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XXIII SESSÃO DO INTERN AOION AL (PRAGA, OONGRESSO DE GEOLOGIA 1968) POR CARLOS TEIXEIRA Realizou-se, em Praga, em Agosto de 1968, a XXIII sessão do Congresso Internacional de Geologia. Tomei parte na importante reunião, cuja organização era exce- lente. No próprio aeroporto, portugueses ,e brasileiros, tivemos a surpresa agradável de encontrar um funcionário do Congresso que falava português e ali estava, expressamente, para nos informar e ajudar no nosso primeiro contacto com a vida da cidade e). A reserva de hotel foi feita na secretaria do Congresso, onde distribuíam aos participantes, as publicilições, a lista dos delegados e outras informações. . Embora interrompido pela invasão estrangeira, o Congresso teve êxito considerável, e todos os participantes teciam louvores à organização impecável do mesmo, à acolhedora simpatia dos geó- logos checoslovacos e da própria população da cidade, sempre atenciosa e delicada, pronta a prestar-nos ajuda e indicações. (1) Dentro ainda do aeroporto, ao dirigir-me à secção de informações no meu primeiro contacto com a gente do país, deparei com um jovem funcionário que fa lava português correcto ... aprendido, segundo me disse na escola én Praga.

XXIII SESSÃO DO OONGRESSO INTERN AOION AL DE … · organização impecável do mesmo, ... União Internacional das Ciências Geológicas. 2) ... Associação para o estudo geológico

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XXIII SESSÃO DO INTERN AOION AL

(PRAGA,

OONGRESSO DE GEOLOGIA

1968)

POR

CARLOS TEIXEIRA

Realizou-se, em Praga, em Agosto de 1968, a XXIII sessão do Congresso Internacional de Geologia.

Tomei parte na importante reunião, cuja organização era exce­lente. No próprio aeroporto, portugueses ,e brasileiros, tivemos a surpresa agradável de encontrar um funcionário do Congresso que falava português e ali estava, expressamente, para nos informar e ajudar no nosso primeiro contacto com a vida da cidade e).

A reserva de hotel foi feita na secretaria do Congresso, onde distribuíam aos participantes, as publicilições, a lista dos delegados e outras informações. .

Embora interrompido pela invasão estrangeira, o Congresso teve êxito considerável, e todos os participantes teciam louvores à organização impecável do mesmo, à acolhedora simpatia dos geó­logos checoslovacos e da própria população da cidade, sempre atenciosa e delicada, pronta a prestar-nos ajuda e indicações.

(1) Dentro ainda do aeroporto, ao dirigir-me à secção de informações no

meu primeiro contacto com a gente do país, deparei com um jovem funcionário que

fa lava português correcto ... aprendido, segundo me disse na escola én Praga.

SGP
Referência bibliográfica
Boletim da Sociedade Geológica de Portugal, Vol. XVI, Fasc. III, 1968.

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SECÇÕES 00 CONGRESSO

As Secções do Congresso distribuíam-se do seguinte modo:

Secção 1) Manto supet·ior. Vulcanismo e tectogénese. Zonas orogénicas. Geologia do Precâmbrico.

» » » » » » » » » » »

2) 3) 4) s) 6) 7) 8) 9)

10) 11) 12)

Resultados geológicos da geologia aplicada. Geoquímica. lazigoJ minerais endógenoJ.· Génese e clas.rificação das rochas sedimentat·es. Estratigrafia do Paleozóico inferior da Europa central. Limites entre o Terciário e o Quaternário. Origem dos jazigos de cartJão. Engenharia geológica no quadro da planificação nacional.

» 13) Outros as.runtos.

Havia, além disso, dais Symposia:

1) Os jazigos de caulino e a sua génese. 2) Génese das águas minerais e termaÍJ.

Durante o Congresso estavam previstas reuniões de associa­ções internacionais e Sociedades científicas, Comissões e sUlbcomis­sões, etc., tais como:

1) União Internacional das Ciências Geológicas. 2) União Paleontológica Internacional. 3) As.rociação dos Serviços Geológicos africanos. 4) As.rociação Internacional para o EJtudo do Quaternário. S) Associação Internacional de Geoquímica e de COJmoquí­

mIca. 6) As.rociação Internacional de hidrogeólogos. 7) As.rociação Internacional sobre a génese dos jazigos mine­

raIS.

281

8) Associação Internacional de Mineralogia. 9) Sociedade de Geólogos ec.onómicos.

10) Sociedade de Geologia aplicada. 11) Associação Internacional de Engenharia geológica. 12) Associação Internacional para as Matemáticas nas Ciên­

cias Geológicas. 13) Associação para o estudo geológico das zonas profundas

da crosta terrestre. 14) Comissão do Mapa Geológico da Europa. 15) Comissão do Mapa Geológico do Mundo. 16) Comissão do prémio Spendiarov. 17) Comissão do sistema mundial dos Riftes. 18) Comissão da história das ciências geológicas. 19) Comissão do Estudo da documentação geológica. 20) Comissão da Geologia marinha. 21) Comissão dos meteoritos. 22) Comissão de Estratigrafia. 23) Comissão sobre o papel da Geoquímica. 24) Comissão para a promoção do projecto do Manto Superior. 25) Comissão sobre o ensino de Geologia. 26) Comissão sobre os constituintes de interesse económico

no seio da crosta terrestre. 27) Comissão de Petrologia. 28) Comissão de Geologia Estrutural. 29) Comissão de tratamento dos resttltados geoquímicos. 30) Comissão de tratamento dos resultados geológicos. 31) Comissão de Impressão e de Publicação. 32) Comissão do «CommonU'ealtlJ» para os recursos mine­

rais e a geologia.

Havia, ainda, grupos de discussão, colóquios, etc. E, entre eles:

1) O geólogo e o seu Mundo. 2) Problemas de gestão de geologia. 3) Nomenclatura e sistemas de rochas ígneas. 4) Composição e origem das rochas espilíticas.

Assim como outras manifestações:

1) Apresentação de filmes geológicos. 2) Inaugul'ação do busto de J. Barrande, em Skl'yje e em

Praga.

EXCURSÕES

Da organização faziam parte numerosas excursões, algumas realizadas antes do Congresso ou marcadas para ter lugar durante o mesmo e outras previstas para depois do Congresso. As de antes e depois do Congresso compreendiam visitas não só ao território da Checoslováquia, mas também ao dos países vizinhos, como a Polónia, a Hungria, a Roménia, a Áustria, a República Federal da Alemanha e a República democrática da Alemanha.

REPRESENTAÇÃO PORTUGUESA

Tomaram parte no Congresso c~rca de 3200 delegados (e 1500 acompanhantes), pertencentes a mais de 90 países.

Pelo que respeita a Portugal, estiveram em Praga 14 repre­sentantes, pertencentes às instituições seguintes:

Faculdade de Ciências de Lisboa Prof. C. TEIXEIRA Faculdade de Ciências do Porto Prof. M. MONTENEGRO DE ANDRADE * Instituto Superior Técnico. Prof. D. THADEU * Junta de Investigações do Ultra- ~ Prof. C. DE MATOS ALVES

mar . . ... . . . ( Eng.o F. MACHADO

l Doutor A. CARVALHOSA

Direcção Geral de Minas e Ser~ Doutor G. ZBYSZEWSKI viços Geológicos. . . . Eng.o F. MOITINHO DE ALMEIDA

Dr. ORLANDO GASPAR * Junta de Energia Nuclear Eng.o C. LOBATO Instituto de Hidrografia. Dr. J. HIPÓLITO MONTEIRO

* Acompanhado pela esposa.

Serviços de Geologia e Minas ~ D M M N d A I

r. . ASCARENHAS ETa e ngo a . . • . .

Instituto de Investigação Cien- ~ D F L L * t 'l>. dAI r. . APIDO OUREIRO luca e ngo a . ..

Instituto de Investigação Cien- ~ D t A F N t 'l>. d M b' ou ar . IGUEIREDO UNES luca e oçam lq ue . •

Mais uma vez se verificou a anomalia de, nos serviços de distribuição de publicações e secretaria, Portugal aparecer sepa­rado de Angola e Moçambique. A responsabilidade é apenas nossa.

SESSÃO DE ABERTURA

A sessão de abertura do Congresso, a que assisti, teve lugar no dia 19 às 10,5 h. da manhã, em amplo recinto do «Park-Kul­tury», tendo tomado 'lugar na mesa da plêesidência, além de outras individualidades, o Primeiro~Ministro Eng.o O. CERNIK, o presi­dente da sessão anterior ,(XXI.I) do Congresso (Nova Delhi) D. N. WADIA, o presidente da XXIII sessão J. SVOBODA, o geólogo americano R. F. LEGGET, o geólogo russo A. P. VINOGRADOV,O geólogo checoslovaco V. ZOUBEK,etc.

Falou, em primeiro lugar, D. N. W ADIA que, como presidente cessante, saudou o novo presidente Dr. J. SVOBODA e transmitiu-lhe a presidência.

Este último pronunciou, então, pequeno discurso de saudação, relembrando que a IX Sessão do Congresso, celebrado em Viena (1903), compreendera algumas e:x;cursões dedicadas aos problemas do Maciço da Boémia e dos Carpatos ocidentais; referiu, ainda, que a Checoslováquia celebmrá dentro de dois meses 50 anos da sua existência e que, brevemente~ no ano próximo, passará o cinquentenário do Serviço Geológico checoslovaco.

Historiou, de modo rápido, a evolução dos estudos geológicos na Checoslováquia desde a fundação de Estado independente (191a). O avanço conseguido neste campo levou-o a propor, em Cope-

* Acompanhado pela esposa.

nhague (1960), a realização, em Praga, da sessão seguinte do Co.ngresso Geo.lógico Internacional.

Aprovado o projecto pelo Governo checoslovaco, foi a pro­po.sta tornada definitiva em Nova Delhi (1964) e aceite quase por unanimidade.

Entre outros aspectos relativos à preparação do Congresso, merecem referência particular a publicação do tratado, em dois volumes, em inglês, sobre a Geolo.gia regional da Checoslo.váquia, acompanhado de um mapa geológico, na escala de 1/1000000 e, um pouco antes, do mapa geológico do país, na escala de 1/500000.

Depois de algumas considerações sobre a Geo.logia e os recur­sos minerais da Checoslováquia, dos agradecimentos às ent.idades que colaboraram na preparação do Congresso e de breves refe­rências aos temas e secções do mesmo, às reuniões das diversas associações e comissões internacionais, ao programa das excursões, o Dr. SVOBODA ocupou-se das modificações a introduzir no regu­lamento do Congresso, sobretudo necessárias em virtude do esta­belecimento da União Geológica Internacional.

Quase no .final, aludiu à responsabilidade dos geólogos, nomeadamente, na protecção e utilização económica dos recursos mmeralS.

Dirigindo-se aos representantes de todos os continentes ali reunidos, exprimiu o desejo de que este encontro pudesse servir para o desenvolvimento da amizade entre os geólogos dos dife­rentes países, contribuindo assim para melhor compreensão entre as nações, pelo que respeita às características e independência de cada uma, e, por este meio, assegurar longa paz no mundo.

No final desta notícia, publica-se, na íntegra, a versão fran­cesa do discurso presidencial, como homenagem a este ilustre geólogo.

Nesta sessão de abertura ,falou, também, o académico russo A. P. VINOGRADOV que abordou o tema «As Ciências da Terra e seu futuro» .

Pondo em destaque as tendências clássicas da Geologia e fri­sando que elas conservam a sua importância no avanço futuro dos nosso.s conhecimentos, examinou, a seguir, as novas of'ientações

C. TEIXEIRA - Congresso Internacional de Geologia (Praga, I968)

c~ Fig. 1 - Mesa da Presidência da sessão de abertura do Congresso.

Fig.~2 - Aspecto da sala na sessão de abertura do Congresso.

EsT. I

C. TEIXEIR A - Congresso Internacional de Geologia (Praga , 1968)

Fig. 3 - Outro aspecto da sessão de abertura do Congresso.

E ST. II

e progressos das ciências geológicas no domínio terrestre e extra­terres,tre.

O americano Prof. Dr. R. F. LEGGET pronunciou pequeno discurso focando o tema «o homem cOlmo agente geológico». Aludiu aos diversos aspectos que assume a acção humana nas modificações da superfkie da Terra.

Usou, igualmente, da palavra, em curta saudação à assembleia, o Primeiro-Ministro O. CERNIK.

No início e no ,final da sessão uma orquestra executou música. A sessão da tarde foi ocupada com a expos.içãodo académico

V. ZOUBEK sobre a Geologia da Ohecos,lováquia.

* Noutro pavilhão do «Park Kultury», enorme recinto ajardi­

nado e arborizado, estava organizada uma exposição de aparelha­gem científica e didáctica e de livros e revistas seleccionadas de Ciências Naturais, em particular, de Ciências Geo!lógicas e ' Mine­ralógicas.

REUNIÃO DAS SECÇÕES

A reunião de todas as Secções e dos Sy-mposia do Congresso, a maior parte das Uniões, Sociedades Científicas, Comissões, etc., a exposição cartogrMica, assim como o Secretariado e outros ser­viços funcionavam no grande e moderno edificio da Universidade Técnica.

Diversas Assembleias e Colóquios funcionavam no edifício da Universidade de Química e Tecnologia, em frente da Universidade Técnica.

No Hotel Internacional, situado nas imediações da Universi­dade 'técnica, tinham lugar as reuniões da União Internacional das Ciências Geológicas, da Comissão do Mapa Geológico do Mundo, da Subcomissão do Mapa Tectónico do Mundo e da Subcomissão do Mapa Metalogenétiw do Mundo.

Participei no dia 20, nos trabatlhos da Secção de Paleobotânicá, presidida pelo Prof. F. Nemejec.

286

Com este professor, meu conhecido e amigo de longa data, e outros paleobotânicos checoslovacos, franceses, etc. troquei cum­primentos e conversei durante algum tempo no finaJ. da sessão.

Mais tarde, tomei parte na reunião do Conselho, real,izado no «Park Kultury»,em grande sala, anexa àquela em que fôra realizada .a sessão de abertura, dotada de aparelhagem para tra­dução simultânea nas várias línguas da Cong.resso.

Nesta ,reunião foi disrutido, artigo por artigo, o novo regu­lamento do Congresso, tendo s'ido aprovadas diversas modifica­ções em relação ao regulamento existente. Por não se ter terminado a discussão e votação dos artigos, ficou o assunto para continuação na reunião do dia seguinte.

A noite, na Universidade Técnica, houve uma sessão de cinema, com a passagem de {rumes, dois deles, sobre vulcanologia, excelentes.

Na manhã deste dia visitei fi exposição' cartográfica, instwlada ao longo de três grandes cor,redores do edifído da Technical Uni­versité. Na maior parte dos casos, os responsáveis de cada país estavam ainda ocupados com a 'montagem. Havia, porém, já expos­tas muitas co.lecções, salientando-se os dos Estados Unidos da América, da França, da Rússia, do. Canadá, etc.

A representação cartográfica e bibliográfica portuguesa não estava ainda completa, havendo a intenção de nos ocuparmos dela nessa tarde ou na manhã do dia seguinte. Para tratar deste e doutros assuntos referentes à nossa participação nos trabalhos do Congresso estava convocada uma reunião dos delegados portu­gueses para essa tarde.

Todavia, pude verificar que o mapa geológico do nosso país, na escala 1/1 000 000 preparado expressamente para ser apresen­tado na Congresso, havia sido apredado, elogiado e pedido por diversos congressistas.

INTERRUPÇÃO DO CONGRESSO

Na manhã do dia seguinte, 21 de Agosto, tivemos a surpresa de encontrar a cidade sob a invasão estrangeira, pejada de enor­mes tanques. CO'mo alguns delegados de outros países, instalados

.. ... 2~T,rtiary volcanicj

" ~ J~ Upper Cretae,auj em ~;ç~;;'a;o~:iIUian

c: ,,~ Per'mo-Carboni{,rouj pC] Saxo-Thuringlan

" .- s~ Varillean plutons E: ·10 m Sudellan zon, ., -c: 60 Holr1anubian plulort ., CO

11 ~ 'Low,r Pal,ozoie

'iillJ :a;~;ia:~:;l::~an "2.~BrIlO uni!

GEOLOGICAL MAP OF CZECHOSLOVAKIA ,Complled by Z. M(sar. 1967

., ~ Carpafhian {ore-dtep

2 ~ Tertiary volcanicj

JDNeogene bas;ns

"rn ExhrnaL' fjysçh

5~KlippenzC'nt

6 HRRJ Central ILyseh

<)

" .., ." .. ..

l~G,mer unil :;)

e ~ Hesozoic sed;m~ntl

~ SWGranitoid.s -~

10 ~ H,lamorphics

13 8 Assynlian zon, 50 10Ckm

"O Moldanubieum

Fig. 4 - Mapa geológico da Checoslováquia.

288

no Hotel Vitkov foram aconselhados pelos seus representantes diplomáticos a permanecer no hotel, os portugueses que ali estavam seguiram o mesmo procedimento.

Procurei, todavia, entrar em contacto com os delegados do nosso país que se encontravam noutros hotéis. Embora, às vezes, com difi,culdade, consegui falar com quase todos, assim como com o chefe da delegação hrasileira.

Bnquanto os que estavam em hotéis de periferia mal deram conta da invasão, os que ficaram em hotéis do centro da cidade sentiram-na às vezes intensamente em virtude do tiroteio que, sobretudo de noite, era frequente nessa zona. .

Para a manhã do dia 21 de Agosto estava marcada uma recepção da,da pelo Presidente da República aos chefes das dele­gações dos vários países, no castelo célebre de Praga. Houve, de facto, recepção, mas com outros convidados ...

No dia 22, de manhã, fomos ao lpc,!-l do Congresso, utili­zando o autocarro que nos fora enviado para isso.

Reinava ali a desolação, simbolizada pelos crepes que cobriam a bandeira da Checoslováquia à entrada do edifício da Universi­dade 'técnica, pela tarja negra colocada nas placas de identifi­cação de muitos congressistas e, sobretudo, pelo ar compungido de todos. Nos olhos de alguns geólogos checoslovacos havia lágrimas.

Bmbora funcionassem algumas secções, o Congresso terminara. As delega:ões haviam começado a abandonar a Checoslováquia e iniciado o regresso aos seus países,' quer por meios próprios, quer em transportes organizados pelas respectivas representações diplomáticas.

Consegui, nessa tarde, comunicar com a embaixada do Brasil a fim de pedir conselho e apoio, se fosse necessário. O conselho foi o de sairmos da Ghecoslová:quia o mais depressa possível, pois a situação pJ dia agravar-se. Quanto a meios de transporte fui infor­mado de que havia um comboio na manhã seguinte, com destino à Alemanha Ocidental.

Vendo que os delegados' de outros país,es com quem esta",l em contacto se preparavam para aproveitar esse comboio, directa­mente, ou, por telefone, procurei prevenir os portugueses que se conservavam ainda em Praga, da existência do mesmo.

De facto, na manhã seguinte, com maior ou menor dificul­dade, quase todos compareceram na estação do caminho de ferro e tomaram o comboio que nos trouxe para a Alemanha.

Os que não vieram de comboio saíram de autocarro, orga­nizado pelos serviços do Congresso, em direcção a Viena, ou, pro­V'idosde transporte próprio, seguira>m na caravana de carros orga­nizada pela Embaixada da Holanda, a caminho da Alemanha Ocidental.

O comboio em que viajei (e viajou a maior parte dos portu­gueses) transportou quase somente congressistas ou acompanhantes destes. Não houve quaLquer dificuldade nem em território checos­lovaco, nem na passagem da f.ronteira. Muito menos a houve na Alemanha.

Pude ler, em Francfort, alguns jornais de Lisboa. A bordo do avião que me trouxe, pouco depois, daquela cidade para Portugal, redigi pequena nota que entreguei aos jornais, descrevendo sucin­tamente o que se passara, procurando, assim, esdarecer notícias contraditórias ou menos exactas que tinham vindo a público refe­rentes aos congressistas portugueses.

* Uma vez regressado a Lisboa, pus-me imediatamente em con­

tacto com o Instituto de Alta Cultura, tendo relatado ao Ex.mo Secre­tário-Adjunto os factos principais descritos neste r.elatório.

Embora o tivesse pedido, não pude ser recebido pelo Ex.mo Pre­sidente daquele Instituto, nem antes da partida, néll no regresso.

Informei ,igualmente, ° Ex.mo Reitor da Universidade de Lisboa dosaconteoimentos mais salientes.

Troquei, também, impressões com 'o Ex.mo Sr. Director-Geral de Minas e Serviços Geológicos, a quem fiz o relato sucinto do que se havia passado. Um belo cristal de volframite que me fôra dado por ele, antes da partida, para oferecer ao Museu de Praga, ;visto este ter sido atingido por forte tiroteio e estar encerrado, deixei-o ao director do Depart. de Geologia e jazigos minerais da Facul­dade de Ciências da «Charles University», Vice-Presidente do Con­gresso Prof. Z. POUBA.

Ao Ex. mo Presidente da Junta de Investigações do U ltramar descrevi, de igual modo, o amntecido e relatei alguns aspectos da participação portuguesa ultramarina.

COMUNICAÇÕES PORTUGUESAS

o encerramento oficial do Congresso fez-se no dia 23 , ao princípio da tarde. Em condições normais a sessão final ter-se-ia realizado no dia 28, como estava previsto.

Nenhuma das comunicações dos portugueses chegou a ser apresentada. A primeira teria lugar na manhã do dia 21 , pelo Eng.o C. LOBATO, representante da J.E.N. Intitulava-se Structural and tectonic synthesis of the Cenlt'al uranium province of Portugal.

Para o dia 23, de tarde, estava marcada a comunicação de C. TORRE DE ASSUNÇÃO, F. MACHADO e A. SERRALHEIRO - N ew investigations of the Geology and v.olcanism of the Cape Verde Islands - que seria apresentada pelo segundo daqueles autores.

A minha comunica ~ão intitulada Quelques problemes de la géologie du Portugal, que constituiria essencialmente a apresenta­ção do novo mapa geológico do nosso país na escala de l / I 000 000 (edição dos Serviços Geológicos de Portugal, da D . G. de MiDas e Servo Geológicos), cuj a elaboração orientei e acompanhei a publi­cação, esbava marcada para a manhã do dia 26. A presidência da secção respectiva seria, nessa manhã, ocupada por H . R. VON CAERTNER e por 'mim.

N a meSma Seccão e também na manhã de 26 estava marcada a comunicação ·de A. F. A. FURTADO e M. M. MARQUES - Con­tribution pour l' étude des cuirasses de I' Angola.

A comunicação de G. ZBYSZEWSKI, dos Serviços Geológicos de Portugal, intitulada Le volcanisme des iles de Corvo et de FIOfes estava anunciada para o mesmo dia, à tarde.

Para este dia, também à tarde, estava marcada a apresentação da comunicação de F. E. DE VRIES LAPIDO LOUREIRO - Sub-vol­canic carbonatite stt'uctures of Angola.

A representação portuguesa foi pequena (11 delegados da Metrópole, 2 de Angola e 1 de Moçambique), com apenas 6 comu­nicações, duas delas do Ultramar (AngoLa).

C. TEIXEIRA - Congresso Internacional de Geologia (Praga, I 968)

EST. III

Fig. 5 - Selos, com moti vos geológicos e pa­leon to lógicos, emitidos pelos correios checos­lovaques por ocasião do Con-

gresso.

C. TEIXEIRA - Congresso Internacional de Geologia (Praga, I 968 )

E ST. IV

,tril q. bite

CONGRESS JOURNAL OF lHE

CHARLES UNIVERSITY

1

Oe lends. particioants of the Congress

Iou are holding in your hand the newapapar pre­pared for you by worxar8 of the Charla8 University in Pregue, who, by Mean9 of the papar, would like to accoMpany 10U during tha Congresso Altogether six nUMbers of TRlLOBITE will app.ar, nam.ly on August the 19th, 21st , 2~, 25th and 29th • We bope ~u wil1 find hera al1 the inforMation that Might ba of intereat to you.

The Editorial Board wi11 g1adly publish ehort contributione of the participante that will have sOMetbing important or a=using to tell all of us. A hearty welcoMe to Prague and we sincerely hope your daya spant with us at the congres& will be as p1easant and 08 agreable as we are endeavouring to Mai:e theM.

Anonymua Prague 1493

Fig. 6 - Reprodução do fro nti spício do nú mero 1 do Jornal do Congresso da U niversidade de Carlos, inti tulado Tn1obite.

29 I

Países pequenos estavam representados por muito maior número de delegados: Bélgica (29) , Finlândia (36), Holanda (47) , Suíça (43). D a Checos!lováquia havia 792 congressistas , da U. S. A. 441, da Rússia 297, da França 249, do Canadá 155.

o PRÓXIMO CONGRESSO

Se o Congresso tivesse decorrido normalmente, eu teria apre­sentado a candidatura de Portugal, não para concorrer com o Canadá, mas para ter probabilidades da proposta ser aceite, na próxima sessão, para 1976.

Portugal é das poucas nações da Europa onde se não reali­zou ainda nenhum destes congressos. Pelo lado científico, estamos em condições de proceder à organização da sessão em causa com a dignidade que tais empreendimentos exigem. Parte importante destes congressos é constituída pelas excursões. No nosso caso, além da Metrópole, as excursões poderão estender-se às I:lhas Adjacentes e às Províncias Ultramarinas, o que do ponto de vista nacional parece de grande alcance.

Poderão, além disso, ser organizadas excursões em -ligação com a Espanha e os geólogos espanhóis.

Quanto a locais de reunião temos, hoje, em Lisboa, edifí:cios e instalações capazes de comportar elevado número de pessoas. O mesmo se pode dizer quanto a alojamentos.

Embora não tenha recebido instruções superiores, do I. A. c., quanto à maneira de proceder, para a apresentação da proposta em causa, obtive o apoio do Secretário da Indústria, por intermédio do Ex.mo Director-Geral de Minas e Serviços Geológicos, o do Ministério do Ultramar, por intermédio do Ex.mo Presidente da Comissão Executiva da Junta de Investigações do Ultramar e o do Ministério dos Estrangeiros, por intermédio da mesma entidade.

De resto, a proposta em causa a nada obrigava, visto apenas ter de tornar-se definitiva na próxima sessão do Congresso.

292

Nestas cond1ções enviei ao Secretário-Geral da União Inter­nacional das Ciências Geológicas a carta a seguir transcrita:

Lisbonn'e, le 30 Septembre 1968 Monsieur W. P. van Leckwijck Mechelse Steenweg, 206

Anvers (Belgique)

Cher Monsieur Leckwijck

La délégation du Portugal à la XXIlleme Session du Congres Géologique International, tenue à Prague, était chargée au nom de son Pays de présenter une invitation offpcielle pour que la session de 1972 se réalise à Lisbonne.

Par suite des évenements imprévus de Tchécoslovaquie qui ont provoqué l'interruption brusque du Cangres, la délé­gation portugaise a été dans l'imp'Ossibilité de comparaítre et de présenter son invitation à la séance ou, seule le délégation canadienne a pu présenter la sienne. Celle-ci du reste avait droit de prioité, ayant été remise um premiere fois, iI y à quatre ans, à N ew Deli.

Dans ces conditions je vous prie de bien vouloir mener à la connaissance de tous nos collegttes l'invitation dont nous étions pfJrteurs et qui paur dá raisons indéPendantes de notre volonté n' a pu être présentée. Puisque selon la tendance actuelle, apres chaque Congres réalisé hors d'Europe, le sui­vant est presque toujours réuni dans un pays européen, nous prenam position des maintenant en vue de présenter à Mon­tréal une propos#ion pour que lasession de 1976 se réalise au Portugal. Parmi les nombreux sujets qui pourraientêtre ~bordés iI serait iniéressant de réserver une place à la géolo­gie des Océans. Des excursions paurraient être organizées non seulement dans le Portugal continental mais aussi dansles tles atlantides représentées surtout par les archipels des Afores et de Madere.

293

Avec I' accord du Gouvernement et la colaboration de nos collegues espagnols ii serait sans doute passible d' étendre les excursions aux provinces espagnoles voisines du Portugal ainsi qu' aux iles Canaries.

En vous remerciant à I' avance, veuillez agréer M. Leckwijck I' expression de mes sentiments les plus distingués.

CARLOS TEIXEIRA Chefe de la Délégation Portugaise au Congres de Prague

Em resposta recebi a carta seguinte:

Cher Monsieur Teixeira

\ J e vous remercie vivement de votre lettre du 30 septem­bre, par laquelle vaus m'informez que la délégation du Por­tugal au 23' Congres Géologique International, tenu à Prague, était chargée au nom de son Pays de présenter une invitation pour que la session de 1972 se réalise à Lisbonm.

Je regrette vi-vement que par suite des évenements tra­giques qui ont provoqué I'interruption brusque du Congres, la délégation portugaise a été dans l'impossibilité de présen­ter son invitation.

Je note que votreproposttion sera, par conséquant, pré­sentée à Montréal et que vous demanderez al:ors que la session de 1976 sait tenue au Portugal. Je suis convaincu que parmi les nambreux sujets qui peuvent être abordé, vous récolterez beaucoup de succes en y réservant une place impor­tante à la géologie des océans, granche de la géologie qui est actuellement et c.ontinuellement en grande expansion et qui fournit des résultats remarquables et souvent inattendus. Les excursions dans les tles atlantides,tels que les archipels des Açores et de Madere, se placeraient tres bien dans le cadre de la géologie sous-marine. respere aussi que vous obHendrez I' accorddu Gouvernement et la collaboration de vos collegues espagn,ols pour étendre les excursions aux pro-

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vinces espagnoles voisines du Portugal ainsi qu' aux tles Cana­ries. Je suis donc bien d'accord de porter à .la connaissance des géologues du monde entier l'invitation dont vous me faites part, et ceci en publiant votre lettre dans la prochaine édition de la Geological N ewsletter. Veuillez bien m.e faire savoir si vous m' authorisez à publier cette lettre.

Je pense devoir vous suggérer de porter cette information aussi directement aux organisateurs du prochain Congres de Montréal, dont I' adresse est la suivante Dr. J. E. Armstrong, Secretary General, Organizing Committee XXIV IGG, Geo­logical Su1't1ey of Canada, Room 102, 326 Hower Streel, Vancouver 1, Canada.

Enfin, je voudrais attirer votre attention sur le faitque le Portugal es(. ave c la Bulgarie, la Grece et l'Irlande, un des rares pays europeéns qui n' est pas encore membre de I' IUGS. Ii me semble, que parmi ces quatre pays, c' est le Portugal qui ,occupe au PQint de vue géologique la position la plus importante non seulem.ent par les aspects et problemes géologiques que pose son territoire, et celui des tles atlanti­des, mais aussi par le nombre d'excellents géologues qu'il a formé.

En vous remerciant de m' avoir informé de la bonne nouvelle que le Portugal tient à organiser la 25 6 session du Congres Géologique International, je vous prie d'agréer, Cher Monsieur Teixeira, l' expression de mes sentiments les plus dét/oués et distingués.

W. P. VAN LECKWI]CK

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Mais uma vez, a representa~ão portuguesa foi, em grande parte, designada à última hora; não houve, portanto, poOssibilidade de coOordenaçãoe selecção dos trabalhos a apresentar.

Pdo que me diz respeito, foi-me comunicado que me havia sidoO concedida comissãoO oficial .fora doO País, ,a fim de participar no Congresso, no dia 6 de Agosto, alguns dias, portanto, antes do

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11l1ClO do mesmo, quando eu havia posto de lado a ideia dessa padiei pação.

A designação de Chefe da delegação apenas me foi comuni­cada verbalmente e nem sequer foi participada à Secretaria do Congresso, apesar de eu ter insistido nisso.

Oxalá que para o próximo congresso, em 1972, as coisas sejam feitas a tempo ·e horas.

Pelo que respeita à nossa participação, convirá pensar desde já na constituição dela, encarregar os nossos melhores geólogos de prepararem e elaborarem comunicações a apresentar, conside­rar a participação do Ultramar no conjunto da delegação do país.

Penso que poderá ser apresentada, nessa altura, a nova edição do mapa Geológico Geral do país, na escala 1/500000, em vias de conclusão. Deverá pensar-se, ao mesmo te'mpo, na preparação de novos mapas Geológicos Gerais de Angola e Moçambique, além de alguns das ilhas de Cabo Verde e de S. Tomé e Príncipe.

Poderia preparar-se, em correlação, a edição de publicações relativas à Geologia Geral de Portugal Metropolitano, de AngoJa e Moçambique.

No sentido de dar à nossa representação aspecto condigno, deverá ser pedida a colaboração de todos os geólogos categoriza­dos do país, quer trabalhem em organismos oficiais ou particulares.

* o Congresso, em que participara!m, com se disse, cerca de

3200 delegados, pertencentes a mais de 90 países, abruptamente interrompido, estava muito bem organizado. 'tudo estava previsto, o funcionamento podia dizer-se perfeito.

Os participantes nas excursões realizadas antes do Congresso, eram unânimes em confessar o seu entusiasmo pelo que haviam visto e o modo co'mo haviam sido acolhidos por toda a parte, quer na Checoslováquia, quer nos países vizinhos.

Compreende-se a tristeza e o desespero dos geólogos checos­lovacos, por um lado por assistirem à invasão violenta da sua Terra, por outro por verem inut1lizado o trabalho de preparação e organização de muitos anos, que viria a constituir o orgulho deles e do seu país.

Não posso deixar de acentuar, ainda, a simpatia, a at:itude acolhedora, a gentileza da gente de Praga para com os congres­sistas, tanto antes, como depois da invasão. Merece ser salientada, também, a atitude calma, mas destemida, dignificante, do povo perante o invasor ..

Impressionante, sobretudo, a unanimidade da população de apoio aos governantes do país e de reprovação unânime e angús­tia perante a intervenção estrangeira.

Lisboa, 10 de Setemb1'O de 1968

DISCURSO DE ABERTURA DO PRESIDENTE DO CONGRESSO DR. J. SVOBODA

Monsieur tePremier Ministre, honorabtes hôfes, honorabtes membres de ceffe Assembtée, Mesdames, Messieurs,

Permettez-moi de vous remercier en premier lieu de l'honneur exceptionel que vous m'avez fait en me portant à la présidence de ce Congres. Permettez-moi de vous remercier également d' avoir accueilli, dans un si grand nombre, 1'invitation de la Tchécoslovaque et du Comité d'Organisation d'assister à la session de Prague. Cet énorme intérêt nous a causé' une grande satisfaction. II a constitué pour nous un précieux encouragement dans notre travai! d'organisation. L'expérience .a prouvé que le Congres est un organisme tres sensible à l'atmosphere politique et au clirnat international; en effet, certains litiges inte.rnationaux, l' évolution intérieure préoccupante dans ce.rtains pays et surtout les nouvelles mesures économiques introduites dans presque le monde entier ont exercé une influence négative sur le Congres, surtout sur les excursions organisées dans le cadre du Congres. Ces jours-ci 3.200 (trois mille deux cent) géologues et ,llJ11 millier d'autres hôtes doivent se reunir à Prague. Déjà ce nombre respectable témoigne qu' iI s' agit de la plus grande session depuis le ler (Premier) Congores Géologique International tenu en 1878 (mille huit cent soixante-dix huit) à Paris.

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Le Congres Geologique International est convoqué pour la vingt­-troisieme fois, cependant, ce n' est que pour la deuxieme fois qu' il se déroule sur le sol de l'Europe Centrale. Le territoire de la Tchécoslovaquie d'aujourd'hui a été inclus pou.r la premiere fois au programme des Congres Internationaux iI y a 65 (soixante-cinq) ans, en 1903 (mille neuf cent trois), alors que certaines excursions du IX· (neuvieme) Congres tenu à Vienne avaient pour objet les problemes du Massif de Bohême et des Carpates occidentales. Malheureusement, depuis, tellement de temps s'est écoulé, qu' on peut à peine espérer que quelqu' un des participants du Congres de Vienne assiste à la session de Pmgue.

Depuis le Congres de Vienne, donc depuis 65 ans, pas mal de choses ont changé en Europe Centrale. Deux guerres mondiales s'y sont déroulées et plusieurs Etats nouveaux y sont nés. L'un d'eux est justement la Tchécoslovaquie qui dans deux mois célébrera - dans le cadre d'un processus orienté vers la réalisation d'un socialisme démoc.ratique -le cinquantieme anniversaire de son existence indépendante. Ce n'est qu'un peu plus tard, l' année suivante, que nous autres géologues, évoquerons le cinquantenaire de la fondation du Servi ce d'état géologique en Tchécos­lovaquie.

La fondation de I'Etat indépendant a fortement impulsé les jeunes géologues tchécoslovaques, formés, surtout au commencement, à l'université de P.rague par le Professeur Radim Kettner. Ce sont eux qui longtemps avant la seconde guerre mondiale ont jeté la base de la géologie moderne sur le territoire national. Apres la seconde guerre mondiale, la géologie tchécoslovaque faisant preuve d'une initiative nouvelle connut un grand essor. Le nomb.re de géologues spécialisés dans la recherche ou la pratique s'accrut brusquement. Cela a permis, en plus de la solution de problemes pratiques, de mener à bien l' élaboration synoptique et uniforme de tout le territoire de la République. Les travaux régionaux furent complétés dans les années soixante. L'existe:nce d'un riche matériel scientifique a suggéré aux géologues tchécoslovaques 1'idée d'inviter le Congres Géologique Inter­national en Tchécoslovaquie. Dans un temps relativement bref ils ont réussi à rassembler un matériel valable et moderne sur la géologie de 1'Etat hôte. L'invitation préliminaire pour 1'année 1968 (mille neuf cent soixante­-huit) fut faite par la délegation tchécoslovaque au Congres Géologique de Copenhague. Entretemps une carte synbptique officielle du territoire tchécoslovaque au 1: 200.000 (deux cent millieme), avec une légend detaillée, fut dressée. Apres 1'app.robation de notre invitation par le gouver­nement tchécoslovaque nous avons présenté au Congres de la Nouvelle Delhi l'invitation définitive pour Prague. Celle-ci fut accueillie ,unanime­ment, ce qui nous a causé une grande satisfaction et nous a encouragé. C'est pourquoi on a préparé pour le Cong.res, avec intensité accrue, tous les matériaux géologiques scientifiques nécessaires sur la Tchécoslovaquie. Je tiens à citer en premier lieu les deux volumes de la «Géologie régionale

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de la Tchécoslovaquie» publiée en anglais avec un atlas de cartes à 1'échelle de 1 : 1,000.000 (d'un million) et «La carte géologique synoptique» au 1 : 500.000 (cinq cent millieme) que certains d' entre vous ont d( à vue lors des excursions organisées avant le Congres.

La Tchécoslovaquie est un petit Etat de 1'Europe Centrale, mais sa structure géologique est extraordinairement complexe et multiforme. ]'espere que nous pourrons vous montrer une géologie intéréssante, que l' on ne trouve pas parfois même sur le territoire d'Etats d'une étendue sensiblement pLus vaste. Celas' explique par le fait que le territoire de not.re république se compose de deux unités géologiques différentes. C'est le Massif de Bohême, une unité géologique tres ancienne, plissé à plusieurs reprises, métamorphisé et recouvert par de nouveaux sédiment.s. Le seconde unité géologique, les Carpates occidentales, sont relativement jeunes du point de vue géologique, englobant toute la partie orientale du pays et formant une composante du jeune orogene alpin-carpatique. Les Ca.rpates occiden­tales offrent 1'occasion d'étudier surtout la jeune strucrnre des nappes, le développement de 1'avant-fosse dans 1'avant-pays, de meme qu'un étendu volcanisme subséquent.

Ces différences, dans la structure géologique de la Tchécoslovaquie, sont naturellement reflétées dans le caractere géomorphologique du paysage, le développement du Quaternaire, de même que dans le caractere différ.ent de la minéralisation du Massif de Bohême et des Carpates occidentales. C' est concevable, car plusieurs périodes de pénéplainisation dans 1'histoire du Massif de Bohême, ont contribué non seulement au caractere uniforme de son relief, mais aussi à la dénudation des nivea.ux plus profoneiS de l' écorce terrestre et de leurs gisements car.actéristiques. Au contraire, dans les Carpates occidentales, des crêtes découpées témoignent de leur jeunesse géomorphologique; c' est pourquoi on peut rencontrer dans cet espace des gisements peu profonds dont les équivalents dans le Massif de Bohême ont dispam sous les coups de r érosion et de la dénudatiol1 depuis des millions d' années.

Si je mentionne les matieres premieres, ii faut noter, du moins en passant, que dans notre pays elles étaient exploitées dans un passé tres ancien. Ainsi, par exemple, notre plus riche gisement d'or, du type placer, fut exploité en 2.000 (deux mille) avant notre ere. A l' époque on exploitait aussi Ie graphite chez nous. L' exploitation . de l' argent desparties des gise­ment.s hydrothermaux enrichies par des processus superficiels représentait une source de richesse de même que du pouvoir politique des rois de Bohême au Moyen Age. Pour la plupart, ces gisements appartiennent déjà au passé, de même que le gite de Jáchymov, riche en argent et uranium c' est à dire, minerai ayant servi à la découverte du radium, et les districts miniers de Kremnica et Banská Stiavnica en Slovaquie. C'est pourquoi, chez nous, l' intérêt porté aux matieres premieres minérales est concentré surtout sur quelques gisements des matieres premieres non-métalliques, puis sur

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les gites déposés à une plus grande profondeur qui ont échappé aux recher­ches des prospecteurs et des mineurs de j adis; on prete de l' attention aux minéralisations disséminées, auparavant non rentables, et enfin aux matieres premieres minérales qui ne sont aprréciées qu'à présent, comme, par exemple, le minerai d'uranium.

Comme je 1'ai déjà signalé, la Tchécoslovaquie est un petit pays d'Europe Centrale. C' est pourquoi - si le Congres devait être bien préparé - ii fallait des le début assurer une bonne coopération avec nos voisins pour pouvoir offrir aux congressistes une image plus complete des problemes non seulement de la géologie du Massif de Bohême avec son avantpays, mais aussi des chaines de montagnes des Carpates avec leurs massifs inter­médiaires et de leur connection avec les Alpes orientales. C'est pourquoi le Comité d'Organisation du Congres a décidé d'inc1ure des Etats voisins au programme d'excursions du Congres. II faut souligner que les institu­tions de ces Pll.Ys voisins ont accepté avec une grande obligeance et com­préhension de se charger de la préparation de ces excursions et de 1'édition des guides géologiques nécessaires et d' autres publications. II s' agit surtout de leurs Comités Nationaux géologiques et de leurs Services géologiques: Geologisches Bundesanstalt en Autriche, Zentrales geologisches Institut en République Démocratique Allemande, Bundesanstalt für Bodenforschung en République Fédérale Allemande, Magyar állami fôldtani intézet en Hongrie, Instytut Geologiczny en Pologne et Comitetul g,eologic en Rou­manie. Je sais is cette occasion pour les remercier bien vivement de leur rare obligeance et de leur aide précieuse. Je considere comme un devoir bien agréable de remercier aussi personnellement les représentants de ces Instituts, membres du Comité d'Organisation du Congres: MM. les Professeurs Küpper et von Gartner, M. le docteur Schmidt, MM. les Pro­fesseurs Rühle, Pantó et Ianovici, pour leur précieuse coopération. Nous sommes heureux de constater que grâce à leus obligeance nous avons pu, malgré un tas de complications imprévisibles, terminer à temps les prépa­ratifs de la session de Prague et des excursions. Etant donné l' ampleur du Con§res et 1'immense volume des travaux rattachés aux préparations, nous n' avons pas pu, sans doute, éviter certaines insutfisances ou erreurs, et je vous prie, Mesdames et Messieurs, de bien vouloir les excuSer. En même temps je m'excuse à l'avance pour certaines incommodités que vous rencontrerez peut·être. Comme vous l'avez sans doute déjà observé, Prague se trouve, en grande partie, en reconstruction ou construction et le Comité d' organisation, malgré toute sa bonne volonté, n' a pas été en mesure d' éliminer les nombreuses difficultés en .résultant.

Le programme du Congres, vous Len avez certainement déjà pris connaissance dans la brochure mise à votre disposition. II me semble quand-même utile de vous faire connaitre - au moins brievement -les aspects dont nous avons tenu compte en préparant le projet et l'organisation des sessions spécialisées du Congres. Nous avons de nouveau inscrit à

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l' ordre du jour des conférences scientifiques devant l' Assemblée générale, car nous estimons qu'il faut traiter les problemes généraux concernant toutes les scÍ.ences géologiques comme un tout. Ce sont M.le Professeur Leget et l' Académicien Vinogradov qui ont été désignés pour faire un exposé sur les sujets bien différents de ces deux conférences générales. Nous nous sommes permis de compléter le programme par une conférence de l' Aca­demicien Zoubek sur les probemes géologiques généraux du Massif de Bohême et des Carpates occidentales.

Même durant la session deux tribunes de discussion seront consacrées aux questions générales de la géologie. La premiere s'occupera des résul­tats de l'enquête que nous avons menée parmi les géologues pendant l'intervalIe des préparatifs du Congres et qui a eu un large écho parmi le public. La seconde concerne l'organisation des recherches géologiques et sera introduite par un court exposé spécial.

Beaucoup de réflexions ont été nécessaires pour préparer les sections du Congres. Tenant compte des nombreuses demandes souvent répétées de réduire le nombre de sections (faites même par écrit par certains Comités Nationaux), nous avons enfin choisi 13 (treize) themes apres avoir wnsulté au sujet de leur contenu plusieurs spécialist,es étrangers et tchéçoslovaques de même que l'Union Internationale des Sciences Géolo­giques. Le résultat, qui a été présenté déjà dans la premiere l,ettre circulaire, constitue nécessairement un compromis tenant compte de la quantité énorme des suggestions. Nous avons ess.ayé d'y inscrire des sujets concernant les tendances actueIles de la recherche géologique, les questions théoriques importantes, comme par exemple, le probleme de la stmcture des parties superficieIles et plus profondes de l' écorce terrestre, ceux de l' application des sciences alliées (comme par exemple la géophysique et la géochimie), puis les questions géologiques des gisements des matieres premieres miné­rales, des questions importantes de classification de même que certai!lS problemes de caractere régional. Ce qui est tout à fait nouveau dans le programme de la session c'est l'incorpmation de la géologie de l'ingéni,eur comme une sectioo spéciale de cette session de même que l'incorporation des sous-sections consacrées à I'histoire des sciences géologiques et aux mathém.atiques utilisées dans ks sciences géologiques. C'est pom la pre­miere fois dans 1'histoire des Congres Géologiques Internationaux qu' on discutera les problemes de la géologie extra-terrestre, surtout de la géologie de la lu:ne et des méthodes et des résultats des recherches exécutées du point de vue géologique. Ces conférences qui auront lieu dans une subsection spéciale attireront certainement votre attention à cause de leur actualité.

Vue les nombreuses demandes présentées aux Congres antérieurs, le Comité d'Organisation a décidé de renouveler des symposia sur des matieres premieres minérales. On a choisi pom themes les matieres premieres non­-traditioneIles, qui, cependant,- du point de vue de la perspective sont tres importantes et promettent beaucoup, c' est-à-dire, les kaolins et les eaux minérales et thermales.

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Nous avons taché de faire imprimer des matériaux pour les sessions des sections et des parties générales du contenu des symposia. Nous nous rendons compte que la nécessité de la présentation des manuscrits relativement longtemps avant l' ouverture du Congres a ses défauts et n' est pas bien accueillie par certains chercheurs. On a déjà discuté à plusieurs reprises ce sujet et même exprimé des opinions contradictoires. 11 est pobable que cette question soit soulevée et discuté durant le Congres.

Simultanément avec le Congres, en plus des sections et des symposia auront lieu les sessions de 1'Union lnternationale des Sci,ences Géologiques, de plusieurs associations internationales, des commissions et comités, etc. C est pour la premiere fois dans 1'histoire du Congres qu' auront lieu les débats de l' Association lnternationale de la géologie de 1'ingenieur, de l' Association internationale, pour les mathématig.ues dans les sciences géo­logiques et de la Commission pour l' étude doe la documentation géologique. Le nombre des sessions des nombreuses institutions géologiques, qui pré­senteront leur propres programmes et sujets de leurs symposia, sera done beaucoup plus élevé que lors de n'importe quel Congres antérieur. Leurs themes touchent pratiquement toutes les disciplines des sciences géologiques. Je pense donc que tout participant au Congres aura assez d'occasion de faire valoir ses interêts et ses connaissances et d'enrichir ses propres idé.es au (ours des discuss:ons avec les representants des autres théories et des autr.::s disciplines scientifiques.

Quant aux excursions, la premiere précédant le Congres, a déjà eu teu. ]' espere que ceux qui y ont pris part ont eu la chance d' avoir le beau temps et aussi de passer quelques heures agréables, qu'ils veuillent bien faire prouve d'indulgence à notre égard dans leur critique de certaines i.nsuffisances que le Comité d'Organisation n'a pas pu éviter. Je suis con­vaincu que les autres excursions qu' auront lieu durant les sessions du Congres ou apres se dérouleront égalemeo:tdans une banne ambiance. ]'espere que cela vous permettra de ne regagner vos foyers qu'avec des impressions agréables. Je souhaite aussi beaucoup de succes à toutes ks actions prévues par le Comité d'Organisation pour tous les hôtes.

Permettez-moi, Mesdames et Messieurs, de mentionner encore brie­vement le travail de caractere organisatoire qui nous attend durant les sessions du Congres. Apres trente années, le reglement du Cong.res, qui exige déjà certains changements nécessaires, sera discuté largement et modifié. Cest surtout la constitution de 1'Union lnternationale des Sciences Géologiques qui évoque la nécessité de formuler les relations entre ces deux institutions, qui devraient être reflétées dan,s les statuts.

A cette occasion je voudrais remarquer que le travail rattaché à l' organisation du Congres m' a conduit de plus en plus à la conviction que 1'existence d'une organisation scientifique ayant une base si large et des status si fortement démocratiques est d'une signification exceptionelle. Le Congres est donc accessible à tous les géologues et la possibilité de leurs

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adhésions individuelles contribue favorablement à son tour à une décision plus facile en ce qui concerne la participation au Congres dans les cas plus compliqués. Ce sont surtout les cas influencés par la politique qui .-­malgré que nous n'aimons pas en entendre parler - s'ingere dans les questions scientifiques et les problemes de l'organisation de la coopération entre les savants. Enfin 1'échange des fonctionnaires dirigeants du Congres empêche - entre autres -le développement d'un appareil administratif dont les lois de fer, aboutissant à un accroissement-avalanche, ont été découvertes dans les lois de Parkinson, aujourd'hui si célebres.

Certes, beaucoup d'arguments sérieux existent dont on peut se servir en critiquant les désavantages et les défauts d' organisations si amples comme les Congres Géologiques Internationaux. D'un autre côté, Le systeme démocratique et la liberté de pensée des assemblées de Congres, le fait qu' on est conscient de la nécessité d' assurer la coordination des recherches scientifiques divisées de plus en pIus en disciplines plus spécialisées, et enfin aussi la possibilitépour de nombreuses associations et organisations internationales de se grouper plus facilement, constituent des raisons bien sérieuses pour soutenir avec élan le Congres Géologique International et lui permettre de célébrer son proche jubilé - le centenaire de son activité.

L'existence de l'organisation du Congres ne peut pas être sousestimée au point de vue de la position et de la signification de la géologie dans le cadre des sciences naturelles de même que du point de Vil,e de son impor­tance dans l' économie nationale. A présent, la géologie est quelquefois assez sousestimée et ombragée par les effets des «disciplines scientifiques plus modernes» comme par exemple les découvertes de l' astronomie, de la physique, de la chimie ou de la biologie. Bt quelquefois même à l' occasion de graves problemes 1'appel des géologues ne trouve pas un écho suffisant aupres des gouvernements, dont le soutien est si décisif. Mais iI faut toujours penser et toujours insister sur le fait que, par exemple, 1'assurance de sources de matiers premieres a été, est et continuera à etre dans l' avenir lia probleme encare plus grave, un probleme d' importance décisive pour l' existence des hommes. Et cela durera malgré toutes les futures découv.ertes révolutionnaires dans d' autres disciplines.

Au contraire, grâce à ces découvertes, les exigences concernant les matieres premieres les plus variées s'acroissent sans cesse et 1'assurance de les obtenir devient toujours plus compliquée et plus difficile.

Parmi les devoirs importants de la géologie il faut citer non seulement celui de découvrir les sources de matieres premieres mais aussi de faire appel à leur protection et à leur utilisation rationelle.

Les hommes ne deviennent vraiement conscients de leur dépendance fatale à l' égard des matieres premieres et des resources inorganiques de not.re planete que quand lorsqu'il s'agit d'une seule matiere premiere­l' eau potable. Ce probleme dont la solution ne peut pas être évitée dans aucun pays, prouve c1airement qu'une sous-estimation quelconque de

l' importance essentielle de tout le complexe des sciences géologiques pour l'.avenir de 1'humanité et surtout le mépris de la nécessité d'une recherche théorique profonde dans la géologie, suivant consciemment son objectif et assurée du point de vue financier, comporterait un danger fatal.

Mesdames, Messieurs, (espere que le rencontre des géologues de tous les continents, au vingt-troisieme Congres Géologique International de Pr ague contribuera au développement constant des liens d'amitié entre les citoyens des nations les plus diverses. ]'espere qu'elle facilitera leur rappro­chement ultérieur, une compréhension meilleure entre les uns et les autres, le respect de kurs particularités et de leur indépendance, et par la garanti e de la paix mondiale.

En conclusion, permettez-moi de vous saluer une fois de plus au nom de tous Ies géologues tchécoslovaques et en mon nom personnel. Permettez-moi de vous souhaiter un séjour le plus ag.réable que possible pour que ce voyag,e si long pour certains d' entre vous, soit couronné de succes, d'excellentes impressions et de moments agréables.