ANAIS DE
ARTIGOS SUBMETIDOS AO
SICTEC
EXPERIENCE 2016
ISSN 2358-8446
Sistemas de armazenamento de energia cinética
Luciano Barbosa da Silva
Faculdades Ponta Grossa Discente do Curso de Graduação em Engenharia Elétrica
MSc. Ismael Burgardt Faculdades Ponta Grossa
Docente do Curso de Engenharia Elétrica [email protected]
RESUMO O presente trabalho tem o objetivo de estudar mecanismos capazes de armazenar energia, geradas em determinados processos e disponibilizar quando se desejar realizar algum trabalho. Mais especificamente, objetivou-se no estudo do contexto teórico do desenvolvimento do Flyweel no qual à aplicação de novas tecnologias vem contribuindo para realização de tal objetivo. O Flyweel consiste em uma roda capaz de armazenar energia cinética, através de altas rotações. Este dispositivo tem sido utilizado na mecânica desde a revolução industrial nas máquinas a vapor. A metodologia utilizada foi de cunho bibliográfico, com base em artigos científicos publicados que abrange o tema, disponibilizados na internet. Conclui-se que com o desenvolvimento de novas tecnologias, tem possibilitado desenvolvimento do sistema de armazenamento de energia cinética para uso no campo da eletricidade. Assunto este que tem gerando grande interesse do autor do trabalho. Palavras-chave: energia cinética; armazenamento de energia; novas tecnologias. ABSTRACT
This work aims to study mechanisms capable of storing energy generated in certain processes and available when you want to do some work. Specifically aimed at the study of the theoretical context of the development of Flyweel in which the application of new technologies has contributed to achieving this goal. The Flyweel consists of a wheel capable of storing kinetic energy through high revs. This device has been used in mechanics since the industrial revolution in steam engines. The methodology used was bibliographical nature, based on published scientific articles covering the subject, available on the internet. It follows that the development of new technologies has enabled the development of the kinetic energy storage system for use in the field of electricity. Subject this has generated great interest of the author. Keywords: kinetic energy; energy storage; new technologies.
1 INTRODUÇÃO
Com a escassez dos combustíveis fósseis, questões ambientais e até mesmo
econômicas, tem feito o homem buscar por meios alternativos para reutilizar a energia
desperdiçada em determinados processos. Este assunto tem despertado o interesse de
pesquisadores de diversas áreas no âmbito de desenvolver dispositivos capazes de tal
façanha.
Durante as frenagens dos veículos, o sistema de frenagem gera grandes cargas de
energia, porém desperdiçada na forma de calor. Com isto, o assunto tem gerado o
interesse das empresas na busca de formas alternativas de armazenar esta energia para
ser reutilizada na aceleração dos veículos, contudo isto não é uma tarefa fácil.
Com as tecnologias utilizadas atualmente para armazenamento de energia na
forma de eletricidade, exige o emprego de grandes baterias, entretanto este tipo de
mecanismo tem peso elevado e vida útil muito curta, o que acaba tendo um baixo custo-
benefício. Contudo, com os avanços da ciência, tem possibilitado o desenvolvimento de
novos materiais e tecnologias, o que tem gerado grandes expectativas no
desenvolvimento Flyweel para uso na engenharia elétrica.
O Flyweel também conhecidos como sistemas de armazenamento de energia
cinética (SAEC), são equipamentos que possui no seu interior um rotor girando em alta
rotação, capaz de armazenar a energia cinética e devolver na forma de potência. O
estudo da utilização deste dispositivo, também vem crescendo nas indústrias dos mais
diversos segmentos, devido à possibilidade de ser utilizado como filtros de distúrbios
elétricos. O assunto tem sido objeto de estudo de grandes empresas, principalmente as
que desenvolvem novas tecnologias como a National Aeronautics and Space
Administration (NASA).
Outro setor que tem grande interesse no desenvolvimento deste tipo de tecnologia
é o setor de transporte dos mais diversos meios, terrestre, naval e aeroespacial existem
estudos para a aplicação deste tipo de equipamento.
Este tipo de dispositivo vem sendo utilizada desde a revolução industrial, nas
máquinas a vapor, que possuíam grandes rodas capazes de armazenar de energia
cinética e manter a rotação das máquinas constantes.
2 OBJETIVO
Realizar o estudo do sistema de armazenar a energia através do sistema e
armazenamento de energia cinética (SAEC). Analisar suas vantagens e desvantagens
perante as tecnologias existentes para suprir as oscilações de energia no ramo industrial.
3 REVISÃO DE LITERATURA
A área militar é uma das que mais tem contribuído para o desenvolvimento de
novas tecnologias, como a internet, que foi um aprimoramento do sistema de
comunicação militar dos EUA, o Global Positioning System (GPS) e até mesmo na
medicina com o desenvolvimento de novos medicamentos como a penicilina e antibióticos
(RIBEIRO, 2008). O desenvolvimento do SAEC, não poderia ficar de fora, o estudo tem
voltado para a utilização do Flyweel em carros de combates, navios, aeronaves e de
suporte aos novos equipamentos bélicos. Para os novos navios, a indústria naval
americana tem estudado a aplicação do SAEC para a substituição dos sistemas de
hidráulicos, pneumáticas e vapor. Nos aeródromos (porta aviões), o Electromagnetic
Aircraft Launch System (SMAELS), vem sendo estudado para a substituição dos sistemas
de catapultagem das aeronaves (RIBEIRO, EL-MANN, SOLETO, STEPHAN, ROLIM,
NETO 2010). Os estudos apontam que este sistema reduzirá o peso, o espaço e
aumentará à capacidade dos lançadores das aeronaves. Outro aspecto positivo deste
equipamento é em reduzir os custos com a manutenção e operação (NETO, ROLIM,
ANDRADE, FERREIA, SOTELO 2008).
Outro segmento que tem realizado diversas pesquisas sobre o uso do SAEC, é
indústria aeroespacial, o SAEC visualizado na figura 1, vem sendo estudado na
substituição dos bancos de baterias, principalmente pela NASA. Inicialmente os
pesquisadores desenvolveram o SAEC, para ser utilizado na estação espacial, por gerar
uma demanda de energia, até 3 vezes superior que as baterias convencionais. Com o
êxito da sua utilização, o baixo peso e a vida útil ser muito superior ao das baterias
convencionais, passou-se a ser estudado na substituição das baterias dos satélites. Desta
forma os painéis solares dos satélites, fornecem energia para o satélite e carrega o
SAEC, enquanto os painéis estivessem recebendo a luz do sol. Quando o satélite
entrasse na sobra da terra, o sistema SAEC fornece energia até que os painéis voltem a
receber a luz do sol. Para o uso em espaçonaves, o sistema gerou um problema, devido
ao efeito giroscópio, que é a resistência de um corpo inalterar a sua posição, quando
submetido a altas rotações. Para isto, seria necessário desenvolver um sistema que
girasse ao contrário para anular o efeito do giroscópio (EL-MANN, 2009).
Figura 1 - SAEC desenvolvido pela NASA
Fonte: NASA, 2013
Nas empresas de transporte público, o estudo do SAEC é voltado para o sistema
de acionamento de ônibus, trens, carros e diversos outros veículos que transporte. Nos
trens elétricos, o sistema tem sido estudado para estabilizar a tensão de acionamento dos
motores elétricos DC. A tensão do barramento que alimenta os trens elétricos,
normalmente sobrem com afundamentos e picos de tensões ocasionadas pela aceleração
e frenagem dos trens. Estes distúrbios podem ocasionar variações na velocidade dos
trens, caso esta tensão ultrapasse os 5% de tolerância, gerando um desconforto aos
passageiros durante o movimento dos trens (DAOUD, KHALIK, ELSEROUGI, MASSOUD
2013). O Flyweel Energy Storage Kinetic Traction System (FESS) é instalado em paralelo
ao sistema elétrico de acionamento dos motores, estabilizando a tensão e garantindo a
suavização do movimento dos trens, como mostra na figura 2.
Figura 2 – Modelagem de instalação do Flyweel
Fonte: DAOUD, KHALIK, ELSEROUGI, MASSOUD 2013
O SAEC, também teve grande destaque na Formula 1, quando a escuderia
Willians utilizou em 2009 pela primeira vez nos carros, sob o nome de Kinetic Energy
Recorvering System (KERS), como mostra a figura 3. Este dispositivo é capaz de
armazenar a energia gerada durante as frenagem dos carro e disponibilizar durante as
acelerações. Com isto os carro ganhavam cerca de 10% de potência nas acelerações. O
KERS era capaz de gerar 60kW de energia, isto significa que os pilotos poderiam utilizar
81,5 cv a mais de potência durante 6,7 segundos, o que possibilitava as ultrapassagens
(EL-MANN, 2009).
Figura 2: Sistema KERS utilizada na Formula 1
Fonte: WILLIANS F1, 2009
Nas áreas industriais, o SAEC tem sido desenvolvido para serem empregados
como filtros dos distúrbios elétricos das redes elétricas industriais, para garantir a
qualidade da energia elétrica (QEE). Com o alto nível de automatização das indústrias, os
equipamentos eletroeletrônicos se tornaram muitos sensíveis aos distúrbios elétricos.
Estes distúrbios podem ser variações de tensão de curta duração, interrupção da tensão,
tensões transitórias entre outras que podem ocasionar interrupção dos processos
industriais e consequentemente perdas financeiras para as empresas (EL-MANN, 2009).
Para amenizar estes efeitos, são instalados compensadores ou Uniterrupt Power Supply
(UPS), acoplados aos barramentos elétricos, porem, as UPS convencionais necessitam
retirar energia ativa do próprio barramento para fazer a compensação (NETO, ROLIM,
ANDRADE, FERREIA, SOTELO 2008). O SAEC vem sendo estudado para a substituição
destas UPS, desta forma o mesmo é acoplado a rede elétrica através dos conversores. A
energia elétrica da rede aciona o Flyweel, através de um motor/gerador no qual
transforma a energia elétrica em energia cinética, carregando o Flyweel, como mostra a
figura 4.
Figura 4 – SAEC acoplado a rede elétrica
Fonte: RIBEIRO, EL-MANN, SOLETO, STEPHAN, ROLIM, NETO 2010
Quando ocorre algum distúrbio na rede elétrica, como um afundamento de
tensão, o Flyweel compensa este oscilação, fornecendo a energia necessária para a
carga. “A energia cinética armazenada no Flyweel é proporcional ao momento da inercia
(J) e ao quadrado da velocidade angular (w)” (RIBEIRO, EL-MANN, SOLETO, STEPHAN,
ROLIM, NETO 2010), podendo ser definida pela equação.
Pela análise da formula, percebe-se que quanto maior a velocidade angular, maior
será a capacidade de armazenamento de energia cinética, fato este que tem feito o
Flyweel, rodar em altíssimas rotações. Por outro lado, quanto maior a rotação do Flyweel,
maior a possibilidades de surgir problemas, como: o atrito das parte mecânicas ocasionar
perdas energéticas, aumento das perdas magnéticas devido a frequência das correntes
do estator. Entretanto, estas perdas podem ser reduzidas com o emprego de materiais
específicos como fibra de vidro e carbono, mancais magnéticos os quais reduzem o atrito
(RIBEIRO, EL-MANN, SOLETO, STEPHAN, ROLIM, NETO 2010).
Nas empresas onde se produz a própria energia através de termoelétricas, a
utilização do SAEC tem demonstrado uma redução de 75% nas emissões dos gases,
principalmente o CO2 em comparação com as UPS a base de baterias, oque garante que
a empresa tem uma baixa pegada de carbono (DAR, 2012). Outro ponto positivo em
relação ao meio ambiente, estudos demostram que além do carbono, também tem
reduzido o descarte das baterias utilizadas nas UPS convencionais. “Como resultado
deste sistema inovador, os custos de energia irá ser reduzida consideravelmente, ou seja,
a cerca de 60% em comparação com o custo da geração total de si” (DAR, 2012).
4 MATERIAL E MÉTODOS
O método utilizado foi um estudo puramente teórico com base nas publicações
científicas sobre o tema, onde se buscou informações para o desenvolvimento do SAEC
através do Flyweel. O estudo preocupou-se principalmente em destacar as áreas onde
pode ser utilizado o sistema, as suas vantagens, desvantagens e as dificuldades para o
seu desenvolvimento.
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
O desenvolvimento do Flyweel pode ser dividido e três gerações. A 1° Geração, foi
durante a Revolução Industrial, no qual as máquinas a vapor utilizavam de grandes rodas
capazes de armazenar enérgica cinética, que equalizava a rotação das máquinas a vapor,
como mostra na figura 3. Este sistema era puramente mecânico e utilizado até os dias
atuais nos motores de combustão, onde são chamados de volantes (RIBEIRO, 2008).
Figura 3 - Utilização do Flyweel na revolução industrial
Fonte: RIBEIRO, 2008
A 2º Geração do Flyweel se deu por volta da década de 40 e 50 onde foram
realizados vários estudo para a instalação de um SAEC nos ônibus da época, no qual foi
chamado de Flybuss. O sistema foi acoplado na caixa de transmissão do ônibus, no qual
era acionado quando acionava o sistema de frenagem, acumulando energia cinética. Ao
acelerar novamente os ônibus, o sistema revertia a energia acumulada para a
transmissão ajudando na propulsão dos ônibus. Entretanto, este sistema não teve muito
êxito na época por questões de segurança, devido às altas rotações dos Flyweel e os
materiais empregados serem muito pesados, o mesmo gerava grandes atritos,
deteriorando o material e danificado os componentes (TECMUNDO, 2012).
Nos dias atuais, com a utilização de novas tecnologias e materiais, foi possível
avançar com no desenvolvimento do Flyweel, o qual se caracteriza como a 3° Geração.
Grandes empresas como a NASA, Escuderia Willians, Ricardo UK, Caterpillar, já
demonstraram que a utilização de fibra de carbono, para a confecção da roda e a câmara
a vácuo, é um dos caminhos para o desenvolvimento. A Ricardo UK, desenvolveu um
SAEC capaz de atingir a rotação de 60 mil RPM, com um disco de 300 mm de diâmetro, a
velocidade tangencial pode chegar a 3 vezes a velocidade do som. Isto só foi possível
devido o sistema girar no vácuo e ser acoplado com o meio externo por magnetismo. Este
mecanismo possibilitou a geração de grandes cargas com baixa potência de
carregamento (RIBEIRO, 2009).
Outras empresas como a Cartepillar, têm investido no desenvolvimento do
Flyweel para funcionarem como Uniterrupter Power Supply (UPS), um sistema capazes
de absorver os distúrbios elétricos da rede elétrica, garantindo a QEE, assim visualizado
na figura 5. Segundo a Caterpillar, este sistema trabalha acima dos 97% de eficiência
podendo atingir a potência 120 kVA, sendo muito superior as UPS convencionais
(CATERPILLAR).
Figura 5 - UPS desenvolvida pela Nemotek
Fonte: NEMOTEK, 2016
6 CONCLUSÃO
Apesar do Flyweel possuir uma certa fragilidade aos choques mecânicos, com o
emprego de novos materiais tem possibilitado o desenvolvimento do SAEC, para ser
utilizado nas mais diversas áreas. Na área de transporte, o SAEC vem contribuindo na
redução dos gases que causam o efeito estufa através da redução do consumo de
combustível. A utilização do Flyweel como UPS nas indústrias, tem apresentado bons
resultados e eficiência muito superior as UPS convencionais, o que têm contribuído para
que as empresas atinjam os objetivos de redução da pegada do carbono. Os resultados
da utilização do Flyweel tem demostrado que este tipo de tecnologia, é a tecnologia do
futuro, devido a possibilidade da redução do consumo de energia, seja ela elétrica ou
fóssil através do reaproveitamento da energia.
REFERÊNCIAS CATERPILLAR. Uniterupter power supply. Disponível em: http://www.cat.com/en_US/products/new/power-systems/electric-power-generation/ups-flywheel.html. Acesso em: 08 out. 2016. NATIONAL AERONAUTICS AND SPACE ADMINISTRATION - NASA. Glenn research center. Disponível em: https://technology.grc.nasa.gov/. Acesso em: 15 out 2016. NEMOTEK. Armazenamento de energia elétrica. Disponível em: http://www.nemotek.pt/index.php/pt/articles/ups-dinamica-armazenamento-de-energia-cinetica/active-power-flywheel-cleansource-technology. Acesso em: 09 out. 2016. EL-MANN M. Sistema de armazenamento de energia cinética – SAEC. 99p. Tese de Mestrado em Engenharia Elétrica. Universidade Federal. Disponível em: http://www.pee.ufrj.br/teses/textocompleto/2009092403.pdf. Acesso em: 20 set. 2016 NETO, ROLIM, ANDRADE, FERREIA, SOTELO. Compensador dinâmico de afundamento de tensão com armazenamento cinético de energia. 6p. Seminário Nacional de Produção e Transmissão de energia Elétrica. Artigo de Engenharia Elétrica – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro – RJ. 2010. Disponível em: http://www.cgti.org.br/publicacoes/wp-content/uploads/2016/01/. Acesso em: 14 out 2016. RIBEIRO. M. R. Sistema armazenador de energia cinética – SAEC estratégia de controle e simulações. 157p. Tese de Mestrado em Engenharia Elétrica. Universidade Federal do Rio de Janeiro. 2008. Disponível em: http://www.pee.ufrj.br/teses/textocompleto/2008112801.pdf. Acesso em: 14 out 2016. RIBEIRO, EL-MANN, SOLETO, STEPHAN, ROLIM, NETO. Sistema de armazenamento de energia cinética – SAEC – Simulações e Implementação Experimental. 7p. Artigo apresentado no 23° Congresso Nacional de Transporte Aquaviário, construção Naval e Offshore. Universidade Federal do Rio de Janeiro. 2010. Disponível em: http://www.ipinamericas.org/sites/ba_viejo/Artigos-congresso23-Sobena/SOBENA2010-10.pdf. Acesso em 15 out 2016. TECMUNDO. Flyweel - tecnologia do passado para os carros do futuro. Disponível em: http://www.tecmundo.com.br/carro/26228-flywheel-tecnologia-do-passado-para-os-carros-do-futuro.htm. Acesso em: 15 out. 2016.
REDE CORPORATIVA E DE AUTOMAÇÃO DE SUBESTAÇÃO
MORO,L.C. E- mail: [email protected]; HILGEMBERG, E. E- mail: [email protected];
BATISTA, E. L. E- mail:[email protected]; RIBEIRO, R. E- mail: [email protected]
RESUMO: Projeto aplicado à sistemas de automação relacionados a operação de subestações de uma fábrica de papel e celulose e Instalação de Rede Corporativa da mesma. A planta possui cinco prédios, sendo uma matriz com escritório central e quatro filiais onde encontram-se as fábricas com suas subestações. O prédio central contará com centro de operação, sala de reuniões, sala de treinamentos e escritórios administrativos. As fábricas, em relação ao processo de operação de subestações, contarão com sala de operação local e pátio contendo os equipamentos de manobra e transformação, junto com todos os demais equipamentos necessários a comunicação e automação. A viabilidade do projeto baseia-se em um sistema seguro e inteligente, utilizando equipamentos modernos dentro da rede de comunicação e automação. O cliente poderá operar, monitorar e controlar em tempo real e de forma remota todos os equipamentos das quatro subestações das fábricas, além de contar com toda a infraestrutura necessária no prédio matriz central para parte administrativa, de negócios e treinamentos dos seus funcionários e também estender estes treinamentos para funcionários de outras empresas do mesmo ramo de atividade. Palavras-chave: Automação, subestação, redes, comunicação.
1. INTRODUÇÃO O presente projeto tem por finalidade a instalação de duas redes distintas dentro da
empresa. Sendo a primeira uma rede de automação dos equipamentos de subestação
das quatro fábricas de papel. Serão feitos monitoramentos das grandezas elétricas e
mecânicas dos equipamentos de manobra e transformação, como controle dos estados e
comandos de forma remota, possibilitando a operação em tempo real dos equipamentos.
O cliente ganhará em praticidade, economia,, tecnologia e segurança de seus
funcionários com a rede de automação. Já a segunda rede será corporativa, com a
finalidade de execução de trabalhos administrativos, logística, treinamentos, entre outros.
A rede de automação poderá ser acessada pela internet por meio de uso de
senhas e acesso restrito a alguns usuários. Somente poderão ser acessados os estados
dos equipamentos, não sendo possíveis comandos, visando assim a segurança da
instalação.
Os funcionários, clientes e demais usuários terão acessos a rede internet por cabos
de rede e por pontos de acesso nos escritórios e dependências da empresa, também com
o uso de senhas de liberação.
2. MATERIAIS E MÉTODOS
2.1 Requisitos de design (de negócio e técnicos)
Em todas as plantas o processo terá monitoramento das grandezas elétricas, de
estados e comandos por meio de automação.
De maneira geral a comunicação do processo até as sala de comando local será
por fibra óptica, dentro das salas será atendida por cabos de par trançado e a
comunicação com a antena será por meio de cabos coaxiais, já a comunicação entre as
antenas será por ondas de rádio.
O presente projeto foi elaborado utilizando equipamentos ativos de rede interagindo
diretamente no processo, instalados em painéis juntamente com acessórios periféricos
como fonte de alimentação, interfaces, modens ópticos em todas as plantas.
Cada planta possui sala de comando contemplando dois ativos de rede de controle,
sendo um principal e outro de redundância, comutadora serial, switch óptico e de rede,
modens ópticos e de comunicação, ramal telefônico, impressora multifuncional e antena
de transmissão.
O prédio central dispõe de métodos de controle e acesso remoto das plantas e
demais áreas administrativas anexas e inseridas no processo. No local estão distribuídos
os ativos e dispositivos de interconexão numa sala de comunicação, na sala de operação
dois computadores de interface ligados em rede, ramal telefônico, impressora
multifuncional. O acesso poderá ser feito por internet somente com liberação por senha,
limitado aos usuários cadastrados, gerenciados por firewall servidor. Ainda atende salas
de treinamentos, sala de reuniões, departamento administrativo.
2.2 Projeto lógico
Elaborado através de software Microsoft Visio 2007, conforme padrões do
cabeamento estruturado respeitando modelo OSI e ABNT 14565: 2007.
Contemplados no projeto cerca de 600 ativos de rede, ex: Tablets, computadores
Desktop, Notebook, Celulares, Pda’s, Telefones IP, sistema PABX com ramais,
servidores, etc.
Utilizado dispositivos de interconexão de redes, ex: Roteadores, Modem , Switch’s,
Hub’s, Repetidores, Conversores de Fibra, Pontes etc..
O projeto se dividirá da seguinte forma, pátio externo com equipamentos de
manobra, transformação e monitoramento por câmeras; sala de comando local e centro
de operação remota; departamento administrativo, centro de treinamento, sala de reunião.
2.2.1 Pátio externo:
Instalação contendo três disjuntores de alta tensão (34,5 kV), oito seccionadoras
tripolares motorizadas (34,5 kV), dois transformadores trifásicos com potência de 5/7 MVA
(34,5 kV / 220 V).
Instalação de oito UAC (unidade de aquisição e controle) distribuídas entre os
equipamentos.
Cada UAC terá as seguintes funções:
UAC 1- Supervisão disjuntor entrada TF1, Disjuntor de saída TF1, TP entrada TF1
e TP saída TF1.
UAC 2- Supervisão TC entrada TF1, TC saída TF1, Nº TAP TF1 e temperaturas.
UAC 3 – Supervisão Proteção 63 TF1, proteção 71 TF1, proteção 87 TF1 e
proteção 86 TF1.
UAC 4 – Supervisão sistema incêndio TF1, disjuntor de interligação e sistema de
monitoramento por câmeras.
UAC 5 - Supervisão disjuntor entrada TF2, Disjuntor de saída TF2, TP entrada TF2
e TP saída TF2.
UAC 6 - Supervisão TC entrada TF2, TC saída TF2, Nº TAP TF2 e temperaturas.
UAC 7 - Supervisão Proteção 63 TF2, proteção 71 TF2, proteção 87 TF2 e
proteção 86 TF2.
UAC 8 - Supervisão sistema incêndio TF2.
2.2.2 Sala de comando local:
Receberá e enviará dados para as UAC´s por meio de fibra óptica.
A comunicação se dará a partir do recebimento dos dados convertidos em sinais
elétricos por oito modens ópticos. Deles saíram cabos seriais que serão conectados aos
dois distribuidores ópticos que tem por finalidade concentrar várias remotas (UAC) em um
único canal de comunicação serial. De cada um dos distribuidores ópticos sairão dois
cabos seriais que serão conectados em cada uma das duas UCC´s (Unidade central de
controle).
As UCC´s estarão ligadas em rede ethernet de 100 Mbps, sendo a UCC1 a
primária e a UCC2 a secundária. Quando a UCC1 falhar ou em caso de manutenção da
mesma, a UCC2 entrará automaticamente. Dando continuidade ao processo, de cada
uma das UCC´s sairá um cabo serial até a comutadora serial, que terá como função
selecionar uma das duas. Dela partirá até o modem de comunicação, que converterá os
dados em ondas de rádio que serão transmitidas por uma antena externa.
2.2.3 Centro de operação remota:
Recebe e envia dados às quatro salas de comando local através de antena de
comunicação externa. Logo após a antena conecta-se a quatro modens de comunicação
por meio de cabos coaxiais, indo para o rack contendo quatro comutadores seriais, sendo
conectadas às duas Front End (UCC-Unidade Central de Controle).
A função das Front End é a interface de comunicação entre as IHM´S da sala de
operação e as UCC´S das quatro salas de comando local. A Front End 1 é a principal e a
Fron End 2 é a secundária.
Estas estarão conectadas a um switch juntamente com as duas IHM´S, que tem
por função a interface humana e máquina possibilitando a operação de modo mais
simples utilizando um software SCADA para supervisão e controle da operação. Também
estão conectados os telefones de IP, impressora multifuncional e um servidor de internet,
com a função de conexão e visualização externa do processo por meio da rede de
internet, também conectado ao switch está um PABX, responsável pelos ramais da sala
de operação, salas e escritórios administrativos e salas de comando locais.
2.2.4 Departamento administrativo:
Instalação contendo vários equipamentos ativos de redes e pontos de
interconexões divididos por seções de engenharia, manutenção, PCP, recursos humanos,
logística, suprimentos, almoxarifado e TI. A comunicação se dá por meio de internet
através de modem e switch e Access Point.
2.2.5 Centro de Treinamento:
Instalação destinada a treinamento através de simulações de operação e controle
em ambiente virtual através de computadores e vídeo-conferência. A comunicação se dá
por meio de internet através de modem e switch e Access Point.
2.2.6 Sala de reunião:
Ambiente destinado a reunião de pessoas, podendo ser presencial, ou vídeo-
conferência. A comunicação se dá por meio de internet através de modem e switch e
Access Point.
2.3 Projeto Físico
Destacadas algumas definições dos componentes utilizados no projeto:
IHM – Micro computador utilizado para uso dos operadores com software
supervisório instalado.
UAC – Unidade de aquisição e controle – Computador industrial com finalidade de
comunicação, controle e comando dos equipamentos do processo.
UCC – Unidade central e controle – computador industrial com finalidade de
comunicação, controle e comando das UAC´S.
DNP V3.0 – Protocolo de comunicação utilizado no processo de automação.
MODBUS - Protocolo de comunicação utilizado no processo de automação.
TCP – Protocolo de comunicação utilizado para dados de internet e intranet.
Placa Multi-Serial- Comunicação com várias UCC´S e UAC´S.
Fibras Ópticas – Empregadas em sistemas de comunicação devido as vantagens
em relação aos cabos elétricos.
Modem Óptico – Transforma o sinal elétrico digital em sinal óptico para que o
mesmo possa ser transportado através de fibra óptica.
Distribuidor Óptico - Concentra várias UCC`s num único canal de comunicação
serial.
Comutador Serial – Seleciona qual UCC será conectado ao canal de comunicação
por vez.
Modem de Comunicação – Adapta o sinal digital que chega e sai da UCC, para que
o mesmo possa trafegar através de um canal analógico (carrier, rádio).
Switch 10/100 Mbps – Utilizado para conectar UCC´s em rede.
Modem – Codifica e decodifica os sinais transmitidos e enviados.
Access point – Ponto de acesso para internet sem fio.
PABX – Sistema de gerenciamento da rede de telefonia.
Figura 01 – Escritório Central Remoto
Figura 02 – Departamento Administrativo
Figura 03 – Centros de Treinamento 1, 2, 3 e 4
Figura 04 – Sala de Reunião
Figura 05 – Salas de Comandos Locais 1, 2, 3 e 4
Figura 06 – Pátio Equipamentos Fábricas 1, 2, 3 e 4
Figura 07 – Detalhe da UAC
Figura 08 – Detalhe da UCC
3. RESULTADO E DISCUSSÃO
A implantação do projeto trouxe inúmeros benefícios a empresa, com relação ao
processo e sua operação e a rede corporativa. A operação remota oferece maior
confiabilidade do sistema, com monitoramentos em tempo real dos estados dos
equipamentos e segurança dos colaboradores, que não necessitam estar junto dos
equipamentos para operá-los. A rede corporativa utiliza-se de uma excelente
infraestrutura de rede, com equipamentos bem dimensionados, possibilitando o acesso da
internet e intranet com qualidade, segurança e rapidez.
Foram realizados ensaios funcionais de todos os equipamentos da rede, os quais
interagiram e funcionaram de forma satisfatória.
Com base em pesquisas relacionadas ao processo de automação e controle
remoto, verificou-se que houve um ganho significativo no quesito velocidade e precisão
nas informações e reações de controle e comando dos equipamentos operados à
distância, trazendo maior segurança e praticidade nas operações de equipamentos.
3.1 Plano de Implementação
O projeto foi implementado em dez dias, contados desde a aprovação do projeto
pelo cliente e legalização perante aos órgãos competentes, além da chegada dos
equipamentos após encomenda por pedido aos fornecedores. Sendo que as descrições
das atividades dos dias foram as seguintes:
1º dia – Aquisição dos equipamentos nas lojas dos fornecedores.
2º dia – Reunião com os técnicos responsáveis pela instalação e os Engenheiros
Eletricistas responsáveis pelo projeto e implantação. Início da instalação dos
equipamentos no prédio central.
3º dia – Instalação dos equipamentos no prédio central e realização de ensaios
funcionais ( Sala de Comando Remoto e Salas Administrativas ).
4º dia – Instalação dos equipamentos da planta 1 ( Pátio e Sala de Comando Local
da Subestação ).
5º dia – Instalação dos equipamentos da planta 2 ( Pátio e Sala de Comando Local
da Subestação ).
6º dia – Instalação dos equipamentos da planta 3 ( Pátio e Sala de Comando Local
da Subestação ).
7º dia – Instalação dos equipamentos da planta 4 ( Pátio e Sala de Comando Local
da Subestação ).
8º dia – Finalização da instalação com realização de ensaios funcionais gerais
integrados em todos equipamentos da empresa e conferência da instalação física
e lógica com o projeto.
9º dia – Entrega do projeto e instalação ao cliente.
10º dia – Churrasco de confraternização de toda equipe do projeto e instalação
com cliente e seus funcionários. Despesas estas por conta da empresa de
Projetos e Soluções em Engenharia Moro & Batista.
3.2 Orçamento
Por meio da planilha a seguir, segue os equipamentos da instalação, assim como seus respectivos valores, e o valor total juntamente com a mão de obra.
Tabela 01
4. CONCLUSÃO
Levando em conta a competividade e a busca por excelência em qualidade dos
equipamentos instalados, o cliente terá um bom retorno sobre o investimento feito, pois
contará com o mais moderno sistema de automação e rede corporativa elaborados para
empresas. Poderá oferecer treinamentos focados na área de ramo de operação e
manutenção de subestações, contando com instalação supervisionada remota e ainda
poderá contar com simuladores nos seus centros de treinamentos, podendo realizá-los e
estendê-los para outras empresas do ramo.
Viabilizou a operação remota através de ativos de redes e dispositivos de
interconexão com a otimização de espaço e recursos, tanto humanos como materiais.
5. REFERÊNCIAS
COPEL/DGC/STI – Superintendência de Tecnologia da Informação. SASE – Sistema de Automação de Subestações. Topologia: Manual de Configuração e Referência. Curitiba, Abril de 2004.
COPEL/DTCT/ENGT – Superintendência de Transmissão. FUNSIAUT – Funcionamento do Sistema de Automação. Curitiba, Maio de 2005.
Notas de aula – Faculdades Ponta Grossa. Software Visio 2007 – Dimensionamento de Projetos de Redes de Computadores e Telecomunicações. Ponta Grossa, Junho de 2016.
REGULADORES DE TENSÃO
MORO,L.C. E- mail: [email protected]; HILGEMBERG, E. E- mail: [email protected];
BATISTA, E. L. E- mail:[email protected]; WAZEN, R.N. E- mail: [email protected]
RESUMO:
O presente trabalho tem o objetivo de apresentar a definição,
características, modelos, funcionamento, operação e manutenção
dos Reguladores de Tensão. Um regulador de tensão é um
autotransformador no qual os enrolamentos primários e secundários
são acoplados tanto magnético como eletricamente. Os reguladores
de tensão tem a grande vantagem em relação aos transformadores
convencionais, pois oferecem uma boa regulação, custo mais barato
e podem ser retirados de operação sem interromper a energia.
Ficando os TF mais restritos para aplicações maiores e mais
especiais, justificando sua utilização em subestações e redes de
distribuição de energia.
Palavras-chave: Reguladores de Tensão, Subestações, Sistema Elétrico de Potência, manutenção, operação.
1. INTRODUÇÃO O presente trabalho tem o objetivo de apresentar a definição, características,
modelos, funcionamento, operação e manutenção dos Reguladores de Tensão. Um
regulador de tensão é um autotransformador no qual os enrolamentos primários e secundários
são acoplados tanto magnético como eletricamente. No trabalho será justificado seu uso em
sistemas de distribuição de energia, devido a boa relação custo/benefício e facilidade de operação
e manutenção.
2. MATERIAIS E MÉTODOS
2.1 Partes, Componentes e Acessórios
Buchas
Existem buchas de entrada (SOURCE indicadas pela letra S), de saída (LOAD
indicadas pela letra L) e buchas comuns indicadas pelas letras S/L.
Figura 01
Termômetro de topo de óleo
Sua finalidade é indicar a temperatura do óleo na parte alta do tanque.
Seu funcionamento baseia-se no aquecimento de um termopar por meio indireto. A
corrente é fornecida a uma resistência através do secundário de um transformador de
corrente (TC).
Figura 02
Indicador de nível de óleo
Sua finalidade é indicar nível de óleo por meio de uma esfera imersa no óleo do
regulador.
Figura 03
Tampa
Alguns modelos possuem tampas onde se localizam as buchas, o indicador de
posição e a tampa de inspeção.
Figura 04
Tanque
É o componente que dá forma ao corpo do regulador. Nele estão localizados:
-termômetro de topo de óleo;
-Indicador de demanda ;
-Indicador do nível de óleo;
-conectores de aterramento com radiadores ou não dependendo da potência;
- tubo para circulação de ar.
Figura 05
Indicador de posição
Sua finalidade é indicar o tap em que se encontra o regulador.
Figura 06
Caixa de controle eletrônico
Sua finalidade é suportar e resguardar o controle eletrônico.
Figura 07
Figura 08
Indicadores de TAPs
O display ou o indicador analógico indica o TAP em que se encontra o regulador de
tensão.
O regulador de tensão possui 16 posições para elevar e 16 posições para abaixar,
sendo que as posições para abaixar recebem um sinal negativo na frente do algarismo
indicador no indicador com display e no indicador analógico é representado por L ( lower )
indicando diminuição da tensão e R ( raise ) indicando aumento da tensão de saída.
Os valores "máximos" e "mínimos" atingidos são armazenados em memória que
podem ser visualizados através da chave máximo e mínimo e para apagar basta
pressionar a botoeira “reset”.
Figura 09
2.2 Funcionamento
A tensão de saída no regulador de tensão pode ser aumentada ou diminuída em
passos de 10%, porém este estágio na aplicação prática é muito grande. Um repentino
aumento na tensão, na ordem de 10%, poderia causar efeitos adversos. Uma boa
regulagem pode ser obtida pela ligação dos enrolamentos série com aumentos menores.
O enrolamento série é dividido em 8 partes iguais, obtendo assim oito degraus de 1
1/4 %. A posição ponte, adicional entre cada degrau, eleva o total para 16 degraus de 5/8
% cada um.
Figura 10
Quando introduzimos uma chave que inverterá a polaridade do enrolamento série,
o regulador de tensão pode tanto abaixar como aumentar a tensão de saída. Isso se fará
nos mesmos 16 degraus de 5/8 %, dando um total de 32 degraus, cobrindo uma faixa de
regulação de tensão de ± 10%.
Figura 11
Quando introduzimos o enrolamento de equalização, que são enrolamentos no
núcleo principal do regulador de tensão, com aproximadamente a metade do número
de espiras de uma seção de derivação. Para não curto-circuitar as espiras do
enrolamento, reduz a tensão de ruptura durante as comutações, aumentando assim a
vida dos contatos da chave comutadora.
Figura 12
A função do controle eletrônico é baseada em informações dos elementos:
transformador de potencial, compensador de queda na linha, sensor de tensão e
temporizador. Esses são os componentes que irão determinar quando o motor do
mecanismo de acionamento irá acionar o CDC para aumentar ou diminuir a tensão no
secundário do autotransformador.
O transformador de potencial fornece ao controle um sinal proporcional à tensão da
linha. Esse sinal é modificado pelos ajustes do compensador de queda na linha que são
feitos para minimizar as oscilações de tensão sob condições de variação de carga. O
sensor de tensão sinaliza quando a tensão ultrapassa uma faixa pré-ajustada. O
temporizador sente o tempo que a tensão permanece dentro e fora da faixa. Após a
tensão permanecer fora da faixa por um tempo pré-ajustado, um sinal é enviado ao motor
do CDC a fim de corrigir à tensão.
Figura 13
O motor do CDC continua a mudar as derivações, corrigindo a tensão na linha, até
que a entrada para o sensor de tensão esteja novamente dentro da largura de faixa. O
tempo de operação do mecanismo de acionamento dependerá do tipo de acionamento,
pois para os acionamentos a mola o tempo
de operação é maior (aproximadamente 6 segundos) e para os com acionamento direto
(aproximadamente 2 segundos).
3. RESULTADO E DISCUSSÃO
Como resultados foram avaliados os critérios para manutenção, levando em conta
todos os dados e características levantadas anteriormente.
Critérios para execução de manutenção:
• Pelo número de comutações acumuladas;
• Por tempo definido.
Tabela 01
4. CONCLUSÃO
Os reguladores de tensão tem a grande vantagem em relação aos transformadores
convencionais, pois oferecem uma boa regulação, custo mais barato e podem ser
retirados de operação sem interromper a energia. Ficando os TF mais restritos para
aplicações maiores e mais especiais.
REFERÊNCIAS
AJUZ, Ary D’ et al. Equipamentos Elétricos: especificação e aplicação em subestações de alta tensão. Rio de Janeiro: Furnas, 1985. 300p. MAMEDE, João Mamede. Manual de Equipamentos Elétricos. 4.ed.Rio de Janeiro: LTC,2013.669p. PICUSSA, Vicente; BOHM,Ernest Andjelko. Curso TESE Copel.Curitiba: UniCopel,1998.104p.
Técnicas De Reforço Para Estruturas
Submetidas A Recalque
Ronaldo Adriano Gelinski Lisboa
Janaina Stadler
Everson Luiz Mendes
Faculdades Ponta Grossa
Acadêmico do Curso de Engenharia Civil
MSc. Darcy Caetano Mariano
Faculdades Ponta Grossa
Professor do Curso de Engenharia Civil
RESUMO As fundações estão sujeitas a esforços que podem exceder os limites previstos em projeto e com isso gerar recalques que por vezes podem ser comprometedores a toda estrutura. Por meio de levantamento bibliográfico que trata de recalques e de reforço de fundações, buscou-se apresentar algumas patologias apresentadas devido ao processo de recalque e também a utilização de estacas do tipo Raiz e Mega como possíveis soluções para estabilização e correção de recalques.
Palavras-chave: Características Dos Solos, Recalque, Reforço de fundações.
ABSTRACT Foundations are subject to stresses that may exceed the limits in design and thus generate repressions that can sometimes be compromising the entire structure. Through literature that deals with settlements and strengthening of foundations, sought to present some pathologies presented due to the settlement process and also the use of root and type Mega stakes as possible solutions for stabilization and repressions correction.
Keywords: Characteristics of Soils, Repression, reinforcement of foundations.
1. INTRODUÇÃO
A construção civil atualmente conta com o desenvolvimento de várias edificações de
grande porte, dentre as quais se encontram os edifícios que atingem alturas cada vez
maiores.
As técnicas utilizadas em cada edificação diferem-se umas das outras em função das
características que o solo apresenta para cada caso bem como em função das
características da obra.
O que é de fato muito claro, é que em alguns casos as fundações desempenham sua
função conforme prevê a norma e o projeto e em outros casos esse desempenho acaba
sendo inferior do que o esperado, como é o caso dos prédios de Santos que devido
efeitos de recalques diferenciais apresentam grandes desaprumos.
Ao longo do tempo, vários estudos e técnicas de execução de fundações tiveram que
ser desenvolvidos com o objetivo de minimizar possíveis patologias tais como fissuras,
trincas, desaprumos em edificações e em casos extremos o colapso e também técnicas
para correções de problemas decorrentes do mau desempenho das fundações.
Portanto, entende-se que para elaboração de um projeto de fundações, faz-se
necessário uma avaliação prévia das condições apresentadas pelo solo no que diz
respeito à capacidade de carga destes quando submetidos aos esforços provenientes de
edificações.
E como as fundações não ficam visíveis assim como a estrutura de uma edificação,
torna-se fundamental que o projetista da fundação tenha conhecimento teórico para
definir o tipo de fundação adequada a cada situação bem como cumprir com os
formalismos definidos por norma para que a fundação desempenhe sua função com
qualidade.
Diante do exposto, o objetivo do trabalho é relatar algumas das manifestações
patológicas decorrentes do processo de recalques das fundações bem como apresentar
algumas técnicas utilizadas para correção e estabilidades de recalques.
2. REVISÃO DA LITERATURA
2.1. Propriedades e Tipos De Solos
Antes de iniciar uma construção é comum que se faça uma sondagem do terreno
com objetivo de obter informações a respeito do mesmo. Segundo o Manual do Sondador
(2013), a sondagem é um tipo de investigação feita para saber algumas características
apresentadas pelo solo dentre as quais estão o tipo de solo existe em um terreno, a sua
resistência, a espessura das camadas, a fundura do nível de água e até mesmo a fundura
onde está a rocha.
Os tipos de sondagens existentes são muitos e cada técnica destina-se a um tipo de
solo e também ao tipo de obra que será executada. Podemos encontrar diferentes tipos
de solos. Solo é todo material que pode ser escavado manualmente. O contrário disso é
rocha, ou seja, rocha é todo material que precisa de explosivos ou máquinas especiais
para a sua escavação. (Manual do Sondador, 2013).
Uma das formas de identificar o solo é pelo tamanho dos grãos encontrados numa
amostra, chamada de análise granulométrica. De acordo com Caputo (2008), temos para
pedregulhos o conjunto de partículas cujas dimensões encontram-se entre 76 e 4,8 mm,
já as partículas compreendidas entre 4,8 e 0,05mm classificadas como areia, o silte as
partículas que estão na faixa de 0,05 e 0,005mm e por fim classificam-se como argila
aquelas partículas inferiores a 0,005mm.
A classificação dos solos denominada classificação trilinear é feita a partir das
porcentagens dos constituintes principais, a qual pode ser realizada com a utilização do
diagrama trilinear conforme figura 1.
Figura 1: Diagrama Trilinear
2.2. Recalques
Segundo Hachich, W. (1998), um projeto de fundações deve atender alguns requisitos
que são básicos para que ocorra o desempenho adequado os quais destacamos:
Deformações aceitáveis sob condições de trabalho;
Segurança adequada ao colapso de fundação (estabilidade externa);
Segurança adequada ao colapso dos elementos estruturais (estabilidade interna).
O cumprimento desses requisitos por sua vez corresponde à verificação dos estados
limites estabelecidos pela norma NBR8681/84 a qual traz como estados limites últimos
àqueles associados com colapsos parciais ou totais de uma obra, já os estados limites de
serviço estão relacionados com deformações, fissuras etc.
É importante salientar que manifestações patológicas decorrentes do mau desempenho
das fundações podem além de comprometer a segurança da estrutura, gerar transtornos
judiciais as construtoras e responsáveis técnicos pela edificação. Portanto é necessário
que exista uma forma diminuir esses incidentes fazendo uma análise e controle seja de
campo ou laboratório para que esta interação entre o elemento conhecido que neste caso
refere-se às estacas e o elemento desconhecido que é o maciço de solo seja entendida
da melhor forma possível.
No que diz respeito à interação da estrutura com solo, algumas situações evidenciam-se
imediatamente a concepção da obra e outras podem ocorrer ao longo do tempo, um
desses problemas são os chamados recalques.
Segundo Caputo (2008), os recalques são problemas fundamentais na engenharia de
fundações e podem ser divididos em três tipos, devido a cargas estáticas:
Recalques por deformação elástica são predominantes em solos não coesivos, acontece
imediatamente à aplicação de cargas.
Fonte: (CAPUTO, 2008, p22)
Recalques por escoamento lateral originam-se de um deslocamento das partículas do
solo das zonas mais carregadas para as menos solicitadas.
Recalques por adensamento em geral ocorrem em solos do tipo argilosos no qual a água
é expulsa dos vazios do solo. Ocorrem lentamente devido ao baixo coeficiente de
permeabilidade do solo.
2.3. Previsão de recalques
Para elaboração de um projeto de fundações do tipo superficiais, um dos fatores mais
importantes é a tensão admissível do solo, a qual dependerá das características do solo.
Segundo a NBR 6122/2010 os fatores a serem considerados são:
Características geomecânicas do solo;
Profundidade da fundação;
Dimensões e formas do elemento de fundação;
Influência do lençol d’água;
Eventual alterações das características do solo devido agentes externos;
Características ou peculiaridades da obra;
Sobrecargas externas;
Inclinação da carga;
Inclinação do terreno;
Estratigrafia do terreno.
Para tensões iguais ou menores que a admissível, os recalques provocados são aqueles
que a edificação por suportar, ou seja, que oferecem um coeficiente de segurança
satisfatório tanto para o elemento estrutural como também para que o solo mantenha
suas condições no que diz respeito à ruptura e escoamento.
A determinação de recalques de uma obra apresenta grande importância, pois, tais
medidas constituem uma forma de controle.
Segundo a NBR6122/2010, o desempenho das fundações é verificado através de pelo
menos o monitoramento dos recalques na estrutura, sendo obrigatório em alguns casos
como:
Estruturas nas quais a carga variável é significativa em relação à carga total,
tais como silos e reservatórios;
Estruturas com mais de 60m de altura do térreo até a laje de cobertura do
último piso habitável;
Relação altura/largura superior a quatro;
Fundações ou estruturas não convencionais.
A norma 6122/2010 também prevê o monitoramento de grandezas tais como
deslocamentos horizontais, tensões, integridade e desaprumos, devendo estas medidas
serem comparadas com as previsões de projeto.
A previsão de recalque pode ser obtida por diversas maneiras, segundo Magalhães
(2005) a teoria da elasticidade é um dos métodos mais empregados.
A fórmula de Schleicher permite estimar o recalque usando a teoria da Elasticidade para
diferentes formas de áreas carregadas. No caso de uma superfície retangular, flexível
temos:
𝑟 =𝑝𝐵(1−𝜇2)
𝐸𝐼
O fator de influência I depende da forma da área carregada conforme quadro 1.
Forma da área
carregada
Fator de influência I
Centro Vértice Valor médio
Quadrada 1,12 0,56
Retangular L/B=2 1,52 0,76 1,30
L/B=5 2,10 1,05 1,83
L/B=10 2,54 1,27 2,20
Circular (usando
D em vez de B) 1,0
0,64
(borda) 0,85
Tabela 1: Adaptado de Caputo, 2008.
2.4. Reforço de estruturas submetidas a recalque
O comprometimento da fundação no que diz respeito a sua capacidade de carga pode
acontecer por diversos fatores, levando a danos estruturais, arquitetônicos ou funcionais.
Como forma de intervir no sistema solo-fundação-estrutura está os reforços de fundações
cujo objetivo é modificar e adequar o desempenho às necessidades da edificação. O tipo
de reforço a ser escolhido depende além das informações obtidas no diagnóstico, de
condicionantes técnicos e econômicos. GOTLIEB (1998) apresenta diferentes tipos de
reforços destacamos aqui as estacas raiz e estacas tipo mega.
Estacas tipo Mega também conhecidas como estacas prensadas ou de reação, são
constituídas por elementos de concreto pré-moldados ou de aço, ligados entre si por uma
emenda especial. Por meio de um macaco hidráulico, que reage contra uma estrutura, a
qual pode ser a própria estrutura a ser reforçada ou bloco de transferência construída
para esse fim, as estacas são cravadas no terreno.
Usualmente as estacas tipo mega são cravadas continuamente até uma carga igual a
uma vez e meia vezes a carga de trabalho. Esse processo de cravação é interrompido
devido limitações existentes, como a altura do cilindro do macaco hidráulico e o tamanho
do elemento de concreto ou aço a ser cravado.
Quando isso ocorre, é necessário o alívio de carga do macaco, a retirada do cilindro e a
colocação de calços (apoios de madeira) para ocupar o espaço vazio. Esses calços
permitem que, ao recolocar o macaco, o mesmo possa reagir contra a estrutura,
prensando a estaca contra o terreno. Até haver espaço suficiente para ser colocado outro
segmento.
Por fim, é feito o calçamento, entre o topo do último segmento cravado e a estrutura da
edificação, que consiste em colocar, geralmente, uma viga pré-moldada ou metálica sobre
a estaca, acionar um macaco de calçamento e colocar as cunhas sob pressão. Depois da
retirada deste macaco de calçamento a estaca estará submetida a essa carga, que foi
aplicada. Isto minimiza, ao máximo, a possibilidade de novos recalques nos locais de
cravação.00
Figura 2: Estacas mega
Fonte: (HACHICH, 1998)
As estacas do tipo Raiz foram originalmente utilizadas na Itália para contenção de
encostas. Posteriormente, foram utilizadas em reforços de fundações e, em seguida,
como fundações normais (VELLOSO e LOPES, 2010).
O processo executivo das estacas-raiz, segundo descreve Velloso e Lopes (2010),
constitui primeiramente a perfuração do furo, utilizando um tubo rotativo. A perfuração é
auxiliada por circulação de água ou por lama bentonítica, que permite a colocação do tubo
de revestimento até a ponta da estaca. Terminada a perfuração, é introduzida a armadura
de aço e feita a concretagem, por meio de um tubo a argamassa de areia e cimento é
bombeada até a ponta da estaca. Á medida em que é feita a concretagem, o tubo é
retirado e são dados golpes de ar comprimido que adensam a argamassa e promovem o
contato com o solo.
De acordo com Velloso e Lopes (2010) essas estacas possuem algumas particularidades
que as diferenciam das demais. E são elas:
Não produzem choques nem vibrações;
Podem ser executadas através de obstáculos, como peças de concreto ou blocos
de rocha;
Possibilidade de trabalho em ambientes restritos, devido aos equipamentos que
são, geralmente, de pequeno porte;
Podem ser executadas tanto na vertical como em qualquer inclinação;
Figura 3: Estaca Raiz
Fonte: (HACHICH, 1998)
3. Conclusão
O recalque apresentado pelo solo quando submetido a um carregamento depende de
vários fatores e dependendo da intensidade que o processo ocorre, este pode ou não
afetar a estrutura. A forma como tal efeito será tratado depende de um estudo e análise
de várias características que levaram a tal condição, a escolha do método para correção
ou estabilização do processo de recalque acontecerá a partir deste estudo prévio e
também dos condicionantes técnicos e financeiros. Dentre diferentes as técnicas
utilizadas, destacam-se as estacas Mega e Raiz que apresentam características
favoráveis a sua utilização como o fato de poderem ser executadas em ambientes
restritos, não apresentarem vibrações o que em locais que possuem edificações vizinhas
é um fator relevante.
Referências
CAPUTO, H.P. Mecânica dos solos e suas aplicações, volume 1 – 6.ed., ver. e ampl., 6
reimpr. – Rio de Janeiro: LTC,2008.
MAGALHAES, P. H. L. (2005) Avaliação dos Métodos de Capacidade de Carga e
Recalque de Estacas Hélice Contínua via Provas de Carga. Dissertação de Mestrado,
Publicação G. DM-141/05, Departamento de Engenharia Civil e Ambiental, Universidade
de Brasília, Brasília, DF, 243p.
VELLOSO, D. A., LOPES, F. R. Fundações, volume 2: Fundações Profundas – Nova ed.
– São Paulo: Oficina de Textos, 2010.
GOTLIEB, M. “Reforço de fundações convencionais” - Art.12.A, pág.471 a 482, da
obra “Fundações – Teoria e prática” – ABMS/ABEF – Ed. Pini, São Paulo, 1998.
Análise dos efeitos causados por distúrbios da energia elétrica em um sistema elétrico industrial
Luciano Barbosa da Silva
Faculdades Ponta Grossa Discente do Curso de Graduação em Engenharia Elétrica
Esp. Bianca Brekailo Silveira Nunes Faculdades Ponta Grossa
Docente do Curso de Engenharia Elétrica [email protected]
RESUMO O presente trabalho tem como objetivo identificar os tipos de perturbações elétricas presentes na rede elétrica industrial de uma empresa da região. Com os avanços tecnológicos, o crescimento de equipamentos sensíveis às oscilações de energia elétrica, tem sido um assunto de grande interesse para as empresas consumidoras. Fato este que as perturbações elétricas são uma das maiores causas das interrupções dos processos industriais, gerando grandes prejuízos para as empresas. Estes fenômenos tem aumentado devido o crescimento da utilização de cargas não-lineares, como fontes chaveadas entre outros equipamentos geradores de pulsos eletromagnéticos. Para o desenvolvimento desta pesquisa, utilizaram-se várias ferramentas de qualidade como PDCA, 5W1H
para direcionamento e organização das informações. Com base em trabalhos científicos que abordam o tema, é possível determinar a complexidade dos distúrbios elétricos e a necessidade dos estudos a fim de reduzir os impactos causados. Palavras-chave: rede elétrica; perturbações elétricas; oscilações de energia.
ABSTRACT This study aims to identify the types of electrical disturbances present in the industrial electrical network of a company in the region. With technological advances, the growth of sensitive equipment to power fluctuations, has been a subject of great interest to the consumer companies. A fact that electrical disturbances are a main cause of interruptions of industrial processes, generating huge losses for businesses. These phenomena have increased due to the increased use of non-linear loads such as switching power supplies and other equipment generating electromagnetic pulses. For the development of this research, we used various quality tools such as PDCA, 5W1H for direction and organization of information. Based on scientific studies on the topic, you can determine the complexity of electrical disturbances and the need for studies to reduce these impacts. Keywords: electric grid; electrical disturbances; power surges.
1 INTRODUÇÃO
Desde o início dos estudos sobre a energia elétrica tem sido um assunto que gera
muita discussão no meio científico, tanto é que a energia elétrica é considerada uma das
maiores descobertas realizadas pelo homem. Sendo considerada uma das principais
fontes de energia, a eletricidade é que vem contribuindo com os avanços tecnológicos,
principalmente nas indústrias. A energia elétrica pode ser definida, como a capacidade de
trabalho de uma corrente elétrica. Entretanto, com os avanços tecnológicos e o aumento
dos equipamentos eletroeletrônicos nas indústrias, a qualidade da energia elétrica (QEE),
vem sendo discutido por diversas empresas, tanto para as geradoras quanto as
consumidoras e as fornecedoras de equipamentos. A QEE esta relacionada com o
formato da onda de tensão desejada, puramente senoidal, em magnitude e frequência
constante. Normalmente os problemas relacionados à QEE, são detectados quando os
equipamentos conectados a rede elétrica, deixam de funcionar como deveriam. Estes
equipamentos podem sofrer superaquecimento, queima de componentes
eletroeletrônicos, falha em processamento dos sinais dos controladores, redução da vida
útil, enfim uma infinidade de ocorrências inesperadas que geram interrupção dos
processos industriais.
Segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), órgão que fiscaliza o
fornecimento de energia elétrica, determina que a frequência e durações das oscilações
em relação aos níveis de tensões em regime permanente, que devem ser observadas
pelas concessionárias. Para isto a ANEEL criou os Procedimentos de Distribuição de
Energia Elétrica no Sistema Elétrico Nacional (PRODIST), sendo os requisitos para a
qualidade do produto e serviços. O PRODIST são documentos elaborados pela ANEEL
em parceria com entidades do setor elétrico nacional, com a responsabilidade de regular
e padronizar as atividades relacionadas ao funcionamento dos sistemas elétricos, a fim de
garantir que os sistemas elétricos operem com segurança, eficiência, qualidade e
confiabilidade.
2 OBJETIVO
O objetivo principal deste estudo, é analisar o sistema elétrico de uma empresa da
região, a fim de identificar os tipos de distúrbios presente que estão gerando interrupções
indesejadas do processo. Com isto, identificar os equipamentos subdimensionados e
desajustados que estão influenciando as paradas das máquinas. Também identificar os
componentes com maior potencial de geração de distúrbios e propor ações de correção
que amenizam estes efeitos.
3 REVISÃO DE LITERATURA
De acordo com a norma do Instituto de Engenheiros Eletricistas e Eletrônicos
(IEEE) Std. 1159-2009, a QEE se refere aos fenômenos eletromagnéticos que interferem
na forma da onda senoidal da tensão e corrente num determinado momento, como mostra
a figura 1. Estes fenômenos vêm aumentando, devido o crescimento da utilização de
equipamentos de cargas não lineares, fontes chaveadas, entre outros dispositivos
geradores de pulsos eletromagnéticos. Por outro lado, quanto maior tecnologia é aplicada
nos equipamentos, mais estão suscetíveis as falhas, fato este que faz o assunto ter
chamado a atenção de vários pesquisadores. (FERREIRA, 2010).
Figura 1 - Formas de onda senoidal com interferência eletromagnética.
Fonte: ROSENTINO, GONDIM, BERNARDES (2002)
Segundo a norma IEEE Std. 1159-2009, os fenômenos eletromagnéticos, são
classificados em diferentes grupos, como mostrado no quadro 1.
Quadro 1 - Características típicas de fenômenos causados por distúrbios elétricos.
Categoria Conteúdo
Espectral Típico
Duração Típica Magnitude da
Tensão Típica
1 Transitório
1.1 Impulsivo
1.1.1 Nanossegundo 5 ns de subida < 50 ns
1.1.2 Microssegundo 1 μs de subida 50 ns – 1 ms
1.1.3 Milissegundo 0,1 ms de subida > 1 ms
1.2 Oscilatório
1.2.1 Baixa Freqüência < 5 kHz 0,3 – 50 ms 0 – 4 pu
1.2.2 Média Frequência 5 – 500 kHz 20 μs 0 – 8 pu
1.2.3 Alta Frequência 0,5 – 5 MHz 5 μs 0 – 4 pu
2 Variações de Curta Duração
2.1 Interrupção Instantânea
2.2 Subtensão 0,5 – 30 ciclos 0,1 – 0,9 pu
2.3 Sobretensão 0,5 – 30 ciclos 1,1 – 1,8 pu
2.4 Momentânea
2.4.1 Interrupção 0,5 ciclos – 3 s < 0,1 pu
2.4.2 Subtensão 30 ciclos – 3 s 0,1 – 0,9 pu
2.4.3 Sobretensão 30 ciclos – 3 s 1,1 – 1,4 pu
2.5 Temporária
2.5.1 Interrupção 3 s – 1 min < 0,1 pu
2.5.2 Subtensão 3 s – 1 min 0,1 – 0,9 pu
2.5.3 Sobretensão 3 s – 1 min 1,1 – 1,2 pu
3 Variações de Longa Duração
3.1 Interrupções, sustentadas > 1 min 0 pu
3.2 Subtensão > 1 min
3.3 Sobretensão > 1 min
4 Desbalanceamento de Tensão Regime Permanente 0,5 – 2 %
5 Distorções na Forma de Onda
5.1 Nível DC Regime Permanente 0 – 0,1 %
5.2 Harmônicas Regime Permanente 0 – 20 %
5.3 inter-harmônicas Regime Permanente 0 – 2 %
5.4 Impulso Regime Permanente
5.5 Ruído Regime Permanente 0 – 1 %
6 Flutuação de Tensão Intermitente 0,1 – 7%
7 Variações na Frequência < 10 s
Fonte: IEEE Std. 1159-1995
3.1 TRANSITÓRIOS
Os efeitos transitórios, são eventos momentâneos e indesejáveis que ocorrem no
sistema elétrico, abaixo de 0,1 ms. Pode ser definido como uma onda transitória de
tensão, corrente ou potência em circuitos eletrônicos. Normalmente são ocasionados por
chaveamentos de grandes cargas, alimentação de transformadores, descargas
atmosféricas entre outros. Os distúrbios transitórios são subdivididos em duas categorias:
impulsivos e oscilatórios (SARMANHO, 2005).
3.1.1 TRANSITÓRIO IMPULSIVO
O transitório impulsivo é um tipo de variação repentina permanente na onda
senoidal, como visto na figura 2, com características de pulsos unidirecionais.
Normalmente são ocasionados pelas descargas atmosféricas. (LIMA, 2013).
Figura 2 – Onda Senoidal com Transitório Impulsivo
Fonte: FERREIRA, 2010.
3.1.2 Transitório Oscilatório
Já o efeito transitório oscilatório, se da pela variação da tensão, podendo alterar a
polaridade da onda, como pode ser visualizado figura 3. Os efeitos transitórios oscilatórios
são oriundos de desligamento de grandes cargas, chaveamentos de transformadores ou
bancos de capacitores (LIMA, 2013).
Figura 3 - Exemplos de transitórios oscilatórios na forma de onda da tensão.
Fonte: FERREIRA, 2010.
3.2 VARIAÇÕES DE CURTA DURAÇÃO
As variações de curta duração podem ser entendidas como instantâneas, este tipo
de variação normalmente é causado por falhas durante a energização de grandes cargas,
que necessitam de corrente elevada na partida ou por mau contato na conexão entre a
carga e a rede elétrica. Este tipo de variação pode ser ocasionado por três tipos de
distúrbios, interrupção do fornecimento de energia, a sobretensões, também conhecidas
como “swell” e as subtensões ou “sag” (SARMANHO, 2005).
3.2.1 Interrupção Instantânea
É considerada uma interrupção de energia, de curta duração, quando a tensão
diminui para menos de 0,1 pu por um tempo inferior a 1 minuto. Na figura 4, pode-se
constatar que a tensão atingiu 0V por um tempo inferior 1 segundo. As interrupções
normalmente ocorrem após subtensões e geralmente são ocasionadas por falha no
sistema de distribuição (FERREIRA, 2010).
Figura 4 - Exemplo de interrupção Instantânea
Fonte: FERREIRA, 2010
3.2.2 Subtensões ou Afundamentos de tensão
As subtensões ou afundamento de tensão, como visto na figura 5, geralmente
estão associadas a uma falha no sistema elétrico, podendo ser uma consequência do
chaveamento de cargas elevadas ou partida de grandes motores. “O afundamento da
tensão, tem sido considerado uma das principais fontes de interrupção dos processos
industriais” (MENEZES, 2007). Outra falha possível é a alimentação de circuitos em
paralelo, que pode ocasionar a queda de tensão nos barramentos das subestações.
Figura 5 - Gráfico de Tensão x Tempo - Afundamento de Tensão
Fonte: MENEZES, 2007
3.2.3 Sobretensões Momentâneas
As sobretensões momentâneas também conhecidas como surto de tensão, pode
ser definida como um pico momentâneo da tensão de 1,1 a 1,8 pu, com duração inferior a
um minuto. Assim como a subtensão, a sobretensão também esta associado a uma falha
do sistema, porem menos comum. As sobretensões, normalmente são caracterizadas
pela magnitude e duração da falha, e depende do local, da impedância e do aterramento,
podendo a tensão de fase ser até 1,73 pu (SARMANHO, 2005)
3.3 VARIAÇÕES DE LONGA DURAÇÃO
As variações de longa duração são caracterizadas por um desvio da tensão por um
período superior a um minuto, podendo ser uma interrupção, subtensão ou sobretensão
(LIMA, 2013).
3.3.1 Interrupções Sustentadas
Caracteriza uma interrupção sustentada quando o fornecimento da energia elétrica
permanece interrupta em um intervalo de tempo for superior a um minuto. Este tipo de
ocorrência, normalmente necessita de intervenção manual para restauração do sistema,
pois dependendo do local, requer uma inspeção na rede. Normalmente as causas podem
ser um curto circuito na rede, queda de árvores ou abertura de chaves. (SARMANHO,
2005).
3.3.2 Subtensões de longa duração
As subtensões, são características inversas as sobretensões, podem ser geradas
pelo desligamento de banco de capacitores ou ligamento de grandes cargas até que os
equipamentos de regulação de tensão atuarem, estabilizando a rede elétrica. Sistemas
elétricos mal projetados, ou sobrecarregados são os mais suscetíveis às sobtensões
(FERREIRA, 2010).
3.3.3 Sobretensões de longa duração
As sobre tensões de longas durações, normalmente estão atreladas ao
desligamento de cargas, sendo o sistema fraco na capacidade de regular a tensão. As
configurações incorretas, também podem resultar em sobretensões (SARMANHO, 2005).
3.4 DESBALANCEAMANTO DE TENSÃO
Este fenômeno é dado pela razão entre o desvio máximo e a média dos valores de
tensão ou corrente nas três fases, como mostra na figura 6. O desbalanceamento das
fases, se da pelo desbalanceamento das cargas conectadas a rede elétrica (SARMANHO,
2005).
Figura 6 – Desbalanceamento de Tensão
Fonte: SARMANHO, 2005
3.5 DISTORÇÕES NA FORMA DE ONDA
As distorções na forma de onda são caracterizadas pelos desvios da onda senoidal
em regime permanente, sendo caracterizada pelo espectro da onda senoidal. As
distorções na forma de onde podem ser caracterizado por cinco tipos: nível de DC,
harmônicas, inter-hamôrnicas, impulsos e ruídos (FERREIRA, 2010).
3.5.1 Nível DC
Estão presentes na onda senoidal ocasionadas por dispositivos instalados na rede
elétrica que retificam a onda senoidal, da tensão CA, fazendo surgir níveis de tensões CC.
Normalmente este tipo de distúrbios é encontrado em cargas não lineares (FERREIRA,
2010).
5.5.2 Harmônicas
As Harmônicas são caracterizadas por tensões ou correntes senoidais onde as
frequências são múltiplas inteiras da frequência original do sistema de fornecimento de
energia. Estas harmônicas ao combinarem com a tensão ou com a corrente produzem
distorções na forma de onda (SARMANHO, 2005).
3.5.3 Inter-harmônicas
Ao contrário dos distúrbios harmônicos, os Inter-harmônicos são caracterizados por
tensões ou correntes senoidais onde as frequências não são múltiplas inteiras da
frequência original. Apesar das distorções inter-harmônicas não serem bem conhecidos,
este tipo podem ser encontradas em todas as redes de energia, podendo surgir como um
espectro na onda ou como frequência discreta (FERREIRA, 2010)
3.5.4 Impulsos
Os impulsos são distúrbios elétricos ocasionados por dispositivos eletrônicos.
Durante a operação normal, dos dispositivos de comutação da corrente, ocorre um corte
na onda senoidal. Este tipo de distúrbios geralmente ocorre entre um transitório e a
distorção harmônica (FERREIRA, 2010).
3.5.5 Ruídos
Os ruídos são sinais elétricos indesejados que sobrepõem a corrente ou tensão na
rede elétrica. Os ruídos geralmente são gerados por circuitos de controle eletrônicos de
potência, fontes chaveadas entre outros que possuem cargas não lineares (SARMANHO,
2005).
3.6 FLUTUAÇÃO DE TENSÃO
A flutuação de tensão são variações da tensão que não exceda os limites de 0,95 e
1,05 p.u. Este tipo de distúrbio é gerado por cargas não lineares e podem ser observado
quando a iluminação apresenta um pequeno decaimento da luminosidade, por exemplo:
quando o micro-ondas esta ligado e a iluminação fica mais fraca (FERREIRA, 2010).
3.7 VARIAÇÃO DE FREQUÊNCIA
A frequência é a velocidade de oscilações da onda senoidal em um segundo,
sendo medida em Hertz. No Brasil, segundo a norma ANEEL (PRODIST), o padrão da
frequência é 60 HZ, podendo variar entre 59,9 Hz e 60,1 Hz, a ser entregue aos
consumidores, para garantir o perfeito funcionamento dos equipamentos elétricos
(SARMANHO, 2005).
4 MATERIAL E MÉTODOS
Este trabalho foi um estudo de caso no qual os distúrbios elétricos estavam
gerando interrupções indesejadas no processo industrial. Consequentemente grandes
prejuízos com a perda de matéria prima, tempo de maquina parada e elevado custo de
manutenção.
Para o desenvolvimento do trabalho, foram utilizadas diversas ferramentas de análise,
para direcionamento do trabalho, organizar as informações, identificar as causas e
possíveis soluções. Para o entendimento do processo, foi utilizada as ferramentas da
qualidade 4 Ps (Processamento, Pessoas, Procedimentos e Place) e 4Ms (Máquina,
Método, Mão de Obra e Matéria Prima). Estas ferramentas direcionaram as análises de
forma a estudar o sistema elétrico e determinar as possíveis causas dos distúrbios
elétricos. Com isto pode-se realizar o estudo do principio de funcionamento dos
componentes e determinar os tipos de geração dos distúrbios, que podem influenciar no
seu perfeito funcionamento. Também será possível determinar os principais parâmetros
de ajustes e tensões de trabalho do sistema.
Compreendido o funcionamento do sistema elétrico, realizou-se o monitoramento
das tensões em cada etapa do circuito elétrico, onde foi utilizado um aparelho chamado
de Analisador de Qualidade de Energia Fluke 435 série II, demonstrado na figura 7. Este
equipamento permite visualizar a forma da onda senoidal e verificar de que forma os
valores de tensão e corrente estão interagindo. Neste caso o analisador foi instalado na
saída de cada quadro geral de baixa tensão (QGBT) e monitorado as tensões.
Figura 7 - Analisador de Qualidade de Energia Fluke 435 série II
Fonte: FLUKE do Brasil
Ao final deste monitoramento, foi possível identificar em quais etapas do processo,
há distúrbios elétricos, os tipos de distúrbios presentes e as fontes geradoras. Com isto
pode-se avançar para a segunda fase, onde foi utilizada outra ferramenta de qualidade
chamada 5 PORQUÊS, para determinar as ações a serem realizadas. Esta ferramenta,
que consiste em uma técnica onde se pergunta 5 vezes o porquê da falha, com isto, é
possível identificar a causa raiz da falha e determinar a ação para correção. Outra
ferramenta, também utilizada, foi o Ciclo PDCA, que de uma forma mais ampla, significa
planejar as ações a serem executadas e o monitoramento da sua eficácia. Entretanto,
dentro do planejamento, aplicou-se outra ferramenta chamada 5W1H, que permite
organizar as ações e determinar Oque, Quando, Onde, Por quê, Quem e Como serão
executadas as ações. Alcançado os resultados esperados, faz a padronização das
atividades através de instruções de trabalhos (ITs), que contem os procedimentos de
ajustes dos parâmetros para evitar a recorrências das falhas. Nesta fase, também foram
realizado os treinamentos das pessoas envolvidas no processo.
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na análise do entendimento do processo, detectou-se que ocorreram 72 distúrbios
elétricos, sendo que destes 54 ocasionaram interrupção do processo, oque totalizaram 84
horas de máquina parada. Comprovando assim, a necessidade dos estudos de caso, a
fim de reduzir a interrupção do processo devido ao mau funcionamento dos equipamentos
causados pelos distúrbios elétricos (LIMA, 2013). Ao realizar o deployment, foi constatado
que as máquinas mais automatizadas, tiveram maior incidência de paradas,
caracterizando as máquina com maior avanço tecnológico, mais suscetíveis as falhas em
decorrência das oscilações de energia (MENEZES, 2007).
No mapeamento do fluxo do processo do sistema elétrico, onde foram utilizadas as
ferramentas 4Ps e 4Ms identificou-se que as máquinas mais antigas, possuem banco de
capacitores, na linha de 380 Vac, devido à mesma ser acionada por equipamentos de
baixo rendimento, como os motores CC. A baixa eficiência destes equipamentos, faz com
que o fator de potência (Φ) seja muito baixo, sendo necessária a instalação dos bancos
de capacitores para fazer a correção do fator de potência, como mostra na figura 8
(SARMANHO, 2005).
Figura 8 – Mapeamento do Fluxograma do Sistema Elétrico
Fonte: TETRA PAK, 2016
No monitoramento das tensões, com o analisador de qualidade de energia, pode-
se identificar que nas máquinas mais novas, há um distúrbio na forma da onda senoidal,
com a característica de ruídos, na tensão de 380 Vac. Sendo gerado devido à alta
quantidade de equipamentos não lineares trabalhando com tensão de 380 Vac, contudo
este tipo de distúrbio não afeta o funcionamento destes equipamentos. Por outro lado os
equipamentos que operam com tensão de 220 Vac, como mostra a figura 9, estavam
propícios às falhas devido os estabilizadores não estarem filtrando os ruídos. Também
identificado que a configuração do estabilizador, não filtrava os afundamentos de tensões
provenientes da rede externa, o que permitia a parada de máquina com a mínima
oscilação da energia.
Figura 9 – Ruído na Onda Senoidal
Fonte: TETRA PAK, 2016
Depois de identificado o tipo de distúrbio e componente com falha, foram aplicadas
as ferramentas de qualidade 5 PORQUÊS, para determinar a ação de correção, junto com
o ciclo PDCA e o 5W1H no qual foi realizado o planejamento da ação. Com isto, foi
realizado a correção da configuração do estabilizador, onde o mesmo foi reconfigurado
para trabalhar filtrando a onda senoidal a todo momento. Deixando, desta forma, a onda
senoidal livre dos ruídos, assim visualizado na figura 10, e o sistema menos suscetível a
falha em decorrência de oscilações externas. Com a ação implementada, foi realizado o
monitoramento da sua eficácia e elaborado uma instrução de trabalho (ITs), a fim de
padronizar a configuração do estabilizador e evitar a recorrência das falhas.
Figura 10 – Onda Senoidal após reconfiguração do estabilizador.
Fonte: TETRA PAK, 2016
6 CONCLUSÃO
Para as empresas consumidoras, dependendo do tipo de distúrbio, os
prejuízos podem ser altos e gerar grandes perdas financeiras. Órgãos como a ANEEL têm
elaborado normas para garantir a qualidade do fornecimento da energia elétrica, contudo,
para que as empresas geradoras forneçam uma energia limpa, livre de distúrbios, os
investimentos são altos.
O presente estudo possibilitou identificar a fragilidade do sistema elétrico no
qual permitia que o distúrbio, gerado na rede interna, se agravasse quando ocorriam
oscilações na rede externa. Constatado também, que com os avanços tecnológicos, os
equipamentos de potência, se tornaram os maiores geradores de distúrbios elétricos
dentro dos processos industriais. Por outro lado, os equipamentos de controles, com alto
nível tecnológico, ficaram mais suscetíveis a falhas em decorrência dos distúrbios
elétricos, sendo necessária a utilização de filtros capazes de deixarem a onda senoidal o
mais uniforme possível. Com a finalidade de amenizar os impactos, as empresas têm
investido no desenvolvimento de novas tecnologias, capazes de absorverem os distúrbios
elétricos.
REFERÊNCIAS
AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA – ANEEL. Resolução Normativa. nº 687/2015 Procedimentos de Distribuição de Energia Elétrica no Sistema Elétrico Nacional – PRODIST Modulo 1. Disponível em: http://www.aneel.gov.br/documents/656827/14866914/M%C3%B3dulo1_Revisao_9/1b78da82-6503-4965-abc1-a2266eb5f4d7. Acesso em: 1 set. 2016. FERREIRA D.D, Análise de distúrbios elétricos em sistemas de potência. 233p. Tese de Doutorado em Engenharia Elétrica – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro – RJ, dezembro 2010. Disponível em: http://www.eletrica.ufrj.br/teses/textocompleto/2010121401.pdf. Acesso em: 21 mai. 2016. FLUKE DO BRASIL. Empresa de desenvolvimento de ferramentas elétricas de testes e medições. Disponível em: http://www.fluke.com. Acesso 03 out 2016. INSTITUTO DE ENGENHEIROS ELETRICISTAS E ELETRÔNICOS – IEEE. Std. 1159-2009 - Prática Recomendada para a Monitorização de Qualidade de Energia Eléctrica. Disponível em: http://ieeexplore.ieee.org/document/5154067/. Acessado em: 26 mai. 2016. LIMA. M. A. A. – Metodologia para análise da qualidade da energia elétrica condições de ocorrências de múltiplos distúrbios. 274p Tese de Doutorado da Escola de Engenharia Elétrica de São Carlos – USP. São Paulo. 2013. Disponível em: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/18/18154/tde-14112013-102931/en.php. Acesso em 05 abr. 2016. MENEZES T.V. Estratégia para analise de afundamento de tensão no planejamento do sistema elétrico. 151p. Dissertação de mestrado em Engenharia Elétrica da Universidade Federal de Minas Gerais, 2007. Disponível em: http://www.ppgee.ufmg.br/defesas/373M.PDF. Acesso em: 15 mai 2016. Rosentino, Gondim , Bernardes. Distúrbios de qualidade de energia elétrica. 6p. Artigo Cientifico apresentado a Faculdade de Engenharia Elétrica Universidade Federal de Uberlândia –Uberlândia-MG, 2005. Disponível em: http://www.ceel.eletrica.ufu.br/artigos2005/ceel2005_074.pdf. Acesso 15 out. 2016. SARMANHO. U. A. Influência dos distúrbios elétricos em média tensão na qualidade de energia. 377p. Dissertação de Mestrado em Engenharia Elétrica Pontifícia
Universidade Católica, Rio Grande do Sul, 2005. Disponível em: http://www.feng.pucrs.br/~fdosreis/ftp/Tese/QEE/Qualidade_de_Energia_Eletrica.pdf. Acesso em: 16 abr. 2016. Tetra Pak. Empresa de produção de embalagens assépticas. Disponível em: http://www.tetrapak.com/br/. Acesso em: 10 out. 2016.
Aproveitamento de energia solar a partir de um aquecedor solar de baixo custo - ASBC Exploitation of solar energy from a solar heater of low cost – ASBC
Lívia Maria da Silva Cunha Faculdades Ponta Grossa
Discente do Curso de Administração e-mail: [email protected]
Nanci Teresinha Rodrigues dos Santos
Faculdades Ponta Grossa Assessoria Pedagógica
e-mail: [email protected]
Luís Guilherme Gonçalves Cunha Faculdades Ponta Grossa
Assessor Pedagógico [email protected]
RESUMO O objetivo do trabalho é apresentar as vantagens da implementação do uso de aquecedores solares com baixo custo visando a sustentabilidade socioambiental do planeta e principalmente do local e que não considere simplesmente a economia de energia. Levando em consideração que a industrialização dos recursos existentes, geram impactos ambientais e também sociais. A pesquisa é de caráter bibliográfica, quantitativa e explicativa. Bibliográfica tendo em vista que precisou-se buscar referenciais teóricos para explicar os processos físicos e geográficos acerca do ASBC. Quantitativa, já que se apresentam dados tabulados e os mesmos são analisados. Destaca o Curso de Extensão sobre a Ciência do Aquecedor Solar de Baixo Custo, realizado em 2008 e ministrado pelo professor Paulo Facin do departamento de Física da Universidade Estadual de Ponta Grossa. No curso e no desenvolvimento do ASBC em um Asilo de Ponta Grossa foi possível constatar a redução do custo da conta de luz, bem como a certeza de que para o meio ambiente recursos foram preservados. O
investimento realizado é pequeno do ponto de vista financeiro e o retorno socioambiental é bastante significante.
Palavras-chave: Energia Alternativa; Sustentabilidade Socioambiental; Educação
ambiental.
ABSTRACT The work searchs mainly to present the advantages of the implementation of the use of warming manors with low cost visandoa socioambiental support of the planet and of the place and that it does not consider the energy economy simply. Leading in consideration that the industrialization of the existing resources, environmental and also social impacts generate. Research is of the bibliographical, quantitative and clarifying character. Bibliographical in view of that it was needed to search theoretical referenciais to explain the physical and geographic processes concerning the ASBC. Quantitative, since they are presented given tabulated and the same are analysed. It highlights the Course of Extension on the Science of the Solar Heater of Low Cost, accomplished in 2008 and given for teacher Paulo Facin of the department of Physics of the Universidade Estadual de Ponta Grossa. In the course and the development of the ASBC in an Asylum of Ponta Grossa city it was possible to evidence the reduction of the cost of the light account, as well as the certainty of that the environment stops resources was preserved. The accomplished investment is small of the point of view financial and the socioambiental return is sufficiently significant.
Keywords: Alternative Energy; Social-environmental Sustainability; Environmental
Education.
INTRODUÇÃO
A sociedade atual utiliza os recursos naturais de forma desenfreada e o desafio
de se conciliar as ações das mesmas com a natureza aumenta a cada dia. Essa reflexão
se faz necessária em função de anos de exploração desenfreada e sem considerar o
espaço de vivência. Essas discussões são relativamente recentes se comparada a
existência humana. A questão de maior desafio é de como utilizar esses recursos de
forma a minimizar os impactos considerando a questão social, ética e de reconstrução do
meio.
Neste artigo é essencial que se apresente um projeto que se encaixa na temática
socioambiental, especialmente em relação à questão energética. São valorizadas cada
vez mais práticas pedagógicas que incentivem a educação ambiental e a alfabetização
tecnológica e científica. Dessa forma, apresenta-se o Aquecedor Solar de Baixo Custo e
procura-se no decorrer do texto explorar os conhecimentos exigidos para que se crie e
dissemine a implementação do mesmo. É importante que se popularize este
conhecimento tendo em vista que é necessário o desenvolvimento de autonomia para que
famílias de baixa renda possam se desprender das fontes energéticas industrializadas.
Assim, comprova-se que essas práticas valorizam a sustentabilidade social e
ambiental considerando as futuras gerações e o uso dos recursos naturais pelas mesmas
e acredita-se que toda ação humana gera um impacto na natureza. Por isso deve-se criar
mecanismos para que o mesmo seja minimizado. Será possível verificar a viabilidade da
criação e do uso do ASBC tanto do ponto de vista social quanto ambiental.
REVISÃO DE LITERATURA
Os recursos naturais estão cada vez mais acessíveis ao ser humano aí surge a
necessidade em se discutir o uso sustentável desses recursos. A sociedade atual, com o
desenvolvimento das tecnologias, tem facilidade em atingir esses recursos. É certo que as
inovações podem contribuir tanto de forma positiva quanto negativa, porém as
consequências geradas pelo mau uso dessas tecnologias se sobressaem. Atualmente,
tem-se na educação ambiental a possibilidade de desenvolver práticas pedagógicas que
incentivem a “alfabetização científica e tecnológica (ACT)” (FACIN, 2010, p.55)
A questão educacional relacionada a consciência ambiental envolve muitos
aspectos desde as representações sociais e a apropriação do conhecimento, e das
relações que o ser humano mantém com o meio. E dessa forma torna-se fundamental que
as inovações tecnológicas estejam acessíveis. A ciência produz conhecimento suficiente
para introduzir práticas sustentáveis do ponto de vista socioeconômico-ambiental e não
tornar a sociedade mais perigosa e mais predatória com os mau usos (CHASSOT, 2003).
O desenvolvimento de novas tecnologias não garante resultados expressivos para
a esperada sustentabilidade ambiental, sendo necessária a integração entre esses
recursos criados e a prática pedagógica de forma a popularizar este conhecimento. Na
perspectiva “ampliada, os conteúdos são considerados como meios para a compreensão
de temas socialmente relevantes.” (Auler & delizoicov, 2001, p. 6) e ao contrário disso,
numa perspectiva reducionista o conhecimento passa a ser negociado e individual.
(AULER & DELIZOICOV, 2001)
Dessa forma, os projetos em educação ambiental devem contemplar ações que
envolvem a sociedade e que demonstrem na prática ações que estimulem atitudes
conservacionistas do ponto de vista socioambiental. Este processo deve ser exercício
para uma perspectiva ampliada do problema e não só reducionista. O que se espera é
que dando sentido ao problema e os compartilhando, tenhamos cidadãos capazes de agir
de maneira a atingir a sustentabilidade socioambiental. (CUNHA etal, 2008)
Esses projetos em educação ambiental, considerados caminho para a
sustentabilidade socioambiental, podem adotar caráter formal (escolas) e/ou não-formal
por isso “[...] ao se pretender mudanças nesse sentido, deve-se agir sobre os sistemas de
conhecimento e valores para que se tenha esperanças de encontrar soluções adequadas
para os problemas ambientais” (DIAS, 1998, p. 82). É fato que o ambiente escolar é
fundamental para trabalhos de educação ambiental com o intuito de popularizar os
conhecimentos, entretanto outros espaços também podem ser utilizados conforme cita
Dias apud Cunha (2008, p. 8) que:
A Educação Ambiental deve dirigir-se a pessoas de todas as idades, a todos os níveis, na educação formal e não-formal. Os meios de comunicação social têm a grande responsabilidade de pôr seus enormes recursos a serviço dessa missão educativa. (DIAS, 1998, p. 62).
Diante do exposto sobre a importância de se introduzir uma consciência ambiental
conservacionista, pequenas ações podem ser incentivadas na sociedade. A partir disso,
acredita-se que questões globais podem ser trazidas para a discussão local, e é o caso
da questão energética. O desenvolvimento tecnológico e científico tem motivado a busca
e o uso de energias alternativas que pressionam menos os recursos naturais existentes e
produzem menos resíduos. O Centro de Pesquisas de Energia Elétrica (CPEE) (1999) cita
que “a radiação solar – fonte de energia térmica – pode ser absorvida por coletores
solares para o aquecimento de água, visando ao aproveitamento térmico dessa energia”.
As características do território brasileiro favorecem o uso de energia solar para
aquecimento de água. Isso se deve a elevada média térmica anual por se tratar de um
país majoritariamente tropical e pela grande extensão norte/sul que possibilita iluminação
solar abundante ao longo do ano em todas as regiões. (CPEE, 1999)
A questão energética é estratégica para qualquer país no mundo e no Brasil não é
diferente. Na matriz energética brasileira 43,9% são de energia renovável e se compara
com o uso no mundo que corresponde a 24%, é um número excepcional. Isso coloca o
Brasil entre os países com uma das matrizes energéticas mais limpas do mundo
(PORTAL BRASIL, 2016). A fonte energética mais utilizada é a hidráulica e responde por
66,2% da matriz (PORTAL BRASIL, 2016)
Dessa forma, se considerar o uso de recursos hídricos disponíveis para a
produção de energia e abastecimento e a disponibilidade de iluminação solar que o Brasil
recebe é possível concluir que a exploração da energia solar contribui de duas maneiras:
primeiro reduz o consumo de água para a produção energética e segundo reduz o
consumo de energia nas residências, indústrias e na área rural. Nas residências o uso de
energia alternativa, a partir de um sistema de aquecimento solar de baixo custo para
aquecer a água, pode ser uma das saídas para o desenvolvimento socioambiental e
melhoria da qualidade de vida da população. Além das residências, o uso de aquecimento
da água pode ser explorado nas atividades econômicas. A maior parte das indústrias
produzem durante 24 horas por dia e existe um “horário de pico” que é por volta das 20
horas. Nesse horário a indústria precisa reduzir a produtividade por conta do alto
consumo residencial. Dessa forma, o uso de Aquecedor Solar de Baixo Custo - ASBC -
pode reduzir em até 30% o consumo dos chuveiros residenciais não forçando a indústria
em reduzir o ritmo de trabalho. (PEREIRA et.al., 2003) E por outro lado, promove um
desenvolvimento social já que as famílias que o implementam tornam-se menos
dependentes das fontes energéticas industrializadas. (FACIN, 2010)
No espaço rural, o ASBC pode ser usado nas residências e também na pecuária.
O uso na pecuária restringe-se na criação de aves e suínos que necessitam ter ambiente
aquecido. Entretanto, não se aquece o ar e sim o piso a partir de um sistema de canos
que circulam sob dos animais.
Problematizar sobre a necessidade do uso do ASBC insere questões importantes
sobre os modelos de produção e consumo. Além disso, explorar esse tipo de
equipamento favorece discussões no campo ético, social e ambiental. O ASBC promove
autonomia do modelo de produção de energia industrializada e vai de encontro com o que
se diz a respeito ao aproveitamento dos “recursos naturais inesgotáveis (FACIN etal.,
2010).
A opção do uso da energia solar para aquecer água já é utilizada faz muito tempo
em países desenvolvidos com menos insolação que o Brasil. Na Itália, França, Grécia,
Alemanha, Austrália e Japão o sistema de aquecimento de água por energia solar,
denominado de “aquecedor solar”, tem parte significativa do custo subsidiada pelo
governo ou pela própria companhia energética, com o objetivo de promover sua utilização
pela população diferentemente do Brasil. (ASSIS, 2004)
Considera-se que este sistema pode ser implementado em nosso país em função
da disponibilidade de recursos, baixo custo e consequências socioambientais positivas,
necessitaria de maior incentivo com subsídios para a produção e comercialização do
equipamento de forma a popularizar o recurso. E muitos projetos vêm sendo
desenvolvidos nas universidades e ONG’s com objetivo de disponibilizar ideias e
formação para que o uso de fontes alternativas possam ser usufruídos pelas famílias mais
carentes.
.
MATERIAL E MÉTODOS
A artigo caracteriza-se por uma pesquisa bibliográfica, qualitativa e explicativa a
respeito do Curso de Extensão “A ciência do aquecedor solar de baixo custo”, realizado
em 2008 junto ao Departamento de Física. O projeto foi orientado pelo professor Paulo
Facin e foi realizado em 5 momentos:
Palestra “Modelos de Produção e Consumo e suas Consequências Éticas, Sociais e
Ambientais”. Este momento caracterizou-se pela discussão acerca dos modelos de
produção e consumo, além da problematização da questão ética envolvida. Durante a
palestra foram apresentados dados a respeito do primeiro ASBC instalado no Asilo Lar
Paulo de Tarso pela primeira turma do curso de extensão. Os dados gráficos do consumo
energético foram disponibilizados para o coordenador do curso e analisados em sala pela
turma.
Palestra “A Física da Energia Solar”. Esse segundo momento explanou questões
relacionadas aos fenômenos físicos, como por exemplo, radiação solar, captação de
energia, consumo, comprimento de onda e frequência de uma onda eletromagnética,
trocas de calor, convecção, energia elétrica, resistência e potência elétrica. (FACIN, 2010)
Construção do ASBC. Através de um modelo já existente criado no primeiro curso, os
integrantes (alunos dos cursos de Geografia, Física e Biologia) desenvolveram seu
próprio protótipo aproveitando-se “de uma cuba de vidro (25 x 25 x 10 cm³), além de
mangueiras transparentes para conexão do aquecedor na cuba. A energia do Sol foi
substituída por três lâmpadas de 250 W”. (FACIN, 2010, p.56). (Figura 1)
Visita e manutenção do ASBC Instalado no Asilo Lar Paulo de Tarso. O professor Facin
combinou a visita ao asilo e na mesma foi possível verificar o processo de instalação,
alternativas criadas para resolução dos problemas que foram surgindo durante a
instalação e medições das temperaturas da água no telhado e do chuveiro. No dia da
visita, realizada em um dia de primavera do mês de Outubro, a temperatura da água
dentro do sistema instalado no telhado chegou a 89 °C e a 40°C no chuveiro. Isso deixou
o grupo muito motivado, inclusive a disseminar esse conhecimento.
Discussão e avaliação final. Essa atividade final foi uma conclusão de todas as
atividades desempenhadas e feedback por parte do professor a respeito dos processos e
dos encaminhamentos do curso com esta turma.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O principal resultado obtido no curso de extensão desenvolvido pelo professor
Facin compreende a análise dos dados de consumo energético e custos que comprovam
a viabilidade do uso do ASBC como alternativa socioambiental possível a ser utilizada em
residências de pessoas de baixa renda, bem como a disseminação do conhecimento de
forma universal.
Em relação aos dados é possível comparar as tabelas 1 (sem uso do ASBC), 2
(com uso do ASBC) e 3 (com uso ASBC) disponíveis a seguir. Esse consumo deve ser
analisado pelos dados em KWh que representa o quanto se consome por hora durante o
mês em média. Os valores da conta de luz foram inseridos apenas como base para se
entender quanto é pago, porém anualmente sofreram reajustes o que dificulta a análise.
As tabelas a seguir demonstram o consumo energético e é possível verificar que
em pouquíssimos casos sem o uso do ASBC é maior. Nos meses mais críticos em que
geralmente se aumenta o consumo, durante o inverno, é clara a redução. Isso ocorre
porque, mesmo no frio o sistema funciona, já que o que aquece a água no sistema é a
radiação solar. O sistema funciona por convecção então quando chega ao chuveiro é
possível desligar a função inverno e utilizar uma resistência menor já que a água chega
pré-aquecida. Dessa forma, o sistema contribui para o meio ambiente, diminui o consumo
nas residências causando um impacto social na conta e na autonomia da residência.
Além da redução de consumo, a instalação também tem um custo baixo se
comparada às placas fotovoltaicas produzidas e comercializadas industrialmente. Nas
tabelas a seguir verifica-se o baixo custo para a aquisição dos materiais. No que se refere
a instalação existem questões físicas e geográficas simples que é fundamental conhecer,
além da radiação.
Para a instalação do ASBC em residências é preciso considerar os seguintes
aspectos:
O sistema de aquecimento é construído todo com cano de PVC. Se for marrom, é
preciso pintá-lo de preto com o objetivo de aumentar a absorção de calor. Existem
empresas que já reciclam, disponibilizando-os na cor preto (recomendável).
Os canos precisam estar envoltos por “garrafas pet” que reduzem a perda de calor e
funcionam como uma estufa. Além disso protege da água da chuva que poderia resfriar a
água no sistema.
O sistema deve estar voltado para face norte, tendo em vista que estamos no
hemisfério sul e esta é a única que recebe incidência de raios solares todos os dias do
ano.
Precisa estar no telhado (local mais alto) tendo em vista que a sombra pode reduzir a
incidência direta dos raios solares. Dessa forma, é bom evitar de colocar caixas de leite
longa vida diretamente abaixo do cano.
O sistema precisa estar abaixo da caixa d’água que irá abastecê-lo, já que o processo
todo funciona por convecção.
A água precisar chegar da caixa pela parte inferior do sistema e sair por cima, tendo
em vista que a água que chega com uma temperatura menor é mais densa do que a que
irá sair e voltar para a caixa. (Figura 2)
É preciso ter registros nos canos e/ou mangueiras para facilitar a manutenção.
É recomendável ter duas caixas d’água para durante o verão não usar o sistema, tendo
em vista que a água sai muito quente para as torneiras.
Caso não seja possível a caixa d’agua ficar acima do sistema no interior do telhado,
pode colocá-la para fora (Figura 3), desde que a mesma fique dentro de uma estufa, no
intuito de perder o mínimo de calor.
Cuidado ao subir no telhado e forro, bem como com os encanamentos da residência.
Os materiais usados estão descritos nas tabelas a seguir e possuem preços e
quantidades obtidos junto a dois materiais de construção da cidade de Ponta Grossa e
servem como base para se ter a noção do custo total para a implementação do ASBC.
Esses valores podem ter se alterado de 2008 até 2016, entretanto mesmo com os
reajustes, considera-se bastante viável. A Tabela 4, possui o orçamento do protótipo
construído no curso (Figura 4).
Os dados apresentados na tabela 5 demonstram o preço de cada produto,
quantidade e o que foi gasto para fazer o ASBC no Asilo. O investimento é considerado
baixo e rapidamente recuperável, ou seja o custo benefício é pequeno diante dos
resultados da criação desse sistema.
TABELAS E FIGURAS
Figura 1 - Protótipo do ASBC funcionando
Fonte: autor desconhecido
Figura 2 - Croqui da disposição do ASBC
Fonte: adaptado – GABRIEL FILHO, (2013, p. 65)
Figura 3 - ASBC Asilo Lar Paul de Tarso
Fonte: autor desconhecido
Figura 4 - Protótipo do ASBC
Fonte: Autor desconhecido
TABELAS Tabela 1 - Consumo de Energia Elétrica - sem ASBC
COPEL 2006
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
MÊS JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ
KWh 209 198 257 236 271 270 445 246 254 211 172 179
R$ 96,35 90,92 116,22 107,53 122,02 121,94 185,44 0 29,89 92,57 76,5 79,21
Autor: Paulo Facin
Tabela 2 - Consumo de Energia Elétrica - com ASBC COPEL 2007
13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
MÊS JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ
KWh 176 202 199 222 233 262 253 241 208 229 182 182
R$ 78,05 89 86,95 96,83 101,08 112,56 107,51 102,93 90,33 98,35 79,43 79,43
Autor: Paulo Facin
Tabela 3 - Consumo de Energia Elétrica - com ASBC COPEL 2008
25 26 27 28 29 30 31 32 33 34
MÊS JAN* FEV MAR ABR MAI* JUN* JUL AGO SET OUT
KWh 234 184 198 222 214 212 218 289 268 216
R$ 100,26 80,19 85,54 95,67 92,62 81,09 95,45 122,99 113,45 94,67
Autor: Paulo Facin
* meses sem ASBC
Tabela 4 - Materiais e Custos do ASBC
Materiais / Aquecedor preço unidade quantidade Total (R$)
Mangueiras p água 1/2" 3mm 0,5/metro 3 1,5
TE soldavel c/rosca (LR) 20 mm x 1/2" 1,5 6 9
Adaptador 1/2 x 20mm" (p/ mangueira) 0,6 8 4,8
Cano PVC 20 mm 1,4/metro 3 4,2
Tampão de rosca p cano PVC 20mm 0,3 2 0,6
Luva sold. c/ rosca interna 20mm x 1/2" 0,6 2 1,2
Garrafas Pet 600 ml 0 12
Registro esfera p/ mang 1/2" 3,5 2 7
TOTAL: R$ 28,3
Autor: Paulo Facin
Tabela 5 - Estimativa de preço com materiais e custos para o ASBC residencial Materiais de consumo Preço Quantidade Total (R$)
Mangueiras p água 1/2" 3mm 0,5/metro 40 20
TE soldavel c/rosca (LR) 20 mm x 1/2" 1,5 10
15
Adaptador 1/2 x 20mm" 0,6 12 7,2
Cano PVC 20 mm 1,4/metro 3 4,2
Tampão de rosca p cano PVC 20mm 0,3 2 0,6
Luva sold. c/ rosca interna 20mm x 1/2" 2 0,6 1,2
Garrafas Pet (Coca ou Pepsi) 0 240
Registro esfera p/ mang 1/2" 3,5 2 7
TOTAL: R$ 48,20
CAIXA DÀGUA Preço Quantidade Total (R$)
Caixa d´agua 310 litros 75 1 75
Flange 3/4" (encaixe da bóia é 3/4) 7
1
7
Bóia p caixa d´agua 3,9 1 3,9
Flange p caixa d´agua 20mm x 1/2" 3,9 4 15,6
Cano PVC 50mm 5,85/metro 1 5,85
Mangueira sanfonada 0,35/metro 1 0,35
Tubo soldavel 32 mm p/ boia 3,15/metro 1 3,15
Cano de PVC 20mm 0,7/metro 12 8,4
Registro soldavel 20mm 5,9 1 5,9
Tampão 32 mm p/ boia 0,8 2 1,6
TOTAL = 126,75
CHUVEIRO Preço Quantidade Total (R$)
Conector de louça p chuveiro 2,5 1
2,5
Registro soldavel 25mm (3/4")
9,3 2 18,6
Cano de PVC 25mm 2,37/metro 2 4,74
Adaptador p registro 3/4" 0,6 2 1,2
Luva 25mm x 3/4" 1,2 2 2,4
Dimmer 26 1 26
Adaptador 25mm x 20mm 0,3 5 1,5
T 1/2 chuveiro 1,1 1 1,1
Nipel 1/2 p/ T da parede 0,4 1 0,4
Barra de cano 20mm 1,4/metro 2 2,8
Conexões joelho 20mm PVC 20 0,3
6
braçadeiras 3/4 chuveiro 0,25 6 1,5
parafusos com buchas
TOTAL: R$68,74
AVULSOS Preço Quantidade Total (R$)
Luva soldavel (imenda) 20 mm 0,4/metro 3 1,2
Cano de PVC 100mm 6,2/metro 1 6,2
Bandeja Pintura 4,1/metro 2 8,2
TOTAL: R$15,60
Autor: Paulo Facin (adapado)
CONCLUSÕES
Infere-se no trabalho que os problemas socioambientais são recorrentes em
nossa sociedade que produz e consome desenfreadamente os recursos disponíveis.
Soluções tecnológicas acessíveis de baixo custo podem contribuir para minimizar esses
problemas popularizando essas novas tecnologias a partir dos projetos de educação
ambiental desenvolvidos por ONGs e universidades.
O ASBC é um exemplo disso, tendo em vista que traz reflexões e exemplos
importantes que nos faz pensar acerca de questões educacionais, socioeconômicas,
ambientais e éticas. Tendo em vista que insere na discussão ações que priorizam instruir
sobre a pressão das ações humanas sobre os recursos naturais e métodos que podem
minimizar este impacto de forma acessível às famílias de menor renda. Não obstante, é
preciso estimular que todos aqueles que desenvolvem ou conhecem essas tecnologias
disseminem com o intuito de reduzir a dependência sob as fontes industrializadas.
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ASSIS, I. C. Energia solar para aquecimento de água e expurgo microbiológico de solos. 2004. Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização em Fontes Alternativas de Energia) – Departamento de Engenharia Agrícola, Universidade Federal de Lavras, Lavras, 2004.
AULER, Décio & DELIZOICOV, Demétrio. Alfabetização Científico-Tecnológica: para quê? Revista Ensaio – Pesquisa e Educação em Ciências. Rio de Janeiro. v. 3. n. 1. p. 1-13. Junho. 2001. Disponível em: http://www.faeufmg.br/ensaio/v3_n2/deciodemetrio.PDF Acesso em 18/10/2016. CENTRO DE PESQUISAS DE ENERGIA ELÉTRICA. Centro de Referência para Energia Solar e Eólica Sérgio de Salvo Brito. Manual de engenharia para sistemas fotovoltaicos. Rio de Janeiro, 1999. 204 p. CHASSOT, Attico. Alfabetização Científica: uma possibilidade para a inclusão social. Revista Brasileira de Educação em Ciências. Rio de Janeiro. n. 22. p. 89-100. Jan/Fev/Mar/Abr. 2003. Disponível em: https://goo.gl/QT6sL5 Acesso em 18/10/2016. CUNHA, L. G. G.; CARNEIRO, R.; KRUGER, F. G. A educação ambiental vista em duas instituições públicas estaduais de ponta grossa – da institucionalização até a aplicação. 2008. Trabalho de Conclusão de Curso DIAS, Genebaldo Freire. Educação Ambiental: princípios e práticas. São Paulo: Editora Gaia LTDA. 5ª Edição, 1998. FACIN, P. C.; JACOBS, A. L. A alfabetização científica e tecnológica e o aproveitamento da energia solar: meio ambiente, sociedade e sustentabilidade. Revista Conexões, UEPG v. 6, n. 1 (2010) p. 54-59
GABRIEL FILHO, L. R. A. et al. Promoção do uso de aquecedor solar de água de baixo custo para a população rural e urbana de baixa renda da região da Alta Paulista. Rev. Ciênc. Ext. v.9, n.3, p.61-71, 2013.
Portal Brasil. Matriz energética de 2016 terá maior participação das energias renováveis. 2016 Disponível em: https://goo.gl/U6L2qY Acesso em: 19/10/2016 PEREIRA, E. et al. Energia Solar Térmica. In: TOLMASQUIME. Fontes Renováveis de Energia no Brasil. Rio de Janeiro: Interciência, 2003, p. 242.
Comparação entre o sistema de lajes maciças
apoiadas em vigas e protendido de lajes lisas
Comparison between the system of solid
slabs supported by beams and prestressed
flat slabs
Tiago Czelusniak
Faculdades Ponta Grossa Discente do Curso de Engenharia Civil
Profª Maria Claudia Mikulis
Faculdades Ponta Grossa Docente do Curso de Engenharia Civil
RESUMO
A escolha do sistema construtivo em uma obra depende de vários fatores, e ao engenheiro fica a responsabilidade de decidir a qual irá resultar em uma maior economia. Com isso este trabalho busca comparar dois sistemas construtivos para lajes: convencional e por protensão. Essa análise se baseia em revisões bibliográficas, buscando apresentar a descrição do processo construtivo, definição, características, vantagens e desvantagens de cada sistema construtivo. Após essa apresentação será feita uma comparação entre os dois sistemas, levando em conta o tempo e custo de cada alternativa. Palavras-chave: Laje; Protensão; Concreto; Sistema construtivo.
ABSTRACT
The choice of building system in a site depends on several factors and the engineer is responsible to decide which will result in a larger economy. This paper compares two construction systems for slabs: conventional and prestressing. This analysis is based on literature reviews, bringing up the description of the construction process, definition, characteristics, advantages and disadvantages of each building system. After this presentation a comparison will be made between the two systems, considering the time and cost of each alternative. Keywords: Slab; Prestressing; Concrete; Building system.
INTRODUÇÃO
No crescente mercado da construção civil, que busca sempre a sua melhoria, seja
ela na questão do tempo ou do custo, é necessário optar por sistemas construtivos que
melhor se adequem a sua necessidade.
O engenheiro civil deve escolher o sistema que atenda as necessidades da sua
obra. A escolha do tipo de laje, por exemplo, que não seja a mais indicada para o projeto,
pode refletir em um atraso no seu cronograma ou até prejuízo financeiro.
Uma das etapas mais importantes do projeto é a concretagem. Sabe-se que o
concreto possui uma boa resistência a compressão, mas uma péssima resistência à
tração. Por esta razão, precisamos tomar medidas para impedir ou ao menos controlar a
fissuração. A utilização de armadura junto ao concreto contorna essa deficiência,
tornando-o um dos sistemas de construção de estruturas mais utilizados no mundo.
Um dos elementos da estrutura é a laje, grande responsável por receber as cargas
acidentais e da alvenaria e transferi-las às vigas ou aos pilares. Ela pode ser construída
de diversas formas, mas neste trabalho, iremos abordar os dois principais sistemas: o
sistema convencional de laje maciça apoiada em vigas e o sistema de laje protendida sem
vigas.
Sistema Convencional
Conforme Carvalho, R.C. e Pinheiro, L. M. (2013, p. 92) “Nos sistemas mais
simples e tradicionais, de maneira geral, as lajes apoiam-se em vigas e estas nos pilares”,
como diz Guerrin, A. e Lavaur, R. C. (2002, p. 228) “as lajes suportam seu peso próprio e
as sobrecargas acidentais”, as quais são distribuídas para as vigas que, por sua vez, as
transferem para os pilares, como afirma Carvalho, R.C. e Pinheiro, L. M. (2013, p. 324)
“são elementos de grande importância estrutural, pois recebem cargas das vigas ou lajes
e as conduzem para as fundações”.
Figura 1 – Detalhe vigas sob a laje.
Fonte: Concrefato - www.concrefato.com.br/lajes
Laje - As lajes são estruturas laminares formadas por concreto e aço. Essa
armadura é distribuída de forma a compensar os esforços positivos e
negativos dos momentos, explicado em:
De modo geral, as lajes têm uma dupla função estrutural. Elas funcionam como
placas, ao suportarem as cargas verticais aplicadas ao longo dos pisos, (...), e
como chapas, ao se constituírem em diafragmas rígidos horizontais que distribuem
pelos diferentes pilares da estrutura as forças horizontais atuantes. (Franca, A. B.
M.; Fusco, P. B., 1997, p. 7)
Viga - Como descrito por Hibbeler, R. C.(2013, p. 2) “Vigas são normalmente
membros horizontais retos usados fundamentalmente para sustentar cargas
verticais. Com bastante frequência são classificadas de acordo com a
maneira pela qual são suportadas”. As vigas bi-apoiadas, como o próprio
nome já diz, possuem dois apoios, as contínuas possuem três ou mais
apoios na sua extensão e as vigas em balanço não possuem apoio em uma
das suas extremidades. Ao receber as cargas da laje sofrem com esforços
de flexão e cisalhamento. Essa flexão gera tanto tração como compressão,
distribuída na superfície superior e inferior da viga. De acordo com essa
distribuição calcula-se, através dos momentos, a quantidade e disposição do
aço necessário para combater tal esforço. O cisalhamento é combatido
pelos estribos distribuídos na extensão da viga. Como podemos observar no
texto.
Suponha-se que a viga de concreto armado (...) seja carregada por duas cargas
concentradas simétricas, e que exista uma armadura longitudinal, para os esforços
de tração oriundos da flexão, e uma armadura de cisalhamento ou de alma. A
armadura de cisalhamento, neste caso, pode consistir exclusivamente de estribos
ou de estribos e barras longitudinais curvadas. (Leonhardt, F. e Mönnig E, 2008, p.
61)
Pilar – Como define Carvalho, R. C. e Pinheiro, L. M. (2013, p. 323) ”Pilar é
um elemento estrutural geralmente vertical (em algumas situações pode ser
inclinado) e recebe ações predominantemente de compressão”. São
responsáveis pela sustentação e também pela condução das cargas à
fundação.
Vantagens
Pelo grande número de vigas, garantem uma boa rigidez à estrutura;
Por ser um sistema muito utilizado, possui mão-de-obra bem treinada;
Desvantagens
Albuquerque, A. T. e Pinheiro, L. M. (2002, p.2) dizem que “apresenta uma
grande quantidade de vigas, fato esse que deixa a forma do pavimento muito
recortada, diminuindo a produtividade da construção e o reaproveitamento
de formas”;
Grande consumo de formas;
O grande volume de concreto aumenta o peso da estrutura, refletindo em
uma fundação maior.
Sistema de Protensão
Como no sistema convencional, o sistema por protensão também utiliza concreto e
aço, mas, ao invés de vergalhões, utiliza cordoalhas de aço.
A NBR 6118:2003, homologada no início de 2004 (Abril), que trata do “Projeto de
estruturas de concreto”, engloba o concreto simples (sem armadura), o armado
(apenas com armadura passiva) e o protendido (em que pelo menos parte da
armadura é ativa). Para se confeccionar uma peça tanto de um (concreto armado)
quanto do outro (concreto protendido), os materiais utilizados são os mesmos:
cimento, agregados graúdos e miúdos, água e aço convenientemente dispostos. A
principal diferença estre ambos está no tipo de aço empregado, assim como no
procedimento executivo. (CARVALHO, R. C., 2012, p. 11)
Figura 2 – Disposição das cordoalhas.
Fonte: Acervo pessoal.
A diferença se dá por não utilizar vigas para se apoiar a laje e pela redução do
número de pilares, pois a distância entre eles fica maior, como caracteriza Carvalho, R.C.
e Pinheiro, L. M. (2013 p. 104) “Lajes planas (sem vigas) (...) a introdução da protensão
permite o uso das lajes para vãos de até 12 a 15 metros, principalmente pela
possibilidade de diminuir os deslocamentos transversais”.
As cordoalhas atravessam o elemento, e após serem protendidos, com a utilização
de um macaco hidráulico, passam a resistir os esforços, como explica Carvalho R. C.
(2012, p. 11) “o aço de protensão é distendido (antes da retirada do escoramento) por
elementos (macacos de protensão) externos à estrutura, e assim a armadura entra em
ação independentemente da movimentação do concreto”.
Essa protensão se dá de três maneiras distintas: com aderência inicial (pré-tração),
com aderência posterior (pós-tração com aderência) ou sem aderência (pós-tração sem
aderência).
Aderência inicial: utiliza apoios independentes do elemento estrutural para
se executar o pré-alongamento da armadura. Após o endurecimento do
concreto a ligação com os apoios é desfeita e a ancoragem se dá apenas
por aderência.
Protensão em bancada ou protensão com aderência inicia: (...) Os fios de
protensão são tensionados entre blocos de ancoragem fixos e são assim
concretados. Obtém-se uma aderência imediata entre a armadura de protensão e
o concreto. Após o concreto ter endurecido o suficiente, os fios são desligados dos
blocos de ancoragem, de modo que a força de protensão se transfere ao concreto
por aderência ou por dispositivos de ancoragem. (LEONHARDT, Fritz, 2007, p. 7)
Figura 3 – Modelo concreto protendido com aderência inicial.
Fonte: Prof. William Mallmann - www.ebah.com.br/content/ABAAAgY5kAA/concreto-protendido-como-
solucao-na-arquitetura
Aderência posterior: o pré-alongamento da armadura é realizado após o
endurecimento do concreto, sendo utilizado o próprio elemento como
ancoragem, após a protensão é injetado nata de cimento na bainha pelos
tubos de injeção para se obter aderência.
Tensionamento após o endurecimento do concreto ou protensão com aderência
(...) após o endurecimento do concreto, a armadura de protensão é tensionada e
ancorada nas extremidades da peça. A aderência se obtém injetando-se as
bainhas, após a protensão, com argamassa ou nada de cimento. (LEONHARDT,
Fritz, 2007, p. 7)
Figura 4 – Modelo concreto protendido com aderência posterior.
Fonte: CHOLFE, L; BONILHA, L. 2013, p. 49
Sem aderência: a diferença desta para a aderência posterior é a ausência
da injeção de nata de cimento na bainha, pois esta trabalha com cordoalhas
engraxadas, onde a única aderência entre a armadura e o concreto é nos
pontos de ancoragem.
Concreto protendido sem aderência (...) a armadura de protensão fica solta no
interior das bainhas, sendo capaz de deslizar. Essa situação ocorre, entre outras,
também durante o período de construção entre a protensão e a obtenção da
aderência posterior. (...) Neste caso, a armadura de protensão deve ser protegida
contra a corrosão nas bainhas. (LEONHARDT, Fritz, 2007, p. 8)
Figura 5 – Modelo concreto protendido sem aderência.
Fonte: Catálogo concreto protendido Rudloff, p. 8.
Vantagens
Com a ausência ou redução da fissuração e por possuir uma bainha
envoltória, inibe o fenômeno da corrosão, aumentando assim a sua
durabilidade;
Por utilizar materiais de qualidade superior aliados ao sistema construtivo da
protensão, os elementos estruturais se tornam mais esbeltos,
consequentemente mais leves e com a possibilidade de vãos maiores;
Se relacionarmos o custo por quilo com a força desenvolvida a cada quilo,
obtém-se um valor mais baixo das cordoalhas de aço em relação aos
vergalhões afirma Carvalho R. C. (2012, p 25) “Ao dividir o custo do kg do
aço pela tensão (proporcional à força), chega-se ao preço necessário para
desenvolver a força em questão ou a tensão”;
Figura 6 – Gráfico com custos das diversas categorias do aço.
Fonte: CARVALHO, 2012, p. 25
Possui menor deformação sob carregamento, reduzindo as flechas.
Desvantagens
Carvalho, R. C.(2013, p. 99) “Embora sejam grandes as vantagens das lajes
sem vigas, nem sempre se pode ser conveniente a sua utilização, pois
existem também desvantagens, causadas pela ausência das vigas”.
Necessidade de mão de obra especializada e materiais específicos
(bainhas, cabos e ancoragens);
Projeto das estruturas deve ser mais elaborado, contendo mais exigências
como os procedimentos executivos;
Maior dificuldade na execução de reformas.
OBJETIVOS
O objetivo deste trabalho é a descrição e comparação de cada um dos sistemas
construtivos, baseado na pesquisa bibliográfica.
MATERIAIS E MÉTODOS
A revisão bibliográfica utilizada neste artigo foi baseada em livros e artigos
encontrada na biblioteca das Faculdades Ponta Grossa e também na internet. Buscou-se
utilizar autores que trabalhem com ambos os temas para se obter suas opiniões em
ambos os sistemas construtivos.
RESULTADO E DISCUSSÕES
A partir do exposto é possível destacar que a maior diferença entre os sistemas
construtivos é a não utilização das vigas na laje protendida. Isso acontece pela utilização
das cordoalhas de aço, que suportam uma tensão maior que os vergalhões utilizados no
concreto armado convencional, conseguindo assim vãos maiores entre pilares, reduzindo
o número dos mesmos.
Figura 7 – Comparação entre o sistema de laje com vigas e o sistema de laje protendida.
Fonte: Hennrichs, C. A., 2003, p. 25
Com a eliminação das vigas e diminuição do número de pilares, teremos um menor
volume de concreto utilizado na estrutura, deixando-a mais leve e consequentemente com
uma fundação menor, o que reduz o tempo e o custo da obra.
Os sistemas de lajes sem vigas apresentam uma série de vantagens em relação
aos convencionais, onde as lajes são apoiadas em vigas no seu contorno; essas
vantagens, (...) basicamente resultam em uma diminuição do tempo de execução,
uma melhora na qualidade do edifício e, em algumas situações, podem levar à
redução do custo da estrutura. (CARVALHO, R. C; PINHEIRO, L. M, 2013, p. 94)
A ausência das vigas também proporciona um melhor visual e facilidade nas
instalações, definições de espaços e modificações futuras como afirma Carvalho, R. C. e
Pinheiro, L. M. (2013, p. 94) “o pavimento em laje sem vigas oferece ampla liberdade na
definição de espaços internos e facilita a realização de reformas e modificações futuras,
pois as divisórias não estão condicionadas à localização das vigas do piso e do teto”.
Comparando-se as armaduras utilizadas, nota-se uma maior simplificação no
sistema protendido, pois sem as vigas, elimina-se as armaduras relacionadas à elas. Para
combater os momentos positivos, podemos utilizar telas soldadas, que são de fácil
instalação, com isso obtemos uma redução no tempo e no custo da obra como citado em
C. e Pinheiro, L. M. (2013, p. 95) “ com a ausência de vigas são eliminadas todas as
armaduras e as operações correlatas a elas (...) Também podem ser usadas telas
soldadas como armadura de flexão, facilmente estendidas sobre as fôrmas. Como
consequência dessas simplificações, há uma maior racionalização das tarefas de corte,
dobramento e montagem, com redução de desperdícios e de mão-de-obra e melhoria da
qualidade e da segurança, pois aumenta a garantia da colocação das armaduras na
correta posição e facilita a inspeção e a conferência”.
Há uma grande redução no gasto de madeira para as formas. Sem as vigas há
menos recortes e maior reaproveitamento, pois em pavimentos tipo, a laje não se altera,
facilitando a montagem dessa forma.
Estrutura convencional com lajes maciças (...) devido aos limites impostos,
apresenta uma grande quantidade de vigas, fato esse que deixa a forma do
pavimento muito recortada, diminuindo a produtividade da construção e o
reaproveitamento de formas. (ALBUQUERQUE, A. T. e PINHEIRO, L. M. 2002,
p.2)
Quanto à mão de obra, o sistema de laje protendido exige pessoal qualificado, o
que favorece o sistema convencional, pois como é utilizado há várias décadas, conta com
pessoal treinado e de fácil disponibilidade, conforme Albuquerque, A. T. e Pinheiro, L. M.
(2002, p.2) “foi durante anos o sistema estrutural mais utilizado nas construções de
concreto, pois isso a mão de obra já é bastante treinada”.
CONCLUSÃO
A partir da análise das bibliografias consultadas, pode-se chegar à conclusão que o
sistema de laje protendida sem vigas pode ser mais vantajoso, mesmo que dependa de
uma mão de obra mais qualificada, sua armadura é mais barata (em relação custo/tensão
suportada), utiliza menos concreto, deixando a estrutura mais esbelta e
consequentemente mais leve e utiliza menos madeira, tudo isso contribui para diminuir o
custo total da edificação.
Todas essas vantagens da laje protendida ajudam a diminuir o tempo de trabalho,
pois não há vigas para serem montadas, menos pilares para serem construídos, menos
armaduras para serem montadas e menos formas para instalar.
A partir deste artigo será desenvolvido um novo trabalho baseado em uma obra
existente, podendo-se assim comparar realmente a diferença de custo total do concreto,
aço, madeira e o tempo decorrido para conclusão de cada pavimento e da obra completa.
REFERÊNCIAS
ALBUQUERQUE, Augusto Teixeira; PINHEIRO, Libâno Miranda. Caderno de Engenharia de Estruturas: n 19. São Paulo: São Carlos, 2002. CARVALHO, Roberto Chust. Estruturas em Concreto Protendido: Cálculo e detalhamento. 1 ed. São Paulo: Pini, 2012. CARVALHO, Roberto Chust; PINHEIRO, Libâno Miranda. Cálculo e detalhamento de estruturas usuais de concreto armado: volume 2. 2 ed. São Paulo: Pini, 2013. CHOLFE, Luiz; BONILHA, Luciana. Concreto Protendido: Teoria e Prática. 1 ed. São Paulo: Pini, 2013. GUERRIN, A.; LAVAUR, Roger C. Tratado de Concreto Armado: Estruturas de residências e indústrias – Lajes – Escadas – Balanços – Construções diversas. Curitiba: Hemus, 2002. HENNRICHS, Carlos Alexandre. Estudos sobre a modelagem de lajes planas de concreto armado. Dissertação. Graduação em Engenharia Civil, UFSC, 2003. HIBBELER, R. C. Análise das Estruturas. 8 ed. São Paulo, 2013. LEONHARDT, Fritz. Construções de Concreto, vol 5: concreto protendido. 1 ed. Rio de Janeiro, 2007. LEONHARDT, Fritz; MÖNNIG, Eduard. Construções de Concreto, vol 1: princípios básicos do dimensionamento de estruturas de concreto armado. 1 ed. Rio de Janeiro, 2008. RUDLOFF. Catálogo Concreto Protendido Rudloff. Disponível em: www.rudloff.com.br. Acesso em 16 out. 2016.
Problemática das enchentes relacionadas à
drenagem urbana
Problem of flooding related to urban drainage
Faglia Odessa Ribeiro Niemies Sutil Faculdades Ponta Grossa
Discente do Curso de Arquitetura e Urbanismo Castro - PR
Débora Perek
Wagner José Guerreiro
Wilian Ianz
Sara Helena Bobeck Faculdades Ponta Grossa
Docente do Curso de Arquitetura e Urbanismo
RESUMO
Neste trabalho foi possível elencar as principais causas de inundações em cidades, podendo ser compreendido o motivo da escolha do local para os assentamentos urbanos ao torno do rio e citar algumas prováveis soluções para este problema, a partir de soluções de infraestrutura ou sustentáveis, sendo relatado os casos das cidades de Irati – PR e Castro – PR. Palavras-chave: infraestrutura urbana; desenvolvimento urbano; enchentes; sustentabilidade.
ABSTRACT
In this work has been possible to list the main causes of flooding in cities, can be understood the reason of the choice of location for settlements urban around the river and cite some probable solutions to this problem, from the infrastructure or sustainable solutions, with reported cases of cities of Irati - PR and Castro - PR.
Keywords: urban infrastructure; urban Development; floods; sustainability.
INTRODUÇÃO
Segundo TUCCI (2009) a canalização do escoamento, a alteração das superfícies
e o aumento da poluição, geram fortes alterações no ciclo hidrológico. Os países em
desenvolvimento apresentam graves impactos, onde a urbanização e as obras de
drenagem acontecem de forma insustentáveis, com processos que não são utilizados em
países desenvolvidos.
No presente artigo vamos discorrer sobre as questões que abrangem a drenagem
urbana, sua problemática, as causas das enchentes, medidas de controle, medidas
sustentáveis, e a abordagem de casos correlatos ao problema das enchentes em cidades
do sul do Brasil.
Este trabalho tem como objetivo apresentar propostas para os problemas na
drenagem urbana e assim incentivar a implantação de medidas viáveis e possíveis de
implantação, assim também como priorizar a qualidade de vida da população
minimizando ou solucionando a questão da insuficiência da drenagem urbana e
ocorrência de enchentes.
HISTÓRICO
As inundações se iniciaram desde que o homem começou a ocupar áreas
próximas ao rio, utilizando-o para consumo, transporte e até como local para dispor seus
dejetos. Outra questão que motivou a ocupação próxima aos rios foi devido à pouca
declividade do terreno pois se encontravam geralmente planos. Essas ocupações
demonstram a situação atual de diversas cidades, com sua formação em torno de rios,
conforme TUCCI, (2006).
Segundo TUCCI (2002) nas últimas décadas no Brasil tem havido um grande
crescimento populacional urbano, gerando assim nas capitais brasileiras de cada Estado,
grandes metrópoles em desenvolvimento conjunto com as cidades da circunvizinhança.
Nota-se que os impactos ambientais e os processos inadequados de urbanização
percebidos nas metrópoles também se encontram em cidades de médio porte. As
características comuns presentes nesse crescimento vêm de ocupações irregulares em
áreas de mananciais e riscos de inundações, geralmente pela população de baixa renda,
no qual não seguem a regulamentação urbana, dificultando a utilização de ações não
estruturais de controle ambiental.
Mas a ocupação em margens de rios não é algo recente, segundo
DEFFONTAINES (1938) houve cidades que surgiram devido as estradas, como local para
pouso do tropeiro, que levava consigo as novidades de ideias e hábitos, em uma atividade
vinda desde o século XVIII.
Segundo Thomé (2012) a jornada do Sul ao Norte levava muitos meses,
necessitando de local de descanso do gado que era transportado e aos tropeiros que
seguiam em viagem levando suas cargas e animais. A demanda do transporte
impulsionou essa atividade com a abertura de estradas que consequentemente, seguiam
para o descanso próximo aos rios.
Outros registros demonstram ocupações próximas aos rios com o objetivo
diferenciado de acordo com BELLÉ (2003) como exemplo são os jardins suspensos na
Babilônia, como o construído pelo rei Nabucodonosor, para sua esposa preferida Amitis, a
fim de amenizar as saudades dos campos e florestas de sua terra. Os jardins feitos no
antigo Egito possuem referências de em torno de 2.000 AC. A produção dos jardins
seguia critérios de plantio baseados na agricultura que se desenvolvia na planície do rio
Nilo, com a utilização dos canais de irrigação, esculturas, muros e apresentavam
desenhos de linhas retas e formas simétricas, em consequência havia a geração de
conforto térmico.
CAUSAS DAS ENCHENTES
De acordo com VASCONCELLOS (2015), o atual cenário da urbanização nos
mostra que há necessidade de mudança imediata, para que uma nova forma de
planejamento busque o equilíbrio entre os processos naturais e urbanos, e isto também
se refere à questão de drenagem urbana, que deve levar em consideração os aspectos
naturais, mantendo as áreas permeáveis e controlando a erosão.
O aumento da vazão dos rios, caracterizados como enchentes ocorre por dois
processos, de acordo com TUCCI (2006) que seriam por causas naturais e artificiais.
Como o extravasamento dos leitos dos rios é um fenômeno anterior às cidades, é definido
como natural, decorrente principalmente de grandes precipitações, tipo de relevo, e
capacidade de escoamento da bacia, resultando na expansão da área de cursos d’água,
que não causa grandes impactos em áreas não urbanizadas. Porém, em função de
condições históricas, as cidades foram se estabelecendo em torno dos rios e o limite da
área de inundação assim como mostra na figura 1, muitas vezes não foi respeitado, logo
esse fenômeno natural causa diversos danos materiais e humanos.
Figura 1: leito menor e limite de inundação. FONTE: TUCCI (2006)
As causas artificiais são as decorrentes das ações do homem, como a
urbanização, desmatamento e o uso agrícola. Essas atividades causaram grande impacto
ambiental, influenciando diretamente no comportamento dos rios. De acordo com
VASCONCELLOS (2015) a expansão urbana aumentou significativamente as áreas
impermeabilizadas, fazendo com que o escoamento das águas pluviais, que
anteriormente se dava de forma lenta, através do solo, seja acelerado, chegando com
maior velocidade no leito dos rios, que muitas vezes não comporta o volume de água com
relação ao tempo, gerando alagamentos em poucas horas.
A infraestrutura urbana também é um elemento crucial para uma boa ou má
drenagem urbana, visto que a implantação desordenada desses recursos, como pontes,
calçadas, edificações, bueiros, galerias e canalizações, pode resultar em obstruções para
o escoamento das águas pluviais.
Muitos prejuízos ocorrem em decorrência das enchentes urbanas, mas
independente de obras bem realizadas, como dragagem dos rios, limpeza dos bueiros,
ampliação das galerias de águas pluviais e sistemas de alertas, a cidade sempre estará
sujeita a uma nova inundação, e os prejuízos serão novamente sentidos, devido às
ocupações irregulares, que estão localizadas em áreas de APP, previstas no Código
Florestal (lei nº 12.651, 2012). De acordo com o relatório do Ministério do Meio Ambiente,
é possível verificar com clareza a ligação entre as áreas urbanas atingidas com as
enchentes e a ocupação irregular das Áreas de Preservação Permanente.
CASOS CORRELATOS
IRATI – PR
A cidade de Irati, localizada no centro-sul do Paraná, a cerca de 150 km da
capital, cresceu, assim como diversas cidades, em torno do rio, neste caso o Rio das
Antas e o Rio Imbituvão. Em alguns momentos da história, quando a precipitação das
chuvas foi intensa, ocorreram alagamentos com graves consequências, como no ano de
1983 (figura 2), de acordo com o estudo de MINIKOWSKI (2007) e no ano de 2014 (figura
3), de acordo com jornais locais, além de diversos outros alagamentos com menores
prejuízos.
Em 1983, de acordo com NAJUÁ (2014) o Paraná teve 70 mil desabrigados e 18
mortes, e a enchente de 2014, superou em 15 cm o nível de água.
Figura 2 e 3: Enchente de 1893 e 2014 em Irati, no bairro Rio Bonito e bairro Nhapindazal. FONTE: arquivo pessoal das autoras.
Nesta cidade, as enchentes do passado estão relacionadas com condições
naturais dos rios, que tem seus leitos extravasados em decorrência da grande
precipitação, causando prejuízos pelo fato da ocupação irregular ribeirinha, que não
respeita os limites das Áreas de Preservação Permanente, regiões estas, que em
diversos casos, as moradias não são precárias e apresentam documentação regular,
cedida pelos órgãos públicos, assim como relata VAEZA (2010). E as causas das
enchentes mais recentes, além do fenômeno natural, pode estar relacionado com o a
expansão urbana, e implantação de inúmeros loteamentos, que impermeabilizaram boa
área do solo, principalmente nas regiões mais altas do município, fazendo com que o
escoamento das águas pluviais seja acelerado, chegando rapidamente no leito do rio,
atingindo as regiões de relevo mais baixo, como o centro da cidade, que se encontra com
parte do Córrego dos Pereiras, cortando a cidade, canalizado e com galerias
subdimensionadas assim como relata BROETTO (2009).
A gestão atual, destinou recursos para dragagem do rio das Antas, limpeza e
ampliação das galerias centrais, com intenção de diminuir os impactos de acordo a
reportagem da NAJUÁ (2016). Esta solução realmente pode solucionar parte dos
problemas, mas deve ocorrer também a conscientização da população para parar o
acúmulo e depósito de lixos no rio, e buscar soluções junto aos órgãos públicos para
rever as condições de ocupação nas áreas de APP. Abaixo segue imagens mostrando
moradias em zonas inapropriadas na área de APP (figura 4), e uma imagem da ponte que
é principal fator para represamento da água quando há precipitações excessivas (figura
5).
Figura 4 e 5: Residências em locais inapropriados e situação de uma das pontes do Rio das Antas. FONTE: arquivo pessoal das autoras.
CASTRO – PR
De acordo com ZADRA (2009) a cidade de Castro surgiu através da atividade do
tropeiro e do rio Iapó que corta o perímetro urbano do município, e era utilizado como
local de pouso até que se transformou em cidade. O nome do rio Iapó tem origem na
língua tupi-guarani, com significado de rio que alaga, um dos pontos que impossibilitava
os tropeiros de prosseguir em viagem, esperando a baixa das águas. A data exata não foi
registrada, mas considerando alguns dados históricos, acredita-se que ocorreu nos
primeiros vinte e cinco anos do século XVIII. Esse novo povoamento deu-se à sua
margem esquerda do rio.
Em relação a enchentes foram coletadas notícias nos jornais da cidade, no qual
em 1937, ocorreu uma das maiores enchentes, as águas do rio Iapó subiram cerca de 6
metros, e trouxe muito prejuízo aos moradores e comerciantes próximos ao rio, segundo
ZADRA (2009).
Em maio de 1983, houve outra grande enchente que quase resultou em levar a
ponte existente na PR 151, com apenas em torno de meio metro para atingir a laje da
estrutura e que começasse a represar o fluxo das águas. ZADRA (2009).
Nos dias atuais, os moradores ainda sofrem quando há aumento de precipitações,
causando enchentes no perímetro urbano, assim como é exibido na figura 6.
Figura 6: enchente 2015 na cidade de Castro, bairro Centro. FONTE: arquivo pessoal das autoras
POSSÍVEIS SOLUÇÕES
PLANO DIRETOR
A gestão urbana tem papel fundamental na questão de drenagem urbana,
podendo lançar diversas medidas preventivas, ou ações para solucionar problemas
relacionados a enchentes. De acordo com FUNASA (2012) as prefeituras devem levantar
algumas questões relacionadas à gestão de águas pluviais, ao elaborar o seu plano
diretor que serão citadas a baixo, sendo também explanando sobre possíveis soluções
relacionadas com cada tema, propostas por TUCCI (2006):
• Uso e ocupação do solo: a legislação vigente deve estar ciente da
problemática das enchentes, exigindo uma taxa de permeabilidade que não cause total
impermeabilização do solo, e se houver, propor medidas para retenção temporária das
águas pluviais, como exemplo a utilização de telhado verde.
• Cobertura vegetal: deve ser analisada essa condição, buscando medidas de
controle se houver a diminuição da cobertura vegetal, que pode aumentar a velocidade do
escoamento que chega até o leito dos rios e possibilitar maior incidência de erosão do
solo.
• Ocupações Irregulares: esta questão é um dos principais fatores que
causam prejuízos à população, e por isso é bem delicada, devendo ser tratada com
bastante atenção pelo poder público, que pode propor medidas para não incentivar essas
ocupações, como não construir obras públicas nesses locais, evitar financiar obras,
propor mecanismos econômicos para incentivar o controle das áreas de risco, como
retirar o IPTU dos proprietários que mantiverem seus terrenos sem construções e usá-los
para outros fins como o lazer ou prever formas inovadoras de manejo local, informando os
moradores que preferirem permanecer no local, que há o risco de inundação e eles
devem estar atentos às chuvas, podendo buscar soluções de proteção para as
habitações.
• Panorama das condições do sistema de Drenagem: muitos sistemas de
drenagem urbana estão desatualizados e não comportam mais o aumento do escoamento
pluvial, podendo ser o causador dos alagamentos, que devem ser estudados e
reformados para suportar a demanda.
• Manutenção e Limpeza: antes de recorrer a medidas extremas como a
reforma do sistema de drenagem, deve ser verificado se há constante manutenção dos
sistemas de drenagem, que devem ser limpos, removendo possíveis obstruções.
Estes fatores devem ser analisados a fim de elaborar um plano de drenagem, que
pode ser anexado ao plano diretor, incorporando planos de ação, manuais de drenagem e
propostas para gestão das águas pluviais.
MEDIDAS ESTRUTURAIS:
Segundo CANHOLI (2005) medidas estruturais são as obras de engenharia, e
podem se caracterizar de formas distintas.
As medidas intensivas correspondem a obras como as seguintes:
• A aceleração do escoamento, como a canalização e obras equivalentes;
• A diminuição do fluxo, como reservatórios, restauração de calhas naturais;
• O desvio de escoamento, como túneis de derivação de canais de desvio;
• A introdução de ações individuais para a preparação da edificação contra
enchentes, deixando-a mais resistente.
As medidas extensivas são pequenos armazenamentos dispersos na bacia, a
reimplantação de cobertura vegetal e referente ao controle de erosão do solo, no percurso
da bacia de drenagem.
De acordo com MASCARÓ (2005), os sistemas de drenagem de águas pluviais
são constituídos de vias pavimentadas, que incluem as guias e sarjetas, aproveitando a
condução das águas através dessa capacidade de vazão, a rede de tubulações e os
sistemas de captação. Outros elementos utilizados na drenagem de águas pluviais são: o
meio-fio, sarjetas e sarjetões.
• Os meio-fio podem ser encontrados entre o passeio e o leito carroçável da
via, sendo utilizados paralelos ao eixo da rua e geralmente construídos em pré-moldados
de concreto ou pedras, formando um conjunto com as sarjetas. O recomendado para a
altura do meio-fio em relação a sarjeta é de aproximadamente 15 cm.
• As sarjetas estão situadas junto ao meio-fio como faixas do leito da via, são
executados em concreto pré-moldado ou moldado “in loco”. Formam canais triangulares,
junto ao meio-fio, com o objetivo de receber e direcionar as águas ao sistema de
captação.
• Os sarjetões estão localizados nos cruzamentos das vias com a função de
dirigir o fluxo d’água. São calhas geralmente construídas do mesmo material das sarjetas
em forma de “V”.
• As bocas de lobo captam as águas através de caixas ao longo das sarjetas,
e conduzem as águas de escoamento superficial até as galerias. A declividade da via
altera sua colocação, pois a implantação não segue um padrão, mas sim a posição de
melhor funcionalidade.
Existem três tipos de bocas de lobo, a de captação lateral, localizado em
depressão; o sistema de captação vertical, construído em grades de ferro ou concreto
armado, que depende de uma rua limpa para que haja bom funcionamento; e sistema de
captação combinado, vertical e lateral, é o mais eficiente, diretamente ligado à secção
transversal da via pública.
• Os condutos de ligação captam as águas das bocas de lobo e conduzem a
uma caixa de ligação, a um poço de visita ou até a outra boca de lobo.
• As caixas de ligação são executadas em concreto ou alvenaria, com uma
secção quadrada, com função de unir os condutos de ligação das galerias, ou de conectar
os demais condutos de ligação.
• Os poços de visitas têm função de limpeza e inspeção, dando acesso aos
condutos. É utilizado quando há mudança de direção ou declividade na galeria em suas
extremidades.
• As galerias recebem as águas pluviais através de canalizações e direcionam
a seu destino final. Os mais utilizados são fabricados em concreto pré-fabricado, com
secção circular.
Segundo MASCARÓ (2005), os sistemas não convencionais são utilizados de
forma paralela aos demais sistemas, auxiliando com baixo custo, exemplos:
• A canalização centralizada a céu aberto é implantada para grandes vazões,
geralmente em valas centrais.
• As bacias de estocagem complementam a canalização alargando os canais
ou as tubulações de drenagem, deixando a água depositada em algumas horas. Essa
área pode ser aproveitada como local de lazer em tempos de estiagem, combinando este
espaço com uma área verde.
MEDIDAS NÃO ESTRUTURAIS
Neste tópico será explanado sobre tipologias de infraestrutura verde, que tem
como principal função solucionar problemas de drenagem, por meio de processos
naturais das águas. Por se tratar de tipologias que trabalham com adaptação da
infraestrutura já existente, os custos de implantação são mais reduzidos, podendo trazer
mais benefícios ambientais, de acordo com VASCONCELLOS (2015). Essas tipologias
são:
• BIOENGENHARIA: trata-se de uma combinação entre vegetação e técnicas
da engenharia tradicional, buscando principalmente a estabilização do solo, evitando a
erosão. Como por exemplo gabiões vegetados e estacas vivas.
• BIOVALETA E CANTEIROS PLUVIAIS: são jardins ou valas vegetadas,
implantadas em um nível mais baixo à rua, que tem a vegetação como um meio de
filtração das águas resultantes do escoamento superficial, tendo como principal função a
retenção das águas, para posterior encaminhamento para as galerias de drenagem.
• INTERSEÇÕES VIÁRIAS: são áreas permeáveis entre as vias de trafego,
como canteiros e rotatórias, que podem servir como drenagem e purificação das águas
superficiais, e local para plantio de espécies nativas.
• JARDINS DE CHUVA: são estruturas em cotas mais baixas que as vias que
formam poças que podem se infiltrar gradualmente pelo solo, reduzindo o fluxo da água
que é encaminhada para os bueiros e galerias.
• LAGOA PLUVIAL: é uma estrutura destinada a retenção de águas pluviais
que extrapolam o nível comum dos rios, a fim de evitar inundações.
• LAGOA SECA: é caracterizada por uma depressão vegetada, que permite
armazenamento temporário do escoamento pluvial, podendo ser implantando em diversos
pontos próximos a bacia de drenagem, que além dessa função pode ser utilizada para
outros fins em tempos secos, como lazer.
• PAVIMENTOS POROSOS: auxiliam na drenagem pluvial devido serem
parcialmente permeáveis, podendo se aplicar em diversas áreas da cidade, como
calçadas e estacionamentos.
• RUAS VERDES: possuir ruas vegetadas, intensamente arborizadas, trazem
melhorias, como conforto térmico, acústico e visual, diversos benefícios ambientais e
também contribui com a redução do escoamento superficial e aumento da capacidade de
infiltração das águas.
• TETO VERDE: é uma forma de substituição da área que foi
impermeabilizada pela edificação, aplicando vegetação e uma certa capacidade de
acúmulo de água da chuva, para posterior lançamento na rede tradicional.
CONCLUSÕES
Através dos estudos citados no presente artigo, verifica-se que a drenagem
urbana, principalmente em países subdesenvolvidos, apresenta diversas falhas e
sistemas sobrecarregados pelo desenvolvimento a partir da passagem dos anos. Foi
possível perceber que existem soluções plausíveis, mas que necessitam de manutenção
e conscientização da população em geral.
Tantas soluções de engenharia, quanto os planos não estruturais são soluções
viáveis, mas cabe a administração pública direcionar, de acordo com a possibilidade do
município, a melhor proposta, através de estudo sobre as áreas carentes e áreas que
sofrem danos oriundos dos problemas de drenagem.
No caso de Irati, nota-se que o maior problema foi a canalização do rio, além do
surgimento da cidade no leito menor do rio. As soluções imediatas seriam limpeza das
galerias, com futuras propostas para ampliação do sistema de drenagem que causam
represamento do rio.
Assim como o caso de Castro, nota-se que foram ocupadas áreas de extravaso
natural do rio, e impermeabilização intensa em áreas próximas ao rio, acelerando o
processo de enchentes, causando males aos moradores localizados nestas proximidades.
Na drenagem urbana, além de processos estruturais pode através de processos
não convencionais, proporcionar maior qualidade de vida, não apenas como soluções de
drenagem, mas também com mais áreas verdes, possibilitar, melhor qualidade do ar,
conforto térmico, e áreas de lazer.
O estudo elaborado atende aspectos relevantes para se estabelecer novos
conceitos de solução para a problemática das enchentes, relacionado a drenagem
urbana, por meio de propostas eficientes.
• REFERÊNCIAS
BELLÉ, Soeni. Apostila de Paisagismo. IFPR: Campus Bento Gonçalves, 2013.
BRASIL. Lei n° 12.651, Código Florestal. Presidência da República. Brasília:
25 de maio de 2012. BROETTO, André Demetrio Brustolim. Estudo de Caso do Sistema de
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CANHOLI, Aluísio Pardo. Drenagem Urbana e Controle de Enchentes. São
Paulo: Oficina de Textos, 2005. DEFFONTAINES, Pierre. Como se Constitui no Brasil a Rede de Cidades.
Boletim da Sociedade de Geografia de Lille. Lille, 1938. FUNASA. Termo de Referência para Elaboração de Planos Municipais de
Saneamento Básico. Brasília, 2012. MASCARÓ, Juan Luis. Loteamentos Urbanos. Porto Alegre: Masquatro, 2005. MINIKOWSKI, Marcelo. Estudo da Ocorrência de Enchentes em Irati-PR
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A cidade e sua relação com as águas: estudo para revitalização do Rio das Antas em Irati-PR The city and your relationship with the waters: study to revitalize the Rio das Antas in Irati-PR
Débora Perek Faculdades Ponta Grossa
Discente do Curso de Arquitetura e Urbanismo [email protected]
Rafael Obrzut Faculdades Ponta Grossa
Discente do Curso de Engenharia Civil
Faglia Odessa Ribeiro Niemies Sutil
Faculdades Ponta Grossa Discente do Curso de Arquitetura e Urbanismo
Wagner José Guerreiro Faculdades Ponta Grossa
Discente do Curso de Arquitetura e Urbanismo
Andressa Ferrari Faculdades Ponta Grossa
Docente do Curso de Arquitetura e Urbanismo
RESUMO: A implantação das cidades está vinculada por vezes com os rios, por uma questão vital. Porém, o desenvolvimento dos centros urbanos, em grande parte dos casos, acabou por excluí-los e desmerecê-los, resultando em córregos canalizados, poluídos, assoreados e sem respeito à mata ciliar. Este fato acaba causando uma série de problemas ambientais que necessitam atenção. Como exemplo para sanar tais problemas, citam-se os projetos integrados à sustentabilidade, que tem como objetivo a recuperação e valorização dos rios e suas margens. Destaca-se, neste contexto, a relação da cidade de Irati com o Rio das Antas. Este trabalho objetiva, assim, elucidar uma possível proposta de revitalização que possa ser implementada no município.
ABSTRACT: The implantation of cities is linked sometimes with the rivers, for a vital issue. However, the development of urban centers, in most cases, delete and debunk them, resulting in channeled streams, polluted, silted and without respect to the riparian
forest. This fact ends up causing a lot of environmental problems that need attention. As an example to remedy such problems, cite the integrated sustainability project, which aims to return and recovery of rivers and their margins. Detaching, in this context, the relationship of the city of Irati with the Rio das Antas. This work aims elucidate a possible proposal for revitalização that can be implemented in the municipality.
PALAVRAS-CHAVE: rios urbanos, sustentabilidade, planejamento.
KEY WORDS: urban rivers, sustainability, planning.
INTRODUÇÃO
É fato que algumas cidades estão se desenvolvendo por meio de um caminho que
exclui gradativamente as áreas verdes e as águas localizadas no perímetro urbano,
modificando a percepção humana da relação essencial entre o homem e a natureza.
Porém, essas áreas desempenham funções primordiais na efetivação de diversos
aspectos ambientais, que são essenciais a qualidade de vida dos seres humanos. São
esses espaços que contribuem para o melhor desempenho da estrutura urbana, e quanto
mais áreas verdes, menor será incidência de problemas respiratórios, problemas físicos e
psicológicos causados por ruídos excessivos, aumento demasiado de temperatura e
desastres ambientais, como por exemplo as enchentes que vem devastando habitações
próximas a córregos e rios e causando impactos ambientais por vezes irreversíveis.
Cidades que possuem rios e canais como elementos estruturais, devem buscar
uma forma de reconciliar o desenho urbano com suas águas, para possibilitar o
desenvolvimento sustentável, aliado ao bem-estar e saúde da população, visto que o
retrato atual dos rios urbanos é de alta depredação, apresentando águas poluídas e
pouco valorizadas, tendo essas condições acobertadas pela expansão urbana mal
realizada e pela exploração imobiliária.
Este trabalho tem como objetivo elucidar os benefícios que o desenho urbano,
vinculado à sustentabilidade, pode acarretar para a população e o meio ambiente, sendo
levantadas considerações sobre a cidade de Irati e sua relação com o Rio das Antas, a
fim de resultar em um futuro projeto de recuperação e revitalização de suas margens.
METODOLOGIA DE PESQUISA
Para a elaboração deste artigo, inicialmente foi realizada uma pesquisa
bibliográfica para aproximação com o problema identificado. Paralelamente efetuou-se
uma busca, na qual foram levantados casos correlatos sobre revitalizações de rios
realizadas recentemente em todo o mundo, em busca de ações bem-sucedidas que
possam servir como exemplos a serem seguidos. Posteriormente foi feito o estudo de
caso em relação ao Rio das Antas na cidade de Irati, para diagnóstico das condições
atuais do mesmo. Esta etapa contou com visitas de campo, observações, levantamentos,
exploração de dados históricos e diagnóstico de imagens obtidas pelo Google Earth e
Drone Multirotor Dj iPhantom Câmera Dji 12 MP.
BASE TEÓRICO-CONCEITUAL
Os assentamentos urbanos em torno dos rios são uma questão cultural desde as
primeiras civilizações. De acordo com Tucci (2006), o homem ocupou as regiões
próximas aos rios por questões de consumo, transporte e até como meio de depositar os
dejetos, principalmente no período medieval, quando os rios foram seriamente
contaminados, por problemas de saneamento, sendo considerados como locais
desagradáveis e evitados.
Mas nos séculos XVIII e XIX, como relata Delijaicov (2013),com uma política
urbanística sanitarista, os rios passaram a ser vistos como elementos estruturadores da
cidade, sendo embelezados com parques, passeios públicos e bulevares. Porém, esse
fenômeno foi rapidamente absorvido pela industrialização, caracterizada pela implantação
de diversas indústrias em fundos de vale, originando problemas ambientais e poluição das
águas, e também pela locação de ferrovias ao longo dos rios, criando uma barreira entre
esses elementos e a cidade. No início do século XX, essa situação piorou devido ao
surgimento do automóvel, e em decorrência disso, a instalação de rodovias ao longo das
margens dos corpos d´água, e também por questões do urbanismo mercantilista, que
agravou a condição de preservação dos rios por motivos capitalistas, transformando o
solo que deveria ser preservado e mantido com mata ciliar em mercadoria.
Nota-se que o atual o cenário da urbanização nos faz refletir que há uma
necessidade imediata de mudanças com relação ao planejamento e gestão, a fim de
encontrar uma forma de equilíbrio entre os processos naturais e urbanos como relata
Vasconcellos (2015). Isto porquea expansão das cidades desprezou seus rios,
destruindo-os com lixo e efluentes, de acordo com Tamaki (2013). Entretanto, mesmo que
os gestores tenham uma ideia negativa sobre a presença de rios em território urbano, isso
deve ser visto como potencialidade pelos urbanistas e paisagistas, pois se trata de um
elemento vital, que deve ser valorizado por meio de intervenções que possam transformá-
los em locais de grande valor simbólico e cívico.
CASOS CORRELATOS
Como resultado do apelo das cidades por uma forma mais sustentável, que garanta
maior qualidade de vida, existem diversos estudos e projetos que visam a valorização e
integração dos rios com a cidade, a seguir serãorelatados três casos.
Rio Ljubljanica
Este rio se localiza na cidade de Ljubljana, na Eslovênia, e passou por diversas
intervenções ao longo da história. A primeiradelas foi no século XVIII com a criação de um
canal, que diminui a vazão do rio no perímetro urbano. Em 1917 houve a canalização por
meio de sinuosos muros de concreto a fim de controlar as enchentes recorrentes, porém,
isso resultou na descontinuação do contato direto das pessoas com as águas, o que foi
primordial para a revisão deste projeto em 1940 pelo arquiteto Joze Plenick. Ele
compreendia a importância do rio na concepção de espaços públicos, prevendo projetos
que integrassem esses locais com os rios, através de praças, passeios e pontes.
(SIQUEIRA, 2013).
Com o passar dos anos, esse projeto foi negligenciado, passando a dar lugar ao
trafego de veículos. Com o intuito de mudar essa realidade, houve outra intervenção
liderada pelo arquiteto Janez Kozelj, por meio de concursos que priorizavam propostas
que seguissem a visão de Plenick. Esta ação resultou na revitalização de 65 mil m² da
margem (Figuras 1, 2 e 3), tendo o objetivo de reduzir o trafego de veículos, dar maior
acessibilidade, criar ciclovias, valorizar o percurso a pé e atividades ao ar livre
(SIQUEIRA, 2013).
Figuras 1, 2 e 3: recuperação das margens do rio Ljubljanica. Fonte: Siqueira (2013).
Rio Cheonggyecheon
Este córrego situa-se em Seul, na Correia do Sul.Teve seu leito coberto por uma
via expressa elevada que sepultou as suas águas, para beneficiar o trafego de veículos,
que só aumentou no decorrer dos anos, gerando grandes congestionamentos e
insegurança. Entre os anos de 2000 e 2001, era claro que esta situação era insustentável,
e a melhor solução seria a demolição desta via e a revitalização do rio.Assim como relata
Rowe (2013), não apenas a via elevada foi demolida, mas também o leito carroçável,
possibilitando o descobrimento do córrego e seu alargamento, para evitar possíveis
enchentes.
O local recebeu praças, parques e pontes que possibilitaram maior aproveitamento
da área pela população, bem como tornou-se uma atração turística,além de contribuir
com elementos ambientais como diminuição da temperatura, redução de poluição e
melhorias das condições climáticas (Figuras 4, 5 e 6). Mesmo com a remoção de grande
parte das vias destinadas aos automóveis, não houve aumento de congestionamento,
graças a implantação de melhorias no transporte público.
Figuras 4, 5 e 6: Revitalização do rio Cheonggyecheon. Fonte: ARCHDAILY.
Rio Kallang
Encontra-se na cidade de Singapura na Ásia, que se tornou referência em
sustentabilidade de acordo com a pesquisa Green City Index, promovida pela Siemens
em 2012, no tratamento da equação entre natureza e tecnologia.
Entre diversos projetos feitos na cidade, pode-se destacar a revitalização do rio
Kallang, que foi transformado no Bishan Park, tornando-se o maior e mais populoso
parque da Cidade Estado, sistematizando um conjunto de áreas verdes garantindo
integridade ecológica do abastecimento aquático (Figuras 7, 8 e 9). O projeto valoriza o
rio e procura inseri-lo no meio urbano como forma de conscientização da população sobre
sua importância (Redação Eco Desenvolvimento).
Figuras 7, 8 e 9: Bishan Park, entorno do rio Kallang. Fonte: Redação Eco Desenvolvimento.
ESTUDO DE CASO
O Rio das Antaslocaliza-se na cidade de Irati, situada no centro-sul do Paraná, a
cerca de 150 km da capital. O município se desenvolveu, assim como diversas cidades,
em torno do rio, a partir de 1907. A cidade é classificada como de médio porte, tendo
população estimada de 56.207 habitantes (IBGE, 2010). Em pouco mais de um século de
existência, Irati teve seu território expandido, visto que 80% da população é urbana,
causando um sufocamento das áreas verdes, encurralando o rio, que nasce e tem quase
toda sua extensão dentro do município.
De acordo com Venâncio (2010), o fato deste rio estar localizado em território
urbano gerou diversos problemas de poluição e redução considerável da mata ciliar. Em
seu estudo, foi possível identificar as Áreas de Preservação Permanente em torno do rio,
em uma faixa de 30 metros como determinado no Código Florestal (Lei nº 12.651, 2012).
Porém, há uma legislação anterior (Lei n° 6.766, 1979) que define uma distância de 15
metros ao redor dos corpos hídricos para APP. Em função desta divergência, como
diversas edificações foram estabelecidas antes de 2012, é possível verificar muitos
pontos de irregularidades em relação à nova lei (Figuras 10 e 11). O Plano Diretor da
cidade não estabelece distâncias a serem seguidas para preservação dos rios (IRATI
2004).
Figuras 10 e 11: Residências em regiões de APP em Irati. Fonte: Google Earth, 2016.
O perímetro Urbano de Irati possui 3.312 hectares, de acordo com Venâncio
(2010), deste valor, 82.86 hectares pertencem à áreas de preservação permanente.
Porém, apenas 31,59% apresentam cobertura vegetada, logo 68% das APP se encontram
em condições irregulares.
Sendo assim, é possível perceber que a expansão urbana afetou diretamente a
questão ambiental, e atualmente a cidade vem sofrendo as conseqüências desta
condição, principalmente pela ocasião de enchentes, sendo este um fator natural dos rios
que foi agravado pelo desenvolvimento urbano irregular. A situação mais recente ocorreu
em 2014, quando a cidade foi acometida por uma enchente que acarretou diversos
prejuízos, principalmente à população ribeirinha, assentada nas regiões de APP. A
Prefeitura Municipal de Irati destinou recursos para a dragagem, limpeza e ampliação das
galerias (NAJUÁ, 2016), o que solucionou os problemas temporariamente. Entretanto,
ainda é necessária uma visão aprofundada da situação, buscando soluções junto aos
órgãospertinentes para rever a condição da ocupação do solo nas áreas de APP, além
deincentivar a conscientização da população, a fim de diminuir o acúmulo e depósito de
rejeitos no leito do rio.
PROPOSTAS E CONCLUSÕES
De acordo com os problemas acima relacionados percebe-se que a cidade de Irati
necessita de projetos que visem à recuperação do Rio das Antas, vinculados com
questões de sustentabilidade, promovendo melhorias na relação da população com as
águas.
Um estudo espacial permitiu que fossem identificadasas áreas de abrangência
urbana cortadas pelo rio (Figura 12). Este levantado propiciou a determinação de um
possível local para implantação de um parque integrado com o rio (Figura 13), em uma
área que, atualmente, encontra-se negligenciada e mal aproveitada pela gestão
municipal. O terreno abriga obras inacabadas para criação de um novo centro cívico, que
se encontra paralisado.
Figura 12: Curso do Rio das Antas em um recorte espacial da cidade de Irati. Fonte: Google Earth, editado pelos autores.
Imagem 13: Local proposto para revitalização. Fonte: Google Earth, editado pelos autores.
Nesta área e em alguns vazios urbanos ao longo do curso do Rio da Antas,
enumeram-se diversas potencialidades que podem ser aproveitadas por projetos de
recuperação. Estes terrenos encontram-se em áreas localizadas entre o rio e uma via
alternativa que controla o trafego no centro da cidade, recebendo grande fluxo de
veículos, a Avenida João Stoklos. Esta via também apresenta um longopercurso de
caminhada e ciclovia, que são bastante utilizados pela população na prática de esportes
(Figura 14).
Figura 14: recorte espacial exibindo a proximidade da rua com o rio.
Fonte: imagem capturada e editada pelos autores.
Através da análise das imagens realizadas por um drone, com alta definição, foi
possível perceber que existem muitos espaços vazios e mal aproveitados em torno do rio,
principalmente ao longo da margem que teve sua mata ciliar devastada pela dragagem,
que visava o desassoreamento (Figuras 15, 16 e 17). Esses locais podem ser vinculados
como parques, que proporcionassem a recuperação dessas áreas.
Figuras15, 16 e 17: Espaços vazios, margens sem mata ciliar. Fonte: imagem capturada e editada pelos autores.
Por fim, é possível concluir que a cidade de Irati necessita de projetos que visem à
recuperação das margens do Rio das Antas, para que haja maior relação de seus
habitantes com as águas e o meio ambiente. Tais projetos possibilitam que haja maior
conscientização sobre os benefícios de se ter um curso hídrico no território urbano,
tomando como base os projetos de referência que obtiveram sucesso.
REFERÊNCIAS
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DELIJAICON, A. Infraestrutura das Mentalidades. Entrevista por Mariana Siqueira. Arquitetura e Urnanismo (AU). Ano 28, n° 234, PINI – Setembro: 2013.
GARCIAS, C. M. at al. Revitalização de Rios Urbanos. Revista Eletrônica de Gestão e Tecnologias Ambientais (GESTA). Bahia: 2013.
IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo demográfico 2010. Disponível em:<http://www.censo2010.ibge.gov.br/resultados_do_censo2010.php> Acesso em: 11 out 2016. IRATI. Lei Municipal n. 2.161, de 21 de dezembro de 2004. Aprovou a primeira ediçãodo Plano Diretor Municipal. Disponível em: <http://www.irati.pr.gov.br/leis/arquivos/2161_04.pdf>. Acesso em: 18 de ago. de 2006. Lei n. 6.766, de 19 de dezembro de 1979. Dispõe sobre o Parcelamento do Solo Urbano. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/ Leis/L6766.htm>. Acesso em: 10 out 2016. RADIO NAJUÁ. Irati Cancela Carnaval e Prefeitura vai Destinar Recursos para Obras. Reportagem de Edilson Kernichi e Paulo Henrique Sava. 08 de janeiro de 2016. Disponível em: < http://radionajua.com.br/noticia/noticias/irati-e-regiao/irati-cancela-carnaval-e-prefeitura-vai-destinar-recursos-para-obras/33087/> acesso em 22 ago 2016.
REDAÇÃO ECOD. Singapura transforma canal de concreto em paisagem sustentável. Disponível em: <http://www.ecodesenvolvimento.org/posts/2012/abril/cingapura-transforma-canal-de-concreto-em-paisagem> acesso em 29 out 2015.
ROWE, P. G. Respirar de Novo, Revitalização do Cheonggyecheon. Arquitetura e Urbanismo (AU). Ano 28, n° 234, PINI – Setembro: 2013. SIQUEIRA, M. Projeto em Andamento, Recuperação das Margens do Rio Ljubljanica. Arquitetura e Urbanismo (AU). Ano 28, n° 234, PINI – Setembro: 2013. TAMAKI, L. Fluxo Livre. Arquitetura e Urbanismo (AU). Ano 28, n° 234, PINI – Setembro: 2013. TUCCI, Carlos E. M. Saneamento para todos. Secretária Nacional de Saneamento Ambiental, Gestão de Àguas Pluviais Urbanas. Brasília: Ministério das Cidades, 2006. VASCONCELLOS, Andréa Araújo. Infraestrutura Verde Aplicada ao Planejamento da Ocupação Urbana. Curitiba: Appris, 2015. VENÂNCIO, D. L. et al. Uso do Geoprocessamento em Estudo Ambiental na Bacia Hidrográfica do Rio das Antas, Irati (Paraná). Ambiência. Guarapuava: 2010.
Edifício Comercial Sustentável: uma proposta para Ponta Grossa-PR
Sustainable Commercial building: a proposal for Ponta Grossa-PR
Wagner José Guerreiro Faculdades Ponta Grossa
Discente do Curso de Arquitetura e Urbanismo [email protected]
Débora Perek
Faglia Odessa Ribeiro Niemies Sutil
Andressa Ferrari Faculdades Ponta Grossa
Docente do Curso de Arquitetura e Urbanismo
RESUMO
A demanda por soluções sustentáveis está se tornando algo cada vez mais necessário, principalmente na área de construção civil, considerada uma das atividades menos sustentável do planeta. O setor exige grande quantidade de recursos naturais não renováveis, ocasionando inúmeros impactos negativos no meio ambiente. É notável a necessidade de mudanças na concepção de novos projetos arquitetônicos, buscando um aproveitamento mais eficiente dos recursos, diminuindo fatores de degradação ambiental. Com base nisto, foi elaborado um estudo de origem acadêmica, que propõe a implantação de um edifício comercial sustentável na cidade de Ponta Grossa - PR. Para isso foram aplicados sistemas construtivos alternativos, bem como materiais que provocam menos impactos no planeta, comparados a sistemas convencionais. Como resultado apresenta-se o anteprojeto de forma descritiva e com imagens ilustrando as soluções adotadas.
Palavras-chaves: Desenvolvimento sustentável; bioarquitetura; qualidade de vida;
sustentabilidade;
ABSTRACT
The demand for sustainable solutions is becoming something increasingly
necessary, including in the construction area, considered the least sustainable
activity on the planet. The sector that requires large amounts of nonrenewable
natural resources, generating many negative impacts on the environment. It is
remarkable the need for change in this area, so that the resources available are
used more conscious by decreasing the degradation of the planet. Based on this, it
was prepared a project of academic origin, proposing the implementation of a
sustainable commercial building in the city of Ponta Grossa - PR. To achieve this,
we will invested in alternative construction systems, as well as materials that cause
less impact on the earth, compared to conventional systems. As a result we
present the draft descriptively with images illustrating the solutions adopted.
Key-words: Sustainable development; bioarchitecture; quality of life; sustainability.
INTRODUÇÃO
Na constante busca pela sobrevivência e pelo desenvolvimento a humanidade
provocou, ao longo dos anos, interferências e desgastes no ambiente natural para atender
sua demanda por uma infinidade de recursos. As várias atividades desenvolvidas pelo
homem dependem da oferta destes recursos em quantidades suficientes para garantir sua
continuidade, portanto torna-se urgente que a utilização dos mesmos seja pensada da
forma mais eficiente possível, minimizando ao máximo os efeitos e impactos negativos ao
planeta.
A construção civil é uma das atividades que mais requer recursos naturais, em
grande parte não renováveis. Visando maior sustentabilidade neste setor, o homem como
agente transformador pode prevalecer-se de técnicas construtivas, bem como novos
materiais e tecnologias eficientes e adequadas, que auxiliem na solução de problemas na
concepção de um projeto arquitetônico.
Uma definição clara de desenvolvimento sustentável pode ser entendida por aquele
que atende às necessidades do presente, sem comprometer o atendimento às
necessidades das gerações futuras. Contudo mudanças em relação aos sistemas
construtivos convencionais são essenciais e exigem a dedicação e participação de
diversas áreas do conhecimento. Neste sentido, a arquitetura e urbanismo exercem
importante papel na assimilação da sustentabilidade no contexto espacial e cultural, pois
o arquiteto pode intervir como agente social, assumindo a responsabilidade e o dever de
garantia da qualidade de vida e de desenvolvimento tecnológico viável aos novos padrões
mundiais que visam a sustentabilidade no ambiente construído.
Atendendo aos requisitos de sustentabilidade, este trabalho tem como objetivo
apresentar uma proposta de edifício comercial para a cidade de Ponta Grossa/PR, com
intenção de implantar uma nova identidade à cidade, incentivando novos projetos na
mesma linha, que além de contribuir com o meio ambiente, cria espaços confortáveis para
os funcionários e os usuários dos serviços oferecidos por ele, priorizando a qualidade do
ambiente interno, gerando assim, mais satisfação e maior rendimento dos que ali
trabalham.
DESENVOLVIMENTO
Para fundamentar o início do projeto foram realizadas pesquisas bibliográficas de
referência com o objetivo de conhecer exemplos de edifícios comerciais sustentáveis
existentes. Entre eles está o edifício Tamedia de Shigeru Ban, estruturado em madeira; o
Corte City Green de Richard Meier, que apresenta escritórios eficientes e um átrio central
e o projeto do Apple Campus 2 de Norman Foster, apresentando aplicação de tecnologia
em busca de eficiência energética e interação com a paisagem (Figura 1).
Figura 1: exemplos de edifícios comerciais sustentáveis: edifício Tamedia, Corte City Green e Aplee Campus 2.
Fonte: Archadaily
Após a análise dos estudos de caso acima mencionados, determinou-se o
programa de necessidades do projeto previsto para o município de Ponta Grossa/PR. Os
seguintes espaços foram sugeridos: estacionamento/bicicletário, recepção, sanitários,
lojas de alimentação como lanchonetes, cafés e restaurantes, lojas de serviços gerais
como posto dos correios e farmácia, caixas automáticos, escritórios de arquitetura, direito,
contabilidade, entre outros e consultórios médicos e odontológicos. A definição do
programa colaborou para a realização de um fluxograma para organização e distribuição
destes ambientes, setorizando usos e funcionalidades.
Posteriormente foi necessário o reconhecimento do terreno (Figura 2) sendo
considerado o declive, norte, insolação, ventos predominantes, vegetação existente,
zoneamento e o entorno imediato. O mesmo está localizado na cidade de Ponta Grossa,
no Paraná, no bairro de Oficinas, que é predominantemente residencial, apresentando
algumas áreas comerciais, inclusive o espaço determinado para o projeto em questão,
que se apresenta em um lote de esquina com área de 1.770 m².
Figura 2: Terreno previsto para implantação do projeto.
Fonte: Google Earth editado pelos autores.
Após as definições espaciais iniciais foi realizado um estudo sobre os materiais que
seriam especificados no projeto, bem como sua disponibilidade na região, sendo
determinado o uso principal da madeira e do aço.
O partido arquitetônico que balizou a concepção do projeto foi a adoção da
sustentabilidade como meta primordial a ser atendida. Em busca de símbolos que
pudessem ser vinculados a este conceito, a criação do edifício foi estabelecida em
comparação com um organismo vegetal vivo, surgindo como ideia de representação da
planta baixa dos diversos pavimentos, o desenho de uma folha. A folha é um elemento
de extrema importância para o conjunto de uma planta, sendo capaz de captar a luz e
fazer trocas gasosas com o meio.
PROPOSTA
Como o terreno para a implantação do projeto é um lote de esquina, para otimizar o
acesso aos fundos do mesmo foi criada uma via facilitando o fluxo de veículos, bem como
serviços de manutenção e a coleta de lixo. A fim de incentivar o uso de modais de
transporte alternativos, foi desenvolvido um estacionamento com poucas vagas para
veículos comuns e diversas vagas para bicicletas, incluindo um mobiliário urbano, que foi
posicionado na extremidade do passeio.
Integrando o edifício com entorno, a calçada foi planejada de forma com que se
entrelaçasse com a grama (Figura 3), tornando o espaço convidativo ao pedestre, além
da contribuição de bancos com espaço destinado a bicicletário, lixeira e floreira, que
contribuem para gerar uma área de descanso e interação social.
Figura 3: implantação. Fonte: próprios autores.
Os materiais utilizados no pavimento do passeio e no mobiliário, foram
selecionados a partir de conceitos sustentáveis. Sendo assim, o piso aplicado foi o
concreto poroso drenante, não bloqueando o escoamento de águas pluviais pelo solo. O
banco foi projetado com uma estrutura metálica como sustentação, garantindo longa
durabilidade, baixa manutenção, boa resistência e no futuro pode ser reutilizável. Para
aumentar o conforto, o assento foi proposto em madeira de demolição. O desenho da
extremidade, que também funciona como suporte para bicicletas, segue os detalhes de
uma engrenagem que contribui com a estética, feita com partes recicladas de carretéis
elétricos de imbuia (Figura 4).
Figura 4: perspectiva do mobiliário urbano. Fonte: próprios autores.
O volume principal da edificação, inspirado no desenho de uma folha, traz maior
leveza ao prédio. A forma arredondada e o traçado diferenciado requisitaram um método
alternativo para sua construção, aplicando materiais sustentáveis que pudessem ser
empregados sem gerar muitos resíduos durante a obra. O sistema estrutural contempla
pilares de sustentação que foram dispostos em forma de arcos (Figuras 5 e 6) compostos
por treliças metálicas revestidas com chapas zincadas, sobre os quais se apoiam as vigas
metálicas e as lajes de madeira laminada colada (MLC).
Figura 5: estudo de volume e estrutura Fonte: próprios autores.
Figura 6: corte esquemático da estrutura
Fonte: próprios autores.
Estruturalmente optou-se pela adoção do aço em perfis U, devido a sua alta
resistência e fechamento de chapa zincada na cor branca, propiciando as formas curvas
da estrutura. Mesmo não possuindo propriedades sustentáveis durante sua fabricação, o
aço é considerado como tal devido a condição de poder ser reaproveitado e não gerar
resíduos durante a obra, por proporcionar a elaboração de peças com medidas exatas,
parafusadas e soldadas em loco.
A especificação de madeira laminada colada, aplicada nas lajes, rampa e demais
elementos, é uma alternativa viável por se tratar de um material renovável que requer
baixo consumo de energia para sua transformação, substituindo o concreto. Sua
aplicação nas lajes se dá pela sua capacidade de vencer grandes vãos aliado a utilização
de vigas metálicas para seu apoio, elaborando assim uma construção leve. As árvores
utilizadas para fabricação de MLC, são provenientes de plantios certificados estando
sempre em renovação, por se tratar de espécies que são replantadas em áreas
remanejadas com técnicas florestais qualificadas, diferindo de materiais convencionais,
que tem uma fonte finita de matéria prima e contribuem negativamente com o meio
ambiente (NETO, 2010). Além disso a madeira é um material que possui ausência de
dilatação e baixa condutibilidade térmica, sendo considerado como elemento de grande
capacidade estética e que gera conforto aos usuários.
O volume do edifício se manifesta com uma dinâmica diferenciada (Figura 7),
surgindo da sobreposição das lajes em formato de folha e do elemento de vedação
vertical composto por uma malha de madeira que sugere as ramificações da vegetação,
onde há a distribuição de elementos translúcidos, com fechamento em vidro para maior
incidência solar e outros com brises que colaboram para o controle da iluminação natural.
Figura 7: perspectiva do volume.
Fonte: próprios autores.
Por se tratar de um edifício que disponibiliza salas comerciais de variados usos foi
utilizado o conceito de planta livre, possibilitando alteração da configuração dos layouts,
tendo como proposta inicial, o uso de divisórias de vidro, madeira ou drywall. O piso
predominante será em madeira nas áreas sociais, circulações e salas comerciais de
escritórios, sendo previsto piso vinílico para as salas de consultório atendendo
necessidades específicas.
O projeto apresenta área total de 3.749,4 m². A distribuição do fluxo se inicia pelo
acesso, que se divide em principal, direcionado a pedestres, através da fachada sul e um
secundário, na fachada norte, para os visitantes que chegam por meio de bicicletas e
carro. O pavimento térreo, com 658,8 m², é onde se encontra a recepção, a fim de prestar
ágil orientação para os visitantes; um restaurante; farmácia; posto de atendimento dos
correios; caixas eletrônicos; área de serviços e sanitários com acessibilidade (Figura 8).
1. Recepção 2. Farmácia 3. Correio 4. D.M.L. 5. Banheiro PPD 6. Cozinha 7. Restaurante 8. Área de circulação 9. Acesso ao piso superior (Elevador serviço / elevador comercial e Rampa) 10. Estacionamento 11. Banheiro
Figura 8: planta baixa térreo.
Fonte: próprios autores.
Interligando todos os pavimentos, inclusive a cobertura, existe uma rampa central
com 10% de inclinação contornando um jardim interno, que melhora a estética e
qualidade interna do ar, podendo ser contemplado durante o percurso (Figura 9). Outras
formas de acesso se localizam na parte posterior do edifício, sendo dispostas por dois
elevadores, um social e outro para serviços, e uma escada enclausurada, cumprindo as
normas de segurança exigida pelos bombeiros.
Figura 9: corte do edifício detalhando a rampa central.
Fonte: próprios autores.
O primeiro pavimento, com área total de 698,8 m², é onde estão localizadas cinco
salas para consultórios em geral, possuindo salas de espera e recepção especifica de
cada área profissional.
No segundo e no terceiro pisos, respectivamente com área total de 708,9 m² e
667,5m², encontram-se seis salas em cada, destinadas a uso de escritórios que se
adaptam a diversos usos.
Abrangendo uma área de 550,7m², o quarto andar é dotado de um espaço para
café e livraria que estão interligados, resultando em um ambiente propício a estudos,
leitura e descanso.
O quinto pavimento possui área total de 464,7m², conta com o deck e o telhado
verde (Figura 10), configurando uma proposta que foge da monotonia do dia-a-dia,
proporcionando assim, um ambiente agradável para descanso, contemplação e interação
social para os funcionários e visitantes. O acesso se dá apenas pela rampa, surgindo no
deck, protegido por paredes e cobertura de vidro, trabalhada com uma armação de
madeira no formato e coloração de uma folha. Este espaço é dividido em duas diferentes
configurações, sendo uma área destinada ao cultivo de uma horta, apresentando ervas,
frutas e legumes variados para uso de todos os frequentadores, em especial para o
restaurante, e outro ambiente com passeios, pergolado e área para convívio social e
interação, com diversas espécies vegetais, com coloração e floração diferenciadas,
respeitando as características do clima local (Figuras 11 e 12).
Figura 10: planta baixa do telhado verde.
Fonte: próprios autores.
Figura 11: perspectiva do telhado verde. Fonte: próprios autores.
Figura 12: perspectiva do telhado verde.
Fonte: próprios autores.
Aproveitando este espaço, protegido pela cobertura do deck, foram implantadas a
caixa de máquinas dos elevadores e a caixa d´água, em um local protegido por
vegetação. Optou-se pelo uso de palmeiras, criando assim um bloqueio visual e físico,
que só permite o acesso de pessoal autorizado. A proteção feita por meio do guarda
corpo, se dá através da continuação do brise que protege todo o volume, se estendendo a
mais 1,50 m, garantindo a segurança dos visitantes.
A implantação do telhado verde, contribui não apenas com o bem estar das
pessoas que interagem com áreas vegetadas, mas também com a sustentabilidade do
edifício, proporcionando diversos benefícios, como o controle térmico interno, diminuindo
a necessidade do uso de climatização mecânica; e a captação da água da chuva,
realizada por meio do escoamento da água pluvial que é drenada pelo sistema de
cobertura verde, sendo armazenada em uma cisterna, localizada no térreo, para uso de
manutenção do jardim, limpezas e descarga.
Uma solução encontrada que visa maior eficiência em relação ao consumo de água
foi utilizar torneiras automáticas, com controle de vazão e bacias sanitárias com sistema
dual flash, possibilitando economia. O uso de lâmpadas de alta eficiência, a separação e
armazenamento de lixo reciclável também são opções adotadas no projeto. Dutos de
ventilação foram previstos para proporcionar a circulação do ar em ambientes sem a
presença de janelas, como ocorre nos banheiros do interior das salas comerciais.
Os materiais utilizados na obra foram selecionados de acordo com a proximidade e
valorizando os produtos locais, assim também como os resíduos gerados serão
destinados a locais apropriados para sua reutilização, reciclagem ou armazenamento
adequado.
Como resultado principal este trabalho apresenta o projeto de edifício comercial
sustentável adaptado às necessidades da região escolhida. Através do estudo e do
projeto arquitetônico, abre-se a possibilidade de construção de um modelo de
bioarquitetura que pode ser divulgado pelos profissionais da área à população local, bem
como pelos alunos e o corpo docente do curso de Arquitetura e Urbanismo das
Faculdades Ponta Grossa, com a finalidade de disseminar esses conceitos de menor
impacto ambiental na cidade. Utilizar de maneira consciente os recursos naturais da
região, bem como promover o reaproveitamento dos resíduos produzidos durante a obra,
são atitudes que colaboram para a reeducação da sociedade em geral e que futuramente,
pode se tornar agente de reestruturação espacial, preservação ambiental e até de
inclusão social.
CONCLUSÃO
O projeto elaborado atende aspectos relevantes para se estabelecer um novo
conceito de edifício comercial na cidade de Ponta Grossa, por meio de propostas
eficientes. Este modelo pode ser disseminado no município, fazendo com que as
instituições conheçam a viabilidade, funcionalidade e eficiência de construções
sustentáveis.
De modo geral, o projeto proposto engloba diversos conceitos de sustentabilidade,
aplicando inovações como métodos construtivos alternativos, a disposição dos layouts,
acessibilidade em todos os espaços e contato com a vegetação, seguindo parâmetros
como o cuidado com a implantação, vida útil da edificação, consumo energético e escolha
dos materiais certificados. Com isso, a proposta deste projeto, tem a intenção de
contribuir com a natureza, além de possibilitar a melhoria de qualidade de vida de todos
que interagem com o edifício.
REFERÊNCIAS
ARCHDAILY. Corte City Green / Richard Meier & Partners. [City Green Court / Richard Meier & Partners] 11 Mar 2013. ArchDaily Brasil. (Trad. Victor Delaqua) Acessado 18 Out
2015. Disponível em: <http://www.archdaily.com.br/101635/corte-city-green-slash-richard-meier-and-partners>. Acesso em 22 set 2015. ARCHDAILY. Prêmio Pritzker 2014: Edifício Comercial Tamedia / Shigeru Ban Architects. [Tamedia Office Building / Shigeru Ban Architects] 25 Mar 2014. ArchDaily Brasil. (Trad. Maria Julia Martins). Acessado 18 Out 2015. Disponível em: <http://www.archdaily.com.br/181822/premio-pritzker-2014-edificio-comercial-tamedia-slash-shigeru-ban-architects>. Acesso em 22 set 2015. GOOGLE EARTH-MAPAS. Ponta Grossa – PR. Disponível em: < https://www.google.com.br/maps/place/R.+Dom+Pedro+I+-+Oficinas,+Ponta+Grossa+-+PR/@-25.125104,-50.1565796,720m/data=!3m1!1e3!4m2!3m1!1s0x94e81ae8d6ded1b7:0x6cc23b6ef7cb46bf>. Acesso em 20 set 2015. NETO, Carlito Carlil. MLC, A Madeira Laminada Colada. Revista da Madeira, edição n° 124. Julho de 2010. Disponível em < http://www.remade.com.br/br/revistadamadeira_materia.php?num=1473&subject=MLC&title=A%20madeira%20laminada%20colada>. Acesso em 21 set 2015. ROSENFIELD, Karissa. Entrevista de Norman Foster para The European: Arquitetura é a expressão de valores. [Norman Foster's Interview with The European: “Architecture is the Expression of Values”] 30 Mai 2015. ArchDaily Brasil. (Trad. Gabriel Pedrotti). Acessado 18 Out 2015. Disponível em: <http://www.archdaily.com.br/br/757788/entrevista-de-norman-foster-para-the-european-arquitetura-e-a-expressao-de-valores>. Acesso em 22 set 2015.
Análise morfométrica da Bacia Hidrológica do
Arroio Olarias em Ponta Grossa - PR
Rízia Yasmin Kaled
Faculdades Ponta Grossa
Discente do Curso de Engenharia Civil
Tainá Louise Meira
Faculdades Ponta Grossa
Discente do Curso de Engenharia Civil
Msc. Ingrid Aparecida Gomes
Faculdades Ponta Grossa
Docente do Curso de Engenharia Civil
RESUMO
O objetivo deste trabalho é a caracterização morfométrica da bacia hidrográfica do Arroio Olarias localizado no município de Ponta Grossa – Paraná. A importância de se conhecer as características de uma bacia hidrográfica ou de uma rede de drenagem, é porque estes estudos consistem no conjunto de informações sobre processos, gênese e evolução que ocorrem nessas áreas, bem como facilitam na elaboração de planejamento de uso e obras. Para o desenvolvimento desta pesquisa, foram obtidas informações físicas da bacia hidrográfica em estudo, tais como: clima, geologia, tipo de solo e vegetação da região, posteriormente foi desenvolvido os cálculos morfométricos da bacia, sendo eles: coeficiente de compacidade, declividade média, densidade de drenagem, sistemas de drenagem, índice de sinuosidade, entre outros. Os principais resultados obtidos, apontam diferentes índices e coeficientes que ajudam a determinar como a forma da Bacia e do arroio influenciam a probabilidade da incidência de enchentes na região. Palavras-chave: Hidrologia, Morfometria, Arroio
INTRODUÇÃO
A água é um dos bens de maior importância para a sobrevivência do
ser humano, porém não é um recurso inesgotável. A intervenção dos seres humanos no
meio ambiente resulta em impactos ambientais em escala global, isto afetará a vida no
planeta de uma forma inimaginável no futuro. Esta é uma das razões de se estudar o
ambiente em que se vive, principalmente a água que é de suma importância para os
seres vivos.
Estudar ações antrópicas sobre os recursos hídricos, realizar previsões sobre o que pode
ocorrer no futuro, e que medidas podem ser adotadas para evitar ou reduzir as
consequências negativas para o bem estar da humanidade. Estes são alguns fatores que
devem ser levados em conta para a engenharia civil. Pois, as construções estão
ocupando espaço e cada vez mais adentrando a natureza e a abrangendo para as
cidades.
REVISÃO DE LITERATURA
Apesar da dificuldade inicial inerente à delimitação dos espaços físicos para se
desenvolver uma pesquisa, a adoção da bacia hidrográfica como unidade de gestão e
planejamento, tem mostrado resultados positivos, devido à possibilidade de divisão de
bacias maiores em sub-bacias hidrográficas (MOTA e AQUINO, 2003).
Como unidade territorial natural de gestão, a bacia hidrográfica possibilita uma
visão complexa de diversos aspectos fundamentais para a conservação e o manejo, uma
vez que a característica ambiental de uma bacia reflete o somatório ou as relações de
causa e efeito da dinâmica natural e ação humana ocorridas no conjunto das sub-bacias
nela contidas.
Pode-se definir Bacia Hidrográfica como um sistema que compreende um volume
de materiais, predominantemente sólidos e líquidos, próximos à superfície terrestre,
delimitado interno e externamente por todos os processos que, a partir do fornecimento
de água pela atmosfera, interferem no fluxo de matéria e de energia de um rio ou de uma
rede de canais fluviais. Inclui, portanto, todos os espaços de circulação, armazenamento,
e de saídas de água e do material por ela transportado, que mantêm relações com esses
canais (MOTA e AQUINO, 2003).
Segundo Viessman, Harbaugh, Knapp (2013), “a Bacia Hidrográfica é uma área definida
topograficamente, drenada por um curso d’agua ou um sistema conectado de cursos
d’água tal que toda vazão efluente seja descarregada através de uma simples saída.”
A hidrologia é a “ciência que trata dos fenômenos relativos à água em todos os seus
estados, de sua distribuição e ocorrência na atmosfera, na superfície terrestre e no solo, e
da relação desses fenômenos com a vida e com as atividades do homem” (CARVALHO,
2007 apud GARCEZ, 1988).
Para a Engenharia Civil é fundamental o conhecimento dos conceitos sobre hidrologia. O
movimento e a quantidade de água, por exemplo, interferem diretamente em algumas
propriedades do solo, em cálculos de sistemas de drenagens, controle das bacias
hidrográficas, rebaixamento do lençol freático e bacias de infiltração, entre outras coisas.
Neste sentido, este trabalho tem por objetivo a caracterização morfométrica da bacia
hidrográfica do Arroio Olarias localizado no município de Ponta Grossa – Paraná.
MATERIAL E MÉTODOS Nesta seção serão descritos os procedimentos metodológicos adotados para a realização
desta pesquisa. Inicialmente foi realizada uma pesquisa bibliográfica em periódicos,
artigos e livros para fundamentação da temática proposta. Em seguida foram realizados
os cálculos morfométricos da Bacia Hidrográfica do Arroio Olarias.
ÁREA DE ESTUDO
Segundo o IBGE (2010), a bacia hidrográfica do Arroio Olarias se localiza entre os
paralelos 25º05”17’ e 25º10”10’ de latitude Sul e 50º06”41” e 50º10”00’ de latitude Oeste
(Figura 1).
Figura 1 – Localização da Bacia Hidrográfica do Arroio Olarias.
CLIMA
O clima da região de Ponta Grossa é classificado como Cfb – Subtropical Úmido
Mesotérmico, segundo a classificação internacional de Koeppen.
Com essa classificação pode-se dizer que a temperatura média do mês mais frio fica
inferior a 18ºC, diferenciando dos climas tropicais. Já a temperatura média anual fica
inferior a 22ºC, mas existem 4 meses do ano com uma média acima de 10ºC. Em Ponta
Grossa todos os meses do ano são chuvosos e com consequência disso não existe
estação seca definida.
VEGETAÇÃO
O formato da bacia e suas dimensões interferem diretamente em seu comportamento
hidrológico, onde de acordo com as precipitações e tipo de relevo, a água escoada pode
alcançar o fim ao mesmo tempo ou pode ser bem distribuído, isso dependerá dos
coeficientes obtidos através dos cálculos morfométricos.
A área da bacia estudada é representativa de uma associação florística original de
campos úmidos com mata de galeria, ocorrendo casos em que a vegetação desenvolve-
se em locais permanentemente alagados e áreas úmidas, porém não encharcadas. Por
esse motivo, nessas áreas provenientes de deposições pelos cursos de água, apresenta-
se vegetações originais típicas muito alteranadas.
GEOLOGIA
Conforme Figura 2 a seguir pode-se observar que a Bacia Hidrográfica do Arroio Olarias
situa-se quase que totalmente na região Dpg – Formação Ponta Grossa: Folhelhos e
silitos cinza escuros, muito micáceos, laminados, com arenitos intercalados.
Figura 2 – Geologia Bacia Olarias
SOLO
Os solos na região de Ponta Grossa possui duas principais caracterizações, são elas:
Solos da Formação Furnas e Solos da Formação Ponta Grossa.
Os solos da formação de furnas são muito profundos e com textura argilosa, por isso
apresentam cores escuras e avermelhadas. Os seus horizontes são claramente
diferenciados e dispõe de uma boa drenagem e baixa fertilidade e baixa saturação.
Os solos da Formação Ponta Grossa, característicos da bacia de estudo, também são
escuros, porém, ao contrário dos solos de formação de furnas, apresentam textura
arenosa, pois se desenvolvem através de processos de intemperismo. São solos de 3
horizontes bem estruturados, mas bastante suscetíveis à erosão, e predominam em
relevos planos ou ondulados, permitem boa drenagem e permeabilidade. Esse solo pode
ser considerado como latossolo vermelho distrófico.
SISTEMA DE DRENAGEM
O sistema de drenagem de uma bacia é constituído pelo rio principal e seus tributários; o
estudo das ramificações e do desenvolvimento do sistema é importante, pois ele indica a
maior ou menor velocidade com que a água deixa a bacia hidrográfica. O padrão de
drenagem de uma bacia depende da estrutura geológica do local, tipo de solo, topografia
e clima. Esse padrão também influencia no comportamento hidrológico da bacia.
Segundo o método Strahler todos os canais sem tributários são de primeira ordem,
mesmo que sejam nascentes dos rios principais e afluentes; os canais de segunda ordem
são os que se originam da confluência de dois canais de primeira ordem, podendo ter
afluentes também de primeira ordem; os canais de terceira ordem originam-se da
confluência de dois canais de segunda ordem.
Em seguida apresenta-se a Figura 3 referente a hierarquização de Rede de Drenagem da
Bacia Olarias segundo o método de Strahler.
Figura 3 – Hierarquização de Rede de Drenagem Método Strahler – Autoria Própria (2016)
CÁLCULOS MORFOMÉTRICOS DA BACIA
As características físicas de uma bacia são elementos de grande importância em seu
comportamento hidrológico, devido à existência de uma estreita correspondência entre o
regime hidrológico e estes elementos.
Para a realização da caracterização morfométrica da bacia hidrográfica do Arroio
Olarias, foi necessário a delimitação dos atributos básicos, como: áreas, perímetros,
comprimentos axiais, os quais foram obtidos com a utilização do software AutoCAD 2013.
Neste sentido, para esta pesquisa foram aplicados os seguintes cálculos morfométricos,
representados pelas respectivas fórmulas:
COEFICIENTE DE COMPACIDADE (Kc):
O coeficiente de compacidade (Kc) é a relação entre o perímetro da bacia e o perímetro
de um círculo de mesma área que a bacia. Este coeficiente é um número adimensional,
variando com a forma da bacia, independentemente de seu tamanho, sendo que quanto
mais irregular for a bacia, maior será o coeficiente de compacidade. Quanto menor o Kc
(mais próximo da unidade), mais circular é a bacia, menor o Tempo de concentração e
maior a tendência de haver picos de enchente. A Tabela 1 apresenta esses valores:
Coeficiente de
compacidade
Tendência a enchentes
1,00 – 1,25 Bacia com alta propensão a grandes enchentes
1,25 – 1,50 Bacia com tendência mediana a grandes enchentes
> 1,50 Bacia não sujeita a grandes enchentes
Tabela 1 – Coeficiente compacidade e tendência a enchentes. Autoria própria (2016)
𝐾𝑐 =𝑃𝐵𝐻
𝑃𝐶
Onde:
Kc = Coeficiente de compacidade
PBH = Perímetro da bacia
PC = Perímetro de círculo de mesma área da bacia
DECLIVIDADE MÉDIA:
Fator que influencia na velocidade de escoamento superficial, proporcionando maior ou
menor infiltração da água e que pode causar picos de inundação e também maior
suscetibilidade a erosão.
𝐷𝑀 =∑ 𝐶𝑛 ×∆ℎ
𝐴× 100
∑ 𝐶𝑛 = Somatório das curvas de nível
∆ℎ = Equidistância das curvas de nível
A = Área da Bacia
A Tabela 2 a seguir apresenta a relação entre os valores de declividade e a característica
do terreno.
Declividade Relevo
0 – 3% Plano
3 – 8% Suave Ondulado
8 – 12% Ondulado
12 – 24% Forte Ondulado
24 – 45% Montanhoso
>45% Escarpado
Tabela 2 – Declividade média do relevo. Autoria própria (2016)
DENSIDADE DE DRENAGEM:
Permite saber se a bacia possui uma boa drenagem ou não e assim descobrir a sua
tendência para a ocorrência de cheias. A densidade de drenagem pode variar bacias mal
drenadas devido a elevada permeabilidade ou precipitação escassa a bacias
excepcionalmente bem drenadas ocorrendo em áreas com elevada precipitação ou muito
impermeáveis.
𝐷𝑑 =𝐿𝑡
𝐴
Onde:
Dd = Densidade de drenagem
Lt = Comprimento de todos os canais=26.550,84
A = Área da Bacia
Em seguida, a Tabela 3 apresenta a relação entre os valores de densidade e a
característica de drenagem.
Densidade Drenagem
0 – 2 Esparsa / Baixa
2 – 5 Média
>5 Alta
Tabela 3 – Densidade de drenagem. Autoria própria (2016)
ÍNDICE DE SINUOSIDADE
(S) É a relação entre o comprimento do curso d’água principal e o comprimento do seu
talvegue (Lt), medido em linha reta. Em que: L = comprimento do canal principal, km. Lt =
comprimento do talvegue, km.
𝑆 =𝐿
𝐿𝑡
Onde:
Sc é a sinuosidade do curso d’água principal
Lc é a relação entre o comprimento do rio principal
Dc é a distância entre a nascente (cabeceira) e a foz, medida em linha reta
FATOR FORMA
Fator de forma (Kf) é a razão entre a largura média da bacia () e o comprimento do eixo
da bacia (L) (da foz ao ponto mais longínquo da área). A largura média é obtida dividindo-
se a área da bacia em faixas perpendiculares, onde o polígono formado pela união dos
pontos extremos dessas linhas se aproxime da forma da bacia real.
𝐾𝑓 =
𝐿
Na seção a seguir serão apresentados os resultados obtidos nesta pesquisa.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Com os valores obtidos através dos cálculos com dados da Bacia Hidrológica do Arroio
Olarias foi possível observar diferentes índices e coeficientes que ajudam a determinar
como a forma da Bacia e do arroio influenciam a probabilidade da incidência de
enchentes na região. Os resultados podem ser melhor observado na Tabela 4 a seguir:
CÁLCULO RESULTADO
COEFICIENTE DE COMPACIDADE 1,397986 Forte enchente
DECLIVIDADE MÉDIA 12,15% Forte Ondulado
DENSIDADE DE DRENAGEM 0,00105 Esparsa/Baixa
ÍNDICE DE SINUOSIDADE 1,1498
FATOR FORMA 0,34214 Não sujeito a enchentes
Tabela 4 – Resultados. Autoria própria (2016)
Pode-se concluir que a forma do canal ou sinuosidade aproxima-se de 1 (um) ou seja o
canal apresenta uma forma que se aproxima de uma forma retilínea, diminuindo o tempo
de escoamento superficial e diminuindo a probabilidade de enchentes.
A bacia hidrográfica apresente uma rede de drenagem relativamente densa na região das
cabeceiras com padrão dendrítico.
Quanto que o índice de compacidade indica que a bacia possui tendência mediana a
grandes enchentes e de acordo com o fator forma não há tendência a enchentes, porém
apresenta uma baixa densidade de drenagem, ou seja, quantidade de canais reduzidos
em relação a área da bacia o que gera mais demora no escoamento superficial da água
originada da chuva.
Sobre a ordem de hierarquia fluvial, a bacia em questão é de ordem 3.
Quanto maior a ordem da bacia, menor é o número de canais e maior é o comprimento de
cada canal.
CONCLUSAO
A análise de bacias hidrográficas nos permite obter resultados que podem ser usados
para a formulação de um pré diagnostico da área de estudo, o que é de grande
importância para os engenheiros civis, que planejam começar uma obra próximo ao local.
Permitem diagnosticar os impactos realizados pelas ações antrópicas nas redes de
drenagem e nos padrões morfométricos da bacia.
O procedimento metodológico utilizado, análise morfométrica e demais coletas de dados
de uma bacia hidrográfica ou de uma rede de drenagem vem sendo usado por inúmeros
pesquisadores em trabalhos com a colaboração entre geógrafos, geólogos, agrônomos,
engenheiros, entre outros profissionais, para o estudo em busca de facilitar o
entendimento dos processos integrados a uma bacia hidrográfica buscando assim
minimizar os impactos ambientais causados pelas ações antrópicas próximos aos leitos
de rios.
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
ASPECTOS AMBIENTAIS. 2008. Disponível em: <http://geo.pg.pr.gov.br/portal/planodiretor/Y_apendice_1.2_aspectos_ambientais.pdf/>. Acesso em: 17 jun. 2016.
BARBOSA, Y. B.; CARVALHO, S. M. - análise morfométrica da bacia do arroio do padre, ponta grossa - pr1 - 2015
DIEDRICHS, Luiz Augusto, ANÁLISE DAS PROPRIEDADES FÍSICAS DE BACIAS HIDROGRÁFICAS: ARROIO OLARIAS – PONTA GROSSA – PR, Curitiba, 2010
MATTOS, Villela S. Ciclo hidrologico. 2011. Disponível em:<https://ecivilufes.files.wordpress.com/2011/04/villela-s-m-matos-a-hidrologia-aplicada-caps-1-2-e-3.pdf>. Acesso em: 24 jun. 2016.
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. APOSTILA DE HIDROLOGIA APLICADA. Disponível em: <https://engenhariacivilfsp.files.wordpress.com/2014/03/hidro_celimar.pdf>. Acesso em: 25 jun. 2016. MOTA, S.; AQUINO, M. D. Gestão Ambiental. In: CAMPOS, J. N. B.; STUDART, T. M. C. (org.) Gestão das águas: princípios e práticas. Associação Brasileira de Recursos Hídricos. Porto Alegre, 2003. PORTAL EDUCAÇÃO - <http://www.portaleducacao.com.br/biologia/artigos/42222/forma-da-bacia-hidrografica#ixzz4CEu5cQOO> Acesso em: 25 jun. 2016
STIPP, Nilza Aparecida Freres et al. Análise Morfométrica da Bacia Hidrográfica do rio Taquara – uma contribuição para o estudo das ciências ambientais - Portal da Cartografia, Londrina v. 3 n. 1, 2010.
APROVEITAMENTO DA ÁGUA DA CHUVA
Autor: Jéssica Schulli Wenc Alves
Faculdades Ponta Grossa
Discente do Curso de Engenharia Civil
Co–autor: Jorgiana Maria Weiber Lievore
Faculdades Ponta Grossa
Discente do Curso de Engenharia Civil
Prof. Margolaine Giacchini
Faculdades Ponta Grossa
Docente do
Curso de
Engenharia Civil
RESUMO
A água pluvial ou simplesmente chuva com tratamentos simples é uma
alternativa concreta para uso em descargas de vasos sanitários,
irrigação de jardins e lavagens de carros, pisos e roupa, podendo ser
adequada e levada a nível de potabilidade humana e animal, onde se
economiza água potável, diminui os gastos e não polui o meio
ambiente.
Palavras Chave: Captação, agua de chuva, aproveitamento.
ABSTRACT
Rainwater or simply rain with simple treatments is a real alternative
for use in toilets discharges, garden irrigation and car washes, flooring
and clothing and may be proper and taken at the level of human and
animal potability, where it saves water drinking, reduces costs and
does not pollute the environment.
Keywords: Capture, rain water, use.
INTRODUÇÃO
A água é um elemento essencial para os seres vivos, contribuindo para a promoção do
desenvolvimento e da qualidade de vida, porém é um recurso finito e vulnerável que deve ser
utilizado racionalmente e com cuidado. A quantidade de água doce existente na Terra é muito
pequena comparando com a água salgada. O uso de fontes alternativas e de estratégias de uso
racional de água em edificações é uma forma de amenizar os problemas de disponibilidade de água
potável e diminuir a sua demanda. Dentre estas estratégias pode-se citar o aproveitamento de água
pluvial, o reuso de águas cinzas e a instalação de componentes economizadores de água.
Segundo relatório da ONU feito em 2015, a escassez de água afetará dois terços da população
mundial em 2050. Ou seja, trabalho e dedicação serão necessários para garantir água potável e
segurança alimentar para todos
Uma instalação predial é o conjunto de aparelhos, canalizações, ferragens e conexões para o
suprimento de água a casas e distribuição aos pontos de consumo, é o processo que proporciona o
conforto hidro sanitário a sua casa.
Todo este processo vai desde a rede pública até os pontos de utilização da água: chuveiros, lavatórios,
bidês, vasos sanitários, pias, torneiras para jardins, etc.
Por trás das paredes, por dentro das lajes acima do forro, e também pelo chão, muitos tubos e
fiações ficam ocultos, e abastecem sua casa com água e energia, bem como levam os detritos do
esgoto para o exterior. À primeira vista parecem muito complicadas, mas para quem quer entender
como funcionam, não é tão difícil assim. A forma de abastecimento predial pode ser através de uma
concessionária pública ou por meios alternativos.
A captação de água pluvial é um meio alternativo para fins não potáveis que complementa os
métodos tradicionais que no caso seria a água vinda da concessionária.
REVISÃO DE LITERATURA
Engenheiro Airton Dudzevich Sócio-diretor da Supergreen Sistemas e Soluções Sustentáveis
(Julho/2009), afirma que, basicamente, o sistema para aproveitamento de água de chuva é composto
por cinco elementos: filtro, freio d'água, filtro flutuante, multi sifão e kit de interligação.
Em qualquer edificação, seja em uma casa, comércio, prédios, fábricas ou um empreendimento, a
água de chuva que cai sobre os telhados ou pisos é encaminhada para a sarjeta na calçada ou para a
rede de águas pluviais, sendo desperdiçada pela rede pública.
O aproveitamento da água de chuva, além de resultar em economia de água potável, contribui
também para mitigar problemas relacionados com a escassez de recursos hídricos. É uma forma de
uso mais racional da água potável e de se evitar seu uso para fins não potáveis, reduzindo a pressão
sobre os mananciais.
O armazenamento da água de chuva em cisternas pode ser visto também como uma forma de
contribuir para a redução de enchentes nos grandes centros urbanos. A água pode ter diversas
aplicações domésticas, desde que respeitados os usos e cuidados de manejo.
MATERIAIS E MÉTODOS
Para fazer a captação de água da chuva e distribuição pela residência precisaremos:
o Observar a incidência de chuvas na região
O volume de água de chuva aproveitável depende do coeficiente de escoamento superficial da
cobertura, bem como da eficiência do sistema de descarte do escoamento inicial, sendo calculado
pela seguinte equação:
v = P x A x C x ἠ fator de captação
-V é o volume anual, mensal ou diário de água de chuva aproveitável;
-P é a precipitação média anual, mensal ou diária;
-A é a área de coleta;
-C é o coeficiente de escoamento superficial da cobertura;
-ἠ fator de captação é a eficiência do sistema de captação, levando em conta o dispositivo de
descarte de sólidos e desvio de escoamento inicial, caso este último seja utilizado.
Utilizar os seguintes materiais:
o Bacia Coletora (telhado): Funciona como captadora da água da chuva, sendo preciso ser feito o
cálculo da área do telhado da edificação. Após escolher a área de captação, você terá que usar o
seu olhar clínico e observar muito bem, tudo o que está acima e ao redor desta área. Alguns
fatores sempre deverão ser bem observados, como por exemplo:
- Se tem árvores com seus galhos acima dessa área, e se soltam muitas folhas, flores, frutos, etc.;
- Qual a incidência de aves que pousam, constrói ninhos, etc. e se tem bichos (ratos, gatos, etc.) que
circulam sobre essa área;
- Análise da quantidade de poluição atmosférica; se fica próximo a fábricas, rodovias, etc. Isso será
fácil de observar analisando a quantidade de fuligem (poeira preta) que escorre junto com a água,
principalmente logo no começo da chuva;
-O tipo E a inclinação da cobertura da área de captação, das calhas e tubos de drenagens, também
pode influenciar muito. Quanto mais lisos e inclinados melhor.
o Calhas e coletores: Reúne a água que vem do telhado, manter sempre limpos e desobstruir
para manter boa a qualidade da água.
o Filtro grosseiro e separador de primeiras águas: Retém os resíduos sólidos como galhos,
folhas e outras impurezas grosseiras e abstrai a primeira chuva. Nesse modelo pode ser
usado uma peneira com malha fina, tipo tela mosquiteiro ou peneira grande de cozinha, e
um recipiente que pode ser um vaso ou um balde com um registro instalado no fundo e um
tubo na lateral conectando com a cisterna. O registro deverá ficar um pouquinho aberto para
descartar a primeira água da chuva ou água de chuva fraca. Após alguns minutos de chuva
(forte), esse balde estará cheio e vai começar a transbordar a água da chuva para dentro da
cisterna através do tubo lateral
o Reservatório (cisterna): Para acumular a água da chuva. Deve ser fechado para evitar
entrada de impurezas e luz solar, dentro dele pode ser feita a desinfecção do solo, onde pode
ser empregados: cloro, ozônio ou radiação ultravioleta;
o Filtros de areia e desferrizador: Retém a maior parte dos contaminantes presentes na água
bruta, remove o ferro e manganês presentes na água.
o Sistema de pressurização: Bombas e sistema de segurança e envio da água estocada para
caixas de alimentação.
o Caixa de alimentação: reservatório secundário de onde parte a água para os locais
apropriados.
o Rede de aproveitamento: Tubulação exclusiva e independente para aproveitamento da água
reservada. Não pode misturar com água de distribuição. As tubulações e demais
componentes devem ser claramente diferenciados das tubulações de água potável.
o Os pontos de consumo, como, por exemplo, uma torneira de jardim, devem ser de uso
restrito e identificados com placa de advertência com a seguinte inscrição "água não
potável" e identificação gráfica.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Conforme Agência Senado – “A Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) aprovou nesta
no dia 20/02/2016 o Projeto de Lei do Senado (PLS) 51/2015, que quebra a exclusividade no
abastecimento de água por parte da concessionária pública”. O objetivo é permitir que haja,
concomitantemente, o fornecimento de água potável por fontes alternativas — reuso, água de chuva
e águas residuais, entre outras. A intenção da proposta, de autoria do senador Cássio Cunha Lima
(PSDB-PB), é elevar a disponibilidade hídrica e reduzir o consumo de água potável para fins não
potáveis.
A captação é feita através do telhado da edificação, mas tem que ser com uma vazão suficiente para
“lavar” o telhado antes de captar a água, garoas e chuviscos não servem. Logo após a água desce
para a calha e passa pela primeira peneira onde são retiradas folhas e impurezas maiores, e onde a
“primeira água” é descartada.
Depois disso ela é encaminhada para a cisterna onde pode passar por outros filtros para tornar a
água mais pura e onde podem ser adicionados cloro, ozônio ou radiação ultravioleta. Então é
encaminhada através de bombeamento para um reservatório secundário onde, através de um
encanamento próprio é encaminhado para a utilização em áreas onde não é preciso água potável,
como vaso sanitário, torneiras externas e lavagens de pisos, etc.
TABELAS E FIGURAS
Figura 1: Esquema de captação de água da chuva até a cisterna
Figura 2: Sistema de Captação da água de chuva até o local de uso
Figura 3: Sistema completo de captação e utilização da água de chuva
CONCLUSÃO
O aproveitamento de água pluvial o qual estamos adotando, é uma prática usada há muito tempo,
mas agora que vem sendo mais utilizada. Além de diminuir os problemas ambientais, ainda há
economia de água contribuindo para não ocorrer escassez de água.
Esse aproveitamento requer cuidados desde a captação, tratamento, armazenamento e a demanda
para a edificação, além de ter a captação vinda de uma concessionária para alguns lugares da
edificação, pois a água da chuva não pode ser utilizada em toda a edificação.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Rio de Janeiro 05/02/2015 | 19:31 - Por: Cristiane Nunes - Aproveitamento de água da
chuva: para uso não potável - SustentArqui -
http://sustentarqui.com.br/dicas/aproveitamento-de-agua-de-chuva-para-uso-nao-potavel/
Agência Senado(29/02/2016,19h53)
http://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2016/02/24/comissao-aprova-projeto-que-
estimula-uso-de-fontes-alternativas-de-agua
http://www.sempresustentavel.com.br/hidrica/aguadechuva/agua-de-chuva.htm
equipe eCycle - http://www.ecycle.com.br/component/content/article/43-drops-agua/3301-o-
que-e-cisterna-tecnologia-projeto-sistema-solucao-alternativa-aproveitamento-
reaproveitamento-reuso-captacao-coleta-agua-chuva-pluviais-reservatorio-armazenamento-
deposito-caixa-de-agua-casa-condominio-consumo-humano-como-onde-encontrar-
comprar.html
ABNT NBR 15527 - ÁGUA DE CHUVA - APROVEITAMENTO DECOBERTURAS EM
ÁREAS URBANAS PARA FINS NÃO POTÁVEIS - REQUISITOS
O Desconforto Térmico por Calor
Esp. Maria Claudia Del Monaco Mikulis Faculdades Ponta Grossa Docente do Curso de Engenharia Civil
Amanda Thais Rocha
Andréia Gura
Cintia Cruziniani
PPGEP - UTFPR
Discente do Curso de Mestrado Engenharia de Produção
Dr. Antonio Augusto de Paula Xavier
PPGEP - UTFPR
Docente do Curso de Mestrado Engenharia de Produção
RESUMO
O ser humano, para atingir sua potencialidade
produtiva, deve estar inserido em ambientes onde se
consiga um nível de conformto térmico satisfatório,
caso contrário, sua produção pode sofrer significativa
queda de rendimento. Para obetrmos um parâmetro,
devemos ter ciência de conceitos de calor e conforto
térmico, para então podermos dizer que o que está fora
destes indices é considerado desconforto térmico, no
caso deste estudo, por calor. O trabalho apresenta uma
pesquisa bibliogr[afica sobre esses conceitos,
indicando como avaliar o ambiente de trabalho, do
ponto de vista do desconforto térmico ocasionado por calor.
Palavras-chave: potencialidade produtiva, assimetria de radiação térmica,estresse térmico.
ABSTRACT
The human being must be in an environment with
satisfactory thermal comfort to achieve their productive potential, otherwise the productivity may decrease.
In order to obtain data indicating the condition in which
a worker is submitted, it is necessary to know the
indices and the appropriate measurement instruments.
This study aims to conduct a literature review on these
concepts, indicating the best way to evaluate the
working environment under the thermal discomfort
perspective caused by heat.
Keyword: productive potential, thermal radiation asymmetry, thermal stress.
INTRODUÇÃO
Para entender o que significa o desconforto por calor é importante
compreender o significado de calor e de conforto térmico, pois assim fica mais
fácil a compreensão de desconforto. Martins (2005) conceitua calor como
sendo uma forma de energia presente nos mais diversos ambientes, como por
exemplo, no ar livre ou em ambientes de trabalho. Diz ainda que no calor ao ar
livre podem ocorrer exposições superiores aos limites de tolerância em função
das condições climáticas e do tipo de atividade desenvolvida. Com relação ao
ambiente de trabalho são as condições sob as quais a maioria dos
trabalhadores possa ficar continuamente exposta, diariamente, sem sofrer
efeitos adversos à sua saúde.
O organismo humano experimenta sensação de conforto térmico quando perde
para o ambiente, sem recorrer a nenhum mecanismo de termorregulação, o
calor produzido pelo metabolismo compatível com sua atividade (FROTA;
SCHIFFER, 2001).
Conforto térmico é a condição psicológica de um indivíduo que expressa
satisfação com relação às condições térmicas do ambiente em que este se
encontra (ASHRAE, 2004).
De acordo com a ISO 7730/94 o conforto térmico, gerido pelo sistema
termorregulador, que mantém o equilíbrio térmico do corpo humano, pode
sofrer influências de fatores como: taxa de metabolismo, isolamento térmico
da vestimenta, umidade relativa, temperatura e velocidade relativa do ar e
temperatura radiante média. São esses fatores e a combinação destes, onde
os fatores de taxa de metabolismo e isolamento térmico da vestimenta são
variáveis pessoais e os outros quatro são variáveis ambientais.
As variáveis que determinam o conforto térmico de pessoa para pessoa são
várias, entre elas a adaptação ao ambiente (calor), sua percepção de calor ou
frio, a tolerância entre outras. O conforto térmico possui um conceito
subjetivo, dependendo da sensibilidade de cada pessoa. Aspectos no clima
dependendo da região e localização geográfica também podem modificar essa
situação (XAVIER, 2000). De acordo com Ruas (2001, p. 17) “O conforto
térmico é uma sensação e, portanto, subjetiva, isto é, depende das pessoas.
Assim, um ambiente confortável termicamente para uma pessoa pode ser
desconfortável para outra”.
Nas épocas quentes do ano, em certas áreas geográficas, o próprio calor solar
pode agravar a situação do trabalhador industrial, além é claro de se tornar
um problema sério nas atividades realizadas a céu aberto, como a agricultura,
a construção civil, etc. (SOUZA, 2003).
Segundo Saliba (2000, p. 09), existem vários fatores que influenciam nas
trocas térmicas entre o corpo humano e o meio ambiente, definindo a
severidade da exposição ao calor. Dentre eles, cinco principais devem ser
considerados na quantificação da sobrecarga térmica sendo eles: a
temperatura do ar; Umidade relativa do ar; Velocidade do ar; Calor radiante;
e Tipo de atividade.
REVISÃO DA LITERATURA
Desconforto localizado
Para Ruas (1999, p. 85) “O desconforto localizado causado pelo aquecimento
ou resfriamento unilateral do corpo pode ser causado pela assimetria de
radiação térmica, pelas diferenças verticais na temperatura do ar, pela
velocidade do ar e pelo contato com superfícies quentes ou frias”.
Em ambientes abertos o desconforto localizado por calor pode ser causado pelo
sol e em ambientes fechados como é o caso de um ambiente de trabalho em
uma indústria o desconforto pode ser localizado, por exemplo, pelo fogo de
uma caldeira.
De uma maneira geral pode-se dizer que os indivíduos são mais sensíveis à
radiação assimétrica originada do calor ou frio das superfícies horizontais,
como, por exemplo, forros, do que a radiação originada por superfícies
verticais (RUAS, 1999).
As principais queixas por desconforto local estão relacionadas ao contato com
pisos quentes ou frios. Esse tipo de desconforto acontece devido a troca de
calor por condução entre os pés, a sola do calçado e o piso, por isso um dos
aspectos que influencia essa troca de calor é o tipo de calçado, o tipo da sola e
a temperatura do piso (RUAS, 1999).
Consequências da Exposição ao Calor
A exposição das pessoas a temperaturas elevadas pode levar a várias
consequências sendo uma delas o estresse térmico. O estresse térmico se
caracteriza quando o estado psicofisiológico de uma pessoa está exposto a
condições térmicas extremas (LAMBERTS; XAVIER, 2002).
Outros sintomas podem ser provocados por calor, Camargo e Furlan (2011)
citam algumas doenças como Câimbras, edema pelo calor e síncope pelo calor
e as classificam como doenças térmicas brandas, ou seja elas ocorrem sem
comprometimento da termorregulação e não estão associadas à hipertermia.
Estas doenças são originadas por alterações fisiológicas decorrentes da
aclimatação e estresse térmico e apresentam melhora através de repouso e
hidratação.
Ainda podem ocorrer espasmos doloridos e inchaço das extremidades, o
primeiro ocorre devido a perda excessiva de água e da sudorese e afetam os
músculos das pernas ou outros músculos do corpo e são denominados de
câimbras de calor. O inchaço das extremidades ocorre em indivíduos expostos
a ambientes quentes e é denominado edema de calor (GAMBRELL, 2002;
RHOADES; TANNER, 2005 apud CARMAGO E FURLAN (2011).
O risco de graves doenças provocadas pelo calor pode ser diminuído por meio
de várias medidas para combatê-las, como a aclimatação ao calor, controle da
exposição ao estresse térmico e manutenção da hidratação.
NORMA ISO 7730
Versão anterior: ISO 7730/94
Esta norma propõe um método de determinação da sensação térmica e o grau
de desconforto das pessoas expostas a ambientes térmicos moderados e
especifica condições térmicas aceitáveis para o conforto.
ISO 7730 Versão Atual – título original: ISO 7730:2005
Nesta nova versão, foi adicionado um método para avaliação de períodos
longos, bem como informações sobre desconforto térmico localizado, condições
em estado não estacionário e adaptação. Além disso, foi adicionado um anexo
estipulando como os requisitos de conforto térmico podem ser expressos em
diferentes categorias.
A primeira condição para termos conforto térmico, é conseguirmos manter o
balanço térmico, onde a geração de calor é igual a perda de calor. Isso é muito
difícil de se obter, portanto é preciso refinar essa equação, calculando a carga
térmica. Esta carga térmica atuando sobre a pessoa, mediante aplicação dos
conceitos relacionados, nos fornece dois indices, PMV (Predicted Mean Vote) e
PPD (Predicted percentage of dissatisfied) pelos quais podemos perceber os
níveis de desconforto.
De acordo com Fanger (1972, p.94), o PMV consiste em um valor numérico
que traduz a sensibilidade humana ao frio e ao calor. Fanger avaliou, através
de trabalho experimental, pessoas de diferentes nacionalidades, idades e sexo,
obtendo o PMV para determinadas condições ambientais, sendo o PMV de
conforto igual a zero, o PMV para o frio com valor negativo e para o calor com
valor positivo. A partir daí foi implementado o conceito de pessoas insatisfeitas
(PPD), a norma ISO 7730 de 1984 adotou as pesquisas de Fangers,
recomendando: “para espaços de ocupação humana termicamente moderados
, o PPD deve ser menor que 10%” (o que corresponde a uma faixa do PMV de -
0,5 a +0,5).
MATERIAL E MÉTODOS
Quanto aos objetivos a pesquisa pode ser definida como descritiva, pois busca
descrever todas as variáveis que envolvem o assunto.
A pesquisa se caracteriza como uma pesquisa bibliográfica, pois foram
utilizados materiais já publicados sobre o assunto, tais como artigos,
dissertações, livros, dentre outros.
Este estudo também se caracteriza como qualitativo, busca compreender de
forma clara e objetiva como ocorre o desconforto por calor, não sendo
necessário fazer uso de dados e estudos estatísticos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Com a pesquisa é possível concluir que é de grande importância identificar
quando os indivíduos encontram-se em desconforto por calor, pois esse
desconforto interfere diretamente em vários aspectos, com relação as
empresas um dos principais aspectos é a produtividade, ou seja um indivíduo
que sente-se desconfortável por calor pode produzir menos.
É importante que as empresas levem em consideração e adotem a Norma ISO
7730, pois essa norma traz um índice que indica o desconforto térmico por
calor.
CONCLUSÕES
Com a aplicação dos conceitos apresentados, com a obtenção dos valores
decorrentes das medicões que se fazem necessárias para conhecermos as
variáveis envolvidas, conseguimos determinar através da aplicação da teoria
de Fanger, conseguimos determinar o número de pessoas insatisfeitas e assim,
utilizarmos desse parãmetro para tomar as devidas atritudes corretivas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ASHRAE Standard 55. Thermal Environmental Conditions for Human
Occupancy. American Society of Heating, Refrigeration and Air-Conditioning Engineers. Inc. Atlanta, USA, 2004.
CAMARGO, M. G de; FURLAN, M. M. D, P. Resposta Fisiológica do Corpo as Temperaturas Elevadas: Exercícios Extremos de Temperatura e...
Revista Saúde e Pesquisa, v. 4, n. 2, p. 278-288, maio/ago, 2011.
COUTINHO, A. S. Conforto e Insalubridade Térmica em Ambientes de Trabalho. 2 ed. rev. ampl. João Pessoa: Edições PPGEP, 2005.
FONSECA, J. B da. Análise dos Níveis de Calor nos Postos de Trabalho de
uma Lavanderia Industrial. 2014. Monografia de Especialização (Especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho) Departamento
Acadêmico de Construção Civil, Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Curitiba, 2014.
FROTA, A. B. e SCHIFFER, S. R. Manual do conforto térmico. 5ª Edição –
São Paulo: Studio Nobel, 2001.
GRIMM, Alice Marlene. Meteorologia Básica. Disponível em:
<http://fisica.ufpr.br/grimm/aposmeteo/cap3/cap3-4.html>. Acesso em: 27 set. 2016
LAMBERTS, R.; XAVIER, A. A. P.. Conforto térmico e stress térmico.
Florianópolis, SC: UFSC/LabEEE, 2002.
RUAS, A. C.. Avaliação de conforto térmico: contribuição à aplicação prática das normas internacionais. 2001. 77fls. Dissertação (Mestrado em
Engenharia Civil) – Universidade Estadual de Campinas. Campinas, SP: Unicamp, 2001.
SALIBA, Tuffi Messias. Manual prático de avaliação e controle de calor: PPRA. São Paulo: LTr, 2000.
SANTOS, Wially Roger T.; MELO, Maria Luciene Dias de. Índices de Conforto
e Desconforto Térmico Humano segundo os Cenários Climáticos Do
IPCC. Disponível em: <http://www.sbmet.org.br/cbmet2010/artigos/446_95127.pdf>. Acesso em:
27 set. 2016.
SOUZA, Selene. M. A. GUELLI U., Apostila do Curso de Engenharia de Segurançado Trabalho - Sobrecarga Térmica e Temperaturas Baixas.
Universidade Federal de Santa Catarina: Florianópolis, 2003.
A infraestrutura da paisagem: Parques como
forma alternativa de drenagem urbana
The landscape of infrastructure: Parks as an
alternative form of urban drainage
Bruno Mayer Faculdades Ponta Grossa
Discente do Curso de Arquitetura e Urbanismo
Gabriela de Lima Manique Barreto
Faculdades Ponta Grossa
Discente do Curso de Arquitetura e Urbanismo
Prof. Eng. Sara Helena Bobeck.
Faculdades Ponta Grossa
Docente do Curso de Arquitetura e Urbanismo
RESUMO
O presente estudo, por meio do método lógico-dedutivo, busca demonstrar a importância da implantação de parques e áreas verdes como forma alternativa de drenagem urbana, com a captação de águas pluviais de modo natural, visando, ainda, a proteção de áreas de efluentes, o impedimento da instalação de habitações irregulares, e a garantia de áreas de lazer e convívio com a natureza. Com isso, evitam-se inundações, erosão do solo, desperdício do recurso hídrico, problemas de saúde e segurança para a população. Para tanto, foram destacados dois casos de intervenções na drenagem urbana bem-sucedidas em nosso país: Córrego de Antonico, em Paraisópolis, e Córrego Ponta Alta, em Taboão da Serra, ambos do Estado de São Paulo. Ao final do trabalho, evidenciou-se a necessidade da implantação de tais áreas verdes em Ponta Grossa, principalmente à população carente, fixada em fundos de vale.
Palavras-chave: parques urbanos, planejamento estratégico, infraestrutura urbana, fundos de vale.
ABSTRACT
This study, through the logical-deductive method, seeks to demonstrate the importance of the implementation of parks and green areas as an alternative form of urban drainage, with the capture of rainwater naturally, aiming also the effluent protected effluent areas, preventing the installation of irregular housing, and ensuring leisure and entertainment areas with nature. Thus, they avoid flooding, soil erosion, water resource waste, problems of health and safety for the population. Therefore, it was highlighted two cases of interventions in successful urban drainage in our country: “Córrego do Antonico” in Paraisópolis and “Córrego Ponta Alta”, in Taboão da Serra, both the State of São Paulo. At the end of work, it highlighted the need of implementation of such green areas in Ponta Grossa, especially the poor, set in valley bottoms.
Keywords: urban parks, strategic planning, urban infrastructure, valley bottoms.
INTRODUÇÃO
Em virtude da problemática ambiental e das relações sociais no meio urbano
atualmente, o estudo de formas alternativas para suprir a demanda de infraestrutura
urbana torna-se mais intenso dentro da academia. Dentre as múltiplas problemáticas
possíveis de trabalhar em relação ao tema, uma das abordagens busca compreender a
relação entre a drenagem urbana e a sustentabilidade, realizada por meio de áreas livres
de edificação.
Com o objetivo de compreender a importância de uma gestão de espaços livres,
unindo as funções socioculturais, espaciais e de infraestrutura, o presente trabalho visa
apresentar uma síntese de informações sobre a instalação de uma infraestrutura de
drenagem verde, que visa à captação de águas pluviais de forma natural, por meio da
criação de parques urbanos.
Visando a compreensão do panorama da drenagem urbana por meio dos espaços
livres, o tema aqui abordado foi embasado por meio de leituras de conceituação teórica e
em alguns estudos de casos, que servem de embasamento para a implantação de outras
propostas, que visem à drenagem sustentável nas cidades com essa mesma demanda.
OBJETIVOS
Este estudo tem por objetivo expor alternativa de drenagem urbana para captação
de água pluvial, com a implantação de parques e áreas verdes, e demonstrar as
vantagens ao meio-ambiente e à qualidade de vida da população. Também são trazidos à
baila dois casos de aplicação bem-sucedida na técnica supracitada, em nosso país.
METODOLOGIA DE PESQUISA
A pesquisa foi realizada na forma teórica, com localização das fontes de
informação em consulta a artigos científicos, livros e revistas de Arquitetura e Urbanismo
que tratam do assunto. Empregando-se o método lógico-dedutivo, foram coletados os
dados dos materiais encontrados, que serviram de base para o alcance de conclusão do
trabalho.
BASE TEÓRICO-CONCEITUAL
De acordo com Macedo (2010), os espaços livres de edificação inseridos dentro da
estrutura urbana da cidade organizam-se de forma sistêmica. Esse conceito está
relacionado tanto à função ambiental, em uma ampla esfera de benefícios para a
sociedade, quanto ao ordenamento urbano e às relações sociais, não existindo a
obrigatoriedade de conexão física desses espaços. Considera-se, assim, que toda cidade
possui um sistema de espaços livres, produzido durante seu processo de formação tanto
pelo Poder Público como pela iniciativa privada e este sistema está em constante
processo de transformação e adequação (MACEDO, 2010).
A valorização desse sistema é de fundamental importância para Ponta Grossa,
como para a existência de qualquer cidade, segundo os critérios do grupo QUAPA-SEL,
porque:
“É fundamental ao desempenho da vida cotidiana; É estrutural na constituição da paisagem urbana, elemento da forma urbana, da imagem da cidade, sua história e memória; Participa da constituição da esfera de vida pública (geral e política) e da esfera de vida privada. Tem a beleza como atributo cultural / qualitativo do SEL urbano É elemento fundamental para a conservação de recursos ambientais e dinâmicas ecológicas existentes dentro e nas vizinhanças de áreas urbanas, tendo papel estrutural na drenagem local. ” (MACEDO, 2010, p.04)
Dentro dessa discussão, Zanotti. et. al. (2014), afirma que o crescimento das
cidades de forma desordenada e acelerada, desconsiderando a necessidade de
planejamento com relação as águas pluviais, gera grandes impactos nos diversos
sistemas que compõem o meio urbano. Os fatores oriundos do crescimento e falta de
permeabilidade do solo nas áreas urbanas geram problemas relacionados a inundações,
erosão do solo, desperdício do recurso hídricos, e até mesmo problemas de saúde e
segurança para a população.
Parques, praças e áreas verdes, elementos que compõem os sistemas de espaços
livres das cidades, podem ser projetados e geridos com a finalidade de conter enchentes,
permitir a drenagem direta de águas pluviais e, ao mesmo tempo, servir de área de lazer,
prática de esportes e convivência entre pessoas (ZANOTTI. et. al., 2014).
Mediante aos desafios da drenagem, as soluções devem ser integradas ao
desenho urbano, como resultados de estudos integrados entre os aspectos hidrológicos e
demográficos. A implantação de parques configura-se como obra estruturadora de
programas ambientais em áreas urbanas, podendo aliar a recuperação de áreas
degradadas com o manejo de águas pluviais, bem como evitar aglomerações urbanas
irregulares dentro de áreas de preservação.
Para Lerner (2003), propostas de grandes obras urbanas são muitas vezes
impostas à população e desconsideram as particularidades da região. É necessário que
essas ações sejam participativas e estratégicas, independente das dimensões das
intervenções, para que de fato transformem os problemas da cidade em soluções e
atrativos urbanos.
Na definição do autor, acupuntura urbana consiste em “cutucar uma área de tal
maneira que ela possa ajudar a curar, melhorar, criar reações positivas e em cadeia”
(LERNER, 2003). Diante disso é importante, além do projeto de parque e da
infraestrutura, a conscientização da população com relação a utilização e apropriação do
local, pelo fato de que essas áreas comumente sofrem processos de desapropriação e
devem ser projetadas para que essas ocupações não voltem a ocorrer.
CASOS CORRELATOS: PARQUES URBANOS E DRENAGEM
Neste capítulo serão analisados alguns exemplos de intervenções bem-sucedidas,
por envolverem a população e considerarem as particularidades locais, e também
apresentarem boas soluções com relação a problemas de drenagem urbana em
diferentes regiões brasileiras.
1.1 Córrego do Antonico, Paraisópolis (São Paulo)
Paraisópolis, segunda maior favela da cidade de São Paulo, conta com cerca de
60.000 habitantes que sofriam com as frequentes cheias do Córrego do Antonico, curso
d’água que corta o meio da favela em diagonal e as ruas mais importantes da área, que
foi precariamente canalizado para dar lugar a habitações irregulares, que lançavam
esgoto e lixo em suas valas (PORTAL VITRUVIUS, 2012).
O Projeto Urbano Córrego do Antonico, realizado pelo escritório de arquitetura
MMBB, insere-se no Programa de Urbanização de Favelas promovido pela Secretaria
Municipal de Habitação de São Paulo (PORTAL VITRUVIUS, 2012), e tinha o grande
desafio de reinserir o córrego na vida cotidiana da favela, de forma que a canalização
adequada atuasse como agente paliativo aos problemas de drenagem no local, e que ao
mesmo tempo permitisse, ao longo de sua extensão, áreas de lazer, visto que uma das
maiores carências das favelas é a qualidade de vida por meio de espaços livres
(SAYEGH, 2010).
O projeto foi embasado na aliança entre técnica, buscando a adequada contensão e
apropriação do córrego pela população e a criação de áreas de uso do espaço não
edificado, de forma a evitar por meio do uso, a reocupação da área por habitações
irregulares, reconciliando a favela com o curso d’água (PORTAL VITRUVIUS, 2012).
No Estado de São Paulo, a legislação vigente impede o tamponamento de rios e
córregos em áreas urbanas, o que exige uma grande área de várzea para alagamento em
caso de fortes chuvas, área esta dificilmente mantida sem ocupações irregulares no
interior de áreas densamente urbanizadas, onde o custo da moradia regular não comporta
a renda familiar e custos públicos de remoções são muito onerosos, causando a
impossibilidade de execução de projetos de reabilitação (PORTAL VITRUVIUS, 2012).
Diante desse fato, a base projetual definida pelos arquitetos se configurou na
distinção de fluxos.
“Mantém na superfície do canal apenas o de base, acrescido de vazões de cheia
controladas e compatíveis com a densidade do tecido urbano. O fluxo das grandes
chuvas é direcionado para uma galeria extravasora. O córrego, uma vez
reprogramado, se configura em uma das principais estruturas locais,
potencializado por dinâmicas de uso que o resguarda de futuras invasões. ”
(PORTAL VITRUVIUS, 2012).
Figura 01- Ilustração- drenagem de curso d’água. Fonte: SAYEGH, 2010.
Figura 02- Ilustração- Canaleta em períodos de seca e cheia.
Fonte: BRAGA, Milton; FRANCO, Fernando de Mello; MOREIRA, Marta, 2008.
As águas superficiais que correrem pelo canal aberto receberam sistemas adicionais
de limpeza biológica da água, mitigando os efeitos da poluição difusa remanescente, o
que permitirá o contato da população com o novo córrego e a criação de 3 áreas de
praças, para utilização da população local (PORTAL VITRUVIUS, 2012).
Paralelas ao canal foram geradas faixas livres de largura mínima de 10 m, o que
incluiu a remoção de 700 unidades habitacionais (SAYEGH, 2010). O problema seria que,
com a remoção dessas residências, o projeto de áreas de lazer ficaria para os fundos das
residências que permaneceriam, gerando pouco ou nenhum fluxo e, decorrente disso, o
fracasso do projeto. Para evitar isso, a solução proposta foi ofertar aos moradores uma
faixa média de 1,70 m dessas edificações, para construção e organização de novos usos,
envolvendo pequenos comércios, expansão das casas atuais e varandas, desde que
tenham aberturas voltadas para o córrego, gerando novas “frentes”, que irão gerar fluxo
social, econômico e, por meio disso, incentivo a preservação e uso do espaço projetado
(SAYEGH, 2010).
Ainda dentro de uma visão de sustentabilidade, o tráfego de veículos foi proibido e
projetado também um percurso cicloviário que se estenderá até a uma linha de metrô
próxima, possibilitado pela menor declividade na área e buscando a valorização da
mobilidade não poluente (SAYEGH, 2010).
1.2 Córrego Ponta Alta (Taboão da Serra – SP)
Taboão da Serra enfrentava, anteriormente, diversos problemas com enchentes e
inundações em períodos de chuva intensa. No final dos anos noventa, a administração
pública decidiu realizar o Plano Diretor de Macrodrenagem do Alto Tietê, tendo por
objetivo a solução dos problemas por meio de construções de reservatórios de retenção,
chamado de “piscinões” (ZANOTTI. et. al., 2014).
“A bacia está localizada a sudoeste de Taboão da Serra, próximo a Embu das Artes e possui uma área total de 2,71km². O córrego é o principal afluente do Córrego Poá seu percurso é: Córrego Ponte Alta->Córrego Poá-> Córrego Pirajuçara-> Rio Pinheiros->Rio Tietê.” (ZANOTTI. et. al., 2014).
Essa medida não tratava da fonte do problema, a ocupação na área de alagamento
do leito natural do rio, porém minimizava os transtornos das enchentes e inundações nos
períodos de chuva. Os reservatórios solucionaram o problema, porém ocupavam grandes
áreas, que não previam outro uso a não ser o de drenagem das aguas pluviais (ZANOTTI.
et. al., 2014).
O Plano Diretor de Macrodrenagem do Alto Tietê foi criado em 1998 para análise e
diagnóstico dos problemas de drenagem da cidade, tendo como conclusão a realização
de 16 piscinões como forma de solucionar os problemas de Taboão da Serra, dos quais 6
já foram concluídos. Visando conter os problemas de drenagem, em momento algum é
discutido a implantação de parques lineares adjuntos a esses reservatórios nesse plano,
permitindo a utilização por meio da população de áreas de recreação (ZANOTTI. et. al.,
2014).
A implantação de um projeto se justifica pelo fato de que a área ainda não é
consolidada, apresentando maiores possibilidades de projeto e estudo de drenagem. Em
grande parte do seu curso ele se encontra em canalização de calha com uma pequena
margem que separam o córrego das vias. No trecho final do córrego ele está confinado
entre dois muros de lotes industriais, já em outros pontos ele está canalizado e
tamponado sob a malha viária ou habitações precárias (ZANOTTI. et. al., 2014).
Figura 03- Mapa da região: Pontos de alagamentos e hidrografia. Fonte: ZANOTTI. et. al., 2014.
Conforme a figura acima, é possível identificar que o córrego do município possui
predominante ocupação urbana residencial em sua margem, o que conforme estudo
realizado pelo Plano Diretor de Macrodrenagem aponta que tal ocupação causou
problemas como o assoreamento em seu leito (ZANOTTI. et. al., 2014).
No final do curso do córrego encontra-se o reservatório Portuguesinha, com 120mil
m³ de capacidade de armazenamento, o reservatório exerce a função de amortecimento
de cheias. No percurso do córrego existem duas áreas de inundações devido à
insuficiência dos bueiros. Essas áreas podem ser identificadas na figura, “são chamadas
de 8 e 9 pelo Plano de Macrodrenagem, que propões medidas estruturais de drenagem
para as mesmas” (ZANOTTI. et. al., 2014).
No mesmo mapa, pode-se observar uma área, demarcada como área número 8,
onde o curso d’água está muito próximo de casas populares, improvisadas e sem
qualquer estrutura para suportar as cheias do rio, o que afeta a saúde e a segurança da
população. A solução apresentada é de canalização abaixo do sistema viário, desviando o
curso natural do rio, além da proposta de que haja medidas preventivas e de manejo das
famílias locadas de forma irregular, evitando a ocupação em novas áreas (ZANOTTI. et.
al., 2014).
8
9
Já a área 9, demarcada no mapa, possui estreitamento da calha de captação de
águas pluviais, o que causa o constante alagamento da via. Porém, segundo o
diagnóstico presente no plano de Macrodrenagem, já foram realizadas obras de
canalização da área que seriam suficientes para a vazão contribuinte, assim não há
propostas para essa área (ZANOTTI. et. al., 2014).
Além dos projetos e soluções, o Plano propõe uma medida de controle estrutural
que é fundamental para o sucesso das intervenções e que as mesmas sejam duradouras,
as medidas são: combate ao assoreamento dos córregos; melhoria dos sistemas de
drenagem, água, esgoto e coleta de resíduos; programas de conscientização da
população quanto do despejo de lixo nos locais corretos; programa de incentivo à prática
de esportes nas áreas de lazer previstas no plano (ZANOTTI et.al., 2014).
Figura 04- Mapa da região: Equipamentos urbanos. Fonte: ZANOTTI. et. al., 2014.
Analisando a figura 4, é possível identificar a falta de áreas verdes e equipamentos
de esporte e lazer, aliado ao fato que o plano de Macrodrenagem não contempla áreas de
drenagem natural. Compreendendo esse fato, a administração pública municipal solicitou
que o plano do córrego contemplasse também o projeto de Parque Urbano do Córrego
Ponte Alta, com o objetivo de criar áreas voltadas para lazer, além das funções
ambientais e de drenagem natural (ZANOTTI. et. al., 2014).
Figura 05: Mapa de implantação do parque urbano linear. Fonte: ZANOTTI. et. al., 2014.
Na figura acima é possível observar a locação das áreas de projeto do parque, que
seguem o curso do rio. Com a função de drenagem urbana, recompor as margens do
córrego e integrar as áreas verdes adjacentes, o parque linear partiu da premissa de criar
áreas de respiro para o adensamento urbano existente. Para tanto, foi necessário o
manejo de 6 áreas lindeiras aos córregos, demarcadas no mapa abaixo (ZANOTTI. et. al.,
2014).
Figura 6: Mapa com destaque para áreas próximas ao córrego. Fonte: ZANOTTI. et. al., 2014.
As áreas 1 e 2 marcadas no mapa são áreas residenciais periféricas,
caracterizadas como trechos loteados que ainda não possuem infraestrutura como
microdrenagem e pavimentação. A partir disso, foram propostas medidas estruturais para
sanar tais patologias e posteriormente a implantação do parque. O mesmo ocorre na área
de caráter industrial, localizada no mapa como região número 5 (ZANOTTI. et. al., 2014).
Já na área 3 estão localizadas habitações irregulares que, no projeto estudado, serão
remanejadas para outras áreas, afim de dar lugar a uma área verde de praça. O mesmo
ocorre na área de risco indicada como 4 no mapa.
Figura 7: Implantação do parque central junto ao córrego. Fonte: ZANOTTI. et. al., 2014.
O parque foi consolidado na área 3, com o propósito de funcionar como área de
drenagem, conter quadras poli esportivas para o lazer da população e uma grande área
verde. O projeto também contempla o plantio de espécies vegetais para permitir uma
grande área de sombra e a depuração do ar por meio do processo de fotossíntese
realizado pelas plantas (ZANOTTI. et. al., 2014).
RESULTADOS
Podemos perceber, por meio dos casos correlatos e embasados pela conceituação
teórica, que as implantações de sistemas de drenagem podem e devem ser
acompanhadas das implantações de sistemas de espaços livres, e que a implantação de
praças e parques tem servido para despoluição de rios urbanos, a melhora da qualidade
de vida da população e é também uma forma ativa de se evitar as ocupações das
margens dos rios, dando usos alternativos a essas áreas de preservação. A proposta do
parque linear não tem somente a função de macrodrenagem da cidade, mas também
trazer as águas para o convívio da população, com utilização de forma consciente.
De acordo com Meneguzzo (2004) é fato que as classes com maior poder aquisitivo
concentram moradia, lazer, trabalho e circulação nas áreas centrais, restando às
periferias, próximas aos cursos d’água sujeitos a enchentes, a aglomeração de moradia
de pessoas de menor poder aquisitivo.
Nesse sentido, nos últimos anos tem-se observado o aumento do número de
ocupações irregulares no Município de Ponta Grossa, principalmente em áreas de fundo
de vale. Essas áreas acabam constituindo-se em atrativos para que populações carentes
aí se instalem (MENEGUZZO, 2004).
Percebe-se, portanto, que os problemas que levaram aos projetos dos parques
como instrumentos de drenagem urbana, estudados como casos correlatos no presente
documento, são também percebidos no município de Ponta Grossa, portanto, justifica-se
o estudo de tais casos para estruturação de uma proposta de sistematização dos espaços
livres na cidade.
CONCLUSÃO
Por meio da presente análise, confirma-se a real relevância do desenvolvimento de
formas alternativas de instalação de infraestrutura de drenagem nas cidades.
Os parques urbanos, quando pensados para compor um sistema integrado de áreas
que visem à proteção dos recursos naturais e a garantia de espaços livres, atuam
também como sistemas de infraestrutura, evitando a sobrecarga das galerias pluviais e
também atuando como contensões de áreas suscetíveis a enchentes. Além destes
benefícios, essas áreas cumprem a função social de espaço de lazer e convívio com a
natureza e interação social, por meio de equipamentos comunitários, áreas destinadas à
prática de esportes, bem como áreas de preservação para garantia de qualidade de vida
para as gerações futuras.
Um ponto importante a se destacar no presente documento é que a instalação de
parques, além da função social e de infraestrutura, pode atuar também como medida de
proteção de áreas de efluentes, impedindo a instalação de habitações irregulares e
garantindo a população áreas de lazer e convívio com a natureza.
Umas das maiores problemáticas urbanísticas atuais é a invasão de áreas de
preservação permanente, pelo fato de que essas áreas possuem diversas restrições de
uso, portanto dificilmente serão exploradas economicamente. Isto posto, essas áreas sem
uso ficam por vezes abandonadas, e se tornam o único local em que pessoas que não
tem condições de obtenção de terra possam estabelecer moradia. O parque, quando
utilizado e apropriado pela população, assume uma característica dinâmica, que pode ser
preventiva, evitando que ocorra a ocupação irregular em áreas de cursos d’água.
Essa medida também pode ser paliativa, como nos casos correlatos estudados,
onde é necessário o manejo de habitações para outras áreas a fim da implantação do
parque. Quando isso ocorre, é necessário um trabalho multidisciplinar para que não
ocorra um processo de gentrificação, diante da valorização da área em detrimento dos
moradores do local. Percebe-se esse trabalho no caso correlato do Córrego do Antonico,
em Paraisópolis.
Percebe-se, portanto, que a discussão acerca do tema é extensa, sendo certo que o
presente documento busca dar início a discussão, apresentando as principais diretrizes e
caminhos a seguir, a fim de desenvolver o pensamento crítico sobre a temática. Os
projetos de drenagem como estes tem ganhado espaço e a visão sustentável é uma
necessidade urgente, portanto, cabe ao profissional de engenharia e arquitetura a
compreensão e a busca por tais medidas alternativas, que atendem diversas demandas
da população e também trazem melhoras efetivas para a qualidade de vida nas cidades.
REFERÊNCIAS
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MENEGUZZO, Isonel Sandino. Análise da degradação ambiental na área urbana da Bacia do Arroio Gertrudes, Ponta Grossa, PR.: Uma contribuição ao Planejamento Ambiental. Dissertação de Mestrado em Ciência do Solo, Universidade Federal do Paraná. CURITIBA, 2006. Disponível em: <http://acervodigital.ufpr.br/bitstream/1884/8080/1/dissertacao_meneguzzo.pdf>. Acesso em: 24 de set. 2016. PORTAL VITRUVIUS. Projeto Urbano do Córrego do Antonico. Projetos, São Paulo, ano 12, n. 134.01. Vitruvius: fev. 2012. Disponível em: <http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/projetos/12.134/4239>. Acesso em: 11 de set. 2016. SAYEGH, Simone. De problema a fonte de qualidade de vida: como um canal a céu aberto deve adquirir um novo significado e transformar o espaço público. São Paulo. Edição 200, 2010. Disponível em: <http://www.au.pini.com.br/arquitetura-urbanismo/200/divisor-de-aguas-191201-1.aspx> Acesso em: 11 de set. 2016. ZANOTTI, Bruno Henrique. et al. Parque Linear como Medida de Manejo de Águas Pluviais. Estudo de caso Córrego Ponte Alta – Taboão da Serra. Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. Seminário- Água em Ambientes Urbanos. São Paulo: 2014. Disponível em: < http://www.pha.poli.usp.br/LeArq.aspx?id_arq=11802.>. Acesso em: 23 de set. 2016.
Plano diretor de drenagem urbana:
comparação das cidades de Guarulhos e
Porto Alegre
Master plan of urban drainage: comparison of
the cities of Guarulhos and Porto Alegre
Marcella Madalozo Raissa Faculdades Ponta Grossa
Discente do Curso de Arquitetura e Urbanismo [email protected]
Angélica Sandrini Canesso Uczak
Sara Helena Bobeck
Faculdades Ponta Grossa Docente do Curso de Arquitetura e Urbanismo
RESUMO
Devido à grande urbanização descontrolada que ocorreu ao longo dos anos, houve enormes problemas na organização das cidades, no acúmulo de resíduos sólidos e consequentemente na diminuição das áreas permeáveis. Muitas pessoas não tinham condições de ter sua casa e acabavam ocupando áreas irregulares, normalmente a beira de arroios e rios, o que provocava o alagamento desses lares. As enchentes nas cidades brasileiras produzem impactos socioeconômicos, devido à falta de planejamento e uso de soluções que não solucionam o problema. Neste artigo são destacados os impactos que urbanização gerou ao longo do tempo, quais sistemas de drenagem existem, as medidas de controle desses impactos, além de definir o que é o plano diretor de drenagem urbana explanando sobre seus objetivos, as legislações que o regem, exemplificando com as soluções adotadas em dois planos diretores de drenagem urbana, nas cidades de Guarulhos e Porto Alegre. Palavras-chave: infraestrutura urbana; enchentes; urbanização.
ABSTRACT
Due to the large uncontrolled urbanization that occurred over the years, there were huge problems in the organization of cities, in the accumulation of solid waste and consequently the decrease in permeable areas. Many people could not afford to have their home and ended up occupying irregular areas, usually the streams and rivers border, which caused the flooding of those homes. The floods in Brazil's cities produce socioeconomic impacts due to lack of planning and use solutions that do not solve the problem. This article highlighted the impacts of urbanization generated over time, which there are drainage systems, control measures such impacts, and define what is the master plan of urban drainage explaining about your goals, the laws that govern it, exemplifying with the solutions adopted in two master plans for urban drainage in the cities of Guarulhos and Porto Alegre. Keywords: urban infrastructure; flooding; urbanization.
INTRODUÇÃO
As cidades brasileiras têm sofrido um processo de urbanização desorganizado, o
que acarretou grandes problemas que afetam a qualidade de vida da população. Dessa
forma, tornou-se importante o desenvolvimento de ferramentas que colaborem com o
planejamento do desenvolvimento das cidades.
Quanto maior a população de uma cidade maior são os seus problemas, sendo um
deles na área da drenagem urbana. Ocorre o aumento de resíduos sólidos, a deterioração
da qualidade da água e ligações clandestinas de esgoto. Este crescimento urbano é
caracterizado por áreas de expansão irregular, desobedecendo a regulamentação urbana
e normas de loteamento, além da apropriação das áreas públicas, dificultando as ações a
serem tomadas.
Um grave problema que ocorre no desenvolvimento urbano é a enchente. Acontece
devido a essa expansão irregular, que normalmente ocorre nas áreas de mananciais de
abastecimento, o que acaba comprometendo a qualidade hídrica das cidades.
O Plano Diretor de Drenagem Urbana deve seguir objetivos e diretrizes que
determinem a gestão do sistema de drenagem, diminuindo o impacto ambiental devido ao
escoamento das chuvas. É um mecanismo que deve contemplar medidas sustentáveis
relacionadas à drenagem urbana.
Dessa forma, o objetivo principal do presente artigo é a comparação de dois Planos
Diretores de Drenagem Urbana, das cidades de Guarulhos e Porto Alegre, destacando as
principais soluções e propostas para ambas as cidades.
MATERIAL E MÉTODOS
A metodologia consistiu em realizar uma revisão bibliográfica sobre plano diretor de
drenagem urbana, podendo dessa forma compreender os impactos causados pela
urbanização, o porquê realizá-lo e as soluções propostas para resolver os problemas
resultantes desses impactos. Posteriormente, foi dado exemplos de planos diretores de
drenagem urbana das cidades de Guarulhos e Porto Alegre. A partir disso, pode-se tirar
reflexões e conclusões pertinentes ao assunto.
REVISÃO DE LITERATURA
IMPACTOS DA URBANIZAÇÃO
Chocat (1981 apud MOURA, 2004, p. 4) coloca que os grandes equipamentos de
saneamento existentes até hoje foram construídos no fim do século XIX e início do século
XX. As suas dimensões, calculadas na época permitiram um bom funcionamento por
várias décadas, mas depois da urbanização intensiva e do aumento do uso da água,
especialmente após a Segunda Guerra Mundial, começaram a ocorrer insuficiências
nestes sistemas, que se revelaram rapidamente em inundações nas áreas ocupadas das
cidades, devido ao fato de que a ocupação se dá normalmente, de jusante para montante.
As enchentes aumentam a sua frequência e magnitude devido a ocupação do solo
com superfícies impermeáveis e rede de condutos de escoamentos. O desenvolvimento
urbano pode também produzir obstruções ao escoamento como aterros e pontes,
drenagens inadequadas e obstruções ao escoamento junto a condutos e assoreamento
(TUCCI, 1999).
Segundo Tucci (1997), a medida que a cidade se urbaniza, em geral, ocorre o:
aumento das vazões máximas devido ao aumento da capacidade de escoamento através
de condutos e canais e impermeabilização das superfícies; aumento da
produção de sedimentos devido a desproteção das superfícies e a produção de resíduos
sólidos (lixo) e a deterioração da qualidade da água, devido a lavagem das ruas,
transporte de material sólido e as ligações clandestinas de esgoto cloacal e pluvial.
Este crescimento urbano tem sido caracterizado por expansão irregular de periferia
com pouca obediência da regulamentação urbana relacionada com o Plano Diretor e
normas específicas de loteamentos, além da ocupação irregular de áreas públicas por
população de baixa renda. Esta tendência dificulta o ordenamento das ações não-
estruturais do controle ambiental urbano. Um dos graves problemas neste processo de
desenvolvimento urbano resulta na expansão, geralmente irregular, que ocorre sobre as
áreas de mananciais de abastecimento humano, comprometendo a sustentabilidade
hídrica das cidades (TUCCI, 2002).
SISTEMAS DE DRENAGEM
A drenagem urbana é o conjunto de medidas que tenham como objetivo minimizar
os riscos que a população está sujeita, diminuir os prejuízos causados por inundações e
possibilitar o desenvolvimento urbano de forma harmônica, articulada e sustentável. Ou
seja, a drenagem nada mais é do que o gerenciamento da água da chuva que escoa no
meio urbano (VAZ, 2016).
O sistema de escoamento das águas pluviais no meio urbano pode ser realizado
pelo meio natural, através de depressões no terreno, riachos e ribeirões e de modo
artificial, por meio de microdrenagem (sarjetas, bocas de lobo, etc.) e macrodrenagem
(canais abertos e canais fechados).
Negrão e Gemaque (2010), colocam que embora independentes, as obras de
macrodrenagem mantém um estreito relacionamento com o sistema de microdrenagem
urbano, devendo ser planejadas conjuntamente no estudo de uma determinada área.
MEDIDAS DE CONTROLE
De acordo com o Instituto de Pesquisas Hidráulicas (2005), alguns princípios de
controle de enchentes devem ser adotados: o aumento de vazão devido à
urbanização não deve ser transferido para jusante; deve-se priorizar a recuperação da
infiltração natural da bacia, visando a redução dos impactos ambientais; a bacia
hidrográfica deve ser o domínio físico de avaliação dos impactos resultantes de novos
empreendimentos, visto que a água não respeita limites políticos; o horizonte de avaliação
deve contemplar futuras ocupações urbanas; as medidas de controle devem ser
preferencialmente não-estruturais.
As enchentes, provavelmente, jamais serão controladas pelo homem. O que se
pode fazer é adotar certas medidas na tentativa de minimizar os impactos causados pelas
inundações. Para que isso aconteça, são elaboradas medidas de controle para que os
eventos chuvosos não causem tanto impacto na vida da população dos centros urbanos.
As medidas de controle estruturais envolvem obras de engenharia que visam à redução
do risco de ocorrência de enchentes, já as medidas de controle não estruturais são, do
ponto de vista da engenharia, menos complexas e são utilizadas principalmente em
conjunto com as medidas de controle estruturais já que estas, por si só, para serem
capazes de eliminar as consequências das inundações, teriam um custo altíssimo
(FEITOSA; LOBATO, 2013).
PLANO DIRETOR DE DRENAGEM URBANA
Para Campos et al. (2003), o Plano Diretor de Drenagem Urbana (PDDU) é o
conjunto de diretrizes que determinam a gestão do sistema de drenagem, minimizando o
impacto ambiental devido ao escoamento das águas pluviais. Na elaboração do PDDU
deve ser mantida a sua coerência com as outras normas urbanísticas do município, com
os instrumentos da Política Urbana e da Política Nacional de Recursos Hídricos.
O Instituto de Pesquisas Hidráulicas (2005), aponta que o principal objetivo do
Plano Diretor de Drenagem Urbana é criar os mecanismos de gestão da infra-estrutura
urbana, relacionados com o escoamento das águas pluviais, dos rios e arroios em áreas
urbanas. Este planejamento visa evitar perdas econômicas, melhorar as condições de
saneamento e qualidade do meio ambiente da cidade, dentro de princípios econômicos,
sociais e ambientais definidos pelo Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano e
Ambiental.
Os Planos Diretores de Drenagem Urbana tornaram-se grandes aliados dos
planejadores e gestores da drenagem urbana. Um dos principais objetivos é tratar a
drenagem como parte da infra-estrutura urbana, buscando um desenvolvimento
harmônico com a ocupação do espaço pela população (ALLASIA et al., 2003).
Um plano diretor deve buscar planejar a distribuição da água no tempo e no
espaço, com base na tendência de ocupação urbana compatibilizando esse
desenvolvimento e a infraestrutura para evitar prejuízos econômicos e ambientais;
controlar a ocupação de áreas de risco de inundação através de restrições nas áreas de
alto risco e; convivência com as enchentes nas áreas de baixo risco (TUCCI, 1997).
LEGISLAÇÃO
O Decreto nº 7.217, de 21 de junho de 2010, que regulamenta a lei nº 11.445
considera serviços públicos de manejo das águas pluviais urbanas os constituídos por
uma ou mais das seguintes atividades: drenagem urbana, transporte de águas pluviais
urbanas, detenção ou retenção de águas pluviais urbanas para amortecimento de vazões
de cheias e tratamento e disposição final de águas pluviais urbanas e, além disso, a
cobrança pela prestação do serviço público de manejo de águas pluviais urbanas deverá
levar em conta, em cada lote urbano, o percentual de área impermeabilizada e a
existência de dispositivos de amortecimento ou de retenção da água pluvial, bem como
poderá considerar: o nível de renda da população da área atendida e características dos
lotes urbanos e as áreas que podem ser neles edificadas (BRASIL, 2010).
CASOS DE PORTO ALEGRE E GUARULHOS
GUARULHOS
A cidade de Guarulhos possui uma população de 1,2 milhões de habitantes, com
uma área de 341km² (MIYAZAWA; TAKAYAMA; YAMAZAKI, 2009). Segundo a Prefeitura
de Guarulhos (2008), o seu território ocupa duas bacias hidrográficas: a do Alto Tietê e do
Rio Paraíba do Sul, que deságua no mar, no vizinho Estado do Rio de
Janeiro. A maior parte do seu território e, praticamente, todas as atividades econômicas
se desenvolvem na Bacia do Alto Tietê.
Guarulhos está inserida numa região metropolitana, cuja disponibilidade natural de
água é muito inferior aos seus atuais padrões de uso. Abastecer cerca de 20 milhões de
habitantes, sem que haja qualquer controle da demanda de água agrava a situação de
escassez. Ao mesmo tempo, Guarulhos possui uma grande concentração de população e
atividades cujo consumo atual e futuro de água supera a sua disponibilidade. Hoje, essa
relação entre a demanda/ disponibilidade na região metropolitana está em situação quase
sete vezes pior que a classificação da ONU estabelece como a mais crítica (SAAE, 2003).
De acordo com a Prefeitura de Guarulhos (2008), a implantação de uma gestão
equilibrada e sustentável para o sistema de drenagem, exige o cumprimento, entre outras,
das seguintes diretrizes e orientações: gestão dinâmica do sistema de drenagem, dos
impactos provocados pelas intervenções ou expansões e adensamento urbano no
sistema de drenagem; adoção da bacia e sub-bacia como unidade de planejamento e
avaliação dos impactos gerados pelas modificações urbanas no sistema de drenagem;
aplicação do conceito de vazão de restrição proposta para os afluentes do Tietê e seus
trechos para os principais contribuintes das sub-bacias hidrográficas; evitar ou
compensar a transferência de impactos provocados por intervenções ou medidas nos
corpos d’água; incorporação das medidas de prevenção e controle de enchentes.
Alguns fatores contribuem para as frequentes inundações e suas consequências,
sendo eles a extinção da vegetação em áreas rurais e urbanas, processos erosivos
contínuos os quais implicam em assoreamento dos corpos d’água; impermeabilização do
solo; ocupação com aterramento ou não das várzeas; canalizações e retificações nos
principais cursos d’água e implantação de microdrenagem e a disseminação de doenças.
Conforme Miyazawa, Takayama e Yamasaki (2009), o município de Guarulhos vem
investindo fortemente em medidas estruturais de combate às inundações, tais como, as
obras executadas de Canalização dos córregos Japoneses, Cocaia, Cubas, Cavalos,
Taboão, margem esquerda da Bacia do Cabuçu de Cima (10 km), retificação do curso
inferior do Rio Baquirivu Guaçu, além de medidas propostas constituintes no Plano Diretor
de Macrodrenagem da Bacia do Tietê, como construções de
reservatórios de detenção nas bacias do Canal de Circunvalação, Baquirivu Guaçu e
córregos dos Japoneses/ Cocaia, com um período de retorno de até 25 anos. E as
medidas não estruturais utilizadas são a definição de áreas de proteção de mananciais
com devido controle e fiscalização; delimitação das áreas de várzea, proibindo a
construção de edificação nas mesmas; campanhas e programas educativo; manutenção
máxima possível de áreas verdes, ajudando, portanto na drenagem natural.
Algumas propostas apresentadas para o Plano Diretor de Drenagem urbana foram
consideradas essenciais para implementação, organizadas conforme os principais
objetivos a que ela se propõe alcançar.
Segundo a Prefeitura de Guarulhos (2008), o primeiro objetivo é capacitar o
Município de Guarulhos para a Gestão e o Manejo de Águas Pluviais, seguindo algumas
diretrizes: criar um sistema articulado de gestão entre os diferentes setores da
administração municipal que partilham responsabilidades e atribuições em relação aos
recursos hídricos; criar um núcleo ou organismo coordenador; qualificar os quadros
técnicos e operacionais; criar canais para a participação cidadã na deliberação sobre as
políticas municipais nesse campo, ou com interfaces sobre ele; capacitar o município para
lidar com as políticas externas ao seu território, que tenham interferência ou se mostrem
determinantes no equacionamento de problemas e nas possibilidades de utilização dos
recursos hídricos; representar o Município na formulação de instrumentos de gestão
intermunicipais, destacando-se: Plano de Desenvolvimento e Proteção aos Mananciais e
Lei Específica; criar uma Política de Pagamento e Compensação de Serviços Ambientais
propiciados pela manutenção dos ecossistemas. O segundo objetivo é reduzir o
agravamento das inundações que se verifica pelo avanço da ocupação, degradação de
áreas estratégicas e pelas alterações climáticas, seguindo algumas diretrizes: conter a
expansão urbana para o setor Norte; fomentar o adensamento e a verticalização das
áreas já urbanizadas; implementar programa de preservação das várzeas e assegurar a
não progressão da ocupação das APPs.
Como a Prefeitura de Guarulhos (2008) descreveu, o terceiro objetivo é reduzir as
consequências dos casos mais críticos de inundação e equacionar os pequenos
alagamentos; buscando-se estabelecer formas de convivência menos danosa e insalubre
com as inundações, seguindo algumas diretrizes: implantar programa de
recuperação das várzeas e das APPs; conter e remover a ocupação na APA da Várzea
do Tietê; avaliar a situação das áreas mais críticas de inundação no contexto de sua sub
bacia, para tomada de decisão quanto à remoção das populações; aprovar e aplicar a
legislação de controle de erosão.
E por fim, a Prefeitura de Guarulhos (2008), diz que o quarto objetivo é reequilibrar
o regime hídrico, diminuindo-se os picos das cheias e das estiagens em níveis capazes
de superar os efeitos das mudanças climáticas, assegurando o uso sustentável das
águas, seguindo algumas diretrizes: criar três Unidades de Conservação no setor Norte,
para assegurar as funções ambientais das áreas de cabeceira, fomentando a recuperação
de sua vegetação; avaliar as áreas livres remanescentes e integrá-las, através da
implantação de parques lineares; implementar programa de aproveitamento das águas
das chuvas, abrangendo diferentes categorias de lotes, edificações e de consumidores,
articulado ao uso dos reservatórios requeridos para compensação dos impactos da
impermeabilização do solo; ampliar programa de recomposição e expansão da cobertura
vegetal.
PORTO ALEGRE
O acelerado processo de urbanização que a cidade de Porto alegre, resultou na
sobrecarga do sistema de drenagem implantado na cidade, especialmente enchentes nas
áreas urbanas com cotas mais baixas. Segundo Picarelli (2016), a cidade se encontra às
margens do Lago Guaíba e, para combater o problema, foi implantado um sistema de
diques e bombas para drenagem da água dessas partes mais baixas do lago.
Diante disso, a Prefeitura através do Departamento de Esgotos Pluviais firmou um
convênio com o Instituto de Pesquisas Hidráulicas do Rio Grande do Sul para o início do
estudo do Plano Diretor de Drenagem Urbana (PPDrU), mapeando as áreas que sofriam
com as enchentes, as respectivas causas e as possíveis soluções, durante os anos de
1999 e 2005.
A principal diretriz adotada no PDDrU foi a não transferência dos efeitos da
urbanização para outros pontos da cidade, ou seja, a recuperação da infiltração natural e
a retenção ou detenção das águas pluviais e, por isso, a principal solução
adotada foram os reservatórios de detenção, implantados em diversos pontos da cidade
(ABCP – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CIMENTO PORTLAND, 2016).
O PPDrU teve como principais produtos a regulamentação dos novos
empreendimentos, através de um decreto municipal que estabelece critérios para o
desenvolvimento da drenagem urbana para as novas obras na cidade, com o objetivo de
evitar impactos indesejáveis gerados por novos empreendimentos, como drenagem
inadequada e impermeabilização excessiva dos lotes; plano de controle estrutural e não-
estrutural, que estabelece alternativas de controle estrutural (obras de micro e
macrodrenagem) e não-estrutural (educação ambiental, coleta de lixo, varrição das ruas,
etc.) para controlar os impactos em cada bacia, reduzindo os riscos de inundação e o
Manual de Drenagem Urbana, documento que visa a orientação e implementação de
projetos de drenagem na cidade (ABCP – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CIMENTO
PORTLAND, 2016).
Segundo a Prefeitura Municipal de Porto Alegre (2016), na primeira parte do
trabalho foram analisadas três das 27 bacias hidrográficas da cidade: arroios Moinho,
Areia e Tamandaré. Os sistemas de macrodrenagem dessas bacias foram simulados para
diferentes cenários de ocupação do solo, permitindo a detecção dos principais pontos
críticos de alagamentos e a análise de possíveis soluções para os problemas verificados
(Figura 1).
Figura 1 – Bacias Hidrográficas de Porto Alegre Fonte: Departamento de Esgotos Pluviais – DEP, 2011.
Considerando aspectos econômicos, técnicos e práticos (como, em alguns casos, a
falta de espaço físico para a ampliação de canalizações), as soluções apontadas tiveram
como base o uso de dispositivos de controle de escoamento. Nas bacias dos arroios da
Areia e Moinho, foi proposta a implantação de, respectivamente, onze e três grandes
reservatórios de amortecimento de cheias, espalhados por praças e áreas verdes
(PREFEITURA MUNICIPAL DE PORTO ALEGRE, 2016).
Na bacia do Arroio Tamandaré, ao contrário, as soluções propostas basearam-se
apenas na ampliação de condutos e no aumento da capacidade das casas de bombas aí
localizadas. O enfoque dado a essa bacia diferenciou-se dos demais por tratar-se de área
altamente urbanizada e valorizada, na região central da cidade. Como não há locais
disponíveis para a construção de bacias de detenção, elas deveriam ser subterrâneas, o
que eleva consideravelmente seus custos de implantação e acaba por inviabilizar essa
solução (PREFEITURA MUNICIPAL DE PORTO ALEGRE, 2016).
Nessa primeira parte do trabalho, ainda foi analisado todo o sistema de proteção
contra enchentes da cidade, tendo sido simulado o funcionamento das dezoito casas de
bombas, para os diferentes cenários de urbanização previstos (PREFEITURA
MUNICIPAL DE PORTO ALEGRE, 2016).
Em uma segunda etapa do estudo, foram analisadas mais três bacias
hidrográficas: arroios Cavalhada, Capivara e Passo das Pedras. A metodologia aplicada
foi a mesma já descrita acima. Novamente as soluções propostas tiveram como base o
amortecimento das vazões de pico, através da implantação de reservatórios de detenção.
A segunda etapa do Plano Diretor de Drenagem Urbana (PDDrU) voltou a simular o
funcionamento do sistema de bombeamento, com vistas a permitir a otimização das
atuais regras de operação das casas de bombas. Como produto final do estudo realizado,
também foi organizado um "Manual de Drenagem", contendo diretrizes, parâmetros e
metodologias a serem empregados nos projetos de drenagem urbana no município de
Porto Alegre (PREFEITURA MUNICIPAL DE PORTO ALEGRE, 2016).
A terceira etapa do PDDrU, visa dar continuidade a esse trabalho, estudando as
demais 22 bacias hidrográficas do município, que são: Várzea do Gravataí, Humaitá,
Arroio Santo Agostinho, Arroio Feijó, Arroio Dilúvio, Santa Tereza, Ponta do Meio, Sanga
da Morte, Assunção, Arroio do Osso, Arroio Espírito Santo, Arroio
Guarujá, Ponta da Serraria, Arroio do Salso, Ponta Grossa Norte, Ponta Grossa
Sul, Arroio Guabiroba, Belém Novo, Ponta dos Coatis, Arroio Lami, Arroio Manecão e
Arroio Chico Barcellos (PREFEITURA MUNICIPAL DE PORTO ALEGRE, 2016).
Para Allasia et al. (2003), ao longo da elaboração do PPDrU verificou-se que a
melhor alternativa para o controle dos excessos nas bacias foi a implementação de
reservatórios de detenção, frente à solução de ampliação das redes de drenagem.
Os reservatórios de detenção, também chamados de “piscinões”, são estruturas de
acumulação temporária das águas de chuva, que contribuem para a redução dos
impactos das inundações urbanas. Tais estruturas apresentam as seguintes funções:
amortecimento de cheias e redução da poluição difusa (ABCP – ASSOCIAÇÃO
BRASILEIRA DE CIMENTO PORTLAND, 2016).
Além de resolver os problemas da bacia de uma forma mais sustentável, seria
possível manter as seções dos canais da forma mais próxima às características originais,
reduzir significativamente as vazões de pico, e economicamente controlar as vazões com
a metade do valor necessário para a ampliação da rede (ALLASIA ET AL., 2003).
CONCLUSÕES
Em relação as cidades analisadas, verificou-se que ambas necessitaram de um
Plano Diretor de Drenagem Urbana pelo acelerado processo de urbanização que
sofreram ao longo dos anos.
Tanto Guarulhos, como Porto Alegre fizeram avaliações de suas bacias e sub-
bacias para o planejamento de seus planos de drenagem. As medidas estruturais e não-
estruturais também constam em ambos os Planos, assim como a micro e a
macrodrenagem, diferenciando-se apenas pelas necessidades de cada uma.
Os reservatórios de detenção também foram soluções utilizadas pelas duas
cidades, porém, fica claro que em Porto Alegre foi verificado que essa foi a melhor
alternativa para o controle dos excessos nas bacias.
Atualmente, há diversos indícios da necessidade de adotar um planejamento de
drenagem urbana, mediante o desenvolvimento das cidades. Assim, o Plano Diretor de
Drenagem Urbana se trata de um material importante tecnicamente, politicamente,
estrategicamente, educativamente e financeiramente.
A cidade de Ponta Grossa/PR, é claramente um exemplo da necessidade de um
Plano Diretor de Drenagem Urbana, já que antigamente contava com um sistema de
drenagem que era suficiente para atender as necessidades de escoamento da água,
porém, como a maioria das cidades, teve um acelerado processo de urbanização nos
últimos anos, havendo dessa forma, diversos alagamentos nas partes mais baixas da
cidade quando acontecem chuvas em quantidades maiores do que o previsto.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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RECICLAGEM DE RESÍDUOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL
Recycling In Waste At Construction
Amanda Schepak Aleixo¹
Amilie Louise Kunan² RESUMO
Uma das áreas que mais gera resíduos em nosso país é a construção civil, e não cabe apenas aos
arquitetos e sim a todos os seres humanos, ter a consciência de o que fazer com esse resíduo, pelo
fato que para algumas pessoas podem considerar tais objetos como lixo, outras podem cogitar
algumas soluções como a reciclagem desse material, minimizando impactos ambientais, com a
reutilização desse material tornando-o novamente matéria prima, trazendo inúmeros benefícios a
humanidade, com a correta disponibilização, e solução adequada para o gerenciamento desses
resíduos. Observa-se que esse material reciclável é muito mais barato e poder gerar a mesma
eficácia, sem comentar o aspecto positivo econômico e ambiental que essa reciclagem pode gerar,
como por exemplo a areia reciclada pode ser utilizada em assentamento de tubulações de escoto e a
pedra rachão pode ser aproveitada em obra de pavimentação, entre outros materiais. E com
melhorias, investimento e incentivo nesse ramo, por parte de todos os envolvidos, a reciclagem
tomará um lugar importante e que nos trará um significativo avanço nos quesitos de
sustentabilidade e de diminuição de custos para uma obra.
Palavras Chaves: reciclagem, construção civil, resíduos, impactos, reutilização.
ABSTRACT
One area that generates more waste in our country is the construction industry, and it is not only to
architects but to all human beings, be aware of what to do with this waste, the fact that some people
may consider such objects as waste, others may think some solutions such as recycling this
material, minimizing environmental impacts, with reuse of this material making it again the raw
material, bringing numerous benefits to humanity, with the correct provision and appropriate
solution to the management of such waste. It is observed that this recyclable material is much
cheaper and can generate the same efficacy without comment the economic and environmental
positive that recycling can generate, such as recycled sand can be used in settlement of escoto pipes
and stone rachão can be harnessed in work of paving, among other materials. And with
improvements, investment and encouragement in this business, by all involved, recycling will take
an important place and that will bring us a significant step forward in the categories of sustainability
and reduction of costs for a work.
Key Words: recycling, construction, waste, impacts, reuse.
INTRODUÇÃO
Nos dias atuais, gradualmente, a área da construção civil vem se transformando em uma das mais
geradoras de resíduos, apesar disso ao ser comparado a países de primeiro mundo a reciclagem e
reutilização de resíduos no Brasil ainda vêm sendo muito tímidas. Em razão da minimização dos
recursos naturais dos quais são extraídas estas matérias-primas, e do aumento da população
consumidora, a conscientização referente aos impactos que estão sendo gerados no meio ambiente
tem aumentado cada dia mais. No entanto as discussões mais cuidadosas e rigorosas sobre esse
assunto ainda são muito recentes (JOHN, 1999; JOHN, 2000; CURWELL; COOPER, 1998;
GÜNTHER, 2000).
Essa preocupação, além de se tornar uma atividade de muita relevância para a
sustentabilidade, também se torna muito significativa para a diminuição de custos da obra. Observa-
se que os materiais recicláveis, obtidos dos resíduos da construção civil, além de possuírem um
custo muito menor também poderão gerar a mesma produtividade e terá a mesma eficácia. Está
condição se estabelece como um ponto importante para que as empresas envolvidas se interessem
em introduzir este método, por vezes até mesmo no seu canteiro de obra (JOHN, 1999; JOHN,
2000; CURWELL; COOPER, 1998; GÜNTHER, 2000).
Este artigo abordará os benéficos e os impactos gerados pela reciclagem de resíduos da
construção civil, ele também analisa os principais resíduos gerados atualmente e a política nacional
para os resíduos, englobando orientações e critérios para o gerenciamento dos resíduos na
construção civil. Esta discussão indica instruções para o desenvolvimento de um sistema que
direcione este procedimento (JOHN, 1999; JOHN, 2000; CURWELL; COOPER, 1998;
GÜNTHER, 2000).
RECICLAGEM DE RESÍDUOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL
Para melhor entendimento do assunto, seguem algumas definições utilizadas no artigo:
RCC (resíduos da construção civil): são oriundos de obras da construção civil, como
reformas, construções, demolições, entre outros. E também estão nesse conceito os materiais
provenientes de preparações de terrenos, como os metais, resinas,
argamassa, gesso, forros, plástico, vidros e outros, que são usualmente chamados de entulhos de
obras (JUNIOR, 2005).
Resíduos sólidos: são os materiais decorrentes dos procedimentos de produção,
transformação ou utilização provenientes de serviços humanos, de animais, ou dos fenômenos
naturais, a qual deve ser descartada em locais adequados (JUNIOR, 2005).
Reciclagem: é o método de transformação dos RCC que engloba a modificação das
propriedades físicas e físico-químicas dos mesmos, tornando-os matéria prima a processos
produtivos (JUNIOR, 2005).
Reutilização: é o aproveitamento dos resíduos sem passar por transformações, apenas
quando necessário (JUNIOR, 2005).
Os resíduos de construções representam uma grande parte do consumo em excesso de
materiais nos canteiros de obras. Comparando a quantidade de material necessário, com a
quantidade utilizada realmente, concluindo que há perdas de materiais (BRASIL,2002).
Segundo Brasil, (2002) essa quantidade em excesso da utilização de materiais se dá
principalmente por três fatores:
(a) por furto;
(b) incorporação de materiais à edificação; e
(c) entulho.
O furto, ou extravio, normalmente não é muito elevado em obras de grande porte,
uma vez que nestas existem, em geral, procedimentos de controle (qualitativos e
quantitativos) de recebimento dos materiais.
A incorporação de materiais em excesso nas edificações ocorre, principalmente,
para os materiais utilizados em serviços que exigem a moldagem in loco, como é o
caso das estruturas de concreto armado e revestimentos argamassados, por
exemplo.
Finalmente, o entulho se constitui no “lixo que sai”, ou seja, é a parcela mais
visível das perdas de materiais. Segundo Brito Filho (1999), na cidade de São
Paulo, somente a indústria da construção civil gera 90.000 m³ de entulho por mês,
considerando-se apenas o material que chega a aterros oficiais.
Entulho
O entulho faz parte das várias etapas da construção civil, sendo gerado no processo de
produção. É classificado segundo quatro critérios: primeiro a forma de manifestação, depois o
momento de incidência na etapa de produção, em seguida as suas causas e por fim a sua origem
(ANDRADE,1999).
Forma de manifestação: está relacionada à maneira como o resíduo ocorreu. Como por
exemplo: sacos de cimento empedrados; pontas de aço não reaproveitáveis; argamassa endurecida;
gesso endurecido na caixa de manuseio, entre outros (ANDRADE,1999).
Momento de incidência na etapa de produção: se for analisar o fluxo dos materiais utilizados
nos canteiros de obras, é possível perceber que eles passam por muitas etapas até chegar ao destino
final, isto é, são recebidos e inspecionados, estocados, processados e, por fim, aplicados, sendo
transportados entre cada etapa (SOUZA, 1997).
Suas causas: é necessário primeiramente passar pela identificação da causa da sua
ocorrência, ou seja, a razão imediata para a geração do resíduo. Sendo possível notar que para uma
dada forma de manifestação, podem-se considerar diferentes causas. Por exemplo a presença de
entulho de blocos, em um canteiro de obras, pode-se supor como causas o transporte incorreto do
material, o uso de ferramentas inadequadas, desmoronamento de um estoque por choque com um
equipamento de transporte, entre muitas outras (ANDRADE,1999).
Sua origem: é interessante saber além da causa, a origem do problema, podendo ser por uma
falha ocorrida nesta própria etapa ou em uma anterior que pode provocar a geração desse resíduo.
Alguns exemplos são: a geração de entulho de blocos em virtude do corte incorreto destes pode ter
como origem a falta de coordenação modular entre as dimensões das paredes e dos blocos, que é
relativa à etapa de projeto, ou à não-disponibilização de equipamentos adequados
(ANDRADE,1999).
Reciclagem de Resíduos no Brasil
Atualmente no Brasil a quantidade de resíduos gerados, tanto através de bens-duráveis
quanto de bens-não-duráveis, está cada dia mais significativa. Todos estes resíduos são gerados por
meio de matérias primas naturais. Porém em grande proporção, a questão ambiental no Brasil ainda
é tratada como sendo um problema de preservação da natureza, especialmente florestas e animais
em extinção e do controle da poluição do ar. (JOHN, 1999; JOHN, 2000; CURWELL; COOPER,
1998; GÜNTHER, 2000).
Comparando com países do primeiro mundo, a reciclagem de resíduos da construção civil
no Brasil ainda é retraída. Entre as várias causas deste atraso, temos em primeiro lugar os repetidos
problemas econômicos e os instantâneos problemas sociais que ocupam as discussões políticas. Os
debates mais sistemáticos sobre resíduos sólidos ainda são muito recentes, eles se iniciaram em
função da redução da abundância dos recursos naturais, do aumento da população e
consequentemente do seu consumo. Desde então a conscientização da minimização do impacto no
meio ambiente vem tomando lugar (JOHN, 1999; JOHN, 2000; CURWELL; COOPER, 1998;
GÜNTHER, 2000).
A área da construção civil vem se intensificando e crescendo cada vez mais de alguns anos
para cá, apesar dos seus reconhecidos benefícios socioeconômicos para o país, como por exemplo, o
aumento da geração de novos empregos, melhoria na renda, viabilização de moradia, avanço na
infraestrutura, entre outros, ela ainda requer de um grande cuidado com a destinação dos seus
resíduos (JÚNIOR, 2005).
A ausência destas marcas de quantidade ambiental de produtos, sugere que, distinto de
outros lugares, as corporações brasileiras que normalmente reciclem não empreguem sua ajuda
ambiental como instrumento de marketing, embora o consumido, conserve o custo e a característica
que os produtos com menos impacto ambiental (MORENO, 1998).
Por isso a reciclagem de resíduos nesta área vem se fortificando como uma prática muito
importante para a sustentabilidade, tanto para a necessidade da diminuição dos impactos gerados no
meio ambiente como para a redução de custos nas obras (JOHN, 1999; JOHN, 2000; CURWELL;
COOPER, 1998; GÜNTHER, 2000).
Devido a clara industrialização, o aparecimento de novas tecnologias, aumento
populacional, avanço de pessoas em centros urbanos e a diversificação do consumo de bens e
serviços, alteraram-se em grandes dificuldades urbanas com um gerenciamento oneroso e complexo
analisando o volume e massa acumulados, especialmente após 1980.as dificuldades se
caracterizavam por carência de área de deposição de resíduos motivadas pela ocupação e
valorização de campos urbanas, elevados custos sociais na administração de resíduos, problemas de
saneamento público e contaminação ambiental (JOHN,1999; JOHN, 2000; BRITO. 1999;
GUNTHER,2000; PINTO,1999).
No decorrer da ECO-92 e da definição da Agenda 21, iniciou-se um enorme destaque a
necessidade de executar um adequado sistema de reciclagem de resíduos sólidos (GÜNTHER,
2000).
Na veracidade, compreende -se que ações independentes não irão resolver os problemas
ocorridos por este resíduo, e a indústria necessita tentar encerrar seu ciclo de produção de tal
maneira que enfraqueça a saída de resíduos e a chegada de matéria prima não renovável
(DORSTHORST; HENDRIKS,2000).
No geral, os circuitos para a construção apostam aproximar a construção civil do modelo de
desenvolvimento sustentável, percebido que um método leva a mudanças no uso de recursos na
direção dos investimentos, no guia do desenvolvimento tecnológico e nas modificações
institucionais, todas propendendo a harmonia e ao entrelaçamento nas pretensões e necessidades
humanas atuais e futuras. Esta atitude não sugere somente a disciplina, envolve também mudanças
culturais; instrução ambiental e visão sistêmica (BRANDON, 1998; ÂNGULO,2000; JOHN,2000;
ZWAN,1997).
Porém desde aquela época, até nos dias atuais, é possível saber que ações isoladas não irão
solucionar os problemas ocasionados por estes resíduos e que a indústria e a área da construção civil
devem tentar fechar seu ciclo produtivo de tal maneira que diminua a saída de resíduos e a entrada
de matéria-prima não renovável (DORSTHORST; HENDRIKS, 2000).
O Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA é o órgão consultivo e deliberativo
do Sistema Nacional do Meio Ambiente-SISNAMA. O gerenciamento e manuseamento de resíduos
da construção civil e de demolição estão baseados, desde 05 de julho de 2002, pela Resolução 307
do conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA. As legislações que definem a política
nacional para os resíduos englobam as orientações, os critérios e os procedimentos gerais para o
gerenciamento dos resíduos da construção civil, delimitando as ações necessárias para diminuição
dos impactos ambientais. (JÚNIOR, 2005).
Segundo Junior (2005):
A classificação dos resíduos da construção civil no Brasil se dá por meio da
Resolução 307, da seguinte forma:
Classe A: são os resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados, tais como os
oriundos de:
Pavimentação e de outras obras de infraestrutura, inclusive de solos provenientes
de terraplanagem;
Edificações: componentes cerâmicos (tijolos, blocos, telhas, placas de
revestimento, etc.), argamassa e concreto;
Processo de fabricação ou demolição de peças pré-moldadas em concreto (blocos,
tubos, meios-fios, etc.) produzidas pelos canteiros de obras.
Classe B: são os resíduos recicláveis para outras destinações, tais como: plástico,
papel/papelão, metais, vidros, madeiras entre outros.
Classe C: são os resíduos para os quais não foram desenvolvidas tecnologias ou
aplicações economicamente viáveis para que permitam sua
reciclagem/recuperação, tais como produtos fabricados com gesso.
Classe D: são os resíduos perigosos oriundos do processo de construção, tais como:
tintas, solventes, óleos, amianto e outros, ou aqueles contaminados oriundos de
demolições, reformas e reparos de clínicas radiológicas, instalações industriais e
outros.
Sendo assim, a reciclagem de resíduos pela indústria da construção civil vem se fortificando
como uma prática importante e necessária para o meio ambiente e pra a sustentabilidade
(ZORDAN, 2012).
Principais Resíduos Reciclados
Reciclagem de resíduos de construção e de demolição
A reciclagem de resíduos de construção e de demolição como material da construção civil
foi iniciada na Europa após a Segunda Guerra Mundial, e atualmente encontra-se muito atrasada no
Brasil (ZWAN, 1997; DORSTHORST; HENDRIKS, 2000).
A alteração da proporção dos resíduos de construção e de demolição varia de acordo com os
seguintes fatores: disponibilidade de recursos naturais, a distancia para o transporte os materiais
reciclados e os materiais originais, a situação econômica e tecnológica do país, e por fim a
densidade populacional (DORSTHORST; HENDRIKS, 2000).
Nos dias de hoje, muitos países investem em um sistema formal de gerenciamento dos resíduos de
construção e demolição como, por exemplo, a Holanda, o Reino Unido, dentre outros países
europeus (HENDRIKS, 2000; EC, 2000; HOBBS; HURLEY, 2001). Estes sistemas propõem-se em
reduzir a atratividade da disposição ilegal, principalmente via redução das distâncias de transportes
dos resíduos de construção e demolição (Ângulo,2004; John,2004; Ulsen,2004; Kahn,2004).
O Brasil segue a mesma tendência sendo que, segundo proposta de Pinto (1999), este
sistema deve ser composto por:
Rede de pontos de coleta para pequenos geradores e grandes geradores
posicionados estrategicamente para tornar a deposição pouco atrativa;
Companhias licenciadas para transporte;
Reciclagem dos resíduos de construção e demolição.
Esta foi à visão adotada na determinação na CONAMA nº 307 de julho de 2002. Esta
determinação atribui responsabilidades aos geradores, transportadores e gestores públicos do RCD.
Já os municípios têm a competência e o dever de definir uma política municipal para os resíduos de
construção e demolição, incluindo sistemas com pontos de coleta. Dos construtores deve ser exigida
a definição de planos de gestão de resíduos para cada empreendimento (ÂNGULO,2004;
JOHN,2004; ULSEN,2004; KAHN,2004).
A reciclagem de resíduos de construção e demolição para serem utilizados em argamassas e
concretos já foi estudada e tem se mostrado viável em estudos brasileiros, tanto do ponto de vista
tecnológico como do ponto de vista econômico. No entanto, a avaliação do risco ambiental não foi
avaliada (LEVY, 1997; MIRANDA, 2000; HAMASSAKI et al., 1997; ZORDAN, 1997; BARRA,
1996; MORALES, ANGULO, 2000).
A reciclagem de pavimento asfáltico, inserida no mercado de São Paulo no início da década
de 90 é hoje uma realidade nas grandes cidades brasileiras, viabilizando a reciclagem tanto do
asfalto quanto dos agregados do concreto asfáltico (JÚNIOR, 2005).
A recente densa inserção de gesso na forma de revestimentos ou placas no Brasil pode ser
um agravante para a reciclagem dos resíduos de construção e demolição, caso não sejam instalados
processos de controle em Centrais de Reciclagem. A solução para
alguns contaminantes presentes nos resíduos de construção e demolição (como plásticos e madeiras)
pode ser o emprego de tanques de purificação por flotação e separadores magnéticos (QUEBAUD;
BUYLE-BODIN, 1999). Mas, em alguns casos, a retirada dos pontos contaminantes pode ser algo
muito mais complexo, como compostos orgânicos voláteis e hidrocarbonetos (MULDER et al.,
2000).
Segundo Ângulo (2000):
A solução para a variabilidade da composição e das outras propriedades desses
agregados pode ser o manejo em pilhas de homogeneização, reduzindo esta
variabilidade. O que se sugere, é o emprego dos agregados em diversas finalidades,
porém com um adequado controle, permitindo a valorização do resíduo e não
simplesmente destiná-lo para as necessidades de pavimentação, que são as de
menores exigências de qualidade.
Reciclagem de escória de alto forno
Uma grande parte da escória granulada é consumida pela indústria cimenteira. No entanto,
uma parte considerável permanece acumulada em aterros (ÂNGULO, 2000; ZORDAN, 2000;
JOHN, 2000). O mercado brasileiro ainda não desfruta de escória moída para a mistura em
betoneiras e nem de agregados leves de escória. A produção de agregados leves é feita através da
peletização da escória (PERA, 1996).
Nos dias atuais as indústrias siderúrgicas estão considerando o foco ambiental como parte de
sua estratégia de concorrência, fazendo com que o valor econômico dos seus resíduos crescesse,
alterando e diversificando o seu mercado consumidor. Este interesse, recentemente levou a
construção da primeira fábrica brasileira de cimento que não dispõe de forno próprio para a
produção de clínquer, a cimento Mizu. Esta fábrica opera produzindo cimento CPIII que é adquirido
além do mercado nacional, também pelo Oriente (ÂNGULO, 2000; ZORDAN, 2000; JOHN, 2000).
Devido à falta de padrões de controle adequados à realidade em que o Brasil se encontra, a
expansibilidade deste tipo de escória tem levado a vários desastres, tanto quando utilizada como
base de pavimentação, aterro ou como agregado para concreto. O desenvolvimento de critérios
técnicos para análise do risco de ampliação deste produto é a uma preocupação do setor siderúrgico
(ÂNGULO, 2000; ZORDAN, 2000; JOHN, 2000).
De acordo com Bijen, (1996):
Os efeitos ambientais deste tipo de cimento são substancialmente menores do que
os gerados pelo cimento Portland comum, significativamente perceptíveis quando
se avalia o ciclo de vida deste novo cimento. Notadamente as emissões ao meio
ambiente e o consumo de matérias-primas são reduzidos. Além disso, o aumento da
durabilidade das estruturas de concreto confeccionadas com a adição de escória de
alto forno, diminuem os custos de manutenção dessas obras.
Reciclagem de sucata de aço
A maior parte do aço utilizado no reforço de concreto armado produzido no Brasil
atualmente é originária do processo de arco elétrico, que utiliza como maior parte de matéria prima
quase que exclusivamente sucata (ÂNGULO, 2000; ZORDAN, 2000; JOHN, 2000).
Outros resíduos
Existe um grande volume de resíduos que possuem um potencial de emprego na construção
civil, porém eles ainda são ignorados pelo mercado e até pesquisadores brasileiros. Os resíduos
derivados do saneamento urbano, ou seja, escória da incineração de lixo urbano domiciliar e lixo
hospitalar e o lodo de esgoto devem apresentar um grande crescimento na sua produção nos
próximos anos, especialmente na cidade de São Paulo, onde inexistem áreas de deposição e está
previsto o saneamento do Rio Tietê. A reciclagem fosfogesso, resíduo provenientes da produção de
adubos, já foi testada no passado no Brasil. Entretanto os produtos apresentaram enorme
predisposição ao desenvolvimento de fungos (ÂNGULO, 2000; ZORDAN, 2000; JOHN, 2000).
BENEFÍCIOS GERADOS PELA RECICLAGEM DE RESÍDUOS
O reaproveitamento dos resíduos da construção civil como matéria-prima proporciona
muitos benefícios econômicos e principalmente ambientais, pois é nessa área que ocorre uma
elevada utilização de resíduos chegando a consumir até 75% dos
recursos naturais. Portanto, com a reciclagem exige pouca necessidade de extração de recursos
naturais, cujo a maioria de suas reservas estão cada vez mais escassas, além disso minimiza o grau
de poluição atmosférica elevado em função da extração, processamento e transporte (JOHN, 2000;
LEVY, 1997; PINTO, 1999).
Diante o exemplo atual de produção, os resíduos consecutivamente são motivados para
proveitos de consumo duráveis (edifícios, pontes e estradas) ou não estáveis (embalagens
descartáveis). No processo citado, a atual produção quase sempre aproveita matérias primas de
origens não renováveis de procedência natural. Este modelo não proporcionava problemas até
atualmente, diante a razão de abundância de recursos naturais e menor contagem de pessoas aliadas
a sociedade de consumo (JOHN, 1999; JOHN 2000; CURWELL; COOPER, 1998;
GUNTHER,2000).
Com a reciclagem, diminui também os problemas de gestão dos resíduos sólidos nas
cidades, pois deve haver um significativo crescimento de vida útil dos aterros, ocorrendo a
diminuição de descartes ilegal e a diminuição dos custos de gerenciamento de resíduos (LEITE,
2001).
No entanto a diminuição na geração de resíduo constitua sempre uma ação indispensável ela
é restrita, qualquer vez que tenham impuridades na matéria prima, abrange custos e patamares de
incremento tecnológico (SOUZA et at.1999; JOHN2000).
Mesmo que a redução na produção de resíduos seja necessária, ela é delimitada, pois para
que se torne uma matéria-prima pura é necessário passar por processos os quais possuem custos de
desenvolvimento tecnológico (JOHN, 2000).
De acordo com John, (2000):
A reciclagem na construção civil pode gerar inúmeros benefícios citados abaixo:
- Redução no consumo de recursos naturais não-renováveis, quando substituídos
por resíduos reciclados.
- Redução do consumo de energia durante o processo de produção. Destaca-se a
indústria do cimento, que usa resíduos de bom poder calorífico para a obtenção de
sua matéria-prima (co-incineração) ou utilizando a escória de alto-forno, resíduo
com composição semelhante ao cimento.
Complementando o assunto Pinto, (1999) diz que:
Redução de áreas necessárias para aterro, pela minimização de volume de resíduos
pela reciclagem. Destaca-se aqui a necessidade da própria reciclagem dos resíduos
de construção e demolição, que representam mais de 50% da massa dos resíduos
sólidos urbanos.
E também, para John, (1999):
Redução da poluição; por exemplo para a indústria de cimento, que reduz a
emissão de gás carbônico utilizando escória de alto forno em substituição ao
cimento portland (JOHN, 1999).
IMPACTOS DA RECICLAGEM
Todas as atividades podem causar impactos ambientais, e a reciclagem é um deles. Ao
pensar em reciclar conciliamos ao fazer o bem ao meio ambiente e aqueles o que o habitam, porem
o processo de reciclagem de um certo resíduo pode ser ainda mais ofensivo do que ele próprio
(ÂNGULO, ZORDAN JOHN, 2011).
Assim, alguns processos atualmente ligados a reciclagem acarretam um risco maior do que
se o resíduo continuasse sem ser manuseado. Em alguns casos a quantidade de energia necessária
no processo de reciclagem, para tratar o produto de forma a torná-lo apropriado a ingressar
novamente na cadeia produtiva é maior, de tal forma que prejudica ainda mais o meio ambiente
(ÂNGULO, ZORDAN JOHN, 2011).
Essa energia é diretamente relacionada a cada peculiaridade do resíduo, sendo especifico de
cada um, sendo que há casos que apenas essa energia não é o suficiente para a reutilização do
material. Sendo necessário, em algumas ocasiões, utilizar matéria-prima para modificar o resíduo
para que possa ser utilizado (ÂNGULO, ZORDAN JOHN, 2011).
Destarte que essa atividade, a reciclagem, como qualquer atividade humana, da mesma
forma pode gerar resíduos dependendo de qual material foi reaproveitado. Esses novos resíduos são
ainda mais dificultosos de ser reciclado, e normalmente ele se torna mais agressivo ao meio
ambiente caso possa ser reciclado (ÂNGULO, ZORDAN JOHN, 2011).
Conforme a complexidade desse novo rejeito, o mesmo pode causa novos problemas não
apresentados anteriormente ao meio ambiente, e destaca-se que esse rejeito já foi reciclado
anteriormente, assim acabando normalmente seu ciclo de utilização, muitas vezes não havendo mais
possibilidade de ser reciclado novamente (ÂNGULO, ZORDAN JOHN, 2011).
Um cuidado que se deve ser tomado, é o risco à saúde dos usuários do novo material, sendo
que muitos deles para ser reaproveitados são modificados de forma física e quimicamente, podendo
causar riscos pela falta de garantia da imobilização de certos componentes, e constituir substancia
nocivas à saúde, consequentemente (ÂNGULO, ZORDAN JOHN, 2011).
Segundo Zalauf, (1977):
Os impactos causados pela disposição inadequada de resíduos sólidos podem
resultar na contaminação das águas, do ar ou do solo.
A contaminação do solo pode ocorrer quando a disposição final de resíduos é feita
de maneira inadequada, possibilitando que poluentes afetem o ambiente quando
arrastados com água, lixiviados ou solubilizados.
Assim todo processo de reciclagem deve ser analisado de forma minuciosa, sendo que, cada
passo do procedimento necessita de uma peculiaridade de acordo com o resíduo em que está sendo
trabalhado (ÂNGULO, ZORDAN JOHN, 2011).
REUTILIZAÇÃO DE RESÍDUOS RECICLÁVEIS
Deve-se sempre pensar no bem estar da sociedade, e com a reutilização dos resíduos
recicláveis obtidos na construção civil, podemos gerar uma sustentabilidade buscando esse bem
estar, com o equilíbrio do desenvolvimento social, econômico e ambiental (ALVES, 2014).
Esse pensamento de desenvolvimento sustentável, nasceu na década de 1970, porém foi
consagrada na ECO/92, buscando com essa ação conciliar a proteção do meio ambiente com o
desenvolvimento socioeconômico para a melhoria da qualidade de vida (ALVES, 2014).
Porém são poucas as cidades que contém usinas de reciclagem, ainda mais, que seu uso não
é muito comum devido, principalmente, ao preconceito dos construtores com o material. Pouco
também se encontrar de material reciclado pelo fato de que a
produção do mesmo não é homogênea, assim não havendo motivação para que usinas de reciclagem
atuem, por terem uma incerteza nos lucros e uma responsabilidade grandiosa na atuação (ALVES,
2014).
Sendo que para atuar nesse ramo de reutilização de resíduos, a responsabilidade do agente
para efetuar toda essa logística, gera muita responsabilidade, como alguns exemplos não se pode
infringir a lei nº 6.938/81 que trata sobre o meio ambiente, lei nº 6.803/80 de Zoneamento
Industrial, lei nº 12.305/2010 de resíduos sólidos, entre outras legislações que acabam até muitas
vezes fazendo o agente desistir de atuar no ramo, sendo que, a ele é incumbido muita
responsabilidade pela a incerteza de lucro que pode obter (ALVES, 2014).
Em relação a esse sistema de reutilização não a dúvidas sobre as vantagens em aspecto
ambiental, que com a reciclagem dos produtos economiza água e energia para a sua produção, e
diminui a poluição gerada por estes resíduos que seriam enviados aos aterros sanitários e em
aspecto social têm-se uma vida melhor para os catadores de resíduos recicláveis que conseguem
mais recursos financeiros (ALVES, 2014).
ECONOMIA DE CUSTOS COM A RECICLAGEM NA CONSTRUÇÃO CIVIL
Com a reciclagem há uma produção de material por menor custo, colaborando na redução do
custo das habitações. Resíduo nocivos podem ser reciclados e assim eles não ocupam espaço em
aterros sanitários, até mesmo o entulho que reciclado pode substituir em grande parte os agregados
naturais empregados em base na pavimentação por exemplo (PAIVA; RIBEIRO, 2011).
A reciclagem, na maioria das vezes, contribui para a redução do consumo de energia na
produção de materiais. Por exemplo do aço, a sua sucata permite a produção de um novo aço
consumindo cerca de 70% da energia, com o vidro há uma redução em cerca de 5% o consumo de
energia gasta para produção. A substituição do clínquer Portland em 50% por escória de alto forno
permite uma redução de cerca 40% no consumo de energia (PAIVA; RIBEIRO, 2011).
Analisando como base a Usina de Reciclagem da Construção Civil da Prefeitura de Rio
Preto no ano de 2003, podemos ter uma base da relação de custos dessa atividade (PAIVA;
RIBEIRO, 2011):
De acordo com Paiva; Ribeiro (2011, p. 09), os custos demonstrados na tabela, descrevem:
Manutenção dos equipamentos e Instalações, os quais são custos fixos, valores
gastos para dar assistência técnica nos equipamentos;
Disposição de rejeitos para o Aterro Sanitário, correspondentes de custos fixos
também, pois serem gastos para organizar o entulho que é depositado nos aterros
da Prefeitura;
Transporte do Material Reciclado, é diferente, sendo um custo variável por ser um
gasto para transportara reciclagem para locais próprios;
Mão-de-Obra, também um custo variável por estar ligado diretamente ao processo
da reciclagem;
Aluguel da Pá – Mecânica Carregadeira, custo fixo, por ser um gasto que a Usina
possui e está em contrato com valor fixo;
Energia Elétrica, é um custo variável por estar relacionado diretamente com a
produção.
Paiva; Ribeiro, (2011) fazendo uma análise com um pequeno detalhamento, os custos do
processo de reciclagem dessa Usina são:
Produção de Entulho por dia: 80.000 kg ou 66,67m³
Custo para reciclar 80.000 kg de entulho dia: R$689,40
Custo da Reciclagem do Entulho por kg = R$0,01
Pelo demonstrado podemos ter uma pequena noção do custo da reutilização de matérias
usado e que deverá ser superado pelos benefícios que a Usina pode trazer, como a redução dos
custos operacionais da construção civil, a eliminação dos danos ambientais, entre outros (PAIVA;
RIBEIRO, 2011).
CONCLUSÃO
Atualmente a diminuição dos recursos naturais, dos quais são provenientes as nossas
matérias-primas, e o aumento da população e consequentemente do seu consumo, vem amplificando
os impactos gerados ao meio ambiente. Isso tem feito cada dia mais, com que a conscientização
com o desenvolvimento sustentável cresça. Porém ela ainda segue muito pequena comparada com
os problemas que veem sendo gerados no meio ambiente.
Para se atingir boas resultantes no desenvolvimento sustentável, por meio do emprego dos
resíduos na construção civil e da sua reciclagem, é necessária uma organização deste sistema muito
cautelosa e acertada. Para se obter tudo isso é fundamental e indispensável uma análise de toda essa
metodologia, já os processos que dispomos atualmente nos Brasil possuem grandes e significativas
falhas no desenvolvimento destes materiais, na transmissão de tecnologias e na análise da sua
performance ambiental.
Sendo assim, o desempenho da reciclagem de resíduos da construção civil no Brasil ainda
vem sendo descuidado e esquecido, existindo impasses nos seus processos, que devem ser
melhorados. Com estas melhorias, com um maior investimento e incentivo, por parte de todos os
envolvidos, a reciclagem tomará um lugar importante e que nos trará um significativo avanço nos
quesitos de sustentabilidade e de diminuição de custos para uma obra.
REFERÊNCIAS
ALVES, Juanita Raquek. Reutilização de Resíduos Recicláveis na Construção Civil, 2014.
Disponível em: <https://jus.com.br/artigos/33307/reutilizacao-de-residuos-reciclaveis-na-
construcao-civil>. Acesso em 12 de abril de 2016.
ANDRADE, A. C.; SOUZA, U. E. L.; PALIARI, J. C.; AGOPYAN, V. Estimativa da quantidade
de entulho produzido em obras de construção de edifícios, 2001. Disponível em:
<http://www.seer.ufrgs.br/ambienteconstruido/article/download/3573/1978>. Acesso em: 22 de
abril de 2016.
ANDRADE, A. C. Método para quantificação das perdas de materiais em obras de construção de
edifícios: superestrutura e alvenaria, 1999. Disponível em:
<http://www.seer.ufrgs.br/ambienteconstruido/article/download/3573/1978>. Acesso em: 22 de
abril de 2016.
ÂNGULO, Sérgio Cirelli; ZORDAN, Sérgio Eduardo; JOHN Vanderley Moacyr. Desenvolvimento
Sustentável e a Reciclagem de Resíduos na Construção Civil, 2011. Disponível em:
<http://www.casoi.com.br/hjr/pdfs/RDC.pdf>. Acessa em 12 de abril de 2016.
ÂNGULO, Sérgio Cirelli; JOHN Vanderley Moacyr; ULSEN, Carina; KAHN, Henrqiue.
Caracterização de Agregados de Resíduos de Construção e Demolição Reciclados Separados por
Líquidos Densos, 2014. Disponível em: <
https://www.researchgate.net/profile/Henrique_Kahn/publication/267565877_CARACTERIZAO_
DE_AGREGADOS_DE_RESDUOS_DE_CONSTRUO_E_DEMOLIO_RECICLADOS_SEPARA
DOS_POR_LQUIDOS_DENSOS/links/5458c22e0cf2bccc491296ae.pdf>; Acesso em 25 de abril
de 2016.
BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Resolução n. 307, de 5 de julho de 2002: Diretrizes,
critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos da construção civil. CONAMA,2002.
Disponível em: < http://www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=307>. Acesso em: 22
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CARAMALAC, Carina. A Reciclagem de Resíduos na Construção Civil, 2016. Disponível em:
<http://meuartigo.brasilescola.uol.com.br/atualidades/a-reciclagem-residuos-na-contrucao-
civil.htm>. Acesso em: 12 de abril de 2016.
PAIVA, Paulo Antônio; RIBEIRO, Maisa de Souza. A Reciclagem na Construção Civil: como
economia de custos, 2011. Disponível em:
<http://periodicos.unifacef.com.br/index.php/rea/article/viewFile/185/37>. Acesso em: 12 de abril
de 2016.
Revitalização socioambiental da urbanização
lindeira ao arroio Pilão de Pedra – Ponta
Grossa, PR
Valéria Quadros Ferreira Faculdades Ponta Grossa
Discente do Curso de Arquitetura e Urbanismo [email protected]
Bianca Camargo Martins Faculdades Ponta Grossa
Docente do Curso de Arquitetura e Urbanismo
RESUMO:
O município de Ponta Grossa é extremamente rico em cursos d’água. Contudo, as áreas de Fundos de Vale ainda representam um panorama inóspito no meio urbano. O arroio Pilão de Pedra e suas matas ciliares são alvo de ocupações irregulares, marginalização, poluição e desmatamento. O projeto objetiva a possível solução das problemáticas referidas e a revitalização da área através de um parque linear. Assegurada pelas legislações vigentes, a proposta apresenta os estudos do Plano Local de Habitação de Interesse Social (PLHIS) para determinar quais moradias são passíveis de regularização e quais ocupações deverão ser realocadas. Através de pesquisa bibliográfica e documental, estudos de caso, consulta aos órgãos públicos e portais de geoprocessamento foi possível traçar o diagnóstico da área. Este projeto fundamenta-se na importância dos espaços livres urbanos sob a ótica da Infraestrutura Verde. Desse modo, sua aplicação faz-se na morfologia no parque através da setorização ao longo do arroio e sua APP. Foram selecionados nove espaços livres e quatro áreas remanescentes de mata nativa, que conforme os apontamentos obtidos nas entrevistas com os moradores, se configurarão em espaços de conectividade entre as vilas vizinhas, reunindo as funções de preservação ambiental, contemplação, esporte, lazer e recreação.
Palavras-chave: Área de Preservação Permanente (APP); Infraestrutura Verde;
Parque Linear; Hubs.
INTRODUÇÃO
O município de Ponta Grossa possui, em seu perímetro urbano, doze bacias
hidrográficas. Contudo, os cursos d’água e suas matas ciliares ainda representam um
panorama inóspito dentro da cidade. Decorrente do processo de urbanização, a formação
de habitações irregulares incidente nessas áreas acarreta degradação ambiental com a
supressão da mata nativa, despejo de lixo e águas residuais no leito hídrico, além de
contribuir para a ocorrência de deslizamentos rochosos (MAZUR, 2010).
Este estudo originou-se no questionamento acerca do processo de ocupação,
funcionalidade e a possível solução das problemáticas referidas encontradas no arroio
Pilão de Pedra, limite físico entre os bairros Jardim Carvalho, Neves e Uvaranas. Para
limitar a extensão da intervenção, selecionou-se o trecho compreendido entre os
logradouros Evaristo da Veiga e David Tozetto.
A proposta tem por objetivo revitalizar a área através de um parque linear, cuja
função de preservação ecológica esteja em consonância com a urbanização e os anseios
da comunidade local. Visa-se, também, assegurar a legitimidade e integridade do projeto
por meio de consultas populares, a fim de proporcionar infraestrutura para o convívio,
lazer e esporte dos usuários, além de evitar um retrocesso à degradação da área.
De acordo com o Plano Local de Habitação de Interesse Social (PLHIS), 2010,
foram levantadas quatrocentos e onze (411) habitações irregulares no trecho de
intervenção, sendo estas classificadas de acordo com a sua inadequação em relação aos
aspectos de infraestrutura, ambientais, de moradia e sócio espaciais. Em conformidade
com essas análises e atentando-se às habitações em área de preservação permanente
(APP) e/ou em situações de risco (dados da Defesa Civil) foi determinado que cento e
quinze (115) moradias são passíveis de regularização, enquanto duzentos e noventa e
seis (296) ocupações deverão ser realocadas.
No tocante à situação deteriorada do curso d’água, o município, através da
Agência Reguladora de Águas e Saneamento - ARAS, poderá aplicar o Plano de
Despoluição Ambiental (PDA), cuja premissa é fiscalizar, identificar e corrigir as falhas
relacionadas ao saneamento básico e hidrografia municipal (MAZUR, 2010).
É possível compreender, desse modo, que a implantação do parque linear e seu
projeto vêm como etapa final da intervenção aludida e subsequente revitalização da área
de estudo.
REVISÃO DE LITERATURA
As atividades humanas impulsionadas por fatores socioeconômicos devem ser considerados responsáveis pela degradação dos serviços ecológicos dos rios. É irracional incentivar a invasão das terras fluviais no processo de urbanização, e também é urgente para efetivamente recuperar os rios naturais para a construção de cidades sustentáveis. (DE ANGELIS ET. AL., 2012)
Compreende-se o processo de revitalização como alternativa retificadora à ação
da urbanização e suas consequências ao ambiente natural. Segundo Lima (2012),
entende-se por revitalização da paisagem o processo de operações pontuais dos
elementos degradados em conjunto com a reabilitação das relações socioculturais, que
visam a melhoria da qualidade de vida nessas áreas e conjuntos urbanos.
No que tange às legislações vigentes, é possível estabelecer um panorama
reflexivo da presença de áreas verdes no meio urbano e, observar de que modo a
aplicabilidade da lei contribui para a mitigação dos problemas mencionados.
De acordo com o Código Florestal Brasileiro (Lei Federal nº 12.651/2012),
consistem em Áreas de Preservação Permanente: as áreas protegidas, cobertas ou não
por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a
paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna e
flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas.
Por determinação da mesma lei, as áreas verdes urbanas são definidas como
espaços, públicos ou privados, com predomínio de vegetação, preferencialmente nativa,
natural ou recuperada, previstos no Plano Diretor, nas Leis de Zoneamento Urbano e Uso
do Solo do Município, indisponíveis para construção de moradias, destinados aos
propósitos de recreação, lazer, melhoria da qualidade ambiental urbana, proteção dos
recursos hídricos, manutenção ou melhoria paisagística,, proteção de bens e
manifestações culturais.
Pontua-se, neste contexto, a Resolução nº369 publicada pelo CONAMA –
Conselho Nacional do Meio Ambiente, que dispõe que a intervenção em APP’s para a
implantação de área verde de domínio público em solo urbano poderá ser autorizada
quando propuser:
a) Recuperação das áreas degradadas da APP inseridas na área verde de
domínio público; b) Recomposição da vegetação com espécies nativas; c) Mínima impermeabilização da superfície; d) Contenção de encostas e controle de erosão; e) Adequado escoamento das águas pluviais; f) Proteção das margens dos corpos d’água.
Para efeito desta Resolução, considera-se área verde de domínio público, o espaço
que desempenhe função ecológica, paisagística e recreativa, propiciando a melhoria da
qualidade estética, funcional e ambiental da cidade, sendo dotado de vegetação e
espaços livres de impermeabilização, onde poderão ser incluídos:
a) Ciclovias; b) Parques de Lazer; c) Acesso e travessias aos corpos d’água; d) Mirantes; e) Equipamentos de segurança, lazer, cultura e esporte; f) Bancos, sanitários, chuveiros e bebedouros públicos.
A partir da compreensão do sistema de espaços livre, é possível estabelecer a
conexão da área de preservação permanente como elemento ambiental essencial com os
espaços vegetados, que conferem à população, o contato e convívio das práticas culturais
e conscientização ambiental.
Adota-se doravante, com partido do projeto a Infraestrutura Verde, que para
Vasconcellos (2015), compreende uma rede de planejamento e gestão das áreas verdes
e livres que conserva os valores dos ecossistemas naturais e proporciona beneficio aos
homens.
A Infraestrutura Verde é composta por redes multifuncionais de fragmentos
vegetados ou não (inclui rios, canais e propriedades públicas e/ou privadas), que quando
conectados reestruturam a paisagem e estabelecem a rede de conservação e
desenvolvimento dos processos naturais, promovendo a cidadania nas comunidades e
assegurando a qualidade de vida urbana. Essa rede é organizada por meio dos hubs e
links (HERZOG, 2010; VASCONCELLOS, 2015).
Os hubs ancoram as redes de infraestrutura verde e proporcionam espaços para a vegetação, animais e pessoas; [...] possuem diferentes formas e tamanhos, podendo ser [...] parques comunitários e espaços verdes, como parques urbanos e campos de golfe, onde as características e os processos naturais são protegidos e/ou restaurados. (VASCONCELLOS, 2015)
Os links são as conexões que interligam todo o sistema. Essas conexões são fundamentais para a manutenção dos processos ecológicos vitais e para a saúde e a biodiversidade das populações nativas. Os links podem ter larguras, formatos e comprimentos variados, dependendo do tipo de ligação que configuram. (VASCONCELLOS, 2015)
A morfologia do parque linear em área fundo de vale modela-se num eixo
principal que articula os diferentes setores ao longo do parque e confere ao projeto uma
continuidade espacial. Aplicam-se as funções desse espaço: a proteção dos sistemas
naturais, coesão sócio espacial como meio de evitar o uso inadequado dessas áreas,
reconhecimento dos espaços livres, melhoria na qualidade de vida urbana,
multifuncionalidade, educação ambiental e legitimidade socioambiental (FRIEDERICH,
2007).
Para Giordano (2004, apud Friedrich, 2007) o parque linear é uma área destinada à
salvaguarda dos recursos naturais, capaz de interligar fragmentos de vegetação
remanescente, assemelhando-se à um corredor ecológico, e agregar o uso antrópico em
atividades de lazer e rotas alternativas, alcançando os ideais sustentáveis.
Os parques, juntamente com as praças e campos esportivos, também têm a função de serem elementos estruturadores da paisagem urbana. O parque moderno destina-se ao lazer de grande massa, mas é um espaço urbano a mais para o desfrute da população nos tempos de ócio, concorrendo com um leque diverso de opções. (FRIEDRICH, 2007)
MATERIAL E MÉTODOS
A presente pesquisa primeiramente realizou-se com a leitura de bibliografias
pertinentes ao tema, através de livros, teses, artigos, resumos e sites. Prosseguiu-se com
a análise de legislações vigentes e estudos de caso conexos à proposta.
No que concerne aos dados ambientais, ocupações irregulares, ocupações de
risco e saneamento básico, foram consultados os órgãos públicos competentes para
compor o diagnóstico do sítio estudado. Deste segmento também se fez uso dos planos
setoriais existentes.
Os dados de geomorfologia e geoprocessamento, bem como a produção e edição
de mapas, obtiveram-se através dos portais públicos online e softwares deste segmento
(GEOWEB, GEOPORTAL, GOOGLE EARTH, IBGE).
Quanto ao panorama apresentado da área no contexto atual, foram feitas visitas
in loco, embasadas por matérias de periódicos e artigos que denunciaram a degradação
do lugar.
Por conseguinte, a pesquisa contemplou a perspectiva comunitária por meio de
sessenta entrevistas fechadas aos moradores vizinhos da área de intervenção. Desse
modo, o programa de necessidades e fluxograma foi definido a partir dos apontamentos
do diagnóstico e estratégias esboçadas em concordância com as observações originadas
das novas visitas ao local, apresentadas a seguir.
As teorias, documentos, planos e dados consultados, juntamente com os estudos
já realizados fornecerão subsídios para o produto final: o projeto detalhado do Parque
Linear Arroio Pilão de Pedra.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Consoante às aplicações da Infraestrutura Verde, conciliado às condições
morfológicas dos parques lineares, a proposta de intervenção limita-se ao trecho do arroio
e suas matas ciliares compreendido entre as ruas Evaristo da Veiga (Vila Vilela) e David
Tozetto (Jd. Gianna II). Ao longo deste eixo, foram selecionados nove espaços livres e
quatro áreas remanescentes de mata nativa, para consolidar o partido contínuo e
articulador do parque e definir os hubs do projeto.
A seção selecionada para a intervenção faz vizinhança com as vilas Ana Rita e
Paulo Canto do bairro Uvaranas. No Neves, o parque confronta as vilas Mariana, Jardim
Conceição, 31 de Março, Jardim Gianna I e Jardim Gianna II. As vilas Jardim Aroeiras,
San Diego, Nadal e Vilela, além de dois condomínios residenciais fechados, Parque dos
Ingleses e Fontana di Trevi, situam-se no Jardim Carvalho. Perfazendo assim no total, um
número aproximado de 8.000 (oito mil) moradores (IBGE, 2010).
Doravante, na Vila Vilela situa-se no logradouro Evaristo da Veiga, o Hub 1,
seguido pelo Hub 2 na rua Oliveira Lima (vila Ana Rita). Para o mesmo fim, integra-se à
proposta, o Hub 3 endereçado na rua Carlos Chagas (Vilela). Ressalta-se, a implantação
do Hub 4 junto ao Olho D’Água São João Maria na via Afonso Celso (Ana Rita). O Hub 5
consiste num vazio urbano entre a via Bernardo Vasconcelos (Vilela) e Condomínio Pq.
Dos Ingleses. O Hub 6 está compreendido entre o Jd. Conceição e a vila 31 de Março,
enquanto o Hub 7 situa-se entre o Residencial Fontana Di Trevi e a rua Francisco Martins
de Araújo (Aroeiras). Já o Hub 8 encontra-se junto a APP de um afluente do Pilão de
Pedra, no Jd. Gianna I.
A partir das fundamentações estudadas, o programa de necessidades construiu-
se a fim de atender os anseios dos usuários e promover o parque como um instrumento
de cidadania, conscientização e interação popular. Conforme supracitado, na metodologia
adotada foram realizadas entrevistas aplicadas a sessenta moradores das vilas citadas
que apontaram suas opiniões a respeito das condições ambientais do arroio, do incômodo
causado pelo mesmo, o vínculo afetivo com a região, e seu posicionamento pessoal em
relação à proposta do parque e algumas sugestões de equipamentos e atividades a
serem oferecidas.
O parecer popular a respeito da implantação do parque foi cem por cento (100%)
favorável, tendo apontamentos com relação à segurança e manutenção do local. Quanto
as opções de entretenimento sugeridas, destacaram-se: lugares de divertimento infantil,
locais para práticas esportivas e lazer para idosos.
Uma vez que o projeto não tinha como intuito segmentar o parque em setores
temáticos, optou-se por definir um programa de necessidades generalizado, pontuando
especificidades de acordo com as características e finalidades de cada setor. Desse
modo, o parque linear é composto a partir da prerrogativa de conceber um espaço de
conectividade que reúna preservação ambiental, contemplação, esporte, lazer e
recreação.
O link da rede deste projeto, a APP do arroio Pilão de Pedra, favorece a
implantação de pistas de caminhada, pontes de pedestres e ciclovias. A fim de garantir a
permeabilidade e usabilidade desta conexão, prevê-se a colocação de mobiliários
adequados à limpeza, manutenção, conforto e segurança dos usuários.
Os hubs 1,2,3,4 e 8 (Figura 1), cujas dimensões são de menor porte, foram
selecionados para receber pórticos de identificação do parque (hubs 1 e 8), praças
contemplativas, playgrounds (hubs 1,2,4 e 8), área de piquenique (hub 8), academias ao
ar livre (hub 4 e 8) e altar de devoção São João Maria (hub 4). Neste, encontra-se um
diferencial no programa por conta do Olho d’água São João Maria, uma nascente que
sustenta a crença popular de ser um local sagrado e miraculoso para preces e orações.
A lenda do santo milagreiro conta que o monge João Maria peregrinava pelo interior do Paraná e chegou em Ponta Grossa para pregar suas palavras. Certa vez, ele foi atormentado por crianças que passavam por perto, despertando sua fúria. As mães saíram em defesa de seus filhos, o que causou ainda mais indignação no monge, dizendo em altos brados: “Terra de gente ruim, um dia, quando as casas forem muito altas, o vento será tão forte que irá derrubar tudo, não deixando nada em pé. Vocês haverão de ver”. E logo depois houve uma grande tormenta de vento, pedras e chuva, que destruiu tudo. Entretanto essa tormenta não atingiu o monge, que estava sentado debaixo de uma árvore, no local onde hoje é o “Olho d’água São João Maria”. Depois, o monge sumiu e ninguém mais soube de seu paradeiro. (LIMA, 2013)
Quanto aos hubs 5,6 e 7, de maiores proporções, constam no programa: praças
contemplativas, pistas de caminhada, pistas de corrida, ciclovias, pistas de skate,
playgrounds, quadras poliesportivas, arquibancadas, anfiteatros (hub 6 e 7), concha
acústica (hub 7), sede de apoio aos escoteiros (hub 5), sedes de apoio à pesquisa
acadêmica (hub 6 e 7), lanchonetes e áreas de piquenique.
Por fim, o hub 9 trata-se como um setor diferenciado dos outros hubs, por referir-
se aos remanescentes de mata nativa e priorizar a proteção das mesmas. Para esta
seção do parque considera-se a definição de trilhas no leito natural do terreno e
disposição de mobiliário como bancos, postes e lixeiras.
Tabela 1 – Áreas e funções dos setores
SETORES FUNÇÃO ÁREA
Link e hub 9 Preservação, Circulação e
Contemplação
Link: 451.737m²
Hub 9: 155.509m²
Hubs 1,2,3,4 e 8 Lazer, Recreação,
Contemplação e Esporte
Hub 1: 788m²
Hub 2: 1.329m²
Hub 3: 724m²
Hub 4: 2.000m²
Hub 8: 6.292m²
Hubs 5,6 e 7
Lazer, Esporte, Recreação,
Contemplação e
Entretenimento
Hub 5: 25.559m²
Hub 6: 33.000m²
Hub 7: 36.520m²
Área Total: 713.458m²
Fonte: elaborada pela autora.
Os acessos definidos para o projeto tiveram como princípio, o caráter integrador e
a circulação livre por toda a extensão do parque. Para tanto, dispuseram-se nos hubs os
oito pontos de ingresso e egresso principais. Os vinte e um (21) acessos secundários
contribuem para a conectividade das vilas e coincidem com as pontes de travessia do
arroio.
CONCLUSÕES
As áreas de preservação
permanente condicionam o meio
urbano à melhor qualidade das
cidades. Embora de grande
importância no município de Ponta
Grossa, o fundo de vale do arroio
Pilão de Pedra encontra-se
poluído, deteriorado,
marginalizado e ocupado
inadequadamente.
A partir das entrevistas
com a população do entorno foi
possível observar a
representatividade
cotidiana que o espaço estudado
possui. Os apontamentos feitos
relataram a perspectiva degradada
que a área apresenta, bem como
revelaram o anseio por melhorias e
apoio às ideias preservacionistas
do projeto.
Como um instrumento de
salvaguarda dos espaços livres,
áreas verdes e entretenimento
comunitário, o parque se faz da
apropriação popular. Sob essa
perspectiva o programa de
necessidades foi composto, atentando-
se à exequibilidade da
proposta e conciliação com os
Figura 2 – Implantação Parque Linear Pilão de Pedra (Fonte: elaborado pela autora).
parâmetros de intervenção que as legislações pertinentes permitem.
Desse modo, o estudo dá subsídios para a elaboração do projeto do parque
linear, embasado nas premissas de conectividade, preservação ambiental,
permeabilidade do solo, revitalização urbana e reconhecimento popular.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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VASCONCELLOS, A. Infraestrutura verde aplicada ao planejamento da ocupação urbana. 1ª edição. Curitiba: Editora Appris, 2015. 229p.
Habitação de Interesse Social Sustentável:
uma proposta para Ponta Grossa – PR
Luana Correia dos Santos
Faculdades Ponta Grossa
Discente do Curso de Arquitetura e Urbanismo [email protected]
M. Sc. Andressa Mª Woytowicz Ferrari
Faculdades Ponta Grossa
Docente do Curso de Arquitetura e Urbanismo
RESUMO
O crescimento desordenado de Ponta Grossa – PR ocasionou a implantação de inúmeras moradias em lugares impróprios, principalmente fundos de vale. Recentemente estas residências passaram a sofrer com deslizamentos e/ou inundações. O elevado número de vazios urbanos na cidade, bem como a falta de iniciativas sustentáveis para mitigar os efeitos da natureza nestas localidades, faz surgir a necessidade de criar novas moradias, além de reabilitar as áreas
degradadas. Neste estudo, foram eleitas três áreas de risco no município visando a retirada das famílias destes sítios e oferecendo a elas melhor qualidade de vida. Portanto, o objetivo deste trabalho é realizar uma proposta para implantação de um conjunto habitacional popular, através de um projeto arquitetônico e urbanístico de caráter sustentável e certificada pelo Selo Casa Azul; assim como a recomposição da mata ciliar das áreas que serão desocupadas por estas famílias. Para proposição do projeto habitacional escolheu-se um lote próximo, que atualmente se encontra subutilizado. Realizaram-se pesquisas bibliográficas, documentais, estudos de projetos correlatos e visitas in loco para alcance dos objetivos elencados. Apresentam-se como resultados iniciais: programa de necessidades, quadro de áreas, organograma e fluxograma, assim como um estudo prévio de implantação. Estas informações subsidiarão a elaboração do projeto final, a ser apresentado futuramente.
Palavras-chave: Habitação Coletiva; Sustentabilidade; Selo Casa Azul
INTRODUÇÃO
Em razão do rápido e desordenado crescimento de Ponta Grossa, influenciado pela
topografia acidentada, inúmeras ocupações irregulares surgiram ao longo dos anos nos
diversos bairros da cidade. Recentemente estas habitações passaram a ser afetadas por
alagamentos e/ou deslizamentos. No ano de 2012 a Defesa Civil realizou levantamento
das áreas de risco do município; destas três são objeto de estudo deste trabalho, todas às
margens de afluentes do arroio da Ronda, localizado no bairro de mesmo nome. Juntas
estas áreas acumulam um total de 148 residências, ocupadas por 560 habitantes
(DEFESA CIVIL, 2012). A maioria destes imóveis, de acordo com o Plano Local de
Habitação de Interesse Social - PLHIS (2011), apresenta baixo padrão de acabamento e
em alguns casos sequer contam com captação de esgoto.
Próximo às áreas tomadas como objeto deste estudo é possível perceber o
contraste visual entre as referidas ocupações e os grandes lotes vazios que poderiam ser
uma alternativa para realocar esta população. Contudo, configuram-se como vazios
urbanos, estando subutilizados e sofrendo influência de especulação imobiliária. Tal
contraste apresenta-se negativamente na percepção da cidade, isto por que na localidade
está uma das principais vias de acesso ao município por meio do Terminal Rodoviário, a
Av. Visconde de Taunay, a qual também é endereço de órgãos institucionais como a
Prefeitura Municipal, Câmara Municipal de Vereadores, Receita Federal, entre outros.
Através da identificação da problemática acima mencionada, este estudo sugere a
proposição de uma intervenção na região, visando sua requalificação por meio de duas
ações paralelas: a configuração de um empreendimento habitacional de caráter
sustentável destinado à população moradora das áreas de risco abordadas e a melhoria
das áreas anteriormente ocupadas através da retirada das moradias precárias e da
recomposição de mata ciliar, recuperando-se as Áreas de Proteção Permanente – APP.
A hipótese de sustentabilidade para o empreendimento surge em consequência da
ausência de proposta semelhante a esta na cidade, e baseia-se nos critérios definidos
pelo programa de certificação Selo Casa Azul, desenvolvido pela Caixa Econômica
Federal em parceria com universidades brasileiras (UFSC, UNICAMP e USP).
REVISÃO DE LITERATURA
Para a melhor compreensão do tema se faz necessária uma abordagem histórica
da urbanização e habitação coletiva no Brasil, as implicações desse processo, tanto para
a qualidade de vida dos habitantes, quanto para a questão arquitetônica e a exposição de
conceitos referentes à sustentabilidade aplicada à construção civil, bem como a
apresentação do programa de certificação Selo Casa Azul.
Historicamente o Brasil se identifica como um país majoritariamente agrícola, tendo
o surgimento das antigas vilas sido em um período muito próximo do descobrimento, em
1500, posteriormente a isso algumas vilas passam a categoria de cidades (SANTOS,
1993). Segundo Reis Filho (Apud SANTOS, 1993) no período de 1500 a 1720, houve três
momentos significativos na história da urbanização brasileira, todos marcados pela
fundação de vilas e em alguns casos de cidades. Entretanto, a urbanização se
desenvolve efetivamente apenas no século XVIII, amadurecendo somente um século
depois (SANTOS, 1993). Este amadurecimento deve-se ao rápido avanço tecnológico, ao
surgimento das vias de ligação entre os estados, o que permite a distribuição da produção
agrícola e industrial, seja para exportação ou não, desenvolvendo assim a economia
nacional. O aumento da classe média e a sedução por consumo estimulam a ampliação
da produção industrial, gerando maior necessidade de mão de obra acarretando no êxodo
rural.
As primeiras iniciativas a fim de ampliar a disponibilidade de moradias, inicialmente,
destinadas a operários das indústrias em expansão, surgem através de influência do
governo. Apesar do grande número de propostas de habitação coletiva seja de interesse
social ou não, considerável parcela da população urbana somente teve acesso à moradia
através de processos informais. Incluso nestes processos estão as ocupações em áreas
ambientais, fortemente protegidas por legislação e desprezadas pelo mercado imobiliário.
Panorama este que se repete até os tempos atuais.
Igualmente grande, foi o número de iniciativas a fim de regularizar a situação das
populações abrigadas em áreas irregulares. Contudo, frequentemente “os programas de
regularização acabam por reproduzir a informalidade urbana em vez de promover a
integração sócio espacial” (ALFONSIN, 2002, p. 16). No mesmo período, se iniciam as
discussões a respeito dos impactos ambientais sofridos pelo planeta. A principal delas
CMMAD, 1987, traz pela primeira vez o conceito de desenvolvimento sustentável:
"desenvolvimento sustentável é aquele que atende às necessidades do presente sem
comprometer a capacidade das gerações futuras de atenderem as suas próprias
necessidades". Nesse sentido é de suma importância a aplicação de conceitos de
arquitetura sustentável no empreendimento, almejando a preservação do ecossistema
local através de uma construção harmônica com o meio, a fim também de cumprir o
objetivo de melhorar a qualidade de vida da população.
Outro aspecto de destaque no processo de criação da habitação coletiva social diz
respeito a concepção arquitetônica. Na história da arquitetura brasileira, segundo Bruand
(apud BONDUKI, 1999) um dos poucos exemplares de habitação popular nacional que se
destaca esteticamente dos demais é o Conjunto Pedregulho no Rio de Janeiro, de Afonso
Eduardo Reidy (Figura 1). Analisando isto, entende-se que as moradias coletivas
populares tinham apenas o objetivo de atender a demanda e muitas não levavam em
conta importantes aspectos arquitetônicos. Esta impressão permanece ainda hoje, tendo
em vista que a grande maioria dos empreendimentos construídos ou em construção
utilizam a mesma ‘fórmula’ e características, ignorando as diversas composições das
famílias que habitariam estas residências.
Figura 1 – Conj. Residencial Prefeito Mendes de Moraes (Pedregulho) / Affonso Eduardo Reidy Fonte: FRACALOSSI, 2016.
Contrário a este pensamento, Alejandro Aravena, ganhador do prêmio Pritzker1
2015, em entrevista à Pontes, 2012, critica as entidades públicas “por fornecer casas
pequenas e malfeitas às pessoas. Diante dessa crítica, o senso comum sugere que casas de
melhor qualidade deveriam ser maiores e com melhor acabamento”. O arquiteto afirma ainda:
“É melhor ter metade de uma casa boa em vez de uma casa pequena, finalizada e mal
localizada. Depois, a família pode expandir a casa e aprimorar seu acabamento por conta
própria”.
Atualmente, em paralelo às contemporâneas iniciativas para produção de
habitação, existem ações visando a qualidade das construções e sua sustentabilidade.
Entre estas ações citam-se as certificações ambientais, que definem parâmetros e níveis
de eficiência para as edificações tradicionais (KEELER & BURKE, 2010).
As certificações surgiram de forma mais efetiva após a realização da Cúpula da
Terra em 1992 no Rio de Janeiro, também conhecida como Eco-92. Considerada
referência para o desenvolvimento sustentável, a Cúpula da Terra é objeto de estudo e
apontamentos na formação curricular, em especial nos cursos de graduação em
Arquitetura Sustentável (EDWARDS, 2005). Com a função de alertar as nações sobre os
problemas ambientais relacionados com o desenvolvimento urbano, gerou ao final da
reunião de 182 países uma série de declarações e acordos, entre eles a Agenda 21
(EDWARDS, 2005).
A maioria dos países industrializados possui algum tipo de certificação ambiental,
seja adaptado ou feito para atender o panorama local. Entre as principais certificações
presentes no Brasil pode-se citar a americana Leadership in Energy and Environmental
Design - LEED, a britânica Building Research Establishment Environmental Assessment
Method – BREEAM, o adaptado Processo AQUA e o nacional Selo Casa Azul. No Brasil
as certificações são relativamente recentes se comparadas as internacionais (KEELER &
BURKE, 2010). Entretanto o país já apresenta elevado número de edificações
certificadas. Até o ano de 2013 eram 46 edificações certificadas apenas pelo Processo
AQUA (LOBO, 2013). Já em 2015 as edificações certificadas pelo selo LEED somavam
252 (GBC BRASIL, 2015).
O Selo Casa Azul (CAIXA, 2010) é uma ferramenta de certificação para projetos
habitacionais que consideram soluções eficientes na construção civil, durante todo ciclo
1 Prêmio Internacional de arquitetura. Premia ainda em vida grandes arquitetos e suas obras. É considerado
como o prêmio Nobel da Arquitetura. REVISTA AU, 2009.
de vida da edificação. A concessão do selo se dá através de apresentação voluntária da
proposta ao agente fiscalizador, neste caso específico a Caixa Econômica Federal. O
processo de análise dos projetos avalia as soluções adotadas para atender aos critérios
estabelecidos pelo programa e acompanha a execução das obras.
O projeto submetido a certificação pode receber três classificações conforme o
número de itens atendidos: Nível Bronze, Prata e Ouro, atendendo ao menos,
respectivamente, 19, 25 e 31 itens. A classificação ocorre também em função do valor de
mercado avaliado do imóvel. Tomando como exemplo Ponta Grossa, cuja população é
superior à 250 mil habitantes, receberão certificação nível Bronze apenas os imóveis
avaliados em até R$ 100.000,00. Acima deste valor, o projeto deve apresentar pelo
menos classificação nível Prata (CAIXA, 2010).
Ao todo são 53 critérios subdivididos em seis categorias, que levam em
consideração a Qualidade Urbana, Projeto e Conforto, Eficiência Energética,
Conservação de Recursos Materiais, Gestão da Água e Práticas Sociais. Cada categoria
apresenta parâmetros de atendimento obrigatório e de livre escolha, sendo atribuído um
ponto a cada parâmetro atendido. Conforme pontuação conferida ocorre a classificação
da edificação, caracterizando-a entre os níveis bronze (6 critérios obrigatórios), prata (6
itens obrigatórios e outros 9 de livre escolha), ou ouro (12 critérios de livre escolha além
dos 6 obrigatórios). Vale ressaltar que talvez não seja possível o atendimento dos 53
critérios. Isto porque as soluções devem ser coesas entre si.
A sustentabilidade não envolve apenas aspectos ambientais, mas também sociais
e econômicos. Sociais por meio da adequação das soluções utilizadas às características
e necessidades dos usuários, e econômicas através da adoção de soluções de baixo
custo, seja durante o processo de projeto e execução, seja na utilização da edificação. No
contexto econômico pode-se, por exemplo, adotar soluções que somente proporcionam
contenção durante o uso da edificação mesmo que estas apresentem custo inicial elevado
(CAIXA, 2010).
Procurando entender e analisar as características de projetos semelhantes ao aqui
proposto, foram selecionados dois estudos de caso que apresentam pontos relevantes ao
que diz respeito de soluções arquitetônicas, urbanísticas e sociais. Um é assinado pelo
escritório de Alejandro Aravena, e espacializa seus ideais a respeito do tema: o Conjunto
Villa Verde (Figura 2) no Chile com 484 unidades (MÁRQUEZ, 2013). O outro, blocos G e
H do Conjunto Paraisópolis (Figura 3), em São Paulo, certificado pelo Selo Casa Azul
(PADOV, 2012).
Figura 2 – Habitação Villa Verde - Chile Figura 3 – Conjunto Paraisópolis - Fonte: RIO ACADEMY, 2016. São Paulo.
Fonte: ELITO ARQUITETOS, 2015.
Ambos os projetos foram implantados levando em consideração aspectos
topográficos e naturais do terreno onde estão, além de levar em consideração as
necessidades físicas dos usuários. Apesar de o projeto chileno apresentar soluções
sustentáveis desde a estrutura em madeira até a utilização de sistema de aquecimento
solar de água, o mesmo não possuí certificação ambiental.
Os dois projetos apresentam possibilidade de ampliação ou remodelação interna,
desta forma induzem a menores índices de consumo e desperdício de materiais, e ao
mesmo tempo aumentam a vida útil da edificação (CAIXA, 2010).
No tocante à participação da população durante elaboração e construção, o
escritório responsável pelo projeto de São Paulo elaborou um ‘Manual do Usuário’,
documento onde são explicados os usos e manutenções necessárias ao funcionamento
dos dispositivos utilizados no projeto. Já o escritório de Aravena reuniu os moradores para
uma explicação prática das características das unidades.
De modo geral pode-se afirmar que os dois projetos atendem aos objetivos iniciais
de maneira primorosa, se considerado a realidade da maioria dos projetos deste tipo não
apenas no Brasil.
OBJETIVOS
Este trabalho tem por objetivo desenvolver o projeto de um conjunto habitacional
sustentável no bairro da Ronda em Ponta Grossa. Para tanto torna-se necessário
pesquisar as definições e conceitos fundamentais relacionados à proposta; distinguir e
avaliar as características físicas e urbanísticas do terreno, e seu entorno; analisar
tecnologias e sistemas construtivos que podem ser utilizados no projeto; destinar o
empreendimento para a realocação das famílias das áreas de risco estudadas; reabilitar a
área de origem destas famílias através de recomposição de mata ciliar conforme Decreto
Municipal 4037/2010; classificar o projeto do empreendimento conforme critérios da
Certificação Selo Casa Azul.
Citam-se a seguir as fases necessárias para elaboração deste trabalho, a fim de
possibilitar a criação do projeto habitacional, de acordo com os objetivos expostos aqui e
que, como nos exemplos mencionados, procura atender as necessidades de seus
usuários levando em consideração técnicas construtivas sustentáveis, além de uma boa
relação com seu local de implantação.
MATERIAIS E MÉTODOS
Buscando o alcance dos objetivos propostos, inicialmente foi feita uma pesquisa
bibliográfica em livros, artigos e sites da internet. Em seguida, realizou-se a busca de
referências documentais locais, como os planos de habitação e contingência, lei de
zoneamento, entre outros.
Posteriormente efetuou-se a escolha quanto ao terreno de implantação da
proposta, bem como levantamento de seus dados topográficos, urbanísticos e registros
fotográficos. Concomitantemente foram selecionados e analisados estudos de casos a fim
de identificar pontos que mereçam ser considerados no desenvolvimento deste projeto.
Neste trabalho apresentam-se o programa de necessidades, quadro de áreas, o
organograma e o fluxograma, estudo prévio de implantação, seleção das técnicas
construtivas e materiais que serão utilizados, além de alguns dos critérios do Selo Casa
Azul, que já nesta fase, podem ser atendidos e/ou viabilizados. Todos estes resultados
embasarão a futura elaboração do projeto.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
O terreno proposto para implantação do projeto possui, aproximadamente, 4,8 ha,
sendo 2,2 ha de Área de Preservação Permanente, e está localizado no encontro da Av.
Visconde de Taunay e da Rua Marques do Paraná. As vias de acesso ao lote são, em sua
maioria, pavimentadas e dotadas de rede de água, esgoto e energia. Há ainda, nas
proximidades, oito rotas de transporte coletivo permitindo ligação ao Terminal Central ou
Nova Rússia. Localizam-se em um raio de 1 Km do empreendimento: duas creches
infantis, duas escolas municipais, uma escola estadual, além de duas unidades básicas
de saúde. Desta forma, o local de implantação do projeto atende aos critérios “Qualidade
do entorno – infraestrutura” e “Qualidade do entorno – impactos” do Selo Casa Azul.
Topograficamente, o terreno apresenta declive a partir da esquina entre as ruas
Baltazar Lisboa e Ibaiti em direção à Av. Visconde de Taunay, estando a face voltada
para a avenida aproximadamente 15 m mais baixa que a face oposta, entretanto,
apresenta poucas e pequenas áreas com declividades superiores à 30%. No interior do
lote há ainda um pequeno curso d’água, canalizado apenas nos limites laterais, onde se
sugere a abertura do leito de forma a recompor paisagisticamente a Área de Preservação
Permanente do mesmo, indica-se que o processo de recomposição seja feito pelos
moradores e vizinhança, de forma a conscientizá-los da importância da preservação.
Estas ações acatam o que se pede nos critérios “Paisagismo”, “Recuperação de Áreas
Degradadas”, e “Melhorias no Entorno” (Figura 4).
Figura 4 – Localização das áreas de risco e terreno Fonte: GOOGLE EARTH. Editado pela autora.
O lote encontra-se em uma área que confronta os seguintes zoneamentos: ZR2,
ZR4 e ZCC, que conforme parâmetros estabelecidos pela Lei Municipal N. 6.329,
permitem a implantação do empreendimento. Para este trabalho utilizar-se-ão os
parâmetros das zonas Corredor Comercial ao norte do arroio e Residencial 4 ao sul do
mesmo, sendo neste caso necessária uma readequação dos limites das zonas
urbanísticas.
Após realizado o diagnóstico do terreno e com base na pesquisa bibliográfica feita,
foi possível definir a setorização e o programa de necessidades do projeto, além de suas
áreas iniciais mínimas (Tabela 1).
Tabela 1 – Programa de necessidades. (Autora, 2016)
SETOR RESIDENCIAL
SETOR COMUM E/OU SOCIAIS
SETOR MISTO – COMERCIAL E RESIDENCIAL
Ambiente Metragem* Área Metragem* Ambiente Metragem*
Cozinha 10,00 Estacionamento² 1.735,00 Salão 20,00
Área de Serviço 5,40 Centro Comunitário³ 200,00 Depósito 20,00
Banheiro 3,30 Play Ground 100,00 Banheiro 3,00
Dorm.** Casal 10,00 Pista de Caminhada 2.400,00 Copa 7,00
Dorm.** Solteiro 8,00 Ciclovia 2.400,00 TOTAL 50,00
Sala de Estar 10,00 Horta 600,00 Sala de Jantar 8,00 TOTAL 7.435,00
74 UH. 2 DORM.* 57,70
74 UH. 3 DORM.*¹ 62,70
TOTAL APROX. SEM CIRCULAÇÃO 18.344,60
*Em m²; **Dormitório; ¹O terceiro dormitório sendo igual ao de solteiro; ²148 vagas, desconsiderando área
de manobra; ³Salão para Eventos e/ou Reuniões e Biblioteca;
A setorização proposta (Figura 5) compreende áreas de uso residencial, misto e
social, sendo uma espacialização do chamado tripé do desenvolvimento sustentável, isto
porque a área comercial será destinada à economia solidária, na qual os produtos
produzidos na horta, por exemplo, poderão ser vendidos à população de fora do
empreendimento, de maneira que se possa reverter a receita para o próprio conjunto
residencial, cumprindo com o item “Ações para a Geração de Emprego e Renda” do Selo
Casa Azul.
Figura 5 – Setorização AUTORA, 2016.
O espaço destinado ao convívio social e comunitário dos moradores, contará com
uma biblioteca disponível também para a população vizinha, além do espaço para
reuniões, oficinas de educação ambiental e demais assuntos, podendo inclusive ser
usado para eventos. Deste modo, atende-se aos critérios: “Educação Ambiental dos
Moradores”, “Equipamentos de lazer, sociais e esportivos”. A ciclovia e a pista de
caminhada se estenderão por todo o empreendimento, caracterizando-se como uma
alternativa de transporte e atendendo ao critério “Solução alternativa de transporte”.
Já para área residencial estão previstas duas tipologias de habitação: térrea e
dois pavimentos, que serão dispostas de forma a não interferir na ventilação e insolação
umas das outras (Figura 6). O mesmo ocorre para a área mista, onde o térreo das
edificações é destinado a comércio, e os pavimentos acima para residência. As unidades
habitacionais e comerciais poderão ser ampliadas e/ou modificadas na sua
compartimentação interna, de modo propício a criação de identidade pelos usuários.
Estas medidas atendem ao disposto nos critérios “Adequação às Condições Físicas do
Terreno”, “Relação com a vizinhança”, “Desempenho Térmico - Orientação ao Sol e
Ventos” e “Flexibilidade de projeto”.
Figura 6 – Insolação e Ventilação AUTORA, 2016.
Como sistema construtivo sugere-se a adoção de Light Wood Frame para as
edificações, isto porque o uso de um sistema industrializado, permite melhor controle de
qualidade além de menor índice de desperdício. O uso deste sistema atende aos
seguintes critérios: “Madeira Plantada ou Certificada”, “Componentes Industrializados ou
Pré-fabricados” e “Coordenação Modular”
Com relação a classificação no Selo Casa Azul, o projeto aqui proposto, apenas
em suas fases de estudos preliminares, pode atender à 16 critérios, sendo 5 obrigatórios,
de 4 categorias. Os critérios ainda não atendidos para classificação mínima, podem ser
atingidos no decorrer do projeto, visto tratar-se de soluções a serem adotadas ao longo do
processo criativo. Como por exemplo o uso de “Medição Individualizada – Água”. Neste
caso o projeto atingiria classificação nível Prata, com 6 critérios obrigatórios e 11 de livre
escolha.
Considerações Finais
A pesquisa efetivada expõe a viabilidade da proposta, bem como mostra a
possibilidade de certificação do projeto com o Selo Casa Azul. Espera-se que a
implantação do empreendimento traga melhoria de vida para a população e permita a
recuperação da área anteriormente ocupada. Com base nas informações apresentadas
neste trabalho, será possível propor um espaço adequado às necessidades desta
população, por meio das instalações disponibilizadas através do empreendimento. Os
resultados aqui apresentados serão utilizados para dar seguimento a elaboração do
projeto final.
REFERÊNCIAS
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Controle de Velocidade de Motor CC
Acionado por um Conversor CA-CC
Lucas Ferreira Oliveira
Universidade Tecnológica Federal do Paraná
Discente do Curso de Pós-Graduação de Engenharia Elétrica
M.Sc. Fábio Junio Alves Batista
Faculdades Ponta Grossa
Docente do Curso de Engenharia Elétrica
RESUMO
Neste presente projeto apresenta estudo referente ao controle de velocidade de motor CC acionado por um conversor CA-CC, permitindo variações de carga mantendo a velocidade no valor de referência. Notaremos com o decorrer do projeto o entendimento dessa forma de controle, e as técnicas usadas para o desenvolvimento do sistema no ambiente de simulação do Matlab Simulink. No final demonstraremos os resultados alcançados com as malhas de controle.
Palavras-chave: máquinas; simulação; malhas; referência.
ABSTRACT
In this project we present study regarding the engine speed control DC powered by an AC-DC converter, allowing load changes while maintaining the speed at the reference value. We will notice with the course of the project the understanding of this form of control, and the techniques used to develop the system in Matlab Simulink simulation environment. At the end we will show the results achieved with the control loops.
Keywords: machinery; simulation; meshes; reference.
INTRODUÇÃO
As distribuidoras de energia elétrica trabalham com a frequência da rede constante
entre 50 a 60 Hz. Sabemos que máquinas elétricas, de corrente alternada tem sua
velocidade de rotação proporcional à frequência de tensões de entradas e correntes,
entanto vários processos industriais precisam de controle de velocidade, através do
controle dessas máquinas e motores de corrente continua.
Conseguimos aumentar grandiosamente nossos processos de automatização
industrial. Uma das grandes vantagens em controlar a velocidade de motores, está
relacionada com rendimento energético. Quando diminuímos ou aumentamos a
velocidade de uma máquina elétrica, de acordo com a necessidade do nosso processo
podemos controlar a potência entregue a carga, assim melhorando o processamento de
energia.
Quando falamos em acionamentos de máquinas elétricas, envolvemos algumas
áreas de Engenharia como Eletrônica de Potência, Máquinas, Microeletrônica e Teoria de
Controle.
REVISÃO DE LITERATURA
Para o melhor entendimento do sistema desenvolvido, faz-se necessário conceito
da literatura fundamental para o desenvolvimento do sistema de controle de velocidade de
motor CC acionado por um conversor CA-CC, utilizando o sistema Matlab visando
especificar no tema abordado somente as características principais.
MOTORES DE CORRENTE CONTINUA.
Motores elétricos são máquinas que modifica a energia elétrica em energia
mecânica. Sendo analisados em dois vastos grupos motores de corrente contínua e
corrente alternada. Motores de corrente contínua são acionados por uma fonte de
corrente contínua. Tem vasta utilização na industrial quando se precisa um controle fino
de velocidade e posição, são comercializados em grandes grupos Motores série, Motores
em derivação, Motores Compostos e Motores de imã permanente (MAMEDE FILHO,
2003).
Um motor CC de imã permanente tem características de polos fixos. Apresentando
várias qualidades, como não precisa de um circuito auxiliar eles podem ter dimensões
menores, em geral são de custo menor e mais eficiente. Isso torna uma boa escolha para
diversas aplicações (CHAPMAN, 2013).
As máquinas CC de imã permanente possuem limitações por causa dos próprios
imãs. Tem o risco de desmagnetização devido a grande quantidade de corrente nos
enrolamentos da máquina ou aquecimento dos imãs. Mais com o desenvolvimento de
novos materiais magnéticos, como samário-cobalto e o neodímio-ferro-boro, estão
melhorando essas características de projeto (FITZGERALD, KINGSLEY, UMANS, 2012).
Para fazer o controle de velocidade motor CC de excitação independente, faz o
controle pela variação da tensão de armadura mantendo o fluxo de excitação constante,
normalmente próximo ao nominal. A tensão pode
variar até 100% do seu valor nominal desta forma realizando o controle do motor CC
(BIM, 2012).
TEORIA DE CONTROLE
O controle automático é uma ferramenta importante em sistemas de veículos
espaciais, sistema automático industrial que envolva o controle de temperatura, pressão,
umidade, viscosidade, vazão, velocidade etc. Para desenvolver esses projetos de controle
e muito importante conhecer a técnica de projeto do lugar das raízes (OGATA, 2010).
A estabilidade de uma planta em malha fechada está relacionada com o lugar das
raízes no plano s. O método do lugar das raízes fornece ao projetista parâmetros de
sensibilidade da malha de controle, somado com o critério de Routh-Hurwitz se torna uma
ferramenta fundamental na teoria de controle (DORF, BISHOP, 2001).
O método do lugar das raízes descreve claramente, uma representação gráfica de
estabilidade da planta. Mostrando claramente as faixas de valores de estabilidade,
instabilidade e condições que mostram o amortecimento do sistema (NISE, 2002).
Para o estudo de controle é de total importância saber os conceitos de função de
transferência. Sendo uma função matemática que expressa uma equação diferencial que
relaciona a saída e a variável de entrada, para seu estudo podemos aplicar diversas
formas de entradas para observar o comportamento da planta (OGATA, 2010).
CONVERSOR CA-CC TRIFÁSICO
O conversor CA-CC a tiristores representado na figura 1 tem sua tensão média
normalizada em função do seu ângulo de disparo. E sua tensão e corrente representado
na figura 2. A corrente é assumida como sendo continua. Em um instante de tempo, dois
tiristores conduzem, assumindo que a tensão entre uma fase b seja máxima, então os
tirestores T1 e T6 estão conduzindo. Quando a tensão está próxima a linha de origem
para ser mais positivo do que ab é ac. Nesse tempo, o sinal de gatilho para T6 será
desativada e a de T2 será acionada. Podendo observar que o ânodo de T2 é mais
negativo que o cátodo de T6 quando transfere a corrente de T6 para T2.
Durante a transferência de corrente de T1, T2 e T6 estão conduzindo, e a tensão de carga
é a média das tensões de linha AB e AC (KRISHNAN, 2001).
Figura 1 – Retificador trifásico a tiristores
Fonte: Krishnan (2001)
Figura 2 – Formas de onda do retificador controlado.
Fonte: Krishnan (2001)
MATERIAL E MÉTODOS
O artigo apresenta recursos do software Matlab Simulink, através da biblioteca
Power System. Onde temos um modelo de um motor CC apresentado na figura 3 que
simula parâmetros próximos a um motor CC real, onde podemos escolher vários modelos
de máquinas, onde vamos escolher o modelo 16 que apresenta os seguintes parâmetros:
P=125Hp , Wn= 1750 Rpm, Field=300V , Laf= 0.4365H, Ra= 0.1499Ω ,
La=0.002884 H, Rf= 51.14Ω , Lf= 5.68H , J=0.5106kg.m^2, Bm=0.01383 N.m.s,
Tf=13.22N.m .
Figura 3 – Motor CC da biblioteca Power System.
Fonte: Autoria própria (2016)
Para definirmos as duas malhas de controle, corrente e velocidade, precisamos
definir alguma característica de projeto como:
O conversor é alimentado por uma rede de 440 V, trifásica de 60 Hz.
A tensão máxima do sistema de controle é de 15 V.
O sinal de referência de velocidade tem valor máximo de 10 V.
A máxima corrente permitida no motor é de duas vezes a nominal.
Com os dados de motor e parâmetros de projeto definidos podemos calcular os
dados necessários, para calcular as funções de transferência de corrente e velocidade.
Tendo as funções de transferência, podemos usar a teoria de controle do lugar das
raízes para projetar os compensadores Pi e realizar o controle de malha de corrente e
malha de velocidade.
Definido o projeto dos compensadores podemos montar nosso conversor CA-CC
apresentado na figura 4, onde temos que definir um ângulo de disparo superior a 30º,
para garantir a linearização do nosso conversor e entregar a corrente controlada na nossa
máquina CC.
Figura 4 – Conversor CA-CC a Tiristores.
Fonte: Autoria própria (2016)
Para acionar os Tiristores, vamos montar um circuito de acionamento para disparar
o gatilho dos semicondutores controlados, o circuito de acionamento é representado na
figura 5.
Figura 5 – Circuito de disparo dos Tiristores.
Fonte: Autoria própria (2016)
Para desenvolver o layout final de simulação apresentado na figura 6, no ambiente
Matlab Simulink, fez o uso de ferramentas fundamentais do programa como Scoop,
Constante, Gain , Mux , From, Goto e Steep...
Realizado o uso das ferramentas acima chegamos ao layout final do controle do
motor CC, onde podemos aplicar Steep de carga para observar o comportamento das
malhas de controle de corrente e velocidade.
Figura 6 – Layout Final.
Fonte: Autoria própria (2016)
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Realizado o layout final de simulação podemos usar o ambiente do Matlab, para
observar os comportamentos das malhas de controle de velocidade e corrente. Vamos
determinar o tempo total de simulação em 2s, e dar degraus de carga em 0.8s e 1.4s e
observar os comportamentos da planta.
Através do scoop de velocidade representado na figura 7.
Figura 7 – Controle malha de velocidade.
Fonte: Autoria própria (2016)
O scoop da malha de corrente representado na figura 8, teve parâmetros de simulação igual os de velocidade aplicando os mesmos degraus de carga e tempo de simulação. Figura 8 – Controle malha de Corrente.
Fonte: Autoria própria (2016)
Verificando as malhas de controle podemos observar o scoop com mux, ele tem
três canais, velocidade, corrente de armadura e torque representado na figura 9.
Figura 9 – Gráficos de Velocidade em RPM, Corrente de Armadura e Torque Eletromagnético.
Fonte: Autoria própria (2016)
CONCLUSÕES
Neste trabalho foi apresentado o controle de velocidade do motor CC acionado por
um conversor CA-CC, visando controlar a velocidade do motor CC com torque de cargas.
Observando o gráfico da malha de velocidade da figura 7, vemos que o
compensador Pi teve um pequeno tempo de overshoot levando um tempo de 0.6s para
chegar na referência. E seu comportamento nos degraus de carga não teve uma variação
de velocidade mantendo a mesma estável.
O gráfico da figura 8 mostra que a malha está sendo controlado, pois basta notar
os degraus de carga em 0.8s e 1.4s e a corrente está buscando rapidamente o valor de
referência.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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CHAPMAN, Stephen J. Fundamentos de Máquinas Elétricas. 5 ed. Porto Alegre:
McGRAW-Hill, 2013, p 492.
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KRISHNAN, Ramu. Eletric Motor Drives. New Jersey: Prentice Hall, 2001, p 51.
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OGATA, Katsuhiko. Engenharia de Controle Moderno. 5 ed. São Paulo: Pearson, 2010, p 1, 246.
Monitoramento da Energia Elétrica
Residencial
Lucas Ferreira Oliveira
Universidade Tecnológica Federal do Paraná
Discente do Curso de Pós-Graduação de Engenharia Elétrica
M.Sc. Fábio Junio Alves Batista
Faculdades Ponta Grossa
Docente do Curso de Engenharia Elétrica
RESUMO
Neste presente projeto apresenta estudo referente ao monitoramento da energia elétrica residencial, permitindo o consumidor tomar decisões sobre o uso dessa energia. Notaremos com o decorrer do projeto o entendimento dessa forma de energia, e as tecnologias usadas para o desenvolvimento do sistema. Na sequencia a instalação da parte de hardware, o protocolo de comunicação utilizado e a calibração do sensor SCT 013-000. No final demonstraremos os resultados alcançados com o monitoramento.
Palavras-chave: Monitoramento, Plataforma Arduino Uno,
Residencial, Protocolo.
ABSTRACT
In this project presents study regarding the monitoring of household electricity enabling the consumer to make decisions about the use of that energy. We will notice with the project progresses the understanding of this form of energy and the technologies used to develop the system. In sequence the installation of the hardware part the communication protocol used and the calibration of the sensor SCT 013-000. At the end we will demonstrate the results achieved with the monitoring.
Keywords: Monitoring, Platform Arduino Uno, Residential, Protocol.
1 INTRODUÇÃO
O Brasil iniciou o ano de 2015 um tanto quanto turbulento quanto a assuntos
econômicos. A alta do dólar, a retomada do aumento da inflação e os ajustes de impostos
fixados, fragilizaram a estabilidade de consumo de produtos e serviços que a população
brasileira estava acostumada. A crise econômica brasileira se instalou com maior
gravidade sobre algumas áreas que as outras, citando aqui o setor elétrico, que além das
altas tarifas acaba impactando todos os demais setores da sociedade.
É valido ressaltar que além da questão econômica, o Brasil tem passado nos
últimos anos por um déficit hídrico em função da irregularidade dos períodos e
principalmente da quantidade de chuvas. Sem sombras de dúvidas este fato
desencadeou uma situação de estresse no setor energético, independente da fonte de
geração de energia elétrica, em função do sub uso das usinas hidrelétricas.
No sentido de repassar essa preocupação para o consumidor, a ANNEL (Agência
Nacional de Energia Elétrica) institui o sistema de bandeiras tarifarias, que apresentam
três tipos de bandeiras sendo elas, a verde onde a geração de
energia elétrica está em um patamar adequado; a bandeira amarela, indica condições
inadequadas para geração de energia, e finalmente a bandeira vermelha significa
condições extrema de gerações.
Além desse estresse energético e das mudanças tarifarias, a fatura ainda reflete o
uso dos diversos aparelhos elétricos e eletrônicos que tomaram conta das residências nos
últimos anos. O somatório dessa equação representa os valores de fatura fora do
orçamento doméstico o que motiva o consumidor a economizar a energia elétrica.
O ideal para o consumidor ser assertivo nesta economia depende de informações
como onde está energia está sendo utilizada, como está sendo gasta e principalmente
quanto está sendo paga por ela; porém está informação não está a disposição do usuário.
Além dessa desinformação, as pessoas em função do comodismo conferido pela
evolução dos produtos elétricos eletrônicos, como por exemplo, uso da função stand-by,
de ar condicionado sem necessidade, entre outros, acaba por proporcionar aumento de
consumo consequentemente aumento da fatura de energia.
Acredita-se que uma solução seria a realização do monitoramento desta energia
por meio de um dispositivo microcontrolado que realize o processamento das informações
adquiridas de sensores conectados a rede elétrica que atenderia esta proposta. Com as
informações geradas através dessa ferramenta, o consumidor poderia perceber quais são
os equipamentos que estão proporcionando maior consumo e com isso, estar mais
seguro na tomada de decisão sobre a economia de energia de sua residência.
2 REVISÃO DE LITERATURA
Para o melhor entendimento do sistema desenvolvido, fazem-se necessário
conceito da literatura fundamental para o desenvolvimento do sistema de monitoramento
da energia elétrica residencial, utilizando o sistema microcontrolado visando especificar
no tema abordado somente as características principais.
2.1 ENERGIA ELÉTRICA
Em contermos de fornecimento energético, a energia elétrica se tornou uma das
formas mais instável e adequada. De energia advindo a ser uma solução indispensável e
estratégica para o aumento sócio econômico de muitos países e regiões (ANNEL, 2005).
Ela trouce vários benefícios, e com o passar dos anos, torna-se uma energia básica para
o desenvolvimento das nossas atividades diárias. A eletricidade se torna muito importante
e ás vezes não nós damos conta, somente na sua ausência (CARVALIN, CERVELIN,
2014).
2.1.1 Consumo de energia elétrica.
Com o aumento do uso de energia elétrica, a sociedade cada vez mais vem se
atentando a compreender como usar a energia com racionabilidade e perceber como
funciona o uso da mesma (MAMEDE FILHO, 2003).
Sendo de total importância conhecer a maneira qual a concessionária de energia
elétrica cobra seus consumidores. Os valores da energia alteram com o consumo do
quilowatt-hora (kWh). Mesmo o consumidor não consumindo energia, existe uma pequena
tarifa que o consumidor paga, pois existe custo manter o consumidor conectado à rede de
energia elétrica da concessionária (ALEXANDER, SADIKU, 2008).
Como comprometimento a concessionária tende a manter uma energia elétrica de
qualidade ao cliente, além disso, para a concessionária conseguir ela deve observar
vários fatores relevantes como a variação de tensão, corrente elétrica e frequência para o
correto funcionamento de seus aparelhos, evitando eventuais alterações que podem advir
tanto no cliente quanto na concessionária (ALBADÓ, 2011).
2.2. CORRENTE ELÉTRICA.
Sendo a corrente elétrica, movimentos ordenados de cargas elétricas que
atravessa um condutor em um instante inicial e um instante qualquer no tempo como
mostra a equação 1 (BURIAN Jr, CAVALCANTI, 2006).
Que caracteriza a passagem de elétrons livres, que são frações carregadas pela
corrente elétrica em um condutor de alumínio ou em qualquer condutor de energia elétrica
(BOYLESTAD, 1998). Na equação1 é apresentada a equação da corrente.
𝐼 =∆𝑄
∆𝑡
(1)
Onde 𝐼 corresponde a intensidade de corrente elétrica, Q corresponde a variação
da carga elétrica medida em Coulomb (C) e t a variação do tempo em segundos (s)
Segundo Meireles (2007, p.10). Corrente elétrica em um elemento condutor (sólido, líquido, gasoso), a quantidade de carga elétrica que atravessa qualquer superfície desse condutor perpendicular a direção do movimento da carga seção reta de um condutor por unidade de tempo.
Diferença de potencial é a circulação de cargas elétricas. Onde nós levamos ao
estudo da eletricidade cargas elétricas em movimentos (MARKUS, 2015).
2.2.1 Tensão
Tensão é a força por unidade de carga criada pelo isolamento. Expressamos essa
razão em forma diferencial como a equação 2 (NIELSON, 2013).
𝑉 =𝑑𝑤
𝑑𝑄
(2)
Onde 𝑉 corresponde a tensão, 𝑑𝑤 corresponde a derivada da energia em joules(J)
e 𝑑𝑄 a derivada da carga elétrica unidade coulombs (C).
Tensão é uma elevação entre dois pontos ou entre duas partes de um circuito ou
entre dois terminais de um bipolo (BURIAN Jr, CAVALCANTI, 2006).
Segundo Boylestad (1998, p.23). A passagem de cargas descrito na secção anterior é causada por uma “pressão” externa ligada à energia que as cargas possuem em virtude de suas posições: à energia de potencial elétrica.
2.2.2 Potência
Potência elétrica tem como significado a analogia inteiramente proporcional entre a
diferença de potencial e a corrente como a equação. 3 (NIELSON, 2003).
𝑃 = 𝑉. 𝐼 (3)
Onde 𝑃 corresponde a potência (W), 𝑉 diferença de potencial (V) e 𝐼 a corrente
elétrica (A).
A potência elétrica mostra a quantidade de trabalho que está sendo realizado em
um determinado período como mostra a equação 4 (AFONSO, 2011).
𝑃 =∈
∆𝑡
(4)
Onde 𝑃 corresponde a potência (W), ∈ energia (J) e ∆𝑡 variação no tempo unidade
segundos (s).
Segundo Boylestad (1998, p.64). A potência é uma grandeza que mede quanto trabalho (conversão de energia de uma forma em outra) pode ser realizado em certo período de tempo, ou seja, é a rapidez com que um trabalho é executado. Por exemplo: um grande motor elétrico tem mais potência do que um pequeno, porque é capaz de converter uma quantidade maior de energia elétrica em energia mecânica no mesmo intervalo de tempo.
2.3 PLATAFORMA ARDUINO.
A plataforma Arduino consiste de uma placa de circuito impresso dotada de
componentes no qual o principal é o microcontrolador. Essa plataforma teve inicio na
Itália, pelo professor Massimo Banzi, onde ele buscava uma facilidade para estudantes da
ciência da computação e desenvolvedores de projetos com microcontroladores. Dentre as
famílias do Arduino podemos citar o Arduino Leonardo, Mega e Uno. As principais
exigências e que a plataforma Arduino fosse de baixo custo e fácil de usar (HEVANS,
NOBLES, HOCHENBAUN, 2013).
A plataforma de computação física Arduino se comunica com o local por meio
hardware e software livre. Também podemos conectar a plataforma Arduino a rede ou a
internet para fazermos comunicação com as rotinas pré-definidas (MCROBERTS, 2011).
Segundo Arduino, (2015). Arduino é uma plataforma eletrônica de código aberto baseado em hardware e software de fácil utilização. É destinado para qualquer um fazer projetos interativos.
A plataforma Arduino Uno teve inicio no ano de 2010. Aonde veio atualizar as
versões antecedentes, seu diferencial é a inserção do microcontrolador ATmega8U2
fabricado pela Atmel Corporation outro diferencial é que a plataforma também possui um
conversor USB-para serial, trocando o (Future Technology Device International ) FTDI
(HEVANS, NOBLES, HOCHENBAUN, 2013).
3 MATERIAL E MÉTODOS
Através de estudos sobre as tecnologias no mercado, foram selecionados os quais
equipamentos seriam necessários para o desenvolvimento do projeto. Para executar as
medições da energia elétrica
residencial utilizou o sensor de corrente para aquisição do sinal no qual foi enviado na
plataforma Arduino que utiliza o software de programação IDE
(Ambiente de Desenvolvimento Integrado), para o desenvolvimento das rotinas de
programação e pelo mesmo a gravação na plataforma Arduino.
O projeto seguiu quatro passos. Começando com a escolha da plataforma Arduino,
após pesquisas sobre as plataformas encontradas no mercado foi escolhida a plataforma
Arduino Uno, devido as suas principais características a comunicação USB e entradas
analógicas de 10 bits e ser uma plataforma de código livre.
O segundo passo desenvolveu o software, para o monitoramento da corrente e
visualização do consumo. O algoritmo desenvolvido foi na linguagem wiring que é
baseada na linguagem C e C++.
O terceiro passo do projeto trabalhou na IHM (interface homem máquina) para
obtenção dos dados da corrente elétrica. No momento que a plataforma Arduino faz a
leitura com sensores conectados na plataforma, o algoritmo faz a conversão das entradas
analógicas e transmite para o supervisório.
O ultimo passo destinou-se a caracterização do projeto. A finalidade neste passo
consiste na calibração do sistema, com equipamentos checando o filtro utilizado como
referência implementado para a leitura dos sensores. Os instrumentos foram o multímetro
ICEL MD-1200 e um amperímetro ICEL 9005. A carga utilizada foi uma torneira elétrica e
alternando sua resistência em varias posições.
1.1 3.1 HARDWARE
O trabalho realizado foi desenvolvido com a plataforma Arduino Uno e o sensor
SCT- 013-000, que necessita ser separado por circuitos a ser analisados e seu sinal
próximo a um sinal senoidal que não atende as características para a leitura do conversor
analógico digital da plataforma Arduino Uno, onde houve a necessidade de trabalhar esse
sinal senoidal com um retificador.
Para alimentação da plataforma Arduino Uno foi utilizado uma fonte de
alimentação de 9 V, para melhorar a qualidade do sinal do sensor de corrente visto que o
cabo de comunicação USB /Serial pode alimentar a plataforma Arduino.
1.2
1.3 3.2 SOFTWARE
O algoritmo desenvolvido foi baseado no protocolo Modbus Serial na linguagem
wiring, para trabalhar com o supervisório. A versão para compilação utilizou-se no Arduino
023, para o desenvolvimento do algoritmo.
A Figura 2 mostra a sequência do sistema de hardware e software.
Figura 2 – Sequência do software.
Fonte: Autoria própria (2016)
1.3.1 3.3.1 Sinal do sensor de corrente
A plataforma Arduino Uno necessita que o sinal de entrada de tensão não
ultrapasse a faixa de 5 V, devido a sua limitação para o funcionamento adequado do
conversor analógico digital de 10 bits. O sinal do sensor tem características de um seno
onde seu sinal é convertido através de um retificador. A Figura 3 ilustra a transformação
do sinal.
Figura 3 – Retificador.
Fonte: Autoria própria (2015)
As amostras de correntes são efetuadas pelo SCT 013-000. Os diodo 1N4001 tem
a função de retificar o sinal alternado com o auxilio do capacitor . Os resitores R1 e R2
faz um divisor de tensão para entrada analogica da plataforma Arduino, representado pelo
numero 1 para o sinal se manter na sua faixa de leitura.
3.4 SCADABR
É um supervisório open source que pode ser utilizado gratuitamente, podendo ser
instalado em um microcomputador pessoal ou industrial. O seu funcionamento se dá
acessando um navegador WEB, para isso é necessário a instalação de um servidor de
internet junto ao microcomputador. No supervisório ScadaBR pode-se criar telas
animadas, gráficas e relatórios de eventos que posteriormente pode ser visualizado.
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
O presente capítulo apresenta os resultados obtidos com a plataforma Arduino para
o monitoramento da energia elétrica residencial. O objetivo do monitoramento da energia
elétrica residencial com a plataforma Arduino foi alcançado.
Para calibrar o nosso sensor de corrente foi efetuada várias medidas de corrente
elétrica e tensão, sempre observando a tensão de saída para a
plataforma Arduino. Para compararmos com as obtidas pelo sistema de monitoramento.
Foi feito vários testes com sistema de monitoramento em varias faixas de corrente
na torneira elétrica como mostra o gráfico da Figura 4.
Figura 4 – Gráfico calibração do sensor na torneira elétrica..
Fonte: Autoria própria (2016)
Feita o análise no gráfico da Figura 14, pode-se comparar a tensão do multímetro
com as realizadas pelo sistema de monitoramento, onde observa-se que as leituras
ficaram próximas viabilizando o monitoramento da energia elétrica residencial.
Depois de calibrado o sistema na torneira elétrica efetuou o monitoramento no
chuveiro elétrico, onde nota-se o seu comportamento na posição verão e na posição
inverno durante o período de 5 minutos. A Figura 5 mostra os resultados obtidos no
chuveiro elétrico.
Figura 5 – Gráfico chuveiro elétrico.
Fonte: Autoria própria (2016)
Com as analises de gráficos por períodos predefino pelo usuário, pode-se ajudar a
tomada de decisão sobre o consumo da energia elétrica na sua residência.
A Figura 6 mostra como programar os gráficos para auxiliar ao usuário.
Figura 6 - Gráficos para ajudar o usuário.
Fonte: Autoria própria (2016)
O resultado final foi desenvolvido no quadro de distribuição, onde se selecionou
três circuitos iluminação, chuveiro e torneira elétrica. Na interface gráfica final
desenvolvida, observou o circuito que consome mais energia demostrado através de
barras na horizontal e gráfico para ajudar sanar as duvidas do consumidor. A Figura 7
mostra a interface gráfica final desenvolvida.
Figura 7– Interface gráfica final desenvolvida.
Fonte: Autoria própria (2015)
5 CONCLUSÃO
Neste trabalho foi apresentado o monitoramento da energia elétrica com a
plataforma Arduino, visando sanar dúvidas do consumidor e auxiliando nas tomadas de
decisão sobre o uso da energia elétrica residencial, onde foi feito o estudo sobre as
plataformas microcontroladas didáticas sobre o sistema supervisório e o projeto da parte
de hardware e software para atender o monitoramento.
Os testes feitos com o protótipo apresentaram resultados satisfatórios mostrando
históricos de leituras das correntes, ajudando ao consumidor identificar os pontos de
maior consumo e possibilitando ao usuário visualizar gráficos e o consumo através de
barras na horizontal sobre o uso da energia elétrica residencial.
O trabalho realizado apresenta características importantes como hardware,
software e sistema supervisório livres, onde o custo do projeto foi pequeno possibilitando
o maior número de pessoas para fazer o monitoramento da energia elétrica residencial.
REFERÊNCIAS
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Ultrassom focado de alta intensidade (HIFU)
como alternativa a radioterapia: revisão de
literatura
Marcelo Henrique dos Reis Wirbiski Faculdades Ponta Grossa
Discente do Curso de Tecnologia em Radiologia [email protected]
Bruna Luiza Munefiça de Araujo Pereira
Faculdades Ponta Grossa Discente do Curso de Tecnologia em Radiologia
Chrisley Myllena dos Santos Martins
Faculdades Ponta Grossa Discente do Curso de Tecnologia em Radiologia
M. Sc. Fabricio Loreni da Silva
Faculdades Ponta Grossa Docente do Curso de Tecnologia em Radiologia
RESUMO
Objetivo do presente trabalho é evidenciar as vantagens e benefícios do tratamento do câncer através do uso do Ultrassom Focado de Alta Intensidade (HIFU) em comparação com a Radioterapia. O HIFU utiliza feixes de ultrassom focalizados em um ponto para aumentar a temperatura do tecido alvo, causando a morte celular. A radioterapia é uma técnica que utiliza radiações ionizantes em diferentes incidências para aplicar uma determinada dose suficiente para destruir um tecido alvo sem que os tecidos vizinhos recebam doses altas. Fez-se a revisão da literatura sobre o HIFU e a Radioterapia, identificando e analisando o ponto de vista de vários autores e suas conclusões. Foram comparados os métodos descritos em cada artigo/trabalho encontrado e, para finalizar, os trabalhos selecionados foram confrontados de acordo com os resultados. Em várias aplicações, o HIFU se mostra como um tratamento com pouco ou nenhum efeito adverso, uma vantagem em comparação com as possíveis complicações relacionadas à Radiação Ionizante. O HIFU é uma alternativa viável para o tratamento de neoplasias de volume pequeno, em localizações de difícil acesso ou em estágios iniciais. No entanto se faz necessário mais estudos sobre os efeitos tardios que o tratamento por HIFU pode vir a causar em tecidos antes sadios. Palavras-chave: ultrassom focado de alta intensidade; HIFU; radioterapia; neoplasia; revisão.
ABSTRACT The objective of this study is to highlight the advantages and benefits of cancer treatment through the use of High Intensity Focused Ultrasound (HIFU) compared with radiotherapy. The HIFU uses ultrasound beams focused at a point to increase the temperature of the targeted tissue, causing cell death. Radiation therapy is a technique that uses ionizing radiation in different implications for applying a specific dose sufficient to destroy the target tissue without surrounding tissue receiving high doses. There was a review of the literature on HIFU and Radiotherapy, identifying and analyzing the views of various authors and their conclusions. The methods described were compared on each item found and, finally, the articles were confronted according to the results. In many applications, the HIFU treatment is shown with little or no adverse effects, an advantage compared to the possible complications related to ionizing radiation. The HIFU is a viable alternative for the treatment of tumors with small volume, in difficult locations or in the early stages. However, more studies on the delayed effects of the treatment by HIFU might cause in tissue before sound is needed. Keywords: high intensity focused ultrasound; HIFU; radiotherapy; neoplasia; review.
INTRODUÇÃO
Inúmeros métodos de diagnóstico e tratamento são usados na medicina. Métodos
invasivos apenas são realizados em situações onde o dano causado seja mínimo,
fazendo com que métodos não invasivos sejam a melhor opção na maioria dos casos.
Entre os métodos não invasivos existem aqueles que utilizam radiação ionizante, como o
Raios X Convencional e a Tomografia Computadorizada (TC) e aqueles que utilizam
outras formas de obter imagens, como a Ressonância Magnética e o Ultrassom. Um
grande exemplo de método não invasivo que pode ser usado tanto para diagnosticar
como para tratar é o ultrassom (HSIAO et al., 2016).
Dentre as várias formas de utilização do ultrassom como forma de tratamento,
temos o ultrassom focado de alta intensidade (HIFU). O HIFU utiliza inúmeros feixes de
ultrassom focalizados em um ponto especifico para aumentar sua temperatura causando
a morte celular e, consequentemente, a destruição do tecido alvo (JENNE; PREUSSER;
GÜNTHER, 2012; YAO et al., 2008) (Figura 1). O fato do HIFU não utilizar radiação
ionizante e possuir poucas ou nenhuma contraindicação faz com que este método seja
uma alternativa importante para o tratamento de inúmeras enfermidades. O HIFU ainda é
subutilizado devido a ser uma técnica relativamente nova e por falta de disseminação de
informação a respeito dos benefícios de sua utilização e poderia ser uma alternativa viável
se comparado com outros tratamentos de câncer como a Radioterapia.
Figura 3: Mecanismos do Ultrassom focado de alta intensidade (JENNE; PREUSSER; GÜNTHER, 2012).
A radioterapia é uma técnica que utiliza radiações ionizantes em diferentes
incidências para aplicar uma determinada dose suficiente para destruir um tecido alvo
sem que os tecidos vizinhos recebam doses altas. As aplicações são fracionadas e
ocorrem com um tempo determinado durante vários dias até atingir a dose total desejada.
A radioterapia possui duas modalidades básicas, a teleterapia, onde a fonte radioativa é
posicionada a uma determinada distância do paciente, e a braquiterapia, onde a fonte
entra em contato ou é inserida no tecido alvo (SANTOS, 2009).
MATERIAIS E MÉTODOS
Em um primeiro momento fez-se a revisão da literatura sobre o Ultrassom Focado
de Alta Intensidade (HIFU) e a Radioterapia, identificando e analisando o ponto de vista
de vários autores e suas conclusões. Foram realizadas pesquisas entre 20 de março e 15
de outubro de 2016 nos portais de periódicos: PubMed, Google Acadêmico e Bireme
utilizando as palavras-chave: HIFU, High-Intensity Focused Ultrasound, ultrassom focado
de alta intensidade, Radiotherapy, Radioterapia. As pesquisas foram realizadas seguindo
os critérios: tipo de câncer tratado, número de tratamentos analisados e ano de
publicação.
Meio de acoplamento Transdutor HIFU
Pele Gordura Tecido mole
Lesão térmica induzida
Ponto focal
Em um segundo momento, foram comparados os métodos descritos em cada
artigo/trabalho encontrado. A comparação foi dividida de acordo com os temas: tipo de
câncer tratado, tempo de tratamento, necessidade de retratamento, tempo de
recuperação, reações adversas. Após foram analisados os temas que continuaram
fazendo parte do presente trabalho. Os critérios de análise foram: eficácia do tratamento,
necessidade de repetição do tratamento, tempo de recuperação, reações adversas.
Para finalizar, os trabalhos selecionados foram confrontados de acordo com os
resultados. Pretendeu-se com está pesquisa averiguar os possíveis pontos positivos e
negativos do tratamento do câncer através do uso do HIFU em comparação com a
Radioterapia.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Realizando-se a pesquisa, foram encontrados na plataforma PubMed 2,565
resultados para a palavra-chave “HIFU”, 2,856 resultados para “High intensity focused
ultrasound”, 302,889 resultados para “Radiotherapy” e 1,293 resultados para
“Radioterapia”; a palavra-chave “Ultrassom focado de alta intensidade” não apresentou
resultados. Na plataforma Google Acadêmico, a palavra-chave “HIFU” apresentou 22,200
resultados, a palavra “High intensity focused ultrasound” apresentou 321,000 resultados, a
palavra “Ultrassom focado de alta intensidade” apresentou 2,110 resultados, a palavra
“Radiotherapy” apresentou 1,590,000 resultados e a palavra “Radioterapia” apresentou
84,300 resultados. No portal Bireme foram encontrados 1,761 resultados para “HIFU”,
1,984 resultados para “High intensity focused ultrasound”, 1 resultado para “ultrassom
focado de alta intensidade”, 262,975 resultados para “Radiotherapy” e 216,831 resultados
para “Radioterapia”. Em todos os portais, os resultados foram selecionados focando em
artigos que possuíam como assunto o tratamento de neoplasias e publicados nos últimos
10 anos.
Segundo Hsiao e colaboradores o HIFU possui diversas aplicações clinicas,
principalmente na oncologia, onde pode ser usado no tratamento do câncer de próstata,
câncer de mama, de fígado, de rim, de pâncreas, na malignidade óssea primária e
secundária, na terapia transcranial de tumores cerebrais e na administração localizada de
fármacos e genes (HSIAO et al., 2016).
Na literatura selecionada a técnica de HIFU é descrita como amplamente utilizada
no tratamento de câncer de próstata, sendo uma das formas de tratamento principais
juntamente com a radioterapia ou braquiterapia e a crioablação. O tratamento consiste no
uso de um dispositivo transretal para aplicação localizada do HIFU. Estudos demostram
um alto índice de sobrevida e baixo índice de efeitos adversos (FAGIRI, 2015). Na
Radioterapia, os últimos avanços no tratamento do câncer de próstata visam
principalmente a otimização da dose total para a redução dos efeitos adversos da
radiação em tecidos sadios próximos. A radioterapia oferece um ótimo controle
bioquímico do tumor e diminuição do risco de metástases (CAHLON et al., 2008;
NIJKAMP et al., 2008; ZELEFSKY et al., 2008).
Figura 4: Evolução da dose e planejamento no tratamento de câncer de próstata através da radioterapia (THARIAT et al., 2013).
Peek e colaboradores (2016) afirmam que no tratamento do câncer de mama, o
HIFU pode ser usado para tratamento de pequenos tumores e possui a vantagem de ser
completamente não invasivo e preservar a estrutura e a função da mama além de
apresentar pouca ou nenhuma complicação pós-tratamento. Entretanto, os estudos
realizados possuem grupos pequenos e sem um padrão especifico de controle posterior
(PEEK et al., 2016). O tratamento padrão para o câncer de mama era a mastectomia
radical, mas nos últimos anos, têm se procurado tratamentos visando a conservação de
estrutura e função da mama. Porém, a radioterapia pós-operatória não é ideal para todos
os pacientes, uma vez que tumores multicêntricos ou com aparência difusa, persistência
de margens positivas após várias tentativas de reexcisão e gravidez podem acentuar os
efeitos adversos da Radiação Ionizante (MARTA; HANNA; GADIA, 2014; MARTA et al.,
2011).
A viabilidade e a eficiência do HIFU no tratamento de tumores hepáticos foram
demonstradas em vários estudos, onde a técnica apresentou altas taxas de resposta e foi
classificada como uma boa alternativa ao transplante e a ressecção cirúrgica, apesar das
possíveis complicações (HSIAO et al., 2016). Na radioterapia, os estudos demonstram
que este é um tratamento viável para pacientes que possuem carcinomas hepatocelulares
primários e não são passiveis de cirurgia ou de tratamentos com técnicas ablativas
(KEANE et al., 2016; KWON et al., 2010; WULF et al., 2006).
No tratamento de câncer renal, o HIFU deve ser considerado um tratamento
experimental, mas estudos demonstram que a técnica é viável em pacientes selecionados
(HSIAO et al., 2016). Parisi e colaboradores (2007) atestam que a nefrectomia ainda é a
única terapia totalmente efetiva no controle do câncer renal uma vez que as vantagens da
Radioterapia nesta forma de câncer são controversas, não demonstrando melhora na
sobrevida geral de pacientes tratados com Radioterapia pós-operatória (PARISI et al.,
2007). Além disso, Yamamoto e colaboradores (2016) afirmam que doses entre 20 e 30
Gy podem causar atrofias em rins tratados (YAMAMOTO et al., 2016).
Quanto ao tratamento de tumores pancreáticos, o HIFU é amplamente utilizado na
China e possui estudos que comprovam sua eficácia na diminuição do tamanho do tumor
e no alivio de dores abdominais provenientes da enfermidade, mostrando-se eficaz como
tratamento paliativo (WU, 2014). Macchia e colaboradores (2007) e Ruano-Ravina,
Almazán Ortega e Guedea (2008) afirmam que não existem evidencias da efetividade da
Radioterapia pré-operatória e a intraoperatória na ressecção de tumores pancreáticos
avançados ou em estágios metastáticos (MACCHIA et al., 2007; RUANO-RAVINA;
ALMAZÁN ORTEGA; GUEDEA, 2008). Porém, Chang e colaboradores (2009), Dagoglu e
colaboradores (2016) e Wolny-Rokicka e colaboradores (2016) demonstraram que a
Radioterapia possui utilidade como tratamento paliativo em pacientes com tumores em
estágios avançados (CHANG et al., 2009; DAGOGLU et al., 2016; WOLNY-ROKICKA et
al., 2016).
Em 2009, Martin e colaboradores avaliaram a eficácia do HIFU guiado por
Ressonância Magnética (RM) com uma neurocirurgia funcional experimental para
tratamento de dores neuropáticas com intervenção estereostática no tálamo medial.
Constataram que muitos pacientes obtiveram alívio nas dores, com alguns tendo o
resultado desejado durante o procedimento. As lesões causadas pelo método eram
claramente visíveis na imagem da RM e não foram relatados efeitos colaterais ou déficit
neurológicos em exames pós-tratamento (MARTIN et al., 2009). Em estudos envolvendo
a Radioterapia, Huang e colaboradores (2016) e Matzenauer e colaboradores (2016)
atestam que a técnica viável no controle de metástases cerebrais, tumores bem
delimitados ou em casos de tratamento paliativo (HUANG et al., 2016; MATZENAUER et
al., 2016). Entretanto, Amaral (2010), Detti e colaboradores (2013), Nowak-Sadzikowska e
colaboradores (2016) e Wong e colaboradores (2016), demonstraram que a irradiação do
cérebro todo pode levar a um comprometimento das funções cognitivas e assim diminuir a
qualidade de vida dos pacientes tratados, evidenciando a necessidade de poupar
estruturas criticas do cérebro, como o hipocampo e o tronco cerebral (AMARAL, 2010;
DETTI et al., 2013; NOWAK-SADZIKOWSKA et al., 2016; WONG et al., 2016).
CONCLUSÃO
O método HIFU se mostra uma alternativa valiosa para pacientes que possuem
neoplasias de volume pequeno ou em estágio inicial e em locais de difícil acesso para
uma cirurgia ou outras formas de tratamento uma vez que o tratamento por HIFU não é
invasivo, não provoca efeitos adversos significantes e também não se utiliza de
Radiações Ionizantes. No entanto, ainda é necessário um maior número de estudos sobre
possíveis efeitos que o HIFU pode causar a longo prazo, direta ou indiretamente, aos
tecidos tratados e aos tecidos próximos.
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Análise de interferências em conversores de
temperatura e possíveis soluções para o
modelo NOVUS TX-RAIL 0-10 VDC
Ronaldo Kosinski Klems
Fernando Jose Chapieski Leonardo Augusto Rodrigues
Faculdades Ponta Grossa Discentes do Curso de Engenharia Elétrica
[email protected] [email protected]
Ms. Ricardo Nunes Wazen Faculdades Ponta Grossa
Docente do Curso de Engenharia Elétrica
RESUMO
Este artigo apresenta uma análise de possíveis interferências na medição de temperatura pelos conversores do modelo NOVUS TX RAIL 0-10 VDC, interligado a um CLP SIEMENS S7 200, ambos instalados em uma fábrica de pequeno porte, localizada em um município na região Centro Oeste do estado do Paraná, Brasil. Também constam neste artigo a situação atual do sistema e através dos estudos efetuados, foi obtido as informações necessárias para possíveis soluções para as interferências na medição. Palavras-chave: Interferência; Termoresistência; Conversor; Temperatura.
INTRODUÇÃO
Com o objetivo de manter a qualidade do produto e confiabilidade do
equipamento é fundamental garantir as medições realizados pelo
sensoriamento de uma máquina, tais elas como: pressão, temperatura,
posição. Para isso a empresa sempre investe em calibrações dos
equipamentos que tem essa função.
Infelizmente somente a calibração por mais frequente que seja não consegue
garantir essa confiabilidade, dependendo das condições de onde o mesmo
encontra-se instalado.
As calibrações dos equipamentos não preveem as interferências que estão no
sistema, as quais são oscilantes e não possui um padrão e podem interferir
muito no sistema dando um grande prejuízo para a empresa, tanto em
calibrações mais frequentes, manutenções corretivas e perda de produto por
má qualidade.
Com bases nesses aspectos o presente artigo propõe as possíveis soluções e
prevenções das interferências no sistema de medição de temperatura de um
conversor NOVUS TX RAIL 0-10 VDC.
TIPO DE LIGAÇÃO ENCONTRADA NA MÁQUINA.
1
Na máquina analisada, que possui um sensor de temperatura (termo
resistência) mais tecnicamente um PT100 de 3 fios, aonde o mesmo tem o
range de temperatura de 0 a 250°C.
Este sensor é ligado a um conversor (condicionador) de sinal onde converte a
resistência medida do PT100 em sinal de 0 a 10V.
Conforme a Tabela 1 abaixo, após a conversão do sinal 0 – 10 VDC vai para
um CLP SIEMENS S7 200, no qual o mesmo converte o sinal de saída do
conversor em graus célsius, conforme a Tabela 2 em seguida.
ENTRADA = PT100 (RESISTÊNCIA)
TENSÃO DE SAÍDA (0 – 10 VDC)
OHMS TENSÃO
100 0
103,9 0,4
107,79 0,8
111,67 1,2
115,54 1,6
119,4 2
123,24 2,4
127,07 2,8
130,89 3,2
134,7 3,6
138,5 4
142,29 4,4
146,06 4,8
149,82 5,2
153,58 5,6
157,31 6
161,04 6,4
164,76 6,8
168,46 7,2
172,16 7,6
175,84 8
179,51 8,4
183,17 8,8
186,82 9,2
190,45 9,6
194,07 10
Tabela 1 – Exemplo de Conversão Fonte: (NOVUS,2012).
ENTRADA = TENSÃO DO CONVERSOR
(0 – 10 VDC)
SAÍDA = TEMPERATURA EM GRAUS CELSIUS PARA O
SUPERVISÓRIO DAS MÁQUINAS (0 – 250ºC)
TENSÃO TEMPERATURA
0 0
0,4 10
0,8 20
2
1,2 30
1,6 40
2 50
2,4 60
2,8 70
3,2 80
3,6 90
4 100
4,4 110
4,8 120
5,2 130
5,6 140
6 150
6,4 160
6,8 170
7,2 180
7,6 190
8 200
8,4 210
8,8 220
9,2 230
9,6 240
10 250
Tabela 2 – Exemplo Conversão CLP Siemens S7 200 Fonte: (NOVUS,2012).
IMPORTÂNCIA DA MEDIÇÃO PRECISA DE TEMPERATURA NA MÁQUINA.
O produto processado na máquina na linha de produção exige os mais altos
padrões de qualidade mundial para manter as certificações FSS C22000; ISO
9001; OHSAS 18001 e ISO 14001, portanto a precisão de temperatura deve ter
uma variação mínima, segundo operação podendo variar para mais ou para
menos 1°C.
Qualquer variação maior que essa pode ser responsável pelo descarte de mais
de 85 kg (500 reais) de produto a cada 15min por máquina, considerando que
são 8 máquinas ligadas ao mesmo tempo na linha de produção.
LÓGICA DE FUNCIONAMENTO DA MÁQUINA:
A lógica da máquina é inteira automatizada com o CLP SIEMENS S7 200.
São 8 máquinas interligadas em um supervisório LABVIEW, para consulta de
relatórios de produção e qualidade, além de verificação de status de produção,
3
verificação de erros e setup de produção, tais como: tipo de produto,
quantidade de temperatura, água, produto e tempo de abertura de comportas.
Após o operador efetuar o start, a máquina faz um teste nos sensores e inicia a
produção, seguindo as etapas abaixo:
Etapa 1: Liga motores de ejeção de produto no silo de pesagem;
Etapa 2: Desliga os motores após o peso ficar igual set do supervisório;
Etapa 3: Abre comportas de ar quente e cilindro de mistura de produto;
Etapa 4: Aguarda a temperatura do produto ficar igual ao set do supervisório
próximo a 250 °C, com uma precisão de 0,75°C. (Tabela 3).
Etapa 5: Ejeta quantidade de água especificada no supervisório e libera o
produto;
Etapa 6: Volta para a etapa 1.
Tabela 3 - Tolerâncias conforme a norma IEC 60751
Fonte: (NOVUS,2012).
SITUAÇÃO ATUAL QUE SE ENCONTRA O SISTEMA.
Atualmente a produção está com altos índices de perda de matéria prima e de
máquina parada por causa de variação na medição de temperatura, assim
gerando corretivas na linha de produção para troca de PT100 e conversores
sem sanar a causa real do problema.
4
O maior motivo da perda está na Etapa 4 da lógica do CLP, a qual define a
hora de ejeção de água no produto e abertura da comporta para liberação do
mesmo, normalmente liberando um produto fora do ponto ou queimado.
Após a instalação de um novo PT100 e um novo conversor TX RAIL, o sistema
após um tempo curto, cerca de 1 até 7 dias sem ter um padrão de
acontecimentos começa a oscilar, com oscilações que variam de 2°C a 10 °C,
levando a máquina a liberar um produto fora do ponto, trazendo grandes
prejuízos para a empresa.
POSSÍVEIS CAUSAS DAS INCONSISTÊNCIAS NAS MEDIÇÕES.
→ Instalação Errada;
→ Erro na configuração do TX RAIL;
→ Falta de aterramento ou aterramento não funcional;
→ Falta de Blindagem nos cabos;
→ Ambiente de instalação inadequado;
→ Harmônicas;
→ CLP com defeito.
POSSÍVEIS SOLUÇÕES PARA AS CAUSAS ACIMA:
Instalação errada
A instalação não respeitando as recomendações do manual do fabricante
(Figura 1), aonde pode contribuir para a imprecisão na medição e também para
o recebimento de interferências externas (NOVUS,2012).
5
Figura 5 – Método Correto de Instalação Conforme o Manual
Fonte: (NOVUS,2012).
Erro na configuração do TX RAIL
O erro na configuração do transmissor também pode ocasionar medição imprecisa por causa das constantes erradas e a escolha errada do filtro de frequência de rede pode ocasionar a captação de interferências externas. Abaixo, a tela de configurações do conversor:
6
Figura 6 – Exemplo da tela de Configuração do TX RAIL.
Fonte: (NOVUS,2012).
Falta de aterramento ou aterramento não funcional
A falta de aterramento pode ocasionar uma medição errônea pois o conversor
precisa de um ponto referencial zero. No caso esse ponto seria o aterramento.
Se o aterramento não for funcional, ou seja, não estiver referenciando um valor
zero, também pode ocorrer a medição errada pois o conversor vai se basear
em um valor não real para enviar o sinal de saída. (CAPELLI,2000).
Falta de blindagem nos cabos
Os cabos devem utilizar blindagem, uma malha de aço que envolva o cabo e
seja aterrada, a fim de prevenir que cabos que conduzam um elevado valor de
corrente possam gerar uma influência eletromagnética em condutores de sinais
de sensores que trabalham com valores de baixa intensidade, onde a mínima
interferência pode acarretar em perdas significativas no processo produtivo.
(SERENO,2016).
7
O conversor TX RAIL não especifica qual o modelo de cabo deve ser utilizado,
apenas diz que os condutores de sinais de entrada devem percorrer um
caminho distinto dos condutores de sinal de saída.
Ambiente de instalação inadequado
Deve ter cuidados específicos e se necessário realocar os cabos caso estejam
expostos a ambientes muito úmidos que venham a interferir e gerar mal
contado por oxidação ou até mesmo fechar contato entre dois polos diferentes
nos conectores dos condutores.
Além da umidade também é necessário ter cuidados com o calor excessivo que
venham a interferir no funcionamento dos semicondutores em geral, tanto no
CLP como no conversor. (SERENO,2016).
Harmônicas
A qualidade da energia elétrica disponível para a alimentação do sistema pode
acabar influenciando no sinal elétrico que é gerado pelo sensor e fornecido
para o conversor.
As harmônicas, encontradas com grande facilidade em redes elétricas
industriais são ondas múltiplas de 60 Hz proveniente de um sinal fundamental,
que são geradas por cargas não lineares (fontes chaveadas, inversores e
semicondutores em geral) que por consequência geram queda de tensão e/ou
aumento da tensão de neutro e terra.
Tanto o aumento quanto a queda de tensão podem influenciar na tensão de
saída da fonte que alimenta o conversor e o CLP, gerando oscilações no sinal
que está sendo analisado.
Para solucionar o problema das harmônicas seria necessária a instalação de
filtros ativos e passivos que são construídos com indutores e capacitores
sintonizados a uma frequência de ressonância que irão atuar de tal maneira
que impeçam a circulação das harmônicas na rede.
Para manter a tensão entre terra e neutro dentro do tolerável, (até 5V) se faz
necessário o aterramento do neutro em todos os quadros de distribuição.
8
CLP com defeito
Como anteriormente havia um outro conversor de outra marca, integrado com o
CLP, o mesmo desenvolvia a mesma função sem gerar nenhum tipo de
anomalia no sistema. O conversor foi trocado porque o anterior acabou
queimando.
Considerando que os dois tem a mesma função, mas são de marcas
diferentes, não podemos descartar a possibilidade de que a entrada analógica
do CLP possa ter sofrido algum tipo de avaria, no momento em que o
conversor passado queimou.
Essa anomalia não atua em tempo integral, somente em alguns momentos
porque talvez algum CI (circuito integrado) tenha sido sobrecarregado e
quando é submetido a uma temperatura de trabalho um pouco maior que a
normal acabe gerando essa interferência na leitura e tratamento do sinal
oriundo do conversor e sensor.
CONCLUSÃO
Por fim, constatou-se a importância de possuir uma instalação adequada
perante as Normas Regulamentadoras (NR’s) e manutenções rotineiras para
as mesmas, e como uma interferência pode gerar um grande transtorno na
linha de produção e prejuízo para uma empresa.
Com tudo, foi impossibilitado de um diagnóstico mais detalhado e que talvez
resolvesse o problema foi a manutenção não possuir um osciloscópio ou
analisador de qualidade de energia, mesmo sendo em uma fábrica de médio
porte, foi constatado vários problemas que seriam possíveis resolver
internamente com baixo custo se tivesse estes equipamentos. O preço desses
equipamentos por mais que sejam elevados, comparando com a perda de
produto por má qualidade causado por falha de um sensor poderia se pagar em
pouco tempo, além do mais, serviria para mais casos fora ao relacionado a
conversores, e sim a todos os equipamentos elétricos da fábrica, desde
motores à CLP’s, que possuem defeitos reincidentes, sendo diagnosticado e
resolvido a causa na raiz do problema.
9
REFERÊNCIAS
CAPELLI, A. Aterramento Elétrico. Disponivel em: <www.lissandro.com.br/ eletrica/Aterramento_capelli.pdf>. Acessado em: 04/06/2016.
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10
Boas práticas de manipulação de alimentos em uma Instituição para portadores de deficiência física
Amanda Proença Isadora Braganholo
Leticia Cruziniani Karine Zampieri
Faculdades Ponta Grossa
Discentes do Curso de Bacharelado em Nutrição Ponta Grossa – Paraná
Sunáli Batistel Szczerepa Faculdades Ponta Grossa
Docente do Curso de Bacharelado em Nutrição Ponta Grossa – Paraná
RESUMO
O Manual de Boas Práticas de Fabricação é um documento onde estão descritas as atividades e procedimentos que as empresas que produzem, manipulam, transportam, armazenam e/ou comercializam alimentos, de forma a garantir que os alimentos produzidos tenham segurança e qualidade sanitária aos seus consumidores e para atender a legislação sanitária federal em vigor. O intuito do presente projeto foi avaliar as condições higiênico-sanitárias em relação ao cumprimento das normas de boas práticas de manipulação de alimentos e de segurança alimentar em uma instituição do município de Ponta Grossa-PR. Para a avaliação higiênico-sanitária, utilizou-se a lista de verificação da Resolução RDC 275/2002, dividida em três partes: identificação da empresa, avaliação e classificação do estabelecimento e cinco blocos de perguntas. De acordo com os resultados obtidos neste estudo. a UAN obteve 50% de adequação, considerando o total de itens aplicáveis,e, por meio de um critério empregado ficou classificada no grupo 3. Sendo o bloco de edificações e instalações o qual mais se destacou em adequações e o de menor adequação apresenta-se o de documentação. Assim, A correção das inadequações é de suma importância pois visa garantir a segurança na produção do preparo das refeições distribuídas pela unidade. Palavras-chave: Manual, boas práticas, higiene.
11
ABSTRACT
The Good Manufacturing Practices Manual is a document where are described the activities and procedures that companies that produce, handle, transport, store and / or sell food in order to ensure the safety of food produced have safety and health quality to its consumers and to meet federal health legislation in vigor.O aim of this project was to evaluate the hygienic-sanitary conditions in relation to compliance with the rules of good food handling practices and food security in an institution in the city of Ponta Grossa- PR. For the hygiene and health evaluation, we used the RDC 275/2002 checklist, divided into three parts: the company's identification, evaluation and classification of the establishment and five blocks of questions. According to the results obtained in this study. Thus obtained UAN 50% of adaptation, considering the total of applicable items, and using a criterion used was classified in group 3. As the block of buildings and facilities which stood out in adjustments and smaller features suitability -if the documentation. The correction of inadequacies aims to ensure safety in production of the preparation of the meals distributed by the unit.
Keywords: manual, best practices, hygiene
INTRODUÇÃO
Nos últimos anos nota-se um grande aumento no desenvolvimento de
instituições que visam preservar a qualidade de vida de diferentes grupos
populacionais.
No município de Ponta Grossa encontra-se cerca de aproximadamente
150 instituições e organizações não governamentais (ONGs) sociais com o
intuito de satisfazer as necessidades sociais.
Além dos serviços sociais, de saúde e educacionais, as instituições
também devem oferecer aos seus beneficiados alimentação que pode ser
desde o café da manhã, lanches, almoço e jantar. Assim é importante garantir
a segurança alimentar a população atendida.
Segundo a Lei Orgânica de Segurança Alimentar e Nutricional (Lei nº
11.346 de 15 de setembro de 2006), entende-se por segurança alimentar:
A realização do direito de todos ao acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais, tendo como base práticas alimentares promotoras de saúde que respeitem a diversidade cultural e que sejam ambiental, cultural, econômica e socialmente sustentáveis (BRASIL, 2006).
Dentro do contexto de segurança alimentar entra as boas práticas de
manipulação de alimentos, que são procedimentos que devem ser adotados
12
por serviços de alimentação a fim de garantir a qualidade higiênico-sanitária e a
conformidade dos alimentos com a legislação sanitária (BRASIL, 2004).
Diante do exposto o objetivo do trabalho foi avaliar as condições
higiênico-sanitárias de uma instituição que atende portadores de deficiência
física no município de Ponta Grossa-PR, avaliando o atendimento a Boas
Práticas, conforme as legislações vigentes.
REVISÃO DE LITERATURA
Segurança Alimentar e Nutricional é a garantia do direito de toda a
população de ter acesso regular e permanente a uma alimentação de boa
qualidade e em quantidades suficientes que não comprometam a satisfação de
outras necessidades essenciais e respeitando as características culturais de
cada povo. Esta condição deve se realizar em bases sustentáveis, não
comprometendo o acesso a outras necessidades essenciais e nem sequer o
sistema alimentar futuro. A segurança alimentar destina-se a população que se
encontra em situação de vulnerabilidade social e insegurança alimentar. E é de
responsabilidade dos estados nacionais assegurarem este direito e devem
fazê-lo em obrigatória articulação com a sociedade civil (BRASIL, 2006).
De acordo com a resolução da diretoria colegiada (RDC) nº216/2004
(Brasil, 2004) um requisito fundamental em um programa de segurança
alimentar é o Manual de Boas Práticas. Este é um definido como um conjunto
de normas de procedimentos, que tem por base o controle das condições
operacionais destinadas a garantir a elaboração de produtos seguros. Esse
programa deve contemplar critérios relacionados com a matéria-prima,
requisitos de construção e layout do estabelecimento, controle das operações,
manutenção e satisfação de equipamentos e instalações, higiene pessoal,
transporte, informações e aviso ao consumidor e treinamento do pessoal.
O cuidado com a higiene na manipulação dos alimentos é de extrema
importância e fundamental para controlar a contaminação, pois alimentos
manipulados de forma inadequada podem ser transmissores de doenças,
formação de bactérias e problemas de intoxicação, causando sérios danos a
saúde (FIGUEIREDO, 2007).
13
Normalmente as mais frequentes causas de contaminação são por falta
de cuidados com a higiene, a exposição ao ar livre de alimentos preparados
para servir e por instalações mal cuidadas. São diversos os fatores de
contaminação dos alimentos, dentre eles são: Microrganismos, agentes
químicos, metais pesados, infestação parasitárias e pesticidas (FIGUEIREDO,
2007).
Lavar bem as mãos com água e sabão antes de manusear os alimentos
e antes das refeições. Lavar muito bem com água e sabão os utensílios, tábuas
de corte, panelas e pias, mantendo-os rigorosamente limpos. Utilizar sempre
água tratada e realizar a limpeza d caixa d'água a cada seis meses. Manter os
alimentos fora de foco de transmissão cruzada. Entre outros, são dicas de
como evitar essas contaminações alimentícias (CEASA, 2012).
METODOLOGIA
Foi realizado no mês de março de 2016 um estudo transversal em uma
instituição assistencial de pequeno porte, localizada na cidade de Ponta
Grossa, Paraná. A unidade distribuía 100 refeições por dia, desde o café da
manhã, almoço e lanche da tarde.
O sistema de distribuição das refeições na unidade era do tipo prato
feito.
Antes do início do estudo na unidade, foi realizada reunião com a
diretora responsável da instituição e logo após com as manipuladoras que as
mesmas autorizaram as avaliações.
Para a avaliação, utilizou-se a lista de verificação da Resolução Diretoria
Colegiada (RDC) 275/2002, dividida em três partes: identificação da empresa,
avaliação e classificação do estabelecimento e cinco blocos de perguntas.
Foram avaliados através de visita a instituição um total de 164 itens da RDC
275/2002, sendo considerados aplicáveis 138 itens, inerentes a: ‘edificação e
instalações’; ‘equipamentos, móveis e utensílios’; ‘manipuladores’; ‘produção e
transporte dos alimentos’; e ‘documentação’
Para cada item de verificação houve três possibilidades de reposta:
“sim”, “não” e “não se aplica”. A classificação da unidade seguiu os critérios de
pontuação estabelecidos no item D da RDC 275/2002, 9 a saber: Grupo 1 (76 a
14
100% de atendimento dos itens), Grupo 2 (51 a 75% de atendimento dos itens)
e Grupo 3 (0 a 50% de atendimento dos itens).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
De acordo com dados obtidos a unidade de alimentação e nutrição
(UAN) da Instituição Assistencial em estudo obteve 50% de adequação,
considerando o total de itens aplicáveis, e, por meio do critério empregado,
ficou classificada no Grupo 3.
A avaliação por blocos evidenciou que o maior percentual de adequação
foi verificado no bloco manipuladores e o maior percentual de inadequação, no
bloco documentação (Figura 1).
Figura 1: Percentual de adequação e não conformidades em UAN de instituição assistencial em Ponta Grossa-PR.
Fonte: as autoras (2016).
Bloco Edificação e Instalações
Neste bloco, onde foram analisados itens relacionados às características
físicas e estruturais como pisos, tetos, forros, paredes, portas, janelas,
iluminação, ventilação e instalações sanitárias, o percentual de adequação
identificado foi 49,25% de conformidades.
A adequação da edificação e instalações constitui uma condição
que facilita a implementação das boas práticas em UAN nas diversas
etapas de manipulação dos alimentos e de preparação das refeições.
Devem ser projetadas de forma a possibilitar um fluxo ordenado e sem
49,25
61,9 64,28 61,9
6,66
50,74
38,09 35,71 38,09
93,33
Edificação eInstalações
Equipamentos,Móveis e Utensílios
Manipuladores Produção eTransporte do
Alimento
Documentação
% de adequação % de não-conformidades
15
cruzamentos em todas as etapas da preparação de alimentos e a facilitar as
operações de manutenção, limpeza e, quando for o caso, desinfecção
(BRASIL, 2004).
Com relação ao item de edificação e instalações observou-se que as
principais inadequações no estabelecimentos avaliados, foram relacionadas a
saída do lixo pelo mesmo local onde entram as matérias-primas,
proporcionando uma possível contaminação cruzada. As instalações sanitárias
dos manipuladores apresentaram falhas na organização no que se refere à
disposição de objetos e uniformes, e um local apropriado para trocá-los e a
falta de um sanitário específico para os mesmos.
Castro e Quintiliano et al (2006) também observaram inadequações
nesse item, como ausência de local para guarda dos pertences dos
colaboradores, falta de organização e problema na estrutura física do local.
Bloco Equipamentos, móveis e utensílios
O percentual de adequação neste bloco foi de 61,9% semelhante ao
registrado por Ramos et al. (2008) que também observaram 61% de
adequação para o mesmo bloco.
As principais inadequações verificadas neste bloco envolveram falta de
registros que comprovem temperaturas de equipamentos e calibração dos
mesmos, local inadequado para armazenamento de produtos de higienização,
deixados juntamente com os produtos alimentícios no mesmo depósito.
Objetos em desuso em locais de preparo e armazenamentos de utensílios,
contribuindo para o aumento de contaminação cruzada (BRASIL, 2004).
Em relação a avaliação da higienização de utensílios e móveis do local,
a unidade assistencial encontra-se adequada ao indicado. As superfícies do
local encontraram-se lisas e isentas de rugosidades, frestas e outras
imperfeições que favorecessem a uma contaminação.
Manipuladores
Nesse bloco o resultado da porcentagem de adequação foi de 64,28%,
inferior à registrada por São José e Pinheiro-Sant´Ana (2008) que foi de
apenas 29% e incluía irregularidades como não higienizar as mãos
adequadamente entre as atividades e uso de uniforme incompleto e
16
inadequado à atividade. No estudo de Cardoso et al. (2005) constatou-se que
os manipuladores de 79,1% dos restaurantes comerciais avaliados não
realizavam o procedimento correto de higienização das mãos.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (1989), os manipuladores
dos alimentos são as principais formas de contaminação de algum tipo de
microrganismo que transmitem doenças. Uma boa conservação nos alimentos,
preparação, e frequente higienização, principalmente das mãos podem evitar
esse transtorno.
As principais inadequações neste bloco foram a não existência de um
supervisor capacitado, e falta de registros como o de exames periódicos.
De acordo com a resolução do centro de vigilância sanitária nº 5 (SÃO
PAULO, 2013), que normatiza sobre as cozinhas industriais e os serviços de
nutrição e dietética hospitalares devem ter um Responsável Técnico inscrito no
órgão fiscalizador de sua profissão, cuja categoria profissional seja competente
e regulamentada para a área de alimentos.
Preconiza também que a periodicidade dos exames médicos e
laboratoriais deve ser anual, mas poderá ser reduzida a critério do médico
responsável da empresa. Dependendo das ocorrências endêmicas de certas
doenças, a periodicidade deverá obedecer às exigências dos órgãos de
Vigilância Sanitária e Epidemiológica.
Produção e Transporte do Alimento
No presente estudo, o porcentual de adequação desse bloco
apresentou resultado de 61,90%. Destacaram-se as operações de recepção da
matéria prima, como a inexistência de planilhas de controle na recepção,
também não há existência de controle de qualidade do produto final como com
a aferição de temperatura dos alimentos após cocção. A instituição também
não se respalde de um possível surto, sendo ausente o programa de
amostragem para análise laboratorial do produto final.
Tal situação foi mais crítica no estudo de Mata et al.10 (2006), onde
100% dos estabelecimentos foram classificados no Grupo 3. A resolução RDC
216 de 2004 preconiza que o estabelecimento produtor e distribuidor de
alimentos deve implementar e manter documentado o controle e a garantia da
qualidade dos alimentos preparados.
17
Durante o preparo dos alimentos seguem a legislação, possuem local de
pré preparo, e controle da circulação e acesso do pessoal. No entanto notou-se
que durante a produção não há um transporte ordenado do alimento, não
sendo linear e havendo cruzamentos. O que segundo a RDC 216 de 2004 é
inadequado, pois pode causar uma devida contaminação (BRASIL, 2004).
Porém a rotulagem dos alimentos obedece a legislação, tais como
também são armazenadas de forma correta, em locais limpo e conservados.
Documentação
A avaliação dos documentos abrange a implantação do Manual de Boas
Práticas (MBP) e dos Procedimentos Operacionais Padronizados (POP). O
MBP é um documento que descreve as operações realizadas pelo
estabelecimento, sendo este de obrigatoriedade para quaisquer
estabelecimentos que trabalhem com a produção de alimentos (BRASIL, 2004).
Nesse bloco, o resultado apresentou-se de maneira bem significativa,
com conformidades de apenas 6,66%. Os dados obtidos foram semelhantes
aos encontrados por Seixas et al. (2008) em estudo realizado em dez
diferentes estabelecimentos produtores de alimentos na cidade de São José do
Rio Preto (SP), onde 60% dos mesmos não possuíam o manual de Boas
Práticas e na existência, os funcionários não tinham acesso direto à
ferramenta, ficando na maioria das vezes, em poder do proprietário ou gerente.
Akutsu et al. (2005) relatam que a padronização do processo de
produção de refeição beneficia o trabalho do nutricionista, pois estabelece
instruções que possibilita as operações rotineiras, facilitando assim o
treinamento de funcionários, eliminando a interferência por dúvidas e facilitando
o planejamento do trabalho diário. Para o funcionário, esta padronização facilita
a execução de tarefas sem a necessidade de ordens frequentes, além de
propiciar mais segurança no ambiente de trabalho.
Destacou-se somente de forma positiva onde que algumas operações
executadas na instituição estão de acordo com o manual de boas praticas de
fabricação ofertado pela prefeitura. O restante o estabelecimento está em falta,
necessitando urgente de um manual de boas práticas atualizado e seus
respectivos POP’s.
18
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nenhum dos blocos estudados atingiu adequação esperada. O bloco de
documentação foi o que demonstrou maior percentual de não conformidades,
não atendendo quase nenhuma exigência da legislação
Já o bloco de manipuladores foi o qual apresentou um maior índice de
conformidade, destacando-se o vestuário, hábitos higiênico e estado de saúde
de todos os manipuladores. Contra partindo aos itens de controle de programa
de saúde como a não existência de registro de exames realizados e a ausência
de um supervisor para a capacitação dos manipuladores.
Os manipuladores possuem papel fundamental no manuseio desses
alimentos, os quais sempre devem estar se higienizando com frequência
conforme a legislação exige, pois o mesmo é o maior meio de contaminação.
Mais da metade do índice total de edificação e instalação apresenta
resultado de não conformidade, destacando -se maior investimento na
estrutura física do local.
Ressalta-se um cuidado melhor em ambos os itens, adotar e implantar o
manual de boas práticas no dia a dia, pois assim a instituição estará seguindo
as ordens legais e além disso, melhorando a qualidade de todas as refeições
servidas.
19
REFERÊNCIAS
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A realidade das mulheres vítimas de violência ou desamparadas no município de Ponta Grossa e uma alternativa viável para o resgate de sua dignidade
Helen Bobato
Faculdades Ponta Grossa
Discente do curso de Arquitetura e Urbanismo
Andressa Ferrari
Faculdades Ponta Grossa
Docente do curso de Arquitetura e Urbanismo
RESUMO: O número de mulheres em situação de rua e que sofrem
algum tipo de violência doméstica é um dado que muitas vezes não é percebido pela sociedade. É importante que se elaborem políticas sociais de incentivo à integração e reabilitação destas pessoas, para que as mesmas tenham melhores oportunidades e condições de segurança garantidas. Os objetivos deste trabalho são levantar alguns dados quantitativos e qualitativos sobre o tema e realizar a escolha de pelo menos duas opções de lotes na cidade de Ponta Grossa que após análise detalhada, possa ser destinado para a implantação de um abrigo provisório. Futuramente pretende-se realizar o estudo aprofundado para elaboração de um projeto arquitetônico que propicie amparo a estas mulheres através de áreas voltadas para a prática de ações diversificadas, tais como o cultivo de hortas comunitárias, proporcionando atividades que visam a inclusão e interação entre as internas. A partir de fundamentos teóricos, entrevistas e leituras relacionadas ao tema, pode-se formar uma análise e indicação de dois potenciais locais para futura implantação do projeto.
Palavras-chave: hortas comunitárias; inclusão social; abrigo provisório.
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INTRODUÇÃO
São muitas as mulheres que precisam de auxílio por determinado período
de tempo, após sofrer algum tipo de dificuldade ou violência doméstica. No
âmbito nacional, o número de ocorrências de casos de violência, são elevados.
Mas o medo e o receio em não conseguir amparo necessário, por parte destas
vítimas, acaba por minimizar o número de denúncias e por consequência,
resultar em dados inferiores em relação a realidade. Segundo números da
Secretaria de Políticas para as Mulheres, da Presidência da República (SPM-
PR), a partir de balanço dos relatos recebidos pelo ‘Ligue 180’ em todo o
território nacional, foram registradas, nos dez primeiros meses do ano de 2015,
63.090 denúncias de violência contra a mulher - o que corresponde a um relato
a cada 7 minutos no país. Entre estes registros, quase metade (31.432 ou
49,82%) corresponde a denúncias de violência física e 58,55% relatos de
violência contra mulheres negras. Os dados mostram ainda que, entre os casos
de violência, 85,85% corresponderam a situações em ambiente doméstico e
familiar. Os atendimentos apontados mostram, além disso, que 77,83% das
vítimas têm filhos e que mais de 80% destes filhos presenciaram ou também
foram vítimas de violência.
No Paraná, foram apontados mais de 75 mil casos de violência contra a
mulher em 2015, conforme dados estatísticos da Secretaria de Segurança
Pública do estado. Enumeram-se 75.217 crimes em todo o estado, 21 por dia,
oito a cada hora. Os números constam do documento final da CPI da Violência
contra a Mulher, publicado no Diário Oficial da Assembleia Legislativa. O
relatório aponta que dez cidades paranaenses concentram um terço dos
crimes: entre elas Curitiba e São José dos Pinhais, região metropolitana da
capital.
As vítimas são encaminhadas a instituições de apoio, para que nestes
lugares, possam se recuperar e receber ajuda necessária. Além do espaço
físico adequado para o acolhimento destas mulheres, é importante que se
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promova a integração com a sociedade e alguma atividade ligada ao
desenvolvimento de habilidades, pois na maioria dos casos, as mulheres que
buscam ajuda, não possuem parentes em condições de oferecer algum tipo de
auxilio, além de não possuírem renda mínima para configurar autonomia
financeira. No caso de vítimas de violência, essa integração deve ser velada, já
que muitas sofrem ameaças e necessitam de um endereço sigiloso que
garanta sua segurança e de seus dependentes, como filhos ou enteados que
geralmente precisam também abandonar suas residências. Muitas destas
mulheres, em função das ameaças sofridas precisam abandonar inclusive suas
atividades profissionais, tendo, além dos prejuízos emocionais, perdas
financeiras. Outro público que pode ser atendido neste tipo de instituição, além
das vítimas de violência doméstica, são as mulheres em situação de rua. No
caso delas o contato direto com a comunidade local é muito positivo, pois
incentiva o convívio entre diferentes grupos sociais, desenvolvendo a aceitação
por parte da sociedade em relação a uma minoria que muitas vezes é vista
com preconceito.
Buscando minimizar os problemas elencados anteriormente, ofertando um
lugar que possa servir como abrigo temporário tanto para mulheres vítimas de
violência doméstica quanto para mulheres em situação de rua, o presente
trabalho tem como objetivo realizar uma breve análise e comparação de duas
áreas possíveis para futura implantação desta edificação no município de
Ponta Grossa. Estes espaços podem oferecer condições favoráveis à
localização de um abrigo temporário aliado a existência de terrenos em desuso
próximos ao seu entorno, para desenvolvimento de hortas comunitárias, sendo
estas propícias à geração de renda para estas mulheres. Estas hortas seriam
espaços destinados ao desenvolvimento de atividades relacionadas à uma
nova oportunidade de trabalho para estas mulheres e ainda serviriam para
promover a integração de algumas com a comunidade local, através do
compartilhamento de técnicas de cultivo.
Entretanto, algumas questões devem ser vistas para discussão deste tema.
A principal está na relevância e necessidade da participação da sociedade no
processo de inclusão e resgate da dignidade destas mulheres. Neste estudo,
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busca-se efetivar esta relação justamente com a implantação das hortas
comunitárias. No caso de mulheres em anterior condição de rua, o convívio
com a sociedade é fator determinante como incentivo na busca por uma vida
com rotina e segurança.
Outro ponto que deve ser abordado dentro deste contexto é o perfil das
usuárias para quem o abrigo será desenvolvido. Pessoas muitas vezes
marginalizadas e que sofrem com preconceito diário, seriam as beneficiadas
por esta proposta.
Através de uma indicação de duas áreas urbanas que podem servir a este
propósito, apresenta-se um primeiro passo para a aproximação com o tema.
Leituras e alguns exemplos práticos, auxiliam no embasamento desta
proposição, a fim de analisar a viabilidade do futuro projeto.
REVISÃO DE LITERATURA
O entendimento de alguns conceitos relacionados a definição de
espaços livres urbanos e lugar, ocupação destes espaços por moradores de
rua, além de relatos sobre a aplicação de hortas coletivas como meio de
desenvolvimento e agente de mudança social, foram necessários para o
desenvolvimento e elaboração deste trabalho, que correlaciona conceitos
distintos e exige uma visão interdisciplinar.
Fundador do grupo QUAPA-SEL e do conceito de Sistema de Espaços
Livres em cidades brasileiras, Macedo (2010, p.3), define como sistema de
espaços livres urbanos “os elementos e as relações que organizam e
estruturam o conjunto de todos os espaços livres de um determinado recorte
urbano – da escala intraurbana à regional”. Estes espaços podem envolver
mais de um significado quando os usuários criam laços com os mesmos. No
caso de moradores de rua, por exemplo, esta relação se dá nos espaços
públicos.
Já o conceito de lugar, segundo Relph (2012, p.29), é descrito como:
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O lar, e na verdade todo lugar, não é delimitado por limites precisamente definidos, mas, no sentido de ser o foco de intensas experiências, é ao mesmo tempo sem limites. Lugar é onde conflui a experiência cotidiana, e também como essa experiência se abre para o mundo.
Esta citação está diretamente ligada não apenas ao espaço antes
ocupado pelas mulheres que serão acolhidas no abrigo proposto: suas antigas
casas e as ruas. Assim, o abrigo temporário pode ser considerado um novo lar,
mesmo que por uma duração mais curta de tempo.
Como o projeto envolve além de vítimas de violência, pessoas em
condições de rua, foi necessária a aproximação com o assunto através de
literaturas relacionadas ao tema. Smith (1997), cita em seu texto ‘Contornos de
uma política especializada: veículos dos sem-teto e produção de escala
geográfica’, uma reflexão sobre o preconceito que a sociedade desenvolve em
relação a estas pessoas:
Expulsos dos espaços privados do mercado imobiliário, os sem-teto ocupam os espaços públicos, mas sua presença na paisagem urbana é contestada com fúria. Sua viabilidade é constantemente apagada por esforços institucionais de removê-los para outros lugares – para abrigos, para fora dos prédios e parques, para bairros pobres, para fora da cidade, e em direção a outros espaços marginais. (SMITH, 1997, p.3).
Ademais da área construída que servirá como abrigo para o público
identificado, com o propósito de servir como um novo lar, a preocupação com a
relação entre as internas e a sociedade está presente na proposição da
implantação das hortas. Esta condição de interação, faz com que a
comunidade possa mudar sua visão em relação a este grupo menos
favorecido. Neste sentido Relph (2012, p.27), esclarece:
É igualmente importante compreender que é por meio de lugares que indivíduos e sociedade se relacionam com o mundo, e que essa relação tem potencial para ser ao mesmo tempo profundamente responsável e transformadora.
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Portanto, as hortas como espaços que promovem trocas sociais e
geração de renda, tornam-se a essência do projeto. O desenvolvimento das
atividades entre internas e sociedade, sendo velada no caso das mulheres
vítimas de violência, ou direta, no caso das mulheres em condição de rua;
torna-se algo transformador no âmbito social e humano das relações.
Por fim, é relevante que seja citado um exemplo da utilização das hortas
comunitárias como agente transformador de um local. O projeto social ‘Cidades
Sem Fome’ busca transformar vidas garantindo a subsistência e ainda gerando
renda aos trabalhadores. O projeto é mantido por uma organização não-
governamental, em São Paulo. Mais de 4 mil pessoas, entre trabalhadores
urbanos e estudantes da rede pública estão envolvidos no processo,
comandado por Hans Dieter Temp, fundador e coordenador de projetos da
ONG:
Trata-se de um trabalho que utiliza, como ferramenta de inclusão social, projetos de agricultura urbana, hortas comunitárias e hortas escolares. Ele pode ser reaplicado em todo o território nacional e em países que travam esforços no combate a insegurança alimentar de suas populações. (SNA, 2015, s/p.).
MATERIAL E MÉTODOS
Inicialmente este estudo contou com a realização de uma pesquisa
bibliográfica que auxiliou na consolidação do referencial teórico necessário
para alcance dos objetivos propostos.
Além de pesquisa bibliográfica, como complemento e aproximação com a
realidade, realizaram-se duas entrevistas com assistentes sociais da cidade de
Ponta Grossa, que atuam no atendimento direto às pessoas em situação de
rua e/ou vítimas de violência doméstica. Este contato com a realidade traz uma
percepção mais apurada sobre a problemática, conduzindo a uma análise mais
profunda em relação as potencialidades e dificuldades que uma futura
implantação do projeto possa encontrar.
Após análise dos dados coletados, foi possível fazer a indicação de duas
áreas capazes de servirem à implementação da sede do abrigo e em conjunto,
alguns lotes urbanos menores que seriam utilizados para o desenvolvimento
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das hortas comunitárias, gerenciadas pelas internas.
Futuramente, um destes dois lotes será eleito a fim de dar continuidade à
proposição do projeto arquitetônico do abrigo temporário e à localização de
hortas em lotes vazios próximos da edificação.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A escolha do lote onde o futuro projeto poderá ser implantado, se justifica
por alguns fatores considerados mais relevantes. A busca por um local de fácil
acesso, se torna um dos pontos principais. Outra preocupação, está no tipo de
ocupação da região. Um local com grande concentração residencial, seria de
fato uma potencialidade para o desenvolvimento e posterior alcance de
resultados positivos, já que, uma das principais preocupações, está na inclusão
social e interação das mulheres atendidas com o restante da população. Em
uma área predominantemente residencial o cultivo de alimentos nas hortas
certamente contaria com um mercado consumidor viável, além dos benefícios
sociais das mesmas.
Desta forma, um dos terrenos pré-selecionados para ser a sede do abrigo
provisório está localizado no Bairro de Oficinas, de frente para a Rua Ermelino
de Leão esquina com a Rua Maria Rita Perpétuo da Cruz (Figura 01). Esta
região, com alguns empreendimentos comerciais, possui também um caráter
cultural e de fluxo de pessoas relativamente grande. Está ao lado da Biblioteca
pública e do Conservatório de Música do município (Figura 02) e faz parte da
Zona Residencial 4. A existência de equipamentos públicos no entorno é um
fator positivo na avaliação, já que podem ser um atrativo a mais para a inclusão
das moradoras do abrigo, proporcionando convívio e fortalecimento da
autoestima muitas vezes abalada nestes casos. Além disso, a concentração de
edifícios residenciais no entorno, só vem aumentando, o que também pode
favorecer a implementação do projeto. Após visita ao local, pode-se confirmar a
existência de pontos de ônibus na proximidade imediata do terreno, facilitando
a locomoção das usuárias do futuro abrigo.
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Figura 01: Ortofoto (2012) indicando a localização da ÁREA 01 em estudo
Fonte: http://geoweb.pontagrossa.pr.gov.br/
Figura 02: Foto da ÁREA 01 em estudo
Foto: Próprio autor (2016)
Pode-se listar alguns outros lotes urbanos menores e localizados dentro
deste entorno, para a replicação das pequenas áreas de cultivo (Figura 03).
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Entre eles estão:
- Lote localizado de frente para a Rua Ermelino de Leão;
- Lote localizado na Rua Dr. Leopoldo Guimarães da Cunha, esquina
com a Rua Teodoro Sampaio;
- Lote localizado na Rua Amazonas.
Figura 03: Ortofoto (2015) indicando a localização da ÁREA 01 em estudo
e lotes para replicação das hortas
Fonte: http://geoweb.pontagrossa.pr.gov.br/
Como segunda opção para implantação do abrigo, apresenta-se um lote
urbano localizado no Bairro Jardim Carvalho, de frente para a Rua Antonio
Rodrigues Teixeira Junior, esquina com a Rua Dr. Chafic Cury (Figura 04).
Também um local que está inserido na Zona Residencial 4, a área possui
algumas edificações comerciais no seu entorno, supermercados por exemplo,
que poderiam facilitar a inserção de algumas mulheres no mercado de trabalho.
Configura-se como um bairro bem consolidado e com opções de atividades
para uma reintegração social. A infraestrutura do bairro é bastante visível em
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relação ao transporte público, possuindo um ponto de ônibus logo em frente a
uma das fachadas do lote (Figura 05).
Figura 04: Ortofoto (2012) indicando a localização da ÁREA 02 em estudo
Fonte: http://geoweb.pontagrossa.pr.gov.br/
Figura 05: Foto da ÁREA 02 em estudo
Foto: Próprio autor (2016)
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Neste recorte, são citados alguns terrenos urbanos menores (Figura 06),
que serviriam para o cultivo das hortas coletivas:
- Lote localizado na Rua Olavo de Carvalho, esquina com a Rua
Alfredo Guimarães Vilela;
- Lote localizado na Avenida Rocha Pombo;
- Lote localizado na Avenida Antonio Rodrigues Teixeira Junior,
esquina com a Rua Lauro Marcondes Ferreira.
Figura 06: Ortofoto (2015) indicando a localização da área em estudo e
lotes para replicação das hortas
Fonte: http://geoweb.pontagrossa.pr.gov.br/
Estes lotes, atualmente inutilizados, situados próximos uns dos outros e
dentro de um mesmo recorte espacial, podem ser facilmente coordenados e
gerenciados pelas moradoras do abrigo. A produção gerada pode ser vendida
com valores justos e o lucro resultante desta venda, distribuído igualmente
entre as mulheres que participam do programa.
Com a inserção deste projeto e aceitação da população, entende-se que
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parte da proposta, relacionada as hortas comunitárias, possa passar a ser
replicada em outros locais da cidade. Para isto, algumas diretrizes seriam
necessárias:
- A organização por parte da população local, escolhendo algumas
pessoas como coordenadores das suas respectivas áreas de cultivo;
- A escolha de no mínimo dois lotes em desuso na proximidade do
bairro onde a proposta seria replicada;
- A busca por parcerias com organizações públicas ou privadas para a
inserção de pessoas de diferentes realidades no processo;
- A elaboração de uma pequena área de apoio e infraestrutura para
armazenamento de utensílios utilizados no manejo destas hortas.
Estas áreas de produção, mesmo que em pequena escala, resultariam
também em locais esteticamente mais agradáveis e que transmitem uma
mensagem sobre o convívio em comunidade. A proposta inicial pode até ser
transformada, agregando a elaboração de jardins ou plantio de árvores, através
da percepção da importância do cuidado com a cidade e com as pessoas que
dentro deste contexto, necessitam da aceitação e respeito da sociedade.
CONCLUSÕES
A proposta apresentada possui como foco principal o acolhimento de
mulheres em condições de rua ou vítimas de violência doméstica, que
necessitam de um abrigo temporário, incluindo seus dependentes.
Para o futuro desenvolvimento do projeto, foram analisados dois recortes
espaciais, para a escolha do local com as melhores condições para sua
implementação. Através da uma breve análise de ambos, levaram-se em conta
zoneamento, edificações do entorno, existência de equipamentos públicos e
privados, infraestrutura, facilidade de acesso ao transporte público e
principalmente a quantidade de áreas vazias disponíveis próximas ao abrigo. A
partir desta primeira análise, pode-se afirmar que o terreno que oferece o maior
número de lotes disponíveis para áreas de cultivo em seu entorno e que, aliado
a isto, possui a infraestrutura necessária para a realização do programa é o lote
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localizado no Bairro Jardim Carvalho. Esta escolha será retomada e passará
por uma revisão mais detalhada, quando em breve, o estudo tiver continuidade
com a proposta de um projeto arquitetônico do abrigo.
O envolvimento da população pode desenvolver um sentimento de
preocupação, responsabilidade e aceitação quanto a melhoria da condição de
vida de pessoas mais necessitadas naquele momento. A busca pela
cooperação e sensibilidade com o próximo, faz com que a cidade viva
realmente a coletividade e a procura por melhores condições para os seus
moradores.
Além disso, através da proposta, pode-se confirmar que dar uma função
para locais sem utilidade na cidade, se torna uma medida positiva em vários
aspectos. Estes terrenos em atual desuso, se utilizados com o objetivo
proposto, seriam locais de transformação social e convívio entre as pessoas.
Uma estética urbana mais agradável também se torna consequência da
implantação da proposta.
Por fim, o projeto representa uma atividade constante para as moradoras do
abrigo. Com retorno financeiro e psicológico através da interação entre
pessoas de diferentes realidades e que compartilham experiências de vida
semelhantes, traz o amparo mútuo necessário para o fortalecimento destas
mulheres e resgate de sua dignidade anteriormente abalada.
REFERÊNCIAS
MACEDO, S. Et. Al. QUAPÁ–SEL – um projeto de pesquisa em rede. Rio de Janeiro: 2010. Disponível em: <http://www.anparq.org.br/dvd-enanparq/simposios/57/57-41-2-SP.pdf>. Acesso em: 10 out. 2016.
RELPH, E. Reflexões Sobre a Emergência, Aspectos e Essência de Lugar. In:
MARANDOLA JR., E; HOLZER, W.; OLIVEIRA, L. (orgs.). Qual o espaço do lugar?
São Paulo: Perspectiva, 2012. p.17-32.
SMITH, N. Contornos de uma política espacializada: veículos dos sem-teto e
produção de escala geográfica. In: ARANTES, A. A. (org). O Espaço da
Diferença. Campinas: Papirus, 2000. p.132-175.
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SNA – SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA. Hortas comunitárias e
escolares ganham estímulo com projeto social Cidades Sem Fome. 2015. Disponível
em: <http://sna.agr.br/hortas-comunitarias-e-escolares-ganham-estimulo-com-projeto-
cidades-sem-fome/>. Acesso em: 10 out. 2016
Geoportal – Prefeitura Municipal de Ponta Grossa. Disponível em:
<http://geoweb.pontagrossa.pr.gov.br/>. Acesso em: 15 out. 2016
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Boas práticas de manipulação de
alimentos em restaurante vegetariano
em Ponta Grossa - PR
Adrieli de Andrade Maciel Alexia Silveira Ribas
Bárbara de Abreu Mendes Regina Zimmermann Faculdades Ponta Grossa
Discentes do Curso de Bacharelado em Nutrição [email protected]
Sunáli Batistel Szczerepa Faculdades Ponta Grossa
Docente do Curso de Bacharelado em Nutrição
RESUMO
Nos dias atuais as pessoas vêm procurando refeições mais práticas e seguras fora de casa, devido à correria do dia-a-dia. Existe um documento chamado Manual de Boas Práticas que corresponde a todo corpo do ambiente, estabelecendo regras que devem ser seguidas para manter a organização, segurança e qualidade dos alimentos e atender as normas da vigilância sanitária que vistoria o local. O objetivo deste estudo foi avaliar as boas práticas de manipulação de um restaurante comercial vegetariano no município de Ponta Grossa – PR, visando auxiliar no cotidiano do trabalho desses profissionais. Para a avaliação foi utilizada uma lista de verificação, proposta pela RDC n° 275 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Considerando-se os resultados obtidos, o restaurante classificou-se no Grupo 2 com 57,14% de adequação no geral. O maior percentual de adequação foi observado no bloco manipuladores que atingiu 92,8% de itens conformes, enquanto que o maior percentual de inadequação, 100%, foi obtido no bloco documentação. Detectaram-se falhas nos demais blocos, assim observando-se a necessidade de medidas corretivas para garantir a qualidade das refeições e segurança dos clientes. Em serviços de alimentação as boas práticas são imprescindíveis para garantir métodos seguros na produção de alimentos com fim de garantir um produto de qualidade. Palavras-chave: segurança alimentar; manual de boas práticas; legislação de alimentos.
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ABSTRACT
Nowadays, people are looking for more practical and safer meals,
made out of home, because of daily rush. There is a document called
Good Practices Manufacturing Manual that answers to the whole work
environment, establishing rules that should be followed to maintain
food organization, safety and quality and meet the standards of Health
Surveillance who inspects the site. The objective of this work was to
analyze manufacturing good practices of a vegetarian commercial
restaurant in the city of Ponta Grossa – PR, aiming to assist the daily
work of these employees. For this evaluation it was used a checklist
proposed by RDC 275 from National Healthy Surveillance
Agency (ANVISA). Considering the obtained results, the restaurant
ranked in the Group 2 with 57.14% of general adequacy. Its highest
percentage of adequacy was seen in block of handlers that reached
92.8% of conforming items, while the highest percentage of
inadequacy, 100%, was obtained in the documentation block. Failures
were detected in the other blocks, thus observing the need for
corrective measures to ensure the quality of meals and customer
safety. In food service, good practices are essential to ensure safe
methods of food production in order to assure a quality product.
Keywords: food safety; good manufacturing practices; food legislation.
INTRODUÇÃO
As refeições fora de casa no Brasil estão ganhando grande espaço,
sendo o mais viável às pessoas, e assim ampliando o setor de serviços de
alimentação, para suprir com as necessidades da população que procura
praticidade. Desta maneira os ambientes que oferecem alimentação devem
estar de acordo com as normas estabelecidas pela vigilância sanitária que
impõe regras a serem cumpridas a fim de promover qualidade e segurança.
Um documento essencial para ambientes de manipulação, produção,
armazenamento, além de transporte e comercialização de alimentos é o
Manual de Boas Práticas. Ele deve garantir que os alimentos produzidos
tenham a segurança e qualidade sanitária abordando entre outros requisitos: a
manutenção e higienização das instalações, dos utensílios de preparo, controle
de vetores e pragas, retirada de resíduos, saúde dos manipuladores,
capacitação profissional, registro das atividades diárias, bem como todo o
corpo que envolve a eficácia do alimento, conforme aponta a RDC 216/2004
(BRASIL, 2004).
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Diante do exposto, considerando a necessidade e importância de uma
alimentação adequada e segura, foi realizada uma pesquisa com o objetivo de
avaliar as boas práticas de manipulação de um restaurante comercial
vegetariano no município de Ponta Grossa.
REVISÃO DE LITERATURA
A ocorrência de Doenças Transmitidas por Alimentos (DTA) vem
aumentando de modo significativo, constituindo um dos problemas mais
frequentes de saúde pública. Vários são os fatores que contribuem para a
ocorrência dessas doenças, como o crescente aumento das populações, a
existência de grupos vulneráveis, como crianças e idosos, além do deficiente
controle dos órgãos públicos e privados quanto à qualidade dos alimentos
ofertados à população (WELKER et al., 2010).
As DTA são causadas principalmente por microrganismos, que entram
no organismo humano através da ingestão de água e alimentos contaminados.
Entre as causas mais frequentes de contaminação destacam-se a manipulação
e conservação inadequadas dos alimentos, e a contaminação cruzada entre
produtos crus e processados. Segundo o Ministério da Saúde, cerca de 570 mil
casos por ano de DTA ocorreram no Brasil entre 1999 e 2004 (WELKER et al.,
2010; CARMO et al., 2005).
A identificação e investigação de surtos causados por alimentos são
essenciais na prevenção e controle das DTA, no entanto, a maioria das vítimas
não busca auxílio médico, dificultando as notificações. O fato se dá porque
muitas vezes os sintomas são brandos e duram poucos dias. Entre os sintomas
mais comuns de uma DTA destacam-se dor de estômago, náusea, vômitos,
diarreia e febre (CARMO et al., 2005; EDUARDO et al., 2003).
Para manter um controle higiênico-sanitário eficiente é necessário seguir
as leis estabelecidas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA).
Um dos instrumentos fundamentais para garantir a qualidade na produção de
alimentos é o Manual de Boas Práticas. O manual visa orientar os profissionais
da área de alimentação quanto às condições que devem ser observadas para
garantir a segurança alimentar. As boas práticas são procedimentos que
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devem ser obedecidos desde a escolha e compra dos alimentos até a venda
para o consumidor. Em complemento ao Manual de Boas Práticas a ANVISA
também aprovou a RDC 216 e a RDC 275, que contribuem para a garantia das
condições higiênico-sanitárias necessárias ao processamento de alimentos
(BRASIL, 2004; GOMES et al., 2005).
MATERIAL E MÉTODOS
Foi realizado no período de agosto a setembro de 2016 um estudo
transversal em um restaurante comercial vegetariano de pequeno porte,
localizado na cidade de Ponta Grossa, Paraná, que distribui certa de 50
refeições ao dia, com sistema de distribuição do tipo self-service. Antes do
início dos estudos foi realizada reunião com o responsável pelo restaurante,
que autorizou as avaliações.
Para a avaliação, utilizou-se a lista de verificação proposta pelo Anexo II
da Resolução RDC 275/2002, dividida em três partes: identificação da
empresa, avaliação e classificação do estabelecimento. Foram avaliados cinco
blocos de perguntas, de acordo com a RDC 275/2002, totalizando 164 itens,
inerentes a: ‘edificação e instalações’ (79 itens); ‘equipamentos, móveis e
utensílios’ (21 itens); ‘manipuladores’ (14 itens); ‘produção e transporte dos
alimentos’ (33 itens); e ‘documentação’ (17 itens). A avaliação foi realizada por
pesquisadores treinados através de observação direta. Para cada item de
verificação houve três possibilidades de reposta: ‘sim’, ‘não’ e ‘não se aplica’.
A classificação do restaurante seguiu os critérios de pontuação
estabelecidos no item D da RDC 275/2002, a saber: Grupo 1 (76 a 100% de
atendimento dos itens), Grupo 2 (51 a 75% de atendimento dos itens) e Grupo
3 (0 a 50% de atendimento dos itens). Classificou-se também cada um dos
cinco blocos da lista de verificação de acordo com esse critério. Os dados
coletados foram armazenados em planilhas e analisados de forma descritiva.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
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O restaurante comercial vegetariano em estudo obteve 57,14% de
adequação, considerando o total de itens aplicáveis, e, por meio do critério
empregado, ficou classificado no Grupo 2. A avaliação por blocos evidenciou
que o maior percentual de adequação foi verificado no bloco manipuladores e o
maior percentual de inadequação no bloco documentação (Figura 1).
FIGURA 1 - Percentual de adequação e inadequação do restaurante comercial quanto às boas práticas, por bloco avaliado, Ponta Grossa, PR.
Fonte: As autoras (2016).
Bloco Edificação e Instalações
O percentual de adequação identificado neste bloco foi 61,54%, inferior
ao estudo de São José, Coelho e Ferreira (2011) que observou 76% de
adequação.
Neste contexto foram analisados itens relacionados às características
físicas e estruturais como pisos, tetos, forros, paredes, portas, janelas,
iluminação, ventilação e instalações sanitárias. As principais inadequações
verificadas envolveram objetos estranhos ao ambiente, focos de poeira e
acúmulo de lixo nas imediações, proporcionando uma possível contaminação.
61,54 57,15
92,8
62,5
0
38,46 42,85
7,2
37,5
100
0
20
40
60
80
100
120
Edificação einstalações
Equipamentos,móveis eutensílios
Manipuladores Produção eTransporte de
alimentos
Documentação
%
Blocos
Adequação Inadequação
40
A edificação e as instalações devem ser livres de focos de insalubridade para
não ter risco de contaminação.
Em relação à edificação foi verificado que a área de preparação é
composta de telas milimétricas, porém em mau estado de conservação. As
aberturas externas das áreas de armazenamento e preparação de alimentos,
inclusive o sistema de exaustão, devem ser providas de telas milimétricas para
impedir o acesso de vetores e pragas urbanas. As telas devem ser removíveis
para facilitar a limpeza periódica (BRASIL, 2004).
Os pisos, tetos e paredes divisórias não são constituídas de material
liso, de fácil limpeza e a altura não está adequada para as preparações,
conforme exige a legislação.
Quanto às instalações sanitárias e vestiários, foram observadas em
adequado estado de conservação, sendo separados por sexo e localizados
sem comunicação direta com a área de preparação e armazenamento, porém
as torneiras e portas não possuíam acionamento automático.
Os vestiários dos funcionários e suas instalações sanitárias, não devem
se comunicar diretamente com a área de armazenamento, manipulação e de
distribuição e consumo de alimentos. Devem ser separados por gênero e as
portas externas devem ser dotadas de fechamento automático, conforme
recomenda na CVS 5 (SÃO PAULO, 2013).
Em relação à higienização da instalação não existe um responsável
capacitado, assim também não contendo registros de higienização. Outra
inadequação foi em relação ao abastecimento de água, não possuindo
responsável capacitado para higienização e registros da troca periódica do
elemento filtrante. O controle de potabilidade realizado por técnico também não
é realizado. Segundo Souza et al., (2009) verificou-se um percentual de 100%
de adequação em relação ao abastecimento de água, onde o reservatório de
água da UAN hoteleira encontra-se em bom estado de conservação, sendo
higienizado trimestralmente.
Bloco Equipamentos, Móveis e Utensílios
41
O percentual de adequação obtido foi de 57,15% ao avaliar os 21 itens
desse bloco (Figura 1), resultado este inferior ao registrado por São José,
Coelho e Ferreira (2011), que observaram 76% de adequação para o mesmo
bloco. As principais inadequações verificadas envolveram planilhas de
registros, conservação e armazenamento de utensílios e higienização.
Quanto aos equipamentos, o restaurante não dispunha de registro de
temperatura, e qualquer registro que comprovasse a manutenção e calibração
dos mesmos. Os equipamentos destinados à conservação de alimentos e
processamento térmico também não apresentavam medidor de temperatura,
constituindo um risco para a qualidade do produto final.
Assim como no estudo realizado por Ferreira et al., (2011), em relação
aos utensílios as inadequações foram principalmente devido a falta de local
apropriado para o armazenamento. Alguns dos utensílios também não
apresentavam um estado adequado de conservação.
Quanto a higienização dos equipamentos, móveis e utensílios, o
restaurante não dispunha de registro dos procedimentos, assim como um
responsável capacitado para as atividades. Em relação ao estoque dos
produtos de limpeza, este se encontrava distante do armazenamento de
alimentos.
Um maior percentual de adequação dos itens deste bloco é de vital
importância, uma vez que os equipamentos, móveis e utensílios entram em
contato direto com os alimentos, sendo potenciais riscos à qualidade final dos
mesmos (FERREIRA et al., 2011).
Bloco Manipuladores
No que se diz respeito às práticas dos manipuladores obteve-se 92,8%
de adequação. Os vestuários dos funcionários eram de cor clara, encontravam-
se limpos e em bom estado de conservação. Os mesmos apresentavam boa
aparência e livres de adornos, todos com toucas de proteção.
42
Os manipuladores apresentam no geral bons hábitos de higiene, porém
há ausência de cartazes orientando sob bons hábitos como lavagem correta
das mãos, conforme recomenda a RDC 216 (BRASIL, 2004).
Sobre o estado de saúde dos manipuladores consta controle de saúde
dos mesmos, e também os manipuladores executam exames periodicamente.
Este controle é importante, pois os manipuladores são fontes potenciais de
contaminação caso ocorram falhas durante o preparo, sendo uma das mais
frequentes vias de transmissão de microrganismos aos alimentos (BRASIL
2002 apud FERREIRA et al., 2011).
No local o uso de equipamentos de proteção é diário, os funcionários
recentemente participaram de curso de capacitação supervisionado por uma
nutricionista, e o local apresenta registros deste curso.
Resultado semelhante de adequação encontrou-se no estudo de
Ferreira et al., (2011) para este bloco de adequação classificado também no
Grupo 1, o que é um bom resultado para os manipuladores de alimentos, dos
quais têm um importante papel na prevenção das doenças alimentares.
Bloco Produção e Transporte dos Alimentos
Em relação à produção e transporte dos alimentos 62,5% dos itens
estavam adequados. Entre as principais inadequações está a inexistência de
planilhas de controle na recepção do restaurante, o que pode comprometer as
características sensoriais e higiênico-sanitárias dos alimentos.
O restaurante comercial vegetariano em estudo também não apresenta
refrigeradores específicos para os diferentes tipos de matérias-primas, e a
empresa de transporte do produto final utiliza motos para as entregas, onde as
mesmas não são exclusivas para este fim. Deste modo, não há proteção
completa contra pragas e vetores ou controle de temperatura dos alimentos. O
veículo de transporte deve ter certificado de vistoria das suas condições
(BRASIL, 2004).
43
Segundo o estudo de Mello et al., (2013), em apenas uma UAN os
alimentos que aguardavam transporte estavam corretamente identificados com
designação do produto, data de fabricação e prazo de validade. O que
demonstra que é nos processos de transporte onde se encontram as maiores
probabilidades de falta de controle da qualidade final dos alimentos.
A área de manipulação e de self-service não apresentam portas
separadas. O restaurante não apresenta uma barreira física de local de pré-
preparo de preparo com barreira física, conforme recomenda, RDC 275
(BRASIL, 2003).
Bloco Documentação
A avaliação dos documentos abrange a implantação do Manual de Boas
Práticas (MBP) e dos Procedimentos Operacionais Padronizados (POP). O
MBP é um documento que descreve as operações realizadas pelo
estabelecimento, sendo este de obrigatoriedade para quaisquer
estabelecimentos que trabalhem com a produção de alimentos (BRASIL, 2004).
Observou-se no bloco de documentação 100% de inadequações, o local
não apresenta manual de boas práticas e nem mesmo os procedimentos
operacionais padronizados nas ações que são realizadas, assim obtendo o
maior percentual de inadequação dos blocos avaliados.
Akutsu et al. (2005) relatam que a padronização do processo de
produção de refeição beneficia o trabalho do nutricionista, pois estabelece
instruções que possibilita as operações rotineiras, facilitando assim o
treinamento de funcionários, eliminando a interferência por dúvidas e facilitando
o planejamento do trabalho diário. Para o funcionário, esta padronização facilita
a execução de tarefas sem a necessidade de ordens frequentes, além de
propiciar mais segurança no ambiente de trabalho.
CONCLUSÃO
44
Este estudo permitiu elucidar que a aplicação de uma ferramenta
simples, como uma lista de verificação das condições higiênico-sanitárias de
um restaurante que prepara refeições, é um método imprescindível no que se
diz respeito à qualidade do local e de seu produto apresentado, a fim de buscar
novas estratégias para corrigir falhas.
Apesar do grande percentual de adequação no bloco manipuladores,
detectaram-se falhas nos demais blocos, assim observando-se a necessidade
de medidas corretivas para garantir a qualidade das refeições e segurança dos
clientes.
Sabe-se que inadequações podem implicar de forma direta na qualidade
do produto final das preparações, as boas práticas estão diretamente ligadas à
qualidade higiênico-sanitária do produto final.
O manual é um instrumento fundamental para que a qualidade na
produção de alimentos seja garantida, pois orienta os profissionais quanto às
condições que devem ser observadas.
Destaca-se então que a presença de um responsável técnico capacitado
é de extrema importância para realização e manutenção das boas práticas de
higiene, e o profissional nutricionista esta habilitado para garantir auxiliar a
qualidade das refeições e segurança dos clientes.
45
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AKUTSU, R. C.; BOTELHO, R. A.; CAMARGO, E. B.; SÁVIO, K. L. O.; ARAÚJO, W. C. A ficha técnica de preparação como instrumento de qualidade na produção de refeições. Revista de Nutrição, Campinas, v. 18, n. 2, p. 277-279, 2005. BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC nº275, de 21 de outubro de 2002. Dispõe sobre o regulamento técnico de procedimentos operacionais padronizados aplicados... Diário Oficial da União, Brasília, DF, 23 de outubro de 2003. BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Ministério da Saúde. Resolução RDC nº 216, de 15 de setembro de 2004. Dispõe sobre regulamento técnico de boas práticas para serviços de alimentação. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 15 de setembro de 2004. CARMO, G. M. I.; OLIVEIRA, A. A., DIMECH, C. P.; SANTOS, D. A.; ALMEIDA, M. G.; BERTO, L. H.; ALVES, R. M. S.; CARMO, E. H. Vigilância epidemiológica das doenças transmitidas por alimentos no Brasil, 1999-2004. Boletim Eletrônico Epidemiológico, 6: 1-7. 2005. Disponível em: <http:// portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/bol_epi_6_2005_corrigido.pdf>.
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46
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47
Gestão e licenciamento ambiental de
empreendimentos de manutenção de
veículos
Felipe de Arruda Troyner Faculdades Ponta Grossa
Docente do Curso de Engenharia Civil e Engenharia Ambiental e Sanitária [email protected]
Daiane Garabeli Trojan Faculdades Ponta Grossa
Coordenadora de Pesquisa das Faculdades Ponta Grossa [email protected]
RESUMO
Este trabalho apresenta uma revisão da legislação ambiental vigente para empreendimentos de manutenção veicular relacionando com os principais aspectos e impactos ambientais, a fim de auxiliar na gestão e licenciamento ambiental. Foram visitados diversos estabelecimentos e levantados aspectos a impactos ambientais decorrentes das atividades e posteriormente apresentados possíveis equipamentos de proteção ambiental. Mais que implantar mecanismos de controle de poluição, o empreendedor deve ter em mente realizar mudanças nos processos a fim de melhorar o desempeno ambiental do empreendimento.
Palavras-Chave: gestão ambiental; manutenção veicular;
licenciamento ambiental.
ABSTRACT
This paper presents a literature review of current environmental legislation for maintenance vehicle enterprises relating to the main aspects and environmental impacts, in order to assist in the
48
management and environmental licensing. Different shops had been visited, issues of environmental impacts from the activities had been raised and then possible environmental protection equipment were presented. More than implement pollution control mechanisms, the
entrepreneur should keep in mind to make changes in processes in favor of improve the environmental performance of the enterprise.
Keywords: environmental management; maintenance vehicle
enterprises; environmental licensing
INTRODUÇÃO
Em tempo, as empresas vem percebendo que as variáveis ambientais
podem gerar vantagens competitivas. A melhoria da imagem corporativa,
vantagens em processos de compra de consumidores mais influentes, que
seguem normas internacionais, economia financeira com o desperdício de
matérias primas, eliminação do risco de poluição ambiental e multas são
razões para que se implante um sistema de gestão ambiental de
empreendimentos.
As oficinas mecânicas e empreendimentos de manutenção veicular que
trabalham com veículos leves e pesados também podem se beneficiar com os
processos de gestão ambiental. Os órgãos fiscalizadores identificam essa
atividade como potencialmente poluidora e fazem regularmente vistorias afim
de detectar irregularidades ambientais. Muitos municípios solicitam que oficinas
mecânicas tenham licenciamento ambiental, para emissão de alvará, e assim
sendo percebe-se que o poder público visa regular esse tipo de atividade.
Diversos aspectos ambientais podem ser observados nos processos que
envolvem a manutenção de veículos. A pintura de latarias pode gerar emissões
gasosas nocivas aos seres humanos, além da poluição sonora gerada em
serviços de lanternagem. Estes empreendimentos realizam lavagem de peças
gerando efluentes líquidos contaminados com óleo, que também podem ser
encontrados em setores de lubrificação, troca de óleo e lavagem de veículos.
Ainda, existe a geração de resíduos sólidos classe I, que são classificados pela
ABNT NBR 10004:2004 como perigosos e devem ter destinação final em
aterros sanitários industriais. Estes resíduos são estopas, panos e outros
materiais contaminados com óleo, baterias e pneus inservíveis. Devido a todas
49
esses aspectos ambientais, a gestão desses é de suma importância para que
qualquer oficina mecânica e empreendimentos.
REVISÃO DA LITERATURA
Araújo (2007) destaca que a prática da gestão ambiental dentro de
empresas e instituições públicas e privadas é recente e vem ganhando espaço
devido a mobilização em prol de um ambiente ecologicamente equilibrados. A
busca constante de melhoria em processos, produtos e serviços também deve
levar em conta fatores ambientais.
Para fins institucionais, a empresa é mais bem vista quando adere a
gestão ambiental. Grandes empresas estão incluindo em suas prioridades de
gestão empresarial e de investimentos financeiros variáveis ambientais. Nota-
se claramente, após recentes desastres ambientais ocorridos com grandes
empresas, os custos de remediação ambiental bem como de recuperação da
imagem perante investidores e sociedade são maiores que os da gestão
ambiental (MAIMON, 1996).
Poluição ambiental pode ser conceituada de diversas formas e são
vários os conceitos encontrados em literatura devido a série de aspectos
ambientais correlatos as atividades antrópicas, interpretados de forma
diferenciada (FELLENBERGE, 1980)
A Política Nacional do Meio Ambiente define meio ambiente como “o
conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e
biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas”. Assim
sendo, as alterações no equilíbrio, sejam elas positivas ou negativas resultaram
em impactos ambientais.
De acordo com ABNT NBR 14001:2004 aspectos ambientais são
“Elemento das atividades ou produtos ou serviços de uma organização que
pode interagir com o meio ambiente” e impactos ambientais como “Qualquer
modificação do meio ambiente, adversa ou benéfica, que resulte, no todo ou
em parte, dos aspectos ambientais da organização.” A mesma norma
preconiza a implantação e manutenção de procedimentos para identificar e
quantificar e documentar aspectos ambientais decorrentes de suas atividades,
além de determinar e documentar possíveis impactos ambientais significantes.
50
Paulino (2009) ressalta que o crescente número de veículos
automotores notado nos últimos anos no país gerou o crescimento de demanda
por serviços de manutenção veiculares.
E estes serviços são origem de agentes poluentes e contaminantes de
água, ar e solo. As atividades desenvolvidas por empreendimentos de
manutenção veicular geram diferentes poluentes, ruídos, resíduos sólidos,
efluentes líquidos e gasosos que necessitam de correto tratamento e
destinação, para que não ocorra poluição ambiental.
Dentre as atividades realizadas que podem causar impacto ambiental
pode-se citar: troca de óleo lubrificante e fluídos de freio, limpeza e substituição
de peças, retífica de motores, injeção eletrônica, suspensão, regulagem de
motor, alinhamento e balanceamento (NUNES; BARBOSA, 2012). Os mesmos
autores ainda citam que os principais resíduos sólidos gerados nas atividades
supracitadas peças usadas, papelão e estopas contaminadas com óleo,
resíduos metálicos, embalagens além de borra de óleo.
O licenciamento ambiental de atividades potencialmente poluidoras tem
como base a Política Nacional do Meio Ambiente, instituída pela Lei Nº 6.938,
de 31 de agosto de 1981, onde é descrito como um dos instrumentos
aplicáveis. No Paraná, a Resolução SEMA 31, de 24 de agosto de
1998 dispõe sobre os procedimentos de licenciamento ambiental. Já a esfera
municipal a lei 12345/2015 institui o licenciamento ambiental municipal e da as
diretrizes para a fiscalização. Esta legislação transferiu a responsabilidade de
licenciamento ambiental de algumas atividades, outrora de responsabilidade do
IAP – Instituto Ambiental do Paraná para a prefeitura municipal.
MATERIAIS E MÉTODOS
Foram realizadas visitas in loco em diversos empreendimentos de
manutenção de veículos leves e pesados que realizam serviços de lataria e
pintura, troca de óleo, manutenção de motores, lavagem de veículos, a fim de
51
avaliar os aspectos e impactos ambientais envolvidos e elaborar uma tabela
resumo observou-se toda as atividades desenvolvidas pelas empresas.
Lataria e Pintura: Foram levantados os principais aspectos e
impactos ambientais das operações de lataria e pintura e inseridos na Tabela
1.
Tabela 1. Aspectos e Impactos Ambientais no setor de lataria e pintura.
Aspecto Impacto
Geração de pó de Lixamento Resíduos – Poluição de ar, água e solo
Geração de resíduos de lixa Resíduos – Poluição de água e solo
Consumo de solventes Escassez de recursos naturais, poluição de ar
água e solo
Geração de resíduos contaminados com
solventes
Resíduos – Poluição de ar, água e solo
Geração de efluentes contaminados Efluentes líquidos e gasosos Poluição de ar,
água e solo
Consumo de tinta Escassez de recursos naturais, poluição de ar
água e solo
Vazamento de produto Poluição de água e solo
Consumo de produtos químicos Escassez de recursos naturais
Geração de ruídos Poluição sonora
Consumo de energia e água Escassez de recursos naturais
Fonte: o autor, 2016.
4.2 Troca de óleo: Foram levantados os principais aspectos e
impactos ambientais das operações de troca de óleo automotivo e inseridos na
Tabela 2.
52
Tabela 2. Aspectos e Impactos Ambientais no setor de troca de óleo automotivo:
Aspecto Impacto
Geração de óleos lubrificantes usados Resíduos – Poluição de ar, água e solo
Embalagens contaminadas Resíduos – Poluição de água e solo
Serragem, papelão e outros materiais
contaminados com óleo
Resíduos – Poluição de ar, água e solo
Geração de resíduos de filtro de óleos usados Resíduos – Poluição de ar, água e solo
Geração de efluentes contaminados Efluentes líquidos e gasosos Poluição de ar,
água e solo
Consumo de óleo lubrificante Escassez de recursos naturais, poluição de
ar água e solo
Vazamento de produto Poluição de água e solo
Consumo de peças Escassez de recursos naturais
Geração de ruídos Poluição sonora
Consumo de energia e água Escassez de recursos naturais
Fonte: o autor, 2016.
Manutenção de motores: foram levantados os principais aspectos
e impactos ambientais das operações de manutenção de motores e inseridos
na Tabela 3.
Tabela 3 - Aspectos e Impactos Ambientais no setor de manutenção de motores.
Aspecto Impacto
Geração de óleos lubrificantes usados Resíduos – Poluição de ar, água e solo
Embalagens contaminadas Resíduos – Poluição de água e solo
Serragem, papelão e outros materiais
contaminados com óleo
Resíduos – Poluição de ar, água e solo
Geração de resíduos de peças inutilizadas Resíduos – Poluição de ar, água e solo
Geração de efluentes contaminados Efluentes líquidos e gasosos Poluição de ar, água e
solo
Vazamento de Gás refrigerante Poluição do ar
53
Explosão de compressor Poluição do ar
Consumo de peças Escassez de recursos naturais
Geração de ruídos Poluição sonora
Consumo de energia e água Escassez de recursos naturais
Fonte: o autor, 2016.
Lavagem de veículos: foram levantados os principais aspectos e
impactos ambientais das operações de lavagem de veículos e inseridos na
Tabela 4.
Tabela 4. Aspectos e Impactos Ambientais no setor de lavagem de veículos:
Aspecto Impacto
Geração de aerossóis Poluição de ar, água e solo
Embalagens contaminadas Resíduos – Poluição de água e solo
Serragem, papelão e outros materiais
contaminados com óleo
Resíduos – Poluição de ar, água e solo
Geração de resíduos de peças inutilizadas Resíduos – Poluição de ar, água e solo
Geração de efluentes contaminados Efluentes líquidos e gasosos Poluição de ar, água
e solo
Geração de borra de caixa separadora Poluição de ar, água e solo
Explosão de compressor Poluição do ar
Consumo de detergentes Escassez de recursos naturais, poluição da água e
solo
Geração de ruídos e vibrações Poluição sonora
Consumo de energia e água Escassez de recursos naturais
Fonte: o autor, 2016.
Legislação ambiental aplicável: após o levantamento dos principais
aspectos e impactos ambientais das atividades, pesquisou-se a legislação
ambiental aplicável ao empreendimento na esfera municipal. O levantamento
da legislação também é um pré-requisito para uma gestão ambiental de
qualidade, haja vista que o atendimento a esses parâmetros evita multas e
sansões, além de minimizar os impactos ambientais.
O decreto municipal nº 10996/2016 dispõe sobre o licenciamento
ambiental municipal, definindo diretrizes para procedimento deste processo em
empresas potencialmente poluidoras, degradadoras ou modificadoras do meio
54
ambiente. Também prevê instruções normativas (IN) para cada atividade
passível de licenciamento ambiental municipal, especificamente a IN 7 001 -
Lavador de Veículos; IN 7 004-Oficina Mecânica e Estabelecimento para
Manutenção e Reparo de Veículo Automotores.
Já no caso de lavagem de veículos pesados, a atribuição de
licenciamento ambiental é do IAP- Instituto Ambiental do Paraná, pois esta
atividade não consta na lista de licenciamentos permitidos a prefeitura
municipal, conforme Lei Municipal 12345/2015. Neste caso utiliza-se a
RESOLUÇÃO Nº 038/09/SEMA que dispõe sobre o licenciamento ambiental,
estabelece condições e critérios para Postos de combustíveis e/ou Sistemas
Retalhistas de Combustíveis, em seu artigo 21:
“Art. 21. Os Postos com lavagem de veículos deverão possuir sistema
exclusivo de tratamento primário para as águas residuárias geradas
(caixa de separação de material sedimentável, e caixa de separação
de óleos e graxas, modelo industrial com placas coalescentes,
certificada pelo INMETRO). § único. Os Postos com lavagem de
veículos pesados (caminhões, tratores e máquinas agrícolas),
deverão implantar sistema complementar secundário para o
tratamento das águas residuárias.”
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Com base nos aspectos e impactos ambientais referentes às atividades
de manutenção de veículos identificados em visita in loco, bem como tendo
como alicerce as legislações pertinentes apresentadas no item anterior,
observou-se os principais aspectos e impactos ambientais. Estes foram
identificados em grupos:
Geração de poluentes atmosféricos
Geração de resíduos sólidos
Geração de efluentes líquidos
Geração de poluição sonora
55
A fim de mitigar a poluição ambiental deve-se tomar atitudes, bem como
realizar intervenções de engenharia. Estas foram elencadas relacionando os
aspectos e impactos levantados e a legislação aplicável.
GERAÇÃO DE POLUENTES ATMOSFÉRICOS: A geração de poluentes
atmosféricos é um aspecto ambiental inerente ao processo de manutenção de
lataria e pintura de veículos. Os processos de lixamento de lataria e pintura
resultam na emissão de material particulado(MP), representado por pigmentos
de tinta. O processo de pintura resulta na emissão de COV´s – Compostos
orgânicos voláteis, advindos do uso de solventes e tintas.
De acordo com a Instrução Normativa – LA - N° 7- 004 – SMMA da
prefeitura municipal de Ponta Grossa, esses processos devem ser realizados
exclusivamente em cabines de pintura, de ventilação ou de exaustão, dotadas
de sistema controle ambiental para material particulado bem como COV´s.
Os sistemas de controle ambiental para cabines de pintura, em que
tange as emissões atmosféricas, são representados por uma gama de filtros
compostos por diversos tipos de meio filtrante, conforme a necessidade. A
instrução normativa acima citada, não recomenda o uso de filtros de isopor,
pelo fato deste material liberar clorofluorcarbonos(CFC´s). Para este fim, pode-
se recomendar filtros em poliéster em caso de pintura em pós, filtros de carvão
plissado para tintas líquidas.
GERAÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS: Em todos os processos de manutenção
veicular, são gerados resíduos sólidos, que devem ser classificados conforme
ABNT NBR 10.004. A classificação destes resíduos de forma adequada é de
vital importância para a correta destinação destes.
A gestão de resíduos destes empreendimentos deve ser oficializada e
orientada, com a implementação de um Plano de Gerenciamento de Resíduos.
Neste documento deverão ser elencados todos os pontos de geração,
quantificação e classificação, sistema de coleta seletiva, destinação e
qualificação de empresas prestadoras de serviços envolvendo resíduos.
56
Os principais resíduos gerados nessas atividades são classificados de
acordo com a ABNT NBR 10.004:200:
Classe I – Perigosos: apresentam periculosidade ou uma das
características de: inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade,
patogenicidade. Nos empreendimentos de manutenção automotiva, são
representados principalmente por resíduos de embalagens, estopa,
papelão entre outros contaminados com óleo e solventes, resíduos de
sistema de tratamento efluentes, caixa separadora de água e óleo, óleo
lubrificante usado, baterias, filtros de ar saturados.
Classe II-A: Resíduos que podem ter propriedades, tais como:
biodegradabilidade, combustibilidade ou solubilidade em água. Esta
classe de resíduo é representada basicamente por embalagens não
contaminadas com óleo.
Classe II-B - Quaisquer resíduos que não tiverem nenhum de seus
constituintes solubilizados a concentrações superiores aos padrões de
potabilidade de água, excetuando-se aspecto, cor, turbidez, dureza e
sabor. Nesta classe são agrupados resíduos como pneus inservíveis e
alguns tipos de embalagens.
Em geral, estes resíduos devem ser acondicionados em tambores ou
caçambas, com piso impermeabilizado(no caso de resíduos perigosos) até a
coleta específica ser realizada. Baterias e pneus inservíveis podem ser
empilhados em pallets em local com piso impermeabilizado e com abrido de
intempéries.
A coleta especializada deve ser realizada por empresas devidamente
licenciadas(transporte e destinação) bem como devem fornecer comprovantes
de coleta.
GERAÇÃO DE EFLUENTES LÍQUIDOS: Nas atividades de manutenção
automotiva, lavagem veicular e de peças, ocorre contato ou derrame de óleo.
Para que estes processo ocorra com o mínimo de impacto ambiental, sugere-
se que sejam feitos em local adequado, destinado apenas para este fim. Este
local deve ter piso impermeabilizado, abrigado de precipitações, com calha
57
coletora de efluentes, destinando qualquer líquido ao sistema de tratamento de
efluentes.
Os órgãos fiscalizadores, em seus processos de licenciamento
ambiental solicitam ao empreendedor que seja instalada caixa separadora
água e óleo(CSAO), com fim de tratamento de efluentes líquidos gerados. Mas
não basta possuir um caixa separadora apenas, se faz necessário que ela seja
do modelo coalescente. A secretaria do meio ambiente em Ponta Grossa,
define os dispositivos de tratamento de efluentes:
Caixa Retentora de areia: a caixa de areia gradeada serve para a
retenção do material mais pesado e grosseiro, arrastado pela água na
lavagem de veículos e das instalações. Essa caixa deve ter dimensões
que proporcionem velocidade baixa de fluxo e permitam a deposição de
areia e outras partículas no seu fundo.
Caixa separadora de água e óleo (CSAO): tem por função separar os
óleos e graxas do restante do despejo, oriundo da Caixa Retentora. Os
óleos e graxas tendem a flutuar nesta caixa e, através de uma
tubulação, são retirados do efluente restante. Para definição do tamanho
das caixas, deverá ser estimado o consumo de água nas atividades
envolvidas.
Caixa Coletora de óleo: serve para receber o óleo que vem da Caixa
Separadora. É um depósito que deve ser esvaziado periodicamente.
O óleo coletado dever ser encaminhado para a Reciclagem. – Caixa de
Inspeção: caixa onde se verifica a eficiência da remoção do óleo do efluente
oriunda da Caixa Coletora com destino a rede de esgotos.
Em empresas onde se realiza a lavagem de veículos pesados, como
caminhões e maquinários, devem ser implantado sistema de reuso das águas
oriundas da lavagem destes veículos.
GERAÇÃO DE POLUIÇÃO SONORA: A geração de poluição sonora,
caracterizada pelo ruído oriundo das atividades de lanternagem como exemplo,
58
podem ser prejudiciais a saúde ocupacional do trabalhador, bem como a
população vizinha ao empreendimento.
Para este fim, se faz necessário um estudo de avaliação de ruído é um
documento técnico, com responsabilidade técnica de profissional habilitado,
que atesta as medições de nível de ruído, confrontando com as legislações e
normas técnicas vigentes, garantindo que a poluição sonora não ira afetar as
adjacências do empreendimento ou atividade.
A poluição sonora acontece quando num certo local o som altera as
condições normais de audição. Os riscos a saúde humana são vários, como:
Insônia, estresse, perda de audição, irritabilidade, cansaço, perda de atenção e
concentração, redução de produtividade.
As empresas devem atender legislações específicas com relação ao ruído
como: a norma NBR 10.151 e ABNT NBR 10.152 da ABNT, instituída como
obrigação legal na Resolução CONAMA nº. 01, de 08 de março de 1990. E em
que tange a segurança do trabalho deve-se atender o anexo 1 e 2 da NR-
15 atividades ou operações que são consideradas insalubres.
Para a realização das medições pode ser utilizado decibelímetro,
equipamento que mede os níveis de preção sonora em decibéis(dB),
devidamente calibrado com certificado. A depender do resultado da medição,
devem ser tomadas medidas de contingenciamento, como a utilização de
isolantes acústicos nas áreas onde apresentam níveis de pressão sonora altos,
enclausuramento de compressores de ar, bem como o uso de EPI´s –
Equipamentos de proteção individual, no caso de saúde ocupacional.
Os materiais a serem usados também dependerão de cada ocasião,
podendo ser incorporados as paredes, elementos como espuma acústica,
mantas de lã de vidro ou pet, madeira compensada entre outros. Existe uma
grande gama de materiais para isolamento acústico no mercado.
CONCLUSÃO
Neste trabalho, buscou-se uma análise detalhada de todos os aspectos
e impactos ambientais, bem como nas normas e legislações pertinentes a
59
atividade que envolve manutenção automotiva afim de apontar equipamentos
de proteção ambiental que minimizem a poluição.
Constatou-se uma variedade de equipamentos que diminuem a
degradação ambiental resultante dos processos realizados. Assim sendo, é
possível a recomendação e instalação destes equipamentos em oficinas
mecânicas, acompanhados de estudos detalhados relacionado a cada possível
impacto ambiental gerado.
Em tempo, sugere-se que além dos equipamentos de proteção
ambiental devem ser implantadas melhorias nos processos a fim de
economizar matérias primas e evitar na fonte, a geração de efluentes.
A gestão ambiental pode ser uma ferramenta de gestão eficaz na
redução de custos, melhoria de processos e de qualidade de vida do
trabalhador, bem como da população vizinha. Um empreendimento que
respeita e segue as normativas ambientais e preocupa-se com a comunidade
no entorno é mais bem visto por clientes e acionistas, além de ser favorecido
em questões de concorrências comerciais.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10004:2004 - Resíduos Sólidos - classificação. Disponível em:< http://www.aslaa.com.br/legislacoes/NBR%20n%2010004-2004.pdf> Data: 27/09/2016.
ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10152: Níveis de ruído para conforto acústico. Rio de Janeiro, 1987. ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10.151: Acústica – Avaliação do Ruído em Áreas Habitadas, Visando o Conforto da Comunidade. Rio de Janeiro, 2000. ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 12235/1992 - Armazenamento de resíduos sólidos perigosos. Disponível em:< http://docente.ifrn.edu.br/samueloliveira/disciplinas/quimicaambiental/apostilas-e-outros-materiais/nbr-12235-1992-armazenamento-de-residuos-solidos-perigosos/view:> Data:26/06/2016
60
ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14001:2004 – Sistemas da gestão ambiental – Requisitos com orientações para uso. Disponível em:< http://www.labogef.iesa.ufg.br/labogef/arquivos/downloads/nbr-iso-14001-2004_70357.pdf> Data: 26/09/2016 ARAUJO, A. R. Gestão Ambiental. 2007. Disponível em: http://pga.pgr.mpf.gov.br> Acesso em: 27/09/2016 BRASIL. Lei Federal n° 6938, de 31 de agosto de 1981. Política Nacional do Meio Ambiente. Brasília (DF), 1981. FELLENBERG, G. Introdução aos Problemas da Poluição Ambiental. São Paulo-EPU: Springer, 1980. 196 p. MAIMON, D. Passaporte Verde: Gestão Ambiental e Competitividade. Rio de Janeiro: Qualitymark, 1996. NUNES, G. B.; BARBOSA, A. F. F. Gestão dos resíduos sólidos provenientes dos derivados de petróleo em oficinas mecânicas da cidade de Natal/ RN, 2012. Disponível em: http://editorarealize.com. br/revistas/enect/trabalhos/Comunicacao_659.pdf. Acessado em: 27/09/2016. PAULINO, P, F. Diagnóstico dos resíduos gerados nas oficinas mecânicas de veículos automotivos do município de São Carlos-SP. UNESP – Campus de Rio Claro. 59 f. Rio Claro, 2009. PONTA GROSSA. Lei Municipal 12345/2015 institui o licenciamento ambiental municipal e da as diretrizes para a fiscalização. Lei do Licenciamento Ambiental Ponta Grossa (PR), 2015. PONTA GROSSA. Decreto Municipal nº 10996/2016 dispõe sobre o licenciamento ambiental municipal, definindo diretrizes para procedimento deste processo em empresas potencialmente poluidoras, degradadoras ou modificadoras do meio ambiente. Lei do Licenciamento Ambiental. Ponta Grossa (PR) 2016.
61
Construção de mini usina termoelétrica
utilizando materiais recicláveis e de
baixo custo para fins didáticos
Rafael Ribeiro
Dayana Mendes de Lima
Faculdades Ponta Grossa
Discentes do Curso de Engenharia Elétrica
M. Sabrina Passoni Maravieski
Faculdades Ponta Grossa
Docente do Curso de Engenharia Elétrica
RESUMO
Sabe-se que atualmente o mundo busca fontes de energias renováveis e sustentáveis. O enfoque é o estudo da eficiência e dos processos termodinâmicos envolvidos, a aprendizagem nas duas áreas de conhecimento Termodinâmico e Eletricidade. O objetivo é a construção de um protótipo de uma mini usina termoelétrica utilizando materiais recicláveis e de baixo custo, utilizando dos conhecimentos das diversas disciplinas já realizadas no curso de Engenharia Elétrica. Para isso, serão intensificadas as tentativas e aprimoramentos na execução do projeto, com a finalidade de geração de um vapor de alta potência e precisão, pois é nesta etapa que ocorre a transferência de energia cinética em energia mecânica, resultando em energia elétrica. Sabe-se que para chegar aos objetivos esperados, é necessário certo valor de tensão gerada na usina. Usina termoelétrica é uma instalação industrial utilizada para geração de energia elétrica a partir da energia liberada por qualquer produto que possa gerar calor. Mediante os objetivos propostos, intensificamos as tentativas em obter êxito, com isso, foi possível a descoberta de muitas variáveis que estariam prejudicando ou beneficiando o experimento.
Palavras-chave: energia térmica, sustentabilidade, energia elétrica.
62
ABSTRACT It is known that currently the world is looking for renewable and sustainable energy. The focus is the study of efficiency and thermodynamic processes involved, learning in two areas of Thermodynamic and Electricity knowledge. The goal is to build a prototype of a mini power plant using recyclable materials and low cost, using the knowledge of the various disciplines have carried out in the course of Electrical Engineering. For this, will be intensified attempts and improvements in project execution, with the purpose of generating a vapor of high power and precision, it is at this stage that is the kinetic energy into mechanical energy transfer, resulting in electricity. It is known that to reach the expected goals, you need a certain amount of voltage generated at the plant. Thermoelectric Power Plant is an industrial facility used for generating electricity from the energy released by any product that can generate heat. Through the proposed objectives, intensified attempts to succeed, it was possible the discovery of many variables that were harming or benefiting the experiment.
Keywords: energy, sustainability, thermal.
INTRODUÇÃO
Sabe-se que atualmente o mundo busca fontes de energias renováveis e
sustentáveis, uma vez que muitos fatores estão diretamente influenciando o
declínio do planeta, como a poluição, degradação do meio ambiente, queima
de materiais fósseis, utilização da natureza para produção de energia elétrica,
ausência de catalisadores supereficientes em fábricas e indústrias, fatores que
contribuem para o aquecimento global do planeta. Fonte: http://www.portal-
energia.com/fontes-de-energia/.
Existem processos sustentáveis e alternativos para produção de energia
elétrica, como por exemplo, a energia solar, eólica, das marés, as quais atraem
os olhos de quem idealiza um futuro melhor, sustentável e uma energia
renovável. Em uma Usina Termoelétrica, parte do processo é prejudicial ao
meio ambiente, embora possua vantagens, como a facilidade de construção
em diversas localidades, podendo ser instalada próxima a centro de
consumidores, reduzindo assim o custo de longas linhas de transmissão da
energia elétrica produzida. Fonte: http://www.academiadeciencia.org.br/site/
2012/06/28/usinas-termoeletricas/.
Do ponto de vista físico o termo “termoelétrica” vem da junção de dois
ramos da física, “termo” termodinâmica, ramo da física que estuda os efeitos da
mudança de temperatura, volume e pressão; e “elétrica” derivada de
eletricidade, ramo da física responsável pelo estudo de fenômenos associados
à carga elétrica.
63
De forma geral, este processo de geração de energia é constituído por:
uma fonte de calor, água, turbina/hélice, eixo, gerador, para que seja
transformada energia mecânica de rotação do eixo da turbina em energia
elétrica. As hélices da turbina estarão em movimento de rotação em seu eixo
através do vapor d’água, o qual é proveniente do aquecimento da água (em
estado inicial líquido) através de uma fonte de calor (caldeira) originada pela
queima de materiais fósseis/minerais, até que ocorra a passagem da água do
estado líquido para o gasoso, vaporização do modo mais rápido (ebulição).
Fonte: http://www.if.usp.br/gref/termo/termo4.pdf.
A água enquanto aquecida, quando chega a seu ponto de ebulição, é
liberada através de vapor já que a pressão interna na lata aumenta,
transferindo à turbina parte da energia cinética.
Usina termoelétrica é uma instalação industrial utilizada para geração
de energia elétrica a partir da energia liberada por qualquer produto que possa
gerar calor, como por exemplo, bagaço de diversos tipos de plantas, restos de
madeira, óleo combustível, óleo diesel, gás natural, urânio enriquecido e carvão
natural.
Outra possibilidade seria o carvão mineral, que possui cor preta, é uma
rocha sedimentar de origem fóssil (formado a partir da sedimentação de
resíduos orgânicos, em condições específicas). Ele é encontrado em jazidas
localizadas no subsolo terrestre e extraído pelo sistema de mineração. O
carvão, ao ser queimado, libera altas quantidades de energia, é composto por:
carbono (grande parte), oxigênio, hidrogênio, enxofre e cinzas.
Assim como na produção de energia hidrelétrica, em que um gerador,
impulsionado pela água, gira, transformando a energia potencial em energia
elétrica, nas termoelétricas a fonte de calor aquece uma caldeira com água
gerando vapor d'água em alta pressão, e o vapor move as pás da turbina do
gerador. A primeira usina termoelétrica do Brasil foi inaugurada em 1883,
em Campos dos Goytacazes, com potência de 52 kW. A maior usina
termoelétrica a carvão do Brasil é o Complexo Termoelétrico Jorge Lacerda em
Santa Catarina.
Em pesquisa no site da Comerc (maior gestora de energia elétrica do
país; fundada em 2001 para atender às necessidades dos consumidores que
64
entravam no nascente mercado livre de energia elétrica) encontra-se o
crescimento da matriz energética do Brasil entre 2008 a 2015:
Fonte 2008
Capacidade
MW
2015
Capacidade
MW
Variação
%
Hidrelétrica 77.091 89.811 17
Termoelétrica 17.352 25.919 49
Biomassa 4.193 12.415 196
Nuclear 2.007 1.990 -1%
Eólica 247 5.833 2261%
Fonte: http://www.panoramacomerc.com.br/?p=2400.
65
OBJETIVOS
1. Construir um protótipo de uma mini usina termoelétrica utilizando
materiais recicláveis e de baixo custo, utilizando dos conhecimentos
das diversas disciplinas já realizadas no curso de Engenharia Elétrica,
bem como as atuais, especialmente a matéria de Fenômenos dos
Transportes com base nos conhecimentos adquiridos sobre
Termodinâmica;
2. Obter energia elétrica no processo termodinâmico, com tensão final de
5 volts de corrente contínua (Vcc), tensão ideal para demonstração do
funcionamento de micromotores, e série de engrenagens;
3. Obter energia elétrica suficiente para energização de um led, tensão
de 2,5 a 3,0 volts de corrente contínua (Vcc).
Para isso, serão intensificadas as tentativas e aprimoramentos na
execução do projeto, com a finalidade de geração de um vapor de alta potência
e precisão, pois é nesta etapa que ocorre a transferência de energia cinética
em energia mecânica, com o movimento da turbina, resultando em energia
elétrica.
66
MATERIAIS E MÉTODOS
Métodos
Sabe-se que para chegar aos objetivos esperados, é necessário certo
valor de tensão gerada na usina. Para isso, o projeto se inicia na seleção do
material a ser aplicado na construção da mini usina termoelétrica.
Para determinação do que seria a fonte de calor do projeto, pensou-se
em um material de fácil e rápida queima, produção de calor, logo a opção foi o
álcool 46,2%. O álcool é rico em hidrogênio, elemento químico que tende a se
juntar com o oxigênio do ar para formar água. Esse processo de união é
fundamental para alimentar as chamas. O que explica o fato de o álcool
inflamar com tamanha facilidade é outra característica, basta à temperatura
ambiente para fazê-lo evaporar. Com o combustível na forma de vapor, a
mistura com o oxigênio do ar é muito mais efetiva e a combustão ocorre com
maior rapidez. Fonte: http://mundoestranho.abril.com.br/materia/por-que-o-
alcool-pega-fogo.
O recipiente para comportar certa quantidade de água é de material
metálico, uma lata, que coopera para a maior absorção e condutividade do
calor, à quantidade interna de água da mesma. Aplicação de um bico em uma
das suas extremidades, para a saída do vapor. É nessa etapa que
visualizamos o fenômeno físico em questão neste projeto, a vaporização.
Sabe-se que a temperatura de ebulição (uma das formas de vaporização) da
água em nível do mar (pressão de 1 atm), é de 100ºC, logo, a fonte de calor
direcionada a lata, faz com que aumente a temperatura da substância (ainda
em estado líquido), até que atinja a temperatura suficiente para iniciar a
transformação do estado líquido para o estado gasoso, vaporização.
Para escolha do bico, buscou-se um furo pequeno, pois, quanto menor o
diâmetro maior será a velocidade de saída da pressão interna exercida pelo
aumento da temperatura, por contrapartida, quanto maior a velocidade, menor
a pressão.
Para servir de hélices/turbina, idealiza-se a utilização de um mini
ventilador “cooler”, pois o mesmo traz consigo além das hélices, um motor
acoplado ao seu eixo, servindo como gerador ao protótipo. Do modo
67
convencional, o motor do mini ventilador recebe energia elétrica, que possibilita
o movimento do eixo, realizando energia mecânica. Para o projeto, o processo
é inverso, pois a produção de vapor em contato com as hélices faz com que a
energia cinética seja transformada em energia mecânica, resultando o giro do
motor e por consequência a geração de energia elétrica. Nos gases, as
moléculas e/ou átomos possuem energia cinética translacional e rotacional,
portanto quanto maior a temperatura, maior sua energia cinética.
Antes da carga instalada na saída do gerador, utilizam-se dois
capacitores, para estar armazenando a energia elétrica, lógico que em
pequena escala se comparado ao que estará sendo produzido de energia
elétrica. Os dois capacitores implantados servem para armazenar a energia
gerada, trabalhando para manter a tensão constante, uma vez que devido à
variação da temperatura da fonte de calor esta se torna oscilante.
Após isto, a implantação de leds e micro motores para demonstração de
aplicações da energia gerada.
68
Materiais e ferramentas utilizadas:
001 pç suporte metálico para protótipo
001 pç suporte de madeira do tipo pinus
001 pç lata de tinta
001 pç suporte em cobre para lata
001 pç lata de 473 ml
001 pç bico metálico
001 cx durepox
001 pç copo de medidas
001 pç seringa 5 ml
350 ml de água
200 ml álcool 46,2%
001 cx fósforo
001 pç maçarico
001 pç mini ventilador
002 pç capacitor 100 e 470uF
001 pç protoboard
001 pç motor
001 pç motor 2
006 pç LEDs 3 Vcc (vermelho, amarelo, branco, azul, rosa, RGB – red, green, blue)
002 pç chave seletora 2 posições
001 pç chave do tipo botão
001 pç chave de pulso
001 pç controlador de temperatura
001 pç sensor de temperatura
001 pç multímetro com pontas de prova
001 pç lixadeira, furadeira
001 pç estilete, alicate, chave de fenda e philips
001 gb parafusos
001 gb cabos de comando
001 rl fita dupla face
001 pç ferro de solda
001 tb estanho
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Mediante os objetivos propostos, intensificamos as tentativas em obter
êxito, com isso, foi possível a descoberta de muitas variáveis que estariam
prejudicando ou beneficiando o experimento.
Já nos primeiros testes desde o pré-projeto, uma das primeiras
características que relatamos após o aquecimento da lata, é que, ao colocar a
lata em água corrente, observou-se que a lata comprimiu, devido à variação da
temperatura interna, com a temperatura do meio em que foi colocada, e em
relação à pressão interna.
69
Em outros testes foi possível evidenciar que em relação à fonte de calor,
não seria possível realizar o protótipo com uso de carvão mineral, ou vegetal,
pois o mesmo retém o calor das chamas em brasas, dificultando a radiação do
calor, para que realizasse o aumento da temperatura na lata, não atingindo a
caloria ideal para a vaporização.
Com relação aos acoplamentos não foi obtido sucesso devido à falta de
precisão nos alinhamentos, vibrações e atritos. Na fonte geradora de vapor
foram encontrados problemas como capacidade do reservatório em questões
de volume, direcionamento e pressão na saída do vapor, resistência do
material com relação a aquecimento e pressão.
Porém com o uso no mini ventilador “cooler”, foram dispensados
acoplamentos, o que resultou na diminuição considerável de atritos e
problemas de alinhamentos. Para o reservatório foi utilizado um recipiente
maior, constatando que seu material (parede de maior espessura a receber
caloria), suportou uma pressão e caloria consideráveis.
Na fonte de geração de calor após algumas tentativas foi determinado o
uso somente de álcool 75%, que apresentou melhor condução de caloria para
aquecimento da água. Porém, foi necessária uma fonte de calor auxiliar para
acelerar o processo de aquecimento.
Contudo não conquistado o objetivo de geração de 5 volts, o resultado
conquistado foi satisfatório, pois em todos os processos onde houve a
necessidade de aprimoramentos, foram efetivadas novas considerações e
acertos. A seguir imagens dos protótipos montados e respectivos resultados.
70
Montagem da mini usina.
Imagens demonstrando os procedimentos para esvaziar a lata
Primeiro protótipo desenvolvido. Problema na turbina, com hélices não ideais para este tipo de
experimento. Peso considerável, dificultando o giro do eixo.
71
Segundo protótipo desenvolvido. Problemas no alinhamento e atritos na conexão do gerador à
turbina.
Terceiro protótipo desenvolvido. Sucesso em produção de energia elétrica, limitado a 0,66Vcc.
72
Quarto protótipo desenvolvido. É composto por tubos de cobre, utilizados para tubulações de
gás, refrigeração. As propriedades do cobre tornam este metal altamente dúctil e condutor para
ambos os atributos, seja térmico ou elétrico. Porém, a capacidade do mesmo foi para 200 ml
de água, o que é relativamente pouco, pois como o material é cobre, o aquecimento da água é
muito rápido, e com a pouca quantidade de água, não se obtém tempo suficiente para vapor de
precisão e constância.
Quinto e último protótipo desenvolvido. Sucesso em produção de energia elétrica, tensão máxima de 3,13Vcc.
CONCLUSÃO
Concluímos que, para chegarmos ao resultado esperado não é tão simples
quanto visualizamos em diversas pesquisas de experimentos já realizados, há uma
série de intervenções as quais contribuem para o não desenvolvimento do projeto.
No experimento em questão foi alcançado um resultado parcial ao desejado, uma
vez que foram diversas as intervenções encontradas no decorrer do trabalho,
conforme resultados e discussões acima dispostos.
A fonte de calor auxiliar, além de acelerar o processo de aquecimento,
contribuiu consideravelmente para o aumento da pressão, definindo que quanto
mais potente e constante for a fonte de calor, mais estável e em maior escala será a
geração de energia elétrica.
Concluído através do experimento realizado, que é possível a geração de
energia elétrica através de pequenas centrais térmicas, mesmo com as limitações
encontradas no decorrer do projeto, comprovando que a eficiência desejada levará
em conta os métodos, materiais e ferramentas utilizadas.
REFERÊNCIAS
Programa Academia de Ciência, junho de 2012.
<http://www.academiadeciencia.org.br/site/2012/06/28/usinas-termoeletricas/>
GREF, Grupo de Reelaboração do Ensino de Física – Instituto de Física da USP,
junho de 1998. <http://www.if.usp.br/gref/termo/termo4.pdf.>
Portal Energia, Fontes de energia renováveis e não renováveis, setembro de
2015. <http://www.portal-energia.com/fontes-de-energia/>
Repsol, Matriz Energética Mundial, novembro de 2015.
<https://www.repsol.com/pt_pt/corporacion/conocer-repsol/contexto-
energetico/matriz-energetica-mundial/>
Revista Abril, Álcool. <http://mundoestranho.abril.com.br/materia/por-que-o-alcool-
pega-fogo>
Panorama COMERC, Crescimento da matriz energética brasileira entre 2008 e
2015. <http://www.panoramacomerc.com.br/?p=2400>
Biodigestor na transformação de dejetos de cães e gatos em energia elétrica na cidade de Ponta Grossa
Liliane Cosmoski Rangel de Abreu Faculdades Ponta Grossa
Discente do Curso de Arquitetura e Urbanismo [email protected]
Patricia Rodrigues de Almeida Lima
Faculdades Ponta Grossa Discente do Curso de Arquitetura e Urbanismo
Roberto Pietrobelli Christensen Faculdades Ponta Grossa
Discente do Curso de Arquitetura e Urbanismo [email protected]
William Ianz Cunha
Faculdades Ponta Grossa Discente do Curso de Arquitetura e Urbanismo
Sarah Bobeck Faculdades Ponta Grossa
Docente do Curso de Arquitetura e Urbanismo [email protected]
RESUMO
O abandono de animais nos centros urbanos traz consequências negativas às cidades. Vários problemas podem ser identificados, e o que iremos abordar no presente artigo, será a quantidade de resíduos produzidos por estes animais. O objetivo deste artigo é analisar a quantidade de dejetos produzidos pelos animais abandonados na cidade de Ponta Grossa-PR, assim como relacionar alguns exemplos de produção de energia que envolvem as fezes de animais. A metodologia utilizada neste trabalho foi a revisão bibliográfica e levantamento de dados com relação à população de animais na cidade. Os resultados revelam que Ponta Grossa pode utilizar estes dejetos a seu favor, a utilização de um
abrigo a estes animais, possibilitaria o uso dos dejetos para uma produção de energia significativa. Posteriormente este estudo prévio servirá como base para a elaboração de um projeto arquitetônico de um abrigo para animais na cidade de Ponta Grossa-PR.
Palavras-chave: animais; sustentabilidade; energia.
ABSTRACT
Abandonment of animals in urban areas has negative consequences to cities. Several problems can be identified, and we will address in this article shall be the amount of waste produced by these animals. The aim of this paper is to analyze the amount of waste produced by the animals abandoned in the city of Ponta Grossa-PR, relate some energy production examples involving animal excrement. The methodology used was a literature review and survey data regarding the population of animals in the city. The results show that Ponta Grossa can use these wastes in their behalf, the use of a shelter to these animals, enable the use of waste to a significant energy production. Later this previous study will serve as basis for the preparation of an architectural design of a shelter for animals in the city of Ponta Grossa-PR.
Keywords: animals; sustainability; energy.
INTRODUÇÃO
Devido a quantidade de animais abandonados (cães e gatos) na cidade de
Ponta Grossa, aproximadamente 60 mil cachorros e 7 mil gatos, sendo que do total
cerca de 34 mil cães vivem soltos nas ruas. E de acordo com o Centro de Zoonoses
este número tende ser ainda maior, em torno de 80 mil animais na cidade,
aumentando a probabilidade da existência de mais animais abandonados (Jornal da
Manhã, 2015).
Devido aos inúmeros animais abandonados e a consequência negativa tanto
para os animais quanto para a cidade, é que este artigo analisa a
quantidade de resíduos produzidos por estes animais relacionando a alguns
exemplos de produção de energia sustentável que envolvem as fezes dos animais.
Portanto, toda a revisão bibliográfica e o levantamento de dados utilizado,
possibilitam uma avaliação positiva do método analisado. Buscando verificar que a
quantidade de resíduos antes destinada ao aterro sanitário, podendo ter um destino
sustentável e ao mesmo tempo dando a possibilidade de uma fonte renovável de
energia.
REVISÃO DE LITERATURA
No mundo a quantidade de resíduos sólidos que é descartado no meio
ambiente, seja tratada ou não, é extremamente alta. Segundo a ABNT, NBR
10.004/2004, pág. 1 resíduos sólidos são aqueles que:
“resultam de atividades de origem industrial, doméstica, hospitalar,
comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Ficam incluídos nesta
definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água,
aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de
poluição, bem como determinados líquidos cuja particularidades tornem
inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos de
água, ou exijam para isso soluções, técnica e economicamente,
inviáveis em face à melhor tecnologia disponível.”
Os resíduos sólidos apresentam características físicas, químicas e biológicas
diferentes, que variam de acordo com a fonte produtiva, e podem ser classificados
de acordo com os riscos potenciais de contaminação do meio ambiente (classe I ou
perigosos, classe II ou não-inertes e classe III ou inertes), pela natureza ou origem
(lixo doméstico ou residencial, lixo comercial, lixo público, lixo domiciliar especial,
entulho de obras, pilhas e baterias, lâmpadas fluorescentes e pneus) e para lixos de
fontes especiais como (lixo industrial, lixo
radioativo, lixo de portos, aeroportos e terminais rodoviários, lixo agrícola e resíduos
de serviços de saúde). (ICLEI, 2016)
Segundo o ICLEI (Governos Locais pela Sustentabilidade) para os mesmos resíduos
citados há um plano gerenciador, o Plano Nacional de Resíduos Sólidos da Lei
12.305/2010, que seleciona tais resíduos de outra forma, onde considera o local ou
atividade em que a geração ocorre:
Resíduos Sólidos Urbanos: divididos em materiais recicláveis (metais, aço,
papel, plástico, vidro, etc.) e matéria orgânica.
Resíduos da Construção Civil: gerados nas construções, reformas, reparos e
demolições, bem como na preparação de terrenos para obras.
Resíduos com Logística Reversa Obrigatória: pilhas e baterias; pneus; lâmpadas
fluorescentes de vapor de sódio e mercúrio e de luz mista; óleos lubrificantes,
seus resíduos e embalagens; produtos eletroeletrônicos e seus componentes;
entre outros a serem incluídos.
Resíduos Industriais: gerados nos processos produtivos e instalações industriais;
normalmente, grande parte são resíduos de alta periculosidade.
Resíduos Sólidos do Transporte Aéreo e Aquaviário: gerados pelos serviços de
transportes, de naturezas diversas, como ferragens, resíduos de cozinha,
material de escritório, lâmpadas, pilhas, etc.
Resíduos Sólidos do Transporte Rodoviário e Ferroviário: gerados pelos
serviços de transportes, acrescidos de resíduos sépticos que podem conter
organismos patogênicos.
Resíduos Sólidos do Transporte Rodoviário e Ferroviário: gerados pelos
serviços de transportes, acrescidos de resíduos sépticos que podem conter
organismos patogênicos.
Resíduos de Serviços de Saúde: gerados em qualquer serviço de saúde
Resíduos Sólidos de Mineração: gerados em qualquer atividade de mineração
Resíduos Sólidos Agrossilvopastoris (orgânicos e inorgânicos): dejetos da
criação de animais; resíduos associados a culturas da agroindústria, bem
como da silvicultura; embalagens de agrotóxicos, fertilizantes e insumos.
Gestão de Resíduos Sólidos
As características de cada tipo de resíduo exigem um modelo de
gestão adequado, que não tenha como objetivo apenas a coleta e o afastamento,
mas o tratamento ideal para cada um, com a finalidade de evitar problemas de
saúde pública e contaminação ambiental, impactos sociais e econômicos. (ICLEI,
2016)
É consenso de que a gestão dos resíduos é de interesse coletivo. Portanto,
é fundamental a superação de modelos historicamente consolidados que olham de
forma fragmentada para a gestão. Essa importante transformação mudaria a
perspectiva de que a característica do lixo é unicamente de “indesejado” ou “inútil”,
para a ótica do reaproveitamento e reciclagem, conferindo valor ao resíduo que
passa a ser utilizado como matéria-prima de processos produtivos ou fonte de
energia. (ICLEI, 2016)
Resíduos de animais - dejetos
No Brasil a pecuária gera impactos ambientais relacionados, ao
desmatamento, queimadas (para cultivos/pastagens), agrotóxicos e fertilizantes
nitrogenados, compactação do solo e o principalmente o manejo inadequado dos
dejetos animais. (SCHUCH, 2012)
O Censo Agropecuário de 2006 (IBGE), mostra que o Brasil possui uma das
cinco maiores áreas de produção rural do mundo, ocupando 38% do território
nacional com agricultura e pecuária. Assim sendo os impactos causados por essa
atividade econômica degradam e contaminam os solos, ares e águas.
Os dejetos gerados na pecuária, um conjunto de fezes animais, urina, água
desperdiçada dos bebedouros, água da higienização e resíduos de ração. São
extremamente ricos em matéria orgânica, nutrientes e alguns agentes
patógenos que, quando dispostos inadequadamente, podem impactar o solo as
águas superficiais e subterrâneas. (ECYCLO, 2016)
Além dos diversos problemas na superfície terrestre, os dejetos produzidos
por um grupo de animais contribui para à emissão de gases de efeito estufa (GEE).
A estocagem de esterco animal favorece a decomposição da matéria orgânica por
bactérias anaeróbias, o que resulta em geração de gás metano (CH4) e óxido
nitroso (N2O). (ECYCLO, 2016)
Semelhante acontece no meio urbano, uma vez que há grande população de
cães e gatos em determinadas cidades. Assim é com a cidade de Ponta Grossa, no
Paraná, que sofre com uma grande quantidade de cães e gatos soltos pelas ruas. O
abandono de animais é uma das causas de problemas de saúde pública e bem-estar
do animal, bem como resíduos gerados pelos animais.
De acordo com o IBGE de 2010 a quantidade de animais abandonados (cães
e gatos) na cidade de Ponta Grossa, contabilizava aproximadamente 60 mil
cachorros e 7 mil gatos, sendo que do total cerca de 34 mil cães vivem soltos nas
ruas. E de acordo com o Centro de Zoonoses este número tende ser ainda maior,
em torno de 80 mil animais na cidade, aumentando a probabilidade da existência de
mais animais abandonados. (Jornal da Manhã, 2015)
Segundo o jornal Daily Mail, da Grã-Bretanha, cita em nota que são coletados
anualmente mais de 700 mil toneladas de fezes de cães das ruas e enviadas aos
aterros sanitários britânicos. (BARBOSA, 2013)
Outro dado vem da cidade de Belo Horizonte, 2012. Onde a população de
cães é de 250 mil em média, e são recolhidos na região central da cidade 250kg de
dejetos por mês, equivalente a 2,5 toneladas por ano. (OLIVEIRA E SOUZA, 2013)
Desta forma uma escolha sustentável, a qual já é empregada na pecuária, e
nos centros urbanos de algumas cidades de países da Europa e Estados Unidos, é
o desenvolvimento de um biodigestor para geração de energia alternativa. É sabido
que com o biodigestor é possível transformar a matéria orgânica em energia elétrica,
sendo já utilizado na agropecuária brasileira. A
criação de animais, produz grande quantidade de dejetos, na forma de efluente
orgânico adicionado de resíduos sólidos minerais. Entretanto, todo esse resíduo,
pode ser transformado em um ativo gerador de energia. Como já ocorrem em
fazendas de bovinos e suínos na região oeste do Paraná. (Schuch, 2012).
Os biodigestores podem auxiliar na correta destinação dos dejetos dos
animais. Esses resíduos naturalmente sofrerão um processo de decomposição
quando dispostos no solo ou nos rios. Sua função é receber os resíduos em um
ambiente fechado e impermeabilizado, onde o processo de decomposição ocorre de
forma anaeróbica (sem oxigênio) e o líquido e gás gerados após a decomposição da
matéria orgânica são coletados para serem utilizados como adubo orgânico e biogás
que pode ser usado para gerar energia mecânica, térmica ou elétrica. (ECYCLO,
2016)
Essa alternativa impede que os resíduos sejam despejados in natura (sem
tratamento), preservando solos e rios, e ainda reduz a emissão de gases de efeito
estufa por capturar o gás gerado nesse processo. (ECYCLO, 2016)
O líquido produzido nesse processo pode ser utilizado como fertilizante
orgânico ou biofertilizante, pois possui muitos nutrientes, e o biogás gerado deve ser
utilizado para geração de energia. (ECYCLO, 2016)
Essa energia pode ser utilizada como gás de cozinha - como estão
fazendo os israelenses da companhia HomeBioGas - ou pode ser usado também
para geração de energia na iluminação de parques e praças de cidades,
economizando em compra de energia externa. (ECYCLO, 2016)
Um projeto de biodigestor de dejetos caninos existe no Parque Spark Project
(figuras 4 e 5), nos Estados Unidos. O parque mostrou a preocupação com os
dejetos de cachorros nas áreas destinadas ao trânsito de animais. Desta forma
propôs um biodigestor para gerar energia e conscientizar as pessoas. O metano
gerado pelo biodigestor é canalizado para um poste e queimado, formando uma
chama. Essa chama ilumina o parque durante a noite, mas principalmente serve
como um incentivo e alerta para as pessoas. (Ruivo, 2012)
Figura 1: Biodigestor no Parque Spark Projet. EUA.Fonte: http://www.parquesepracasdecuritiba.com.br/blog/2013/07/14/projeto-gera-energia-com-dejetos-
animais/.
Figura 2: Parque Spark Projet. EUA. Fonte: http://www.caogauderio.com.br/2012/08/coco-de-cachorro-gera-energia-nos-eua.html.
Tanto os dados numéricos apresentados em relação ao município de Ponta
Grossa, assim como as informações relacionados a Ponta Grossa, servem como
base de como podem ser tratados tais resíduos.
Na Suíça, uma designer desenvolveu um protótipo capaz de transformar as
fezes do cachorro em energia elétrica para utensílios domésticos. Devido a grande
quantidade de micro organismos existente nas fezes do cão (em torno de 23
milhões), Océane Izard utilizou a quantidade de bactérias a favor da sua
máquina, que transforma em corrente elétrica capaz de carregar 4 baterias no
aparelho. (SOMOS VERDES, 2015).
Segundo Izar, um cão de porte médio, produz aproximadamente 250 a 340g
de fezes por dia, isto é o suficiente para manter uma geladeira ligada por pelo
menos duas horas. (SOMOS VERDES, 2015).
Desta forma os cães residentes na Grã-Bretanha, contribuem para uma
geração de energia limpa, a partir de seus donos, que depositam os dejetos dos
animais em um coletor. O biogás pode alimentar uma turbina de geração de energia,
enquanto que o calor e gás carbônico são encaminhados até uma estufa para o
cultivo de plantas. Este sistema deve ser capaz de alimentar 60 casas de uma única
vez e gerar 200 mil horas de quilowatts por ano. E ainda retira 450 kg de gás de
efeito estufa, para cada tonelada de dejetos mantidos em aterros. (HENRIQUE,
2013).
Ciclo do Biogás de resíduos rurais
A imagem abaixo, representa o ciclo do biogás de rejeitos rurais, todo o
processo até sua destinação final, é demonstrada na ilustração.
Figura 3: Ciclo do Biogás.
Fonte: http://www.planetasustentavel.abril.com.br/blog/biogas-a-energia-
invisivel/2014/07/18/o-ciclo-do-biogas/
Desta forma pode ser visto que primeiramente os resíduos rurais são
transportados para um ambiente onde serão armazenados. Após são transferidos ao
biodigestor, onde será produzido s gás. Estes gases, são transformados em energia
e toda matéria orgânica em adubo. Isto acontece devido a diversidade de colônias
de microrganismo que se proliferam devido as condições que ali encontram, com
ausência de oxigênio elas se multiplicam, fazendo com que o biodigestor funcione.
Tudo que sai do biogás pode ser aproveitado, a matéria é transformada em
adubo, parte do gás acaba sendo transformado em energia elétrica e outra parte
pode ainda ser utilizado como combustível, já utilizado por alguns automóveis.
MÉTODOS
Foram utilizadas pesquisas bibliográficas para o levantamento de dados
quantitativos relacionados ao número de animais no município de Ponta Grossa,
causado pelo número de animais soltos nas ruas. Foram relacionados estudos de
exemplos positivos em relação ao biogás em praças e parques dos EUA, bem como
a eficácia do ciclo do biogás. O método foi baseado na procura de técnicas
alternativas para a eliminação do rejeitos destes animais que ao ficarem expostos
podem causar problemas de saúde, problemas ambientais, bem como falta de
higiene. Assim, houve a necessidade em realizar um estudo sobre a eficácia de um
biodigestor, favorecendo os cidadãos de Ponta Grossa com a geração de energia
elétrica e calçadas limpas.
RESULTADOS
Foi possível com a revisão de literatura, constatar grande população de
animais no município de Ponta Grossa. E um método alternativo de conduzir os
rejeitos de animais.
Aplicando diretrizes sustentáveis no direcionamento das soluções dos dejetos
de cães e gatos, é possível converter todo o material em energia. Assim um cão de
porte médio que produz aproximadamente 250 a 340g de fezes por dia (HENRIQUE,
2013), anualmente este cão produzirá 90kg de fezes anualmente. Tendo em vista
que Ponta Grossa tem em média 34mil animais soltos nas ruas, contabilizando
anualmente são recolhidos em torno de mais de 3 milhões de toneladas de fezes de
cães das ruas da cidade.
É devido a este grande número de dejetos, que é proposto uma intervenção
quanto a manipulação destes dejetos, sendo a melhor opção um biodigestor para
que a este material tenha um destino correto e melhor utilizado.
Se na Grã-Bretanha, são coletados anualmente mais de 700 mil toneladas de
fezes de cães das ruas e o sistema de geração de energia é capaz de alimentar 60
casas e gerar 200 mil quilowatts/hora por ano. Em Ponta Grossa, conseguiremos
uma quantidade ainda maior, é capaz de manter sozinho um abrigo para estes
animais e ainda alimentar praças parques da cidade. (SOMOS VERDES, 2015).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A escolha sustentável aplicada na pecuária brasileira, gerando energia
através de biodigestores nos incentiva a buscar a tecnologia a favor de problemas
urbanos.
Tendo conhecimento dos fatos, é sabido que o abandono de animais afeta de
forma negativa a saúde, tanto animal como humana. E um dos inúmeros problemas
dos animais nas ruas são os dejetos por eles produzidos. Os estudos citados
mostram claramente que é possível e eficaz a transformação desta matéria em
energia.
O panorama descrito nos resultados nos mostra a necessidade da adoção de
métodos capazes de limpar nossas ruas e beneficiar a população em contrapartida.
É fato que será preciso um ambiente para que estes animais permaneçam, um
abrigo para que tenham boas condições, contudo, o breve estudo deixa claro que a
quantidade de fezes produzido por diversos animais, é capaz de manter acessa
praças, parques, órgãos públicos, entre outros ambientes que necessitem de
energia elétrica.
Outro benefício da geração de energia através de dejetos de cães e gatos, é
que todo este material não será destinado ao aterro sanitário da cidade, conforme
citado no resultado são aproximadamente 3 milhões de toneladas de fezes
despejados no aterro anualmente. Além da redução de lixo a redução da emissão de
gases de efeito estufa para a atmosfera que por meio do biogás, colabora para frear
o aquecimento global.
Os dejetos animais através da biodigestão, além de produzirem energia
elétrica podem ser utilizados diretamente como gás combustível alimentando
automóveis.
Este artigo compreende uma das fases do estudo para o desenvolvimento de
um Abrigo Sustentável, na cidade de Ponta Grossa, o qual será tema do trabalho de
conclusão de curso pela acadêmica Liliane C. Rangel de Abreu. A primeira etapa,
foram os índices de animais abandonados na região, o problemas causados e o
próprio bem estar animal. Conforme descrito no artigo apresentado PROPOSIÇÃO
DE ABRIGO SUSTENTÁVEL PARA CÃES E GATOS NA CIDADE DE PONTA
GROSSA-PR, na Semana de Iniciação Científica Faculdades Ponta Grossa 2015,
será realizada uma pesquisa aprofundada sobre os diversos tipos de materiais
sustentáveis, sendo alguns recicláveis e/ ou reutilizáveis que irão fazer parte do
projeto arquitetônico final, bem como qual biodigestor será implantado no projeto.
Todavia as informações citadas, apesar de breve, nos dão a certeza que é
possível tal solução. O problema apresentado, que ocasiona poluição ambiental e
possível transmissor de doenças, pode ser trabalhado desde que se tenha interesse
e incentivo pela causa.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
ABNT, Resíduos Sólidos – classificação. ABNT, NBR 10004/2004. Disponível em <http://www.videverde.com.br/docs/NBR-n-10004-2004.pdf>.Acesso em 20 de setembro de 2016. BARBOSA, Vanessa. Fezes de cachorro vão gerar energia gratuita na Grã-Bretanha. Revista Exame, 2013. Disponível em: <http://exame.abril.com.br/mundo/noticias/fezes-de-cachorro-vao-gerar-energia-gratuita-na-gra-bretanha>. Acesso em 06 de setembro de 2016.
EQUIPE ECYCLO. Uso de biodigestores é uma alternativa para reduzir impacto
ambiental das atividades rurais e aumentar a renda do produtor. ECyclo – Sua pegada mais leve. Disponível em: <http://www.ecycle.com.br/component/content/article/63/4218-biodigestores-funcionamento-auxiliar-sustentabilidade-atividade-rural-agricultura-pecuaria-decomposicao-anaerobica-residuos-dejetos-animais-geracao-biogas-biofertilizante.html>. Acesso em 01 de setembro 2016.
IBGE. Censo Agropecuário 2006. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/ economia/agropecuaria/censoagro/2006/>. Acesso em 15 de setembro de 2016. HENRIQUE. Meio ambiente técnico. Blog Meio Ambiente Técnico. Disponível em: <http://meioambientetecnico.blogspot.com.br/2013/05/fezes-de-cachorros-gerarao-energia.html>. Acesso em 29 de agosto de 2016. ICLEI. Resíduos Sólidos. ICLEI Resíduos- Apoiando a gestão local de resíduos. Disponível em: <http://www.iclei.org.br/residuos/site/?page_id=349>. Acesso em 06 de setembro de 2016. JORNAL DA MANHÃ. O IPTU e o animal abandonado. Jornal da Manhã, 2015. Disponível em: <http://parede.info/jornaldamanha/secoes/editorial/o-iptu-e-o-animal-abandonado/>. Acesso em 25 de setembro de 2016. SOMOS VERDES. Máquina que transforma cocô do seu cachorro em energia elétrica! Somos Verdes. Disponível em: <http://somosverdes.com.br/maquina-que-transforma-coco-do-seu-cachorro-em-energia-eletrica-sera-possivel/>. Acesso em 29 de agosto de 2016. OLIVEIRA E SOUZA, Junia e Clarisse. Regras que impõem multa a quem deixa fezes de animais na rua confundem população 2013. Gerais. Disponível em < http://www.em.com.br/app/noticia/gerais/2013/06/07/interna_gerais,401350/regr as-que-impoem-multa-a-quem-deixa-fezes-de-animais-na-rua-confundem-populacao.shtml>. Acesso em 15 de setembro de 2016.
RUIVO, Andra Dimitri. Coco de cachorro gera energia nos EUA. Disponível em: <http://www.caogauderio.com.br/2012/08/coco-de-cachorro-gera-energia-nos-eua.html>. Acesso em 02 de setembro de 2016. SCHUCH, Sérgio Luís. Condomínio de agroenergia: potencial de disseminação na atividade agropecuária. / Sérgio Luís Schuch — Cascavel, PR: UNIOESTE, 2012. Disponível em: <http://www4.unioeste.br/portalpos/media/File/energia_agricultura/pdf/Dissertacao_Sergio_Schuch.pdf>. Acesso em 01 de setembro de 2016.
ADEQUAÇÃO DO LAYOUT DA ESTRUTURA FISICO-FUNCIONAL DA UNIDADE
DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO DO HOSPITAL MUNICIPAL DE PONTA
GROSSA
Amanda Gomes Banhos Faculdades Ponta Grossa
Discente do Curso de Nutrição [email protected]
Anna Cláudia Menarim
Faculdades Ponta Grossa Discente do Curso de Nutrição
Lucas Junior da Fonseca Faculdade de Telêmaco Borba
Discente do Curso de Engenharia Civil [email protected]
Damaris Godoy Leite
Faculdades Ponta Grossa Docente do Curso de Nutrição
RESUMO
Uma Unidade de Alimentação e Nutrição (UAN) é o local que
tem a finalidade de oferecer alimentação adequada para a
população com nutrientes necessária para atender as
necessidades energéticas diárias, padrões higiênicos sanitários
e dietéticos. O planejamento da UAN é de extrema importância,
pois presa o conforto dos clientes e evita contaminações
cruzadas, erro de localização e aumento de custo. O objetivo
desse trabalho é readequar o layout da UAN hospitalar de
acordo com as legislações. Para ser feito a readequação do
layout foi realizada uma visita no local. Utilizou se como
ferramenta de apoio do projeto os seguintes equipamentos:
trena, planta baixa fornecida pelo hospital e check list da CVS-
5/2013. Após o local ter sido avaliado pelo check list foram
notadas algumas irregularidades como: sistema de ventilação,
instalações de luz, equipamentos, edificação, piso, paredes e
teto, além de não possuir chuveiro para os funcionários. No
layout proposto foi modificado a estrutura física, sendo
adicionadas portas, janelas e
paredes, além de chuveiro para funcionários. Foi adequada a
saída do lixo e a adicionado lavabo no refeitório dos clientes.
Conclui-se que com o layout modificado ocorrera um melhor
funcionamento da UAN facilitando e otimizando o trabalho dos
funcionários. Porem deve ser realizado mais estudos sobre
esse tema, pois estes são bem escassos.
PALAVRA- CHAVES: Unidade de Alimentação e Nutrição Hospitalar. Layout. Estrutura física.
ABSTRACT
A Unit of Food and Nutrition (UAN) is the location that is intended to provide adequate food for the population with nutrients needed to meet the daily energy needs, health and dietary hygiene standards. The planning of UAN is extremely important because it stuck the comfort of customers avoiding cross-contamination, tracking error and increase cost. The aim of this work is to readjust the layout of the hospital UAN according to the laws. To be made to readjust the layout was done visiting the site. If used as design supports tool the following equipment: measuring tape, floor plan provided by the hospital and check list of CVS-5/2013. After the site has been evaluated by the check list were noted some irregularities such as: ventilation system, light installation, equipment, building, floor, walls and ceiling, in addition to not have a shower for employees. In the proposed layout has been modified physical structure, being added doors, windows and walls, and a shower for employees. It was adequate trash output and added toilet in customer cafeteria. It was concluded that with the modified layout occurred a better functioning of UAN facilitating and optimizing the work of employees. However it should be carried out more studies on this subject, because they are very scarce. KEYWORDS: Power Unit Nutrition Hospital. Layout. Physical structure.
INTRODUÇÃO
Uma Unidade de Alimentação e Nutrição (UAN) é formada por um conjunto de
áreas e serviços que tem como responsabilidade produzir refeições
balanceadas dentro dos padrões higiênico-sanitárias e dietéticos, no qual deve
atender as necessidades nutricionais dos consumidores, adequadas aos recursos
financeiros da unidade (SILVA; BATISTA, 2012).
As refeições oferecidas devem ser planejadas com cuidado e com todos os
nutrientes, e o ambiente deve ser agradável para que os clientes usufruam da
refeição e os funcionários trabalhem com conforto e segurança.
Dentre as áreas de UAN, uma delas são as UAN’s hospitalares, cuja a
finalidade é produzir refeições aos pacientes e funcionários, levando em
consideração a segurança alimentar, microbiológica e físico-química e o valor
nutricional.
Nesse estabelecimento, cabe ao nutricionista planejamento de cardápio,
supervisionar o dimensionamento, a seleção, a compra e a manutenção de
equipamentos e utensílios, e também a execução da adequação de instalações
físicas, equipamentos e utensílios (BRASIL, 2005).
Uma UAN hospitalar deve apresentar uma estrutura física adequada, no qual
a conservação dos alimentos e execução das atividades e tarefas seja confortável e
segura, tanto para os clientes como para os funcionários.
Pimentel (2006) afirma as pessoas enfermas são debilitadas em
consequência da doença de base, e necessitam de todas as medidas que visem a
sua melhora e recuperação com tempo mínimo de internação. Levando isso em
conta é importante todas as medidas que visem a garantia das inocuidades das
refeições servidas, controlando todas as possíveis formas de contaminação química,
física e microbiológica que poderiam agravar a saúde dos enfermos. Para isso, um
dos fatores essenciais a considerar é uma área física que atenda aos quesitos
estabelecidos nas legislações sanitárias.
O planejamento da UAN é de extrema importância, pois quando feito com
cautela, visa questões como praticidade e funcionalidade da cozinha, economia,
posição de equipamentos em local estratégico, fluxogramas corretos, evita
contaminação alimentar e economiza tempo, além de evitar gastos futuros.
Guimarães (2006) afirma que a análise da estrutura física e funcional de um
estabelecimento é uma das etapas mais importantes quando está se projetando o
local.
O fluxograma da UAN deve ser feito de modo que não haja cruzamento entre
as matérias-primas, evitando assim Doenças Transmitidas por Alimentos (DTA).
As DTA’s são um problema de saúde pública mundial, no qual é identificada
quando uma ou mais pessoas apresentam sintomas parecidos (entre eles, náusea,
dor de estômago, diarreia, vômito e febre), acometidos pela ingestão de alimentos
contaminados com microrganismos patogênicos, suas toxinas, objetos lesivos ou
substâncias químicas (OLIVEIRA, 2010).
O layout é essencial para um bom planejamento, pois aperfeiçoa os
processos, garante eficiência para produção, satisfação dos clientes e diminui
custos. Um layout é uma imagem observada de cima, no qual mostra onde ficam
posicionados os equipamentos, paredes, janelas, portas, entre outros itens.
Segundo Júnior (2009) o layout deve obter a disposição mais agradável de
um ambiente, evitando sérios problemas como má utilização dos locais, demolição
de paredes ou estruturas e evita custos altos no rearranjo.
O fluxograma, posicionamento de equipamentos e de setores é definido na
planta baixa, no qual representa importante etapa no planejamento. É um
procedimento complexo em que deve haver uma equipe multiprofissional no
processo, devendo incluir um engenheiro civil, o arquiteto, engenheiro eletricista, o
nutricionista, entre outros (SANT’ANA, 2012)
O presente estudo mostra como o planejamento, um layout e um fluxograma
previamente estudado e corretamente feito, reduz risco de contaminação alimentar
feita por cruzamentos e evitam acidentes no trabalho, e que é possível uma
adequação de uma UAN mal planejada.
O objetivo do trabalho é adequar o layout da UAN do Hospital Municipal de
Ponta Grossa e comparar com a estrutura original, afim de minimizar as chances de
contaminação alimentar e preservar a saúde e bem-estar dos clientes e funcionários.
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Uma UAN tem como objetivo a produção de refeições balanceadas tendo
padrões dietéticos e higiênicos, no qual visa atendimento das necessidades
nutricionais dos clientes. Deve-se planejar qualquer ação em uma UAN, pois isso
possui influência direta na qualidade do serviço (SILVA; BATISTA, 2012).
Na alimentação coletiva, a promoção de saúde estabelece ampla relação com
a segurança alimentar e nutricional. O nutricionista nessa área tem o papel de
organizar a equipe de trabalho, materiais e recursos financeiros, no planejamento e
na produção das refeições, tanto nos aspectos sensoriais, nutricionais e
microbiológicos, visando a saúde dos consumidores (FONSECA; SANTANA, 2001).
As boas práticas são procedimentos na área da alimentação em que possui
normas de procedimentos para atingir a qualidade de um produto ou serviço, no
sentido de assegurar a qualidade higiênico-sanitária dos alimentos (OLIVEIRA,
2004).
Segundo Pohren (2014), deve-se haver o controle das condições higiênicos-
sanitárias em UAN’s, pois há diferentes fontes de contaminação por alimentos, tendo
a estrutura física papel significativo para evitar esse acontecimento.
A qualidade do produto final de uma UAN, está diretamente relacionada a
mão de obra, condições físicas e ambientais. As condições físicas e ambientais
inadequadas abrangem problemas como espaço reduzido, ruídos excessivos,
temperatura e umidade (FONSECA; SANTANA, 2001).
Para um processo aperfeiçoado no local, melhoria na produção dos
alimentos, planejamento diário e satisfação do cliente é necessário um layout
(imagem do estabelecimento vista de cima) bem estruturado e estudado
previamente, com disposição agradável do ambiente e utilização eficaz dos locais
(JÚNIOR, 2009).
A planta baixa, no qual se encontra o posicionamento dos equipamentos e
setores, deve ser realizada por uma equipe multidisciplinar (SANT’ANA,2012), pois
compreende-se uma das etapas mais importantes no
planejamento de uma UAN, diminuindo risco de contaminação alimentar
(GUIMARÃES, 2006).
Um layout deve levar em consideração não somente fatores técnicos
operacionais, mas principalmente fatores que interagem nos caminhos dos
componentes, a fim de obter o relacionamento mais eficiente e econômico entre os
homens, equipamentos, funções, movimentos e atividades, desde o início ao fim do
processo (PINTO et al, 2013).
Diante disso, planejar uma UAN é importante tanto na questão economia,
como funcionalidade da cozinha, pois evita cruzamentos dos alimentos e
funcionários, má utilização ou falta de equipamentos, falta de ventilação e elevação
dos custos (TEIXEIRA et al, 2004).
MATERIAL E MÉTODOS
Este trabalho é de natureza aplicada, de abordagem qualitativa, tendo como
classificação estudo de caso.
Foi observada a UAN do Hospital Municipal de Ponta Grossa para a coleta de
dados.
Para realizar a coleta de dados, os acadêmicos entraram em contato com a
nutricionista do local que permitiu a realização da pesquisa.
Foi utilizado o questionário da CVS-5 (2013) para a obtenção de dados, como
também pela entrevista da nutricionista do setor.
Utilizou-se também uma trena de 20 metros, dividida em cm, para medir
paredes, portas e paredes de Medium Density Fiberboard (MDF). Foi disponibilizado
também pela nutricionista, uma planta baixa do hospital, no qual continham o
tamanho das áreas, mas os valores ali mostrados, não batiam com os valores
aferidos pelos acadêmicos de nutrição e engenharia civil, sendo utilizado no
trabalho, o tamanho das áreas obtidos pelos acadêmicos.
Foi verificado no estabelecimento, o espaço físico, estrutura física,
instalações, equipamento, ventilação, iluminação, utensílios, móveis, manejo de
resíduos, controle de pragas, abastecimento de água, esgoto, estado de saúde dos
manipuladores e hábitos higiênicos, equipamentos de proteção
individual, produção e armazenamento de alimentos, manual de boas práticas e
Procedimentos Operacionais Padronizados (POP).
Após a identificação dos problemas foi realizada uma proposta de layout,
utilizando o programa Autocad.
Após todos os dados, foi possível a adequação do layout da UAN do Hospital
Municipal.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados obtidos no check list da CVS 5 (2013), apresentou um resultado
de 70% satisfatório. Notou-se com o check list, que os problemas da UAN hospitalar
são referentes a estrutura e layout do local.
A UAN do hospital possui três nutricionistas que adaptaram a construção para
um fluxo favorável, mas mesmo assim, não conseguiram adequar em diversas
situações, como saída de lixo.
Alguns itens precisam ser melhorados, como sistema de ventilação,
instalações de luz, equipamentos, edificação, piso, paredes e teto, além de não
possuir chuveiro para os funcionários (PORTARIA 2619/11).
A CVS 5 (2013) diz que as instalações devem ser separadas por meios
físicos, o qual não acontece no hospital, pois existem divisórias em MDF em vários
pontos da UAN. As paredes e tetos não possuem cerâmica e apresentam mofo e
desgaste do material da parede (descascado), além de não ser lavável. Um estudo
feito por Pohren (2014) também encontrou semelhanças na estrutura de uma UAN
como mofos, bolores e rachaduras, no qual dificultava a limpeza e podendo haver
contaminação dos alimentos.
Outro problema que deve ser solucionado é a ventilação. A UAN possui
apenas uma janela, localizada na área de pré-preparo na qual não garante conforto
térmico aos funcionários, principalmente aqueles que trabalham na área da cocção.
No refeitório também não haviam janelas. Pimentel (2006) observou em uma UAN
hospitalar do Distrito Social, que a temperatura também não garantia conforto
térmico aos funcionários.
A iluminação da UAN é artificial, pela carência de janelas. As lâmpadas
possuem fios soltos e sem proteção contra explosões e quedas acidentais.
Souza (2009) afirma que em relação ao controle higiênico-sanitário, o lixo é
considerado o mais preocupante fator de contaminação. A UAN hospitalar estudada
não possui saída de lixo, o qual precisa passar pela área de cocção, causando
cruzamento, podendo gerar DTA’s.
Após o conhecimento do local e feito o check list, pode-se verificar o que
deveria ser melhorado na UAN e definido o que seria modificado.
A RDC 216 (2004) detalha como devem ser as instalações: o teto, paredes e
chão devem ser revestidos de material lavável e impermeável; a iluminação deve
proporcionar boa visualização das atividades e serem protegidas contra quedas e
explosões; deve haver boa ventilação afim de evitar fungos, gases, fumaças, vapor,
entre outros; obter um fluxo sem cruzamento.
A Figura 1 mostra o layout atual do hospital, antes de ser modificado. Pode-se
observar que não possui saída do lixo, chuveiro para funcionários e janelas.
Figura 1 – Planta baixa atual da UAN hospitalar
Fonte: Pesquisa de campo (2016)
A planta do hospital atual mostra todos os problemas citados anteriormente. A
Figura 2 mostra uma proposta de layout, com o intuito de adequar o fluxo, confortar
os clientes e funcionários e evitar as DTA’s.
Figura 2: Proposta de Layout para o Hospital
1
2 3 3
2
4
5
6 7
8 9 10
11
12
13
14
15
16
LEGENDA
1 Recebimento de matérias-primas
2 Estoque de produtos de limpeza
3 Banheiros separados por sexo
4 Estoque seco
5 Câmara fria
6 Pré-preparo de hortifrútis
7 Cocção
8 Sala da nutricionista
9 Sala sem utilidade
10 Área de armazenamento
de utensílios da cozinha
11 Geladeiras
12 Carrinhos dos pacientes
13 Lavagem de utensílios dos
clientes
14 Monta-Carga
15 Refeitório
16 Área de lavagem de
caixas de hortifrútis
10 15
Fonte: Pesquisa de Campo (2016)
A proposta mostra modificações em alguns pontos:
No estoque seco foi colocado uma parede, para que as verduras que
são levadas para a câmara fria, não passem pelo meio do estoque seco,
evitando sujeira;
A sala que não possuía atividade, foi transformada em estoque de
produtos de limpeza;
Foi colocada uma porta para a entrada dos alimentos limpos na área
dos carrinhos dos pacientes, para agilizar e facilitar o serviço;
Uma porta para a saída de lixo foi posta, evitando o cruzamento do
limpo e sujo;
Foi adicionado um lavabo no refeitório dos clientes;
LEGENDA
1 Recebimento de matérias-primas
2 Estoque de produtos de limpeza
3 Banheiros separados por sexo
4 Estoque seco
5 Câmara fria
6 Pré-preparo de hortifrútis
7 Cocção
8 Sala da nutricionista
9 Área de armazenamento
de utensílios da cozinha
10 Geladeiras
11 Carrinhos dos pacientes
12 Lavagem de utensílios dos
clientes
13 Monta-Carga
14 Refeitório
15 Área de lavagem de
caixas de hortifrútis
16 Saída de lixo
1
2
3 3 4
5
6 7
8 9 11
12
13
14
16
Janelas foram colocadas no layout para melhorar a sensação térmica,
ventilação e iluminação.
Essas modificações melhorarão o trabalho dos funcionários, além de trazer
conforto e evitar contaminações de alimentos.
Além da estrutura, sugere-se que as paredes e tetos sejam revestidos por
material liso, sem frestas, resistentes, impermeáveis e lavável, assim como manda a
RDC 216 de 2004.
Nas lâmpadas devem ser colocadas proteções contra explosões e quedas
acidentais (CVS 5, 2013).
CONCLUSÃO
O estabelecimento de um layout em uma UAN hospitalar auxilia no bom
funcionamento, organização, facilita e otimiza o trabalho dos funcionários, visando
assim, a importância de estudar o local anteriormente e a partir disso, definir o
layout.
O presente artigo abordou a questão estrutural de uma UAN hospitalar.
Através da observação local, check list e a planta, notou-se que há diversas
inadequações, como falta da saída do lixo, ventilação escassa, má iluminação e
paredes e tetos incorretos de acordo com a legislação, podendo terem sidos
evitadas com um estudo breve e detalhado da UAN.
O Layout proposto alcançou os requisitos do fluxo favorável, evitando a
contaminação dos alimentos e conforto dos funcionários e clientes.
Conclui-se que mais estudos devem ser feitos nessa área, pois as pesquisas
sobre o tema são escassas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Função das áreas verdes: análise do parque de Ibirapuera - SP
Function of green areas: analysis of Ibirapuera Park - SP
Thais Cristine Mainardes2 Faculdades Ponta Grossa
Discente do Curso de Arquitetura e Urbanismo [email protected]
Roberto Pietrobelli Christensen²
Faculdades Ponta Grossa Discente do Curso de Arquitetura e Urbanismo
Patrícia Rodrigues de Almeida de Lima ³ Faculdades Ponta Grossa
Discente do Curso de Arquitetura e Urbanismo [email protected]
Liliane Cosmoski Rangel de Abreu4
Faculdades Ponta Grossa Discente do Curso de Arquitetura e Urbanismo
Sara Helena Bobeck5
Faculdades Ponta Grossa Docente do Curso de Arquitetura e Urbanismo
RESUMO:
Devido ao rápido processo de urbanização e a ocupação desordenada do solo, as cidades foram degradando-se, resultando em uma redução de áreas verdes o que resultou em uma má qualidade de vida para as pessoas, por isso é de suma importância a implantação de áreas verdes e da preservação das já existentes pois elas atuam como um importante indicador em ralação a qualidade ambiental na cidade, pois possuem funções ecológicas, recreativas e estéticas, contribuindo diretamente na qualidade de vida do indivíduo. PALAVRAS CHAVE: Áreas verdes, urbanização, lazer e recreação.
ABSTRACT:
2 Graduando do Curso de: Arquitetura e Urbanismo das Faculdades Ponta Grossa.
Due to the rapid process of urbanization and the disorderly occupation of land, the cities were degrading, resulting in a reduction of green areas which resulted in a poor quality of life for people, so it is of paramount importance to areas of deployment green and the preservation of existing because they act as an important indicator in grating the environmental quality in the city, as they have ecological, recreational and esthetic functions, contributing directly to the individual qualities of life. KEY-WORDS: Keywords: Green areas, urbanization, recreation.
1. INTRODUÇÃO
O rápido processo de urbanização que desencadeou-se devido ao
crescimento populacional e consequentemente pelo aumento de moradias, fez com
que as cidades que não estavam prontas para absorver tais mudanças sofressem
com a redução de espaços habitáveis e, portanto, a diminuição das áreas verdes.
(JUNIOR, 2008)
Até o século XIX as cidades brasileiras apareciam como uma expressão
oposta ao rural, onde se valorizava o espaço construído. Os jardins públicos com
finalidades de lazer foram introduzidos em solo brasileiro com a chegada da família
real e posteriormente se disseminando em jardins privados na maioria das vezes
nos grandes centros. No início do século XX surgem jardins, praças e parques
arborizados em cidades enriquecidas com a plantação de
café principalmente em São Paulo. Nesse período se inicia no país uma nova
concepção de paisagem urbana. (GOMES; SOARES, 2003).
A importância da vegetação na contemporaneidade se dá em função da
composição atmosférica, equilíbrio solo-clima e poluição sonora. Este trabalho tem
como objetivo o conhecimento da função das áreas verdes e suas características no
âmbito urbanista, bem como, a análise do Parque Ibirapuera de São Paulo.
2. OBJETIVOS
Este trabalho tem como objetivo o conhecimento sobre a importância das
áreas verdes, seus efeitos sobre o meio ambiente e a influência dos mesmos
atuando no âmbito funcional, estético e psicológico.
3. ÁREAS VERDES
A desordenada ocupação do solo urbano resulta em constantes problemas a
população, pois a mesma sofre com dificuldades de moradia, de infraestrutura, de
transporte coletivo etc. Pensando nisso o Poder Público regulamentou suas
atividades para que o correto ordenamento territorial seja aplicado e para que a
população tenha garantias de bem-estar social. (BENINI, 2010)
Segundo (ARFELI, 2004) o bem-estar social confina com o bem comum, isto
é, o bem de todos e de cada um, do qual depende a felicidade geral. Sua proteção
cabe as entidades estatais porque todas elas são instituídas para a defesa dos
interesses da comunidade.
É necessário pensar e planejar a cidade para as pessoas que nela habitam,
de forma que a cultura, os costumes, a memória e o bem-estar social sejam
valorizados. (ARFELI, 2004) Ao lado do traçado urbano, das fachadas arquitetônicas
e do mobiliário urbano, as áreas verdes como um dos componentes fundamentais
da paisagem, no cenário da ordenação urbanística, também têm uma função social.
É também elemento de equilíbrio psicológico
de reconstituição de tranquilidade, de recomposição do temperamento. Sua correta
distribuição no traçado urbano oferece colorido e plasticidade ao meio ambiente
urbano.
Dentro do espaço urbano construído, encontra-se o meio ambiente artificial,
que é o local onde o homem exerce suas funções cotidianas. Segundo (SILVA,
1997), o meio ambiente artificial pode ser dividido em:
- Espaço urbano fechado: abrange um conjunto de edificações onde os integrantes
da coletividade moram ou exerçam atividades comerciais, industriais, de prestações
de serviços, intelectuais, religiosas etc.
- Espaço urbano aberto: composto pelos equipamentos e bens públicos ou sociais
criados para servir ás unidades edilícias e destinados a atender ás necessidades
dos habitantes, consiste nas áreas geográficas de terra ou de água, que circundam
os espaços edificados, e que exercem influência direta na qualidade de vida urbana.
A tarefa do planejamento das áreas verdes se baseia em analisar, inventários
e projetar informações que de certo modo relacione o comportamento, lazer e
recreação em uma área geográfica se baseando em indicadores sensíveis as
características físicas, sociais e políticas de uma sociedade. (MORENO, et. al 2007)
Segundo (GOMES; SOARES, 2003) a vegetação deve ser entendida como
um componente necessário do espaço aproximando-se das condições ambientais
normais e fazendo da vegetação um elemento reestruturador.
A vegetação urbana favorece a qualidade ambiental nas cidades, atuando no
controle da poluição do ar, melhorando o conforto ambiental, atua sobre a saúde
física e metal do indivíduo, proporciona o convívio social e atua na plasticidade na
cidade oferecendo uma diversidade de paisagens.
Funções da Vegetação no Espaço Urbano
Composição Atmosférica
- Ação purificadora por fixação de poeiras e materiais residuais;
- Ação purificadora por depuração bacteriana e de outros microorganismos;
- Ação purificadora por reciclagem de gases através de mecanismos
fotossintéticos;
- Ação purificadora por fixação de gases tóxicos.
Equilíbrio solo-clima-vegetação
- Luminosidade e temperatura: a vegetação ao filtrar a radiação solar, suaviza
as temperaturas extremas;
- Umidade e temperatura: a vegetação contribui para conservar a umidade do
solo, atenuando sua temperatura;
- Redução na velocidade do vento;
- Mantém as propriedades do solo: permeabilidade e fertilidade;
- Abrigo à fauna existente;
- Influencia no balanço hídrico.
Níveis de Ruído
- Amortecimento dos ruídos de fundo sonoro contínuo e descontínuo de
caráter estridente, ocorrentes nas grandes cidades.
Estético
- Quebra da monotonia da paisagem das cidades, causada pelos grandes
complexos de edificações;
- Valorização visual e ornamental do espaço urbano;
- Caracterização e sinalização de espaços, constituindo-se em um elemento
de interação entre as atividades humanas e o meio ambiente.
As áreas verdes englobam locais onde a vegetação arbórea é predominante
por meio de praças, parques e jardins devendo servir a todo a
população, atingindo as necessidades reais de seus usuários, para isso é
necessário um planejamento criterioso em relação a infraestrutura para obtenção de
um equilíbrio. (MORENO, et. al. 2007).
Segundo ARFELLI (2004), as áreas verdes caracterizam-se pela cobertura
vegetal, o que as distinguem da simples arborização de avenidas como elemento
acessório, presentes em avenidas ou canteiros centrais.
Sobre as áreas verdes podem existir a implantação de alguns equipamentos
ou edificações, desde que não prejudiquem sua vegetação e não a façam perder
sua real função que é a de lazer, recreação e contemplação.
Segundo (VIEIRO, 2009), os benefícios trazidos pelas áreas verdes decorrem
da vegetação inserida no espaço, seus aspectos subjetivos e a influência do
psicológico, propiciado pelo contato com a área verde e por seu uso voltado ao
convívio social. a) a vegetação atenua de forma direta no conforto ambiental. b)
melhoria no microclima pela filtragem da radiação solar, efeito sobre a umidade do
Figura 01: Tabela de funções das áreas verdes
Fonte: (Gomes; Soares. 2003)
ar e sobre o ciclo hidrológico. c) ação contra a poluição por meio da retenção das
partículas poluidoras. d) conforto lumínico por proporcionar sombra e formar
barreiras contra o ofuscamento das luzes. e) barreira acústica, quando a vegetação
utilizada for densa.
Os valores atribuídos as praças/parques e jardins podem ser divididos em três
categorias:
1- Valores ambientais: diz respeito aos espaços livres, que permite melhorias na
ventilação, as árvores promovem o sombreamento da ruas e canteiros promovendo
a diminuição da irradiação de calor tanto do asfalto quanto do concreto
proporcionando um controle de temperatura.
2- Valores funcionais: áreas servindo como ponto de encontro, local aberto para
apreciação da paisagem. Podendo apresentar atrativos destinados ao lazer da
população.
3- Valores estéticos/ simbólicos: função das praças e parques como objeto
referencial e muitas vezes cênicos ascendendo papel na identidade de um
município, bairro ou rua, carregando um aspecto histórico-cultural ou remetendo as
qualidades plásticas como cor, forma e textura.
A utilização de áreas verdes como espaço destinado ao lazer, recreação ou
contemplação da natureza deve ser pensado de forma que se distribua na malha
urbana desde o centro até as periferias mais afastadas.
3. PARQUE IBIRAPUERA
O parque urbano é um produto da cidade moderna a partir da necessidade
das cidades em possuir espaços adequados para atender uma nova demanda
social, conduzindo a sensação de descanso e entretenimento por meio do contato
com a natureza ou pela oferta de atividade lúdicas. (JUNIOR, 2008)
A década de 50 foi marcada pela verticalização na área central de São Paulo.
Grandes reformas na estrutura da cidade foram vistas como a criação de parques,
áreas verdes, monumentos e espaços públicos diversos.
Analisando a grande São Paulo observou que as áreas verdes da cidade se
mostra voltada ao favorecimento de uma privilegiada classe de usuários, enquanto
outras camadas sociais, principalmente os mais carentes apresentam difícil acesso
aos parques e praças. (GOMES, SOARES, 2003)
O Parque Ibirapuera apresenta vastos gramados e bosques, um conjunto de
três lagos, redes de caminhos, edificações divididas em museus, auditório, plenário,
escola de astrofísica, casa da cultura japonesa, viveiro de mudas, ciclovia, espelho
d'água, quiosques, lanchonete, pergolados, pontes entre outros equipamentos.
Disposto sob uma área total de 1.584.000 m² oferece atividades permanentes
de lazer à população. O parque apresenta 163 espécies de animais detectados, a
vegetação implantada é constituída por bosques heterogêneos, gramados e
alamedas.
No imenso gramado verde é evidente o descanso sob a sombra de uma
árvore, as pipas, as bolas, os cachorros, as crianças, diversas situações que
compõem a relação existente entre o parque e seus usuários.
Figura 02: Parque Ibirapuera
Fonte: http://www.parquedoibirapuera.com.br
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
As áreas verdes desempenham importante papel como espaço demográfico,
local de convívio e lazer, conhecer seus usos e funções é imprescindível para sua
valorização e preservação.
A arborização das vias, praças, parques, contribuem significantemente na
amenização do clima urbano e consequentemente na melhora da qualidade de vida,
assumindo responsabilidade no âmbito funcional, estético e psicológico.
Analisando que as áreas verdes contribuem significativamente para uma
melhora na qualidade ambiental das cidades, em São Paulo, onde encontra-se o
Parque Ibirapuera, se faz cada vez mais necessário a implantação dessas áreas,
devido a mesma ser considerada a principal cidade do Brasil, seja do ponto de vista
social, econômico ou político.
Devido ao seu grande número de habitantes faz-se necessário oferecer
condições ambientais adequadas associada a uma boa qualidade de vida aos
seus usuários. É preciso oferecer aos seus habitantes locais onde os mesmos
possam ter áreas que proporcionem o convívio social, o lazer e recreação. Dessa
forma percebe-se que o parque do Ibirapuera cumpre sua função social,
ecológica, de lazer e estética dentro da cidade, pois ele agrega em seu interior
atividades esportivas, de lazer, cultura e permite que o indivíduo desfrute de um
convívio social, justificando o objetivo do estudo.
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RESÍDUOS SÓLIDOS DA CONSTRUÇÃO
CIVIL: REUTILIZAÇÃO, RECICLAGEM E
TRATAMENTO DE RESÍDUOS DA
MADEIRA.
SOLID WASTE OF CONSTRUCTION:
REUSE, RECYCLING AND WOOD WASTE
TREATMENT
Thais Cristine Mainardes3
3 Graduando do Curso de: Arquitetura e Urbanismo das Faculdades Ponta Grossa.
Faculdades Ponta Grossa Discente do Curso de Arquitetura e Urbanismo
Patricia Rodrigues de Almeida de Lima ² Faculdades Ponta Grossa
Discente do Curso de Arquitetura e Urbanismo [email protected]
Roberto Pietrobelli Christensen³
Faculdades Ponta Grossa Discente do Curso de Arquitetura e Urbanismo
Sara Helena Bobeck4
Faculdades Ponta Grossa Docente do Curso de Arquitetura e Urbanismo
RESUMO
A construção civil se apresenta como um dos mais importantes segmentos em relação ao crescimento econômico e social, porém é uma das áreas que mais provocam impactos ambientais. Dentro dos resíduos sólidos urbanos (RSU), podem-se destacar os resíduos da construção civil (RCC), que se originam principalmente dos serviços de infraestrutura urbana, como execução de novas obras, serviços de terraplanagem, demolições e reformas de construões existentes. Os resíduos de madeira representam cerca de 31% de todo o volume de resíduo de construção gerado numa obra de um edifício residencial. A utilização da madeira na construção civil se dá pelo uso de elementos temporários como fôrmas, escoras e andaimes ou com elementos definitivos como estruturas de coberturas, forro, piso, fechamento e esquadrias. A reutilização, reciclagem e tratamento dos resíduos é essencial, este artigo engloba os mecanismos de redução na geração, bem como, alternativas que promovam minimizar os danos ambientais.
Palavras-chave: Resíduos Sólidos, Construção Civil, Madeira.
ABSTRACT
The building presents itself as one of the most important segments in relation to economic and social growth, but it is one of the areas that cause environmental impacts. Within the municipal solid waste (MSW), we can highlight the construction waste (RCC), or called waste from construction and demolition (RCD) which originates mainly from urban infrastructure services, such as implementation of new works, earth moving services,
demolition and existing construões reforms. wood waste accounts for about 31% of the total volume of construction waste generated in a work of a residential building.The use of wood in construction is through the use of temporary elements such as formwork, props and scaffolding or definitive elements such as roofing structures, ceiling, floor, lock and window frames. Reuse, recycling and treatment of waste is essential, this article includes the reduction mechanisms in the generation, as well as alternatives that promote minimize environmental damage.abstract abstract abstract abstract abstract abstract abstract abstract abstract abstract.
Keywords: solid waste, construction, wood.
1- Introdução
A construção civil apresenta-se como um dos segmentos mais importantes no que diz
respeito ao crescimento econômico e social, porém, é uma das áreas que mais provocam
impactos ambientais. Suas atividades consomem com grande parte dos recursos naturais e
seus resíduos representam um grande problema a ser administrado. (PINTO, 2005)
O setor de Resíduos Sólidos da Construção Civil se depara com o grande desafio de
conciliar as atividades produtivas e lucrativas com o desenvolvimento sustentável. Precisam
realizar um gerenciamento adequado para que os resíduos não sejam abandonados nas
margens de rios, terrenos baldios e outros locais inapropriados, causando além de problemas
estéticos, danos ao meio ambiente e a saúde pública.
A inadequada gestão e disposição dos resíduos sólidos resultam em impactos
socioambientais, como a degradação do solo, comprometimento dos corpos d’água e
mananciais, intensificação de enchentes, contribuição para a poluição do ar e proliferação de
vetores de importância sanitária nos centros urbanos e catação em condições insalubres nas
ruas e nas áreas de disposição final (BESEN et al., 2010).
A geração dos resíduos além de estar aumentando de forma expressiva ao longo dos
últimos anos, também vem apresentando mudanças significativas em sua composição e
características aumentando com isso sua periculosidade (OMS, 2010).
A madeira é um dos recursos naturais mais utilizados na construção civil. No Brasil seu
uso e aplicação sofreram transformações, devido à chagada dos colonizadores, resultando em
diferentes técnicas construtivas e respondendo as solicitações culturais de cada localidade.
A utilização da madeira na construção civil se dá pelo uso de elementos temporários
como fôrmas, escoras e andaimes ou com elementos definitivos como estruturas de
coberturas, forro, piso, fechamento e esquadrias. Os elementos temporários geram grande
quantidade de resíduos, visto que posterior ao seu uso, os mesmos são descartados.
Os resíduos de madeira representam cerca de 31% de todo o volume de resíduo
gerado na construção de um edifício residencial. Considerando apenas a
fase de execução estrutural, pode representar 42% dos resíduos gerados durante o processo
em questão. (MIRANDA et al. 2009).
A correta destinação dos resíduos de madeira, muitas vezes não ocorre devido a
problemas de logística ou por falta de tecnologias, resultando num grande montante de
resíduos com pouco ou com nenhum tratamento. Devido as constantes fiscalizações, algumas
construtoras iniciaram uma destinação mais adequada para a madeira, fazendo com que as
mesmas possam ser utilizadas como fonte de energia e lenha.
2 - OBJETIVOS
Este trabalho tem como objetivo o conhecimento sobre os resíduos sólidos da
construção civil, seus efeitos sobre o meio ambiente, voltado principalmente para os resíduos
da madeira, analisando as etapas de tratamento e reutilização, bem como, formas de redução
na geração.
3 - RESÍDUOS SÓLIDOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL
Entre todos os resíduos sólidos considerados como dos resíduos sólidos urbanos (RSU),
pode-se destacar os resíduos da construção civil (RCC), ou ainda denominado de resíduos da
construção e demolição (RCD) ou simplesmente "entulho". Os RCC (Imagem 01) originam
principalmente dos serviços de infraestrutura urbana, como execução de novas obras, serviços
de terraplanagem, demolições e reformas de contruões existentes. (JUNIOR, 2006)
Imagem 01: RCC - Resíduos da Costrução Civil
Fonte: < http: //www.ebah.com.br >
Os resíduos na atualidade se tornaram um grave problema em decorrência da intensa
industrialização e pelo aumento populacional dos grandes centros principalmente após os
anos 80. A diminuição da área de deposição dos resíduos se deu pela ocupação e valorização
das áreas urbanas causando ao longo dos tempos o aumento dos custos sociais e do
gerenciamento culminando com problemas de saneamento e contaminação dos solos.
(ÂNGULO,CIRELLI E ZORDAN, 2001) A matéria prima não renovável de origem
natural é o meio mais utilizado para a produção dos bens de consumo, sejam eles duráveis,
como principalmente a construção civil que por sua vez utiliza cerca de 75% dos recursos
naturais ou ainda não duráveis, como exemplo as embalagens descartáveis.(ÂNGULO,CIRELLI E
ZORDAN, 2001)
Nos grandes centros urbanos as atividades de canteiro de obras são responsáveis por
cerca de 50% dos resíduos de construção civil e demolição (RCD), ficando as atividades de
demolição e manutenção reponsavéis pela outra metade. (PINTO, 1999)
Boa parte do desperdício encontrado na construção civil ocorre desde a extração da
matéria prima passando pelo transporte e utilização inadequada no canteiro de obra, tendo a
sociedade à responsabilidade de assumir os custos e a remoção/tratamento do entulho,
aumentando assim o custo final da obra. (GRADIM, COSTA, 2009)
A construção civil gera resíduos na produção de materiais e componentes, desde as
atividades realizadas no canterio de obra, durante a manutenção, modernização e
posteriormente na demolição. As principais atividades na etapa da manutenção têm como
principal causa a correção de eventuais falhas de execução - patologias - necessitando a
reposição dos componentes que atingiram a estrutura. (JOHN, 2000)
Podemos encontrar dentro do termo (RCD) diferentes origens e natureza para os
materiais, (PINTO, 1999) cita como exemplos: (a) solos; (b) rochas; (c) concreto, armado ou
não; (d) argamassas a base de cimento e cal; (e) metais; (f) madeira; (g) plásticos diversos; (h)
materiais betuminosos; (i) vidro; (j) gesso - pasta e placa; (k)
tintas e adesivos; (l) restos de embalagens; (m) resíduos de cerâmica vermelha, como tijolos e
telhas; (n) cerâmica branca, especialmente a de revestimentos; (o)
cimento-amianto; (p) produtos de limpeza de terrenos, entre outros, em proporções variáveis
de acordo com a origem.
Tabela de Classificação de acordo com a disponibilidade do reaproveitamento: (GRADIM,
COSTA, 2009)
Classe A: resíduos reutilizáveis ou reciclados como agregados, tais como solos de
terraplanagem, tijolos, blocos, telhas, placas de revestimento, argamassa, concreto, tubos,
meios fios, etc.
Classe B: resíduos recicláveis para outras destinações, tais como plásticos, papel/papelão,
metais, vidros, madeiras, etc.
Classe C: resíduos ainda sem tecnologia ou aplicações economicamente viáveis para a sua
reciclagem/recuperação, tais como os produtos oriundos do gesso.
Classe D: resíduos perigosos, tais como tintas, solventes, óleos e outros ou aqueles
contaminados.
As etapas do processo construtivo, segundo (JUNIOR, 2006) como: extração de
matéria-prima, produção de materiais, construção, utilização e demolição, causam impactos
ambientais que afetam direta ou indiretamente algusn aspectos:
a. saúde, segurança e o bem-estar da população;
b. as atividades sociais e econômicas;
c. biota;
d. condições estéticas e sanitárias do meio ambiente;
e. a qualidade dos recursos ambientais;
O despedício de material pode-se dar por três (03) distintas formas: (JUNIOR, 2006)
a. Furto e/ou extravio - normalmente é um valor muito baixo em grandes
empreendimentos, o que na maioria das vezes apresenta um controle
qualitativo e quantitativo dos materiais;
b. Incorporação de materiais à edificação - fato que ocorre principalmente
em materiais para moldagem de peças in loco nas obras tais como: peças de
concreto armado e revestimentos argamassados;
c. Resíduos da Construção Civil (entulho): "lixo que sai da obra", o qual é
considerado o modo mais visível de verificar o desperdício de uma obra.
4 - PROBLEMAS GERADOS PELOS RESÍDUOS SÓLIDOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL
Vemos que o RCC na construção civil devido a crescente demanda nas grandes cidades
se torna cada vez mais problemáticos, por falta de reaproveitamentos e locais apropriados
para seu descarte. A falta de gerenciamento ineficaz dos resíduos foi denominada por PINTO
(1999) de gestão corretiva, onde destaca seu impacto ambiental e econômico.
A falta de políticas públicas que disciplinem o destino dos resíduos junto a um ineficaz
gerenciamento ambiental por alguns agentes ligados a essa gestão do RCC, leva a população a
conviver com grandes números de áreas degradadas, conforme denominadas por Pinto &
Gonzáles (2005), de bota foras clandestinos ou de deposições irregulares.
A diferença entre Bota- fora e Deposição irregular, segundo Pinto & Gonzáles (2005),
são descritas em:
Bota- fora clandestinos: é uma área que empresas responsáveis pelo descarte de RCC
utilizam sem licença ambiental ou com consentimento Tacito ou Explicito das administrações
locais. (PINTO&GONZALES 2005)
Deposição irregular: é o resultado de descarte gerado por pequenas obras de
populações carentes. Por não disporem de recursos financeiros para contrato de empresas de
transportes, descartam os resíduos em terrenos mais próximos do local de origem.
(PINTO&GONZALES 2005)
Geralmente essas duas áreas estão situadas próximos às periferias e populações
carentes, aonde se encontra o maior número de áreas livres. Sendo assim elas as mais
atingidas pelos problemas do descarte incorreto do RCC.
As características técnicas entre os dois tipos de áreas são causadoras de problemas
ambientais, sendo eles:
(a) A proliferação de vetores transmissores de doenças, gerados por
resíduos domésticos, industriais, etc.
(b) A degradação de áreas de mananciais e o assoreamento dos cursos
d’água.
(c) A instabilidade de encostas, devido à deposição em vales.
(d) A obstrução de vias de pedestre e veículos.
(e) E obstrução de sistemas de drenagem. (PINTO&GONZALES 2005)
Essas situações demonstram claramente o desinteresse dos agentes envolvidos na
gestão do RCC.
Pinto & Gonzáles (2005) descrevem que o RCC além de causadores dos impactos
ambientais, comprometem a economia dos municípios, e consequentemente a qualidade de
vida.
5 - CENÁRIO BRASILEIRO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS
A média de geração de resíduos sólidos no Brasil, varia de 1 a 1,5 kg por habitante ao
dia. Entre o período de 2003 a 2014 a geração de lixo aumentou 29%, o que equivale a cinco
vezes a taxa de crescimento populacional do mesmo período. (CAMPOS, 2012)
Em 2014 o Brasil gerou 78,6 milhões de toneladas de resíduos sólidos, sendo que 41%
de toda essa produção foi destinado a lixões a aterros sanitários.Segundo a Abrelpem esses
locais são inadequados e oferecem risco a saúde a o meio ambiente. (CAMPOS, 2012)
O Brasil apresentou uma melhoria no que diz respeito a gestão dos resíduos sólidos
urbanos, porém ainda 38,5% da população não tem acesso ao serviço adequado de coleta. O
volume de lixo produzido aumentou 2,9%, enquanto a coleta de resíduos melhorou 3,2%.
(CAMPOS, 2012)
Metade do volume do lixo produzido nas residências corresponde a matéria orgânica,
sendo que apenas 3% são utilizados na compostagem, e o restante são depositados em aterros
sanitários resultando na emissão de gases de efeito estufa, contribuindo para o aquecimento
global. Com a saturação dos aterros das grandes cidades, os resíduos acabam sendo
transportados por longas distâncias até sua destinação final. (CAMPOS, 2012)
A partir da conferencia de Johanesburgo em 2002, diversos projetos de geração de
energia por meio do reaproveitamento de resíduos sólidos domiciliares em aterros sanitários
passaram a ser constituídos, e resultaram em oportunidades de negócios, dessa forma os
países desenvolvidos começaram a financiar projetos de diminuição da poluição para atingir
suas metas de redução das emissões de
carbono. No Brasil algumas cidades implantaram esse modelo de projeto. (JACOBI,BESEN,
2011)
Os resíduos resultantes da construção civil, também representam um grande problema
ambiental, eles representam cerca de 50% da massa dos resíduos urbanos gerados nas
grandes cidades, e na maioria das vezes o mesmo é disposto de forma inadequada em
córregos, terrenos baldios e a beira de estradas. (JACOBI,BESEN, 2011)
Cabe aos municípios elaborar planos integrados de gerenciamento de resíduos que
incorporem o Programa Municipal de Gerenciamento e Projetos de Gerenciamento em Obras,
ambos devem caracterizar os resíduos e indicar o correto procedimento de triagem,
acondicionamento, transporte e destinação. (JACOBI,BESEN, 2011)
6 - USOS DA MADEIRA NA CONSTRUÇÃO CIVIL
Num contexto geral, com o desenvolvimento populacional e com a expansão da área
urbana, a sociedade extraiu os recursos naturais de forma descontrolada, e com o passar dos
anos as matas já não possuíam matéria prima para extração. (PEREIRA, 2013)
A extração da madeira no Brasil iniciou com a chegada da família imperial no país,
comprometendo várias espécies da Mata Atlântica. Com o passar dos anos à medida que a
população se desenvolve, a extração da madeira continuou, visto que ela apresenta várias
utilidades na sociedade, tanto na produção energética assim como na habitação. (PEREIRA,
2013)
O uso da madeira na construção civil pode ser agrupado por seu perfil na construção
civil como se segue:
Construção civil pesada externa
Engloba as peças de madeira serrada usadas para estacas marítimas,
trapiches, pontes, obras imersas, postes, cruzetas, estacas, escoras e
dormentes ferroviários, estruturas pesadas, torres de observação,
vigamentos, tendo como referência a madeira de angico preto
(Anadenanthera macrocarpa).
Construção civil pesada interna
Engloba as peças de madeira serrada na forma de vigas, caibros, pranchas e
tábuas utilizadas em estruturas de cobertura, onde tradicionalmente era
empregada a madeira de perobarosa (Aspidosperma polyneuron).
Construção civil leve externa e leve interna estrutural
Reúne as peças de madeira serrada na forma de tábuas e pontaletes
empregados em usos temporários (andaimes, escoramento e fôrmas para
concreto) e as ripas e caibros utilizados em partes secundárias de estruturas
de cobertura. A madeira de pinho-do-paraná (Araucária angustifolia) foi a
mais utilizada, durante décadas, neste grupo.
Construção civil leve interna decorativa
Abrange as peças de madeira serrada e beneficiada, como forros,painéis,
lambris e guarnições, onde a madeira apresenta cor e desenhos
considerados decorativos.Construção civil leve interna de utilidade geral.
São os mesmos usos descritos acima, porém para madeiras não decorativas.
Construção civil leve em esquadrias
Abrange as peças de madeira serrada e beneficiada, como portas,
venezianas, caixilhos. A referência é a madeira de pinho-do-paraná
(Araucária angustifolia).
Construção civil assoalhos domésticos
Compreende os diversos tipos de peças de madeira serrada e beneficiada
(tábuas corridas, tacos, tacões e parquetes), (ZENID,2009,p.22)
7 - REDUÇÃO DA GERAÇÃO DE RESÍDUOS
A política de gestão de resíduos não só deve garantir a coleta, tratamento e a
disposição, mas principalmente estimular uma menor quantidade de resíduos desde a sua
geração. E papel da política ambiental elencar como prioridade um "ecological cycle
management", criando um sistema onde a quantidade de resíduos
reaproveitados seja maior e a de resíduos gerados, cada vez menor. (DEMAJOROVIC, 1995)
Existem dois principais métodos em destaque na literatura que são utilizados na
redução dos resíduos na prática da gestão ambiental, (a) comando e controle, (b) instrumentos
econômicos. (BERSTEIN, 1991)
No comando e controle destacamos uma política de regulação direta com
monitoramento e fiscalização com certo rigor, tendo assim o máximo controle por meio das
autoridades de onde e como os recursos naturais serão utilizados, conseguindo assim uma
maior previsão sobre a redução dos graus de poluição. São exemplos da utilização desse
método as leis de incentivo à redução de resíduos e estímulo à reciclagem e as leis que
obrigam a seleção de resíduos em determinadas categorias antes de sua coleta.
Por sua vez, o método de instrumentos econômicos (subsídios, sistema de retorno e
depósito, incentivos, taxações, permissões) permite uma maior eficiência e redução de custos
nas políticas de controle da poluição e da exploração de recursos naturais. Um exemplo desse
mecanismo é visto em Seatle (Washington) por meio de um sistema de cobrança de lixo, onde
cada morador deve pagar determinada quantia por container de lixo recolhido. Assim, quando
o número de containeres usados por mês é reduzido, reduz-se também o custo dos serviços.
Podemos destacar ainda como ferramenta de redução na geração dos résiduos sólidos
as técnicas construtivas denominadas “obras à seco", nosso país se manteve fechado para o
desenvolvimento de novas técnicas construtivas que utilizam matérias primas renováveis e
sustentáveis. Essas técnicas e seu uso é muito importante no sentido de se aprimorar o setor
da construção com a indústria, garantindo a redução dos desperdícios de materiais e atuando
de forma significativamente na redução dos resíduos sólidos da construção civil. (PEREIRA,
VIEIRA. 2015)
8 - REUTILIZAÇÃO
Há várias opções e formas viáveis para a reutilização dos restos de madeiras, como por
exemplo:
(a) Produção de energia: é a utilização de biomassa (energia solar
transformado em estrutura vegetal via fotossíntese).
(b) Uso como lenha: na utilização doméstica em fornos de padarias,
cerâmicos e olarias.
(c) Uso como combustível: processo como gaseificação, liquefação e
hidrolise.
(d) Carvão vegetal: utilizados em fornos de alvenaria, conhecidos
como medas ou caieiras. Não se considera uma alternativa
recomendável.
(e) Materiais diversos: pó de serra de três diferentes espécies de
madeira com vistas na composição de cimento Portland.
(f) Produção de painéis: na fabricação de aglomerados (resíduos de
serraria, fabricas de moveis e chapas).
(g) Produção de papel: madeira tratada é usada na fabricação de
pasta de papel.
(h) Farinha de madeira: adquirida através da moagem de diversas
aparas de madeira usadas como matéria-prima. (Revista da
Madeira, 2003)
Outra forma de reutilizar a madeira é usá-la em decorações de casas, tendo como
sugestão desenvolver mesas ou suportes para plantas em jardins.
9 - RECICLAGEM
A reciclagem de resíduos no Brasil se mostra ainda de forma reduzida, com exceção da
reciclagem praticada pelas indústrias de aço e cimento. Muito desse atraso se dá pelos
problemas econômicos, sociais e políticos que afetam nosso país. (ÂNGULO,CIRELLI E ZORDAN,
2001)
Os resíduos de construção e demolição (RCD) utilizados para a reciclagem se iniciou na
Europa após a segunda guerra mundial. Esse resíduo é produzido em diversas circunstâncias
do ciclo de vida das construções, podendo ser no canteiro de obras ou fase inicial, na fase de
manutenção ou ainda na fase de demolição do edifício.
As variações da porcentagem de reciclagem entre os países surgem em função da
distância de transporte entre materiais reciclados e materiais naturais, a disponibilidade dos
recursos naturais afetados, a situação econômica e tecnológica.
A problemática em relação à RCD na construção civil está ligada diretamente a
demanda de construção nas cidades e o seu tamanho, bem como o não
reaproveitamento do mesmo pela ausência de locais favoráveis e estruturados para seu
descarte. (GRADIM, COSTA, 2009)
O aumento representativo dos resíduos sólidos levou a imediata mudança no aspecto
de gestão ambiental tendo assim a reciclagem desses resíduos como uma importante
ferramenta. A solução desses problemas não só se dará por ações singulares, mas sim pela
tentativa das grandes indústrias em reduzir o uso da matéria prima não renovável e da
eliminação de resíduos. (ÂNGULO,CIRELLI E ZORDAN, 2001)
Incontáveis benefícios são vistos pelo uso da reciclagem na construção civil, seja pela
redução do uso das fontes não renováveis substituídas por elementos já reciclados, pela
diminuição do volume de resíduos o que promove a redução das áreas de aterro, pela redução
do consumo energético ou ainda a redução dos índices de poluição, fatores que auxiliam de
forma significativamente na obtenção de melhorias ambientais.
10 - TRATAMENTO
Através dos avanços da tecnologia todo e qualquer resíduo de madeira podem ser
reutilizados. Devido ao alto conteúdo energético podem ser utilizados como combustível na
geração de energia térmica ou elétrica.
O uso desse processo ganha destaque a incineração, que utiliza a combustão
controlada para degradar termicamente os materiais residuais, levando em conta os
equipamentos usados no processo de incineração garante ganho de oxigênio. Dentre as
vantagens podem se levar em conta a grande redução de volumes dos resíduos. (Portal
Resíduos Sólidos, 2016)
Dependendo do uso desses resíduos podem-se reaproveitar pedaços pequenos e
grandes, podendo o mesmo ser usado em fornos das siderúrgicas ou fabricas de cimento,
neste processo não necessita de excessiva trituração.
Outro processo de tratamento é a pirólise, uma decomposição química que consiste de
resíduo orgânico por calor, quando desprovido de oxigênio. Sendo que os mesmos deveram
ser selecionados, triturados e levados a um reator pirolitico. O uso desse processo é
energeticamente alto sustentável, sendo seu gasto energético
positivo (produz mais do que consome), levando em conta a vantagem no processo à
contenção de produção de partículas.
Mesmo a pirólise sendo um processo bastante eficiente no destino final dos resíduos
devido ao seu alto custo na manutenção, ainda há necessidade de soluções tecnológicas.
Sendo que esses processos possuem pontos negativos na queima da madeira, pois formam os
gases óxidos de nitrogênio (NOx), conhecido como poluente da atmosfera. (Portal Resíduos
Sólidos, 2016)
É necessário cuidado na escolha de soluções para o tratamento de resíduos de
madeira, pois caso não haja controle pode-se acabar criando desmatamentos para geração de
energia, sendo que nenhuma instituição no mundo aponta como uma solução correta, pelo
contrário, tornaria os responsáveis como criminosos ambientais.
Na ausência de outras possibilidades de tratamento é aconselhável o processo de
incineração. Devendo se dar atenção especial as Leis de Energias Renováveis.
A compostagem também é uma das possibilidades de tratamentos de resíduos
orgânicos, aonde podem ser utilizados resíduos de podas de arvores de limpeza urbana.
(Portal Resíduos Sólidos, 2016)
Imagem 02: Reutilização, reciclagem e tratamento de résiduos de madeira.
Fonte: < http: //www.portalresiduossolidos.com >
11 - APLICAÇÃO DA RECICLAGEM DE MADEIRA DESCARTADA - COOPERATIVA SONHO DE
LIBERDADE
A cooperativa "Sonho de Liberdade" (Portal Résiduos Sólidos, 2016) é uma organização
sem fins lucrativos que se dedica a reciclagem de madeira descartada, localizada na Cidade
Estrutural no Distrito Federal. A missão da cooperativa é resgatar vidas através da inclusão
social proporcionando oportunidades de trabalho digno para detentos, ex-detentos e pessoas
carentes, desenvolvendo a solidariedade, a cooperação e o compartilhamento.
Em 2007 o grupo de ex-detentos percebeu a oportunidade de reutilizar a madeira
descartada. Inicialmente em escala reduzida e com grandes dificuldades de ordem prática
passou-se a coletar, selecionar e transformar a madeira obtida da construção civil, do
comércio e da indústria. Os primeiros produtos foram estacas para marcações topográficas e
condução de mudas. Logo surgiu a demanda para madeira sob medida, para diveros fins,
empregando assim a madeira selecionada e beneficiada pelo trabalho do grupo. (Imagem 03).
Imagem 03: Madeira selecionada e beneficiada pela Cooperativa Sonho de Liberdade em
Brasília - DF.
Fonte:< http: //www.portalresiduossolidos.com >
12 - CONCLUSÃO
O pensamento voltado ao meio ambiente e a prática sustentável na atualidade sempre
remete ao questionamento de custos apartir dos resíduos gerados. Sendo assim esse
pensamento faz com que passem despercebidos algumas oportunidades para minimizar esses
custos gerando até mesmo lucro e novos negócios.
Os resíduos de madeira representam parcela considerável do RCD recolhido nas obras,
visto a extrema importância na execução da obra sendo pela capacidade estrutural ou
decorativa, na etapa de estruturação exige-se muitos cortes para se chegar nas dimensões
numéricas necesárias.
Para a melhoria dos problemas a facilitação do descarte, a separação dos resíduos
captados e a reciclagem como forma de valorização dos resíduos constituem um importante
instrumento para controlar os RCD de forma sustentável.
Podemos diminuir o processo de degradação ambiental à medida que se evite a
produção de determinados resíduos podendo até mesmo reaproveitar parcela dos mesmos, ao
mesmo passo que gerenciar a produção dos resíduos em todas as fases e não apenas no
tratamento final. Existe uma necessidade de renovação nas fases tecnológicas, econômicas e
políticas na tentativa de superação da degradação ambiental.
13 - REFERÊNCIAS
ÂNGULO, Sergio Cirelli. ZORDAN, Sergio Eduardo. JOHN, Vanderley Moacyr.
Desenvolvimento sustentável e a reciclagem de resíduos na construção civil. São Paulo, 2001
A Reciclagem de Resíduos de Construção e Demolição no Brasil: 1986-2008. Miranda, L. F. R.; Ângulo, S. C.; Careli, E. D. Ambiente Construído, Porto Alegre, 2009. p.57-71.
BESEN, G. R. et al. Resíduos sólidos: vulnerabilidades e perspectivas. In: SALDIVA P. et al. Meio ambiente e saúde: o desafio das metrópoles. São Paulo: Ex Libris, 2010.
BERSTEIN, Janes. Alternative aproaches to pollution control and waste management regulatory and economic instruments. Discussion Paper. Washington: World Bank, 1991
CAMPOS, Heliana Kátia Tavares: Renda e evolução da geração per capita de resíduos sólidos no Brasil. Eng Sanit Ambient | v.17 n.2 | abr/jun 2012 | 171-180. Brasília, 2012.
CESAR, Sandro F. et.al. Identificação dos Resíduos de madeira descartados no Parque Socioambiental de Canabrava em Salvador/BA. IV Encontro Nacional e II Encontro Latino-americano sobre edificações e cominidades sustentáveis. ELECS, 2007
DEMAJOROVIC, Jacques. Da política tradicional de tratamento do lixo à política de gestão de resíduos sólidos: as novas prioridades. Revista de Administração de Empresas, v. 35, p. 88-93, São Paulo, 1995
GRADIN, Antonio Marcel Nascimento. COSTA, Paulo Sergio Nunes. Reciclagem dos Resíduos Sólidos na construção civil. Universidade Católica do Salvados. Salvador, 2009
JOHN, Vanderley M. Reciclagem de Resíduos na construção civil: contribuição à metodologia de pesquisa e desenvolvimento. USP, São Paulo: 2000
JACOBI, Pedro Roberto. BESEN, Gina Rzpah. Gestão de Resíduos Sólidos em São Paulo: desafios da sustentabilidade. Estudos Avançados. 25 (71), São Paulo: 2001
JUNIOR, Antonio Rodolfo. JOHN, Vanderley M. Desenvolvimento de PVC reforçado com Pinus para substituir madeira convencional em diversas aplicações. Polimeros: ciência e tecnologia, vol. 16. nº 1, p 1-11, 2006
JUNIOR, Gilson Tadeu Amaral Piovezan. Avaliação dos Resíduos da Construção Civil (RCC) gerados no município de Santa Maria. Santa Maria: 2007
MEIRELLES, Célia Regina Moretti. et.al. Sustentabilidade e ciclo de vida na produção dos edifícios em madeira no Brasil. Seminário Nacional de Construções Sustentáveis: Buscando Soluções em Arquitetura de Interesse Social. Passo Fundo: 2008
OMS - Organização Mundial da Saúde. The World Health Report 2007 - A safer future: global public health security in the 21st. century. Disponível em: <http://www.who.int/whr/2007/en/index.html>. Acesso em: 26 set 2016.
PEREIRA, Jusciliano Caio dos santos. O Uso de Madeira na Construção Civil: Estudo de caso no Bairro Cidade Nova em Governador Valadares.Minas Gerais, 2013.
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RCC, Ebah. Disponível em: < http: //www.ebah.com.br > Acesso em: 11 de setembro de 2016.
ZENID, Geraldo José. Madeira: uso sustentável na construção civil. 2 ed. São Paulo. Instituto de Pesquisas Tecnológicas: SVMA, 2009
Análiseda percepção de gestores dasmalharias da cidade de
Imbituva - Paraná em relação à gestão do conhecimento
Marcos Cesar Zampieri Junior ([email protected])
Pedro Claudio Santos Rosa ([email protected])
Verlaine Lia Costa ([email protected])
Resumo:Este artigo tem por objetivo identificar se empresas do ramo de malharias adotam as
sete dimensões e praticas gerenciais do conhecimento. A pesquisa contou com a participação
de 8 malharias na cidade de Imbituva – Paraná, nas quais cada responsável, sendo diretor geral
ou gerente da organização, respondeu um questionário sobre a utilização das sete dimensões
da gestão do conhecimento junto às práticas gerenciais preconizadas por Terra (2001): Fatores
Estratégicos e Papel Da Alta Administração; Cultura e Valores Organizacionais; Estrutura
Organizacional; Administração De Recursos Humanos; Sistemas De Informação; Mensuração
Dos Resultados; Aprendizado com o Ambiente. No que se refere à metodologia da pesquisa,
pode ser classificada como: aplicada, exploratória, quanti-qualitativa e sendo estudo de caso.
Apartir da analise de dados, percebe-se que em sua marioria, existem práticas das sete
dimensões da gestão do conhecimendo, podendo-se concluir que as empresas estão cientes
da importância do conhecimento para a organização e que praticamente todas as dimensões
estão sendo utilizadas pelas malharias.
Palavraschave: Gestão do conhecimento, práticas gerenciais, ramo têxtil
1.1 1 INTRODUÇÃO
Atualmente, as empresas mostram-se cada vez mais interessadas em mão de obra
qualificada e por este motivo tem investido no desenvolvimento intelectual de seus
funcionários. Com foco nisso, surge a gestão do conhecimento que envolve a questão do
relacionamento e de como o conhecimento pode ser aproveitado no local de trabalho para
maior crescimento da empresa.
A partir do momento em que o conhecimento se tornou fundamental nas empresas e
instituições os empresários tiveram que buscar estes conhecimentos, investir em treinamentos
para eles e para os seus funcionários, assim tendo que dar importância a fatores que antes
passavam despercebidos. A nova geração tem usado conhecimento para adquirir mais
conhecimentos e assim obter melhores resultados dentro de uma empresa e gera valor.
Independente da área de atuação da organização o conhecimento é fundamental paro
o crescimento e melhoria de resultados nas empresas. Com a gestão do conhecimento as
empresas aumentam o potencial de crescimento e de lucratividade, pois conhecimento é
aprendizado e assim possibilita uma visão mais ampla de como os concorrentes estão agindo.
O conhecimento pode ser dividido em sete dimensões: papel da alta administração,
cultura organizacional, estrutura organizacionais, políticas de administração de recursos
humanos, sistema de informação, mensuração dos resultados e aprendizagem com o
ambienteexterno.
Para manter o mercado cada vez mais competitivo, o conhecimento se torna
importante para todas as áreas, independente do setor de atuação. É de fundamental
importância que as empresas estejam cientes da necessidade de utilizar novas técnicas para se
diferenciar no mercado. Face ao exposto, o presente artigo objetivou identificar se as
empresas do ramo de malharias adotam as sete dimensões e práticas gerenciais do
conhecimento.
2 REVISÃO DE LITERATURA
No atual mundo globalizado, os níveis de competitividade estão cada vez mais
acirrados, fazendo com que as empresas necessitem de novas estratégias para se sobressair
perante seus concorrentes. Com isso, as organizações estão apostando em tendências como:
uma gestão voltada para o conhecimento e informação.
A gestão do conhecimento e da informação tem se tornado um dos temas mais
abordados nos últimos tempos, pois envolvem imensamente as questões das relações no
ambiente de trabalho e os impactos que isso causa no ambiente social.
Segundo Terra (2000) apud Beal et al. (p. 01, 2008), a gestão do conhecimento
está ligada à capacidade de utilização e combinação pela organização das
fontes e tipos de conhecimento, responsáveis pelo desenvolvimento de
competências específicas e capacidade de inovação, sendo necessário à
adoção de vários planos e dimensões da prática gerencial relacionada à
gestão do conhecimento.
Sendo assim, observa-se que as empresas estão cada vez mais preocupadas em
investir em conhecimento e desenvolvimento das pessoas que fazem parte de sua equipe.
A partir do aumento do conhecimento e informação iniciou-se a preocupação com
fatores, antes não explorados. Pode–se considerar o começo de uma nova geração ou de uma
nova sociedade, cujo o principal objetivo é o uso do conhecimento para gerar novos
conhecimentos. Com isso o mundo atual passou a ser conhecido como:era do conhecimento.
No que tange o conhecimento, verifica-se que esse é um fator que gera a vantagem
competitiva. Para Davenport &. Prusak (1998) apud Machado e Carvalho (2005), vantagem é a
capacidade que a empresa tem de “inovar e ressaltam que a vantagem do conhecimento a
longo prazo, acontece quando a empresa possui a capacidade para adquirir novos
conhecimentos, isto é, tem a capacidade para alterar o conhecimento”.
A gestão do conhecimento pode ser dividida em sete dimensões, e têm papel de
destaque nas práticas gerenciais das empresas. Segundo Terra (2001), são descritas conforme
a seguir:1- Papel da alta administração : definição e foco nos campos de conhecimento;
clarificação da estratégia empresarial; definição de metas desafiadoras e motivadoras.2-
Cultura organizacional: inovação, experimentação e aprendizado contínuo; otimização de
todas as áreas da empresa; longo prazo. 3- Estruturas organizacionais: baseadas no trabalho
em equipes multidisciplinares e alto grau de autonomia. 4- Políticas de administração de
recursos humanos: para aquisição de conhecimento interno e externo; geração, difusão,
armazenamento e compartilhamento – do conhecimento individual para ocoletivo (ontologia);
diversidade e remuneração variada.5- Sistemas de informação: papel do contato pessoal;
envolve o conhecimento tácito; envolve o ser humano. 6- Mensuração dos resultados: capital
intelectual. 7- Aprendizagem com o ambiente externo: através de alianças; relacionamento
com clientes.
Percebe-se a partir do conceito sobre gestão do conhecimento e seus dimensões que,
independente da área de atuação da empresa, o conhecimento é fundamental para competir
no mercado. Na cidade de Imbituva - Paraná, têm-se um exemplo de como a estratégia é
essencial para garantir o diferencial. Conhecida como a cidade das malhas, hoje consta com
aproximadamente 50 indústrias do ramo têxtil e para se manter ativa é fundamental o
conhecimento.
Dentro da atividade têxtil, o segmento de malharia é dos mais antigos remontando sua
origem ao processo manual de tricotagem.Toda indústria de malhas tem por missão a
manufatura de tecidos de malha, a partir de diversos tipos de fios. Esse tipo de indústria se
proliferou emfunção de alguns fatores como: baixo custo de produção, não necessitando de
grandes investimentos de capital; possibilidade de novas tecnologias e investimentos em
pesquisas de desenvolvimento de matérias-primas adequadas a cada clima.
A partir do acima descrito, verifica-se que o setor de malharias é uma boa opção de
investimento.
3. METODOLOGIA
No que se refere à metodologia do artigo, pode ser classificada quanto a sua natureza,
abordagem, objetivos e procedimentos técnicos. A classificação dapesquisa é útil para que o
pesquisador estabeleça um marco teórico.
No que tange à natureza, o artigo é classificado como sendo de pesquisa aplicada, a
qual foi realizada em 8 (oito) malharias da cidade de Imbituva – Paraná. A pesquisa aplicada
tem por objetivo gerar conhecimentos para aplicação prática dirigidos à solução de problemas
específicos. Envolve verdades e interesses locais.
Quanto a abordagem do problema, a pesquisa é classificada como sendo quanti-
qualitativa. Para Figueiredo (2009, p.98) “as análises quantitativas podem auxiliar a esclarecer
e dar forma às descobertas obtidas em análises qualitativas”. Segundo Polit e Hungler (1995,
p.277) apud Figueiredo (2009, p.97) “a abordagem quanti-qualitativa é aquela que permite a
complementação entre palavras e números, as duas linguagens fundamentais da comunicação
humana”.
Do ponto de vista de seus objetivos, a pesquisa classifica-se como exploratóriaque
segundo Gil (2002, p. 41) “tem como objetivo proporcionar maior familiaridade com o
problema, com vista a torná-lo mais explícito ou a constituir hipóteses. Pode-se dizer que estas
pesquisas têm como objetivo principal o aprimoramento de idéias ou a descoberta de
intuições”.
No que tange aos procedimentos técnicos para a realização da pesquisa, utilizou-se de
um estudo de caso, o qual baseia-se na observação dos fatos exatamente como ocorrem na
realidade. Segundo Andrade (2003, p. 125), em um estudo de caso “o pesquisador efetua a
coleta de dados em campo, isto é, diretamente no local da ocorrência”.Para a contextualização
da temática do estudo, realizou-se uma pesquisa bibliográfica, com utilização de livros, artigos
de periódicos, monografias, dissertações e teses.
3.1 Coleta de dados
A pesquisa contou com a participação de 8 malharias na cidade de Imbituva – Paraná,
nas quais cada responsável, sendo diretor geral ou gerente da organização, respondeu um
questionário sobre a utilização das sete dimensões da gestão do conhecimento junto às
práticas gerenciais preconizadas por Terra (2001).O questionário é dividido em duas partes,
nos quais contem perguntas fechadas e mistas.
Para análise dos dados, utilizou-se de uma pesquisa semiestruturada, que para
Figueiredo (2009, p. 115) “consiste em elaboração de questionamentos básicos (roteiro
preliminar de perguntas), apoiados nas questões e teorias descritas no estudo, de forma a
oferecer um amplo campo de interrogativas, que surgem à medida que se recebe as
informações do sujeito da pesquisa”.
4 ANÁLISE DE RESULTADOS
4.1 PERFIL SÓCIO-DEMOGRÁFICO
O questionário foi distribuído para 10 empresas têxtil na cidade de
Imbituva, escolhidas aleatoriamente, porém apenas 8 foram respondidos. Para
base de análise utilizou-se 100% com o total de amostras respondidas (oito
questionários).
Encontrou-se que 62,5% das empresas analisadas são gerenciadas por
mulheres, sendo assim apenas 37,5% são homens.
No que tange o perfil dos participantes, observa-se que encontram-se na
faixa etária entre os 21 aos 49 anos, sendo 50% com idades entre 40 a 49
anos, 37,5% com idades entre 30 a 39 anos e 12,5% de 21 a 29 anos. Com
relação ao estado civil, 100 % são casados e apenas 1 não possui filhos.
Encontrou-se que 50% do público analisado possui ensino superior, mas
somente um é graduado em administração sendo as outras: direito, técnico em
moda e matemática. Dos 8 questionários entregues, verificou-se que 88%
estão a mais de 4 anos na empresa e apenas um está a 2 anos. Ocupam na
empresa cargos de gerencia e administrativo.
4.2 APLICAÇÃO DAS SETE DIMENSÕES DA GESTÃO DO CONHECIMENTO NAS EMPRESAS
ESTUDADAS
Os dados foram coletados a partir da aplicação de um questionário estruturado
contendo 41 questões sobre as sete dimensões da gestão do conhecimento, seguindo o
modelo proposto por Terra (2001). Cada questão pode ser assim avaliada: (5) concordo
totalmente, (4) concordo, (3) concordo parcialmente, (2) discordo e (1) discordo totalmente.
4.2.1 Fatores Estratégicos e Papel Da Alta Administração
Os fatores estratégicos e o papel da alta administração foram divididos
em três questões, sendo elas: a) Existe elevado nível de consenso sobre quais
são as core competences da empresa, ou seja, quais são os pontos fortes da
empresa em termos de habilidades e competências; b) a macro estratégica da
empresa é comunicada, amplamente, para todos os níveis organizacionais; c) a
alta administração estabelece, frequentemente, metas desafiadoras em um
sentido de urgência para a mudança da realidade em direção a uma visão
estabelecida.
Para Rodrigues et al. (2009) as core competences são “muito importantes no contexto
da Gestão do Conhecimento, já que facilita o desenvolvimento de estratégias de negócio que
alavancam estes tipos de ativos”.
Observa-se que referente aos gestores analisados, 38% dizem nem concordar, nem
discordar sobre a existência de um elevado nível de consenso sobre quais são as core
competences da empresa, sendo que 50% dizem concordar e 13% concordam totalmente.
3 1
4 6 7 1 1 1
1.1 1.2 1.3
NEM CONCORDO NEM DISCORDO CONCORDO CONCORDO TOTALMENTE
Segundo Terra (2000) apud Cavalcante (2011), é fundamental que, para competir no
mercado, as empresas foquem nas competências-chaves e nas áreas de conhecimento para
obter os melhores resultados. É necessário um certo nível de conscientização sobre as
habilidades para que a partir de um consenso com odirecionamento de esforços em torno de
core competences, os indivíduos poderão tomar decisões de forma a usufruir e
consequentemente privilegiar os pontos fortes da empresa.
4.2.2 Cultura e Valores Organizacionais
Para análise da cultura e dos valores organizacionais foram estipuladas 10 perguntas,
sendo elas: a)a missão e os valores da empresa são promovidos, de forma consistente, por
atos simbólicos e ações; b) Há um elevado sentimento de confiança entre empresa e
funcionários, existem de maneira geral, um grande orgulho em trabalhar para a empresa; c) as
pessoas não estão focadas apenas no curto prazo; d) estimula-se a experimentação. Há
liberdade para tentar e falhar; e) existe uma grande honestidade intelectual na empresa, ou
seja, as pessoas são autênticas e deixam evidente aquilo que conhecem e também o que não
conhecem; f) as pessoas estão preocupadas com toda a organização e não apenas com sua
área de trabalho, ou seja, buscam uma otimização conjunta; g) reconhece-se que tempo é um
recurso importante para o processo de inovação; h) novas ideais são valorizadas. Há permissão
para discutir ideias “bobas”; i) as realizações importantes são comemoradas; j)há grande
tolerância para piadas e humor.
Pode-se verificar que no que tange a dimensão do conhecimento sobre a cultura e os
valores organizacionais, mais de 50% das respostas foram positivas, sendo que 25 assinalaram
que concordam com o que foi questionado. É importante que os gestores conheçam a missão
e os valores da empresa para verificar se os objetivos da organização vão ao encontro dos seus
próprios objetivos. A empresa deve estar aberta para novas ideias de seus funcionários,
passando uma confiança e liberdade a inovação.
1 1 1 1
1 2 4 1
1 4 3 3
3 1 1
4 3
1 3 2
2 3
3 4 4
2 1 5
2 2 3 1 2 2 3
2.1 2.2 2.3 2.4 2.5 2.6 2.7 2.8 2.9 2.10DISCORDO TOTALMENTE DISCORDO NEM CONCORDO NEM DISCORDO CONCORDO CONCORDO TOTALMENTE
A consequência da falha dessa dimensão reflete na maior parte na dificuldade que os
gerentes tem de não conseguir articular seus departamentos com a mesma estratégia da
organização e explicar o papel que eles cumprem para o alcance dos objetivos e resultados
traçados.
Para Rodrigues et al. (2009), o conhecimento é algo extremamente valioso sendo
assim as pessoas não irão compartilhá-lo se pensarem que a organização não é ética e não
recompensa aqueles que compartilham o que sabem.
4.2.3 Estrutura Organizacional
Para a abordagem da dimensão voltada à estrutura organizacional, foram elaboradas 6 (seis)
perguntas, sendo elas: a) realizam-se, com frequência reuniões informais, fora do local de
trabalho, para a realização de brainstormings; b) os layouts são conducentes às trocas
informais de informações (uso de espaços abertos e salas de reunião). São poucos os símbolos
de status e hierárquicos; c) há um uso constante de equipes multidisciplinares e formais que se
sobrepõem à estrutura formal tradicional e hierárquica; d) há um uso constante de equipes
adhoc ou temporárias, com grande autonomia, totalmente dedicadas a projetos inovadores; e)
pequenas reorganizações ocorrem com frequência, de forma natural, para se adaptar às
demandas do ambiente competitivo; f) as decisões são tomadas no nível mais baixo possível. O
processo decisório é ágil; a burocracia é mínima.
Percebe-se que no atual modelo de administração, para efeito da Gestão do
Conhecimento, as empresas analisadas se apresentam como flexíveis e adaptáveis ao atual
paradigma, com ênfase na criatividade e na geração de conhecimento tendo pontuação mais
altas em questões voltadas a decisões e reorganizações. Porém elas ainda pecam em outros
quesitos que devem ser prezados. Observa-se que 75% dos gestores analisados deram
pontuação negativa no que se refere arealização de reuniões informais, fora do local de
trabalho. Outro fator relevante é que em 62,50 % os layouts não são conducentes às trocas
informais de informações.
1 1 1 1 1 1
4 4 5
2 1 2 2
5 5 5
1 1 2 2 1
3.1 3.2 3.3 3.4 3.5 3.6
DISCORDO TOTALMENTE DISCORDO NEM CONCORDO NEM DISCORDO CONCORDO CONCORDO TOTALMENTE
4.2.4 Administração De Recursos Humanos
Os fatores referentes à administração de recursos humanos foram divididas em 13
quesitos, a)o processo de seleção é bastante rigoroso; b) há uma busca de diversidade
(personalidades, experiências, cultura, educação formal, etc) e aumento da criatividade por
meio do recrutamento; c) o planejamento de carreira busca dotar os funcionários de
diferentes perspectivas e experiências; d) o escopo das responsabilidades dos cargos é, em
geral, bastante abrangente; e) há um elevado investimento e incentivo ao treinamento e
desenvolvimento profissional e pessoal dos funcionários. Estimulam-se treinamentos que
levam ao autodesenvolvimento; f) estimula-se o aprendizado pela ampliação dos contatos e
interações com outras pessoas de dentro e fora da empresa; g) o treinamento está associado
às necessidades da área imediata de trabalho do funcionário e /ou às necessidades
estratégicas da empresa; h) há um baixo turnover (número de pessoas que se demitem ou são
demitidas) na empresa em comparação as outras empresas do mesmo setor; i) a evolução dos
salários está associada, principalmente, à aquisição de competências e não ao cargo ocupado;
j) existem esquemas de premiação e reconhecimento por resultados e contribuições
extraordinárias; k) existem esquemas de pagamentos associados ao desempenho da equipe (e
não apenas ao desempenho individual). Os créditos são compartilhados; l) existem esquemas
de participação nos lucros envolvendo a maior parte dos funcionários; m) existem esquemas
de participação societária envolvendo a maior parte dos funcionários
Para Salmazo (2004) “o papel da administração de RH é definir políticas que dão
suporte à manutenção, à aquisição e à difusão do conhecimento na empresa”.
Observa-se que das 104 respostas obtidas sobre a administração de recursos
humanos, aproximadamente 64% foram positivas. Os quesitos que atingiram maiores
pontuações foram: investimento e incentivo ao treinamento e desenvolvimento profissional e
pessoas dos funcionários, ampliação dos contatos e interações com outras pessoas, baixo
turnover e evolução dos salários com políticas de remuneração de extensão dos salários em
benefícios gerais e flexíveis, além da valorização das competências individuais e desempenho
da equipe e/ou da organização.
2 2 2 2 1 2 3
3 2 3 4 1 1 1 1 1
2
2 1 4 5 3 3
3 3 6
2 3
3 3
1 2 1 1 2 1 4 4
1
5 4
2 2 1
4.1 4.2 4.3 4.4 4.5 4.6 4.7 4.8 4.9 4.10 4.11 4.12 4.13DISCORDO TOTALMENTE DISCORDO NEM CONCORDO NEM DISCORDO CONCORDO CONCORDO TOTALMENTE
É fundamental que as empresas, além desses quesitos, foquem em atrair e reter
talentos tanto por meio de práticas de seleção quanto avaliações periódicas de cargos e
salários; estimulem comportamentos utilizando plano de carreira, mapeamento das
competências e treinamentos
4.2.5 Sistemas De Informação
Para a análise sobre os sistemas de informação dentro das empresas, utilizou-se de
três perguntas, sendo elas: a) a comunicação é eficiente em todos os sentidos (de cima para
baixo, de baixo para cima e entre as áreas); b) as informações são compartilhadas. Existe
amplo acesso, por parte de todos os funcionários, à base de dados e conhecimento da
organização; c) há grande disciplina, eficiência e incentivo para a documentação do
conhecimento e Knowhow existente na empresa.
A Tecnologia de informação é um grande facilitador da difusão e compartilhamento de
conhecimento. Tem como objetivo a efetivação de repositórios de conhecimento, além da
disponibilização e da distribuição de conteúdos, ambientes e ferramentas de colaboração.
No que corresponde a eficiência de comunicação, 62,5% dos participantes relatam
concordar, 25% concordam totalmente e 12,5% nem concordam nem discordam. Essa
comunicação pode ocorrer em todos os sentidos, tanto de cima para baixo quanto de baixo
para cima, além de envolver todas as áreas.
Sobre isso, Probst et al (2002) apud Cavalcante (2012) afirmam que “a comunicação
entre indivíduos detentores de conhecimento é fundamental para comparação de ideias e
experiências de cada pessoa com as das outras pessoas”.
Sendo assim, verifica-se a importância em uma empresa exercer uma comunicação em
todos os sentidos na estrutura organizacional. Essa comunicação deve ser adequada e
adquirida no momento certo.
4.2.6 Mensuração Dos Resultados
1 2 2 5 4 4 2 2 2
5.1 5.2 5.3
NEM CONCORDO NEM DISCORDO CONCORDO CONCORDO TOTALMENTE
Para análise sobre a mensuração dos resultados, utilizou-se duas perguntas: a) existe
uma grande preocupação em medir resultados sob as várias perspectivas (financeiras,
operacionais, estratégicas, aquisição do conhecimento); b) esforços para avaliar as
competências e conhecimentos dos colaboradores da organização são realizados com
frequência e os resultados são amplamente divulgados internamente.
No que se refere a mensuração dos resultados 56,25% das respostas foram positivas e
43,75% nem concordam nem discordam sobre o assunto abordado. A partir disso, percebe-se
que o reconhecimento do esforço dos indivíduos aos resultados alcançados contribuem para
proporcionar confiança e motivação aos membros da empresa, criando um ambiente saudável
a criação do conhecimento.
Nesse sentido, Terra (2000) apud Cavalcante (2012) salienta que as empresas que se
enquadram na contabilização do capital intelectual, começam a questionar seus processos de
trabalho, cultura, estratégias de comunicação, emprego de sistemas de informação e políticas
de administração de recursos humanos.
4.2.7 Aprendizado com o Ambiente
No que tange o aprendizado com o ambiente utilizou-se de 4 perguntas, sendo elas: a)
a empresa aprende muito com seus clientes. Existem vários mecanismos formais e informais
bem estabelecidos para essa finalidade; b) a empresa tem habilidade na gestão de parcerias
com outras empresas; c) a empresa tem habilidade na gestão de parcerias com universidades e
institutos de pesquisa (contratação de pesquisa externa); d) a decisão de realizar alianças está,
frequentemente, relacionada a decisões estratégicas e de aprendizado importantes. Os
funcionários da empresa percebem, muito claramente, esse objetivo de aprendizado.
3 4 2 2 3 2
6.1 6.2NEM CONCORDO NEM DISCORDO CONCORDO CONCORDO TOTALMENTE
1 2 5
2 5
3 1
4 3 3 1 2
7.1 7.2 7.3 7.4
DISCORDO NEM CONCORDO NEM DISCORDO CONCORDO CONCORDO TOTALMENTE
A gestão de parcerias com outras empresas precisa ser cuidadosamente planejada e
monitorada, sendo assim é importante que alguns aspectos sejam estudados: tipos de acordo;
entendimento da cultura do potencial parceiro; intercâmbio e treinamento cruzado de
funcionários; necessidade de recursos; benefícios e objetivos a serem atingidos, entre outros
(TERRA, 2000).
A partir do gráfico acima, observa-se que no quesito de aprendizagem da empresa com
o cliente 100% dos participantes concordam ou concordam totalmente que existem
mecanismos tanto formais quanto informais bem estabelecidos para essa finalidade. Na
abordagem da habilidade na gestão de parcerias com outras empresas, 37,5% concordam
totalmente, 37,5 concordam e 25% nem concordam e nem discordam sobre o assunto.
5 CONCLUSÕES
Devido ao aumento da competitividade no mercado, observa-se a
importância da Gestão do Conhecimento, pois é apresentado como um novo
modelo eficiente tanto para a área empresarial, como para a área científica, já
que foi adotado um concenso de que estamos vivendo a era do conhecimento,
sendo que esse fator é de elevada importância para que empresas e
profissionais mantenham-se no mercado.
Notou-se que em quase todas as dimensões obtivemos um resultado
positivo, o fator que ainda precisa ser melhorado nas empresas desse ramo é:
estrutura organizacional (realização de reuniões informais, fora do ambiente de
trabalho e layout nao conducente as trocas informais de produção).
Pode-se concluir que as empresas estão cientes da importância do
conhecimento para a organização e que praticamente todas as dimensões
estão sendo utilizadas pelas malharias. Assim, sugerimos que os estudos a
respeito do conhecimento adotado nessa segmento continue sendo estudado
para uma maior e melhor compilação de informções.
1.2 REFERÊNCIAS
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2003.
BEAL, J.R.S; CARLETTO, B; FERREIRA, C.L. As sete dimensões da gestão do conhecimento na
empresa Pão de Queijo e Cia. In: 4º encontro de engenharia e tecnologia dos campos gerais,
2008, Ponta Grossa. Anais eletrônicos...Ponta Grossa. Disponível em <
http://www.4eetcg.uepg.br/oral/77_1.pdf>
CAVALCANTE, J. Análise das práticas de Gestão do Conhecimento em uma
empresa de serviços de assessoria e educação profissional, 2011. Disponível em
<http://revista.uepb.edu.br/index.php/qualitas/article/viewFile/950/637> Acesso dia 11
de setembro de 2013. FIGUEIREDO, S.M. Método e metodologia na pesquisa científica. 3 ed: Yendis, 2009
GIL, A.C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4ed. São Paulo: Atlas, 2009.
MACHADO, L.C; CARVALHO, H.G. As sete dimensões da Gestão do Conhecimento na prática
gerencial: um estudo de caso na Gecor S.A. In: XI Seminário Latino-Iberoamericano de Gestión
Tecnológica, 2005, Salvador. Anais eletrônicos...Bahia. Disponível em <
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RODRIGUES, J.F; HOLANDA, L.M.C; LIMA, I.A. A percepção dos gestores sobre as sete
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SALMAZO, P. R. Um estudo em Gestão do Conhecimento para uma Empresa de Tecnologia da
Informação, 2004. 139f. Dissertação (Mestrado em Informática) – Universidade Federal do Rio
Grande do Sul