O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE
2009
Produção Didático-Pedagógica
Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7Cadernos PDE
VOLU
ME I
I
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE DO PARANÁ
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL
NILCE APARECIDA DE SOUZA
CONSELHO ESCOLAR: NOVA PERSPECTIVA PARA UMA GESTÃO DEMOCRÁTICA NA ESCOLA PÚBLICA DO PARANÁ
JACAREZINHO
2010
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE DO PARANÁ
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL
NILCE APARECIDA DE SOUZA
CONSELHO ESCOLAR: NOVA PERSPECTIVA PARA UMA GESTÃO DEMOCRÁTICA NA ESCOLA PÚBLICA DO PARANÁ
Unidade Temática apresentada à Secretaria de Estado da Educação do Paraná, no Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE, na área de Pedagogia encaminhado pela Universidade Estadual do Norte do Paraná.
Orientadora: Profª Ms. Suedina Rafael Brizola Rogato.
JACAREZINHO
2010
2
CONSELHO ESCOLAR: NOVA PERSPECTIVA PARA UMA GESTÃO DEMOCRÁTICA NA ESCOLA PÚBLICA DO PARANÁ
*NILCE APARECIDA DE SOUZA
RESUMO Esta Unidade Temática tem como objeto de estudo a atuação dos Conselhos Escolares na rede estadual de ensino paranaense e, destaca a luta dos educadores para democratizar as relações no interior das escolas públicas que culminou com o desenvolvimento de um dos princípios da educação escolar - “a gestão democrática do ensino público”. Portanto, faz-se necessário rever a forma de atuação dos membros do Conselho Escolar, visto que, mesmo tendo seu amparo legal, a partir da Constituição de 1988, na prática, a democracia não se efetivou. Sendo assim, é preciso conscientizar e capacitar os membros do Conselho Escolar, em especial, os Conselheiros de uma escola pública do município de Santo Antônio da Platina - Paraná, quanto às suas atribuições. Dessa forma, visa-se o fortalecimento da gestão democrática, esclarecendo aos Conselheiros Escolares sobre suas reais funções, a seriedade da participação na tomada de decisões sobre questões administrativas, pedagógicas e financeiras para que possam atuar com eficiência. Este trabalho trará uma pesquisa bibliográfica conscistente para que o Professor PDE possa implementar ações no interior da escola, objetiva a promoção de um melhor envolvimento de todos os membros do Conselho Escolar - parceiro imprescíndivel na construção de uma gestão escolar democrática. A democratização da escola somente se realizará inteiramente, se estiver intimamente conectada com a socialização da participação dos segmentos escolares, logo a democracia provoca um processo de conquistas, de participação, de organização coletiva, de preparação e produção do conhecimento com vistas à transformação de uma realidade que se quer mais justa. Palavras-chave: Conselho Escolar; Participação; Descentralização de Poder.
*Profª da rede pública do Estado do Paraná, integrante do Programa de Desenvolvimento da Educação ( PDE – 2009) na área de Pedagogia, na UENP
3
INTRODUÇÃO
Participar do PDE (Programa de Desenvolvimento Educacional) do Estado
do Paraná, significa aos professores da rede Estadual de Ensino, momentos
especiais de estudos, pois o PDE traz a nós educadores ricas oportunidades de
convívios e aprendizagens com o coletivo e individualmente. Faz-se da nossa
prática escolar um caminhar rumo à qualidade educacional que o Paraná tem como
Política Pública, seja em sala de aula ou na equipe pedagógica. Proporciona
também, um novo contato com as IES, não somente o aprofundamento do
conhecimento científico, mas também a avaliação crítica de nossas ações
pedagógicas, além da imprescindível troca de experiências com outros professores
e colegas da nossa região.
Esta Unidade Temática tem como objeto de estudo a atuação dos Conselhos
Escolares na rede estadual de ensino paranaense e, objetiva capacitar os membros
do Conselho Escolar de uma escola pública do município de Santo Antônio da Platina
- Paraná, quanto às suas atribuições, tendo em vista, o fortalecimento da gestão
democrática. Também oferecerá aos conselheiros oportunidade para conhecer suas
funções em relação ao Conselho Escolar, como a seriedade da participação na
tomada de decisão sobre questões administrativas, pedagógicas e financeiras.
A escola tem como função social e política a formação do cidadão, através da
transmissão e socialização do saber científico e historicamente acumulado pela
humanidade.Tem também a função de construir conhecimentos , atitudes e valores
que tornem os alunos cidadãos responsáveis, solidários, críticos, criativos, éticos e
participativos para transformar essa realidade social na qual estão inseridos.
É importante mencionar que a escola é uma instância representativa de
segmentos, fluindo aí um espaço de exercício da democracia. Tende a garantir o
cumprimento e a concretização da função social da escola, através do funcionamento
efetivo do Conselho Escolar.
Assim, como órgão colegiado, o Conselho Escolar articula a escola com a
sociedade, representa o momento de discussão de questões que dizem respeito à
vida das pessoas, da escola, da comunidade e num plano mais amplo, da própria
sociedade.
4
Sendo o Conselho Escolar um dos segmentos importantes da escola, pretende-
se aqui, realizar um estudo mais profundo do seu histórico, funções e desempenho no
espaço escolar.
Sabe-se que o papel do Conselho Escolar é essencial para sustentar uma
gestão democrática e participativa no interior da escola, bem como, acompanhar,
constatar, avaliar e deliberar coletivamente os encaminhamentos pedagógicos,
administrativos, financeiros e econômicos das escolas. Visa com isso a manter a
unidade para buscar alternativas a problemas detectados no interior da escola e para
propor possíveis soluções.
Muitas vezes o desconhecimento dos membros do Conselho Escolar de suas
atribuições: _ acompanhar e avaliar as atividades educativas para o cumprimento da
função social e específica da escola é relegado a segundo plano, mas prevalece-se os
aspectos administrativos e econômicos.
Este trabalho trará uma pesquisa bibliográfica conscistente para que o
Professor PDE possa implementar ações no interior da escola e sugere a promoção de
um melhor entendimento de todos os envolvidos no Conselho Escolar - parceiro
imprescíndivel na construção de uma gestão escolar democrática.
DESENVOLVIMENTO 1 Contexto Histórico
A origem e a natureza dos Conselhos é muito diversificada. São frutos de
longa construção histórica no seio social, seja do país, do estado ou do município.
Sua origem se perde no tempo e se confunde com a história da política e da
democracia, mas estabeleceu-se por meio de mecanismos de deliberação
coletiva.
Há registros históricos que indicam que já existiam, há quase três milênios,
no povo hebreu e nas cidades-Estado do mundo greco-romano, conselhos como
formas primitivas e originais de gestão dos grupos sociais. A Sagrada Escritura
registra como a cautela aconselhara Moisés a reunir 70 “anciãos ou sábios” a ajudá-lo
no governo de seu povo, originando assim, o Sinédrio, o “Conselho de Anciãos”, do
povo hebreu.
5
Como pode-se perceber, a origem dos conselhos é muito antiga e
diversificada, e desde lá, de acordo com PinsKy (2003), citado por Bordignon (2004,
p.13), os problemas deveriam ser resolvidos coletivamente, assim teve início a
política, como instrumento de tomada de decisões coletivas e de resolução de
conflitos, e o Estado como expressão da comunidade.
As cidades-Estado precederam como um espaço de poder, de decisão
coletiva, articulado em instâncias, como: conselho de anciões e ou de cidadãos.
Sendo assim os conselhos antecederam a organização do Estado, dando origem aos
atuais Poderes Legislativo e Judiciário.
A partir do século X, de acordo com Bobbio, Matteuci e Pasquino (1991),
citado por Bordignon (2004, p.14), os conselhos, como forma de organização
representativa do poder político na cidade-Estado, viriam a ganhar sua máxima
expressão na Comuna Italiana, (que estabelece-se a partir do século passado). Com
a ampliação da Comuna, diversas categorias sociais passaram a integrá-la, assim,
nasceu a comuna popular, a qual adota-se a democracia representativa.
No início do século XX, são localizadas novos grupos sociais identificados
pelo local de trabalho, ou seja, de conselhos de operários / conselhos de fábrica que
são formados dentro da empresa ou de conselhos dos delegados dos operários,
organizados por representantes de diversas fábricas.
Conforme os autores citados acima, os conselhos populares praticavam a
democracia direta ou representativa como tática para resolver as crises e confusões
resultantes dos interesses, eram a voz das classes que constituíam às comunidades
locais, ou seja, nas cidades-Estado greco-romanas, nas comunas italianas e de Paris,
ou na fábrica da era industrial.
Os conselhos se estabeleceram na interface entre o Estado e a sociedade, ora
na defesa dos interesses das elites, protegendo a sociedade, ora, de maneira mais
incisiva nos tempos atuais, tratando de obter a co-gestão das políticas públicas e se
instituindo canais de participação popular na concretização do interesse público.
Para a compreensão do significado dos conselhos na gestão da educação,
faz-se necessário uma retrospectiva histórica dos conselhos de educação no Brasil:
Conselhos de Instrução Pública, Conselhos de Ensino e Conselhos de Educação.
Desde a antiguidade até os dias atuais, os conselhos de educação assumiram
a feição de conselhos de notáveis, concebidos como de assessoria especializada ao
6
governo, com ação mais voltada para o credenciamento de instituições educacionais,
do que na formulação de políticas públicas de educação e de mobilização social.
Os Conselhos de Instrução Pública tiveram seu início no Império, em 1842, e
funcionaram até a primeira década do século XX. Compostos em geral por
funcionários públicos com cargos de chefia e diretores de estabelecimentos de ensino.
Cabe enfatizar que recebiam atribuições de organização e inspeção de escolas.
Torna-se importante mencionar, conforme afirma Bordignon (2004), foram criados
diversos conselhos, mas poucos se efetivaram, como:
● Concelho de Instrucção Pública (Lei Provincial nº 172)
● Conselho Geral de Instrucção Pública ( junho de 1846)
● Conselho Director do Ensino Primário e Secundário do Município da Corte
(fevereiro de 1854)
● Conselho Superior de Instrução Pública (1870 e 1877)
● Conselho Superior de Instrução Nacional (1882)
● Conselho de Instrução Superior (janeiro de 1891)
● Conselho Director da Instrucção Primária (1906)
Deve-se registrar que os Conselhos de Ensino tiveram o seu primeiro período
de efetivo funcionamento, entre os anos de 1911 a 1930. Os seus membros eram
designados pelas suas categorias profissionais. Nesse período, os conselhos eram de
âmbito nacional e receberam duas nomenclaturas distintas:
● Conselho Superior de Ensino (abril de 1911)
● Conselho Nacional de Ensino (janeiro de 1925)
Os Conselhos de Educação são criados no ano de 1931 e vigoram até os dias
atuais. Para isso, em 1931, o Conselho Nacional de Ensino foi transformado em
Conselho Nacional de Educação, que somente com a Constituição de 1934, se
instituiu os sistemas de ensino, os conselhos de educação, de âmbito nacional e
estadual, assim passaram a ter uma concepção mais definida. A Constituição de 1988
veio regulamentar os sistemas municipais de ensino e, com eles, os conselhos
municipais de educação ganharam institucionalidade própria.
Desta maneira, Bordignon (2004), os conselhos receberam as seguintes
denominações:
● Conselho Nacional de Educação (abril de 1931)
● Conselho Federal de Educação (Lei n. 4.024/61)
7
● Conselho Nacional de Educação (outubro de 1994 e reeditada através da Lei nº
9.131 de novembro de 1995)
● Conselhos Estaduais de Educação (1961 - Alguns estados criaram seus conselhos
antes da LDBN de 1961 - Bahia, Alagoas e Rio Grande do Sul)
● Conselhos Municipais de Educação (Lei nº 9.562/71, mas os mesmos se
efetivaram a partir da Constituição de 1988)
1.1 Conselhos na gestão das instituições educacionais
A organização escolar representa o programa que institucionaliza o projeto-
intencionalidade da cidadania que se almeja. A escola primária não era oferecida a
natureza democrática. Desde as origens européias de organização escolar, o ensino
superior – sob a tutela da Corte, no Império, e da União, na República - esteve voltado
para a formação de governantes, e o ensino primário – entregue às Províncias e
depois aos Estados e Municípios – era dedicados à formação dos governados.
Portanto, encontra-se uma concepção diferenciada, mas viável das instituições
educacionais. No ensino superior, depara-se com um governo universitário mais
próximo da feição dos regimes parlamentarista e, na educação básica, um governo
escolar nitidamente presidencialista, quando não imperial. Assim, os conselhos são
criados para dar sustentação à diversidade filosófica dos níveis da educação
brasileira.
1.2 Conselhos na educação superior
As universidades tiveram na sua origem o símbolo da autonomia, que faz
parte da sua essência; dada a sua natureza, nasceram autogestionárias, portanto, os
conselhos também veem sustentar essa autonomia.
1.3 Conselhos na educação básica
Apesar de ter sido optado pela terminologia de “colégio” a forma de gestão,
não foi “colegiada”, mas, principalmente, autocrática, de feição presidencialista.
Em 1953, institucionalizou-se as congregações de professores do ensino
secundário e normal em São Paulo.
8
De acordo com Mendonça (2000), citado por Bordignon (2004), somente a
partir dos movimentos populares que passaram a reivindicar a participação na fase da
luta pela redemocratização do país. No final da década de 70, com a retomada das
eleições para governadores é que começaram a produzir nos sistemas de ensino
públicos algumas experiências de gestão colegiada das instituições de educação
básica, como simples estratégia de gestão democrática. O Colegiado de Escola que
figura no Estatuto do Magistério Público de Minas Gerais (Lei nº 7.109, de
13/10/1977), se aproximava de uma congregação de professores, não fazia referência
às categorias dos estudantes, funcionários e pais e tinha atribuições relativas às
questões administrativas da carreira docente.
O próprio Mendonça, já citado, recorda que em São Paulo, os Conselhos
Escolares aparecem, com função consultiva, no Regimento Comum das Escolas de 1º
Grau (Decreto nº 10.623/77) e de 2º Grau (Decreto nº 11.625/78). Possuíam caráter
apenas consultivo e eram constituídos pelo diretor e seus assistentes, por
orientadores, por representantes dos professores, pelo secretário da escola e, pelo
representante da APM e, no 2º grau, dois representantes de estudantes. Em 1984,
alterou a composição e atribuiu funções deliberativas ao Conselho Escolar. Em 1985,
nova lei ampliou os poderes do Conselho Escolar e estabeleceu a paridade na
composição.
Em 1985, conforme explicita Mendonça (2000), citado por Bordignon (2004,
p.32), o Conselho de Educação do Distrito Federal, pelo Parecer nº 06/85, autorizou a
Fundação Educacional, gestora da rede pública a instituir o sistema de administração
colegiada, em caráter experimental, pelo prazo de até três anos, na direção dos
estabelecimentos de ensino da Rede Oficial de Ensino do Distrito Federal. Como se
observa não tratava de um Conselho Escolar, como concebido hoje, mas de um
Conselho Diretor, constituído por um diretor-superintendente eleito pela comunidade
escolar, um diretor pedagógico nomeado pelo diretor, coordenadores de atividades
indicados pelos professores, e representantes da comunidade escolar indicados pelos
pais ou estudantes maiores de 18 anos.
O Conselho Escolar da rede municipal de Porto Alegre (Lei Municipal nº
5.693/85) funcionou como uma espécie de colégio eleitoral restrito.
Ainda o mesmo Mendonça (2000), relata que a criação dos Conselhos
Escolares comunitários na rede estadual de Santa Catarina (Decreto nº 911/87) e dos
Conselhos Escolares na rede municipal de Natal / RN. Essas experiências, e a forte
9
presença das entidades de educadores da educação pública, reunidas no Fórum
Nacional em Defesa da Educação Pública, nos debates da Constituinte, garantiram a
inclusão, na Constituição de 1988.
A forma que a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDBEN nº
9.394/96, definiu para implantação da gestão democrática da escola pública adotou a
estratégia de remeter aos sistemas de ensino a definição das normas de gestão
democrática do ensino público na educação básica com dois condicionantes: a
participação das comunidades escolares e local em Conselhos Escolares ou
equivalentes e a participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto
pedagógico da escola.
Art. 14 – Os sistemas de ensino definirão as normas da gestão democrática do ensino público na educação básica, de acordo com as suas peculiaridades e conforme os seguintes princípios: I – participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico da escola; II – participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes. Art. 15 – Os sistemas de ensino assegurarão às unidades escolares públicas de educação básica que os integram progressivos graus de autonomia pedagógica e administrativa e de gestão financeira, observadas as normas gerais de direito financeiro público.
Com isso a LDBEN procurou respeitar a autonomia das unidades federadas
estabelecendo que os sistemas de ensino terão liberdade de se organizarem nos
termos da lei e atribuiu à União a responsabilidade da coordenação da política
nacional de educação. Assim, ao mesmo tempo em que estabeleceu princípio e
diretrizes para a implementação do princípio constitucional da gestão democrática,
preservou a autonomia do ensino superior e determinou metas para a democratização
da educação básica.
1.4 Conselho Escolar no Paraná
A Secretaria de Estado da Educação - SEED e o Conselho Estadual de
Educação – CEE instituíram os Conselhos de Escola, por meio da Resolução nº
2.000/91, que estabeleceu Regimento Escolar Único para os estabelecimentos da
rede pública estadual de ensino. Nesse Regimento Escolar Único, constava a
existência do Conselho Escolar. A vista disso, o Conselho Estadual de Educação -
CEE através da Deliberação nº 020/91, emitiu parecer, vedando a elaboração dos
10
regimentos únicos e estabelecendo que “todas as escolas devem ter um órgão
máximo de decisões coletivas, o colegiado, que deve abranger representação de toda
a comunidade escolar, reforçando o princípio constitucional da democracia”.
A Resolução nº 4.839/94 da SEED, legitima as normas contidas na
Deliberação nº 020/91 do CEE, que aprova os regimentos escolares da Rede Pública
Estadual, nos quais constam as normas de funcionamento dos Conselhos Escolares
do Estado do Paraná. Posteriormente, essas normas foram revogadas e substituídas
pela Deliberação nº 16/99 do CEE e Resolução nº 2.122/00 da SEED. Em 2005, a
SEED baixou a Resolução nº 2.124/05, que orienta a análise e aprovação do novo
Estatuto do Conselho Escolar para a Rede Pública Estadual para “fortalecer a
construção da cultura democrática rompendo com a cultura autoritária e centralizadora
de educação” (PARANÁ, 2005, p. 6).
Em 2008, através da Resolução nº 4.649/08, a SEED amplia a competência
dos Núcleos Regionais de Educação para aprovarem os Estatutos do Conselho
Escolar dos estabelecimentos de ensino de educação básica do Paraná, revogando a
Resolução nº 2.124/05.
Em conseqüência disso, chegam às escolas, em abril de 2010, um material de
apoio para subsidiar a elaboração dos Estatutos do Conselho Escolar.
Torna-se importante registrar que nos dias atuais os conselhos representam
uma estratégia privilegiada de democratização das ações do Estado no interior das
escolas.
1.5 Conselho Escolar no Colégio Estadual Rio Branco – EFMNP
Deve-se ressaltar que constam nos arquivos do Estabelecimento de Ensino,
que o Conselho Escolar funciona no Colégio, desde o ano de 1992, tendo ocorrido a
reunião de sua criação no dia 14 de setembro de 1992, cuja ata encontra-se
registrada em livro próprio do Conselho Escolar, no Colégio.
O atual Estatuto do Conselho Escolar, foi devidamente reestruturado
seguindo as instruções da SEED, sendo aprovado pelo Parecer nº 54/2010 e
homologado de acordo com a Resolução nº 4.649/08, pelo Ato Administrativo nº
98/2010 do Núcleo Regional de Educação de Jacarezinho.
11
2 Gestão Democrática
Tudo o que a gente puder fazer no sentido de convocar os que vivem em torno da escola, e dentro da escola, no sentido de participarem, de tomarem um pouco o destino da escola na mão, também. Tudo o que a gente puder fazer nesse sentido é pouco ainda, considerando o trabalho imenso que se põe diante de nós que é o de assumir esse país democraticamente.
Paulo Freire
No final da década de 1970, do século passado, surgiram movimentos de
educadores que lutavam pela participação democrática no processo de tomada de
decisões, procuravam transformar o interior das escolas em espaços de expressão
das comunidades.
Além disso, visava tornar acessível às camadas populares o conhecimento
sistematizado e consequentemente a melhoria do ensino, através de eleições direta
para diretores, admissão dos Conselhos Escolares, contando com a participação
efetiva de todos os segmentos da escola. Esse movimento segundo Pandolfo
(2007), teve como objetivo acabar com os mandos e desmandos dos diretores,
interromper com a cultura assistencialista, promovendo canais de comunicação,
participação, de forma que a comunidade escolar se organizasse para a construção
do coletivo escolar.
Esta luta foi contemplada com a promulgação da Constituição da República
Federativa do Brasil de 1988, no seu art. 206, inciso VI, que coloca como um dos
princípios a “gestão democrática do ensino público, na forma da lei” e através da Lei
de LDBEN (nº 9394/96) em seu inciso VIII, do art. 3º e nos art. 14 e 15, como
apresentados em texto anterior.
Em relação ao exposto acima, tem-se que a gestão democrática e a
progressiva autonomia das escolas foram instauradas apenas pelo aspecto legal,
tendo a necessidade de contar com a participação efetiva de todos os segmentos da
comunidade escolar. Os estabelecimentos de ensino têm autonomia para verificar e
agir democraticamente de acordo com a sua realidade, construindo e ou
implementando o Projeto Político Pedagógico da escola.
Na verdade, a gestão democrática das escolas públicas paranaenses, ainda
não se efetivou na prática. A esse respeito, Paro afirma:
12
Do modo como está instituído hoje em vários sistemas de ensino do país, o conselho de escola fica, quase sempre, na dependência da vontade política do diretor para funcionar adequadamente, de maneira a servir como veículo de democratização da escola. Embora, em termos legais, esse colegiado seja deliberativo e se coloque ao lado do diretor, fazendo parte (supostamente) da direção, o diretor de escola, premido pelas circunstâncias acima mencionadas, fazendo uso de sua autoridade como responsável último pela unidade escolar e diante da insuficiente pressão por participação da parte dos demais setores da escola, acaba por “montar” ele próprio um conselho apenas formal e inoperante, que só decide questões marginais e sem importância significativa para os destinos da escola, ficando o diretor sozinho para tomar decisões, já ser ele que arcará com as responsabilidades. (2004, p.102)
Continuando, o mesmo autor, enfatiza que para a existência real de escolas
democráticas muito ainda precisa ser revisto, conforme segue:
Se quisermos caminhar para essa democratização, precisamos superar a atual situação que faz a democracia depender de concessões e criar mecanismos que construam um processo inerentemente democrático na escola. Embora esta não seja uma tarefa fácil, parece-me que o primeiro passo na direção de concretizá-la deve consistir na busca de um conhecimento crítico da realidade, procurando identificar os determinantes da situação tal como ela hoje se apresenta. (2004, p.19)
Diante do exposto é preciso desenvolver um trabalho coletivo no interior das
escolas públicas para que se possa superar esta situação que se apresenta. No
entanto, para que se efetive as transformações necessárias, é preciso que a estrutura
educacional da escola democrática favoreça e incentive a participação e a
permanência da comunidade escolar nas reuniões e tomadas de decisões.
Lembrando-se que democracia deve ser conquistada por todos os membros.
Em relação ao gestor, o mesmo deve possuir perfil democrático, desenvolver
atitudes condizentes com a ação democrática a ser realizada no dia-a-dia da escola.
Ele não pode se esquecer de suas responsabilidades enquanto diretor, porém, não é o
proprietário dos anseios da comunidade escolar.
Nesta perspectiva, acredita-se que a democracia só acontecerá realmente no
chão da escola, se seus dirigentes, de fato, tiverem a capacidade de favorecer a
participação efetiva de todos os envolvidos, profissionais da educação, alunos, pais, e
segmentos da sociedade. Entretanto é através do diálogo que venham opinar e
participarem das decisões a serem tomadas. Cabe enfatizar que no cotidiano escolar
13
é preciso colocar em prática a gestão democrática, pois, “...só participa efetivamente
quem efetivamente exerce sua cidadania...” (ANTUNES, 2002, p. 98)
Neste sentido, não se constrói democracia, apenas com discurso, mas
necessita de ações, de aprendizado que possam interiorizá-la. Ressalta-se novamente
que avalizar a democracia exige-se participação da comunidade escolar nas
discussões, reflexões e possíveis intervenções de acordo com a sua realidade,
enquanto membros desta comunidade.
Contudo, pode-se deparar com alguns entraves, ou seja, a ausência de
participação da comunidade escolar, alegando falta de tempo, de interesse, de
informação e principalmente pela falta de cultura e de conscientização dessa
participação.
De fato, deve-se combater estes pretextos que impedem a participação da
comunidade escolar, realizando um trabalho de envolvimento da comunidade,
conscientização da mesma quanto a participação. Torna-se importante que os
diretores das escolas garantam o espaço de participação do coletivo e que sejam
respeitadas suas decisões levando sempre em conta o bem da comunidade.
Segundo Paro (2000, p. 46), sabe-se que:
...a participação democrática não se dá espontaneamente, sendo antes um processo histórico de construção coletiva, coloca-se a necessidade de se preverem mecanismos institucionais que não apenas viabilizem mas também incentivem práticas participativas dentro da escola pública.
Assim, é imprescindível, que haja incentivo e aceitação dos diretores, quanto
à efetiva participação da comunidade escolar, no interior da escola pública, pois
somente através da união de esforços de todos os envolvidos para conseguir
conquistar a sua autonomia e torná-la democrática.
O próprio Paro, já citado, aventa que a superação dos condicionantes do
autoritarismo institucional depende exclusivamente do esforço de todos os envolvidos,
visando à participação coletiva da comunidade escolar. Explica que existe um
movimento dialético entre a superação dos condicionantes do autoritarismo e trabalhar
com afinco pela participação coletiva, compondo-se “...um só processo, de modo que
avanços em um dos campos levem a avanços no outro de forma contínua e
interdependente.” (PARO, 2000, p.27)
14
De acordo com Libâneo (2005), não é auto-suficiente a democratização do
processo de tomada de decisões, é necessário democratizar o conhecimento, buscar
uma adequação pedagógica-didática para todos os alunos; valorizar a escola pública e
colocar em prática uns trabalhos docentes diferenciados, cumprindo assim, a função
original da educação escolar, o ensino.
Libâneo cita ainda, que:
Democratizar o ensino é ajudar os alunos a se expressarem bem, a se comunicarem de diversas formas, a desenvolverem o gosto pelo estudo, a dominarem o saber escolar; é ajudá-los na formação de sua personalidade social, na sua organização enquanto coletividade.(2005, p.12)
Dessa forma, está posto que, cabe enfatizar a importância de proporcionar
momentos específicos de aprendizagem, despertar no aluno o interesse pelos
estudos, articular sempre o conhecimento aos interesses do coletivo, levando a
socialização do saber, tendo como objetivo à formação integral do ser humano e que
suas práticas se tornem democráticas.
Parte-se do princípio que se a escola não participa da comunidade, essa por
sua vez não participa da escola. "Isto deveria alertar-nos para a necessidade de a
escola se aproximar da comunidade, procurando auscultar seus reais problemas e
interesses." (PARO, 2004, p.27).
Portanto, todos os segmentos da comunidade devem compreender melhor o
funcionamento da escola, conhecer com mais profundidade todos os que nela
estudam e trabalham, intensificar seu desenvolvimento com ela e assim, acompanhar
melhor a educação ali oferecida.
De acordo com Paro (2004), o defeito da escola tem sido, o de não
conseguir perceber a sua inadequação para o ensino e jogar a culpa desse fracasso
no aluno, em vez de cumprir uma de suas mais importantes tarefas que é o desafio
primordial da didática. O dever da escola é levar o aluno a querer aprender do qual
dependem as demais iniciativas e ensiná-los. Assim, torna-se imprescindível à
participação de todos os envolvidos, alunos, pais e comunidade escolar para que a
escola seja democrática, e atenda à realidade local.
Conforme Veiga (1996, p.158), "a gestão democrática exige compreensão
em profundidade dos problemas postos pela prática pedagógica." Dessa forma, a
autora também coloca que a gestão democrática rompe as barreiras entre concepção
15
e execução, entre o pensar e o fazer, entre teoria e prática. Portanto, busca resgatar
o controle do processo e o produto do trabalho pelos educadores.
A gestão democrática só será colocada em prática se a comunidade escolar
se organizar para conquistar os seus direitos, quanto a participação da comunidade
em modificar situações existentes, através das Associações de Pais, Mestres e
Funcionários, Grêmio Estudantil e a concretização da democracia através dos
Conselhos Escolares.
3 Conselhos Escolares
Na década de 1990 iniciaram as discussões sobre as implementações
das reformas das políticas públicas criadas com o propósito de repensar a
organização dos tempos escolares, e a construção da gestão democrática que
poderá ser possível através da efetiva participação dos Conselhos Escolares.
A melhoria da qualidade social da educação ofertada para todos com
certeza, passa pela atuação do Conselho Escolar de cada escola do país.
No âmbito escolar, segundo Ciseski e Romão (2004, p.70) o Conselho de
Escola
é um colegiado normalmente formado por todos os segmentos da comunidade escolar: pais, alunos, professores, direção e demais funcionários. Através dele, todas as pessoas ligadas à escola podem se fazer representar e decidir sobre aspectos administrativos,financeiros e pedagógicos, tornando este colegiado não só um canal de participação, mas também um instrumento de gestão da própria escola.
Sem dúvida, uma escola que deseja promover uma educação de
qualidade para todos, precisa ter representação de todos, portanto, ser uma
escola democrática. A esse respeito, a escola é uma instância que contribui para a
democratização entre os seus diversos segmentos e, consequentemente, para a
melhoria da qualidade do ensino. É importante reafirmar que a escola e todo o seu
conjunto é um espaço de exercício da democracia.
A esse respeito, Prais coloca que:
A administração colegiada, ao se firmar na decisão coletiva, constitui-se em efetivo espaço de comprometimento dos membros da comunidade escolar com o projeto político pedagógico a ser assumido. É exatamente este espaço que poderá ser conscientemente explorado pelas camadas populares, a favor
16
de seus próprios interesses, consolidando sua contra-hegemonia com uma proposta de escola progressista, visando a construção de uma nova ordem social. Assim a prática pedagógica torna-se efetivamente prática social e o educador encontra possibilidade de se assumir enquanto intelectual orgânico e comprometido com os interesses das camadas populares. (1996, p.83)
Dessa forma, a administração colegiada, através da participação coletiva
contribui para formar um novo codidiano escolar, onde a escola e a comunidade se
identificam e caminham juntas para enfrentarem os desafios escolares imediatos e
também os graves problemas sociais vividos nos dias atuais, nesta perspectiva
visa-se a uma educação compromissada com a transformação social.
A escolha dos integrantes do Conselho Escolar é feita de forma aleatória
junto à comunidade escolar. Dessa forma, não ocorre um trabalho de
conscientização do papel do Conselheiro e assim, acontece a formação do Conselho
Escolar com integrantes totalmente desinformados de suas verdadeiras funções.
A esse respeito, Paro (2004, p.45-46) afirma que "...a existência de
mecanismos de ação coletiva, parece não estar servindo satisfatoriamente a essa
função, em parte devido a seu caráter formalista e burocratizado."
Assim, os membros do Conselho Escolar, realizam um trabalho que acontece
sem a conscientização da sua realidade e sem o levantamento de dados e informações
necessárias que ofereçam a seus integrantes subsídios para análise com posterior
deliberação e o cumprimento burocrático dessa instância.
Neste contexto, vale registrar que no Estatuto do Conselho Escolar do
Colégio Estadual Rio Branco - EFMNP, em seu art. 2º, quanto a sua natureza e seus
fins, consta:
O Conselho Escolar é um órgão colegiado, representativo da Comunidade Escolar, de natureza deliberativa, consultiva, avaliativa e fiscalizadora, sobre a organização e realização do trabalho pedagógico e administrativo da instituição escolar em conformidade com as políticas e diretrizes educacionais da Secretaria de Estado da Educação observando a Constituição Federal e Estadual, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, o Estatuto da Criança e do Adolescente, o Projeto Político-Pedagógico e o Regimento Escolar, para o cumprimento da função social e específica da escola. (SEED, 2010, p. 1)
Cabe enfatizar que ele é o principal segmento da comunidade escolar, é o
que norteia, o que conduz todas as atividades a serem realizadas no interior da
escola pública, no entanto, é preciso ter clareza dos seus objetivos que são tornar
17
acessível o conhecimento sistematizado e atender os interesses das camadas
populares e ou trabalhadoras.
A esse respeito Witmann, coloca:
A atuação participante na gestão da educação escolar é um processo que demanda reflexão e estudo e constitui um processo de formação cotidiana e continuada, na própria atuação do Conselho Escolar na gestão do trabalho pedagógico e em outros aspectos da gestão escolar. Entretanto, há necessidade de momentos de reuniões de caráter formativo, especificamente voltadas à formação dos agentes da escola e da comunidade local. Essas exigências de formação intensiva emergem da prática educativa escolar e as reflexões e estudos, em Círculos de Cultura, voltam ao concreto do trabalho escolar e sobre ele reincidem para melhorá-lo. (2006, p.18)
Desse modo, torna-se imprescindível a preparação e a formação de todos os
membros do Conselho Escolar e demais interessados, para que os mesmos possam
contribuir com a melhoria da qualidade do ensino.
Conforme Antunes (2002), o Conselho de Escola é um colegiado composto
por um representante de cada segmento dos profissionais da escola, alunos e pais.
Esse colegiado, torna-se um espaço de discussões dos problemas vividos no
interior da escola, bem como, a efetiva participação de todos membros na tomada
de decisão junto a gestão escolar.
Explicitando essa questão Antunes afirma que:
Constituir um Conselho de Escola seguindo as normas democráticas dá trabalho e exige tempo, paciência, determinação, preparação e respeito pelo outro, mas, por outro lado, a probabilidade de a escola conseguir um grupo atuante e comprometido é muito maior.(2002, p. 72)
De fato, quando se conta com uma equipe bem estruturada, comprometida
com a melhoria da qualidade da educação, nos ajudará quanto aos
encaminhamentos das discussões sobre os problemas que ocorrem no chão das
nossas escolas, seus anseios e necessidades da atualidade.
De acordo com Antunes (2002), as convocações para as reuniões do
Conselho Escolar e a elaboração da pauta, todos os segmentos da escola, podem
fazer sugestões de assuntos a serem discutidos pelos membros do Conselho
Escolar, os pontos negativos, principalmente os positivos e o Projeto Político
Pedagógico da escola. Ao término da reunião, cada membro deverá repassar a
cada segmento as decisões tomadas coletivamete.
18
Segundo Prais (1996, p. 60-61) ... “a administração colegiada exige um novo
compromisso por parte de todos os seus integrantes. Compromisso que requer a
participação de toda a comunidade escolar nas decisões do projeto educacional da
escola.” Desta forma, é importante que a postura de todos os profissionais da
educação seja positiva, acolhedora e que venha facilitar a participação dos mesmos,
na melhoria do aprendizado dos alunos.
Mais adiante, Antunes (2002), destaca que é de grande relevância que as atas
das reuniões do Conselho Escolar sejam bem redigidas, precisas e retrate de maneira
sucinta os assuntos discutidos e ou as decisões tomadas nas reuniões.
Contudo, é preciso que os membros do Conselho Escolar entendam que é
necessário fazer a leitura e análise das atas ao término de cada reunião. Ainda de
acordo com Antunes (2002, p. 51) [...] “atas permitem sistematizar o trabalho realizado
pelo Conselho de Escola, refletir sobre a prática que vem sendo desenvolvida e
construir novos conhecimentos que permitam práticas melhores no futuro.”
Em relação ao exposto acima, quando da análise das atas, observa-se os
assuntos discutidos nas reuniões do Conselho Escolar e pode-se verificar a
participação dos seus membros, através das assinaturas nas atas.
Cumpre assinalar que Navarro, analisa essa questão afirmando que:
Os Conselhos Escolares, ao assumirem a função de estimular e desencadear uma contínua realização e avaliação do projeto político-pedagógico das escolas, acompanhando e interferindo nas estratégias de ação, contribuem decisivamente para a criação de um novo cotidiano escolar, no qual a escola e a comunidade se identificam no enfrentamento não só dos desafios escolares imediatos, mas dos graves problemas sociais vividos na realidade brasileira.(2004, p. 36)
Desse modo, superam-se concepções meramente burocráticas e formais de
gestão com caráter centralizador e autoritário, assim, contribui-se efetivamente para
a educação emancipadora.
Reafirmando essa teoria, Witmann (2006), expõe que o Conselho Escolar
deverá buscar soluções, para desvelamento da sua real função, não agindo
improvisada e isoladamente procurando relacionar a experiência e a teoria para
fundamentar as decisões e sua atuação; constitui-se momento de reflexão séria e
rigorosa, onde se procura evitar ações sem fundamentos. A discussão coletiva, o
trabalho sistematizado darão suporte à busca de alternativas válidas que interferirão
em mudanças da realidade.
19
Conforme o Estatuto do Conselho Escolar do Colégio Estadual Rio Branco -
EFMNP, a função avaliativa refere-se ao acompanhamento sistemático das ações
educativas desenvolvidas pela unidade escolar. Tem-se como objetivo a identificação
de problemas e alternativas para a melhoria de seu desempenho. Assim para garantir
o cumprimento das normas da escola bem como, a qualidade social da instituíção
escolar.
De acordo com Antunes (2002), o Conselho Escolar deve ser avaliado
periodicamente pelo coletivo escolar, para sanar as possíveis falhas e torná-lo cada
vez mai eficaz na sua atuação.
Torna-se importante ressaltar que através da preparação dos conselheiros
em relação às suas atribuições, objetiva-se o acompanhamento das atividades
escolares com vista à melhoria da qualidade de ensino. Portanto, todo conselheiro
deve estar comprometido com o procedimento educacional, a partir da realidade
concreta da escola, garantindo a natureza essencialmente político - educativa que
caracteriza um Conselho Escolar.
5 Considerações Finais
Deve-se ressaltar que a luta dos educadores para democratizar as relações
no interior das escolas públicas culminou com o estabelecimento de um dos
princípios da educação escolar - “a gestão democrática do ensino público”, por isso,
atualmente, faz-se necessário rever a forma de atuação dos membros do Conselho
Escolar, visto que, mesmo tendo seu amparo legal, a partir da Constituição de 1988,
na prática a democracia não se efetivou. Sendo assim, é preciso conscientizar e
capacitar os membros do Conselho Escolar para que atuem a contento, e
possibilitem a expressão de suas idéias.
Enfatiza-se também, que a comunidade escolar, precisa estar sempre
reunida, e em constante diálogo, pois só assim será possível afirmar que as
decisões tomadas representam a vontade do coletivo.
A gestão democrática deve ser compreendida como um processo de
debates coletivos, decisões em grupo, acompanhada pelos elos colocados pelas
ações de todos aqueles que participam do processo escolar, posto aqui a importância
do Conselho Escolar.
20
Conclui-se que a democratização da escola somente se realizará
inteiramente, quando estiver intimamente conectada com a socialização da
participação dos segmentos escolares. Logo, a democracia provoca um processo de
conquistas, de participação, de organização coletiva, de preparação e produção do
conhecimento com vistas à transformação de uma realidade que se quer mais justa.
Com vistas a essas realidades, propõe-se que o Conselho Escolar do Colégio
Estadual Rio Branco – EFMNP, favoreça a representatividade de seus segmentos
com informações corretas e atuais, o que permitirá que haja comunicação vertical e
horizontal. Dessa maneira, deverá ocorrer a participação efetiva e descentralizadora
de toda a comunidade escolar como prevê a gestão democrática.
21
REFERÊNCIAS
ANTUNES, Ângela. Aceita um conselho? Como organizar o colegiado escolar; v. 8. São Paulo : Cortez : Instituto Paulo Freire, 2002.
BOBBIO, Norberto; MATTEUCCI, Nicola; PASQUINO, Gianfranco. Dicionário de Política. Tradução Carmen C. Varriale et al. Coordenação de tradução João Ferreira. Brasília, DF: Editora Universidade de Brasília, 1991. vol. 1.
BORDIGNON, Genuíno. Conselhos escolares: uma estratégia de gestão democrática da educação pública. Programa Nacional de Fortalecimento dos Conselhos Escolares, Brasília : MEC, SEB, 2004.
BRASIL, Constituição da República Federativa do Brasil:promulgada em 5 de outubro de 1988. Disponível em: www.mec.gov.br/legis/default.shtm. Acesso em 20 out. 2004.
BRASIL, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei nº 9394/96. Brasília. MEC, 1996.
CISESKI, Ângela Antunes; ROMÃO, José Eustáquio. Conselhos de Escola:coletivos intituintes da escola cidadã. In: GADOTTI, Moacir; ROMÃO, José Eustáquio (orgs.). Autonomia da escola: princípios e propostas; v.1. 6. ed. São Paulo: Cortez : Instituto Paulo Freire, 2004.
GUARINELLO, Norberto L. Cidades-Estado na antiguidade Clássica. In: PINSKY, Jaime; PINSKY, Carla Bassanezi (Orgs.). História da cidadania. São Paulo: Contexto, 2003.
ISKANDAR, Jamil Ibrahim. Normas da ABNT: comentadas para trabalhos científicos. 4. ed. Curitiba: Juruá, 2009.
LIBÂNEO, José Carlos. Democratização da escola pública: a pedagogia crítico-social dos conteúdos; 20. ed. São Paulo: Edições Loyola, 2005.
MENDONÇA, Erasto F. A regra e o jogo: democracia e patrimonialismo na educação brasileira. Campinas: Lapplane, 2000.
22
NAVARRO, Ignes Pinto. Conselhos escolares:democratização da escola e construção da cidadania. Programa Nacional de Fortalecimento dos Conselhos Escolares, cad. 1 Brasília: MEC, SEB, 2004.
PANDOLFO, Simoni Stefanello. A constução da democracia no universo escola. Gestão em rede. Brasília, DF : CONSED, nº 80, 2007.
PARANÁ, Projeto lei. Fixa normas para criação de conselhos escolares nos termos do Art. 178, inciso VII da Constituição Estadual. Assembleia Legislativa. [S.n.t.]. Mimeo.
PARANÁ, Regimento escolar para os estabelecimentos da rede pública estadual. Curitiba: Imprensa Oficial, 2007.
PARO, Vítor Henrique. Gestão democrática da escola pública. 3. ed. São Paulo: Ática,2004.
PRAIS, Maria de Lourdes Melo. Administração colegiada na escola pública. 4. ed. Campinas, SP : Papirus,1996.
VEIGA, Ilma Passos Alencastro. Ensino e aval iação: uma relação intrínseca à organização do trabalho pedagógico. In: VEIGA, Ilma Passos Alencastro. (org.) Didática : o ensino e suas relações. Campinas: Papirus, 1996.
WITMANN, Lauro Carlos [et. al]. Conselho escolar como espaço de formação humana: círculo de cultura e qualidade da educação; cad. 6. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2006.