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m a g a z i n e # 07 Cine Tela Marca de projeção 12 Entrevista: Luiz Bolognesi // 14 Notas 04 Marcas e patrocínio cultural // 10 Cartazes de cinema PUBLICAÇÃO YEMNI – BRANDING, DESIGN & COMM SET . 2011 07 ANO II

Yemni Magazine #07

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Portfólio da Agência Yemni Design.

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m a g a z i n e

# 07

Cine TelaMarca de projeção

12 Entrevista: Luiz Bolognesi // 14 Notas04 Marcas e patrocínio cultural // 10 Cartazes de cinema

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Caro leitor,

ah!

A Buriti Filmes vem desenvolvendo um importante papel para a cultura brasilei-

ra. Por meio de seu projeto Cine Tela Brasil, a produtora cinematográfica tem exibido

filmes nacionais gratuitamente para centenas de milhares de pessoas de comunidades

carentes. Muitas delas sequer tinham entrado antes numa sala de cinema.

Isso nos toca diretamente. Primeiro, por vermos na prática um projeto cultural

com resultados muito concretos viabilizado por meio de patrocínio empresarial em

troca da valorização das marcas das empresas envolvidas.

Depois, porque a Yemni desenvolveu as marcas da Buriti e do Cine Tela no

momento em que intensificaram sua profissionalização. Por isso, escolhemos esse

tema para nossa matéria de capa e também como referência para outras seções

desta Yemni Magazine.

Em yexpression, nossas páginas de entrevistas, conversamos com Luiz Bolognesi,

criador e gestor, junto com Laís Bodansky, da produtora e do projeto. E em yestrategy,

continuamos no tema, discutindo a relação entre patrocínio de projetos culturais e

suas consequências sobre o valor das marcas.

Para terminar, fizemos uma breve visita ao universo dos cartazes de cinema.

Outro motivo de satisfação para nós é o primeiro aniversário da Yemni Maga-

zine. Pode parecer pouco, afinal foram apenas seis edições. Mas para nós significa

um marco importante.

É que, quando decidimos criar a “revista da Yemni”, como a chamávamos

em seu período de gestação, não podíamos imaginar que produzi-la seria tão

gratificante. Desde a primeira edição, o retorno de nossos leitores tem sido cada

vez mais frequente.

Isso quer dizer que nosso objetivo de compartilhar conteúdo de interesse comum

com nossos clientes e amigos está sendo alcançado.

Espero que aproveite!

Vitor Patoh

Publicação da Yemni – Branding, Design & Comm

Produção e Execução: Yemni – Branding, Design & Comm Diretor Executivo: Vitor Patoh Editor: Henrique Ostronoff (Jornalista responsável - MTb. 14.856) Redação: Priscila Silva Designer: Pauliana Caetano Revisora: Eleonora B. Rantigueri Foto de Capa: Istockphoto Impressão e Acabamento: Atrativa Gráfica Tiragem: 1.000 exemplares

© 2011 Yemni – Branding, Design & Comm Todos os direitos reservados – www.yemni.com.br

Fale Conosco redaçã[email protected]

Esta revista é impressa em papel. O papel é biodegradável, renovável e provém de florestas plantadas. Essas florestas são lavouras que dão emprego a milhares de brasileiros e as árvores plantadas amenizam o efeito estufa, pois absorvem o gás carbônico durante seu crescimento. Imprimir é dar vida!

www.yemni.com.br/blog Yemni – Branding, Design & Comm twitter.com/yemni

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strategy

patrocinadoraAPOIO A PROJETOS CuLTuRAIS AGREGA VALOR àS EMPRESAS ALéM DO óBVIO

Associar marcas a projetos culturais é uma arma usada frequentemente pelas

empresas para obter exposição na mídia. Essa frase, que já pode ser considerada um

lugar-comum, é a primeira constatação de qualquer observador sobre a relação exis-

tente entre uma corporação e o projeto cultural sob seu patrocínio.

Afinal, ao se deparar com o material de divulgação de um evento, obra, produção

etc., o observador vai perceber, a marca da empresa patrocinadora.

A marca POR HENRIquE OSTRONOff

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É evidente que a exposição da marca da empresa, mes-

mo que apenas por seu logo, tem consequências positivas

em relação tanto ao mercado quanto aos consumidores.

No entanto, uma pesquisa realizada pelo Ministério

da Cultura, por meio da Fundação João Pinheiro, em 2004,

mostrou 80 de 123 empresas afirmando que o principal mo-

tivo do investimento em projetos culturais é o ganho para a

imagem institucional. Esse conceito é bem mais amplo do

que a simples exposição pública da marca.

De acordo com Cândido José Mendes de Almeida

em seu livro Fundamentos do Marketing Cultural, “o

projeto cultural tem a capacidade de transportar uma in-

formação de um universo, que é o público que consome

aquele produto cultural, para um outro universo, que é

o público consumidor do produto ou serviço da empre-

sa patrocinadora”. Já Eric Joachimsthaler e David AAker,

autores de Como Construir Marcas Líderes, “o patrocí-

nio pode ser muito eficaz para estender as marcas além

dos atributos tangíveis, porque desenvolve associações que

acrescentam profundidade, riqueza e um sentimento con-

temporâneo em relação à marca e ao seu relacionamento

com os clientes”.

Economista com pós-graduação em cinema, João

Leiva Júnior, diretor do escritório de consultoria J.Leiva

Cultura & Esporte, garante que o patrocínio a projetos

culturais — e também ambientais, esportivos e sociais —

agrega valor às marcas na medida em que “reflete o posi-

cionamento da empresa e sua visão de mercado”.

Leiva chama a atenção para o crescimento constante

que as ações de patrocínio vêm experimentando, o que

reflete o reconhecimento pelas empresas da necessidade

de uma interface entre elas e a sociedade. “É algo mais

ou menos recente e é fruto da tendência contemporânea

da decisão das empresas de estarem mais inseridas social-

mente”. Ainda segundo ele, essa é uma forma das corpora-

ções “não olharem apenas para o negócio”.

Responsável pela indicação de projetos patrociná-

veis para mais de 30 empresas, Leiva afirma que inves-

timentos dessa natureza revertem em benefício para a

imagem da empresa. Mas, de qualquer forma, “o tipo

de retorno alcançado depende das necessidades especí-

ficas de cada uma”, diz.

Leis de incentivo têm sido a opção mais comum

entre as companhias quando decidem partir para o pa-

trocínio. O caso da espanhola Telefônica ilustra essa re-

alidade. “Até hoje, temos utilizado a Lei Rouanet para

patrocínios culturais, afirma a diretora de Programas da

Fundação Telefônica, Gabriella Bighetti.

A Fundação Telefônica tem entre seu patrocina-

dos o Cine Tela Brasil, projeto apoiado desde 2008 por

meio da lei de incentivo à cultura em nível federal.

“O fato de o projeto acontecer nas periferias foi

um fator decisivo para nosso apoio, já que a atuação da

Fundação ocorre junto à população de baixa renda,”

afirma a diretora da Fundação. E, com relação ao re-

torno resultante do patrocínio, acrescenta: “Em termos

de imagem, aliar o nome da Telefônica com o de Laís

Bodanski e Luiz Bolognesi é muito positivo. A reputa-

ção dos dois cineastas e o próprio formato do projeto

resultam em ótima visibilidade para nossa marca”. •

Gabriela Bighetti, diretora de Programas da fundação Telefônica

Em termos de imagem, aliar o nome da Telefônica ao de Laís Bodanski e Luiz Bolognesi é muito positivo. A reputação dos dois cineastas e o próprio formato do projeto resultam em ótima visibilidade para nossa marca.”

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Em 1997, nascia a Buriti Filmes, com o objetivo de realizar o primeiro

longa-metragem dos cineastas Laís Bodanzky e Luís Bolognesi, Bicho de Sete

Cabeças. Mas montar uma produtora cinematográfica envolve muitas escolhas

que exigem atenção e cuidado, do nome fantasia ao tipo de filme a ser produzido.

“O nome é sempre difícil, precisa ter um significado”, comenta Laís.

Numa viagem pelo interior do País, a dupla surpreendeu-se com um buriti-

zal. Laís explica o milagre de uma grande árvore no meio árido: “Uma palmeira

no sertão é a certeza de que tem água, sombra, animais. Onde tem buriti, tem

vida”. E a palmeira buriti tornou-se o nome e a marca da produtora.

Com o tempo, a profissionalização da empresa, necessária, inclusive, para

obtenção de patrocínio, exigiu mudanças. O logo original, com a imagem rea-

lista da palmeira, ficava perdido quando colocado lado a lado com outras marcas.

Diante disso, os gestores da Buriti concluíram a conveniência de reformulá-lo.

O logo teria de ser recriado com o objetivo de adquirir um design moder-

no e comunicativo. E assim foi feito. Ao desenho do buriti, foi sobreposta

a imagem de seu fruto. A composição deu forma a objetos relacionados à

produção e criação cinematográfica — um olho representando o olhar do

cineasta e as lentes de uma câmera. Estilizado e conceitual, pode-se dizer

que o logo da produtora adquiriu personalidade e alinhou-se ao mercado. A

palmeira passou a marcar presença entre os logos estampados em cartazes e

em outras peças de comunicação.

Com os anos, a Buriti deixou de ser apenas uma produtora dedicada aos

filmes pessoais da dupla, abrindo espaço para a criação do cinema »

A forçado buriti

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POR PRISCILA SILVA

A MARCA quE VIAJA PELO BRASIL

uma palmeira no grande sertão é a certeza de que tem água, sombra, animais. Onde tem buriti, tem vida.”

Laís Bodanzky, coordenadora dos

projetos Tela Brasil e cofundadora da Buriti filmes

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itinerante Cine Tela Brasil. O projeto foi desenvolvido

por Luiz e Laís, com o objetivo de levar cinema às popu-

lações carentes e pessoas que nunca tinham visto a filmes

em tela grande.

Uma sala de exibição para 225 pessoas, com ar-condi-

cionado, projeção cinemascope 35 milímetros, som esté-

reo surround com leitor a laser e tela de 21 metros qua-

drados passou a ser transportada num caminhão. “A Buriti

já estava estabelecida quando, em 2004, veio o Cine Tela.

Hoje, as duas marcas estão muito ligadas”, conta Laís.

Mesmo itinerante, um cinema precisa ter cara de ci-

nema. Por isso, era fundamental que a marca Cine Tela e

sua estrutura incorporassem o conceito e, principalmente,

apresentassem-no para a quem o visse pela primeira vez.

Marcio Gutheil, designer que, na época, integrava a

equipe de criação da Yemni, fala sobre o desenvolvimento

da marca do Cine Tela Brasil: “Nesse caso, o processo

criativo acabou influenciando não só o conceito do proje-

to, mas também a escolha da linguagem gráfica utilizada.

Começamos produzindo rascunhos tentando simplificar

ao máximo a imagem de uma entrada de cinema tradicio-

nal”. Quem observa o logo do Cine Tela Brasil, percebe a

palavra CINE formando um projetor.

A comunicação visual do projeto foi inspirada pelos

cinemas antigos e de cidades do interior que, geralmente,

ostentavam letreiros grandes e muitas luzes na fachada.

Na opinião de Marcio, a criação de pôsteres é um dos

projetos mais empolgantes para a maioria dos designers grá-

ficos. Especialmente no caso de um pôster do Cine Tela,

que tinha como objetivo anunciar a chegada do cinema na

cidade. “Criar um cartaz para uma iniciativa cultural como

o Cine Tela Brasil era ainda mais gratificante, porque não

só anunciaria a chegada do Cine Tela às diferentes cidades

como, ao mesmo tempo, mostraria um preview dos filmes

que seriam exibidos. Ou seja, seriam dois cartazes dentro de

outro cartaz”, explica o designer.

Para chegar onde está, a dupla de cineastas colocou

a mão na massa e o pé na estrada, literalmente. Criou

a Buriti e o Cine Tela. Ganhou o público. Conquistou

patrocínios e parcerias importantes para a continuação do

plano e, hoje, com apenas sete anos Brasil afora, reúne no

currículo mais de 4 mil sessões de filmes exibidos em 350

cidades para cerca de 805 mil espectadores com uma taxa

de ocupação de 88% — índice superior ao de qualquer sala

Ao desenho do buriti, foi sobreposta a imagem do fruto da palmeira. A composição deu forma a objetos relacionados à produção e criação cinematográfica — um olho representando o olhar do cineasta e as lentes de uma câmera.

Vitor Patoh, sócio-diretor da Yemni

PRoCEsso DE REDEsEnho DA mARCA

é gratificante saber que agregamos valor às marcas através da cultura brasileira".

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de exibição comercial. É importante ressaltar que, no Brasil,

87% dos cidadãos nunca foram ao cinema, algo compreensível

quando se sabe que, segundo os dados do IBGE, 92% dos mu-

nicípios brasileiros não têm nenhuma sala.

Por oito anos, desde sua criação, o Cine Tela não teve

destaque por falta de patrocínio. Laís conta que não foi fácil

encontrar um patrocinador que entendesse a ideia do proje-

to. Com o primeiro patrocínio, houve a compra do primeiro

caminhão. Dois anos depois, o apoio de mais um patrocina-

dor permitiu que, com a compra de mais um caminhão, a

estrutura fosse dobrada.

“O Cine Tela é, hoje, o Projeto Cine Tela Brasil, e, dentro

dele, temos outros projetos, como as Oficinas de Vídeo, que

viajam o Brasil com educadores, o portal na Internet e o mais

recente trabalho, o Educativo Tela Brasil, com workshops e de-

bates para professores da rede pública, incentivando o trabalho

audiovisual na sala de aula”, conta a cineasta.

Laís e Luiz conseguiram alcançar o objetivo inicial. “É sur-

preendente encontrar alguém que nunca entrou num cinema.

O mais emocionante é ver a reação dessas pessoas”, revela Laís.

“Eu sabia que um dia isso ia acontecer. É tocante”.

Junto com o reconhecimento desse público em especial,

vem a sensação de estar no caminho certo. O Brasil precisa

difundir a própria cultura, e o Cine Tela é uma das opções. “É

gratificante saber que agregamos valor às marcas através da cul-

tura brasileira", diz Vitor Patoh, sócio-diretor da Yemni. •

o design da marca faz alusão aos cinemas de cidades do interior

O processo criativo acabou influenciando não só o conceito do projeto, mas também a escolha da linguagem gráfica utilizada."

marcio Gutheil, designer gráfico

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xplore

POR HENRIquE OSTRONOff

Pelo mínimoDESIGNERS SE DEDICAM A RECRIAR CARTAzES

DE fILMES POR MEIO DO MINIMALISMO

um tipo de hobby adotado por designers, que publicam seus trabalhos

na internet. São cartazes que buscam informar com o máximo de sintetização

e o mínimo de elementos gráficos. Filmes são um dos temas preferidos.

O designer brasileiro Pedro Vidotto, morador de Brasília, define suas

obras como pôsteres minimalistas, ou minimal posters, como em seu site

(www.pedrovidotto.com) do tempo em que morou em Londres.

Para compensar o exaustivo trabalho com varejo na agência de pu-

blicidade em que atuava, Vidotto resolveu se dedicar a atividades parale-

las: “Algo que me relaxasse e que, ao mesmo tempo, pudesse de alguma

maneira me engrandecer criativamente”. Foi quando começou com os

pôsteres. “Quando percebi, já havia feito mais de 50.”

“Tentei comunicar uma mensagem com o menor esforço visual pos-

sível. Seja pela ideia principal do filme, seja por um momento-chave ou,

até mesmo, o que chama mais atenção no todo”, explica Vidotto.

É

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Viktor Hertz, designer sueco da cidade de Uppsala, chama seus carta-

zes de pictogram poster, que ele define: “É algo que contém um pictogra-

ma ou dois e nada muito além disso. Da maneira mais simples possível,

tirei tudo que poderia tirar a atenção dos símbolos”.

Para obter esse resultado, Hertz utilizou apenas o preto e branco e a

fonte Helvética, “o que supõe-se ser o mais neutro possível”, esclarece.

Além dos pictogramas, vetores de uso livre são suas matérias-primas. Ele

as “remixa” e as transforma em algo novo. “Geralmente junto um conjun-

to de pictogramas, objetos e formas e os observo por um longo tempo, até

surgir uma ideia. Em geral levo alguns minutos ou horas para terminar

um pôster, mas pode demorar até alguns dias”, diz o designer, que tem

31 pictogram posters criados, alguns dos quais publicados em seu blog

(http://viktorhertz.carbonmade.com).

Apresentado aos trabalhos, o designer Johnny Brito, colaborador da

Yemni, analisa: “As criações dos dois designers podem ser consideradas

minimalistas, embora com propostas diferentes”. Para ele, “o sueco de-

senvolveu uma linguagem própria a partir dos pictogramas de que se

apropria”. E pictograma, lembra, “é a mínima representação gráfica ca-

paz de gerar informação”. Por isso, diz Johnny, “ele usa apenas o preto e

branco”. Brito identifica no trabalho de Vidotto um minimalismo mais

radical. “Tão minimalista, que, na maioria dos casos, você precisa ter

visto o filme para entender o cartaz”.

As criações dos dois designers podem ser consideradas minimalistas, embora com propostas diferentes”.

Johnny Brito, designer da Yemni

Enquanto Viktor hertz utiliza o preto e branco para compor

os carazes, Pedro Vidotto recorre a cores

Posterês de mesmos filmes permitem uma base de comparação

entre os estilos dos dois designers

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xpression

Se quisermos um país melhor, o cinema precisa estar ao alcance de todos.”

le começou pela linha do jornalismo – uma pitada de ficção da realidade – e

rumou para o cinema – a ficção em sua totalidade (e, às vezes, com uma pequena

dose de puro realismo). Esse mix poderia render um conjunto de realidade e sonhos.

E foi o que aconteceu. A realidade é um sonho alcançado.

Luiz Bolognesi é um dos responsáveis pela primeira sala de cinema itinerante do

País, o Cine Tela Brasil, que leva produções nacionais a localidades onde o cinema é

privilégio de poucos. Ou seja, se o público não vai ao cinema, o cinema vai até ele.

Mas Bolognesi foi ainda mais longe. Com uma câmera por perto, várias ideias na

cabeça e o apoio de Laís Bodanzky (veja na página 06), dirige filmes desde 1990, como

o curta “Pedro e o Senhor”, o documentário “Cine Mambembe, o cinema descobre o

Brasil” e a animação “Lutas, o filme”. Também escreveu e montou o roteiro dos longas

“Bicho de sete cabeças” (2001), “O mundo em duas voltas” (2006), “Chega de sauda-

de” (2007), “Terra vermelha” (2008) e “As melhores coisas do mundo” (2010).

São diferentes atividades, mas o objetivo permanece o mesmo: interferir na sociedade

estimulando a educação e a produção audiovisual brasileira em regiões de baixa renda.

Realidade

Luiz Bolognesi, coordenador dos projetos Tela Brasil e cofundador da Buriti filmes

POR PRISCILA SILVA

PARA O CINEASTA LuIz BOLOGNESI, POR MAIS quE O CINEMA SEJA TRANSfORMADOR , O TALENTO ARTÍSTICO é uMA ILuSÃO. A ÚNICA GARANTIA quE TEMOS é O TRABALHO.

E

paralela

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: Você passou do jornalismo ao cinema. O que

levou você a fazer essa opção?

Luiz: Depois de trabalhar alguns anos na área, descobri

que jornalismo é um tipo de ficção. Uma construção da

realidade, geralmente conservadora. Acabei migrando

para a ficção plena. Com mais possibilidades de trans-

formar. Acho que o cinema tem essa vantagem.

Além de fazer cinema, você exibe cinema por meio

do Cine Tela Brasil e ensina cinema nas Oficinas.

Qual a relação entre essas atividades?

O cinema foi transformador em várias fases de minha

vida: infância, adolescência, época da faculdade... E

ainda hoje é assim. Se quisermos um país melhor, o

cinema precisa estar ao alcance de todos. Por isso, me

tornei um militante na área de cinema e educação.

Precisamos de um cinema com sintaxe que exija for-

mas de pensamento e reflexão mais complexas que a

telenovela. Isso é imprescindível para o País. Sem isso,

jamais seremos um país que agrega valor. Limitados ao

pensamento raso da telenovela, nunca vamos deixar de

ser exportadores de matéria-prima. O trabalho de aber-

tura e libertação começa na escola.

Quando vocês criaram a empresa Buriti, fazer, exi-

bir e ensinar cinema faziam parte dos valores da

produtora?

Totalmente. A Buriti surgiu do desejo de fazer filmes

com liberdade. Obras autorais que falassem com o

grande público. O nome Buriti surgiu quando proje-

távamos curtas para comunidades no cerrado do Piauí

e Maranhão, há quinze anos. Os buritizais enfeitavam

a paisagem e aprendemos com os moradores da região

que onde há buritizal existe uma nascente de água. Por

isso, as civilizações indígenas da região viviam dos buri-

tizais. Daí nasceu a Buriti Filmes.

O que move pessoas com talento artístico a agregar

projetos sociais como o Cine e o Oficinas Tela Brasil

a seu dia a dia profissional?

O talento artístico é uma ilusão. O que nós temos ga-

rantido é o trabalho. Todos nós, cidadãos do século 21,

trabalhamos a maior parte do dia, da semana, dos anos

de nossas vidas. Por isso, o trabalho precisa fazer senti-

do. Ou seremos tomados por frustração e melancolia.

O core business da Buriti é cinema, e cinema é uma

ferramenta de poder e transformação. Não quero que

ela fique nas mãos de poucos.

Como é lidar com um projeto social junto à inicia-

tiva privada?

É sensacional por dois motivos. Primeiro, nós do ter-

ceiro setor temos muito a aprender com as empresas

sobre planejamento, organização, metas e aferimento

de resultados. Não precisamos apenas de patrocina-

dores, mas de parceiros realmente envolvidos com os

objetivos culturais e sociais dos projetos. Em segun-

do lugar, o Estado sozinho não é capaz de realizar a

transformação que o País precisa. A iniciativa privada

também deve assumir um papel diante do déficit so-

cial brasileiro.

Como você alia os projetos pessoais com as necessi-

dades dos patrocinadores?

Ouvindo os patrocinadores. Temos de saber o que eles

desejam e do que precisam e entender a cultura de

cada um para que possamos aliar às conquistas dos pro-

jetos a satisfação das empresas patrocinadoras. Caso

contrário, não haverá continuidade. É fundamental

que as empresas entendam e sintam-se motivadas a dar

continuidade a seus projetos de qualidade, em vez de

trocá-los pela primeira novidade. •

Trabalhamos a maior parte do dia, da semana, dos anos de nossas vidas. Por isso, o trabalho precisa fazer sentido.”

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tc...

Receitas e mapas

from Poland

Os irmãos designers Nate Padavick e Salli Swindell são donos do Studio

SSS, localizado em Hudson, Ohio. Num dia de férias, Net estava na

cozinha preparando uma receita, quando Salli começou a desenhar um dos

ingredientes, no caso, figos. Então, pegaram gosto pela coisa e resolveram criar

um livro de culinária ilustrado para parentes e amigos.

O livro não aconteceu, mas a ideia gerou o site They Draw & Cook (www.

theydrawandcook.com), recheado de receitas ilustradas por artistas. E,

percebendo que, como eles, o pessoal gosta de viajar, criaram também o They

Draw & Travel (www.theydrawandtravel.com), uma divertida coleção de mapas

turísticos produzidos por artistas de diversos cantos do planeta.

Na Polônia, produzem-se muitos cartazes

de divulgação de filmes norte-americanos e

europeus. Os designers poloneses de pôsteres

são herdeiros de uma tradição iniciada no

começo do século XX e que teve seu período

áureo entre os anos 1940 e 1960.

Os cartazes são extremamente criativos.

Muitos desses cartazes estão em A Gray

Space Poster Gallery (www.agrayspace.com/

posters). Em Polish Poster Gallery (www.

poster.com.pl/movie-us1.htm) também são

vendidas cópias.Pôster de Leszek zebrowski para o filme O Touro Indomável, de1980

O filme em cartazOs amantes de pôsteres e cinema

encontram um bom lugar para se

divertir em movieposter.com (www.

movieposter.com). O site dessa loja

oferece um enorme acervo: mais de

18 mil cartazes de filmes. A maioria

é cópia, mas há exemplares originais,

inclusive raridades.

Quase todos são de produções norte-

americanas, de filmes B a grandes

sucessos, desde as primeiras décadas do

século passado. Existem coisas muito

interessantes para se observar, como

a mudança no design dos cartazes ao

longo do tempo — veja, por exemplo

os de War of the Worlds (A Guerra dos

Mundos) nas versões de 1953 e 2005. E

as diversas versões do cartaz oficial de

divulgação de um mesmo filme, como

2001, A Space Odissey (2001, Uma

Odisseia no Espaço).

Além dos cartazes há, entre outros itens,

fotos de cenas e de artistas, pôsteres

de música, seriados de TV, turismo e

propaganda antiga.

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Sua marca não vai �car só na primeira impressãoPara a Yemni, a qualidade não termina na

prancheta. E, para que a qualidade esteja

presente do começo ao �m do processo,

criou sua própria unidade grá�ca e uma

rede integrada de fornecedores

gabaritados, o que garante mais agilidade e

controle na produção com menores custos.

Assim, não importa o tamanho das peças

ou a quantidade a ser produzida, o padrão

de qualidade Yemni não vai �car só na

primeira impressão.

C

M

Y

CM

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CY

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