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P A R A N Á Domingo, 8 de janeiro de 20064 GAZETA DO POVO

CENA 1 - A família OliveiraFerraz não é daqui. A mãe –Elza, 43 anos, e os filhos Wílson,15, José Aílton, 19, e Luciana,26, vieram de São Paulo e, entreidas e vindas indecisas, fizeramde Curitiba sua cidade satélite.A placa da rua onde moram – aSperandio Domingos Foggiato,homenagem ao fotojornalistaque trabalhou dos anos 30 a 50,entre outros veículos, para aGazeta do Povo – indica queaquele bairro é o Prado Velho,mas ficou conhecido como Viladas Torres, ou Vila Pinto. Os fi-lhos de Elza são catadores depapel e abandonaram a escolano início do curso ginasial.

CENA 2 - José Marcos Novak,arquiteto, e Adriano Moro, de-signer, ambos com 39 anos, háalguns meses decidiram se reu-nir para trabalhar na criação deutilitários – abajures, lustres eobjetos do gênero. Fundaram aAlea, uma empresa para comer-cializar os futuros produtos. Vãoprecisar. As peças que fazemnão são comuns. Além daqueletoque de originalidade própriodos designers, a dupla trabalhacom resíduos, ou seja, vidros decompota, frascos de Yakult,embalagem de Gatorade ou cai-xinhas de remédio – fartamenteencontrados no lixo.

CENA 3 - O jornalista aposenta-do do Tribunal de Justiça,Arnoldo Anater, 67 anos, natu-ral de Concórdia (SC), dedicouparte de sua carreira ao serviçopúblico, com cujos rendimentoscriou dois filhos. Mas, na moci-dade, teve seus dias de repórter,com um bloquinho na mão e umaidéia na cabeça. Nos anos 60,início dos 70, trabalhou no míti-co Diário do Paraná, jornal dosDiários Associados, de AssisChateubriand, o Chatô. Gostavade escrever matérias de rua – elembra de ter feito algumas emfavelas, como as do Parolin e doPrado Velho, nas imediações deonde está hoje a Vila das Torres.“Quando chovia, o rio transbor-dava e a gente vinha para cá”,conta.

TODOS JUNTOS - Dias atrás, areportagem da Gazeta do Povoprovocou um encontro entre osOliveira Ferraz, Arnoldo, Novake Moro. O grupo não se conhe-cia, embora bem poderia estaragora tomando um sorvete desaquinho ou um capilé na ruaprincipal do bairro que despertaum misto de medo e curiosidadenos curitibanos. Esses compa-nheiros acidentais têm muito emcomum. Quando sai para asruas, de segunda a sábado, aolado de dois irmãos, Lucianaencontra no lixo os detritos queJosé Marcos e Adriano tantoprecisam para realizar suaspeças utilitárias. E Arnoldo, hánada menos do que 30 anos, ti-nha curiosidade de entrar naVila das Torres, já que nos seustempos de repórter cobria aque-la área. Acompanhar o projetode design e encontrar as portasda casa de Elza abertas encur-taram a viagem adiada por tan-tas décadas.

Vizinho distanteNão é a primeira vez que José

Marcos Novak tenta se aproxi-mar da Vila das Torres. Arriscapensar nisso todo santo dia, jáque leciona no curso de Ar-quitetura da PUCPR – institui-ção que é vizinha da área. Nãobastasse, Novak é um pensadorpouco ortodoxo da cidade. Ficaprestes a armar um motim sealguém propor ações urbanascosméticas – dessas que trans-formam preservação do patri-mônio e melhorias em sinônimoplastificação e padronização.Não esperem que ele diga que aVila Pinto é feia. Melhor pergun-tar o que ela revela sobre a ci-dade e boa viagem. Para ele, a

vila diz respeito a Curitiba, emuito. Tanto que, há dois anos,chegou a montar um ateliê nobairro, como agregado da ONGGirassol, atualmente desativada.

Atire a primeira pedra quemjá pensou em montar uma espé-cie de escritório em local tãoinusitado. Não por menos, quan-do se uniu com Moro para fazerdesign com resíduos, Novak nãopestanejou antes de procurar oscarrinheiros da Vila das Torres.Ao descer a ladeira que leva atéa casa de Elza, Luciana, Wílsone José Aílton, o arquiteto e odesigner deram asas às melhoresintenções. Eles propõem parce-rias num espaço em que, reza alenda, existem – entre pequenos,médios e grandes – 500 depósi-tos de papel velho e congêneres.Muitas desses espaços sãopequenas usinas domésticas,instaladas perto da porta dascozinhas, dos quartos e de ondea criançada joga bola.

Com sorte, uma parte bas-tante pequena do que sobra nasruas todos os dias e espera ahora de ser vendido vai se trans-formar em abajures ou coisa quevalha nas mãos dos designers.“Saber que uma caixa de remé-dio pode se tornar uma peça aju-da a dar sentido ao trabalho doscarrinheiros. Mas não gostariaque isso fosse visto como um pro-jeto social. É uma troca. A gentequer dar uma linguagem nova aprodutos com que o pessoal davila tem contato todo dia”, co-menta José Marcos Novak.

Os preços de garrafinhas oucaixinhas intatas – única con-dição para serem reaproveitadasna produção de utilitários – éanimador. Podem chegar a 30centavos a unidade na cotaçãoda dupla. Para a reciclagempadrão, são necessários cercatrês quilos de papel até chegar aesse valor. Sem contar as varia-

ções de preço que volta e meiasacodem o mercado dos carrin-hos. Em baixa estação, o quilobeira infames três centavos.

Carrinho ao ventoO empurrão que Novak &

Moro precisavam para circularpelo bairro veio de ErondinaGlaci de Oliveira, 50, diretora

do Departamento Social doClube de Mães da Vila dasTorres e 35 anos de comu-nidade. Como ela é vizinha dosOliveira Ferraz, achou que eleseram os companheiros de tra-balho que os rapazes estavampedindo a Deus. Acertou. Lu-ciana é uma prova disso. Ajovem tem um longo históricoprofissional. Trabalhou comobalconista, vendedora de mó-veis, faxineira, babá e – porcoincidência – artesã, em Embudas Artes, conhecido reduto deartífices em São Paulo. A casaem que mora – um misto deresidência com depósito e con-domínio, já que a família sublo-ca parte do terreno – tem obje-tos de artesanato espalhadosaqui e ali, em especial bonecasde pano e ímãs de geladeira.

A proposta de Novak inter-essa a Luciana – que gostariade voltar à produção de objetosdecorativos, seu ganha-pão emoutros tempos, e oferecer umavida mais estável à filha de 7anos, Kathlenn Albano. Só nãocontinuou nesse ou noutro ofí-cio por causa das vantagens davida carrinheira: ganhos maiscompensadores e a liberdadede não ter patrão e horáriorígido.

A ambulante Luciana e seusirmãos saem de casa por voltadas 16h30. Seguem uma rotaespartana pelas bandas doBatel, Shopping Curitiba, Ave-nida Iguaçu e já criaram laçoscom donas de casa, porteiros de

prédio e lojistas. Volta e meia –em pleno batente – ela ouve: “Oque uma morena tão bonitaestá fazendo catando papel?”.“É impressionante como agente leva cantada”, diverte-se.Quando o trio retorna para aVila das Torres já passa dameia-noite. Mal abre o portão edá-lhe separar o material, dan-do fim no lixo orgânico que aca-ba se misturando ao papel.Ratos e baratas são atraídosquando a faxina da madrugadanão acontece com rigor dequartel-general.

O peso do carrinho – quepode chegar a 250 quilos –, oshorários malucos e a difícil con-vivência com o estoque dentrode casa – mesmo assim – lhesparece um bom negócio. OsOliveira Ferraz querem mantera firma que lhes rende R$ 400mensais. Praticamente o alu-guel da casa onde moram. Asobra no orçamento vem doinquilino dos fundos – quepaga aluguel na faixa dos R$150 a Elza e seus três filhos –mais agregados: netos e nora.Com folga, em 2006, vai darpara tirar alguns trocos sepa-rando o material que José Mar-cos e Adriano precisam paralevar seu projeto adiante. E,quem sabe, fazer da casinha daVila das Torres uma mini-sucur-sal de Embu das Artes. Arnoldosacou o bloquinho e registrouessa história. Como nos velhostempos.

❧ JOSÉ CARLOS FERNANDES

TÃO LONGE, TÃO PERTO ❚ GAZETA REÚNE GENTE QUE NUNCA HAVIA SE VISTO, MAS TEM MUITA COISA EM COMUM

Encontro inusitado no meio da vila

Arnoldo Anater e a família Oliveira Ferraz: depois de 30 anos, visita à Vila das Torres.

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Os designers explicam projeto para Luciana e Elza: Torres com grife.

OPINIÃO

O contraste e a esperançaEm frente, uma moderna via, a Avenida das Torres. Nos fundos,um belo conjunto arquitetônico – a Pontifícia Universidade Católicado Paraná. No meio, num estreito espaço, a Vila das Torres, ondevivem sete mil pessoas. É gente que veio de todas as partes e detantas atividades: da roça, das indústrias e do comércio. Muitasmulheres são diaristas, babás, empregadas domésticas. Comoessa população vive, quase todos imaginam. Algumas ruas inter-nas têm anti-pó. Mas muitas casas são ranchos nas quais os ocu-pantes estão à mercê de ratos, baratas, moscas, cachorros e out-ros insetos e animais que têm seu hábitat no lixo que é catado nasruas de Curitiba.

A Vila das Torres é o centro dos carrinheiros. Para lá converge olixo reciclável recolhido de grande parte da cidade. Os carrinhos sãodeixados na rua cobertos com lona preta. A sensação que se tem éa de estar em um cenário de bangue-bangue. Corridas de cavalossão disputadas nas ruas sem nenhum cuidado ou segurança. Mashá posto de saúde e um clube de mães.

A convite do jornal Gazeta do Povo acompanhei uma equipereportagem até a vila e fui apresentado ao projeto que o arquitetoJosé Marcos Novak e do designer Adriano Moro estão desenvol-vendo. Do contraste do que vi ficou em mim a esperança de que avila se torne um grande centro de fornecimento de matéria-primapara a produção de utilitários. Sem falar nas lembranças que aexperiência trouxe do tempo em que eu fazia reportagem.

❧ ARNOLDO ANATER É JORNALISTA.

A REPORTAGEM

POR OCASIÃO da entrada doano-novo, a Gazeta do Povo con-vidou um leitor para participarde uma reportagem. A propostateve dupla intenção – além deinteratividade com o público ojornal quis provocar o desloca-mento dentro da cidade, isto é,fazer com que um morador deuma área transitasse em outraregião – de preferência umaregião à qual não iria natural-mente ou que tivesse muitodesejo de conhecer.ALÉM DE ULTRAPASSARdivisas que se formam na capital– marcadas pelas distâncias,pelo trânsito difícil, pelas dife-renças sociais, pelo medo ou jápela imposição – o pequeno pro-jeto também nasceu com aintenção de apresentar pessoasque rompem as “determinantesurbanas” com propostas criati-vas e inovadoras, e não necessa-riamente movido pelo volunta-riado. FOI ASSIM que se chegou àárea escolhida, a Vila dasTorres, à família de Elza deOliveira – que vive de catarpapel; ao arquiteto José MarcosNovak e ao designer AdrianoMoro, que trabalham com obje-tos recolhidos do lixo; e ao leitorArnoldo Anater, que mora noJuvevê e nunca tinha ido à Viladas Torres, embora vontade nãolhe faltasse.

UM PONTO NO MAPAA família OliveiraFerraz mora na RuaEsperandioDomingos Foggiato,área de alto trânsitode carrinheiros naVila das Torres. Boaparte das casasfunciona comopequeno depósito dematerial a serreciclado. Os lotesde matéria-primasão gigantescos. Olocal também servede pista para corridade cavalos.

PUC-PR

Cietep

PRADO VELHO

REBOUÇAS

JARDIM BOTÂNICO

Av. Comendador Franco (Av. das Torres)

R. Esperandio

Domingos Foggiato

Infografia: Adriana e Matias/GP

Rio B

elém

R. Guabirotuba

Arnoldo, 67

Adriano,39

José Marcos, 39

Luciana, 26

Elza, 43

José Aílton, 19

O P I N I Ã ODomingo, 8 de janeiro de 2006 GAZETA DO POVO 11

RIO DE JANEIRO – Há quem considere dra-mática a falta de assunto na mídia, em geral.Evidente que há fatos e situações que mere-cem noticiário, comentário e até mesmo polê-mica, como a lambança do PT e do governo,que ocupa a mídia há mais de seis meses e,embora arrefecendo a cada dia, ainda darácaldo por outros tantos, pelo menos, até acampanha eleitoral engrossar.

Desastres pessoais ou coletivos, crimes derepercussão também se desdobram, às vezesaté à exaustão. Dirão: a mídia não tem cul-pa, a realidade é assim mesmo, chata, equando não é chata, é dramática. Que fazer?

Daí que muito me admira a facúndia com

que, de tempos em tempos, se descobre umassunto que não é crime, tragédia, corrup-ção, doença de algum figuraço, polêmicasobre isso ou aquilo. Assuntos neutros, quenão fedem nem cheiram, mas revelam anecessidade de manter "a sociedade informa-da".

Uma dessas informações à sociedade querolou, semana passada, foi a nova faixa pre-sidencial, que terá não sei quantos fios deouro e ornamentará o peito dos futuros pre-sidentes da República.

Não tenho opinião formada sobre os ador-nos do poder. O Papa anda vergado ao pesode tantos paramentos e brocados. Reis e rai-

nhas também. O imperador dom Pedro II erachamado de "papo de tucano" porque tinhaum adorno em volta do pescoço feito com opapo de aves representativas de nossa fau-na, inclusive o tucano.

Há gosto pra tudo. Quanto ao preço danova faixa presidencial, reclamam que eladaria para comprar 5 mil e tantas cestasbásicas. Considero este tipo de economia umexagero demagógico. A faixa de ouro poderáser vendida, um dia, valorizada talvez, parapagar nossa dívida externa, socorrer os desa-brigados de um tsunami na Ásia ou ajudar acomprar o passe de Ronaldinho Gaúcho devolta ao Brasil.

Folhapress

CARLOS HEITOR CONY

Faixa de ouro

No Cântico dos Cânticosde Salomão o pescoçoda amada é comparadoà torre de marfim de Da-vi, seus olhos aos vivei-ros de Hesbom junto àporta de Bete-Arabim,seu nariz à torre do Lí-bano que olha para Da-masco, sua cabeça aomonte Carmelo. A ama-da é formosa como Tir-zá, aprazível como Jeru-salém e como as tendasde Quedar. As faces doamado são como can-teiros de bálsamo e colinas de ervas aromáticas. Os amantes recor-rem a animais, cereais, flores e frutas para cantarem seus encantos:os seios da amada são como os filhos gêmeos da gazela, seu ventrecomo um monte de trigo cercado de lírios, seus cabelos como o reba-nho de cabras que pastam em Gileade, suas delícias como as de umpomar de romãs, e o cheiro da sua respiração como o das maçãs...

Como seria uma recuperação moderna destas referências à pai-sagem, à arquitetura, aos bichos e aos sabores e cheiros do cotidi-ano, na poesia, sem o risco de mal-entendido? Um Cântico dosCânticos atualizado?

O teu pescoço, amada minha, é como aquele hotel em Dubai quesobe, contorcendo-se, para olhar o mar e o deserto de um restau-rante cinco estrelas no topo. Os teus seios são como as caixasgêmeas de um sistema de som turbinado que faz vibrar o firma-mento com o seu woofer e sub-woofer. Como a curva da marquisedo Maracanã pegando o sol poente é a curva do seu quadril, ó ama-da minha, irmã minha. Teus cabelos são como uma plantação trans-gênica ondulando ao vento, teu hálito tem o cheiro de um cheese-salada com fritas e uma coca, teu nariz é como o último arranha-céu de Pequim...

– Epa!– Desculpe.Seria difícil. Como comparar, por exemplo, as delícias da amada

ao sabor de um kiwi, a única fruta pós-bíblica que me ocorre? É difí-cil imaginar fruta menos erótica do que o kiwi. Nos cantares deSalomão as delícias evocadas são da uva, da maçã e do romã. Nadasobre o figo, que bate todas em lubricidade. Ou, melhor ainda, amelancia, a única fruta em que você pode meter a cara, a única fru-ta cujo consumo – dependendo de onde você estiver e dos ruídos quefizer – pode ser interpretado como um atentado ao pudor.

"Como uma melancia rubicunda é a minha amada, e eu a devorosobre um canteiro de mirra e incenso, e o seu sumo desce pelas mi-nhas faces como as águas que correm do Libano?"

Melhor deixar os Cânticos como estão. Perfeitos.

Agência O Globo

LUÍS FERNANDO VERISSIMO

Novos cânticos

COLUNA DO LEITOR

TAPA-BURACOSOs problemas no governo do presidente Lulaparece que não acabam. Agora são os buracosnas rodovias. E desta vez não adianta dizer queeles são obras das elites conspiradoras, poisnão foram feitos com picaretas na calada danoite, e sim obra de má gestão na manutençãoe conservação das estradas e pontes. Agora,anunciam em caráter de emergência que vãogastar 400 milhões de reais numa operação"tapa-buracos", sem licitação pública. Como oscritérios da escolha das empreiteiras sãoobscuros e como um buraco nunca é igual aooutro, os preços das obras também podem serbem diferentes. E tudo isso vai acontecer jus-tamente num ano eleitoral onde os caixas dospartidos ficam ávidos por "doações" de cam-panha. Depois ainda querem que a sociedadedê um refresco nas críticas.

Rubens SantosEmpresário – Curitiba, PR

RESPONSABILIDADE SOCIAL

No dia 5/1/06, umsenhor, aparentandosentir fortes doresnas pernas, deitou-sena calçada em frenteao prédio no qual eutrabalho. Ao prestar-lhe assistência, informou-me ser funcionário de uma empresa no Alto daXV. Imediatamente, liguei para a referidaempresa e relatei o caso para a atendente que,verificando o nome e as características da pes-soa, constatou que ele não era funcionário daempresa. Grande foi minha surpresa ao ouvir:"Mandaremos um carro para socorrê-lo mesmoassim, afinal é um ser humano". Em menos dequatro minutos o carro já estava no local, comduas prestativas funcionárias, numa explícitademonstração de responsabilidade social e pre-ocupação com o próximo.

Edson Medeiros de CamargoServidor público federal– Curitiba, PR

COMPAIXÃOO ato de cooperar com a mendicidade é um atode humanidade e humildade. Em nosso país,quantos pais saem pela manhã a procurar tra-balho e voltam dias, meses e até por ano a fiopara sua família sem o serviço. Poucas pessoasnunca sentiram o estômago doendo de fome.Privilégio de poucos nascer em berço esplêndi-do. Soberbos, julgam com infâmia o pedinte. Omunicípio solicita que não se incentive a men-dicância; mas, almas boas!, por compaixãocooperam com os mutilados por natureza edesempregados. Que o Criador olhe por nós ena próxima encarnação nasçamos saudáveis;para não termos que ouvir disparates de pes-soas desnaturadas.

Wilson VieiraVendedor – Curitiba, PR

BENEFICENTEA antiga Sociedade Operária BeneficentePrimavera, outrora freqüentada por pessoasde bem, que gastavam suas energias embailes e saraus sadios nos anos 60,70 e 80,transformou-se num covil de gangues rivaisque, depois de consumirem seus "tubões",saem pelas ruas causando grande vandalis-mo e colocando os moradores do bairro emrisco. Quando termina a "festa", dividem-seem dois grupos; um desce pela Rua JoãoGasparini, e outro pela Rua Professor IgnácioAlves de Souza Filho. No encontro das duasruas, promovem atos de terrorismo. Brigamarmados de pedras e pedaços de ripas; nopenúltimo final de semana surgiu arma defogo disparada a esmo. Não para cima, maspara todos os lados. Era só o que faltavaCuritiba agora ter vítimas de "balas perdi-das". Quando a Polícia Militar chega (quandoatende) já se desfez o quebra-pau. Será que obairro do Pilarzinho verá a polícia acompa-nhando essa juventude transviada na saídada Sociedade Primavera evitando que algopior aconteça?

Alcione Prá Sociólogo – Curitiba, PR

IPTURessalto minha indignação com informaçõesenganosas que o valor do IPTU em Curitiba,este ano, teve um aumento só de 5%. Teve,sim, um aumento real de 17,08% no meucaso – acho que deva ser na maioria dos ca-sos de proprietários de imóveis em Curitiba.No ano passado paguei à vista, com descon-to, o valor de R$ 676,00 e este ano estoupagando, pelo mesmo imóvel, o valor à vistade R$ 815,23. Portanto qualquer leigo vai verque na realidade é bem diferente.

Valdir GrafCuritiba, PR

LITORALA tão esperada férias em família no litoralchegou. Como em anos anteriores, encon-tramos os velhos problemas: excesso de lixo,amontoado nas calçadas, falta de iluminaçãopública e – este ano em maior número do queem outras temporadas – a maioria de lugaresimpróprios para banho. Os conhecidos dissa-bores são causados pelo homem. Não há des-culpa para isso. Mas o que fazem as adminis-trações municipais para bem atender os turis-tas? Fora a simpatia dos nativos, fica difícil pen-sar em voltar no ano que vem.

Ludmilla A. Roncatto Advogada – Ponta Grossa, PR

BANDEIRA NACIONALÉ muito bonito ver nossos atletas levando aopódio e agitando com patriotismo a Bandeira

Nacional e cobrindo-se com ela, numa de-monstração de que naquele momento repre-sentam toda uma Nação forte, digna, hones-ta, trabalhadora e merecedora de respeito eadmiração por todas as outras. Porém, foicom um misto de espanto e indignação quedefrontei-me ontem (5/1) com a matéria des-ta Gazeta a respeito da "evidência do verde-amarelo" neste verão. Nela, apareciam fotosde modelos vestindo biquínis nas coresnacionais. Até aí, nada de mais. Só que tam-bém havia duas fotos mostrando o uso daBandeira Nacional como canga e tambémcomo toalha de praia, evidenciando desre-speito e ignorância à Lei 5.700/1971 que dis-põe sobre seu uso e apresentação, bem comodos demais Símbolos Nacionais (o Hino Na-cional, as Armas Nacionais e o Selo Nacional).Acredito que, no afã de demonstrar naciona-lismo e amor à Pátria, não se pode banalizare vulgarizar os seus símbolos, mas sim enal-tecê-los e respeitá-los, o que, além de em nos-sos lares, era ensinado nas antigas aulas deEducação Moral e Cívica.

Luiz Henrique da Cunha Telles Professor – Curitiba, PR

PIRAQUARAPrestemos aten-ção a esta aco-lhedora cidadedo "interior-capi-tal". Equivocada-mente tem sidosímbolo de formanegativa; de hos-pitais-terminais,presídios, rebe-liões, pobreza, favelão, esconderijo de "genteperigosa". O nome vem de "Toca dos Peixes";peixe, água... símbolos de vida e naturezadivina. É local, sim, de constantes pescarias(e paz e reflexão), de meio ambiente preser-vado, de plantas e animais, sob as bênçãosde brasileiros autênticos, de irmãos-índios.Tem também hospitais e presídios; porqueabraça tudo e a todos, pois não há ninguémdescartável. Favelas? É feita de gente ecasas simples, mas que sempre tem umcafezinho amigo, como qualquer mansão,pois são lares, são seus "castelos". Tem novassoluções e propostas – públicas e privadas –surgindo aos poucos, da união local deesforços; de valorização da criança e doidoso, alavancados pelos jovens e adultos,por todos, enfim. Piraquara tem coral, tempoesia, tem rua principal; tem ar de cidadedo interior (que privilégio), pertinho da nos-sa Curitiba. Piraquara é feita de brasileiros,de paranaenses, de todas as gentes. Gente"sempre alerta para servir, fazendo o melhorpossível".

Roberto KaramCuritiba, PR

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