo salar (Berge et al., 1998) e em yellowtail

(Seríola quinqueradiata) (Ruchimat et al., 1997); triptofano em truta (Walton et al.,

1984) e metionina e lisina em Labeo rohíta (Murthy & Varghese, 1988), em sea bass

(Dicentrarchus labrax) (Hidalgo et al., 1987), em truta (Walton et al., 1982) e em

Salvelinus alpinus (Simmons et al., 1999). Neste experimento a comparação das

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proporções relativas dos AAE individuais das dietas experimentais com as proporções

determinadas para os mesmos AAE na carcaça, mostraram que as dietas com

reduzido conteúdo de caseína (< 17,5%), tinham baixo SQ para a maioria deles, isto

é, deficientes em praticamente todos os AAE (Tabela 5.4), Na dieta com 21,9% de

CAS os AAE limitantes, com SQ menor de 100, foram a metionina, threonina, arginina

e iso-leucina, entretanto na dieta com 35,0% de CAS, unicamente a arginina foi

limitante; desta forma, à medida que o perfil de AAE das dietas foi se aproximando a

um padrão ideal de AAE, similar ao determinado para a carcaça de P. brachypomus, a

PER, a %PPV e o crescimento, também aumentaram proporcionalmente.

As variações no conteúdo total de AAE assim como de suas proporções

relativas nas dietas experimentais, não produziram efeitos de grande magnitude sobre

a composição centesimal da carcaça, e apenas foram observadas algumas diferenças

quanto aos teores de umidade e de cinzas, que mostraram-se significativamente

maiores nas carcaças dos peixes dos tratamentos deficientes em AAE (P<0,05) e nos

conteúdos de lipídios e energia bruta, que de forma oposta, foram significativamente

baixos nos mesmos tratamentos (Tabela 5.5). Para os peixes submetidos aos

tratamentos com níveis de CAS acima de 13,1%, a composição da carcaça mostrou

tendência á homogeneidade para todos os nutrientes, incluindo a proteína que além

do mais, apresentou variações não significativas nos peixes dos diferentes

tratamentos.

Na Tabela 5.6 é apresentada a composição de aminoácidos das proteínas da

carcaça de Piaractus brachypomus determinada neste estudo. Os valores observados

situam-se dentro das faixas descritas para as espécies do mesmo grupo, P.

mesopotamicus e Colosoma macropomum (Machado, 1989; Van Der Meer &

Verdegem, 1996) e para bagre de canal (Wilson, 1989). As pequenas discrepâncias

observadas entre as proporções da lisina e leucina, maiores na proteína do filé do

pacu, podem ser explicadas pelas aparentes diferenças nos padrões de aminoácidos

de tecidos de distintas partes do corpo, como discutido nos trabalhos de Ketola (1982;

Ogata et al. (1983); Ranseyer & Garling Jr. (1994), ou por diferenças nos métodos de

análise empregados (Tacon, 1987). O perfil de aminoácidos da carcaça de Piaractus

brachypomus foi considerado semelhante ao padrão médio de aminoácidos calculado

para teleósteos, segundo Kaushik{1998).

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If,^

Tabela 5.5. Composição centésima! de carcaças dos peixes do experimento 5 paradeterminar os efeitos de dietas com diferentes perfis de aminoácidos essenciais (AAE) sobreo crescimento de juvenis de Piaractus brachypomus

Tratamentos MS(% de caseína) %

% da Matéria Seca

PB EE Cinzas

EB

(Kcal/1 OOg)

Carcaça Inicial 21,7 59,4 27,3 13,0 526,4

0 23,9 ± 0,8 ® 52,3 ± 0,7 29,7 ±2,3^ 16,2 ±1,6® 542,1 ±31,3®4.4 25,6 ± 0,4 53,0 ±2,3 27,3 ± 2,0 17,0 ±1,0 ®'^ 530,5 ± 12,2 ®''8,8 26,8 ±0,9 54,9 ± 2.0 28,7 ±2,9^^ 15,5 ±0,9 ®'* 568,4 ±22,4®^13,1 31,013,4^^ 51,7 ±1.5 34,3 ± 2,1 12,1 ±0,1 ® 590,8 ± 1,8 ®''17.5 29,6 ± 0,8 ̂ 51,9 ±2,7 32,3 ±1,6®® 13,4 ±1,7 ®'' 586,6 ±14,6®''21,9 29,8 ± 0.5 ̂ 51,3 ±1,7 32,7 ±1,4®® 13,7 ±1,4 ®'' 584,8 ± 5,9®"26,2 32,0 ±2,4'' 52,9 ± 0.5 32,4 ±1,2®® 13,0 ±1,0 ®'' 594,5 ± 2,8®30,6 30,4 ±0,07 ̂ 51,7 ±3,2 33.7 ±1,8®® 12,8 ± 0,5 ®'' 593,6 ±16,1 ®35,0 30,2 ± 0.3 ̂ 50,9±1,4 32,8 ± 1,1 ®® 14,0 ±1,7®^ 587,1 ± 14,1 ®"

Todos os valores representam as médias de três repetições ±DP; MS = matéria seca; PB = proteínabruta; EE = extrato etéreo; EB = energia bruta; ̂ Não foram observadas diferenças significativas entretratamentos para o valor de F (P>0,05); Letras sobrescritas diferentes nas colunas indicam significânciaestatística entre tratamentos pelo teste de Tukey (P<0,05)

Tabela 5.6. Composição de aminoácidos da carcaça de Piaractus brachypomusdeterminada no experimento 5 e de PIractus mesopotamicus, Colossoma macropomum,bagre de canal {Ictalurus punctatus) e média para teleósteos

g aminoácidos /100 g de proteína

AAEPiaractus Piaractus Colossoma^ Bagre ̂ Média outros

brachypomus mesopotamicus macropomum de canal teleósteos ®

Arg 5,76 6,65 6,75 6,67 6,16His 1,98 2,24 2,38 2,17 2,47

Isol 3,73 4,52 4,56 4,29 4,29

Leu 6,73 8,75 7,66 7,40 7,20

Lys 6,44 10,05 8,34 8,51 7,38

Met 2,21 2,79 2,54 2,92 2.75

Phe 3,66 4,29 4,16 4,14 4,10

Thr 3,97 3,82 4,59 4,41 4,39

Trp n.dt. . nd Nd 0,78 nd

Vai 4,42 3,88 5,15 5,15 4.73

SUBTOTAL/\AE 38,9 46,99 46,12 46,44 43.47

Cys 0,87 0.81 0,94 0,86 1,00

Gly 9,23 4,85 7,87 8,14 6,81

Ser 3,91 4,83 4,63 4,89 4,15

Pro 6,52 4,73 5,14 6,02 4,13

Ala 6,96 5,08 6,99 6,31 6,17

Asp 8,95 10,49 9,72 9,74 9,19

Glu 13,91 19,83 15,50 14,39 14,29

Tyr n.dt 3,83 3,09 3,28 3,02

TOTAL AA 89,26 101,44 100,00 100,07 92,23

1 Presente estudo; 2 (Machado, 1989); ̂ (Van Der Meer & Verdegem, 1996); ̂ (Wilson, 1989); 5 (Kaushik, 1998);n.dt=não determinado; nd = não disponível; ^ -s proteínas de carcaça; 2 Proteínas de filé.

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1'5->

Conclusões

Considerando que as dietas testadas eram isocalóricas e isoprotéicas, pode-se

deduzir que as diferenças entre tratamentos para as variáveis de respostas estudadas

foram produto das variações na composição de AAE das dietas, demonstrando que o

perfil de AAE que produziu melhor desempenho de crescimento e de utilização de

nutrientes correspondeu à dieta do tratamento com 30,6% de caseína e 4,4% de

gelatina.

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CAPITULO VI

Discussão final e recomendações

Conforme discutido no Capitulo 2 (dieta de referência), os ingredientes

utilizados na elaboração das diferentes dietas experimentais são alimentos de alta

digestibilidade para peixes em geral. O coeficiente de digestibilidade da proteína da

caseína, principal fonte protéica utilizada, que varia entre 94,0% (Aksnes et al., 1996)

e 97,0%, (Morales et al., 1994) e dos carboidratos da dextrina, entre 66,0 e 78,0%

(NRC, 1993), são comparativamente maiores que os da maioria dos ingredientes de

uso comum, na fabricação de rações comerciais para peixes (NRC, 1993). Na

ausência de conhecimentos sobre os coeficientes de digestibilidade dos nutrientes e

de ingredientes específicos para pirapitinga, na formulação de dietas balanceadas,

poderiam ser utilizados os coeficientes de outras espécies de hábitos alimentares

semelhantes. Outra alternativa poderia ser a formulação tomando valores de

exigências um pouco maiores do que os valores experimentalmente determinados

neste estudo, basicamente para compensar a menor disponibilidade relativa de

nutrientes nas matérias primas.

O peso inicial dos animais utilizados nos diferentes experimentos variou entre

7,8 e 15,5g e no final, entre 32,8 e 62,0g (Tabela 6.1). Desta forma os resultados

observados devem ser entendidos como exigências de nutrientes para juvenis de

pirapitinga na etapa de máxima velocidade de crescimento.

Através dos cinco experimentos realizados foram corroboradas as observações

de diferentes pesquisadores com relação às vantajosas características da pirapitinga

para cultivo em escala intensiva, descritas no Capítulo I. As taxas de consumo de

alimento que oscilaram entre 12,9 e 17,0g de MS/kg/dia (Tabela 6.1) foram aceitáveis

em todos os experimentos apesar das diferenças na composição dos nutrientes das

dietas testadas; estes resultados confirmam sua condição de espécie voraz que

permite aceitar facilmente diversas rações artificiais, o que constitui-se em

característica muito vantajosa. Com base nos valores de consumo de matéria seca

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verificados nos peixes que apresentaram maior porcentagem de incremento em peso

(300,0 e 350,0%, nos Experimentos 3 e 4 respectivamente), pode-se sugerir que a

taxa de alimentação diária para ótimo crescimento, quando utilizadas rações com

níveis de nutrientes similares aos aqui determinados, deve estar em torno de 1,3g de

MS por 100g de biomassa. Esses valores são menores que os recomendados por

Lovell (1998) para juvenis de bagre de canal de 27,0 a 137,0g de peso (2,5 - 4,0% do

peso corporal) e para tilápias entre 5,0 e 100,0g ( 4,0 a 6,0% da biomassa) e por

Shimeno et al. (1997) para carpas (1,8 a 2,3% da biomassa).

Tabela 6.1. Composição de nutrientes das dietas experimentais que produziram melhordesempenho de crescimento e aproveitamento de nutrientes no estudo para determinaçãoda dieta referência, níveis ótimos de proteína, carboidratos e lipídios e aproximação ao perfilideal de aminoácidos essenciais em dietas para juvenis de Piaractus brachypomus

Exp-1 Exp-2 Exp-3 Exp-4 Exp-5DDR^ DR + prem^ PB^ CHOs: LIP^ AAE®

Composição (g/JOOg MS)Proteína (N x 625) 32,3 30,0 33,0 32,5 29,1

Extrato etéreo (Soxhiet) 5.0 6.9 5.7 3.7 5.8

Carboidratos (Dextrína) 30,0 30,0 24,2 28,0 30,0

Energia Digestível (Kcal)® 297,0 302,9 285,4 279,6 289,4

Relação PB/ED (mg PB/kcal) 108,7 99,4 115,8 116,2 100,5

Variáveis de resposta (médias de três repetições, exceto peso)

Peso inicial (g) 11,4 11,3 15,5 7.8 10,8

Peso final (g) 32,8 41,8 62,0 35,1 39,5

Ganho de peso (% do Pmfciai) 187,0 269,0 300,0 350,0 265,0

TEC 1.73 2,16 2,20 2,50 2,10

Consumo (g MS/Kg/d) 17,0 14,9 13,2 12,9 16,6

CAA 1,41 1,08 1,10 1,07 1,20

PER 2,39 3,21 2,90 3,04 3,10

1 Diferentes dietas de referência;

*2 Dieta de referência mais pré-misturas de macrominerais;3 Níveis de PB entre 16,0 e 36,0%;^ Combinação de CHOs (20,0, 28,0 e 36,0%) e LIP (4,0, 8,0 e 12,0%);5 Diferentes perfis de aminoácidos essenciais;6 Calculada tomando valores fisiológicos de combustão padrão para peixes: proteína = 4,54; lipídios =8,60; carboidratos = 3,58 kcal/g (De Silva & Anderson, 1995).

Na medida em que os níveis dos diferentes nutrientes foram otimizados, os

resultados da conversão aparente do alimento e ganho de peso também foram

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Si

melhorando, demonstrando a alta eficiência da espécie para utilização do alimento

ingerido, principalmente quando alimentada com as rações melhor balanceadas; nos

experimentos 3, 4 e 5 a média da conversão alimentar (CAA) foi 1,12 e a de

incremento em peso, 305,0% em relação ao peso inicial dos peixes, durante 60 dias

de pesquisa. Da mesma forma a taxa media de crescimento diário (TEC) foi de 2,26,

valores excelentes quando comparados com os descritos na literatura para estes

mesmos parâmetros de avaliação em espécies como tambaqui (Eckmann, 1987;

Macedo-Viegas et a/., 1996) e pacu (Fernandes et al., 2000), bem como para outros

peixes onívoros, amplamente cultivados em escala comercial, como a carpa (0'Grady

& Spillett, 1988), o catfish (Khan ef a/., 1993) e as tilápias (Jauncey, 1982; El-Sayed &

Garling Jr., 1988; Shiau ef a/., 1988; El-Sayed, 1989).

A docilidade e a rusticidade dos peixes foram importantes características

observadas em todos os experimentos durante os períodos de adaptação às

condições de laboratório, na pesagem inicial e seleção por tamanhos paradistribuição nos tanques, e durante o período experimental propriamente dito; talmanejo aparentemente não causou estresse que chegasse a afetar o consumo dealimento ou causar mortalidade significativa. Os raros casos de mortalidade

ocorreram em situações isoladas e sem aparente relação com as condições de

manejo ou doenças e enfermidades, razão pela qual foram consideradosdesprezíveis.

Como resultado direto dos experimentos realizados foi definida a dieta

referência para avaliação de exigências nutricionais de P. brachypomus e

determinados os níveis ótimos dos macronutrientes proteína bruta (32,0%),

carboidratos (36,0%) e lipídios (4,0%); também se fez uma aproximação ao perfil deaminoácidos essenciais para melhor desempenho de crescimento e aproveitamento

de nutrientes. Tais níveis ótimos de nutrientes foram definidos em termos das

quantidades mínimas (no caso da proteína e dos carboidratos) ou máximas (caso doslipídios) necessários na dieta para promover ótimo crescimento de juvenis destaespécie. Porém, apesar da aparente amplitude do estudo, os resultados não sãodefinitivos e muitas questões permanecem sem solução, entre outras:

1 Relação ótima proteína: energia digestível em dietas para crescimento.

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Para que o peixe atinja a máxima velocidade de crescimento, a taxa de deposição de

proteína também tem que ser máxima, e isto só é possível quando as dietas têm

energia e proteína nas proporções adequadas (Britz & Hecht, 1997). Desequilíbrios no

balanço PB/ED por deficiência de ED, conduzem a processos catabólicos de

desaminação, isto é, à utilização dos aminoácidos como fontes de energia para cobrir

suas exigências e não para síntese de novos tecidos (Elangovan & Shim, 1997;

Samantaray & Mohanty, 1997; Erfanullah & Jafri, 1998). Em contraste, o excesso de

energia provoca diminuição no consumo de matéria seca e reduz a ingestão de

proteína e de outros nutrientes essenciais nas quantidades necessárias para máximo

crescimento (NRC, 1993). Tal desequilibro pode levar à deposição excessiva de

gordura no corpo dos peixes, desfavorável para a comercialização do produto. Como

se observa na Tabela 6.1, a energia digestível (ED) nas dietas foi semelhante em

todos 08 experimentos (entre 280 e 303 Kcal/1 OOg de MS), razão pela qual seria

interessante conhecer o comportamento dos peixes alimentados com níveis de ED

maiores ou menores em combinação com níveis de proteína, preferivelmente abaixo

do ótimo determinado neste estudo, para diminuir o conteúdo de proteína das dietas;

2. Proporções ótimas de aminoácidos essenciais.

Como discutido no Capítulo 5, os conhecimentos sobre as exigências especificas de

cada aminoácido essencial é fundamental para formular dietas balanceadas de custo

mínimo. A deficiência ou desbalanceamento de um AAE com respeito aos demais,

afeta o metabolismo aumentando as exigências da proteína total (De Ia Higuera,

1987). Do mesmo modo, as deficiências causam redução do ganho de peso e são a

origem de diversas patologias que afetam o crescimento (NRC, 1993). No presente

estudo chegou-se à aproximação do perfil ideal de aminoácidos em dietas para

crescimento, mas não foi determinada a proporção certa de cada AAE e as possíveis

interações entre estes e com outros nutrientes, como sugere Ketola (1982) para

estudos de exigências de aminoácidos essenciais;

3. Digestibilidade de ingredientes.

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Idealmente, antes de se incluir um ingrediente numa dieta balanceada, sua

digestibilidade deve ser conhecida (De Silva & Anderson, 1995). Para espécies do

grupo da pirapitinga, não existem suficientes dados sobre os coeficientes de

digestibilidade de nutrientes e matérias primas de uso comum, e neste estudo em

particular, não foi explorado;

4. Determinação de exigências de nutrientes em diferentes etapas de

desenvolvimento da espécie.

Tem sido demonstrado que nos peixes a atividade enzimática, especialmente das

enzimas proteolíticas e amilolíticas varia consideravelmente com a idade e o estado

fisiológico (Hepher, 1988). Assim, a digestibilidade e o aproveitamento dos nutrientes

são diferentes entre indivíduos em condições diferentes. Como já mencionado, os

experimentos deste estudo foram realizados com juvenis (menos de lOOg de peso),

de tal forma que para as outras etapas do desenvolvimento fisiológico (pós-larvas,

alevinos, adultos e reprodutores), serão necessários estudos complementares para

redefinir suas respectivas exigências quantitativas de nutrientes;

5. Ração ótima diária para máxima eficiência de produção.

De acordo com Machiels & Henken (1987) a quantidade de alimento consumido é um

dos fatores que tem maior efeito sobre o crescimento. Lovell (1998) sugere que

quando o nível diário de arraçoamento é próximo dâ saciedade, as exigênciasdietéticas de nutrientes para máximo crescimento podem ser menores. De outro lado

Van der Meer (1997) sugere que nos peixes existem fatores* pouco entendidos que

controlam o consumo causando flutuações na ingestão diária, que podem levar a

desperdícios de alimento. Na prática, principalmente nos sistemas intensivos de

produção, o alimento é fornecido em rações diárias, proporcionais à biomassa dos

peixes, e poucas vezes à saciedade, basicamente pelos altos custos operativos que

este método implica. Neste estudo trabalhou-se sempre fornecendo alimento até a

aparente saciedade, mas não foram analisados os efeitos de taxas de alimentação

diária fixas ou abaixo dos valores médios observados, nem com regimes de

alimentação acima de 1-2 refeições diárias. São necessárias pesquisas para

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determinar a taxa diária de alimentação para a espécie que otimize a eficiência de uso

do alimento fornecido.

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Protein, lipids and carbohydrates requirements ín díets forgrowth of juvenile pirapítinga, Piaractus brachypomus

Summary

The present study had the aim of determining the macronutrients: protein,

carbohydrate and lipld dietary requirements for the growth of pirapitinga {Piaractus

brachypomus) juveniles, as well as, defining the composition of a reference diet for this

species.

Growth was used as a basio críteríon for measuríng the diet effects, aíong with

dry matter consumption, specifio growth rate (SGR), apparent feed conversion (FCR),

protein efficiency rate (PER), protein production value (%PPV), and energy retention

(%ER). Al! diets were manufactured by using semi purified ingrediente: casein and

gelatin as sources of protein, dextrin as a source of carbohydrates, fish and corn oils

as a source of lipids, alpha ceilulose as a non nutritiva inert material,

carboximetilceíulose as a binding, pius vitamin, macro and micro mineral premixes.

A series of five experimente were carried out. Four diets were tested in

experiment one (H-440, 47.0% CP; 0-102, 41.0% CP; NRC, 37.0% CP and lALL-l,

32.0% CP) which were elabored with semi purified ingrediente and a control diet with

32.0% CP, with practical ingrediente. In experiment 2, the IALL-1 diet, which promoted

the best performance in experiment 1, was used as the basis for the formulation of two

new experimental diets. Diet 2 was suppiemented with vitamin C and a macro mineralpremix, whereas in diet 3 the vegetable oil was replaced by fish oil. The resulte

indicated that diet IALL-1 suppiemented with macro minerais and vitamin C, which

yielded the best outcome regarding the response variables analyzed, could be

recommended as a semi purified reference diet. Experiment 3 was carried out in order

to determine which protein levei would promote the maximum growth in Piaractus

brachypomus juveniles. Six isocaloric diets were formulated with crude protein (CP)

concentration between 16.0 and 36.0%, in 4.0% incremente. Resuits showed that

31.6% was the optimum levei for maximum growth. Protein efficiency as CP retention

was negatively correlated to CP dietary levei. There were no significant differences on

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the carcass nutrient composition (P>0,05) on account of the díetary protein

concentrations. Experiment 4 was conducted in order to determine the ability of P.

brachypomus to use carbohydrates (CHOs) and lipids (LIP) as energy sources. Nine

isoprotelc dlets were formulated with 32% CP and gross energy leveis between 5.0

and 5.4 Kcal/g on a factoriai arrangement (20.0, 28.0 and 36.0% of CHOs and 4.0, 8.0

and 12.0% of LIP). CHOs and LIP interaction were significant (P<0.05), indicating that

there is a dependence among them for the response variables analyzed. Weight gain

and SGR were maxímum for dlets vAih any CHOs levei in combination with 4.0% of

LIP. The increase on LIP leveis to 8.0 and 12.0% reduced the growth performance

significantiy. Pirapitinga showed higher efficiency in using CHOs rather than LIP as a

energy source. In experiment 5, nine isocaloric and isoproteic dlets were formulated

varying the casein concentration between 0.0 and 35.0%, with incremente of 4.4%,

and reducing the gelatin content, in the same proportion, in order to generate gradual

alterations in the essential amino acid (EAA) profile. The aim of this study was to

determine which amino acid profile produced the best growth and nutrient utilization.

The amino acid composition of pirapitinga carcass was aiso analyzed. The "Chemical

Score" (CS), which was calculated by comparing the carcass EAA profiles to the

experimental diets, showed that the dlets which yielded the best performance on ali

variables analyzed, contained 31.6 and 35.0% casein and presented an EAA profile

deficient only on arginine, with a CS of 70.0 and 59.5 respectively. It was verified that

pirapitinga carcass amino acid profile was similar to the amino acid profiles reported

for teleosts.

The ingredient composition for a reference diet for pirapitinga nutrition studies

was established: protein 32%, carbohydrates 36.0% (min) and lipids 4.0% (max).

Additionally an approximation of the ideal EAA profile for growth diets for best

performance of Piaractus brachypomus'\uyen\\es was made.

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