Transcript
  • Pe. Ramiro Jos Perotto

    CORao MSTICO DA IGREJA

    A Sagrada Liturgia

  • Copyright desta edio Palavra & Prece Editora Ltda., 2014.Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode serutilizada ou reproduzida sem a expressa autorizao da editora.

    Grafia atualizada segundo o Acordo Ortogrfico da Lngua Portuguesa.

    Coordenao editorial Jlio Csar Porfrio Reviso e diagramao Equipe Palavra & Prece Capa Srgio Fernandes Comunicao Imagem: Shutterstock Impresso Markpress ISBN 978-85-7763-293-0

    1a edio | 2014

    Dados Internacionais de Catalogao na Publicao (CIP)(Cmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

    Perotto, Ramiro Jos O corao mstico da Igreja : a Sagrada Liturgia / Ramiro Jos Perotto. So Paulo : Palavra & Prece, 2014.

    ISBN 978-85-7763-293-0

    1. Espiritualidade - Igreja Catlica 2. Igreja Catlica - Litrgia 3. Misticismo - Igreja Catlica I. Ttulo.

    14-01477 CDD-248.22

    ndices para catlogo sistemtico1. Mstica e espiritualidade : Cristianismo 248.22

    PALAVRA & PRECE EDITORA LTDA.Parque Domingos Luiz, 505 | Jardim So Paulo | CEP 02043-081

    So Paulo | SP | BrasilTelefone: +55 (11) 2978.7253

    e-mail: [email protected] | site: www.palavraeprece.com.br

  • Ser cristo no se resume em cumprir mandamentos,

    mas deixar que Cristo tome posse de nossa vida e a transforme.

    (Papa Francisco)

  • Sumrio

    Prefcio .................................................................................................... 9

    Um pouco de Histria ... ..................................................................... 13Conclio Vaticano II (1962-1965) Uma proposta de recomear ............................................................. 15

    Captulo 1 Liturgia, define-se ... ....................................................... 21Liturgia no aspecto civil ..................................................................... 24Liturgia no aspecto religioso ............................................................. 25

    Captulo 2 Compreenso .................................................................. 27Liturgia celebrao e toda celebrao Liturgia .......................... 30

    Captulo 3 Ao Litrgica ................................................................ 31

    Captulo 4 Conhecendo melhor o ato de celebrar ........................ 37Uma quantidade de pessoas se renem em Deus Ritos iniciais ........................................................................................ 40Ouve-se a Palavra de Deus Liturgia da Palavra ........................... 43Alimenta-se de Deus Liturgia Eucarstica .................................... 46Retorna-se para casa enviado por Deus Rito Final ..................... 52Alguns pontos importantes ............................................................... 53

    Captulo 5 O Domingo Dies Dominicus ..................................... 55O Domingo e a Eucaristia .................................................................. 58O Domingo e a Semana ..................................................................... 59Preceito Dominical ............................................................................. 60

  • 8Pe. Ramiro Jos Perotto

    Captulo 6 O Ano Litrgico ............................................................. 61Tempo do Natal ................................................................................... 63Smbolos do Natal ............................................................................... 63Advento ................................................................................................ 65Smbolos do Advento ......................................................................... 66Perodo Comum A cor litrgica verde ...................................... 68Tempo Pascal ....................................................................................... 69Smbolos da Pscoa ............................................................................ 70Quaresma ............................................................................................. 73O smbolos da Quaresma .................................................................. 74

    Captulo 7 Livros Litrgicos ............................................................ 77Liturgia das horas ............................................................................... 79

    Captulo 8 Smbolos, Gestos e Postura ........................................... 81Smbolos ............................................................................................... 81Gestos ................................................................................................... 84Postura ................................................................................................. 86

    Captulo 9 Objetos, lugares e Materiais Litrgicos ....................... 89

    Captulo 10 Paramentos Litrgicos ................................................ 95

    Captulo 11 Canto Litrgico ............................................................ 99

    Captulo 12 Espao Litrgico Celebrativo ................................... 105

    Captulo 13 Equipe de Liturgia ..................................................... 109

    Captulo 14 O padre e o ator ......................................................... 113

    Bibliografia pesquisada e sugerida ............................................ 119

  • Prefcio

    Deus amou tanto o mundo que deu o Seu Filho unigni-to, para que no morra todo o que nEle crer, mas tenha a vida eterna. (Jo 3,16)

    Essa verdade que celebramos como fonte de vida est presente em todos os momentos que manifestamos nossa f celebrada da Liturgia. A f mistrio e graa; para os que se apoiam nela, Deus fonte de amor e vida. A Liturgia o servio da vida e do amor de Deus em nossa caminhada e os que a celebram apoiam--se na f e na graa como mistrios a serem celebrados.

    Sempre foi desejo das pessoas manifestarem o amor que sen-tem e quererem tornar importantes os momentos marcantes da vida. A Liturgia servio que considera essa realidade humana, mas acima de tudo a manifestao em honra a Deus que serviu a ns primeiro. E desde os primeiros momentos em que o ho-mem se percebeu amado por Deus, ele expressou gratido e lou-vor celebrando a prpria vida. Muitas foram as vezes que Deus serviu o povo que correspondeu com oraes e gestos Liturgia para manifestar amor, gratido e louvor.

    Para os que tm um corao generoso e agradecem a Deus pelas bnos recebidas, colocam-se a exercitar a Liturgia como parte integrante de suas vidas. Ela faz sentido e ganha um espao

  • 10

    Pe. Ramiro Jos Perotto

    no cotidiano da vida. Porm, interessante e necessrio compre-ender que por ela no apenas manifestamos o louvor a Deus pela vida, mas continuamos o servio que Deus nos confiou: viver a Sua graa e distribu-la entre todos. A Liturgia tem essa funo de ser, de colocar-nos em Deus e Deus em todos.

    A vivncia dessa verdade de f celebrada no meio do povo crente exige de cada um de ns uma serena e profunda compre-enso do mistrio de Deus que amor e misericrdia em ns, humanos pecadores. Torna-se necessrio meditarmos e encon-trarmos a verdade de Deus para melhor celebrarmos e mani-festarmos a Liturgia como fonte de vida. A Liturgia precisa ser conhecida, amada e celebrada como fonte de vida que brota do Corao de Deus. Ele foi o primeiro a fazer Liturgia nos criando por amor e exercendo um servio permanente em nossa vida, derramando as Suas graas para bem vivermos e alcanarmos a salvao. E foi no Seu Filho Jesus Cristo que a plenitude do Seu amor ganhou fora total e a Liturgia ganhou novo sentido, le-vando-nos a conhecer profundamente o mistrio da Sua graa. A Igreja passou a manifestar a verdade encontrada em Deus como fonte de vida celebrada no meio do povo. Com o passar dos anos, o Esprito Santo foi aos poucos iluminando novos caminhos para recebermos vida em Deus. A Liturgia foi adaptando o modo de celebrar a mesma verdade de f conforme a realidade do povo inserido em cultura, tempos diferentes; porm, a mesma vida de Deus em nossa vida.

    Para celebrarmos o amor de Deus presente no Seu Filho Jesus Cristo com dignidade, necessrio conhecermos a Sua inten-o com nossa vida. preciso saber o que rezamos. Precisamos dar sentido Liturgia que celebramos. Caso contrrio, pode

  • 11

    Corao mstico da Igreja

    acontecer de apenas cumprirmos um ritual e no saborearmos a vida que esta oferece.

    O corao da Igreja o amor de Jesus Cristo, presente na Eu-caristia que celebramos. Nele encontramos amor e misericrdia.

    Que toda Liturgia celebrada seja amada e respeitada medida que o Corao de Jesus Cristo nos ama.

  • Um pouco de Histria...

    A Liturgia deve ser uma fonte da espiritualidade, uma ao do mistrio de Jesus Cristo na vida de todo batizado. A Liturgia deve proporcionar um momento orante que aproxima do Cora-o de Deus e favorea uma reflexo sobre a vida e a graa divina sempre atualizada em nossa histria.

    Desde o tempo dos Apstolos e por que no dizer no anti-go Israel o povo celebra o amor de Deus de forma dialogante com expresses, ritos, smbolos e palavras. Cada tempo e comu-nidade procurando a melhor forma possvel que expresse a vida divina na vida humana de quem celebra, procurando no perder a essncia do ato celebrar litrgico. Com o passar dos tempos, a Igreja foi revisando esses atos e meditando uma ao atualizada. Mas realidade tambm que nem sempre a Liturgia celebrada e meditada favoreceu um verdadeiro encontro com Deus, sendo apenas um executar de ritos e uma ao meramente religiosa.

    Foi uma das preocupaes de Jesus Cristo, que ensinou aos Seus a comportarem-se coerentemente, que preciso concen-trar-se no amor de Deus e a Ele agir com fidelidade. Os Aps-tolos compreenderam o essencial e celebraram a Liturgia com fidelidade, empenho e zelo pelas coisas de Deus. importante lembrarmos de que naquele tempo ainda no existiam os tem-plos e eles rezavam nas casas (cf. At 2,42-47).

  • 14

    Pe. Ramiro Jos Perotto

    Nos primeiros sculos, a celebrao da Liturgia era bastante simples, sem muitos elementos e ritos, procurando valorizar ao mximo o Mistrio Pascal presente na Eucaristia. Aos poucos foram surgindo os elementos que acompanharam a celebrao: livros litrgicos, rubricas com normas, paramentos, utenslios sagrados, cantos, oraes especficas... e assim a celebrao foi sendo enriquecida com sinais visveis para expressar a espiritua-lidade celebrativa.

    A Igreja sempre procurou celebrar a Liturgia com dignidade dando-lhe pleno significado, porm alguns exageros e a falta de zelo foram acontecendo.

    Por volta do sculo X, o padre passou a rezar de frente para o sacrrio de costas para o povo. A Eucaristia precisava ser mais valorizada e era o centro da Liturgia.

    Aps a reforma proposta por Martinho Lutero (1517), o Papa Paulo III convocou o Conclio de Trento, (15451643). Aps uma profunda reflexo, a Igreja determinou alguns decretos referen-tes aos sacramentos, Sagrada Eucaristia, ao rito da Santa Missa, ao culto dos santos, ao cnone bblico, Liturgia de modo geral e a outros assuntos disciplinares.

    A Liturgia passou a ser olhada com mais cautela e ateno com a criao de seminrios para a formao do clero. Surgi-ram mais rubricas nos rituais e alguns elementos e smbolos que acrescentados na Liturgia, fizeram com que ela passasse a ter mais respeito e admirao.

    No incio do sculo XVI surgiu o movimento barroco, que despertou com fora no final do mesmo sculo e meados do s-culo seguinte. Um estilo artstico caracterizado pelo esplendor exuberante. Foi uma espcie de continuao do renascimento

  • 15

    Corao mstico da Igreja

    que adotou a arte clssica como forma espiritual e estilo exube-rante com traos de dramaticidade. Foi uma forte influncia na caracterstica litrgica que procurou realar o sagrado nas ima-gens, nas vestes clericais e nos smbolos usados para a Liturgia.

    Diferente do barroco, vemos a Liturgia com estilo romano: o altar, a cruz e a vela. A simplicidade do mistrio a ser celebrado o que deve ser realado; espiritualidade que estava no Corao de Jesus e dos Apstolos. Porm, o barroco celebrou com digni-dade e respeito o mesmo mistrio, utilizando-se da arte para real ar a presena da divindade.

    A Igreja sempre procurou celebrar com dignidade dando ple-no sentido ao mistrio, cada tempo, comunidade e povo com sua realidade e espiritualidade. E durante essa caminhada celebrati-va, iniciada pelos Apstolos, muitas coisas se perderam, outras foram acrescentadas, outras esquecidas, fazendo assim da Litur-gia da Igreja uma ao que precisa ser refletida e reavaliada para celebrar a sua verdadeira essncia.

    Conclio Vaticano II (1962-1965) Uma proposta de recomear

    A principal dificuldade encontrada na Liturgia era o distan-ciamento entre o clero e o leigo. O presbitrio e a assembleia. O latim (idioma nico para a Santa Missa), os exageros rubricais, o pouco dilogo durante a celebrao, o padre permanecendo de costas para a assembleia, eram fatores que contribuam para que a Missa fosse reconhecida como propriedade do padre, no como Mistrio Pascal de Jesus Cristo. Era preciso voltar essn-cia do mistrio.

  • 16

    Pe. Ramiro Jos Perotto

    Em 1909, Dom Lambert Beauduin, que sonhava com uma consciente participao de todos os cristos na Liturgia, iniciou uma nova reflexo com a tentativa de aproximar a essncia da Liturgia e a vida do povo. Inaugurou o movimento litrgico com profundas reflexes acerca do valor da Liturgia e sua finalidade na Igreja. Dizia Beauduin que era necessrio reeducar o leigo que perdera o sentido da celebrao Litrgica e do sagrado. E para isso era preciso um grande esforo da Igreja. O movimento que teve trs etapas, culminando-se no Conclio Vaticano II, tam-bm contou com a contribuio de Dom Odo Casel que ajudou a Liturgia conquistar um lugar importante e decisivo na teologia e inseriu-a como mistrio cultual. Ambos, com a contribuio de outros tantos, foram protagonistas para um incio marcante na vida da teologia litrgica da Igreja.

    Durante todas as reflexes, houve quem resistisse e se colo-casse contra algumas mudanas que aproximariam a Liturgia da Igreja realidade do povo. Houve muita resistncia para que as reformas acontecessem.

    Em 1947, Pio XII escreveu a encclica Mediator Dei, conside-rada a Carta Magna do movimento litrgico. O Papa acolheu a proposta inovadora da renovao Litrgica e removeu algumas ideias exageradas que se opunham obra restauradora. Era pre-ciso afastar falsas opinies, erros, exageros, conservadorismo e tudo aquilo que desvia do mistrio.

    Em 1948, o Papa nomeou uma comisso para a reforma li-trgica e um novo caminho estava traado. Foram simplificados as rubricas e os textos das Liturgias, reformadas a Viglia Pascal e toda a Semana Santa, publicados alguns comentrios sobre a msica sacra, introduzida a Missa vespertina...

  • 17

    Corao mstico da Igreja

    E os frutos de todo esse trabalho estariam por vir... Em 1961 foi convocado um novo Conclio na Igreja.

    Joo XXIII foi criticado por muitos ao convocar o Conclio Vaticano II. Corajosamente, o Papa disse que a Igreja precisa-va abrir as janelas para deixar o Esprito Santo entrar. E assim iniciaram-se as reflexes que contriburam para a renovao de todo mistrio celebrado. Era preciso uma nova orientao para a Igreja retomar o caminho para celebrar a f com mais vivacidade e participao de todo o povo de Deus.

    Bento XVI afirmou que o Conclio Vaticano II uma bssola para a Igreja.

    O primeiro documento do Conclio foi aprovado em 1963, a Constituio Conciliar Sacrosanctum Concilium, sobre a Sagrada Liturgia. A partir de ento iniciava uma nova realidade na vida litr-gica, e era preciso adaptar-se s novas normas e fazer dela um culto onde tivesse uma compreenso e participao de todo batizado.

    Todas as reflexes conciliares concluram que a vida e o mis-trio de Jesus Cristo deve dar vida nossa vida. A partir desse ponto de partida conclui-se que toda a Liturgia da Igreja deve celebrar o mistrio da f: (1Jo 1,1-4). A Liturgia deve preocupar--se com o querigma: anncio da morte e ressurreio de Jesus.

    O Conclio no trouxe nenhuma novidade acerca da teologia litrgica, porm, a grande contribuio foi a sua ao que deve ser de toda comunidade dos batizados, no apenas um fazer do clero e um acompanhar da assembleia. Exige-se esforo.

    importante olharmos para o Vaticano II como fruto de um longo esforo por parte daqueles que acreditaram e fizeram acontecer uma nova realidade. O Conclio deu luz verde re-forma litrgica graas preparao e maturao do movimento

  • 18

    Pe. Ramiro Jos Perotto

    litrgico, fenmeno to vasto que contribuiu para uma nova rea-lidade conservando o mesmo mistrio de f.

    A partir do Vaticano II, a Liturgia passou a ter um novo signi-ficado para o leigo que antes assistia e agora pode voltar a parti-cipar da Ao Litrgica fazendo parte do corpo celebrativo. Par-ticipar da Eucaristia passou a ter outro significado tornando-se mais motivadora a presena na Santa Missa.

    Vrias mudanas contriburam para isso:

    A Missa deixou de ser rezada em latim adotando a lngua verncula (idioma de cada regio), o padre voltou a celebrar de frente para a assembleia, no mais de costas, as rubricas foram simplificas, os ritos foram adotados na realidade de cada comunidade, os leigos foram includos no corpo cele-brativo, o presidente da celebrao passou a aproximar-se da assembleia, a homilia tornou-se uma reflexo na vida do povo, surgiram as pastorais sociais e espirituais para a evangelizao...

    A Liturgia ganhou novo sentido e a espiritualidade celebra-da no Mistrio Pascal e passou a ser fonte inspiradora de vida compreendida pelo povo.

    Aps 50 anos do Conclio Vaticano II precisamos refletir duas realidades:

    1. Com o Conclio Vaticano II ganhamos muito em compre-enso e participao.

    2. Aps o Conclio Vaticano II perdemos bastante em respeito e valorizao.

  • 19

    Corao mstico da Igreja

    Precisamos retomar a verdadeira espiritualidade oferecida pelo Conclio. Celebrar a Liturgia com dignidade sem perder a espiritualidade. Com o Conclio ganhamos em presena e parti-cipao, mas precisamos lembrar de que Liturgia no uma festa qualquer, no precisa de enfeites e alegorias e no um faz de conta onde decido fazer o que quero e do jeito que gosto.

  • Este livro no termina aqui...

    Para ler as demais pginas, adquira-o em: www.lojapalavraeprece.com.br


Recommended