O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE
2009
Produção Didático-Pedagógica
Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7Cadernos PDE
VOLU
ME I
I
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃOSUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO
DEPARTAMENTO DE POLÍTICAS E PROGRAMAS EDUCACIONAISCOORDENAÇÃO ESTADUAL DO PDE
IES: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTENÚCLEO REGIONAL DE CASCAVEL
ZENILDE ZOBOLI
CASCAVEL2010
REFLEXÕES PEDAGÓGICAS SOBRE A EDUCAÇÃO AMBIENTAL
ZENILDE ZOBOLI
REFLEXÕES PEDAGÓGICAS SOBRE A EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Produção Didático-Pedagógica (Unidade Didática) apresentada ao Programa de Desenvolvimento Educacional - PDE pela Professora Zenilde Zoboli do Núcleo Regional de Educação de Cascavel, sob a orientação do Professor Dr. José Flávio Candido Júnior da Universidade Estadual do Oeste do Paraná - UNIOESTE
CASCAVEL2010
1. INTRODUÇAO...............................................................................................04
2. PRESSUPOSTOS TEÓRICOS.....................................................................05
2.1. Proposta Pedagógica Curricular para a Educação Ambiental..............06
2.2. Conhecimentos Científicos e Aprendizagem em Educação Ambiental..........................................................................................................10
3. PROPOSTA DE AÇÃO PEDAGÓGICA......................................................13
4. REFERÊNCIAS........................................................................................... 17
SUMÁRIO
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Segundo Sauvé (2005), a Educação Ambiental (EA), enquanto dimensão essencial
da educação, baseia-se nas três esferas de interação: consigo mesmo, com os outros e
com o meio de vida compartilhado, isto é, a relação com o meio ambiente.
Nessa perspectiva, as Diretrizes Curriculares da Educação Básica de Ciências do
estado do Paraná, (PARANÁ, 2008), sugerem que as interações entre os seres humanos
com os demais seres vivos e com a Natureza devem buscar condições favoráveis de
sobrevivência. Porém, a interferência do ser humano no ambiente incorpora experiências,
conhecimentos, técnicas e valores produzidos coletivamente e transmitidos culturalmente.
Estes estabelecem novas formas de pensar e agir na natureza, compreendendo-a e
apropriando-se dos seus recursos.
Mediante os desafios enfrentados no ensino de Ciências com relação aos
pressupostos da Educação Ambiental (EA), esta Unidade Didática visa auxiliar o
encaminhamento pedagógico relacionado às ações metodológicas do tema abordado.
Diante disso, há necessidade de proporcionar uma educação que contribua para a
tomada de consciência, estruturação de valores, atitudes e desenvolvimento de
competências que possam auxiliar na superação dos problemas sócio ambientais.
Sendo assim, é necessário que o professor, enquanto mediador da construção
de referenciais ambientais busque usá-los como instrumentos que contribuam para uma
prática social centrada na natureza. Este, sabedor que seus alunos aprendem de modos
diferentes, deve partir da abordagem de ensino que tem como proposta a “metodologia da
mediação dialética1” para a qual são utilizadas diferentes linguagens.
A relação entre o homem e o ambiente é uma questão que deve ser discutida
desde a mais tenra idade. Porém, não na perspectiva mistificadora, ou como modismo,
mas possibilitando ao individuo a reavaliação crítica perante os problemas ambientais.
1 Materialismo histórico-dialético, concepção de prática educativa pautada numa perspectiva ontológica atra-vés das dimensões oriundas das relações econômicas, sociais, políticas e culturais que conformam o ho-mem organizado em sociedade.
1. INTRODUÇAO
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Segundo Arnoni (2004), os sujeitos durante a aprendizagem na perspectiva da
dialética, serão colocados em situações problematizadoras, através das quais se pretende
que percebam as divergências entre o seu saber imediato e o saber mediato trabalhado
pelo processo de ensino, propondo dessa forma a superação do conhecimento empírico
(imediato) para o acesso aos fundamentos teóricos que dêem sustentação às análises do
cotidiano tendo como referencial o conhecimento científico.
Desta forma, seguindo a lógica da categoria histórica-dialética para se trabalhar a
Educação Ambiental, torna-se fundamental o emprego da mediação entendida como uma
totalidade na qual se articulam o fundamento, ou seja o método, a metodologia e a lógica
que norteia os processos da aprendizagem.
Neste sentido, emprega-se o movimento para construir o conceito de meio
ambiente ligado às relações de interdependência que existem entre o homem, as
sociedades e os componentes físicos, químicos, bióticos do meio integrando os aspectos
econômicos, sociais e culturais no decorrer da história da humanidade.
A questão ambiental, conforme Rodrigues (1998 citado por Paraná 2008), “deve
ser compreendida como um produto da intervenção da sociedade sobre a natureza, e diz
respeito não apenas aos problemas relacionados à natureza, mas às problemáticas
decorrentes da ação social”. Portanto, é papel da escola socializar o saber elaborado pela
mediação dialética, onde o professor possa, a partir do referencial teórico desenvolver um
processo de ensino vinculado e comprometido com a aprendizagem dos alunos.
A prática pedagógica, no âmbito da história da educação, é um ato político, que
expressa uma concepção de sociedade e de uma determinada concepção de educação e
possibilita uma maior compreensão sobre o tema proposto no que tange ao sucesso da
aprendizagem (Saviani 2008). Neste sentido, Laburu et al. (2003), analisando a dinâmica
escolar, afirmam:
2.PRESSUPOSTOS TEÓRICOS
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Nenhuma perspectiva intelectualista, psicológica, epistemológica e pedagógica esta completa, sem uma perspectiva política, histórica e sociológica. Um currículo, uma escola, uma instituição e decisões científico-tecnológicas são posições acima de tudo, políticas. É preciso considerar que a vida da inteligência, a vida afetiva e moral, e a vida social constituem uma unidade, de tal forma estruturada, que no processo de desenvolvimento há uma interdependência entre elas (LABURU et al. 2003, p.257).
Sendo assim, é necessário analisar a escola como um espaço que se
fundamenta numa proposta pedagógica de trabalho, onde o conhecimento se expressa de
forma cultural, política e social que manifestam diante da prática pedagógica.
A escola nesse sentido, de acordo com Belim (2007), deve iniciar um
processo de maneira que o ser humano compreenda a natureza e sinta-se parte dela a
fim de que estabeleça relações com o meio natural de forma a atender as necessidades
sócio ambientais. Ressalta ainda a importância de se compreender quais as concepções
sobre educação ambiental permeiam a práxis de alguns professores pois, afinal o trabalho
docente ocorre de acordo com a concepção que está estabelecida no âmbito escolar.
Portanto, esta proposta de trabalho se fundamentaliza nas práticas
pedagógicas de forma a contribuir para que o conhecimento tenha significado para o
sujeito da aprendizagem, e que as ações a respeito da Educação Ambiental (EA) sejam
problematizadas e compreendidas por estes sujeitos permeando determinado contexto
social.
2.1 Proposta Pedagógica Curricular para a Educação Ambiental
As Diretrizes Curriculares da Educação Básica de Ciências do estado do
Paraná apontam que, historicamente, a escola pública brasileira justifica sua existência
porque passou a atender um número cada vez maior de estudantes provenientes das
classes populares, principalmente nas últimas décadas. Sapazziani e Gonçalves (2005)
destacam que o homem é um ser social, e a cultura na qual se insere vai indicar suas
possibilidades na constituição de si mesmo e no conhecimento do mundo que o cerca.
Complementando a ideia, os autores argumentam que construir conhecimentos é um
processo sócio-histórico no qual os resultados, do ponto de vista da aprendizagem, são
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determinados conjuntamente pelos esforços de todos os envolvidos. A contextualização
contínua e cumulativa de eventos e a criação de um “conhecimento comum” através do
discurso são, portanto, a própria essência da educação como processo psicológico e
cultural (SAPAZZIANI;GONÇALVES, 2005, p. 109).
Assim, ao se tratar de EA é necessário considerar as condições atuais dos
ecossistemas de cada região considerando que estes influenciam nos modos de
sobrevivência dos grupos sociais inseridas em uma determinada localidade.
Porém, a interferência do ser humano no ambiente incorpora experiências,
conhecimentos, técnicas e valores produzidos coletivamente e transmitidos culturalmente.
Conforme retrata a figura1, é necessário levar em consideração as relações de
interdependência entre o homem e a natureza, pois na proposta do materialismo histórico
a natureza deve ser vista como o elemento primordial, ou seja, a própria consciência com
produto da matéria altamente organizada pelo homem.
Figura 1-Diferenças Sociais
www.diaadia.pr.gov.br/tvpen/arquivos/Image/conteudos/2sociologia/guerrilheirosdolixo.jpg
Esta interferência, produto das necessidades humanas e da relação que se
estabelece construída em condições históricas, encontra-se fragilizada pois o homem tem
dificuldade em compreender que ele faz parte da natureza.
Desta forma, enquanto mediador do conhecimento sistematizado, o professor
deverá provocar discussões que confrontam o saber empírico do aluno e o saber
científico de maneira que este estabeleça as relações que articulam sobre a problemática
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da EA, analisando as categorias de produção e consumo da sociedade interferindo no
ambiente.
Segundo Belim (2007), a educação ambiental precisa ser reconhecida como
uma necessidade da sociedade contemporânea, como uma área crítica para promover
transformações nos modos de compreensão e de relação da humanidade com o seu
entorno.
A preocupação com a temática gerou uma demanda de atividades nas escolas,
estimulando entre os educadores uma nova perspectiva de construção do conhecimento,
é o que aponta Tamoio:
Educação Ambiental passou a ser instituída na década de 90, período em que ocorreram os primeiros Fóruns Nacionais de Educação Ambiental; o Ministério do Meio Ambiente institui o PRONEA – Programa Nacional de Educação Ambiental; os Parâmetros Curriculares Nacionais - PCN’s, um documento recentemente elaborado pelo MEC no qual a temática ambiental foi inserida como um conteúdo transversal em todas as disciplinas do currículo escolar; o Senado aprova a lei federal 9795/99, que tem como objetivo oficializar a presença da Educação Ambiental em todas as modalidades de ensino (TAMOIO, 2002, p. 172).
Assim, a temática ambiental se inseriu nas escolas refletindo nas práticas dos
educadores, desenvolvendo suas atividades a partir de análises e referenciais teóricos os
mais variados possíveis. Incorporada, inicialmente na forma de projetos, conforme a
proposta dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) .
Após a reestruturação curricular que ocorreu no Paraná, a partir de 2003, a
diretriz assumiu como política educacional a dimensão de organização de um espaço
escolar democrático determinado pelas funções sociais que os sujeitos envolvidos no
processo de ensino e aprendizagem ocupam nas relações de produção do conhecimento.
Esta produção é definida através de um projeto político pedagógico e do plano
do trabalho docente com a participação coletiva na elaboração das propostas e no
planejamento das atividades. Deve fazer parte deste plano a compreensão de que o ser
humano sinta-se parte da natureza e estabeleça relações com o meio natural de forma
que atenda suas demandas sócio ambientais.
Nesse sentido, conforme Gasparin (2003), o conhecimento constitui um
instrumento, uma ferramenta de trabalho e de luta social na medida em que se destaca na
construção da “nova postura mental e uma resposta apropriada aos problemas sociais”,
dando seqüência,
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Trata-se de uma Teoria Histórico-cultural, que enfatiza a importância da interação dos indivíduos entre si, enquanto sujeitos sociais, e da relação destes, com o todo social no processo de aquisição dos conhecimentos escolares. Por isso, justifica-se a apropriação do conteúdo nas múltiplas interfaces de que se reveste e que devem ser percebidas e aprendidas pelos educandos (GASPARIN, 2003, p.54).
Assim, através de ações metodológicas, o educador orienta na efetiva
construção coletiva do conhecimento junto aos sujeitos da aprendizagem, encaminhando
para o processo dialético que consiste em realizar operações mentais, de análise,
comparação, crítica, levantamento de hipóteses, dedução, formulação de conceitos dentre
outros.
É necessário ainda assegurar a discussão permanente das questões
ambientais na escola através da construção e implementação da Agenda 21 Escolar. Este
documento, construído na coletividade, contempla diagnósticos ambientais da realidade a
qual a escola está inserida2. Contém ainda ações de enfrentamento que a comunidade
escolar se propõe a discutir e efetivar, abrangendo todas as disciplinas e mantendo
permanente a discussão das questões relacionadas ao meio ambiente.
Dando seqüência a esta reflexão, segundo Tamoio (2002), na medida em que
os educandos, através do conceito de natureza, passam a compreender os significados
do seu próprio grupo social, dos problemas e contradições neles presentes, percebem-se
como sujeitos participativos desta natureza. Assim, também percebem as condições
sócio-históricas do seu grupo social dentro da sociedade desigual em que vivem, na
medida em que compartilham ideias, dúvidas e indagações elaboram um conceito
sistematizado sobre a temática.
2.2. Conhecimentos Científicos e Aprendizagem em Educação Ambiental
Os conhecimentos científicos selecionados para a disciplina de ciências
(Paraná 2008), se originam a partir da investigação da natureza. Este conhecimento
2 Plano de ação aprovado na Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, a Rio-92, realizada no Rio de janeiro. Na Agenda 21 estão definidos os compromissos que 179 países assinaram e assumiram de construir um novo modelo de desenvolvimento que resulte em melhor qualidade de vida para a humanidade e que seja econômica, social e ambientalmente sustentável.
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caracteriza a natureza dinâmica e processual de todos os currículos, pois identifica uma
ciência e é histórico, não está cristalizado. Além dos conteúdos propostos, esta diretriz
propõe “incorporar conteúdos decorrentes dos movimentos das relações de produção e
dominação que determinam as relações sociais” (PARANÁ, 2008, p.27).
A escola deve oportunizar a todos o acesso a conhecimentos mínimos para
que os sujeitos da aprendizagem se apropriem do conhecimento científico,
desenvolvendo aprendizagem significativa a partir do resultado da investigação científica.
Ainda, consigam compreender, analisar, buscar relações entre os fenômenos estudados e
tirar conclusões a partir destes podendo desta forma se relacionar com o mundo, com o
outro e com o objeto de estudo.
Neste sentido, pode-se entender que as intervenções que norteiam o trabalho
da escola devem contemplar ações previstas num planejamento no curto, médio e longos
prazos, refletidas num projeto que inclui a dimensão histórica, pois a educação é capaz de
transformar a sociedade, possibilitando as reflexões e ações de mudança da ordem
social.
É fundamental abordar os momentos históricos das políticas educacionais de
forma a compreender os processos pelos quais se concretizaram as formas do trabalho,
pela acumulação do capital, pois a relação do ser humano com o ambiente teve sua
essência na transformação da natureza mediante a dominação.
Justificando esta afirmação, Sauvé (2005, p.318 ) aponta que “inicialmente,
trata-se de tomar consciência de que os problemas ambientais estão essencialmente
associados a questões socioambientais ligadas a jogos de interesses, de poder e a
escolhas de valores”.
Nesta perspectiva, torna-se indispensável a compreensão do processo de
construção do conhecimento científico, compreendendo que a Educação Ambiental
estimula o exercício de resolução de problemas voltados a questão do ambiente , de
maneira a realizar atividades de prevenção a estes problemas.
Esta construção ocorre através da análise em torno do currículo escolar, suas
justificativas para o ensino de ciências nos fundamentos teórico-metodológicos,
conteúdos estruturantes e avaliação, a partir de diferentes metodologias das quais se
fundamentam as práticas pedagógicas pelas sucessivas aproximações entre teoria e
prática.
Conforme Maihach e Limanski (2006, p. 321), o objetivo da educação escolar
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deveria ser a gestão ambiental3, pois “é necessário proporcionar a prática mais humana,
considerando-se a profundidade e a amplitude de sua influência na existência dos seres
humanos, no meio socioeconômico e cultural que pode ser diferenciado pelo trabalho do
modo de existir dos demais seres vivos” .
Segundo Carvalho (2005) ao se apropriar dos conhecimentos científicos e
básicos, compreender os métodos de produção destes e refletir como as produções da
ciência são utilizadas pela sociedade, contribui-se significativamente para ampliar a
capacidade crítica dos indivíduos. Como resultado de um longo processo histórico, o
conhecimento científico permite a construção coletiva da aprendizagem, pois, como
defende a diretriz curricular paranaense, os sujeitos da aprendizagem são frutos do seu
tempo histórico, das relações em que estão inseridos e também apresentam diferenças
individuais nos diversos aspectos de compreensão e elaboração do conhecimento.
Corroborando com essas idéias, a disciplina de Ciências tem como objeto de
estudo o conhecimento científico que resulta da investigação da natureza, esta, entendida
enquanto conjunto de elementos que constituem o universo, em toda sua complexidade,
como o espaço, movimento, matéria, energia, força, tempo e célula (PARANÁ, 2008).
Assim, a dinâmica da relação entre esses elementos possibilita ao sujeito uma
interpretação racional sobre os fenômenos observados a partir dessas relações, bem
como a relacionar-se com a natureza e diferenciar-se dos outros seres pela característica
que se origina essencialmente na atividade do trabalho, buscando a satisfação de suas
necessidades.
Enquanto mediador do conhecimento, o educador deve possibilitar aos sujeitos
da aprendizagem, conhecer a respeito de toda a diversidade, riqueza e a complexidade
de seu próprio ambiente, possibilitando que o sujeito defina o seu ‘nicho’ humano dentro
do ecossistema global. Desta forma, o educador deverá utilizar uma metodologia que
corresponda a esta concepção política educacional e social.
Segundo Gasparin (2003), “a verdadeira aprendizagem depende da ação do
sujeito sobre o objeto e deste sobre o sujeito”. É, portanto, uma interação onde, conforme
Vygostsky (1989), “os conceitos não–espontâneos não são aprendidos mecanicamente,
mas evoluem com a ajuda de uma vigorosa atividade mental por parte da própria criança”.
Afirma ainda:
3 A expressão gestão ambiental é freqüentemente usada para orientar ações, projetos ou programas voltados as mais diversas preocupações com o meio ambiente em determinados espaços geográficos, como por exemplo, bacias hidrográficas, parques e reservas florestais, áreas de proteção ambiental, reservas de biosfera e outros espaços que necessitam de preservação.
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A aprendizagem somente é significativa a partir do momento em que os educandos introjetam, incorporam ou, em outras palavras, apropriam-se do objeto do conhecimento em suas múltiplas determinações e relações, recriando-o e tornando-o “seu”, realizando ao mesmo tempo a continuidade e a ruptura entre o conhecimento cotidiano e o cientifico (GASPARIN, 2003, p. 52).
Partindo das observações acima, a aprendizagem pode ser entendida como
um processo em que o aluno sistematiza o conhecimento pela incorporação de elementos
do saber científico, gera a superação dialética e permite pela contradição destes dois
conhecimentos, o saber empírico e o científico, incorporar conhecimentos socialmente
produzidos pela interação dos fatores políticos, econômicos, sociais, culturais e históricos
em suas múltiplas determinações com o ambiente em que vive.
Segundo Moreira, Cabalera e Rodriguez (1997), a aprendizagem caracteriza-se
no processo onde o conhecimento novo se internaliza no cognitivo de maneira natural e
espontânea, de forma que o acúmulo de conhecimentos do indivíduo enriquecido seja
modificado sucessivamente, ou seja, ele reorganiza seu conhecimento progressivamente.
A figura 2 abaixo representa a imagem do professor da pedagogia tradicional,
onde este detém o conhecimento e impõe de maneira autoritária ao aluno. No entanto,
para que este processo se realize, o professor, enquanto mediador deste conhecimento
precisa compreender as individualidades dos alunos, as diferenças de cada sala de aula,
provocar situações problemas proporcionando a tomada de decisões diante das situações
imprevisíveis, sendo necessário desenvolver esforços como investigar os resultados de
seus problemas e de suas possibilidades.
Figura 2 - Professor -pedagogia tradicional
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http://www.diaadia.pr.gov.br/cge/SEED
Deve, ainda, proporcionar atividades de sala de aula e atividades de campo,
com ações orientadas em projetos e em processos de participação que levem à
autoconfiança, às atitudes positivas e ao comprometimento pessoal com a proteção
ambiental implementados de modo interdisciplinar.Estas atividades devem ser favorecidas
pelas trocas, dentro de uma dimensão coletiva e colaborativa existentes no espaço
escolar, sejam elas de ordem econômica, política, social e cultural. Portanto, a educação
ambiental está associada a um processo constante de reflexão crítica, pela idéia da
práxis, voltada para a democracia, base da educação cidadã, essencialmente pelos
aspectos políticos das realidades socioambientais.
Para a implementação do Material didático (Unidade Didática) na escola, será
realizado o Grupo de Apoio, o qual tem como objetivo principal possibilitar aos
participantes a compreensão do ato educativo enquanto possibilidade de humanização
dos sujeitos históricos socialmente construídos. O grupo contará com a participação de
professores e pedagogos do colégio castelo Branco, com possibilidade da participação de
profissionais de outras instituições escolares. Esta unidade contará com duração de 4
horas – aula.
3.PROPOSTA DE AÇÃO PEDAGÓGICA
O ponto de partida para o processo de ensino tem como proposta
a “metodologia da mediação dialética” para a qual utilizamos o uso de diferentes
linguagens.13
A seguir será apresentada uma atividade que servirá como exemplo de como transformar
o saber científico conforme proposta desta unidade didática. Arnoni (2004) apresenta
quatro momentos pedagógicos necessários para organizar o processo de ensino e
aprendizagem as quais serão utilizadas para discutir a temática ambiental. Será tomada
ainda como exemplo a figura 1, que se refere à questão do lixo, abordando os aspectos
da relação homem-natureza para demonstrar aos alunos as formas de interação e
apropriação do homem e natureza e suas conseqüências para o equilíbrio ambiental.
No 1º momento, denominado Resgatando, para a compreensão do fenômeno
ambiental do lixo, a professora apresenta a figura 1, utilizando como recurso a TV
multimídia e após lança a questão:
As respostas que surgirão constituem as primeiras representações que os alunos
possuem sobre o conteúdo, ou seja, o saber empírico o ponto de partida da
aprendizagem. Possíveis respostas para a questão serão: lixo é coisa suja, tem mau
cheiro, é o que jogamos fora,o que não podemos mais aproveitar,o que estraga, o que
não pode ser transformado, etc.
No 2º momento, denominado problematizando, o professor deverá provocar a
contradição entre os saberes empíricos e científicos. Para tanto sugere-se que o
professor apresente o filme “ilha das flores”, o documentário que mostra em tom irônico, o
destino do tomate desde a plantação até o momento em que vai para o lixo, abordando
1. O que é lixo?
-os alunos farão o registro numa folha de papel
ATIVIDADE
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desenvolvimento e miséria, retratando as relações sociais entre as diferentes classes
sociais geradas pelo capitalismo. O filme servirá como suporte de contraponto entre as
ideias inicialmente apresentadas pelos alunos no momento denominado
Problematizando para a análise comparativas entre o saber empírico,comparando com as
do saber científico diferenciadas sobre a temática lixo. Neste momento o professor
realiza a mediação apresentando a questão problematizadora:
As ideias agora poderão gerar discussões entre os dois saberes possibilitando
aparecer inúmeros fatores que interagem com a temática. Deverão surgir neste momento
a abordagem política e social de análise entre as categorias de produção e consumo da
sociedade e do lixo respectivamente. A partir daí, pode-se notar o 3º momento
pedagógico, ou seja o Sistematizando que aparece pela necessidade de superação do
conhecimento cotidiano, impulsionado na busca de novas informações cientificas
necessárias para compreender questões sobre o lixo. É necessário destacar que através
da superação de conceitos não se anula totalmente o saber empírico, uma vez que,como
destaca Arnoni (2004,p.11), este “potencializa a elaboração de sínteses pelo aluno”.
Finalmente, no 4 º momento, é a hora do Produzindo, ou de propor a atividade:
As produções finais expressarão as sínteses do trabalho educativo, demonstrando
que a questão ambiental ocorre através da interação de diversos fatores já mencionados,
criando possibilidades para que inicie outras perspectivas da mediação do conhecimento
2.Quais os fatores que fazem com que algo seja
considerado lixo?
-propor um debate entre os alunos.
3. Elaborar um texto sobre a temática proposta: Lixo
-os textos poderao ser apresentados ao grande grupo
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historicamente produzido partir das representações que o aluno tem da realidade pelo uso
de diferentes linguagens.
ARNONI, Maria Eliza Brefere. “Metodologia da Mediação dialética” e o ensino de con-ceitos científicos. In: CD-Rom XII ENDIPE – Conhecimento local e Motivação para a
aprendizagem conhecimento universal, Curitiba, PR.2004.
4. REFERÊNCIAS
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CARVALHO, Marcelo de. Construtivismo, pluralismo metodológico e formação de professores para o ensino de ciências naturais. Seminário: Ciências Biológicas e da Saúde, Londrina, v. 26, n. 2, p. 83-94, jul./dez. 2005. Disponível em http://www2.uel.br/proppg/semina/pdf/semina_26_2_20_17.pdf. Acesso em:GASPARIN, João Luiz. Uma didática para a pedagógica Histórico-Critica. 2 ed. São Paulo: autores associados, 2003.
LABURU,C.E.,ARRUDA, S.M.,NARDI,R. Pluralismo Metodológico no Ensino de Ciências. Ciências & Educação,v.9,n.2,p.247-260, 2003.
MAIHACH, Lemoel Pedro; LIMANSKI, Tiago. GESTÃO AMBIENTAL E EDUCAÇÃO: PRÁTICA PEDAGÓGICA EM RECICLAGEM. Educere et Educare- Revista de Educação.UNIOESTE. Vol I, 2006 p.231.
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MOREIRA, M.A., CABALLERO, M.C. e RODRÍGUEZ, M.L. (orgs.) (1997). Actas del Encuentro Internacional sobreel Aprendizaje Significativo. Burgos, España. pp. 19-44. Aprendizagem Significativa: Um Conceito Subjacente. Versão revisada e estendida de conferência proferida no III Encontro Internacional sobre AprendizagemSignificativa, Lisboa (Peniche), 11 a 15 de setembro de 2000. Publicada nas Atas desse Encontro, p.p. 33-45, com o título original de Aprendizagem significativa subversiva. Disponível em:http://www.if.ufrgs.br/~moreira/apsigsubport.pdf. Acesso em:
PARANÁ, Secretaria de Estado da Educação. Departamento de Educação Básica. Diretrizes Curriculares de Ciências/ 2008. Curitiba: SEED/SUED, Disponível em http://www.diaadia.pr.gov.br. Acesso em:20/04/2010
_____________________________________ Departamento da Diversidade. Série Cadernos Temáticos dos Desafios Educacionais Contemporâneos, v. 3/2008. Disponível em http://www.diaadia.pr.gov.br. Acesso em:20/04/2010
SAUVÉ, Lucie. Educação Ambiental: possibilidades e limitações. São Paulo. v. 31, n. 2, p. 317-322, ago., 2005. http://www.inep.gov.br/pesquisa/bbe-online/det.asp?cod=65048&type=P. Acesso em 24/04/2010.
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Editora Autores Associados, 2003.
17
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SPAZZIANI, M. L; GONÇALVES, M. F. C. Construção do conhecimento. Encontros e Caminhos: Formação de Educadores Ambientais e coletivo educador. Brasília, p 105-114, 2005.
18