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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ
TATIANA DE GIRONI
A INSERÇÃO DA MULHER NA CARREIRA MILITAR EM FUNÇÕES ATÉ ENTÃO
TIDAS COMO PREDOMINANTEMENTE MASCULINAS: Estudo de caso no 7°
Batalhão do Corpo de Bombeiros de Itajaí – SC.
Balneário Camboriú
2010
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TATIANA DE GIRONI
A INSERÇÃO DA MULHER NA CARREIRA MILITAR EM FUNÇÕES ATÉ ENTÃO
TIDAS COMO PREDOMINANTEMENTE MASCULINAS: Estudo de caso no 7°
Batalhão do Corpo de Bombeiros de Itajaí – SC.
Balneário Camboriú
2010
Monografia apresentada como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Administração – Gestão Empreendedora, na Universidade do Vale do Itajaí, Centro de Educação Balneário Camboriú. Orientador : Prof. MSc. Laércio A. Braggio
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TATIANA DE GIRONI
A inserção da mulher na carreira Militar em funções até então tidas como
predominantemente masculinas: Estudo de caso no 7° Batalhão do Corpo de
Bombeiros de Itajaí – SC.
Esta Monografia foi julgada adequada para a obtenção do título de Bacharel em
Administração e aprovada pelo Curso de Administração – ênfase em Gestão
Empreendedora da Universidade do Vale do Itajaí, Centro de Educação de Balneário
Camboriú.
Área de Concentração: Administração com ênfase em Gestão Empreendedora
Balneário Camboriú, 05 de Julho de 2010.
_________________________________
Prof. MSc. Laercio A. Braggio
Orientador
___________________________________
Prof. MSc. Marcio Daniel Kiesel
Avaliador
___________________________________
Prof. MSc. Marco A. Batista
Avaliador
4
EQUIPE TÉCNICA
Estagiário(a): Tatiana De Gironi
Área de Estágio: Administrativa
Professor Responsável pelos Estágios: Lorena Schröder
Supervisor da Empresa: Marcio Weber
Professor(a) orientador(a): Prof. Msc. Laércio A. Braggio
5
DADOS DA EMPRESA
Razão Social: WebDigi Distribuidora
Endereço: R: JAMAICA 484, Bairro Nações
Setor de Desenvolvimento do Estágio: Administrativo
Duração do Estágio: 240 horas
Nome e Cargo do Supervisor da Empresa: Marcio Weber , Gerente
Carimbo do CNPJ da Empresa:
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AUTORIZAÇÃO DA EMPRESA
Balneário Camboriú, 05 de Julho de 2010.
A Empresa WebDigi Distribuidora, pelo presente instrumento, autoriza a
Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, a divulgar os dados do Relatório de
Conclusão de Estágio executado durante o Estágio Curricular Obrigatório, pelo
acadêmico Tatiana De Gironi.
___________________________________
Responsável pela Empresa
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“A mente que se abre a uma nova
idéia jamais voltará ao seu
tamanho original”.
(Albert Einstein)
8
AGRADECIMENTOS
Á Deus! Minha eterna gratidão por me permitir lavrar meus próprios registros no livro da vida.
Em especial, sou grata a minha mãe pelos ensinamentos dados e por me
conduzir no caminho do crescimento.
Obrigado ao meu orientador Laércio A.Braggio, pelas estimulantes provocações, encorajamento, orientações e diálogos que travamos. Tais desafios fundamentaram de forma marcante este trabalho.
Ao meu filho que acabou de chegar em minha vida, ao meu marido por me
compreender, ajudar e apoiar em todos os momentos. Com mesma relevância, agradeço a todos os professores, por dividirem seu
conhecimento, para que eu alcançasse o sucesso acadêmico.
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RESUMO
Hoje é indiscutível a presença da mulher no mercado de trabalho, os textos modernos destacam diariamente as conquistas da mulher nos mais diversos postos e campos de atuação, em especial nos cargos antes predominantemente masculinos. As mulheres decidiram entrar num universo que antes era só dos homens como o corpo de bombeiros. O presente trabalho busca entender o comportamento da mulher de uma forma mais ampla, neste sentido, é um desafio para elas atuarem num espaço com características tão masculinas como no militarismo, onde as mulheres podem galgar até o posto mais alto da corporação militar, com os mesmos direitos e deveres dos homens. Sob este panorama, esta pesquisa tem como principal objetivo compreender a evolução da mulher no atual mercado de trabalho em funções até então predominantemente masculinas, desta forma buscaram-se através do estudo bibliográfico, conceitos, fundamentos e pesquisas que ponderaram a trajetória da inserção feminina em diversos campos, como também descrever a inserção da mulher nas Instituições Militares. A metodologia da pesquisa teve como objetivo a pesquisa exploratória, com uma abordagem qualitativa, utilizando-se de uma entrevista para a coleta das informações. Conclui-se que as mulheres lutaram para conquistar seu espaço em instituições que eram compostas apenas por homens. É uma oportunidade de promover soluções para dificuldades enfrentadas. No bombeiro não é diferente, mesmo não sendo uma instituição privada a competência da mulher continua presente e indiscutível. Palavras Chave : Mulher. Instituições Militares. Bombeiros
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ABSTRACT
Today is the indisputable presence of women in the labor market, most modern texts daily highlight the achievements of women in various positions and fields, especially in male-dominated positions before. The women decided to enter a universe that was previously only men as the fire department. This study seeks to understand the behavior of women in a broader sense this is a challenge for them to act in a masculine space with features such as the military, where women can climb up to the highest rank of military corporation, with same rights and duties of men. Under this scenario, this research has as main objective to understand the evolution of women in today's labor market functions hitherto predominantly male, so were sought by studying literature, concepts, foundations and research that are considering the trajectory of women's insertion into various fields, but also describe the integration of women in military institutions. The research methodology aimed at the exploratory research with a qualitative approach, using an interview to collect information. We conclude that women fought for their place in institutions that were composed only of men. It's an opportunity to develop solutions to difficulties. No firefighter is no different, although not a private institution the competence of women is still present and undeniable. Keywords: Women. Military Institutions. Fire
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LISTA DE QUADROS
Nº. Titulo................................... ........................................................................Pg.
1 Respostas da 8ª Pergunta ...........................................................................61
2 Respostas da 9ª Pergunta ...........................................................................61
3 Respostas da 10ª Pergunta .........................................................................62
4 Respostas da 11ª Pergunta..........................................................................62
5 Respostas da 12ª Pergunta .........................................................................62
6 Respostas da 13ª Pergunta..........................................................................63
7 Respostas da 14ª Pergunta..........................................................................63
8 DSC – Discurso Sujeito Coletivo 8ª Pergunta...............................................64
9 DSC – Discurso Sujeito Coletivo 9ª Pergunta ..............................................64
10 DSC – Discurso Sujeito Coletivo 10ª Pergunta.............................................64
11 DSC – Discurso Sujeito Coletivo 11ª Pergunta.............................................64
12 DSC – Discurso Sujeito Coletivo 12ª Pergunta.............................................65
13 DSC – Discurso Sujeito Coletivo 13ª Pergunta ............................................65
14 DSC – Discurso Sujeito Coletivo 14ª Pergunta ............................................65
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................ 14
1.1 Tema de estágio ...................................................................................... 15
1.2 Problema de pesquisa ............................................................................. 16
1.3 Objetivo geral ........................................................................................... 17
1.4 Justificativa da pesquisa .......................................................................... 17
1.5 Contextualização do ambiente de estágio ............................................... 18
1.6 Organização do trabalho ......................................................................... 18
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA............................ .................................. 19
2.1 A Evolução da Mulher no Mercado de Trabalho...................................... 19
2.1.1 A mulher empreendedora........................................................................ 21
2.1.2 A mulher nas organizações...................................................................... 23
2.1.3 A mulher e o Preconceito no mercado de trabalho.................................. 24
2.1.4 Mulher versus homem no mercado de trabalho Inversão de papéis....... 26
2.2 As origens do exercito brasileiro.............................................................. 27
2.2.1 Exército moderno...................................................................................... 30
2.2.2 Missão e visão do Exercito Brasileiro....................................................... 31
2.2.3 Síntese dos Deveres, Valores e da Ética do Exército.............................. 31
2.2.4 Fatores Críticos para o Êxito da Missão do Exército............................... 32
2.2.5 Mulheres no Exército............................................................................... 33
2.2.6 Histórico do Ingresso da Mulher no Exército........................................... 35
2.3 Criação e Evolução do Corpo de Bombeiros no Brasil............................ 38
2.3.1 Cronologia: Historia do Corpo de Bombeiros........................................... 41
2.3.2 Bombeiros no Brasil.................................................................................. 47
2.3.3 Bombeiros em Santa Catarina.................................................................. 49
2.3.4 Bombeiro.................................................................................................. 50
2.3.5 Classificação............................................................................................. 51
3 METODOLOGIA DA PESQUISA ......................... ................................... 53
3.1 Tipologia de pesquisa .............................................................................. 53
3.2 Sujeito do estudo ..................................................................................... 54
3.3 Instrumentos de pesquisa ........................................................................ 55
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3.4 Análise e apresentação dos dados ......................................................... 56
3.5 Limitações da pesquisa........................................................................... 56
4 ANÁLISE DOS DADOS................................ ........................................... 57
4.1 Perfil das Respondentes........................................................................... 57
4.2 Entrevista.................................................................................................. 58
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................ ........................................ 64
5.1 Sugestões de Trabalhos Futuros............................................................. 66
6 REFERÊNCIAS....................................................................................... 67
APÊNDICE............................................................................................. 70
14
1. INTRODUÇÃO
As relações de trabalho ganham novos significados e complexidades a partir
da inserção feminina no espaço organizacional. A disputa acirrada no espaço de
trabalho passa a ser vivida por homens e mulheres que buscam igualar suas
oportunidades por cargos, posições hierárquicas, destaque e reconhecimento na
profissão.
O processo de construção de identidade feminina é delimitado pela
concepção de feminilidade interiorizada pela educação, e pelas normas de
comportamentos impostas pelo mundo do trabalho (Belle, 1987). Neste processo a
mulher não deve abandonar suas características femininas e, em contrapartida,
precisa absorver características tipicamente masculinas que predominam no espaço
público de trabalho. Percebe-se, com isto, que a mulher vivencia um processo
ambíguo, porque precisa desenvolver habilidades que, às vezes, são opostas.
Se antes as mulheres não assumiam funções consideradas exclusivamente
masculinas, hoje a realidade mostra uma mudança no mercado de trabalho. Na
antiguidade a mulher foi impedida de dar opinião, de ter desejos próprios, de
desenvolver uma profissão além da dona de casa.
Belle (1993) relata que não existem mais espaços reservados, papéis
atribuídos em caráter definitivo, separações estritas ou muros intransponíveis entre o
feminino e o masculino. O que se nota é uma segregação velada e disfarçada que
atinge as mulheres em relação ao trabalho, denominado como fenômeno do teto de
vidro (Steil 1997), que consiste em uma barreira sutil e transparente, mas
suficientemente forte para bloquear a ascensão das mulheres a níveis hierárquicos
mais altos.
Ao longo do tempo a mulher reivindica por melhores condições sociais, ou
seja, o direito de existir com suas diferenças pessoais. Hoje a mulher pode dar sua
opinião diante de situações específicas, ganhou as conquistas no mercado de
trabalho. A necessidade de existir, não significa competir, a competição no mercado
de trabalho, é uma realidade.
Sendo assim, uma de suas conquistas mais marcantes sem duvida foi seu
ingresso nas instituições militares, como por exemplo o Exercito Brasileiro que desde
sua criação sempre foi formado exclusivamente por homens. Neste processo, a
15
mulher diversificou sua participação na vida pública e amplia seu espaço de atuação
na sociedade ao ocupar cargos na vida militar. No ano de 1981, a Marinha Brasileira
passa a aceitar mulheres no seu corpo de oficiais, esse foi o estopim para a inserção
da mulher nas forças armadas, ao longo da década seguinte. A pesquisa em
questão visa entender como a entrada oficial das mulheres no Exército Brasileiro,
durante a década de 1990, pode ser considerada como um exemplo do caráter
moderno dessa instituição.
Portanto, o processo de diferenciação entre masculino e feminino é
construído individual e coletivamente no imaginário das pessoas, e a compreensão
deste envolve a percepção de que indivíduos de um mesmo grupo se aproximam
uns dos outros como conseqüência de sua experiência social comum, de seu
pensamento e de sua ação. Contudo, estes não abandonam as características que
os tornam diferentes (Wagner, 1995).
1.1 Tema:
O aumento da participação das mulheres no mercado de trabalho e,
conseqüentemente, no âmbito organizacional, tem acontecido sob a forma de
ocupação de cargos que exigem menores qualificações e competências. Entretanto,
muitas mulheres já estão alcançando postos mais elevados e importantes, como
gerentes, diretoras, ou mesmo empreendedoras de seus próprios negócios, ou ainda
essas posições, pode constituir-se em cargos originalmente masculinos como
bombeiras, delegadas, caminhoneiras, cargos no Exercito Brasileiro, etc.
Profissões que antes eram antes exclusivas e predominantemente masculinas
ganham cada vez mais representantes femininas, com a ajuda do avanço
tecnológico, a estratégia se sobrepõe à força, cenas de mulheres fazendo trabalhos
ditos masculinos estão sendo cada vez mais comuns, mais preparadas avançam no
mercado de trabalho não só em funções estratégicas, mas também operacionais,
graças a mulheres corajosas e ambiciosas, a versatilidade fez a mulher conquistar
os mais diversos postos de trabalho, a fragilidade dá lugar a força e habilidade, a
paciência e a delicadeza femininas são qualidades que fazem sucesso.
Nesse contexto, Bardwick (1984) afirma que as mulheres não são melhores
nem piores que os homens. Não são completamente diferentes deles, nem
totalmente iguais. Por esse motivo, ao analisar a inserção das mulheres como
16
empresárias, torna-se interessante considerar alguns aspectos comuns ao
comportamento de pessoas que obtiveram sucesso na gestão de seus negócios,
bem como outras características específicas à conduta empresarial feminina.
Juntamente com as mudanças na mentalidade da sociedade brasileira,
fizeram com que as muitas funções, assim como a do Exército fossem além do
campo de batalha e a inserção da mulher fosse incentivada. Além disso, essa
abertura fez com que o Exército Brasileiro repensasse a sua estrutura, o seu ensino
e no papel do soldado na sociedade. Pensar num Exército voltado exclusivamente
para o campo de batalha torna a inserção da mulher difícil, mas ao pensar nessa
instituição como um pilar da sociedade brasileira, voltada para a produção de
conhecimento e inteligência, essa inserção torna-se possível.
1.2 Problema:
Com a crescente demanda de mulheres atuando em funções conhecidas e
consideradas masculinas, percebe-se a importância de se fazer uma pesquisa que
analise e verifique os traços mais marcantes e que fazem a diferença no mercado de
trabalho, identificando a sua capacidade de igual ou maior responsabilidade ao
exercer essas funções, e o reflexo do perfil de um profissional e sua visão de
sucesso e futuro, analisando o potencial dessas mulheres em seus cargos de
trabalho.
A inserção da mulher no mercado de trabalho em funções ditas como
predominantemente masculinas age como uma via de mão dupla. Ela só foi possível
com a modernização sofrida pelo mercado de trabalho, na sociedade no Exército
Brasileiro, na vida militar, no decorrer de sua história. E a própria mulher é também,
um dos aspectos impulsionadores dessa modernização, e muito ainda precisa ser
pensado sobre a inserção da mulher nas diversas áreas profissionais, que talvez, só
a experiência e o tempo possam demonstrar a sua efetividade. Mas o importante é
que, enquanto civis e militares refletem sobre as questões femininas, refletem
também sobre as mudanças de comportamento da sociedade.
Sendo assim este trabalho procura responder a seguinte questão: Como se
deu inserção da mulher na carreira Militar em funções até então tidas como
predominantemente masculinas?
17
1.3 Objetivos
Objetivo geral:
Reconhecer a inserção da mulher na carreira Militar em funções até então
tidas como predominantemente masculinas.
Objetivos Específicos:
- Identificar as dificuldades de ingresso da mulher na carreira militar.
- Identificar o perfil das mulheres que atuam na carreira militar.
- Descrever a inserção da mulher nas Instituições Militares.
- Reconhecer os motivos que levaram ao ingresso na carreira militar.
1.4 Justificativa:
A expansão dos estudos de gênero em diferentes espaços da historiografia
instigou o interesse de descobrir a mulher como sujeito da história e objeto de
estudo. Neste processo, a mulher diversificou sua participação na vida pública e
amplia seu espaço de atuação na sociedade ao ocupar cargos em diferentes ramos
de atividades entre eles nas Instituições Militares. O desenvolvimento deste trabalho
terá a finalidade de descrever a trajetória da inserção feminina em diversos campos,
e apresentar os espaços hoje ocupados pela mulher no mundo, no mercado de
trabalho e nas Instituições Militares. Nesta perspectiva é que se faz necessário um
estudo mais aprofundado sobre a evolução e participação das mulheres, neste
contexto o presente trabalho busca elucidar a temática na sociedade e nas
organizações aprofundando as principais contribuições dos autores, o problema a
ser alcançado e os objetivos estabelecidos.
1.5 Contexto do ambiente de estágio:
Bombeiros fazem uma parte importante e essencial do mundo atual, e são
indispensáveis para a população geral. Bombeiros são aqueles homens e mulheres
que arriscam as vidas, para ajudar a apagar incêndios em casas, incêndios em
18
empresas e incêndios na natureza. Sua missão é prover e manter serviços
profissionais e humanitários que garantam a proteção da vida, do patrimônio e do
meio ambiente, visando proporcionar qualidade de vida a sociedade.
O presente trabalho teve como ambiente de estagio o 7BBM, que esta
localizado na cidade de Itajaí, e teve sua inauguração em 15/05/1962, atualmente
sob o comando do tenente-coronel Onir Mocellin, a cidade possui 62 homens e 3
mulheres trabalhando como bombeiros. Porem o 7 Batalhão atende da cidade de
Tijucas até Itapoá, compreendendo o total de 323 homens e 5 mulhers. Em todo
estado de Santa Catarina estima-se, que haja mais ou menos, 50 mulheres
trabalhando no militarismo, onde para cada 20 homens, aproximadamente uma
mulher atue na área.
1.6 Organização do trabalho:
A primeira parte do trabalho apresenta a introdução, contextualização, o tema
da pesquisa, bem como a identificação dos objetivos a serem cumpridos, além da
justificativa e a apresentação do ambiente pesquisado.
O segundo capítulo apresenta o embasamento teórico desta pesquisa, sendo
dividido em sub-capítulos que abordam os conceitos da evolução da mulher no
mercado de trabalho, a mulher empreendedora, a mulher nas organizações, a
mulher e o preconceito no mercado de trabalho, mulher versus homem no mercado
de trabalho, inversão de papéis, as origens do exercito brasileiro e histórico e
atuação da mulher nas instituições militares.
O terceiro capítulo refere-se à metodologia utilizada para a coleta,
apresentação e caracterização da pesquisa, definindo o delineamento utilizado
desencadeadas no processo.
Assim, o quarto capítulo apresenta os resultados da pesquisa feita pela
acadêmica através de uma pesquisa exploratória e dados primários, bem como
análise dos dados e compreensões a respeito do tema pesquisado.
O quinto capítulo apresenta as considerações finais feitas acerca do estudo
realizado, bem como uma análise dos objetivos propostos que foram alcançados no
decorrer do trabalho, também as limitações e sugestões a trabalhos futuros.
19
Por fim são apresentadas as referências bibliográficas dos autores citados no
trabalho, bem como anexos e apêndices que auxiliaram na realização desta
pesquisa.
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
No presente capítulo será apresentado à fundamentação teórica que orientam
o desenvolvimento deste trabalho. Serão abordados temas sobre a evolução da
mulher no mercado de trabalho em funções predominantemente masculinas como
os bombeiros.
2.1 A Evolução da Mulher no Mercado de Trabalho
De acordo com Cohen (2009) a luta da mulher por melhores condições de
trabalho e por sociedades mais justas e igualitárias é muito antiga tendo ao longo da
historia a participação de grandes personagens femininas. A mulher veio a assumir
lugar de destaque primeiramente durante o Renascimento ao ser associada à
ciência por meio da figura das “preciosas”, das “sábias” ou das “enciclopédias” e
reconhecida por suas habilidades manuais, na produção da seda de Milão e dos
veludos de Florença.
Já em 1789, durante a Revolução Francesa, Olympe de Gouges, jornalista e
escritora feminista lança a primeira “Declaração dos Direitos das mulheres e do
Cidadão” reivindicando o “direito feminino a todas as dignidades, lugares e
empregos públicos de acordo com suas capacidades”.
Segundo Cohen (2009, p. 161) “O documento datado de 1791, reclamava
uma participação feminina mais efetiva na sociedade, com melhores condições de
vida e de trabalho, maior participação política, acesso à instrução, fim da prostituição
e igualdade de direitos entre os sexos”.
Olympe Gouges, esta pioneira dos direitos da mulher foi condenada à morte
sendo guilhotinada em 1793, levando as associações feministas agirem
clandestinamente na França. Já as autoridades para justificar sua morte,
declararam que ela queria ser um homem de estado esquecendo as virtudes
femininas. (COHEN, 2009)
Contudo desde a morte de Olympe aos tempos modernos, construiu-se uma
extensa ponte de submissão sobre a condição feminina desembocando em plena
20
Revolução industrial, na segunda metade do século XVIII, momento em que o
ambiente de trabalho estava impregnado de insalubridade e reivindicações
trabalhistas. (COHEN, 2009).
Nesta época a situação não era menos impiedosa para as mulheres muito
pelo contrário, a absorção da mão de obra feminina nas indústrias, como forma de
baratear salários, obrigou-as a jornadas de trabalhos diários de até 17 horas. Eram
submetidas a agressões e espancamentos e sujeitas ao assédio sexual, recebendo
por seu trabalho salários desiguais, metade dos recebidos pelos homens. Porém a
luta operária naquele período, confundia-se com reivindicações de homens e
mulheres. (COHEN, 2009).
Ainda a mesma autora esclarece que na Inglaterra a situação era dramática,
sendo um dos berços do Iluminismo, onde pululavam instalações fabris,
trabalhavam-se 14 horas diárias sob uma temperatura de 29°C. Assim como os
homens as mulheres operárias eram confinadas em locais úmidos, com portas e
janelas fechadas, sendo proibidas até mesmo de ir ao banheiro e beber água.
Não demorara muito para as primeiras manifestações operarias começarem a
surgir, trazendo o enfrentamento com a policia para a crônica da vida diária. Desde
então a classe trabalhadora, homens e mulheres passaram a ter como principal foco
a redução da jornada de trabalho.
Já em meados do século XIX em meio às manifestações pela redução da
jornada de trabalho nos Estados Unidos, deu-se a primeira greve conduzida por
mulheres. Esta paralisação fora violenta reprimida pela policia e, em 8 de março de
1857, as operárias foram mortas por asfixia, depois que os patrões atearam fogo na
fábrica. Quase meio século depois, em Berna, Alemanha, seria elaborado o primeiro
projeto de convenção internacional proibindo o trabalho noturno das mulheres na
indústria. O documento elaborado em 1906, não se concretizou como lei. (COHEN,
2009)
Ainda a mesma autora elucida que esta data 8 de março de 1857, foi
lembrada durante a II Conferência Internacional de Mulheres, em 1910, por proposta
de instituição do Dia Internacional da Mulher. Durante o encontro realizado na
Dinamarca a ativista Clara Zetkin, sugeriu que o mundo refletisse sobre os direitos
da mulher no mesmo dia em que as operarias deram suas vidas por mais dignidade.
Já no século XX aconteceriam alguns marcos importantes na luta pela
emancipação feminina a exemplo do artigo 2° da Decl aração Universal dos Direitos
21
Humanos de 1948, o qual relatava que todos os seres humanos têm direitos e
liberdades iguais perante a lei, sem distinção de nenhum tipo, raça, cor ou sexo.
De acordo com Cohen (2009, p. 104) “Seis anos mais tarde em 1954, a ONU
reconhecia que as mulheres ainda estavam sujeitas as leis, costumes e pratica em
contradição com a Declaração Universal dos Direitos Humanos e convocava todos
os governos a acabar com eles”.
A descriminação contra a mulher na época não se dava apenas no chão de
fabrica, mas integrava a pauta de discussões dos organismos internacionais de
modo que entre 1967 e 1973 teve inicio no processo de organização e preparação
da Conferência Mundial do Ano Internacional da Mulher. Este evento teve lugar na
cidade do México em 1975 com a presença de 8 mil mulheres representando 113
países.
Cohen (2009) elucida ainda que a Conferência patrocinada pela ONU tivesse
em debate três temas principais: a igualdade entre os sexos, a integração da mulher
no desenvolvimento e a promoção da paz. Na mesma oportunidade a ONU declarou
o período entre 1976 e 1985 como a Década da mulher. O objetivo em questão era
incentivar e zelar pela participação feminina na vida social, econômica e política das
nações. Para tanto a ONU convocou seus paises-membros com o intuito de
promoverem a igualdade sexual perante a lei, bem como o acesso igual à educação,
a formação profissional e ao emprego. Já em 1981 entra em vigor a “Convenção
sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Contra a Mulher”.
2.1.1 A mulher empreendedora
De acordo com McClelland (apud WILKENS 1989) as mulheres
empreendedoras possuem necessidades de realização superiores e seguem alguns
padrões de comportamento citados a seguir:
• Pessoas que buscam realizar-se e gostam de trabalharem sozinhas. Buscam
por situações as quais são capazes de assumir responsabilidades e resolver
problemas.
• Pessoas que buscam realizar-se profissionalmente não gostam de trabalhos
rotineiros e triviais, evitam situações em que necessitem repetir o mesmo processo
por várias vezes. Quando conseguem resolver um problema, procuram em seguida
partir para a solução de um próximo, são pessoas visionárias.
22
• Pessoas que visam realizações buscam especialistas como sócios e não seus
amigos. Quando se deparam com problemas ou precisam de ajuda, não hesitam em
procurar ajuda de pessoas que possuem o conhecimento que lhes faltam.
• Pessoas que buscam realizações querem algum tipo de medida concreta de
seu desempenho. São pessoas que persistem em trabalhar para ganhar muito
dinheiro não apenas porque o querem, mas porque a recompensa financeira é uma
medida de suas realizações e sucesso.
• Pessoas que visam realizações estabelecem objetivos moderados assumindo
riscos calculados. Estabelecem objetivos os quais podem alcançar, maximizando
seu senso de realização. Por outro lado pessoas que estabelecem objetivos irreais
estão sempre lutando ou fracassando, são pessoas que dificilmente se realizam.
De acordo com dados do GEM 2007 (Global Entrepreneurship Monitor),
estudo do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) e do
IBQP (Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade), 52,4% os novos negócios
(com até 42 meses de criação) estão sob controle de mulheres, o que indica um
grande salto da presença feminina na população empreendedora do país,
caracterizando uma mudança na história, onde o homens eram líderes.
Em 2001, de cada 100 brasileiras, aproximadamente 13 estavam envolvidas
em atividades empresariais, com este índice o Brasil ficava na sétima posição do
ranking mundial de empreendedoras, composto por 42 países, com 7,7 milhões de
mulheres à frente dos negócios.
Segundo dados do GEM 2007 apontam que 37% das empreendedoras
brasileiras estão inseridas no comércio varejista – artigos de vestuário e
complementos – 27% delas na indústria de transformação – confecções, fabricação
de produtos alimentícios, fabricação de malas, bolsas e 14% nas atividades de
alojamento e alimentação
Segundo o SEBRAE, (2007, p. 73-74).
Apesar da crescente participação feminina, muito fatores ainda atuam como restritivos em relação às condições de trabalho e ao rendimento, entre os quais destacam-se: a responsabilidade maior da mulher com a família, a execução das tarefas domésticas que continuam como responsabilidades da maioria das mulheres, a maternidade e a exigência de cuidados com os filhos.
De acordo ainda com o Sebrae (2007), as mulheres buscam alternativas de
empreendimentos para completar a renda familiar ou pelo fato de que nos ultimos
anos elas vem assumindo cada vez mais o sustento do lar como chefes de familia.
23
2.1.2 A mulher nas organizações
De acordo com Wittenberg-cox; Maitland, (2009) as organizações mais
inovadoras estão percebendo que as mulheres representam uma fonte de talento
essencial e ainda inexplorada, para gerações de lideranças atuais e futuras. O perfil
demográfico e a escassez de habilidades estão começando a prejudicar outras
empresas a ponto delas serem obrigadas a levar a questão do gênero com mais
seriedade.
Ainda os mesmos autores esclarecem que as mulheres não constituem
apenas a maioria do banco de talentos elas também compõe a maior parte do
mercado de muitas empresas.
Wittenberg-cox e Maitland, (2009) esclarecem que nos Estados Unidos, as
mulheres são responsáveis por 80% de todas as decisões de compra, e a maioria
dos responsáveis pelas compras ou gerentes de compras são mulheres. As
mulheres empresárias respondem por 70% das empresas recém-criadas.
A vida profissional compartilhada com as mulheres tem se revelado mais ativa, mais colorida e mais interessante. Esse intercâmbio de conhecimentos e sensibildades tem se mostrado proveitoso para ambas as partes. Troca-se razão por criatividade, matemática por poesia disciplina por afetividade. E vice-versa. Reafirmo a necessidade de aprendizado permanente e as mulheres são boas professoras por natureza. Enfim, diria que não importa o sexo ou opção sexual. Quem aspira a uma carreira de sucesso tem que assumir, de agora em diante, um perfil feminino. E este conselho vale também para as mulheres que ainda não descobriram suas próprias virtudes. (JULIO, 2002, p. 136)
Cohen (2009) ressalta que as mulheres possuem uma caracteristica inerente
a elas que é poder dar atenção a vários assuntos ao mesmo tempo e gerenciar
simultaneamente diversas situações, como a carreira, a família e os filhos, um
talento quase inexistente no universo masculino.
Ainda o mesmo autor elucida que as mulheres são lideres por natureza,
desde criança aprendem a gerir a casa, organizar suas coisas e cuidar da familia e
essas qualidades quando transferidas para o lado profissional faz com que seja um
diferencial.
Júlio (2002, p. 135) ressalta que:
Recordo-me de uma palestra de Tom Peters, proferida em 2000. Perguntaram-lhe: “Se o senhor tivesse uma grande empresa e fosse se
24
aposentar, o que faria?” Sem titubear, ele respondeu que contrataria para o mais alto cargo executivo uma mulher dinâmica e inteligente, recrutada em uma boa escola. Em seguida, selecionaria 100 jovens talentosos, ja familiarizados com os instrumentos e ambientes da era digital, e os colocaria sob as ordens dessa líder. Segundo ele, essa seria a fórmula ideal para garantir a longevidade da empresa, com elevados padrões de qualidade e competitividade. Exageros à parte, concordo que a proposta de Peters aponta para modelos corretos de reinvindicação das organizações. As mulheres, sem dúvida, têm se adaptado mais rapidamente a essa realidade competitiva dos novos tempos.
Já Cohen (2009) salienta que as mulheres estão cada vez mais atuantes e
operantes, de modo a aumentar a estatistica que demonstra a presença delas em
cargos de liderança. Ocupando presidências, vice-presidências, diretorias, gerências
e outros níveis hierarquicos e mais que ceder à simples ganância pessoal, elas têm
influenciado nas últimas décadas e em todo o mundo a formulação de novas
relações de trabalho, mais humanas, novas maneiras de exercer o poder e maior
integração.
2.1.3 A mulher e o Preconceito no mercado de trabal ho
Cohen (2009) ressalta que as dificuldades dos preconceitos do qual
tradicionalmente padecem nas socidades patriarcais, onde o poder sempre esteve
nas mãos dos homens, só fizeram fortalecer as mulheres. No inicio ao ascender um
cargo de comando as executivas necessitavam espelhar-se em padrões masculinos
para execer sua função, hoje cada vez mais se busca se impor devido as
competências femininas sendo elas: sensibilidade, intuição, subjetividade entre
outras, talentos estes valorizados no mercado de trabalho.
De acordo com Wittenberg-cox e Maitland, (2009 p. 87), as empresas
inovadoras examinam item por item processos e sitemas existentes em busca de
preconceitos ivoluntários que podem afetar a carreira das mulheres ou sua
experiência como clientes. Há dois enfoques nesses esforços um voltado aos
funcionários internos e outro voltado ao mercado, sendo que internamente diz
respeito a examinar os sistemas de gestão de carreira e dados sobre promoções,
tendo como base as seguintes perguntas:
• Recrutamento – As campanhas de recrutamento são eficazes para atrair
mulheres ou os gerentes alegam que adorariam contratar mais mulheres, mas que
“simplesmente não conseguem encontrá-las?
25
Onde os empregos são anunciados, e que imagens são usadas para transmitir
a cultura da empresa? Muitas empresas são de opinião que tem que instruir e até
treinar seu pessoal de RH e as agências de recrutamento para eliminar preconceitos
na fase de entrevistas.
• Remuneração – Há imparcialidade no sistema de remuneração? As mulheres
permanecem por mais tempo que os homens em certas faixas de remuneração? As
funcionárias só conseguem aumento se pedirem? Analisar as práticas e tendencias
de remuneração é a forma ideal de descobrir a descriminação velada.
• Identificação de pessoas com alto potencial – A empresa tem um programa
estruturado para identificar pessoas com alto potencial, com idade estipulada ou
participantes? Se a idade for limitada (normalmente a faixa etária nesses programas
é de 28 a 35), ele ivoluntariamente discrimina as mulheres grávidas. Empresas
modernas estão elevando o maximo para 40 ou 45 anos ou, a exemplo de algumas
empresas escandinavas, eliminando-o completamente.
• Planejamento de sucessão e promoção – Existem listas mistas de
planejamento sucessório? Se as mulheres estiverem sistematicamente ausentes
dessas listas, isso talvez seja indicação de que haja outros preconceitos em jogo.
Existe um nível hierárquico no qual o percentual de mulheres diminui
acentuadamente? Esse “teto de vidro” normalmente indica a existência de
preconceito.
• Avaliação de desempenho – Em geral, as avaliações de desempenho são
mais subjetivas do que imaginam os gerentes, e mais auto-realizáveis. Elas tendem
a reproduzir uma norma dominante de líder alinhado a cultura de cada organização,
e podem não corresponder ao estilo com o qual muitas mulheres se sentem à
vontade. Treinar os gerentes para entender as diferenças entre os gêneros
normalmente os ajuda a examinar com mais atenção quem eles estão promovendo
e por quê.
• Trabalho flexível – Ele é destinado principalmente à mulheres? Os altos
cargos da empresa são negados? Os homens são incentivados a ser modelos para
todos os tipos de trabalho flexível? Os programas de trabalho flexível com
frequência ainda são considerados “benefícios para o funcionário”, destinados às
mulheres com filhos. Isso as lança em um gueto associado a baixo
comprometimento. Contudo flexibilidade e controle são cada vez mais procurados
26
pelos funcionários de todos os tipos e podem conferir vantagem competitiva as
empresas que os incentivam.
Os autores esclarecem ainda que externamente banir o preconceito implica
examinar todas as maneiras como as empresas analisam e correspondem às
exigências de seus clientes e stakeholders, seja através da pesquisa de mercado;
desenvolvimento de produtos; campanhas de marketing e de produtos e
atendimento ao cliente.
2.1.4 Mulher versus homem no mercado de trabalho Inversão de papéis
De acordo com Cohen (2009) em 2006 o ingresso das mulheres no mercado
formal de trabalho aumentou 6,59% superando o número de vagas ocupadas por
homens no mesmo período, 5,21% destaque-se que no ano, o Brasil registrou um
crescimento recorde de 1,9 milhão de novos postos de trabalho.
Ainda o mesmo autor esclarece que a mão de obra feminina teve aumento
real superior ao dos homens, os salários médios cresceram 6,74% entre elas,
enquanto o dos homens registrou um ganho de 5,46%. Contudo a diferença salarial
entre os sexos é um ponto negativo ainda evidente no Brasil e tende a se acentuar
proporcionalmente a escolaridade, exemplo disto esta que uma mulher com nivel
superior completo recebe cerca de 57,19% do salário de um homem nas mesmas
condições e, que apesar de suas conquistas as mulheres ainda tem muito a trilhar.
Segundo a Fundação Carlos Cabral a associação entre a escolaridade e a
participação das mulheres no mercado de trabalho é intensa. Assim como os
homens, a atividade das mulheres aumenta entre os que têm mais de oito anos de
estudo, porém são as que possuem nivel superior as mais ativas com uma taxa de
83% em 2002, ou mais de uma vez e meia a taxa de atividade feminina em geral.
Ja no diz respeito a fatia formalizada do mercado de trabalho onde se
encontram os melhores empregos, a exigência por maiores níveis de escolaridade
parece incidir mais sobre as mulheres do que sobre os homens.Em 2002 de 59%
dos postos de trabalho ocupados por mulheres requeriam nível de instrução médio e
superior, mas a proporção de empregos masculinos que exigiam esses mesmos
níveis eram inferior, 36%. Apesar de disporem de credenciais de escolaridade
superior aos colegas de trabalho, não tem revertido em questão de ganhos
semelhantes, pois homens e mulheres com igual escolaridade obtém rendimentos
27
diferentes. O fato se dá as relações de gênero que vão determinar valores diferentes
para profissionais no mercado de trabalho e se os maiores patamares de
escolaridade estão associados a maiores salários isso esta atrelado aos homens e
não para as mulheres.
Ainda conforme a Fundação Carlos Chagas a desigualdade dos rendimentos
femininos frente aos masculinos persistem durante os últimos 26 ano, seja qual for o
ângulo sob qual se análise a questão sendo evidenciados a seguir:
• As mulheres ganham menos que os homens independentemente do setor de
atividade econômica em que trabalhem. No ramo da educação, saúde e serviços
pessoais, espaço de trabalho tradicionalmente feminino, por exemplo, encontram-se
uma maior proporção de homens (30% versus 15% de mulheres) com rendimentos
superiores a cinco salários mínimos;
• No que tange à posição na ocupação, elas sempre ganham menos do que
eles sejam como empregadas, autônomas, empregadoras ou trabalhadoras
domésticas. Veja-se o que ocorre no campo do trabalho doméstico, onde
predominam as trabalhadoras: em 2002, 94% delas, mas 84% dos trabalhadores
domésticos do sexo masculino ganhavam até dois salários mínimos;
• Da mesma forma, são menores os patamares de rendimento feminino,
independentemente da jornada semanal de trabalho adotada pelo trabalhador. Em
2002, entre aqueles que trabalhavam em período integral (de 40 a 44 horas
semanais), por exemplo, ganhavam até dois salários mínimos, 57% das ocupadas e
51% dos ocupados; na outra ponta, ganhando mais de cinco salários mínimos,
estavam 16% dos homens e 13% das mulheres;
• Quanto maior a escolaridade, maiores as chances de obter melhores
rendimentos. Se isso é verdadeiro para trabalhadores de ambos os sexos, porém,
parece se aplicar mais a eles do que a elas. Observando os rendimentos dos que
atingiram os mais altos níveis de escolarização, 15 anos ou mais, ou que cursaram
uma faculdade, tem-se que 42% dos homens, mas apenas 18% das mulheres têm
rendimentos superiores a dez salários mínimos.
2.2 As origens do exercito brasileiro
Desde os primórdios da colonização portuguesa na América, desenvolveu-se
em terras brasileiras uma sociedade marcada pela intensa miscigenação. O
28
sentimento nativista aflorou na gente brasileira, a partir do século XVII, quando
brancos, índios e negros, em Guararapes, expulsaram o invasor estrangeiro.
O Exército, sempre integrado por elementos de todos os matizes sociais,
nasceu com a própria Nação e, desde então, participa ativamente da história
brasileira. Nas décadas posteriores ao descobrimento do Brasil, a Força Terrestre foi
representada pelo povo em armas nas lutas pela sobrevivência, conquista e
manutenção do território.
Em verdadeira simbiose da organização tática portuguesa com operações
irregulares, índios, brancos e negros formaram a primeira força que lutou e expulsou
os invasores do nosso litoral. Portanto, a partir da memorável epopéia de
Guararapes (1648), não havia apenas homens reunidos em torno de um simples
ideal de libertação, mas sim, as bases do Exército Nacional de uma Pátria que se
confirmaria a 7 de setembro de 1822.
A união entre a coroa lusa e a espanhola, em 1580, que tornou as terras da
América pertencentes a um só rei e senhor, permitiu o alargamento da base física da
colônia portuguesa, pela extraordinária ação exploradora empreendida pelas
Entradas e Bandeiras. Naquela época, os portugueses, estimulados por notável
visão estratégica, buscaram fixar os limites da colônia em acidentes geográficos
bem nítidos e o mais possível a Oeste. Assim, no interior da Amazônia, nos pampas
sulinos e nos confins dos sertões, à medida que avançava a marcha desbravadora
dos bandeirantes, surgiam fortes e fortins – sentinelas de pedra a bradar: "esta terra
tem dono!".
Após a Independência, em 1822, a atuação do Exército Brasileiro,
internamente, foi decisiva para derrotar todas as tentativas de fragmentação
territorial e social do País. A manutenção da unidade nacional, penosamente legada
por nossos antepassados, é decorrente das suas ações, em particular, da atuação
do Duque de Caxias. Desse modo, ontem, como hoje, prevaleceu à necessidade de
segurança e integração nacionais, reflexo da vontade soberana do povo, expressa,
como ideal intangível, nas Constituições brasileiras de todos os tempos. Já no
âmbito internacional, participou vitoriosamente do conflito que, na segunda metade
do século XIX, ocorreu no cone sul do continente sul-americano: a Guerra da
Tríplice Aliança.
Em decorrência da sintonia permanente que o Exército sempre teve com a
sociedade brasileira, seu papel foi decisivo na Proclamação e na Consolidação da
29
República. Naquele período particularmente conturbado, os militares
desempenharam papel de moderação, idêntico ao exercido pelo Imperador na
monarquia, garantindo a sobrevivência das instituições.
Após a I Guerra Mundial, o Exército experimentou um período de
soerguimento profissional, que iria completar-se com a contratação, em 1920, da
Missão Militar Francesa. Porém, foi à obra ciclópica de Rondon, interligando os
sertões interiores aos grandes centros, reconhecida internacionalmente como
conquista da humanidade, o que mais marcou esse início de século.
A II Guerra Mundial trouxe modificações significativas na evolução do Exército
Brasileiro. Em 1942, em resposta ao torpedeamento de vários de seus navios
mercantes, o Brasil declarou guerra às potências do Eixo.
Em 1944, o País enviou para o teatro de operações europeu uma força
expedicionária organizada em curto espaço de tempo, sob o comando do General
Mascarenhas de Moraes. Designada para operar na Itália, durante o tempo em que
esteve em combate, compondo o V Exército dos Estados Unidos da América, a
Divisão brasileira sofreu mais de 400 baixas por morte em ação. Antes que o conflito
terminasse, havia feito mais de 15.000 prisioneiros de guerra e capturado duas
divisões inimigas.
Na Itália, a FEB cobriu-se de glórias, combatendo tropas aguerridas, ao lado
de soldados calejados por anos de campanha. Nada ficaria a dever a uns e outros.
As glórias colhidas em Monte Castello, Montese e Fornovo, e em tantas outras
ações, estão gravadas com letras de sangue na História Militar brasileira. Aos
nossos pracinhas devemos, em difícil hora, a garantia da dignidade de nossa Pátria.
A partir dos anos 60, o Exército passou por importantes transformações.
Acompanhando o acelerado desenvolvimento econômico e industrial do País,
realizou consideráveis investimentos em Ciência e Tecnologia, o que permitiu
fornecer à tropa equipamentos e armamentos projetados e fabricados pelas
indústrias nacionais, particularmente viaturas blindadas. Além dessa evolução
tecnológica, foi renovado o sistema de instrução e foram estruturadas as atuais
divisões de exército e brigadas, combinações de tropas mais leves e flexíveis,
consentâneas com as peculiaridades do ambiente operacional brasileiro.
Honrando compromissos internacionais assumidos, o Brasil já se fez ou está
presente em inúmeras operações de manutenção da paz em diversas partes do
mundo.
30
Na atualidade, o Exército Brasileiro consolida sua individualidade. Exercita e
desenvolve uma doutrina militar genuinamente nacional, gerada com base em
perspectivas de emprego realistas, e tem procurado evoluir sua concepção
estratégica de maneira compatível com as demandas do futuro.
O Exército honra no presente os exemplos legados por Caxias – seu Patrono
–, cultiva suas mais caras tradições e cumpre, diuturnamente, seu sagrado dever de
preservar a soberania e a integridade do Brasil.
2.2.1 Exército moderno
Vários aspectos podem ser apresentados quando se pergunta o que
caracteriza um Exército moderno. Normalmente, a questão da ciência e da
tecnologia. Esse trabalho busca demonstrar que a modernização está além disso. O
Exército norte-americano pode ser considerado um dos mais modernos do mundo,
também, por causa de suas especializações e o envolvimento que essa instituição
tem com a sociedade. Os norte-americanos apresentam em suas fileiras mulheres
combatentes, as Women Marines, e mostram na prática as possibilidades da adoção
da mulher no meio militar.
Só com uma concepção de Exército especializado, voltado para a
meritocracia e composto pela sociedade é que isso é possível. No Brasil, a mulher
só pode ingressar ativamente nas forças armadas quando surgiram funções onde a
atuação da mulher não fosse polemizada, como na área de saúde. As
especializações promovidas pelo Exército Brasileiro no decorrer do século XX, as
mudanças nas suas instituições de ensino, juntamente com as mudanças na
mentalidade da sociedade brasileira, fizeram com que as funções do Exército
fossem além do campo de batalha e a inserção da mulher fosse incentivada. Além
disso, essa abertura fez com que o Exército repensasse a sua estrutura, o seu
ensino e no papel do soldado na sociedade.
Pensar num Exército voltado exclusivamente para o campo de batalha torna
a inserção da mulher difícil, mas ao pensar nessa instituição como um pilar da
sociedade brasileira, voltada para a produção de conhecimento e inteligência, essa
inserção torna-se possível. Concluindo, a inserção da mulher age como uma via de
mão dupla. Ela só foi possível com a modernização sofrida pelo Exército no decorrer
de sua história.
31
E ela é, também, um dos aspectos impulsionadores dessa modernização,
muito ainda precisa ser pensado sobre a inserção da mulher, a questão da presença
dela no combate é uma polêmica, que talvez, só a experiência possa demonstrar a
sua efetividade. Mas o importante é que, enquanto civis e militares refletem sobre as
questões femininas, refletem também sobre a instituição Exército Brasileiro.
2.2.2 Missão e visão do Exercito Brasileiro
Missão do Exército
• Preparar a Força Terrestre para defender a Pátria, garantir os poderes
constitucionais, a lei e a ordem.
• Participar de operações internacionais.
• Cumprir atribuições subsidiárias.
• Apoiar a política externa do País.
Visão de Futuro do Exército
• Ser uma Instituição compromissada, de forma exclusiva e perene, com o
Brasil, o Estado, a Constituição e a sociedade nacional, de modo a continuar
merecendo confiança e apreço.
• Ser um Exército reconhecido internacionalmente por seu profissionalismo,
competência institucional e capacidade de dissuasão. Respeitado na
comunidade global como poder militar terrestre apto a respaldar as decisões
do Estado, que coopera para a paz mundial e fomenta a integração regional.
• Ser constituído por pessoal altamente qualificado, motivado e coeso, que
professa valores morais e éticos, que identificam, historicamente, o soldado
brasileiro, e tem orgulho de servir com dignidade à Instituição e ao Brasil.
2.2.3 Síntese dos Deveres, Valores e da Ética do Ex ército.
32
• Patriotismo - amar a Pátria - História, Símbolos, Tradições e Nação -
sublimando a determinação de defender seus interesses vitais com o
sacrifício da própria vida.
• Dever - cumprir a legislação e a regulamentação, a que estiver submetido,
com autoridade, determinação, dignidade e dedicação além do dever,
assumindo a responsabilidade pelas decisões que tomar.
• Lealdade - cultuar a verdade, sinceridade e sadia camaradagem, mantendo-
se fiel aos compromissos assumidos.
• Probidade - pautar a vida, como soldado e cidadão, pela honradez,
honestidade e pelo senso de justiça.
• Coragem - ter a capacidade de decidir e a iniciativa de implementar a
decisão, mesmo com o risco de vida ou de interesses pessoais, no intuito de
cumprir o dever, assumindo a responsabilidade por sua atitude.
2.2.4 Fatores Críticos para o Êxito da Missão do Ex ército
1. Comprometimento com a Missão, a Visão de Futuro e os Valores, Deveres e
a Ética do Exército.
2. Coesão, alicerçada na camaradagem e no espírito-de-corpo, capaz de gerar
sinergia para motivar e movimentar a Força na consecução de seus objetivos.
3. Liderança que motive direta ou indiretamente, particularmente pelo exemplo,
o homem e as organizações militares para o cumprimento, com determinação,
da Missão do Exército.
4. Qualificação profissional e moral, que desenvolva a autoconfiança, auto-
estima e motivação dos componentes da Instituição, reforcem o poder de
dissuasão do Exército e, ainda, contribua para a formação de cidadãos-
soldados úteis à sociedade.
5. Tecnologia moderna e desenvolvida, buscando reduzir o hiato em relação aos
exércitos mais adiantados e a dependência bélica do exterior.
6. Equipamento adequado em qualidade e quantidade para conferir, no campo
material, o desejado poder de dissuasão à Força Terrestre.
33
7. Adestramento capaz de transformar homem, tropa e comando - desde os
escalões elementares - num conjunto harmônico, operativo e determinado no
cumprimento de qualquer missão.
8. Integração Interforças nas operações combinadas e atividades de cunho
administrativo em tempo de paz, compartilhando e otimizando recursos.
9. Excelência Gerencial, caracterizada pela contínua avaliação, inovação e
melhoria da gestão, que resulte na otimização de resultados, seja do emprego
de recursos, seja dos processos, produtos e serviços a cargo da Força.
10. Integração à Nação, identificando suas necessidades, interpretando seus
anseios, comungando de seus ideais e participando de suas realizações,
conforme nossa Missão Constitucional ou por meio de Ações Subsidiárias.
2.2.5 Mulheres no Exército
Mulheres estão isentas do serviço militar, na forma prevista pela Constituição.
Todavia, é permitida a prestação do serviço militar pelas mulheres que forem
voluntárias, segundo critérios de conveniência e oportunidade de cada Força
Armada. Hoje em dia, mulheres fazem parte do Exército, firmando-se como
"militares de carreira" ou "militares temporárias". Se analisado sob uma perspectiva
histórica, a presença da mulher nas fileiras do Exército já é por todos conhecida há
muito tempo. Bastará lembrar os bravos feitos da jovem Maria Quitéria, heroína do
Brasil nos conflitos pela consolidação da Independência. Também nos reportaremos
às enfermeiras que atuaram na 2ª Grande Guerra.
Atualmente, a mulher pode servir, voluntariamente, como militar de carreira ou
temporária. Para ser de carreira, a mulher precisa cursar um dos seguintes
estabelecimentos de ensino: a Escola de Administração do Exército, localizada em
Salvador, que matriculou a primeira turma de 49 mulheres em 1992; o Instituto Militar
de Engenharia, no Rio de Janeiro, que forma militares para o Quadro de
Engenheiros Militares; além da Escola de Saúde do Exército, também no Rio de
Janeiro, que forma oficiais médicas, dentistas, farmacêuticas, veterinárias e
enfermeiras para o Quadro de Saúde do Exército. Podem prestar serviços
temporários médicas, dentistas, farmacêuticas, veterinárias e enfermeiras de nível
superior que tenham concluído o Estágio de Serviço Técnico.
34
O Exército instituiu o Estágio de Serviço Técnico – que já recebeu advogadas,
administradoras de empresas, contadoras, professoras, analistas de sistemas,
engenheiras, arquitetas, jornalistas, entre outras profissionais das áreas de ciências
humanas e exatas – atendendo a necessidades da Instituição; e o Serviço Militar
Feminino, voluntário para sargentos auxiliares e técnicas de enfermagem.
Excetuando-se a área combatente, não há restrições para as mulheres à
carreira militar no Exército. Primeiro, porque a Instituição não criou um quadro
feminino. Segundo, porque a mulher passou a integrar, desde o início, quadros de
profissionais militares que já existiam anteriormente.
Elas desempenham os cargos previstos nas mesmas condições dos oficiais
de sexo masculino e concorrem às promoções em condições de igualdade com os
homens. Nesse sentido, os critérios de avaliação de desempenho profissional não
discriminam o sexo; e o acesso aos postos mais elevados da carreira não discrimina
homens e mulheres nos respectivos Quadros.
Todas recebem a mesma instrução militar básica ministrada aos homens.
Participam de marchas, acampamentos, exercícios de tiro, jogos de guerra (em
computadores) e manobras logísticas, na esfera de suas especialidades.
Na atualidade, as mulheres ocupam cargos em organizações militares de
todas as regiões do País. A maioria das oficiais encontra-se nos quartéis-generais,
organizações militares de saúde, estabelecimentos de ensino e órgãos de
assessoramento do Exército.
A primeira turma de mulheres graduadas oficiais (EsAEx – 1992) já atingiu o
posto de capitão e prosseguirá, como as demais turmas seguintes, concorrendo aos
postos mais elevados, de acordo com a legislação de promoções em vigor, para os
respectivos quadros. Entretanto, várias já trabalham em organizações militares
operacionais, prestando atendimento de saúde ou assessorando no cumprimento de
diversas missões por todos os recantos do país.
Vários fatores motivam as mulheres a seguirem a carreira militar, como: a
vocação, o respeito que a Instituição tem na sociedade, a perspectiva de ascensão
na carreira, alternativa no mercado de trabalho e estabilidade no emprego.
O número crescente de candidatas inscritas nos concursos para as escolas
de formação do Exército indica o grande interesse das mulheres pela profissão
militar.
35
“O exercício da profissão militar exige uma rigorosa e diferenciada formação.
Ao longo de sua vida profissional, o militar de carreira passa por um sistema de
educação continuada, que lhe permite adquirir as capacitações específicas dos
diversos níveis de exercício da profissão militar e realiza reciclagens periódicas para
fins de atualização e manutenção dos padrões de desempenho (VERDE OLIVA,
Nº177, 2003)”.
A opção pela carreira militar é, portanto, um processo reflexivo que exige de
cada pessoa um período de busca e de afirmações de suas próprias convicções e
desejos, no qual cada um questiona aptidões, compromissos perante a família e a
sociedade, na difícil tarefa de decidir por algo importante que terá conseqüências
futuras. A escolha envolve não só a sua vida, como a satisfação pessoal que, por
sua vez, baseia-se em crenças, valores, filosofia de vida e sonhos. Tais aspectos
devem ser compatíveis com as necessidades do mercado de trabalho dentro de um
projeto de realização profissional. Neste contexto podemos observar que a mulher
que opta pela carreira militar é aquela que busca estabilidade em sua vida, tanto
financeira quanto profissionalmente. Outro fator importante observado é que as
profissionais militares continuam se aperfeiçoando ao longo de sua carreira,
mantendo-se informada em relação aos avanços técnicos científicos.
2.2.6 Histórico do Ingresso da Mulher no Exército
Como militar de carreira
Ano de 1992.
A Escola de Administração do Exército-EsAEx (Salvador-BA) - matriculou a
primeira turma de 49 (quarenta e nove) mulheres. Ao final do mesmo ano, formou-as
Oficiais (1º Tenente) do Quadro Complementar de Oficiais.
Ano de 1997 .
Instituto Militar de Engenharia - IME (Rio de Janeiro-RJ) - matriculou a
primeira turma de 10 (dez) mulheres alunas, a serem incluídas no Quadro de
Engenheiros Militares. A Escola de Saúde do Exército - EsSEx (Rio de Janeiro-RJ) -
matriculou e formou, no mesmo ano, a primeira turma de oficiais médicas, dentistas,
farmacêuticas, veterinárias e enfermeiras de nível superior, no Quadro de Saúde do
Exército.
36
Ano de 2001.
A Portaria n.º4 do Estado-Maior do Exército, de 18 de dezembro de 2000, criou o
Curso de Formação de Sargentos de Saúde - Auxiliar de enfermagem.
Como militar temporário
Ano de 1996 .
O Exército instituiu o Serviço Militar Feminino Voluntário para Médicas,
Dentistas, Farmacêuticas, Veterinárias e Enfermeiras de nível superior. Naquela
oportunidade, incorporou a primeira turma de 290 (duzentos e noventa) mulheres
voluntárias para prestarem o serviço militar na área de saúde. Essa incorporação
ocorreu em todas as 12 (doze) Regiões Militares do País.
Ano de 1998.
O Exército instituiu o Estágio de Serviço Técnico, para profissionais de nível
superior que não sejam da área de saúde. Naquela oportunidade, incorporou a
primeira turma de 519 (quinhentos e dezenove) mulheres advogadas,
administradoras de empresas, contadoras, professoras, analistas de sistemas,
engenheiras, arquitetas, jornalistas, entre outras áreas de ciências humanas e
exatas, atendendo às necessidades da Instituição. Iniciou-se, também, o Serviço
Militar Feminino voluntário para auxiliares e técnicas de enfermagem. Essas
voluntárias são formadas Sargentos de enfermagem.
O Exército já conta com Sargentos enfermeiras incorporadas nas
Organizações Militares de Saúde distribuídas nas 12 (doze) Regiões Militares do
País.
Implantou-se, ainda, em caráter experimental, um projeto-piloto que permitiu a
prestação do Serviço Militar voluntário por mulheres, como "Atiradoras", nos Tiros-
de-Guerra em áreas carentes da Amazônia. Foram matriculadas um total de 80
(oitenta) mulheres, distribuídas nos Tiros-de-Guerra de Manicoré-AM, Maués-AM,
Lábrea-AM e Boca do Acre-AM. Atualmente, por motivos conjunturais, este projeto
encontra-se desativado.
37
Situação das Militares de Carreira
De acordo com as necessidades da Força Terrestre, Escola de Administração
do Exército poderá formar Oficiais (homens e mulheres) do Quadro Complementar
nas seguintes especialidades: administração, direito, informática, ciências contábeis,
economia, estatística, comunicação social, psicologia e magistério nas áreas de
biologia, física, geografia, história, inglês, português, matemática e química. O curso
tem a duração de, aproximadamente, um ano e a perspectiva na carreira é de 1º
Tenente a Tenente-Coronel (homens e mulheres).
Da mesma forma, a Escola de Saúde do Exército (Essex) poderá formar
Oficiais e Sargentos (homens e mulheres) do Quadro de Saúde nas seguintes áreas:
medicina, odontologia, farmácia, veterinária e enfermagem. O curso tem a duração
de um ano.
O Instituto Militar de Engenharia forma Oficiais (homens e mulheres) do
Quadro de Engenheiros Militares. Nesse Instituto, há dois tipos de curso. O de um
ano para profissionais (homens e mulheres) formados em engenharia e o de cinco
anos para jovens (homens e mulheres) com segundo grau completo que prestam
vestibular. Em ambos os cursos, forma-se Oficiais nas seguintes especialidades:
cartografia, comunicações, fortificação e construção, eletricidade, eletrônica,
mecânica (armamento e automóvel), metalurgia, química e computação. A
perspectiva na carreira é de 1º Tenente a General-de-Divisão (homens e mulheres),
independente do tipo de curso de formação.
Na atualidade, as mulheres ocupam cargos em Organizações Militares de
todas as regiões do país. A maioria das Oficiais encontra-se lotadas nos Quartéis-
Generais, Organizações Militares de Saúde, Estabelecimentos de Ensino e Órgãos
de Assessoramento do Exército.
Nesses locais e nas Escolas, as adaptações restringiram-se às instalações
sanitárias, com banheiro feminino privativo e vestiários.
As mulheres procuram a carreira militar motivadas por diversos fatores, dos
quais se destacam: a vocação pela profissão militar; o respeito e a organização que
a Instituição desfruta perante a sociedade; a perspectiva de ascensão funcional na
carreira; constitui mais uma alternativa no mercado de trabalho; estabilidade no
emprego, proporcionando um plano de vida. O número de candidatas inscritas nos
concursos para as escolas de formação do Exército indica o grande interesse das
38
mulheres pela profissão militar. Quanto ao desempenho, as mulheres vêm
correspondendo às expectativas da Instituição, demonstrando possuir habilidades e
capacidade para o cargo que desempenham.
Situação das Militares Temporárias
O militar temporário não faz carreira no Exército. Sua permanência máxima
no serviço ativo é de oito anos. Após esse tempo, o militar é licenciado das fileiras
do Exército como reservista e passa a integrar o efetivo de mobilização. Seu
ingresso dá-se pelo Sistema do Serviço Militar. No caso feminino, tem caráter
voluntário e abrange as seguintes áreas:
- para Oficiais (Aspirantes-a-Oficial, Segundo Tenente e Primeiro Tenente): saúde,
administrativa, técnica, jurídica e de ensino. Nesse caso, exige-se o diploma de
curso superior nas respectivas especialidades;
- para Sargentos (Terceiro Sargento): enfermagem. Nesse caso, exige-se o diploma
de nível técnico da respectiva especialidade.
O acesso ao Sistema do Serviço Militar é realizado pelas Regiões Militares
sediadas no território nacional, onde a mulher concorre à seleção nas mesmas
condições dos homens.
Vale destacar que as funções de Sargentos auxiliares ou técnicas de
enfermagem são cargos temporários privativos das mulheres.
O Exército instituiu o Estágio de Serviço Técnico – que já recebeu advogadas,
administradoras de empresas, contadoras, professoras, analistas de sistemas,
engenheiras, arquitetas, jornalistas, entre outras profissionais das áreas de ciências
humanas e exatas – atendendo a necessidades da Instituição; e o Serviço Militar
Feminino, voluntário para sargentos auxiliares e técnicas de enfermagem. A dureza
das tarefas e o fato de estarem rodeadas de homens não as assustam. As mulheres
são a cada dia que passa uma presença mais marcante nos quartéis militares.
2.3 Criação e Evolução do Corpo de Bombeiros no Bra sil
No tempo em que as construções começaram a ser mais valiosas, começou-
se a pensar em combater as chamas. Em caso de incêndio, mulheres, homens e
crianças ficavam em fila, e, do poço mais próximo iam os baldes passando de mão
39
em mão, até chegarem ao prédio em chamas. Em 1851 foram aprovadas as
primeiras posturas municipais relativas aos casos de fogo, tomadas em
conseqüência de um incêndio havido em dezembro de 1850, na Rua do Rosário,
hoje XV de Novembro, com a aquisição de 2 bombas que não foram utilizadas até
1862, pois nesses 12 anos, não ocorreu um único incêndio. Em 1870, novo incêndio,
nova "turma de bombeiros", e, mais 7 anos sem ocorrências.
A 10 de março de 1880, começaram oficialmente os trabalhos de extinção de
incêndio na Capital do Estado de São Paulo, com a criação da Seção de Bombeiros
composta de 20 homens.
O Chefe de Polícia, Dr. João Augusto de Pádua Fleuri, incumbido pelo
Presidente da província, foi à Capital do país a fim de providenciar os materiais
necessários para o levantamento do núcleo de bombeiros.
Trouxe ele duas bombas vienenses, uma das quais doada pelo governo
Imperial, que eram muito importantes, pois tinham força suficiente para projetar água
ao telhado de prédios de 2 (dois) andares (construção de taipa, com altura de 8 a 9
metros). Foram também adquiridos na época, pipas, mangueiras e outros materiais
necessários à extinção de fogo.
Da então Capital do país vieram alguns homens que haviam servido no
Corpo de Bombeiros local, que, com alguns recrutas de São Paulo, completaram o
efetivo do núcleo de soldados do fogo. O primeiro comandante da Seção, em 1887,
depois de muitos pedidos, secundado pelo Chefe de Polícia, recebeu da Corte mais
alguns aparelhamentos. Esses materiais vieram preencher falhas de que se
ressentia a Seção. Entre elas veio para São Paulo a primeira bomba a vapor,
denominada "Greenwich".
Surgiu, então, o problema da acomodação do material adquirido, que não
seria possível no prédio da Central de Urbanos. Em vista disso, em 1887, a Seção
foi transferida para o prédio da Rua do Trem (hoje Rua Anita Garibaldi, local da atual
sede do Corpo de Bombeiros).
Em 1888, já era insuficiente o efetivo de 20 homens e, por isso, o governo
provincial elevou a 30 o número de praças. Naquela época, os avisos de incêndios
eram transmitidos por meio de rebates nos sinos das igrejas ou por comunicações
verbais de particulares, que corriam até a porta do quartel de bombeiros para tal fim.
Até a proclamação da república, a Seção de Bombeiros de São Paulo teve
três comandantes, o primeiro deles foi o tenente José Severino Dias, que assumiu o
40
comando em julho de 1880, iniciando de imediato os trabalhos de organização dos
serviços de combate a incêndios, de instrução e da instalação da Seção. Procedia
do Corpo de Bombeiros do Distrito Federal, onde tinha o posto de alferes. Em 1883,
a pedido, foi substituído por poucos dias e interinamente, pelo Tenente Manoel José
Branco, do Corpo Permanente da Guarda Urbana. Logo depois, foi nomeado o
Tenente Alfredo José Martins de Araújo, que era também oriundo do Corpo de
Bombeiros do Distrito Federal.
Após um aumento brusco no efetivo sem o tempo necessário para o
treinamento e instrução dos novos bombeiros, que num total de 168 homens
compunham a então Companhia de Urbanos, em outubro de 1891 assume o
comando o capitão José Maria O’ Connel Jersey, um rígido e disciplinado oficial de
engenharia que a dissolve, reorganiza, e cria em 14 de novembro do mesmo ano, o
Corpo de Bombeiros com 240 homens melhor selecionados.
Nesse período, a Companhia Telefônica montou 50 aparelhos para agilizar
o aviso de incêndio. No local da ocorrência era utilizada a corneta e nas ruas era
usado o sistema alemão que só seria desativado por volta de 1920. São também
criadas as oficinas de conserto e manutenção dos materiais que o Corpo já
dispunha.
Em abril de 1896 são inauguradas 50 caixas de aviso e incêndio chamadas
"Linhas Telegráficas de Sinaes de Incêndio" com aproximadamente 70 Km de
extensão, operadas por civis graduados militarmente.
Em 1910, foram adquiridos na Inglaterra os primeiros veículos
automotores, junto à empresa Merrryweather & Sons, num total de seis (três para o
combate ao fogo), a serem entregues em 1911, ano em que foi inaugurado o popular
sistema de alarme Gamewell, americano, com 146 caixas e que sob a manutenção
do Corpo funcionou por mais de quatro décadas.
Todo o material de tração animal foi desativado em 1921. Com o
desenfreado crescimento da cidade, porém, os automóveis adquiridos não eram
suficientes. Entra em cena então a criatividade dos bombeiros. Foram aproveitadas
duas bombas a vapor que pertenciam ao equipamento recém aposentado e
adaptado sobre dois chassis (Mercedes Saurer e Fiat), e o Corpo ganhou mais dois
veículos.
Um oficial chamado Affonso Luiz Cianciulli (que mais tarde chegaria a
comandar a instituição) projetou e custeou do próprio bolso o desenvolvimento de
41
uma bomba, que se tornou o primeiro equipamento de combate a incêndios
fabricado no Brasil. Batizado de "Bomba Independência" fez sua apresentação no
desfile da Pátria de 1922.
Os bombeiros começaram a se expandir para o interior em 1943, através
de acordos com as municipalidades, iniciando um processo de organização a nível
estadual. Existiam no efetivo dessa época 1212 homens.
Em 1955 é inaugurada a rede de rádio, facilitando a comunicação entre as
viaturas e o quartel, que informava o melhor caminho, a evolução da ocorrência,
centralizava os pedidos e os distribuía de forma racional entre os Postos. Um ano
depois foram desativadas as caixas de alarme, mas o seu sucessor, o telefone,
ainda não atendia totalmente as necessidades da população. Havia poucos
aparelhos e o número não era de fácil memorização. Somente 23 anos depois seria
adotado o número de emergência 193.
Em 1964 inaugura-se a Companhia Escola e é criado o Curso de
Bombeiro para Oficiais. Em 1967 a Estação Central (localizada à Praça Clóvis
Bevilácqua) é demolida para a edificação de uma nova, concluída somente em 1975.
Reflexo dos catastróficos incêndios dos edifícios Andrauss (1972) e Joelma (1974)
onde centenas de vidas foram ceifadas, são importados auto-bombas, auto-escadas,
auto-plataformas, veículos de comando e de apoio e todas as viaturas passam a
contar com rádio, além do aperfeiçoamento das exigências legais quanto aos
aspectos de prevenção de incêndios.
Em 1990, visando melhorar a qualidade do atendimento pré-hospitalar
das ocorrências de salvamento, é implantado o sistema de Resgate na Grande São
Paulo e em mais 14 municípios, contando com pessoal, veículos especializados e
apoio de helicópteros.
2.3.1 Cronologia: História do Corpo de Bombeiros
1850 - Ocorre um incêndio na Rua do Rosário (atual Rua XV de Novembro), o
incêndio é extinto por uma bomba manual emprestada por um francês chamado
Marcelino Gerard.
1852 - Em decorrência de tal incêndio, é apresentado na Assembléia Provincial, pelo
então Brigadeiro Machado de Oliveira um Projeto de Lei de um Código sobre
Prevenção de Incêndios. Nesse Código estavam regulamentados os serviços de
42
prevenção e extinção de incêndios, ficando o povo, por lei, obrigado a cooperar com
a Policia nos dias de incêndio.
1856 - Surge o Corpo de Bombeiros da Corte (atual Corpo de Bombeiros do Rio de
Janeiro).
1861- Ocorre um incêndio em uma livraria na Rua do Carmo.
1863 - Novo incêndio, desta vez na Rua do Comércio em uma loja de ferragens.
1870 - Um barril de pólvora explode no centro da cidade de São Paulo.
1875 - É criada uma "Turma de Bombeiros" com 10 homens egressos do Corpo de
Bombeiros da Corte e que ficaram adidos à Cia de Guarda de Urbanos.
1880 - Um incêndio na Faculdade de Direito, determina a criação Oficial do Corpo de
Bombeiros (10 de março de 1880). O então Alferes José Severino Dias é designado
em 24 de julho Comandante da Seção de Bombeiros com 20 homens (praças)
oriundos da Cia de Urbanos.
1883 - Ocorre a 1ª troca de comando.
1888 - O efetivo da Seção de Bombeiros aumenta para 30 praças.
1890 - Elevação a categoria de "Companhia de Bombeiros". O efetivo aumenta para
60 homens. O Comandante passa a ser um Capitão.
É criada a 6ª Zona de Bombeiros no município de Santos (atual 6º Grupamento de
Incêndio).
1891- O’Connel Jersey assume o comando.
É criada a Estação Oeste de Bombeiros (2ª Zona) - atual 2º Grupamento de Incêndio
responsável pelo atendimento dos bairros da Barra Funda, Campos Elíseos e Lapa
e a Estação Norte de Bombeiros (3ª Zona).
1893 - Os movimentos de tropas federalistas no sul do país e a situação agitada do
povo diante dos acontecimentos subversivos (Revolta da Armada), faziam com que
os brasileiros temessem uma guerra civil.
Um contingente do Corpo de Bombeiros segue para Santos integrando a Força
Policial, juntando-se às tropas em defesa da causa republicana.
1895 - É inaugurada a 3ª Zona de Bombeiros, responsável pelo atendimento dos
bairros da Moóca, Brás, Belém, Penha e Vila Prudente (atual 3º Grupamento de
Incêndio).
1896 - São inauguradas as estações do Norte e Oeste, inicia-se o funcionamento do
1º Sistema de Alarmes, o "GENERST".
43
1900 - Unem-se todas as forças policiais em uma só "FORÇA PÚBLICA". É criado o
Corpo Municipal de Bombeiros de Campinas, seu efetivo inicial era de 8 homens.
1906 - A Força Pública recebe instrução de uma missão francesa.
1909 - É impresso o 1º Manual de Instrução. Chegam os primeiros veículos
automóveis. Inaugura-se o 2º Sistema de Alarmes, o "GAMEWELL".
1911 - São colocadas em todos os bairros da cidade de São Paulo 160 novas caixas
de avisos de incêndio.
1912 - Começam a funcionar as Oficinas do Corpo de Bombeiros, cuidando de suas
viaturas e equipamentos.
1915 - É impresso o 2º Manual de Instrução.
1917 - O Coronel Soares Neiva deixa o Corpo de Bombeiros para comandar a Força
Pública.
1924 - O Corpo de Bombeiros é transformado em Batalhão de Bombeiros
Sapadores.
1929 - Ocorre uma grande compra de automóveis e equipamentos.
1930 - Afonso Luiz Cianciulli assume o Comando do Batalhão de Bombeiros
Sapadores.
1931- Volta à denominação "Corpo de Bombeiros".
1932 - Mulheres são empregadas no Corpo de Bombeiros para suprir a falta de
efetivo, que estava sendo empregado nas frentes de luta durante a Revolução
Constitucionalista.
O Corpo de Bombeiros entrega a sua Invernada ao Regimento de Cavalaria por não
possuir mais cavalos ou muares.
1935 - Os serviços de extinção de incêndios são transferidos para o Município da
Capital.
1936 - O Corpo de Bombeiros deixa a tutela do Estado e passa a ser administrado
pelo município. É impresso o 3º Manual de Instrução.
1942 - É firmado o primeiro convênio entre o Estado e a Prefeitura de São Paulo. O
Corpo de Bombeiros passa a ser Estadual.
1947 - Ocorre a manifestação de desejo de autonomia. É destacada em Santos a 6ª
Companhia do Corpo de Bombeiros (hoje 6º Grupamento de Incêndio).
1948 - As oficinas do Corpo de Bombeiros são transferidas para a Força Pública.
1949 - Pela 1ª vez um Oficial do Corpo de Bombeiros segue em viagem de estudos
para os EUA.
44
1951- Entra em funcionamento a Escola de Bombeiros.
1952 - O Corpo de Bombeiros recebe 9 viaturas importadas dos EUA e Alemanha.
1954 - São editados os novos Manuais de Instrução em vários volumes.
É criado o 4º Grupamento de Incêndio com sede na região da Vila Mariana, na
capital.
1955 - É inaugurada a rede de rádio do Corpo de Bombeiros.
1957 - Vários Oficiais do Corpo de Bombeiros são transferidos.
1959 - São lançadas ao mar 10 lanchas destinadas ao Serviço de Salvamento.
1961- O Serviço de bombeiros atravessa uma grande crise gerada por fatores
políticos e econômicos que atingem a Força Pública como um todo. Jovens Oficiais
do Corpo de Bombeiros iniciam uma greve, ao final frustrada, mas que paralisaram
os serviços de bombeiros por cerca de 24 horas. O motivo principal da greve eram
os salários que se apresentavam em níveis insuportáveis. De imediato o Corpo de
Bombeiros perde toda uma geração de Oficiais, que por haverem participado do
movimento por melhores salários, é transferida para outras unidades principalmente
no interior. Há, em conseqüência uma quebra na transmissão das técnicas e da
experiência, obrigando que o aprendizado a nível de Oficiais voltasse à estaca zero.
1964 - Grande compra de Auto-Bombas (Os famosos "Volta ao Mundo").
É fundada a Companhia Escola de Bombeiros, seu 1º Comandante e fundador, foi o
Capitão PM Luis Sebastião Malvásio.
1967- Inicia-se a demolição da Estação Central.
É criado o 8º Grupamento de Incêndio, na região do ABCD.
1970 - É criado o 10º Grupamento de Incêndio, com sede no município de Marília.
1972 - Em 24 de fevereiro, ocorre o incêndio do Edifício Andraus de 31 andares, 16
pessoas morrem e 375 ficam feridas, o Corpo de Bombeiros envia 31 viaturas e
dezenas de carros pipas. O Incêndio provoca o surgimento de um Grupo de
Trabalho para estudar e propor reforma dos Serviços de Bombeiros.
1973 - É criado o 2º Grupamento de Busca e Salvamento, na zona sul da capital.
1974 - Em 01 de fevereiro ocorre o incêndio do Edifício Joelma de 23 andares, 189
pessoas morrem, o Corpo de Bombeiros envia ao local 26 viaturas e 318 bombeiros.
É criado o 1º Grupamento de Busca e Salvamento, na área central da Capital.
1975 - Ocorre a preconizada reestruturação dos serviços de bombeiros. Em razão
do incêndio do Joelma, é publicado o novo Código de Obras de São Paulo.
É criado o 9º Grupamento de Incêndio, com sede no município de Ribeirão Preto.
45
1979 - Entra em funcionamento o 3º Sistema de Alarmes, o telefone 193. É firmado
convênio entre o Estado e a Prefeitura.
Médicos do Hospital das Clínicas da USP preocupados com a alta mortalidade nos
Pronto-Socorros, produzidas pela ineficiência e inadequação do atendimento pré-
hospitalar e transporte de vítimas, começam a se interessar no gerenciamento do
atendimento das emergências em geral.
1981 - Em 14 de fevereiro, ocorre um incêndio na Avenida Paulista, no edifício
Grande Avenida de 23 andares, o Corpo de Bombeiros envia ao local 20 viaturas e
300 bombeiros, 17 pessoas morrem e 53 são feridas, entre elas 11 bombeiros e 10
do efetivo do Comando de Operações Especiais da PM.
1983 - É oficializado pela Secretaria Estadual da Saúde a CRAP - Comissão de
Recursos Assistenciais de Pronto Socorro, com a participação de inúmeros órgãos
ligados ao atendimento das vítimas, contando com a participação do Corpo de
Bombeiros.
1985 - É criado o 3º Grupamento de Busca e Salvamento, responsável pelas
atividades de Prevenção de Afogamentos e Salvamento Marítimo, com sede no
município do Guarujá.
1986 - Através da Associação de Intercâmbio entre EUA e Brasil, denominada
"Companheiros da América", o Corpo de Bombeiros envia um grupo de 4 Oficiais,
juntamente com 01 Oficial da Defesa Civil e 3 médicos à cidade de Chicago, para a
realização de um Curso de Técnicos em Emergências Médicas.
1987 - É criado a CAMEESP - Comissão de Atendimento Médico às Emergências do
Estado de São Paulo, que apresentou proposta para a criação de um projeto piloto
de atendimento pré-hospitalar denominado “SISTEMA INTEGRADO DE
ATENDIMENTO ÀS EMERGÊNCIAS DO ESTADO DE SÃO PAULO”.
1988 - É criado o Projeto Salva-Mar (3º GBS), criando um novo perfil do "Guarda-
Vidas" no litoral paulista possibilitando uma cobertura mais abrangente e eficiente,
com a aquisição de novos equipamentos e maior grau de instrução, diminuindo o
número de óbitos por afogamento.
1989 - Os Secretários Estaduais da Segurança e da Saúde assinam a resolução
Conjunta SS/SSP Nº 42, que definia as formalidades de implantação do PROJETO
RESGATE.
São criados os 13º, 14º, 15º e 16º Grupamentos de Incêndio.
46
1990 - É colocado em prática o Serviço de Resgate com atuação na Grande São
Paulo e em 14 municípios do estado, sendo empregadas 36 Unidades de resgate,
02 Unidades de Suporte Avançado e 01 helicóptero.
1991 - É formada uma turma de 40 "bombeiras", entre elas, 05 Oficiais,
denominadas "Pioneiras do Fogo".
1992 - O Corpo de Bombeiros promove o 3º Seminário Nacional de Bombeiros na
cidade de Ribeirão Preto.
1994 - O Serviço de Resgate do Estado de São Paulo é consolidado através do
Decreto Lei nº 38.432, garantindo sua operacionalização através da Polícia Militar do
Estado de São Paulo, por intermédio do Corpo de Bombeiros e do Grupamento de
Radiopatrulha Aérea.
É criado o 1º Grupamento de Incêndio (Comando de Bombeiros da Capital).
1995 - Em 29 de janeiro, ocorre uma explosão em uma loja de fogos no bairro de
Pirituba na Capital, 33 casas são atingidas e 15 pessoas morrem, o Corpo de
Bombeiros enviou ao local 15 viaturas e 62 bombeiros.
O Corpo de Bombeiros realiza o seu 1º Seminário de Agilização da intervenção
Operacional com a presença de mais de 300 bombeiros entre Oficiais e Praças.
1996 - É implantado o Sistema de Despacho assistido por computador no Centro de
Operações de Bombeiros (COBOM) na Capital.
É criado o 12º Grupamento de Incêndio (sede em Bauru).
Ocorre em 11 de junho uma explosão no Shopping Center Plaza de Osasco
causada por vazamento de GLP sob o piso da área de restaurantes, 41 pessoas
morrem e mais de 48o pessoas são feridas, o Corpo de Bombeiros envia para o
local 38 viaturas e 167 bombeiros.
Ocorre em 31 de outubro à queda da aeronave Fokker 100 da TAM no bairro do
Jabaquara, 99 pessoas morrem, o Corpo de Bombeiros envia para o local 28
viaturas e 107 bombeiros. O Corpo de Bombeiros realiza o seu 2º Seminário de
Agilização da intervenção Operacional com a presença de mais de 300 bombeiros
entre Oficiais e Praças.
1997 - É lançado o MANUAL DE FUNDAMENTOS do Corpo de Bombeiros. Com
mais de 360 páginas e mais de 880 ilustrações, o MANUAL aborda 18 temas ligados
às principais áreas de atuação dos serviços de bombeiros.
A SIRENE, popularmente conhecida como BITONAL (dois tons lá-lá/ré-ré), com 4
(quatro) cornetas, freqüência de 435/450 Hz e 580/600 Hz, com intensidade de som
47
de 113 dh, a aproximadamente 7 (sete) metros, passa a ser destinada, para uso
exclusivo e restrito aos veículos pertencentes ao CORPO DE BOMBEIROS da
Polícia Militar do Estado de São Paulo. Seguindo uma nova filosofia de atendimento
à grandes emergências - SICOE (Sistema de Comando de Operações em
Emergência).
É apresentada a nova viatura de "COMANDO DE OPERAÇÕES, destinada a ser
empregada em grandes ocorrências servindo sempre como Posto de Comando e
oferecendo ao Comandante das Operações todo o suporte técnico necessário ao
planejamento estratégico e à coordenação tática das ações inerentes à emergência.
O Corpo de Bombeiros realiza o seu 3º Seminário de Agilização da intervenção
Operacional com a presença de mais de 300 bombeiros entre Oficiais e Praças.
2.3.2 Bombeiros no Brasil
No Brasil existem mais de 5.500 municípios e, destes, menos de 350
possuem bombeiros militares. A solução, principalmente na região sul do país, tem
sido os bombeiros civis, que atuam como voluntários em ONGs. No Estado do
Paraná existe o Projeto Bombeiro Comunitário, que é uma parceria entre o Estado
do Paraná e os municípios, onde o governo estadual fornece viaturas, o
financiamento para a construção dos Postos de Bombeiros e coloca à disposição um
bombeiro militar (sargento), pertencente ao Corpo de Bombeiros, que será o
responsável pelo treinamento do efetivo, realização de vistorias técnicas e
organização geral do posto; e as prefeituras municipais colocam à disposição
funcionários municipais, denominados Agentes de Defesa Civil. O projeto se destina
aos municípios que possuem um índice menor de ocorrências, para dar uma
primeira resposta no combate a incêndios à população destes municípios.
Na maioria dos estados do Brasil o Corpo de Bombeiros Militar é autônomo.
Somente nos estados de São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul e Bahia são
vinculados administrativamente ao Comando da Polícia Militar e à Secretaria
Estadual de Segurança Pública. No estado do Rio de Janeiro o Corpo de Bombeiros
Militar está vinculado à Secretaria Estadual de Saúde e Defesa Civil.
O Bombeiro Civil existe como profissional nos grandes centros desde os
anos de 1960, principalmente nas grandes montadoras automobilísticas e
metalúrgicas.Como voluntário desde 1835. Para ser um Bombeiro Civil a pessoa
48
precisa ser aprovada em um curso de formação regido preferencialmente pela NBR
14608 da ABNT e recentemente pela Lei 11.901 de 12 de Janeiro de 2009. Existem
várias escolas em todo pais e poucas sérias, mas ainda não existe regulamentação
aprovada (alguns projetos de lei são expressivos), dando margem a ilegalidades
pouco ou nada combatidas.
Certo é que o Bommbeiro Profissional Civil, já conquistou muitos avanços,
entre eles a NBR 14608 da ABNT e sua Menção na IT 17 Item 5 do Decreto
Estadual 46076 de 2001 que culminou com a Lei 11.901 acima mencionada. Um dos
grandes desafíos do bombeiro profissional civil no Brasil é a união, bem como ser
dotado de aparelhamento e especilaizações como o bombeiro militar, uma vez que
ao contrário daquele, este tem que pagar por sua especialização. Não a obtem às
custas do estado. Há ações isoladas como a do Grupamento Organizado de
Bombeiros Civís de São Paulo, outra grande referência no apoio ao Bombeiro Civil,
está no trabalho feito pelo Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro,
que passou a avaliar e credenciar o Bombeiro Civil em atuação naquele estado. Já
para ser bombeiro voluntário faz-se necessário procurar um Corpo de Voluntários e
submeter-se a um treinamento básico para poder desempenhar as atividades.
Apesar de terem sido inicialmente constituídos com a função de combate a
incêndios, as funções dos bombeiros alargaram-se para quase todas as áreas da
proteção civil. Conforme o país e o corpo de bombeiros, as várias áreas de
intervenção dos bombeiros são:
• Combate a incêndios florestais;
• Combate a incêndios urbanos;
• Combate a incêndios industriais;
• Resgate em grande ângulo;
• Emergência médica pré-hospitalar;
• Salvamento aquático.
• Desencarceramento em acidentes rodoviários e ferroviários;
• Intervenção em incidentes eléctricos;
• Intervenção em incidentes hidráulicos;
• Intervenção em incidentes com matérias perigosas;
• Intervenção em incidentes com redes de gás;
• Corte de Árvores em risco iminente de queda;
• Captura de animais correndo ou oferecendo risco.
49
• Resgate de corpos ou bens submersos.
• Prevenção contra Incêndio e Pânico.
2.3.3 Bombeiros em Santa Catarina
O Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Santa Catarina (CBMSC) é uma
Corporação cuja missão primordial consiste na execução de atividades de defesa
civil, prevenção e combate a incêndios, buscas, salvamentos e socorros públicos no
âmbito do estado de Santa Catarina.Para fins de organização é uma força auxiliar e
reserva do Exército Brasileiro, fazendo parte do Sistema Nacional de Segurança
Pública e Defesa Social, estando subordinado ao Governo do Estado de Santa
Catarina, através da Secretaria Estadual de Segurança Pública e Defesa do Cidadão
(SESPDC).Seus integrantes são denominados militares estaduais (artigo 42 da
CRFB), assim como os membros da Polícia Militar do Estado de Santa Catarina.
Histórico
Em 16 de setembro de 1919, foi sancionada pelo então Governador do
Estado de Santa Catarina, Doutor Hercílio Luz, a Lei Estadual nº 1.288, que criava a
Seção de Bombeiros, constituída de intergrantes da então Força Pública.
Somente em 26 de setembro de 1926 foi inaugurada a Seção de Bombeiros
da Força Pública, com a presença do Presidente do Estado, Secretário do Interior e
Justiça, Presidente do Congresso Representativo e do Superior Tribunal de Justiça,
Chefe de Polícia e outras autoridades, além de muitas pessoas do povo.
A nova Seção, instalada provisoriamente nos fundos do prédio onde
funcionava a Inspetoria de Saneamento, à Rua Tenente Silveira, em Florianópolis,
tinha como Comandante o 2º Tenente PM Waldomiro Ferraz de Jesus, e era
constituída pelas seguintes Praças: 1º Sargento PM Júlio João de Melo, 2º Sargento
PM João Luciano Nunes, 3º Sargento PM Audério Silvério dos Santos, Cabos-de-
esquadra Francisco Pereira de Alcântara, Elyseu Brasil, Bento Quirino Cavalheiro, e
os Soldados PM Antônio Maestri, Geraldo Paumert, João Joaquim dos Santos,
Ricardo Pereira de Castilhos, José Ismael Vieira, Manoel Gonçalves de Mello, José
Almeida de Oliveira, Antônio dos Santos Carvalho, Domingos Pereira de Castilhos,
Martinho Diogo Mafra, Hygino Godinho de Oliveira, Secundino da Costa Lemos,
Antenor Quadros, José Pereira de Arcanjo, Adolfo Xavier de Freitas, Francisco
50
Adriano Rodrigues, Constantino Idalino de Arcanjo, José Amaro Luiz, Nelson Gomes
dos Santos, e os Soldados corneteiros João Luiz da Rosa e Silva e João Onofre da
Cunha.
Era instrutor o 2º Tenente Domingos Maisonette, do Corpo de Bombeiros do
Distrito Federal, então a cidade do Rio de Janeiro, auxiliado pelo 2º Sargento da
mesma Corporação Antônio Rodrigues de Farias.
A Seção de Bombeiros atendeu o seu primeiro chamado no dia 5 de outubro,
quando extinguiu, com emprego da bomba manual, um princípio de incêndio que se
originara no excesso de fuligem da chaminé da casa do Sr. Achilles Santos, à Rua
Tenente Silveira, nº 6.
A primeira descentralização da Corporação, ocorreu em 13 de agosto de
1958, com a instalação de uma Organização Bombeiro Militar no município de
Blumenau.
A Lei Estadual nº 6.217, de 10 de fevereiro de 1983, criou a atual
Organização Básica da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militar, por ser
orgânico daquela Corporação e em 13 de junho de 2003, a Emenda Constitucional
nº 033, concedeu ao Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina - CBMSC o
status de Organização independente, formando junto com a Polícia Militar, o grupo
de Militares Estaduais.
A Lei Estadual Complementar nº 259, de 19 de janeiro de 2004, fixou o novo
efetivo do Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Santa Catarina em 4.123
militares e 144 civis e em 29 de setembro de 2004, o Decreto Estadual nº 2.497,
aprovou o Regulamento de Uniformes do CBMSC; e, o Decreto Estadual nº 2.499,
instituiu a Carteira de Identidade - CI funcional dos bombeiros militares.
Em 27 de dezembro daquele ano, a Lei Estadual nº 13.240, criou o Fundo de
Melhoria do Corpo de Bombeiros Militar - FUMCBM e a Lei Estadual nº 13.385, de
22 de junho de 2005, criou as condecorações e títulos Honoríficos do CBMSC.
Presente em mais de 90 municípios, o Corpo de Bombeiros Militar de Santa
Catarina é atualmente comando pelo Coronel BM Alvaro Maus, Comandante-Geral
da Corporação desde 2008.
51
2.3.4 Bombeiros
Bombeiros fazem uma parte importante e essencial do mundo atual, e são
indispensáveis para a população geral.
Um Bombeiro é um profissional/voluntário que possui treino e equipamento
adequado para apagar ou minimizar incêndios, resgatar pessoas em situação de
perigo, salvaguardar bens materiais e ajudar e fornecer assistência nos desastres
naturais e nos causados pelo homem. No Brasil o serviço de bombeiro mais
conhecido é o mililtarizado, porém também existe o bombeiro civil; o qual é
empregado nas empresas (normalmente nas brigadas de incêndio) ou participa de
atendimento público como voluntário .
2.3.5 Classificação
Na PM e nos CBM dos Estados, assim como nas Forças Armadas do Brasil,
os militares estão distribuídos em duas classes: oficiais, que estão classificados por
postos; e praças, que estão classificados por graduações. Essas classes se
subdividem em outras de acordo com o nível de responsabilidade e qualificação
profissional. Os graus hierárquicos são basicamente os mesmos do Exército, sendo
somente acrescentadas as iniciais PM e BM.
A hierarquia é a base da organização das instituições militares, a qual
compõe a cadeia de comando a ser seguida por todos os integrantes. Na estrutura
hierárquica da Polícia Militar (PM) e nos Corpos de Bombeiros Militares (CBM), seus
diversos níveis são representados por insígnias, usadas sobrepostas aos uniformes.
Bombeiros Profissionais Civis
São bombeiros privativos de grandes empresas industriais, portuárias,
aeroportuárias, ou florestais; os quais são vocacionados para a actuação
especializada no seu ramo de actividade.
52
Bombeiros Voluntários
Os Corpos de Bombeiros Voluntários estão espalhados por praticamente
todas as sedes de município, sendo responsáveis pela grande maioria das
operações de socorro no país, em virtude do reduzido número de Corpos
Profissionais existentes. Os Corpos de Bombeiros Voluntários dependem de
associações humanitárias de âmbito local, que são financiadas através dos seus
sócios, de peditórios à população, de subsídios públicos e do desenvolvimento de
actividades de cariz lúdico e cultural.
Bombeiros Militares
O Exército, a Marinha e a Força Aérea,dispõem de Corpos de Bombeiros para
combate a incêndios e operações de socorro em algumas das suas unidades. Os
Bombeiros das bases da Força Aérea são chamados Operadores de Sistemas de
Assistência e Socorro (OPSAS). Os Bombeiros das unidades da Marinha são
chamados Especialistas de Limitação de Avarias. Na Guarda Nacional Republicana
foi criada em 2006 uma unidade especializada em operações de combate a
incêndios florestais e Protecção Civil, denominada Grupo de Intervenção de
Protecção e Socorro (GIPS). O GIPS funciona como uma força de primeira
intervenção cujas equipas actuam rapidamente, transportadas por helicópteros ou
veículos ligeiros, em áreas de risco, realizando uma primeira intervenção até à
chegada de reforços com equipamento mais pesado.
53
3. METODOLOGIA DA PESQUISA
No presente capítulo serão apresentados os procedimentos que serão
utilizados para a realização desta pesquisa, que tem a finalidade de embasar o
presente estudo e orientar a metodologia utilizada, a fim de apurar o problema de
pesquisa.
3.1 Tipologia de pesquisa:
O tipo de pesquisa a ser utilizada será exploratória, uma vez que procura
descobrir idéias, percepções, gerar hipóteses ou explicações prováveis sobre
profissões que eram predominantemente masculinas, (CHURCHILL; PETER, 2005).
A pesquisa exploratória para Collis e Hussey (2005, p.24), “é realizada sobre
um problema ou questão de pesquisa quando há pouco ou nenhum estudo anterior
em que possamos buscar informações sobre a questão ou problema”. Assim, foram
encontradas poucas informações sobre as funções que eram essencialmente
masculinas no início do séc. 20, desta forma justifica-se a importância de se fazer
um estudo sobre o tema em questão.
Ainda de acordo com Gil (1991, p. 45) a pesquisa exploratória é desenvolvida
com o objetivo de proporcionar uma visão geral, acerca de determinado fato. Este
tipo de pesquisa é realizado especialmente quando o tema escolhido é pouco
explorado e torna-se difícil sobre ele formular hipóteses precisas.
Inicialmente, um levantamento bibliográfico teve a finalidade de colocar o
pesquisador em contato direto com discursos elaborados sobre determinado assunto
(MARCONI; LAKATOS, 2005), temas relacionados a funções que até então eram
ditas como exclusivamente masculinas, e foram feitas análises que estimularam a
compreensão dos fenômenos.
Para responder o nosso problema a abordagem qualitativa é mais indicada do
que a quantitativa, Cooper e Schindler (2003) dizem que: “Qualitativo vem de
qualidade que é o caráter ou natureza essencial de alguma coisa, qualidade é “o
que” e Quantidade “o quanto”” identificamos o método qualitativo como mais
indicado por ser mais subjetivo e envolve examinar e refletir as percepções para
obter um entendimento de atividades sociais e humanas.A coleta de dados será
54
através de estudo de caso, e de identificação nas publicações, em relatórios
técnicos, projetos, artigos científicos, livros.
Portanto, esse método não é apenas útil, mas, às vezes, uma indispensável
ferramenta no processo de desenvolvimento da teoria. Em sua análise, Yin (2001)
acrescenta que, quando o foco da pesquisa está direcionado para um problema
contemporâneo a aplicação do estudo de casos é considerada a mais apropriada.
Para Lima (2004, pg. 31) diz que “o método de estudo de caso corresponde a
uma das formas de realizar pesquisas empíricas de caráter qualitativo sobre um
fenômeno em curso e em seu contexto real”.
A utilização do método do estudo de caso, segundo Yin (2001), tem por
finalidade explorar, descrever, ilustrar e explicar diferentes fenômenos. O estudo de
caso investiga as situações tecnicamente distintas nas quais há muito mais variáveis
de interesse do que os dados indicam; como resultado, estabelece-se a confiança
em múltiplas fontes de evidências com dados que demandam uma triangulação
(YIN, 2001).
O estudo de caso tem maior utilização em explicações causais em
intervenções ou situações na vida real que são complexas demais para tratamento
através de estratégias experimentais ou de levantamento de dados.
A presente pesquisa foi desenvolvida nas seguintes etapas:
1. Fazer uma revisão bibliográfica sobre o assunto.
2. Descrever a trajetória da inserção feminina em diversos campos.
3. Descrever a inserção da mulher nas Instituições Militares.
A coleta de dados deu-se através da identificação nas publicações, em
relatórios técnicos projetos, artigos científicos, livros. Fez-se a analise qualitativa da
pesquisa realizada com as agentes do corpo de bombeiros do 7 BBM de Itajaí/SC,
onde a entrevista e seus dados qualitativos foram transcritos e posteriormente ao
conjunto de entrevistas realizadas com as agentes foi aplicada a técnica do DSC –
Discurso do Sujeito Coletivo, “uma proposta de organização e tabulação de dados
qualitativos de natureza verbal, obtidos de depoimentos, etc.” (LEFÉVRE &
LEFÉVRE,2003, P. 15-16).
55
3.2 Sujeito de estudo
A população alvo desta pesquisa foram mulheres que ocupam cargos antes
exercidos especialmente por homens, mais especificamente os cargos militares,
neste caso o corpo de bombeiros militar de Itajaí, onde atuam 3 mulheres sendo 1
tenente e 2 soldado.
3.3 Instrumentos de pesquisa
Foi utilizado o método do Estudo de Caso que não é uma técnica especifica.
É um meio de organizar dados sociais preservando o caráter unitário do objeto
social estudado" (GOODE & HATT, 1969, p.422). De outra forma, BRESSAN
(APPUD TULL 1976, p 323) afirma que "um estudo de caso refere-se a uma análise
intensiva de uma situação particular" e BRESSAN (APPUD BONOMA 1985, p. 203)
coloca que o "estudo de caso é uma descrição de uma situação gerencial".
BRESSAN (APPUD YIN 1989, p. 23) afirma que "o estudo de caso é uma inquirição
empírica que investiga um fenômeno contemporâneo dentro de um contexto da vida
real, quando a fronteira entre o fenômeno e o contexto não é claramente evidente e
onde múltiplas fontes de evidência são utilizadas".
O Método do Estudo de Caso obtém evidências a partir de seis fontes de
dados: documentos, registros de arquivos, entrevistas, observação direta,
observação participante e artefatos físicos e cada uma delas requer habilidades
específicas e procedimentos metodológicos específicos.
Utilizaremos algumas destas fontes, conforme descritas abaixo:
Entrevistas
Esta é uma das fontes de dados mais importantes para os estudos de caso,
apesar de haver uma associação usual entre a entrevista e metodologia de 'survey'
BRESSAN (APPUD YIN, 1989). A entrevista, dentro da metodologia do Estudo de
Caso, pode assumir várias formas:
• Entrevista de Natureza Aberta-Fechada - onde o investigador pode solicitar
aos respondentes- chave a apresentação de fatos e de suas opiniões a eles
relacionados;
• Entrevista Focada - onde o respondente é entrevistado por um curto período
56
de tempo e pode assumir um caráter aberto-fechado ou se tornar
conversacional,mas o investigador deve preferencialmente seguir as perguntas
estabelecidas no protocolo da pesquisa;
• Entrevista do tipo Survey - que implicam em questões e respostas mais
estruturadas.
De forma geral, as entrevistas são uma fonte essencial de evidências para o
estudo de Caso BRESSAN (APPUD YIN, 1989), uma vez que os estudos de caso
em pesquisa social lidam geralmente com atividades de pessoas e grupos. O
problema é que isto pode sofrer a influência dos observadores e entrevistadores e,
por isto, podem ser reportadas e interpretadas de acordo com as idiossincrasias de
quem faz e relata a entrevista. Por outro lado, os respondentes bem informados
podem fornecer importantes insights sobre a situação. Ao se considerar o uso das
entrevistas, portanto, deve-se cuidar para que estes problemas não interfiram nos
resultados provendo treinamento e habilitação dos investigadores envolvidos.
3.4 Análise e apresentação
Para facilitar a compreensão e disposição das informações utilizamos a transcrição
das entrevistas e aplicamos a técnica do DSC Discurso do Sujeito Coletivo.
A análise dos dados coletados através da pesquisa serviu para um melhor
entendimento das informações. As técnicas selecionadas demonstraram
informações, no decorrer do trabalho, proporcionando uma visão global das
informações levantadas.
3.5 Limitações da pesquisa
Esta pesquisa limitou-se a falta de informações ao histórico do 7 batalhão de
bombeiros militar de Itajaí, onde não constam dados oficiais e atualizados.
57
4. ANÁLISE DOS DADOS
Os resultados apresentados neste capítulo têm por sua finalidade atingir os
objetivos propostos desta pesquisa que se constitui na evolução da mulher no atual
mercado de trabalho em funções ate então predominantemente masculinas, para
alcançar tal objetivo foi aplicada uma entrevistas com as mulheres do batalhão de
bombeiros da cidade de Itajaí. Os entrevistados não serão identificados por seus
nomes, mas apenas por números seqüenciais, embora isto não tenha sido uma
exigência delas ou da organização.
A entrevista foi composta com 15 perguntas conforme apêndice A:
Entrevistas:
No ambiente de entrevistas explicamos os motivos do trabalho e da entrevista
a cada um dos participantes, este trabalho durou exatamente 3 dias, um dia
para cada entrevistada.
Neste momento passamos a relatar a opinião dos entrevistados a respeito de
cada uma das perguntas.
4.1 Perfil das respondentes
Neste momento buscou-se identificar semelhanças e disparidades entre as
respondentes, tentando traçar o perfil em comum das mulheres que exercem
funções antes predominantemente masculinas. As análises foram realizadas, tendo
por base questões elaboradas na entrevista.
Num primeiro momento identificou-se a faixa etária das respondentes, pode-
se observar que ambas tem idade entre 24 anos e 26 anos, posteriormente
identificou-se o estado civil das respondentes, observou-se que todas são solteiras,
e não possuem filhos, outro fator considerado quanto ao perfil das respondentes diz
respeito ao nível de escolaridade todas possuem nível superior, quanto ao cargo que
exercem na corporação duas são soldados e uma tenente, identificou-se também o
tempo de atuação na corporação que varia de 2 anos a 4 anos, e por ultimo as
entrevistadas relataram que devem estar 24h disponível a corporação pra qualquer
tipo de emergência existe sim certa dificuldade em ter horários fixos, e
compromissos fora da corporação por que na hora que surge uma emergência tem
58
que parar tudo que está fazendo, seja cursinho, faculdade, festa, e ir pro quartel o
mais rápido possível.
4.2 Entrevistas
8. Profissão Anterior Idéia Central da Resposta Palavras chaves E1 Estudante Estudante E2 Professora Educação Física Educação Física E3 Socorrista Civil Socorrista Quadro 1: Profissão Anterior. 9. Como e por que você escolheu ingressar na carrei ra militar; teve
alguma influencia? Qual?
Idéia Central da Resposta Palavras chaves E1 Escolheu ser militar por influência dos pais. A
mãe é soldado da PM e o pai é capitão também da PM de Curitiba. Os irmãos também desejam seguir a mesma profissão. Tentou concurso no Paraná, mas não passou, surgiu à oportunidade aqui, que foi o que a trouxe pra cá.
Militar Pai Mãe
E2 Queria ser professora de Educação Física e na faculdade surgiu à oportunidade de trabalhar de guarda-vidas civil como voluntária em Florianópolis, foi onde gostou e fez um curso de bombeiro comunitário e quando abriu a oportunidade de fazer concurso público para militar, ela fez e passou. Apesar de os pais serem policiais militares, não sofreu influência pra trabalhar como militar.
Guarda-vidas Voluntária Oportunidade Influência
E3 Quando mais nova, trabalhava em uma loja, fez curso de bombeiro voluntario, gostou e ficou por 5 anos. Prestou concurso pra tentar efetivação no Corpo de Bombeiro, passou e já está há 1 ano. Entrou pro militarismo por vontade própria, sem influências.
Bombeiro Militarismo Voluntario
Quadro 2: Como e por que você escolheu ingressar na carreira militar; teve alguma influencia.
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10. Qual é a sua satisfação em trabalhar como milit ar?
Idéia Central da Resposta Palavras chaves E1 A satisfação está em sua realização
profissional, e o apoio e aprovação de sua família por sua escolha.
Satisfação Aprovação Família
E2 A satisfação está em poder ajudar a comunidade onde mora, e estar representando as mulheres numa profissão tão masculina.
Satisfação Profissão Mulheres Comunidade
E3 Sua satisfação está em estar realizada em sua escolha profissional e em ver o agradecimento das pessoas que ajuda de alguma forma.
Realizada Agradecimento
Quadro 3: Qual é a sua satisfação em trabalhar como militar. 11. Quais as dificuldades que você encontrou para i ngressar na carreira
militar?
Idéia Central da Resposta Palavras chaves E1 Ela sentiu dificuldades, principalmente no
período do curso, em relação a provas realizadas em lugares altos como rapel, salvamento em prédios altos.
Provas Salvamento
E2 A maior dificuldade encontrada por ela dentro dessa profissão foi o preconceito por ser mulher militar, por conta do porte físico e fragilidade, apesar de o treinamento e critérios de avaliação ser igual para todos, independente do sexo.
Preconceito Militar Fragilidade Treinamento
E3 Sente dificuldades por ser bombeiro mulher durante ocorrências, pois nem sempre é respeitada, sente também que existem indiferenças fora do quartel por conta do sexo.
Ocorrência Respeito Indiferenças
Quadro 4: Quais as dificuldades que você encontrou para ingressar na carreira militar. 12. Enfrentou ou enfrenta algum tipo de preconceito com a sociedade ou
companheiros de profissão?
Idéia Central da Resposta Palavras chaves E1 Durante o curso, os futuros militares são
ensinados a trabalharem com todo tipo de preconceito, pois ficam direto com as fardas. Aprendem que nem todo tipo de trabalho a mulher pode fazer por conta do seu tipo físico. E não enfrenta preconceitos, pois faz somente trabalhos internos onde sua função é
Ensinados Preconceitos Trabalho Administrativa
60
administrativa.
E2 No começo enfrentou preconceito da parte de seus companheiros por ser uma mulher em um ambiente onde sua grande maioria são homens, e por acharem que ela não daria conta de suas tarefas braçais.
Enfrentar Preconceito Ambiente Tarefas
E3 Por ser mulher, existe certo preconceito vindo da comunidade em ser bombeiro. Dentro do quartel todos se respeitam.
Mulher Comunidade Quartel
Quadro 5: Enfrentou ou enfrenta algum tipo de preconceito com a sociedade ou companheiros de profissão. 13. Você observa alguma dificuldade em relação ao c rescimento dentro
da corporação por ser mulher?
Idéia Central da Resposta Palavras chaves E1 Não vê dificuldades. Dificuldades E2 Existem dificuldades para um soldado subir de
cargo hoje, pois não abrem vagas e oportunidades para que haja esse crescimento por conta da grande quantidade de efetivos na área, mas isso é para todos e não pelo fato de ser mulher.
Soldados Dificuldades Crescimento Efetivos
E3 Como em qualquer organização o crescimento é difícil, No militarismo não é diferente, independentemente do sexo. O ingresso da mulher na instituição quebrou uma série de paradigmas. Antes, acreditava-se que a mulher só podia ser empenhada em atividades administrativas, agora atuam no caminhão e nas ambulâncias.
Organização Militarismo Difícil
Quadro 6: Você observa alguma dificuldade em relação ao crescimento dentro da corporação por ser
mulher.
14. É difícil se manter feminina profissão como a s ua?
Idéia Central da Resposta Palavras chaves E1 Não á dificuldade alguma, claro que se deve
manter o bom senso. Bom senso
E2 A feminilidade nunca se perde, mas é necessário ser mais dura em certas ocasiões, e também não podemos usar jóias, ate mesmo para nossa segurança durante operações.
Feminilidade
E3 O uniforme não nos favorece muito e com os Feminina
61
cabelos sempre presos, não há muito que se fazer. Mas a essência feminina nunca se perde.
Quadro 7: É difícil se manter feminina profissão como a sua.
DSC Entrevistados – Profissão Anterior.
Apesar de nossas entrevistadas antes exercerem funções, e formação acadêmica totalmente diferente das que exercem hoje, sempre tiveram o gosto pela carreira militar. Quadro 8: DSC – Discurso do Sujeito Coletivo 8ª pergunta. DSC Entrevistados – Escolha da carreira militar e influencia.
A escolha da vida profissional é uma escolha que influencia diretamente no nosso futuro. A escolha pela carreira militar requer muita dedicação e disponibilidade permanente, sabedoria e cautela para lidar com emoções, e acima de tudo saber enfrentar barreiras e preconceitos. As oportunidades e as influencias e o apoio tanto de amigos como da família pesam muito na hora de decidir por esta profissão, o gosto pela profissão, pela sua responsabilidade perante a sociedade É preciso amar o que faz. E o fato de que esta carreira possibilita uma estabilidade, bem como a expectativa de crescimento. E sempre há o histórico de algum familiar estar ligado ao militarismo onde sem duvida sofre a influencia para seguir os mesmos passos. Quadro 9: DSC – Discurso do Sujeito Coletivo 9ª pergunta. DSC Entrevistados – Satis fação em trabalhar como militar.
A satisfação está em sua realização profissional, onde o enriquecimento do trabalho com ênfase no desenvolvimento pessoal do indivíduo, onde o apoio da família, o agradecimento da comunidade e por representar as mulheres em postos de trabalho antes só para homens é o que as motiva para fazerem sempre o melhor para si mesmas e para a comunidade. Ser militar não é fazer parte de um emprego, mas é estar vocacionado para uma missão. Esta também no sentimento de solidariedade e amor ao próximo, uma vez que o bombeiro não tem um horário fixo e, muitas vezes tem de deixar a família de lado, para proteger a sociedade. Quadro 10: DSC – Discurso do Sujeito Coletivo 10ª pergunta. DSC Entrevistados – Dificuldades encontradas para in gressar na carreira militar. Uma das dificuldades encontradas são as várias disciplinas ministradas durante o curso distribuídas entre teóricas e práticas, que visam ao aluno soldado compreender sua função e sua missão perante a sociedade, bem como fazê-lo compreender o compromisso que esta assumindo. Quadro 11: DSC – Discurso do Sujeito Coletivo 11ª pergunta.
62
DSC Entrevistados – Preconceito com a sociedade ou companheiros de profissão. É uma relação com poucos preconceitos. Apesar de estar numa instituição em que 98% dos integrantes são homens, em sua maioria não teve nenhuma dificuldade nem com meus subordinados nem com meus superiores. A trajetória tem sido feita no alicerce de disciplina, de determinação, de participação mútua, de um trabalho bem interativo, onde a maioria dos preconceitos sofridos vem da sociedade. Quadro 12: DSC – Discurso do Sujeito Coletivo 12ª pergunta. DSC Entrevistados – Dificuldade em relação ao crescimento dentro da corporação por ser mulher. Como em qualquer organização, a dificuldade de crescimento há para todos independente do sexo. Quadro 13: DSC – Discurso do Sujeito Coletivo 13ª pergunta. DSC Entrevistados – Manter -se feminina na profissão.
O fato de estar numa instituição militarizada não significa que você precisa se masculinizar. Você pode continuar com a sua doçura, com a sua delicadeza e fazer seu trabalho com muita determinação, com muita eficácia, com muita garra, sem deixar de ser mulher, sem deixar de ser vaidosa tomando os devidos cuidados para que não haja exageros. Quadro 14: DSC – Discurso do Sujeito Coletivo 14ª pergunta.
Nossa entrevista ainda nos forneceu algumas informações adicionais durante
a entrevista: a entrevistada E1, tem seu horário fixo das 13h às 19h, porem deve
estar 24h disponível para qualquer tipo de emergência. As outras mulheres da
guarnição E2 e E3 trabalham 24h e folgam 48h, porém, igualmente devem estar
apostas para possíveis chamados. Existem duas formas de ingresso nas forças
estaduais (Policia e Bombeiro), que seria soldado ou oficial. Pra ingressar como
soldado o candidato tem que fazer o concurso ou vestibular, se passar faz os testes
necessários que são exames psicotécnicos, médicos e físicos, passando nos
exames, faz oito meses de curso, passando o aluno soldado é mandado para uma
unidade do estado onde passa a trabalhar. O oficial passa pelos mesmos testes que
o soldado, porém, faz um curso de três anos pois quanto mais sobe na hierarquia
dentro do militarismo, mais responsabilidades assume, sendo todos da corporação
de suma importância.
Depois dos três anos de curso, o aluno escolhe a classificação e ser exercida
e tem mais seis meses de aspiratório, como se fosse um estágio probatório. Esses
seis meses são pra definir se o aluno tem condições de ser um oficial. Tem a chance
63
de reprovar uma vez, não passando, faz mais seis meses de curso se o comandante
geral permitir. Passando nesses seis meses de curso, o aluno entra como 2º
Tenente, passa para 1º Tenente, depois Capitão, Major, Tenente Coronel e Coronel
sendo o último posto.
Atualmente, no 7º Batalhão trabalham 5 mulheres, sendo a Priscila como 2º
Tenente e quatro soldados, onde 2 ficam em Itajaí, 1 em Itapema e 1 em Porto Belo.
64
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O velho título de sexo frágil definitivamente está cada vez mais longe da
realidade das mulheres. Primeiro, elas deixaram as funções de casa para trabalhar
fora e, posteriormente, passaram a ocupar gradativamente cargos ditos masculinos.
Apesar de muitas vezes os salários ainda não se equipararem e o preconceito ainda
existir, tamanha conquista, segundo especialistas, deve seguir a tendência de ser
ampliada em proporções gigantescas. Isso porque as mulheres buscaram a
superação quando perceberam que tinham de competir com os homens e sobreviver
em meio ao acúmulo de funções. De quebra, descobriram que são donas de
qualidades diretamente relacionadas a resultados, desta forma é imprescindível
fazer um estudo sobre a evolução da mulher no mercado de trabalho.
Assim, o presente trabalho teve como objetivo principal Investigar evolução da
mulher no atual mercado de trabalho em funções até então tidas como
predominantemente masculinas, bem como fazer uma revisão bibliográfica sobre o
assunto, descrever a trajetória da inserção feminina em diversos campos e
descrever a inserção da mulher nas Instituições Militares.
As constatações têm explicação histórica, antigamente, quando a força física
era valorizada em detrimento do conhecimento, os homens saíam e de certa forma
até hoje saem na frente das mulheres. Mas no começo do século passado, quando
as fábricas foram crescendo e houve falta de mão-de-obra, as mulheres foram
recrutadas para exercer trabalhos rotineiros e repetitivos, foi o passo chave. Daí
percebeu-se suas habilidades e viu-se que tinham capacidade., a partir daí, a
tecnologia começou a substituir gradativamente os trabalhos manuais, o que
resultou na sobra de mão-de-obra. Elas ficaram com menos empregos e mais
disponibilidade de tempo. Partiram, então, para a educação e começaram a disputar
mais cargos.
Estima-se hoje, que as mulheres com algum tipo de colocação profissional
têm, em média, dois anos a mais de escolaridade que os homens e vêm ocupando
cargos de liderança nas empresas, se tornando competidoras em potencial. À
medida que se tenha mais pessoas preparadas e mais mecanização, ou seja,
menos necessidade de força física, vão sobrar cargos inteligentes. E quem vai
ganhá-los são os mais preparados. A constatação é que hoje já quase não existem
65
mais funções exclusivas de homens ou de mulheres, elas foram para o mercado de
trabalho e eles passaram a dividir as funções de casa.
Nesse caso, a soma das habilidades de cada um dos sexos tem
conseqüências extremamente positivas. A exigência vai ser cada vez mais por
cabeças racionais, como para as áreas de engenharia e planejamento de produção,
onde aparentemente homens têm mais vocação, e ao mesmo tempo por pessoas
com funções e posições predominantemente emocionais, como por exemplo
motivação, chefias e liderança. Há, no entanto, mulheres avançando para áreas
reconhecidamente masculinas, como, além da área de exatas, cargos de gestão nas
empresas. Muitas pessoas achavam que as mulheres não resistiriam a pressões
psicológicas e por resultados e que, em função da emocionalidade, não
conseguiriam tomar decisões racionais envolvendo pessoas. Mas, à medida que
foram crescendo, também se tornaram mais aptas a isso.
Apesar de tudo isso, é inegável que exista ainda o preconceito em diversos
setores do mercado, apesar de serem ainda em pequeno numero, as mulheres não
se intimidam, e garantem ser bem vistas pelo grande contingente de homens com
quem trabalham. A partir do momento que elas mostram competência, existe
respeito. O militarismo por ser profissão que envolve riscos, nem sempre é vista
como área para mulheres. Mas isso muda no momento em que elas demonstram
que não são frágeis e que não é para qualquer uma. Além do preconceito que
enfrentam por parte de homens elas têm de fazer de tudo, desde empurrar e lavar
as viaturas até pilotar e dar instrução.
A mulher é versátil, faz de tudo, elas acham, no entanto, é que além da falta
de estímulo para a profissão, o que faz ter ainda pouquíssimas mulheres nesse meio
são a correria e o excesso de responsabilidade, o militarismo sobrecarrega, exige
dedicação total. Assim existem ainda alguns aspectos a serem aperfeiçoados, sendo
mais liberdade e ousadia não se prendendo em situações passadas, regras e velhos
paradigmas, Pode-se concluir que o militarismo é um ramo de atividade que
emprega mais homens que mulheres e que as mulheres que estão inseridas neste
ramo de atividade são profissionalmente mais cobradas e testadas pelos homens, e
pela sociedade, ou seja, ainda é necessário continuar a luta pela igualdade
profissional, para que vença aquele que tiver melhor qualificação e capacidade, sem
discriminação de gênero.
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O desenvolvimento deste trabalho foi de extrema importância, pelo
aprendizado acadêmico que culminou no aprofundamento teórico e nas práticas
vivenciadas pelo mercado. O trabalho realizado alcançou todos os objetivos
propostos, visto que depois de definidos os objetivos específicos, foi possível
conhecer os aspectos positivos e limitantes das mulheres em relação ao seu lugar
no mercado de trabalho em funções ate então predominantemente masculinas.
5.1 Sugestões de trabalhos futuros
Com base nos estudos vivenciados nesta pesquisa, algumas sugestões são
pertinentes para o desenvolvimento de futuros estudos e pesquisas que poderão ser
realizadas complementando as conclusões apresentadas:
• Fazer uma pesquisa com os colegas de trabalho e a chefia;
• Fazer comparativos com corporações de outras cidades e entre outros
estados;
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6. REFERÊNCIAS
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68
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MULHERES NO EXÉRCITO: A Mulher no Exército no ano de 1992 : na EsAEx, formou-se a primeira turma de mulheres oficiais do Exército Brasileiro. Foi um marco na nossa história militar. Disponível em: <www.acontinencia.com/mulhernoexercito.htm>. Acesso em: 15 de nov. 2009.
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APÊNDICE A
ENTREVISTA
1- Idade
2- Estado Civil
3- Filhos
4- Nível de Escolaridade
5- Cargo Exercido
6- Tempo de Atuação
7- Horários Livres
8- Profissão Anterior
9- Como e por que você escolheu ingressar na carreira militar; teve alguma
influencia? Qual?
10- Qual é a sua satisfação em trabalhar como militar?
11- Quais as dificuldades que você encontrou para ingressar na carreira militar?
12- Enfrentou ou enfrenta algum tipo de preconceito com a sociedade ou
companheiros de profissão?
13- Você observa alguma dificuldade em relação ao crescimento dentro da
corporação por ser mulher?
14- É difícil se manter feminina profissão como a sua?