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A Universidade do Minho e a oferta de formação superior em tecnologias da informação e electrónica
A UMinho teve um papel fundamental na estruturação do cluster de TI do Minho, alimentando com mão de
obre qualificada um tecido empresarial local capaz de a absorver (em boa parte) e de assim contribuir para as
condições de clusterização de base territorial em tecnologias avançadas.
Este trabalho é uma primeira tentativa de reconstruir a trajectória da oferta de formação superior em tecnolo-
gias da informação e electrónica na UMinho no período desde a fundação da Universidade até recentemente.
A UNIVERSIDADE DO MINHOE A OFERTA DE FORMAÇÃO SUPERIOR EM TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃOE ELECTRÓNICA
João Alvaro Carvalho
Luis Amaral
1. Introdução: A actual oferta de formação superior em tecnologias da in-formação e electrónica na Universidade do Minho
No ano lectivo 2002/2003 a Universidade do Minho (UMinho) apresentou uma oferta de 375 vagas
para cursos de licenciatura em áreas ligadas às tecnologias da informação e electrónica, vagas essas
distribuídas por 5 cursos de licenciatura: Engenharia de Sistemas e Informática (120); Matemática
e Ciências da Computação (65); Informática de Gestão (90); Engenharia de Comunicações (30); e
Engenharia Electrónica Industrial (70).
Com os novos estudantes admitidos nesse ano lectivo, a UMinho elevou acima dos 2500 o número de
estudantes inscritos naqueles 5 cursos de licenciatura (2593 estudantes). Também no que se refere
ao universo daqueles 5 cursos, e até ao final de 2002, a UMinho tinha atribuído o grau de licenciado
a cerca de 2000 (1997) estudantes.
Por outro lado, e no que se refere a cursos de pós-graduação (cursos de especialização e de mestrado),
a oferta da UMinho inclui os cursos de Informática, Sistemas de Informação, e Electrónica Industrial
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Clusters Regionais: O caso do Minho
que, no ano lectivo 2002/2003, contavam com cerca de 200 alunos inscritos.
A diversidade de oferta de cursos de graduação e pós-graduação bem como o número de estudantes
inscritos e de licenciados configura uma forte aposta da UMinho na área das tecnologias da infor-
mação e da electrónica (que se traduz actualmente em cerca de 15% dos estudantes do UMinho ins-
critos em cursos na área das tecnologias da informação e da electrónica). Esta aposta começou aliás
a desenhar-se bem cedo, por alturas da fundação da UMinho em meados da década de 1970, altura
em que a UMinho foi pioneira em Portugal no lançamento de um curso de licenciatura na área da
engenharia informática.
Esta aposta tende ainda a reforçar-se já que estão a arrancar e em preparação novos cursos de pós-
graduação: Computação Gráfica e Ambiente Virtuais, iniciado em Outubro de 2003, e Sistemas Mó-
veis, com início previsto para Outubro de 2004.
Nas secções seguintes é feita uma descrição da evolução verificada na UMinho desde o lançamento
da primeira licenciatura em informática até à situação que actualmente se verifica.
2. 1976 – 1985: O despontar duma área de interesses
Fundada em 1973 a UMinho lançaria os seus primeiros curso no ano lectivo 1975/1976. De entre
os cursos inicialmente oferecidos incluia-se uma licenciatura em Engenharia de Produção – ramo
Sistemas (com início no ano lectivo 1976/1977) . Ainda sem ostentar a designação de informática no
nome, uma análise do plano de estudos de curso revela uma forte componente de disciplinas ligadas
à computação que justifica que se possa considerar este curso como sendo de facto um curso em in-
formática (ver anexo E).
O plano de estudos da licenciatura em Engenharia de Produção – Ramo Sistemas combinava (i) disci-
plinas necessárias a garantir a componente básica de engenharia (ciências básicas e da engenharia)
comuns aos vários cursos de enegenharia da universidade (1), (ii) disciplinas da área da engenharia
da produção (ou engenharia e gestão industrial) (2), também estas comuns aos diversos ramos dos
(1) E.g., matemática, física, química, electrotecnia, termodinâmica, teoria do controlo.
(2) E.g., análise de custos, análise de sistemas, investigação operacional, fiabilidade e controlo da qualidade, ergonomia, higiene e segurança industrial, organização e controlo da produção.
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A Universidade do Minho e a oferta de formação superior em tecnologias da informação e electrónica
cursos em Engenharia de Produção (Sistemas, Têxtil, Metalomecânica, Transformação de Matérias
Plásticas), e (iii) disciplinas de informática e electrónica, nomeadamente:
-Programação de Computadores (duas disciplinas semestrais);
-Sistemas de Computação e Técnicas de Programação;
-Linguagens de Programação;
-Electrónica;
-Sistemas Lógicos;
-Arquitectura de Computadores;
-Análise de Sistemas de Informação;
-Processamento de Sinais;
-Implementação e Gestão de Centros de Computação;
-Processamento de Dados;
-Sistemas Operativos;
-Redes de Computadores;
-Aplicações de Informática e Sistemas.
Refira-se que as duas disciplinas de Programação de Computadores eram comuns a todos os cursos
de engenharia. Esta formação em programação de computadores para todos os cursos de engenharia
era reforçada através da exigência de apresentação de trabalhos que envolviam o uso da programação
em diversas disciplinas dos cursos de engenharia e em especial dos cursos de engenharia de produ-
ção. De entre tais disciplinas destacavam-se: Termodinâmica; Análise de Sistemas (dinâmica de
sistemas); Cálculo Numérico; Simulação, Elementos de Projecto de Sistemas.
Refira-se ainda que, tal como todos os cursos de engenharia da UMinho, a licenciatura em Engenha-
ria de Produção - Ramo Sistemas incluia no seu último semestre um estágio integrado com que se
procurava facilitar a integração dos finalistas no mercado de trabalho.
A clara afirmação deste curso como sendo um curso de engenharia informática aconteceria logo no
início dos anos 1980 com uma primeira reformulação do plano de estudos e com uma mudança na
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Clusters Regionais: O caso do Minho
designação do curso para Engenharia de Sistemas e Informática (LESI), designação que ainda hoje
se mantém. A reformulação do plano de estudos, reforçou a componente de informática pela elimi-
nação de algumas disciplinas consideradas menos relevantes num curso de engenharia centrado na
informática (3).
O novo plano de estudos reflectia a percepção da necessidade de profissionais com formação superior
na emergente área da informática e era possível dado o estado de desenvolvimento do Departamento
de Informática (na altura com a designação de Área de Informática e Controlo - AIC), o departa-
mento da Escola de Engenharia (na altura com a designação de Unidade Científico-Pedagógica de
Engenharia) que enquadrava os cerca de 30 docentes com interesses em informática, computação e
electrónica. Em 1983 o Departamento de Informática contava já com 6 docentes doutorados, número
este que se elevaria para 8 no ano seguinte.
Por essa altura, os interesses do Departamento de Informática estruturavam-se em 4 grupos, nome-
adamente:
-ciências da computação;
-engenharia da computação;
-electrónica industrial e controlo;
-informática de gestão.
Este 4 grupos reflectiam as várias sensibilidades existentes à altura na informática, fortemente
influenciadas pelas disciplinas onde o interesse pelos computadores e pela informática tinha vindo a
despontar e pelas suas principais áreas de aplicação: matemática, engenharia, gestão.
O grupo de ciências da computação procurava nas abordagens formais à computação e ao desenvol-
vimento do software formais o rigor e os fundamentos lógicos da matemática. O grupo de engenha-
ria da computação enquadrava os interesses nos sistemas de computação (arquitecturas, sistemas
operativos, redes de computadores) e também no software, numa tradição de engenharia localizada
normalmente em departamentos de engenharia electrotécnica. O grupo de electrónica industrial e
controlo tinha a sua correspondência nas facetas mais “hard” dos interesses nos computadores dos
referidos departamentos de engenharia electrotécnica de outras universidades. Finalmente, o grupo
(3) Tais como química e termodinâmica.
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A Universidade do Minho e a oferta de formação superior em tecnologias da informação e electrónica
de informática de gestão incluía interesses nas aplicações da informática nas organizações, em espe-
cial no apoio à gestão. O nome informática de gestão era a designação de origem francesa mais usada
em Portugal para designar o conjunto de interesses que nos EUA eram denominados por sistemas de
informação para gestão (MIS – management information systems).
Estes vários grupos viriam ao longo dos anos seguintes a protagonizar diversos episódios do desen-
volvimento da UMinho nas áreas das tecnologias da informação e electrónica.
O primeiro desses desenvolvimentos traduziu-se no lançamento de um curso de pós-graduação que,
para além de uma formação global em informática, oferecia a possibilidade de especialização em duas
áreas distintas: ciências da computação e informática de gestão - o Mestrado em Informática. Inicia-
do no ano lectivo 1983/1984, este curso viria a ser interrompido logo após a segunda edição por falta
de um fluxo suficiente de candidaturas em quantidade e qualidade.
3. 1986-1995: A diversificação da formação de graduação
Com dificuldades na afirmação da formação pós-graduada, o Departamento de Informática da UMi-
nho optou por reforçar a sua oferta a nível de cursos de licenciatura. O primeiro desses reforços
traduziu-se no lançamento de uma nova licenciatura, em colaboração com o Departamento de Ma-
temática da Escola de Ciências. Esta licenciatura, com a designação de Matemática e Ciências da
Computação (LMCC), evidenciava a aposta do Departamento de Informática na vertente mais ligada
ao grupo de ciências da computação.
Assim, no ano lectivo 1986/1987, os 30 alunos de numerus clasus da nova licenciatura – LMCC - jun-
tam-se aos 60 alunos do numerus clasus da LESI, elevando para 90 o número de lugares oferecidos
anualmente pela UMinho aos interessados em ingressar numa licenciatura em informática.
Dois anos volvidos – em 1988/1989 – é lançado um novo curso. Desta vez é o grupo de electrónica
industrial e controlo que promove a criação de uma nova licenciatura - a licenciatura em Engenharia
Electrónica Industrial (LEEI) que arranca com um numerus clausus de 45. Ao contrário das outras
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Clusters Regionais: O caso do Minho
licenciaturas – LESI e LMCC - cujas disciplinas são leccionadas no campus de Braga da UMinho a
LEEI é sediada no campus de Guimarães.
O lançamento da LEEI acontece em simultâneo com algumas mudanças estruturais na UMinho. É
feita uma revisão dos estatutos da universidade por forma a ajustá-los aos desenvolvimentos verifi-
cados após a sua criação. Com um pouco mais de 4000 alunos a UMinho é já uma realidade muito
diferente da universidade que em 1975 funcionava com 228 alunos. Nessa reestruturação são rede-
finidas as unidades orgânicas. As unidades científico-pedagógicas são reformuladas em escolas ou
institutos e as áreas passam a departamentos.
Aproveitando estas mudanças, também como consequência do crescimento e desenvolvimento do
Departamento de Informática, e reflectindo ainda o estabelecimento da nova licenciatura LEEI em
Guimarães, é criado o Departamento de Electrónica Industrial, com sede em Guimarães e enqua-
drando os docentes que, até à data constituíam, o grupo de electrónica industrial e controlo do De-
partamento de Informática. Esta alteração estrutural obrigou obviamente a uma reformulação dos
grupos existentes no Departamento de Informática.
Uma nova licenciatura não se faz no entanto esperar. Em 1990/1991 tem início a Licenciatura em
Informática de Gestão (LIG), também com um numerus clausus de 45 alunos e elevando para 225
o numerus clausus global dos cursos em tecnologias da informação e electrónica da UMinho: LESI
– 90; LMCC – 45; LEEI – 45; LIG – 45. Desta vez é o grupo de informática de gestão que em parce-
ria com a Escola de Economia e Gestão promove a criação de um curso de licenciatura que reflecte
os seus interesses. Ao ser sediada em Guimarães, a LIG irá no médio prazo levar a que um número
significativo dos docentes do Departamento de Informática se venham a sediar no campus de Gui-
marães da UMinho.
Este lançamento de novas licenciaturas em tecnologias da informação e electrónica aconteceu num
período de forte crescimento da UMinho. Note-se que entre os anos lectivos de 1986/1987 a 1990/1991
a UMinho aumentou a sua oferta de novos lugares em cursos de licenciatura em todas áreas de forma
significativa. Em 1986/1987 o aumento foi de cerca de 13%; em 1987/1988 foi de 26%; em 1988/1989
de 27% em 1989/1990 de 45%! Este aumento do numerus clasus traduziu-se também numa dupli-
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A Universidade do Minho e a oferta de formação superior em tecnologias da informação e electrónica
cação do número de estudantes inscritos. Dos 3032 estudantes inscritos em 1986/1987 a UMinho
passou para 6327 estudantes em 1990/1991!
Refira-se que, até esta data, o número de licenciados em informática pela UMinho é ainda bastante
reduzido. Com efeito, até 1990, contados 15 anos de funcionamento de cursos de informática, apenas
102 estudantes tinham terminado completamente os seus cursos de licenciatura. O facto de apenas a
LESI ter funcionado tempo suficiente para produzir licenciados não explica totalmente o facto deste
número ser relativamente reduzido. Verificava-se que muitos dos seus alunos não tinham preocupa-
ção em concluir oficialmente o curso. Um número significativo dos alunos da LESI tinha já concluído
todas as disciplinas do plano de estudos e tinha-se incito no estágio. No entanto, a facilidade com que
eram integrados no mercado de trabalho ou o entusiasmo com que se entregam a projectos empreen-
dedores levava a que muitos destes jovens não se preocupassem de imediato com a conclusão oficial
do curso que viria apenas a acontecer em anos futuros.
4. 1995 – 2002: Rumo à actual situação
Apesar de entre 1995 e 2002 se registar o lançamento de uma nova licenciatura – Engenharia de
Comunicações, os principais desenvolvimentos ocorridos neste período são de natureza estrutural e
afectaram sobretudo o Departamento de Informática.
Em 1995 o Departamento de Informática tinha cerca de 75 docentes envolvidos na leccionação das
suas 3 licenciaturas (LESI e LMCC a funcionar no campus de Braga e LIG no campus de Guimarães)
e curso de mestrado e enquadrados em sete grupos de interesse:
-fundamentos da computação;
-inteligência artificial;
-tecnologia da programação;
-comunicações por computador;
-engenharia de computadores e sistemas digitais;
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Clusters Regionais: O caso do Minho
-sistemas de informação;
-informática no ensino.
Por esta altura a reitoria da UMinho pressiona as várias escolas e respectivos departamentos no
sentido de aumentarem a sua presença no campus de Guimarães e sediarem neste campus um nú-
mero de docentes compatível com o número de alunos a cargo desses departamentos inscritos em
licenciaturas a funcionarem em Guimarães.
Como consequência desta pressão, o Departamento de Informática propõe, em final de 1996, a cria-
ção do NDIG – Núcleo do Departamento de Informática em Guimarães. O NDIG irá incluir cerca de
25 docentes pertencentes aos grupos de sistemas de informação e informática no ensino. Cerca de
três anos mais tarde, em Outubro de 1999, o NDIG viria a formar um novo departamento – o Depar-
tamento de Sistemas de Informação, nessa altura incluindo já 32 docentes.
A criação do Departamento de Sistemas de Informação ocorreu após uma prolongada reflexão re-
alizada na Escola de Engenharia incidindo sobre a sua estrutura, interesses e articulação entre os
vários departamentos da Escola e com outros departamentos da UMinho. Este reflexão obrigou a
uma explicitação por parte de cada departamento das suas áreas de interesse e actuação e levou a
uma redefinição dos grupos disciplinares, áreas disciplinares, ramos de doutoramento associados a
cada departamento da Escola de Engenharia (ver anexo D) e incluiu a criação do Departamento de
Sistemas de Informação.
Esta reflexão foi também espaço para a definição de projectos de ensino que poderiam contribuir
para reforçar a posição da Escola de Engenharia da UMinho no contexto das escolas de engenharia
portuguesas. Nesse sentido foram propostos dois novos cursos de licenciatura: a Licenciatura em
Engenharia Biomédica, liderado pela Departamento de Engenharia Biológica e envolvendo grande
parte dos restantes departamentos da Escola e a Licenciatura em Engenharia de Comunicações
(LEC), proposta pelo Departamento de Informática mas que de imediato recolheu apoio por parte
dos Departamentos de Sistemas de Informação e Electrónica Industrial. O curso viria a ser sediado
em Guimarães e teve a sua primeira instância no ano lectivo 2002/2003, com um numerus clausus
de 30 alunos.
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A Universidade do Minho e a oferta de formação superior em tecnologias da informação e electrónica
5. A formação pós-graduada
A formação pós-graduada em tecnologias da informação e electrónica na UMinho conhece um forte
desenvolvimento a partir de 1991. Com efeito, é no ano lectivo 1991/1992 que é relançado o Mestrado
em Informática que havia sido interrompido em 1985 após apenas 2 edições.
Este relançamento, nesta altura (1991), tem várias justificações quer de natureza externa, quer de
natureza interna que formam uma teia de factores que, nalguns casos se, reforçam mutuamente.
Em primeiro lugar há que referir as evoluções verificadas na sociedade que se traduzem num acele-
rar do ritmo de produção do conhecimento científico e tecnológico que são simultaneamente causa e
consequência de mudanças de comportamentos e de práticas de trabalho. A formação adquirida na
Universidade precisa cada vez mais de ser complementada, reforçada ou até reformulada e as compe-
tências de saber aprender são reconhecidas como tão ou mais importantes que o conhecimento cien-
tífico e tecnológico. A formação pós-graduada aparece naturalmente como o meio de especialização,
actualização e iniciação à investigação.
Por outro lado, o aumento significativo do segmento da população de jovens a frequentar o ensino su-
perior verificado em Portugal a partir dos anos 1980 tem como consequência natural um aumento da
procura da formação pós-graduada como patamar de diferenciação da formação de nível superior.
Estas mudanças levaram a que, um pouco por todo o lado (em diversas universidades e nas mais
diversas áreas do saber), começa a aparecer uma oferta consistente de cursos de pós-graduação (4).
Também na UMinho isso acontecia.
Ao nível dos factores internos serão de considerar a necessidade sentida em oferecer cursos de forma-
ção avançada com conteúdos próximos das áreas de interesse de investigação dos departamentos ao
mesmo tempo que se formava toda uma nova geração de docentes, recentemente contratados como
resultado da criação dos novos cursos de licenciatura. Esta formação alargava-se também a jovens
licenciados, interessados em seguir carreiras no ensino superior ou de investigação, mercados de
trabalho em expansão dado o crescimento que se verificava nas instituições de ensino superior, uni-
versitárias ou politécnicas, públicas ou privadas.
(4) O aumento da oferta de cursos de pós-graduação levaria até a uma reformu-lação da legislação que regulamentava a oferta deste tipo de formação superior (decreto-lei 216/92 de 13 de Outubro de 1992).
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Clusters Regionais: O caso do Minho
A investigação científica estava também a ser alvo de desenvolvimentos sem precedentes ao nível do
país. Refira-se que por esta altura, início da década de 1990, são lançados programas de infra-estru-
turação de centros de investigação (programa Ciência), programas de financiamento de projectos de
investigação e programas de formação avançada dirigidos a interessados em obter doutoramento e
mestrado. Os financiamento do estado destinados à formação profissional passam também a abran-
ger acções no âmbito de cursos conducentes à obtenção de graus académicos (PRODEP).
Este conjunto de factores permitiu que o funcionamento do Mestrado em Informática pudesse con-
cretizar-se em 1991 com condições inexistentes aquando do seu lançamento em 1983. Mantendo as
mesmas áreas de especialização – ciências da computação e informática de gestão – o mestrado seria
no ano lectivo de 1993/1994 dotado de uma nova área de especialização: sistemas distribuídos, comu-
nicações por computador e arquitecturas de computadores. Esta nova especialização procurava abrir
espaço para alguns dos interesses de ensino e investigação que resultaram da evolução da antiga
área de engenharia da computação. No ano seguinte, foi também criado o curso de especialização em
informática. Este curso é um diploma de pós-graduação que usando as disciplinas que integravam
as várias especializações do mestrado, facilitava a frequência do curso a candidatos que não estavam
interessados na obtenção do grau de mestre (dispensando portanto a realização de uma dissertação)
e ainda a candidatos que não reuniam as condições necessárias à admissão no mestrado (nota de
conclusão de licenciatura não inferior a 14 valores).
No ano lectivo 1998/1999 a especialização em informática de gestão do Mestrado em Informática
seria descontinuada, aparecendo em sua substituição um novo Mestrado (e curso de especialização)
em Sistemas de Informação. Para além das edições normais deste curso que têm ocorrido ininter-
ruptamente desde a sua criação, realizaram-se ainda duas edições especiais deste curso leccionadas
em Moçambique (2000/2001 e 2001/2002) numa colaboração entre a UMinho e o ISCTEM – Instituto
Superior de Ciências e Tecnologia de Moçambique.
Na vertente da electrónica a formação pós-graduada é lançada em 1994/1995 – o Mestrado em Elec-
trónica Industrial sendo pouco tempo depois ajustado por forma a enquadrar duas especializações
(automação e robótica; informática industrial e telecomunicações) e a ter também associado um
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A Universidade do Minho e a oferta de formação superior em tecnologias da informação e electrónica
curso de especialização.
Neste conjunto de cursos de pós-graduação, a UMinho tem actualmente inscritos mais de 200 estu-
dantes tendo sido já defendidas cerca de 200 dissertações de mestrado.
Mais recentemente a formação pós-graduada tem vindo a conhecer novos desenvolvimentos através
do lançamento de produtos mais especializados e para os quais são congregados recursos existentes
nos vários departamentos com interesses nas áreas de especialização. De entre estes produtos des-
tacam-se os Mestrados (e Cursos de Especialização) em Computação Gráfica e Ambientes Virtuais,
Sistemas de Dados e Processamento Analítico (ambos iniciados no ano lectivo 2003/2004) e Sistemas
Móveis (com início em preparação para o ano lectivo de 2004/2005).
Prevê-se que nos próximos anos a oferta de cursos de pós-graduação e ainda de cursos de formação
contínua aumente substancialmente, não só como resultado da consolidação de vários grupos de in-
teresse existentes na UMinho mas também como resultado das mudanças profundas que se esperam
para breve a nível da estruturação do ensino superior em Portugal e na Europa.
Outra faceta da formação pós-graduada traduz-se na formação conducente à obtenção do grau de
doutor. Outrora frequentada quase exclusivamente por docentes da própria instituição, os “cursos”
de doutoramento que levam atribuição da habilitação para a condução de investigação têm vindo a
conhecer um aumento substancial de procura. Em 2003 estavam inscritos em doutoramento nas
áreas das tecnologias da informação e electrónica 87 estudantes dos quais apenas 36 eram docentes
na UMinho.
6. Conclusão
Nos anexos A, B e C apresenta-se a evolução verificada na UMinho relativamente ao número de
vagas (numeri clausus) para cursos de graduação, número de alunos inscritos e ainda número de
licenciados nos cursos de licenciatura na área das tecnologias da informação e electrónica.
Duma análise destes números, dois aspectos serão de salientar. Por um lado, o peso que estes cursos
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Clusters Regionais: O caso do Minho
têm na oferta global da UMinho e no número global de alunos inscritos. Constata-se que esta área de
formação superior corresponde a cerca de 15% dos alunos da universidade traduzindo de forma clara
a atenção que a UMinho tem vindo dedicar a esta área.
Por outro lado, será de notar o modo como estes números evoluíram, sobretudo entre os anos de
1985-1995, acompanhando o aumento da procura do ensino superior. No entanto, o aumento da
oferta não se traduziu apenas no aumento do numerus clausus mas também num alargamento do
espectro de cursos oferecidos. Como resultado, a UMinho dispõe hoje de um conjunto de cursos li-
gados às tecnologias da informação e da electrónica com uma diversidade sem rival no conjunto das
universidades portuguesas.
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A Universidade do Minho e a oferta de formação superior em tecnologias da informação e electrónica
Na mesa: (esquerda para a direita)
- Professor Altamiro Machado, um dos líderes do lançamento dos cursos de informática na Universidade do Minho. (falecido em 2001)
- Representante da Câmara Municipal de Braga
- Reitor da Universidade do Minho (Prof. Lúcio Craveiro)
- Dr. Marques Mendes (então vice Governador Civil de Braga)
- João Álvaro Carvalho (então aluno e um dos organizadores das jornadas. É actualmente director do Departamento de Sistemas de Informação da Escola de Engenharia da Universidade do Minho e um dos autores deste texto)
(Notas do editor)
1º Seminário sobre Informática na Administração Local, Universidade do Minho, Guimarães, Junho de 1982, organizado no âmbito das cadeiras de Opção I e Implementação e Gestão de Centros de Computação (4º ano da Licenciatura em Engenharia de Sistemas e Informática)
A imagem é pertinente porque mostra o empenho da Universidade do Minho em criar ligações com as instituições locais logo desde os seus primórdios.Um seminário de académicos com o poder local para discutir informática na administração pública não era propriamente trivial naquela altura.
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Clusters Regionais: O caso do Minho
7. Anexos
A1 – Numeri clausus dos cursos em tecnologias da informação e electrónica
(TIE) da Universidade do Minho entre 1976 e 2003
LESI MCC LEEIC LIG LEC Total Total UMinho
TIE
1976/77 30 30
1977/78 30 30
1978/79 30 30 330
1979/80 30 30 180
1980/81 30 30 390
1981/82 30 30 400
1982/83 60 60 450
1983/84 60 60 465
1984/85 50 50 390
1985/86 52 52 414
1986/87 60 30 90 467
1987/88 80 45 125 589
1988/89 80 45 45 170 749
1989/90 90 45 45 180 1085
1990/91 90 45 45 45 225 1085
1991/92 90 45 45 45 225 1330
1992/93 90 45 50 60 245 1340
1993/94 90 45 50 70 255 1499
1994/95 100 60 60 70 290 1565
1995/96 100 60 60 70 290 1670
1996/97 100 60 60 70 290 1835
1997/98 100 60 65 75 300 2000
1998/99 105 60 70 75 310 2072
1999/00 110 65 70 80 325 2196
2000/01 110 65 70 80 325 2186
2001/02 110 65 70 90 335 2236
2002/03 110 65 70 90 30 365 2251
2003/04 110 60 64 87 30 351 2121
LESI - Licenciatura em Engenharia de Sistemas e Informática
LMCC – Licenciatura em Matemática e Ciências da Computação
LEEI – Licenciatura em Engenharia Electrónica Industrial
LEC – Licenciatura em Engenharia de Comunicações
LIG – Licenciatura em Informática de Gestão
TIE – Tecnologias da Informação e Electrónica
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A Universidade do Minho e a oferta de formação superior em tecnologias da informação e electrónica
A2 – Numeri clausus dos cursos em tecnologias da informação e electrónica
(TIE) da Universidade do Minho entre 1976 e 2003
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Clusters Regionais: O caso do Minho
B1 – Número de alunos inscritos nos cursos em tecnologias da informação e
electrónica (TIE) da Universidade do Minho entre 1976 e 2003
LESI MCC LEEIC LIG LEC Total TIE Total UM
1975/76 0 228
1976/77 30 30 396
1977/78 31 31 526
1978/79 32 32 661
1979/80 54 54 876
1980/81 77 77 1191
1981/82 105 105 1466
1982/83 177 177 1817
1983/84 223 223 2225
1984/85 274 274 2448
1985/86 356 356 2854
1986/87 403 37 440 3032
1987/88 467 96 563 3446
1988/89 513 152 66 731 4111
1989/90 587 197 135 919 5144
1990/91 649 231 202 68 1150 6327
1991/92 767 246 265 128 1406 7727
1992/93 755 272 323 223 1573 9008
1993/94 767 288 357 327 1739 10233
1994/95 786 333 398 393 1910 11575
1995/96 814 357 435 456 2062 12529
1996/97 847 378 464 527 2216 13767
1997/98 829 390 497 561 2277 14863
1998/99 826 398 513 589 2326 15260
1999/00 853 412 501 583 2349 16237
2000/01 889 423 497 604 2413 16379
2001/02 937 408 458 682 2485 16929
2002/03 982 407 481 708 16 2594 17038
LESI - Licenciatura em Engenharia de Sistemas e Informática
LMCC – Licenciatura em Matemática e Ciências da Computação
LEEI – Licenciatura em Engenharia Electrónica Industrial
LEC – Licenciatura em Engenharia de Comunicações
LIG – Licenciatura em Informática de Gestão
TIE – Tecnologias da Informação e Electrónica
NOTA: O número de alunos total da UMinho inclui alunos de cursos de pós-graduação.
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A Universidade do Minho e a oferta de formação superior em tecnologias da informação e electrónica
B2 – Número de alunos inscritos nos cursos em tecnologias da informação e
electrónica (TIE) da Universidade do Minho entre 1976 e 2003
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Clusters Regionais: O caso do Minho
C1 – Número de alunos licenciados nos cursos em tecnologias da informação e
electrónica (TIE) da Universidade do Minho entre 1976 e 2002
LESI MCC LEEIC LIG LEC Total TIE Total UM
1976 0 0
1977 0 0
1978 0 0
1979 0 74
1980 0 95
1981 6 6 73
1982 2 2 91
1983 3 3 115
1984 7 7 146
1985 5 5 224
1986 9 9 230
1987 15 15 258
1988 18 18 301
1989 18 18 271
1990 19 19 338
1991 49 5 54 448
1992 73 8 81 580
1993 74 22 24 120 849
1994 89 18 35 142 891
1995 83 19 37 24 163 1164
1996 72 24 35 24 155 1251
1997 97 19 48 54 218 1407
1998 78 10 36 69 193 1492
1999 64 8 56 68 196 1636
2000 57 14 66 74 211 1685
2001 55 22 53 52 182 1848
2002 49 27 38 66 180 1810
LESI - Licenciatura em Engenharia de Sistemas e Informática
LMCC – Licenciatura em Matemática e Ciências da Computação
LEEI – Licenciatura em Engenharia Electrónica Industrial
LEC – Licenciatura em Engenharia de Comunicações
LIG – Licenciatura em Informática de Gestão
TIE – Tecnologias da Informação e Electrónica
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A Universidade do Minho e a oferta de formação superior em tecnologias da informação e electrónica
C2 – Número de alunos licenciados nos cursos em tecnologias da informação e
electrónica (TIE) da Universidade do Minho entre 1976 e 2002
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Clusters Regionais: O caso do Minho
D – Áreas científicas e tecnológicas dos departamentos
No quadro apresentado abaixo são listados os ramos de doutoramento e respectivas áreas de co-
nhecimento associados aos departamentos de Informática, Sistemas de Informação e Electrónica
Industrial.
Estas áreas científicas e tecnológicas podem ser vistas como definidoras dos interesses e âmbito de
actuação dos três departamentos da Escola de Engenharia da Universidade do Minho mais directa-
mente relacionados com a área das tecnologias da informação e electrónica.
Departamento e respectivoramo de doutoramento
Áreas de conhecimento
Informática
Informática
Comunicações por Computador
Engenharia de Computadores
Fundamentos da Computação
Inteligência Artifi cial
Sistemas Digitais
Tecnologia da Programação
Sistemas de Informação
Tecnologias e sistemas de informação
Engenharia e Gestão de Sistemas de Informação
Sociedade da Informação
Engenharia da Programação e dos Sistemas Informáticos
Sistemas de Computação e Comunicações
Electrónica Industrial
Electrónica Industrial
Automação e Controlo
Electrónica e Instrumentação
Informática Industrial
Máquinas Eléctricas e Actuadores
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A Universidade do Minho e a oferta de formação superior em tecnologias da informação e electrónica
E – Plano de estudos da Licenciatura em Engenharia de Produção – Ramos Sis-
temas: 1976 - 1981
Ano Semestre Matemática CiênciasBásicas
Ciências daengenharia
Produçãoe Sistemas
Informáticae Electrónica
Outras
1º 1 Análise Matemática IÁlgebra Linear e Ge-ometria Analítica
Física I Desenho Técnico Programação de Computadores I Inglês Técnico
2 Análise Matemática II Física IIQuímica Geral
Introdução à Engenharia de Produção Programação de Computadores IISistemas de Computação
2º 1 Análise Matemática III Electricidade e Magnetismo
TermodinâmicaEstrutura e Propriedade dos Materiais
Linguagens de Programação Economia
2 Estatística I Transferência de Mo-mento e Calor
Análise de Custos Industriais I ElectrónicaSistemas LógicosProcessamento de Dados
3º 1 Cálculo Numérico I Electrotecnia Processos de Manu-factura
Análise de Custos Industriais II Arquitectura de ComputadoresAnálise de Sistemas de Informação
2 Métodos Matemáticos em Engenharia
Teoria do Controlo Estatística IICálculo Numérico II
Processamento de Sinais Relações Humanas na Organização
4º 1 Investigação Operacional IAnálise de SistemasEstudo do Trabalho e Princípios de ErgonomiaSimulação
AutomaçãoImplementação e Gestão de Centros de Computação
2 Investigação Operacional IIErgonomia IndustrialFiabilidade e Controlo de Qualidade
Opção IOpção IIOpção III
5º 1 Modelos Económicos de DecisãoElementos de Projecto de SistemasHigiene e Segurança IndustrialOrganização e Controlo da Produção
Aplicações de Informática e Sistemas Princípios de Gestão
2 Estágio Legislação Industrial
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Clusters Regionais: O caso do Minho