UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUB
PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ENGENHARIA DE PRODUO
AVALIAO DO BLENDED LEARNING NA
DISCIPLINA DE PESQUISA OPERACIONAL EM
CURSOS DE PS-GRADUAO EM
ENGENHARIA DE PRODUO
Carlos Eduardo Corra Molina
Dissertao submetida ao Programa de Ps-
Graduao em Engenharia de Produo como
requisito parcial obteno do ttulo de Mestre em
Engenharia de Produo
Orientador: Prof. Jos Arnaldo Barra Montevechi, Dr.
Itajub, fevereiro de 2007
UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUB
PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ENGENHARIA DE PRODUO
AVALIAO DO BLENDED LEARNING NA
DISCIPLINA DE PESQUISA OPERACIONAL EM
CURSOS DE PS-GRADUAO EM
ENGENHARIA DE PRODUO
Carlos Eduardo Corra Molina
Dissertao aprovada por banca examinadora em 08 de Fevereiro de 2007, conferindo
ao autor o ttulo de Mestre em Engenharia de Produo
Banca Examinadora:
Prof. Dr. Jos Arnaldo Barra Montevechi (Orientador)
Prof. Dr. Joo Bosco Schumann Cunha (UNIFEI)
Prof. Dr. Leonardo Chwif (USP)
Itajub, fevereiro de 2007
i
DEDICATRIA
minha me, Maria Cndida e ao meu pai,
Jos Molina, por me ensinarem, com seus
exemplos de vida, que o conhecimento um
bem intangvel que o tempo no consome.
Pelo incentivo e apoio nos momentos mais
difceis.
minha esposa, Luiza e minha filha,
Gabriela, pelo amor e inspirao que me
deram em todas as fases dessa empreitada.
A Deus, aquele que meu provedor e Senhor,
e que em todo o tempo me fez sentir o seu
cuidado paternal.
ii
A pesquisa acadmica deve ser precisa,
seja ela interessante ou no.
Mas o ensino tem que ser interessante,
mesmo que no seja 100% preciso.
G. Highet
iii
AGRADECIMENTOS
Agradeo a meu orientador, professor Jos Arnaldo Barra Montevechi, primeiramente
pela amizade que fica como um dos resultados desse trabalho, bem como pelo incentivo,
apoio e nimo que me passou em cada um de nossos encontros.
Ao professor Carlos Eduardo Sanches da Silva, em nome de quem agradeo a todos os
demais professores por ele coordenados no Programa de Ps-Graduao em Engenharia de
Produo da UNIFEI. A estes, meus mestres, agradeo por toda a bagagem de conhecimentos
que muito sabiamente souberam compartilhar.
Aos professores que me avaliaram durante os seminrios de dissertao, e que assim
tambm contriburam para a consolidao deste trabalho: Carlos Henrique Pereira Mello, Luiz
Guilherme Mauad, Joo Batista Turrioni e Rita de Cssia Magalhes Trindade Stano.
Aos colegas do grupo NEAAD, Ncleo de Estudos Avanados para Auxlio Deciso,
pelo incentivo e sugestes que foram valiosos no desenvolvimento deste trabalho. Em
especial a companheira de muitos artigos, Mabel Maria Silva de Resende Chaves Coutinho.
A CAPES, Coordenao de Aperfeioamento de Pessoal de Nvel Superior, pela bolsa
de estudos, de fundamental importncia para o financiamento de minhas atividades nesse
perodo.
Agradeo, de forma especial, tambm aos meus amigos e familiares que torceram por
mim, me apoiaram e me incentivaram, de diversas formas, direta e indiretamente, para a
realizao deste trabalho.
Por fim, entretanto com primazia sobre todos os demais, agradeo a Deus. Foi Ele
quem me colocou onde estou e me deu o que tive: a oportunidade, a capacidade e as pessoas
especiais com as quais pude contar para vencer mais essa etapa.
A todos, muito obrigado, de corao!
iv
LISTA DE QUADROS
Quadro 2.1 Comparao dos significados de Educao, Ensino e Aprendizagem. ...................8
Quadro 2.2 Marcos histricos da EaD mundial........................................................................16
Quadro 2.3 Marcos histricos da EaD no contexto brasileiro..................................................18
Quadro 2.4 As geraes da Educao a Distncia....................................................................21
Quadro 2.5 Erros, acertos e desdobramentos do decreto 5.622/05. .........................................32
Quadro 4.1 Atividades avaliativas realizadas na disciplina de Pesquisa Operacional. ............84
Quadro 4.2 Questionrio de avaliao da disciplina. ...............................................................85
v
LISTA DE FIGURAS
Figura 1.1 Formas de classificao das pesquisas cientficas. ...................................................6
Figura 2.1 Proporo de domiclios que possuem equipamentos tecnolgicos. ......................24
Figura 2.2 Taxas de utilizao de computadores no binio 2005/2006....................................25
Figura 2.3 Taxas de utilizao da internet no binio 2005/2006..............................................25
Figura 4.1 Critrios gerais de aprovao na Pesquisa Operacional para ps-graduao. ........58
Figura 4.2 Tela de apresentao do TelEduc............................................................................59
Figura 4.3 Tela do TelEduc para cadastro dos alunos..............................................................60
Figura 4.4 Tela da ferramenta agenda. .....................................................................................61
Figura 4.5 Estrutura bsica do Ambiente TelEduc...................................................................62
Figura 4.6 Tela da ferramenta atividades. ................................................................................68
Figura 4.7 Tela da ferramenta correio. .....................................................................................69
Figura 4.8 Tela da ferramenta material de apoio......................................................................70
Figura 4.9 Tela da ferramenta perfil e exibir perfis..................................................................71
Figura 4.10 Tela para reviso de contedos dados em aula presencial. ...................................72
Figura 4.11 Tela da ferramenta fruns de discusso. ...............................................................73
Figura 4.12 Tela de material de apoio multimidia....................................................................74
Figura 4.13 Tela da ferramenta portflio..................................................................................75
Figura 4.14 Tela da ferramenta grupos e componentes............................................................77
Figura 4.15 Tela da ferramenta dirio de bordo. ......................................................................79
Figura 4.16 Tela da ferramenta parada obrigatria. .................................................................82
Figura 5.1 Distribuio de freqncia das notas dos 162 alunos. ............................................89
Figura 5.2 Diagramas de disperso de Participao no TelEduc versus Nota Final..............90
Figura 5.3 D iagramas de disperso de Participao no TelEduc versus Prova. ...................90
Figura 5.4 Diagramas de disperso de diversas variveis versus Nota Final. .......................91
Figura 5.5 Diagramas de disperso de diversas variveis versus Prova. ...............................92
Figura 5.6 Diagrama radar para anlise da percepo dos alunos............................................94
Figura 5.7 Anlise dos contedos que representam maior dificuldade de aprendizagem........96
vi
LISTA DE TABELAS
Tabela 1.1 Crescimento da demanda por EaD. ..........................................................................3
Tabela 5.1 Dados relativos s notas finais mdias de cada uma das turmas. ...........................88
Tabela 5.2 Coeficientes de correlao das variveis que compem a Nota Final....................92
vii
LISTA DE ABREVIATURAS
ABED .. Associao Brasileira de Educao a Distncia ABT ................................. Associao Brasileira de Tecnologia Educacional ABTU .............................. Associao Brasileira de Televiso Universitria AVA Ambiente Virtual de Aprendizagem CAPES ............................ Coordenao de Aperfeioamento de Pessoal de Nvel Superior CEAD .............................. Centro Nacional de Educao a Distncia (do SENAC) CGI .................................. Comit Gestor da Internet no Brasil CNED .............................. Centro Nacional de Educao a Distncia Francs CONSED ......................... Conselho dos Secretrios Estaduais de Educao CRUB .............................. Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras EaD .. Educao a Distncia FACINTER ..................... Faculdade Internacional de Curitiba ICDE ... International Council for Open and Distance Education LDB ................................. Lei de Diretrizes e Bases da Educao LED ................................. Laboratrio de Educao a Distncia (da UFSC) MBA Master Business Administration MEB ................................ Movimento Educacional Brasileiro MEC ................................ Ministrio da Educao e Cultura NTICs Novas Tecnologias da Informao e Comunicao PAPED ............................ Programa de Apoio Pesquisa em Educao a Distncia PISA ................................ Programme for International Student Assessment PL Programao Linear PNL . Programao No Linear PO .................................... Pesquisa Operacional SEED ............................... Secretaria de Educao a Distncia (do MEC) SENAC ............................ Servio Nacional de Aprendizagem Comercial SEPC ............................... Sistema de Ensino Presencial Conectado SINEAD .......................... Sistema Nacional de Educao a Distncia (do MEC) TVE ................................. Televiso Educativa UAB ................................ Universidade Aberta do Brasil UFSC ............................... Universidade Federal de Santa Catarina UNDIME ......................... Unio dos Dirigentes Municipais de Educao UNIFEI ............................ Universidade Federal de Itajub UNOPAR ........................ Universidade do Norte do Paran
viii
SUMRIO
Dedicatria ..................................................................................................................................
Epgrafe .....................................................................................................................................
Agradecimentos ........................................................................................................................
Lista de Quadros .......................................................................................................................
Lista de Figuras ..........................................................................................................................
Lista de Tabelas .........................................................................................................................
Lista de Abreviaturas ...............................................................................................................
Sumrio ...................................................................................................................................
Resumo .....................................................................................................................................
Abstract ....................................................................................................................................
1 INTRODUO ................................................................................................................1
1.1 Objetivos.....................................................................................................................2
1.2 Justificativa.................................................................................................................2
1.3 Limitaes e contribuies .........................................................................................4
1.4 Mtodo de pesquisa ....................................................................................................5
1.5 Estrutura do trabalho ..................................................................................................6
2 A EDUCAO A DISTNCIA......................................................................................8
2.1 Consideraes Iniciais ................................................................................................8
2.2 Definies...................................................................................................................8
2.2.1 Diversas definies de EaD................................................................................9
2.2.2 A definio constante na legislao brasileira..................................................10
2.3 Evoluo histrica da EaD .......................................................................................14
2.3.1 A EaD mundial .................................................................................................14
2.3.2 A EaD no contexto brasileiro ...........................................................................17
2.3.3 As geraes da EaD..........................................................................................20
2.4 Os decretos e leis que estabelecem a EaD no Brasil ................................................26
2.5 Consideraes Finais ................................................................................................33
3 A EDUCAO SEMIPRESENCIAL ..........................................................................34
3.1 Consideraes Iniciais ..............................................................................................34
3.2 O termo blended learning .........................................................................................34
3.3 A educao semipresencial.......................................................................................36
i
ii
iii
iv
v
vi
vii
viii
xi
xii
ix
3.4 Outras denominaes................................................................................................37
3.5 Exemplos de adoo da educao semipresencial....................................................38
3.5.1 O caso de sucesso da IBM................................................................................38
3.5.2 Blended learning para a formao de lideranas..............................................39
3.5.3 Um exemplo de blended learning na Nova Zelndia .......................................40
3.5.4 O blended learning na Universidade de Phoenix .............................................41
3.5.5 A eficcia da aprendizagem online na Universidade Capella ..........................43
3.5.6 Uma experincia chinesa ..................................................................................44
3.5.7 O aluno fazendo seu prprio blend na Open University ..................................45
3.5.8 A proposta das Faculdades Sumar ..................................................................46
3.5.9 Dependncias online.........................................................................................47
3.5.10 O sistema de ensino telepresencial ...................................................................48
3.6 A legislao brasileira: at 20% distncia .............................................................49
3.7 O futuro do blended learning ...................................................................................50
3.8 Consideraes Finais ................................................................................................53
4 RELATO DO CASO ......................................................................................................54
4.1 Consideraes Iniciais ..............................................................................................54
4.2 A ps-graduao em Engenharia de Produo na UNIFEI ......................................54
4.3 A disciplina de Pesquisa Operacional ......................................................................55
4.4 A dinmica da PO na UNIFEI..................................................................................55
4.5 A estrutura blended adotada .....................................................................................58
4.5.1 O Ambiente Virtual de Aprendizagem.............................................................59
4.5.2 O planejamento das atividades .........................................................................64
4.5.3 Detalhamento das atividades virtuais ...............................................................66
4.6 A avaliao de desempenho dos alunos ...................................................................83
4.7 A avaliao da disciplina..........................................................................................84
4.8 Consideraes Finais ................................................................................................85
5 ANLISE DOS RESULTADOS ...................................................................................86
5.1 Consideraes Iniciais ..............................................................................................86
5.2 Anlise Quantitativa .................................................................................................88
5.2.1 Anlise do desempenho dos alunos..................................................................88
5.2.2 Anlise da percepo dos alunos ......................................................................93
5.3 Anlise Qualitativa ...................................................................................................96
5.3.1 Observaes referentes ao tempo da disciplina................................................97
x
5.3.2 Observaes referentes ao ambiente de aprendizagem ....................................98
5.3.3 Solicitaes de aplicaes em reas especficas.............................................100
5.3.4 Elogios e agradecimentos ao professor ..........................................................100
5.4 Consideraes Finais ..............................................................................................101
6 CONCLUSES.............................................................................................................103
6.1 Quanto aos objetivos principais..............................................................................103
6.2 Quanto aos objetivos secundrios ..........................................................................103
6.3 Recomendaes para trabalhos futuros ..................................................................104
REFERNCIAS ...................................................................................................................105
ANEXOS ...............................................................................................................................114
Anexo A Respostas s questes 2, 3, 4, 5, 7 e 8 da avaliao da disciplina ...........
Anexo B Sugestes dadas pelos alunos na avaliao da disciplina ........................
Anexo C Mapa de freqncias e notas integrado das 8 turmas ..............................
Anexo D Artigos publicados durante o perodo de dissertao ..............................
115.
118.
123.
127.
iixi
RESUMO
A Educao a Distncia tm se revelado como uma modalidade capaz de auxiliar a
nao brasileira no suprimento da crescente demanda e na democratizao do acesso ao
ensino superior. Uma de suas possveis formas a educao semipresencial, com a qual se
procura unir o melhor da instruo presencial tradicional com as boas prticas da educao
online e uso das novas tecnologias de informao e comunicao.
O presente trabalho visa relatar uma experincia de educao semipresencial na
disciplina de Pesquisa Operacional, vivenciada em oito turmas de ps-graduao em
Engenharia de Produo da Universidade Federal de Itajub - UNIFEI.
Tendo como objetivo principal a avaliao quali-quantitativa dessa experincia, a
dissertao iniciada por uma reviso bibliogrfica sobre a educao a distncia e sobre a
educao semipresencial; em seguida retrata o uso de diversos contedos multimdia, via
Internet, como ferramenta de apoio ao processo de ensino-aprendizagem, abrangendo desde a
fase de desenvolvimento dos contedos, a descrio dos meios utilizados e o trabalho do
professor e formadores; e, finalmente analisa os resultados obtidos nas notas finais dos alunos
e as suas respostas ao questionrio de avaliao da disciplina.
Os resultados obtidos atravs da anlise de desempenho dos alunos sugerem que o
blended learning tende a ser um aliado de extrema importncia em disciplinas da Engenharia
de Produo e no ensino superior em geral. A experincia aqui retratada indica que os alunos
que participaram mais efetivamente das atividades virtuais alcanaram melhor rendimento nas
atividades avaliativas, tais como a prova escrita e o trabalho final da disciplina. As anlises
realizadas evidenciam ganhos de qualidade, os quais so comprovados tambm pelo relato
dos alunos e pela percepo dos mesmos quanto efetividade da aplicao dessa
metodologia.
Palavras chave: Avaliao, Educao Semipresencial, Educao a Distncia, Pesquisa
Operacional.
iiixii
ABSTRACT
The Distance Education has turned out as a modality able to assist the brazilian nation
in supplying the increase demand and democratization of the access to the education. One of
the possible ways is the blended learning, which seek to link the best of the traditional
learning face-to-face with the good practices of online learning and the use of new
information and communication technologies.
The present work describes a blended learning experience in the subject of Operational
Research conducted with eight groups of students of Production Engineering graduate courses
at UNIFEI (Universidade Federal de Itajub).
Considering as main goal the quality and quantity assessment of this experience, the
dissertation starts with a literature review about the distance learning and about the blended
learning; following show the use of several contents multimedia tools, through the internet, as
a support tool to the process in the teaching and learning, including from the stage of
development of contents, description of the ways used and the task of professor and educator;
and finally analyze the results obtained in the students final scores and they answers to the
assessment questionnaire of the subject.
The results obtained through the performance analyses of the students suggest that the
blended learning tend to be associated with extreme importance in subjects in Production
Engineering and in Higher Education Programs. The experience retracted show that the
students who had more effective participation in the virtual activities get better results in the
assess activities, such as written test and final project of the subject. The analyses done make
evidence improve in quality, which are also confirmed by the students reports and by their
perception regards to the effective application of this methodology.
Key-Words: Assessment, Blended Learning, Distance Education, Operational Research.
Captulo 1 Introduo
1
1 INTRODUO
A Educao a Distncia, desde 1998, com a divulgao do decreto n 2.494 e
posteriormente o decreto n 5.622, de 2005, vem tornando-se uma das prioridades na poltica
de mudanas educacionais brasileiras. Realidades como aumento na demanda pela educao
em nvel superior, defasagem educacional do Brasil em relao a outros pases latino-
americanos, necessidade de adequao s novas realidades tecnolgicas da era globalizada,
so alguns poucos motivos, dentre os diversos, para que haja bastante reflexo e, mais do que
isso, aes voltadas implantao de programas de Educao a Distncia EaD, por todo o
pas.
A EaD no mundo conta com a formao de Conselhos e Associaes desde a dcada
de 30. A ICDE, International Council for Open and Distance Education, por exemplo, tem
organizado, praticamente a cada dois anos, desde 1938, uma conferncia mundial voltada a
essa temtica. No Brasil existe, desde 1995, a Associao Brasileira de Educao a Distncia -
ABED, filiada ao ICDE e que tambm promove congressos, porm anualmente. Isso mostra
como o Brasil possui ainda, pouca experincia na rea, quando comparado a outros pases. H
portanto um potencial significativo de crescimento da EaD em nosso pas.
Dois fatores relacionados e importantes de serem considerados face ao potencial acima
descrito so: a vasta extenso territorial do pas e consequentemente, o grande nmero de
localidades distantes de grandes centros, em que o acesso educao praticamente
impossvel.
As Novas Tecnologias da Informao e Comunicao NTICs, usadas atualmente,
tendem a possibilitar a democratizao do acesso ao ensino a grupos excludos.
Particularmente, a comunicao via satlite e mais ainda, o acesso rede mundial de
computadores devem proporcionar, a cada ano, o crescimento dessa modalidade de ensino e
de sua contribuio social populao brasileira.
Por outro lado, apesar da importncia que a EaD vem demonstrando e do papel de
destaque que vem assumindo, nota-se ainda, a existncia da necessidade de comprovao de
sua eficcia e da validao dos mtodos aplicados na sua implantao.
A EaD pode ser aplicada em formatos os mais diversos, entretanto, bastante
plausvel afirmar que haver vantagens e desvantagens em cada um destes, assim como ocorre
na educao exclusivamente presencial, que veiculada atravs de modelos e formatos
Captulo 1 Introduo
2
tradicionais. Alm disso, existe a possibilidade de mescla dessas diferentes concepes, a
Educao semipresencial.
Ainda que se espere dessa fuso, presencial e virtual, uma natural proeminncia das
vantagens existentes em cada realidade e, excluso ou diminuio de suas desvantagens, o
interesse por uma comprovao de eficcia para a chamada educao semipresencial perdura.
1.1 Objetivos
O objetivo principal deste trabalho avaliar a eficcia da educao semipresencial
quando aplicada disciplina de Pesquisa Operacional, no programa de ps-graduao da
Universidade Federal de Itajub - UNIFEI.
Especificamente, pretende-se:
avaliar quantitativamente os resultados obtidos pelos alunos, correlacionando-os
com a sua participao nas atividades no presenciais;
avaliar qualitativamente as percepes dos principais agentes envolvidos nesse
processo: os alunos.
Alguns objetivos secundrios atrelados a esse projeto de pesquisa so:
publicar e relatar as experincias vivenciadas;
aprimorar o contedo interativo j existente e utilizado no ensino da Pesquisa
Operacional.
1.2 Justificativa
H um grande aumento no contingente de alunos que almejam ingressar no ensino
superior. Diante da realidade brasileira de escassas vagas em relao quantidade de
candidatos, isto leva necessidade urgente da ampliao do nmero de vagas, que segundo
Litto (2005), precisa triplicar nos prximos cinco anos. O prprio Ministrio da Educao e
Cultura MEC, revela que apenas 10,4% dos jovens brasileiros de 18 a 24 anos tm acesso
graduao (INEP, 2004). Autores, como Lvy (1999), afirmam que ser impossvel aumentar
a quantidade de professores proporcionalmente demanda de formao. Mas o fato que,
sem o emprego da EaD ser difcil cumprir o dever social de fornecer acesso aprendizagem
a grupos excludos (Litto, 2005).
Captulo 1 Introduo
3
A Tabela 1.1 apresenta alguns dados estatsticos que evidenciam a crescente demanda
pela EaD. Pode ser verificado o crescimento da ordem de 9000% das matrculas em cursos
distncia, de graduao e ps-graduao, entre os anos de 2001 e 2004.
Tabela 1.1 Crescimento da demanda por EaD.
Ano 2000 2001 2002 2003 2004
Nmero de cursos 13 17 202 278 382
Nmero de matrculas 1.758 5.480 59.772 76.769 159.366
Diante da crescente procura por ensino superior nesta modalidade, pode-se supor que
em poucos anos, uma das possibilidades, que a grande maioria dos cursos presenciais tenha
uma parcela de seu trabalho realizado distncia. Sendo assim, cabe s instituies de ensino
superior avaliar, pesquisar e investigar como integrar o presencial e o virtual, a fim de
proporcionar e garantir ao aluno uma aprendizagem cada vez mais significativa (Moran,
2004).
No Brasil j se utiliza a EaD h algum tempo, como ser abordado no captulo dois.
Atualmente, com o advento da internet e o seu uso sendo tambm difundido na educao, a
EaD passou a configurar-se, como dito anteriormente, numa ferramenta de combate
excluso social.
Muitas opes surgem para o uso integrado das tecnologias na educao, sendo uma
delas a educao semipresencial, possibilitada atravs de regulamentao especfica: as
portarias n 2.253, de 18 de outubro de 2001 e, mais recentemente, a de n 4.059, de 10 de
dezembro de 2004. Ambas restringem o uso de atividades no presenciais a um teto de 20%
da carga horria ou das disciplinas que compem determinado curso. Podendo receber vrios
nomes, como sistema bi-modal ou blended-learning, de acordo com Moran et al. (2005),
j tem se mostrado bastante promissor para o ensino superior, uma vez que combina o melhor
proporcionado pela presena fsica com situaes em que a distncia pode ser mais til.
Em outras palavras, daqui a poucos anos as comunidades virtuais e ambientes
artificiais compartilhados devero fazer parte da rotina do nosso dia-a-dia (Maia, 2003),
particularmente nas universidades. Isso, por si s, configura-se justificativa para o presente
estudo.
Outra justificativa para o uso da EaD que, segundo Knowles (1984), o aprendiz
adulto motivado por fatores de ordem interna como sua satisfao e auto-estima, e assim,
Captulo 1 Introduo
4
busca uma forma de ensino que esteja focada em suas experincias, com aplicao e soluo
de seus problemas reais. Essa a realidade que se busca na EaD, um modelo que deixa de
centrar-se na oferta do contedo para valorizar mais a aprendizagem, com base nas
experincias e vivncias compartilhadas pelos alunos, atravs da anlise de situaes da vida
real, da tentativa de satisfazer s suas necessidades para propiciar-lhes a compreenso e
assimilao do contedo (Coutinho, 2003).
As justificativas acima mencionadas so gerais e revelam, sobretudo, a importncia da
EaD para o cenrio futuro da educao brasileira. Cabe ainda tratar a questo pontual dessa
pesquisa que, dentro de um programa de ps-graduao em engenharia de produo, se
mostra relevante na medida em que, busca tratar e analisar dados quantitativos e assim,
demonstrar a eficcia da utilizao de contedos distncia como apoio a cursos presenciais.
Os trabalhos de pioneiros da educao semipresencial no Brasil como (Moran, 2005) relatam
apenas avaliaes qualitativas e, portanto, subjetivas. Corra (2001) relata que ao pesquisar a
literatura sobre EaD, encontra muitas abordagens das vantagens, do histrico e de
experincias, entretanto, conclui que raramente se encontra descrio prticas em EaD com
anlises quantitativas dessas experincias. Assim sendo, um dos principais fatores de
relevncia para esta pesquisa o endosso estatstico dado s importantes opinies colhidas
dos agentes envolvidos.
Adiciona-se aos motivos j abordados, o fato de que, dentro do programa de Mestrado
em Engenharia de Produo da Universidade Federal de Itajub, j existe outros trabalhos
desenvolvidos na mesma rea como uma dissertao de mestrado entitulada Fundamentos da
EAD e uma forma alternativa de vivenciar e aprender a engenharia econmica (Coutinho,
2003), um projeto vencedor do prmio PAPED 2003, Material didtico multimdia para
apoio e enriquecimento do trabalho na oferta da disciplina de engenharia econmica
(Montevechi e Coutinho, 2003), bem como diversos artigos e publicaes cientficas.
Por fim, a justificativa para a escolha da Pesquisa Operacional PO decorre da
condio em que a disciplina se encontra: dentre as poucas disciplinas na universidade,
veiculadas mediante o uso da metodologia semipresencial, a que possui uma amostra mais
representativa, totalizando 8 (oito) turmas a serem pesquisadas.
1.3 Limitaes e contribuies
As principais limitaes deste trabalho so:
Captulo 1 Introduo
5
por se tratar de um estudo de caso, as sugestes e/ou concluses aqui estabelecidas
no podem ser estendidas a outras situaes, ainda que aparentemente
semelhantes;
devido ao nmero ainda restrito de experincias locais com a educao
semipresencial, no se torna possvel a comparao com outras disciplinas;
a impossibilidade de se realizar testes de hipteses que comprovem mais
enfaticamente a correlao entre a participao em atividades virtuais e o
desempenho dos alunos.
As contribuies primordiais da pesquisa para o programa de mestrado, bem como
para a comunidade cientfica como um todo, so basicamente:
o relato e publicao das experincias vivenciadas, atravs de artigos em
congressos e em peridicos, bem como a prpria dissertao;
a avaliao quantitativa da experincia, confrontada com a avaliao qualitativa,
mais comum em trabalhos do gnero.
1.4 Mtodo de pesquisa
A pesquisa se resume a um conjunto de aes, propostas e realizadas com a finalidade
de se solucionar um problema. As aes se baseiam em procedimentos racionais e
sistemticos que visam agrupar informaes e respostas para as indagaes propostas (Silva e
Menezes, 2005).
Com base nas classificaes da pesquisa cientfica propostas na Figura 1.1, o presente
estudo pode ser classificado como:
pesquisa aplicada quanto natureza, pois gera conhecimentos para aplicao
prtica, direcionados abordagem de situaes e soluo de problemas
especficos;
pesquisa exploratria quanto aos objetivos, pois visa proporcionar maior
familiarizao com o problema estudado, atravs de levantamento bibliogrfico,
entrevistas e anlise pormenorizada dos casos disponveis;
pesquisa quali-quantitativa quanto forma de abordar o problema, porque, alm de
considerar opinies e descrev-las, considera a possibilidade de quantific-las,
bem como as outras informaes disponveis visando a compreenso dos fatos;
Captulo 1 Introduo
6
estudo de caso quanto aos procedimentos tcnicos, por se tratar do estudo
aprofundado e exaustivo de alguns casos, buscando amplo e detalhado
conhecimento.
Aplicada
Pesquisa cientfica(classificaes)
Forma de abordar o problemaObjetivosNatureza
Procedimentos tcnicos
Bsica
Quantitativa
QualitativaDescritiva
Explicativa
Exploratria
Pesquisa bibliogrfica
Pesquisa documental
Estudo de caso
Pesquisa-ao
Outros ...
Fonte: Baseado em Silva e Menezes (2005).
Figura 1.1 Formas de classificao das pesquisas cientficas.
1.5 Estrutura do trabalho
Este trabalho de dissertao est estruturado em seis captulos.
O Captulo dois refere-se ao tema Educao a Distncia, definindo-o de acordo com as
abordagens de alguns autores e da legislao brasileira, analisando a histria mundial e
brasileira dessa modalidade de ensino e os decretos e leis que a estabelecem no Brasil.
No Captulo trs faz-se uma reviso bibliogrfica, acompanhada de diversos exemplos,
da modalidade semipresencial, suas particularidades, as diferentes terminologias adotadas,
uma breve discusso, exemplo do captulo anterior, da legislao brasileira e uma
abordagem sobre as perspectivas futuras dessa modalidade. A grande contribuio desse
captulo o apanhado de exemplos, tanto nacionais, como internacionais e tambm de
educao corporativa, nos quais aplicada com grande sucesso, a educao semipresencial.
Captulo 1 Introduo
7
Um relato bastante detalhado dos casos estudados proporcionado pelo Captulo
quatro. O relato consta da contextualizao da disciplina, da estrutura adotada para a educao
semipresencial e enfim, das formas de avaliao adotadas, tanto a avaliao de desempenho
dos alunos como a avaliao da disciplina, que permitem a discusso do captulo seguinte.
Nesse captulo, as atividades virtuais adotadas so apresentadas exaustivamente, de tal forma
que seu contedo se torna muito enriquecedor para pesquisadores iniciantes na Educao a
Distncia.
No penltimo captulo feita a anlise dos resultados conforme os objetivos traados
inicialmente, ou seja, o estudo adquire carter qualitativo, na medida em que analisa a
percepo dos alunos quanto adoo da educao semipresencial, entretanto, passa a ter um
enfoque quantitativo, quando pondera e quantifica a correlao entre variveis,
particularmente, da participao em atividades virtuais em relao ao desempenho dos alunos.
Trata-se da exposio, por meio de opinies e anlises estatsticas, das respostas obtidas aos
questionamentos iniciais propostos na pesquisa.
Por fim, no Captulo seis, faz-se a concluso do trabalho, em que o objetivo proposto e
os resultados alcanados so comparados.
Na seqncia, apresentam-se as referncias bibliogrficas e os anexos deste trabalho,
que incluem os dados levantados referente ao desempenho dos alunos, as respostas aos
questionrios de avaliao e os artigos publicados durante o perodo destinado pesquisa.
Captulo 2 A Educao a Distncia
8
2 A EDUCAO A DISTNCIA
2.1 Consideraes Iniciais
O captulo em questo destina-se discusso de elementos essenciais a uma boa
compreenso e uso da chamada Educao a Distncia - EaD. O mesmo abrange a
apresentao de algumas definies, um resumido relato histrico mundial e tambm do
contexto brasileiro para, antes das consideraes finais do captulo, promover uma reflexo
sobre as diversas leis e decretos que regulamentam a EaD no Brasil.
2.2 Definies
Antes mesmo de se trabalhar a definio do termo Educao a Distncia, cabe uma
rpida reflexo de outros termos frequentemente empregados. Para tanto, a autora Filatro
(2004), estabelece em seu texto algumas significaes, resumidas no Quadro 2.1.
Fonte: Baseado no texto de Filatro (2004).
Quadro 2.1 Comparao dos significados de Educao, Ensino e Aprendizagem.
Educao Ensino Aprendizagem
originalmente Latim: educatione Latim: insignare Francs: apprentissage
significado bsico
ao de criar, de nutrir; cultura, cultivo
pr uma marca; distinguir, assinalar
Ao de aprender um ofcio ou profisso
significado ampliado
processo de desenvolvimento de um ser humano com vistas sua integrao individual e social, envolvendo aspectos humanos, tcnicos, cognitivos, emocionais, sociopolticos e culturais
ocorre por esforo intencional e orientado de pessoas, grupos ou instituies para formar ou informar os indivduos
diz respeito ao de quem aprende e modifica sua prpria conduta, comportamento, crenas e conhecimentos
A anlise desse quadro permite concluir que o termo Educao mais abrangente do
que Ensino, razo esta para que seja mais bem aceito e utilizado na definio de qualquer
modalidade (seja presencial, a distncia, semipresencial, ou outra) que busque o envolvimento
e integrao de todos os aspectos do indivduo.
Captulo 2 A Educao a Distncia
9
A escolha que ora recai sobre o termo Educao, vem expressamente concordar com a
maioria dos autores que usam Educao a Distncia ao invs de Ensino a Distncia.
Moran (2000), por exemplo, considera que a educao vai alm, pois integra o ensino
vida, ao conhecimento, tica e ao do aluno, levando-o a ter uma viso de totalidade.
2.2.1 Diversas definies de EaD
A seguir so listadas algumas definies para a Educao a Distncia de
pesquisadores, professores, instituies de ensino e associaes voltadas prtica da EaD:
a aprendizagem que ocorrer em lugar e tempo apropriados ao aprendiz,
planejada mediante uso de tcnicas especiais de instruo, tecnologias de
informao e comunicao e arranjos organizacionais e administrativos especiais
(Moore e Kearsley, 1996);
o processo de ensino-aprendizagem, mediado por tecnologias, onde professores
e alunos esto separados espacial e/ou temporalmente, mas podem estar
conectados, interligados por tecnologias, principalmente as telemticas, como a
Internet. Mas tambm podem ser utilizados o correio, o rdio, a televiso, o vdeo,
o CD-rom, o telefone, o fax e tecnologias semelhantes (Moran, 1994; Moran,
2002);
um sistema educativo que conecta os aprendizes com os recursos educacionais,
fornecendo oportunidade para os que no possam estar matriculados em um
sistema tradicional. Faz parte de um processo em que os recursos disponveis
evoluem sempre para incorporar as tecnologias emergentes. caracterizada pela
separao do professor e do aluno na maioria das atividades, em termos de espao
e tempo, porm ligados pelo uso de meios educacionais; pela comunicao
bidirecional entre professor/tutor/instituio e o aluno, pelo autonomia do aluno
em relao ao seu ritmo de aprendizagem (CDLP, 20071);
o processo pelo qual se estende a educao dando oportunidades de instruo
sem que se dependa de uma sala de aula convencional, de um edifcio ou de um
local fsico, mas, atravs de uma nova sala de aula, que inclui o uso de vdeos,
1 CDLP - Califrnia Distance Learning Project CDLP: Um projeto para Educadores Adultos da Califrnia.
Captulo 2 A Educao a Distncia
10
udios, o computador, as comunicaes multimdia ou de alguma combinao
destes com outros mtodos tradicionais de ensino (ITC, 20072);
a modalidade de educao em que as atividades de ensino-aprendizagem so
desenvolvidas majoritariamente (e em bom nmero de casos, exclusivamente) sem
que alunos e professores estejam presentes no mesmo lugar mesma hora
(ABED, 20073);
2.2.2 A definio constante na legislao brasileira
Uma infinidade de outras definies poderia ocupar espao nesse trabalho, no entanto,
uma ltima destacada das demais, por se tratar da definio adotada na legislao brasileira
que trata do assunto, que apresentada no Decreto n 2.494, de 10 de fevereiro de 1998:
Educao a Distncia uma forma de ensino que possibilita a auto-aprendizagem,
com a mediao de recursos didticos sistematicamente organizados, apresentados
em diferentes suportes de informao, utilizados isoladamente ou combinados, e
veiculados pelos diversos meios de comunicao.
A anlise dos componentes dessa definio permite a apresentao de alguns conceitos
e opinies interessantes e importantes para o contedo abordado nos captulos seguintes.
2.2.2.1 A EaD uma forma de ensino
Primeiramente, a EaD uma forma de ensino. O texto no sugere que seja a nica,
nem que seja melhor ou pior, mas, coloca a EaD como uma dentre outras formas existentes de
ensino. importante que no se coloque o peso de resolver todos os problemas da educao
sobre a EaD. Ela deve ser explorada dentro de suas possibilidades e potencialidades, da
melhor forma possvel, tendo como foco primeiro o aprendiz e de forma alguma a tecnologia
por si s, ou outro de seus componentes.
Azevedo (2005), afirma categoricamente que no existe diferena significativa entre
resultados de aprendizagem a distncia em relao ao aprendizado em cursos presenciais. O
2 ITC - Instructional Technology Council. 3 ABED - Associao Brasileira de Educao a Distncia
Captulo 2 A Educao a Distncia
11
pesquisador baseia-se em sua experincia, no depoimento de alunos e em algumas pesquisas4
comparativas realizadas em mbito internacional.
2.2.2.2 A EaD possibilita a auto-aprendizagem
Em segundo lugar, ela possibilita a auto-aprendizagem. Nessa modalidade, o
docente passa a ser um incentivador, um animador da inteligncia de seus alunos e no mais o
dispensador de conhecimentos (Lvy, 1999). O aluno nesse contexto no tem mais a sua
disposio um educador que vai dispensar informaes a todo o momento e ele, receb-las
passivamente. Ele passa a ter, sua disposio, uma forma diferenciada de auto-aprendizado,
o que pode ser realmente uma grande vantagem frente a mtodos tradicionais, ou numa
hiptese infeliz, ser o motivo de seu fracasso, caso o aluno no esteja preparado para o desafio
da disciplina, da pesquisa sistemtica, da procura incessante por informao e mais do que
isso, por conhecimento.
A auto-aprendizagem aqui abordada prev autonomia e independncia do aluno e,
segundo Preti (1996) assim que se reconhece a capacidade do aluno para a construo de
seu prprio caminho, de seu conhecimento, de suas prticas e reflexes.
Alm disso, cabe aqui citar a vantagem da aprendizagem colaborativa, em que os
alunos aprendem com seus pares, ou seja, eles tm em suas mos a oportunidade de tornar as
informaes e recursos materiais disponveis, comum a todos os colegas participantes do
mesmo processo de aprendizagem. Para Lvy (1999), o ideal mobilizador da informtica
deixou de ser a inteligncia artificial e passou a ser a inteligncia coletiva, aquela em que
ocorre sinergia das competncias, imaginaes e energias intelectuais.
2.2.2.3 A EaD um processo mediatizado
Um terceiro componente a ser destacado na definio do Decreto 2.494/98 que a
EaD ocorre com a mediao de recursos didticos sistematicamente organizados,
apresentados em diferentes suportes de informao. A EaD um processo de ensino-
aprendizagem mediatizado (Preti, 1996). 4 Uma das pesquisas denominada The No Significant Difference Phenomenon, cujas informaes esto
disponveis em http://www.nosignificantdifference.org. Outra pesquisa que aponta resultados similares se
encontra em http://www.sloanc.org/publications/jaln/v4n2_hiltz.asp, embora com um resultado levemente
favorvel aos cursos online. Acesso em 03/01/2007.
Captulo 2 A Educao a Distncia
12
Neste ponto da definio, a ateno recai sobre a apresentao dos recursos didticos
como suportes de informao, cabendo aqui algumas consideraes entre as diferenas entre
dados, informao, conhecimento e sabedoria.
Dados so smbolos escritos pelas mos do homem ou por mquinas. A informao
o julgamento, a opinio, que se tem a partir dos dados. Conhecimento, por sua vez, a
capacidade de agir em funo das informaes. Enfim, a sabedoria o conhecimento justo das
coisas, dos homens e do mundo (Almeida, 1997).
Segundo Almeida, o conhecimento e a sabedoria chegam na poca certa, precedida por
muito esforo, trabalho, leitura e pela vivncia do indivduo. Assim, de pleno acordo, Maia
(2003), cita que a abundncia de informao no garante o conhecimento, pois necessrio
que ocorra o processamento dessa informao. Acrescenta-se a essa argumentao que os
recursos didticos usados na EaD so as ferramentas pelas quais se processam a informao,
ou seja, so parte do esforo, trabalho, leitura e vivncia que geram a sabedoria.
2.2.2.4 Na EaD os recursos so usados isoladamente ou combinados
Ao contrrio do que muitos pensam, a EaD no necessariamente o uso exagerado de
recursos e tecnologias, deixando-se de lado os contatos interpessoais e as vantagens destes no
processo de ensino-aprendizagem. A realidade que muitos estudiosos e especialistas tm
apontado a utilizao dos recursos didticos distncia como uma forma importante de se
complementar o aprendizado presencial. Alguns arriscam dizer que a educao semipresencial
que ter grande fora num futuro prximo, em que dentro de cada rea de formao sero
usadas maiores ou menores doses de contedos distncia.
O sistema bi-modal, ou semipresencial, ou blended-learning se mostra o mais
promissor para o ensino superior, uma vez que combina o melhor da presena fsica com
situaes em que a distncia pode ser mais til (Moran et al., 2005).
Mesmo dentro de um ensino inteiramente a distncia, importante que se faa a
dosagem adequada de utilizao dos recursos, buscando o melhor aproveitamento destes
recursos, sem que se tome um caminho de desmotivao dos aprendizes.
2.2.2.5 A EaD veiculada por diversos meios de comunicao
A penltima anlise se d mediante a declarao de que a EaD, legislada no Decreto
2.494/98, dever ser veiculada pelos diversos meios de comunicao.
Captulo 2 A Educao a Distncia
13
Entende-se que os diversos meios incluem, dentre outros: o material impresso, a TV, o
rdio, a fita de udio, de vdeo cassete, o powerpoint, os CD-roms, os e-books, as salas de
bate-papo, os fruns de discusso, as tele e videoconferncias. Esses meios devem promover
uma comunicao bidirecional, pois, de acordo com Preti (1996), apesar da distncia, o aluno
deve estabelecer relaes dialogais, criativas, crticas e participativas.
Fica neste ponto clara a necessidade de se lembrar que nenhum meio vem a superar
totalmente o anterior. Assim como a televiso no levou ao total desuso do rdio, a internet,
ou qualquer outro meio no substituir absolutamente outras formas de comunicao. Ao
contrrio disso, a idia que diferentes meios possam ser usados em conjunto ou
individualmente, no momento em que forem apropriados para o enriquecimento dos
contedos a serem abordados. Segundo Valente (1995), as diferentes modalidades de uso do
computador na educao vo continuar coexistindo, pois no se trata de uma substituir a
outra, mas sim, de cada uma dela colaborarem com suas caratersticas e vantagens prprias.
Enfim, os meios de comunicao citados na definio podem ser humanos e assim,
estariam apontando para os educadores. Concordando com o que diz Cruz (2001), estes,
jamais sero substitudos, pois, se o velho educador est morrendo, no se pode dizer que no
lugar dele estar uma mquina, mas sim um outro professor, o miditico, aquele que est
incorporando os meios de comunicao em sua rotina de trabalho.
2.2.2.6 A questo da distncia
Como ltimo termo a ser discutido, presente em qualquer das definies aqui
apresentadas, est a palavra distncia. Trata-se de uma palavra, muitas vezes, mal
compreendida e para a qual se atribui excessiva nfase em suas supostas desvantagens.
Para Preti (1996), a presena fsica do professor, com quem o aluno vai dialogar no
necessria e indispensvel para que ocorra a aprendizagem, sendo que esta pode ocorrer de
outra maneira, ou seja, virtualmente. com base nessa premissa, que se apresenta a Teoria da
Distncia Transacional, abordada por Moore (1993), a qual pode servir de auxlio para uma
compreenso que enfatize as reais possibilidades da distncia.
Essa teoria, em outras palavras, estuda a distncia que realmente importa, e que no
a fsica. Em breve resumo, o que Moore prope que a distncia transacional medida pela
interao entre professor e aluno, de forma que mais dilogo, por definio, implica em menor
distncia. De igual modo, a ocorrncia de pouco dilogo e interao entre professor e aluno,
significa grande distanciamento.
Captulo 2 A Educao a Distncia
14
Concordando com essa abordagem, Azevedo (2005), enfatiza que na Educao, a
palavra distncia no tem sentido estritamente fsico, mas fundamentalmente relacional e
afetivo. Distncia ou proximidade transacional que tem importncia pedaggica e esta no
depende da proximidade fsica. Como afirma Peters (2001), por muito tempo, ensinar e
estudar aconteceu mediante a proximidade fsica e a distncia passou a ser tratada como um
dficit. Entretanto, um novo olhar, permite a concluso de que a distncia fsica no um
elemento negativo a ser vencido ou superado.
2.3 Evoluo histrica da EaD
Propostas de Educao a Distncia tm sido motivadas ao longo da histria, no
necessariamente respeitando as datas aqui apresentadas, uma vez que um estudo bastante
detalhado e preciso a esse respeito demandaria dedicao exclusiva ao foco histrico da EaD,
de suas geraes e dos muitos exemplos de prtica pelo mundo afora. Essas propostas, pelo
que se pode notar, mesmo atravs de um relato resumido, surgem da necessidade de
democratizao e de acesso ao conhecimento; da crescente demanda por ensino superior e,
dentre outros motivos, da busca por desenvolvimento e formao de competncias
especficas. No mundo inteiro surgiram programas diversos de EaD, ou como parte integrante
de projetos em universidades convencionais ou nas chamadas universidades abertas,
traduzindo desde iniciativas de cursos totalmente a distncia at os cursos que mesclam o
presencial com o virtual, assunto amplamente abordado no captulo seguinte.
A seguir pretende-se apresentar um relato histrico resumido da EaD Mundial e no
Brasil, onde o uso dessa modalidade para a disseminao de conhecimentos pode claramente
ser vista como mais recente.
2.3.1 A EaD mundial
O Quadro 2.2 trata de datas referentes implantao das Universidades Abertas e a
Distncia em todo o mundo, bem como de iniciativas diversas de pioneirismo e sucesso. Esse
estudo no tem a pretenso de esgotar o relato de marcos histricos da EaD, mas apresenta
histrias de sucesso interessantes, vivenciadas por escolas que ultrapassavam a marca de 100
mil alunos j no ano de 1995, conforme Corra (2005). Em todos os casos, a adoo da EaD
no decorrer de dcadas, tm ocorrido devido a um ou mais dos seguintes motivos:
Captulo 2 A Educao a Distncia
15
dificuldades geogrficas; demandas de formao profissional; acesso a uma segunda lngua;
ampliao do atendimento de escolarizao e/ou qualificao profissional.
De acordo com Arajo e Maltez (2000), enquanto na Sucia, por volta de 1930, j se
faziam anncios de cursos por correspondncia e, no incio da dcada de 40, Isaac Pitman
sintetizava os princpios de taquigrafia em cartes enviados aos seus alunos, somente a partir
da metade do sculo XIX que foram vistas as primeiras aes institucionalizadas de EaD,
com poucas excees como o Centro Nacional de Educao a Distncia Francs, o CNED.
O CNED, iniciou em 1939 os seus primeiros cursos por correspondncia e, de acordo
com Costa Jnior (2000), oferece cursos desde a alfabetizao at mestrado e PhD, num total
de aproximadamente 3500 opes que inclui at cursos de lngua portuguesa. Se em 1995 j
tinha formado 184 mil alunos, em 2000 o CNED j havia passado a marca dos 400 mil alunos.
Desde ento, com a demanda crescente, vem passando por profundas reformulaes
tecnolgicas, para poder atender seu contingente de alunos com mais e novos recursos de
mdia digitais para comunicao e educao.
Passando para as aes datadas da 2 metade do sculo XIX, o que se nota, diante do
Quadro 2.2 que vem ocorrendo uma gradativa adoo da EaD para o ensino superior desde a
fundao de Universidades Abertas em todo o planeta. Desde 1969 com a Open University
Britnica at a nossa Universidade Aberta do Brasil - UAB, 36 anos aps, diversos pases
passaram pela deciso estruturada de seus governos para a implantao de iniciativas
similares. No caso britnico, de acordo com OU (2007), a universidade nasceu a partir de uma
idia, em 1926, do educador e historiador J. C. Stobart e de uma parceria com a Britsh
Broadcasting Corporation (BBC), a maior emissora pblica de rdio e televiso do Reino
Unido. J no Brasil a UAB surge como conseqncia de uma iniciativa triangular, que parte
do MEC, atravs de sua Secretaria de Educao a Distncia - SEED, das universidades
pblicas interessadas e motivadas para a expanso da EaD e do Frum das Estatais pela
Educao (UAB, 2007).
Captulo 2 A Educao a Distncia
16
Fonte: Baseado no texto de Corra (2005).
Quadro 2.2 Marcos histricos da EaD mundial.
Ano Descrio 1829 Sucia Instituto Liber Hermodes (150.000 usurios em 1995) 1840 Reino Unido Faculdades Sir Isaac Pitman primeira escola por correspondncia na Europa 1891 Estados Unidos Universidade da Pensilvnia curso sobre medidas de segurana em minerao 1922 Unio Sovitica ensino por correspondncia (350.000 usurios em 1995) 1938 1 Conferncia Internacional da ICDE - International Council for Open and Distance Education 1939 Frana Centro Nacional de EaD ensino por correspondncia (184 mil alunos em 1995) 1946 frica do Sul Unisa Universidade da frica do Sul primeiros cursos superiores a distncia 1969 Reino Unido fundao da Universidade Aberta (200mil alunos em 1995) 1972 Espanha fundao da Universidade Nacional de Educao a Distncia (110 mil alunos em 1995) 1972 Tailndia Sukhothai Thamnathirat (300 mil alunos em 1995) 1972 Mxico Programa Universidade Aberta, inserido na j existente Universidade Autnoma do Mxico 1973 frica do Sul Unisa (130 mil alunos em 1995) 1974 Alemanha implantao da Fern Universitt 1974 Paquisto implantao da Universidade Aberta Allama Iqbal 1974 Israel fundao da Universidade para Todos 1974 Canad reconstituio da Universidade de Athabasca 1977 Venezuela fundao da Universidade Nacional Aberta 1978 Costa Rica Universidade Estadual a Distncia 1978 Japo fundao do Instituto Nacional de Educao por Multimdia 1978 Tailndia fundao da Universidade Aberta SukhothaiThammathirat 1979 China - China TV University System (530 mil alunos em 1995) 1980 Sri Lanka fundao da Universidade Aberta (profisses tecnolgicas e formao docente) 1982 ndia fundao da Universidade Aberta 1982 Coria - Korea National Open University (196 mil alunos em 1995) 1982 Turquia Anadolu University (567 mil alunos em 1995) 1982 Dinamarca implantao da Universidade Jysk Aabent 1982 Irlanda implantao do Centro Nacional de Educao a Distncia 1983 Japo fundao da Universidade do Ar 1983 Colmbia fundao da Universidade Estatal Aberta e a Distncia 1984 Indonsia Universitas Terburka (353 mil alunos em 1995) 1984 Holanda implantao da Universidade Aberta 1985 ndia implantao da Universidade Nacional Aberta Indira Gandhi (242 mil alunos em 1995) 1987 Resoluo do Parlamento Europeu sobre Universidades Abertas na Comunidade Europia 1987 Fundao da Associao Europia de Universidades de Ensino a Distncia 1987 Frana fundao da Federao Interuniversitria de Ensino a Distncia 1987 Blgica implantao do Studiecentrum Open Hoger Onderwijs 1987 Fundao da Saturno: Rede Europia de Ensino Aberto 1988 Portugal fundao da Universidade Aberta 1988 Fundao da Euro Pace, Programa Europeu para Educao Continuada Avanada 1990 Implantao da Rede Europia de Educao a Distncia, baseada na declarao de Budapeste 1991 Relatrio da Comisso sobre Educao Aberta e a Distncia na Comunidade Europia 2005 Institudo o Sistema Universidade Aberta do Brasil (UAB)
Captulo 2 A Educao a Distncia
17
Tendo em vista que a Open University serve como exemplo a inmeras outras
universidades espalhadas pelo mundo, e que projetos de EaD sempre se espelham em algo da
realidade vivenciada no Reino Unido, o questionamento bastante comum, relativo qualidade
de cursos distncia pode ento ser respondido quando confrontado com essa iniciativa
pioneira. De acordo com Niskier (2005), a Open University contou com total apoio da rainha
Elizabeth II, e assim, contratou centenas de professores, considerados os melhores da Gr-
Bretanha, e a eles delegou a elaborao dos contedos e a avaliao do processo ensino-
aprendizagem. Niskier conclui que dessa forma, j no h mais questionamentos sobre a
qualidade dos cursos, a qual est assegurada de forma definitiva. Mais do que apenas garantia
de qualidade, conforme Barreto (1999), a Open University, mantm um sistema de consultoria
que busca apoiar e multiplicar, em outras naes, uma educao a distncia de qualidade
como a que vem empreendendo ao longo de dcadas. Da mesma forma, no somente a
Inglaterra, mas a Frana e a Espanha tm sido ao longo da histria da educao mundial,
grandes centros de divulgao, contribuio e inspirao para ampliao da EaD.
2.3.2 A EaD no contexto brasileiro
Da mesma forma que se analisa a evoluo histrica da EaD mundial, a modalidade
vem sendo adotada gradativamente no Brasil e portanto cabe uma rpida avaliao de seu
crescimento em mbito nacional, que realizada de acordo com o Quadro 2.3, tambm
baseado no texto de Corra (2005).
Segundo Moreira e Massarani (2001) em 1923, inaugurava-se a Rdio Sociedade do
Rio de Janeiro, a primeira no Brasil, em decorrncia de um movimento de cientistas e
intelectuais do estado, com propostas claramente voltadas educao e difuso cientfica,
sendo mantida inicialmente, por uma associao que congregava um grande nmero de
pessoas. O prprio Edgar Roquete Pinto, que participou de sua inaugurao, em 1934 cria a
Rdio Escola Municipal do Rio de Janeiro, hoje Rdio Roquete Pinto, tambm com fins
claramente educativos.
O Movimento Educacional Brasileiro - MEB, de acordo com Corra (2005), era um
sistema de ensino a distncia no-formal, que utilizava a radiodifuso, atravs de uma ao
pedaggica conscientizadora, problematizadora e globalizadora. Atingiu, entre 1962 e 1964,
quase meio milho de camponeses, em 14 estados brasileiros. Ainda, de acordo com Barreto
(1999), o MEB, concebido pela igreja Catlica e patrocinado pelo Governo Federal,
Captulo 2 A Educao a Distncia
18
desenvolvia uma pedagogia popular voltada para a alfabetizao, conscientizao, politizao,
educao sindicalista, instrumentalizao das comunidades e animao popular.
A TVE do Maranho e a TVE do Cear desenvolveram estudos semelhantes para os
ensinos regular e supletivo de 5 a 8 srie, usando alm dos programas televisivos, materiais
impressos e o apoio de orientadores de aprendizagem (Corra, 2005). Tratando da histria da
Televiso Pblica Educativa, a Associao Brasileira de Televiso Universitria - ABTU as
aponta, ainda hoje, como as experincias mais significativas da TV Educativa brasileira
(ABTU, 2007).
Fonte: Baseado no texto de Corra (2005).
Quadro 2.3 Marcos histricos da EaD no contexto brasileiro.
Ano Descrio 1923 Rdio Sociedade do Rio de Janeiro 1934 Rdio Roquete Pinto (inicialmente Rdio Escola Municipal do Rio de Janeiro) 1939 Cursos por correspondncia adotados pela Marinha e Exrcito 1941 Cursos por correspondncia e de formao profissional bsica do Instituto Universal Brasileiro (IUB) 1950 Movimento Educao de Base (MEB) 1967 Projeto Saci / INPE Teleducao via satlite, material de rdio e impresso 1969 TVE do Maranho cursos de 5 a 8 sries, com material televisivo, impresso e monitores 1970 Informaes Objetivas Publicaes Jurdicas (IOB) ensino por correspondncia para setor tercirio 1970 Projeto Minerva cursos transmitidos por rdio em cadeia nacional 1974 TVE do Cear cursos de 5 a 8 srie, com material televisivo, impresso e monitores 1976 Senac Sistema Nacional de Teleducao, com material instrucional (2 milhes de alunos at 1995) 1979 Centro Educacional de Niteri mdulos instrucionais com tutoria e momentos presenciais 1979 Colgio Anglo-Americano (RJ) cursos de correspondncia para brasileiros residentes no exterior 1979 UnB cursos veiculados por jornais e revistas 1980 Associao Brasileira de Tecnologia Educacional aperfeioamento do magistrio: 1 e 3 graus 1991 Fundao Roquete Pinto Um Salto para o Futuro: formao continuada de professores 1992 UFMT/FAE/Nead Licenciatura Plena em educao bsica e Servio de Orientao Acadmica 1993 Senai/RJ cursos de Noes Bsicas em Qualidade Total (16 mil alunos at 1995) 1995 Secretaria Municipal de Educao (RJ) programas televisivos e material impresso 5 a 8 srie 1995 Programa TV Escola SEED/MEC 1995 Laboratrio de Ensino a Distncia Ps-Graduao em Engenharia de Produo da UFSC 1996 Universidade Catlica de Braslia cursos de especializao a distncia 1997 Escola Brasil programa de rdio AM/OC, ensino fundamental (FUNDESCOLA/MEC) 2000 UNIREDE Rede de Educao Superior a Distncia: consrcio de 68 instituies pblicas do Brasil 2000 PROFORMAO formao de professores de nvel mdio (SEED/FUNDESCOLA/MEC) 2001 RENADUC Rede Nacional de Informao e Educao a Distncia gesto escolar UNDIME 2001 PROGESTO capacitao de gestores escolares (consrcio de 24 estados brasileiros) 2002 Projeto Veredas formao de professores em nvel superior (SEED/MG)
O Sistema Nacional de Teleducao, do Servio Nacional de Aprendizagem
Comercial - SENAC, foi criado em 1976 e estava baseado em seis grandes centros, buscando
Captulo 2 A Educao a Distncia
19
atingir uma clientela sem condies de freqentar cursos em horrios e locais fixos. Operava
principalmente atravs de ensino por correspondncia, e eventualmente com rdio e TV.
Tendo passado por informatizao e reestruturao em 1991, o Sistema passou a atuar com
um centro em cada estado brasileiro e o seu brao atual dentro do SENAC, o Centro Nacional
de Educao a Distncia - CEAD, promove diversas iniciativas em EaD, desde uma srie
radiofnica at cursos de especializao distncia (SENAC, 2007).
A Associao Brasileira de Tecnologia Educacional - ABT, que anteriormente
denominava-se Associao Brasileira de Teleducao, foi instituda em 1971, entretanto
iniciou em 1980 os cursos para aperfeioamento docente, em nvel de 1 e 3 grau. Tem, de
acordo com seu estatuto, a finalidade de impulsionar no pas, os esforos comuns e a
aproximao mtua para o desenvolvimento quantitativo e qualitativo da tecnologia
educacional, em favor da promoo do Homem e da coletividade (ABT, 2007).
Um marco tambm importante para a EaD brasileira tem sido, desde 1995, a TV
Escola, uma iniciativa da SEED/MEC. A TV Escola produz material televisivo, com trs
horas de programao diria, reprisada quatro vezes por dia, com transmisso pelo BrasilSat e
recepo por antena parablica. um canal que desenvolve atualmente sries didticas,
documentrios, o programa Um salto para o futuro e diversos materiais impressos como
revistas, guias, catlogos e cadernos do professor (Corra, 2005).
Mais recentemente comearam a surgir iniciativas em universidades, voltadas ento,
para a EaD aplicada ao ensino em nvel superior. Um exemplo pioneiro o da Universidade
Federal de Santa Catarina - UFSC, mas muitos outros poderiam ser tambm mencionados, e
esta lista vem crescendo a cada ano5.
O laboratrio de educao a distncia LED, da UFSC, criado em 1995, oferece
cursos de ps-graduao, lato e stricto sensu, e cursos de extenso em todas as reas de
Engenharia de Produo e reas afins em diversas cidades do Estado de Santa Catarina com
aulas ministradas a distncia (Brasil, 2000). O LED produz vdeos para sala de aula, CD-roms
educativos, vdeos sobre qualidade e produtividade, cursos de educao continuada na rea de
Engenharia de Transportes, bem como desenvolve um Programa de Capacitao de
Professores da Rede Pblica atravs de teleconferncias, com o qual atinge quase 8 mil
professores da rede estadual de Santa Catarina (Corra, 2005).
5 No site da SEED/MEC, http://portal.mec.gov.br/seed/, se obtm acesso as listas de instituies credenciadas
pelo MEC para cursos: (1) Superiores a Distncia; (2) Ps-Graduao Lato Sensu a Distncia e (3) Seqenciais a
Distncia. Acesso em 30/12/06.
Captulo 2 A Educao a Distncia
20
Tratando por ltimo, dos projetos liderados pelos governos federal e estaduais, alm
dos citados TV Escola, Proformao, Progesto e Projeto Veredas, h uma infinidade de
outros projetos em andamento, como Proinfo, Rived, Paped e a prpria Universidade Aberta
do Brasil, criada no ano de 2005.
De acordo com Brasil (2000), a maior iniciativa de educao a distncia em operao
no Pas, no incio da dcada, seria provavelmente a do Programa TV Escola, da SEED/MEC,
um curso semipresencial, com material didtico disseminado via TV, 14 horas por dia, e
complementado por atividades presenciais ou de interao a distncia.
Uma outra grande iniciativa ressaltada por Brasil (2000) a do Consrcio Unirede,
formalizado em janeiro de 2000 e composto por 62 universidades pblicas brasileiras. Visa
aprimorar as iniciativas de EaD nacionais tanto em qualidade como em quantidade de cursos
e atividades ofertadas.
Um maior detalhamento dos projetos e atuao governamental para a expanso da
EaD dado na discusso das leis e decretos que a estabelecem no Brasil, ainda neste captulo.
Por hora, cabe concordar com Alves (2006), quando declara que houve xitos e
fracassos nos ltimos cem anos da EaD no Brasil, e com isso, ainda temos um nmero
pequeno de instituies adotando essa metodologia. A partir dessa constatao, o cenrio
atual se mostra excelente para o crescimento da EaD, particularmente para as organizaes
que pretendem investir ou continuar investindo em projetos de qualidade.
2.3.3 As geraes da EaD
Uma forma bastante direta e simples de se classificar as geraes da EaD, embora nem
mesmo a simplicidade seja capaz de encontrar unanimidade, seria atravs do que Litto (2003)
chama Sistemas de Entrega. Exemplos de sistemas de entrega so cada uma das mdias
possveis de serem usadas na EaD: impressos, fitas de udio, de vdeo, cd-roms, DVDs,
internet, rdio, televiso em circuito aberto ou fechado, teleconferncia, videoconferncia, etc.
Os sistemas de entrega utilizados e como eles so utilizados so a principal forma de
se visualizar a evoluo da EaD em geraes. Alm da discusso de cada uma destas,
pretende-se abordar, posteriormente, alguns aspectos da incluso digital necessria para a
contnua evoluo da EaD at as suas geraes futuras.
O Quadro 2.4 d uma rpida noo da diviso entre as 3 geraes, o que comentado
com mais detalhes em cada um dos itens seguintes.
Captulo 2 A Educao a Distncia
21
Fonte: Baseado em Corra (2005) e Coutinho (2003).
Quadro 2.4 As geraes da Educao a Distncia.
Aspecto 1 Gerao 2 Gerao 3 Gerao Difuso
Baixa tecnologia, com materiais impressos, mensagens escritas,
cartas, fichas e livros
Multimeios e multimdia,
com predominncia do Rdio e Televiso
Tecnologia Interativa via Computadores e as
Telecomunicaes, incluindo tele-aprendizado, acesso a banco
de dados, vdeos e textos
Objetivo
Atingir alunos desfavorecidos Proporcionar educao permanente e ocupacional Mtodo
Guias de aluno auto-avaliao e
instruo programada
Programas teletransmitidos, pacotes didticos e mediao passiva
Modularizao das temticas, desenhos didticos a partir de
carncias formativas
Meios
Correio Rdio, TV e materiais audiovisuais Ciberespao, satlites e
videoconferncia
Tutoria Atendimento com deslocamento Atendimento dependendo de
contatos telefnicos Atendimento dependendo de
contatos eletrnicos
Interao6
Pequena interao
aluno / material didtico
Leve enriquecimento da interao aluno/contedo
via multimeios
Maior interao aluno/contedo/ colegas/tutores/sist.educativo assncrona (comunidades) e
sncrona (imagem, sons e dados em tempo real)
2.3.3.1 A 1 Gerao
Abels (2005) situa a 1 Gerao com seu incio por volta do ano de 1890, entretanto as
primeiras iniciativas em EaD, bem anteriores a essa data (cerca de 60 anos antes) j usavam o
principal sistema de entrega dessa gerao: os materiais impressos em cursos por
correspondncia. Como salientado no Quadro 2.4, a interao era mnima e o objetivo dos
cursos nesse perodo era basicamente propiciar oportunidade aos menos favorecidos, que no
encontravam outra forma de continuar seus estudos.
Desde o incio, na EaD, o comportamento para o processo ensino-aprendizagem era
determinado sobretudo por meios tcnicos, nesse caso, pelos meios impressos que foram
fortemente adotados por cerca de um sculo nas universidades europias. De fato, mais
recentemente tm sido rejeitados por l, de tal forma que o seu uso, hoje, pode ser
considerado uma exceo (Moore e Anderson, 2003). Pode-se dizer, entretanto, que a 1
Gerao da EaD se estende at a poca atual ou pelo menos, que os meios impressos, na
maioria dos contextos, continuam sendo extremamente importantes.
6 Ao tratar do tema interao e interatividade, Silva (2000a), ressalta que estes so conceitos de comunicao e
no de informtica, e que podem ser empregados para significar a comunicao entre interlocutores humanos,
entre humanos e mquinas e entre usurio e servio.
Captulo 2 A Educao a Distncia
22
2.3.3.2 A 2 Gerao
Uma nova era comeou segundo (Moore, Anderson, 2003; Abels, 2005), com o uso do
rdio e da televiso como meios de apresentao ou sistemas de entrega (Litto, 2003), a serem
usados em conjunto ou em substituio aos meios impressos. As universidades a distncia e as
universidades abertas que foram fundadas em muitas partes do mundo, por volta de 1970,
ofereciam ento, EaD atravs desses mltiplos meios, na chamada 2 Gerao. Naturalmente,
o uso destes meios vinha requerer um aprimoramento nos comportamentos para o processo
ensino-aprendizagem, alterando definitivamente a estrutura pedaggica dos cursos oferecidos.
(Moore e Anderson, 2003). De acordo com o Quadro 2.4, apesar de ainda ocorrer uma
mediao passiva, houve um leve enriquecimento da interao, atravs dos multimeios
oferecidos nessa 2 Gerao.
Para Peters (1988), a segunda gerao teve um efeito enorme na EaD, gerando um
novo paradigma e que fatalmente levava os estudiosos a repensar e redefinir o conceito de
Educao a Distncia. Inicialmente, quando se olha de relance, a proposta dessa nova gerao
poderia parecer muito atrativa, pois implicava num uso mais pessoalizado das comunicaes e
num discurso mais acadmico - algo que a EaD na 1 Gerao no tinha. Entretanto, Peters
relata a possibilidade de um problema fundamental da pedagogia envolvida nessa EaD, a
adoo de uma educao massiva, em outras palavras, para um grande nmero de estudantes,
e que requer preterivelmente, um grande nmero de tutores para o acompanhamento dos
estudantes. Assim, ele ressalta que, somente quando tomados os devidos cuidados, que o
emprego de oportunidades de dilogo mediadas pelas tecnologias e a interao um pouco
mais dinmica entre os estudantes e seus colegas, pode reconciliar essa nova gerao com a
razo de ser da EaD.
2.3.3.3 A 3 Gerao
Abels (2005) diz que a 3 Gerao surge quando os cursos a distncia passam a ser
realizados online, o que em outras palavras concorda com Moore e Anderson (2003) que
apontam o incio dessa gerao como conseqncia do grande avano das NTICs, e de seu
crescente uso. Segundo ele, essa gerao est em seu incio. Silva (2003) afirma que, mesmo
que ainda prevaleam os suportes tradicionais, como o material impresso, o rdio e a TV, no
h dvida de que o futuro promissor da EaD online.
Captulo 2 A Educao a Distncia
23
Essa nova gerao caracterizada no apenas pela combinao de diversos meios, mas
pela integrao destes atravs do uso de computadores pessoais. Os ambientes virtuais de
aprendizagem integrados esto agora disponveis aos estudantes em seus computadores
pessoais. Mais uma vez, no que diz respeito ao uso pedaggico desses novos meios
integrados, a evoluo gera uma nova e fundamental mudana nos comportamentos dentro do
processo ensino-aprendizagem (Moore e Anderson, 2003). Peters (1998), concorda, quando
destaca que a EaD da 3 Gerao tende a suplantar a EaD da 2 Gerao por meio de uma
comunicao mediada pelo computador, entretanto, do ponto de vista dos conceitos
pedaggicos, ao invs de proclamar nova mudana de paradigma, ele coloca a 3 Gerao
como neutra, ou seja, a visualiza simplesmente como uma gerao acompanhada de recursos
que permite uma flexibilidade maior e com enorme potencial para o crescimento da
modalidade.
Ao que parece, a 3 Gerao da EaD integra as oportunidades providas pelo uso dos
computadores pessoais na aprendizagem e passa a intensificar tendncias que haviam nas
geraes anteriores. Isso acontece, de acordo com Peters (1998), primeiramente pelo fato da
EaD estar, potencialmente, fornecendo o software apropriado, o que d mais sentido e agrega
maior valor a auto-aprendizagem, atravs da promoo de uma interao mais eficaz. D
tambm aos alunos a facilidade de acesso a bases de dados e consequentemente, mais
independncia em relao ao conhecimento de seus professores.
At recentemente, muitos educadores ignoravam a maior parte das novas tecnologias e
usavam o processo do ensino convencional, considerando a educao exclusivamente
presencial como superior a qualquer outra forma de ensinar. Quando os educadores da EaD
comearam a superar o tirania da distncia e da limitao de possibilidade de interao, o
contexto de inrcia institutional em que os dirigentes de instituies educacionais e os
prprios professores estavam, em sua maioria, comeou a mudar (Taylor e Swannell, 2001).
Hoje, cada vez mais, as instituies vm adotando a Educao a Distncia, e em vrias
condies diferentes. A partir de ento, parece haver at certa dificuldade em se continuar
distinguindo as evolues e geraes da EaD.
2.3.3.4 A incluso digital necessria
Alguns autores apontam a j existncia de uma 4 Gerao; outros como Garrison e
Anderson (2003), prevem a sua chegada em breve, classificando-a como uma combinao
das anteriores que far um maior uso da internet.
Captulo 2 A Educao a Distncia
24
No havendo interesse em discutir como ser a prxima gerao, mas sim, em
conhecer quais os caminhos se deve trilhar para o bom uso do que se tem na 3 Gerao e para
as evolues futuras, pretende-se dar destaque realidade da incluso digital brasileira.
Pesquisas realizadas pelo Comit Gestor da Internet no Brasil, CGI (2006)7, em 2005
(contando com 8540 domiclios) e em 2006 (em 10510 domiclios, dos quais, 2549 eram da
regio Sudeste) revelam o caminhar do Brasil rumo Incluso Digital. Apesar de terem
ocorrido aumentos significativos de um ano para o outro, como por exemplo, os fatos de que
cerca de 2 milhes de domiclios a mais possuem computadores e 1,4 milhes de domiclios a
mais possuem acesso internet, ainda h um longo e rduo trecho a percorrer, pois as
propores revelam que apenas 1 (um) em cada 5 (cinco) domiclios tm acesso ao
computador, e menos ainda para o acesso internet, conforme a Figura 2.1.
0%
1%
16%
17%
61%
54%
92%
96%
1%
1%
18%
19%
68%
50%
90%
97%
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%
Computador de Mo
Computador Porttil
Internet
Computador de Mesa
Telefone Celular
Telefone Fixo
Rdio
Televiso
2005 at Ago/2006
Figura 2.1 Proporo de domiclios que possuem equipamentos tecnolgicos.
A Figura revela ainda, um grande percentual de domiclios possuidores de rdios e
televises. Embora os estudos apontem para uma EaD cada vez mais ligada na internet, no se
7 As pesquisas do CGI so realizadas atravs de seu Ncleo de Informao e Coordenao NIC, e em parceria
com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica - IBGE e o Instituto Brasileiro de Opinio Pblica e
Estatstica IBOPE.
Captulo 2 A Educao a Distncia
25
pode simplesmente ignorar que a grande maioria ainda no tem acesso garantido a esse
recurso. Espera-se, na verdade, que em breve ocorra com os computadores e com o acesso a
internet o que ocorreu em relao aos telefones celulares que, inclusive, atualmente superam o
nmero de telefones fixos.
45,2% 45,7%
54,8% 54,3%
29,7%33,1%
0,0%
20,0%
40,0%
60,0%
80,0%
J utilizou computador Nunca utilizoucomputador
Utilizou nos ltimos 3meses
2005 at Ago/2006
Figura 2.2 Taxas de utilizao de computadores no binio 2005/2006.
As Figuras 2.2 e 2.3 do uma noo aproximada da realidade brasileira em termos de
acesso ao bem e tecnologia, computador e internet respectivamente.
32,2% 33,3%
67,8% 66,7%
24,4%27,8%
0,0%
20,0%
40,0%
60,0%
80,0%
J utilizou internet Nunca utilizou internet Utilizou nos ltimos 3meses
2005 at Ago/2006
Figura 2.3 Taxas de utilizao da internet no binio 2005/2006.
Captulo 2 A Educao a Distncia
26
Enquanto cerca de 81% das famlias no possui computadores em sua residncia, nota-
se que um certo nmero de pessoas encontram possibilidades de uso em outros locais. Da
mesma forma ocorre com o acesso internet, em que a maioria esmagadora, 82% das
residncias, no a possui, mas ainda assim, as pessoas buscam o acesso em outros locais.
O alarmante, entretanto, so os percentuais de 54,3% e de 66,7%, do ano de 2006, que
revelam a parte majoritria da populao, ainda sem acesso ao computador e internet, seja
para o entretenimento, a pesquisa ou estudos e enriquecimento de sua aprendizagem.
interessante pensar que cada ponto percentual nas figuras apresentadas representa
aproximadamente 500 mil domiclios ou ainda 1,5 milhes de indivduos com mais de 10
anos de idade, sem o acesso que lhes permitiria ser um aluno potencial de iniciativas de EaD.
A mesma pesquisa do CGI traz outra informao relevante, revelando que a poltica de
preos para aquisio de computadores ainda no tem sido efetiva. As pessoas entrevistadas
declaram que, caso os computadores custassem o valor mximo de R$ 1.000,00, elas o
comprariam. Isso ocorre em 30% dos domiclios com classe social D/E, em 57% da classe C,
em 79% da classe B e em 91% dos domiclios classe A.
Uma recente notcia, relacionada ao Projeto Cidado Conectado Computador para
Todos, d certa esperana de que o Brasil esteja caminhando no sentido de estabelecer maior
incluso digital. A previso estimada de vendas de computadores no ltimo trimestre de 2006
seria suficiente para estabelecer um crescimento de 30% em relao a 2005. Enquanto, de
janeiro a outubro a venda foi de quase 5 milhes de unidades, com as vendas at o final do
ano estima-se atingir o total de 7 milhes de computadores vendidos em 2006 (Brasil, 2006).
Alm de projetos como o citado, o Computador para Todos, so necessrias cada vez
mais medidas para que a EaD possa, em termos de requisitos mnimos, contar com mais
adeptos. Da mesma forma, s assim, muitos da populao brasileira podero ver na EaD uma
perspectiva de educao com qualidade, seja ela bsica, intermediria, superior e/ou
continuada.
2.4 Os decretos e leis que estabelecem a EaD no Brasil
De Acordo com Barreto (1999), j na dcada de 70 algumas iniciativas eram
desencadeadas no Brasil com a finalidade de se trabalhar a implantao de polticas para a
EaD em nvel superior. Surge em 1972, uma proposta com o objetivo de conhecer o recm
Captulo 2 A Educao a Distncia
27
implantado modelo universitrio da Open University e, alm disso, defende-se a criao da
Universidade Aberta do Brasil.
Embora algumas aes tenham sido desenvolvidas nessa direo e vrios projetos de
lei propondo a criao de uma universidade aberta brasileira tenham tramitado no Congresso
Nacional, a idia postergada, como sabemos, para o ano de 2005 (Barreto, 1999) e (Alves,
2006).
O desenvolvimento da EaD continua, embora em passos tmidos e morosos, passando
pela dcada de 80 com a criao do programa de ensino a distncia da Universidade de
Braslia, com o surgimento da ABT, j mencionados no Quadro 2.3, e muitos outros.
Enfatizando as medidas tomadas a partir da dcada de 90, a seguir discute-se aspectos
gerais de alguns decretos e leis que tratam das polticas e incentivos EaD brasileira:
Decreto n 1.237, de 06 de setembro de 1994 (Brasil, 1994);
Artigo 80 da lei n 9.394, de 20 de dezembro de 1996 (Brasil, 1996);
Portaria n 641, de 13 de maio de 1997 (Brasil, 1997);
Decreto n 2.494, de 10 de fevereiro de 1998 (Brasil, 1998a);
Portaria n 301, de 7 de abril de 1.998 (Brasil, 1998b);
Decreto n 2.561, de 27 de abril de 1998 (Brasil, 1998c);
Portaria n 2.253, de 18 de outubro de 2001 (Brasil, 2001);
Portaria n 4.059, de 10 de dezembro de 2004 (Brasil, 2004);
Decreto n 5.622, de 19 de dezembro de 2005 (Brasil, 2005).
A criao do Sistema Nacional de Educao a Distncia, o SINEAD do MEC, ocorreu
atravs do decreto n 1.237, de 06 de setembro de 1994 com base na Lei de Diretrizes e Bases
da Educao - LDB, a lei n 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que no seu artigo 80 incentiva
o desenvolvimento e a veiculao de programas de ensino a distncia.
O SINEAD, de acordo com seu primeiro artigo, foi criado com o objetivo de facilitar
a todo cidado, por meio da educao aberta, continuada e a distncia, o acesso ao
conhecimento social e cientfico disponvel na sociedade brasileira e tambm, para servir de
apoio consecuo dos propsitos do Plano Decenal de Educao para Todos, aplicando os
recursos das comunicaes, telecomunicaes e informtica no sistema educacional
brasileiro. Assim, de acordo com Barreto (1999), esse sistema poderia catalizar,
potencializar, ampliar e articular as iniciativas fragmenta
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