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UNIVERSIDADE BANDEIRANTE ANHANGUERA

MARCELO FERREIRA PAIVA

A MATEMÁTICA NO ENSINO FUNDAMENTAL II:

utilizando conceitos da Astronomia como ferramenta no

processo de ensino e aprendizagem

SÃO PAULO

2013

UNIVERSIDADE BANDEIRANTE ANHANGUERA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO

MATEMÁTICA

MESTRADO EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA

A MATEMÁTICA NO ENSINO FUNDAMENTAL II:

utilizando conceitos da Astronomia como ferramenta no

processo de ensino e aprendizagem

Trabalho apresentado à Banca Examinadora

da Universidade Bandeirante Anhanguera

como exigência parcial para a obtenção do

título de MESTRE EM EDUCAÇÃO

MATEMÁTICA, sob a orientação da Profa.

Dra. Aparecida Rodrigues Silva Duarte.

SÃO PAULO

2013

Autorizo, exclusivamente para fins acadêmicos e científicos, a reprodução total ou

parcial desta tese por processos de fotocopiadoras ou eletrônicos.

Assinatura: _________________________________ Local e Data ____________

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a duas mulheres que em minha trajetória, sempre me incentivaram na busca constante pelo conhecimento: Minha esposa, Denise, pela compreensão neste período e carinho dedicado a mim e ao nosso filho Vinícius. Minha Mãe, Odete, que está descansando ao lado do meu pai Alvaro em algum lugar especial no Universo, torcendo por mim, como sempre fizeram. “As pessoas que amamos não terminam, continuam conosco e nosso coração percebe isso. Viram estrelas, e delas, de alguma forma, nos vêm força e claridade”. (Osvaldo D. Tórtora).

AGRADECIMENTOS

À minha orientadora Profª Drª Aparecida Rodrigues Silva Duarte, pela

confiança e carinho com que abraçou meu projeto. Agradeço suas observações,

desde a elaboração do projeto até a redação final, decisivos para o

enriquecimento deste trabalho, assim como pelas preciosas sugestões que, sem

dúvida, fizeram que essa dissertação ganhasse mais clareza, o que já basta para

tê-la em enorme consideração.

Aos Professores Doutores da Banca Examinadora Ubiratan D`Ambrosio e

Walmir Thomasi Cardoso, pela leitura atenta na dissertação no exame de

qualificação e pelos comentários e sugestões que contribuíram em muito para a

evolução dessa dissertação.

À coordenação, corpo docente e funcionários do Programa de Pós-

Graduação em Educação Matemática da Universidade Bandeirante Anhanguera,

pelo estímulo e respeito que dedicam ao corpo discente.

A direção, professores e funcionários do Colégio que nos recebeu de

braços abertos para a realização dessa investigação.

Aos alunos que se prontificaram em participar da pesquisa. Seu

comprometimento, responsabilidade e colaboração foram fundamentais para a

investigação. Aos pais, por permitirem a participação dos seus filhos no projeto.

Agradeço aos amigos do Grupo de Estudos e Pesquisas em

Etnomatemática da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo, pela

amizade, ideias e sugestões que com certeza contribuíram em muito no meu

trabalho.

Finalmente, um agradecimento muito especial à minha esposa Denise e ao

meu filho Vinícius, pelo carinho, paciência e incondicional apoio que sempre

demonstraram. Muito obrigado pelas conversas e palavras de coragem nos

momentos mais difíceis.

Eternamente grato!

"... é impossível explicar honestamente as belezas

contidas nas leis da natureza de uma forma que as

pessoas possam senti-las, sem que elas tenham

uma boa compreensão da Matemática."

Richard Feynman

RESUMO

Esta investigação teve como principal objetivo contribuir com subsídios para o

estudo integrado de Matemática e Astronomia com alunos do 8º e 9º ano do

Ensino Fundamental, avaliando de que modo a utilização de conhecimentos

astronômicos em situações-problema de conteúdos matemáticos pode

proporcionar aos alunos participantes da pesquisa a aquisição e produção de

conhecimento, a partir da compreensão do mundo em que eles estão inseridos.

Para atingir o objetivo proposto, foram desenvolvidas atividades de ensino

utilizando o software Stellarium, um gnômon e o Globo Local Paralelo - GLP,

dentre outros. Um dos princípios teóricos utilizados foi a transdisciplinaridade e

interdisciplinaridade, em conformidade com D’Ambrosio (2009). As tarefas

realizadas evidenciam que a transdisciplinaridade e a interdisciplinaridade

possibilitam encontrar respostas para a compreensão de fenômenos naturais e

a tomada de atitudes mais responsáveis e democráticas no mundo em que

vivemos. Espera-se que os alunos participantes ampliem seus conhecimentos,

tornando-se cidadãos críticos e reflexivos, conscientes da necessidade de

cuidar do planeta Terra.

Palavras-chave: Matemática. Astronomia. Transdisciplinaridade.

ABSTRACT

This research aimed to provide insight for the integrated study of mathematics

and astronomy with students of 8th and 9th grade of elementary school,

assessing how the use of astronomical knowledge in the problem situations in

mathematical content can provide in the participants students research the

acquisition and production of knowledge, from understanding the world in which

they are inserted. To reach that goal, learning activities were developed using

the software Stellarium a gnomon and the Globo Local Paralelo - GLP, among

others. One of the theoretical principles used was the transdisciplinarity and

interdisciplinarity, according with D'Ambrosio (2009). The tasks carried out show

that transdisciplinarity and interdisciplinarity possible to find answers to the

understanding of natural phenomenons and have more responsible attitudes

and democratic in the world in which we live. It is expected that participating

students expand their knowledge and become critical and reflective citizens,

aware of the need to care for the planet Earth.

Keywords: Mathematics. Astronomy. Transdisciplinarity.

LISTA DE IMAGENS

Imagem 01 Gnômon 35

Imagem 02 GLP - Globo Local Paralelo 37

Imagem 03 Duplas 01 e 02 executando exercício 01 51

Imagem 04 Aluno da Dupla 01 localizando a Holanda no Planisfério 57

Imagem 05 Alunos durante a Atividade 01 62

Imagem 06 Dupla 11 resolvendo exercício 04 63

Imagem 07 Detalhes do posicionamento do gnômon 88

Imagem 08 Dupla 03 posicionado o gnômon 89

Imagem 09 Dupla-06 traçando a sombra por volta das 9h15min 90

Imagem 10 Dupla-07 preparando para traçar sombra das 9h45min 91

Imagem 11 Aluna da Dupla-06 traçando a sombra das 13h30min 94

Imagem 12

Aluna da Dupla-03 observando as sombras traçadas, em destaque sombra traçada das 14h15min (ao fundo em verde)

95

Imagem 13 Aluna da Dupla-02 construindo a bissetriz 99

Imagem 14 Aluno da Dupla-03 prolongando as sombras traçadas 99

Imagem 15 Dupla 08 preparando para traçar a Linha Norte-Sul 100

Imagem 16

Aluno da Dupla-09 observando a Linha Norte-Sul, construído por meio da bissetriz das sombras das 10h30min e 13h30min

100

Imagem 17 Aluno da Dupla-09 construindo a Linha Leste-Oeste perpendicular a Linha Norte-Sul

103

Imagem 18 Dupla 06 pintando a Linha Norte-Sul com auxílio da barra de metal

104

Imagem 19 Dupla 01 pintando a Linha Leste-Oeste 104

Imagem 20 GLP posicionado sobre as Linhas Norte-Sul e Leste-Oeste

105

Imagem 21 Aluna do Grupo 01 posicionando um gnômon sobre o GLP e verificando o comportamento da sua sombra

107

Imagem 22 Grupo 4 posicionando o gnômon na cidade de Alabama 109

Imagem 23 Detalhe da sombra projetada no Hemisfério Norte 112

Imagem 24

Grupo-03 posicionando o gnômon. No detalhe os alunos visualizam a sombra do gnômon na cidade de Bidon/Argélia

113

Imagem 25 Detalhe da coluna de ferro e o muro - Atividade complementar

114

Imagem 26 Alunos medindo o comprimento do gnômon 116

Imagem 27 Aluno marcando no chão o limite da trena (5metros) da

sombra da coluna de ferro 117

Imagem 28 Alunos medindo o restante da sombra da coluna de ferro 117

LISTA DE FIGURAS

Figura 01 Triângulo da Sobrevivência 31

Figura 02 Triângulo da Transcendência 32

Figura 03 Tabela dos Pontos Cardeais 47

Figura 04 Globo Terrestre - Fusos Horários 48

Figura 05 Registro: data e horário da atividade 49

Figura 06 Atividade de Ensino 01 – Exercício 01 50

Figura 07 Resolução do Exercício 01 – Dupla 11 52

Figura 08 Resolução do Exercício 02 – Dupla 09 55

Figura 09 Resolução do Exercício 02 – Dupla 11 55

Figura 10 Representação do Planisfério do Exercício 03 58

Figura 11 Resolução do Exercício 03 – Dupla 07 59

Figura 12 Resolução do Exercício 03 – Dupla 02 59

Figura 13 Quadro de Longitudes 61

Figura 14 Atividade de Ensino 01 – Exemplo para o exercício 04 62

Figura 15 Dados do exercício 04 – item a 63

Figura 16 Resolução do exercício 04 – item a - Dupla 07 64

Figura 17 Resolução do exercício 04 – item a - Dupla 10 64

Figura 18 Resolução do exercício 04 – item a - Dupla 03 65

Figura 19 Resolução do exercício 04 – item a - Dupla 08 65

Figura 20 Resolução do exercício 04 – item a - Dupla 09 66

Figura 21 Resolução do exercício 04 – item a - Dupla 06 66

Figura 22 Dados do exercício 04 – item b 67

Figura 23 Resolução do exercício 04 – item b - Dupla 12 68

Figura 24 Resolução do exercício 04 – item b - Dupla 09 68

Figura 25 Resolução do exercício 04 – item b - Dupla 07 69

Figura 26 Resolução do exercício 04 – item b - Dupla 08 69

Figura 27 Resolução do exercício 04 – item b - Dupla 06 70

Figura 28 Dados do exercício 04 – item c 70

Figura 29 Resolução do exercício 04 – item c - Dupla 04 71

Figura 30 Resolução do exercício 04 – item c - Dupla 10 71

Figura 31 Resolução do exercício 04 – item c - Dupla 08 72

Figura 32 Resolução do exercício 04 – item c - Dupla 09 73

Figura 33 Resolução do exercício 04 – item c - Dupla 07 73

Figura 34 Dados do exercício 05 – item a 74

Figura 35 Resolução do exercício 05 – item a - Dupla 12 75

Figura 36 Resolução do exercício 05 – item a - Dupla 11 76

Figura 37 Resolução do exercício 05 – item a - Dupla 06 76

Figura 38 Exercício 05 – item b 77

Figura 39 Resolução do exercício 05 – item b - Dupla 12 78

Figura 40 Resolução do exercício 05 – item b - Dupla 05 78

Figura 41 Resolução do exercício 05 – item b - Dupla 06 79

Figura 42 Resolução do exercício 05 – item b - Dupla 10 79

Figura 43 Resolução do exercício 05 – item b - Dupla 07 80

Figura 44 Tela: Relógio Mundial e Mapa dos Fusos Horários Mundiais

82

Figura 45 Representação do GLP colocado de forma homotética com a Terra

106

Figura 46 Tabela da Atividade complementar 1 115

Figura 47 Respostas dos alunos sobre a questão do "Pré Sal" 120

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 16

CAPÍTULO 1 22

1 PROCEDIMENTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS 22

1.1 Fundamentação teórica 22

1.2 Procedimentos metodológicos 34

1.2.1 O software Stellarium 34

1.2.3 O gnômon 35

1.2.3 O projeto internacional Globo Local 36

1.3 Sujeitos 39

1.4 Descrição e objetivos das Atividades de Ensino 39

CAPÍTULO 2 44

2 ATIVIDADE DE ENSINO 01 A MATEMÁTICA NAS COORDENADAS GEOGRÁFICAS

44

2.1 Descrição da Atividade 01 45

2.2 Exercício 01 49

2.3 Exercício 02 54

2.4 Exercício 03 58

2.5 Exercício 04 60

2.5.1 Exercício 04 – item a 63

2.5.2 Exercício 04 – item b 67

2.5.3 Exercício 04 – item c 70

2.6 Exercício 05 74

2.6.1 Exercício 05 – item a 74

2.6.2 Exercício 05 – item b 77

2.7 Relógio Mundial e Mapa dos Fusos Horários Mundiais 80

2.8 Considerações sobre a Atividade 01 82

CAPÍTULO 3 87

3 ATIVIDADE DE ENSINO 02 GLOBO LOCAL PARALELO

87

3.1 Apresentação da Atividade 87

3.2 Posicionando o gnômon 88

3.3 Traçando as sombras do gnômon 90

3.4 Traçando as Linhas Norte-Sul e Leste-Oeste 95

3.5 Atividade de Ensino 02 - itens a) e b) 104

3.6 Atividade de Ensino 02 - itens c), d) e e) 106

3.7 Atividade complementar 1 Medindo o comprimento de uma coluna de ferro

114

3.8 Atividade complementar 2 "Pré Sal"

119

3.9 Considerações sobre as atividades do capítulo 3 121

CAPÍTULO 4 124

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS 124

REFERÊNCIAS 130

ANEXOS

ANEXO A 135

ANEXO B 142

ANEXO C 144

ANEXO D 145

INTRODUÇÃO

A Proposta Curricular do Estado de São Paulo é documento de utilização

obrigatória na rede estadual de ensino e tem como objetivo estabelecer um

sistema de ensino comum a todas as escolas do Estado, de modo a garantir um

padrão de qualidade e subsidiar as escolas com diretrizes e orientações

curriculares comuns, proporcionando ao estudante acesso aos conteúdos

básicos, saberes e competências básicas e específicas para cada nível de ensino.

Um dos temas que estruturam a Proposta Curricular de Matemática, para

os ciclos Fundamental e Médio, vem a ser a Geometria1, que diz respeito à

observação de padrões e formas do mundo como também da relação entre

formas e imagens ou representações visuais. Essa percepção do espaço, a

exploração das propriedades dos objetos e a explicitação de suas relações fazem

parte do dia a dia dos seres humanos.

Para o Ensino Fundamental, Ciclo II, verifica-se que o documento defende

um ensino de Geometria de forma ampla e diversificada. Segundo essa Proposta,

os conteúdos de Geometria são assuntos indispensáveis ao currículo, uma vez

que auxiliam o aluno a compreender, descrever e representar de modo

organizado o mundo em que vive.

Magni (2011), ao analisar a referida Proposta Curricular e os Parâmetros

Curriculares, verificou que:

Ambos os documentos curriculares enfatizam que a Geometria é um

campo importante para ser explorado com situações-problema, e é um

tema pelo qual os alunos costumam se interessar naturalmente. Ensinar

noções geométricas contribui para a aprendizagem de números e

medidas, pois estimula o aluno a observar, perceber semelhanças e

diferenças, identificar irregularidades, entre outros. Ensinar o aluno a

partir da exploração dos objetos do mundo físico – obras de arte, música,

manipulação de objetos, pinturas, desenhos, esculturas – permite a ele

estabelecer uma conexão entre a Matemática e as outras áreas do

conhecimento (p.61-62).

1 O currículo de matemática está estruturado em quatro grandes blocos: Números, Geometria,

Grandezas e Medidas, Tratamento da Informação.

17

Magni (2011) também reforça a necessidade de fazer com que a

Geometria a ser ensinada se articule com os demais ramos da Matemática. Assim

sendo, deve-se evidenciar a conexão entre Álgebra e Geometria, por exemplo.

A partir dessas considerações, infere-se, que utilizar conhecimentos e

atividades envolvendo conceitos de Astronomia pode proporcionar situações de

aprendizado da Geometria, uma vez que determinadas atividades que englobem

conteúdos matemáticos e astronomia permitem o reconhecimento de formas e a

exploração visual e tátil de figuras planas e espaciais.

Mais que isso, o trabalho com a Astronomia configura-se como modo

diferenciado e propício para o aprendizado de Matemática, pois propicia a

contextualização e o estabelecimento de relações com conceitos matemáticos,

oferecendo ao aluno a possibilidade de perceber como podem ser aplicados,

estimulando sua curiosidade sobre o mundo da ciência.

Tornou-se muito comum afirmar que a Astronomia foi o primeiro

conhecimento científico criado pelo homem, além de ser importante para a vida

de todos, por estar relacionada com a nossa origem, a do nosso planeta e a do

Universo. Tudo o que sabemos sobre o Universo, começou a ser estudado

através da contemplação do céu, proporcionando vários questionamentos: De

onde viemos? Qual o tamanho do Universo? Como foram formados os planetas e

as estrelas? Existe vida em outros lugares do Universo? Assim, podemos dizer

que a Astronomia está presente no nosso dia a dia: as estações do ano, os

movimentos de rotação e translação da Terra, as fases da Lua, a luz fornecida

pelo Sol, as marés, entre outros fenômenos. Dessa forma “a astronomia

representou de fato um papel essencial na construção das diversas identidades

humanas em todos os lugares da Terra” (CARDOSO apud LONGHINI,2010, p.7) .

A Matemática não pertence só a matemáticos, ela vem evoluindo também

como parte integrante no contexto de outras ciências. Além disso, ela tem um

caráter interdisciplinar, relacionando-se com outras áreas do conhecimento tais

como: a Física, a Economia, a Biologia, na Lingüística e a Engenharia. Conclui-

se, então, que, a maneira de pensar matematicamente deve ser aprendida não

apenas por aqueles que irão dedicar-se à Matemática (CARNEIRO, 2005).

18

Ademais, muitos fenômenos físicos e químicos estudados na Astronomia

são resolvidos e melhor compreendidos através de modelos matemáticos.

Segundo Langhi (2004), com o decorrer do tempo, várias disciplinas foram

supridas com informações e inspirações decorrentes da Astronomia: a Física, a

Química, a Biologia, a História, a Geografia, a Navegação, a Filosofia, a

Sociologia, a Música, a Poesia, a Literatura e muitas outras. Logo, podemos dizer

que a Astronomia apresenta possibilidades de trabalho no ensino que ressalta

esse processo interdisciplinar.

Na área educacional, o estímulo por parte dos alunos sobre tópicos

relacionados à Astronomia é verificado em diversos estudos, como aquele

realizado por Oliveira et. al.(2007) quando constatam que “os tópicos relativos a

essas questões comumente aguçam a curiosidade do jovem” (p. 82). Do mesmo

modo, para Bernardes et. al. (2006), a “Astronomia é uma das áreas que mais

atrai a atenção e desperta a curiosidade dos estudantes, desde os primeiros anos

escolares até sua formação nos cursos de graduação, abrangendo todas as

áreas, principalmente de Física” (p. 391).

Entretanto, o ensino de Astronomia não deve ser tratado como um novo

conteúdo a ser ensinado apenas nas aulas de Ciências Naturais. Pode,

igualmente, ser tratado como um elemento motivador de conteúdos específicos a

ser explorados em outras disciplinas, em particular, no ensino da Matemática. A

Astronomia permite relacionar fenômenos naturais e conteúdos matemáticos,

notadamente no campo da Aritmética, Álgebra e Geometria, sendo que uma das

mais belas características dessa ciência é sua capacidade de explicar

quantitativamente fenômenos observados (GLEISER, 2000). Tais características

propiciam um tratamento interdisciplinar dos conteúdos escolares.

Como sugere Marcelo Gleiser, “não existe nada mais fascinante no

aprendizado da ciência do que vê-la em ação. Mais importante ainda é levar os

alunos para fora da sala de aula, fazê-los observar o mundo através dos olhos de

um cientista aprendiz” (2000, p.4).

19

Procura-se, a partir da utilização de conhecimentos astronômicos em

situações-problema de conteúdos matemáticos, proporcionar aos alunos do

Ensino Fundamental, participantes desta investigação, a aquisição e produção de

conhecimento, a partir da compreensão do mundo em que estão inseridos.

Para além desse processo interdisciplinar, as atividades escolares

possibilitam introduzir questões relativas aos problemas que o Planeta Terra vem

enfrentando, de modo a sensibilizar e conscientizar os alunos sobre sua

preservação e proteção. Nesse sentido, tais ações e preocupações viabilizam

uma postura transdisciplinar no ambiente educacional. No dizer de D'Ambrosio,

Na sua essência, a transdisciplinaridade é transcultural. As reflexões transdisciplinares navegam por ideias vindas de todas as regiões do planeta, de tradições culturais diferentes. Repousam sobre as ideias de indivíduos de formação e experiências profissionais as mais diversas (2009, p.9-10).

No que tange à universidade, D'Ambrosio aconselha que "cada aula deve

ser uma oportunidade única de se ouvir o que não está nos livros, o que não está

gravado em áudio ou em vídeo e que não é repetido" (2009, p. 100). Do mesmo

modo, entendemos que desde as séries iniciais devemos propiciar um ambiente

que estimule a criatividade dos educandos, possibilitando a criação de

pensamentos originais, que os auxiliem no enfrentamento e busca de solução

para problemas que a humanidade vem atravessando.

Nessa perspectiva, o presente trabalho busca responder a seguinte

questão de pesquisa:

Como um estudo integrado de Matemática e Astronomia pode contribuir na

construção dos conhecimentos de Matemática de modo que possibilite um melhor

entendimento do mundo aos estudantes do 8º e 9º ano do Ensino Fundamental?

Ao procurar responder a referida questão, busca-se alcançar os seguintes

objetivos:

Verificar, por meio de uma abordagem transdisciplinar envolvendo a

Matemática, Geografia e Astronomia em aulas de Matemática, com

20

alunos do 8º ano (7ª série) e 9º ano (8ª série) do Ensino

Fundamental, quais benefícios esta proposta trará na compreensão

dos conteúdos de Matemática, bem como um melhor entendimento

de mundo em que vivem.

Realizar atividades de ensino com alunos do 8º ano (7ª série) e 9º

ano (8ª série) do Ensino Fundamental, que envolvam um estudo

interdisciplinar entre a Matemática, Astronomia e Geografia por

meio do software Stellarium e do Projeto Internacional Globo Local.

Abordar temas relacionados à Astronomia e Geografia tais como:

movimento, distância, formas e tamanhos dos astros do Sistema

Solar, coordenadas geográficas, distância entre astros, formas,

tamanho, volume e densidade dos planetas; relacionando-os com

conteúdos de Geometria como: formas, projeção, bissetriz,

mediatriz, circunferência, segmento de reta, operações matemáticas

com ângulos e unidades de tempo, entre outros. Além disso,

abordar, de forma articulada, outros conteúdos matemáticos, quais

sejam: razão e proporção, notação científica, sistema de medidas,

semelhança de triângulo, etc.

proporcionar ao aluno obter uma visão mais responsável sobre o

mundo, mostrando como suas atitudes podem influenciar ou

interferir no restante do planeta Terra.

Para atingir os objetivos propostos, esta investigação encontra-se

organizada em quatro capítulos, a saber:

O primeiro capítulo trata dos procedimentos teórico-metodológicos

adotados para a consecução dessa pesquisa. Nela, descrevemos a

fundamentação teórica e a descrição dos procedimentos adotados para a

realização das atividades realizadas junto aos alunos do 8º ano do Ensino

Fundamental. Além disso, discorremos sobre a proposta do projeto Globo Local,

bem como sobre o software Stellarium, ambos utilizados nas atividades.

O segundo e o terceiro capítulo, descrevemos cada uma das atividades de

ensino realizadas, efetuamos a descrição dos dados obtidos e analisamos as

21

soluções e comportamentos apresentados pelos sujeitos participantes desta

investigação.

Finalizando, no quarto capítulo, procuramos responder nossa questão de

pesquisa, analisando os resultados obtidos durante as atividades, à luz das

teorias que deram suporte à esta investigação.

22

CAPÍTULO 1

PROCEDIMENTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS

1.1 Fundamentação teórica

Promover situações que envolvam a criatividade dos alunos, instigando-os

a procurar soluções, formular hipóteses e comunicar-se com outros alunos, é

intenção das atividades propostas neste estudo. Nessa perspectiva, esta

pesquisa fundamenta-se, basicamente, nos conceitos propostos no Programa

Etnomatemática, conceituado por D´Ambrosio (2005), particularmente no que

tange à interdisplinaridade e a transdisciplinaridade.

O Programa Etnomatemática trata da geração, organização intelectual,

organização social e difusão do conhecimento. Diz respeito a um programa

interdisciplinar que engloba aspectos das ciências da cognição, da epistemologia,

da história, da sociologia e educação. Em todas as culturas o conhecimento está

condicionado a um contexto natural, social e cultural.

A etnomatemática é um conjunto de estratégias utilizadas pelos seres

humanos para sobreviver, ou seja, lidar com o cotidiano, e para transcender, ou

seja, explicar fatos, fenômenos e mistérios. Há inúmeras ETNOMATEMÁTICAS.

Cada uma praticada de forma diferente, por grupos culturalmente identificados

(profissionais, trabalhadores, jogadores, crianças brincando, grupos étnicos). É

uma forma de conhecimento explicado em linguagem comum, sem formalismo e

transmitido por uma pedagogia similar a do ensino mestre→aprendiz no

artesanato.

Assim sendo, o Programa Etnomatemática apresenta importantes

implicações pedagógicas. A educação deve fornecer ao educando instrumentos

que possibilitem sua sobrevivência na sociedade. Tais instrumentos só têm

significado quando inseridos na cultura do aluno ou então quando se explicita de

qual cultura advêm e inseridos num discurso crítico. “Fazer da Matemática uma

23

disciplina que preserve a diversidade e elimine a desigualdade discriminatória é a

proposta maior de uma Matemática Humanística. A Etnomatemática tem essa

característica” (D’AMBROSIO, 2006).

Ubiratan D’Ambrosio (2010), mentor do termo Etnomatemática, para a

composição dessa palavra, utilizou suas raízes para dar significado às várias

maneiras, técnicas ou habilidades (teché=tica) de explicar, de entender, de se

desempenhar na realidade (matema), dentro de um contexto cultural (etno) (p.

111).

Desse modo, a Etnomatemática, arte de ensinar ou técnica de explicar,

conhecer e de entender, nos diversos contextos culturais, é atualmente

considerada como uma subárea da História da Matemática e da Educação

Matemática, com uma relação muito natural com a Antropologia2 e as ciências da

cognição (D’AMBROSIO, 2005).

A Etnomatemática exige que os educadores repensem suas práticas de

ensino, entendendo que a matemática não se encontra somente no ambiente sala

de aula, nos programas e currículos, mas em todos os lugares e proposta de

diferentes formas. Solicita que os educadores reflitam suas práticas, sem

desconsiderar suas experiências com a educação formal, mas ampliem seu

conhecimento e método, adotando modos de explicar, de entender e de atuar na

realidade, dentro do contexto cultural do aluno.

No que diz respeito ao currículo, D'Ambrosio (1999) o define como um

conjunto de estratégias que permitem atingir as metas maiores da educação e é

composto por objetivos, conteúdos e métodos. Esse novo conceito de currículo

não privilegia os conteúdos das disciplinas. Os saberes devem ser resultado das

práticas (fazeres).

Para organizar a prática educacional, D'Ambrosio (1999) propõe subdividi-la

em duas vertentes.

2 Antropologia, de modo geral, pode ser definida como o estudo ou reflexão acerca do ser humano,

e do lhe é característico (FERREIRA, 2008, p. 81).

24

A primeira, denominada formativa, é aquela que mais se aproxima do

ensinar, no sentido tradicional, por exemplo, o ensino de uma área da matemática,

como a Geometria. A vertente formativa é a essência de um novo conceito de

currículo, baseado não na transmissão de conteúdos disciplinares programados,

mas no fornecimento, aos alunos, de competências para acessar, socializar e

ampliar o conhecimento. Nesse sentido, devem ser desenvolvidos os seguintes

instrumentos:

comunicativos, por meio de discussões críticas que promovam o

desenvolvimento da capacidade de se comunicar. Inclui leitura,

escritura, cálculo, diálogo, ecálogo, mídia, internet (LITERACIA). Por

exemplo, escrever nos roteiros das atividades. No caso da

geometria, comunicar forma e dimensão.

analíticos, aqueles que permitem interpretar e analisar as situações,

propor e utilizar modelos e simulações na vida cotidiana, elaborar

abstrações sobre representações do real [MATERACIA], de modo

que os alunos façam inferências, cheguem a conclusões sobre

determinado assunto.

materiais, quando fazem uso de instrumentos simples ou complexos,

que permitam a aprendizagem, avaliando suas possibilidades suas

limitações e sua adequação a necessidades e situações diversas

[TECNORACIA]. tais como o computador, o atlas, o gnômon, etc.

A segunda vertente, denominada informativa, fornece meios para socializar

e ampliar o conhecimento, reconhecendo o fato de que as mídia, como por

exemplo o rádio, o cinema, a televisão, os meios digitais, são responsáveis pela

difusão atualizada da informação. Assim, o professor deve estimular a crítica

sobre o que se viu, se ouviu e se observou, bem como do que se leu e do que se

imaginou, de modo a permitir aos alunos fazer uso de materiais e procedimentos

que mostrem os conhecimentos matemáticos que se inserem no cotidiano

(D'AMBROSIO, 1999).

25

Procuramos, nas atividades propostas, contribuir para a valorização da

cultura da comunidade escolar envolvida nesta investigação. O trato com a

Astronomia, Geografia e a Matemática, permite essa valorização. Gerdes

descreve este pensamento:

Numa educação que reconhece e aproveita a existência de muitas

culturas abre-se o horizonte do aluno, enriquecendo-o com experiências

doutros povos e doutros tempos.

Assim pode ser também na educação matemática: a matemática

materna, a matemática familiar, a matemática da cultura do aluno

ascender a mais conhecimentos e habilidades matemáticas, uma

alavanca para poder pensar e imaginar..., inclusive para aprender mais

(ideias) matemáticas, enriquecendo o horizonte matemático do aluno

com experiências matemáticas doutros povos e doutros tempos

(GERDES, 2007, p.160).

A cultura escolar, utilizando uma proposta etnomatemática, pode promover

uma matemática viva, ao lidar com situações reais no tempo e no espaço. Por

meio da crítica e do questionamento, podemos praticar a dinâmica cultural.

A escola constitui-se em local privilegiado para a prática de uma dinâmica

cultural em que a matemática se insere como conhecimento fundamental para a

vida na sociedade moderna. Para tanto, o professor deve estimular a discussão e

a conversação entre os alunos. Já que o aluno também aprende junto ao outro, é

importante promover a socialização do grupo, produzindo, dessa maneira,

valores, linguagem e o próprio conhecimento.

Nos dias de hoje, a interdisciplinaridade é muito procurada, sobretudo nas

escolas, transferindo métodos de algumas disciplinas para outras, permitindo

identificar novos objetos de estudos (D´AMBROSIO, 2011).

Para esta investigação, estamos entendendo por interdisciplinaridade como

aquela que:

... consiste em utilizar os conhecimentos de várias disciplinas para

resolver um problema ou compreender um determinado fenômeno sob

diferentes pontos de vista. O objetivo é contribuir para a superação do

26

tratamento estanque e compartimentado que caracteriza hoje o

conhecimento escolar. (CARNEIRO, 2005, p. 11)

A Interdisciplinaridade não é um estudo recente, como nos mostra

D´Ambrosio:

Já havia sido antecipada em 1699 por Fontenelle, Secretária da

Academia de Ciências de Paris, quando dizia que “até agora a Academia

considera a natureza só por parcelas.... Talvez chegará o momento em

que todos esses membros dispersos [as disciplinas] se unirão em corpo

regular; e se são com se deseja, se juntarão por si mesmas de certa

forma. (D´AMBROSIO, 2011, s.p)

Por se tratar de um trabalho que se utiliza de dados de fenômenos

astronômicos que interferem direta e indiretamente na vida do planeta, este

estudo caracteriza-se como um projeto que pode promover a aquisição e

produção de novos conhecimentos em um ambiente escolar. Leva-se em conta

que:

Um resultado esperado dos sistemas educacionais é a aquisição e

produção de conhecimento. Isso fundamentalmente a partir da maneira

como um indivíduo percebe a realidade nas suas várias manifestações:

a) uma realidade individual, nas dimensões sensorial, intuitiva,

emocional, racional; b) uma realidade social, que é o reconhecimento da

essencialidade do outro; c) uma realidade planetária, o que mostra sua

dependência do patrimônio natural e cultural e sua responsabilidade na

sua preservação; d) uma realidade cósmica, levando-o a transcender

espaço tempo e a própria existência, buscando explicações e

historicidade. (D' AMBROSIO, 2005, s.p)

Segundo Cardoso (2010), a Astronomia auxilia na ampliação da visão que

o ser humano tem do universo. Entretanto, enfatiza, quem sofre ou não

modificações é a pessoa. "Quem altera a atitude é o leitor, não o texto. Quem

caminha é o caminhante, não a estrada". É nessa direção que procuramos

caminhar, ao tratar de conceitos de Astronomia e Matemática junto aos alunos do

Ensino Fundamental, instigando-os a mudar de atitude em relação ao Planeta

Terra, procurando conscientizá-los dos problemas que a Terra vem enfrentando,

proporcionando-lhes oportunidade de aprender e criar estratégias de

sobrevivência diante do desconhecido (CARDOSO apud LONGHINI,2010, p.10).

27

Assim sendo, a Astronomia juntamente com outras disciplinas pode

contribuir para que a escola reflita sobre problemas que o Planeta Terra vem

enfrentando.

Destaque-se que a Matemática do Planeta Terra (APM, 2013) empenha-se

na divulgação da afirmação de que “A Matemática está em todo o lado!” e no

desenvolvimento de ações para a defesa do Planeta Terra. Entende que se pode

fazer uso de modelos matemáticos para que ocorra um consumo responsável dos

recursos naturais e de energia. Questiona sobre a gestão dos recursos naturais

ou dos consumos energéticos efetuados pelos seres humanos. Mais ainda,

algumas catástrofes naturais escapam das previsões, apesar das tecnologias

desenvolvidas nesse sentido. Por essas razões, defende-se que a matemática

pode auxiliar na prevenção e proteção do mundo em que vivemos. Essa iniciativa

recebeu apoio da UNESCO, a qual reconheceu o ano de 2013 como o ano da

Matemática do Planeta Terra.

A Associação dos Professores de Matemática de Portugal (APM-2013)

reservou um espaço para informação de atividades escolares que permitam

compreender melhor o mundo em que vivemos. Os assuntos referem-se à

matemática no planeta Terra, sob a perspectiva de educadores matemáticos,

matemáticos, astrônomos, biólogos ou geólogos.

As atividades que constam nesta investigação procuram seguir essas

diretrizes, quando procuram dar aos alunos subsídios para que eles se

conscientizem do uso benéfico da Matemática na solução dos problemas

causados pela intervenção humana no planeta, bem como pelas catástrofes

naturais, uma vez que pode fazer com que os alunos percebam a importância e a

fragilidade do planeta Terra, fomentando a formação de uma postura crítica sobre

sua preservação e proteção.

Portugal foi quem sediou, em 1994, o I Congresso Mundial da

Transdisciplinaridade, organizado pelo Centre International de Recherches et

d'Etudes Transdisciplinaires (CIRET), com a parceria da UNESCO. Nesse evento,

elaborou-se um documento denominado Carta da Transdisciplinaridade, a qual

28

trata de um conjunto de princípios fundamentais da transdisciplinaridade, que foi

assinada por 62 participantes, de 14 países.

Em seu artigo 8, a Carta reza que dignidade humana deve ir além do

planeta Terra. O ser humano tem relevante papel na história do universo desde

seu aparecimento. Um dos princípios da transdisciplinaridade é o reconhecimento

da Terra como sua pátria. Embora a nacionalidade seja um direito, ao mesmo

tempo o ser humano é um ser transnacional, ou seja, com título de habitante da

Terra. Esta dupla categoria é um dos objetivos que compõe a

transdisciplinaridade (NICOLESCU, 1999).

Segundo D’Ambrosio (2009), para a construção do conhecimento faz-se

necessário o diálogo entre as ciência e as culturas locais. Assim sendo,

Todo conhecimento é o resultado de um longo processo cumulativo, compreendendo os estágios de geração, organização social e difusão. Esses estágios são estudados na teoria da cognição, na epistemologia, na história e na educação. O processo como um todo - extremamente dinâmico e jamais finalizado - está sujeito a condições muito específicas de estímulo e de subordinação ao contexto natural, cultural e social. Assim é o ciclo da aquisição individual e social do conhecimento (D´AMBROSIO, 2009, p. 25-26).

Assim sendo, o ato de criação é uma ação que se revela como o elemento

mais importante para a aquisição do conhecimento. Manifesta-se no presente,

tendo como alicerce um passado tanto individual como cultural. A aquisição e

elaboração do conhecimento têm como objetivo criar estratégias de ação que se

revelam no presente, delineiam o futuro e trazem alterações da realidade

(D’AMBROSIO, 2009).

Sob essa perspectiva, a transdisciplinaridade permite uma visão ampla de

todas as consequências da ação. Possibilita uma abordagem de situações nas

quais o conhecimento disciplinar é insuficiente e limitado (D´AMBROSIO, 2009).

Um marco importante para as discussões sobre a transdisciplinaridade foi o

"Forum de Ciências e Cultura da UNESCO" realizado em Veneza, em 1986. O

tema abordado, intitulado "Encontro das Ciências e das Tradições" possibilitou

reflexões transdisciplinares. Este Fórum deu origem à criação, em 1987, pelo

29

físico Basarab Nicolescu, do Centre International de Recherches et études

Transdisciplinaires (CIRET), que tem sido um catalizador de pesquisas e ações

transdisciplinares (D´AMBROSIO, 2011).

A transdisciplinaridade é definida por Nicolescu como “aquilo que está ao

mesmo tempo entre as disciplinas, através das diferentes disciplinas e além de

qualquer disciplina. Seu objetivo é a compreensão do mundo presente, para o

qual um dos imperativos é a unidade do conhecimento” (1999, s/p).

A proposta transdisciplinar reconhece que a atual proliferação das

disciplinas e especialidades acadêmicas e não-acadêmicas provoca um

crescimento incontestável de poder de quem possui conhecimentos

fragmentados. Os detentores desses conhecimentos fragmentados dificilmente

poderão reconhecer e enfrentar os problemas e situações novas advindos da

complexidade do mundo atual. Nesse contexto, as disciplinas apresentam-se

como conhecimentos “engaiolados”, no que tange à sua fundamentação, critérios

de verdade e de rigor e nos seus métodos, os quais apresentam um código

linguístico próprio e inatingível aos principiantes (D´AMBROSIO, 2011).

A esse respeito, Santos (2008) constata que, durante a prática educativa,

os professores encontram um grande desafio, que é de transitar pelas diversas

ciências (biologia, física, química, matemática, astronomia, filosofia, artes,

geografia entre outras). Isso requer do profissional um espírito de enfrentamento

do novo e do diferente, vencendo fronteiras de uma pedagogia estática. Em geral,

a formação de professores assume um caráter disciplinar, de modo que, quando

os professores se deparam com a transdisciplinaridade, ficam de frente a

incertezas e diversidades que vão sendo corrigidas e ajustadas à medida que a

transdisciplinaridade é discutida e aprofundada entre eles.

Além disso, a Transdisciplinaridade exige uma postura de democracia

cognitiva, já que todos os saberes são importantes, sem que exista uma

hierarquização entre eles. Não possibilita julgar, como mais certo ou mais

verdadeiro o modo de explicar e conviver com a realidade que está ao nosso

redor (SANTOS, 2008).

30

A transdisciplinaridade maximiza a aprendizagem ao trabalhar com imagens e conceitos que mobilizam, conjuntamente, as dimensões mentais, emocionais e corporais, tecendo relações tanto horizontais como verticais do conhecimento. Ela cria situações de maior envolvimento dos alunos na construção de significados para si. Os alunos “constroem” conhecimentos, como diz Paulo Freire (1997). Trabalhar a educação com tal visão supera a mesmice do padrão educativo, encanta o aprender e resgata o prazer de aventurar-se no

mundo das idéias (SANTOS, 2008, p. 76).

Verificamos nesse momento o esforço da humanidade para a transcender

a nossa existência (Por que?). Segundo D’Ambrosio (2009), o ser (substantivo)

procura a sobrevivência, mas não se sabe qual seria o causador dessa força que

está presente em todos os seres vivos. Deste modo, podemos concluir que

transcendência e sobrevivência constituem a essência do ser (verbo) humano.

Para entendermos sobre sobrevivência nos reportamos ao triângulo da

sobrevivência (Figura 01) defendida por D`Ambrosio (2009), quando descreve as

relações entre indivíduos, a sociedade e natureza (são descritos nos vértices do

triângulo). Para que todas as espécies continuem a viver é necessário que o

equilíbrio do triângulo seja mantido. Para tanto, deve ocorrer ao mesmo tempo um

relacionamento entre os indivíduos, o ambiente e outras espécies, por meio de

ações sobre a natureza na qual todos estão imersos. Os relacionamentos

(representados pelos lados do triângulo) devem ser decididos coletivamente

dentro da sociedade, tendo como princípios a fisiologia animal, a sociobiologia e a

ecologia.

31

Figura 01 - Triângulo da Sobrevivência Fonte: D'Ambrosio (2009, p.163)

D`Ambrosio (2009) chama a atenção para que tenhamos uma visão mais

ampla sobre estes relacionamentos: sobrevivência individual, sobrevivência da

espécie e a continuidade da espécie, os quais requer uma abordagem

transdisciplinar, pois, uma abordagem disciplinar só poderia abordar um

relacionamento de cada vez. Para o autor o término da vida no planeta, poderia

ser motivado por qualquer um desses relacionamentos, ou seja, os lados do

triângulo.

D`Ambrosio (2009) relata que desde a origem do Australopiteco até o

Homo sapiens, e finalmente, até nossa espécie, o Homo sapiens sapiens, surge

outro triângulo que sobrepõem ao da sobrevivência. Esta última espécie Homo

sapiens sapiens, denominada homem, tem suas peculiaridades internas, como

lutar pela sobrevivência individual e a continuidade da espécie - características de

todos os seres vivos. Desta maneira, amplia-se um comportamento característico,

particular da sua espécie, deliberar sobre seu comportamento. A vontade provoca

essencialmente a obrigação de explicar, entender e promover transcendência da

espécie. Nesse momento, a sobrevivência recebe uma nova orientação,

associando-se à transcendência.

Alguns fatores são apontados por D`Ambrosio (2009) como sendo

características da transcendência, como: o senso de passado e futuro, a

32

alimentação e o acasalamento. Estão relacionados ao prazer, a propriedade, a

estrutura do poder e a hierarquia. Dessa forma, o triângulo da transcendência,

(Figura 02) responsável por novas intermediações sobrepõem ao triângulo da

sobrevivência.

Sobre o triângulo da transcendência D`Ambrosio (2009), afirma que essas

novas intermediações formam o núcleo do matema, isto é, um conhecimento

reconhecido para a "aquisição de habilidades, capacitações, modos de fazer,

explicar, entender e lidar com as necessidades da sobrevivência e

transcendência" (p. 168).

Figura 02 - Triângulo da Transcendência Fonte: D'Ambrosio (2009, p.168)

Nessa perspectiva, acreditamos que este projeto, de um cunho

transdisciplinar, com olhares para sobrevivência e transcendência, poderá permitir

aos alunos uma visão mais abrangente de sua posição e importância no Planeta

Terra. Pretende-se que o aluno perceba como determinadas atitudes do homem,

podem afetar direta ou indiretamente o clima, tanto no presente como no futuro,

no seu país como em outras regiões do mundo e vice e versa.

33

Diante de tais considerações, a proposta desta pesquisa é aproveitar esta

interação entre Matemática e Astronomia, para proporcionar a compreensão de

conteúdos de Geometria e Aritmética, bem como de outras situações dos alunos

dentro e fora do ambiente de sala de aula.

Segundo D’Ambrosio (2010), não adianta a escola trabalhar com uma

apresentação do conhecimento obsoleta e ultrapassada. O uso de novas

tecnologias estimula a aquisição, a organização, a geração de um conhecimento

vivo, mais próximo das exigências da sociedade moderna.

Assim sendo, a educação deve colocar em prática conhecimentos que

sirvam para a melhoria das condições sociais:

O grande desafio para a educação é por em prática hoje o que vai servir

para o amanhã. Por em prática significa levar pressupostos teóricos, isto

é, um saber/fazer acumulado ao longo de tempos passados, ao

presente. Os efeitos da prática de hoje vão se manifestar no futuro

(D’AMBROSIO, 2010, p. 80).

O trabalho em um ambiente computacional, a utilização de softwares, a

construção de maquetes podem proporcionar um ambiente escolar mais

dinâmico, voltado para as exigências dessa sociedade denominada “sociedade do

conhecimento”. (VALENTE, 1999).

É nesse sentido que este trabalho faz uso do aplicativo Stellarium, de

calculadoras e da internet, além de estimular os alunos integrantes dessa

pesquisa a participarem do Projeto Globo Local. O envolvimento dos alunos com

assuntos dessa natureza estimula a geração de um conhecimento vivo, integrado

aos valores e expectativas da sociedade, em ambiente prazeroso. “O ideal é o

aprender com prazer ou o prazer de aprender”, manifesta-se D’Ambrosio (2010, p.

84).

Todo ser humano desenvolve conhecimento e seu comportamento reflete

esse conhecimento. À medida em que vai modificando seu comportamento, os

conhecimentos vão sendo modificados. Assim sendo, comportamento e

34

conhecimento são interdependentes e se encontram em permanente

transformação. (D’AMBROSIO, 2005).

As gerações futuras viverão em um ambiente multicultural e carregado de

tecnologia. Constata D’Ambrosio:

Nossa missão de educadores tem como prioridade absoluta obter a PAZ

nas gerações futuras. Não podemos nos esquecer de que essas

gerações viverão num ambiente multicultural, suas relações interculturais

e seu dia-a-dia será impregnado de tecnologia (2005, p. 45).

É levando em conta as observações efetuadas por D´Ambrosio que este

estudo pretende contribuir, ainda que modestamente, para que as gerações

futuras vivenciem a paz.

1.2 Procedimentos metodológicos

Para atingir nossos objetivos, desenvolvemos uma sequência de atividades

utilizando o software Stellarium, o gnômon e o Mapa Mundi Paralelo, os quais

serão comentados a seguir. Essas atividades abordam temas da Matemática,

Geografia e da Astronomia, utilizando como princípios teóricos a

Interdisciplinaridade do modo como desenvolvido por D´Ambrosio (2005).

Por se tratar de um trabalho que se utiliza de dados de fenômenos

astronômicos que interferem direta e indiretamente na vida do planeta, este

estudo referencia-se em um projeto multicultural, denominado Globo Local, que

pode promover a aquisição e produção de novos conhecimentos em um ambiente

escolar.

1.2.1 O software Stellarium

Neste estudo, foi utilizado um simulador de planetário denominado

Stellarium. Trata-se de um software livre de Astronomia para visualização do céu,

nos moldes de um planetário. Entendemos que o uso deste software é uma

35

excelente ferramenta de ensino e aprendizagem em diversas áreas da

Matemática, especialmente a Geometria, uma vez que esse aplicativo é capaz de

simular qual nossa posição na Terra e no Sistema Solar, as posições e distâncias

entre os astros, bem como simular o céu diurno, noturno, e os crepúsculos em

vários lugares da Terra.

1.2.2 O gnômon

Na Atividade de Ensino 2, descrita no Capítulo 3, foi utilizado um gnômon

(Imagem 03), instrumento astronômico provavelmente um dos mais antigos

construídos pelo ser humano. Embora tenha sido utilizado pelos egípcios antes de

1500 a.C, foram os gregos que denominaram por gnômon ao relógio de sol que

chegou até eles por meio dos babilônios (COSTA, 1997).

Trata-se de uma haste que deve ser colocada perpendicularmente ao solo.

A observação da variação de posição da sombra da haste provocada pelos raios

solares durante o dia permite encontrar a Linha Norte-sul e em seguida a Linha

Leste-Oeste.

Imagem 01 - Gnômon

Fonte: acervo próprio

36

1.2.3 O projeto internacional Globo Local

Esta pesquisa está inscrita no Projeto Internacional Globo Local que

se originou na Itália e adota uma abordagem educativa, cultural e interdisciplinar

que envolve a Astronomia, a Matemática, Geografia, História, a Cartografia, a

fotografia, dentre outras áreas do conhecimento, promovendo uma visão

democrática para o nosso planeta.

O Globo Local têm como promotores: Nicoletta Lanciano, da Università di

Roma “La Sapienza”, (Roma, Italia); Franco Lorenzoni, da Casa­Laboratorio di

Cenci (Amelia, Italia); Horacio Tignanelli do Ministerio de Educación de la

República Argentina (Buenos Aires, Argentina); Néstor Camino, da Facultad de

Ingeniería de la Universidad Nacional de la Patagonia “San Juan Bosco (Esquel,

Chubut, Argentina); Enrica Giordano, da Università di Milano­Bicocca. (Milano,

Italia).

O projeto propõe o uso do Mapa Mundi Paralelo. É um globo livre de forma

a assumir posições diferentes. Permite aos alunos ou qualquer pessoa

interessada "a possibilidade de refletir sobre a sua própria posição, de uma

maneira diferente daquela de todos os outros países e ajuda a perceber a Terra

como uma esfera no céu" (GLOBO LOCAL, 2011b, p.1).

O Mapa Mundi Paralelo apresenta diferentes denominações: Globo

Paralelo ou Globo Local Paralelo - GLP (Imagem 02). Trata-se de um globo

terrestre posicionado de forma homotética à Terra, respeitando a Latitude e

Longitude local, os sentidos Norte, Sul, Leste e Oeste. Deve ser colocado em

local ensolarado e, no entanto, não deve incidir sombra sobre ele. Desse modo, o

instrumento permite ver como o Sol ilumina as diferentes regiões da Terra,

promovendo a compreensão dos Fusos Horários e mudanças de estações em

tempo real:

De fato, no globo paralelo, colocado em uma posição homotética em

relação à Terra real no espaço, a luz do sol ilumina os países, a partir da

iluminação do planeta. Você pode então ver em que países naquele

37

momento o sol está nascendo e onde é noite, o polo que è iluminado e o

que está na sombra, e em que países as sombras estão no meridiano

local porque é meio-dia. Isso nos ajuda a compreender a mudança do

dia e da noite e das estações (GLOBO LOCAL, 2011b, p. 2).

Os promotores do projeto solicitam aos participantes que confeccionem o

seu próprio GLP, deixando aos integrantes do projeto um arquivo texto com as

instruções para a construção do mesmo.

Imagem 02 - GLP - Globo Local Paralelo3

Os GLP veem sendo testados e validados através de pesquisas e

atividades em locais como Itália, Espanha e Argentina principalmente na casa-

laboratório Cenci (Amelia, Itália) e pelo Grupo de Pesquisa sobre a Pedagogia do

Céu do Movimento de Cooperação Educativa (GLOBO LOCAL, 2011a, s/p).

Segundo os idealizadores do Projeto Globo Local, os valores educativos e

culturais do Globo Local Paralelo tem sido intensamente testados e validados em

diversas regiões do mundo. Os dados, imagens e resultados obtidos pelos grupos

participantes de diferentes regiões do mundo, são compartilhados entre si. Os

3 O Globo Local Paralelo que aparece na Imagem 01 foi confeccionado pelo próprio pesquisador,

com a finalidade específica de ser utilizado pelos alunos durante as atividades.

38

integrantes do projeto atestaram a eficiência do instrumento para a educação

intercultural, de forma consciente e nova (GLOBO LOCAL, 2011b).

De acordo com documento distribuído pela organização do Globo Local, os

objetivos do projeto têm como proposta:

Usar o globo paralelo como uma ferramenta para a prática didática,

propagando a idéia de educação, capaz de combinar manualidade,

observação, experimentação concreta e reflexão.

Difundir esta ferramenta em nível internacional, particularmente nos

países do sul.

Partilhar experiências sobre o uso do Globo Paralelo através da

captação de dados e imagens provenientes de países de longitude e

latitude diferentes, para que todos possam visualizá-las e usá-las,

estabelecendo o crescimento do intercâmbio e da própria ação

educativa.

Esclarecer as diferenças semânticas e simbólicas dos pares Norte-Sul,

alto-baixo, para cima- para baixo, acima-sob, subir-descer, em diferentes

línguas e culturas.

Destacar o valor político do globo paralelo, como uma ferramenta para a

educação intercultural, atenta às diferenças dos diversos pontos de vista

locais, enfatizando a relação entre cultura e democracia, no nível local e

global. (Globo Local, 2011b, s/p).

No ano de 2011, o Projeto Globo Local propôs quatro dias mundiais para a

prática de atividades utilizando os Globo Local Paralelo. Entre outubro de 2010 e

fevereiro de 2011, foram enviadas instruções para a confecção desses mapas.

Após a construção desse instrumento, foram escolhidas quatro datas: 20 de

março e 23 de setembro (dias de equinócios) e 21 de junho e 22 de dezembro

(dias de solstícios), para que, em escolas, parques, museus, ou qualquer outra

instituição praticassem, em exposição ao Sol, as atividades recomendadas pelo

Projeto, utilizando o Globo Local Paralelo.

No trato com o Globo Local Paralelo e o gnômon, o estudante necessita da

utilização de conceitos matemáticos, notadamente aqueles referentes à

Geometria, tais como medidas de segmentos, formas, projeção, bissetriz,

mediatriz, circunferência, ângulo, etc.

39

Demais aplicativos que tomarão parte das atividades: Computadores,

réguas de madeira de 1 metro, nível de bolha, compasso de madeira, barbante,

giz, apagador, tinta guache, pincel e massa de modelar.

1.3 Sujeitos

Para a Atividade de Ensino 01, realizada em agosto de 2012, os

participantes foram alunos do 8º ano (7ª série) do Ensino Fundamental II de um

colégio da rede particular da cidade de Guarulhos do Estado de São Paulo. Já

Atividade de Ensino 02, realizada em março de 2013, participaram os mesmos

alunos, os quais foram promovidos para o 9º ano (8ª série).

1.4 Descrição e objetivos das Atividades de Ensino

As atividades de Ensino foram realizadas em 4 (quatro) momentos,

descritos a seguir:

1º Momento – Atividade de Ensino 01

Título: A Matemática nas Coordenadas Geográficas

Duração: 2 horas e 30 minutos

A atividade foi realizada com os alunos do 8º ano do Ensino Fundamental

no laboratório de Informática do colégio onde se realizou a pesquisa.

Para a consecução desta atividade foram utilizados os seguintes materiais:

computador, aplicativo Stellarium, atlas geográfico, lápis, borracha, folha de

atividade e data show conectado ao computador do pesquisador.

Os próprios alunos formaram as duplas. Cada dupla teve um computador e

uma Atividade de Ensino contendo 7 (sete) folhas (ANEXO A). Para uma melhor

40

visualização, o pesquisador pode desenvolver a pesquisa com um computador

ligado a um projetor. Esta atividade foi dividida em três partes:

1) Explicação do funcionamento e os principais comandos do software

Stellarium.

2) Breve resumo dos conceitos geográficos que seriam trabalhados nas

atividades.

3) Realização dos exercícios propostos englobando de forma

interdisciplinar conceitos geográficos e conceitos matemáticos.

Conteúdos trabalhados:

Matemática: unidades de tempo, ângulos, subdivisões de ângulo,

números inteiros, operações matemáticas usando ângulos e unidades de

tempo, cálculo mental, noções de direção e sentido e contagem.

Geografia: coordenadas geográficas (Latitude e Longitude), hemisférios,

Linha do Equador, Meridiano de Greenwich, Pontos Cardeais, Fusos

Horários, Altitude e rotação da Terra.

2º Momento – Atividade de Ensino 02

Título: Globo Local Paralelo

Duração: 3 horas no período da manhã e 3 horas no período da tarde

Esta atividade foi realizada ao ar livre na quadra de esportes da escola, em

um dia ensolarado. Os materiais utilizados foram: Globo Local Paralelo (GLP),

gnômon haste (cabo de vassoura) de aproximadamente 60 cm, compasso de

madeira, régua de madeira com 1 metro de comprimento, giz colorido, nível de

bolha (usado por pedreiro), barbante com aproximadamente dois metros, fita

adesiva, guache preto e bucha de nylon tamanho 10.

41

Os alunos se dividiram em duplas e distribuídas na quadra de esportes de

forma coordenada pelo pesquisador. Cada dupla recebeu uma haste (gnômon),

giz e barbante. Materiais como régua de um metro, nível de bolha, compasso de

madeira (usado pelo professor na lousa) e o próprio GLP foi compartilhado entre

todas as duplas. A atividade foi dividida em 6 partes.

1) Em determinada hora da manhã, marcamos um ponto com giz no

solo previamente definido pelo pesquisador Em seguida,

posicionamos neste ponto o gnômon. Para que o mesmo ficasse

perpendicular ao solo os alunos usaram o nível de bolha e calços de

papelão.

2) Ainda na parte da manhã, foi traçada no solo as sombras projetadas

pelo gnômon nos horários: 9h15min, 9h45min e 10h30min.

3) No período da tarde os alunos traçaram as sombras nos horários:

13h30min e 14h15min.

4) Foi traçada com giz a Linha Norte–Sul no solo partindo das sombras

do gnômon traçadas no solo usando a bissetriz. Para traçar a

bissetriz os alunos puderam escolher os pares de sombras das:

10h30min com às das 13h30min ou 09h45min com às das 14h15min.

Como esta Linha Norte-Sul passou por cima do ponto onde estava o

gnômon, os alunos traçaram, a partir dele, uma reta perpendicular

encontrando assim a Linha Leste-Oeste.

5) Foi posicionado GLP em cima do cruzamento das Linhas Norte-Sul e

Leste-Oeste. Em seguida foram colocadas alguns gnômons (buchas

de nylon de 5 cm de comprimento) na superfície do GLP (distribuídas

no Meridiano que passa pela cidade de onde se situa o colégio em

que a atividade foi realizada).

6) Ao final, os alunos preencheram a Folha de Atividade 2 (ANEXO B).

Conteúdos trabalhados:

Matemática: operações matemáticas e arredondamento com unidades

de tempo, perpendicularidade, paralelismo, mediatriz, bissetriz, simetria,

42

circunferência, ponto, reta, plano, semirreta, segmento de reta, noções

direção e sentido e homotetia.

Geografia: Coordenadas geográficas (Latitude e Longitude), Pontos

Cardeais, Nascer e Ocaso do Sol, Estações do Ano e Polos geográficos.

Astronomia: Movimento de rotação e translação da Terra, a dinâmica

dos Astros do Sistema Solar.

3º Momento – Atividade complementar 1

Título: Medindo o comprimento da coluna de ferro

Duração: 1 hora no período da manhã

Esta atividade foi realizada ao ar livre na quadra de esportes e na sala de

aula, logo após o término da Atividade 02. Os materiais utilizados foram o

gnômon, giz, trena, nível de bolha e a folha contendo a atividade (ANEXO C).

Devido ao pouco tempo destinado para a realização da atividade, os alunos

foram divididos em dois grupos de onze alunos na quadra de esportes. Já na sala

de aula mantiveram-se as mesmas duplas da Atividade 02. Descrição da

atividade:

1) Verificação se o gnômon estava perpendicular ao solo.

2) Medir e anotar a altura do gnômon com o auxílio de uma trena.

3) Medir e anotar o comprimento da sombra do gnômon.

4) Medir e anotar o comprimento da sombra da coluna de ferro.

5) Medir e anotar a altura do muro, pois a coluna de ferro estava fixada em

cima do muro.

6) Em sala de aula (em duplas), os alunos calcularam o comprimento da

coluna de ferro de acordo com suas anotações,.

43

Conteúdos trabalhados:

Matemática: operações matemáticas com números decimais,

perpendicularidade, unidades de tempo, cálculo mental, razão e proporção e

semelhança de triângulos.

Geografia: Pontos cardeais, Linha Norte-Sul e Leste-Oeste,

Astronomia: Movimento de rotação da Terra.

4º Momento – Atividade complementar 2

Título: "Pré Sal"

Duração: 1 hora

O desenvolvimento desta atividade se deu com a leitura feita pelos alunos,

de texto intitulado "Pré Sal" (ANEXO D). Em seguida responderam ao

questionamento: "No texto comenta-se que no Pré-sal nem tudo é festa. Existe a

preocupação quanto a viabilidade econômica, pois, o desenvolvimento de novas

tecnologias e a cotação do mercado mundial podem tornar o processo de

exploração e produção inviáveis. Na sua opinião será que não devemos nos

preocupar com algo mais, além da viabilidade econômica? Justifique."

Conteúdos trabalhados:

Geologia: Processo de formação do pré sal.

Geografia: Regiões do Brasil, estados brasileiros, países produtores de

petróleo, bacias hidrográficas.

Matemática: Números inteiros, unidades de comprimento.

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CAPÍTULO 2

ATIVIDADE DE ENSINO 01:

A MATEMÁTICA NAS COORDENADAS GEOGRÁFICAS

No dia 20 de agosto de 2012 estivemos com os alunos do 8º ano do de um

colégio da rede particular do município de Guarulhos do Estado de São Paulo.

Nessa nossa conversa, explicamos sobre o projeto que gostaríamos de

desenvolver com eles.

Pontos informados aos alunos:

A importância deste trabalho para a comunidade acadêmica;

O quanto eles iriam desenvolver, trabalhando dentro de áreas como

Matemática, Astronomia, Geografia e História, dentre outras;

Informamos que o trabalho que tem um cunho internacional, pois uma das

atividades, denominada “Globo Local” tem desdobramento em outros

países;

Que os pais deveriam ler e assinar um termo de consentimento para que

pudessem participar da pesquisa.

Todos os alunos presentes aceitaram participar da pesquisa. Fizeram os

seguintes questionamentos: Se a investigação seria feita na própria escola? No

período de aula? Outra turma iria participar?

A essas questões, respondemos que a pesquisa seria realizada na escola

em período de aula e somente aquela turma participaria.

O primeiro encontro ocorreu no dia 31 de agosto de 2012 às 10h00min.

Constou com a presença de 24 alunos do 8º ano que foram divididos em doze

duplas, escolhidas de forma aleatória, sendo que cada dupla teve acesso a um

computador. Para a realização dessa atividade, contou-se com o apoio do

professor de Geografia do próprio Colégio.

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Além disso, esse encontro foi inteiramente filmado, visando o registro dos

trabalhos efetuados pelos alunos, sem privilegiar qualquer dupla,

independentemente do desenvolvimento de cada uma delas. Foi também utilizado

um projetor multimídia conectado ao computador do pesquisador, promovendo

uma melhor interação pois os alunos observavam em seus computadores o que a

atividade pedia.

2.1 Descrição da atividade 01

Cada dupla recebeu a Atividade de Ensino – 01, intitulada “A matemática

nas coordenadas geográficas” contendo sete páginas. (Cf. Anexo A). O início da

atividade (três primeiras páginas) teve como objetivo:

Familiarizar as duplas com o software Stellarium (página 01).

Trabalhar conceitos da Geografia, pré-requisitos para a realização

dessa atividade, dentre elas: Latitudes (paralelos), Longitudes

(Meridianos), Hemisférios, Pontos Cardeais, Meridiano de Greenwich,

Altitude e Fusos Horários (páginas 02 e 03).

Dar subsídios para que as duplas efetuassem os problemas solicitados

durante a atividade.

Durante a familiarização do Stellarium, observou-se que apenas um dos

alunos não conhecia o software, sendo necessário explicar seu funcionamento de

forma mais detalhada, o que aconteceu de forma rápida. Assim sendo,

explicamos a eles que Stellarium se tratava de um software livre, que serve como

um simulador na posição (Latitude, Longitude e Altitude) e visualização (claro ou

escuro) do céu em diversas cidades da Terra, na observação de diversos astros

dentro do Sistema Solar e de galáxias.

Nesse momento um aluno da Dupla 07, perguntou se seria possível ver

dentro de outras galáxias. Demos um tempo para que algum aluno respondesse,

mas não conseguimos ter sucesso. Então, dissemos que não seria possível,

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apenas poderíamos ver as estrelas que estavam dentro da nossa galáxia, ou seja,

a Via Láctea.

O desenvolvimento dos conceitos de Geografia decorreu de forma que os

alunos acompanhavam por meio das páginas 129 a 132 da Atividade 1, Anexo A,

ou pelo telão onde se promovia a explicação. Por meio desse procedimento,

procuramos promover a interdisciplinaridade entre a Geografia e a Matemática

com os conteúdos dos números inteiros, operações com ângulos e produto

cartesiano. O professor de Geografia acompanhou toda essa parte da Atividade 1,

aquelas que continham conteúdos de sua disciplina.

Em seguida, fizemos uma pergunta aos alunos: “o Brasil está no

Hemisfério Norte ou Sul?”. A maioria respondeu que estava no Hemisfério Sul.

Então perguntamos qual a região do Brasil estar localizado no Hemisfério Sul,

quando a maioria dos alunos respondeu que estava situado abaixo da Linha

(paralelo) do Equador. Neste momento informamos aos alunos que nem toda a

área do território nacional estava no Hemisfério Sul. Alguns alunos ficaram

intrigados com esta afirmação, mas dissemos a eles que no decorrer dessa

atividade teriam oportunidade de constatar a veracidade da informação.

A intenção desses questionamentos foi verificar se os alunos sabiam a

localização do Brasil no globo terrestre, ou seja, que a maioria do território

brasileiro encontra-se no Hemisfério Sul e uma pequena parte no Hemisfério

Norte. Dessa forma, estávamos interessados em proporcionar aos participantes a

oportunidade de perceber distâncias, noções de direção, sentido, posição e

espaço, necessárias à compreensão de conceitos geométricos e geográficos.

Chamamos a atenção dos alunos em relação ao comando do Stellarium: a

Janela de Localização [F6], em que as letras maiúsculas antecedem os valores

em graus das Latitudes e Longitudes. Essas letras são as abreviações em inglês

dos pontos cardeais. Os pontos cardeais Norte, Sul, Leste e Oeste são escritos

em inglês North, South, East e West. No software Stellarium, para direcionar as

Latitudes e Longitudes são usadas suas abreviações do inglês N (North), S

(South), E (East) e W (West).

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Na tela principal do Stellarium também se destacou os pontos cardeais,

que aparecem abreviados com a primeira letra na língua francesa. No exercício

01 as abreviações dos pontos cardeais tanto para o inglês como para o francês

foram colocadas na seguinte tabela (Figura 03).

Português Francês Inglês Português Francês Inglês

Norte Nord North Leste Est East

Sul Sud South Oeste à L`ouest West

Pontos Cardeais

Figura 03 - Tabela dos Pontos Cardeais

Fonte: Atividade de Ensino 01

Durante a explicação sobre a mudança dos Fusos Horários em função das

Longitudes, um aluno da Dupla 11 perguntou:

– Mas, não muda o Fuso Horário, não é, quando muda as Latitudes?

O aluno estava querendo confirmar se ocorre mudança de Fuso Horário em

relação às Latitudes. Em resposta, dissemos que o Fuso Horário só se altera de

acordo com as Longitudes. Essa mudança de horário é devido ao movimento de

rotação da Terra de Oeste para Leste.

Neste momento fizemos um breve comentário sobre a Conferência

Internacional do Meridiano realizada em 13 de outubro 1884 (Washington/ EUA).

Os 41 delegados de 25 países presentes decidiram que o Meridiano de

Greenwich torna-se o Meridiano principal, e que o mesmo determinava a

Longitude e estabelece os Fusos Horários pelo mundo.

Nessa ocasião o mundo foi dividido em 24 Fusos Horários. O procedimento

utilizado partiu que são gastos aproximadamente 24 horas para que a Terra

realize seu movimento de rotação completa (360º). Desse modo, cada Fuso

Horário corresponde a uma faixa de 15º de Longitude, o que equivale a uma hora.

Durante a leitura da Atividade 01 (Anexo A, p. 3), os alunos

acompanhavam, tanto por meio do texto e do telão, a explicação referente aos

Fusos Horários. A ideia era que os alunos constatassem que, nas faixas de Fusos

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Horários, a cada 15 graus que a Terra gira acrescenta-se uma hora, indo de Leste

para Oeste. Além disso, para as cidades que estavam a Oeste do Meridiano de

Greenwich os alunos deveriam subtrair uma hora e, a Leste, adicionar uma hora a

cada 15 graus.

Nessa perspectiva e observando a imagem do globo da página 131

(ANEXO A), alguns alunos confirmaram que as cidades brasileiras estariam com

seus horários atrasados em relação às cidades a leste do Meridiano de

Greenwich (Figura 04).

Figura 04 - Globo Terrestre - Fusos Horários Fonte: Atividade de Ensino 01

Para iniciarmos os trabalhos, dissemos para os participantes acertarem no

computador a hora e a data do computador. Assim, os computadores

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assinalaram a data 31 de agosto de 2012 e o horário 10h50min. A data e o

horário deveriam ser registrados página 03 da Atividade de Ensino (Figura 05).

DATA:

HORÁRIO:

Figura 05 - Registro: Data e horário da atividade

Fonte: Atividade de Ensino 01

2.2 Exercício 01

Quando os alunos executaram o software Stellarium, perceberam que a

data e horário estavam de acordo com aquele corrigidos por eles. Logo após essa

constatação, alunos das Duplas 03, 07 e 11 verificaram que a cidade que

aparecia no Stellarium era Paris–França. Nesse momento explicamos que o

software foi desenvolvido na França e vinha configurado para esta cidade e que

deveríamos alterá-lo de acordo com a primeira cidade dada no primeiro exercício

(Figura 06).

O exercício 01 solicitava aos alunos que localizassem as cidades citadas

informando suas Latitudes, Longitudes, Altitudes e as condições de luminosidade

do céu. Como a atividade foi realizada numa escola do município de

Guarulhos/SP, acreditamos ser mais coerente para os alunos a escolha desta

cidade.

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Figura 06 - Exercício 01

Fonte: Atividade de Ensino 01

Essa atividade teve como objetivo, primeiramente, executar o comando

Janela de Localização. Os alunos digitaram o nome da cidade Guarulhos,

conferiram o país (Brasil) e em seguida confirmaram. Assim, puderam verificar se

a Latitude, Longitude e Altitude eram as mesmas descritas na primeira linha da

tabela. Após essa confirmação, escreveram na última coluna da respectiva

cidade, se a imagem que aparecia na tela do computador indicava se o dia estava

claro ou escuro.

O dia ensolarado, as informações confrontadas entre a tabela e os dados

fornecidos pelo software possibilitaram a verificação de que as informações do

software eram confiáveis.

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Imagem 03

Duplas 01 e 02 executando exercício 01

A seguir, propusemos aos alunos preencher a tabela por completo. Eles

puderam ver na prática o uso valores de frações de ângulos (graus, minutos e

segundos), números inteiros negativos (altitudes de cidades “negativas”).

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Figura 07 - Resolução do Exercício 01 – Dupla 11

A consecução dessa atividade provocou nos alunos alguns

questionamentos, tais como:

Dupla 02

Em relação à cidade de Macapá:

Aluno A: Professor, como faz com 0°?

Pesquisador: 0° para Latitude ou Longitude?

Aluno B: Latitude.

Pesquisador: Verifique na página 02, onde é 0° para Latitude.

Aluno A: É na Linha do Equador.

Pesquisador Exatamente.

Aluno A: Não pode ser Latitude, ela passa pela Inglaterra.

Greenwich não passa pelo Brasil.

Pesquisador: Isso mesmo, é outro Meridiano que passa por

esta cidade.

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Dupla 06

Em relação à cidade de Toronto

Aluno A: Toronto é no Canadá?

Pesquisador: Sim, é no Canadá.

Aluno B: É eu lembro, lembrei da Fórmula Indy.

Pesquisador: Isso mesmo.

Dupla 05

Em relação aos segundos da Longitude, 47,99”, da cidade de Toronto

(W 79° 22’ 47,99”).

Aluno A: Professor aqui arredonda, né, para 48”?

Pesquisador: Perfeito, isso mesmo.

Dupla 02

Em relação à cidade de Almere.

Aluno A: Professor Netherlands é Holanda ou Irlanda?

Pesquisador: Pessoal (chamando a atenção de todos os

alunos), Netherlands é Holanda ou Irlanda?

Alguns alunos Holanda.

Dupla 01

Em relação à Altitude da cidade Almere.

Aluno A: Professor, a cidade de Almere na Holanda é

abaixo do nível do mar

Pesquisador: Sim, é.

Aluno A: Olha que da hora.

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A resposta do aluno A "olha que da hora" indica que essa informação foi

surpreendente para esse aluno, no sentido de descobrir a existência de cidades

abaixo do nível do mar. Por essa expressão, podemos inferir que a atividade

proporcionou ao aluno uma ampliação do conhecimento, pois teve acesso a algo

ainda desconhecido sobre o planeta em que habita. Naquele momento, não

fizemos comentários sobre essa questão. Entretanto, esse assunto foi comentado

em outra ocasião, quando o professor de Geografia explanou sobre cidades que

se encontram abaixo do nível do mar. Comentou que algumas cidades criam

diques para conter o avanço das águas, mantendo determinadas porções de terra

secas.

Como se pode observar, pelos diálogos entre os alunos e com o

pesquisador, houve envolvimento dos alunos durante a atividade, ocasião em que

procuraram solucionar suas dúvidas, a maioria delas referentes à localização,

arredondamento de números decimais e nomenclatura de termos de coordenadas

geográficas. Puderam, ainda, verificar uma aplicação prática para os números

inteiros não positivos, quando notaram que algumas localidades se encontram

abaixo do nível do mar.

Conceitos matemáticos foram trabalhados na área de Geografia, o que

denota uma intencionalidade de ocorrência da interdisciplinaridade. Como o

trabalho foi realizado com duplas de alunos, entendemos que, provavelmente,

ocorreu a aprendizagem de conceitos matemáticos (números decimais,

arredondamento, números inteiros positivos e não positivos, unidades de medida,

unidades de ângulo, posto que a atividade propiciava o diálogo entre as duplas e

entre o professor pesquisador e os alunos.

2.3 Exercício 02

Neste exercício, os alunos deveriam completar uma tabela retirando os

dados do exercício anterior. Eles deveriam encontrar quatro cidades que

atendessem as condições de Latitude e Longitude que o exercício pedia. A

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primeira cidade deveria estar localizada com Latitude Norte e Longitude Leste, a

segunda cidade Latitude Norte e Longitude Oeste, terceira Latitude Sul e

Longitude Oeste e, finalmente, a quarta cidade Latitude Sul e Longitude Leste.

As figuras 08 e 09 mostram respostas de algumas duplas:

Figura 08

Resolução do Exercício 02 – Dupla 09

Figura 09

Resolução do Exercício 02 – Dupla 11

Pudemos verificar que os alunos tiveram facilidade para responder a esse

exercício, mas acreditamos que, como as cidades foram escritas em uma tabela,

eles não tiveram uma visão espacial dessas cidades distribuídas no planisfério.

Prevendo essa situação, distribuímos aos alunos um Atlas cujas páginas centrais

tinha um planisfério. Assim, puderam localizar com um lápis, as cidades por eles

escolhidas.

Assim sendo, além do Stellarium, fornecemos aos alunos um planisfério

contido no Atlas Geográfico Escolar – atualizado CENSO 2010, para que os

alunos tivessem uma melhor visualização dessas cidades. Isso porque, enquanto

o Stellarium permite a visualização de uma cidade por vez, no planisfério é

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possível observar várias cidades ao mesmo tempo. No caso dessa atividade, as

quatro cidades escolhidas pelos próprios grupos de alunos.

As cidades também foram encontradas com facilidade, com exceção de

Almere, na Holanda. Sem a intervenção do pesquisador e podendo interagir entre

eles, procuraram usar as coordenadas da Latitude e Longitude. Mesmo assim,

algumas duplas tiveram dificuldade em localizar a referida cidade, pois um dos

grampos que encadernavam o Atlas estava bem em cima da Holanda, onde se

encontrava a cidade de Almere.

Situação ocorrida neste exercício:

Duplas 02 e 07

Localização de Almere no Planisfério

Aluno A:

(Dupla 07)

Cadê a Holanda?

Aluno A:

(Dupla 02)

Atrás do clipes.

Aluno A:

(Dupla 02)

Pra cima da Espanha.

Aluno A:

(Dupla 07)

Ha! Beleza encontrei.

Nesta situação, em que os alunos perceberam que cidade de Almere não

estava descrita no planisfério, as duplas localizaram o país. Esse mesmo

problema ocorreu com a localização da cidade de Nagoya, no Japão, que também

não estava descrita no planisfério. Na Imagem 04 é possível observar um aluno

da Dupla 01 localizando a Holanda no planisfério.

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Imagem 04

Aluno da Dupla 01 localizando a Holanda no Planisfério

Essa ocorrência, embora não premeditada, permitiu uma boa interação

entre as duplas. Verificou-se que, a iniciativa de indicar o país, já que não

estavam conseguindo localizar a cidade, proporcionou ainda mais a motivação

dos participantes em relação às atividades propostas.

Nossa pretensão, desse modo, foi preparar os alunos para o próximo

exercício 03, que diz respeito às coordenadas cartesianas, mais precisamente, a

nomeação dos quadrantes.

Em seguida, verificamos que iríamos passar do tempo previsto para a

realização dessa primeira atividade, então achamos melhor liberar os alunos para

descansarem por quinze minutos. Após o intervalo, os alunos realizaram os

exercícios faltantes.

Cumpre esclarecer que não foi possível cruzar os dados obtidos com

informações colhidas pela internet ou pelo globo terrestre. Os computadores,

durante essa atividade, não estavam conectados com a internet devido às

condições físicas propiciadas pelo Colégio e não havia globos terrestres

suficientes para todas as duplas de modo que fosse feito esse cruzamento de

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informações. Assim, a melhor opção foi a utilização de um planisfério contido em

Atlas escolar.

2.4 Exercício 03

O terceiro exercício continha uma elipse (simulando o planisfério) dentro de

um retângulo dividido em quatro partes congruentes (Figura 10). Procuramos dar

a ideia de quadrantes. Os alunos deveriam numerar cada uma das quatro cidades

do exercício anterior nos quadrantes.

Convém destacar que, para os alunos esclarecemos aos alunos que que a

elipse representava a planificação do globo terrestre, razão pela qual não se

apresentava como uma circunferência4.

Figura 10

Representação do Planisfério do Exercício 03

Durante esse procedimento, muitos alunos perceberam que os números

ficaram em ordem crescente, distribuídos no sentido anti-horário. Exemplificando:

4 Na projeção de Mollweide, a terra inteira é representada como uma elipse. Os paralelos de

latitude são linhas retas paralelas ao Equador. O espaçamento dos paralelos ao longo do meridiano central é calculado para assegurar que todas as áreas no mapa sejam iguais às áreas correspondentes no esferoide (PISSARRA, 2013).

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Figura 11

Resolução do Exercício 03 – Dupla 07

Figura 12

Resolução do Exercício 03 – Dupla 02

No primeiro quadrante, nas figuras 08 e 10, nota-se que o número 1 foi

colocado próximo ao Meridiano de Greenwich e próximo da Linha do Equador,

respectivamente. Perguntado sobre a razão dessas posições para o número 1, os

alunos da dupla 07 responderam que Holanda está próxima do Meridiano de

Greenwich, os da dupla 02 responderam que Nagoya está próxima da Linha do

Equador. Ao que tudo indica, os alunos perceberam a localização das cidades

sem contar com o apoio do planisfério e do Stellarium, ou seja, num plano

cartesiano contendo uma elipse ao centro.

Situação ocorrida neste exercício:

Duplas 01, 02 e 03

Duas cidades ficarem no mesmo quadrante.

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Aluno B:

(Dupla 03)

Professor ficaram duas cidades no mesmo quadrante.

Pesquisador: Como isto pode ser possível, quais são as cidades?

Aluno B:

(Dupla 02)

Rio de Janeiro e Macapá.

Pesquisador: Qual a Latitude de Macapá?

Aluno B

(Dupla 02)

Norte.

Pesquisador E qual a Latitude do Rio de Janeiro?

Alunos A e B:

(Dupla 02)

Sul.

Pesquisador: Se uma cidade está na Latitude Sul e outra está no Norte como podemos colocá-las no mesmo quadrante.

Aluno A:

(Dupla 01)

(para todos os alunos)

Em cima representa o Sul (abaixo da Linha do Equador) e em cima representa o Norte. E ele colocou os dois no Sul.

Pesquisador: Isso mesmo. Todos entenderam?

Alunos: Sim

Pudemos notar que essa dupla entendia que o Brasil está inserido

totalmente no Hemisfério Sul. Essa atividade possibilitou que eles percebessem

que uma pequena parte do Brasil se encontra no Hemisfério Norte,

particularmente a cidade de Macapá. Dessa forma, pudemos esclarecer os alunos

sobre a localização do Brasil, questão essa que havia ficado em aberto logo no

início da atividade.

2.5 Exercício 04

Para este exercício e os demais dessa atividade, desenvolvemos o Quadro

de Longitudes (Figura 13), que mostra todos os Fusos Horários do planisfério

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divididos a cada 15° e o Meridiano de Greenwich dividindo o quadro em duas

partes: Oeste e Leste.

Este exercício tinha como objetivo trabalhar as quatro operações

matemáticas básicas com ângulos inteiros e unidades de tempo bem como a

noção de sentido. No que tange à Geografia, procuramos explorar o conceito de

sentido Leste-Oeste, Meridianos e Fusos Horários. Como no Quadro de

Longitudes não estava desenhada nenhuma área territorial, achamos melhor

desenhar os Meridianos com linhas inteiras, diferentemente das linhas quebradas

apresentadas nos planisférios e globos terrestres.

LESTE (EAST)OESTE (WEST)

Figura 13

Quadro de Longitudes

Para facilitar na resolução do quarto exercício desenvolvemos um exemplo

(Figura 14) no intuito de ajudar na resolução deste exercício como os demais. A

explicação do exemplo foi acompanhado pelos alunos no telão. Era mostrada

uma cidade (Cidade A) que estava a Longitude W 60° (Oeste 60°) cujo seu

horário é de 03h00min e outra cidade (Cidade B) localizada na Longitude E 30°

(Leste 30°). Os alunos puderam ver a resolução do problema no telão informando

que o horário da Cidade B é 09h00min. Após explicação detalhada desse

exemplo e verificação de que todos os participantes entenderam o Quadro de

Longitudes, os alunos passaram a resolver dois exercícios, contendo três e dois

itens respectivamente.

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Para resolver o exercício 04, observe o exemplo:

A Cidade A está 60° a oeste do meridiano de Greenwich.

Longitude Horário A Cidade B está a 30° a leste do meridiano de Greenwich.

Cidade A W 60° 3:00 horas Logo:

Cidade B E 30° ? 60° + 30° = 90°

Divide-se 90° por 15° resultando 6 (horas de diferença entre A e B).

Qual é o horário na cidade B? O horário da Cidade B é de 3 + 6 = 9 horas

LESTE (EAST)OESTE (WEST)

A B

Figura 14 - Exemplo para o exercício 04

Fonte: Atividade de Ensino 01

Imagem 05

Alunos durante a Atividade 01

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2.5.1 Exercício 04, item a

No primeiro item (Figura 15) esperava-se que os alunos encontrassem o

valor 90°, referente à diferença entre a Cidade C (W 120°) e a Cidade D (W 30°).

Depois, dividissem por 15°, encontrando 6 horas. Em seguida, adicionassem

essas 6 horas com o horário da Cidade C (23h00min), encontrando o horário da

Cidade D igual a 05h00min.

a) Longitude Horário

Cidade C W 120° 23:00 horas

Cidade D W 30° ?

Figura 15 - Dados do exercício 04 - item a Fonte: Atividade de Ensino 01

Imagem 06

Dupla 11 resolvendo exercício 04

64

As duplas 01, 02, 05 e 07 encontraram o resultado correto, a sua resolução

foi fixar as cidades partindo da Cidade C para a Cidade D adicionando uma hora

a cada Meridiano (15°) no sentido Leste, ou seja, fizeram um cálculo mental.

Figura 16

Resolução do exercício 04.a - Dupla 07

As duplas 10, 11 e 12 fixaram as cidades no Quadro de Longitudes, mas

partindo da Cidade C já somaram uma hora, resultando no final um valor errado

de 06h00min.

Figura 17

Resolução do exercício 04.a - Dupla 10

As duplas 03 e 04, ao fixarem as cidades em vez de adicionarem uma hora

a cada 15° o fizeram a cada 30°, chegando ao valor equivocado de 02h00min.

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Figura 18

Resolução do exercício 04.a - Dupla 03

A dupla 08 fixou as cidades corretamente e montou um algoritmo de

divisão (90 ÷ 15 = 6). A este resultado adicionou 23h00min, resultando o valor

correto de 05h:00min.

Figura 19

Resolução do exercício 04.a - Dupla 08

A Dupla 09 fixou as cidades de maneira incorreta, de modo que a Cidade C

ficou na Longitude correta, mas a Cidade D foi fixada na Longitude L 30°, ao invés

de W 30°. Isso os levou a somarem as Longitudes das duas cidades. O valor

encontrado, 150°, foi dividido por 15° (um Fuso Horário) resultando 6 horas, que

foram adicionados às 23h00min da Cidade C. Para esta dupla o horário da

Cidade D foi 09h 00min.

66

Figura 20

Resolução do exercício 04.a - Dupla 09

A única dupla que desenvolveu a resolução de modo muito parecido ao

exemplo dado foi a Dupla 06. Eles montaram os três algoritmos para resolução:

subtração, divisão e adição. Um fato interessante é que os alunos não fixaram as

cidades no Quadro de Longitudes, mas mesmo assim chegaram ao horário

correto.

Figura 21

Resolução do exercício 04.a - Dupla 06

67

2.5.2 Exercício 04, item b

No item (b) (Figura 22) esperava-se que os alunos encontrassem o valor

90°, que é a adição entre a Cidade E (E 60°) e a Cidade F (W 30°) depois

dividissem por 15° encontrando 6 horas. Em seguida, subtraíssem do horário da

Cidade E (06h00min), encontrando o horário da Cidade F igual a 00h00min.

Nesse item, observou-se que algumas duplas relutaram em expor os

cálculos efetuados, ou seja, frações de graus e de tempo. Após a localização das

cidades, algumas duplas não utilizaram os algoritmos propostos pelo exemplo.

Eles utilizaram a contagem visual, ou seja, contaram as linhas (Longitudes) que

estavam entre as cidades.

b) Longitude Horário

Cidade E E 60° 06:00 horas

Cidade F W 30° ?

Figura 22 - Dados do exercício 04.b Fonte: Atividade de Ensino 01

As Duplas 01, 02, 03, 04, 05, 10, 11 e 12 chegaram ao resultado correto

fixando as cidades E e F. Como o sentido das cidades era de Leste para Oeste,

eles subtraíram mentalmente as horas da Cidade E, chegando ao horário correto

de 00h00min.

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Figura 23

Resolução do exercício 04.b - Dupla 12

A Dupla 09 cometeu outro erro ao fixar as cidades. A Cidade E foi anotada

na Longitude (60° Oeste) em vez de (60° Leste) e a Cidade F na Longitude (30°

Leste) sendo que o correto seria (30° Oeste) resultando 09h00min. Acreditamos

que a dupla partiu do Oeste para Leste e contou uma hora a cada 30° de

Longitude e adicionou três horas do horário da Cidade E.

Figura 24

Resolução do exercício 04.b - Dupla 09

A Dupla 07 fez os cálculos mentalmente, mas responderam erroneamente.

A dupla apenas localizou as cidades E e F, então, não tivemos condições de

identificar o real motivo do erro.

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Figura 25

Resolução do exercício 04.b - Dupla 07

A Dupla 08 chegou ao resultado esperado. A resolução foi muito parecida

ao exemplo dado. Foram armados os três algoritmos adição, divisão e subtração

e o registro das cidades E e F.

Figura 26

Resolução do exercício 04.b - Dupla 08

A Dupla 06 errou no cálculo das Longitudes das cidades. Eles deveriam

adicionar 90° com 30°, mas em vez disso, subtraíram esses valores chegando a

um resultado errôneo. Entretanto, no local onde estava o resultado do item, a

dupla escreveu a solução correta 00h00min. Além disso, deixaram em branco o

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Quadro de Longitudes. Provavelmente, os alunos constataram o erro, refizeram

os cálculos mentalmente e não corrigiram o algoritmo.

Figura 27

Resolução do exercício 04.b - Dupla 06

2.5.3 Exercício 04, item c

No item (c) (Figura 28) esperava-se que os alunos encontrassem o valor

180°, que é a adição entre a Cidade G (W 45°) e a Cidade H (E 135°), depois

dividissem por 15° encontrando 12 horas. Em seguida adicionassem o resultado

encontrado ao horário ao da Cidade G (10h00min), encontrando o horário da

Cidade H igual a 22h00min.

c) Longitude Horário

Cidade G W 45° 10:00 horas

Cidade H E 135° ?

Figura 28 - Dados do exercício 04.c

71

As duplas 01, 02, 03, 04, 05 e 06 chegaram ao horário correto da Cidade H

fixando as cidades e adicionando uma hora a cada um dos doze Meridianos que

separam as cidades G e H. A seguir, mostramos o procedimento da dupla 04.

Figura 29

Resolução do exercício 04.c - Dupla 04

As duplas 10, 11 e 12 fixaram as cidades corretamente entretanto, no

momento de partir da Cidade G (Oeste 45°) para a Cidade H (Leste 135°),

consideraram a Longitude da Cidade G, resultando treze horas a serem

adicionadas ao horário da Cidade G que era de 10h00min. O valor encontrado por

estas duplas foi 23h00min.

Figura 30

Resolução do exercício 04.c - Dupla 10

72

A dupla 08 encontrou o horário 21h00min. O erro encontrado pela dupla foi

no Quadro de Longitudes que deveria estar fixada na Longitude Oeste 45°, mas

fixaram em Oeste 30°. Os algoritmos foram montados, mas com valores errados.

Figura 31

Resolução do exercício 04.c - Dupla 08

A dupla 09 fixou as cidades corretamente no Quadro de Longitudes, mas

cometeu dois erros. Primeiro, ao adicionar as Longitudes 135° e 45° encontraram

o valor de 170 em vez 180. Com este resultado de 170° dividiram por 15°. O

quociente desta divisão foi 13 com resto 20. A dupla colocou esta resposta no

exercício, ou seja, 13h00min.

73

Figura 32

Resolução do exercício 04.c - Dupla 09

A Dupla 07 apenas desenharam a localização das cidades corretamente,

mas a resposta, foi parcialmente apagada. Identificamos o horário apagado como

21h00min.

Figura 33

Resolução do exercício 04.c - Dupla 07

Como se pode notar, os alunos tiveram a oportunidade de maneira prática

operações na base sexagesimal (frações de ângulos e tempo). A atividade

permitiu-lhes utilizar essas bases em problemas práticos.

74

2.6 Exercício 05

O quinto exercício encontra-se subdividido em dois itens. Em ambos os

casos, procuramos criar uma visão mais realista, uma vez que as cidades citadas

não são fictícias, como aquelas do exercício 04. Esclarecemos aos alunos

participantes que, para a resolução desse tópico, não seriam levadas em

consideração, também, as Latitudes das cidades.

2.6.1 Exercício 05 – item a

No item (a) (Figura 34) os alunos deveriam localizar no Quadro de

Longitudes as cidades de Brasília (W 47° 54' 36") e Lisboa (W 9° 8' 24"). Em

seguida, eles deveriam calcular a diferença, em graus, das duas cidades. Ainda,

calcular o horário de Lisboa, sabendo que o horário de Brasília é de 19h35min. As

respostas dessas atividades são: 38° 46` 12” para a diferença em graus das duas

cidades e 22h35min para o horário de Lisboa.

05 Resolva as situações dadas (desconsiderar as latitudes das cidades):

a) Brasília está localizada na longitude W 47° 54' 36" e Lisboa W 9° 8' 24" .

De acordo com as longitudes dadas, localize aproximadamente Brasília e Lisboa (Portugal) no esquema abaixo, em seguida

calcule o horário de Lisboa, sabendo que o horário em Brasília é 19 h 35 min.

HORÁRIO DE LISBOA

Qual a diferença em graus entre as

duas cidades:

Figura 34 - Dados do exercício 05.a

Fonte: Atividade de Ensino 01

75

Havia sido explicado aos alunos que a cidade de Brasília está na Longitude

W 47° 54' 36" e o seu horário se estende até a Longitude 45°. No caso da cidade

de Lisboa, com Longitude W 9° 8' 24" seu horário se estende até a Longitude 0°

(Meridiano de Greenwich). Chamamos a atenção, também, que os problemas

apresentados solicitavam aos alunos que respondessem a distância entre as duas

cidades apenas em graus e sem apresentar suas subdivisões, minutos e

segundos. Observou-se que nenhuma dupla não realizou as subtrações de

Longitudes entre as cidades com as subdivisões do grau. A partir desta

constatação, podemos levantar algumas hipóteses sobre os resultados

apresentados pelos alunos.

As duplas 01, 02, 03 04, 05, 08, 09, 10, 11, 12 responderam que a

diferença em graus entre as duas cidades era de 38°. Nenhuma dessas duplas

montou o algoritmo da subtração para encontrar a resposta que esperávamos.

Em relação ao horário, todas as duplas posicionaram as cidades no Quadro de

Longitudes corretamente, mas apresentaram os horário de 21h35min. Nas

Figuras 39 e 40 é possível ver as anotações efetuadas por algumas duplas.

Figura 35

Resolução do exercício 05.a - Dupla 12

76

Figura 36

Resolução do exercício 05.a - Dupla 11

A dupla 06 acertou 38º para a diferença em graus para as duas cidades,

mas cometeu um erro no horário de Lisboa. O horário apresentado pelo aluno foi

de 22h50min. Os cálculos feitos pela dupla foi somar 19h35min com 3h15 min.

Figura 37

Resolução do exercício 05.a - Dupla 06

Provavelmente os alunos apresentaram dificuldade em operar com as

subdivisões do grau e de tempo que é base 60, pois, em geral, não são

operações trabalhadas no cotidiano de sala de aula.

77

2.6.2 Exercício 05 – item b

Já no item (b) (Figura 38) os alunos deveriam localizar, no Quadro de

Longitudes, as cidades de Quito-Equador (W 78° 30') e Nagoya-Japão (E 136° 54'

36"). Em seguida, eles deveriam calcular em graus a diferença em graus das duas

cidades, bem como calcular o horário de Nagoya, sabendo que o horário de Quito

é 20h00min. As respostas a serem encontradas são 215° 24` 36” para a

diferença em graus das duas cidades e, para o horário aproximado de Nagoya,

10h00min.

b) Quito (Equador) está localizada na longitude W 78° 30' e Nagoya (Japão) E 136° 54' 36" .

De acordo com as longitudes dadas, localize aproximadamente Quito e Nagoya no esquema abaixo, em seguida calcule

o horário de Nagoya, sabendo que o horário em Quito é 20 h 00 min.

HORÁRIO DE NAGOYA

Qual a diferença em graus entre as

duas cidades:

Figura 38 - Dados do exercício 05.b

Fonte: Atividade de Ensino 01

As duplas 01, 02, 03 e 12, no cálculo da diferença em graus entre as duas

cidades apenas somaram os graus das duas Longitudes, encontrando o valor de

214°. Já para o horário de Nagoya, eles responderam 11h00min. Acreditamos que

este horário, encontrado pelos alunos, foi feito mentalmente somando uma hora a

cada 15° de Longitude no sentido oeste-leste até o Fuso Horário E 135°.

78

Figura 39

Resolução do exercício 05.b - Dupla 12

A dupla 05 encontrou mentalmente o valor correto de 214°. Em relação ao

horário, o procedimento foi muito parecido com os das duplas anteriores. Os

alunos somaram uma hora para cada Fuso Horário. O horário encontrado pelos

alunos foi de 12h00min. Acreditamos que os alunos contaram como hora quando

atravessaram as Longitude 75° e 135°, ou seja, duas horas a mais da resposta

correta.

Figura 40

Resolução do exercício 05.b - Dupla 05

No caso da Dupla 06 também foi encontrado 214°. Verificamos, no

momento em que foram calcular o horário da cidade de Nagoya, que os alunos

somaram 78° com 136° (valores em graus das Longitudes das cidades Quito e

Nagoya) totalizando 214°, que foram divididos por 15°. O valor encontrado por

79

eles foi 14,6 o qual foi arredondado para 15. Essa dupla, de maneira incorreta

responderam que o horário de Nagoya é 15h00min.

Figura 41

Resolução do exercício 05 – item b - Dupla 06

As duplas 09, 10 e 11 responderam corretamente tanto a diferença em

graus das duas cidades como o horário de Nagoya. Essas duplas também

encontraram o valor 214 graus, desconsiderando os valores dos minutos e

segundos. Os valores encontrados, pelo que pode se observar, também foram

encontrados mentalmente.

Figura 42

Resolução do exercício 05 – item b - Dupla 10

Observamos uma discussão entre as duplas 07 e 08, quando dividiram o

valor 214° (diferença em graus entre as duas cidades) por 15° e encontraram o

quociente 14,6. Ao valor inteiro 14, adicionaram 20h00min (horário de Quito)

encontrando 10h00min. Já para os 0,6 (seis décimos) fizeram uma regra de três

mentalmente (proporção), imaginando que, se fosse 0,5, seria igual a 30 minutos,

80

mas como eram 0,6, daria aproximadamente 35 minutos. O valor anotado por eles

foi 10h35min. Procuramos deixar as duplas desenvolverem este cálculo, mas, em

seguida, explicamos a eles e aos demais alunos. Que, na prática, não é assim

que funciona. As cidades estão contidas dentro de faixas (Fusos Horários). Então,

todas as cidades localizadas dentro dessa faixa, obedecem ao mesmo horário.

Outro fato interessante foi que a Dupla 07 usou o símbolo de aproximação ( )

antes da resposta, como é mostrado na Figura 43.

Figura 43 Resolução do exercício 05 – item b - Dupla 07

Novamente, observou-se que os alunos tiveram dificuldade em trabalhar

com número em bases diferentes daquelas a que estão acostumados, ou seja, a

base 10. A esse respeito, procuramos sanar as dúvidas que surgiram, auxiliando

e colaborando em possíveis dificuldades encontradas pelos alunos.

2.7 Relógio Mundial e Mapa dos Fusos Horários Mundiais

Finalizando essa primeira atividade, apresentamos aos alunos um Relógio

Mundial e Mapa dos Fusos Horários Mundiais (Figura 44). Ambos estão

disponibilizados na internet no endereço http://24timezones.com/hora_certa.php.

Ao expor essa página no telão, a imagem que aparece é um planisfério dinâmico

81

colorido, em que as partes claras (azul claro) indicam os locais da Terra que estão

com incidência de luz solar e as partes sombreadas (azul mais escuro) indicam

que os raios solares não estão incidindo naquelas regiões da Terra. Além disso, a

página mostra vários pontos (em amarelo) sobre o planisfério indicando algumas

cidades. Ao clicar em um dos pontos aparece no canto esquerdo inferior o nome

da cidade, país, data e horário local. Tivemos como propósito motivar, de forma

dinâmica, os assuntos que os alunos estiveram desenvolvendo até aquele

momento, mostrando em tempo real o que estava acontecendo em outras regiões

do planeta, em se tratando de horário, data e luminosidade.

Algumas cidades foram escolhidas pelos alunos, como por exemplo:

Melborurne/Austrália, Lisboa/Portugal, Tóquio/Japão. Estas cidades fizeram parte

da Atividade 01.

As Duplas 02 e 05 perguntaram: por que as linhas brancas verticais

(Meridianos) faziam alguns desvios estranhos?

Comentamos que esses desvios são chamados de linhas quebradas.

Essas linhas provocam alterações em Fusos Horários de algumas regiões. O

objetivo destas mudanças é promover uma melhor integração do país. Essas

linhas quebradas geralmente acompanham as fronteiras externas e internas dos

países. Alguns países também possuem grande extensão territorial no sentido

leste-oeste, podendo apresentar mais de um Fuso Horário. Para comprovar estas

observações nos remetemos ao Brasil.

Os alunos puderam acompanhar no telão os três Fusos Horários do Brasil.

Ao passar o mouse sobre o número -2 (duas horas a menos que a hora de

Greenwich) este Fuso Horário apresentou uma coloração diferente, de imediato

alguns alunos perceberam que neste Fuso Horário não continha nenhum estado.

O aluno A da Dupla 03 comentou que devia indicar a ilha de Fernando de

Noronha. Respondemos que ele estava correto e acrescentamos que outras ilhas

oceânicas estão dentro desse Fuso Horário.

82

Em seguida, fomos para o Fuso Horário -3. Vários alunos iniciaram um

debate em que puderam visualizar as fronteiras de alguns estados como por

exemplo: Pará, Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro.

No terceiro Fuso Horário -4, os alunos visualizaram os estados:

Amazonas, Acre e Mato Grosso.

Foi possível verificar que os alunos se esforçaram por apresentar um

resultado e estavam envolvidos com a atividade, o que lhes permitiram vivenciar

o trabalho de operar em outras bases numéricas e notar que essas bases

também estão presentes no mundo em que vivem.

Figura 44

Tela: Relógio Mundial e Mapa dos Fusos Horários Mundiais

2.8 Considerações sobre a Atividade 01

Acreditamos que conseguimos transmitir aos alunos a importância desta

primeira atividade. Eles puderam entender que antes de explorar e localizar

objetos no espaço, com uso conceitos matemáticos dentro de um ambiente

interdisciplinar, primeiramente devem conhecer o planeta onde vivem. Desse

modo, no desenvolvimento desta atividade, os alunos tiveram oportunidade de

compreender que:

83

1. as linhas imaginárias que cortam os Globos Terrestres e Planisférios

auxiliam a sua localização e de outras pessoas distribuídas pela

superfície terrestre;

2. a Terra é aproximadamente uma esfera que tem um movimento de

rotação de Oeste para Leste5;

3. diferentes cidades no mundo podem ter horários locais diferentes;

4. cidades podem ter altitudes diferentes, bem como algumas pode estar

abaixo do nível do mar;

5. os principais motivos de diferentes regiões do globo terrestre estarem

claro ou escuro são devido ao Sol e devido à Terra ter forma

aproximadamente esférica, rotação de Oeste para Leste e inclinação

de 23° 27` em relação ao Equador Celeste;

6. a importância de conceitos da Matemática já apreendidos e aqueles

que ainda apreenderão são essenciais para sua compreensão do

mundo que está ao seu redor.

Um fato que apresentou um bom resultado para o desenvolvimento desta

atividade foi iniciarmos com um resumo de alguns conceitos geográficos (Latitude,

Longitude, Pontos Cardeais, Altitude e Fuso Horário). Como os alunos já tinham

visto estes conteúdos em anos anteriores, nas aulas de Geografia, foi apenas

uma recordação de alguns itens e de outros que foram esquecidos por eles.

Nesse sentido, o auxílio do professor de Geografia foi imprescindível, tanto

durante a elaboração da atividade bem como junto aos alunos, ao procurar sanar

as dificuldades encontradas pelos alunos.

Utilizando as ideias da Interdisciplinaridade, percebemos ligações entre a

Matemática e a Geografia, onde conceitos de ângulo, operações com ângulos,

números inteiros, plano cartesiano e operações com unidades de tempo

trabalhadas de forma significativa mostram ao aluno que ele é capaz localizar

cidades no Globo Terrestre, o horário local e, ainda, se está claro ou escuro

nessas cidades.

5 Consideramos a Terra como aproximadamente uma esfera, pois neste trabalho não é exigido

cálculos precisos para um modelo diferente, como por exemplo, um geoide.

84

Também o uso do ambiente virtual proporcionado pelo software Stellarium

possibilitou que os alunos verificassem, de forma rápida, a localização no

Planisfério (do próprio software) de algumas cidades. Além disso, também

puderam se posicionar na Terra e obter outras informações.

A questão levantada por um aluno da Dupla 07, sobre ser possível ver

dentro de outras galáxias utilizando o software Stellarium, permitiu-nos inferir que

esse questionamento mostra um certo interesse por parte desse aluno em relação

a questões científicas que extrapolam assuntos normalmente discutidos em sala

de aula. Revela, ao nosso ver, que o assunto provocou uma atitude reflexiva e um

anseio por conhecimentos sobre o Universo que a ciência ainda não tem

resposta. Abre-se uma pequena centelha rumo à questões transdiciplinares.

No exercício 1, o aluno B da dupla 6 confirmou a informação dada pelo

software de que Toronto fica no Canadá, com uma informação vista na televisão,

no campeonato de Fórmula Indy. Dessa forma, nota-se que os alunos estão a par

de eventos esportivos veiculados nos meios de comunicação, de modo que, algo

do esporte, presente no dia a dia do aluno, foi lembrado em sala de aula.

Essa situação nos remete às palavras de D'Ambrosio

A pluralidade dos meios de comunicação de massa, facilitada pelos transportes, leva essas relações interculturais à dimensões verdadeiramente planetárias. [...] Estamos vivendo um período em que os meios de captação e processamento de informação de cada indivíduo encontram, nas comunicações e na informática, instrumentos auxiliares de alcance inimaginável em outros tempos. A interação entre indivíduos também encontram, na teleinformática, grande potencial, por ora difícil de se aquilatar, de gerar ações comuns (20009, p.33).

Assim, o uso de meios tecnológicos em ambiente escolar propicia

associações com informações advindas dos meios de comunicação em massa,

que potencializa a conscientização sobre a vida do ser humano na Terra e

também sobre o desenvolvimento de atitudes que possibilitem o desenvolvimento

do conhecimento científico em prol da sobrevivência humana.

Ao final da Atividade 1, retornamos ao assunto relativo aos países baixos,

ou seja, aqueles que se encontram abaixo do nível do mar, ocasião em que o

aluno A, surpreso, comentou: "olha que da hora" (exercício 1). Para tanto, a

85

Holanda foi tomada como exemplo e comentamos sobre a preocupação desse

país quanto à proteção da população contra enchentes e também ao cuidado com

a limpeza da água, já que recebe a água de outros países. Boa parte das

dificuldades encontradas pelos países baixos foi resolvida pela criatividade do ser

humano em construir diques, de modo a assegurar que as comportas de água

estejam fechadas. Assim, essa questão permitiu dialogar com as crianças sobre

os problemas enfrentados pelo Planeta Terra e enfatizar a questão do

desenvolvimento sustentável, utilizando recursos naturais que não agridam o

meio ambiente e preserve o planeta para as futuras gerações.

As atividades desenvolvidas, no nosso entendimento, atendem aos PCN

quando se manifestam:

... como as medidas quantificam grandezas do mundo físico e são fundamentais para a interpretação deste, as possibilidades de integração da Matemática com outras áreas do Ensino Fundamental ficam evidentes, como Ciências Naturais (densidade, velocidade, energia e létrica) ou Geografia (coordenadas geográficas, densidade demográfica, escalas de mapas e guias) (BRASIL, 1998, p. 85).

Assim, os trabalhos executados durante a Atividade 1 tiveram como base

a Geografia e a Astronomia, de modo que pudemos desenvolver vários conceitos

matemáticos, tornando a relação entre Geografia, Astronomia e Matemática

coniventes de um aprendizado interdisciplinar.

A atividade proposta foi planejada de forma a desafiar os estudantes a

estarem abertos a novos conhecimentos, fazendo interagir os conhecimentos e

experiências anteriores com os novos que lhes foram apresentadas. Por meio do

uso de novas tecnologias e do trabalho em grupo, pretendeu-se provocar nos

alunos uma atitude reflexiva, incentivada pelo diálogo e colaboração, que os

auxiliassem a produzir conhecimento e, ao mesmo tempo, os levassem a

respeitar a diversidade de ideias, valores e crenças de cada um.

Entendemos, dessa forma, que as atividades desenvolvidas

proporcionaram o desenvolvimento das vertentes formativa e informativa.

Formativa, porquanto forneceram aos alunos competências para acessar,

socializar e ampliar o conhecimento. Assim, procuramos desenvolver os

86

instrumento de comunicação, por meio das discussões ocorridas; de análise, uma

vez que os alunos efetuaram os problemas propostos, preencheram os roteiros de

atividades, realizaram cálculos e fizeram inferências; bem como de materiais, na

medida em que fizeram uso de instrumentos que permitiram a aprendizagem, tais

como o computador e o planisfério. Quanto à vertente informativa, ela se faz

presente nas tentativas de estimular a crítica dos participantes sobre as atividades

desenvolvidas, proporcionando a verificação de que os conhecimentos

matemáticos estão presentes no cotidiano.

87

CAPÍTULO 3

ATIVIDADE DE ENSINO 02: GLOBO LOCAL PARALELO

Esta atividade foi realizada com alunos do 9º ano, os mesmos que

participaram da Atividade 01 (A Matemática nas coordenadas geográficas) em

agosto de 2012, quando estavam no 8 º ano.

Deveríamos desenvolver esta atividade próximo do dia 20 de março, início

do Outono, mas nesses dias o céu se apresentou nublado ou chuvoso. Somente

no dia a 27 de março, por volta das 8h00min, quando verificamos que o céu

estava limpo, sem nuvens, principiamos o trabalho na quadra de esportes do

Colégio.

3.1 Apresentação da Atividade

Primeiramente, informamos que iríamos trabalhar com GLP - Globo Local

Paralelo e, para realizar essa atividade, deveríamos encontrar as Linhas Norte-

Sul e Leste-Oeste, para que o GLP fosse posicionado no solo de forma correta.

Para traçarmos estas linhas usaríamos as sombras projetadas por um gnômon

em determinados horários, recursos de construção geométrica e conhecimentos

de Geografia.

Também nos preocupamos em combinar os horários para a execução das

atividades. Esses horários seriam aqueles em que as sombras do gnômon

deveriam ser traçadas no solo. Assim, ficou combinado os seguintes horários:

9h45min, 10h30min, 13h30min e 14h15min.

Nesse mesmo dia, ou seja 27 de março, nos dirigimos para a quadra de

esportes, por volta das 8h30min, onde os alunos se dividiram em duplas

(formaram-se 9 duplas, num total de 18 alunos). Logo após, cada dupla recebeu

um gnômon que era confeccionado com a metade do cabo de uma vassoura

88

(aproximadamente 60 cm) e uma base retangular (Imagem 07). Solicitamos que

os alunos posicionassem os gnômons na marca pré-determinada pelo

pesquisador.

Imagem 07

Detalhes do posicionamento do gnômon

3.2 Posicionando o gnômon

Cada dupla (Imagem 08) posicionou seu gnômon no solo, usando o nível

de bolha (para encontrar a perpendicularidade do gnômon com o solo) e pedaços

pequenos de papelão que serviram para calçar a base do gnômon (para mantê-lo

estável e perpendicular ao solo).

Constatamos duas dificuldade dos alunos com o uso do nível de bolha: 1)

Para uma melhor precisão, comentamos que o nível de bolha deveria ser

89

encostado levemente paralelo ao gnômon. Neste momento, os alunos

apresentaram dúvidas sobre de que lado da base os calços deveriam ser

colocados. Após algumas explicações eles conseguiram compreender o

processo. 2) Para que a haste ficasse perpendicular ao solo, o nível de bolha

deveria ser encostado na haste em pelo menos duas posições de direção

diferentes (90º entre as duas posições). A maioria das duplas estavam

posicionando o nível em lados opostos (180º). Depois de mostrar o procedimento

correto, os alunos calçaram corretamente a base do gnômon, obtendo sucesso no

exercício.

Imagem 08

Dupla-03 posicionando o gnômon

A Dupla-02 perguntou se colocar o gnômon perpendicular ao solo, seria o

mesmo que colocar uma parede no prumo. Ao invés de responder, perguntamos

onde a dupla tinha escutado este termo. A resposta de um dos integrantes foi que

escutou seu pai conversando com um pedreiro que estava fazendo uma obra em

sua casa e utilizaram essa expressão. Em seguida, respondendo afirmativamente

à pergunta da dupla, asseveramos que um pedreiro usa uma ferramenta chamada

prumo para encontrar a perpendicularidade entre a parede e o solo. Tanto o

90

processo quanto o instrumento, no linguajar coloquial, é denominado pelo termo

"prumo".

Como a quadra de esportes estava em construção, conseguimos um

prumo e demonstramos para os alunos como este instrumento (prumo) é utilizado

pelos pedreiros nos muros que estão ao redor da escola. Assim, os alunos

puderam verificar, de forma simples, como os postes, muros e paredes são

construídos de forma perpendicular ao solo.

3.3 Traçando as sombras do gnômon

Como estávamos na quadra de esportes, a Dupla-04 sugeriu traçar uma

sombra para treinar o manuseio do gnômon, embora o horário não fosse o

combinado. Como a iniciativa foi aprovada por todas duplas, concordamos que

eles traçassem a sombra, isso por volta das 9h15min (Imagem 09) .

Imagem 09

Dupla-06 traçando a sombra por volta das 9h15min

91

Às 9h45min, os alunos traçaram a sombra do gnômon deste horário

(Imagem 10). Percebemos que ficaram em dúvida se tinham traçado a sombra

das 9h45min corretamente, pois as duas sombras (9h15min e 9h45min) estavam

com tamanhos diferentes. Respondemos que estavam certos, mas gostaríamos

que eles descobrissem sozinhos o motivo dessa diferença. Algumas duplas não

conseguiram descobrir o motivo. Sugerimos, então, que pensassem um pouco

mais e observassem melhor a próxima sombra, que seria às 10h30min.

Imagem 10

Dupla-07 preparando para traçar sombra das 9h45min

Por volta das 10h30min. na quadra de esportes, as duplas traçaram a

sombra do gnômon daquele horário. A discussão sobre o comprimento das

sombras reacendeu e as duplas iniciaram um debate sobre os motivos desse

acontecimento.

Apresentamos a seguir, os comentários e discussões entre as duplas:

Aluno A:

(Dupla 03)

Professor, a sombra das 8h45min é maior do que a sombra das 10h30min. Então a sombra do meio dia será a menor de todas na parte da manhã.

92

Pesquisador: Quem poderia ajudar no esclarecimento

dessa questão?

Aluno A:

(Dupla 09)

Acho que sim, pois após o meio dia o Sol estará no Oeste, fazendo sombra (no gnômon) no Leste, ou seja, meio dia é o

meio entre o Oeste e o Leste.

Aluno A:

(Dupla 02)

Ha! Acho que este "meio" é onde a sombra passa pelo Meridiano. É onde o Sol está mais alto no céu.

Aluno A Ah, entendi. Se o Sol está mais aqui no alto

a sombra do gnômon vai ser a menor.

Como pudemos perceber, a discussão estava se tornando muito rica para

todos. Continuamos a provocá-los.

Pesquisador

Como vocês disseram, a sombra estará sendo projetada no Leste, então no final da tarde a sombra do gnômon estará maior ou menor em relação ao primeiro horário, ou seja, 13h30min?

Aluno B:

(Dupla 03)

Estará maior, bem maior, até sumir.

Pesquisador: Ok, a sombra irá sumir e por que ela irá

sumir?

Aluno A:

(Dupla 01)

Porque a Terra está girando, então Sol estará iluminando outras partes da Terra.

Pesquisador Em que direção a Terra está girando?

Aluno B (Dupla 03)

Está girando para lá (apontando com as mãos para o Leste).

Pesquisador Quer dizer que a Terra está girando de

Oeste para Leste?

Aluno B (Dupla 03)

Sim.

Pesquisador Este movimento como se chama?

Dupla 04 Rotação.

93

Talvez por comparação entre as sombras projetadas, os alunos

perceberam que, à medida que o tempo estava passando, o Sol estava ficando

cada vez mais alto ( ou seja, com os raios solares perpendiculares, nas horas do

meio do dia), fazendo com que as sombras ficassem cada vez menores.

Nos debates acima podemos verificar que os alunos demonstraram

conhecimento do movimento de rotação da Terra e indicaram com gestos em que

sentido estava girando. A autonomia que tiveram para executar as tarefas

propostas possibilitou que refletissem sobre o movimento de rotação da Terra e

como esse movimento estabelece o dia e a noite, de modo que vissem "a ciência

em ação", observando o mundo "através dos olhos de um cientista aprendiz"

(GLEISER, 2000, p.4).

Comentamos com os alunos que poderíamos verificar o comprimento das

sombras do gnômon quando voltássemos à quadra de esportes no período da

tarde.

Em seguida, uma aluna da Dupla 02, perguntou se por meio do gnômon

que estávamos trabalhando era possível fazer um tipo de experiência como fez

Tales de Mileto6, ao medir a altura de uma pirâmide. Eles conheciam a

experiência de Tales de Mileto, pois esse assunto foi conteúdo trabalhado em

sala de aula pela professora de Matemática no ano anterior.

Consideramos muito pertinente a observação da aluna e propomos realizar

o referido experimento no próximo encontro (descrito após esta atividade). Os

alunos ficaram empolgados, tanto que a Dupla 03 e 09 sugeriram usar os

conceitos de razão e proporção.

Como era do conhecimento dos alunos que o início do Outono tinha sido

em 20 de março, explanamos que esta data é o Equinócio de Outono no

hemisfério Sul e Equinócio de Primavera no hemisfério Norte. Os equinócios

acontecem quando, tanto no hemisfério Sul quanto no hemisfério Norte, tem

6 Tales de Mileto (640 a.C.-564 a.C.) Considerado primeiro filósofo e matemático grego.

Interessado em Astronomia, provavelmente previu um eclipse solar ocorrido em maio de 585 a.C.. Interessou-se por Geometria calculando a altura da pirâmide de Quéops por meio de triângulos semelhantes (GARBI, 2007).

94

aproximadamente a mesma incidência da luz do Sol, acarretando que o dia e a

noite tenham a mesma duração.

Assim, às 13h25min os alunos já estavam no Colégio e nos dirigimos à

quadra de esportes. Quando o relógio marcou o horário combinado, 13h30min,

todas as sombras já estavam traçadas pelos alunos. Eles estavam muito

entusiasmados, uma vez que perceberam que a sombra estava aparecendo do

lado oposto ao horário da manhã e de forma simétrica ao horário das 10h30min.

Imagem 11

Aluna da Dupla-06 traçando a sombra das 13h30min

O próximo passo era traçar a sombra das 14h15min (Imagem 12). Eles

constataram que as sombras eram maiores do que a do horário anterior.

95

Imagem 12

Aluna da Dupla-03 observando as sombras traçadas, em destaque sombra traçada das 14h15min (ao fundo, em verde)

Após todas as sombras estarem traçadas no solo, solicitamos aos

alunos que anotassem os horários dessas sombras, de modo que respondessem

as questões 01 e 02 da Atividade 01, quais sejam, "Quais foram os horários que

você traçou as sombras no período da manhã?" e "Quais foram os horários que

você traçou as sombras no período da tarde?". O objetivo era fazer com que os

alunos registrassem esses horários, de modo que verificassem que as sombras

eram simétricas nos horários das 10h30min e 13h30min e pudessem traçar a

Linha Norte-Sul para, posteriormente, posicionar de forma homotética o GLP no

solo.

3.4 Traçando as Linhas Norte-Sul e Leste-Oeste

O próximo passo era encontrar a Linha Norte-Sul, mas o céu começou a

apresentar muitas nuvens, e corríamos o risco de não conseguir claridade

suficiente para continuarmos com a atividade naquele dia. Procuramos acelerar o

passo de modo que ficassem traçadas no solo, com tinta permanente, as Linhas

96

Norte-Sul e Leste-Oeste, pois poderíamos continuar o trabalho com o GLP em

outro dia ensolarado.

Chamamos a atenção dos alunos sobre essas linhas prolongadas,

denominadas semirretas, tendo como ponto em comum, o ponto de posição do

gnômon. Queríamos que os alunos se concentrassem em duas sombras:

10h30min. e 13h:30min, pois elas formavam um ângulo e sua bissetriz serviria

como apoio para construção da Linha Norte-Sul.

Solicitamos aos alunos que ficassem próximos das sombras traçadas pela

Dupla 05. Iniciou-se o seguinte diálogo:

Pesquisador

(Selecionamos as sombras das 10h30min e 13h30min)

Será que a sombra das 10h30min. é do mesmo tamanho da sombra das 13h30min.?

Aluno A

(Dupla 03)

Sim é o mesmo.

Pesquisador Solicitei a este aluno que usasse uma trena para medir estas sombras.

Aluno A

(Dupla 03)

Professor uma mede 45 cm e a outra está medindo 44 cm.

Pesquisador

A sombra da manhã mediu 45 cm e a sombra da tarde 44 cm. (Informei aos alunos que deve ter ocorrido um erro no momento em que os alunos traçaram as sombras)

Pesquisador

Qual o conceito geométrico que podemos nos referir em relação a estas igualdades: o tamanho das sombras da manhã e da tarde, o tempo de 1h30min antes e depois do meio dia?

Aluno A

(Dupla 09)

(Depois de uns 30 segundos e conversa em voz baixa entre os alunos)

Professor é a simetria. O que tem deste lado é igual ao outro lado (referindo-se às sombras da parte da manhã e da tarde)

97

O próximo passo foi fazer com que os alunos descobrissem que a Linha

Norte-Sul era o prolongamento da bissetriz do ângulo formado pelas sombras

projetadas das 10h30min e 13h30min.

Pesquisador

Entre essas duas sombras temos um ângulo, precisamos traçar uma semirreta que divide este ângulo ao meio. Como é chamada esta semirreta?

Alunos das Duplas 02,

03 e 08

Bissetriz

Pesquisador Neste caso, qual seria o procedimento para

traçar esta bissetriz?

Aluna A

(Dupla 02)

(Obs.:Os alunos tem aulas de Desenho Geométrico desde o 6º ano)

A aluna pegou o compasso de lousa e traçou no chão a bissetriz7 (Imagem 13).

Pesquisador

Durante os horários das 10h30min e 13h30min foram projetadas diversas sombras. Esta bissetriz traçada pode representar a sombra de que horário?

Aluno A

(Dupla 03)

A sombra do meio dia.

Pesquisador Se prolongarmos esta bissetriz passando

pelo vértice que linha encontraremos?

Aluno B

(Dupla 09)

Greenwich.

Aluno B

(Dupla 03)

Meridiano de Greenwich.

Pesquisador Onde fica a cidade de Greenwich?

Aluna A

(Dupla 02)

Fica na Inglaterra.

Pesquisador Esse Meridiano passa na Inglaterra e em outras cidades que estão na mesma

7 Poderíamos ter usado barbante para traçar as linhas e os arcos traçados no chão. Como

tínhamos pouco tempo e a escola disponibilizou régua e compasso de madeira, optamos por utilizá-los.

98

Longitude.

No nosso caso este Meridiano traçado no chão está passando em que cidade?

Aluno A

(Dupla 03)

Guarulhos

Aluna A

(Dupla 03)

Ah! tá.

Nossa, que bacana.

Pesquisador

Isso. Este Meridiano é o que passa aqui na marca deste gnômon.

Agora, cada um de vocês vão encontrar os Meridianos que passam pelos pontos onde ficaram os seus gnômons.

Aluno A

(Dupla 02)

Professor, este Meridiano, podemos dizer que é o eixo de simetria das sombras?

Pesquisador

Sim, podemos dizer. Isto é confirmado tomando como exemplo a sombra das 10h30min que é do mesmo tamanho da sombra das 13h30min.

Solicitamos aos alunos que fossem para suas respectivas marcações e

retirassem os gnômons. Logo após, com auxílio de giz e régua, que

prolongassem as sombras até o ponto de onde foi retirado o gnômon, pois a base

do mesmo encobria esse ponto (Imagem 14). Em seguida, cada dupla traçou a

Linha Norte-Sul (Imagem 15 e 16).

99

Imagem 13

Aluna da Dupla-02 construindo a bissetriz

Imagem 14

Aluno da Dupla-03 prolongando as sombras traçadas

100

Imagem 15

Dupla 08 preparando para traçar a Linha Norte-Sul

Imagem 16

Aluno da Dupla-09 observando a Linha Norte-Sul, construído por meio da bissetriz das sombras das 10h30min e 13h30min.

101

Prosseguindo com a atividade, ficamos posicionados em uma das Linhas

Norte Sul traçada pelos alunos, de forma que ficamos de frente para o Norte.

Iniciamos então uma discussão:

Pesquisador Do nosso lado direito é Leste ou Oeste?

Diversos alunos

Leste.

Aluno A

(Dupla 03)

O Sol nasceu atrás daquele prédio e fez sombra no gnômon do outro lado (Oeste)

Pesquisador Bom, todos de acordo que este lado é

Leste?

Alunos Sim.

Pesquisador Muito bom, se este lado é Leste, este lado

consequentemente é?

Alunos Oeste

Pesquisador

(Para representar a Linha Leste Oeste colocamos uma régua em cima da marca do gnômon cruzando a Linha Norte-Sul perpendicularmente).

Pesquisador O cruzamento da Linha Norte-Sul com a

Linha Leste-Oeste poderia nos dar qual informação?

Aluno B

(Dupla 08)

Onde você está na Terra.

Pesquisador Podemos melhorar esta resposta.

Alguns alunos

A sua localização na Terra.

Pesquisador Só a minha localização?

Alguns alunos

A nossa também.

Pesquisador Só eu e vocês que podemos ser localizados?

Aluno A

Dupla 02

Não. Acho que todas as pessoas da Terra.

Pesquisador Sim, ótimo é isso mesmo.

Aluno B

Dupla 04

Professor se todos nós temos nossa localização, como é que ficam as pessoas que moram em prédios?

102

Pesquisador

Boa pergunta, sim é verdade. Neste caso a localização é a mesma, o que muda é altura.

Aqui no colégio é um desses casos. Estamos aqui na quadra (2º andar) e temos pessoas abaixo de nós, no 1º andar e no térreo, que podem estar na mesma localização que nós.

Após essa discussão, prosseguimos propondo aos alunos que deveríamos

encontrar a localização do nosso gnômon. Precisávamos traçar a Linha Leste-

Oeste e a sugestão das duplas 02 e 03 é que deveria ser traçado uma linha com

90º em relação a Linha Norte-Sul, que passasse pelo ponto onde estava o

gnômon. A Dupla 03 comentou que eles, então, iriam traçar uma reta

perpendicular. Procuramos deixar os alunos a vontade para fazer esta

construção. Todas as duplas ficaram discutindo sobre qual o processo usariam

para a construção dessa linha perpendicular. Percebemos que as dúvidas quanto

ao procedimento na construção dessa linha foram sanadas entre eles, atingindo

assim nosso objetivo (Figura 17). Como as técnicas trabalhadas estavam

corretas, não houve necessidade de intervenção.

Chamamos a atenção dos alunos que os pontos cardeais Leste e Oeste,

não necessariamente são os as posições onde o Sol nasce ou se põe, e sim, as

direções das linhas que eles encontraram. E que durante o ano o Sol nasce em

pontos diferentes do lado nascente e se põe em pontos diferentes do poente.

103

Imagem 17

Aluno da Dupla-09 construindo a Linha Leste-Oeste perpendicular a Linha Norte-Sul

Já estava previsto pintar as Linhas Norte-Sul e Leste-Oeste e depois

trabalhar com o GLP, mas devido ao tempo nublado que se apresentava naquele

momento, combinamos que iríamos continuar a atividade no dia seguinte no

período da manhã, pois precisávamos de um dia ensolarado. Os alunos, então,

com auxílio de um pincel, tinta preta (à base de água) e uma barra de metal

pintaram suas linhas e os Pontos Cardeais respectivos (Imagem 18). A Dupla 03,

comentou sobre a importância de deixar as marcações registradas no solo do

quadra de esportes, pois os demais alunos das outras séries do Colégio poderiam

ter contato com aquele trabalho e também ficar interessados em conhecer o

projeto. Este fato nos chamou a atenção, pois se verifica uma preocupação de

que estes conhecimentos adquiridos fossem também transmitidos para os demais

alunos do Colégio. Denota ainda a importância dada ao trabalhado efetuado.

104

3.5 Atividade de Ensino 02 - itens a) e b)

Após os alunos encontrarem as Linhas Norte e Sul, os alunos deveriam

responder aos itens a) e b) da Atividade de Ensino 02 - GLP (ANEXO B).

Deveriam ser anotados os horários em que as sombras foram traçadas do

período da manhã e da tarde.

Imagem 18

Dupla 06 pintando a Linha Norte-Sul com auxílio da barra de metal

Imagem 19

Dupla 01 pintando a Linha Leste-Oeste

105

Já no dia seguinte, por volta das 08h20min, com os alunos na quadra de

esportes (Imagem 20), conversamos sobre como seriam desenvolvidas as

atividades daquela manhã. Todos os alunos voltaram as marcas das Linhas

Norte-Sul e Leste-Oeste traçadas por eles no dia anterior e novamente

posicionaram os gnômons com auxílio dos níveis de bolha (esta reposição será

justificada a seguir no desenvolvimento de uma atividade complementar. Como

tínhamos pouco tempo para a realização da atividade (por volta de 1h30min),

decidimos que esta atividade (ANEXO B e C) seria realizada com duas duplas ao

mesmo tempo, ou seja, com 4 alunos.

Imagem 20

GLP posicionado sobre as Linhas Norte-Sul e Leste-Oeste

Quando percebemos que os alunos já haviam posicionado corretamente os

gnômons, nos reunimos em torno de uma das marcações e posicionamos GLP.

Demonstramos que a Linha Norte-Sul traçada no solo, deveria ser o mais próximo

do Meridiano do GLP, ou seja, uma Longitude aproximada de 46º. Também foi

usada a régua de graus do próprio GLP, rotacionando o Globo na Latitude do

106

local (23º 14"). Comentamos que o GLP estava colocado de forma homotética em

relação a Terra (Figura 45).

Figura 45

Representação do GLP colocado de forma homotética com a Terra

3.6 Atividade de Ensino 02 - itens c), d) e e)

Iniciamos com a leitura das 3 questões faltantes da Atividade de Ensino -

Globo Local Paralelo. Devido ao pouco tempo que tínhamos para realizar a

atividade, separamos os alunos em quatro grupos, dois com 6 alunos e os outros

dois com 5 alunos, totalizando 22 alunos.

O item c da Atividade 03 (Anexo B) solicitava aos grupos encontrar, no

GLP, uma cidade que estivesse amanhecendo. Os alunos comentaram que seria

107

interessante encontrar uma cidade que apresentasse uma sombra bem comprida

do gnômon que estavam posicionando manualmente.

O relógio estava marcando 8h35min quando grupo-01 iniciou a questão 03.

Como o GLP estava posicionado com seu Meridiano paralelo ao Meridiano do

local, os grupos levaram seus gnômons (usaram lápis ou as buchas de nylon)

para ver o comportamento das sombras. O grupo 01 escolheu a cidade de David,

no Panamá.

Imagem 21

Aluna do Grupo 01 posicionando um gnômon sobre o GLP e verificando o comportamento da sua sombra

O grupo 02 teve certa dificuldade na escolha da cidade. Eles sabiam que

no decorrer do tempo o Sol nasce em diferentes lugares no horizonte e que o Sol

só nasce no Leste nos equinócios. Além disso, sabiam que os equinócios ocorrem

nos meses de março e setembro, em particular, no Hemisfério Sul, o início do

outono acontece no mês de março e a primavera no mês de setembro.

Percebemos pela discussão do grupo que alguns componentes apontavam

para esta região no céu e escolheram no GLP cidades que estavam voltadas para

o Sol como, por exemplo, alguns países da África e da Europa. No momento em

108

que íamos intervir, um aluno do grupo 03 solicitou se poderia dar a sua opinião.

Eis o relato do que se passou em seguida:

Aluno

(grupo 03)

O Sol nasce a Leste, parece que o Sol vai fazendo isso, (o movimento com o braço direito - de leste para oeste), mas quem está girando é a Terra (movimento com o braço esquerdo de Oeste para Leste)

Aluno

(grupo 03)

O Sol está parado entre aspas, a gente vai rodando, aí ele (Sol) vai subindo aqui (gesticulando com os braços)

Aluno B Aqui vai diminuindo (apontando em uma

região leste do globo)

Aluno

(grupo 03)

Sim e vai escurecendo.

Aluno C A tá, beleza entendi, então tem que ser pra

cá (apontando para países no oeste da América do Sul).

Aluno

(grupo 03)

Professor, falei certo?

Pesquisador Sim falou, foi ótimo. Parabéns.

Alunos Vamos escolher a cidade de Buenos Aires

na Argentina.

Destaque-se que o aluno A não era do grupo e ainda assim se propôs a

ajudar os colegas. Dessa forma, observa-se que o aluno se coloca numa postura

de solidariedade e colaboração com os colegas, indicando que o saber/fazer

aprendido poderá ser utilizado no futuro (D'AMBROSIO, 2010).

O grupo 03 foi mais rápido, logo pegou o gnômon e foi direto a alguns

países no oeste da América do Sul e escolheu a cidade de Mendoza na

Argentina.

O grupo 04 observou cidades na América do Sul, mas percebeu que a

região Oeste do Estados Unidos estava também amanhecendo e escolheu a

cidade do Alabama. A esse respeito ocorreu a seguinte discussão entre alguns

componentes do grupo:

109

Aluno A

- Olha a divisão aqui. (Mostrando uma linha paralela aos Meridianos que dividia onde estava claro e escuro).

Aluno B

É verdade. Mas olhem aqui nos Estados Unidos está amanhecendo (apontando para algumas regiões onde seu gnômon (Imagem

22) estava fazendo uma sombra comprida).

Aluno B Aqui vai diminuindo (apontando em uma

região leste do globo)

Aluno C Olha no Alabama está amanhecendo.

Aluno C Vamos colocar as duas cidades

Grupo Ok. vamos.

Imagem 22

Grupo 4 posicionando o gnômon na cidade de Alabama

O item d da atividade solicitava que os grupos escolhessem uma cidade no

GLP que estivesse com o Sol se pondo. Percebemos que nas discussões, os

alunos fizeram a seguinte relação: as sombras ao amanhecer ficavam mais

110

compridas e estavam a Oeste, então ao entardecer as sombras também estariam

compridas, só que no outro sentido, ou seja, a Leste.

O grupo 01 iniciou a atividade sentando no chão e procurando uma cidade

que atendia o exercício.

Aluna A Aqui ó Bangkok. (apontando com caneta no

GLP)

Aluna B Como se escreve isso?

Aluna A Bang .....kok

Pesquisador Onde fica Bangkok?

Alunas A e B Fica na China.

Pesquisador Será que fica na China?

Alunas A e B

Espera um pouco (elas ficaram olhando para o GLP procurando o país correto)

Bangkok fica na Tailândia.

Aluno C Eu vou colocar Auden, na Rússia.

Aluno do grupo

Sim, podemos colocar Bangkok e Auden.

Do mesmo modo, o grupo 02 escolheu a ilha de Madagascar, o grupo 03 a

cidade de Daca, em Bangladesh e o grupo 04 a Ilha de Nicobar, pertencente à

Índia. Durante essa atividade, as dúvidas que surgiram foram sanadas por meio

de diálogos entre os componentes dos grupos e também pela ajuda de alunos

dos outros grupos que já haviam terminado a atividade.

O item e) solicitava aos grupos encontrar, no GLP, uma cidade onde a

sombra do gnômon passasse por cima do seu Meridiano.

O grupo 01, usando o gnômon, escolheu a cidade de Kaduna, na Nigéria,

onde era projetada uma pequena sombra sobre seu Meridiano. Durante a escolha

da cidade, pelo grupo 02, tivemos que fazer uma intervenção, usando as marcas

das Linhas Norte-Sul e Leste-Oeste que estavam pintadas no chão:

111

Pesquisador - Se a sombra estivesse passando sobre esta

Linha (Linha Norte-Sul), que horas seria aqui em Guarulhos?

Alunos do Grupo 2

Meio dia.

Pesquisador Então vocês devem procurar uma cidade no

GLP, onde a sombra projetada do gnômon passe por cima do Meridiano desta cidade.

Aluna A Alagoas (apontando para o globo, mas sem

usar o gnômon para se certificar).

Aluna B

Alagoas está no mesmo horário que a gente.

(A aluna coloca o gnômon na cidade de

Alagoas e compara a sombra projetada com a sombra de Guarulhos).

Olha aí, a sombra é praticamente do mesmo tamanho.

Aluna A E se escolhermos Lisboa, Portugal?

Aluno C Olha que da hora, a sombra está para o

Norte e não para o Sul (Imagem 23).

Aluno C Ah, é porque nós estamos no Hemisfério Sul

e Portugal está no Hemisfério Norte.

Este exercício solicitava que os alunos encontrassem uma cidade no GLP

que estivesse com o Sol se pondo. Como os alunos perceberam que as sombras

ao amanhecer ficavam mais compridas e estavam em direção ao Oeste, então,

concluíram que ao entardecer as sombras estariam a Leste.

O grupo-01 iniciou a atividade sentando no chão e procurando uma cidade

que atendia ao exercício.

112

Imagem 23

Detalhe da sombra projetada no Hemisfério Norte

Trabalhando com projeções, utilizando o GLP e as Linhas Norte, Sul, Leste

e Oeste traçadas no chão, procuramos fazer uma comparação entre o GLP e

essas linhas. A intenção era fazer com que os alunos entendessem que, uma

sombra projetada no chão, sobre a Linha Norte-Sul indica que é meio dia local, e

uma sombra incidindo sobre o Meridiano que passa sobre uma cidade do GLP

indica que a referida cidade também se encontra nesse mesmo horário. Enquanto

alguns alunos do grupo-02 entenderam imediatamente essa constatação, o aluno

A sentiu dificuldade nesse entendimento, apontando o estado de Alagoas, sem a

preocupação de utilizar os gnômons para se certificar. Os próprios integrantes do

grupo interviram, mostrando a ele que não era meio dia no estado de Alagoas.

Os demais grupos tiveram algumas dificuldades parecidas com a do grupo

02. Uma das dificuldades referia-se ao posicionamento do gnômon, pois as

sombras projetadas pelas mãos dos alunos encobriam essa sombra. Este fato foi

solucionado pela intervenção do pesquisador, que recomendou aos alunos que

segurassem as bases dos gnômon com as mãos mais espalmadas, possibilitando

melhor visualização da sombra projetada pelo gnômon.

O grupo 03, após resolver o problema da sombra da mão e do braço, que

inviabilizava a projeção da sombra, optou pela cidade de Marselha, na França. O

113

grupo 04 escolheu a cidade de Bidon, na Argélia, quando a mesma não

apresentava sombra do gnômon, fato este que chamou a atenção dos alunos.

Imagem 24 - Grupo-03 posicionando o gnômon. No detalhe, os alunos visualizam a sombra do gnômon

na cidade de Bidon/Argélia

De fato, na cidade de Bidon, naquele dia e horário a sombra do gnômon

estava projetada sobre o meridiano. Essa constatação respondeu a uma questão

que se encontra na questão 5 da Atividade de Ensino 02 (Anexo B).

Provavelmente, o GLP permitiu aos alunos uma melhor visualização local e

global do mundo em que vivem. O empenho era de todos e, em certos momentos,

constatamos grande entusiasmo entre os participantes gerado pela atividade, de

modo que, alguns alunos munidos dos seus gnômons (bucha de nylon ou lápis)

queriam verificar, todos ao mesmo tempo, como ficavam as sombras desses

instrumentos pela superfície do GLP.

114

3.7 Atividade complementar 1: medindo o comprimento de uma coluna de

ferro

Em seguida à Atividade 02, realizamos uma outra, complementar,

atendendo à solicitação de uma aluna da Dupla 02, ao questionar se seria

possível calcular o comprimento de uma coluna de ferro (Imagem 25) que estava

colocada em cima do muro da quadra, da mesma forma que Tales de Mileto

procedeu para calcular a altura das pirâmides. Nesse sentido, elaboramos uma

atividade que procurasse atender à essa reivindicação.

Imagem 25 Detalhe da coluna de ferro e o muro - Atividade complementar 1

Solicitamos que todas as duplas voltassem para seus respectivos gnômons

(os gnômons estavam posicionados desde o início da Atividade 2) e usassem

uma trena para medir a altura do gnômon. Para essa atividade, os alunos foram

divididos em 2 grupos de onze alunos, mas cada aluno recebeu uma folha

115

contendo a atividade (ANEXO C ) a ser realizada. Os alunos deveriam, com o

auxílio de uma trena, fazer medições e preencher o quadro abaixo (Figura 46).

a) HORÁRIO DA ATIVIDADE

b) ALTURA DO GNÔMON (DO CHÃO ATÉ SUA EXTREMIDADE)

c) COMPRIMENTO DA SOMBRA DO GNÔMON

d) ALTURA DO MURO

e) COMPRIMENTO DA SOMBRA COLUNA DE FERRO + MURO

metros

metros

metros

metros

Figura 46 Tabela da Atividade complementar 1

Os três primeiros itens desta atividade foram resolvidos em duplas. No item

a) foram anotados 09h07min, o comprimento dos gnômons era padrão e foram

anotados 61cm. Quanto ao item c, relativo ao comprimento das sombras dos

gnômons, as medidas variaram entre dois valores: 80 cm e 81 cm. Provavelmente

faltou um pouco de rigor e precisão ao coletar esses valores (Imagem 26).

116

Imagem 26

Alunos medindo o comprimento do gnômon

Para responder ao item d, os alunos mediram a altura do muro onde estava

fixada a coluna de ferro. O valor encontrado pelos alunos foi de 1,50m.

Quando os alunos foram medir o comprimento da sombra da coluna de

ferro, percebemos que alguns deles já discutiam sobre o fato da medida da

sombra encontrada não ser somente da coluna de ferro e sim da coluna de ferro

adicionada à altura do muro.

Outro detalhe que nos chamou a atenção foi que essa sombra media mais

de 5 metros. Como a trena usada tinha comprimento de 5 metros, os alunos

mediram a sombra até a referida medida e, em seguida, continuaram medindo o

restante da sombra (Figuras 27 e 28). Os valores encontrados foram 5,34m e

5,37m. Essa diferença pode ter ocorrido devido à possível dificuldade encontrada

pelos alunos durante a medição pois, por alguns minutos não tivemos claridade

suficiente para projetar a sombra da coluna de ferro.

117

Imagem 27

Aluno marcando no chão o limite da trena (5metros) em relação à sombra da coluna de ferro

Imagem 28

Alunos medindo o restante da sombra da coluna de ferro

118

Com todos dados obtidos para a conclusão da atividade, os alunos foram

para uma sala de aula para elaborar um croquis do gnômon, da coluna de ferro

com o muro e suas sombras, com seus respectivos comprimentos. Aguardamos

alguns minutos e provocamos os alunos sobre como deveriam encontrar o

comprimento da coluna de ferro a partir dos dados encontrados.

Aluno A Podemos resolver por razão e proporção.

Aluno B Como assim?

Aluno A Professor posso explicar na lousa?

Pesquisador Sim, sem problemas.

Alguns alunos

Professor, nós entendemos, podemos ir resolvendo o exercício.

Pesquisador Sim, podem resolver.

Pesquisador Aluno A, pode vir explicar para os demais.

Aluno A

A razão entre a altura do gnômon que nós

medimos com a altura da coluna de ferro que nós não temos, podemos chamar de x.

Proporcional entre a sombra do gnômon e a

sombra da coluna de ferro.

Alguns alunos

Há... Lembrei.

Aluno C Professor, mas tem um detalhe.

Pesquisador

Qual seria?

(A maioria dos alunos ficaram prestando a atenção).

Aluno C Se “fazermos” isso. Encontraremos a altura

da coluna de ferro adicionada com a altura do muro.

Pesquisador Ok. O que você sugere então?

Aluno C

Depois que a gente encontrar o valor pelo método que o Aluno A falou, devemos subtrair da altura do muro que é de.....(procurando na folha de atividades) 1,5m.

Pesquisador Muito bom. Isso mesmo, parabéns.

119

Agora vamos todos resolver a atividade

Este debate com os alunos foi muito proveitoso, pois percebemos a

participação e colaboração de todos. Para altura do muro adicionado ao

comprimento da coluna de ferro, alguns alunos encontraram o resultado de 3,95

m e 3,99 m. Como esses valores foram subtraídos pela altura do muro (1,50 m),

os resultados finais foram 2,45 m e 2,49 m.

3.8 Atividade complementar 2: Pré Sal

Em outro momento, em sala de aula, propusemos aos alunos uma

atividade que envolveu a preservação a natureza (no caso os oceanos) e a

exploração do petróleo. O propósito dessa atividade foi estimular os alunos a

refletirem sobre o respeito que se deve ter pelo meio ambiente.

Os alunos foram dispostos em duplas de forma aleatória, onde leram um

texto intitulado "Pré Sal" (ANEXO D) e, em seguida, fizemos o seguinte

questionamento: "No texto comenta-se que no Pré-sal nem tudo é festa. Existe a

preocupação quanto à viabilidade econômica, pois, o desenvolvimento de novas

tecnologias e a cotação do mercado mundial podem tornar o processo de

exploração e produção inviáveis. Na sua opinião será que não devemos nos

preocupar com algo mais, além da viabilidade econômica? Justifique"8.

À essa solicitação, obtivemos diversas respostas, dentre as quais

destacamos as que seguem:

8 O texto "Pré Sal" foi elaborado a partir de dois outros, extraídos dos sites

http://www.conexaoaluno.rj.gov.br/especial.asp?EditeCodigoDaPagina=1478 e http://pt.wikipedia. org/wiki/Camada_pr%C3%A9-sal.

120

Figura 47 Respostas dos alunos sobre a questão do "Pré Sal"

As respostas dos alunos mostraram preocupação com o meio ambiente, no

sentido de se perguntarem se esse tipo de exploração se faz realmente

necessário, a que preço e a que risco. Os alunos fizeram comentários sobre

empresários gananciosos, que visam somente lucro, sem se preocupar com

possíveis desastres ecológicos, como a destruição da vida marítima e a poluição

do mar e das praias. Esta preocupação vem ao encontro das ideias defendidas

por D`Ambrosio (2009), explicitados em seu "Triângulo da Sobrevivência",

considerando que, com a destruição da natureza não poderemos dar continuidade

à espécie.

Enfim, essa questão nos auxilia a perceber quando um problema é tratado

com um olhar transdisciplinar, de forma que conhecimentos de diversas áreas

podem ser estudados e aplicados, possibilitando explicar, entender e lidar com as

necessidades de sobrevivência e de transcendência (D`AMBROSIO, 2009).

121

3.9 Considerações sobre as atividades do capítulo 3

"Quem altera a atitude é o leitor, não o texto. Quem caminha é o caminhante, não a estrada"

Walmir T.Cardoso, 2010.

Pudemos constatar o envolvimento e aceitação das atividades pelos

alunos, quando expuseram suas opiniões, fizeram inferências e solicitaram novas

atividades, utilizando conceitos trabalhados anteriormente. Do mesmo modo que

na Atividade 02, no desenvolvimento desta última atividade de ensino, os alunos

tiveram oportunidade de compreender que:

1. a utilização do gnômon bem como do nível de bolha, compasso e

régua, possibilitou colocarem em prática conceitos matemáticos como

reta, semirreta, projeção, ângulos, bissetriz, perpendicularidade, arco de

circunferência, simetria, semelhança de triângulos e proporcionalidade.

2. trabalhar com o gnômon permite verificar o efeito do movimento de

rotação da Terra, uma vez que a luz do sol incidindo sobre o gnômon

vai projetando sombras em posições diferentes no decorrer do dia.

3. desde as primeiras horas do dia até o meio dia, as sombras vão

diminuindo de tamanho e, no período da tarde, a sombra vai

aumentando à medida que o sol vai se pondo.

4. o gnômon possibilitou encontrar as posições desses alunos na Terra,

ao traçarem no solo as Linhas Norte-Sul e Leste-Oeste e os Pontos

Cardeais.

5. o GLP pode proporcionar como se dá o movimento de rotação da

Terra, as diferenças entre o hemisfério Sul e hemisfério Norte e como

as sombras se comportam em cada um desses hemisférios.

6. ao meio dia, em alguns lugares, o gnômon não projeta sombras e em

outros, a sombra está sobre o Meridiano local.

A Atividade Complementar 01 originou-se da curiosidade de uma

participante da pesquisa, quando fez uma comparação entre as sombras do

gnômon com o feito de Tales de Mileto ao medir a altura de uma pirâmide. A

122

aluna percebeu a possibilidade de medir a altura de uma coluna de ferro que se

encontrava no muro da quadra de esportes. Esse fato nos chamou a atenção,

pois a referida aluna conseguiu relacionar um matemático com as atividades

realizadas com o gnômon e um objeto comum nos dias de hoje, qual seja, a

coluna de ferro.

O anseio de conhecer mais e a iniciativa de calcular a barra de ferro

utilizando o mesmo processo de Tales de Mileto foi um exercício de redescoberta

da aluna, ao reviver um trabalho realizado no Egito antigo. Seu desejo contagiou

os alunos participantes desta investigação. Exerceu-se, assim, a essência do

aprendizado, Foi um momento privilegiado ocorrido durante a pesquisa, pois

despertou nos alunos a vontade de fazer o mesmo que Tales fez. Tratou-se,

então, de valorizar a dúvida dos alunos: Será que o feito de Tales funciona

mesmo? Esse questionamento provocou nos alunos a curiosidade sobre

conhecimentos matemáticos, mais precisamente, geométricos. Dessa forma, a

Atividade de Ensino 02 sofreu dessa forma uma modificação, foi aumentada em

função da dúvida e anseios dos alunos. Foi um momento de solidariedade,

envolvimento e de satisfação pelos resultados obtidos.

Houve a intenção de produzir um trabalho interdisciplinar na medida em

que as atividades foram trabalhadas e interligadas dentro de um contexto em que

as disciplinas Matemática, Geografia, História se fizeram presentes. O professor

de Geografia participou da elaboração de parte das atividades desenvolvidas,

aquelas referentes ao encontro das linhas Norte-Sul; Leste e Oeste; aos Pontos

Cardeais e às questões que solicitavam aos alunos encontrar no GLP cidades

que estavam amanhecendo ou entardecendo.

Do mesmo modo como na Atividade de Ensino 01, os trabalhos realizados

e descritos neste capítulo também proporcionaram o desenvolvimento das

vertentes formativas e informativas, pois, relativamente ao instrumento

comunicativo, observou-se que os alunos e professor discutiram, leram e

escreveram durante o procedimento para determinar a altura da coluna; ao

analítico, quando os alunos efetuaram cálculos, inferências e tiraram conclusões;

aos materiais, quando fizeram uso do gnômon e da trena. Percebeu-se

123

igualmente a presença da vertente informativa, quando os alunos socializaram os

resultados encontrados.

Dessa forma, procurou-se estimular nos alunos refletir sobre questões

relativas à atualidade, entendendo que existem problemas gerais e globais que

merecem sua atenção. O uso do texto relativo ao Pré-Sal teve intenção de

despertar nos alunos essa responsabilidade para com a sobrevivência do Planeta

Terra. Tomamos como fundamento a Carta da Transdisciplinaridade destacando

que um dos princípios da transdisciplinaridade é justamente o ser humano

reconhecer a Terra como sua pátria e a necessidade de preservá-la. Assim

sendo, procurou-se proporcionar uma visão mais ampla dos relacionamentos de

sobrevivência individual, da espécie humana e de sua continuidade.

O espírito de colaboração relatado neste capítulo ocorreu durante todas as

suas atividades, indicando que os assuntos e modo como foram abordados

propiciaram a interação, a participação, o interesse, a criatividade, a reflexão, a

iniciativa e a solidariedade entre os participantes dessa investigação.

124

CAPÍTULO 4

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente trabalho foi desenvolvido a partir de atividades de ensino que

envolviam problemas que relacionavam conteúdos de Matemática com conteúdos

de outras áreas do conhecimento, em particular, da Astronomia. Fundamentou-se,

basicamente, no Programa Etnomatemática, elaborado por D´Ambrosio (2005),

notadamente no que tange à interdisplinaridade e a transdisciplinaridade.

A questão de pesquisa proposta para orientar este trabalho foi:

Como um estudo integrado de Matemática e Astronomia pode

contribuir na construção dos conhecimentos de Matemática de modo que

possibilite um melhor entendimento de mundo aos estudantes do 8º e 9º

ano do Ensino Fundamental?

Para responder a esse questionamento, realizamos atividades de ensino,

utilizando conceitos da Matemática e de Astronomia, dentre outras áreas do

conhecimento, tendo como sujeitos alunos do 8º ano (7ª série) e 9º ano (8ª série)

do Ensino Fundamental II de um colégio da rede particular do município de

Guarulhos, no estado de São Paulo.

As atividades foram realizadas em dois momentos. No primeiro, os alunos

foram levados ao laboratório de informática onde puderam trabalhar conteúdos

matemáticos bem como de Astronomia, por meio do software Stellarium e de um

planisfério. No segundo, os alunos foram conduzidos para a quadra de esportes

onde, por meio de um gnômon e o GLP - Globo Local Paralelo puderam refletir a

respeito de sua posição e de outras pessoas sobre a superfície da Terra,

conduzidos por conceitos de Matemática e Astronomia, como também de

Geografia.

No primeiro momento, os alunos do 8º ano foram distribuídos de forma

aleatória, em duplas. Diante de um ambiente virtual propiciado pelo aplicativo

125

Stellarium os alunos tiveram a oportunidade de expor seus pensamentos,

validando, ou não, suas hipóteses diante das atividades propostas.

Com os instrumentos disponíveis como o computador, software Stellarium

e um planisfério, os alunos participantes deveriam responder questões ligadas às

coordenadas geográficas, Fusos Horários, Altitude, rotação da Terra. Para

respondê-las, desenvolveram hipóteses, as quais eram conferidas no aplicativo

Stellarium, discutiram seus resultados com outras duplas e eventualmente

reformularam suas conjecturas.

A Atividade 1 (Primeiro Momento) propiciou aos alunos a oportunidade de

entrar em contato com conteúdos matemáticos como plano cartesiano, esfera e

sua planificação, operações com números inteiros, ângulos e unidades de tempo.

Pelo modo como a atividade transcorreu constatou-se que ideias de

Interdisciplinaridade estavam presentes, quando os alunos puderam perceber

ligações entre Matemática, Astronomia e também Geografia.

Diante das diversas observações feitas pelos alunos, consideramos que as

atividades realizadas proporcionaram aos participantes momentos de reflexão e

aprendizagem, especialmente quando estavam diante de fatos ligados ao seu dia

a dia, como sua localização e de outras pessoas na Terra. Esses momentos

despertaram a curiosidade dos alunos, por exemplo, sobre a existência de

cidades que estão abaixo do nível do mar e das linhas de Fusos Horários

quebradas.

No segundo momento (Atividade 2 e atividades complementares) os alunos

já se encontravam no 9º ano. Boa parte das atividades foi realizada com os

alunos dispostos em duplas, também formadas aleatoriamente.

Nessa Atividade 2, de posse de um gnômon, giz, régua de 1 metro e nível

de bolha, as duplas deveriam traçar as Linhas Norte-Sul e Leste-Oeste, a partir

das sombras do gnômon projetadas no solo. Com estas linhas traçadas no solo

foi possível posicionar o GLP - Globo Local Paralelo, permitindo assim responder

as questões solicitadas na referida atividade. O GLP possibilitou aos alunos

descobrir como a Terra está posicionada no espaço em relação ao Sol; que o

126

movimento de rotação da Terra é o fator determinante do dia e da noite; o que

ocorre em cidades distribuídas pela superfície da Terra em relação ao horário e

se é dia ou noite; que ao meio dia, em algumas cidades, o gnômon não projeta

sombra, e em outras cidades, a sombra está sobre o seu Meridiano local.

Pudemos observar que, neste segundo momento, à medida que eram

feitas as atividades, os alunos passaram a utilizar terminologias como Longitudes,

Meridianos e Linha Norte-Sul, o que nos leva a concluir que eles fizeram uma

apropriação dessas nomenclaturas.

Ao que tudo indica, as atividades propostas promoveram nos alunos um

papel de transcendência nos seus conhecimentos. No momento em que estavam

comparando as sombras do gnômon e o comprimento do mesmo, a aluna da

Dupla 02, questionou sobre a possibilidade de calcular a altura de uma coluna de

ferro que estava disposta em cima do muro em torno da quadra de esportes,

fazendo uma analogia com a altura das pirâmides feita por Tales de Mileto. Para

responder essa questão, desenvolvemos uma atividade complementar, quando

utilizamos conceitos matemáticos (razão e proporção e semelhança de triângulos)

e o uso dos instrumentos disponíveis (gnômon e trena).

Assim as atividades propostas tiveram papel provocador na troca de ideias

entre os alunos com assuntos recentes e que levaram a questões sobre o

desenvolvimento sustentável, a preservação do meio ambiente, a preocupação

com o planeta e o anseio por conhecimentos sobre o Universo, incluindo aqueles

os quais a ciência ainda não tem resposta. Desse modo, acreditamos que essas

atividades revelaram um pensamento transdisciplinar, que se manifestou no

compartilhamento dos saberes apreendidos, promovendo nos alunos um papel de

transcendência de seus conhecimentos.

Constamos, entre os alunos, grande respeito e preocupação em ajudar os

que tinham dificuldades. Acreditamos ter oferecido a eles, ainda que

parcialmente, a oportunidade de repensar o mundo, de reconhecer que um

depende do outro, e que devemos ter a natureza do nosso lado. Quando

desrespeitamos a natureza devemos saber interpretar suas manifestações. A

127

Matemática nos deu a possibilidade de compreender fenômenos naturais durante

o desenvolvimento deste trabalho. Então, como podemos usá-la em prol da

natureza e de um mundo mais pacífico? Esta constatação está acordada com a

afirmação de que “A Matemática está em todo o lado!” e no desenvolvimento de

ações para a defesa do Planeta Terra (APM, 2013). Nesse sentido, em sala de

aula, propusemos aos alunos uma atividade que envolveu a preservação da

natureza (no caso a dos oceanos) e a exploração do petróleo.

Dessa forma, procurou-se despertar nos alunos questões relativas à

atualidade, entendendo que existem problemas gerais e globais que merecem

sua atenção. O texto relativo ao Pré-Sal procura despertar nos alunos essa

responsabilidade para com a sobrevivência do Planeta Terra. Tomamos como

fundamento a Carta da Transdisciplinaridade destacando que um dos princípios

da transdisciplinaridade é justamente o reconhecimento para o ser humano da

Terra como sua pátria e a necessidade de preservá-la. Assim sendo, procurou-se

proporcionar uma visão mais ampla dos relacionamentos de sobrevivência

individual, da espécie humana e de sua continuidade.

Concebendo o conhecimento como resultante da busca pela sobrevivência

e pela transcendência (D’AMBROSIO, 2009), as atividades propostas procuraram

relacionar diversos conhecimentos científicos. Ao que tudo indica, as atividades

desenvolvidas proporcionaram o desenvolvimento das vertentes formativa e

informativa, ao permitir aos alunos a possibilidade de acessar, sociabilizar e

ampliar seus conhecimentos.

No desenvolvimento deste trabalho, defrontamo-nos com as mais variadas

situações, exteriorizadas nos diálogos, discussões, espontaneidades,

curiosidades e solidariedades, estampadas nos rostos dos alunos, quando

ficavam maravilhados por uma nova descoberta ou quando conseguiam

compreender os fenômenos estudados. Assim sendo, as atividades implicaram

em uma mudança no modo de ver dos alunos, não somente em relação aos

conteúdos matemáticos, como também aos de outras áreas do conhecimento,

possibilitando-lhes uma visão mais real e democrática do mundo, ao tentar obter

respostas e realizar descobertas.

128

A nosso ver, este trabalho difere daquele que, em geral, é praticado no

ensino tradicional. A forma como as atividades foram elaboradas e conduzidas,

fizeram com que os alunos entrassem em ação. O manuseio de instrumentos

como: gnômon, régua, compasso, GLP e trena, por diversas vezes impulsionou

os alunos a ver, pensar, repensar, ouvir e discutir, validando assim, suas

hipóteses ou respondendo suas questões.

Também foi possível observar que os alunos fizeram uso de conceitos

adquiridos nas aulas de Matemática em curso na escola. Durante o processo de

encontrar e traçar as Linhas Norte-Sul e Leste-Oeste usaram conceitos de reta,

segmento de reta, simetria, bissetriz e perpendicularidade, bem como manuseio

de régua e compasso, necessários para a construção destes conceitos.

Como impacto resultante deste estudo, destacamos que algumas semanas

após a realização desse trabalho, fomos procurados por alguns pais dos alunos

que participaram das atividades. Devido ao entusiasmo apresentado pelos alunos

durante o trabalho desenvolvido, os pais manifestaram interesse em desenvolver

atividades semelhantes aquelas desenvolvidas por seus filhos. Dessa conversa

ficamos acordados que iríamos promover outras atividades, só que desta vez com

a presença dos pais. Após comunicar essa notícia com a direção do colégio,

agendamos para o mês de novembro de 2013, a realização de um trabalho

semelhante à Atividade de Ensino 02, fazendo uso do gnômon e do GLP.

O olhar dos pais para as atividades escolares de seus filhos e o desejo de

obter maiores conhecimentos a respeito dos assuntos trabalhados que os

empolgaram também pode ser visto como um aspecto transcendente, pois, esse

olhar para ações de seus filhos, ao vê-los crescer e participar ativamente de suas

atividades, lhes proporcionaram a possibilidade de refletir sobre o mundo em que

vivem, a conscientização dos problemas que a Terra vem enfrentando e a criação

de estratégias de sobrevivência..

Como sugestão para futuras pesquisas, propomos o estudo dos erros dos

alunos cometidos ao longo do desenvolvimento da Atividade 01. Embora

entendermos a importância desse tema, não nos foi possível trabalhá-lo,

129

porquanto o tempo destinado para a realização desta dissertação não nos

permitiu dar prosseguimento a um estudo dessa natureza. Outro tema passível de

pesquisa e que pelo mesmo motivo não foi possível trabalhar, diz respeito às

diferenças entre o meio dia solar e o meio dia do relógio.

Esperamos que as atividades de ensino abordadas nesta investigação

despertem nos professores a possibilidade de trabalhá-las em suas aulas, de

maneira que seus alunos participem de forma ativa e efetivamente da construção

de sua aprendizagem, fazendo com que a interdisciplinaridade e a

transdisciplinaridade se façam presentes, possibilitando a eles o encontro de

respostas para a compreensão de fenômenos naturais, assumindo atitudes

responsáveis e democráticas para com o mundo em que vivemos.

130

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