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W O R K S H O P I B I 32 por Wanda Jorge Empresas inovadoras apresentam seu apoio à criação de índice As discussões sobre a criação de um índice capaz de medir a capacidade ino- vativa já existente, e a potencialidade das empresas no Brasil, foi o que moti- vou a editoria da Inovação Uniemp a pro- por a criação do Índice Brasil de Inovação (IBI) e a destacar uma seção da revista ao assunto. Para tanto foi constituído um grupo de pesquisadores, liderados pelos professores André Tosi Furtado, Sérgio Queiroz e Ruy Quadros, do Departamento de Política Científica e Tecnológica, do Instituto de Geociências, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), responsáveis pelo seu desen- volvimento e pelo trabalho de interface com o setor produtivo. Nesse sentido, em outubro último, foi realizado em São Paulo um work- shop promovido pela revista e pelo Instituto Uniemp, com executivos de empresas convidadas ao debate, no qual se evidenciou a disposição dos partici- pantes para cooperar na elaboração do índice, oferecendo sugestões e apoio ao projeto e buscando, desse modo, as con- dições para estabelecer, com seguran- ça, um índice capaz de explicitar a capa- cidade e o desempenho inovativo das empresas do setor industrial brasileiro. O objetivo desse primeiro encontro foi avaliar a disposição das empresas em integrarem a base da pesquisa do IBI, com a ressalva de que não haveria sobrecarga de trabalho nem custos adi- cionais a elas, uma vez que os parâme- tros a serem utilizados serão, primordial- mente, os dados levantados pelo IBGE para a Pesquisa Industrial de Inovação Tecnológica (Pintec). Pretende-se tra- balhar com cerca de 30 itens dos quase 170 que a Pintec utiliza em seu levanta- mento, divulgado a cada três anos. Serão utilizados também dados da Pesquisa Industrial Anual (PIA), também do IBGE, e do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI). Furtado destacou que o compromis- so com o sigilo, de não divulgar dados individualmente, deve deixar as empre- sas participantes mais confortáveis para expor informações que consideram estratégicas. Ao mesmo tempo, pelo fato de se tratar de um índice composto, no qual os valores individuais não apare- cem, a fórmula de cálculo do IBI é públi- ca garantindo visibilidade ao índice, caráter que tanto setores empresariais produtivos quanto acadêmicos consi- deram cada vez mais fundamental para se garantir governabilidade e eqüidade nas ações. A metodologia do IBI está ainda em construção, e os parâmetros estão sen- do discutidos, conforme afirma André Furtado. Daí a importância, para a equi- pe responsável pelo índice, de apurar a relevância de tal indicador para as empresas, e seu interesse em aderir a ele. Os empresários presentes ao evento, representantes de diferentes setores produtivos, manifestaram uma adesão incondicional frente às garantias apre- sentadas de não implicar custos e pre- servar o sigilo das informações. Uma série de contribuições foi apresentada, apontando, inclusive, para a possibili- dade de ampliação do espectro a ser levantado pelo IBI, redução do tempo entre a apuração das informações e divulgação dos indicadores, assim como incorporação de itens que levassem em conta aspectos imponderáveis de se medir em pesquisas do estilo do IBGE. REUNIDOS EM WORKSHOP, EXECUTIVOS DEBATEM COM PESQUISADORES METODOLOGIA DO ÍNDICE QUE ESTÁ SENDO CRIADO COM O OBJETIVO DE MEDIR INOVAÇÃO NO SETOR PRODUTIVO BRASILEIRO

WORKSHOP IBI Empresas inovadoras apresentam seu apoio à ...inovacao.scielo.br/pdf/inov/v2n1/a21v2n1.pdf · em integrarem a base da pesquisa do IBI, com a ressalva de que não haveria

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por Wanda Jorge

Empresas inovadoras apresentam seu apoio

à criação de índice

As discussões sobre a criação de umíndice capaz de medir a capacidade ino-vativa já existente, e a potencialidadedas empresas no Brasil, foi o que moti-vou a editoria da Inovação Uniempa pro-por a criação do Índice Brasil de Inovação(IBI) e a destacar uma seção da revistaao assunto. Para tanto foi constituídoum grupo de pesquisadores, lideradospelos professores André Tosi Furtado,Sérgio Queiroz e Ruy Quadros, doDepartamento de Política Científica eTecnológica, do Instituto de Geociências,da Universidade Estadual de Campinas(Unicamp), responsáveis pelo seu desen-volvimento e pelo trabalho de interfacecom o setor produtivo.

Nesse sentido, em outubro último,foi realizado em São Paulo um work-shop promovido pela revista e peloInstituto Uniemp, com executivos deempresas convidadas ao debate, no qualse evidenciou a disposição dos partici-pantes para cooperar na elaboração doíndice, oferecendo sugestões e apoio aoprojeto e buscando, desse modo, as con-dições para estabelecer, com seguran-ça, um índice capaz de explicitar a capa-cidade e o desempenho inovativo dasempresas do setor industrial brasileiro.

O objetivo desse primeiro encontrofoi avaliar a disposição das empresas

em integrarem a base da pesquisa doIBI, com a ressalva de que não haveriasobrecarga de trabalho nem custos adi-cionais a elas, uma vez que os parâme-tros a serem utilizados serão, primordial-mente, os dados levantados pelo IBGEpara a Pesquisa Industrial de InovaçãoTecnológica (Pintec). Pretende-se tra-balhar com cerca de 30 itens dos quase170 que a Pintec utiliza em seu levanta-mento, divulgado a cada três anos. Serãoutilizados também dados da PesquisaIndustrial Anual (PIA), também do IBGE,e do Instituto Nacional de PropriedadeIndustrial (INPI).

Furtado destacou que o compromis-so com o sigilo, de não divulgar dadosindividualmente, deve deixar as empre-sas participantes mais confortáveis paraexpor informações que consideram

estratégicas. Ao mesmo tempo, pelo fatode se tratar de um índice composto, noqual os valores individuais não apare-cem, a fórmula de cálculo do IBI é públi-ca garantindo visibilidade ao índice,caráter que tanto setores empresariaisprodutivos quanto acadêmicos consi-deram cada vez mais fundamental parase garantir governabilidade e eqüidadenas ações.

A metodologia do IBI está ainda emconstrução, e os parâmetros estão sen-do discutidos, conforme afirma AndréFurtado. Daí a importância, para a equi-pe responsável pelo índice, de apurar arelevância de tal indicador para asempresas, e seu interesse em aderir a ele.Os empresários presentes ao evento,representantes de diferentes setoresprodutivos, manifestaram uma adesãoincondicional frente às garantias apre-sentadas de não implicar custos e pre-servar o sigilo das informações. Umasérie de contribuições foi apresentada,apontando, inclusive, para a possibili-dade de ampliação do espectro a serlevantado pelo IBI, redução do tempoentre a apuração das informações edivulgação dos indicadores, assim comoincorporação de itens que levassem emconta aspectos imponderáveis de semedir em pesquisas do estilo do IBGE.

REUNIDOS EM WORKSHOP,EXECUTIVOS DEBATEM COM PESQUISADORES

METODOLOGIA DO ÍNDICE QUE ESTÁ SENDO CRIADO

COM O OBJETIVO DE MEDIRINOVAÇÃO NO SETOR

PRODUTIVO BRASILEIRO

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"É um veículo para que empresas inovadorastornem-se conhecidas do público em geral,propiciando uma nova forma de avaliaçãodas mesmas no que tange ao seu impactosocial e econômico no mercado brasileiro.Fornecerá informações para a gestão deprojetos políticos de P&D&I que, quando

aplicada, poderá gerar dividendos ealicerçar o Brasil como pólo de inovação,alavancando exportações e gerando mais

empregos. O IBI deve ser importante,sobretudo, como fonte de informações

sobre comparativos de mercado no setorfarmacêutico e entre empresas de

diferentes setores, segmento veterinário ousaúde animal, benchmarking do setor,

posicionamento da empresa quanto aosinvestimentos despendidos e seu retornofinanceiro, social e/ou de imagem, e fun-cionará ainda como indicativo das ações einvestimentos necessários em inovação e,portanto, em questões relativas à gestão

do conhecimento e da pesquisa interna e externa".

LUCIMARA TOSO BERTOLINI - GERENTE DE PD&I DA OURO FINO SAÚDE ANIMAL (FOTO)

COMO MONTAR UM ÍNDICE Em sua exposição, Furtado explicou

que o IBI será um índice composto deoutros, semelhantes, que permitirá quese classifique as empresas em função deseu grau de inovatidade. Inicialmente,estará voltado a medir esse grau ape-nas na indústria, podendo expandir-se,numa segunda fase, também ao setorcomercial e de serviços.

A metodologia de coleta irá se apoiar,na primeira etapa, nas informaçõeslevantadas pela Pintec, em sua pesqui-sa trienal realizada pelo IBGE, e quesegue as diretrizes do Manual de Oslo,da Organização para a Cooperação e oDesenvolvimento Econômico (OCDE).Com a disponibilização de algumas res-postas obtidas pela Pintec, que levantaum número bastante grande de ques-tões em cerca de 170 itens sobre as ati-

vidades tecnológicas das empresas — eque só podem ser cedidas à equipe do IBIpela própria empresa — será possívelexplorar de forma diferenciada essesdados e selecionar um conjunto de infor-mações. Além dos dados da Pintec, o IBIvai selecionar informações da PIA e doINPI. O ano de referência para o primei-ro IBI será 2003.

Para as empresas, a existência deum índice como o pretendido pelos pes-quisadores da Unicamp poderá ser umimportante instrumento de marketing,ao se posicionarem num ranking nacio-nal de inovação. A partir do IBI, as empre-sas poderão também estabelecer parâ-metros de comparação para as suas pró-prias atividades, checando como andao setor e a concorrência nesse âmbito.Furtado ressalta ainda a vantagem deintegrar um ranking com esse perfil a

Divulgação

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"Com o IBI o país terá uma referência sobre oseu desenvolvimento tecnológico, a empresa

terá um benchmarking e os institutos depesquisa uma fonte de informação. Hoje, a

empresa preocupa-se em saber sobre aspatentes que são apresentadas no segmentoque atua e faz um acompanhamento do queé inovação pelos concorrentes no mercado.Isso não dá medidas, mas sinaliza a direção

do mercado para com inovação".FRANCISCO FIOROTTO, DIRETOR DE P&D DA BRASCABOS

um custo praticamente nulo, uma vezque se vai trabalhar com informações jácoletadas, podendo aferir o seu valorfrente à performance de inovação dasdemais empresas. Espera-se que esseperfilamento seja um fator de motiva-ção às empresas para integrarem pro-cessos inovativos.

Segundo o editor chefe da Inovação

Uniemp, Carlos Vogt, a criação de umíndice com esse perfil, por intermédioda revista de um instituto como oUniemp, que tem 14 anos de experiên-cia no estabelecimento de relações entreas atividades empresariais e a pesqui-sa acadêmica, será um termômetroimportante para avaliar o sistema ino-vativo tão fundamental ao desenvolvi-mento do país.

ESFORÇO VERSUS RESULTADOO IBI deve ser estabelecido em duas

dimensões principais: medir o esforçodas empresas em confronto com os resul-tados obtidos. Para isso, deverá contarcom dois indicadores: IAE (índice agre-gado de esforço) e IAR (índice agregadode resultados).

O que será levado em conta para oprincípio desse balanceamento é o equi-líbrio entre insumos e resultados e oíndice deve poder captar esses dois parâ-metros. Deve, também, ser normaliza-do por: 1. tamanho (divisão pela receitae número de empregados); 2. separadopor setor industrial; 3. ter pesos dife-renciados dos componentes, variandode acordo com a importância do itemem relação à inovação. O objetivo, acres-centa Furtado, é trazer cada um dos indi-cadores para uma base comum (Leiamais sobre o IBI na página 26).

ADESÃO AO IBIA reação dos participantes do work-

shop — em sua maioria ligados direta-mente à área de pesquisa e desenvolvi-mento das empresas — à criação do IBI

foi de aceitação e interesse em aderirao projeto. Algumas das sugestões apre-sentadas foram a da utilização de novosíndices, a ampliação da pesquisa paraos setores comercial e de serviços e, ain-da, a redução do tempo de coleta para umano, diferente do que ocorre com a Pintec,que é trienal.

Quanto à avaliação dos índices pro-postos, a discussão ficou bastante foca-da no nível de agregação setorial e onível de variabilidade dos pesos entrecada um dos setores.

Como coordenador de P&D da

Petroflex Indústria e Comércio, PauloLuiz Coutinho afirmou sua intenção emaderir ao índice. Ele tem interesse emdefinir metas para a P&D da empresa,mas encontra dificuldade em acessarreferências comparativas. Maior pro-dutora de borracha sintética da AméricaLatina e considerada a primeira empre-sa do setor, a Petroflex tem um fatura-mento anual próximo a US$ 600milhões, dos quais 0,6% investe em P&D,mantendo parcerias com universidadese centros de pesquisas. Coutinho acre-dita que no setor da indústria químicae petroquímica, onde se insere a empre-sa, não haveria problemas em disponi-bilizar tais dados, "desde que sem cus-tos adicionais", que é o caso, pois as infor-mações já estão acessíveis no questio-nário realizado pelo IBGE.

Martin Schwark, presidente do gru-po Moura Schwark, considerou difícilresponder pelo setor que representa —peças estruturais e montagens na indús-tria da construção civil — pois conside-ra o setor atrasado em relação a inova-ções, e pulverizado. Falando pelas empre-

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sas do grupo que dirige, no entanto,manifestou o firme interesse na adesãoao IBI. Estendendo um pouco mais aanálise, Schwark intui que "o setor devedemorar a aderir a este tipo de iniciati-va, mas acredito que é possível criaruma massa crítica entre os grandes,pelo menos, para haver uma inclusãogradual ao IBI", afirmou.

A gerente de processo de tecnologiada Natura, Luciana Villa Nova Silva, con-sidera importante levar a discussão doíndice para o interior da AssociaçãoBrasileira da Indústria de HigienePessoal, Perfumaria e Cosméticos(Abihpec), de forma a ampliar o espec-tro para associados das empresas dosetor. No caso da Natura, empresa querepresenta, Luciana ressalta que, comoé uma companhia de capital aberto, énecessário ter o consentimento da dire-ção para a adesão a esse tipo de inicia-tiva. Mas acredita que, com a cláusulade sigilo, não haverá qualquer tipo deimpedimento em participar. Destacou,ainda, que a empresa trabalha com indi-cadores específicos da área de cosméti-cos, com um sistema próprio de avalia-ção, adotado há pelo menos cinco anos.Luciana acrescentou que a Natura sem-pre tendeu a buscar tecnologia em par-ceria com as universidades, um dos itensa ser contemplado na pesquisa.

A idéia do índice foi bem recebidatambém pela empresa Ouro Fino SaúdeAnimal, instalada na região paulista deRibeirão Preto. Fábio Lopes Júnior, dire-tor administrativo da empresa, mani-festou total interesse, mesmo que fos-se preciso responder a outro tipo dequestionário. Sua preocupação, porém,é quanto ao tempo entre a criação, apu-ração dos dados e divulgação dos indi-cadores. Essa demora em mostrar osresultados ele considera desfavorável,pois seu setor é muito dinâmico, commudanças em espaço de tempo maiscurtas que os três anos em que funcio-

nam a Pintec, por exemplo. Alertou, ain-da, para a necessidade de aferição dasinformações fornecidas pelas empre-sas, sugerindo um sistema de checa-gem com auditorias para se ter cautelaem relação aos números oferecidos pelasempresas.

Francisco Ormenese, da Sadia, con-siderou oportuna a criação do IBI, quecondiz com o momento nacional e comos projetos do grupo que representa, emespecífico, o projeto de excelência eminovação. Sugeriu, ainda, a agregaçãode novas informações ao índice, comoa percepção pública pelos consumido-res, que considera uma incógnita nosetor de alimentos. Por acreditar que agestão de informação é um fator bas-tante difícil para as empresas, concor-dou com o diretor da Ouro Fino quan-to à necessidade de uma atualizaçãoem menor espaço de tempo do que oproposto.

Na mesma linha, José RenatoCagnon, gerente da área de tecnologiaquímica da Natura, reforçou que trêsanos de intervalo entre a coleta de infor-mações e a divulgação dos IBI é muitacoisa. "Na Natura, muitas vezes este éo tempo de vida de um produto", afir-mou. Sua colega Luciana acrescentou

que a Natura aplica sistematicamenteum percentual da receita líquida em pes-quisa e desenvolvimento de novos pro-dutos, e que, entre os fatores fundamen-tais considerados neste processo ino-vativo, estão o impacto ambiental, sus-tentabilidade e índice ACV (Avaliaçãode Ciclo de Vida) em relação a embala-gens. "Estes são itens de pesquisa inter-na de indicadores de impacto em ino-vação que a Natura dispõe", diz ela. Combase nesses indicadores é que podemosconsiderar se somos efetivamente ino-vadores. Temos um olhar sobre o con-sumidor no Brasil e no exterior e bus-camos classificar o que é incremental eo que é inovador, conclui.

Sérgio Queiroz, da equipe do IBI, ex-plicou que na composição do índice estãopropostos mecanismos que tornarãopossível separar a condição de medir oimpacto da inovação tanto para a empre-sa, como sugere Luciana, como para omercado nacional e internacional.

OUTRAS CONTRIBUIÇÕESTadeu Andrade, diretor superinten-

dente do Centro de Tecnologia Cana-vieira (CTC) — responsável por 115 usi-nas que respondem por metade da cana-de-açúcar produzida no país —, consi-dera que se está em construção um novoíndice, o desafio é se posicionar à fren-te. O que seria, em sua opinião, conside-rar a agroindústria como indústria quedeve compor esse indicador, além doscentros de pesquisa.

Ele ressaltou que seu centro tecno-lógico situado em Piracicaba (SP) aten-de ao universo sucro-alcooleiro e já dis-põe de estudos de absorção de novas tec-nologias e retorno econômico da inova-ção obtida. Andrade exemplificou que,em alguns casos, para cada R$ 1 inves-tido em inovação, se tem um retorno deR$ 250, mas que a média do setor é deR$ 1 para R$100 de retorno. Em sua opi-nião, a proposta de criação do IBI se

"O IBI possibilitará medir o nível relativo deinovação das empresas e a evolução dele ao

longo dos anos. Servirá para empresasfazerem análises de benchmarking e para

medir seu grau de evolução. Os índicesexistentes atualmente — taxa de inovação,

intensidade de inovação, número depatentes, porcentagem da receita

proveniente de produtos desenvolvidos nosúltimos anos — são, na sua maioria, pontuais.São índices importantes, mas que analisadosindividualmente, ou de forma comparativa

entre várias empresas do mesmo ramo,podem não refletir a real competitividade

tecnológica relativa da empresa".OLÍVIO ÁVILA, DIRETOR EXECUTIVO DA ANPEI

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encaixa perfeitamente também ao setorde açúcar e álcool, embora esta não sejauma área prioritária na primeira fase doprojeto. E considera importante o inter-câmbio do CTC para a criação do IBI."Não vejo por que não disponibilizar osdados!". A única diferença no setor querepresenta, ressalta, é que funciona den-tro do ano-safra, que vai de abril a novem-bro, que é o período em que é possívelmedir o impacto de novas tecnologiasimplantadas como, por exemplo, liga-da à limpeza da cana.

Antonio Luis Aulicino, pesquisadordo Programa de Gestão EstratégicaSócioambiental (Progesa) da FundaçãoInstituto de Administração (FIA), daUSP, assinalou a importância do work-shop, por proporcionar troca de opiniõese lembrou que as empresas de capitalaberto têm maior visibilidade, dispõemde muitos indicadores internos, e já

fazem mais do que o IBI está pedindo.Por essas razões acredita que seria reco-mendável abrir um pouco mais o espec-tro do índice.

Mas Jayme Marques Filho, da Caloi,contrapôs-se à idéia de abrir o leque de

pesquisa logo no início, sob o risco deinviabilizá-lo. Ele defende iniciar o IBIcom a base da Pintec, como propostopela equipe de pesquisadores, por serum índice confiável, e ser uma condu-ta mais operacional. Mário Pini, daEditora Pini, que trabalha há décadascom indicadores do setor da constru-ção civil, manifestou sua disposição emcontribuir na adesão da construção des-se novo índice, que poderá repercutirem suas publicações, para engrossar odebate e ajudar nos ajustes que, por suaexperiência na área, antecipa que cer-tamente ocorrerão. O Índice Pini daConstrução Civil — indicador consoli-dado e respeitado pelo setor — começouem 1959, e segundo o dirigente mudoua base de cálculo uma série de vezes,acompanhando a necessidade e as trans-formações do mercado que ele mede.

Olívio Ávila, diretor executivo da

"A importância do IBI está na adoção de umcritério único para se medir inovação

tecnológica. Isto facilitará o entendimentoda própria empresa, avaliar o quanto é

inovadora, ao se comparar, na mesma base,com empresas congêneres. Hoje, a empresa

usa metodologia própria, que contemplaapenas parcialmente a atividade inovativa.

A expectativa é que o IBI seja maiscompleto. Sobre incluir a questão do

patenteamento, é fundamental tambémproteger determinadas invenções, mas

deve-se evitar pensar em proteçãointelectual como a única evidência doresultado do processo inovativo, pois éapenas mais um indicador, e está longe

de ser o único".SEBASTIÃO LAU, GERENTE DE P&D DA

WEG INDÚSTRIAS S. A - MOTORES (FOTO)

Divulgação

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Associação Nacional de Pesquisa,Desenvolvimento e Engenharia dasEmpresas Inovadoras (Anpei), lembrouao grupo que há cerca de 15 anos, a asso-ciação realiza um estudo específico emP&D para o Ministério da Ciência eTecnologia. Nos dois anos de intervaloda pesquisa do IBGE, faz um levanta-mento detalhado nas empresas, dife-rente do levantamento da Pintec que éuma amostragem estatística. Em feve-reiro próximo, a associação vai divul-gar o resultado consolidado das empre-sas que fazem P&D.

Aulicino, da USP, reforçou a preocu-pação já manifestada por outros empre-sários, quanto à defasagem entre a cole-ta de informações e sua divulgação. "Oideal é um ano, pois a dinâmica de ino-vação em empresas com esse caráter émuito ágil".

Ele defendeu, também, uma gestãomais participativa na produção do índi-ce, que incluísse empresas, tanto na con-cepção como na elaboração. "O setorempresarial tem contribuições paraincluir nos índices, que devem ser leva-das em conta". A crítica que Aulicino fazaos índices existentes, é a ausência dequestões que meçam sustentabilidade,os impactos sociais e ambientais, alémdos econômicos. "No século XXI, a gran-de questão que se impõe é a sustentabi-lidade", acrescenta.

Martin Schwarck, ostentando dadosde crescimento de 104% de seu grupo,de 2003 para 2004, defende outros agre-gadores nessa rede de dados a seremcolhidos, que capturem o que chama de"intangível", e não se atenha à estraté-gia de "conforto do Pintec versus a inde-pendência do IBGE" para conferir isen-ção e agilidade ao índice. No entanto,Paulo Coutinho, da Petroflex — empre-sa que exporta 40% do que produz —pondera que na inovação tecnológicaindustrial, as questões intangíveis nãosão as mais importantes, posição refor-

çada por Olívio Ávila, da Anpei, paraquem "fechar o leque, ao invés de abri-lo demais, é uma forma de conseguircapturar mais prontamente o universoda inovação tecnológica".

Solange Mello Gonzaga, da Petro-bras, acrescentou ao debate a sugestãode fazer simulações para criar a somaou divisão dos números a serem apura-dos e medidos. Defendeu, também, aauditoria desses números fornecidos,para dar maior segurança no seu uso ecredibilidade na divulgação, conformesugerido anteriormente por Fábio LopesJúnior. O foco de inovação deve estarnos produtos e nos processos e umavariante que poderia ser introduzidapoderia ser a maturidade dos projetos,diz Solange.

CONCLUSÕESRuy Quadros, que integra com

Furtado e Queiroz o corpo de pesquisa-dores sênior na equipe do IBI, conside-rou que o debate sobre a criação do IBIavançou após esse encontro. "Houve umaadesão incondicional entre os presen-tes, frente às disposições de sigilo e cus-to, e avançou-se no que se refere à subs-tância no índice: pontuou-se tudo o queele não informa, não ordena e que seriaimportante um novo índice contemplar".Acredita que o debate trouxe uma evo-lução nessa direção. Os primeiros pon-tos sugeridos no encontro a serem incor-

porados na discussão e no recorte do IBIsão as questões de impacto social eambiental e sustentabilidade.

A idéia de simulação nos setoresagradou a equipe responsável pelo índi-ce, assim como a auditagem passou a serconsiderada igualmente fundamental,e a forma de garantir a verificação deveracidade das informações será ana-lisada. Igualmente importante, acres-centa Quadros, é que o índice vai incluira inovação de processo, além da de pro-duto. O pesquisador destacou, aindaque o ideal para uma política tecnológi-ca é que além dos esforços das indús-trias nacionais, haja um incentivo paraque as multinacionais também invis-tam mais em P&D no país.

O debate consolidou-se como umimportante instrumento para ampliaro grupo de reflexão do índice e ajustesnecessários ao projeto. Será possíveldiscutir a periodicidade mais curta,ansiada pela maioria dos participantes.Mas se estabeleceu o consenso da impor-tância de seu lançamento efetivo e rápi-do. A partir de sua criação em basesseguras, a intenção é dinamizar o pro-cesso, dizem seus planejadores. É fun-damental, ainda, estabelecer um crono-grama de ação e monitorar o andamen-to dos trabalhos. Nesse primeiro encon-tro de trabalho com parceiros empresa-riais, a busca da equipe de pesquisado-res ligados à revista foi em responder agrande questão Inovar para quê?, quepermeia e inquieta não apenas as pau-tas desta publicação e os projetos aca-dêmicos, como igualmente as reuniõesdos executivos presentes. “A expectati-va é que o Índice Brasil de Inovação con-tribua e facilite encontrar o caminhopara essa resposta. O IBI se constituina síntese da necessidade de visibilida-de institucional que se impõe no país esua atitude positiva e crítica deve sermantida”, finaliza Vogt.

Colaborou Gabriela Di Giulio.

HOUVE UMA ADESÃO INCONDICIONAL

ENTRE OS PRESENTES, FRENTE ÀS DISPOSIÇÕES

DE SIGILO E CUSTO, E PONTUOU-SE 0 QUE SERIA IMPORTANTE UM NOVO ÍNDICE

CONTEMPLAR

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