O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE
2009
Versão Online ISBN 978-85-8015-054-4Cadernos PDE
VOLU
ME I
AS DIFERENTES ABORDAGENS DO CONCEITO DE TERRITÓRIO E SUA APLICAÇÃO NO ENSINO DE JOVENS E ADULTOS – EJA
Autor: Álvaro Moacir Cazula1 Orientadora: Áurea Andrade Viana2
"O espaço se globaliza, mas não é mundial como um todo senão como metáfora. Todos os lugares são mundiais, mas não há um espaço mundial. Quem se globaliza mesmo são as pessoas" (Milton Santos, 1993).
Resumo: O presente artigo, intitulado “As Diferentes Abordagens do Conceito de Território e sua aplicação no Ensino de Jovens e Adultos – EJA”. Trata-se de uma proposta de trabalho como parte integrante do programa “Plano de Desenvolvimento Educacional – PDE”, realizado no Estado do Paraná, na Universidade Estadual de Maringá em 2009 e 2010. O objetivo deste trabalho na escola foi compreender o desenvolvimento do pensamento geográfico, em especial o conceito de território. O projeto foi aplicado na escola da EJA do município de Goioerê. Para o encaminhamento do projeto utilizamos de material fotográfico, textos, sistematização dos relatos dos estudantes, do seu cotidiano. As atividades realizadas no projeto despertaram nos estudantes os problemas decorrentes da apreensão da realidade, na perspectiva do neoliberalismo e a globalização. As atividades os auxiliaram, para o exercício de uma concepção crítica de mundo e em suas análises do cotidiano. Em síntese a proposta iniciou-se pela elaboração do projeto de intervenção pedagógica juntamente com leituras; segundo a elaboração da produção didático-pedagógica, elaboração e a realização do GTR, que resultou na produção desse texto. Palavras-chave: Território. Geografia. EJA. Visão Crítica.
Abstract: This article, entitled "The Different Approaches of the Concept of Planning and its application to the Youth and Adult Education - AYE". This is a proposal to work as part of the Educational Development Program Plan - PDE, held in Paraná, Maringá State University in 2009 and 2010. The objective of this work in school was to understand the development of geographic thought, especially the concept of territory. The project was implemented in the school of adult education in the city of Goioerê. For conveying the use of photographic equipment design, text, organization of students'reports of their daily lives. The activities performed on the project aroused 1 Professor da Rede Pública Estadual do Paraná, graduado em Geografia pela FAFIU/Umuarama-PR, pós-graduado em Planejamento Geo-Ambiental pela FECILCAM. 2 Professora Assistente do Departamento de Geografia da Universidade Estadual do Paraná – Campus de Campo Mourão/FECILCAM, doutoranda em Geografia pela Universidade Estadual de Maringá-PR – UEM.
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in the students the problems arising from the apprehension of reality from the perspective of neoliberalism and globalization. The activities helped them to exercise a critical approach to the world in their analysis of the everyday. In summary the proposal was initiated by the elaboration of pedagogical intervention project along with readings, according to the elaboration of didactic-pedagogic production, development and implementation of the GTR, which resulted in the production of this text. Keywords: Territory. Geography. EJA. Vision Critical.
1 INTRODUÇÃO
O presente artigo intitulado “As Diferentes Abordagens do Conceito de
Território e sua Aplicação no Ensino de Jovens e Adultos – EJA” se dá pela sua
importância no meio social econômico, político e educacional, propondo ao
educando a discussão de temas e assuntos de grande relevância, de modo a
despertar seu pensamento crítico.
Trata-se de uma proposta de trabalho como parte integrante do programa
Plano de Desenvolvimento Educacional – PDE, realizado no Estado do Paraná, na
Universidade Estadual de Maringá em 2009 e 2010.
Com a temática proporcionamos uma literatura da geografia e como está é
apresentada por meio do conceito de território, bem como uma abordagem de como
é entendida e reproduzida pelos estudantes do EJA. Nesse sentido, integram todo
um processo de ensino e aprendizagem que proporciona ao estudante sua vivência,
fazendo uma análise interpretativa da geografia.
É possível trabalhar uma geografia de forma dinâmica e instigante com os
estudantes mediante situações que problematizem diferentes espaços
materializados em paisagens, lugares e territórios; desse modo, o professor pode
planejar situações considerando a própria leitura da paisagem, a observação e a
descrição, a explicação e a interação, a territorialidade e a expansão, a análise e o
trabalho com a reapresentação do espaço.
O objetivo deste trabalho na escola foi compreender o desenvolvimento do
pensamento geográfico; identificar a influência das diversas tendências desse
pensamento; compreender o espaço social (ou geográfico) como objeto de estudo e
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para o ensino de geografia; buscar metodologias que contribuam para melhorar a
qualidade do ensino de Geografia; diagnosticar as principais dificuldades dos
estudantes com atividades que envolvam os conceitos basilares da geografia; fazer
uma sondagem dos conhecimentos prévios dos estudantes sobre noções desses;
contribuir para a formação de uma leitura crítica do espaço.
O projeto foi desenvolvido na escola da EJA – Ensino de Jovens e Adultos e
os estudantes tiveram acesso aos materiais elaborados pelo professor PDE,
acompanhado pela orientadora escolar e a professora orientadora da IES. Neste
sentido, este projeto de intervenção pedagógica também visa um envolvimento por
parte de todos os estudantes com a participação individual e em grupo, ajudando
assim na ampliação de conhecimentos historicamente produzidos pela sociedade.
Para o desenvolvimento do projeto, iniciamos com atividades que pudessem
tornar, por intermédio da investigação, um ambiente interessante de trabalho de
leitura espacial. A análise ocorreu apoiada em material fotográfico, textos,
sistematização dos relatos dos estudantes, do seu cotidiano. Por esse levantamento
inicial, o professor e estudantes puderam problematizar formular questões e levantar
hipóteses que impliquem investigações mais aprofundadas, demande novos
conhecimentos e aprendam a pensar geograficamente e especialmente, contribua
para produção de novos conceitos geográficos.
As atividades desenvolvidas no projeto despertaram nos estudantes os
problemas decorrentes da apreensão da realidade na perspectiva do neoliberalismo
e a globalização como prática social da humanidade. As atividades os auxiliaram
para o exercício de uma concepção crítica de mundo e em suas análises do
cotidiano.
Em resumo, o encaminhamento da proposta deu-se primeiro pela
elaboração do projeto de intervenção pedagógica juntamente com leituras; segundo,
nela a elaboração da produção didático-pedagógica, e a realização do GTR, resultou
na produção desse texto.
No texto abordamos sucintamente o Ensino de Geografia para Jovens e
Adultos e seguida apresentar as reflexões de “Território”, em especial a perspectiva
multidimensional de Claude Raffestin, Marcos Aurélio Saquet, Eliseu S. Sposito,
bem como com as Diretrizes Curriculares de Geografia do Estado do Paraná.
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2 O ENSINO DE GEOGRAFIA E DE JOVENS E ADULTOS E O CONCEITO DE
TERRITÓRIO
Atualmente, a Geografia precisa se preocupar e tem condições para isso,
para fazer uma analise do conjunto de relações que atuam no processo de
construção do Espaço Geográfico, “a Geografia é uma ciência que nos possibilita o
entendimento do movimento contraditório da sociedade contemporânea” (SAQUET,
2002, p. 16). Assim nosso educando terá uma visão de mundo e das forças que
agem e configuram diferentes territórios, podendo interagir e interferir como sujeito
ativo e atuante na busca de transformações na sociedade. “É preciso fazer uma
Geografia comprometida com os interesses sociais”. (OLIVEIRA, 2002, p. 1).
A partir dessas considerações, cabe ao ensino de geografia, o papel de
formar sujeitos capazes de realizar a interpretação da totalidade mundial e de
perceber os caminhos possíveis para tornar o mundo mais justo e humano. Neste
sentido, Callai (2003) observa que o ensino da geografia deve incorporar o estudo
do território como fundamental para que possa entender as relações que ocorrem
entre os homens, estruturadas num determinado tempo e espaço. Também afirma
que no período das séries iniciais do Ensino Fundamental, devem-se construir os
conceitos básicos da área, e que são básicos para a vida. “[...] São os conceitos de
grupo, espaço e tempo que permitem responder: Quem sou eu? Onde vivo? Com
quem? Ao dar conta destas perguntas, estamos definindo a nossa identidade,
reconhecendo a nossa história, identificando o espaço e o pertencimento ao mundo”.
(CALLAI, 2003, p. 77).
A mesma autora, também aponta a importância do estudo do município para
esse período escolar. Nesta escala de análise, teremos próximos de nós os
elementos que condicionam as relações sociais, econômicas e políticas do nosso
mundo. Lembrando que a organização do espaço local não se explica apenas a
partir do próprio local, é importante estabelecer ligações e buscar explicações em
nível regional, nacional e muitas vezes até internacional. O estudo do município
permite que o aluno constate a organização do espaço e perceba nele a influência e
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interferência dos diferentes atores sociais ali existentes e também as decisões
externas ao município, confrontando-se com os interesses da sociedade local.
Diante da realidade, marcada pela intensificação dos fluxos de informações,
muitas vezes manipuladas e carregadas de intencionalidades, precisamos agir no
sentido de mediar à interpretação destes conteúdos a fim de contribuir para a
formação de um sujeito atuante e preocupado com a construção de um espaço mais
igualitário. Nas palavras de Milton Santos: “Devemos nos preparar, a fim de tentar
fornecer as bases de reconstrução de um espaço geográfico, que seja realmente o
espaço do homem, o espaço de toda gente e não e espaço a serviço do capital e de
alguns”. (1980, p. 218)
Neste sentido, o ensino de Geografia deve propiciar ao estudante uma maior
compreensão do espaço geográfico em todas as suas dimensões e contradições.
Conforme Pereira (2003, apud CAVALCANTI, 2004), o ensino da Geografia tem
como missão alfabetizar o estudante na leitura do espaço geográfico. E a categoria
paisagem pode contribuir nessa compreensão e alfabetização do espaço geográfico,
pois a leitura da paisagem, se bem conduzia, levará à aprendizagem da
complexidade da relação da sociedade com a natureza. Porém, discordamos em
parte da autora, pois a paisagem não é a melhor categoria de análise para se
realizar em sala de aula, visto que as relações sociais, as contradições dessas
relações são por meio da análise do território ou das territorialidades que são
possíveis de ampliar a visão de mundo dos estudantes, em especial os estudantes
jovens e adultos.
A mesma autora traz que a construção do conceito de paisagem no ensino
de Geografia é importante por ter uma relação muito próxima com o lugar. Neste
sentido, concordamos que paisagem é um conceito chave importante para começar
uma reflexão sobre as variáveis que determinam cada lugar. Porém, não mais
importante, para entender as complexas relações sociais que se manifestam no
espaço geográfico. Desse modo, nosso trabalho ficou mais restrito a discussão de
território, mas, não fugimos da metodologia.
È a partir dos territórios, em que os estudantes são integrantes, é que
podemos explicar a complexidade das relações sociais, as relações de poder que se
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constituem em territorialidades que se manifestam nos territórios, próximos ou não
dos estudantes.
Tal reflexão ainda se torna mais importante quando nos referimos ao ensino
de Jovens e adultos, visto que esta modalidade, específica da Educação Básica, que
se propõe a atender a um público que de alguma forma foi negado o direito à
educação durante a infância e adolescência, seja pela oferta irregular de vagas, seja
pelas inadequações do sistema de ensino ou pelas condições socioeconômicas
desfavoráveis. Portanto, nesta modalidade procura-se o máximo de atenção e
simplicidade nas questões de aplicação dos conteúdos para que pedagogicamente
faça-o relembrar durante esse processo de aprendizagem e se contextualize com
seu espaço geográfico. E do mesmo modo, tenham uma compreensão das relações
sociais que resultam em ensino desta modalidade.
Durante muitos anos na Educação de Jovens e Adultos, trabalhou-se a
concepção de território em âmbito apenas do Poder Estatal, de divisões regionais,
da expressão de delimitação de áreas, ou fronteiras, territórios que revelavam
apenas as relações de produção e consequentemente as relações de Poder, dessa
forma esta concepção estava associada a um poder instituído de soberania, seja um
imperador, um rei ou um Estado nacional, há uma população socialmente
organizada para apenas produzir riquezas.
Contudo, com a evolução ou revolução da geografia, nas últimas décadas, os
conceitos basilares da geografia como território, espaço geográfico, lugar, paisagem,
região, dentre outros, foram sendo dotados de diferentes concepções teórico-
metodológico. Neste sentido, esses conceitos devem ser empregados também na
escola para que os estudantes ampliem sua visão de mundo.
Como abordamos, no EJA há um predomínio da concepção de território na
perspectiva Estado – nação, ou seja, o Estado como grande agente de poder, que
atua sobre um espaço delimitado, conforme prestaremos.
3 DO TERRITÓRIO ESTADO NAÇÃO A TERRITÓRIO MULTIDIMENSIONAL
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O primeiro grande autor da Geografia Política, o alemão Friedrich Ratzel,
nos oferece, por meio de sua obra Politische Geographie (RATZEL, 1974), um
exemplo espetacular e seminal desse tipo de discurso sobre o território
essencialmente fixado no referencial político do Estado (SOUZA, 2005 p. 85).
Nas palavras de Ratzel (1974, p. 4), “O Estado não é, para nós, um
organismo meramente porque ele representa uma união do povo vivo com o solo
imóvel, mas porque essa união se consolida tão intensamente através de interação
que ambos se tornam um só e não podem mais ser pensados separadamente sem
que a vida venha a se evadir”.
Segundo Ratzel (1990), as relações entre sociedade e território são
determinadas pela necessidade de habitação e alimentação. A sociedade enraíza no
território e esta relação influencia a natureza do Estado. O território é compreendido
como Estado-Nação, a partir do momento em que há uma organização social para
sua defesa. Assim, o Estado e o território têm limites e fronteiras maleáveis.
(SAQUET, 2007, p. 31)
Segundo Santos (1994), antes, era o Estado, afinal, que definia os lugares, o
território era o fundamento do Estado-Nação que, ao mesmo tempo o moldava.
Hoje, quando vivemos uma dialética do mundo concreto, evoluímos da noção
tornada antiga, de Estado Territorial para a noção pós-moderna de
transnacionalização do Território.
Ao analisar o conceito de território, Spósito (2004, p.119) afirma que o
mesmo estava “ausente das preocupações geográficas até recentemente, retorna
com insistência na última década do século XX, como elemento que condiciona as
relações de produção”. Essas discussões foram provocadas, sobretudo com o
geógrafo Claude Raffestin (1993, p.143). Do ponto de vista de Raffestin o território
está relacionado ao exercício de poder. Assim, define o território como fruto do
processo histórico de transformação do espaço (antropização), principalmente,
econômica e politicamente; é composto, decomposto (desterritorializado) e
recomposto (reterritorializado) historicamente.
Desta forma, “para Ratzel, o território existe sem a presença do homem,
desocupado (apolítico) ou com a presença deste e com o domínio do Estado
(político)”. (RATZEL, 1990 apud SAQUET et al, 2003, p. 9)
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Para Ratzel (1990, p. 72), a relação Sociedade-Natureza influenciava o que
ele denominava “conquistas cultas” de um povo, ou seja, as condições naturais do
meio em que vivia determinado povo estabeleciam uma relação direta com seu nível
de vida, seu domínio técnico e sua forma de organização social.
Quanto mais culto um povo, maior o domínio sobre a Natureza, o que
proporcionaria melhores condições de vida, conseqüentemente, o aumento da
população e a necessidade de mais espaço para continuar seu processo evolutivo.
Pode-se, portanto, aceitar como regra que uma grande parte dos progressos
de civilização é obtida mediante um desfrute mais perspicaz das condições naturais,
e que neste sentido esses progressos estabelecem uma relação mais estreita entre
povo e território. [...] A civilização traz consigo o fortalecimento de uma ligação mais
íntima entre a comunidade e o solo que a recebe (RATZEL, 1990, p. 72).
No decorrer das pesquisas geográficas das últimas décadas, o conceito de
território teve novos significados ou concepções, que permitem a redefinição do
objeto e do papel da geografia, trata-se de conceitos úteis e indispensáveis para
entendimento da evolução da concepção de território. (SAQUET, p. 25).
Território significa natureza e sociedade; economia, política e cultura; idéias
e matérias; identidades e representações; apropriação, dominação e controle;
descontinuidade; conexão e redes; domínio e subordinação; degradação e proteção
ambiental; terra, formas espaciais e relações de poder; diversidade e unidade.
Dando significado a existências de interações no processo de territorialização, que
envolvem e são envolvidas por processos sociais semelhantes e diferentes, ou em
distintos momentos e lugares. Para isso, precisamos conhecer melhor as
abordagens e suas concepções para fazer dessa reflexão no nível do pensamento
com nossa vida diária. A relação de poder é fundamental que entender que elas
estão nas famílias, nas universidades, no Estado em suas diferentes instâncias, nas
fábricas. Enfim, em nossa vida cotidiana. (SAQUET, p. 24)
É a partir do conceito de território que se compreende as relações de poder
no espaço. Em outros termos, é por meio da categoria de análise de território que
compreendemos as relações sociais no espaço geográfico, visto que toda relação
social é tecida de poder, quer se faça referência ao poder do Estado, dos grupos
hegemônicos, pequenas e grandes organizações e dos indivíduos, todos ‘produzem’
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o território (RAFFESTIN, 1993). Assim, o Território esta vinculado às relações entre
espaço e poder e, atualmente, é tratado nas mais diversas escalas geográficas e
abordagens teóricas.
O território enquanto um dos conceitos elementar da geografia é de extrema
relevância para análise do espaço nas diferentes escalas geográficas.
O conceito de território é fundamental para a análise do espaço geográfico e a compreensão da relação entre o global e o local, da tensão que existe entre a vontade desinteresses hegemônicos constituírem territórios globais (desterritorializados para muitos sujeitos sociais que neles se movimentam), gerenciados, por exemplo, pelo Banco Mundial e pelo FMI, e a vontade dos interesses locais, da sociedade territorializada, estabelecida no lugar. (DCs, 2008, p.63)
Historicamente, o conceito de território vinculou-se durante muito tempo, tão
somente à ideia de território nacional, como abordado. No pensamente geográfico
sistematizado, essa vinculação apareceu com força na teoria do espaço vital
desenvolvida pela escola alemã da Geografia Clássica.
Com o movimento de renovação do pensamento geográfico e o estabelecimento da ordem mundial bipolar em meados do século XX, o sentido de território nacional ficou ainda mais forte, principalmente pelas acirradas disputas por áreas de influências das duas super potências: EUA e URSS. As fronteiras nacionais nesse mundo bipolar tinham um forte caráter de barreira política, econômica e ideológica que algumas vezes, tornaram-se físicas. Por todo esse período, o ensino de Geografia tratou o conceito de território pelo viés de território nacional, porém na atualidade sob a perspectiva da Geografia crítica. (DC’s, 2008, p. 62)
A partir da década de 1990, as produções teóricas da Geografia Crítica
passaram a considerar, de forma mais enfática, outras escalas para a abordagem do
conceito de território. Isso se deu em função da passagem do sistema fordista para o
sistema flexível de produção, que foi envolvendo cada vez mais os chamados países
periféricos e alterando as relações sócio-espaciais nas escalas regionais, nacionais
e internacionais. (DC’s, 2008, p. 63)
Com o aparente enfraquecimento do Estado, a sociedade civil organizou
uma maneira de suprir a ausência estatal nos setores sociais e esse remanejo
político-social trouxe à tona novas territorialidades que não são ignoradas pela
Geografia. Assim a ideia de território passou a ser adotada para tratar outras
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dimensões espaciais diferentes das associadas ao Estado e ao espaço nacional,
como na geografia Tradicional. (DC’s, 2008, p. 63)
De acordo com Sposito (2004) foi na Geografia Crítica de fundamento
marxista que houve maior debate acerca do conceito de espaço, sobretudo com
Milton Santos, Horáci Capel, Richard Peet, Henri Lefébvre, entre outros. Na obra de
Lefébvre (1976) intitulada de “Espaço y política” o espaço aparece efetivamente na
perspectiva marxista.
Do espaço se pode dizer que seja um produto como qualquer outro, um objeto ou uma soma de objetos, uma coisa ou uma coleção de coisas, uma mercadoria ou um conjunto de mercadorias. Não se pode dizer que seja simplesmente um instrumento, o mais importante de todos os instrumentos, o pressuposto de toda produção e de todo o intercâmbio. Estaria essencialmente vinculado com a reprodução das relações (sociais) de produção (LEFÉBVRE, 1976, p. 34, apud SPOSITO, 2004).
Neste período, surgiram outras definições de espaço de base marxista.
Segundo Santos (1980, p. 122), sua definição é árdua, porque a tendência é mudar
com o processo histórico, uma vez que o espaço geográfico é também o espaço
social, é a natureza modificada pelo homem através de seu trabalho. “O espaço
deve ser considerado como um conjunto de relações realizadas através de funções
e de forma que se apresentam como testemunho de uma história escrita por
processos do passado e do presente”.
Além disso, Santos (1985) assevera também que o espaço deve ser
estudado por meio de quatro categorias: forma é o aspecto visível de uma coisa (ex.
casa); função sugere uma tarefa ou atividade esperada de uma forma, pessoa,
instituição; estrutura implica a inter-relação de todas as partes de um todo, o modo
de organização da construção; e processo definido como uma ação contínua,
mudança (SANTOS 1985).
Assim sintetiza que, o espaço é, então, um verdadeiro campo de forças cuja
aceleração é desigual. O que explica porque a evolução espacial não se faz de
forma idêntica em todos os lugares.
Para Saquet (2002), o espaço geográfico é um produto da dinâmica sócio
espacial, ou seja, das relações sociais que os homens mantêm entre si, com a
natureza e consigo mesmo. Este espaço diariamente reproduzido através do
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trabalho e demais atividades do homem e revela as contradições e desigualdades
sociais, o espaço geográfico é, simultaneamente, resultado e condição dos
processos sociais. Assim, espaço e sociedade condicionam-se mutuamente.
Sobre o processo de apropriação e construção do espaço geográfico,
Saquet (2000) afirma que, o novo não chega a todos os lugares no mesmo momento
histórico, pois:
É das desigualdades sócio-econômicas e político-culturais, no espaço, que o capitalismo se renova cada vez mais forte, integrando ao movimento de reprodução do capital não só atividades capitalistas clássicas como também atividades não especificamente capitalistas” (p. 110). Assim temos “o espaço como acumulação desigual dos tempos (SANTOS, 1980, p. 209).
Desse modo, o processo de construção do espaço geográfico registra os
diversos momentos da dinâmica da sociedade e, as peculiaridades dos lugares. Os
agentes desta dinâmica materializam-se e marcam os tempos, os quais estão
subordinados às forças do modo de produção capitalista. A caracterização destes
momentos faz com que o espaço geográfico seja: “Produto, resultado e condição da
contraditória dinâmica, sócio-espacial (SAQUET, 2002, p. 26).
Costa (2008, p. 320) parafraseando Raffestin considera que os geógrafos
vêm equivocadamente, confundindo o conceito espaço e de território. Para o autor o
espaço consiste no conceito central, “apenas quando os ‘atores’ se apropriam de um
espaço é que se torna território, ou seja, ‘territorializam’ o espaço”.
Para Saquet (2007, p. 26) o território é expressão concreta e abstrata do
espaço produzido, a partir da multidimensionalidade de uma rede das relações
sociais, econômicas, políticas e culturais, ligado ao processo de produção do
espaço. “O território é compreendido como Estado-Nação, a partir do momento em
que há uma organização social em sua defesa. Assim, o Estado e o território têm
limites e fronteiras maleáveis” (SAQUET, 2007, p. 26)
Ao analisar o conceito de território, Spósito (2004, p. 119) afirma que o
mesmo estava “ausente das preocupações geográficas até recentemente, retorna
com insistência na última década do século XX, como elemento que condiciona as
relações de produção”. Essas discussões foram provocadas, sobretudo com o
geógrafo Raffestin (1993, p. 143) que discute o território relacionado ao exercício de
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poder. Assim, define o território como fruto do processo histórico de transformação
do espaço (antropização), principalmente, econômica e politicamente; é composto,
decomposto (desterritorializado) e recomposto (reterritorializado) historicamente.
Para Saquet (2004, p. 123), “os territórios são construídos espaço-
temporalmente pelo exercício do poder. Desta forma podem ser temporários ou
permanentes e se efetivarem em diferentes escalas”.
Um dos elementos que legitimam a formação dos territórios é o poder
econômico, seja ele material ou imaterial. Desta forma, Raffestin (1993) nos afirma,
temos a construção de malhas, nós e redes, que dão vida ao território e mobilidade
aos homens que se relacionam entre si, produzindo novas territorialidades.
De acordo com Santos (1994, p.16), em o “Retorno do Território”,
O território, hoje, pode ser formado de lugares contíguos e de lugares em rede. São, todavia os mesmos lugares que formam redes e que formam o espaço banal. São os mesmos lugares, os mesmos pontos, mas contendo simultaneamente funcionalizações diferentes, quiçá divergentes ou opostas.
Conforme Raffestin (1993), o espaço é anterior ao território, ou seja, ao
apropriar-se de um espaço, concreta ou abstratamente, o ator territorializa o espaço.
De acordo com Saquet (2004, p. 30), o território é formado desde pequenas
habitações, pontes, estradas, plantações, automóveis, antenas parabólicas, até
grandes empreendimentos públicos ou privados, que o consubstanciam
constantemente a partir das complexas relações sócias. Nas dimensões políticas,
econômicas e culturais, que efetivam diferentes redes e um determinado campo de
forças sustentando o território. Ou seja, dependendo de cada momento histórico e
lugar, há elementos econômicos, políticos ou culturais preponderantes na
organização territorial, o que possibilita diferentes abordagens geográficas.
A configuração do território ocorre num palco de lutas. Quando um
determinado grupo de pessoas ou empresa (as) dominam um território é porque se
apropriaram de determinado espaço, no qual, estabelecem relações de poder para
manter a territorialidade.
O Poder é inerente às relações sociais, e está presente nas ações do
Estado, das instituições, das empresas com vistas ao controle e à dominação sobre
os homens e a natureza. Essas relações são componentes indispensáveis na
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efetivação de um território: “O campo da relação é um campo de poder que organiza
os elementos e as configurações” (RAFESTTIN, 1993, p. 53).
Para Saquet (2007, p. 32) este é compreendido recentemente como uma
rede de relações variáveis e multiformes; é exercido e se constitui na relação,
historicamente. O poder é produzido nas relações, em todo instante; não é uma
instituição, mas o nome que se dá a uma situação complexa da vida em sociedade.
O autor traz que atualmente a Geografia precisa preocupar-se e tem
condições para isso, fazer uma analise do conjunto de relações que atuam no
processo de construção do Espaço Geográfico, “a Geografia é uma ciência que nos
possibilita o entendimento do movimento contraditório da sociedade contemporânea”
(SAQUET, 2002, p.16).
A partir dessas considerações, cabe hoje a geografia o papel de formar
sujeitos capazes de realizar a interpretação da totalidade mundo e de perceber os
caminhos possíveis para tornar o mundo mais justo e humano.
Além dessas questões, na educação de Jovens e Adultos, exige-se uma
inclusão que tome por base o reconhecimento do jovem adulto como sujeito. Coloca-
nos o desafio de pautar o processo educativo pela compreensão e pelo respeito ao
diferente à5 diversidade: ter direito a ser igual quando a diferença nos inferioriza e o
de ser diferente quando a igualdade nos descaracteriza. Ao pensar no desafio de
construirmos princípios que regem a educação de adultos, aqui buscamos uma
educação qualitativamente diferente, que tem como perspectiva uma sociedade
tolerante e igualitária, que a reconhece ao longo da vida como direito inalienável de
todos (SANTOS, 2004, p. 6)
Por sua vez, o território configura-se como um misto de relações de sujeição
e dominação, de (des) realizações, de subserviência e insatisfação às somas
sempre refeitas das determinações. Portanto, podemos dizer que território não é
sinônimo de liberdade, sendo para alguns, realização e para outros, desencanto
social.
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4 RELATOS DAS AÇÕES E RESULTADOS ALCANÇADOS
Neste capítulo apresento a implementação que foi desenvolvida no 3º
período de 01/06/2010 à 30/11/2010, envolvendo os estudantes do Ensino
Fundamental e Médio no CEEBJA – Colégio Estadual de Educação e Jovens e
Adultos de Goioerê-Pr, do período noturno deste estabelecimento.
A referida implementação foi dividida em duas ações: primeira unidade
temática e segunda unidade temática. Todas as ações foram desenvolvidas com
sucesso.
As ações citadas anteriormente, foram criadas para a implementação do
Projeto de Intervenção, utilizando todo o aprendizado ocorrido ao longo das
pesquisas e das participações em curso específico e encontro de área, inserção
acadêmica, seminários, encontros de orientações obtidas através da orientadora da
UEM, e realizando a elaboração do Material Didático, Caderno Temático “Território”,
distribuídas em duas Unidades Temáticas.
Na implementação do material Didático Pedagógico do EJA, contribuímos
com diferentes abordagens conceituais sobre territórios territorialidade e
desterritorialidade em uma perspectiva do materialismo histórico crítico, enfatizando
as diferentes dimensões do território e suas relações de poder, sobretudo suas
identidades.
Na primeira unidade temática, apresentamos a abordagem de Território na
perspectiva de Estado-Nação, teoria formulada pelo geógrafo alemão Friedrich
Ratzel. Na segunda unidade temática, apresentamos o Território na perspectiva
multidimensional de Claude Raffestin e Marcos Aurélio Saquet.
Para o encaminhamento das atividades de implementação pedagógica do
nosso projeto, apresentamos nossa proposta no início do ano letivo de 2010 na
semana pedagógica do Colégio Estadual de Educação e Jovens e Adultos
(CEEBJA) de Goioerê-Pr. Fizemos uma breve explanação do que se tratava o
projeto e destacando a importância da temática, que era o conceito de território e
sua evolução na ciência geográfica. E que na educação básica esse conceito ainda
não está totalmente claro para os professores e, sobretudo para os estudantes,
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neste caso em especial os estudantes do EJA. Do mesmo modo, abordamos a
importância Programa de Desenvolvimento Educacional do Estado do Paraná –
PDE.
A Implementação Pedagógica realizada com estudantes do Ensino
Fundamental e Médio no CEEBJA – Colégio Estadual de Educação e Jovens e
Adultos de Goioerê, teve por base os procedimentos metodológicos de Marcos
Aurélio Saque. Segundo o autor, o território significa natureza e sociedade;
economia, política e cultural; ideia e natureza; identidades e representações;
apropriação, dominação e controle; descontinuidade; conexão e redes; domínio e
subordinação; degradação e proteção ambiental; terra, formas espaciais e relações
de poder; diversidade e unidade, conforme citado anteriormente. Isso significa a
existência de interações no e do processo de territorialização, que envolvem e são
envolvidos por processos sociais semelhantes e diferentes, nos mesmos ou em
distintos momentos lugares, centradas na conjugação paradoxal de
descontinuidades, de desigualdades, diferenças e traços comuns. Cada combinação
específica de cada relação espaço-tempo é produto, acompanha e condiciona os
fenômenos e processos territoriais. (SAQUET, 2007, p. 24).
Para o desenvolvimento da implementação pedagógica no colégio,
trabalhamos por amostragem, embora com 60% dos estudantes, tanto do Ensino
Fundamental como do Ensino Médio. Os estudantes foram submetidos às seguintes
atividades: Primeiro, o que é território? O segundo, ilustrar uma imagem do que é
Território.
Ao analisar as respostas dos estudantes, constatamos que esse conceito
não está claro. No entanto, os estudantes conseguiram expressar alguma noção.
Quanto ao conceito de território, voltada à dominação, e limite, para alguns
estudantes o conceito de território já está construído, pois há uma representação ou
referência a ideia de propriedade e de posse. Essa referência aparece mais,
tratando de propriedades particulares, como: “meu território, seu próprio lugar,
território”. Algumas vezes aparecendo a possibilidade de um território de
propriedade coletiva, mas sempre ligada à idéia de posse, onde podemos identificar
a fundo também a noção de poder, espaço, lugar e área e por fim, respostas que
fugiam, e ficavam perdidas a partir do conceito relacionado ao seu cotidiano como
16
mapas delimitações continentais. Para melhor entendimento das representações dos
estudantes, apresentamos as ilustrações 01, 02 e 03 em anexo.
Um dos componentes importantes que encontramos nas respostas dos
estudantes do EJA foi a noção de “limite”, do qual também devemos considerar de
fundamental importância para a compreensão do conceito de território. Este
apareceu nas ilustrações, juntamente com outros elementos, conforme também
observamos nas figuras 01, 02 e 03 em anexo. Nesse contexto destacamos que
esse componente traz conhecimentos prévios dos estudantes, para que de fato haja
uma aprendizagem significativa. Portanto, considera-se que esse é um material
extremamente rico para que o professor possa compreender como o conceito de
território está sendo elaborado pelos seus estudantes, ou a partir da representação
deste, associar aos seus conceitos do cotidiano e aprofundar-se para produzir o
conceito científico, com base nos pressupostos teóricos da ciência geográfica.
No decorrer das pesquisas geográficas das últimas décadas, o conceito de
território teve novos significados ou concepções, que permitem a redefinição do
objeto e do papel da geografia. Trata-se de conceitos úteis e indispensáveis para o
entendimento da evolução da concepção de território.
Na seqüência fizemos as abordagens conceituais de Saquet (2004). O
território é formado desde pequenas habitações, estradas, plantações, automóveis,
antenas parabólicas, até grandes empreendimentos públicos ou privados, que o
consubstanciam constantemente a partir das relações que envolvem e estas
relações políticas, econômicas e culturais, portanto, sociais, que envolvem diferentes
redes e um determinado campo de força sustentando o território, ou seja;
dependendo de cada momento histórico e lugar, há elementos econômicos, políticos
ou culturais preponderantes na organização territorial, o que possibilita diferentes
abordagens geográficas. (SAQUET, 2004 p. 24).
Outra abordagem de território-porção do espaço sujeito a um poder
institucional como o território de um país, de um estado ou de um município. Muitos
consideram, porém, que o exercício de qualquer forma de poder sobre o espaço,
mesmo não institucional, define um território. Nesse caso, seria possível falar em
território de uma gangue urbana, de um bando de traficante ou de um grupo de
17
guerrilheiro. Pode se falar também em território de um grupo; por exemplo, o
território dos Yanomami (SENE, 2010).
Partindo dessas abordagens, a presente pesquisa proporcionou uma melhor
reflexão através dos subsídios teóricos e a partir dessa ótica. Concluímos novas
metodologias de elaboração conceituais, reflexivas e contextualizadas entre os
estudantes, como mostram os resultados em seus relatos apresentados nas figuras
04, 05, 06, 07 e 08 em anexo.
Depois de realizada a análise dos estudantes, partimos para verificação dos
conceitos elaborados pelos professores. Assim, na sequência distribuímos o material
de implementação pedagógica com os seguintes questionamentos: O que se
entende por território? Em sua opinião, por que existem conflitos em grupos étnicos?
Por que querem território em meio a tantos conflitos existentes hoje em grande
número de desterritorializados vivendo em campos de refugiados em vários países
ou imigrantes clandestinos? Entretanto, essa desterritorialização não deve ser
entendida apenas pela perda física do território, pois a desterritorialização está
diretamente vinculada à modernidade e à globalização, processos eminentemente
dinâmicos, de mobilidade inerentes ao período técnico-científico do pós-1960. A
desterritorialização significa a destruição de antigos territórios e/ou a desintegração
de novos espaços, em rede. A desterritorialização é promovida especialmente pelas
redes nacionais-globais dos complexos agroindustriais capitalistas (HAESBAERT,
1997, p. 257). Com base nestes conceitos acrescentamos as seguintes questões:
Você conhece alguém que tenha passado por este processo de desterritorialização
e reterritorialização?
As respostas apresentadas pelos professores são semelhantes as dos
estudantes, mas suas ideias aparecem mais elaboradas. Ou seja, a compreensão
de ambos é compartilhada, pois, ora se referem a território legalmente constituído
ora a domínios de espaço, espaço delimitado e fronteira, como também associado a
outros componentes importantes como o de “poder” e o de “terra”. Outra questão
importante refere-se ao entendimento de território constituído pessoalmente ou por
grupos, e também as conotações ligadas a leis próprias, ou a certa conotação
política. Tais questões associadas ao cotidiano podem levar ao entendimento de
território na linguagem geográfica e a uma análise mais abrangente da realidade.
18
Enfim, todos os elementos citados são importantes para entender o conceito de
território. Assim, os professores demonstram a preocupação na tarefa de “trabalhar”
esse conteúdo com seus estudantes. Como podemos observar no trecho do
depoimento: “[...] é bem complicado trabalhar com aluno a questão território. Você
pensa assim, é o limite da fronteira, o território de um determinado grupo, então é,
são diversos conceitos”. Neste sentido, devemos considerar o conhecimento
espacial prévio dos estudantes para relacioná-lo ao conhecimento científico no
sentido de superar o senso comum, conforme está apresentado nas Diretrizes
Curriculares de Geografia.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao final da implementação pedagógica entendemos a amplitude do conceito
de território no ensino de Geografia e sua importância para a formação dos
estudantes desde as séries iniciais até o ensino médio do EJA, para se alcançar
gradativamente um aluno mais crítico e consciente da realidade em que está
inserido.
Observamos que dentro do processo histórico, filosófico e científico
articulado com o processo de construção dos paradigmas sócio-culturais, a
Geografia sofreu alterações, das quais foram muito positivas dentro da visão da
disciplina, como o fato de centrar-se na Geografia crítica, e o fato de evidenciar as
relações históricas, por exemplo. Assim, a ação pedagógica da Geografia estimula a
reflexão sobre o acervo de formas e representações do mundo e estas relacionadas
com a imagem e conceitos fundamentais no processo de ensino aprendizagem.
Conforme demonstramos no decorrer da implementação pedagógica a importância
do conceito de território é abordado pelos professores, levando-se a várias
reflexões. Essas expressões podem ser identificadas como formas de representação
simbólicas de realidades vividas pelo homem.
Nesse caso, cabe ao professor indagar sobre o conceito de território e ajudar
os estudantes na sua construção. É importante trabalhar com os estudantes
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conteúdos que fundamentem o papel histórico que têm desempenhado, por
exemplo, as formas de poder exercidas por determinadas classes sociais na
construção da sociedade e dos territórios, e assim por diante, buscando-se alcançar
o sentido no âmbito interpessoal, que contém algo de subjetivo.
Assim, a ação pedagógica destes professores é muito importante e de certa
maneira interventiva, para contribuir e favorecer no processo de ensino e
aprendizagem, não só da Geografia como de todas as disciplinas. Uma vez que o
estudo através da interdisciplinaridade possibilita um olhar mais aguçado da
realidade.
A leitura da paisagem, também pode auxiliar a perceber que muitos
problemas existentes em nosso espaço, resultantes de nossas próprias ações,
poderão ser melhorados através de nossa visão crítica. Porém, a paisagem não
mostra a complexidade da sociedade.
O presente projeto teve como foco principal contribuir para o
desenvolvimento de uma visão crítica e do conhecimento dos estudantes do EJA. A
geografia, mais do que nunca, pode contribuir neste sentido, podendo ser também
um instrumento social muito eficaz, fazendo-os refletir e torná-los sujeitos críticos da
sociedade.
6 REFERÊNCIAS
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22
ANEXOS
23
Figura 01 – Mike Ken Dias Tomita – Aluno do Ensino Fundamental – CEEBJA-Goioerê-PR.
24
Figura 02 – Henrique Lira – Aluno do Ensino Fundamental – CEEBJA-Goioerê-PR.
25
Figura 03 – Aluno do Ensino Fundamental – CEEBJA – Goioerê-PR.
26
Figura 04 – João Paulo da Silva – Ensino Fundamental – CEEBJA – Goioerê-PR.
27
Figura 05 – Aluna – Maria Mariane de Moura – Ensino Médio – CEEBJA – Goioerê-PR.
28
Figura 06 – Aluna Marcela Barbosa de Jesus – CEEBJA – Ensino Médio – Goioerê-PR.
29
Figura 07 – Aluno Jefferson F. da Silva Ferreira – Ensino Médio – CEEBJA – Goioerê-PR.
30
Figura 08 – Aluna Samara Lima – Ensino Médio – CEEBJA – Goioerê-PR.