68 www.backstage.com.br68Bob
D
ylan
Bob Dylano palco, além de Bob Dylan, a banda é com-
posta por cinco músicos. Por conta da for-
mação e das canções do músico, a bela sonoridade
da banda caminha em uma interseção entre o
country, o blues e o rock. Bob Dylan toca guitarra,
teclado e gaita, Tony Garnier toca baixo, a bateria
fica por conta de George Recile, as guitarras são
de Stu Kimball e Denny Freeman. O músico
Donnie Herron é peça importantíssima do som
da banda. Ele toca violino, banjo e steel guitar,
ajudando a dar um colorido diferente em cada
música. Bob Dylan toca um teclado com som de
órgão e guitarra.
Miguel Sá
Bob DylanProfissionais competentes no som e na luz ajudam a fazer umshow sem maiores malabarismos tecnológicos
menos é mais
NO SOM
O PA do show é pilotado por Pablo Wheller,
que está com Bob há dez anos. Apesar de a banda
ter uma formação relativamente enxuta, o gran-
de número de instrumentos faz com que 38 canais
de entrada sejam usados. Na mixagem, a voz se
destaca. Há menos graves do que estamos acos-
tumados nas mixagens brasileiras, mas não se
pode esquecer de que as letras têm um papel fun-
damental nas canções de Bob Dylan. Para um ren-
dimento melhor do som, a equipe de Bob não deixa
de fazer o alinhamento de tempo entre os compo-
nentes da banda.
Foto
s: M
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ação
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Os equipamentos do show foram fornecidos
pela Gabisom. Pablo gosta de usar mesa digital –
mais precisamente a Digico D5 – mas acabou tra-
balhando com uma Midas XL4 analógica. “Gosto
de todas as mesas Midas, mas não uso mais mesas
analógicas. Normalmente uso mesas digitais. Pre-
firo-as porque, em geral, são mais ergonômicas e
têm mais flexibilidade para as mixagens. Cada ca-
nal tem processamento dinâmico, é um ‘pacote’
mais compacto e você pode salvar os parâmetros”.
Na voz de Bob Dylan, Pablo utiliza um processa-
mento de d-esser de um Focusrite da série Blue.
Além do d-esser, Pablo usa reverbs da Lexicon na
voz de Bob, mesmo quando está com mesas digitais.
Pablo usa entre quatro e cinco efeitos diferentes de
reverb para a voz de Bob no decorrer do show. As
mesmas máquinas são usadas para efeitos nas gui-
tarras, steel guitar e pratos da bateria. Quando usa a
SoundCraft VI6, mesa digital da qual também gosta,
Pablo Wehleer usa o processamento de d-esser dela.
O setlist é decidido após a passagem de som. Du-
rante o show, os arranjos são flexíveis. “Bob gosta de
manter os arranjos frescos e nós também. Algumas
bandas para as quais trabalho tocam as mesmas músi-
cas da mesma forma por anos”, comenta Pablo. Se-
gundo o engenheiro de som, Bob Dylan é um artista
tranqüilo de se trabalhar e bastante atento ao áudio.
Quanto à sonorização, este foi um dos primeiros
shows feitos na Arena Rio. Ela é uma das arenas es-
portivas construídas para o Pan do Rio de Janeiro.
Segundo Valter Silva, da Gabisom, apesar de ser
um ginásio, o tempo de reverberação dele era bem
curto. O som nem chegava a voltar para o palco.
A cobertura sonora foi projetada a partir do lugar
onde as pessoas ficavam mais distantes do palco
usando o programa de alinhamento do sistema V-
Dosc usado no local. Foram 12 caixas V-Dosc em cada
lado do palco. Além do L&R, foram usadas oito cai-
xas de sub em cada lado, caixas DV-Dosc para o front
fill e mais quatro caixas V-Dosc em cada lado do palco
para cobrir a parte da platéia fora da cobertura dos
L&R por estarem muito ao lado do palco. No L&R
foi feita uma atenuação de cerca de 20% nas freqüên-
cias médias para as caixas dirigidas ao público mais
perto do palco em relação às que emitiam o som para
os locais mais distantes da Arena.
No palco, a mixagem foi feita em uma Midas
Heritage. Nenhum dos músicos usou in-ear. Fo-
ram seis caixas de monitor no palco. As vias fo-
ram equalizadas a partir de um EQ Station, da TC
Electronic. Foram 36 os canais usados na Midas
Heritage. Além de Valter Silva, a equipe da
Gabisom ainda teve Rodrigo Pinheiro no rigger e
montagem de palco, Alexandre Campos no
monitor, Carlos Barbosa e Miguel.
A LUZO iluminador Tylem Elich teve à disposição
equipamentos fornecidos pela LPL. A ilumina-
Pablo Wheller
Caio Bertti
70 www.backstage.com.br70Bob
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ção utiliza elementos de alta tecnologia, mas é
feita mais para fazer o clima do show, sem muitas
cores ou uso de movimentos, com bastante luz de
chão. Foram usadas 35 washs High End Studio
Color 575, 24 Giotto, 12 aparelhos Source 4 PAR
ETC, oito mini bruts, 24 halogêneas de 300 watts
e 24 micropar. No rider original, a equipe de Bob
Dylan pedia equipamentos da Martin, o que não
foi possível por causa do peso deles. Foram utili-
zados os aparelhos Hi-End Studio Color e SGM
Giotto. Os mini bruts fizeram a luz de frente e
lâmpadas halogêneas foram a luz de ribalta. Estas
lâmpadas fazem a luz de frente de base, já que não
há canhão de luz.
As estruturas Box Truss também foram
fornecidas pela LPL. Em relação à planta origi-
nal, foi feita uma adaptação. Foram colocadas de
pé, penduradas, sete estruturas Box Truss com
três moving lights cada. Originalmente seriam
usadas peças cenográficas feitas especialmente
para o show. Mas como eram poucas no Brasil, a
produção decidiu não trazer as peças, já que os
trâmites burocráticos para trazê-las seriam
complicados. Foram utilizados ainda 48 metros
de Q30 para a frente do palco, suporte para
contraluz e cenário.
Segundo Caio Bertti, da LPL, a montagem no
Rio foi um pouco mais difícil do que na casa de
shows paulistana Via Funchal. A Arena Rio não
é especialmente preparada para espetáculos que
usem equipamentos de iluminação. Além disso,
é um local de shows novo. “Nos deparamos com
algumas surpresas. A montagem foi um pouco
mais demorada (que em SP)”, comenta Caio.
Para planejar a montagem, foram pedidas in-
formações sobre a estrutura do teto da Arena. A
partir daí, foi feita uma planta em Autocad.
“Aqui demorou cerca de 12 horas só para a insta-
lação dos motores. Todos os pontos foram dividi-
dos em Y. Para cada ponto no teto, são duas fontes
porque o espaçamento das ‘tesouras’ (estrutura
do teto da arena) é a cada 8 metros”, explica Caio.
O SHOWA voz de Dylan – que nunca se propôs a ser um
cantor – soa rouca, com ele praticamente decla-
mando as letras, não seguindo as melodias origi-
nais das músicas. A impressão é que os 66 anos de
idade pesaram na pouca voz que ele já tinha. Por
conta disto e dos arranjos diferentes dos origi-
nais, alguns dos grandes sucessos do compositor
ficam mais difíceis de serem reconhecidos por
quem não conhece bem a obra dele e não sabe
bem inglês. Para quem quer mais do que um velho
artista fazendo cover de si mesmo, um ótimo
show. Para os que apenas gostam de percorrer ca-
minhos musicais já conhecidos, pode não ter sido
um programa tão bom.
72 www.backstage.com.br72Bob
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lém da apresentação em SP, a
banda também tocou em Curi-
tiba, no dia 4, e em Porto Alegre, dia 5.
Os shows são parte da turnê Some-
where Back in Time, baseada nos su-
cessos dos anos 80. O cenário e o re-
pertório são inspirados nas turnês
Powerslave e Somewhere in Time, re-
alizadas entre 1984 e 1987. Esta foi a
sétima passagem do Iron Maiden pelo
Brasil. A primeira delas foi em 1985,
no primeiro Rock in Rio.
O show de SP foi no estádio do Pal-
meiras, o Parque Antártica: um está-
dio de futebol em formato de ferradura
com arquibancadas de cerca de 14
metros de altura. “Montamos um sis-
tema que cobre 180º,
acrescido de um delay
central atrás da hou-
se”, explica Peter Ra-
cy, da Gabisom, res-
ponsável pelo equipa-
mento e atendimento
aos técnicos do Iron. O
sistema de sonorização
de PA e palco contou
com 40 V-Dosc, 48 cai-
xas de sub SB 1000, 12
caixas dV-Dosc, 12 cai-
xas Vertec 4889, 12 KF 850 e 16 caixas
de monitores Turbo e Clair Brother
com processamento Lake Contour.
O sistema foi montado com dois
“cinturões” de line array em cada
lado do palco, tinha 15 elementos em
cada uma das duas colunas centrais
apontadas diretamente para a frente e
10 elementos (cinco de cada lado) nas
colunas laterais miradas 35º fora do
centro. O delay, montado a 70 metros
do palco, tinha as doze caixas Vertec
4889. “Havia quatro pontos de Front
Fill com três dV-Dosc em cada para
preencher as áreas frontais afetadas
pelo som do sub e pelo que vem do
palco”, acrescenta Peter. Os músicos
não usaram in-ears. Foram 15 moni-
tores distribuídos pelo palco. “O Side
ficava abaixo das passarelas do cená-
rio, onde havia 6 KF-850 por lado”.
Doug Hall, que trabalha com o
Iron desde o início e esteve todas as
vezes no Brasil, operou o PA. No
Monitor estava o Steven (Gonzo)
Smith. Eles operaram, respectiva-
mente, mesas digitais SoundCraft
VI6 e Digico D-5, ambas da produção
da banda. O input list
usou 31 canais com 15
de bateria, gongo, dois
de baixo, sete canais de
guitarras, dois de tecla-
do e quatro de voz.
ILUMINAÇÃOA boa relação com
a equipe do Iron Mai-
den ajudou bastante
na montagem do show.
Desde 1999 que o ilu-
minador Martin Branham vem ao
Brasil em trabalhos como Jethro Trull
e o show solo de Bruce Dickinson,
AO sistema de sonorização
de PA e de palco contou
com 40 V-Dosc, 48 caixas
de sub SB 1000, 12 caixas
dV-Dosc, 12 caixas Vertec
4889, 12 KF 850 e 16
caixas de monitores Turbo
e Clair Brother
Iron MaidenBob Dylan não foi o único show internacional no mês de março que foisonorizado pela empresa brasileira Gabisom. No dia 2 a banda de heavymetal Iron Maiden fez o primeiro de três shows no Brasil.
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trabalhando várias vezes
com a LPL, além de ter
encontrado Caio Bertti,
que trabalhava com o Se-
pultura, em shows na Eu-
ropa. “Essa nossa ami-
zade foi muito válida pa-
ra a tour do Brasil. Uma
vez que Martin não poderia vir, o
seu sub, Robert Colleman, me foi
apresentado. Robert ficou espantado
quando chegou já que, depois de 2
horas, já pôde começar a repro-
gramar o seu show. Ele comentou
que em todo o lugar que ele vai, in-
clusive nos EUA e Europa, as em-
presas encontram dificuldades em
fazer o patch dos dimmers. Nós, da
LPL, tivemos o tempo necessário
antes da montagem e fizemos esse
patch no depósito. Chegando ao
Palmeiras foi só ligar os socapex nas
bocas certas e os 214 canais de
dimmer estavam prontos para se-
rem usados”, comenta Caio.
Na iluminação, o número de
equipamentos utilizados foi grande,
com cerca de 240 refletores par 64
foco 1, 72 refletores par 64 foco 5,
56 varas de ACL, 20 mini brutts, 48
Giotto Spot 400, 30 Studio Color
575, 30 motores loadstar 1tonelada,
44 estruturas box truss, 30 metros
de Q30, quatro máquinas de gelo
seco, quatro máquinas de fumaça,
14 pontos de intercon, Avolites 48
canais 4kw e todo o sistema Soca-
pex. A produção fez um pedido para
que todo o grid com 26 motores fi-
casse a 2 metros de altura para eles
colocarem as peças de
cenário em volta do grid
e pudessem subir tudo si-
multaneamente.
Bastante gente da LPL
trabalhou nos três shows
do Iron no Brasil, como
explica Caio Bertti. “A
idéia era ter pessoas chaves no pri-
meiro show para que eles pudessem
ver exatamente as dúvidas, acertos
ou erros para que assim eles não fos-
sem repetidos nas demais praças”,
comenta. Em São Paulo, além de
Caio trabalharam Rafael Auricchio
(Sobrinho), Alexandre de Souza
(Maize), Emerson Melo (BH), Anto-
nio Sobrinho (Morumbi), Rodrigo
Vieites (Piru), Marcos Lacerda, Ser-
guinho, Luciano, Bola, Harry, Jefer-
son, Henrique, Fernando, Gustavo,
Paulo Rodrigo, Chris Forbes, Sidney
Honorio, Felipe (Tocha), Erich
Bertti e Erik (Porto).
Destes, foram mandados para
Curitiba Erich, Maize, Tocha e
BH. Lá estavam Alexandre Piraju
e dois técnicos locais. “Caio, So-
brinho e Harry chegaram um dia
antes do show somente para acom-
panhar o final da montagem e
manter o atendimento aos gringos
e à Mondo (produtora do show)”,
explica Caio. A equipe que foi a
Porto Alegre, no terceiro show, in-
cluiu Erik, Sidney, Morumbi, Da-
niel Gaúcho, Fernando e Eduardo.
Eles fizeram um pré- rigging, já que
o tempo para montagem do show
seria de apenas 24 horas.