EXÉRCITO PORTUGUÊS
REGIMENTO DE GUARNIÇÃO Nº1
CANDIDATURA AO PRÉMIO DEFESA NACIONAL E AMBIENTE
24ª Edição
AÇÃO DO REGIMENTO DE GUARNIÇÃO Nº 1
NA FORTALEZA DE SÃO JOÃO BAPTISTA
E RESPETIVO MONTE BRASIL
22 de maio de 2017
Prémio Defesa Nacional e Ambiente 2017
24ª Edição AÇÃO DO REGIMENTO DE GUARNIÇÃO Nº1 NA FORTALEZA DE SÃO JOÃO BAPTISTA
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EXÉRCITO RG1
ÍNDICE
RESUMO…...……………………………………………………………………………….…..… 4
INTRODUÇÃO..……………………………………………………………………………….….. 7
1. ENQUADRAMENTO…………..………………………………………………………….….. 9
1.1. Enquadramento histórico do Regimento de Guarnição Nº1………………….……....9
1.2. Caracterização e localização geográfica……………………………...……..………..10
1.3. Caracterização da Unidade.………………………………………………………….…11
1.3.1. Pessoal……………………………………………………………..…………….11
1.3.2. Infraestruturas ………………………………...………………………………...12
1.3.3. Missão ……………………………………………………………………………13
2. DESCRIÇÃO DA AÇÃO E SUA FINALIDADE……………………………………….…...14
2.1. Descrição da ação e sua finalidade ………………….………………….…………….14
2.2. Grau de dificuldade da ação……………………………………………………………26
2.2.1. Manutenção da área florestal do Monte Brasil……………………………….28
2.2.2. Conservação da orla costeira do Monte Brasil………………………….…….28
2.2.3. Conservação da Fortaleza de São João Baptista………………………….…29
3. RECURSOS ENVOLVIDOS ……………………………………………………………..….31
3.1. Recursos humanos………………………...……………………………………………31
3.2. Recursos materiais………………………………………………………………………31
3.3. Recursos financeiros………………………………………………………………….…31
4. IMPACTE NA COMUNIDADE…………………………………………………...…………32
4.1. Limpeza da área florestal do Monte Brasil……………………………………….……32
4.2. Limpeza da orla costeira contígua ao Monte Brasil……………………………….….33
4.3. Limpeza e manutenção da Fortaleza de São João Baptista………………….…….34
5. CUMPRIMENTO DA LEGISLAÇÃO……………………………………………………….35
5.1. Europeia…………………………………………………………………….…………….35
5.2. Nacional…………………………………………………………………….…………….35
5.3. Regional…………………………………………………………………………………..35
5.4. Militar…………………………………………………………………………..………….36
6. DEMONSTRAÇÃO DOS CONTRIBUTOS...………………………………………...…....37
6.1. Preservação do ambiente……………………………...……………………………….37
6.2. Utilização eficiente dos recursos………………………………………………….……39
6.3. Inovação no âmbito ambiental…………………………………………………….……40
6.4. Relevância nas questões ambientais…………………………………………….……40
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6.5. Valorização na concretização…………………………………………………….…….41
6.6. Educação e mudança de comportamentos…………………………………….……..41
6.7. Replicabilidade das ações desenvolvidas ……………………………………………42
6.8. Definição de indicadores do projeto …………………………………………………...42
6.9. Sustentabilidade …………………………………………………………………………42
7. CONCLUSÕES……………..…………..……………………………………….……………43
Anexo A – Diploma de Apreço da Direção Regional dos Recursos Florestais………45
Anexo B – Diploma de Apreço da Direção Regional da Cultura………………………..46
Anexo C – Diploma de Apreço da Direção Regional do Ambiente…………………….47
Anexo D – Diploma de Apreço do Presidente da Câmara Municipal de Angra do
Heroísmo…………………………………………………………………………...48
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“…Temos de saber compaginar luta, no plano universal, pelos mesmos
valores que nos regem – dignidade da pessoa, paz, justiça, liberdade,
desenvolvimento, equidade intergeracional ou valorização do ambiente …
… Não somos um povo morto, nem sequer esgotado. Temos ainda um grande
papel a desempenhar no seio das nações, como a mais ecuménica de todas.
O mundo não precisa hoje da nossa insuficiente técnica, nem da nossa
precária indústria, nem das nossas escassas matérias-primas. Necessita da
nossa cultura e da nossa vocação para o abraçar cordialmente, como se ele
fosse o património natural de todos os homens...”
Extrato do Discurso de Tomada de Posse de S. Exª o Presidente da República, Prof. Dr.
Marcelo Rebelo de Sousa, em 09 de Março de 2016.
“… Every week we’re seeing new and undeniable climate events, evidence
that accelerated climate change is here right now. (…) droughts are
intensifying, our oceans are warming and acidifying, with methane plumes
rising up from beneath the ocean floor…
… We need to put a price tag on carbon emissions and eliminate government
subsidies for coal, gas and oil companies. We need to end the free ride that
industrial polluters have been given in the name of a free-market economy,
they do not deserve our tax dollars, they deserve our scrutiny. For the
economy itself will die if our ecosystems collapse.
The good news is that renewable energy is not only achievable but good
economic policy.
This is not a partisan debate; it is a human one. Clean air and water, and a
livable climate are inalienable human rights. And solving this crisis is not a
question of politics. It is our moral obligation…”
Discurso de abertura, da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas
2015 em Paris - Leonardo DiCaprio.
http://leonardodicaprio.org/landmark-day-earth/
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RESUMO As preocupações ambientais e a sua sustentabilidade, têm vindo a assumir cada vez mais,
uma importância vital a nível mundial. É inserido neste novo contexto que o Regimento de
Guarnição Nº1(RG1), localizado em Angra do Heroísmo, ilha Terceira, na Região
Autónoma dos Açores, local constantemente premiado e reconhecido pela imprensa
internacional, considerado como um dos locais mais belos e sustentáveis do mundo,
procura manter esta reputação intacta, contribuindo, duma forma responsável, para a
continuidade e valorização da Fortaleza de São João Baptista e área do Monte Brasil,
inscritos no Centro Histórico de Angra do Heroísmo, Património Mundial da Humanidade
desde 1983.
Ultimamente, as atividades desenvolvidas neste âmbito, de vital importância para a
preservação do nosso património natural e cultural, têm vindo a despertar grande interesse
por parte das visitas oficiais que este Regimento acolhe regularmente, tendo obtido críticas
amplamente favoráveis. Desta forma, e no intuito de premiar os esforços desenvolvidos
pelos militares, que prestam serviço no RG1, na proteção do património natural e cultural
que esta região tem para oferecer, bem como ter incentivado as boas práticas ambientais
na Defesa Nacional, este Regimento abraçou, com empenho e dedicação, este nobre
desafio, pelo que se considera ter obtido as condições necessárias para candidatar-se ao
Prémio Defesa Nacional e Ambiente 2017.
Ademais, esta candidatura não reflete apenas e só o empenho dos militares deste
Regimento, uma vez que tem vindo a ser brindado com a relevante colaboração, ao longo
destes últimos anos, por parte de diversas entidades institucionais da Ilha Terceira,
designadamente a Câmara Municipal de Angra do Heroísmo (CMAH) e órgãos do Governo
Regional dos Açores, dos quais se destacam a Direção Regional das Florestas, através do
Serviço Florestal da Ilha Terceira, a Direção Regional da Cultura e a Direção Regional do
Ambiente. Estas entidades com as quais o RG1 tem promovido um entendimento mútuo e
generoso para a preservação ambiental e do património histórico, envolve o Monte Brasil
que é visitado anualmente por milhares de turistas, sendo o local onde o RG1 está sedeado
e exerce grande parte da sua atividade operacional.
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Figura 1 - Visita do Sr. Prof. Dr. Álamo de Meneses, Presidente da CMAH, juntamente com o Sr.
Eng. João Melo, Diretor do Parque Natural da Ilha do Faial, numa ação de acompanhamento aos
trabalhos de limpeza do RG1 de plantas infestantes no Monte Brasil.
Esta candidatura baseia-se em três atividades fundamentais:
- Limpeza e remoção das plantas invasoras/infestantes que têm surgido nos últimos anos
no Monte Brasil, colocando em risco as plantas endémicas da macaronésia aí existentes
devido ao seu rápido alastramento, tendo como consequência a redução de espaços
abertos, os quais são essenciais para a nidificação dos cagarros (Calonectris borealis);
- Limpeza da orla costeira do Monte Brasil e sensibilização dos pescadores desportivos
que aí se deslocam, da importância e obrigatoriedade da recolha dos resíduos resultantes
da sua atividade;
- Limpeza e conservação do património histórico da Fortaleza de São João Baptista, com
especial enfoque para a manutenção das suas muralhas e do casco histórico visitável.
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É pois com este pensar e treinar verde, que o RG1, além de contribuir diariamente para a
conservação e valorização do património natural e cultural, está também motivado em
contribuir para a formação de melhores cidadãos do mundo de hoje que possam
influenciar, positivamente, o amanhã das gerações vindouras, pois, ao serem um ativo na
preservação destes vastos e ricos patrimónios, estão simultaneamente, a adotar
comportamentos e atitudes mais adequadas e expectáveis, para a preservação do meio
ambiente face à conjuntura global.
Figura 2 – Caldeira do Monte Brasil com a Carreira de Tiro do RG1 de 300 metros no seu interior.
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INTRODUÇÃO
O conceito de proteção ambiental começou a despertar a atenção a nível internacional,
com o surgimento em 1956 da primeira grande catástrofe ambiental em Londres, que
resultou na morte de 12 000 pessoas e mais de 100 000 doentes, devido à excessiva
poluição no ar, em consequência da queima de combustíveis fósseis na indústria e nos
transportes.
Se, até à data, o pensamento mundial dominante era, que o meio ambiente seria uma fonte
inesgotável de recursos e que qualquer ação de aproveitamento da natureza era infinita
sem qualquer tipo de repercussões, desde essa data, muitos outros acidentes ambientais,
de grandes proporções, se sucederam, espalhados um pouco por todo o mundo,
designadamente secas que afetaram lagos e rios, chuvas ácidas, inversões térmicas e
poluição atmosférica, levando ao surgimento duma preocupação internacional sobre a
preservação do Meio Ambiente.
Tendo como objetivo a resolução destes novos problemas e estando os estudos científicos
a colocar estes fenómenos como consequência da atividade humana no planeta, os países
entenderam que era necessário discutir o tema e estabelecer metas capazes de reduzir
esses efeitos nocivos sobre o meio ambiente, uma vez que começou a entender-se que a
atividade humana num local do planeta, poderia originar consequências ambientais, não
só a nível local ou regional, mas também ao nível mundial.
Em 1972, em Estocolmo, surgiu assim a primeira grande conferência internacional sobre o
meio ambiente, organizada pela Organização das Nações Unidas, contando com a
presença de cento e treze países e mais de quatrocentas instituições governamentais e
não-governamentais. Esta conferência assinalou, assim, um marco histórico da
preocupação mundial pela preservação do meio ambiente. Dessa conferência, surgiu a
chamada Declaração da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano,
tratando-se do primeiro documento do direito internacional a reconhecer o direito humano
a um meio ambiente de qualidade, estabelecendo princípios para questões ambientais
internacionais, incluindo direitos humanos, gestão de recursos naturais, prevenção da
poluição e relação entre ambiente e desenvolvimento, estendendo-se até à necessidade
de se abolirem as armas de destruição em massa.
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Outro aspeto fundamental da Conferência das Nações Unidas em Estocolmo foi a criação
da Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (WCED – World
Commissionon Environment and Development).
Passados quarenta e cinco anos da Conferência de Estocolmo, outras conferências
internacionais se seguiram, com uma participação cada vez maior por parte das nações e
organizações internacionais, mostrando uma real preocupação a nível global pela proteção
ambiental e sustentabilidade do planeta.
É com esta preocupação constante pelo Meio Ambiente e consciência nas suas
responsabilidades, que o RG1 tem ao longo dos tempos, apostado fortemente na
formação, educação e consciencialização ambiental dos militares que ingressam e servem
na Instituição Militar. Neste sentido, o RG1 procura na sua atividade diária, minimizar o seu
impacto ambiental, promovendo junto dos seus militares várias ações ecológicas,
designadamente a recolha dos desperdícios oficinais (filtros, óleos, pneus), recolha dos
óleos das cozinhas, separação dos resíduos pelos variados ecopontos distribuídos pela
Unidade, destacando-se ainda a limpeza das matas no Monte Brasil, a limpeza da orla
costeira do Monte Brasil e a manutenção da Fortaleza de São João Baptista e todos os
edifícios que a compõem, com especial enfoque para as muralhas da fortaleza e do seu
casco histórico.
Figura 3 – Lixo recolhido numa ação de limpeza da orla costeira do Monte Brasil.
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1. ENQUADRAMENTO
1.1. Enquadramento histórico do Regimento de Guarnição Nº1
A Fortaleza de São João Baptista, localizada na península do Monte Brasil, a Sul da Ilha
Terceira e contígua à Cidade de Angra do Heroísmo, formalmente denominada como
Prédio Militar Nº001/Angra do Heroísmo, encontra-se classificada como Imóvel de
Interesse Público pelo Decreto nº 32.973, de 18 de Agosto de 1943, e inscrito no Centro
Histórico de Angra do Heroísmo, classificado pela UNESCO como Património Mundial da
Humanidade desde 1983.
Ao RG1 (RG1), embora sendo uma unidade de criação recente, cumpre-lhe a enorme
responsabilidade de honrar o secular património herdado das suas Unidades antecessoras.
A sua existência radica no sentimento e tradição cimentados ao longo de séculos e na
heroica e tenaz resistência ao domínio castelhano desde o longínquo dia 25 de julho de
1581 em que, no local da “Baía da Salga” as forças portuguesas constituídas na sua maior
parte por populares organizados em milícias, comandadas pelo Corregedor-Geral dos
Açores Ciprião de Figueiredo Vasconcelos, impuseram às tropas castelhanas uma pesada
derrota, fazendo da ilha Terceira o último reduto de soberania portuguesa durante cerca
de três anos.
A Fortaleza de S. João Baptista, cuja construção remonta há mais de quatro séculos, está
intimamente ligada com a união dinástica ocorrida em 1580 entre Portugal e Espanha e à
resistência ao domínio castelhano por parte dos seguidores de D. António Prior do Crato,
até 1583, na ilha Terceira. Em 1590 o então monarca Filipe I de Portugal e II de Espanha,
ordenou que se construísse a fortaleza de “San Philipe del Monte Brasil de islaTercera”,
cujo início teve lugar em 1592, segundo planta de Tiburzio Spannocci (arquivo de
Simancas). Em 1597 já se encontrava em forma de praça cerrada, prolongando-se, no
entanto, os trabalhos até à segunda década de mil e seiscentos.
A ocupação castelhana da terra portuguesa manteve-se até 01 de dezembro do ano de
1640, e nesta ilha até 6 de março de 1642, após um aturado cerco de quase um ano, que
culminou com a rendição da guarnição castelhana sob o comando do então governador D.
Álvaro Viveiros. A ocupação da histórica e importante fortaleza foi consumada por
ordenanças comandadas pelo capitão João Bettencourt, nomeado governador interino da
fortaleza. A designação da fortaleza passou, por alvará de 01 de abril de 1643, a ser de S.
João Baptista em memória do rei restaurador D. João IV.
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Desde então para cá nem um só dia passou sem que nela deixasse de existir guarnição
militar. Esta fortaleza militar, a maior e a mais Ocidental de Portugal e da Europa, constituiu-
se como o aquartelamento de tropas operacionais mais antigo do território nacional, com
uma permanência ininterrupta de 375 anos (completados recentemente no passado dia 6
de março de 2017). O RG1 adotou a atual designação em 01 de setembro de 1993 por
despacho de Sua Exª o General Chefe do Estado-Maior do Exército.
A Fortaleza de São João Baptista é constituída por 2647 metros de muralhas defensivas
com três baluartes e dois meio-baluartes, albergando no seu interior a Igreja de São João
Baptista, a Capela de Santa Catarina de Sena, o Palácio dos Governadores, bem como o
próprio Monte Brasil, onde se integra a Reserva Florestal de Recreio do Monte Brasil e a
Área Marinha Protegida do Monte Brasil.
Figura 4 – Entrada principal da Fortaleza de São João Baptista.
1.2. Caracterização e localização geográfica
O RG1, sedeado na Fortaleza de São João Baptista, encontra-se integrado na
freguesia da Sé, da cidade e concelho de Angra do Heroísmo, na costa sul da
Ilha Terceira, na Região Autónoma dos Açores, nas coordenadas geográficas
38°39'00.0"N 27°13'31.0"W.
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Figura 5 – Vista a partir do Pico da Memória (Jardim Duque da Terceira) para a Cidade de Angra
do Heroísmo e Fortaleza de São João Baptista no Monte Brasil.
1.3. Caracterização da Unidade
1.3.1. Pessoal
Presentemente, o RG1 possui um efetivo que oscila entre os 250 e 300 militares,
distribuídos por Oficiais, Sargentos, Praças e Funcionários Civis.
Cerca de 80% destes elementos são provenientes da Região Autónoma dos Açores,
destacando-se cerca de 47% oriundos da Ilha Terceira. Os restantes 20% de militares são
oriundos de outras zonas do país.
É também de destacar que, 11% dos elementos do RG1 são do género Feminino, sendo
ainda de realçar que cerca de 20% prestam serviço nos Quadros Permanentes, 74% em
Regime de Contrato e ainda 6% em Regime de Voluntário.
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Figura 6 – Cerimónia Militar na Praça de Armas do RG1.
1.3.2. Infraestruturas
Como referido, o RG1 tem à sua responsabilidade o PM 001/AH, localizado no istmo do
Monte Brasil, que é constituído pela Fortaleza de São João Baptista e carreira de tiro de
300 m da caldeira, caracterizando-se por ter uma fortificação com aquartelamento, áreas
de instrução e apoio de serviços, com uma implantação total de 69 800 m2, dispondo de
uma área descoberta de 55 500 m2, sendo na sua grande parte uma área arborizada.
A Fortaleza de São João Baptista, está incluída na Zona Central da cidade de Angra do
Heroísmo, classificada como Monumento Regional pelo Decreto Legislativo Regional n.º
15/84/A, de 13 de abril, alterado pelo Decreto Legislativo Regional n.º 29/99/A, de 31 de
Julho.
É ainda de salientar que o Monte Brasil é considerado uma área de paisagem protegida,
por decreto regional n.º 3/80/A, de 7 de fevereiro.
No RG1, há ainda a incluir um destacamento permanente na ilha do Faial, designado por
Destacamento de Segurança do Faial, que se encontra aquartelado no Prédio Militar 24/H,
designado por Enfermaria Regimental.
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Figura 7 – Fortaleza de São João Baptista.
1.3.3. Missão
O RG1 apronta o 1º Batalhão de Infantaria das Forças da Zona Militar dos Açores (do
sistema de forças do Exército) e garante a administração dos Prédios Militares existentes
nas Ilhas Terceira e Faial. À ordem, colabora em ações de apoio civil, assegura a formação
das Praças do Exército e apoia na divulgação do serviço militar e do património histórico
da fortaleza onde está sedeado.
Figura 8 – Apoio às populações afetadas pelas cheias em Porto Judeu na Ilha Terceira em 2013.
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2. DESCRIÇÃO DA AÇÃO E SUA FINALIDADE
2.1 Descrição da ação e sua finalidade
A maior parte das infestantes localizadas no Monte Brasil foram introduzidas nos Açores
através de intervenção humana, propositadamente (caso das ornamentais) ou misturadas
noutras sementes, desconhecendo o Homem que o fazia. Outras terão chegado através
de agentes naturais, como no caso daquelas plantas que desenvolveram adaptações à
dispersão pelo vento ou pelos pássaros. Outras puderam fragmentar-se e naufragar no
litoral das ilhas.
Por vezes tornam-se grandes invasoras, caracterizadas por uma agressiva capacidade de
dispersão e aumento exponencial das suas populações, tornando-se de muito difícil
erradicação. Umas recorrem à reprodução vegetativa, enquanto outras produzem grandes
quantidades de sementes, dispersadas por diversos agentes: água, animais, vento e o
Homem.
Estas plantas invasoras, quando em ambientes novos e propícios ao seu desenvolvimento,
podem reproduzir-se exponencialmente, tanto em número de indivíduos como na ocupação
de novas áreas propícias ao seu desenvolvimento. Desta forma põem em risco o equilíbrio
ecológico dessas áreas, afetando todos os seres vivos desses ecossistemas. No caso
concreto do Monte Brasil, as plantas invasoras como a Cana (Arundo Donax), a Silva
(Rubus Ulmifolius Schott), o Incenso (Pittosporum Undulatum), a Mamona (Ricinus
Communis) e o Silvado do Inferno (Lantana Camara L.), põem em risco as plantas
endémicas da macaronésia aí existentes tal como o Loureiro (Laurus azorica), a Isoplexis
(Isoplexis sceptrum), a Figueira-do-inferno (Euphorbiaceae melífera) e a Faia (Myrica faya).
Ao nível da fauna, esta expansão descontrolada por parte das plantas invasoras, têm
afetado essencialmente os cagarros, pois evita que esta ave tenha áreas disponíveis, que
se tornam essenciais para a sua nidificação, pois sendo uma ave de médio/grande porte
necessita de áreas limpas de vegetação para conseguir levantar voo.
Neste contexto, o RG1 tem vindo a colaborar com as entidades institucionais locais e com
a CMAH, na preservação e proteção da biodiversidade e dos espaços verdes no Monte
Brasil, designadamente:
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Com o apoio do Serviço Florestal da Ilha Terceira, na preservação da Reserva Florestal
de Recreio do Monte Brasil, através da erradicação de flora invasora tais como a Cana,
a Silva, o Incenso, a Mamona e o Silvado-do-Inferno, numa área de cerca de três
quilómetros quadrados, criando simultaneamente condições para a nidificação dos
Cagarros, em novas áreas que estavam inacessíveis pela vegetação infestante e
permite simultaneamente que a flora endémica da macaronésia volte a recuperar os
seus espaços anteriormente ocupados (inclusive com espaços de terreno disponíveis
para a plantação de bracel-da-rocha).
Figura 9 - Área florestal infestada por Silva e Silvado-do-Inferno.
Com o apoio da Direção Regional do Ambiente da Região Autónoma dos Açores, na
preservação da Área Marinha Protegida do Monte Brasil, através da monitorização e
controlo dos pescadores desportivos autorizados a pescar entre o “Cais do Soldado” e
o Forte de São Diogo no lado oeste do Monte Brasil, e também através de ações
realizadas anualmente por parte dos militares deste Regimento, na limpeza da faixa
costeira com cerca de quatro quilómetros;
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Figura 10 - Faixa Costeira do Monte Brasil (Lado Oeste).
Figura 11 – Remoção de detritos subaquáticos.
Com o apoio da CMAH e a Direção Regional de Cultura, na preservação das muralhas
da Fortaleza de São João Baptista, através da manutenção e recuperação das suas
muralhas e edifícios históricos situados no Monte Brasil. Nas muralhas, os locais são
por vezes de difícil acesso, tendo que recorrer-se a técnicas de transposição de
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obstáculos, maioritariamente fazendo descidas em rappel. Nos edifícios do casco
histórico, tem sido desenvolvido um esforço de manutenção utilizando mão-de-obra
especializada, com recurso a gruas, e também utilizando os seus militares para
reparações e limpeza, por toda a área da Unidade, incluindo o acompanhamento de
turistas pelo designado “Circuito Histórico do Regimento”.
Figura 12 – Militares do RG1 numa ação de manutenção da Igreja de São João Baptista com
apoio de maquinaria cedida pela CMAH.
Estas ações, fora do âmbito típico da atividade militar, têm como finalidade sensibilizar os
militares do RG1 para a importância da adoção de comportamentos mais amigos do
ambiente e simultaneamente reduzir a pegada ecológica inerente à atividade militar,
contribuindo assim diretamente para a proteção e recuperação dos espaços onde se
desenvolve essa mesma atividade militar, e os ecossistemas que aí existem.
Ao nível da manutenção e recuperação da Fortaleza de São João Baptista, procura-se
conservar um património histórico-cultural universal, património este que é anualmente
visitado por várias centenas de habitantes locais, bem como turistas, tanto nacionais como
estrangeiros.
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Figura 13 – Visitas de diversos cursos de formação militar portugueses e estrangeiros e adidos de
defesa.
Figura 14 – Grupo de turistas nacionais e escolas, a visitar o Circuito histórico do RG1.
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Figura 15 – Grupo de turistas estrangeiros em visita ao Circuito histórico do RG1.
No sentido de contribuir para a biodiversidade terrestre, o RG1 tem desenvolvido uma ação
importante, na irradicação das plantas infestantes no Monte Brasil, tendo como finalidade
providenciar novas áreas para o repovoamento de plantas endémicas como o Bracel-da-
rocha (Festuca Petraea), a urze (Erica Azorica) e a Faia-da-terra (Myrica Faya), típicas da
floresta Laurissilva costeira, e simultaneamente recuperar antigas áreas de nidificação de
uma das aves marinhas mais abundantes e emblemáticas dos Açores, o Cagarro
(Calonectris Borealis), áreas estas, outrora ocupadas por vegetação que permitia a sua
nidificação.
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Figura 16 – Área limpa pelos militares do RG1.
O Cagarro, ave monogâmica, notívaga, forma casal para toda a vida e nidifica sempre no
mesmo local. Morfologicamente semelhante a uma gaivota, desloca-se anualmente da
costa do Brasil, Uruguai e Sul de África ao Arquipélago dos Açores para acasalar e nidificar,
preferencialmente em cavidades naturais e fendas nas rochas, luras de coelhos ou
escavando o seu próprio buraco para fazer o ninho. A sua época de reprodução, com uma
duração de nove meses, inicia-se em meados de março com a chegada das primeiras aves
ao arquipélago. A sua postura de apenas um ovo no início de junho, tem uma incubação
de cerca de 53 dias. Aos 3 meses de vida, os juvenis já apresentam um tamanho e
plumagem adulta. Nesta altura, fins de outubro, são abandonadas pelos progenitores, para
iniciarem juntamente com a sua colónia a sua primeira emigração em direção às terras do
sul.
Estes juvenis, podendo viver até aos 40 anos, apresentam uma taxa de mortalidade alta,
estimando-se que apenas um em cada dez ovos produzirá um adulto capaz de se
reproduzir. Aqueles que sobrevivem à migração ficam entre cinco e seis anos no mar antes
de regressar à colónia de nascimento e demoram pelo menos mais dois ou três anos antes
de nidificar pela primeira vez.
Esta espécie, considerada hoje em dia como espécie protegida nos Açores, apresenta uma
clara regressão na sua população mundial, consequência da sua vulnerabilidade às
alterações do meio-ambiente, sendo apontada pelos investigadores como um excelente
indicador da saúde dos oceanos.
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Atualmente são várias as ameaças à conservação desta espécie, das quais se destacam
a poluição marinha derivada dos combustíveis fósseis, a captura acidental pela pesca, a
iluminação urbana, atropelamento, degradação e destruição do habitat de nidificação,
poluição sonora e o aumento de predadores nas zonas de nidificação, que se constituem
como ameaças sérias e que têm vindo a comprometer o futuro da espécie.
A população nidificante açoriana representa cerca de 75% da população mundial da
espécie, tornando o arquipélago dos Açores o local do mundo mais importante para o
acasalamento e nidificação desta espécie protegida.
Com o intuito de colaborar na proteção ambiental e na biodiversidade marinha, o RG1 tem
levado a efeito diversas ações especialmente, na promoção da adoção de comportamentos
adequados ao exercício da pesca desportiva na Reserva Marinha do Monte Brasil, através
de ações de sensibilização dos pescadores desportivos para a importância e
obrigatoriedade da recolha do lixo no final da atividade piscatória, respeito pelos outros
pescadores e controlo do acesso dos pescadores a essa mesma área, evitando uma pesca
excessiva sobre a fauna marinha local.
Anualmente, é realizada na Região Autónoma dos Açores, a campanha SOS Cagarro
tendo em vista a sensibilização das pessoas para os cuidados e procedimentos a tomar
perante as aves acidentadas.
Figura 17 – Panfleto da Campanha SOS Cagarro na Região Autónoma dos Açores.
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Figura 18 – Ninhos de cagarros localizados no Monte Brasil.
Figura 19 – Ninhos de cagarros localizados no Monte Brasil.
Também na sequência destas ações no âmbito da proteção ambiental e ecossistemas
marinhos, o RG1 tem levado a efeito várias ações de limpeza de toda a faixa costeira do
Monte Brasil, especialmente na zona do Cais do Soldado (pertencente à Baía do Fanal).
Esta área, não acessível por terra, acumula grandes quantidades de lixo, devido ao
culminar de vários fatores, como sejam as suas caraterísticas morfológicas, a
predominância dos ventos (SE) e correntes marítimas que se fazem sentir no local. Estes
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lixos, podem ser naturais (como por exemplo troncos de árvores) resultantes em parte das
cheias e das correntes na ilha, constituindo-se num perigo para a navegação, mas também
podem ser artificiais, resultantes da atividade humana (derivados do processamento do
Crude), sendo também comum o aparecimento de redes de pesca resultantes da atividade
piscatória. Os desperdícios derivados do crude não-biodegradáveis têm um impacto
nefasto a nível global nos ecossistemas marinhos.
Figura 20 – Remoção de lixo na Costa contígua ao Monte Brasil.
Estes resíduos afetam as espécies marinhas de maiores dimensões tais como aves,
peixes, tartarugas, baleias, etc, devido à ingestão acidental ou por semelhança a alimento,
mas também por estes animais poderem ficar aprisionados neste lixo, provocando-lhes
grande sofrimento, que se pode prolongar por vários meses, até à sua morte. Também é
frequente, o sufocamento por grandes peças de plástico e a obstrução do trato digestivo,
que podem provocar a morte do animal em pouco tempo.
Os resíduos, com o passar dos anos e devido ao seu desgaste, degradação fotoquímica e
abrasão, vão libertando pequenas partículas, os microplásticos. Estas partículas de
tamanho inferior a 5 milímetros, estão entre os contaminantes mais prejudiciais dos
oceanos, pois além de transportarem as substâncias químicas dos quais são constituídos,
também têm a capacidade de absorver produtos tóxicos espalhados nos oceanos como
sejam pesticidas, metais pesados e outros tipos de poluentes orgânicos
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persistentes (POPs), como PCBs (Bifenispoliclorados) e DDTs (DicloroDifenilTricloetano),
o que faz com que os danos provocados na biodiversidade sejam muito maiores.
Estes microplásticos ao serem ingeridos como alimento, constituem uma ameaça a longo
prazo para os organismos marinhos, não só pela possível obstrução mecânica do aparelho
digestivo, mas também pela sua contaminação devido à absorção dos POPs, transmitindo
posteriormente estes componentes tóxicos a toda a cadeia alimentar relacionada, incluindo
o Homem.
Estas contaminações, além de poderem conduzir à morte dos seres vivos, podem por em
risco várias espécies devido às alterações hormonais, imunológicas, neurológicas e
reprodutivas que provocam consequentemente alterações nas taxas de crescimento,
desenvolvimento e reprodução das espécies.
Relativamente à preservação do património histórico e cultural, o RG1, consciente da
importância que a Fortaleza de São João Baptista tem na cultura, modo de vida e
identificação da população da ilha Terceira, bem como da sua importância e influência na
história mundial no período quinhentista, tem procurado manter e conservar toda esta
riqueza histórica, através de constantes ações de limpeza de vegetação das muralhas,
que, a longo prazo, iriam acelerar a sua degradação. Há ainda a realçar a manutenção
constante dos edifícios históricos, que devido ao seu tipo de construção, inerente à época
e aos materiais disponíveis na altura, se encontram fragilizados, uma vez que as
intempéries que se fazem sentir na região obrigam a constantes intervenções nas
coberturas, nas fachadas e também ao nível estrutural. Estas intervenções têm que
apresentar um carácter muito técnico para não interferirem com as características originais,
indo de encontro à lei que protege o património mundial, procurando sempre que possível
intervir de acordo com as indicações e colaboração da Direção de Infraestruturas do
Exército e Direção Regional da Cultura, procurando-se, desta forma, manter e conservar a
sua traça original.
Todas estas ações contribuem para o prolongamento no tempo deste emblemático
património, permitindo que o passado continue a interagir com o presente, transmitindo
conhecimento e legado às gerações vindouras.
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Figura 21 – Ação de limpeza por parte dos militares do RG1 numa área exterior à Fortaleza de
São João Baptista (antes).
Figura 22 – Ação de limpeza por parte dos militares do RG1 numa área exterior à Fortaleza de
São João Baptista (depois).
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2.2 Grau de dificuldade da ação
Estas ações têm como principal adversário o clima que se faz sentir na Região Autónoma
dos Açores. O clima marítimo, com temperaturas amenas e com elevada humidade desta
região, proporciona um desenvolvimento e alastramento muito rápido de toda a flora local,
obrigando a que as intervenções por parte dos militares do RG1 na limpeza das muralhas
e erradicação das plantas infestantes no Monte Brasil tenham de ser realizadas com
grande regularidade. Estas ações são dificultadas pela morfologia do terreno e pelas
dimensões das muralhas, que obrigam o uso de regras de segurança e materiais muito
específicos, tornando estes trabalhos bastante críticos e morosos.
Figura 23 – Aspeto de uma área um ano após a sua limpeza. Toda a área limpa já se encontra
intransponível pela infestante Mamona (Ricinus Communis).
As fortes intempéries e elevada pluviosidade que se fazem sentir por largos períodos de
tempo também constituem um elemento a ter em conta, pois, além de não permitirem que
se desenvolvam trabalhos exteriores durante esses períodos, também degradam, em
muito, os edifícios históricos pertencentes à Fortaleza de São João Baptista.
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Figura 24 – Recuperação do telhado da Enfermaria do RG1.
A inexistência de acessos por terra à Baía do Cais do Soldado e o facto de esta ser rodeada
por escarpados, também exige regras de segurança e materiais específicos para o seu
acesso, bem como o apoio de embarcações por parte da Polícia Marítima para a retirada
dos enormes depósitos de lixo no local.
Figura 25 – Ação de recuperação de lixo na Baía do Cais do Soldado do RG1.
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2.2.1. Manutenção da área Florestal do Monte Brasil
Após a limpeza das plantas infestantes por corte, no Monte Brasil, e com o apoio do Serviço
Florestal da Ilha Terceira, as plantas de menor calibre foram trituradas com maquinaria
específica e as de maior dimensão, após um tempo de secagem são incineradas no local,
proporcionando assim, um solo mais rico para o desenvolvimento das novas plantas
introduzidas.
A eliminação das plantas invasoras, que devido à sua rápida expansão e resistência
eliminam os espaços abertos e sufocam as plantas já existentes, e a sua substituição
controlada por plantas nativas, permite assim que existam espaços abertos junto à orla
costeira acessíveis aos cagarros para construírem os seus ninhos.
Figura 26 – Área limpa, após uma ação de limpeza de plantas infestantes por parte de militares do
RG1.
2.2.2. Conservação da orla costeira do Monte Brasil
A conservação da orla costeira do Monte Brasil, traduz-se pela sensibilização dos
pescadores desportivos na área do Monte Brasil para a recolha de todos os desperdícios
derivados da atividade piscatória (embalagens vazias, sacos de plástico, linhas de pesca)
e a recolha do lixo que se acumula ao longo da linha costeira, especialmente os depósitos
de lixo na Baía do Cais do Soldado, deixados em grande parte pelas correntes marítimas
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(redes de pesca, caixas de plástico, troncos de arvores, garrafas e outros detritos), lixo este
que, se não fosse recolhido com a mudança dos ventos e marés iriam regressar ao oceano
pondo em risco não só a fauna local como também a própria navegação (tendo em conta
a grande dimensão de alguns destes desperdícios).
Figura 27 – Recuperação de parte de uma rede encontrada na Baía do Cais do Soldado.
2.2.3. Conservação da Fortaleza de São João Baptista
A limpeza das muralhas da Fortaleza de São João Baptista, da vegetação que aí se
desenvolve, evita o aceleramento da sua degradação, pois o desenvolvimento do seu
sistema radicular nas muralhas iria permitir que a longo prazo se verificassem fissuras na
rocha. O desenvolvimento desta vegetação ao longo da muralha, também pode funcionar
como um agente facilitador de depósitos de sedimentos no local, proporcionando novas
oportunidades para o desenvolvimento de plantas de maior porte.
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Figura 28 – Militares do RG1, numa ação de limpeza das muralhas da Fortaleza de São João
Baptista recorrendo a equipamento de escalada.
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3. RECURSOS ENVOLVIDOS
3.1. Recursos Humanos
Para fazer face a estas ações, o RG1 dispõe permanentemente de uma equipa constituída
por 1 Sargento e 6 Praças, para fazer face às necessidades de manutenção dos edifícios
da Fortaleza de São João Baptista e uma Praça (nomeada diariamente) para apoiar e guiar
as visitas ao circuito histórico da Fortaleza de São João Baptista. Esta Unidade também
empenha com uma frequência quinzenal, o efetivo de uma companhia (3 Oficiais, 9
Sargentos, 57 Praças), para fazer face à limpeza das zonas verdes do Monte Brasil (e
respetiva zona costeira), e limpeza exterior das muralhas e covas do Lobo da Fortaleza de
São João Baptista.
Nestes termos, a participação durante o ano de 2016, nestas ações, perfez um total
superior a 12.000 horas de trabalho dedicadas somente a estas ações.
3.2. Recursos Materiais
Grande parte dos materiais usados nestas ações pertencem ao RG1, tendo vindo a ser
utilizadas catanas, enxadas, equipamento de escalada, materiais de pedreiro, motosserras
e demais equipamentos. No que diz respeito aos meios de transporte, estes são
normalmente necessários para o transporte de equipamentos, de pessoal e recolha de lixo
nas zonas intervencionadas. Tem vindo a existir apoio por parte da CMAH,
designadamente na disponibilização de uma grua e pareceres técnicos.
3.3. Recursos Financeiros
Durante o ano de 2016 foi aplicado neste projeto, 4 653,08 € (quatro mil, seiscentos e
cinquenta e três euros e oito cêntimos) nas rubricas orçamentais de “outros bens” e
“combustíveis e lubrificantes”.
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4. IMPACTE NA COMUNIDADE
As intervenções que foram realizadas têm produzido um impacto bastante positivo na
comunidade local, uma vez que têm vindo a contribuir para a conservação do património,
bem como para a preservação ambiental na área do Monte Brasil. Além disso as
intervenções têm também contribuído significativamente para a consciência ambiental dos
militares do RG1, e das pessoas que visitam esta Unidade, que reconhecem na presença
militar uma mais-valia para a manutenção e conservação destas infraestruturas históricas
de grande valor. Salientam-se ainda diversas atividades de índole cultural e desportivo,
que têm sido desenvolvidas no circuito histórico, designadamente concertos de bandas,
encontros de coros, sessões de cinema (drive-in), provas de atletismo, orientação, etc.
Seguidamente, apresentam-se alguns exemplos que ilustram o trabalho realizado pelos
militares do RG1:
4.1. Limpeza da área florestal do Monte Brasil
Figura 29 – Ação de limpeza de plantas infestantes numa área do Monte Brasil no interior do RG1
(antes).
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Figura 30 – Ação de limpeza de plantas infestantes numa área do Monte Brasil no interior do RG1
(depois).
4.2. Limpeza da orla costeira contígua ao Monte Brasil
Figura 31 – Militares do RG1 numa ação de limpeza da orla costeira contígua ao Monte Brasil.
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4.3. Limpeza e manutenção da Fortaleza de São João Baptista
Figura 32 – Ação de limpeza das muralhas da Fortaleza de São João Baptista e respetiva
limpeza de plantas infestantes da orla costeira contígua.
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5. CUMPRIMENTO DA LEGISLAÇÃO 5.1. Europeia
Diretiva 2009/147/CE do parlamento Europeu e do Conselho de 30 de novembro
de 2009 relativa à conservação das aves selvagens.
Regulamento (UE) Nº 1143/2014 do Parlamento Europeu e do Conselho de 22 de
outubro de 2014 relativo à prevenção e gestão da introdução e propagação de
espécies exóticas invasoras.
5.2. Nacional
Constituição da República Portuguesa, Artigos 9º e 66º.
A Lei n.º 19/2014, de 14 de abril, define as bases da política de ambiente.
Lei nº 107/2001 - Estabelece as bases da política e do regime de proteção
e valorização do património cultural.
Diversa legislação no domínio do ambiente, designadamente sobre Água, Ar,
Impacte Ambiental, Ruído, Resíduos, Substâncias Perigosas, Proteção da Saúde e
Ambiente, Parques, Reservas e Áreas Protegidas, Fauna e Flora, Indústria e
Energia.
Decreto nº 32.973, de 18 de agosto de 1943.
5.3. Regional
Decreto Legislativo Regional n.º 30/2010/A - Regime jurídico da avaliação do
impacte e licenciamento ambiental.
Decreto Legislativo Regional n.º 15/2012/A, de 2 de abril - Regime jurídico da
conservação da natureza e da biodiversidade e define medidas para o controlo de
espécies invasoras.
Decreto Legislativo Regional n.º 15/2004/A - Estabelece o regime de proteção e
valorização do património cultural da zona classificada da cidade de Angra do
Heroísmo.
Decreto Legislativo Regional 3/2015/A, de 4 de fevereiro - Estabelece o regime
jurídico relativo à inventariação, classificação, proteção e valorização dos bens
culturais móveis e imóveis, existentes na Região Autónoma dos Açores.
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5.4. Militar
Em 23 de março de 2011, através do Despacho N.º 6484 do MDN, entrou em vigor a
Diretiva Ambiental para a Defesa Nacional, que define linhas orientadoras, prioridades e
objetivos, no sentido da operacionalização da estratégia a adotar pelo MDN em matéria de
ambiente, tomando como referência os resultados alcançados nos últimos dez anos e as
diretrizes nacionais e internacionais.
A participação do RG1 neste projeto, tem por base o Despacho Nº 77/MDN/2001 que define
a política ambiental das Forças Armadas e estabelece as responsabilidades e
competências dos respetivos Ramos, o despacho Nº 93/CEME/14, onde é definida a
Política Ambiental do Exército e as próprias Normas de Execução Permanentes de Política
Ambiental do Regimento de Guarnição Nº 1.
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6. DEMONSTRAÇÃO DOS CONTRIBUTOS DA AÇÃO COM OS OBJETIVOS DO PDNA
Todas as ações desenvolvidas pelo RG1, que se caracterizam por cumprir a legislação
ambiental e consumir menores quantidades de recursos, enquadram-se nos objetivos
preconizados para este Prémio, uma vez que contribuem para a qualidade do ambiente,
para a promoção de boas práticas de gestão de ordenamento do território e da proteção e
valorização do património histórico, natural e paisagístico, bem como da biodiversidade.
6.1. Preservação do ambiente
Através das ações levadas a efeito pelo RG1 na redução no número de plantas
infestantes no Monte Brasil, contribuiu-se inerentemente para a criação/recuperação
de novas áreas para a nidificação dos cagarros (Calonectris borealis) e outras aves
marinhas, bem como para a propagação de plantas endémicas da Macaronésia
nesses novos espaços, outrora ocupados por plantas infestantes, garantindo-se
assim uma maior biodiversidade nas áreas intervencionadas e uma paisagem mais
equilibrada.
Figura 33 – Militares do RG1 numa ação de limpeza, de plantas infestantes (Canas) na orla
Costeira do Monte Brasil, recorrendo a equipamento de escalada. Neste caso, as canas
encrustadas na muralha, impedem que esta seja visualizada na sua plenitude a partir da
cidade.
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Nas ações focadas na limpeza da zona costeira contígua ao Monte Brasil e
recuperação do lixo dessas zonas, o RG1 está a contribuir para a qualidade do
ambiente e da água, tanto ao nível visual como no que concerne à proteção de várias
espécies marinhas que poderiam vir a ser prejudicadas por estes detritos, tornando
também a navegação local mais segura.
Figura 34 – Recolha de lixo na Baía do Cais do Soldado pelos militares do RG1 com o apoio
da Polícia Marítima de Angra do Heroísmo.
As ações realizadas pelos militares do RG1 na limpeza e manutenção da Fortaleza de
São João Baptista, designadamente a limpeza das muralhas, a recuperação estrutural
dos edifícios históricos e o acompanhamento diário das visitas de turistas ao seu
circuito histórico, contribuem para o prolongamento no tempo da herança histórica,
bem como a divulgação e manutenção do legado para as gerações vindouras. Importa
ainda destacar as ações que contribuem para a manutenção de uma paisagem cuidada
da Reserva Florestal de Recreio do Monte Brasil.
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Figura 35 – Recuperação de um acesso pedonal no Monte Brasil anteriormente inacessível, pelos Militares do RG1 (antes).
Figura 36 – Recuperação de um acesso pedonal no Monte Brasil anteriormente inacessível,
pelos Militares do RG1 (depois).
6.2. Utilização eficiente dos recursos
O facto destas ações por parte do RG1, serem na sua grande maioria realizadas
através de equipamentos manuais (catanas, enxadas, pás), material de
escalada/transposição de obstáculos e com recurso à força física e com pouca
necessidade de combustíveis fosseis, faz que estas ações tenham um impacto quase
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nulo na poluição atmosférica, tanto ao nível sonoro como ao nível gasoso,
contribuindo-se assim para a redução das chuvas ácidas e aquecimento global.
Nestas ações, ao nível da limpeza de plantas infestantes, além dos fatores
anteriormente apontados, também existe a preocupação de garantir a continuidade
da qualidade do solo e evitar o seu empobrecimento e desertificação. Como tal,
durante a recolhas das plantas infestantes são designados vários locais de
concentração de vegetação limpa, que, mais tarde após a sua decomposição irão
transformar-se em fertilizante para as novas plantas, mantendo-se assim a boa
qualidade dos solos.
6.3. Inovação no âmbito ambiental
Pelo facto do RG1 estar localizado numa zona com características diferentes de
todas as outras Unidades militares do país, designadamente por estar sedeado numa
Fortaleza que integra o património mundial reconhecido pela UNESCO, ter no interior
da sua área o Monte Brasil, onde se inclui a Reserva Marinha do Monte Brasil e a
Reserva Florestal de Recreio do Monte Brasil e estar situado num dos locais de
destino turístico mais privilegiados do mundo, faz com que surja a necessidade de
esta Unidade estar sempre em constante atualização dos comportamentos a adotar,
no sentido de ir de encontro das novas políticas ambientais sustentáveis mostrando
sempre a Boa Imagem do Exército e do País.
Estas caraterísticas levam a que este Regimento procure estar sempre atualizado
em relação às melhores e mais sustentáveis práticas ambientais, levando os seus
militares a participar de forma ativa num vasto e inovador leque de ações, das quais
se destacam: contribuição para a proteção de espécies protegidas, manutenção de
espaços verdes através da eliminação da flora infestante, limpeza da costa marítima,
conservação de monumentos históricos, apoios regulares a entidades institucionais
na área do desporto e da cultura, na contribuição para a melhoria das condições de
vida da população local e manutenção do circuito histórico da Fortaleza de São João
Baptista.
6.4. Relevância nas questões ambientais
Com estas ações, levadas a cabo em toda a área do Monte Brasil, incluindo a
Fortaleza de São João Baptista, denota-se uma preocupação constante em manter,
toda esta área, no melhor estado de conservação possível e em equilíbrio ambiental.
O Monte Brasil, sendo também um espaço público, é usado simultaneamente, quer
pelo Regimento para as suas atividades militares, quer pela sociedade para as suas
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horas de lazer, quer ainda pelos turistas que visitam diariamente a Fortaleza e o
Monte Brasil.
Toda esta atividade faz com que as ações militares nesta área não consigam passar
impercetíveis aos utentes do Monte Brasil, e, como tal, estas ações focadas na
proteção ambiental contribuem, inevitavelmente para um reforço positivo da opinião
pública sobre a instituição militar e a defesa nacional.
6.5. Valorização na concretização
Estas ações de proteção ambiental, limpeza de infestantes, limpeza da costa,
manutenção da Fortaleza de São João Baptista, aliadas a outras ações diárias
executadas por todos os militares, tais como separação do lixo, recolha de óleos
oficinais, alimentares, pilhas e componentes eletrónicos, efetuadas por companhias
certificadas, bem como a participação em palestras orientadas para a proteção do
meio ambiente e para importância da redução de gastos energéticos e consumo de
água no dia-a-dia, levam os militares deste Regimento a adotar comportamentos
ambientais cada vez mais corretos e de uma forma mais natural. Assim, ao tomarem
uma melhor consciencialização dos problemas ambientais que se enfrentam nos dias
de hoje, tornam-se tmbém melhores cidadãos do mundo.
6.6. Educação e mudança de comportamentos
O RG1 ao envolver todos os seus militares nestas ações de limpeza de fauna
infestante, recolha de lixo da costa e manutenção /conservação das infraestruturas
da fortaleza de São João Baptista, está indubitavelmente a contribuir para uma maior
sensibilização dos seus militares para a importância da conservação do seu legado
histórico e para os problemas ambientais atuais, levando-os a adotar uma cultura de
comportamento ambiental mais correto, que ao ser adotada, irá no futuro ser
transmitida aos seus companheiros, familiares e amigos.
Também ao nível dos pescadores se tem notado uma grande evolução no seu
comportamento ao nível dos desperdícios deixados no local, resultante da atividade
desportiva (sacos de plástico, fios de pesca, pilhas). Se inicialmente se encontravam
grandes quantidades de desperdícios por toda a área de pesca autorizada, hoje em
dia, devido a algumas ações de sensibilização, estes desperdícios já não são
observados, passando a serem recolhidos no final da atividade piscatória e
posteriormente depositados em recipientes próprios junto à Porta de Armas deste
Regimento.
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6.7. Replicabilidade das ações desenvolvidas
Estas ações, designadamente ao nível da remoção da flora invasora poderão ser
estendidas a outras Unidades, pois, hoje em dia, o tema de flora invasora é um tema
comum e global, ameaçando o equilíbrio de vários ecossistemas um pouco por todo
o país. Estas ações, tendo em conta a natureza delicada de alguns ecossistemas
deverão ser acompanhados e monitorizadas por entidades competentes, garantindo-
se assim uma maior eficácia de resultados. Esta remoção poderá ser um fator
determinante, na reintrodução de espécies endémicas que permitam uma maior
facilidade nos combates a incêndios.
Particularmente no caso das ações levadas a cabo por este Regimento, estas foram
apoiadas e acompanhadas por elementos da Direção Regional dos Recursos
Florestais e precedidas de palestras sobre as melhores técnicas de eliminação e
substituição de plantas invasoras por endémicas, designadamente pelo Diretor do
Parque Natural da Ilha do Faial, que aconselhou determinadas ações face a
problemas semelhantes que se colocavam no Monte Brasil.
6.8. Definição de indicadores do projeto
O RG1, através das suas ações e só nos últimos doze meses, conseguiu recolher
cerca de uma tonelada de lixo junto à costa, limpou toda a faixa costeira de plantas
infestantes do lado Este do Monte Brasil com cerca de 900 metros, bem como 3000
m2 de terreno dentro da área do Monte Brasil, fez a manutenção de 600 metros de
muralhas de todo o tipo de flora que aí se estava a desenvolver e respetiva área
circundante, garantiu a conservação de todos os edifícios históricos e manteve em
funcionamento diário o respetivo circuito histórico.
6.9. Sustentabilidade
As ações expostas nesta candidatura, são ações que têm sido realizadas
regularmente ao longo dos últimos anos, pois, devido à localização deste Regimento
e ao número de visitantes que acolhe anualmente de todas as partes do globo, é
apanágio dos seus militares manter toda a área envolvente, incluindo as
infraestruturas da Fortaleza de São João Baptista, no melhor estado possível de
apresentação e conservação.
À semelhança das gerações anteriores que serviram neste Regimento, a
continuidade destas ações de preservação ambiental na fortaleza de S. João Baptista
e respetivo Monte Brasil, estão planeadas na Diretiva anual do comando para
2017/2018.
Prémio Defesa Nacional e Ambiente 2017
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EXÉRCITO RG1
7. CONCLUSÕES A apresentação da candidatura por parte do RG1 ao Prémio Defesa Nacional e Ambiente
2017, representa para os seus militares e funcionários civis, uma grande honra e orgulho,
pois, desta forma materializa o reconhecimento do seu empenhamento contínuo e
dedicado ao longo destes últimos anos, na preservação e conservação do património
natural, histórico e cultural da fortaleza de S. João Baptista e respetivo Monte Brasil.
Através da adoção das boas práticas ambientais, designadamente a proteção da
biodiversidade, proteção e valorização do património cultural, adoção de comportamentos
ecológicos e utilização eficiente dos recursos naturais e energéticos numa perspetiva de
desenvolvimento sustentável, fica o sentimento do dever cumprido perante a Nação e com
a certeza de que é transmitida e incutida nos nossos militares e civis, uma
consciencialização ambiental.
Estando o RG1 situado numa zona de desenvolvimento sustentável por excelência, e ter a
seu cargo a responsabilidade de preservar um marco histórico e cultural onde grande parte
da população açoriana cumpriu o serviço militar, levando-a a olhar esta Unidade como a
sua segunda casa, toda a nossa atividade reflete a ligação umbilical entre o RG1 e os
Açores, particularmente a Terceira e a cidade de Angra do Heroísmo, interagindo esta
Unidade, de uma forma permanente, com a população.
É neste sentido que, a nossa atividade diária, deve obrigatoriamente continuar a ser vista
como um modelo a ser seguido, continuando a manter-se a ambição de, no futuro, abraçar
novos desafios numa perspetiva sustentável, designadamente na área das energias
renováveis, desafios estes que devido a constrangimentos orçamentais apenas poderão,
por enquanto, manter-se ao nível de projetos.
Neste contexto, é reconfortante saber que, por parte das entidades oficiais e dos órgãos
de comunicação social em geral, o trabalho desenvolvido por esta Unidade tem sido
reconhecido e elogiado, situação que toca profundamente e que motiva a continuar este
caminho, na formação de cidadania, com uma determinação ainda maior, honrando a
divisa deste Regimento, que recentemente se tornou também da Região Autónoma dos
Açores:
“Antes Morrer Livres que em Paz Sujeitos”.
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18/05/2017
X
DO CU M ENTO ASSINADO ELETRO NICAM ENTE
Assin ad o p o r: co r maced o .sjr
“Antes Morrer Livres que em Paz Sujeitos”.
Figura 37 – Praça de Armas do RG1 em Cerimónia do Dia da Unidade.
Angra do Heroísmo, 22 de maio de 2017
Anexos:
A – Diploma de Apreço da Direção Regional dos Recursos Florestais;
B – Diploma de Apreço da Direção Regional da Cultura;
C – Diploma de Apreço da Direção Regional do Ambiente;
D – Diploma de Apreço do Presidente da Câmara Municipal de Angra do Heroísmo.
Comandante do RG1
SEBASTIÃO JOAQUIM REBOUTA MACEDO
Coronel de Infantaria
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Anexo A (DIPLOMA DE APREÇO DA DIREÇÃO REGIONAL DOS RECURSOS FLORESTAIS) à Candidatura do Prémio Defesa Nacional e Ambiente - 24ª edição - 22 de maio de 2017 - RG1
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Anexo B (DIPLOMA DE APREÇO DA DIREÇÃO REGIONAL DA CULTURA) à Candidatura do
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Anexo C (DIPLOMA DE APREÇO DA DIREÇÃO REGIONAL DO AMBIENTE) à Candidatura do Prémio Defesa Nacional e Ambiente - 24ª edição - 22 de maio de 2017 - RG1
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Anexo D (DIPLOMA DE APREÇO DO PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL DE ANGRA DO HEROÍSMO) à Candidatura do Prémio Defesa Nacional e Ambiente - 24ª edição - 22 de maio de 2017 - RG1