CIÊNCIA DA LITERATURA
Período letivo 2020.1
PROGRAMA: CIÊNCIA DA LITERATURA
DISCIPLINA: Teoria literária e ciências humanas
PROFESSOR: Beatriz Resende Siape: 8360503 CÓDIGO: LEL 810
PROFESSOR: Siape:
PERÍODO: 2020.1 NÍVEL: M/D
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: Teoria Literária/Literatura Comparada
HORÁRIO: quarta-feira, às 14h
TÍTULO DO CURSO: Literatura e feminismo: escritoras contemporâneas de Língua
Portuguesa.
As inscrições estão encerradas
Ementa:
A literatura, a arte e a cultura brasileira contemporâneas propõem, hoje, questionamentos
sobre suportes, relações territoriais, linguagem, incluindo uma estética da periferia, que
refletem a busca por uma arte que se realize na intersecção entre questões de raça, gênero,
sexualidade e classe.
Na produção ficcional de mulheres, em diversos países de Língua Portuguesa, tais questões
aparecem de forma especialmente enfáticas. O debate mais agudo sobre esta literatura,
explicitamente feminista ou não, é trabalho urgente a ser feito.
Para tratarmos dos temas, das formas que as obras tomam, da linguagem usada, é preciso
recorrer a novas epistemologias, novos estudos, novas teorias. O pensamento teórico
feminista interseccional, a reflexão decolonial, a ressignificação de conceitos como
marginalidade e subalternidade são instrumentos de leitura necessários à análise de tais
contra-narrativas de resistência.
O curso vai se ocupar de escritoras brasileiras, portuguesas e africanas que se
tornam ainda mais importantes num momento em que o patriarcalismo, o racismo, a
homofobia e outros recursos autoritários ressurgem de forma ameaçadora.
BIBLIOGRAFIA
Bibliografia básica:
ANZALDÚA Gloria. “Falandoemlínguas: umacartapara as escritoras do Terceiro
Mundo. Online.
ARRUZZA, C. ;BHATTCHARYA, T e FRASER, N. Feminismoparaos 99%: um
manifesto
BUTLER, Judith. Problemas de gênero. Feminismo e subversão da identidade. Rio de
Janeiro: Civilização Brasileira, 2015.
---------- . Quadros de guerra. Quando a vida é passível de luto. Rio de Janeiro:
Civilização Brasileira, 2015
----------- e SPIVAK, G. C. Quem canta o Estado-Nação. Brasília: UNB, 2007
CRESHAW, Kimberle .On Intersectionality: Essential Writins. On line
DAVIS, Angela Mulheres, raça e classe. São Paulo: Boitempo, 2016
-----------. A liberdade é uma luta constante. São Paulo: Boitempo, 2018
FEDERICI SILVIA. Calibã e a bruxa:mulheres, corpo e acumulação primitive. São
Paulo: Martins Fontes, 2017 ok livroBrasil
GIUNTA, A. Feminismo y arte latinoamericano. Buenos Aires: SigloVeintiuno. 2018
HILL COLLINS, Patricia.“ A Construção Social do Pensamento Feminista Negro.
Online
HOLLANDA, Heloisa Buarque. Explosão feminista. São Paulo: Cia das Letras, 2018
------------. (Org.) Pensamento feminista: conceitos fundamentais. Rio de Janeiro: Bazar
do Tempo, 2019
------------. (Org) Pensamento feminista brasileiro: formação e contexto. Rio de Janeiro:
Bazar do Tempo, 2019
KILOMBA, Grada. Memórias da plantação. Episódios de racismo cotidiano.Rio de
Janeiro: Cobogó, 2019
RAGO, Margareth. A Aventura de contar-se. Feminismos, escrita de si e invenções da
subjetividade. São Paulo: Unicamp, 2014
RESENDE, Beatriz. Poéticas do contemporâneo. São Paulo:e-galáxia, 2019 E.book
RUBIN Gayle. Políticas do sexo. São Paulo: Ubu, 2017 (OK. LivroBrasil)
As leituras de ficção serão decididas em conjunto no início do curso.
PROGRAMA: CIÊNCIA DA LITERATURA
DISCIPLINA: Teoria e crítica literária
PROFESSOR: Danielle Corpas Siape: 3303029 CÓDIGO: LEL 819
PROFESSOR: Siape:
PERÍODO: 2020.1 NÍVEL: M/D
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: Teoria Literária/Literatura Comparada
HORÁRIO/ DINÂMICA DO CURSO: A disciplina será ministrada de forma remota,
com recursos da plataforma Google Sala de Aula, vídeos com apresentação dos tópicos da
programação e debates on-line (às quintas-feiras, 14:30 às 16:30, pela plataforma Google
Meet). Vídeos, links para filmes e material bibliográfico referentes a cada tópico serão
disponibilizados antes dos encontros, cuja duração e periodicidade poderão ser redefinidas
em conjunto pela turma. A programação prevista encontra-se disponível no link:
Estrategias_Criticas_CORPAS_2020.1.pdf
TÍTULO DO CURSO: Estratégias críticas em tempos de razão turva
Ementa:
No início da década de 1930, Walter Benjamin estava decidido a redigir um ensaio em
torno da tarefa do crítico, um programa para a crítica literária que enfrentasse o “horizonte
limitado e abafado” da Alemanha à época da ascensão do nazismo. As anotações para esse
projeto nunca concluído sinalizam problemas e propostas que permanecem relevantes para
o debate contemporâneo, inclusive no Brasil tomado por forças conservadoras extremistas
que não disfarçam suas intenções genocidas. Em contextos nefastos como esses, que tipo
de tarefa cabe ao crítico de literatura? Que estratégias podem ser mais eficazes para
“exercer a inteligência crítica na luta contra as irracionalidades e as brutalidades deste
mundo” (CANDIDO, 2004, p. 108)?
Este curso busca inspiração para lidar com inquietações dessa ordem na multifacetada
obra de Siegfried Kracauer (1889-1966), crítico pioneiro da cultura de massas, atento às
transformações da sociabilidade e da sensibilidade modernas num momento em que a ratio
capitalista convergia para o obscurantismo totalitário. Assim como seu amigo Benjamin,
Kracauer indagou-se sobre a tarefa do crítico em tempos de “razão turva” e trilhou um
caminho a seu modo combativo. Seus artigos dos anos 1920-30 exercitam procedimentos
inovadores para lidar com os problemas específicos de sua época, para desvendar nas
formas da cultura “segredos rudes” da vida social, conciliando ou alternando análise
estética e observação de “discretas manifestações de superfície” (fenômenos da vida
cotidiana nos quais se reconhecem determinações gerais da ordem social). Serão discutidas
suas estratégias críticas a partir da leitura de artigos dedicados à cultura urbana, cinema e
literatura.
BIBLIOGRAFIA
ADORNO, Theodor. O curioso realista. Novos estudos, São Paulo: CEBRAP, v. 85, pp.
5-22, nov. 2009.
https://drive.google.com/file/d/1jjIj0sDx-VhfoxhYZ8E5BJr803X3UuI7/view?usp=sharing
ALAMBERT, Francisco. Arte como mercadoria: crítica materialista desde Benjamin. III
Seminario Internacional Politicas de la Memoria: Recordando a Walter Benjamin.
Justicia, Historia y Verdad. Escrituras de la Memoria. Buenos Aires: Centro Cultural de
la Memoria Haroldo Conti, 2010. Disponível em:
http://conti.derhuman.jus.gov.ar/2010/10/mesa-42/alambert_mesa_42.pdf.
ALLEN, John. The cultural spaces of Siegfried Kracauer: The many surfaces of Berlin.
New Formations, n. 61, pp. 20-33, Summer 2007.
ALBUQUERQUE, Fernando. Coletânea de textos traduzidos de Siegfried Kracauer. In:
10 x Kracauer. Tese de doutorado apresentada ao PPG de Ciência da Literatura da
UFRJ, 2018. pp. 27-130.
BENJAMIN, Walter. Linguagem, tradução, literatura (filosofia, teoria e crítica).
Edição e tradução de João Barrento. Lisboa: Assírio & Alvim, 2015. pp. 113-137.
______. “Proibido colar cartazes!”. In: Rua de mão única. Trad. Rubens Rodrigues
Torres Filho e José Carlos Martins Barbosa. São Paulo: Brasiliense, 2000. Obras
escolhidas, v. 2.
_____. Briefe an Siegfried Kracauer. Ed. Th. W. Adorno Archiv. Marbach am Neckar:
Deutsche Schillergesellschaft, 1987.
CANDIDO, Antonio. O gosto pela independência. In: Recortes. 3ª ed. revista pelo
autor. Rio de Janeiro: Ouro sobre Azul, 2004. pp. 106-108.
CHICOTE, Francisco Manuel García. Objeto y sujeto em Siegfried Kracauer,
PandaemoniumGermanicum,São Paulo, v. 23, n. 39, pp. 182-198, 2020.
DESPOIX, Philippe; PERIVOLAROPOULOU, Nia (Org.). Culture de masse et
modernité: Siegfried Kracauer sociologue, critique, écrivain. Paris: Les Maison
des Sciences de l’Homme, 2001.
GAY, Peter. Weimar Culture. The outsider as insider. New York; London: W.W.
Norton, 2001.
GINZBURG, Carlo. Sinais: raízes de um paradigma indiciário. In: Mitos, emblemas,
sinais: morfologia e história. São Paulo: Companhia das Letras, 1989. pp. 143-
179.
HANSEN, Mirian. Film, medium of a disintegrating world. In: Cinema and Experience:
Siegfried Kracauer, Walter Benjamin and Theodor W. Adorno. Berkeley; Los
Angeles; Londres: California University Press, 2012.
KRACAUER, Siegfried. Essays, Feuilletons, Rezensionen. Werke,v. 5. Berlin:
Suhrkamp, 2011. 4v.
_____. De Caligari a Hitler: uma história psicológica do cinema alemão. . Rio de
Janeiro: Zahar, 1988.
_____. O ornamento da massa. São Paulo: Cosac Naify, 2009.
_____. Os empregados. Lisboa: Antígona, 2015.
_____. Estética sin territorio. Murcia: Fundación Cajamurcia, 2006.
_____. Rues de Berlin et d’ailleurs. Paris: Gallimard, 1995.
______. Os suspensórios: um estudo histórico. Serrote. São Paulo: Instituto Moreira
Salles, nº 6, pp. 189-191, 2010.
KREBS, Claudia. Siegfried Kracauer: un regard photographique. In: FÜZESSÈRY,
Sthéphane; SIMAY, Philippe (Org.). Le choc des metrópoles: Simmel, Kracauer,
Benjamin.Paris: Édition de l’éclat, 2008. pp.175-189.
KOCH, Gertrude.Siegfried Kracauer: an introduction. Princeton: Princeton University
Press, 2000.
MACHADO, Carlos Eduardo Jordão. Notas sobre Siegfried Kracauer, Walter Benjamin
e a Paris do Segundo Império – pontos de contato. História, São Paulo, v. 25, n. 2,
pp. 48-63, 2006.
_____. O asilo para os sem-teto e a construção da “falsa consciência” – segundo
Siegfried Kracauer. Verinotio, n. 14, ano 8, pp. 60-70, jan. 2012.
MACHADO, Carlos Eduardo Jordão; VEDDA, Miguel (Org.). Siegfried Kracauer: un
pensador más allá de lasfronteras. Buenos Aires: Gorla, 2010.
New German Critique. Duke University Press, nº 54, Special Issue on Siegfried
Kracauer, Autumn 1991.
RICHTER, Gerhard. Imagens sem lar: a extraterritorialidade de Kracauer, o
monolinguismo do outro, de Derrida. In: Imagens de pensamento: reflexões os
escritores da Escola de Frankfurt a partir da vida danificada. São Paulo: Nankin,
2017. pp. 125-169.
SANTOS, Patrícia Silva.Sociologia e superfície: uma leitura dos escritos de Siegfried
Kracauer até 1933. São Paulo: Unifesp, 2016.
_____. Benjamin e Kracauer: elementos de uma epistemologia de “trapeiros”,
Sociologia & Antropologia, v. 03.06, nov. 2013, pp. 489-508.
TRAVERSO, Enzo. Siegfried Kracauer: itinerario de un intelectual nómada. Edicions
Alfons El Magnànim: València, 1998.
VEDDA, Miguel. La irrealidad de la desesperación: estudios sobre Siegfried Kracauer
y Walter Benjamin. Buenos Aires: Gorla, 2011.
WAIZBORT, Leopoldo. O verdadeiro no mais próximo. Novos estudos, São Paulo:
CEBRAP, v. 85, pp. 47-81, nov. 2009.
WITTE, Bernd. Crise e Crítica (1929-1933). In: Walter Benjamin: uma biografia.
Belo Horizonte: Autêntica, 2017.
WIZISLA, Erdmut. Crise e Crítica. In: Benjamin e Brecht: história de uma amizade.
São Paulo: Editora da USP, 2013. pp. 113-157.
PROGRAMA: CIÊNCIA DA LITERATURA
DISCIPLINA: Modelos ideológicos de enunciação
PROFESSOR: Eduardo Coelho Siape: 2478182 CÓDIGO: LEL 833
PROFESSOR: Siape:
PERÍODO: 2020.1 NÍVEL: M/D
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: Teoria Literária/Literatura Comparada
DINÂMICA: A metodologia consistirá no uso de uma série de instrumentos: vídeo de
orientação acerca das atividades semanais (10 min); leituras (todas disponibilizadas on-
line); conferências e palestras disponíveis no Youtube relacionadas às questões do curso
(desde que tenham o recurso da legenda, de modo que alunos surdos possam acompanhar);
encontros pelo Zoom, com periodicidade a definir com os inscritos (os encontros podem ser
entrevistas, debates, oficinas, atividades em equipe por meio da organização de salas
simultâneas via Zoom). A forma de avaliação será definida com os alunos, no primeiro
encontro: 4 de agosto, terça-feira, às 19h.
TÍTULO DO CURSO: Poesia e política literária
Ementa:
As funções de poeta, editor, artista gráfico, distribuidor, livreiro e crítico se
embaralhavam notavelmente desde pelo menos os anos 1970, quando surgiram edições
mimeografadas e iniciativas editoriais independentes, como a Nuvem Cigana e a
Quilombhoje. Ao mesmo tempo, a indústria cultural crescia a passos largos, incorporando,
ao mercado, algumas tendências alternativas que por fim abandonaram o embaralhamento
de funções na escala de produção e pós-produção do livro.
A partir dos anos 2000, o surgimento da cibercultura e as tecnologias digitais de
baixo custo restabeleceram não apenas o embaralhamento de funções, mas também
diversificaram seus atores, remodelando prioridades do chamado “sistema literário”. Além
disso, as redes sociais se tornaram um meio imprescindível à divulgação tanto da poesia e
de “novas” formas da crítica, quanto de posicionamentos relacionados à política
especificamente literária, que se apresentam muitas vezes ao lado do “patrulhamento
ideológico” e da autoexposição narcísica de poetas e de críticos, sem esquecer da atuação de
leitores. Trata-se da política especificamente literária mobilizada pelas questões ditas
“identitárias”.
Em oposição, tendências formalistas se mantêm apegadas ao específico literário e
demonstram um estado de inflexibilidade inadequado à problematização de impasses e da
complexidade do nosso tempo.
Nesse processo, a indústria cultural tem se pautado mediante polêmicas, de modo a
recompor-se dentro do sistema ao incorporar, ao mercado, poetas reativos ao status quo.
Enquanto a história da poesia e do mercado se repete, a crítica acadêmica se vê desidratada
e sobretudo não lida, ocupando sobretudo a função de prestadora de serviços da indústria
cultural ou confinada ao espaço estritamente universitário, sem interlocutores para além de
si mesma.
Este curso pretende discutir a política especificamente literária dos anos 70 ao dias
atuais através da leitura de poemas, cartas, entrevistas, ensaios, artigos, resenhas, memórias,
depoimentos e postagens de poetas e críticos em redes sociais, com ênfase nas
transformações e contradições do sistema reveladas nesse período.
BIBLIOGRAFIA RESUMIDA
AGUIAR, Vera Teixeira de; CECCANTINI, João Luís (organizadores). Teclas e
dígitos: leitura, literatura & mercado. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2010.
ARRAES, Jarid. “Uma mulher negra escrevendo em busca de casa”. In BRAVO, Taís;
MELO, Seane; ROSA, Estela; SILVA, Natasha. Mulheres que Escrevem: ensaio. Rio
de Janeiro: Mulheres que Escrevem, 2018.
COELHO, Eduardo; PEDROSA, Celia. “Entrevista com a Oficina Experimental de
Poesia”, Revista Alere, Programa de Pós-Graduação em Estudos Literários– PPGEL,
ano 11, vol. 18, no 2, p. 337-368, dez. 2018.
COHN, Sergio (org.). Nuvem Cigana: poesia & delírio no Rio dos anos 70. Rio de
Janeiro: Beco do Azougue, 2007.
DOMENECK, Ricardo. “Ideologia da percepção ou algumas considerações sobre a
poesia contemporânea no Brasil”, Inimigo Rumor, no 18, 2
o semestre de 2005/1
o
semestre de 2006.
GALVÃO, Walnice Nogueira. “Indústria cultural e globalização”. As musas sob
assédio. Literatura e indústria cultural no Brasil. São Paulo: Editora SENAC São
Paulo, 2005. Coleção Série Livre Pensar, 18, p. 15-40.
GASPARI, Elio; HOLLANDA, Heloisa Buarque de; VENTURA, Zuenir. Cultura em
trânsito: da repressão à abertura. Rio de Janeiro: Aeroplano, 2000.
HOLLANDA, HeloisaBuarque de; PEREIRA, Carlos Alberto Messeder. Patrulhas
ideológicas: arte e engajamento em debate. São Paulo: Brasiliense, 1980.
______. Impressões de viagem: CPC, vanguarda e desbunde, 1960/1970. Rio de
Janeiro: Rocco, 1992.
______ (org.). 26 poetas hoje. 4aedição. Rio de Janeiro: Aeroplano, 2001.
______ (org.). Esses poetas. 2aedição. Rio de Janeiro: Aeroplano, 2001.
______. Onde é que eu estou? Heloisa Buarque de Hollanda 8.0. Organização de André
Botelho, Cristiane Costa, Eduardo Coelho e Ilana Strozenberg. Rio de Janeiro: Bazar do
Tempo, 2019.
LEONE, Luciana di. Poesia e escolhas afetivas: edição e escrita na poesia
contemporânea. Rio de Janeiro: Rocco, 2014. Coleção Entrecríticas.
LOPES, Silvina Rodrigues. “Impróprio para consumo”. A anomalia poética. Belo
Horizonte: Chão de Feira, 2019. p. 125-141.
LÓPEZ WINNE, Hernán; MALUMIÁN, Víctor. Independentes ¿de qué? Hablan los
editores de América Latina. México: FCE, 2016. Coleção Libros sobre Libros.
MOISÉS, Carlos Felipe. Poesia para quê? A função social da poesia e do poeta. São
Paulo: Editora Unesp, 2019.
MORICONI, Ítalo. “Entrevista com Ítalo Moriconi” [por Márcio Junqueira, Lucas
Matos e Luciana di Leone], Bliss: revista de poesia,organização de Lucas Matos,
Clarissa Freitas e Márcio Junqueiro, Rio de Janeiro, 7Letras, p. 55-77, 2009.
PEDROSA, Celia; MATOS, Cláudia; NASCIMENTO, Evando (org.). Poesia hoje.
Niterói: EdUFF, 1998. Coleção Ensaios, 13.
PUCHEU, Alberto. Apoesia contemporânea. Rio de Janeiro: Azougue, 2014.
RESENDE, Beatriz. “A indisciplina dos Estudos Culturais”. Apontamentos de crítica
cultural. Rio de Janeiro: Aeroplano, 2002. p. 9-54.
REZENDE, Renato. Poesia brasileira contemporânea: crítica e política. Rio de
Janeiro: Azougue, 2014. Coleção Invenção e Crítica.
RISÉRIO, Antonio. Sobre o relativismo pós-moderno e a fantasia fascista da esquerda
identitária. Rio de Janeiro: Topbooks, 2019.
ZARVOS, Guilherme. Branco sobre branco: Centro de Experimentação Poética
20.000. Centro de Experimentação Pensamento: uma rota possível. Rio de Janeiro:
Editora NONOAR, 2009.
PROGRAMA: CIÊNCIA DA LITERATURA
DISCIPLINA: Poesia e modernidade
PROFESSOR: EDUARDO
GUERREIRO BRITO LOSSO
Siape: 1721533 CÓDIGO: LEL 852
PROFESSOR: Siape:
PERÍODO: 2020.1 NÍVEL: M/D
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: Teoria Literária
HORÁRIO/ DINÂMICA DO CURSO: Quinta-feira, 17h. O curso será dado de forma
remota e pretende se utilizar de novas ferramentas acesso e de interação da rede, com
videoaulas de 20 a 40 minutos, conversas no horário já estipulado e disponibilização de
esquemas, textos e links de diversas naturezas. Será usada a plataforma google classroom e
google meet. Os textos a serem lidos serão disponibilizados em pdf.
TÍTULO DO CURSO: Tradição delirante: aspiração de liberdade na linguagem e no
comportamento
Ementa:
Em diferentes momentos da história, poetas, utopistas e místicos manifestaram o desejo de
libertação de convenções da linguagem e de comportamento. Frequentemente uma ousadia
estética esteve diretamente ligada a um desejo de desembaraço de coerções sociais e um
gesto pessoal de ruptura cedo ou tarde contribui para um estímulo de transformação social.
Considerado por muitos como o primeiro movimento feminista europeu, a associação das
beguinas foi um movimento de mulheres que dedicavam sua vida tanto a ajudar
desamparados quanto a labores intelectuais e práticas espirituais. Uma das mais
importantes, Marguerite Porete (1250-1310), foi queimada publicamente em Paris em
1310, sob acusação de heresia. As visões que se traduziam em escritos extravagantes e
reflexões poéticas, para além da doutrinação e da racionalidade, orientavam-se para um
novo modo de vida, diferenciado do patriarcalismo eclesiástico. A partir daí,toda uma
tradição neoplatônica do uso da analogia vai radicalizar o pensamento filosófico
renascentista com o uso de associações poéticas que buscam uma experiência mágica com
a natureza.
Em tempos modernos, simbolistas e surrealistas herdam o desejo de experimentar
alucinações com a linguagem, aquilo que Benjamin chama de iluminação profana, e
pretendem secularizar a prática das correspondências num mundo metropolitano e laico. É
nesse contexto que vai surgir, de um simbolista como Cruz e Sousa (o nosso Dante negro),
da simbolista feminista Gilka Machado, de modernistas como Murilo Mendes, Cecília
Meireles e Jorge de Lima, da geração paulista de Roberto Piva e Claudio Willer, até as
tendências psicodélicas do tropicalismo e da geração marginal, desembocando na poética
contemporânea que retoma relações com a poesia e o pensamento ameríndio.
O curso pretende explorar não só a dimensão estética da linguagem extravagante, como
também sua busca por uma arte de viver diferente das normas e hábitos dominantes -
nobres, burgueses ou eclesiásticos - contra a tecnocracia racionalista e em direção a uma
outra relação com o ambiente e a natureza. É no exercício de um permanente estudo de si
mesmo para elaborar a solidão, a convivência com outros próximos e com a sociedade em
geral que escritoras e escritores subversivos propõem modos de vida diferentes, nos quais o
curso vai se debruçar.
Suplemento para a mudança de calendário: A reflexão sobre a solidão, já explicitada acima,
servirá de base para refletir sobre as novas implicações da relação entre recolhimento
voluntário e confinamento necessário, interiorização individual e emparedamento social. A
maior parte do conteúdo será motivo de reflexão sobre a situação contemporânea, que
renova o olhar sobre a prática ascética e suas implicações ambientais.
BIBLIOGRAFIA
ADORNO, Theodor. Dialética negativa. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2009.
BENJAMIN, Walter. Magia e técnica, arte e política. Ensaios sobre literatura e
cultura. São Paulo: Brasiliense, 1994.
BORGES, Jorge Luis. Prólogos: com um prólogo dos prólogos. Rio de Janeiro: Rocco,
1985.
CERTEAU, Michel de. A fábula mística séculos XVI e XVII: volume 1. Rio de Janeiro:
Forense, 2015.
DELEUZE, Gilles. Crítica e clínica. São Paulo: 34, 1999.
FOUCAULT, Michel. As palavras e as coisas.Uma arqueologia das ciências humanas.
São Paulo: Martins Fontes, 2000.
LÖWY, Michael. Reden e ut ia uda s li ert ri na ur a entral: um
estudo de afinidade eletiva. São Paulo: Companhia das Letras, 1989.
LÖWY, Michael. estrela da an : surrealismo e marxismo. Rio de Janeiro:
Civilização Brasileira, 2002.
PAZ, Octavio. s il s d arr d r antis an uarda. Rio de Janeiro: Nova
Fronteira, 1984.
VELOSO, Caetano. Verdade Tropical. São Paulo: Companhia das Letras, 1997.
PROGRAMA: CIÊNCIA DA LITERATURA
DISCIPLINA: Obra, interpretação e ética
PROFESSOR: João Camillo
Penna
Siape:1311027 CÓDIGO: LEL 862
PERÍODO: 2020.1 NÍVEL:
Mestrado/Doutorado
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: Teoria Literária, Literatura Comparada.
HORÁRIO / DINÂMICA: A disciplina será ministrada de forma remota. São previstos
encontros on-line às quintas-feiras, às 14:00 horas, com duração média de 2 horas, pela
plataforma Zoom. De forma assíncrona será aberta uma “turma” na plataforma Google Sala
de Aula com o objetivo de constituir um fórum do curso. A bibliografia do curso será
disponibilizada em arquivos no formato pdf. Blog: joaocamillopenna.wordpress.com
TÍTULO DO CURSO: Os contos de Clarice Lispector
EMENTA: Leitura conjunta e contínua dos contos de Clarice Lispector sob a forma de
grupo de discussão. Os contos de Clarice entendidos como dispositivos de escuta abertos
ao acidente e à contingência, de forma a possibilitar a interpolação de temas do cotidiano
atual, político e afetivo. Ética, etologia, ontologia: os contos como modos de existência. O
conto, o aforisma, o romance, a crônica clariciana: leitura relacional dos textos como
sistema de processos e práticas. Construção dos textos como espaço rizomático. Teoria e
prática da leitura. Interferência teóricas sincronizadas ao fluxo de leituras e temas.
Metodologia variada de avaliação: capítulo de tese ou dissertação, artigo, diário crítico,
resenha, resumo e/ou fichamento, escritas de gêneros e em mídias diversas
(correspondência, escrita criativa, vídeos).
Bibliografia básica
Borelli, Olga. Esboço para um Possível Retrato. Rio de Janeiro: Nova Fronteira,
1981.
Deleuze, Gilles. Cursos sobre Spinoza (Vincennes, 1978-1981). Trad. Emanuel
Fragoso et alii. 3ª. Edição. Fortaleza: EdUECE, 2019.
Deleuze, Gilles e Guattari, Félix. “Introdução: rizoma”. In: Mil platôs. Capitalismo e
esquizofrenia, vol 1. Rio de Janeiro: ed. 34, 1995.
Deleuze, Gilles. Espinosa. Filosofia prática. Trad. Daniel Lins e Fabien Pascal Lins.
São Paulo: Escuta, 2002.
Espinosa. Ética. Tradução: Tomaz Tadeu. Belo Horizonte: Autêntica, 2016.
Gotlib, Nádia Battella Clarice. Uma vida que se conta. São Paulo: Editôra Ática, 1995.
Lacan, Jacques. O seminário: Livro I: Os escritos técnicos de Freud. Trad. Betty
Milan. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1986.
Lispector, Clarice. A cidade sitiada. Digitalizado por Susana Cap. Rio de Janeiro:
Editora Sabiá, 3a edição. Projeto democrático de Leitura. www.portaldetonando.com.br.
Lispector, Clarice. A descoberta do mundo [recurso digital]. Rio de Janeiro: Rocco
digital, s/d.
Lispector, Clarice. Água viva. Leticia Beze (digitalização). Rio de Janeiro: Rocco, s/d.
Lispector, Clarice. A maçã no escuro. [recurso eletrônico]. Rio de Janeiro: Rocco
Digital, 2015.
Lispector, Clarice. A paixão segundo G.H. (romance). Rio de Janeiro: Editora do autor,
1964.
Lispector, Clarice. O lustre. [ recurso eletrônico]. Rio de Janeiro: Rocco Digital, 2015,
1a edição.
Lispector, Clarice. Perto do coração selvagem. Rio de Janeiro: Rocco/Le livros, s/d.
Lispector, Clarice. Todos os contos [recurso eletrônico]. Benjamin Moser (org.). Rio
de Janeiro: Rocco Digital, 2016.
Nodari, Alexandre. “O indizível manifesto: sobre a inapreensibilidade da coisa na ‘dura
escritura’ de Clarice Lispector”. Revista Letras, UFPR,
2019.https://revistas.ufpr.br/letras/article/view/66898
Viveiros de Castro, Eduardo. “Rosa e Clarice, a fera e o fora”. Revista Letras, UFPR,
2019.https://revistas.ufpr.br/letras/article/view/65767
Wisnik, José Miguel. “Diagramas para uma trilogia de Clarice”. Revista Letras, UFPR,
2019. https://revistas.ufpr.br/letras/article/view/69666
http://www.portaldetonando.com.br/http://www.portaldetonando.com.br/https://revistas.ufpr.br/letras/article/view/66898https://revistas.ufpr.br/letras/article/view/65767https://revistas.ufpr.br/letras/article/view/69666https://revistas.ufpr.br/letras/article/view/69666
PROGRAMA: Ciência da Literatura
DISCIPLINA: Poesia: sagrado e mito CÓDIGO: LEL 859
PROFESSOR: Marco Lucchesi
e Walter Boechat SIAPE: 0365916
PERÍODO: 2020.1 ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: Teoria
Literária/Literatura comparada
NÍVEL: M/D
TÍTULO DO CURSO: Onirocrítica: As metáforas do Sonho e a Linguagem Poética
do Inconsciente.
Horário: terça-feira 9:00
EMENTA: O mundo onírico e suas vertentes. Perspectivas junguianas do universo
literário. Poéticas do Inconsciente. O Sonho e a parcela mítica. O desenvolvimento do
psiquismo no campo literário.
Pré-requisito: não há
BIBLIOGRAFIA BÁSICA
ASSIS, Machado de. Um sonho e outro sonho. In: Relíquias de casa velha. Rio de
Janeiro: W.M.Jackson, 1938.
BACHELARD, Gaston. A poética do devaneio.São Paulo: Martins Fontes, 2006.
BOECHAT, Walter. A mitopoese da psique. Petrópolis: Vozes, 2008.
BORGES, Jorge Luis& FERRARI, Osvaldo.Sobre sonhos e outros diálogos. São Paulo:
Hedra, 2009.
BRANDÃO, Junito. Mitologia gregavol II. Petrópolis: Vozes, 1987.
__________. Cap. III: O mito de apolo: epidauro e o oráculo de delfos.
CARROLL, Lewis. Alice: edição comentada e ilustrada.Rio de Janeiro: Zahar, 2013.
FARIA, D. L., FREITAS, L. V., GALBACH, M. Sonhos na psicologia junguiana. São
Paulo: Paulus, 2014.
FUENTES, Lygia - Imagens absurdas e paradoxais nos sonhos. Rio de Janeiro: texto
em pdf.
HILLMAN, James. O sonho e o mundo das trevas. Petrópolis: Vozes, 2013.
JUNG, C. G. O uso prático da análise dos sonhos. In: A Prática da Psicoterapia. Obras
completas,vol. 16/2. Petrópolis: Vozes, 2011.
JUNG, C. G.Aspectos gerais da psicologia do sonho. In: A Natureza da Psique. Obras
completas, v. 8/2. Petrópolis: Vozes, 2011.
JUNG, C. G. Da essência dos sonhos. In: A Natureza da Psique. Obras completas, vol
8/2. Petrópolis: Vozes, 2011.
JUNG, C.G. et al. Chegando ao inconsciente. In: O Homem e Seus Símbolos. Rio de
Janeiro: HarperCollins Brasil, 2016.
KAST, Verena.Sonhos: a linguagem enigmática do inconsciente. Coleção reflexões
junguianas. Petrópolis: Vozes, 2010.
KOPENAWA, Davi, ALBERT Bruce. A queda do céu. Palavras de um xamã
yanomami. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.
LOBATO, Monteiro. O saci-pererê:resultado de um inquérito. São Paulo: Globo
Livros, 2008.
SILVEIRA, Nise da. Jung: vida e obra. São Paulo: Paz e Terra, 2000.
BIBLIOGRAFIA DE CONSULTA
BENJAMIN, Walter.Magia, técnica, arte e política. São Paulo: Brasiliense, 1994.
BORGES, Jorge Luís. El aleph. Buenos Aires: Ed. Emecé, 2007.
BRANDÃO, Junito. Dicionário mítico-etimológico. Petrópolis: Vozes,1991.
BRANDÃO, Junito. Teatro grego: tragédia e comédia.Petrópolis: Vozes, 1978.
DODDS, E. R. Os gregos e o irracional.São Paulo: Escuta, 2002.
CASTRO, Eduardo Viveiros de. Tão humanos quanto animais. texto em pdf.
ÉSQUILO. Coéforas.Trad. JaaTorrano. São Paulo: Iluminuras, 2004.
EURÍPEDES. Medéia. Rio de Janeiro: Martin Claret, 2005.
GATTAI, Zélia. Anarquistas, graças à deus. Rio de Janeiro: Companhia das Letras,
2009.
HESÍODO. Teogonia. Trad. JaaTorrano. São Paulo: Iluminuras, 2006.
HOMERO. Ilíada. Trad. Haroldo de Campos. São Paulo: Editora Arx, 2002.
_________. Odisseia. Trad. Donaldo Schüler. Porto Alegre: L&PM, 2007.
VIEIRA,Maressa de Freitas. O saci na tradição local no contexto da mundialização e
da diversidade cultural. Tese de Doutorado, da Faculdade de Filosofia, Letras eCiências
Humanas, São Paulo, 2009. Acesso em 11 de novembro de 2011 noendereço
https://teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8142/tde- 22022010-145342/ptbr.php
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VON FRANZ, Marie-Louise. Sonhos : um estudo dos sonhos de jung, sócrates,
decartes e outras figuras históricas. Coleção Reflexões Junguianas. Petrópolis: Vozes,
2011.
ZAMBRANO, María. O sonho criador. Lisboa: Assírio & Alvim, 2006.
COLONNA, Francesco (atrib.) Batalha de amor em sonho de Poliphilo. Tradução de
Cláudio Giordano. São Paulo: Imprensa Oficial, 2013.
FERENCZI, Sandor. Thalassa. São Paulo: Martins Fontes, 1990.
FREUD, Sigmund. Obras completas. (trad de Luis Lopez-Ballesteros y De Torres).
Madrid: Biblioteca Nueva, 1973.
HARRIS, William V.Dreams and experience in classical antiquity. Harvard: Harvard
University Press, 2009.
JASPERS, Karl. Strindberg y van Gogh. (trad. Manuel Vargas). Barcelona: Nuevo Arte
Thor, 1986.
SILVEIRA, Nise. Imagens do inconsciente. Petrópolis: Vozes, 2016.
SILVEIRA, Nise. O mundo das imagens. São Paulo: Ática, 1998.
VON FRANZ. Marie Louise. Os sonhos e a morte. Tradução de Roberto Gambini.
São Paulo: Cultrix, 1990.
WINNICOTT , D.W. Playing and reality. Florence: Routledge, 2005.
PROGRAMA: CIÊNCIA DA LITERATURA
DISCIPLINA: Literatura e modernidade
PROFESSOR: Priscila Matsunaga Siape: 2544259 CÓDIGO: LEL 809
PROFESSOR: Siape:
PERÍODO: 2020.1 NÍVEL: M/D
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: Teoria Literária/Literatura Comparada
HORÁRIO: Quarta-feira, 10h30
TÍTULO DO CURSO: Fetiche(s): sob a pele das palavras há cifras e códigos
As inscrições estão encerradas
Ementa: O curso prevê a leitura, também em sala, de textos para o debate em torno do
“fetiche”. Interessa percorrer os desdobramentos da noção “fetiche” que conforme,
Agamben derivaria da palavra portuguesa feitisso. Bruno Latour, ao inventar um diálogo
entre os colonizadores portugueses e os “fetichistas” da Guiné em Reflexão sobre o culto
moderno dos deuses fe(i)tiches, argumenta que os “modernos” portugueses imputaram aos
“bárbaros” africanos a denominação de fetichistas sem reconhecer que seus próprios ícones
eram fetiches. Para os colonizadores portugueses, e comerciantes franceses, não é possível
cultuar objetos fabricados por mãos humanas e manter seu caráter verdadeiramente divino,
há que se escolher- sendo a escolha imputada apenas ao outro, ao colonizado. Para Latour,
o fetiche, sendo um objeto que fala e também que é fabricado, reúne em uma só expressão
dois sentidos: um artifício que se apresenta enquanto tal e também uma coisa encantada. O
fetiche seria um fazer-falar. Ao tomar a perspectiva de Latour, o curso pretende
problematizar que o desenvolvimento da terminologia não se refere apenas ao objeto mas a
um modo de apreensão do objeto quando derivado para “fetichismo”. O “erro
interpretativo”, segundo Vladimir Safatle, de Charles de Brosses em Du culte des dieux
fétiches ou Parallèle de l'ancienne religion de l'Égypte avec la religion actuelle de Nigritie,
que colocou a noção em termos de um “problema ligado à imanência da crença” é ponto de
partida para percorrermos seus usos e recorrências nos estudos literários em articulação
com a antropologia, sociologia e a psicanálise. O curso prevê a participação de professores
e pesquisadores convidados.
BIBLIOGRAFIA INICIAL
(outras obras serão apresentadas durante o curso)
De Brosses, Charles. Du culte des dieux fétiches ou Parallèle de l'ancienne religion de
l'Égypte avec la religion actuelle de Nigritie (1760).
Latour, Bruno. Reflexão sobre o culto moderno dos deuses fe(i)ches. Tradução Sandra
Moreira. Bauru, São Paulo: EDUSC, 2002.
Morris, Rosalind; Leonard, Daniel. The returns of fetishism: Charles de Brosses and the
afterlives of an idea. Chicago; London: The University of Chicago Press, 2017.
Safatle, Vladimir. Fetichismo: colonizar o outro. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira,
2010.
PROGRAMA de Pós-Graduação em Ciência da Literatura
DISCIPLINA: Literatura e História
Prof.: Paulo Roberto Tonani do Patrocínio Siape: 2144382 CÒDIGO: LEL
807
PERÍODO: 2020/1 NÍVEL:
Mestrado e
Doutorado
Área de Concentração/Linha de Pesquisa:
Literatura Comparada / Comparatismo e diálogos interculturais
HORÁRIO / DINÂMICA DO CURSO: A disciplina será ministrada de forma remota. São
previstos encontros on-line às terças-feiras, às 14:00 horas, com duração média de 2 horas,
pela plataforma Google Meet. De forma assíncrona será aberta uma “turma” na plataforma
Google Sala de Aula com o objetivo de constituir um fórum do curso. A bibliografia do
curso será disponibilizada em arquivos no formato pdf.
TÍTULO DO CURSO: Entre a rua e a janela, modos de ler a cidade.
Ementa:
O presente curso tem como objetivo examinar as representações da experiência urbana a
partir de dois dispositivos: a rua e a janela. A rua e a janela são duas matrizes que se
tornaram imagens recorrentes na literatura para a representação da cidade moderna e suas
derivas pós-modernas. Busca-se, assim, produzir uma cartografia das obras literárias que
utilizam tais matrizes enquanto recurso para a representação da cidade. O curso também tem
como objetivo atualizar um quadro teórico que, numa perspectiva comparatista, permita ler
as imagens e representações da cidade na literatura, seus limites e (im)possibilidades e suas
relações com o universo mais amplo da cultura.
Cronograma preliminar:
1) 04/08 - Apresentação do curso. 2) 11/08 - Todas as cidades, a cidade e “De rua e de janela”, Renato Cordeiro
Gomes.
3) 18/08 - “O homem da multidão”, Edgar Alan Poe e A janela de esquina do meu primo, E.T.A. Hoffmann.
4) 23/08 – Sobre a modernidade, Charles Baudelaire. 5) 01/09 - A alma encantadora das ruas, João do Rio. 6) 08/09 - “A arte de andar nas ruas do Rio de Janeiro”, Rubem Fonseca. 7) 13/09 - Eles eram muitos cavalos, Luiz Ruffato. 8) 22/09 - Cidade aberta, Teju Cole 9) 29/09 - Passageiro do fim do dia, Rubens Figueiredo 10) 06/10 - Enquanto os dentes, Carlos Eduardo Pereira 11) 13/10 - O sol na cabeça, Geovani Martins 12) 20/10 - Um exu em Nova York, Cidinha da Silva 13) 27/10 – O corpo encantado das ruas, Luiz Antonio Simas 14) 03/11 – Encerramento
Avaliação:
Ao término do curso os alunos inscritos irão elaborar uma resenha crítica de uma das obras
literárias analisadas ao longo do curso.
Pré-requisito: Não há.
Bibliografia básica
BENJAMIN, Walter. Obras escolhidas III: Charles Baudelaire, um lírico no auge do
capitalismo. São Paulo: Brasiliense, 1989.
CERTEAU, Michel de. A invenção do cotidiano 2: Morar e Cozinhar. Petrópolis, Rio de
Janeiro: Ed. Vozes, 1996.
DEALTRY, Giovanna. “Diante de janelas: fronteiras entre público e privado na pós-
modernidade.” In: Estudos & Pesquisas em Psicologia. Volume 7. N.2.
FELICE, Massimo Di. Paisagens pós-urbanas. O fim da experiência urbana e as formas
comunicativas do habitar. São Paulo: Annablume, 2009. (Coleção ATOPOS).
GOMES, Renato Cordeiro. Todas as cidades, a cidade: literatura e experiência urbana. 2 ed.
Rio de Janeiro: Rocco, 2008.
______. De rua e de janela. In: Semear, Rio de Janeiro, n. 6, 2002.
JACOBS, Janice. Morte e vida de grandes cidades. Tradução de Carlos S. Mendes Rosa.
São Paulo: WMF Martins Fontes, 2017.
SARLO, Beatriz. A cidade vista: mercadorias e cultura urbana. Tradução de Monica Stahel.
São Paulo: WMF Martins Fontes, 2014.
SENNETT, Richard. Construir e habitar. Ética para uma cidade aberta. Tradução de Clovis
Marques. Rio de Janeiro: Editora Record, 2018.
PROGRAMA de Pós-Graduação em Ciência da Literatura
DISCIPLINA: Arte, crítica e história
Prof.: Ricardo Pinto de Souza Siape: 2373968 CÒDIGO:LEL
847
PERÍODO: 2020/1 NÍVEL:
Mestrado e
Doutorado
Área de Concentração:
Teoria Literária / Literatura Comparada
HORÁRIO: quinta-feira 18h
HORÁRIO / DINÂMICA DO CURSO: A disciplina ocorrerá através de três ‘modos’
mais ou menos concomitantes. O curso será em módulos não sincrônicos, de maneira que
qualquer um dos 4 módulos poderá ser trabalhado a qualquer momento. O curso se inicia em
setembro.
-O primeiro modo é através da disponibilização do material de referência do curso (livros,
filmes, áudios etc), com um comentário pontual sobre uma parte do material nos encontros
coletivos quinzenais. O objetivo dos encontros será mais trocar informações de leitura e
troca de dúvidas do que propriamente uma explicação teórica do material. O comentário
eventual do material se dará mais através de intervenções em vídeo e áudio (tanto do
professor quanto dos alunos)
-O segundo modo se dará através de encontros coletivos e individuais, de maneira que a
cada duas semanas haverá uma conversa com a turma completa e a cada duas semanas uma
conversa/consulta individual ou com um grupo pequeno, de maneira que se intercalem
encontros individuais e coletivos. Os encontros coletivos ocorrerão a princípio duas vezes na
semana durante 1h30min, preferencialmente à noite.
-O terceiro modo se dará através de um projeto longo (a ser desenvolvido em alguns meses)
a ser definido logo no início do curso, que pode incluir uma das três opções: tradução para
publicação de material referido ou utilizado no curso; produção de uma prática estética
situacionista/psicogeográfica (a conferir…) a ser registrada em vídeo, texto, coletânea,
dinâmica, jogo etc; organização de um evento acadêmico relativo aos temas do curso.
TÍTULO DO CURSO: Enclaves do novo mundo: experiências anarquistas e as artes
EMENTA
O curso tentará pensar a relação entre insurgências identificadas historicamente com o
anarquismo e as expressões artísticas que estão no seu entorno, partindo da hipótese de que
a prática e a teoria política que permitiram estas insurgências são possíveis (e
simultaneamente alimentam) em um campo expandido de práticas libertárias de vida onde
uma espécie de ideal estético de autonomia, e, mais especificamente, uma práxis do fazer
artístico são uma referência importante.
Serão 4 módulos
I. Anarquismo ucraniano durante a revolução Módulo centrado na reflexão sobre o legado de Nestor Makhno e do Território Livre
Ucraniano; as relações conflituosas entre campo e cidade, bloco ‘letrado’ e bloco
camponês; vanguarda política + tradicionalismo cultural/ vanguarda política +
vanguarda cultural.
II. A guerra civil espanhola Módulo sobre a experiência anarquista durante a guerra civil espanhola e sua marca
em uma política da memória e uma melancolia de esquerda
III. Situacionismo e o 1968 global Módulo centrado no situacionismo, nos entornos de 1968 e na vida e obra de Guy
Debord
IV. Últimas insurgências: anticapitalismo e combate à crudelização da vida Módulo sobre o renascimento da ideia de anarquismo em movimentos como o
Exército Zapatista de Libertação Nacional, os Movimentos Anticapitalistas e Antifas
e as Zonas Autônomas Temporárias
Bibliografia básica
ARSHINOV, P. History of the Makhnovist movement, (1918-1921). Tradução Paul Avrich
Collection (Library of Congress). London: Freedom Press, 1987.
BEI, Hakim. TAZ, Zona Autônoma Temporária. [S.l: s.n.], [S.d.].
DEBORD, Guy. A sociedade do espetáculo: comentários sobre a sociedade do espetáculo.
Tradução Estela dos Santos Abreu. Rio de Janeiro: Contraponto, 2003.
FARAMELLI, Anthony. Resistance, revolution and fascism: Zapatismo and assemblage
politics. [S.l: s.n.], 2018.
GLEASON, Abbott; GOLDSMITH, Jack; NUSSBAUM, Martha Craven (Org.). On
nineteen eighty-four: Orwell and our future. Princeton, N.J: Princeton University Press,
2005.
GRAEBER, David. Fragments of an anarchist anthropology. Chicago: Prickly Paradigm
Press : Distributed by University of Chicago Press, 2004. (Paradigm, 14).
GRAEBER, David. Possibilities: essays on hierarchy, rebellion, and desire. Oakland, CA:
AK Press, 2007.
GRAEBER, David. Revolutions in reverse: essays on politics, violence, art, and
imagination. Brooklyn, NY: Autonomedia, 2011. (Minor Compositions).
GRAEBER, David. Toward an anthropological theory of value: the false coin of our own
dreams. New York: Palgrave, 2001.
HOME, Stewart (Org.). What is situationism? a reader. Edinburgh, Scotland ; San
Francisco, CA: AK Press, 1996.
INTERNACIONAL SITUACIONISTA (FRANÇA); JACQUES, Paola Berenstein.
Apologia da deriva: escritos situacionistas sobre a cidade. Rio de Janeiro (RJ): Casa da
Palavra, 2003.
JAPPE, Anselm. Guy Debord. Berkeley, Calif: University of California Press, 1999.
LÖWY, Michael. A estrela da manhã: surrealismo e marxismo. Rio de Janeiro: Civilização
Brasileira, 2002.
MAKHNO, Nestor Ivanovich. The struggle against the state & other essays. Tradução
Alexandre Skirda. San Francisco, CA: AK Press, 1996.
MARCOS; LEBOT, Yvon. El sueño zapatista. Barcelona: Anagrama, 1997. Disponível em:
. Acesso em: 21 jul. 2020.
MARCUSE, Herbert. Eros e civilização: uma interpretação filosófica do pensamento de
Freud. Tradução Álvaro Cabral. Rio de Janeiro: LTC Editora, 1999.
MARCUSE, Herbert. O homem unidimensional: estudos da ideologia da sociedade
industrial avançada. Tradução Robespierre De Oliveira; Deborah Christina Antunes; Rafael
Cordeiro Silva. São Paulo: Edipro, 2015.
Nuestra arma es nuestra palabra. New York: [s.n.],
ORWELL, George. Lutando na Espanha: homenagem à Catalunha, recordando a guerra
civil espanhola e outros escritos. Tradução Ana Helena Souza; Peter Davidson; Ronald
Polito. São Paulo: Globo, 2006.
VOLIN. The unknown revolution: 1917-1921. 2019 edition ed. Oakland, CA: Jura Books,
PM, 2019.
Zapatistas!: documents of the New Mexican Revolution (December 31, 1993 - June 12,
1994). New York: Autonomedia, 1994.
http://books.google.com/books?id=EaF6AAAAMAAJ