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Zine com algumas das poesias que li no I Sarato, no dia 25/05/2013.
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Foto de alguma obra da Bienal de Arte de São Paulo de 2010
essa poesinha sem agonia vai ser assim, fraquinha
eu podia inventar um problema aqui uma solução ali e não os conciliar
eu podia amar uma mulher e ela não me amar
podia evitar as rimas em -ar podia deixar você sem ar mas aqui a vida anda bem não tenho nada pra dizer meus eu-líricos estão de férias não sobrou nenhum para você
então larga essa poesia e arruma algo produtivo pra fazer
um dia volto a fazer teatro. um dia faço circo. sapateado. balé moderno. um dia vou ser feliz. mas ainda não, que não há tempo.
a menina vê TV e repete a palavra até perder sentido em breve irá repetir o mundo e esperar que faça sentido
que a dor não falte que o trabalho não sirva que o sexo não baste por favor, para que eu viva de arte
epitáfio do século XXI pra ver se a Sandra sai dessa vida
amei demais, trabalhei demais morri muito mais do que devia bem antes do último cais.
água mole em corpo mole tanto bate até que apruma
três horas da manhã um cheiro quente de pão na esquina, a única luz da avenida o trabalho do padeiro menor que a minha solidão
pra Luíza
ela tinha os olhos de ressaca não era Capitu, era cachaça morava no centro da cidade ia e vinha como uma onda sem lua ardia de suor e fumaça ela era só metade gente e a outra não era peixe mas ela cantava, Iemanjá e eu me afogava
um belo dia você não tem mais onde pôr os livros remanejar as estantes espremê-los todos já não é basta nem por milagre eles cabem um belo dia se deixar os amigos viram livros sem lugar
um grama de plumas e um grama de chumbo pesam igual mas o mundo me pesaria menos se esses 52kg que carrego nas costas fossem ódio e não amor
pro Leopardi parece: melhor que viajar é arrumar a mala melhor que o fato é a imaginação melhor que a data é a véspera melhor que o orgasmo é o tesão seja como for, a poesia é melhor que o amor
na vida o começo e o fim são dor ou tédio o percurso talvez seja o remédio
um poeta sem coragem virá um dia dizendo que é bobagem tudo o que escrevia arte não inspira sem esperança vida nova só com um sistema novo as causas justas e as bermudas largas são ambas necessárias mas tudo não passa de um poema que o autor não publicou não é mudança nem amor
quando o próximo poema? quando o próximo passo? ainda não ainda não abra pro tempo mais um pouco de espaço
Amanda Bruno