3
Por uMa educação pública de qualidade! Juventude é sinônimo de resistência. Não é por acaso que, na história do Brasil, os jovens sempre protagonizaram importantes mobilizações sociais, como o enfrentamento à ditadura militar no país e as manifestações em junho de 2013 por direitos. Há gerações a juventude se organiza para desorganizar o status quo e reivindicar suas pautas. Hoje, os/as estudantes secundaristas ocupam suas escolas e avisam aos governantes: não tem arrego! A luta por educação pública, acessível e de qualidade está só começando. Mas por que ocupar? Uma merenda que não vale nem 30 centavos por estudante, infraestrutura das escolas deteriorada, demissão de professores/as e redução no uso dos laboratórios, uma estrutura curricular que pouco contempla a formação crítica… Tudo isso são motivos pelos quais se multiplicam as ocupações das escolas no Ceará. É a luta pelo direito à educação protagonizada pelos/as estudantes. A Constituição Federal de 1988 diz que a educação é um direito de todos e dever do Estado e da família e visa ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. É pela efetivação de um direito previsto constitucionalmente que os/as estudantes estão lutando!

[Zine] Por uma educação pública de qualidade

Embed Size (px)

DESCRIPTION

 

Citation preview

Page 1: [Zine] Por uma educação pública de qualidade

Por uMaeducação

públicade qualidade!

Juventude é sinônimo de resistência. Não é por acaso que, na história

do Brasil, os jovens sempre protagonizaram importantes mobilizações

sociais, como o enfrentamento à ditadura militar no país e as

manifestações em junho de 2013 por direitos. Há gerações a

juventude se organiza para desorganizar o status quo e reivindicar

suas pautas. Hoje, os/as estudantes secundaristas ocupam suas

escolas e avisam aos governantes: não tem arrego! A luta por

educação pública, acessível e de qualidade está só começando.

Mas por que ocupar? Uma merenda que não vale nem 30 centavos

por estudante, infraestrutura das escolas deteriorada, demissão de

professores/as e redução no uso dos laboratórios, uma estrutura

curricular que pouco contempla a formação crítica… Tudo isso são

motivos pelos quais se multiplicam as ocupações das escolas no

Ceará. É a luta pelo direito à educação protagonizada pelos/as

estudantes. A Constituição Federal de 1988 diz que a educação é

um direito de todos e dever do Estado e da família e visa ao pleno

desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da

cidadania e sua qualificação para o trabalho.

É pela efetivação de um direito previsto constitucionalmente que

os/as estudantes estão lutando!

Quais meus direitos quanto à reintegração?

O primeiro direito que você deve ser reivindicar é que não haja nenhuma forma de violência. O despejo forçado é vedado inclusive por tratados internacionais. Ou seja, se a polícia for acionada, ela não pode agir com truculência, nem realizar ações desnecessárias. Ninguém pode ser preso injustificadamente. O mandado de reintegração de posse não pode ser usado pela polícia para prender as pessoas. Portanto, é preciso ficar atento, principalmente em suas mochilas, para que ninguém coloque objetos que possam incriminar você, como armas ou drogas.

E em caso de desocupação forçada?

Nesse casos, é muito importante mobilizar outros estudantes que não estão na ocupação para que possam dar apoio. Além disso, é recomendável acionar apoiadores que possam fazer as articulações com a imprensa, setores de direitos humanos e assessoria jurídica. Mediar a situação para que a polícia não aja de forma violenta é também recomendado. E como se faz isso? Conversando com o oficialde justiça, com os policiais ou mesmo filmando e fotografando as ações para inibira prática de violência.

Quais os limites da polícia na reintegração?

As Nações Unidas, em vários documentos, reconhecem que a desocupação forçada é uma violação grave dos direitos humanos. Nesse sentido, esse tipo de instrumento só deve ser usado em casos excepcionais e dentro dos limites da lei. A reintegração deve, portanto, ser realizada de forma pacífica e respeitando a integridade física dos manifestantes em ocupação.

Pode haver apreensão de objetos pessoais?

Ação de reintegração de posse (desocupação) não abrange a apreensão dos objetos pessoais dos manifestantes. Além disso, como agentes do Estado, os policiais devem ser responsabilizados por qualquer dano material que venham causar aos ocupantes. Uma dica importante é manter uma lista de todos os materiais existentes na ocupação, caso sejam requisitados de volta em uma situação de apreensão ilegal. Em resumo, toda agressão injusta que traga prejuízos aos estudantes possibilita uma ação contra o Estado para o ressarcimento dos estragos causados.

Page 2: [Zine] Por uma educação pública de qualidade

resistirocupar&

A ocupação é um instrumento legítimo de luta pela efetivação de direitos. Muitas vezes, o poder público e a mídia rotulam ocupações como invasões, em uma tentativa de criminalizar o movimento. No entanto, ocupar uma escola é um ato político e coletivo que consiste na entrada e permanência dos estudantes em um colégio para pressionar o governo a realizar investimentos na educação. Ou seja, as ocupações consistem num movimento que questiona políticas públicas adotadas pelo governo e reivindica a efetivação do direito à educação, sem o objetivo de conseguir a posse definitiva dos imóveis!

As ocupações se fundamentam no direito à liberdade de opinião e manifestação, à participação na vida comunitária e política e no direito de organização que todos/as os/as adolescentes e jovens têm! Manifestar-se ocupando as escolas, portanto, é um direito dos/as adolescentes e jovens. Logo, ninguém pode ser reprovado por estar lutando por educação!Se algum dirigente escolar ameaçar um aluno por sua participaçãona ocupação, denuncie. Também é proibido constranger ou tratar grosseiramente os/as estudantes. É preciso que haja negociações entre alunos e gestão sobre o uso dos espaços, a presença ou não da gestão durante a ocupação etc, mas esse diálogo deve sempre ser respeitoso.

Com os direitos vêm também os deveres. Nesse sentido é importante lembrar que os adolescentes podem sim ser responsabilizados pelos seus atos. Portanto, muito cuidado com a escola e tudo que há nela, pois os/as ocupantes passam a ser considerados/as responsáveis pelo patrimônio escolar.

Uma reintegração de posse é uma ordem judicial que determina que a posse de um prédio volte para o proprietário. Sem o mandado judicial escrito e assinado por um juiz e apresentado por um oficial de justiça, ninguém pode determinar a desocupação da escola, seja polícia, direção da escola, porteiro ou a SEDUC.Não necessariamente o nome de cada um dos ocupantes deve estar no mandado judicial, mas o oficial de justiça deve recolher a assinatura de todos os que estiverem presentes e a existência de ação judicial contra a ocupação deve ser amplamente divulgada pela Justiça, inclusive pregando cartazes na região, para que o movimento tenha tempo de se defender na justiça.Conversar com o oficial de justiça explicando o porquê da escola estar ocupada também é uma coisa boa a se fazer e ao mesmo tempo entrar em contato com as entidades de direitos humanos, assessoria jurídica popular, apoiadores e imprensa!

Quais meus direitos quanto à reintegração?

O primeiro direito que você deve ser reivindicar é que não haja nenhuma forma de violência. O despejo forçado é vedado inclusive por tratados internacionais. Ou seja, se a polícia for acionada, ela não pode agir com truculência, nem realizar ações desnecessárias. Ninguém pode ser preso injustificadamente. O mandado de reintegração de posse não pode ser usado pela polícia para prender as pessoas. Portanto, é preciso ficar atento, principalmente em suas mochilas, para que ninguém coloque objetos que possam incriminar você, como armas ou drogas.

o que a polícia pode ou não fazer?

reintegraçãode posse: que é? como pode ser feita?

Depois de consolidada a ocupação, a Polícia só pode entrar na escola em situações de perigo ou em flagrante delito de crime.

Se você é adolescente e a polícia quer te levar para a delegacia, saiba que seus pais ou responsáveis devem ser comunicados imediatamente. Os/as adolescentes que cometem um ato infracional (conduta análoga a um crime) só devem ser levados à delegacia especializada, nas cidade em que houver, e não podem ser transportados em em comportamentos fechados, ou seja, jamais em camburão.

Se não houver ordem judicial, um policial só pode prender alguém em caso de flagrante delito de crime ou de flagrante de ato infracional, então a primeira coisa a perguntar ao policial que quer te prender é: qual é o flagrante? Isso para identificar o crime ou ato infracional que supostamente está motivando a prisão.

O/a policial tem que estar identificado. Veja qual é o número e/ou identificação da/do policial, bem como anote o número da placa da viatura.Se perceber que sua argumentação não está surtindo efeito, não responda às perguntas feitas pelos policiais. Diga que você está ciente de que tem o direitode permanecer em silêncio. Só não pode negar apresentar o documentode identificação.

A polícia não tem o direito de tomar o celular ou câmera de fotos/filmagem. Filmar/fotografar não é crime.

Questionar a abordagem, querer saber qual é a acusação ou filmar a ação policial: nada disso é desacato. Só é desacato a ofensa direta ao policial.

Qualquer revista da policia, em você ou em sua mochila, deve ser feita na sua presença e na de outras pessoas.

Nenhum ato de violência policial é permitido. O/a policial só pode agir de modo a imobilizar a pessoa, o que significa que, se você não oferecer resistência, ele/ela não pode utilizar nenhum grau de força contra você. Se assim o fizer, isso configura abuso de autoridade e o/a policial pode ser responsabilizado/responsabilizada por isso. Se você estiver machucado/a ou mal de saúde, é seu direito exigir atendimento médico imediato. Você tem o direito de ser atendido/a, mesmo antes de ser conduzida à delegacia.

Todos/todas têm direito de levar consigo seus materiais, desde que não sejam substâncias ilícitas ou armas. É direito não ter seus pertences apreendidos. Não porte nada ilegal, como armas e/ou drogas ilícitas, pois isso pode ser motivo para acusá-lo/acusá-la de ato infracional ou de crime.

Na delegacia, se você se sentir coagido/a a assinar algo sem a presença de um/uma advogado/advogada, leia tudo antes de assinar. Se o que estiver escrito não for a realidade, não assine! Além disso, não assine um Boletim de Ocorrência (BO) ou um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) sem a presença do/a advogado/a. Se você foi agredido física ou psicologicamente, exija que isso seja registrado em boletim de ocorrência (B.O).

Se você for agredido/a ou sofrer qualquer violação a seus direitos, tente pegar contato de pessoas que presenciaram a situação e que podem, depois, servir de testemunhas

CONTINUA

E em caso de desocupação forçada?

Nesse casos, é muito importante mobilizar outros estudantes que não estão na ocupação para que possam dar apoio. Além disso, é recomendável acionar apoiadores que possam fazer as articulações com a imprensa, setores de direitos humanos e assessoria jurídica. Mediar a situação para que a polícia não aja de forma violenta é também recomendado. E como se faz isso? Conversando com o oficialde justiça, com os policiais ou mesmo filmando e fotografando as ações para inibira prática de violência.

Quais os limites da polícia na reintegração?

As Nações Unidas, em vários documentos, reconhecem que a desocupação forçada é uma violação grave dos direitos humanos. Nesse sentido, esse tipo de instrumento só deve ser usado em casos excepcionais e dentro dos limites da lei. A reintegração deve, portanto, ser realizada de forma pacífica e respeitando a integridade física dos manifestantes em ocupação.

Pode haver apreensão de objetos pessoais?

Ação de reintegração de posse (desocupação) não abrange a apreensão dos objetos pessoais dos manifestantes. Além disso, como agentes do Estado, os policiais devem ser responsabilizados por qualquer dano material que venham causar aos ocupantes. Uma dica importante é manter uma lista de todos os materiais existentes na ocupação, caso sejam requisitados de volta em uma situação de apreensão ilegal. Em resumo, toda agressão injusta que traga prejuízos aos estudantes possibilita uma ação contra o Estado para o ressarcimento dos estragos causados.

Page 3: [Zine] Por uma educação pública de qualidade

Quais meus direitos quanto à reintegração?

O primeiro direito que você deve ser reivindicar é que não haja nenhuma forma de violência. O despejo forçado é vedado inclusive por tratados internacionais. Ou seja, se a polícia for acionada, ela não pode agir com truculência, nem realizar ações desnecessárias. Ninguém pode ser preso injustificadamente. O mandado de reintegração de posse não pode ser usado pela polícia para prender as pessoas. Portanto, é preciso ficar atento, principalmente em suas mochilas, para que ninguém coloque objetos que possam incriminar você, como armas ou drogas.

E em caso de desocupação forçada?

Nesse casos, é muito importante mobilizar outros estudantes que não estão na ocupação para que possam dar apoio. Além disso, é recomendável acionar apoiadores que possam fazer as articulações com a imprensa, setores de direitos humanos e assessoria jurídica. Mediar a situação para que a polícia não aja de forma violenta é também recomendado. E como se faz isso? Conversando com o oficialde justiça, com os policiais ou mesmo filmando e fotografando as ações para inibira prática de violência.

Quais os limites da polícia na reintegração?

As Nações Unidas, em vários documentos, reconhecem que a desocupação forçada é uma violação grave dos direitos humanos. Nesse sentido, esse tipo de instrumento só deve ser usado em casos excepcionais e dentro dos limites da lei. A reintegração deve, portanto, ser realizada de forma pacífica e respeitando a integridade física dos manifestantes em ocupação.

Pode haver apreensão de objetos pessoais?

Ação de reintegração de posse (desocupação) não abrange a apreensão dos objetos pessoais dos manifestantes. Além disso, como agentes do Estado, os policiais devem ser responsabilizados por qualquer dano material que venham causar aos ocupantes. Uma dica importante é manter uma lista de todos os materiais existentes na ocupação, caso sejam requisitados de volta em uma situação de apreensão ilegal. Em resumo, toda agressão injusta que traga prejuízos aos estudantes possibilita uma ação contra o Estado para o ressarcimento dos estragos causados.

contatosCentro de Apoio Operacional da Infância e Juventude e Educação - CAOPIJEndereço: Rua Monteiro Lobato, 96 – Bairro Fátima 60.411-210 – Fortaleza/CE Telefones: 85 3472-1260 / 85 3452-4538 (Equipes Técnicas)

Núcleo de Defesa dos Direitos da Infância e da Juventude – NADIJEndereço: Av. Des. Floriano Benevides, nº 220, Edson Queiroz Telefones: (85) 3278.4738 / 98616.8181

Escritório Frei Tito de Alencar - EFTAEndereço: Palácio Adauto Bezerra, sede da Assembleia Legislativa do Estado do CearáTelefones: (85) 3277.2687/(85) 3277.2688

Centro de Defesa da Criança e do Adolescente - CEDECAEndereço: Rua Deputado João Lopes, 83, CentroTelefones: (85) 3252.4202

Coletivo Urucum - Direitos Humanos, Comunicação e JustiçaEndereço: Rua Deputado João Lopes, 83, CentroTelefones: (85) 99600.6066

APOIO REALIZAÇÃO