BOLSA FAMÍLIA: O PAPEL DO ASSISTENTE SOCIAL NA GARANTIA DO
CUMPRIMENTO DA CONDICIONALIDADE DA FREQUÊNCIA ESCOLAR NA
ÁREA RURAL DE CORUMBÁ-MS
Verônica Murilo1
Claudia Elizabeth da Costa Moraes Mondini 2
RESUMO
A presente pesquisa traz uma reflexão sobre a prática diária do assistente social na política pública de assistência social, mais especificamente, de sua atuação no Programa Bolsa Família na cidade de Corumbá-MS tendo como referência o Centro de Referência e Assistência Social (CRAS- Albuquerque) que atua nos assentamentos do município dando atenção aos serviços que são fornecidos bem como verificar se as condicionalidades no que se refere a evasão escolar, já que o programa requer do aluno 85%,de presença em sala de aula estão sendo respeitadas, tanto pelas famílias bem como pelas assistentes sociais que fazem com que esse serviço seja colocado em prática tornando o atendimento mais eficaz e proporcionando aos seus usurários atividades que norteiem uma melhor qualidade de vida. Houve um aprofundamento do tema, uma reflexão sobre alguns aspectos, dos quais levantamos alguns questionamentos na área rural as condicionalidades são de acordo com a realidade da urbana devido ao difícil acesso e questões climáticas? Os programas de transferência de renda criados, de modo especial o Programa Bolsa Família, condicionam o recebimento do benefício ao cumprimento de condicionalidades pela família beneficiária? Tal condição imposta não se configura como algo novo, ela se faz presente na história das políticas sociais. A pesquisa será com levantamento de dados qualitativos e quantitativos conforme o relatório mensal de atendimento do CRAS/ Albuquerque e da Coordenação do Bolsa Família.
Palavras-chaves: assistência social; prática profissional; bolsa família.
1 Graduada em Serviço social pela Anhanguera Uniderp e Pós Graduada em Gestão De Políticas Públicas e Rede de Direito pela UNOPAR - Universidade Norte do Paraná. Email: [email protected] 2 Formada em Psicologia pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul e Mestra em educação pela mesma instituição.
Trabalho de Conclusão de Curso 2
1 INTRODUÇÃO
O Programa Bolsa-Família, e o maior e mais ambicioso programa na história brasileira,
que nasce para enfrentar o maior de todos os desafios no combate à fome e a miséria, promover
e emancipar as famílias que se encontra em condições de pobreza ou extrema pobreza no Brasil.
Surgiu no mandato do Ex Presidente Fernando Henrique Cardoso, implementado pelo ex
presidente da Luiz Inácio Lula da Silva no ano de 2006. Como é sabido, naquele ano o
Presidente da República Luis Inácio Lula da Silva foi reeleito com ampla maioria dos votos.
Com efeito, milhares de famílias carentes, favorecidas pelo Bolsa-Família, com Lula reeleito,
a formação da cidadania continuou avançando no Brasil e mantido pelo atual governo da
presidente Dilma Rousseff.
Segundo Arlete Sampaio que descreve As políticas de desenvolvimento social no
Brasil, apontando que nos dois primeiros anos de mandato do Governo da Presidenta Dilma,
os dados mostram o impacto da política social no Brasil. Com uma população estimada em
190,8 milhões de habitantes, 67 milhões de pessoas são assistidas pelos programas sociais do
Governo Federal. As iniciativas da política social de combate à fome e à pobreza permitiram
retirar 28 milhões de pessoas da pobreza absoluta e reduzir em 62% a desnutrição infantil.
Conforme cita Galvão (2008), atualmente, os partidos políticos de oposição
argumentam que não se está exigindo das famílias beneficiadas pelo programa Bolsa-Família
que atende 11 milhões de famílias no país uma contrapartida no sentido de enviar os filhos com
idade apropriada para à escola. Afirmam os oposicionistas que o referido programa
governamental tal como vem sendo aplicado acaba gerando uma dependência das pessoas
assistidas em relação ao dinheiro repassado pelo governo federal. As famílias, defendem
alguns deputados, serão mantidas eternamente na pobreza, posto que seus filhos não estão
frequentando a escola devidamente.
O Objetivo da pesquisa foi de analisar o cumprimento das condicionalidades do
Programa Bolsa Família, no que se refere a educação, nos seus diversos aspectos, tais como o
histórico do programa, objetivos, público alvo, recursos, parcerias, a função do assistente social
nas visita de condicionalidade dentro da área urbana e na área rural nas unidades do
CRAS/Albuquerque.
Trabalho de Conclusão de Curso 3
O procedimento metodológico incluirá análise documental (relatórios mensais de
atendimento do CRAS/Albuquerque, apresentação e entrega do Termo de Consentimento Livre
e Esclarecido, aplicação de entrevistas com responsáveis pelas crianças que tiveram ou estão
em vias de ter seu benefício cortado por quebra da condicionalidade de frequência escolar,
entrevista com assistentes sociais responsáveis pelo acompanhamento dessas famílias. Esse
projeto irá abordar o Programa Bolsa Família com o enfoque no papel do Assistente Social na
averiguação das condicionalidades do Programa Bolsa Família, destacando a área da educação,
as crianças e adolescente que se evadem da escolas, entrevistar a família, destacando o papel
da mulher, já que a maioria são o RF – Responsável Familiar deve ser um dos membros da
família, preferencialmente mulher. O RF deve ter idade mínima de 16 anos. Essa pessoa é quem
vai prestar as informações da família, que serão registradas no Cadastro Único.
2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A metodologia na qual está sustentada a pesquisa é de base quantitativa e qualitativa,
tendo como objetivo apreender percepções, significados, opiniões referente ao trabalho do
Assistente Social no CRAS no que se refere as averiguações de condicionalidades do Programa
Bolsa Família.
A pesquisa qualitativa proporcionou um contato mais direto com os sujeitos da
pesquisa, ampliando nosso conhecimento sobre os objetivos propostos por esse trabalho.
Segundo Martinelli (1999, p.26) “[...] uma consideração importante é que a pesquisa qualitativa
é participante, nós também somos sujeitos da pesquisa [...]”.
A entrevista é um procedimento utilizado na investigação social para a coleta de dados
ou no diagnóstico ou tratamento de um problema social. Esta técnica de pesquisa pode ser
utilizada com todos os segmentos da população, o entrevistado não precisa saber ler ou
escrever, ao contrário do questionário onde é necessário que o entrevistado seja alfabetizado.
A entrevista ainda possibilita que sejam utilizadas tanto as abordagens quantitativas submetidas
ao tratamento estatístico, quanto às abordagens qualitativas que são referência nesse tipo de
abordagem (MARCONI; LAKATOS, 2011, p. 80-81), neste caso foi utilizada a pesquisa
qualitativa.
Trabalho de Conclusão de Curso 4
Os instrumentos da pesquisa foram divididos em duas partes sendo que na parte I, a
identificação do sujeito e na parte II, a entrevista que foi elaborada, permitindo que as famílias
pudessem ficar livres para responderem.
Vale salientar que as questões elaboradas estiveram de acordo com os objetivos da
pesquisa, como também outros fatores que contribuíram e eram relevantes ao tema em estudo
Qual a importância do Programa Bolsa Família para a sua realidade familiar? A sua família
conhece as condicionalidades do Programa Bolsa Família? Como conheceu as
condicionalidades do Programa Bolsa Família? Qual a importância da visita que recebeu da
Assistente Social verificando o descumprimento de condicionalidade? A sua família entrou em
Acompanhamento Familiar pelo Cras? Na sua visão qual a importância do Acompanhamento
Familiar da Equipe de Averiguação de Condicionalidades realizada pelo CRAS mensalmente?
3 O PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA E SEUS CONDICIONANTES
O Programa Bolsa Família, criado pela medida provisória nº 132, de 20 de Outubro de
2003, transformada na Lei no 10.836, de 09 de janeiro de 2004, e regulamentado pelo Decreto
no 5.209, de 17 de setembro de 2004, é o principal programa de transferência de renda do
governo federal. Constitui-se num programa estratégico no âmbito do Fome Zero – uma
proposta de política de segurança alimentar, orientando-se pelos seguintes objetivos: combater
a fome, a pobreza e as desigualdades por meio da transferência de um benefício financeiro
associado à garantia do acesso aos direitos sociais básicos – saúde, educação, assistência social
e segurança alimentar; promover a inclusão social, contribuindo para a emancipação das
famílias beneficiárias, construindo meios e condições para que elas possam sair da situação de
vulnerabilidade em que se encontram (BRASIL, 2006).
Cerca de 5 milhões de famílias já faziam parte do cadastro do Bolsa Família em outubro
de 2004. Desse total, cerca de 20% participavam pela primeira vez e os outros 80% já fazia
parte de outros programas (Nunes, 2004). Ainda, de acordo com a mesma reportagem, até o
final de 2006 o governo federal pretende transferir todas as famílias que estão cadastradas nos
outros programas - Bolsa Escola, Cartão Alimentação e Vale Gás - e incluí-as no Bolsa Família.
Trabalho de Conclusão de Curso 5
De acordo com informações do site do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à
Fome, em dezembro de 2004 mais de 6,6 milhões de famílias já estavam cadastradas no
Programa.
Vale informar que a gestão do Programa é descentralizada, envolvendo os três níveis de
governo, ou seja, a União, os Estados e municípios, que não fica restrita as famílias que residem
na área urbana, como também a área rural com todos direitos que são oferecidos, renda per
capita, condicionalidades as condicionalidades do Programa Bolsa Família, que não se
restringe na educação e sim na saúde e assistência social, pois devem estar em consonância.
Quanto ás condicionalidades, na área da Saúde, existem o acompanhamento do calendário
vacinal e do crescimento e desenvolvimento para crianças menores de 7 anos; pré-natal das
gestantes e o acompanhamento do bebê e das nutrizes na faixa etária de 14 a 44 anos. Na área
da educação, todas as crianças e adolescentes entre 6 e 15 anos devem estar matriculados e com
frequência escolar mensal mínima de 85% . Os estudantes entre 16 e 17 anos devem ter
frequência de, no mínimo, 75%. Na Assistência Social, frequência mínima de 85% relativa aos
serviços socioeducativos para crianças e adolescentes de até 15 anos em risco ou retiradas do
trabalho infantil.
A Lei nº 10.836, de 9 de janeiro de 2004,regulamentada pelo Decreto nº 5.209, de 17
de setembro de 2004, criou, como órgão de assessoramento imediato do presidente da
República, o Conselho Gestor Interministerial do Programa Bolsa Família, com a finalidade de
formular e integrar políticas públicas, definir diretrizes, normas e procedimentos sobre o
desenvolvimento e implementação do Programa Bolsa Família, bem como apoiar iniciativas
para a instituição de políticas públicas sociais, visando promover a emancipação das famílias
beneficiadas pelo Programa nas esferas federal, estadual, do Distrito Federal e municipal, tendo
as competências, composição e funcionamento estabelecidos em ato do Poder Executivo.
(BRASIL,2004)
De acordo com o Art. 5º da Lei nº 10.836, de 9 de janeiro de 2004 o Conselho Gestor
Interministerial do Programa Bolsa Família tem o apoio de uma Secretaria-Executiva, com a
finalidade de coordenar, supervisionar, controlar e avaliar a operacionalização do Programa,
compreendendo o cadastramento único, a supervisão do cumprimento das condicionalidades,
o estabelecimento de sistema de monitoramento, avaliação, gestão orçamentária e financeira
dentre outras funções.(BRASIL,2004).
Trabalho de Conclusão de Curso 6
O Programa Bolsa Família é uma transferência de renda destinada às famílias em
situação de pobreza, com renda per capita mínima de R$ 85,00 até R$ 170,00 mensais, que
associa à transferência do benefício financeiro o acesso aos direitos sociais básicos saúde,
alimentação, educação e assistência social.
Busca promover a inclusão social, contribuindo para a emancipação das famílias
beneficiárias, construindo meios e condições para que elas possam sair da situação de
vulnerabilidade em que se encontram, com atividades continuas desde SCVF – Serviço de
Convivência e Fortalecimento de Vínculos, acolhida, visitas e acompanhamento familiar,
triagem para Aposentadoria Rural e BPC – Beneficio de Prestação Continuada para idosos e
pessoa com deficiência, cursos em parcerias com Sindicato Rural e SENAR – Serviço Nacional
de Aprendizagem Rural, Pronatec, levando e oportunizando às famílias atividades e
capacitações para que aumente a renda e autoestima.
Durante a minha atuação profissional como Assistente Social, responsável pela
averiguação das condicionalidades do Programa Bolsa Família na área rural de Corumbá,
ressalto que percorrendo os assentamentos e através das visitas domiciliares aos usuários que
estão em descumprimento principalmente na educação, muitos deixam de ir a escola por
ajudarem no sustento familiar, gravidez precoce, envolvimento com drogas e álcool, filhos que
respeitam os pais, casos de negligencia familiar, difícil acesso e as condições climáticas, as
chuvas que impedem a passagem dos ônibus escolares, dentre outros.
Conforme o acompanhamento familiar realizado pela equipe multidisciplinar do
equipamento na área de abrangência que atua, através do Serviço de Proteção e Atendimento
Integral à Família (Paif) que é um trabalho de caráter continuado que visa a fortalecer a função
de proteção das famílias, prevenindo a ruptura de laços, promovendo o acesso e usufruto de
direitos e contribuindo para a melhoria da qualidade de vida. Realizado, pois de essas famílias
entram no acompanhamento, existe um trabalho qualificado e fortalecido, na qual entramos na
residência das famílias, informamos o que pode acontecer, com o descumprimento, pois no
momento a família esta sendo advertida, se caso continuar haverá o bloqueio do benefício e
consequentemente o cancelamento, pois não houve o respeito com a condicionalidade.
Quando a família se dispõe a cumprir com as condicionalidades após a advertência,
muitas procuram os nossos serviços para que haja a continuidade do beneficio, bem como
Trabalho de Conclusão de Curso 7
estarmos presente, buscando orientações, na qual e feito o trabalho de fortalecimento de
vínculos, já que o CRAS e a porta de entrada das famílias e da Proteção Básica, o serviço
realizado caracteriza em proteção, protético e preventivo.
Os serviços disponibilizados pelo CRAS possuem centralidade no Serviço de Proteção
e Atendimento Integral à Família (PAIF) e no Serviço de Convivência e Fortalecimento de
Vínculos (SCFV). De acordo com a Resolução nº 109, de 11 de novembro de 2009, ou a
chamada Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais (2009), o primeiro consiste em
um serviço voltado ao atendimento e acompanhamento de famílias que compõem o quadro de
situação de vulnerabilidade social. O PAIF possui caráter continuado e:
[...] a finalidade de fortalecer a função protetiva das famílias, prevenir a ruptura dos seus vínculos, promover seu acesso e usufruto de direitos e contribuir na melhoria de sua qualidade de vida. Prevê o desenvolvimento de potencialidades e aquisições das famílias e o fortalecimento de vínculos familiares e comunitários, por meio de ações de caráter preventivo, preventivo e proativo. (TIPIFICAÇÃO..., 2009, p.6).
3.1.CENTRO DE REFERÊNCIA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL E PROGRAMA BOLSA
FAMÍLIA
O Centro de Referência da Assistência Social - CRAS é uma unidade pública estatal
localizada em áreas com maiores índices de vulnerabilidade e risco social, destinada ao
atendimento socioassistencial de famílias.
O CRAS é o principal equipamento de desenvolvimento dos serviços socioassistenciais
da proteção social básica. Constitui espaço de concretização dos direito socioassistenciais nos
territórios, materializando a política de assistência social.
No CRAS, portanto, deve ser necessariamente ofertado o PAIF, podendo ser ofertados
outros serviços, programas, benefícios e projetos conforme disponibilidade de espaço físico e
de profissionais qualificados para implementá-los, e desde que não prejudiquem a execução do
PAIF e nem ocupem os espaços a ele destinados. Os demais serviços socioeducativos, ações
complementares e projetos de proteção básica desenvolvidos no território de abrangência do
CRAS devem ser a ele referenciados.
Trabalho de Conclusão de Curso 8
Sabe-se que o CRAS é a porta de entrada para os programas sociais funcionando como
um “braço” da Secretaria Municipal de Cidadania. É uma unidade pública da política de
assistência social, de base municipal, integrante do SUAS – Sistema Único de Assistência
Social, localizado em áreas com maiores índices de vulnerabilidade e risco social, destinado à
prestação de serviços e programas sócio assistenciais de proteção social básica às famílias e
indivíduos, e à articulação destes serviços no seu território de abrangência, e uma atuação
intersetorial na perspectiva de potencializar a proteção social.
O CRAS é uma unidade que oferta e referencia serviços e ações, de caráter protetivo,
preventivo e proativo. Possui funções exclusivas de oferta pública do trabalho social com
famílias do PAIF, estando, também, sob sua responsabilidade a gestão territorial da rede
socioassistencial de proteção social básica. O público a ser atendido nesses espaços são famílias
e indivíduos que estejam em situação de vulnerabilidade e risco social decorrente de pobreza
(ausência de renda), privação (precário ou nulo acesso aos serviços), fragilização de vínculos
relacionais ou de pertencimento (discriminações etárias, étnicas, de gênero, por deficiência
etc.). Cabe ressaltar que o atendimento às famílias deve priorizar aquelas beneficiárias do
Programa Bolsa Família e outros programas de transferência de renda, se houver.
Além dos elementos já sinalizados, vale ressaltar, que para a garantia do
desenvolvimento de suas atividades, os CRAS possuem diretrizes nacionais a serem seguidas,
tais como: um espaço físico adequado (estrutura, horário de funcionamento e identificação),
equipe de profissionais para gerir e executar os programas, projetos, benefícios e serviços
sócio-assistenciais e uma metodologia de trabalho específica - o PAIF - para a realização do
trabalho social realizado com as famílias. A Assistência Social é realizada de forma
descentralizada e participativa, cabendo a coordenação e normatizações gerais à esfera federal
e a coordenação e execução dos respectivos programas, projetos serviços e benefícios aos
estados e municípios.
3.2 CONDICIONALIDADES DO BOLSA FAMÍLIA
As condicionalidades visam certificar o compromisso e a responsabilidade das famílias
atendidas. Representam o acesso a direitos que, a médio e longo prazos, aumentam a autonomia
das famílias, na perspectiva da inclusão social. Elas também ampliam as condições para o
Trabalho de Conclusão de Curso 9
aumento nas oportunidades de geração de renda das famílias. Nesse sentido, as
condicionalidades representam resultados alcançados e que ainda serão, na medida em que
estabelecem ações para a melhoria da qualidade de vida das famílias assistidas pelo Programa.
Em relação aos serviços de saúde, o PBF determina que gestantes, nutrizes e crianças
de 0 a 6 anos sejam acompanhadas do ponto de vista nutricional, mantendo o esquema de
vacinação em dia. Gestantes devem participar das consultas de pré e pós-natal e, assim como
as mães de crianças de 0 a 6 anos, devem também participar das atividades educativas sobre
saúde e nutrição. No que tange à educação, exige-se 85% de frequência escolar das crianças e
adolescentes na faixa entre 6 e 15 anos. O não cumprimento dessas condicionalidades implica
no desligamento das famílias beneficiárias do Programa.
A legislação que define a gestão do acompanhamento das condicionalidades do
Programa Bolsa Família é bastante minuciosa. Aqui, vale mencionar que as Portarias que
tratam do assunto foram publicadas após denúncias1 da grande imprensa no que diz respeito à
condução das ações de controle das contrapartidas e à focalização do Programa.
Seguindo a trajetória dos programas de transferência de renda no Brasil, o PBF define
o cumprimento de algumas condicionalidades relacionadas às áreas de saúde e educação. A
expectativa, segundo justificativa explicitada na legislação e documentos oficiais do Programa,
é de que o cumprimento de condicionalidades tanto possibilite o acesso e a inserção da
população pobre nos serviços sociais básicos como favoreça a interrupção do ciclo de
reprodução da pobreza, configurando, assim, uma espécie de ‘porta de saída’ do Programa.
Em relação aos serviços de saúde, o PBF deter mina que gestantes, nutrizes e crianças
de 0 a 6 anos sejam acompanhadas do ponto de vista nutricional, mantendo o esquema de
vacinação em dia. Gestantes devem participar das consultas de pré e pós-natal e, assim como
as mães de crianças de 0 a 6 anos, devem também participar das atividades educativas sobre
saúde e nutrição. No que tange à educação, exige-se 85% de frequência escolar das crianças e
adolescentes na faixa entre 6 e 15 anos. O não cumprimento dessas condicionalidades implica
no desligamento das famílias beneficiárias do Programa.
A legislação que define a gestão do acompanhamento das condicionalidades do
Programa Bolsa Família é bastante minuciosa. Aqui, vale mencionar que as Portarias que
Trabalho de Conclusão de Curso 10
tratam do assunto foram publicadas após denúncias da grande imprensa no que diz respeito à
condução das ações de controle das contrapartidas e à focalização do Programa.
Um primeiro aspecto a destacar é que embora a legislação recente seja clara quanto ao
papel dos três níveis de governo na implementação das condicionalidades, é sobre o município
que recai a maior parte das responsabilidades de oferta de serviços e de gestão do
acompanhamento do cumprimento das obrigações das famílias beneficiárias.
As famílias que estiverem inadimplentes com relação ao cumprimento das
condicionalidades estão sujeitas a uma série de sanções, que vão desde o bloqueio do benefício
por 30 dias até o seu cancelamento. Tais regras podem criar, em verdade, um processo de
exclusão que alarga ainda mais a distância entre o PBF e a lei de autoria do senador Eduardo
Suplicy, recém aprovada no Congresso Nacional, que institui uma renda básica de cidadania
universal e incondicional.
Além disso, a ausência de registro do resultado do acompanhamento das
condicionalidades nos sistemas de informação, definidos pelos ministérios da educação e
saúde, poderá também acarretar em bloqueio e perda do benefício, a critério do MDS. A
legislação preserva as famílias de qualquer sanção somente quando ficar comprovado que o
cumprimento das condicionalidades foi prejudicado em razão de problemas relativos à oferta
de serviços por parte dos municípios.
Considerando que são prerrogativas dos municípios manterem atualizado o sistema de
informação e ofertar os serviços relativos às condicionalidades, pode-se imaginar que inúmeros
problemas relativos às diferentes capacidades financeira e gerencial dos municípios interferirão
no atendimento de tais requisições. Assim, não se pode deixar de levantar a possibilidade de
que famílias sejam punidas em razão da incapacidade de muitos municípios em manter
atualizado o repasse de informação para o MDS. Com efeito, a literatura que trata do processo
recente de descentralização das políticas sociais no Brasil, dentre os quais se destaca o estudo
de Arretche (2000), assinala que, em geral, os municípios brasileiros ainda têm apresentado
muitas fragilidades na oferta de serviços de educação e saúde, comprometendo o processo de
implementação das condicionalidades do PBF.
Outro elemento a ser destacado é que, embora o município assine um termo de adesão
ao Programa comprometendo-se a ofertar adequadamente os serviços básicos previstos nas
Trabalho de Conclusão de Curso 11
condicionalidades, a legislação não prevê ações de responsabilização e punição para os
municípios inadimplentes. Dessa forma, é sobre as famílias que recai, quase exclusivamente, a
responsabilidade pelo cumprimento das condicionalidades.
Ademais, é preciso considerar que a perspectiva de inclusão social ao Bolsa Família
está também ancorada na oferta de programas complementares (tais como programas de
geração de emprego e renda, cursos profissionalizantes, microcrédito, compra de produção
agrícola, oficinas de ‘empreendedorismo’ e apoio a iniciativas de economia solidária, entre
outros) que, em tese, deve ser implementada de forma cooperativa entre os diferentes níveis de
governo e com base na intersetorialidade das ações. Isso mostra o reconhecimento de que as
ações básicas de saúde e educação isoladas não são suficientes para alcançar os objetivos do
Programa.
Importante notar que, mesmo reconhecendo a relevância das ações complementares,
estas não aparecem como obrigação dos entes federados e, portanto não constituem
contrapartidas. Neste caso, não há definição de estratégias de implementação, o que demonstra
total ausência de indução para ações que são, no plano dos discursos oficiais, consideradas
porta de saída do Programa e da situação de pobreza.
Sobre essa questão, um outro aspecto importante a ser considerado é que, apesar do
Programa optar pelo foco na família, a análise de sua estrutura organizacional demonstra que
as exigências de contrapartidas estão previstas apenas para aqueles grupos tradicionalmente
priorizados na política social, quais sejam: gestantes, nutrizes, crianças e adolescentes.
A principal polêmica em torno das condicionalidades do PBF aparece, por um lado, no
reconhecimento de que as mesmas têm potencial de pressionar a demanda sobre os serviços de
educação e saúde, o que, de certa forma, pode representar uma oportunidade ímpar para ampliar
o acesso de um contingente importante da população aos circuitos de oferta de serviços sociais.
Mas, por outro lado, como afirma Lavinas (2004), ao ser exigido o cumprimento de
obrigatoriedades como condição para o exercício de um direito social, os próprios princípios
de cidadania podem estar ameaçados.
Para os idealizadores do Bolsa Família, a exigência de condicionalidades constituiria
uma forma de ampliar o exercício do direito à saúde e à educação, ainda incompletos entre nós.
Entretanto, é preciso reconhecer que o alcance de tal objetivo exige a implementação de
Trabalho de Conclusão de Curso 12
mecanismos consistentes de acompanhamento social das famílias beneficiárias no sentido de
reverter tal exigência em real oportunidade de inserção social. Não obstante, no PBF não está
prevista a realização de acompanhamento social das famílias por equipes multiprofissionais, o
que requereria ações para além do controle estrito das contrapartidas. É indiscutível que ações
dessa natureza contribuiriam em muito para o sucesso do Programa, a exemplo de outros
programas nas áreas de assistência social e saúde que apostam no fortalecimento das relações
de vínculo entre profissional e população beneficiária.
3.3 O ASSISTENTE SOCIAL E A AÇÃO NO DISCUMPRIMENTO DAS
CONDICIONALIDADES
Para os idealizadores do Bolsa Família, a exigência de condicionalidades constituiria
uma forma de ampliar o exercício do direito à saúde e à educação, ainda incompletos entre nós.
Entretanto, é preciso reconhecer que o alcance de tal objetivo exige a implementação de
mecanismos consistentes de acompanhamento social das famílias beneficiárias no sentido de
reverter tal exigência em real oportunidade de inserção social.
O trabalho do Serviço Social nos CRAS, não obstante, no PBF não está prevista a
realização de acompanhamento social das famílias por equipes multiprofissionais, o que
requereria ações para além do controle estrito das contrapartidas. É indiscutível que ações dessa
natureza contribuiriam em muito para o sucesso do Programa, a exemplo de outros programas
nas áreas de assistência social e saúde que apostam no fortalecimento das relações de vínculo
entre profissional e população beneficiária
Para tratarmos sobre o trabalho dos assistentes sociais, há que se analisar a dimensão
política a qual não é revelada de imediato, e nem nas dificuldades emergentes da ação. Para
que consigamos revelar este significado social da prática, segundo Iamamoto (1992), há que se
considerar o movimento das classes sociais e ainda sua relação com o Estado e sociedade para
que assim possamos desvelar “(...) os fios que a articulamos as estratégias políticas das classes,
desvendar seus efeitos na vida social, assim como seus limites e possibilidades.
IAMAMOTO,1992 pág. 120.
Trabalho de Conclusão de Curso 13
O PBF também condiciona ações na área da assistência social. Assim, os beneficiários
do PBF devem participar das ações socioeducativas destinadas para as crianças em situação de
trabalho infantil. Além disso, o PBF recomenda a adoção de programas complementares
voltados à geração de emprego e renda, tais como: cursos profissionalizantes, programas de
microcrédito, compras de produção agrícola familiar, entre outros. No entanto, essas ações não
fazem parte do conjunto de condicionalidades impostas pelo programa.
Portanto, verifica-se que a exigência de contrapartidas comportamentais por parte dos
beneficiários é um ponto central do desenho do PBF e vem se tornando numa questão bastante
polêmica. O debate em torno desse tema abarca diferentes posições. Para os formuladores do
PBF, a condicionalidade é apresentada como sinônimo de inclusão social e emancipação. A
exigência favorece a ampliação do exercício do direito a serviços sociais de caráter universais
como a educação e a saúde. Todavia, uma vez exigida essas condicionalidades, faz-se
necessário criar mecanismos consistentes de acompanhamento social das famílias
beneficiárias, tendo em vista ser uma oportunidade de inserção social.Sob essa perspectiva, as
ações de controle e acompanhamento exigem um esforço conjunto dos três ministérios (MDS,
MEC e Saúde).
De modo geral, as finalidades do trabalho social com famílias, seus membros e
indivíduos são definidas pela própria legislação da Assistência Social, aterializada nas ações
profissionais, serviços e benefícios oferecidos. Portanto, a dimensão teleológica do trabalho ou
por finalidades é exterior aos sujeitos que o executam, muito embora concordem com elas e
em coletivos tenham contribuído por sua fixação em lei.
Assim, fortalecer os vínculos familiares antes de sua dissolução, trabalhar de forma
preventiva para evitar riscos e violação de direitos através dos benefícios, programas e trabalho
socioeducativo, que visem à autonomia e ao protagonismo desses sujeitos, constituem
objetivos do trabalho social com famílias e indivíduos e expressam o grau de adesão à política.
3.4 O TRABALHO DO ASSISTENTE SOCIAL NOS CRAS
Trabalho de Conclusão de Curso 14
Sabe-se que o trabalho humano é caracterizado por sua capacidade de dar respostas
prático-conscientes às suas necessidades, o que coloca o homem por meio do trabalho na
condição de criador, de sujeito que age consciente e racionalmente, que planeja
antecipadamente e põe em movimento sua capacidade de transformação mediante o trabalho.
Contudo, na sociedade capitalista, o trabalho é contraditório, mesmo quando especializado,
pois perde a dimensão criativa, consciente e autodeterminada pelo próprio sujeito, uma vez que
responde a um fim que não é determinado pelo trabalhador. Assim, embora a qualificação
teórica, técnica e ética imprima direção à ação, o trabalho particular e especializado é parte do
trabalho coletivo na sociedade capitalista, que é fragmentado, mas combinado, que estabelece
finalidades ao trabalho assalariado.
Esse aporte teórico nos ajuda a entender o trabalho profissional da equipe
interdisciplinar no CRAS e a direção do trabalho social com famílias, dependentes não apenas
de seus referenciais teóricos, concepções e visões de mundo, mas também da direção dada pelo
Ministério do Desenvolvimento Social, gestor, coordenadores, dentre outros, mesmo que isso
não exima os profissionais de suas responsabilidades em relação ao que é posto em prática,
considerando sua relativa autonomia como trabalho especializado.
O trabalho socioeducativo com grupos de famílias, ou grupos de segmentos atendidos,
que algumas vezes envolve suas famílias, funciona como espaço de reflexão e troca de
experiências, utilizado em muitas situações como um recurso terapêutico, cuja direção do que
é discutido e refletido se encaminha, predominantemente, para questões internas às famílias,
seus conflitos, como exercer seus papéis, ou utilizado para prestar informações. Portanto, é
herdeiro das práticas educativas tradicionais, embora envoltas de discursos modernos dos
direitos e cidadania.
Quando se refere ao trabalho do Assistente Social nas Unidades do CRAS e
principalmente se tratando em especial ao Programa do Bolsa Família, verificou-se que são os
seguintes os atendimentos:
• ENTREVISTA E ENCAMINHAMENTO PARA GRUPO DE ACOLHIDA:
com o objetivo de apresentar o programa e verificar a demanda de cada família;
Trabalho de Conclusão de Curso 15
• VISITAS DOMICILIARES: Ação que objetiva a localização de famílias
potenciais usuárias do serviço, fortalecer o vinculo da família com o serviço e
monitorar as mudanças ocorridas a partir da sua participação.
• PALESTRAS: Exposição de temas, campanhas educativas demandados pelas
famílias cujo objetivo é a transmissão de informações e o debate.
Cada técnico ou seja o assistente social tem a sua responsabilidade para que o trabalho
tenha êxito e qualidade, sabe-se que às vezes a quantidade de atendimentos conta bastante nos
serviços, porém a atividade desenvolvida com eficácia tem um valor pessoal que engrandece
o profissional que está atuando, pois fazer por fazer não dá um retorno palpável para quem atua
com amor no que faz.
Constituem competências do Assistente Social:
I - elaborar, implementar, executar e avaliar políticas sociais junto a órgãos da administração pública, direta ou indireta, empresas, entidades e organizações populares;
II - elaborar, coordenar, executar e avaliar planos, programas e projetos que sejam do âmbito de atuação do Serviço Social com participação da sociedade civil;
III - encaminhar providências, e prestar orientação social a indivíduos, grupos e à população; IV - orientar indivíduos e grupos de diferentes segmentos sociais no sentido de identificar recursos e de fazer uso dos mesmos no atendimento e na defesa de seus direitos; V - planejar, organizar e administrar benefícios e Serviços Sociais; VI - planejar, executar e avaliar pesquisas que possam contribuir para a análise da realidade social e para subsidiar ações profissionais;VII - prestar assessoria e consultoria a órgãos da administração pública direta e indireta, empresas privadas e outras entidades, com relação às matérias relacionadas no inciso II deste artigo;
VIII - prestar assessoria e apoio aos movimentos sociais em matéria relacionada às políticas sociais, no exercício e na defesa dos direitos civis, políticos e sociais da coletividade;
IX - realizar estudo sócio - econômicos com os usuários para fins de benefícios e serviços sociais junto a órgãos da administração pública direta e indireta, empresas privadas e outras entidades.
X - planejamento, organização e administração de Serviços Sociais e de Unidade de Serviço Social. ( BRASIL.Lei Orgânica de Assistência Social.1993.)
.
Trabalho de Conclusão de Curso 16
Dentro das funções acima citadas o Assistente social no CRAS e dando atenção ao
Bolsa Família, visa fazer com que as condicionalidades sejam cumpridas, visitando as famílias,
diagnosticando a real situação e buscando resultados satisfatórios para que não perda para
nenhum dos favorecidos e todo esse trabalho deve estar sendo realizado em redes, pois só assim
haverá uma qualidade no que se faz.
Diante das tendências do trabalho social nos CRAS, é possível dizer que, apesar de os
avanços conceituais da política de Assistência Social, principalmente do enfoque da pobreza e
da articulação de respostas em benefícios, serviços, atenções e procedimentos variados, de
atendimento individualizado e coletivo, e entre as políticas setoriais, o trabalho socioeducativo
não superou ainda a psicologização dos problemas sociais, o trato de problemas internos à
família e de sua responsabilização por estes.
Todavia, só o acesso a serviços e benefícios como dádiva, benesse, caridade não
provoca mudanças subjetivas políticas, autonomia e cidadania, mas sim subalternidade e tutela.
É nesse sentido que se precisam romper as dicotomias e unir conhecimentos específicos – ideal,
se na mesma perspectiva teórica e metodológica –, para o trabalho interdisciplinar, guiados por
uma perspectiva de totalidade que: 1- Supere a psicologização das relações e problemas sociais;
2- Ultrapasse a dimensão conservadora, disciplinadora, normatizadora e, principalmente, de
julgamento, culpabilização das famílias pelo não cumprimento de funções tradicionalmente e
funcionalmente atribuídas às famílias; 3 -procure romper com os referenciais teóricos
funcionalistas das famílias “desestruturadas”, “disfuncionais”, “incompletas” pelo não
atendimento ao modelo-padrão, ideal de família; 4 - ultrapasse o âmbito da realidade familiar
e do território, para entendê-los como inseridos em determinações mais amplas, parte de um
todo, o que leva ao entendimento de que os problemas e dificuldades familiares são decorrentes
de múltiplos processos sociais e; 5 - fortaleça a dimensão preventiva dos problemas sociais,
atuando em dificuldades cotidianas, buscando dar sustentabilidade à família, suporte, apoio,
cuidados, serviços e ações outras necessárias para não chegarem a vivenciar situações
extremas, o que pressupõe o Estado assumir responsabilidade pública pelo atendimento de suas
necessidades; articular serviços e/ou, criar novos serviços, projetos e programas para atender
as necessidades e demandas levadas pelas famílias.(REGIMENTO INTERNO CRAS .
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4 DISCUSSÃO E RESULTADOS
A pesquisa é de base quantitativa e qualitativa, tendo como objetivo apreender
percepções, significados, opiniões referente ao trabalho do Assistente Social no CRAS no que
se refere as averiguações de condicionalidades do Programa Bolsa Família.
Os sujeitos da pesquisa foram cinco famílias que residem na área de nos assentamentos
da cidade, sendo que todos estão em acompanhamento familiar pelo CRAS Albuquerque,
instituições que atende a área rural e fronteiriça da cidade de Corumbá-MS, devido estarem em
descumprimento de condicionalidades do Programa Bolsa Família, no quesito educação.
As entrevistas foram realizadas na residência das famílias, ou seja, todas nos
assentamentos, cada qual em seu lote, sem nenhum episódio negativo para a entrevistadora,
pois a mesma já tinha contato com a família, todos concordaram em assinar o TCLE, para que
pudéssemos dar um bom andamento nas pesquisas.
A primeira questão abordada, qual a importância do Programa Bolsa Família para a sua
realidade familiar? Responderam ajuda no transporte, na alimentação, compras de materiais
escolares e medicamentos, todas as famílias necessitam do beneficio do PBF, pois possui uma
grande contribuição na renda familiar mensalmente.
Na questão “a sua família conhece as condicionalidades do Programa Bolsa Família?”
todos responderam que sim, sabem que estão relacionadas a saúde, vacinas tem que estar em
dias, pesagem da família e a saúde da mulher, sempre estarem recadastrando, participando das
atividades do CRAS e os filhos que estão em idade escolar tem que estar na escola, Percebeu-
se nessa questão que todos são bem informados sobre as condicionalidades do PBF.
O que se destacou na questão “Como conheceu as condicionalidades do Programa Bolsa
Família?” As respostas foram unânimes que tiveram o conhecimento das condicionalidades na
escola e através do CRAS com as reuniões que são realizadas mensalmente, destacando a
importância dos filhos estarem na escola para que as famílias possam continuar a receber o
benefício do PBF.
Quando foram questionados sobre “Qual a importância da visita que recebeu da
Assistente Social verificando o descumprimento de condicionalidade?” Informaram da
importância da assistente social na visita, pois explicam o por que estão sendo visitados, avisam
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que os filhos estão faltando na escola, solicitam para que eles voltem a estudar e incentivam
conversando com a família da importância do estudo e para que serve.
Além de informar sobre os estudos através das visitas fazem com que a família busque
autonomia, para melhorarem o relacionamento familiar principalmente com os adolescentes
que não gostam de ir para escola, já querem construir família cedo, sem nenhuma orientação o
que é realizado no acompanhamento familiar, pois muitas informações são passadas e
repassadas,
Na questão “A sua família entrou em Acompanhamento Familiar pelo Cras?” Todas as
famílias pesquisadas estão em averiguação de condicionalidade no quesito educação, devido
ao difícil acesso, doenças na família e desinteresse dos filhos.
Na sua visão qual a importância do Acompanhamento Familiar da Equipe de
Averiguação de Condicionalidades realizada pelo CRAS mensalmente? Algumas respostas
coincidiram no item o reforço para que os filhos possam ir para a escola, a importância de
serem valorizados, pois a área rural tudo e mais difícil, além das visitas, ficam sabendo da
garantia de seus direitos, o que podem ou não, as mentes são abertas para a melhoria da
qualidade de vida, se existem algum problema familiar, eles possuem o CRAS para recorrer e
receber orientações, as crianças começam a ter responsabilidade, se tem acesso a outros
serviços como cursos que são levados diretamente nos assentamentos sem nenhum custo.
Como a condicionalidade averiguada a maioria era sobre a baixa frequência escolar, foi
questionado “O senhor/a foi chamado/a na escola para averiguação das faltas do seu filho/a?
O senhor/a compareceu?” Responderam que são poucas as vezes que são chamadas, pois os
filhos não entregam os bilhetes, a dificuldade de se comunicação é muita. A escola até chama,
mas o desinteresse não é somente dos filhos, dos pais que muitas vezes não gostam e não
querem ouvir reclamações, ficam saturados, devido a toda problemática que já vivem.
Nesse item cabe destacar a parceria que o CRAS Albuquerque tem com nalgumas
escolas da área rural principalmente as que ficam próximas a fronteira, existe uma articulação
entre CRAS e Escolas, fortalecendo a rede, buscando melhoria na qualidade de vida das
famílias, garantindo o acesso aos serviços e a garantia de direitos dessas famílias que residem
longe da cidade, convivem com uma renda mínima para sua sobrevivência.
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A última questão se deteve em quem controla o dinheiro do PBF na sua casa? O que
isso representa? As respostas foram que o dinheiro e controlado pelo responsável familiar no
caso aqui, todas as mulheres, que utilizam o benefício para a ajuda e custeio de despesas da
família.
Conclui-se que na que a união de esforços entre os profissionais da área social
juntamente com a escola e outras áreas são preponderantes para o êxito da intervenção
profissional diante das diversas expressões da questão social.
5 ANÁLISE DOS RESULTADOS
Para a análise dos resultados, foram realizados diversos estudos em artigos e
documentos oficiais do MDS, assim teria uma pesquisa coesa e com resultados favoráveis ao
tema por mim elaborado.
Na leitura do artigo As Estratégias de Manutenção das Famílias durante o Período de
Bloqueio do Programa Bolsa Família devido ao Descumprimento de Condicionalidade,
destacou-se na conclusão que “o Programa Bolsa Família (PBF) não inova, apenas executa essa
tendência, tanto é que os valores do benefício ainda não se adaptaram ao valor do novo salário
mínimo. Os valores do benefício não são suficientes para a manutenção das famílias, os valores
repassados pelo PBF são irrisórios, apesar de em alguns casos ser o único meio de sustento das
famílias, este valor é apenas um incentivo, para suprir o básico do básico.”
Entende-se aqui que apesar do PBF, ser atuante, medidas são tomadas com relação as
condicionalidades, pois muitas famílias necessitam desse dinheiro, pois ajudam na renda
familiar.
Para a inclusão de uma família no PBF não deveria ser considerado apenas a renda per
capita, mas sim ser avaliado todo o contexto familiar, as condições sociais, como por exemplo,
se as famílias possuem residência própria, condições de moradia, presença de pessoa com
deficiência, idosos, famílias chefiadas por mulheres. No nosso ponto de vista a renda per capita
estabelecida pelo programa muito baixa o que muitas vezes torna-se empecilho para que os
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membros da família insiram-se em atividades remuneratórias, com medo de perder o benefício
do governo.
Ainda de acordo com os estudos realizados e o acompanhamento das condicionalidades
percebe-se que o benefício para muitas famílias, que através de suas condicionalidades muitos
passaram a participar, a ter acesso às políticas de saúde, educação. Entretanto, o PBF não
deveria constituir-se como um fim, mas como meio, ou seja, deve-se pensar em estratégias que
promovam a emancipação destas famílias, como escolarização, profissionalização, parcerias
com empresas para encaminhamento ao mercado de trabalho, habitação, entre outros. O repasse
do benefício às famílias deveria ter início, meio e fim, incentivando-as para conquista de sua
autonomia financeira.
No texto de dissertação de mestrado de Tatiana de Oliveira Stechi O Programa Bolsa
Família e Suas Condicionalidades: Entre o Direito e Dever, “da mesma forma, a perspectiva
de punir as famílias que não cumprem as condicionalidades, parece incompatível com os
objetivos de promoção social do programa. Deve-se considerar também as condições que as
famílias dispõem para atender as requisições impostas, tendo em vista as dificuldades
cotidianas de sobrevivência a que a maioria está exposta.”
O que se percebe durante os estudos é que o contexto familiar deve ser levado em
consideração nas condicionalidades do PBF, pois muitas famílias vivem isoladas de tudo e de
todos, sem as orientações necessárias, o que muitas vezes não é considerado pelo profissional
que informa sobre as condicionalidades.
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Iniciamos a conclusão deste artigo, reafirmando da importância do assistente Social na
averiguação das condicionalidades do PBF, pois o que se preza é um trabalho direcionado com
fins na qual se verifica realmente o perfil das famílias atendidas, suas limitações, ou seja, a
realidade familiar em que realmente se encontram, na qual não deva ser levado em
consideração apenas a renda per capita, mas sim o contexto familiar, condições sociais,
moradia, pessoa com deficiência, idosos, famílias nas quais os responsáveis familiares são
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mulheres. Tal discurso se dá por considerarmos a renda per capita estabelecida pelo programa
muito baixa, fazendo com que algum membro da família busque melhoria de sua qualidade de
vida com receio de perder o beneficio.
Partindo da discussão acima foi que durante a pesquisa podemos verificar a suma
importância do profissional na averiguação das condicionalidades, seja ele e Assistente Social,
as famílias necessitam de um apoio e acompanhamento, principalmente as da zona rural, que
não possuem acesso e ficam longe do que se trata na cidade, as orientações são importantes e
pertinentes para que haja um retorno não somente quantitativo e qualitativo na garantia de
direitos dessas famílias.
Existem vários pensamentos relacionados ao PBF, porém há de se notar a importância
deste para as famílias que se encontram em vulnerabilidade, as condicionalidades fortaleceram
o acesso de muitos na educação, saúde e assistência social, pois essas pessoas não estão ali
participando por conta do dinheiro que recebem mensalmente e sim buscando melhor qualidade
de vida, emancipação, mercado de trabalho de qualidade, entre outros.
Então se entende que se aplica ao Serviço Social entrelaçado com o programa Bolsa
Família, a busca ativa, acompanhamento das condicionalidades e fazer com que sejam
cumpridas as exigências necessárias para que se tenha uma Politica Pública justa e eficaz para
todos.
Assim concluímos que não basta apenas criar a Política Pública justa e eficaz e sim que
ela saia do papel e atenda as famílias, que haja profissionais comprometidos com o trabalho,
pois de crítica por crítica já se tem demais, o que ser que haja uma crítica construtiva em que
as pessoas possam ser verdadeiramente valorizadas, que o PBF, não seja objetos de diversas
contraversões e que possa valer o lado positivo do beneficio, fazer com que essas famílias
possam se empoderar e seguir seu caminho, buscando o melhor para si e a comunidade em que
vivem.
7 REFERÊNCIAS
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BRASIL. Lei Orgânica da Assistência. Lei Nº 8.742, de 7 de Dezembro de 1993.
Trabalho de Conclusão de Curso 22
BRASIL. Lei 8069 de 13 de julho de 1990 que institui o Estatuto da Criança e do
Adolescente.
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