22
A V U L S O SDA EMBRIAGUEZ COMO MTODOJoo Jos Gomes dos Santos
Car
o L
eito
r,D
escu
lpo-
me
se a
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par
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feir
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uso
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te e
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rgo
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iano
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cas
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m a
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nos
rost
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com
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a d
os c
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dore
s e
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sua
s ru
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ente
s. C
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inut
os,
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sios
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ntes
. Loj
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sent
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colo
rido
s pl
sti
cos.
.. ou
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ms
tico
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bele
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um p
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shop
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nsbo
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xos,
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amin
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gem
qua
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vaz
ias
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mo
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stan
tes.
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no
s n
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ovim
ento
daq
uela
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, mas
tam
bm
no
clim
a do
bai
rro.
joaoRealce
joaoNotacorreo: Onde se l "bem por suas ruas adjacentes", leia-se "bem como por suas ruas adjacentes"
23
Pel
o as
falt
o e
cal
ada
algu
ns s
egue
m d
e m
os
vazi
as f
azen
do c
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s, t
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ao
lado
os
rap
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rgo
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car
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or a
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s tr
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os.
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a ca
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am e
m s
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rias
mo
s di
stri
bud
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sac
os p
lst
icos
am
are-
los,
bra
ncos
, azu
is, v
erde
s e
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enta
men
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ndan
do n
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mpa
sso
supo
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el d
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so. O
utro
s ar
rast
am l
enta
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pass
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car
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co
mpr
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loci
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feri
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ela
idad
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odo,
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uese
s le
vam
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eira
par
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sa, s
eja
paga
ndo
pelo
s se
rvi
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om c
arro
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, se
ja p
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si m
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Num
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imas
J
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Gon
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gura
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inas
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pequ
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pra
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for
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iang
ular
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umas
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ores
faz
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som
bra.
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ros,
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nter
ior
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o d
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ra, g
asto
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rs
port
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das.
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um
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so. O
che
iro
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Um
hom
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egro
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ba r
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esa
onde
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fum
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guns
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s e
veio
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meu
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m e
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lito
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quel
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iang
ular
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ra
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mo
s gr
ossa
s e
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iaga
do,
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bedo
u-m
e co
m s
uas
pala
vras
. E
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sim
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tinu
o, b
bad
o de
gen
te e
mov
imen
to. E
le m
ostr
ou-m
e su
as r
ugas
e in
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ou
um m
odo
de o
uvir
as
mar
cas
do t
empo
nos
ros
tos
da f
eira
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tri
as q
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lham
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r... i
nter
pela
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De
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ntro
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sab
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que
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er, a
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susp
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, res
pond
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no
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se
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vez
, ant
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e vi
rar-
se e
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1Formado em Psicologia pela Universidade Federal de Sergipe (UFS), atualmente mestrando do Programa de Ps-Graduao em Psicologia Institucional da Universidade Federal do Esprito Santo (UFES).
24
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rnos
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eli-
mit
ados
, os
dois
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tem
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pao
s. O
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e, o
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doi
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urba
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hece
ndo
quem
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ges
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Res
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tant
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pala
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vez.
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uzem
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nos.
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s de
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rrec
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pra
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um
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m a
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rmas
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sons
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s od
ores
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uma
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mim
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feir
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adas
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s fix
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se e
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1Ensaio revisado, modificado e extrado do trabalho monogrfico realizado em 2010 como pr-requisito para concluso do curso de Psicologia na Universidade Federal de Sergipe. O trabalho intitulado Deambulncia das Cartas Annimas consiste em um conjun-to de cartas escritas em tempos distintos por um tal Annimo Deambulante que contam fragmentos de histrias da cidade de Aracaju. Estas cartas foram apenas reunidas e edita-das pelo suposto autor do presente texto, que as encontrou deriva em uma praa qualquer de um bairro qualquer da capital sergipana.2BAUDELAIRE, Charles. Parasos artificiais. Rio de Janeiro: Ediouro, 2005. p. 189.3As marcas do asfalto so referncia a uma outra carta escrita pelo Annimo Deambu-lante, na qual se perguntava sobre os sinais inscritos no cho da rua onde a feira se re-aliza. Estas marcas, dizia ele, falam da coti-dianidade daquela feira, da vida mundana das prticas que rasuram a pele da cidade.4Rua Coronel Joo Gonalves onde acon-tecia toda sexta-feira a feira livre do bairro Castelo Branco em Aracaju.5BAPTISTA, Luis Antonio. O veludo, o vidro e o plstico: desigualdade e diversidade na metrpole. Niteri: EdUFF, 2009. p.36 37.6Ibid., p. 36.7Fazer a feira aqui uma brincadeira entre sentidos possveis; por um lado pode ser o fregus que faz compras, por outro o feiran-te que faz seu dinheiro, ou ainda articulaes entre modos de existir que produzem a feira, ou melhor, fazem feira em sua cotidianidade. (SANTOS, Joo J. G. ; RIBEIRO, Elton S. ; LOPES, Kleber J. M. Modos de dizer e a vida se fazendo numa feira livre em Aracaju. In: Anais da VIII Semana de Cincias Sociais, 2010. p.3.)