14/7/2011 1A Virtude e as Virtudes
TÍTULO DA PALESTRA
(Org. por Sérgio Biagi Gregório)(Org. por Sérgio Biagi Gregório)
A Virtude
e as
Virtudes
A Virtude e as VirtudesIntrodução
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Ao procurar compreender a virtudevirtude não são fáceis as perguntas que a razão humana se defronta:
Existe realmente a virtude?
Em que consiste?
Como pode o homem fragmentário em seus atos parciais, encontrar a unidade, o todo?
A virtude liberta ou robotiza?
O que significa dizer que aquela pessoa é uma “boa pessoa”?
Tomemos essas questões como ponto de partida para o desenvolvimento de nossa peça oratória.
A Virtude e as VirtudesConceito
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VirtudeVirtude é uma disposição estável em ordem a praticar o bem; revela mais do que uma simples potencialidade ou uma aptidão para uma determinada ação boa: trata-se de uma verdadeira verdadeira inclinação. inclinação.
Para o Espírito Emmanuel, a virtudevirtude é sempre sublime e imorredoura aquisição do Espírito nas estradas da vida, incorporada eternamente aos seus valores, conquistados pelo trabalho no esforço próprio. (Pergunta 253 de O Consolador)
Virtude
Virtudes
São todos os hábitos constantes hábitos constantes que levam o homem para o bem, quer como indivíduo, quer como espécie, quer pessoalmente, quer coletivamente.
A Virtude e as VirtudesHistórico
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Sócrates (470-399 a. C.) - O estudo da virtude se inicia com Sócrates, para quem a virtude é o fim da atividade humana e se identifica com o bem que convém à natureza humana. Na sua conceituação, comete dois erros: 1) confunde a ordem moral com a ordem do conhecimento; 2) exagerado otimismo.
Platão (429-347 a. C.) - Desenvolve a doutrina de Sócrates. Apresenta a virtude como meio para atingir a bem-aventurança. Descreve as 4 virtudes cardeais: a sabedoria, a fortaleza, a temperança e a justiça.
Aristóteles (384-322 a. C.) - Ao conceito já esboçado como hábito, isto é, de qualidade ou disposição permanente do ânimo para o bem, Aristóteles acrescenta a análise de sua formação e de seus elementos. As virtudes não são hábitos do intelecto como queriam Sócrates e Platão, mas da vontade.
A Virtude e as VirtudesHistórico
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Cristianismo - A influência da Sagrada Escritura fez com que se acrescentasse às virtudes cardeais, as virtudes teologais. Santo Agostinho diz que "a virtude é uma boa qualidade da mente, por meio da qual vivemos retamente". Santo Tomás de Aquino diz que "a virtude é um hábito do bem, ao contrário do hábito para o mal ou o vício".
Kant (1724-1804) - Entre os filósofos não cristãos dos tempos modernos requer especial atenção o sistema kantiano. Kant, em certo sentido, volta às doutrinas estóicas, enquanto procura formular uma ética que seja fim de si mesma, sem leis heterônomas, nem sanções. Mas a Crítica da Razão Prática, que cria a nova moral, não fala de virtude, mas só de moralidade: esta consiste essencialmente no cumprimento do dever, ou seja, dos imperativos categóricos que a razão autônoma dita. Embora por outros caminhos, caiu no mesmo erro dos antigos estóicos, dando-nos uma ética vazia, que se destrói a si mesma, negando todo legislador, toda sanção, todo o fim ulterior de nossas ações.
Aspecto Prático da Virtude - Além do aspecto teórico da sua conceituação, estritamente conexo com o sistema filosófico no qual se enquadra a Ética, apresenta um aspecto prático de vivo e permanente interesse: como formar e desenvolver a virtude. É o campo da Psicologia Educacional e da Pedagogia. No educador exige antes de tudo o bom exemplo, tão necessário, especialmente no trato com as crianças, incapazes de longos raciocínios e vivamente levadas à imitação. (Pequena Enciclopédia de Moral e Civismo)
A Virtude e as VirtudesVirtude em Aristóteles: Texto Aristotélico
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“A virtudevirtude é portanto uma disposição adquirida voluntária, que consiste, em relação a nós, na medida, definida pela razão em conformidade com a conduta de um homem ponderado.
Ela ocupa a médiamédia entre duas extremidades lastimáveis, uma por
excessoexcesso, a outra por
faltafalta.
Digamos ainda o seguinte: enquanto, nas paixões e nas ações,
o erroerro consiste ora em manter-se aquém, ora em ir além do que é conveniente, a virtude encontra e adota uma justa medida.
Por isso, embora a virtude, segundo sua essência e segundo a
razão que fixa sua natureza, consista numa médiamédia, em relação ao
bem e à perfeição ela se situa no ponto mais elevadoponto mais elevado”. (Ética a Nicômaco, II, 6)
A Virtude e as VirtudesVirtude em Aristóteles: Termos Importantes
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Para entender corretamente o texto filosófico, devemos localizar os termostermos mais importantes, e suas noçõesnoções. Assim:
Virtude (arétè) designa toda excelência própria de uma coisa, em todas as ordens de realidade e em todos os domínios. Aristóteles a emprega assim, embora lhe acrescente o valor moral.
Disposição (héxis) é definida como uma maneira de ser adquirida. O latim traduziu héxis por habitus. A virtude só será habitus se se retirar desse termo o caráter de disposição permanente e costumeira, mecânica, automática
Mediedade (mésotès): este termo remete tanto ao termo médio de um silogismo quanto à média (ou ao meio termo) que caracteriza a virtude.
A Virtude e as VirtudesVirtude em Aristóteles: É Média e Ápice
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Como, pois, entender que virtude é média e ápicemédia e ápice?
Aristóteles parte de um conceito geral e delimita-o depois.
Diz, primeiramente, que a virtude é agir de forma deliberada; depois, fala em agir em prol do mais alto bem.
Ao falar dela como héxis, enfatiza uma capacidade adquirida, constante e duradoura, o que elimina a pretensa qualidade inata.
Assim, ao se comportar moralmente, o homem deve também se comportar racionalmente, ou seja, uma razão que já passou pela prova dos fatos.
A mediedade, diz ele, é a que o homem prudente determinaria. E determinaria em função dos homens superiores a ele. Por isso é oportuno aconselhá-los a imitarem os melhores.
A Virtude e as VirtudesVirtude em Aristóteles: Não é Média, é Média Justa
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A mediedademediedade opõe-se a dois vícios simétricos: o excesso e a falta.
Quais são essas
práticas que não
são virtudes? Os
víciosvícios.
Explicação: a natureza moral jamais é natural, e sim o resultado de uma maneira de ser adquirida – para mais ou para menos –, o que representa sempre um excessoexcesso. Por exemplo, a coragem é virtude delimitada por essa falta que é a covardia e esse excesso que é a temeridade. A virtude revela-se portanto como um meio termo.
A virtudevirtude não é assim uma média aritmética dos excessos
para mais ou para menos, ela é o vértice de eminênciavértice de eminência, ou seja, é ela quem diz qual é o vício para cima ou para baixo. (FOLSCHEID, 2002, cap. III)
A Virtude e as VirtudesVirtudes Cardeais
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É aquela virtude que permite ao entendimento reflexionarreflexionar sobre os meios conducentes a um fim racional.
Consiste na disposição para, em conformidade com a razão, isto é, em atenção a bens mais elevados, arrostararrostar perigos, suportarsuportar males e não retroceder, nem mesmo ante a morte.
Consiste em aperfeiçoar constantemente a potência potência sensitivasensitiva, de modo a conter o prazer sensual prazer sensual dentro dos limites estabelecidos pela sã razão.
Consiste ela na atribuiçãoatribuição, na equidadeequidade, no considerar e respeitar o direito e valor que são devidos a alguém, ou a alguma coisa. (Santos, 1965)
Prudência
Fortaleza ou
Valentia
Temperança
Justiça
A Virtude e as VirtudesVirtudes Teologais
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É o assentimento do intelecto que crê, com constância e certeza, em alguma coisa. A prudência, a fortaleza, a justiça e a moderação podem ser adquiridas. Ninguém gesta dentro de si a Fégesta dentro de si a Fé; ou a tem, ou não.
Fé
Esperança
Caridade
É a expectaçãoexpectação de algo de superior e perfeito. A Esperança não é o produto de nossa vontade, mas de uma espontaneidade, cujas raízes nos escapam, porque não é ela genuinamente uma manifestação do homem, mas algo que se manifesta pelo homem, porque não encontramos na estrutura de nossa vida biológica, nem da nossa vida intelectual, uma razão que a explique.
É a mãe de todas as virtudes mãe de todas as virtudes como dizem os antigos, e diziam-no com razão: é a raiz de todas as virtudes, porque ela é a bondade suprema para consigo mesmo, para com os outros, para com o Ser Infinito.
A Virtude e as VirtudesVícios mais Comuns
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Ao longo do tempo adquirimos uma série de hábitos negativoshábitos negativos. Costumamos disfarçá-los ao máximo.disfarçá-los ao máximo.
À gulagula damos o nome de necessidade proteínica.
À lascívialascívia chamamos necessidade fisiológica.
A iraira é embelezada com a expressão paradoxal: “cólera sagrada”.
A cobiçacobiça é encoberta com a desculpa da previdência.
A preguiçapreguiça disfarçamos com a necessidade de repouso, quando não com a esperteza que faz os outros produzirem por nós.
A Virtude e as VirtudesVirtudes e Vícios na Visão do Espiritismo
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PERGUNTAS DE O LIVRO DOS ESPÍRITOS
893893. Qual a mais meritória de todas as virtudes?
— Todas as virtudes têm seu mérito, porque todas são indícios de progresso no caminho do bem. Há virtude sempre que há resistência voluntária ao arrastamento das tendências; mas a sublimidade da virtude consiste no sacrifício do interesse pessoal para o bem do próximo, sem segunda intenção. A mais meritória é aquela que se baseia na caridade mais caridade mais desinteressadadesinteressada.
913913. Entre os vícios, qual o que podemos considerar mais radical?
Já o dissemos muitas vezes; o egoísmo. Dele deriva todo do mal. Estudai todos os vícios e vereis que no fundo de todos existe o egoísmo. Por mais que luteis contra eles não chegareis a extirpá-los enquanto não os atacardes pela raiz, enquanto não lhes houverdes destruído a causa. Que todos os vossos esforços tendam para esse fim, porque nele se encontra a verdadeira chaga verdadeira chaga da sociedade.
A Virtude e as VirtudesConclusão
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O movimentar-se produz hábitoshábitos.
Os MAUS hábitos SE enraízam em nosso psiquismo.
Em se tratando do esforço para extingui-lo, parece-nos que cometemos um erro que já se tornou secular, ou seja, combater a causa pelo efeitocausa pelo efeito.
Somente quando tomamos consciência do móvel que produz a ação é que podemos ter segurança na eliminação do efeito.
Na realidade, não somos nós que deixamos os vícios; são eles que desprovidos da nossa atração, deixam-nos.
A Virtude e as VirtudesBibliografia Consultada
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ÁVILA, F. B. de S.J. Pequena Enciclopédia de Moral e Civismo. Rio de Janeiro, M.E.C., 1967.FOLSCHEID, Dominique e WUNENBURGER, Jean-Jacques. Metodologia Filosófica. Tradução de Paulo Neves. 2. ed., São Paulo: Martins Fontes, 2002. (Ferramentas) KARDEC, A. O Livro dos Espíritos. 8. ed., São Paulo, FEESP, 1995.SANTOS, M. F. dos. Dicionário de Filosofia e Ciências Culturais. 3. ed., São Paulo, Matese, 1965.XAVIER, F. C. O Consolador, pelo Espírito Emmanuel. 7. ed., Rio de Janeiro, FEB, 1977.
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