A autora deste trabalho é licenciada em Ciências Históricas – Ramo Património, fez a sua
tese de seminário em Património Etnográfico intitulada “Contributo para o estudo dos
espigueiros de Paredes de Coura” e o seu estágio curricular incidiu sobre o tratamento dos
livros de actas da Câmara Municipal de Paredes de Coura.
No ano lectivo 2002/2003 leccionou na Escola EB2 de Canelas – Vila Nova de Gaia,
actualmente colabora como guia na Casa da Cultura Solar Condes de Resende.
A autora tem os seguintes trabalhos publicados: “Património documental courense:
considerações sobre os livros de actas da Câmara Municipal de Paredes de Coura entre
1842 e 1968”, in Cadernos de Arqueologia e Património, 7/8/9, 1998/2000, Câmara
Municipal de Paredes de Coura – Gabinete de Arqueologia e Património e “Contributo para
o estudo dos Espigueiros de Paredes de Coura”, in Cadernos de Arqueologia e Património,
7/8/9, 1998/ 2000, Câmara Municipal de Paredes de Coura – Gabinete de Arqueologia e
Património.
Resumo Com este trabalho, pretende-se contribuir para a divulgação e rentabilização do
património cultural do concelho de Paredes, através de um percurso, tentando assim
sensibilizar e consciencializar o público em geral da importância cultural que o
mesmo apresenta, para que todos desempenhem um papel activo na sua
preservação.
Palavras-chave: Património cultural. Turismo. Paredes.
Índice
Introdução 1
Metodologia 3
I - Concelho de Paredes 4
II - Românico Português: O Mosteiro de Cête 8
III – O turismo como desenvolvimento local: proposta de um percurso 14
1. Turismo e ruralidade 14
2. Percurso numa paisagem humanizada 19
2.1 Conselhos prévios 19
2.2 Regras elementares 19
2.3 Descrição do Percurso 19
2.4 Outras sugestões de visita no concelho de Paredes 27
2.5 Outras informações úteis ao visitante do concelho de Paredes 29
2.5.1 Serviços 29
2.5.2 Onde dormir 29
2.5.3 Gastronomia 30
2.5.4 Onde comer 30
2.5.5 Artesanato 31
Conclusão 32
Índice iconográfico 33
Bibliografia 34
Turismo como impulsor do desenvolvimento local: percurso cultural
Introdução
Este trabalho foi elaborado com o intuito de ser apresentado como trabalho final do curso de
pós-graduação Turismo Cultural promovido pela Ader-Sousa (Associação de
Desenvolvimento Rural das Terras do Sousa) e reconhecido pela Universidade Fernando
Pessoa.
A entidade Ader-Sousa é promotora de um programa de formação, para a promoção e
dinamização da Rota do Românico do Vale do Sousa, inserindo-se neste programa, o curso
de pós – graduação Turismo Cultural.
A Rota do Românico do Vale do Sousa é constituída por vinte e um objectos patrimoniais,
que cumprem os requisitos que especialistas de várias áreas estipularam como sendo
necessários para constituírem uma rota cultural. Estes objectos patrimoniais distribuem-se
pela região do Vale do Sousa, mais concretamente pelos concelhos de Felgueiras, Lousada,
Paços de Ferreira, Paredes, Penafiel e Castelo de Paiva.
Além da distribuição geográfica, estes bens culturais foram divididos por dois eixos, o
dominante e o complementar. O eixo dominante é constituído pelos seguintes objectos
patrimoniais: Mosteiro de Pombeiro de Ribavizela, Igreja de São Salvador de Unhão, Igreja
de São Vicente de Sousa, Igreja de Santa Maria de Meinedo, Torre de Vilar, Igreja de S.
Pedro de Ferreira, Igreja de S. Pedro de Cête, Igreja de São Salvador de Paço de Sousa,
Igreja de São Gens de Boelhe, Igreja de São Miguel de Gândara / Cabeça santa, Igreja de
São Pedro de Abragão. No eixo complementar encontram-se os seguintes elementos
culturais: Igreja de Santa Maria de Airães, Igreja Velha de São Mamede de Vila Verde, Igreja
do Salvador de Aveleda, Ponte de Vilela, Ponte de Espindo, Ermida de Nossa Senhora do
Vale de Cête, Torre / Castelo de Aguiar de Sousa, Igreja de São Miguel de Entre-os-Rios,
Memorial da Ermida e monumento funerário do Sobral / Marmoiral.
Para elaboração deste trabalho a escolha recaiu sobre a Igreja do Mosteiro de Cête, que
como acima referimos, faz parte do eixo dominante da Rota do Românico do Vale do Sousa.
Pretende-se com o mesmo apresentar uma proposta de rentabilização e de divulgação
deste monumento, através da elaboração de um percurso.
Foram vários os factores que condicionaram a escolha do bem cultural, sendo de salientar o
seu interesse como exemplar do românico português, bem como, o seu enquadramento
paisagístico, a envolvente do mosteiro de Cête mantém o seu carácter original de ruralidade.
Paula Lima Oliveira 1
Turismo como impulsor do desenvolvimento local: percurso cultural
Com este trabalho pretende-se contribuir, para o estudo e divulgação do mosteiro de Cête,
de forma a sensibilizar e consciencializar o público em geral da importância cultural que o
mesmo apresenta, para que todos desempenhem um papel activo na sua protecção.
Paula Lima Oliveira 2
Turismo como impulsor do desenvolvimento local: percurso cultural
Metodologia
A elaboração deste trabalho desenvolveu-se por etapas destacando-se três fases: recolha
bibliográfica, trabalho de campo e trabalho de gabinete.
Numa primeira fase foi feita recolha bibliográfica sobre vários temas, nomeadamente, arte
românica, património, turismo, concelho de Paredes, percursos e roteiros.
Com vista à realização da primeira etapa do trabalho, recorreu-se a várias instituições e ao
uso da Internet, para pesquisar temas específicos e referências bibliográficas, acedendo-se
às bases de dados de diferentes bibliotecas.
Numa segunda etapa desenvolveu-se o trabalho de campo, houve um contacto com o
concelho de Paredes, na posse da carta militar no 123 e procedeu-se à escolha do trajecto
onde foram tidos em conta alguns factores, tais como, a coexistência de património
construído e património natural, as acessibilidades e as infra-estruturas de apoio aos
visitantes.
Numa terceira etapa realizou-se todo o trabalho de gabinete, onde se procedeu à
organização e análise da informação e à redacção da leitura. A bibliografia recolhida foi
analisada e elaborou-se fichas de leitura.
Como forma de divulgação do património propõe-se a elaboração de um percurso,
apresentado sobre a forma de folheto passível de ser distribuído a quem pretender efectuá-
lo (anexo I). Para a descrição do percurso e escolha do folheto foram consultados vários
livros e revistas temáticos, os quais não foram citados ao longo do trabalho por não se
justificar, uma vez que deles foram retiradas apenas ideias. Entre alguns dos livros
consultados, pode-se referir os seguintes: Percursos de Evasão por terras de Portugal (Pro
teste, 2001), Portugal pé-ante-pé (FÓRUM AMBIENTE, 2002), Roteiros da Natureza Região
Norte (Pena e Cabral, 1996), Guia da Rede de Percursos da Serra da Lousã (Carvalho e
Amaro, 1996), Guia de percursos Tejo Internacional (Monteiro, 1999) e Percursos de Fim-
de-Semana (Almeida, 1992).
Na elaboração do folheto foram tidos em conta outros folhetos informativos, pretende-se que
o mesmo seja simples, objectivo, informativo e esclarecedor para quem o consulta.
Paula Lima Oliveira 3
Turismo como impulsor do desenvolvimento local: percurso cultural
I – Concelho de Paredes
O concelho de Paredes localiza-se no distrito do Porto, na região Norte, na subregião do
Tâmega. Este município é limitado a norte por Paços de Ferreira, a leste por Lousada e por
Penafiel, a sudoeste por Gondomar e a oeste por Valongo (fig. 1).
Paredes é sede de um município com uma área total de 156.56Km2, a nível populacional o
concelho tem assistido a um crescimento, no ano de 1849 contava com 17286 habitantes
enquanto que no ano de 2004 contabiliza cerca de 85.428 habitantes, verifica-se um
crescimento bastante significativo a este nível (http:pt.wikipedia.org/wiki/Paredes).
Este município subdivide-se em 24 freguesias (fig. 2), são elas: Aguiar de Sousa, Astromil,
Baltar, Beire, Besteiros, Bitarães, Castelões de Cepeda (Paredes), Cete, Cristelo, Duas
Igrejas, Gandra, Gonldalães, Lordelo, Louredo, Madalena, Mouriz, Parada de Todeia,
Rebordosa, Recarei, Sobreira, Sobrosa, Vandoma, Vila de Carros e Vilela
(http:pt.wikipedia.org/wiki/Paredes).
. Figura 1 – Localização do concelho de Paredes (www.fc.up)
Paula Lima Oliveira 4
Turismo como impulsor do desenvolvimento local: percurso cultural
Figura 2 – Mapa das freguesias do concelho de Paredes (www.valsousa.pt/paredes/historia)
Paredes ao nível de acessibilidades é beneficiada pela ligação à auto-estrada A4, sendo
fácil de chegar á cidade do Porto, ao Porto de Leixões e ao aeroporto Francisco Sá
Carneiro.
Na origem do município de Paredes aponta-se o concelho de Aguiar de Sousa, este data do
século XII, e surgiu de um acordo de povoamento do Vale do Sousa. No ano de 1269,
Aguiar de Sousa recebeu foral, o mesmo foi reiterado por D. João I em 1411, e em 1513 foi
confirmado por D. Manuel I. No mesmo período, também foi atribuído foral a Baltar,
conferindo-lhe a categoria de concelho, tendo o mesmo nove freguesias: Baltar, Cête,
Vandoma, Astromil, Gandra, Sobrado, S. Martinho do Campo. Este concelho foi extinguido
no ano de 1834, ficando sete das suas freguesias a pertencer ao concelho de Paredes e as
restantes duas (Sobrado e S. Martinho do Campo) ao concelho de Valongo
(www.valsousa.pt/paredes/historia/index.html)
No século XVIII, o lugar de Paredes foi-se afirmando, e nos finais do mesmo verifica-se a
existência dos Paços do Concelho e do Pelourinho (www.valsousa.pt/).
Paula Lima Oliveira 5
Turismo como impulsor do desenvolvimento local: percurso cultural
Em 1821 assiste-se à extinção do concelho de Aguiar de Sousa e grande parte das suas
freguesias passam a pertencer ao concelho de Paredes.
O concelho de Paredes criado em 1836 por Passos Manuel, integra os concelhos de Aguiar
de Sousa, de Baltar, de Louredo e Sobrosa. No ano de 1844 é-lhe atribuída a categoria de
Vila, tendo obtido a designação de cidade no dia 20 de Junho de 1991
(www.valsousa.pt/paredes/historia/index.html).
No concelho de Paredes as actividades económicas mais desenvolvidas inserem-se no
sector secundário. No ano de 1991 este sector empregava 62% da população activa do
país, enquanto que o sector primário empregava cerca de 4.1% e o sector terciário cerca de
33.8% (www.valsousa.pt).
Em relação ao sector primário tem-se verificado o desenvolvimento da agricultura
tradicional, uma vez que a esta são adaptados métodos modernos que visam uma maior
rentabilização. O solo de Paredes é bastante fértil e rico em água, o que o torna favorável
para o cultivo do milho cereais, legumes, frutas, feijão, batata e vinho verde, este último
produto é bastante importante para a região. Em relação à produção animal, o gado bovino
é o mais abundante na região do Vale do Sousa (www.valsousa.pt/paredes/
activeconomicas/sprimario.html).
No sector secundário assistiu-se à evolução do artesanato para a indústria, actualmente é
na indústria que está a maior parte da população activa deste concelho. Dentro deste sector
é a indústria do mobiliário que mais destaque possui, representando cerca de 65% da
produção nacional. Paredes possui, a nível nacional, a maior zona industrial de mobiliário,
produzindo peças muito características e próprias, uma vez que, ao introduzir a
mecanização na produção não se alterou a qualidade. A marca Paredes – Rota dos móveis
foi registada em 29 de Outubro de 1999 (www.valsousa.pt/paredes/
activeconomicas/ssecundario.html).
Em relação ao sector terciário poderá dizer-se que Paredes é considerado, em relação à
região do Vale do Sousa, um dos concelhos com melhores equipamentos para a prática do
turismo, sendo de salientar como exemplos as acessibilidades e infra-estruturas aliadas ás
condições naturais que possibilitam a prática de actividades relacionadas com o meio
ambiente. Este concelho possui um parque hoteleiro bastante representativo, assistindo-se
também ao crescimento do Turismo em Espaço Rural. O comércio, actividade que se insere
neste sector, é notória sobretudo na sede do concelho, no entanto, tem-se assistido ao seu
Paula Lima Oliveira 6
Turismo como impulsor do desenvolvimento local: percurso cultural
desenvolvimento pelo resto da região (www.valsousa.pt/paredes/activeconomicas/
sterciariotur.html).
Paula Lima Oliveira 7
Turismo como impulsor do desenvolvimento local: percurso cultural
II – Românico Português: O Mosteiro de Cête
A utilização do termo românico data de 1816 e foi atribuído ao investigador normando
Gerville (Almeida, 1986, p. 7). Durante os séculos XI e XIII, na Europa assiste-se ao
desenvolvimento de um estilo artístico que a ligou, o Românico. Este foi um período de
circulação de fiéis que caminhavam em direcção à Terra Santa, procurando as relíquias de
Santos, este estilo artístico acompanhou os caminhos da peregrinação.
Na origem do estilo românico está a conjugação de vários factores, tais como: económicos,
demográficos e religiosos. Em Portugal este estilo insere-se entre os séculos XII e XIII,
registando-se a sua implantação desde o Minho até ao Alentejo. A afirmação do românico
no nosso território coincide com a afirmação da nacionalidade, o que o torna num elemento
primordial para a compreensão da mesma (Almeida, 1986, p.10). O românico reflecte a
ocupação das terras que foram sendo conquistadas, sobretudo no Norte de Portugal, onde a
nobreza e as ordens religiosas tiveram um papel bastante activo no povoamento e
organização do território.
Neste período impera a ruralidade, e as populações rurais agrupam-se em lugares ou
aldeias, paróquias, julgados, concelhos e dioceses. Com este tipo de organização e tendo
em conta a importância da religiosidade neste período, os mosteiros ganham poder,
nomeadamente económico, usufruem de regalias e gozam de grande prestígio (Almeida,
1986, p11).
A escolha do local de construção de uma igreja ou mosteiro tem em conta a santificação do
local, associado a práticas religiosas que remontam à época pré-cristã. Uma obra românica
é morosa e cara, o que explica que por trás das mais importantes construções estavam
igrejas episcopais, monásticas e paroquiais abastadas, sendo que por vezes o projecto
inicial não foi concluído por falta de verbas. Uma das mais importantes fontes de receita era
as doações feitas por alguém que queria ser sepultado no espaço dos mosteiros ou
catedrais (Almeida, 1986, p.13), os peditórios também era uma das formas de obtenção de
verbas.
A edificação de uma igreja tem condicionantes de ordem física e simbólica, a construção
tem que se orientar longitudinalmente para nascente, o que é problemático se o terreno
apresenta um grande declive. O plano destes edifícios é normalmente basilical, tem naves,
cabeceira e transepto, solução que permitia um grande espaço necessário para as práticas
litúrgicas (Almeida, 1986, p.29).
Paula Lima Oliveira 8
Turismo como impulsor do desenvolvimento local: percurso cultural
Além dos elementos arquitectónicos, também os esculturais tiveram um papel simbólico
fundamental, neste período as mensagens das Escrituras foram transcritas para a pedra e
assim chegavam a um público iletrado (Rodrigues, 2005, p1).
O estilo românico é fruto do local onde está inserido, isto é, as edificações estão bem
integradas na paisagem local e os materiais usados são regionais, como tal este estilo tem
grandes variantes locais, podendo-se apontar escolas regionais (Almeida, 1986, p.51).
O Professor Carlos Alberto Ferreira de Almeida agrupou geograficamente o românico
português em quinze zonas, são elas (Almeida, 1986, p.52 a 120): Bacia do Minho; Ribeira
Lima; Bacia do Cávado; Bacia do Ave; Região do Porto; Bacia do Sousa; Área do Baixo
Tâmega; Terras de Amarante e de Basto; Província de Trás-os-Montes; Região de Lamego;
Românico cisterciense beirão; Áreas de Viseu; Guarda e Castelo Branco; Coimbra e a sua
região e Românico de Lisboa e do Sul.
Neste trabalho irá abordar-se mais aprofundadamente um dos exemplares do românico
português, o Mosteiro de Cête. Este monumento localiza-se na Bacia do Sousa, mais
concretamente na freguesia de Cête, na localidade de Mosteiro, no concelho de Paredes.
O aumento demográfico e a grande quantidade de construções monásticas que se registam
na zona da Bacia do Sousa, são testemunho da importância e da fertilidade das suas terras,
assistindo-se a doações por parte da nobreza ás ordens religiosas, um desses casos é o
mosteiro de Cête (Rodrigues, 2005, p.13).
A igreja de S. Pedro do Mosteiro de Cête (fig.3) tem a classificação de Monumento Nacional,
atribuída pelo Decreto-lei de 16 de Junho de 1910, diário do Governo de 23 de Junho de
1910, está afecta ao IPPAR pelo Decreto – lei 106F/92de 1 de Junho. Esta igreja é
propriedade do Estado, está afecta ao IPPAR e parte das dependências monásticas
pertencem a particulares (Rodrigues, 2005 a, p.21)
Paula Lima Oliveira 9
Turismo como impulsor do desenvolvimento local: percurso cultural
Figura 3 – Igreja do Mosteiro de Cête.
Um documento de 1882 diz-nos que inicialmente este mosteiro foi doado aos beneditinos,
no entanto, nos finais do século X o mesmo foi destruído pelos árabes, tendo sido
reconstruído de seguida. Entre o ano de 1121 e 1128 este mosteiro torna-se independente
do de Paços de Sousa (Rodrigues; 2005 a, p.22). A partir dos meados do século XVI esta
edificação passa a pertencer à ordem de S. Agostinho (www.cm-paredes.pt/
conheca_paredes/ patrimonio).
A nível arquitectónico destaca-se a fachada pela sua irregularidade, pela sua altura e pela
grande torre ameada do lado Norte, bem como, pelo contraforte, já de decoração manuelina
(Rodrigues, 2005 a, p.22). O portal é amplo, possui quatro arquivoltas assentes em seis
colunelos de capitéis decorados. As fachadas posteriores e laterais possuem uma cornija
sobre modilhões (www.monumentos.pt/scripts/zope.pcgi/ipa/pages/ficha_ipa?nipa=
1310080001). Na fachada Sul na ligação ao claustro (fig. 4), encontra-se uma porta que com
um tímpano decorado com toro semicircular (fig. 5), que constitui o elemento estrutural mais
antigo do conjunto, remonta ao século XII (Rodrigues, 1995, p.245).
Paula Lima Oliveira 10
Turismo como impulsor do desenvolvimento local: percurso cultural
Figura 4 – Claustro do Mosteiro de Cête.
Figura 5 – Porta de ligação da fachada ao claustro.
A planta desta igreja é longitudinal (fig. 6), possui apenas uma única nave comprida e
coberta com tecto de madeira, a cabeceira é gótica tendo três tramos cobertos por abóboda;
a decoração da parte inferior é constituída por arcadas cegas, assentando o arco triunfal em
capitéis historiados. Ao nível da escultura, no interior temos capitéis vegetalistas, do estilo
gótico, sendo de destacar um capitel do arco triunfal que apresenta diversas cabeças
humanas (Rodrigues, 2005 a, p. 22).
Paula Lima Oliveira 11
Turismo como impulsor do desenvolvimento local: percurso cultural
Figura 6 – Interior da Igreja do Mosteiro de Cête.
É também de salienta a existência de vários sarcófagos, no interior do claustro (Rodrigues,
2005 a, p.22), sendo visíveis alguns exemplares nas figuras 4 e 7.
Figura 7 – Sarcófago.
A igreja sofreu várias reformas, sobretudo no primeiro quartel do século XIV por iniciativa do
abade Estêvão, a capela-mor foi refeita e o comprimento e a altura da nave foram
aumentados. No século XV ocorreram restauros nomeadamente no claustro; no século
seguinte a capela funerária foi revestida com azulejos mudéjares (fig. 8).
No início dos anos 80 do século XIX, foram efectuadas várias intervenções, entre outras, no
retábulo-mor e no telhado. A partir do ano de 1936, a DGEMN (Direcção Geral dos Edifícios
e Monumentos Nacionais) fez intervenções profundas do monumento, entre outras
operações, podemos apontar as seguintes: demolição de um edifício que ocultava a fachada
Norte; abertura e restauro da primitiva porta da fachada Norte e rebaixamento do pavimento
da nave e capela-mor; demolição do púlpito de quatro altares. Na década de 90 do século
XX o IPPAR (Instituto Português Património Arquitectónico) efectuou intervenções nas
coberturas, consolidação e limpeza da estrutura (www.monumentos.pt/scripts/zope.pcgi/
ipa/pages/ficha_ipa?nipa=1310080001).
Paula Lima Oliveira 12
Turismo como impulsor do desenvolvimento local: percurso cultural
Figura 8 – Azulejos Mudéjares.
Paula Lima Oliveira 13
Turismo como impulsor do desenvolvimento local: percurso cultural
III - O Turismo como desenvolvimento local: proposta de um percurso
1. Turismo e ruralidade
No final do século XVIII e princípio do século XIX, o vocábulo turismo designava a viagem
de ida e volta que os jovens aristocratas e os filhos da burguesia enriquecida inglesa, faziam
a algumas regiões em França, Itália e Grécia (Cravidão, 1996, p. 47).
Actualmente, pode dizer-se que “o turismo constitui uma actividade humana gerada por um
impulso natural do homem, bem como pela sua necessidade de conhecer o seu meio
envolvente, a sua história e a sua civilização” (ACES, 1990, p. 18). Esta actividade permite
que os povos se conheçam, realçando as diferenças a nível cultural, social, geográfico,
climatérico, histórico e humano (ACES, 1990, p.18).
Pode dizer-se que esta actividade é “uma criação da modernidade”, produto das sociedades
industriais e pós industriais, e fruto da sociedade de consumo, traduzindo-se num símbolo
económico e social (Cravidão, 1996, p. 45). Contudo, de acordo com vários estudos
realizados sobre a temática, pode-se dizer que, todas as civilizações tinham práticas de
ocupação do tempo livre, podendo designar-se muitas delas por práticas turísticas (Cravidão
e Cunha, 1993, p. 86).
Nas últimas décadas, assistiu-se a um notório desenvolvimento desta actividade, originado
por (Simões, 1993, p. 71):
- Aumento dos tempos livres adquiridos pelos direitos sociais: férias, fins-de-semana,
diminuição do horário de trabalho;
- Mudanças nos padrões de consumo;
- Melhor facilidade de deslocação;
- Alterações nas estruturas familiares;
- Mobilidade dos períodos de férias;
- Divulgação das novas tecnologias de informação;
- Consciencialização de novos factores societais,
- Internacionalização das economias.
Paula Lima Oliveira 14
Turismo como impulsor do desenvolvimento local: percurso cultural
Ao turismo balnear, um dos principais destinos procurados, associaram-se outros tipos,
como por exemplo turismo cultural, rural e de natureza. Neste trabalho destaca-se sobretudo
o turismo relacionado com o meio rural, onde o património cultural desempenha um papel de
destaque como factor de atracão turística.
Actualmente consegue-se facilmente distinguir o espaço rural do espaço urbano, sendo que
a principal característica de diferenciação consiste nas actividades económicas
predominantes. Ao mundo rural está associado a actividade agrícola e ao mundo urbano as
actividades secundárias e terciárias.
Ao longo dos anos assistiu-se por todo o mundo, inclusive em Portugal, a um êxodo rural,
para o qual contribuíram a crise da agricultura e a oferta de novos empregos nas cidades.
Fruto deste factor, verificou-se um aumento, por vezes exagerado, da população residente
no mundo urbano. Estes aspectos causam na população uma certa saturação e repulsa pelo
ambiente existente, originando o aumento da procura das zonas rurais. Os citadinos desta
forma pretendem fugir ao stress e à fadiga, procurando assim descanso, tranquilidade e a
identidade que a cidade não oferece.
Uma das formas que permite a revalorização e rentabilização dos espaços rurais é sem
duvida o Turismo. Sendo de referir que uma das tendências de mercado no meio turístico,
consiste na procura de locais onde passar férias verdes, assistindo-se a uma crescente
procura de áreas com um meio ambiente saudável e preservado (M.C.T., 1991, p. 129).
O turismo rural evoluiu ao longo dos tempos, sendo inicialmente tido como dirigido para as
pessoas de baixo rendimento. Porém, esta ideia foi-se modificando devido à saturação da
cidade e consequentemente ao aumento da procura pelo campo e dos seus atributos. Este
tipo de turismo visa oferecer às pessoas a oportunidade de reviverem ou viverem pela
primeira vez, as práticas, os valores e as tradições culturais (gastronomia local, festas e
romarias).
Com o desenvolvimento do turismo, assistiu-se a uma especialização da oferta e assim à
criação de tipologias. Dentro da categoria turismo rural pode-se apontar os seguintes
subtipos:
- Turismo rural (www.idrha.min-agricultura.pt/meio_rural/ter/apresentacao.htm) que é
prestado em casas rústicas particulares com características especificas do meio onde estão
inseridas
Paula Lima Oliveira 15
Turismo como impulsor do desenvolvimento local: percurso cultural
- Turismo de habitação (www.idrha.min-agricultura.pt/meio_rural/ter/apresentacao.htm),
cujos visitantes ficam hospedados em casas particulares, havendo um certo relacionamento
entre a família acolhedora e os turistas;
- Agro – turismo (www.idrha.min-agricultura.pt/meio_rural/ter/apresentacao.htm), praticado
em explorações agrícolas, onde o visitante tem oportunidade de assistir e de participar nas
actividades agrícolas levadas a cabo no período da sua hospedagem;
- Eco – turismo, (Sampaio, 2002, p. 1), onde a relação homem/meio ambiente prevalece,
sendo os principais componentes deste turismo os recursos naturais e a biodiversidade;
- Turismo aventura (P.T.N da E.P.E., 2002, p. 8), que muito se tem desenvolvido, e
proporciona novas sensações e emoções aos seus participantes, utilizando e explorando o
meio rural.
- Turismo cultural (P.T.N da E.P.E., 2002, p. 8), que explora e dá a conhecer os recursos
culturais existentes no meio rural, como por exemplo, recursos artísticos, históricos e
culturais;
Nos nossos dias, o meio rural tem que dar resposta às necessidades de quem o visita,
oferecendo assim um alojamento de qualidade, a criação de museus etnográficos,
fomentando a criação de circuitos a pé, bicicleta, cavalo ou veículos de todo – o – terreno e
organizando festividades e tarefas agrícolas para que os turistas possam participar (Simões,
1993, p. 72). Os turistas actualmente procuram “a autenticidade, entendida como
experiência espontânea e culturalmente valiosa, numa sociedade saturada de artificialismos”
(Fortuna e Ferreira, 1996, p.10).
Uma das condições fulcrais, para a prática do turismo é a existência de boas condições
ambientais, o que tem originado a criação de estratégias de protecção ambientais, por parte
das entidades responsáveis, assim, desta forma, contribuem para a melhoria do ambiente
(Cravidão e Cunha, 1991, p. 215).
Em Portugal o Turismo em Espaço Rural tendo vindo a ter uma procura crescente,
inicialmente este tipo de prática turística era cingida a uma classe privilegiada, que possuía
uma segunda casa no campo. Em 1970 foi criado em Portugal, o primeiro Parque Nacional,
no entanto os principais visitantes eram turistas estrangeiros que se deslocavam em
autocarros. Actualmente quem procura este tipo de meio para lazer são nacionais de todos
os estratos sociais.
Nos anos 80 a iniciativa privada investiu com o apoio do programa Comunitário LEADER, na
reabilitação de Casas Senhoriais e Solares, oferecendo assim alojamento a quem procura o
Paula Lima Oliveira 16
Turismo como impulsor do desenvolvimento local: percurso cultural
contacto com a ruralidade. Em 2000 foi criada a CENTER, fruto da fusão da TURIHAB
(associação de turismo de habitação) e a ATA (associação de turismo de aldeia), esta
instituição visa a divulgação e comercialização da oferta turística no mundo rural
(www.center.pt /PT/quem-somos.php).
O turismo é um meio que permite e visa o desenvolvimento regional e sócio-económico. O
turista é um consumidor de bens e serviços e a sua presença numa região traduz-se na
dinamização de vários sectores económicos, gere riqueza e emprego e introduz novos
hábitos e formas de vida (Troitiño Vinuesa, 1998, p. 218).
Esta actividade permite a criação de postos de trabalho directos e indirectos, a criação de
alojamento permite que haja uma grande afluência de pessoas a uma localidade, e
consequentemente verifica-se um aumento da procura dos produtos oriundos da agricultura,
da pecuária, das agro – indústrias, da gastronomia e do artesanato (Simões, 1993, p. 82).
Há ainda a dinamização da actividade comercial, divulgando e promovendo os produtos
locais. Portanto, o turismo é por si só um meio de desenvolvimento económico, pois
impulsiona várias actividades ligadas a este sector.
O turismo permite a revalorização do património construído através da sua recuperação,
atribuindo-lhe dinâmica cultural e provocando alterações sociais. Com os turistas são
introduzidas na região de acolhimento novas atitudes e comportamentos sociais, há
alteração nas práticas de consumo e por vezes modificações culturais e no comportamento
da população local (Troitiño Vinuesa, 1998, p. 219).
No entanto, são de extrema importância, as medidas que permitem um certo equilíbrio entre
a qualidade do ambiente e as práticas turísticas. As áreas rurais possuem características
próprias que podem ser alteradas pelos seus visitantes. Para minimizar as anomalias
provocadas pelos fluxos turísticos, é necessário alertar quem o pratica de forma a garantir o
bem-estar da população, respeitar as tradições culturais dos habitantes da região que estão
a visitar, e a aderir às medidas tomadas pelos responsáveis da área turística na região (C E,
2000, p. 14).
Em Portugal, as preocupações pelos impactos negativos provocados pelo turismo, surgiram
na década de 70, enquanto que noutros países como a Grécia, Grã-Bretanha e França tais
preocupações já eram sentidas no século XIX, dando origem nestes países, a medidas de
conservação dos patrimónios histórico e natural (Cravidão e Cunha, 1993, p. 85).
Portanto, para que o turismo seja benéfico para as zonas rurais é necessário respeitar
determinadas normas de conduta, que visam a salvaguarda do ambiente, da arquitectura e
da vivência dos habitantes locais, pois normalmente estes são recursos não renováveis. O
Paula Lima Oliveira 17
Turismo como impulsor do desenvolvimento local: percurso cultural
fim último do turismo, deve consistir em maximizar os efeitos sócio-económicos locais e
garantir a qualidade de vida das gerações actuais e vindouras.
A actividade turística é sem dúvida nos nossos dias, uma mais valia para o desenvolvimento
de cada região, nomeadamente do meio rural. Um dos objectivos deste trabalho é elaborar
uma proposta de rentabilização do património do concelho de Paredes, promovendo os
valores culturais e naturais de modo a incentivar a circulação de pessoas.
Para dar cumprimento a este objectivo propõe-se um percurso intitulado Património cultural
do concelho de Paredes
De salientar que, na escolha do trajecto foi tida em conta a ruralidade de Paredes, o
percurso destina-se principalmente a permitir ao visitante um contacto com o meio rural
onde o mosteiro de Cête está inserido. De forma a perceber o porquê da escolha deste local
para a construção de um mosteiro, tendo sempre em atenção a época histórica da sua
construção.
O património construído de caris religioso, confere, pela quantidade e qualidade, uma maior
riqueza a todo o percurso. Numa população de formação religiosa, são vários os exemplos
da sua devoção, nomeadamente igrejas, capelas e cruzeiros.
É pretensão deste percurso permitir, a quem o realiza, o contacto com novas sensações,
desencadeadas pelo encanto da paisagem e pelas manifestações da vivência do seu povo,
contribuindo também para a consciencialização da importância dos bens culturais, como
elementos de inserção cultural.
Paula Lima Oliveira 18
Turismo como impulsor do desenvolvimento local: percurso cultural
2 - Percurso numa paisagem humanizada
2.1. Conselhos Prévios
Antes de iniciar o percurso, os visitantes devem munir-se de carta topográfica relativa à área
do percurso (carta militar no 123), e consultar documentação escrita sobre a região.
É aconselhável o uso de binóculos, de máquina fotográfica e/ou máquina de filmar, pois este
equipamento é útil, na medida em que amplia a visão humana e permite registar fragmentos
da paisagem.
2.2. Regras Elementares
Os visitantes de um espaço rural, devem ter sempre uma atitude conservacionista e acima
de tudo respeitar normas, de forma a minimizar os impactos sobre o meio. Neste
seguimento, apontam-se algumas regras a cumprir:
- Não abandonar vidros, plásticos, latas ou outros resíduos, que devem ser
colocados em locais próprios;
- Não colher plantas, porque estas pertencem ao ambiente local e aos proprietários
dos terrenos;
- Evitar fazer ruídos desnecessários;
- Ao atravessar povoações e áreas cultivadas não danificar as culturas e respeitar os
costumes, tradições e bens das populações locais;
- Reduzir a velocidade nas passagens sem visibilidade;
Para que haja o mínimo de impactos é necessário seguir o lema:
Não leve mais que recordações;
Não tire mais que fotografias;
Não mate mais que o tempo;
Não deixe mais que pegadas.
2.3 Descrição do Percurso
Categoria: percurso rodoviário.
Extensão: aproximadamente 10 km.
Dificuldade: reduzida.
Paula Lima Oliveira 19
Turismo como impulsor do desenvolvimento local: percurso cultural
Veículo: ligeiro, todo-o-terreno ou de duas rodas.
Duração: meio-dia.
Início: Mosteiro de Cête.
Final: Mosteiro de Cête.
Período recomendado: todo o ano.
O percurso (fig. 9) inicia-se com a visita ao mosteiro de Cête e à sua envolvente. A igreja do
mosteiro de Cête (fig. 10) é precedida de um largo calcetado, tendo agregado a Sul parte
das antigas dependências conventuais. A arquitectura é religiosa, do estilo românico e
gótico. No exterior observam-se túmulos e dois cruzeiros.
Figura 9 – Percurso pelo património cultural de Paredes.
Paula Lima Oliveira 20
Turismo como impulsor do desenvolvimento local: percurso cultural
Figura 10 – Mosteiro de Cête
O mosteiro de Cête está inserido no meio rural, à sua volta existem vestígios dessa mesma
ruralidade são eles: campos de cultivo (fig. 11), casas agrícolas, construções rurais (fig. 12)
destinadas ao tratamento e secagem de cereais, como são o caso de espigueiros, palheiros
e eiras. Em determinadas épocas do ano, são visíveis medas de palha (fig. 13), distribuídas
pela eira.
Figura 11 – Campos de cultivo.
Paula Lima Oliveira 21
Turismo como impulsor do desenvolvimento local: percurso cultural
Figura 12 – Construções rurais.
Figura 13 – Medas de palha.
Nesta zona abunda a vegetação de grande porte (fig. 14), podendo-se observar sobreiros,
castanheiro-da-índia, carvalhos americanos, plátanos.
Figura 14 – Vegetação de grande porte.
Paula Lima Oliveira 22
Turismo como impulsor do desenvolvimento local: percurso cultural
Ao sair da zona do mosteiro segue-se pela Rua da Figueira onde existem mimosas, que
durante a estação da Primavera oferecem uma mancha amarela, agradável para quem
desfruta esta zona. Percorridos 500m, encontra-se uma fonte com tanque (fig.15), ai vira-se
à esquerda, onde a rua desce ligeiramente, do nosso lado esquerdo pode observar-se o
mosteiro.
Figura 15 – Tanque.
Aos 600m vira-se à direita, segue-se num caminho ladeado por muros de granito avistando-
se campos agrícolas onde é cultivado o milho, a vinha e algumas pastagens. Neste percurso
do lado direito pode observar-se algumas construções rurais em ruína (fig. 16) e um bloco
de granito que testemunha a abundância desta rocha no concelho.
Figura16 – Construções rurais.
Percorridos 650m segue-se sempre em frente, não se vira à esquerda, segue-se pela
estrada de paralelo avista-se mais algumas construções em ruína, um espigueiro de
madeira (fig. 17), e do lado esquerdo observa-se uma igreja.
Paula Lima Oliveira 23
Turismo como impulsor do desenvolvimento local: percurso cultural
Figura 17 – Espigueiro de madeira.
Nesta parte do percurso é de salientar a abundância de vegetação (fig. 18) que ladeia o
caminho a percorrer.
Figura 18 – Caminho ladeado por vegetação.
Avança-se e aos 1500m no cruzamento com uma estrada de alcatrão segue-se para a
esquerda, do lado esquerdo vê-se o mosteiro e a sua envolvente, atravessa-se uma zona de
habitações e passa-se por baixo de uma ponte onde se vira à esquerda.
Segue-se sempre em frente e volvidos 1900m vira-se à esquerda, junto ao União Sport Club
de Baltar, aos 2100m volve-se à esquerda e do lado direito observa-se um cruzeiro (fig. 19).
Paula Lima Oliveira 24
Turismo como impulsor do desenvolvimento local: percurso cultural
Figura 19 – Cruzeiro.
Continuando, encontra-se aos 2.200m a Igreja Paroquial de Baltar (fig. 20), segue-se em
frente passando pela lateral da Igreja, atravessa-se campos agrícolas com vinhas e do lado
esquerdo avista-se um eucaliptal. Aos 2500m avista-se uma casa agrícola recuperada (fig.
21), segue-se sempre em frente, do lado direito encontra-se um espigueiro e do lado
esquerdo um campo de cultivo de milho.
Figura 20 – Igreja Paroquial de Baltar.
Paula Lima Oliveira 25
Turismo como impulsor do desenvolvimento local: percurso cultural
Figura 21 – Casa agrícola recuperada.
Aos 2700m avista-se dois espigueiros de madeira com uma eira, aqui vira-se à esquerda na
Rua Lameiro do Cabo logo no início desta rua avista-se, do lado esquerdo, as ruínas de
uma casa rural. A presença de algumas construções rurais ao longo do percurso indica-nos
que o cultivo de cereais ainda é significativo nesta região. Aos 3300m muda-se de direcção
para a esquerda e segue-se em frente, atravessando uma zona com algumas empresas
nomeadamente de viveiros.
Seguindo o percurso, aos 4100m vira-se à esquerda entrando na estrada principal, aos
5000m muda de direcção para a esquerda e aos 5200m segue-se as indicações Cête, do
lado direito tem uma zona de vinhas (fig. 22).
Figura 22 – Vinhas.
Aos 6400m passa-se por um cruzeiro e vira-se à direita onde se encontra a igreja Paroquial
de Parada (fig. 23) (6900m), um grande largo com cruzeiros e um parque infantil, saindo e
voltando à estrada principal, encontra-se aos 7300m uma bomba de gasolina. Seguindo em
frente observa-se algumas casas agrícolas (7300m).
Paula Lima Oliveira 26
Turismo como impulsor do desenvolvimento local: percurso cultural
Figura 23 – Igreja Paroquial de Parada.
Aos 8800m vira-se à esquerda, nos Bombeiros Voluntários de Cête, a estrada atravessa
campos agrícolas onde se pode observar, por vezes, gado a pastar. Na escola primária vira-
se à esquerda e segue-se as indicações do mosteiro de Cête para a direita, onde se avistam
mais casas rurais e campos agrícolas e do lado esquerdo avista-se as traseiras do mosteiro.
Na casa mortuária vira-se à esquerda aparecendo logo o mosteiro.
Esperando que o passeio seja do seu agrado,
Boa viagem!
Como meio de divulgação deste percurso, elaborou-se um folheto que constitui o
anexo I, deste trabalho.
2.4. Outras sugestões de visita no Concelho de Paredes
No concelho de Paredes, além da Igreja do Mosteiro de Cête existem mais dois
exemplares do românico português que fazem parte da Rota do Românico do Vale
do Sousa, são eles:
- Ermida de Nossa Senhora do Vale do Cête, localiza-se na freguesia de Cête, no
lugar da Senhora do Vale, é propriedade da Igreja Paroquial e tem a classificação de
imóvel de Interesse Público. A sua edificação não será anterior ao século XIV, tendo
sofrido alterações ao longo dos tempos. O edifício possui apenas uma nave,
Paula Lima Oliveira 27
Turismo como impulsor do desenvolvimento local: percurso cultural
rectangular, a capela-mor é quase quadrada e têm cobertura assente em
travejamento de madeira. Quanto ao exterior do edifício, este possui elementos que
os inserem num período tardio da Idade Média (século XIV / XV) (Rodrigues, 2005 a,
p. 24);
- Torre/Castelo de Aguiar de Sousa, localiza-se na freguesia de Aguiar de Sousa, no
Lugar da Vila, é propriedade da Junta de Freguesia. Esta edificação é uma Torre
militar sobre ruínas de outras muralhas, a sua construção datará do século X
(Rodrigues, 2005 a, p. 25).
Imóveis de Interesse público
Castro da Serra do Muro de Vandoma
Cruzeiro do Adro da Nossa senhora do Vale
Dólmen do Padrão
Igreja de S. Tomé
Pelourinho de Louredo
Pelourinho de Paredes
Torre dos Mouros ou dos Alcoforados
Imóveis de Interesse Municipal
Casa da Venda (antigo sanatório)
Quinta de Louredo
Casa da Amoreira
Imóveis em Vias de Classificação
Casa da Estrebuela
Igreja de Louredo
Igreja e Mosteiro de Vilela
Mamoa de Ramos
Paula Lima Oliveira 28
Turismo como impulsor do desenvolvimento local: percurso cultural
2.5. Outras informações úteis ao visitante de Paredes
2.5.1 Serviços
Câmara Municipal de Paredes Boavista – Beire 4580 280 Beire Telefone: 255 912 820
Turismo Telefone: 255 788 887 Fax: 255 782 155 E-mail: [email protected]
Hospital Hospital Padre Américo – Vale do Sousa, S.A. Lugar do Tapadinho 4560 162 Guilhufe Penafiel – Telefone: 255 714 000
Guarda Nacional Republicana GNR de Lordelo Estrada Nacional 209 – Moinhos 4580 439 Lordelo – Telefone: 224 441 838
GNR de Paredes Praça Dr. Oliveira Salazar 4580 171 Paredes – Telefone: 255 782 644
2.5.2. Onde dormir
Residencial “Chalé”** Lagar, 4585 – 751 Vandoma – Telefone: 224 110 347
Hotel “Zé do Telhado” *** Ribeiros Altos, 4580 597 Mouriz – Telefone: 255 781 521/2/3
Albergaria “D. Leal” **** Av. Central da Gandra, 4585 116 – Telefone: 224 156 282/3/4/5/6
Casa de Coura Lugar de Coura, 4580 291 Bitarães – Telefone: 255 777 622
Casa do Engenheiro Av. D. Faustino dos Santos, 822, 4585 140 Gandra – Telefone: 227 810 164
Paula Lima Oliveira 29
Turismo como impulsor do desenvolvimento local: percurso cultural
2.5.3 Gastronomia
A riqueza gastronómica do concelho de Paredes é indiscutível. Esta região
oferece aos seus visitantes várias iguarias, podendo-se destacar as seguintes:
- Cabrito à moda de Paredes;
- Arroz de forno;
- Sopa seca.
2.5.4 Onde Comer
Restaurante O Becas Av. Central de Astromil, n.º 689 Astromil – Telefone: 224 111 481 Restaurante O Cortiço Rua do Dólmen, n.º 2 Baltar – Telefone: 224 111 800
Casa do Baixinho Rua do Baixinho, n.º 579 Castelões de Cepeda – Telefone: 255 785 808
Broa da Avó Av. N. Sr.ª do Vale, n.º 68 Cête- Telefone: 255 755 778
Adega Poeira Rua Vilarinho de Cima, n.º 56 Gandra- Telefone: 224 160 005
Café Restaurante Padrão Rua da Igreja, n.º 1734 Lordelo – Telefone: 224 442 645
Cozinha da Terra Lugar de Herdade, n.º 8 Louredo – Telefone: 255 780 909
Adega Regional O Frade Rua Central de Mouriz, n.º 1390 Mouriz – Telefone: 255 776 145
Cozinha do Frade Rua Sobre O Vale, n.º 54 Rebordosa- Telefone: 254152 096
Paula Lima Oliveira 30
Turismo como impulsor do desenvolvimento local: percurso cultural
2.5.3. Artesanato
Típicos desta região são as seguintes produções artesanais:
- Artigos de madeira e cortiça;
- Bonecas de pano;
- Arranjos florais;
- Artigos em ferro;
- Compotas e licores caseiros;
- Artigos em chapa;
- Arte sacra.
Paula Lima Oliveira 31
Turismo como impulsor do desenvolvimento local: percurso cultural
Conclusão
Este seminário debruçou-se sobre o estudo do Mosteiro de Cête, este monumento localiza-
se na freguesia de Cête, no concelho de Paredes, numa localidade onde a ruralidade ainda
está bastante vincada. Este monumento é bastante representativo do românico português, o
estudo da origem e propagação deste estilo artístico permite compreender melhor a origem
da nacionalidade portuguesa, uma vez que é contemporâneo da mesma, possibilitando
assim compreender como é que as terras conquistadas iam sendo povoadas e organizadas.
Tendo em conta o enquadramento do mosteiro, a importância crescente do turismo em
espaço rural e sendo objectivos deste trabalho a rentabilização, valorização e divulgação do
mesmo, achou-se adequado a elaboração de um percurso, aliando-se ao património cultural
o património natural. O turismo permite, a quem o pratica, a acessibilidade a uma variedade
de bens, serviços e produtos culturais.
O percurso visa consciencializar, quem o executa, para a importância dos bens culturais do
concelho de Paredes, como fonte de conhecimento da região e das vivências do povo lhes
deu origem. Porquanto, somos confrontados com a necessidade de conservar o património
que nos identifica, sendo a dignificação dos elementos patrimoniais uma prioridade para que
sejam transmitidos correctamente, como fazendo parte de uma herança colectiva.
O itinerário proposto neste trabalho apresenta um vasto património, ao qual o visitante não
consegue ficar indiferente. Há um estreito contacto com o mundo natural, e usufrui de um
meio ambiente saudável, calmo e aprazível. Pretende-se que o Turismo seja um factor que
favoreça a conservação de património cultural e natural, sendo que esta actividade
desempenha um papel fundamental na economia, sociedade, cultura, educação, ciência,
ecologia e estética.
Pretende-se que este percurso seja um complemento da Rota do Românico do Vale do
Sousa. Esta região é de obrigatória visita a quem se interessa pelo património cultural,
nomeadamente pelo património românico português, a quantidade, qualidade e conservação
das construções românicas é inquestionável, fomentando atracção turística, daí a motivação
para implementação de uma rota de âmbito cultural.
O património como meio de obtenção de receitas, é um vector económico a ter em conta
pelos órgãos governamentais, possuindo um conjunto de potencialidades que devem ser
exploradas. No entanto, nas actuações sobre este, o factor cultural tem que prevalecer
sobre o factor financeiro, sendo necessário elaborar programas de avaliação que permitam
calcular o impacto que a actividade turística tem em determinado espaço geográfico.
Paula Lima Oliveira 32
Turismo como impulsor do desenvolvimento local: percurso cultural
Índice iconográfico
Figura 1 Localização do concelho de Paredes. 4
Figura 2 Mapa das freguesias do concelho de Paredes. 5
Figura 3 Igreja do Mosteiro de Cête. 10
Figura 4 Claustro do Mosteiro de Cête. 11
Figura 5 Porta de ligação da fachada ao claustro. 11
Figura 6 Interior da Igreja do Mosteiro de Cête. 12
Figura 7 Sarcófago. 12
Figura 8 Azulejos Mudéjares. 13
Figura 9 Percurso pelo património cultural de Paredes. 20
Figura 10 Mosteiro de Cête. 21
Figura 11 Campos de cultivo. 21
Figura 12 Construções rurais. 22
Figura 13 Medas de palha. 22
Figura 14 Vegetação de grande porte. 22
Figura 15 Tanque. 23
Figura 16 Construções rurais. 23
Figura 17 Espigueiro de madeira. 24
Figura 18 Caminho ladeado por vegetação. 24
Figura 19 Cruzeiro. 25
Figura 20 Igreja Paroquial de Baltar. 25
Figura 21 Casa agrícola recuperada. 26
Figura 22 Vinhas. 26
Figura 23 Igreja Paroquial de Parada. 27
Paula Lima Oliveira 33
Turismo como impulsor do desenvolvimento local: percurso cultural
Bibliografia
ASSEMBLEIA CONSULTIVA ECONÓMICO E SOCIAL (ACES) – Turismo e Desenvolvimento
Regional na Comunidade, Bruxelas: Comité Económico e Social, 1990.
ALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira de, O Românico in História da Arte em Portugal, Vol. 3,
Lisboa, Alfa, 1986.
ALMEIDA, Fernando António – Percursos de Fim-de-Semana [S.I.:.s.n.] (Printer Portuguesa),
1992.
CARVALHO, Armando Ferrão de e AMARO Pedro Nuno Abrantes – Guia da Rede de Percursos
da Serra da Lousã. Cadernos Quercus. Coimbra: Quercus, Série D – N.º 02, 1996.
COMISSÃO EUROPEIA (CE) – Para um turismo urbano de qualidade – Gestão integrada da
qualidade (GIQ) dos destinos turísticos urbanos. Resumo, 2000.
CRAVIDÃO, Fernanda Delgado e CUNHA, Lúcio – Turismo, Investimento e Impacto ambiental.
Cadernos de Geografia, nº 10, Coimbra: I E G, 1991, p. 199-219
CRAVIDÃO, Fernanda Delgado e CUNHA, Lúcio, Ambiente e Práticas Turísticas em Portugal.
Inforgeo, nº6,1993, p. 85-90.
CRAVIDÃO, Fernanda Delgado – Mobilidade, Lazer e Território. Cadernos de Geografia, nº 15,
Coimbra: F.L.U.C., 1996, p.43-53
FORTUNA, Carlos e FERREIRA, Claudino – O Turismo, o Turista e a (Pós)Modernidade.
Centro de Estudos Sociais, Coimbra: Oficina do CES, nº80, 1996, p. 1-15.
Paula Lima Oliveira 34
Turismo como impulsor do desenvolvimento local: percurso cultural
FÓRUM AMBIENTE – Portugal Pé-ante-pé. Coord. Arminda Sousa Deusdado, Colecção Fórum
Ambiente, 2ª ed., Lisboa: Bertrand Editora e Fórum Ambiente, 2002
Ministério do Comércio e do Turismo (M.C.T.) – Livro Branco do Turismo. Lisboa: 1991.
MONTEIRO, Paulo Rocha – Guia de percursos do Tejo Internacional. Cadernos Quercus,
Coimbra: Quercus, Série D – n.º05, 1999
PENA, António e CABRAL, José – Roteiros da Natureza Região Norte. Temas e Debates,
(Printer Portuguesa), 1996
PRO TESTE – Percursos de Evasão por terras de Portugal. Coord. João Mendes, Publicação
da Deco / Pro Teste, 2001.
ESCOLA PROFISSIONAL DE ESPOSENDE, O Projecto de Turismo de Natureza da E.P.E.,
Seminário Turismo e Natureza: uma relação sustentável, (resumo das comunicações),
Esposende, 2002
RODRIGUES, Jorge, O Mundo Românico in História da Arte Portuguesa, Lisboa, Círculo de
Leitores, 1995, Vol. I.
RODRIGUES, Jorge, O Românico do Vale do Sousa – Curso de Turismo da Ader –
Sousa- Módulo VI, Felgueiras, 2005 (policopiada).
RODRIGUES, Jorge, A Arte Românica em Portugal – Curso de Turismo da Ader –
Sousa- Módulo IV, Felgueiras, 2005 a (policopiada).
Paula Lima Oliveira 35
Turismo como impulsor do desenvolvimento local: percurso cultural
SAMPAIO, Francisco – Turismo de Natureza no Alto Minho. Seminário Turismo e Natureza:
uma relação sustentável, (resumo das comunicações), Esposende, 2002.
SIMÕES, José Manuel – Um Olhar sobre o Turismo e o desenvolvimento regional. Inforgeo, nº
6, 1993, p. 71-82
TROITIÑO VINUESA, Miguel Ángel - Turismo Y desarrollo sostenible en ciudades históricas.
Revista Quadrimestral de Geografia, nº 43, 1998, p211-225
Sítios da Internet:
www.center.pt /PT/quem-somos.php).
www.cm-paredes.pt (site da Câmara Municipal de Paredes)
www.cm-paredes.pt/conheca_paredes/patrimonio
www.fc.up (site da FCUP – Faculdade de Ciências da Universidade do Porto)
www.idrha.min-agricultura.pt/meio_rural/ter/apresentacao.htm (site do Ministério da Agricultura)
www.ippar.pt (site do Instituto Português do Património Arquitectónico)
(www.monumentos.pt/scripts/zope.pcgi/ipa/pages/ficha_ipa?nipa=1310080001(site da Direcção
-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais)
www.valsousa.pt (site da Valsousa – Comunidade Urbana do Vale do Sousa)
www.valsousa.pt/paredes/activeconomicas/sprimario.html (site da Valsousa – Comunidade Urbana do Vale do Sousa)
www.valsousa.pt/paredes/activeconomicas/ssecundario.html (site da Valsousa – Comunidade Urbana do Vale do Sousa)
Paula Lima Oliveira 36
Turismo como impulsor do desenvolvimento local: percurso cultural
www.valsousa.pt/paredes/activeconomicas/sterciariotur.html (site da Valsousa – Comunidade
Urbana do Vale do Sousa)
www.valsousa.pt/paredes/historia/index.html (site da Valsousa – Comunidade Urbana do Vale do Sousa)
www.http:pt.wikipedia.org/wiki/Paredes (site da wikipedia)
Paula Lima Oliveira 37