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Orao Muda
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Orao Muda
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No. 3
Q U E S T E SC R U C I A I S
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A Orao Muda as Coisas?
raduzido do original em ingls
Does Prayer Change Tings?, por R. C. Sproul
Copyright 1983, 1999, 2009 by R. C. Sproul
Publicado por Reformation rust Publishing
a division of Ligonier Ministries
400 echnology Park, Lake Mary, FL 32746
Copyright2011 Editora FIEL.
1 Edio em Portugus 2012
Todos os direitos em lngua portuguesareservados por
Editora Fiel da MissoEvanglica Literria
P
, ,
, .
Presidente: James Richard Denham III.Presidente emrito: James Richard Denham Jr.
Editor: iago J. Santos Filho
raduo: Francisco Wellington Ferreira
Reviso: Elaine R. O. Santos
Diagramao: Rubner Durais
Capa: Gearbox Studios
ISBN: 978-85-8132-024-3
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SumrioUm O Lugar da Orao ...................................................... 7
Dois O Propsito da Orao............................................ 13
Trs O Padro da orao ................................................. 27
Quatro A Prtica da Orao ............................................ 55
Cinco As Proibies da Orao ....................................... 83
Seis O Poder da Orao ................................................... 93
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Cap t u l o Um
O Lugar da Orao
Qual o alvo da vida crist? a piedade resultante de
obedincia a Cristo. A obedincia abre as riquezas daexperincia crist. A orao motiva e nutre a obedi-
ncia, colocando o corao na mentalidade apropriada
para desejar a obedincia.
claro que o conhecimento importante porque
sem ele no podemos saber o que Deus requer. Todavia,
conhecimento e verdade permanecem abstratos se no te-
mos comunho com Deus em orao. O Esprito Santo
ensina, inspira e ilumina a Palavra de Deus para ns. Ele
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ministra a Palavra de Deus e nos assiste em responder aoPai em orao.
Em palavras simples, a orao tem um lugar vital navida do cristo. Algum pode orar e no ser um cristo,
mas algum no pode ser um cristo e no orar. Romanos
8.15 nos diz que a adoo espiritual que nos torna filhos
de Deus nos leva a clamar em expresses verbais: Aba!
Pai! A orao para o cristo o que a respirao para avida, mas nenhum outro dever cristo to negligenciado.A orao, pelo menos a orao particular, difcil de
ser feita a partir de um motivo falso. Algum pode pregar
com um motivo falso, como o fazem os falsos profetas.
Algum pode se envolver em atividades crists com base
em motivos falsos. Muitas das realizaes externas docristianismo podem ser feitas com base em motivos fal-
sos. Contudo, altamente improvvel que algum tenha
comunho com Deus a partir de motivos imprprios.Somos convidados, at ordenados, a orar. A orao
tanto um privilgio como um dever. E qualquer dever
pode se tornar laborioso. A orao, como todos os meios
de crescimento para o cristo, exige trabalho. Em um sen-
tido, a orao no natural para ns. Embora tenhamos
sido criados para a comunho e interao com Deus, os
efeitos da Queda tm-nos deixado preguiosos e indiferen-
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O Lugar da Orao
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tes para com algo to importante como a orao. O novonascimento desperta um novo desejo de comunho com
Deus, mas o pecado resiste ao Esprito.Podemos obter conforto no fato de que Deus conhe-
ce nossos coraes e ouve nossas peties no proferidas,
assim como ouve as palavras que emanam de nossos l-
bios. Sempre que somos incapazes de expressar os senti-
mentos e emoes profundas de nossa alma ou quandoestamos totalmente incertos sobre o que deveramos orar,o Esprito Santo intercede por ns. Romanos 8.26-27
diz: O Esprito, semelhantemente, nos assiste em nossa
fraqueza; porque no sabemos orar como convm, mas
o mesmo Esprito intercede por ns sobremaneira, com
gemidos inexprimveis. E aquele que sonda os coraessabe qual a mente do Esprito, porque segundo a vontade
de Deus que ele intercede pelos santos. Quando no
sabemos como orar em determinada situao, o EspritoSanto nos assiste. H razo para crermos, com base neste
texto, que, se oramos incorretamente, o Esprito Santo
corrige os erros em nossas oraes, antes que as apresente
ao Pai, pois o versculo 27 nos diz que segundo a vontade
de Deus que ele intercede pelos santos.
A orao o segredo da santidade se santidade, de
fato, tem algum segredo. Quando examinamos a vida dos
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grandes santos da igreja, vemos que eles eram grandes pes-soas de orao. John Wesley comentou certa vez que no
tinha muita apreciao por ministros que no gastassempelo menos quatro horas por dia em orao. Lutero disse
que orava regularmente uma hora por dia, exceto quando
experimentava um dia muito atarefado - nesses dias, ele
orava por duas horas. Depois, ele orava por duas horas.
A negligncia da orao uma das principais causasde estagnao na vida crist. Considere o exemplo de Pe-dro, em Lucas 22.39-62. Jesus foi ao Monte das Oliveiras
para orar, como era seu costume, e disse aos seus disc-
pulos: Orai, para que no entreis em tentao. Em vez
disso, os discpulos adormeceram. A prxima atitude de
Pedro foi tentar enfrentar o exrcito romano com uma es-pada; depois, ele negou a Cristo. Pedro no orou, e como
resultado caiu em tentao. O que aconteceu com Pedro
tambm acontece com todos ns: camos em particular,antes de cairmos em pblico.
H um tempo certo e um tempo errado para a ora-
o? Isaas 50.4 fala sobre a manh como o tempo em
que Deus outorga o desejo de orarmos diariamente. Mas
outras passagens mostram tempos de orao em todas
as horas do dia. Nenhuma parte do dia separada como
mais santificada do que outra. Jesus orou de manh, du-
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rante o dia e, s vezes, durante toda a noite. H evidnciade que ele tinha um tempo separado para a orao; mas,
considerando o relacionamento que Jesus teve com o Pai,sabemos que a comunho entre eles nunca parou.
Em 1 Tessalonicenses 5.17, Deus nos manda orar
sem cessar. Isto significa que devemos viver em um cont-
nuo estado de comunho com nosso Pai.
A orao , portanto, central e crucial na vida docristo. Examinemos melhor esta disciplina crist vital,porm negligenciada e mal entendida.
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Cap t u l o Do i s
O PROPSITODAORAO
Nada escapa da observao de Deus. Nada ultrapassa
os limites de seu poder. Deus tem autoridade sobretodas as coisas. Se eu pensasse, ainda que por um
momento, que uma simples molcula corre livremente
pelo universo fora do controle e o domnio do Deus todo-
-poderoso, eu no dormiria hoje noite. Minha confian-
a no futuro descansa em minha confiana no Deus que
controla a histria. Mas como Deus exerce esse controle
e manifesta essa autoridade? Como Deus faz acontecer as
coisas que ele decreta soberanamente?
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Agostinho disse que nada acontece neste universo parte da vontade de Deus e que, em certo sentido, Deus
ordena tudo o que acontece. Agostinho no estava tentan-do isentar os homens da responsabilidade por suas aes,
mas seu ensino desperta a pergunta: se Deus soberano
sobre as aes e as intenes dos homens, por que deve-
mos orar? Um interesse secundrio gira em torno dessa
pergunta: a orao muda realmente as coisas?Deixe-me responder a primeira pergunta por afirmarque o Deus soberano ordena, por meio de sua santa Pala-
vra, que oremos. A orao no opcional para o cristo;
exigida.
Podemos perguntar: e se no acontecer nada? Essa
no a questo. No importando se a orao faz algumbem ou no, visto que Deus nos ordena orar, temos de
orar. O fato de que o Senhor Deus do universo, o Criador
e Sustentador de todas as coisas, ordena a orao razosuficiente. No entanto, ele no somente nos manda orar,
mas tambm nos convida a tornar conhecidos os nossos
pedidos. Tiago diz que no temos porque no pedimos
(Tg 4.2). Ele tambm nos diz que a orao de um justo
realiza muito (Tg 5.16). Repetidas vezes, a Bblia diz que
a orao uma ferramenta eficiente. til e produz resul-
tados.
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O Propsito da Orao
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Joo Calvino, nas Instituas da Religio Crist, fazobservaes profundas concernentes orao:
Mas, algum dir: Deus no sabe, sem ser lembrado, tan-
to em que somos atribulados, como o que conveniente
para ns, de modo que, em certo sentido, parece supr-
fluo que ele seja impelido por nossas oraes como se
ele estivesse pestanejando com sonolncia ou mesmodormindo at ser despertado por nossa voz? Todavia,
aqueles que raciocinam desta maneira no observam a
que propsito o Senhor instrui seu povo a orar, pois ele
ordenou isso no tanto por causa de si mesmo, e sim
por nossa causa. Agora, ele quer como certo que lhe
seja dado o que lhe devido, em reconhecimento de quetudo que os homens desejam e conduz ao proveito deles
mesmos vem de Deus, e em testemunho disto nas ora-
es. Mas o proveito deste sacrifcio, pelo qual Deus
adorado, tambm retorna a ns. De acordo com isso, os
santos pais, quanto mais confiantemente exaltavam os
benefcios de Deus entre eles mesmos e os outros, tanto
mais eram fortemente despertados orao...
Alm disso, muito importante que clamemos a Deus:
primeiramente, que nosso corao seja aquecido com
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um desejo zeloso e intenso de v-lo, am-lo e servi-lo, en-
quanto nos acostumamos, em cada necessidade, a recor-
rer a ele como nosso amparo sagrado. Em segundo, que
no entre em nosso corao nenhum desejo e nenhuma
vontade dos quais nos envergonhemos de torn-lo teste-
munha, enquanto aprendemos a colocar todos os nossos
desejos diante de seus olhos e derramar todo o nosso
corao. Em terceiro, que sejamos preparados para rece-
ber seus benefcios com verdadeira gratido de corao e
aes de graa, benefcios que nossa orao nos lembra,
procedem de suas mos. (Calvino, Institutas da Religio
Crist, Livro 3, captulo 20, seo 3.)
A orao, como tudo mais na vida crist, para aglria de Deus e para nosso benefcio, nessa ordem. Tudo
que Deus faz, tudo que Deus permite e ordena , em sen-
tido supremo, para a sua glria. Tambm verdade que,enquanto Deus busca supremamente a sua prpria glria,
o homem se beneficia quando Deus glorificado. Oramos
para glorificar a Deus, mas tambm oramos para receberde suas mos os benefcios da orao. A orao para o
nosso benefcio, mesmo luz do fato de que Deus sabe o
fim desde o comeo. nosso privilgio trazer a inteireza
de nossa existncia glria da presena infinita de Deus.
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U M A CO N VER S A CO M D EU S
Um dos grandes temas da Reforma foi a ideia de quetoda a vida deve ser vivida sob a autoridade de Deus, para
a glria de Deus, na presena de Deus. A orao no um
solilquio, um mero exerccio de autoanlise teraputica ou
uma recitao religiosa. A orao uma conversa com o pr-
prio Deus pessoal. No ato e na dinmica de orar, eu colocotoda a minha vida sob o olhar de Deus. Sim, ele sabe o que
est em minha mente, mas eu tenho o privilgio de articular
para ele o que est l. Ele diz: Venha. Fale comigo. Mani-
feste para mim os seus pedidos. Portanto, vamos orao
para conhecer a Deus e sermos conhecidos por ele.
H algo errado na pergunta se Deus sabe tudo,por que devemos orar? A pergunta supe que a orao
unidimensional e definida apenas como splica ou in-
tercesso. Pelo contrrio, a orao multidimensional.A soberania de Deus no anula a orao de adorao. A
prescincia ou conselho determinativo de Deus no nega
a orao de louvor. A nica coisa que ela deveria nos dar
maior razo para expressarmos nossa adorao por quem
Deus . Se ele sabe o que eu vou dizer antes que eu o diga,
seu conhecimento, em vez de limitar minha orao, apri-
mora a beleza de meu louvor.
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Minha esposa e eu somos to prximos quantoduas pessoas podem ser. Frequentemente, eu sei o que
ela vai dizer antes que o diga. O contrrio tambm verdade. Se isso verdadeiro em relao ao homem,
quanto mais verdadeiro em relao a Deus? Temos o
incomparvel privilgio de compartilhar nossos pensa-
mentos mais ntimos com Deus. claro que podera-
mos simplesmente entrar em nosso c modo de orao,permitir que Deus lesse nossa mente e chamar isso deorao. Mas isso no comunho e, certamente, no
comunicao.
Somos criaturas que se comunicam primariamente
por meio da fala. Orao falada obviamente uma forma
de dilogo, uma maneira de nos comunicarmos e termoscomunho com Deus. H um sentido em que a soberania
de Deus deve influenciar nossa atitude para com a ora-
o, pelo menos no que diz respeito a adorao. Nossoentendimento da soberania de Deus deveria provocar em
ns uma intensa vida de orao de ao de graas. Por cau-
sa desse conhecimento, devemos ver cada benefcio, cada
bem e cada dom perfeito como uma expresso da abun-
dncia da graa de Deus. Quanto mais entendemos a so-
berania de Deus, tanto mais nossas oraes sero cheias
de aes de graa.
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De que maneira a soberania de Deus afeta negativamentea orao de contrio, de confisso? Talvez poderamos che-
gar concluso de que nosso pecado , em ltima anlise, res-ponsabilidade de Deus e de que nossa confisso uma acu-
sao de culpa contra ele. Todo verdadeiro cristo sabe que
no pode culpar Deus por seu pecado. Posso no entender a
relao entre a soberania divina e a responsabilidade humana,
mas compreendo realmente que o que procede da iniquidadede meu corao no pode ser atribudo vontade de Deus.Ento, temos de orar porque somos culpados, rogando o per-
do dAquele que santo, a quem ofendemos.
A O R AO M U D A AL G U M A CO I S A?
E o que podemos dizer sobre a intercesso e a spli-
ca? bom falar sobre os benefcios religiosos, espirituais
e psicolgicos (e quaisquer outros que possamos obter daorao). Mas, o que dizemos sobre a pergunta real a ora-
o faz alguma diferena? Certa vez, algum me fez esta
pergunta, apenas em termos levemente diferentes: A ora-
o muda a mente de Deus? Minha resposta gerou pro-
testos intensos. Eu disse apenas: No. Ora, se a pessoa
tivesse perguntado: A orao muda as coisas? Eu teriarespondido: claro que sim!
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A Bblia diz que h certas coisas que Deus determi-nou desde toda a eternidade. Essas coisas acontecero ine-
vitavelmente. Se voc orasse individualmente, ou se voce eu unssemos foras em orao, ou se todos os cristos
do mundo orassem coletivamente, isso no mudaria o que
Deus, em seu conselho secreto, determinou fazer. Se de-
cidimos orar em favor de que Jesus no volte, ele voltar
apesar disso. Talvez voc pergunte: A Bblia no diz que,se duas ou trs pessoas concordarem a respeito de algumacoisa, elas o recebero? Sim, a Bblia diz, mas essa pas-
sagem fala sobre disciplina eclesistica, e no sobre pedi-
dos de orao. Portanto, devemos levar em conta todo o
ensino bblico sobre a orao e no isolar uma passagem
das demais. Temos de abordar a questo luz de toda aEscritura, resistindo a uma leitura separativa.
De novo, voc talvez pergunte: A Bblia no diz,
vrias vezes, que Deus se arrepende? Sim, o Antigo Tes-tamento certamente diz isso. O livro de Jonas nos diz que
Deus se arrependeu do julgamento que planejara para
o povo de Nnive (Jn 3.10). Por usar o conceito de arre-
pendimento nesta passagem, a Bblia est descrevendo a
Deus, que Esprito, naquilo que os telogos chamam de
antropopatia. Obviamente, a Bblia no quer dizer que
Deus se arrependeu da maneira como nos arrependera-
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mos; do contrrio, poderamos supor corretamente queDeus havia pecado e, portanto, precisava de um salvador
para si mesmo. O que o texto significa que Deus remo-veu a ameaa de julgamento do povo. A palavra hebraica
nacham, traduzida como arrepender, significa confor-tado ou tranquilizado, neste caso. Deus foi confortado
e sentiu-se tranquilo com o fato de que o povo havia se
convertido de seu pecado; por isso, ele revogou a sentenade julgamento que impusera.Quando Deus ergue a sua espada de juzo sobre as
pessoas, e estas se arrependem, e, por isso, Deus no ex-
cuta o juzo, ele mudou realmente a sua mente?
A mente de Deus no muda, pois ele no muda. As
coisasmudam, e elas mudam de acordo com a soberanavontade de Deus, que ele executa utilizando meios e ativi-
dades secundrios. A orao de seu povo um dos meios
que Deus usa para fazer as coisas acontecerem neste mun-do. Ento, se voc me pergunta se a orao muda as coi-
sas, eu respondo com um resoluto sim.
impossvel saber quanto da histria humana refle-
te a interveno imediata de Deus e quanto revela o agir
de Deus por meio de agentes humanos. O exemplo favo-
rito de Calvino para isto era o livro de J. Os sabeus e os
caldeus tinham roubado os jumentos e os camelos de J.
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Por qu? Porque Satans havia incitado o corao deles afazer isso. Mas, por qu? Por que Satans recebera per-
misso de Deus para testar a fidelidade de J em tudo queele tanto desejava, exceto tirar a vida de J. Por que Deus
concordaria com tal coisa? Por trs razes: (1) silenciar a
calnia de Satans; (2) vindicar a si mesmo; (3) vindicar
J da calnia de Satans. Todas estas razes so justifica-
es perfeitamente corretas para as aes de Deus.Por contraste, o propsito de Satans em incitar es-ses dois grupos era levar J a blasfemar de Deus um mo-
tivo totalmente mpio. Mas, observamos que Satans no
usou algo sobrenatural para realizar seus propsitos. Ele
escolheu agentes humanos os sabeus e os caldeus, que
eram maus por natureza para roubar os animais de J.Os sabeus e os caldeus eram conhecidos por sua maneira
de viver caracterizada por roubos e mortes. A vontade de-
les esteve envolvida, mas no houve coero. O propsitode Deus foi cumprido por meio das aes mpias deles.
Os sabeus e os caldeus eram livres para escolher,
mas, para eles, assim como para ns, a liberdade sempre
significa liberdade dentro de limites. No devemos con-
fundir liberdade humana e autonomia humana. Sempre
haver um conflito entre soberania divina e autonomia hu-
mana. Nunca h um conflito entre a soberania divina e a
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liberdade humana. A Bblia diz que o homem livre, masele no uma lei aut noma para si mesmo.
Suponha que os caldeus e os sabeus tivessem orado:No nos deixe cair em tentao e livra-nos do mal. Es-
tou absolutamente certo de que, apesar disso, os animais
de J teriam sido roubados, mas no necessariamente
pelos sabeus e os caldeus. Deus poderia ter decidido res-
ponder a orao deles, mas teria usado outro agente pararoubar os animais de J. H liberdade dentro de limites,e, dentro desses limites, nossas oraes podem mudar as
coisas. As Escrituras nos dizem que Elias, por meio da
orao, impediu a chuva de cair. O seu entendimento da
soberania de Deus no o dissuadiu de orar.
AS O R A ES D O S F I L H O S D E D EU S
Nenhum ser humano teve um entendimento maisprofundo da soberania de Deus do que Jesus. Nenhum
homem orou mais fervorosamente ou mais eficazmente.
At no Getsmani, ele pediu uma opo, uma maneira di-
ferente. Quando o pedido foi negado, ele se prostrou
vontade do Pai. A soberania de Deus a prpria razo por
que oramos, visto que cremos que Deus tem, em seu po-
der, o ordenar as coisas de acordo com seu propsito. Isto
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a essncia da soberania de Deus ordenar as coisas deacordo com seus propsitos. Ento, a orao muda a men-
te de Deus? No. A orao muda as coisas? Sim, claro.A promessa das Escrituras esta: Muito pode, por
sua eficcia, a splica do justo (Tg 5.16). O problema
que no somos esse tipo de justo. O que a orao muda
mais frequentemente a impiedade e a dureza de nosso
corao. S isso j seria razo suficiente para orarmos,ainda que nenhuma das outras razes fosse vlida ou ver-dadeira.
Em um sermo intitulado O Deus Altssimo, Que
Ouve Oraes, Jonathan Edwards apresentou duas ra-
zes por que Deus requer a orao:
No que diz respeito a Deus, a orao apenas um re-
conhecimento sensvel de nossa dependncia dele para
a sua glria. Como ele fez todas as coisas para a sua gl-
ria, tambm precisa ser glorificado e reconhecido por
suas criaturas; justo que ele requeira isto daqueles que
so objetos de sua misericrdia... um reconhecimento
apropriado de nossa dependncia do poder e da miseri-
crdia de Deus para aquilo de que necessitamos, mas
tambm uma honra apropriada prestada ao grande Autor
e Fonte de todo bem.
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No que diz respeito a ns mesmos, Deus requer de ns a
orao... Oraes fervorosas tendem, de muitas manei-
ras, a preparar o corao. Por meio da orao, desperta-
-se o senso de nossa necessidade... por meio da orao,
a mente mais preparada para valorizar [a misericrdia
de Deus]... Nossa orao a Deus pode despertar em ns
um senso e considerao apropriados de nossa depen-
dncia de Deus quanto misericrdia que pedimos, bem
como um exerccio apropriado de f na suficincia de
Deus, para que sejamos preparados para glorificar o seu
nome quando a misericrdia for recebida. (The Works of
Jonathan Edwards Carlisle, Pa: Banner of Truth Trust,
1974], 2:116.)
Tudo que Deus faz , primeiramente, para a sua gl-
ria e, em segundo lugar, para nosso benefcio. Oramos
porque Deus nos ordena orar, porque a orao o glorificae porque ela nos beneficia.
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Cap t u l o T r s
O Padro da orao
Jesus realizou muitos milagres. No decorrer de seu mi-
nistrio, ele andou sobre a gua, transformou gua emvinho, curou enfermos, ressuscitou mortos. Como
Joo disse: H, porm, ainda muitas outras coisas que
Jesus fez. Se todas elas fossem relatadas uma por uma,
creio eu que nem no mundo inteiro caberiam os livros que
seriam escritos (Jo 21.25).
Sempre me admiro de que os discpulos no tenham
perguntado a Jesus como andar sobre a gua, como aquie-
tar uma tempestade ou como realizar qualquer de seus
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outros milagres. Entretanto, eles pediram a Jesus que osensinasse sobre a orao. Observe que eles no pediram a
Jesus que os ensinasse comoorar. Em vez disso, eles roga-ram: Ensina-nos a orar como tambm Joo ensinou aosseus discpulos (Lc 11.1). Estou certo de que os discpu-
los viram com clareza a inseparvel relao entre o poder
que Jesus manifestava e as horas que ele gastava em soli-
do, conversando com seu Pai.A instruo que Jesus deu sobre a orao vem atns tanto do Sermo do Monte, em Mateus 6, como de
Lucas 11. Jesus prefacia seus comentrios sobre o padro
para a orao com estas palavras:
E, quando orardes, no sereis como os hipcritas; porquegostam de orar em p nas sinagogas e nos cantos das praas,
para serem vistos dos homens. Em verdade vos digo que eles
j receberam a recompensa. Tu, porm, quando orares, en-
tra no teu quarto e, fechada a porta, orars a teu Pai, que est
em secreto; e teu Pai, que v em secreto, te recompensar.
E, orando, no useis de vs repeties, como os gentios;
porque presumem que pelo seu muito falar sero ouvi-
dos. No vos assemelheis, pois, a eles; porque Deus, o
vosso Pai, sabe o de que tendes necessidade, antes que
lho peais. Portanto, vs orareis assim (Mt 6.5-9).
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O Padro da orao
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Observe que Jesus disse: Vs orareis assim, e no:Vs orareis esta orao ou: Fareis esta orao. H al-
gumas perguntas sobre se Jesus no queria dizer que deve-mos repetir sempre esta orao. No estou atacando o uso
da Orao do Pai Nosso. No h certamente nada errado
em seu uso na vida pessoal do crente ou na vida devocio-
nal da igreja. Contudo, Jesus no estava nos dando uma
orao a ser recitada, e sim um padro para nos mostrar amaneira como devemos orar. Jesus estava nos dando umesboo de prioridades ou de coisas que devemser priorida-des em nossa vida de orao. Consideremos, uma por vez,
as sees da Orao do Pai Nosso.
PA I NOSSO
As duas primeiras palavras da orao so radicais,
conforme usadas no Novo Testamento. A palavra Painoera a forma bsica de dirigir-se a Deus achada na comu-
nidade da antiga aliana. O nome de Deus era inefvel.
Uma pessoa no se dirigia a ele com qualquer grau de in-
timidade. O termo Paiquase nunca era usado para falarcom Deus ou para dirigir-se a ele em orao no Antigo
Testamento. Mas, no Novo Testamento, Jesus nos trou-
xe a um relacionamento ntimo com o Pai, destruindo a
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separao simbolizada pelo vu no templo. Jesus nos deuo incomparvel privilgio de chamar Deus de Pai.
Jesus foi o primeiro a mostrar que a orao umaconversa pessoal com Deus. Jesus, que falava aramaico,
usou a palavra aramaica Abba, melhor traduzida Pai ouPapai. Podemos quase ouvir o clamor de alarme dos
discpulos e ver o semblante de admirao em sua face:
Voc no est dizendo realmente isso, Jesus. Voc nopode estar falando srio! No temos nem mesmo permis-so de falar o nome de Deus em voz alta. No o chama-
mos de Pai, quanto menos de Papai!Ironicamente, hoje vivemos em um mundo que su-
pe que Deus o Pai de todos, que todos os homens so
irmos. Vemos isso em expresses como a paternidadede Deus e a irmandade dos homens. Mas, em nenhu-
ma passagem, as Escrituras dizem que todos os homens
so nossos irmos. Elas dizem realmente que todos os ho-mens so nossosprximos.
H um sentido restrito em que Deus o Pai de todos
os homens como o Doador e Sustentador da vida, o pro-genitor por excelnciada raa humana. Mas na Bblia nadaindica que um indivduo pode se aproximar de Deus em
um sentido familiar. A nica exceo quando essa pessoa
adotada na famlia de Deus, por expressar f salvadora
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na expiao realizada por Cristo e se submeter ao seu se-nhorio. Somente quando isso acontece, a pessoa obtm o
privilgio de chamar a Deus de Pai. queles que o rece-beram, Deus lhes deu o poder [autoridade, privilgio]
de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que creem no
seu nome (Jo 1.12). Somente quando isso acontece,
que Deus chama os homens de filhos. A palavra grega
exousia, traduzida poder, denota a liberdade de agir e aautoridade para essa ao. Chamar a Deus de Pai, sema credencial prpria de filho, um ato de presuno e ar-
rogncia extrema.
No achamos a ideia de uma paternidade e irmanda-
de universal na introduo da Orao do Pai Nosso. Esta
suposio cultural tcita nos leva a no compreender oque Jesus est dizendo. Em primeiro lugar, a paternidade
de Deus no pode ser admitida como certa por toda pes-
soa no mundo. Jesus a nica pessoa que tem o direitode dirigir-se a Deus desta maneira, pois somente ele o
monogenes, o unignito do Pai (Jo 1.14), havendo exis-tido desde toda a eternidade em um relacionamento filial
singular com o Pai.
Se h paternidade e irmandade universal em algum
sentido, ela teria de ser vista na conversa de Jesus com
os fariseus em Joo 8. Os fariseus estavam reivindicando
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serem filhos de Abrao, descendncia de Deus por asso-ciao ancestral. Jesus os desafiou quanto a isto, dizendo:
Se sois filhos de Abrao, praticai as obras de Abrao. Masagora procurais matar-me, a mim que vos tenho falado a
verdade que ouvi de Deus; assim no procedeu Abrao...
Vs sois do diabo, que vosso pai, e quereis satisfazer-lhe
os desejos (Jo 8.39-40, 44).
H uma distino clara entre os filhos de Deus e osfilhos do Diabo. Os filhos de Deus ouvem a sua voz elhe obedecem. Os filhos do Diabo no ouvem a voz de
Deus; eles lhe desobedecem por fazerem a vontade de seu
pai, Satans. H apenas duas famlias, e todas as pessoas
pertencem a uma ou a outra dessas famlias. Todavia, am-
bos os grupos tm uma coisa em comum. Os membrosde cada famlia fazem a vontade de seu respectivo pai, ou
Deus, ou Satans.
Se examinarmos o Novo Testamento, fazendo per-guntas a respeito de quem so os filhos de Deus, a respos-
ta clara. O Novo Testamento no impreciso nem enig-
mtico quanto a este assunto. Romanos 8.14-17 diz isto:
Pois todos os que so guiados pelo Esprito de Deus
so filhos de Deus. Porque no recebestes o esprito de
escravido, para viverdes, outra vez, atemorizados, mas
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recebestes o esprito de adoo, baseados no qual clama-
mos: Aba, Pai. O prprio Esprito testifica com o nosso
esprito que somos filhos de Deus. Ora, se somos filhos,
somos tambm herdeiros, herdeiros de Deus e coerdei-
ros com Cristo.
No versculo 14 desta passagem, a palavra todos
(autoi, no grego) o que se chama de forma enfticaparaindicar uma exclusividade. O versculo seria melhor tradu-zido assim: Pois todos os que so guiados pelo Esprito
de Deus, somenteestes so filhos de Deus ou unicamenteestes so filhos de Deus. Paulo nos ensina que somentepelo Esprito Santo que podemos chamar a Deus de nos-
so Pai. O significado disto no Novo Testamento quesomos filhos, no filhos ilegtimos, porque estamos em
unio com Cristo. Nossa filiao no automtica; no
herdada e no uma necessidade gentica; antes, ela de-rivada. A palavra do Novo Testamento para esta transao
adoo. Por causa de nosso relacionamento de adoo
com Deus, por meio de Cristo, nos tornamos coerdeiroscom Cristo.
somente porque estamos em Cristo e ele est em
ns que temos o privilgio de dirigir-nos a Deus como
nosso Pai e aproximar-nos dele em um relacionamento fi-
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lial. Martinho Lutero disse certa vez que, se pudesse ape-nas entender as primeiras duas palavras da Orao do Pai
Nosso, ele nunca mais seria o mesmo.A palavra nosso significa que o direito de chamar a
Deus de Pai no apenas meu. um privilgio coletivo
que pertence a todo o corpo de Cristo. Quando eu oro,
no chego diante de Deus como um indivduo isolado,
mas como um membro de uma famlia, uma comunidadede santos.
N O CU S
Na poca em que Jesus falou estas palavras da Ora-
o do Pai Nosso, havia um debate sobre o local exato dapresena de Deus. Na conversa entre Jesus e a mulher no
poo, Jesus enfatizou que Deus Esprito e, como tal,
no pode ser localizado em um lugar especfico (Jo 4). Eleno estava nem no Monte Gerizim, como ela pensava,
nem em Jerusalm, como acreditavam alguns dos judeus.
Deus onipresente. No h restries finitas sua
presena divina, mas Cristo falou de seu Pai como quem
estava no cu. Por qu? Cristo estava falando sobre a
transcendncia de Deus. Visto que Deus no parte deste
processo mundano, ele no parte da natureza. Ele no
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pode ser confinado a uma localidade. O Deus a quem nosdirigimos est acima e alm dos limites finitos do mundo.
A frase inicial da Orao do Pai Nosso nos apresentauma tenso dinmica. Embora nos aproximemos do Se-
nhor numa atitude de intimidade, h ainda um elemento
de separao. Podemos nos achegar a Deus e cham-lo
Pai, mas este relacionamento filial no nos permite ter
o tipo de familiaridade que produz desrespeito. Devemosachegar-nos a ele com ousadia, sim, mas nunca com ar-rogncia ou presuno. Pai nosso fala de proximidade
com Deus, mas no cus destaca sua singularidade, sua
separao. O ensino este: quando oramos, temos de lem-
brar quem somos e a quem nos dirigimos.
S AN T I F I CAD O S EJA O T EU N O M E
No importando quo intimamente Deus nos con-vida a nos aproximarmos dele, ainda h uma separao
infinita entre a nossa pecaminosidade e a majestade dele.
Deus aquele que est nos cus; ns somos da terra. Ele
perfeito; ns somos imperfeitos. Ele infinito; ns
somos finitos. Ele santo; ns somos impuros. Nunca
devemos esquecer que Deus totalmente outro, dife-
rente de ns.
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A distino sagrada de Deus um fato que os fi-lhos de Aro esqueceram, mas a esqueceram somente uma
vez. Em Levtico 10.1-3, lemos:
Nadabe e Abi, filhos de Aro, tomaram cada um o seu
incensrio, e puseram neles fogo, e sobre este, incenso,
e trouxeram fogo estranho perante a face do SENHOR, o
que lhes no ordenara. Ento, saiu fogo de diante doSE-
NHORe os consumiu; e morreram perante o SENHOR. E
falou Moiss a Aro: Isto o que o SENHORdisse: Mos-
trarei a minha santidade naqueles que se cheguem a mim
e serei glorificado diante de todo o povo.
Deus exige ser tratado como santo, porque ele san-to. Ele zeloso de sua honra. Ele no implora por respeito
nesta passagem. Antes, a passagem uma afirmao de
um fato: Eu serei tratado como santo. Nunca devemosesquecer o erro fatal de Nadabe e Abi e aproximar-nos
do Deus soberano numa atitude petulantemente incerta.
Examinando a primeira splica da Orao do Pai
Nosso, podemos ver que esta a primeira prioridade so-
bre a qual Jesus falou. Seu pedido inicial foi que o nome
de Deus fosse santificado. a palavra grega hagios, que traduzida literalmente por santo. A principal prioridade
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para o cristo ver que o nome de Deus mantido santo,porque ele santo. Se este fosse o nico pedido de orao
que a comunidade crist sempre fizesse, e se os crentes ofizessem com regularidade e sinceridade, suspeito que o
avivamento pelo qual oramos e a reforma que tanto anela-
mos aconteceriam imediatamente. Tudo nosso trabalho,
nosso ministrio e todos os aspectos de nossa vida diria
seria afetado.No Antigo Testamento, o propsito declarado para aeleio dos israelitas, sua religio, leis alimentares e cerim -
nias era estabelec-los como uma nao santa, separada
das culturas da antiguidade. Isso tinha em vista a honra
deles mesmos? No, tinha em vista a honra de Deus. A
honra de Deus tem de tornar-se a obsesso da comunidadecrist hoje. A honra no deve ir para as nossas organiza-
es, as nossas denominaes, o nosso modo de culto ou
nossas igrejas particulares, mas somente para Deus.Considere as palavras escritas em Ezequiel 36.22:
Assim diz o SENHORDeus: No por amor de vs que
eu fao isto, casa de Israel, mas pelo meu santo nome,
que profanastes entre as naes para onde fostes. Que
mudana! A nao escolhida para ter o incomparvel pri-
vilgio de mostrar a grandeza de Deus escolheu profanar
publicamente o nome de Deus. Deus teve de puni-los por
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sua traio. Em ltima anlise, nosso nome, nossas orga-nizaes e nossos esforos so todos sem significado se
no honram o nome de Deus.Hoje, uma assustadora falta de temor a Deus prevale-
ce em nosso mundo. Certa vez, Martinho Lutero comentou
que as pessoas que viviam ao seu redor falavam com Deus
como se ele fosse um aprendiz de sapateiro. Se isso era
verdade nos dias de Lutero, quanto mais verdade hoje?Contudo, a principal prioridade que Jesus estabeleceu queo nome de Deus seja santificado, honrado e exaltado.
O nome de Deus uma expresso do que ele . So-
mos portadores da imagem de Deus. Onde Deus no
respeitado, inevitvel que os portadores de sua imagem
tambm sofram perda de respeito.
VEN H A O T EU R E I N O
Um tema central nas Escrituras o reino de Deus.
Era o principal pensamento do ensino e da pregao de
Jesus. Jesus veio como o cumprimento da mensagem de
Joo Batista, que era clara, precisa e simples: Arrependei-
-vos, porque est prximo o reino dos cus (Mt 3.2).
No Sermo do Monte, Jesus se focalizou no reino,
o tema-chave de sua pregao. Por causa deste foco, o ser-
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mo era mais do que simplesmente uma apresentao ti-ca de princpios para viver bem. Jesus estava falando sobre
os traos de carter de pessoas que vivem um estilo de vidaredimido no reino de Deus.
O conceito de reino difcil de ser entendido para o
cristo americano. Nossa forma de governo a democra-
cia, em que a simples ideia de monarquia repugnante.
Somos herdeiros dos revolucionrios que proclamaram:Aqui no serviremos nenhum soberano! Nossa nao construda sobre uma resistncia a soberania. Os ame-
ricanos travaram batalhas e guerras inteiras para serem
libertos da monarquia. Como podemos entender a men-
te das pessoas do Novo Testamento que oravam para
que o Filho de Davi restaurasse a monarquia e o tronode Israel?
O Rei chegou. Cristo se assentou exaltado direita
de Deus e reina como Rei. Mas Jesus no meramenteo Rei espiritual da igreja, cuja nica responsabilidade
exercer autoridade sobre nossa piedade, como se houvesse
separao entre igreja e estado. Jesus o rei do universo.
Esse o fato de sua ascenso. Esta realidade, porm, no
acreditada ou reconhecida pelo mundo. Embora esse rei-
nado seja um fato estabelecido, invisvelpara o mundoem que vivemos. No cu, no h perguntas sobre isso. Na
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terra, h muitas perguntas sobre isso. Jesus estava dizen-do que temos de orar para que o reino de Deus se torne
visvel na terra, que o invisvel se torne visvel.Rebelio contra a autoridade de Deus no uma coisa
nova ou exclusiva de nossos dias ou da cultura ocidental.
Em Salmos 2.2-3, lemos: Os reis da terra se levantam,
e os prncipes conspiram contra o SENHORe contra o seu
Ungido, dizendo: Rompamos os seus laos e sacudamosde ns as suas algemas.Qual a reao de Deus a esta insurgncia: Ri-se
aquele que habita nos cus; o Senhor zomba deles (Sl
2.4). Mas Deus no se alegra por muito tempo, porque
lemos nos versculos 5 e 6: Na sua ira, a seu tempo, lhes
h de falar e no seu furor os confundir. Eu, porm, cons-titu o meu Rei sobre o meu santo monte Sio.
O Senhor fala queles que se rebelaram contra ele
aqueles que esto envolvidos nesta declarao csmica deindependncia e lhes diz: Eu constitu o meu Rei, ungi
o meu Cristo, melhor vocs se submeterem a ele. Lendo
em seguida, no versculo 10, aprendemos algo mais:
Agora, pois, reis, sede prudentes; deixai-vos advertir,
juzes da terra. Servi ao SENHORcom temor... para que se
no irrite, e no pereais no caminho; porque dentro em
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pouco se lhe inflamar a ira. Bem-aventurados todos os
que nele se refugiam.
Os cristos devem orar pela manifestao do reino
de Cristo e a vinda de seu reino. Se essa a nossa orao, a
nossa responsabilidade mostrar lealdade ao Rei. As pes-
soas no tm de adivinhar a quem ns exaltamos.
F AA- S E A T U A VO N T AD E
Esta frase no est pedindo a Deus que determinado
conselho se torne realidade ou que Deus faa as coisas que
preordenou desde a eternidade. Em vez disso, estamos
orando por obedincia vontade revelada de Deus o queele nos deixou evidente por meio de seus mandamentos. A
terceira petio uma splica por obedincia da parte do
povo de Deus, uma splica no sentido de que as pessoasque fazem parte do povo de Deus obedeam aos manda-
mentos de Deus.
AS S I M N A T ER R A CO M O N O CU
Os anjos na corte de Deus fazem o que ele quer e
deseja. Seu povo na terra no age assim. Deus o formu-
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lador da aliana; somos os transgressores da aliana, en-trando frequentemente em coliso com a vontade do Pai.
H um sentido em que as primeiras trs peties es-to dizendo a mesma coisa. A honra ao nome de Deus,
a visibilidade de seu reino e a obedincia sua vontade
so quase o mesmo conceito repetido de trs maneiras
diferentes. Esto inseparavelmente relacionados. Deus
honrado por nossa obedincia, seu reino tornado visvelpor nossa obedincia, e muito obviamente sua vontade feita quando somos obedientes a essa vontade. Estas so
as prioridades que Jesus estabeleceu.
No devemos entrar precipitada e arrogantemente
na presena de Deus, atacando-o com nossas peties
insignificantes, esquecendo a quem estamos nos dirigin-do. Devemos assegurar-nos de que exaltamos apropria-
damente o Deus da criao. Somente depois que Deus
foi corretamente honrado, adorado e exaltado, as peti-es subsequentes do povo de Deus assumem seu devido
lugar.
O P O N O S S O D E CAD A D I A D - N O S H O JE
Deus supre as necessidades de seu povo. Devemos
ressaltar que a splica agora o po dirio, no o lombo
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assado ou o fil mignon dirio. Deus supre as necessida-des, mas nem sempre os caprichos.
Veja a experincia dos israelitas depois de teremsido libertos da terra do Egito. Deus supriu maravilho-
samente o povo com po, na forma do man. O que
aconteceu depois? Primeiro, eles pararam de agradecer a
Deus por sua proviso. Em segundo, comearam a mur-
murar da proviso feita por Deus. Por fim, comearam arecordar as coisas boas que haviam desfrutado no Egito.Lembraram os pepinos, os meles, os alhos silvestres
e as delcias que tinham comido no Egito enquanto
esqueceram a opresso, as dificuldades e as torturas que
haviam suportado s mos de Fara. Murmuraram de
terem de comer o man no desjejum, no almoo e na jan-ta. Os israelitas comiam sufl de man, torta de man,
merengue de man, man cozido, man assado, man
grelhado. Logo eles clamaram por carne. A histria estregistrada em Nmeros 11.18-20:
Dize ao povo: Santificai-vos para amanh e comereis
carne; porquanto chorastes aos ouvidos do SENHOR, di-
zendo: Quem nos dar carne a comer? amos bem no
Egito. Pelo que o SENHOR vos dar carne, e comereis.
No comereis um dia, nem dois dias, nem cinco, nem
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dez, nem ainda vinte; mas um ms inteiro, at vos sair
pelos narizes, at que vos enfastieis dela.
Deus falou: Se vocs querem carne, eu lhes darei
carne, e vocs comero carne at que enjoem dela.
Uma das coisas que denuncia a nossa condio ca-
da o conceito de homem de sucesso pessoal, aquele que
toma o crdito por toda a abundncia de seus bens e es-quece a Fonte de toda proviso. Temos de lembrar que,
em ltima anlise, Deus nos d tudo que temos.
P ER D O A- N O S AS N O S S AS D V I D AS ,ASS IM COMO NS TE MOS PERDOAD O AOS NOSSOS
D EVED O R ES
Este um pedido extremamente perigoso para
fazermos em nossa orao, mas contm um princpioque o Novo Testamento leva muito a srio. Uma ad-
vertncia suprema de Jesus que Deus nos julgar de
acordo com a maneira como temos julgado as outraspessoas. Visto que o homem salvo pela graa, que me-
lhor evidncia poderia haver da salvao de um homem
do que ele oferecer aos outros a graa que ele mesmo
recebeu? Se essa graa no evidente em nossa vida,
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podemos tornar vlida a pergunta sobre a genuinidadede nossa alegada converso.
Temos de levar Deus a srio neste assunto. Em Ma-teus 18.23-35, Jesus nos conta a histria de dois homens
que deviam dinheiro. Um devia dez milhes de dlares, o
outro devia aproximadamente dezoito dlares. O dbito
daquele que devia a enorme quantia de dinheiro foi perdo-
ado por aquele a quem ele devia. Mas ele, por sua vez, noquis perdoar o homem que lhe devia a desprezvel soma dedezoito dlares.
Interessantemente, ambos os homens pediram a
mesma coisa mais tempo, e no a iseno total da d-
vida. Foi c mico o homem que tinha uma dvida extre-
mamente grande pedir mais tempo, visto que mesmopelos padres de salrio de hoje a quantia devida era
astron mica. Um dia de salrio naquele tempo equiva-
lia a cerca de dezoito centavos. O homem que tinha advida menor poderia ter pago sua dvida em trs me-
ses. Seu pedido por mais tempo no era ilgico, mas
seu credor, em vez de expressar o perdo que recebera,
comeou a acoss-lo. O ensino deve ser claro. As ofen-
sas que cometemos um ao outro e as ofensas que as
pessoas cometem contra ns so como uma dvida de
dezoito dlares, enquanto as inumerveis ofensas que
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temos cometido contra Deus so como a dvida de dezmilhes de dlares.
Jonathan Edwards, em seu famoso sermo A Justi-a de Deus e a Condenao de Pecadores, disse que todo
pecado mais ou menos detestvel, dependendo da hon-
ra e da majestade daquele a quem ofendemos. Visto que
Deus possui honra infinita, majestade infinita e santidade
infinita, o menor pecado tem consequncia infinita. Ospecados aparentemente triviais no so nada menos quetraio csmica quando visto luz do grande Rei con-
tra quem temos pecado. Somos devedores que no podem
pagar sua dvida, mas temos sido livres da ameaa de pri-
so dos devedores. Insultamos a Deus quando retemos o
perdo e a graa daqueles que nos pedem, enquanto nsmesmos afirmamos ser perdoados e salvos pela graa.
H outro ensino importante a ser considerado. Mes-
mo em nosso ato de perdo no h mrito. No podemosrecomendar-nos a Deus e reivindicar perdo apenas por-
que perdoamos a outra pessoa. Nosso perdo no obri-
ga, de maneira alguma, Deus para conosco. Lucas 17.10
ressalta com clareza que no h mrito nem mesmo na
melhor de nossas boas obras: Depois de haverdes feito
quanto vos foi ordenado, dizei: Somos servos inteis,
porque fizemos apenas o que devamos fazer.
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No merecemos nada por nossa obedincia, porquea obedincia, mesmo ao ponto de perfeio, a exigncia
mnima de um cidado do reino de Deus. Tendo cumpri-do o dever, a nica coisa que poderamos reivindicar uma
iseno de castigo, mas, com certeza, nenhuma recompen-
sa, porque teramos feito apenas o que se esperava de ns.
A obedincia nunca se qualifica como acima e alm da
chamada ao dever. Entretanto, no temos obedecido; te-mos pecado gravemente. Por isso, estamos apenas numacondio de prostrar-nos a ns mesmos diante de Deus
e rogar o seu perdo. Mas, se obedecemos, temos ns
mesmos de estar preparados para mostrar esse perdo; do
contrrio, nossa posio em Cristo oscila precariamente.
A principal lio do que Jesus estava dizendo esta: Pes-soas perdoadas perdoam outras pessoas. No ousamos
afirmar que possumos a vida e a natureza de Cristo e, ao
mesmo tempo, falhamos em exibir essa vida e natureza.Ampliando o pensamento, se Deus perdoou uma
pessoa, podemos ns fazer menos do que isso? Seria in-
crvel pensar que ns, que somos to culpados, nos recu-
saramos a perdoar algum que foi perdoado por Deus,
que totalmente inculpvel. Devemos ser espelhos da gra-
a para outros, refletindo o que ns mesmos recebemos.
Isto implementa a regra urea em termos prticos.
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O perdo no uma coisa particular, e sim coletiva.O corpo de Cristo um grupo de pessoas que vivem dia-
riamente no contexto de perdo. O que nos distingue ofato de que somos pecadores perdoados. Jesus nos chama
ateno no somente aos elementos horizontais da peti-
o, mas tambm aos elementos verticais. Devemos orar
todos os dias pelo perdo de nossos pecados.
Algum talvez pergunte: Se Deus j nos perdoou,por que devemos pedir perdo? No errado pedir algoque ele j nos deu? A resposta final para uma pergun-
ta como esta sempre a mesma. Ns o fazemos porque
Deus manda que faamos. O texto de 1 Joo 1.9 ressalta
que uma das marcas de um cristo sua atitude contnua
de pedir perdo. O tempo do verbo no grego indica umprocesso incessante. O desejo de perdo distingue o cris-
to. O incrdulo racionaliza seu pecado, mas o cristo
sensvel sua indignidade. A confisso toma uma partesignificativa de seu tempo de orao.
Pessoalmente acho amedrontador pedir a Deus
que nos perdoe na medida em que perdoamos os ou-
tros. quase sempre como pedir justia a Deus. Eu
costumava advertir aos meus alunos: No peam jus-
tia a Deus. Vocs podem receb-la. De fato, se Deus
me perdoasse na exata proporode minha disposio
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de perdoar os outros, eu estaria numa dificuldade pro-funda.
O mandamento de perdoar os outros como fomosperdoados se aplica tambm questo de perdoar a si mes-
mo. Temos a promessa de Deus de que, se confessarmos
os nossos pecados, ele nos perdoar. Infelizmente, nem
sempre cremos nessa promessa. A confisso exige humil-
dade em dois nveis. O primeiro nvel a admisso da cul-pa; o segundo nvel a aceitao humilde do perdo.Um dia, certa mulher perturbada com um problema
de culpa veio at mim e disse: Tenho pedido a Deus, re-
petidas vezes, que perdoe este meu pecado, mas ainda me
sinto culpada. O que posso fazer? A situao no envol-
via a repetio mltipla do mesmo pecado, e sim a repeti-o mltipla de um pecado cometido uma nica vez.
Voc deve orar novamente e pedir a Deus que a per-
doe, eu respondi. Um olhar de impacincia frustrada seevidenciou em seus olhos. Mas j fiz isso!, ela excla-
mou. Tenho pedido a Deus repetidas vezes que me per-
doe. Que proveito h em lhe pedir isso de novo?
Em minha resposta, apliquei a fora do provrbio do
pau na cabea da mula: No estou sugerindo que voc
pea a Deus que lhe perdoe esse pecado. Estou lhe pedin-
do que busque o perdo para sua arrogncia.
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A mulher ficou admirada: Arrogncia? Que arro-gncia? Ela estava supondo que seus repetidos pedidos de
perdo eram prova determinante de sua humildade. Esta-va to contrita por seu pecado que achava devia se arrepen-
der dele sempre. Achava que seu pecado era muito grande
para ser perdoado por uma dose de arrependimento. Que
os outros cristos recebam o perdo por graa; ela sofreria
por seu pecado, no importando quo gracioso seja Deus.O orgulho fixara nesta mulher uma barreira para a suaaceitao de perdo. Quando Deus nos promete que nos
perdoar, ns insultamos sua integridade quando recusa-
mos aceitar o perdo. Perdoar a ns mesmos depois que
Deus nos perdoou um dever, bem como um privilgio.
N O N O S D E I XES CA I R EM T EN T AO ;M AS L I VR A- N O S D O M AL
A princpio, esta seo da Orao do Pai Nosso pa-
rece duas peties separadas, mas este no o caso. Ela
segue a forma literria de paralelismo usada do Antigo
Testamento duas maneiras diferentes de dizer a mesma
coisa. Jesus no estava sugerindo que Deus nos tentar
ao mal, se no fizermos esta splica. Tiago 1.13 diz es-
pecificamente que Deus no tenta a ningum. Deus pode
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testar, mas ele nunca tentapara o mal. Um teste para ocrescimento; a tentao para o mal.
Nem toda tentao procede de Satans, pois Tiagodiz tambm que somos tentados por nossa prpria cobia.
O mal inerente no corao do homem capaz de tentar o
homem sem a ajuda de Satans.
O apelo para evitar a tentao e a petio por li-
vramento do mal so uma e a mesma coisa. A traduodeste versculo em portugus no a melhor, porque omal do qual Jesus falou no o mal no sentido geral.
No grego, a palavra traduzida por mal de gnero
neutro; nesta seo da Orao do Pai Nosso, a pala-
vra est no gnero masculino. Jesus estava dizendo que
devemos pedir ao Pai que nos livre do Maligno, das in-vestidas que Lutero chamou de desenfreados ataques
de Satans, o inimigo que deseja destruir a obra de
Cristo neste mundo.Jesus estava nos dizendo que peamos ao Pai que
construa uma cerca ao nosso redor. O pedido no tem o
propsito de evitar as provaes neste mundo, e sim pro-
teger-nos da exposio desprotegida aos ataques de Sata-
ns. Em sua Orao Sumo Sacerdotal, Jesus pediu ao
Pai, no que tirasse os seus discpulos do mundo, e sim
que os guardasse do mal [poneros] (Jo 17.15).
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A OraoMuda as Coisas?
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Nesta parte da orao, pedimos a presena reden-tora de Deus. Sem essa presena, somos presas fceis
do inimigo. Pense em Pedro quando ele terminou deexpressar entusiasticamente a Jesus a extenso de seu
compromisso, a profundeza de seu amor e de sua devo-
o, bem como a intensidade de sua lealdade. Olhando
para ele e prevendo a sua negao, Jesus disse: Simo,
Simo, eis que Satans vos reclamou para vos peneirarcomo trigo! Eu, porm, roguei por ti, para que a tua fno desfalea (Lc 22.31-32). Em outras palavras, Je-
sus disse a Pedro que por si mesmo ele se colocaria nas
mos de Satans. Se no fosse a intercesso de Cristo
em favor de Pedro, este teria se perdido; sua f teria
fracassado.No somente temos Jesus a interceder por ns, para
nos proteger do inimigo, mas tambm ns mesmos de-
vemos pedir a Deus que nos guarde seguros das mos doinimigo.
Em seis peties, Jesus delineou o padro e as prio-
ridades para a nossa vida de orao. A concluso tradi-
cional da Orao do Pai Nosso pois teu o reino, o
poder e a glria para sempre. Amm! no se acha nos
melhores manuscritos. Com toda probabilidade, ela no
estava no texto original, mas era uma concluso usual
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O Padro da orao
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para as igrejas primitivas. No entanto, ela uma conclu-so apropriada e verdadeira. Retorna ao assunto do in-
cio da orao, elevando uma doxologia quele que ouvenossas peties.
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Cap t u l o Qua t r o
A Prtica da Orao
AOrao do Pai Nosso foi dada igreja em resposta
ao pedido dos discpulos de que o Senhor os ensi-nasse a orar. No sublime exemplo da Orao do Pai
Nosso, vemos as prioridades da orao. Podemos tam-
bm detectar um padro de orao, um movimento que
comea com adorao e se dirige, finalmente, petio
e suplica.
O acrstico A---O pode ser til como padro
para a orao. Cada letra do acrstico representa um ele-
mento vital da orao eficaz:
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A OraoMuda as Coisas?
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AdoraoConfisso
Ao de graasOrao
O acrstico completo sugere a dinmica da orao. A
orao ao. Embora seja expressa num esprito de quie-
tude serena, a orao ao. Quando oramos, no somosobservadores passivos ou neutros, espectadores distantes.
Gastamos energia no exerccio da orao.
A Bblia nos diz que muito pode, por sua eficcia,
a splica do justo (Tg 5.16). Fervor caracterizou a agonia
de Jesus no Getsmani, onde seu suor caiu no cho como
gotas de sangue. Fervor descreve a luta de Jac com o anjo,durante a noite, em Peniel. A orao um exerccio de
paixo e no de indiferena.
Jesus contou a parbola da viva persistente queapresentou o seu caso a um juiz. O juiz, um inescrupu-
loso, sem temor a Deus e ao homem, ouviu os apelos da
viva. Ele no se comoveu por um mpeto repentino de
compaixo, mas, pelo contrrio, ficou cansado dos apelos
repetidos da viva. Em sntese, a mulher se tornou uma
peste, impelindo, por meio de sua importunao, o juiz
a agir.
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A Prtica da Orao
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O principal ensino da parbola no que Deus indiferente s nossas necessidades e tem de ser impor-
tunado, se desejamos ser ouvidos. No uma questode correspondncia entre o juiz injusto e Deus, o juiz
perfeitamente justo. um contraste. Jesus usou fre-
quentemente o tema quanto mais em suas palavras.
Nesta, ele afirmou: No far Deus justia aos seus
escolhidos, que a ele clamam dia e noite? (Lc 18.7). Oponto de comparao/contraste este: se um juiz hu-mano injusto ouve a petio de uma mulher insistente,
quanto maiso nosso justo Juiz celestial ouvir nossaspeties?
A mulher persistente comparada com os santos
que clamamdia e noite. Como o rei Davi, cujo travesseiroera encharcado com suas lgrimas, os santos se achegam a
Deus com emoo genuna e, at, lgrimas.
Fervor um elemento apropriado da orao ativa. Oentusiasmo no o . Existe uma linha tnue entre ambos.
Os dois contm paixo. Ambos esto carregados de emo-
o. O fervor cruza o entusiasmo em dois pontos: o men-
tal e o emocional. O fervor se torna entusiasmo quando a
mente para de pensar, e as emoes saem de controle. A
orao entusiasta cai na incoerncia dos dervixes danan-
tes (grupo turco), e Deus no honrado.
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O entusiasmo, a imitao do fervor, uma tenta-tiva falsa de simular o fervor piedoso. Aqueles que ma-
nipulam deliberadamente as emoes das pessoas soadvertidos aqui. H algo santo, algo soberano no genu-
no fervor espiritual que no pode ser produzido artifi-
cialmente. fcil confundirmos fervor com entusiasmo,
mas a confuso mortal.
AD O R AO
Como no modelo da Orao do Pai Nosso, a manei-
ra mais apropriada de comearmos a orar com adorao.
Infelizmente, somos mais frequentemente impelidos a orar
por nossos desejos e necessidades. Buscamos a Deus quandoqueremos algo dele. Estamos com tal pressa para apresentar-
-lhe nossos pedidos e contar-lhe nossas necessidades (que
Deus j conhece), que omitimos por completo a adorao oupassamos rapidamente por ela, de maneira negligente.
Omitir a adorao significa excluir o mago da ora-
o. Uma coisa ser fervoroso nas splicas, especialmen-
te quando se ora em uma trincheira; outra coisa ser fer-
voroso em adorao. As oraes dos grandes santos, as
oraes dos guerreiros da histria da igreja, so marcadas
por sua adorao fervorosa a Deus.
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Deus no permita que menosprezemos o ensino deCristo, mas tenho de confessar que fiquei, pelo menos,
surpreso com a resposta de Jesus ao pedido dos discpu-los sobre a orao. Quando eles disseram: Ensina-nos a
orar, eu aguardaria uma resposta diferente dos lbios de
Jesus, diferente da que ele deu na forma da Orao do Pai
Nosso. Eu esperaria uma resposta mais ou menos assim:
Vocs querem aprender a orar? Leiam os Salmos.Fiquei surpreso com o fato de que Jesus no reco-mendou os Salmos aos discpulos. Ali, achamos no so-
mente o corao de Davi exposto, mas tambm um tesou-
ro de adorao divinamente inspirado, cheio de modelos
para seguirmos.
Nossa hesitao e fraqueza, em expressar adorao,pode ter duas causas principais. A primeira nossa falta
de vocabulrio conveniente. Tendemos a ser indistintos
no que concerne adorao. Foi Edgar Allan Pole quedisse que, para comunicar instruo, a prosa um instru-
mento mais apropriado do que a poesia. No surpreen-
dente que os salmos tenham sido escritos em forma poti-
ca. Neles, os mais elevados pices de expresso verbal so
atingidos no servio do louvor da alma a Deus.
Muitas pessoas no movimento carismtico tm
declarado que uma das principais razes para a sua bus-
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ca do dom de lnguas um desejo profundo de ven-cer ou superar a deficincia de um vocabulrio pobre
por meio de uma lngua de orao diferente. Pessoasacham frequentemente que sua prpria lngua ina-
dequada para expressar adorao. Este sentimento de
inadequao, de ter de usar as mesmas palavras velhas
e desgastadas, produz frustrao. Charles Wesley ex-
pressou opinio semelhante em seu hino Oh! se eutivesse mil lnguas para cantar. O hino se queixa deque a restrio a uma lngua um obstculo lamentvel
ao louvor, a ser libertado somente pelo acrscimo de
999 outras lnguas.
Os salmos foram escritos em vocabulrio simples,
mas poderoso, pelo qual o corao de vrios escritores ex-pressou reverncia para com Deus, sem ignorar a mente.Abrindo sua boca, os salmistas proferiram louvor. Com
certeza, esse louvor foi dado sob inspirao do EspritoSanto, mas por meio de homens cuja mente estava imersa
nas coisas de Deus.
Outra grande barreira para expressar louvor a ig-
norncia. Sofremos no tanto de um vocabulrio limita-
do, mas, principalmente, de um entendimento limitado
daquele que adoramos. Nossa adorao sofre de uma falta
de conhecimento de Deus.
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Pense num adolescente apaixonado que escreve bi-lhetes de amor para sua namorada durante uma aula. O
jovem pode ser tmido e hesitante, mas lhe d uma canetae tempo para pensar sobre o objeto de seu romance, e,
repentinamente, ele outro Shakespeare. Ora, bilhetes
de amor podem ser, de um ponto de vista literrio, senti-
mentais e menos do que sofisticados, mas no h falta de
palavras. O corao motiva a caneta.Como algum escreve cartas de amor para um Deusdesconhecido? Como os lbios formam palavras de louvor
para um Ser supremo, indefinvel e indescritvel? Deus
uma pessoa que tem uma histria sem fim. Ele se reve-
la a ns no somente no glorioso palco da natureza, mas
tambm nas pginas da Escritura Sagrada. Se enchermosnossa mente com a Palavra de Deus, nossos gaguejos im-
precisos se tornaro padres inteligentes de louvor signi-
ficativo. Por nos imergirmos nos salmos, no somente ga-nharemos discernimento a respeito de como louvar, mas
tambm aprimoraremos nosso entendimento daquele que
estamos louvando.
Por que devemos adorar a Deus? Como seres huma-
nos, fazer isso nosso dever. Fomos chamados a encher
a terra com a glria de Deus. Fomos criados imagem de
Deus para refletirmos a sua glria. Nossa principal funo
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exaltar o Senhor. De modo semelhante, devemos adorara Deus, mas no bajul-lo, como que preparando-o para
as nossas splicas. Notamos que os anjos, no cu, sodescritos como que cercando o trono de Deus com louvor
e adorao.
Em termos prticos, por que adorao to impor-
tante para ns? Por que toda a vida do cristo que deve
ser uma vida de obedincia e servio motivada e enri-quecida quando a santidade e a dignidade de Deus so gra-vadas em nossa mente. Antes que eu seja motivado a fazer
algo difcil para algum, preciso ter certa quantidade de
respeito por aquela pessoa. Quando algum me pede que
v ao mundo e suporte perseguio e hostilidade da parte
de pessoas contrrias e iradas, tenho de respeitar profun-damente aquele que me pediu isso. Quando agimos assim,
a tarefa se torna mais fcil.
Quando comeamos nossas oraes com adorao,estamos estabelecendo o tom para nos achegarmos a Deus
com confisso, ao de graas e splicas. Hebreus 4.16
nos diz que devemos entrar no Santo dos Santos confian-temente, pois o vu foi removido pela cruz. A espada que oanjo segurava porta do Paraso foi removida. Cristo nos
deu acesso ao Pai. Mas, se examinarmos a histria da igre-
ja, pessoas tm mantido uma distncia respeitvel, pen-
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sando que Deus permanece indiferente a elas. A oraose tornou to formal, que a igreja e suas pessoas reagiram
com igual intensidade na direo oposta.Hoje, temos a orao conversacional. Nossa con-
versa com Deus se d nestes termos: Ol, Deus! Como
voc est? As coisas no esto indo bem para mim hoje,
mas, voc sabe, voc e eu, Deus, sairemos bem de algum
modo, no ? Esta uma aproximao muito casual deDeus. Representa a reao contrria ao formalismo, mas o tipo de informalidade que produz desdm. Criada para
eliminar a artificialidade, ela produziu o pior tipo de ar-
tificialidade. difcil imaginar que um ser criado teria a
audcia de falar desta maneira com Deus, em sua presena
imediata.Deus nos convida a chegarmos livremente sua pre-
sena, mas temos de compreender que estamos diante de
Deus. Quando confrontados com o Senhor Deus onipo-tente, quem falaria como se estivesse falando com um
amigo em um jogo de baseball? Podemos nos achegar a
Deus com confiana, mas nunca com arrogncia, nunca
com presuno, nunca com frivolidade, como se estivsse-
mos lidando com um colega.
Quando comeamos nossa orao com adorao e
louvor, reconhecemos aquele com quem estamos falando.
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A gramtica no precisa ser perfeita, nem as palavras re-quintadas e eloquentes, mas elas tm de refletir o respeito
e a honra devidos a Deus. H um sentido em que a adora-o nos introduz no modo pelo qual confessamos nossos
pecados, expressamos nossos agradecimentos e fazemos
nossas splicas.
Vrios livros recentes querem que creiamos que tudo
que devemos fazer seguir certos passos, e Deus nos daro que quer que peamos. Os autores dizem, em essncia:Siga este procedimento ou use estas palavras especficas
e tenha certeza de que Deus ceder aos seus pedidos. Isso
no orao, mgica. So artifcios tencionados a manipu-
lar o Deus soberano. Mas quem ora desta maneira esquece
aquele com quem ele est falando. O Deus soberano nopode ser manipulado, porque conhece os coraes de todos
que oram a ele. A verdadeira orao pressupe uma atitude
de submisso humilde e adorao ao Deus todo-poderoso.
CO N F I S S O
Depois de expressarmos adorao, temos de achegar-
-nos a Deus com coraes de confisso. No temos qual-
quer direito de estar diante dele, exceto com base na obra
consumada de Cristo. No podemos fazer qualquer rei-
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vindicao, em e de ns mesmos, aos ouvidos de Deus.No temos nenhum direito intrnseco de estar em sua pre-
sena. As Escrituras nos dizem que Deus muito santoat para olhar para o pecado. Deus se deleita nas oraes
dos justos, mas no somos muito justos em nossa vida
diria. No entanto, o Deus a quem servimos nos convida
a entrar em sua presena, apesar do nosso pecado.
Em nosso estudo da Orao do Pai Nosso, conside-ramos alguns dos elementos importantes. Como a oraomodelo sugere, a confisso deve ser uma parte normal de
nossa conversa com Deus. A confisso no um assunto
frvolo com o qual nos envolvemos somente em ocasies
oportunas e certas datas durante o ano. A confisso deve
ser uma atividade diria para o cristo, cuja peregrinao caracterizada, em sua inteireza, pelo esprito de arrepen-
dimento. A principal razo por que a confisso tem de ser
feita diariamente que nossos pecados contra as leis deDeus so cometidos todos os dias. Fazemos coisas que
no devemos e deixamos de fazer aquelas coisas que Deus
nos manda fazer. Temos uma dvida diria perante Deus.
Consequentemente, nossas oraes dirias tm de incluir
atos genunos de confisso.
No foi por acaso que a Igreja Catlica Romana ele-
vou o rito de penitncia ao nvel de um sacramento. Visto
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que o sacramento da penitncia estava no centro do conflitoda Reforma Protestante, uma reao de negativismo para
com a penitncia se estabeleceu entre os protestantes. Foium caso clssico de reao extrema, de jogar tudo fora sem
aproveitar o que til. Os reformadores no procuravam
eliminar o arrependimento e a confisso, e sim a reforma
das prticas da igreja relacionadas a estas coisas.
O sacramento de penitncia catlico romano contmvrios elementos: confisso verbal, absolvio sacerdotale obras de satisfao. Estas obras de satisfao podem
ser atividades mecnicas, como dizer muitas Ave-marias
ou Pais-Nossos, ou podem ser atos mais rigorosos de
penitncia. As obras de satisfao tencionam garantir
mrito congruente para o cristo penitente, tornando-opronto para que Deus restaure a graa da justificao.
Foi o terceiro aspecto do sacramento de penitncia
que criou tanta controvrsia no sculo XVI. As obras desatisfao, aos olhos dos reformadores, eclipsavam a sufi-
cincia e a eficcia da obra consumada de Cristo em nosso
favor, na cruz. O mrito congruente, do qual Roma fa-
lava, obscurecia a doutrina bblica da justificao somente
pela f.
Na controvrsia sobre o arrependimento, os refor-
madores protestantes no repudiaram a importncia da
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confisso e reconheceram que confessar os pecados a ou-tra pessoa bblico. Todavia, eles desafiaram a exigncia
de confisso a um sacerdote.O princpio de absolvio sacerdotal no era uma
questo fundamental. A Igreja Catlica Romana sempre
ensinara que as palavras sacerdotais Te absolvo(Eu teabsolvo) acham sua fora na promessa de Jesus igre-
ja: O que ligares na terra ter sido ligado nos cus; e oque desligares na terra ter sido desligado nos cus (Mt16.19), garantindo ao porta-voz da igreja um direito de
proferir o perdo de Cristo pessoa penitente. A Igreja
Catlica Romana entende que o poder de perdoar pecados
no reside, em ltima anlise, no sacerdote. O sacerdote
apenas o porta-voz de Cristo. Na prtica, a absolviosacerdotal difere muito pouco da segurana de perdo
do ministro protestante, que dada dos plpitos, em todo
o pas, cada domingo.O apstolo Joo nos diz: Se confessarmos os nos-
sos pecados, ele fiel e justo para nos perdoar os pecados
e nos purificar de toda injustia (1 Jo 1.9). Aqui, temos
a promessa de Deus de perdoar nossos pecados confessa-
dos. Ignorar ou negligenciar esta promessa seguir um
caminho perigoso. Deus nos ordena a confessar nossos
pecados e promete perdo-los. O fato de que devemos con-
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fessar nossos pecados diariamente claro. O que a confis-so significa e o que ela envolve so questes que precisam
de algum desenvolvimento.Podemos distinguir entre dois tipos de arrependi-
mento: atrioe contrio. Atrio o arrependimento fal-sificado, que nunca nos qualifica para o perdo. como
o arrependimento de uma criana que apanhada no ato
de desobedecer a sua me e clama: Mame, mame, sintomuito; por favor, no bata em mim. Atrio o arrepen-dimento motivado estritamente pelo temor de punio.
O pecador confessa o seu pecado a Deus, no impelido
por tristeza genuna, e sim por um desejo de garantir um
livramento do inferno.
O verdadeiro arrependimento reflete contrio, umatristeza piedosa por ofender a Deus. Aqui, o pecador la-
menta o seu pecado, no pela perda de recompensa ou
ameaa de julgamento, mas porque ele trouxe injria honra de Deus.
A Igreja Catlica Romana usa uma orao de con-
fisso chamada O Ato de Contrio para expressar este
tipo de arrependimento: meu Deus, estou triste de
corao por ter ofendido a ti. Detesto todos os meus pe-
cados por causa de tua justa punio, mas, acima de tudo,
porque ofendi a ti, meu Deus, que mereces todo o meu
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amor. Resolvo firmemente, com a ajuda de tua graa, nopecar mais e evitar a ocasio de pecado.
Esta orao vai alm da atrio, o mero temor depunio, chegando a uma tristeza piedosa por ofender a
Deus. Observe que o pecador reconhece que Deus todo obeme merece o nosso amor. Este reconhecimento silenciatodas as tentativas de autojustificao.
A orao inclui uma firme resoluo de no cometernovamente o pecado, uma disposio de abandonar o male evitar at a ocasio dele. Um reconhecimento humilde
da dependncia da misericrdia e da ajuda divina tambm
est includo.
claro que possvel algum usar esta orao de
maneira mecnica, recitando-a como um exerccio formal,sem qualquer tristeza sincera. Mas as palavras da orao
expressam os elementos da verdadeira confisso.
A contrio perdeu muito de seu significado em nos-sa cultura. No difcil convencer as pessoas de que elas
so pecadoras, pois ningum dir que perfeito. A respos-
ta comum : Sim, eu sou um pecador. Todos so pecado-
res. Ningum perfeito. H poucos, se h algum, que
afirmam ser inculpveis, estar levando vidas de coerncia
tica e cumprindo a Regra urea em toda situao. O pro-
blema est no reconhecimento da intensidade de nosso pe-
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cado, a extrema falta de bondade de nossas aes. Porquesomos todos pecadores e sabemos que compartilhamos
da mesma culpa, nossa confisso tende a ser superficial,frequentemente no caracterizada por sinceridade, ou um
senso de urgncia moral.
O salmo 51, uma splica de perdo proferida por um
pecador contrito, foi escrito pelo rei Davi depois de haver
cometido adultrio com Bate-Seba. Davi no se aproximoude Deus com desculpas. Ele no pediu a Deus que conside-rasse as circunstncias que produziram o pecado ou o isola-
mento de sua posio como governante. Davi no procurou
minimizar a gravidade de seu pecado na presena de Deus.
No houve racionalizaes e nenhuma tentativa de autojus-
tificao, que caracterizam tanto pessoas culpadas.Davi disse: Eu conheo as minhas transgresses, e
o meu pecado est sempre diante de mim... sers tido por
justo no teu falar e puro no teu julgar (vv. 3-4). Em ou-tras palavras, Davi acreditava que Deus seria totalmente
justificado se no lhe desse nada, exceto punio comple-
ta. Davi exibiu aquilo que Deus disse no desprezar: um
corao quebrantado e contrito.
Em seguida, Davi suplicou restaurao ao favor de
Deus: Cria em mim, Deus, um corao puro e renova
dentro de mim um esprito inabalvel. No me repulses
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da tua presena, nem me retires o teu Santo Esprito. Res-titui-me a alegria da tua salvao e sustenta-me com um
esprito voluntrio (vv. 10-12). Ele entendeu o elementomais crucial da confisso: dependncia total da misericr-
dia de Deus. Davi no podia expiar seus prprios pecados.
No havia nada que ele pudesse fazer e nada que pudesse
dizer para desfazer o que tinha feito. No havia meios de
ele compensar seu erro a Deus. Davi entendeu o que Je-sus deixou claro mais tarde somos devedores incapazesde pagar nossas dvidas.
A confisso como uma declarao de falncia. Deus
exige perfeio. O menor pecado mancha um registro per-
feito. Todas as boas obras no mundo no podem apagar a
mancha e mover-nos da imperfeio para a perfeio. Quan-do cometemos o pecado, estamos moralmente falidos.
Nossa nica esperana ter esse pecado perdoado e coberto
por meio da expiao dAquele totalmente perfeito.Quando pecamos, nossa nica opo o arrependi-
mento. Sem arrependimento no h perdo. Temos de
chegar diante de Deus em contrio. Davi o expressou
desta maneira: No te comprazes em sacrifcios... Sacri-
fcios agradveis a Deus so o esprito quebrantado; cora-
o compungido e contrito, no o desprezars, Deus
(Sl 51.16-17).
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Aqui, os pensamentos profundos de Davi revelamseu entendimento do que muitas pessoas do Antigo Tes-
tamento no compreenderam a oferta de sacrifcios notemplo no obtinha mrito para o pecador. Os sacrifcios
apontavam para alm deles mesmos, para o Sacrifcio
perfeito. A expiao perfeita foi oferecida pelo Cordeiro
perfeito e sem mancha. O sangue de touros e de bodes
no remove o pecado. O sangue de Jesus o remove. Paranos aproveitarmos da expiao de Cristo e obtermos essacobertura, precisamos achegar-nos a Deus com quebranta-
mento e contrio. Os verdadeiros sacrifcios para Deus
so um corao quebrantado e um esprito contrito.
Havia um importante elemento de surpresa na ex-
perincia de perdo de Davi. Ele havia rogado a Deus quepurificasse o seu pecado e o tornasse limpo. Em certo sen-
tido, o perdo nunca deve ser uma surpresa. Nunca deve-
mos ficar surpresos quando Deus cumpre sua palavra deperdoar aqueles que confessam seus pecados. Deus cum-
pre suas promessas; o homem no. Deus o Elaborador
da Aliana; ns somos os transgressores da aliana.
Considerando a questo luz de outra perspectiva,
devemos ficar surpresos toda vezque experimentamos operdo. Nunca devemos ver a misericrdia e o perdo de
Deus como naturais, embora vivamos numa cultura que
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faz isso. assustador considerar a facilidade com que ve-mos a graa de Deus como algo natural. Ocasionalmente,
fao estas perguntas a universitrios, seminaristas e pro-fessores de seminrio: Deus est obrigado a ser amoroso?
Ele est obrigado a mostrar perdo e graa? Repetidas ve-
zes, a resposta deles afirmativa: Sim, claro; a natureza
de Deus ser amoroso. Ele essencialmente um Deus
de amor. Se ele no mostrasse amor, no seria Deus. SeDeus Deus, ele tem deser misericordioso!Ele tem deser misericordioso? Se Deus tem de ser mi-
sericordioso, ento sua misericrdia no mais espontnea
ou voluntria. Ela se torna obrigatria. Se isso verdade,
ela no mais misericrdia, e sim justia. Ningum pode
exigir que Deus seja misericordioso. Quando pensamos queele est obrigado a ser misericordioso, uma luz vermelha de-
veria brilhar em nosso crebro, indicando que no estamos
mais pensando em misericrdia, e sim em justia. Precisa-mos fazer mais do que cantar Graa Admirvel precisa-
mos ficar constantemente admirados com a graa.
AO D E G R AAS
Ao de graas tem de ser uma parte integral da ora-
o. Deve estar ligada inseparavelmente s nossas peties
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de splica. As Escrituras nos mandam que nos achegue-mos a Deus e lhe apresentemos todas as nossas peties
com aes de graas. Ao de graas um reconhecimentode Deus e de seus benefcios. Em salmos 103.2, Davi afir-
ma: Bendize, minha alma, ao SENHOR, e no te esque-
as de nem um s de seus benefcios.
Ingratido um problema srio. As Escrituras nos
falam muito sobre ela. O no ser grato uma marca tantodos pagos como dos apstatas.Em Romanos 1.21, Paulo chama ateno a dois pe-
cados elementares dos pagos. Ele diz: Tendo conheci-
mento de Deus, no o glorificaram como Deus, nem lhe
deram graas. Honra e ao de graas devem ser distin-
guidos, mas no separados. Deus honrado por ao degraas e desonrado por sua ausncia. Tudo que temos e
tudo que somos devemos, em ltima anlise, benevoln-
cia de nosso Criador. Desprez-lo por retermos a gratidoapropriada exaltar a ns mesmos e avilt-lo.
Os pagos devem ser distinguidos dos apstatas. Os
pagos nunca entraram na famlia da f. So estranhos
comunidade da aliana. Idolatria e ingratido os caracte-
rizam. Os apstatas so pessoas que se unem a uma igre-
ja, se tornam membros da comunidade da aliana visvel
e, depois, repudiam a igreja, deixando-a em troca de uma
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vida de satisfao secular. Os apstatas so pessoas queesquecem. Tm memria curta.
O encontro de Jesus com os dez leprosos ilustra aimportncia da ao de graas. Inmeros sermes j fo-
ram pregados sobre a cura dos dez leprosos, focalizando
a ateno no tema de gratido. O principal argumento de
muitos destes sermes que Jesus curou dez leprosos,
mas somente um deles ficou grato. A nica resposta edu-cada a esse tipo de pregao cham-la o que ela absur-do. inconcebvel que um leproso que suportou a terrvel
misria que ele enfrentava todos os dias, no mundo an-
tigo, no teria ficado grato por receber cura instantnea
daquela doena terrvel. Se tivesse sido um dos leprosos,
at Adolf Hitler teria ficado grato.A questo-chave da histria no gratido, e sim ao
de graas. Uma coisa algum se sentir grato; outra coisa expressar isso. Os leprosos eram separados da famlia edos amigos. Purificao instantnea implicava livramen-
to do exlio. Podemos imagin-los delirantemente felizes,
apressando-se em ir ao lar, para abraar a esposa, os filhos
e anunciar sua cura. Quem no seria grato? Mas somente
um deles adiou seu retorno ao lar e tomou tempo para
dargraas. O relato em Lucas 17 diz: Um dos dez, ven-do que fora curado, voltou, dando glria a Deus em alta
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voz, e prostrou-se com o rosto em terra aos ps de Jesus,agradecendo-lhe; e este era samaritano (vv. 15-16).
Todas as nossas oraes devem incluir ao de gra-as. Como o leproso, temos de parar, voltar e agradecer.
Somos to devedores a Deus que jamais poderemos esgo-
tar nossas oportunidades para expressar gratido.
Esquecer os benefcios de Deus tambm a marca
do cristo imaturo, aquele que vive por seus sentimen-tos. Ele propenso a uma vida espiritual do tipo mon-tanha-russa, movendo-se rapidamente de auges estticos
para depressivos. Nos momentos de auge, ele tem um
sentimento exultante da presena de Deus, mas entra em
desespero no momento em que sente uma ausncia pro-
funda desses sentimentos. Ele vive de bno em bn-o, sofrendo as angstias de uma memria curta. Vive
sempre no presente, saboreando o agora, mas perden-
do de vista o que Deus fez no passado. Sua obedincia eculto so to fortes quanto a intensidade de sua ltima
recordao de bno.
Se Deus jamais nos desse outro vislumbre de sua gl-
ria nesta vida, se ele jamais nos respondesse outro pedido,
se ele jamais nos desse outro dom da abundncia de sua
graa, ainda assim estaramos obrigados a gastar o resto
de nossas vidas agradecendo-lhe pelo que j fez. J temos
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sido abe