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Boa tarde, vou apresentar o poema “Doces lembranças da passada glória”, de Luís de Camões e a sua respetiva análise. Este poema insere-se na corrente literária Classicismo e faz parte do género lírico. Esta composição poética é um soneto, pois apresenta duas quadras, dois tercetos, versos decassílabos e o último terceto é a conclusão do soneto. O poema obedece ao esquema rimático ABBA/ABBA/CDE/CDE, havendo rima interpolada em A, emparelhada em B e interpolada em C,D, E. O tema deste soneto é a memória de um passado glorioso e a saudade dos tempos que não voltam mais, acabando por sofrer com isso.A lembrança surge referida em apóstrofe: “ Doces lembranças da passada glória”. Visto que as lembranças são de glória, são “doces”. Porém, o destino roubou a felicidade ao sujeito poético, ficando apenas as recordações que não lhe dão descanso e por isso pede para descansar por um momento: “deixai-me repousar em paz ua hora”. O eu poético tem gravado na sua alma um passado glorioso, cuja ocorrência acaba por ser incerta, mas que, tendo ou não ocorrido, representa muito mais do que uma lembrança: “ Impressa tenho n’alma larga história/ deste passado bem que nunca fora;/ ou fora, e não passara; mas já agora em mim não pode haver mais que a memória”.O eu lírico reflete sobre a sua vida presente vivendo-a apenas de

Ze Pedro Oral

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Oralidade 10º ano Camoes

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Page 1: Ze Pedro Oral

Boa tarde, vou apresentar o poema “Doces lembranças da passada glória”, de

Luís de Camões e a sua respetiva análise.

Este poema insere-se na corrente literária Classicismo e faz parte do género

lírico.

Esta composição poética é um soneto, pois apresenta duas quadras, dois tercetos,

versos decassílabos e o último terceto é a conclusão do soneto.

O poema obedece ao esquema rimático ABBA/ABBA/CDE/CDE, havendo rima

interpolada em A, emparelhada em B e interpolada em C,D, E.

O tema deste soneto é a memória de um passado glorioso e a saudade dos

tempos que não voltam mais, acabando por sofrer com isso.A lembrança surge referida

em apóstrofe: “ Doces lembranças da passada glória”. Visto que as lembranças são de

glória, são “doces”.

Porém, o destino roubou a felicidade ao sujeito poético, ficando apenas as

recordações que não lhe dão descanso e por isso pede para descansar por um momento:

“deixai-me repousar em paz ua hora”.

O eu poético tem gravado na sua alma um passado glorioso, cuja ocorrência

acaba por ser incerta, mas que, tendo ou não ocorrido, representa muito mais do que

uma lembrança: “ Impressa tenho n’alma larga história/ deste passado bem que nunca

fora;/ ou fora, e não passara; mas já agora em mim não pode haver mais que a

memória”.O eu lírico reflete sobre a sua vida presente vivendo-a apenas de lembranças,

pois considera-se morto por ter sido esquecido por aqueles que, na sua opinião, o

deveriam recordar.

Para concluir o soneto, o último terceto mostra-nos que o sujeito poético pede

para voltar a nascer para que possa aproveitar melhor o passado, já que o presente se

revelou muito mau.

Para dar mais ênfase à composição poética, o sujeito lírico utiliza vários recursos

expressivos, como:

Apóstrofe: “Doces lembranças da passada glória”, invocando as

lembranças que o passado lhe traz;

Antítese: Com as palavras “vivo” e “mouro” pois são opostas e

mostra o estado de espírito do sujeito poético; também a última estrofe com as

palavras “passado” e “presente” onde ele diferencia os dois tempos;

Hipérbole: “mouro de esquecido”, pois ninguém morre por não se

lembrarem, consistindo, assim, num exagero da realidade.