7/27/2019 A Poesia de Cabo Verde
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A POESIA de
CABO VERDEJorge Barbosa
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Biografia
Jorge Vera Cruz Barbosanasceu na ilha de Santiago deCabo Verde em 22 de Maio de1902. Em 1935, publica seu primeiro
livro, Arquiplago, onde rompe
com os padres literrioseuropeus.
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Aos dezoito anos comea atrabalhar na Alfndega de SoVicente. Percorre quase todasas ilhas em servio, para onde
transferido por vrias vezes.Aposentou-se na ilha do Sal,
em 1967, com sessenta e cinco
anos, com a categoria dediretor de alfndega.
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Em Setembro de 1970, j bastante
adoentado do corao, vem paraPortugal tratar-se, desencarnandotrs meses depois, em 06 de Janeirode 1971.
Vida sem grandes sobressaltos elimitada fronteira martima queinspirou tantos dos seus poemas. No
entanto, profunda e imensa emsonhos e em viagens imaginadasque jamais realizou.
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Contexto Histrico Jorge Barbosa foi o precursor da moderna
poesia de Cabo Verde, que ganha fora, nosanos posteriores, com o movimento literrioClaridade.
A nova poesia traz tona os problemas daterra; questes como a fome, as condiesclimticas e o resultado da relao entreilhu e espao inauguram o momento no
qual a literatura passa a pensar seu prpriopas, considerando toda sua complexidadesocial, poltica, espacial e histrica.
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Como precursora, a obra potica de
Jorge Barbosa j apresenta essascaractersticas.
Dentre elas, porm, o sentimento deinsularidade destaca-se como uma das
caractersticas fundamentais da poesiabarbosiana.
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Para Dina Salstio, escritora epoetisa caboverdiana, insularidade o sentimento de fragilidade,solido e angstia, alimentadopelas ondas e pelos gritos das
noites que atinge o que de maisfundo existe nos ilhus; os domina eos limita, deixando-os imperfeitoscomo os pequeninos portos, lhe
diminuem o riso e as razes e oslanam deriva, sobre razes soltase frgeis, roubadas de outras vidas(p.35).
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Postumamente, em 2002, a sua ObraPotica foi reunida pela Imprensa
Nacional-Casa da Moeda, onde seacrescentou trs livros inditos,ordenados pelo poeta: I Expectativa; II Romanceiro dos Pescadores; III Outros
Poemas.Deu a sua colaborao literria a revistas
e jornais da poca, como Presena,Claridade (quer nos trs primeiros
nmeros, quer nos seis restantes da 2fase), Cadernos de Poesia, Diabo,Atlntico, Mundo Portugus, Aventura,Movimento, Mensagem (CEI), Notcias deCabo Verde.
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Mais regularmente, a sua
colaborao foi para o Boletimde Cabo Verde, durante vriosanos, no s com poemas,
como tambm com ascrnicas de So Vicente eartigos vrios.
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Obras
Jorge Barbosa publicou em vidatrs livros:
Arquiplago (1 edio em
Dezembro de 1935, sob a gide daEditorial Claridade);
Ambiente (1 edio em 1941,Praia, Minerva de Cabo Verde);
Caderno de um Ilhu (1 edioem 1956, Lisboa, Agncia Geral doUltramar).
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Poema Do Mar
O drama do Mar,desassossego do Mar,
sempresempredentro de ns!
O Mar!cercandoprendendo as nossas Ilhas,desgastando as rochas das nossas Ilhas!
Deixando o esmalte do seu salitre nas faces dospescadores,roncando nas areias das nossas praias,batendo a sua voz de encontro aos montes,baloiando os barquinhos de pau que vo por estascostas...
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O Mar!
pondo rezas nos lbios,
deixando nos olhos dos que ficaram
a nostalgia resignada de pases distantes
que chegam at ns nas estampas das ilustraes
nas fitas de cinema
e nesse ar de outros climas que trazem ospassageiros
quando desembarcam para ver a pobreza daterra!
O Mar!
a esperana na carta de longe
que talvez no chegue mais!...
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O Mar!
saudades dos velhos marinheiros contando
histrias de tempos passados,histrias da baleia que uma vez virou acanoa...
de bebedeiras, de rixas, de mulheres, nos
portos estrangeiros...
O Mar! dentro de ns todos,
no canto da Morna,
no corpo das raparigas morenas,nas coxas geis das pretas,
no desejo da viagem que fica em sonhos demuita gente!
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Este convite de toda a horaque o Mar nos faz para a evaso!
Este desespero de querer partir
e ter que ficar!
(in Ambiente, 1941)
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Anlise da Obra Em "Poema do Mar", define
poeticamente, e de maneira muito clara,
esse desejo de partir tendo que ficar: "OMar! / [...] / deixando nos olhos dos queficaram / a nostalgia resignada de pasesdistantes" e o mar acaba por ser aimagem "criadora" da evaso: "Este
convite de toda a hora / que o Mar nostraz para a evaso / Esse desespero dequerer partir / e ter que ficar!".