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Page 1: Diabete na escola 17 3-2012

JT - SP - 8 - 17/03/12 8A - ESCALAPB ESCALACOR

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8A JTCIDADEJORNALDATARDESÁBADO, 17 .3. 12

ParaopediatraMarceloReibscheid,doHospitale

MaternidadeSãoLuiz,éprecisoincentivarqueacriançaparticipedosprocedimentosdecontroledadiabete.Issoparaque,casorecebacuidadosnaescola,consi-gaavaliarseoprocedimentoestásendofeitocomoodecostume.Nãoháumaidadeparaacrian-

çapassaraserresponsávelpeloscuidados.AnutricionistaMariaIzabelHomemdeMello,daAsso-ciaçãodeDiabetesJuvenil(ADJ),contasuaprópriaexpe-riênciaenquantodiabética:“Fi-queidiabéticacom1anoe9me-

ses.Com6anos,resolviapren-derafazeraaplicação”,lembra.Comoobjetivodepromover

essaindependência,aADJpromo-veperiodicamenteumacampa-mentoparacriançasejovensdia-béticos.Elesaprendemtudoso-breautocuidadosemumaimer-sãonotema.Oencontroéorgani-zadoemparceriacomUnifespereúne80criançasejovens,acom-panhadospor75profissionais–muitossãodiabéticostambém.“Elesaprendemmuito.Como

sótemcriançasdiabéticas,elessentem-sebeminseridos”,dizNicoleLagonegro,mãedeVitto-ria,de8anos.Hoje,elajácomeçaamanipularabombadeinsulinaeamediraglicemia.“Senãoapren-der,acriançanãopodesairdeca-sasemamãeporperto.”

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Quandocomeçouafrequentaraes-cola,com1ano,JuliaEhrhardtinhaacabado de receber o diagnósticode diabete. A escola, a princípio,concordouemparticipardoscuida-dos especiais com a menina, quehoje tem 5 anos. Mas a mãe dela, aarquitetaCarolinaLimaFernandesEhrhardt,notou queafilhasemprevoltavadasaulascomníveisincom-patíveis de glicemia. Constatouque os funcionários não seguiamsuas orientações e até deixavam agarota repetir olanche.

Julia, assim como centenas decriançasdiabéticasdoPaís,precisade uma série de cuidados, comomedições frequentes de glicemia,aplicaçõesdiáriasdeinsulinaecon-trole rigoroso da alimentação. A si-tuação éainda mais importante nocaso das escolas integrais, cada vezmais comuns, em que os alunospassammuitotemponolocal.Masnãoéfácil,dizemospais,encontrarescolas que aceitem dividir com afamília ocontrole da doença.

“A gente vê um grande medo desetornarresponsávelpelocontroledesse aluno. Normalmente, a mãeacabaindoàescolanahoradointer-valo,medeainsulina,dáolanche”,dizanutricionistaMariaIzabelHo-mem de Mello, da Associação deDiabetes Juvenil (ADJ). A endocri-nopediatra Denise Ludovico ob-serva que, mesmo se a criançanão precisar medir a glicemia nasaulas, o colégio tem de redobrar aatenção e verificar qualquer sinalde hipoglicemia, que pode levarao coma. Além disso, deve avisaraos pais sobre lanches diferentes.

A família do garoto Igor NunesFreires, de 9 anos, conta que tam-bémenfrentoudificuldades.Quan-dofoidiagnosticadocomadoença,aos 7 anos, sua mãe, Sarah RubiaNunes Baptista, explicou à escola anova rotina. A professora que, noinício anotava os valores da glice-mianointervalo,comotempodei-xou de fazê-lo. Nas ocasiões emque Igor precisava receber insuli-na, Sarah tinha de ir ao colégio.

Com o tempo, a professora deIgorpassouaacharqueosfrequen-tes pedidos para ir ao banheiroerammeradesculpa para não fazer

a tarefa. “Ele dizia que era uma ses-sãodetorturaterqueficarseguran-do o xixi enquanto prestava aten-ção”, diz a mãe. Um dos sintomasda diabete é justamente ter muitasedeemaisvontadedeurinar.Alémdisso,comoaescolaproibiacelula-res, Igor era impedido de avisar suamãesobrealteraçõesdeglicemia.

Para evitar problemas como es-ses, os especialistas recomendamque, antes de matricular a criança,ospaisconversemcomacoordena-ção e verifiquem a disposição emcolaborar.Mesmo quando acrian-ça adquire certa autonomia eaprendeamediraglicemia–otesteé feito por um aparelho portátil – étarefa de um adulto fazer as contasparaverificaraquantidadedeinsu-linaaserinjetada,levandoemcon-sideração a quantidade de carboi-dratoingerida a cada refeição.

Hoje, tanto Julia quanto Igor en-contraram, finalmente, escolasque dão suporte às necessidadestrazidaspeladiabete.Ocolégio no-vodeIgor,porexemplo,aproveitouo caso para explicar aos alunos so-bre a doença. “Houve aceitação daturma toda. Eles sabiam o que era,isso foi importante para evitar pre-conceitos”, conta Sarah. A nova es-coladeJuliatambémabraçouacau-sa: a própria professora se encarre-gade medir a glicemia.

Já a professora Nicole Lagone-gro, mãe de Maria Vittoria, de 8anos,tevesorteaoescolheraescoladafilha.“Disseramquetinhamou-trascriançascomrestriçãoalimen-tar e que fariam de tudo para aju-dar”,elogia.Aprofessoraassumiuafunção de controlar a glicemia eaplicar a insulina. Na hora do lan-che, as crianças comem dentro dasala para que haja mais controle esó depois vão para opátio. ::

Foram com as palavras do geó-grafoAzizNacibAb’Saber,quedes-creveu com precisão as paisagensbrasileiras,queoPaíscomeçouaco-nhecer, há pouco mais de 60 anos,sua diversidade. Ao longo de déca-dasdepesquisa,oprofessordaUni-versidade de São Paulo elaborouteoriasfundamentaisparaoconhe-cimento dos aspectos naturais doBrasil,mantendo-seativoatéavés-pera de sua morte, ontem, aos 87anos,após um enfarte fulminante.

Ab’Saber teve também papel de

liderança no desenvolvimento deuma consciência conservacionistanoPaís.ProfessoreméritodaFacul-dade de Filosofia, Letras e CiênciasHumanas (FFLCH) da USP, foi umdos mais importantes estudiososdageomorfologiabrasileira,desen-volvendo ao longo da carreira maisde 300 artigos de significativa rele-vância internacional.

Presidente de honra, ex-presi-dente e conselheiro da SociedadeBrasileiraparaoProgressodaCiên-cia(SBPC),vinhavisitandoaentida-

de com frequência nas últimas se-manasparaapreparaçãodotercei-rovolumedacoleçãoLeiturasIndis-pensáveis, ainda a ser publicado.

Apesardaidade,oprofessorcon-tinuava bastante ativo e polêmico.Em várias oportunidades se mos-troucontrárioaoalarmismoemtor-no do aquecimento global, refor-çandoqueeranecessárioconhecerseu aspecto natural.

Recentemente também estavaengajado contra as mudanças doCódigo Florestal no Brasil. “Era

uma voz muito respeitada por to-dososladosdodebate”,comentouobiólogo da Unicamp Carlos Joly.

Éautordemuitoslivrose,aolon-godacarreira,recebeudiversosprê-mios, como o Prêmio Jabuti emCiênciasHumanaseExataseoPrê-mio Almirante Álvaro Alberto paraCiênciaeTecnologia,doMinistériodaCiênciaeTecnologia.Deixamu-lheretrêsfilhos.Oenterroseráreali-zado hoje, às 11h, no Cemitério daPaz, no Morumbi. ::GiovanaGirardieHertonEscobar

MaritadosSantos–Dia 13,aos77anos,erafilhadeMariaVitoriadosSantoseJoséVir-turinodosSantos.DeixaosfilhosRoselyRe-giseRobertoRegis.OenterrofoinoCemité-riodaSaudade.HelenaGimpelHorvath–Dia12,aos74anos,erafilhadeMargaridaGimpeleGimpelJosef.DeixaafilhaMariaIsabel.Oenterrofoirealiza-donoCemitériodaFreguesiadoÓ.Hilda Justino dos Santos – Dia 12, aos 68

anos,erafilhadeMarcolinadeJesuseGabrielJustinodosSantos.DeixaosfilhosMarceloeMarcia.OenterrofoinoCemitérioSãoLuiz.Ivonete dosSantosCosta – Dia 12, aos 59anos, era filha de Iraci dos Santos eManoelAntoniodosSantos. Deixaos filhosAiltoneEmanuelAntonio.OenterrofoinoCemitériodaVilaFormosa.MiriamDalvinoTeixeiraBarretodeAlmei-da–Dia13,aos51anos,erafilhadeMariaJosé

DalvinoTeixeiraeNelsonJoséTeixeira.Dei-xaosfilhosJackson,AnthonyeAlessandra.OenterrofoinoCemitérioParquedasCere-jeiras.JoséNascimentoFilho–Dia12,aos88anos.DeixaosfilhosRosmeire,Weiderman,Rosan-gela, AnaMaria e José Roberto. O corpo foitransladadoparaoCrematóriodaVilaAlpina.DomingosSoares –Dia 12, aos77anos, erafilho deAmelia Gonçalves eManoel Soares

Filho. Deixa o filhoAngelo. O enterro foi noCemitériodoAraçá.Mauro Bezerra de Lima – Dia 12, aos 61anos,erafilhodeEuridicedeLimaBezerradosSantoseAntonioBezerradosSantos.Deixa os filhos Fabio e Ariane. O enterrofoinoCemitérioSãoPedro.MISSASAnnita Franceschini Cassiano – Amanhã,às12horas,naIgrejaSãoJosé,RuaDinamar-

ca,32,JardimEuropa(2anos).ZavenderHaroutiounian–Amanhã,às11ho-ras,naIgrejaApostólicaArmêniaSãoJorge,AvenidaSantosDumont,55(6anos).CEMITÉRIOISRAELITADOBUTANTÃRozaMandelbaum–Amanhã,às11horas-SL-Q260-Sep.9(Matzeiva).PedroSilvaMelnick–Amanhã,às11horas-SO-Q343-Sep.203(Matzeiva).LuciliadeLachmann–Amanhã,às11horas-

SE-Q170-Sep.104(Matzeiva).JosePerez–Amanhã, às 11 horas - SR -Q408 - Sep. 114 (Matzeiva).NelsonBeutel–Amanhã, às 11 horas -SR -Q396 -Sep.60 (Matzeiva).SarahAbramovich–Amanhã,às11horas-SD-Q54-Sep.25(Matzeiva).CEMITÉRIOISRAELITADOEMBUIdaGolubtchic– Amanhã, às 10h30 - S B -Q 16 - Sep. 6 (Matzeiva).

SegundoopresidentedoSindica-todos Estabelecimentos de Ensinodo Estado de São Paulo (Sieesp),BenjaminRibeiro da Silva, o ideal équeasescolastenhamenfermeirosou médicos à disposição dos alu-nos para contemplar necessidadesespeciais como as dos diabéticos.

Ele acrescenta que a escola tempor obrigação perguntar à famíliasobre todos os cuidados que acriança deve receber. “Nesta vidamoderna, em que pais e mães tra-balham, muitos ficam em perío-do integral na escola e ela tem de

seprepararparaatenderessasne-cessidades”, diz Silva.

Um projeto de lei em tramita-ção na Assembleia Legislativaproíbe a discriminação contraportadoresdediabetenosestabe-lecimentos de ensino. Ele prevêqueocorpodocenteeosfuncioná-rios se capacitem para atender àsnecessidadesdessesalunos.Otex-tojá recebeu pareceres favoráveisda Comissão de Constituição Jus-tiça e Redação e da Comissão deEducação e Cultura. Atualmente,está pronto para votação. ::

Os primeiros sinais da diabetesão excessode fome e desede, au-mento da necessidade de urinar,perdadepesorepentina,ocorrên-ciade náuseas e vômitos.A diabe-te que aparece na infância geral-menteéadotipo1,emqueoorga-nismo tem uma deficiência natu-ral na produção do hormônio in-sulina. Fabricado no pâncreas,ele é responsável por transformara glicose ingerida em energia.

Quandodemoraparaseridenti-ficada, a diabete pode levar ao co-ma e até à morte. O menino IgorNunes Freires, acometido peladiabete aos 7 anos, foi parar naUTI quando a diabete se manifes-toupelaprimeiravez.Suamãe,Sa-rah Rubia Nunes Baptista, contaque, naquela semana, ele tinhavoltado a fazer xixi na cama, o quefoi interpretado pela família co-mo um sinal de nervosismo devi-do às provas finais da escola.

Emumdosúltimosdiasdeaula,chegou a beber um galão de 20 li-tros sozinho. Sarah ligou para amédica, que pediu para ela levá-lo a uma consulta. Como ele nãoqueria perder a festa de encerra-mento das aulas, a consulta foimarcada para o dia seguinte. Nãodeu tempo de esperar. Pela ma-drugada, Igor começou a vomitare a urinar muito. Foi levado aopronto-socorro e, de lá, foi diretopara a UTI, onde ficou internadoportrêsdias.“Elejáestavaentran-donoquadrodecomadiabético.”

Quandodiagnosticadaprecoce-mente, a doença não chega a esseponto e os primeiros sintomas jácessam com a aplicação da dosecerta de insulina. Mas, apesar dasadaptações que a criança terá defazer em sua rotina ao descobrir adoença, a vida dela não precisaser cheia de restrições, garante aendocrinopediatra Denise Ludo-vico. “O que muda é que eles têmde fazer as glicemias capilares etêm de ter a alimentação saudá-

vel, o que é recomendado paraqualquer criança”, ressalta.

Paraela,criançasemidadeesco-lar podem adaptar os horáriosdosexamesdeglicemiaedasapli-cações de insulina para os perío-dos em que estão fora da escola.“Eu acredito que é possível adap-taradiabeteàrotinadopacienteenão ao contrário. Por mais que ascriançasnãoseincomodememfa-zeressesprocedimentosnasesco-las,elasacabamficandodiferentedas outras”. A especialista acres-centa que é preciso desvincular acriança diabética do estigma deque tem de ser sempre vigiada ecercadadeexcessosdecuidado. ::

GeógrafoAzizAb’Saber

Escolasnãosabemlidarcomadiabete

OSCUIDADOS

Paisdediabéticosdevemincentivaraindependência

JT NETO/AE

FALECIMENTOS

Serviço15ºCongressodaAssociação

deDiabetes:eventovoltadoapacientesefamiliaresData:24e25demarço,naRuaVoluntáriosdaPátria,547.GratuitoInscrições:www.acquacon.com.br/adj2012/inscricoes/

MeninofoipararnaUTI:xixinacamanãoeranervosismo

>>Comdeficiêncianaproduçãodeinsulina,odiabéticotemderegu-laraquantidadedeglicemianosangueeinjetarohormônionaquantidadecertaparaprocessarosalimentos.Suarotinaserá:

>>Testedeglicemiacapilar:feitováriasvezesaodia,antesdecadarefeição

>>Contagemdecarboidratos:de-vecontaraquantidadedecarboi-dratoingeridaemcadarefeição

>>Aplicaçãodeinsulina:segundooresultadodaglicemiaeaquanti-dadedecarboidratoingerida,elefazumacontaqueindicaadosecorretadeinsulinaparainjetar

FoiumdosmaioresgeógrafosqueoBrasiljáteve.Seuprofundoconhecimentodageografiaecompromissoinabalávelcomopovobrasileiroforamfontedeinspiraçãoparatodosnós”

LUIZINÁCIOLULADASILVA,EX-PRESIDENTE

ANDRE LESSA/AE–27/04/2010

Paisrelatamdificuldadesemencontrarcolégiosqueaceitemmediraglicemiaeaplicarinsulina

ARQUIVO PESSOAL

MorreoprecursordoambientalismoemSP

Enterro seráhoje, noMorumbi

Saúde

Antesdematricularacriançapaisdevemverificaradisposiçãodocolégioemcolaborar

Aescola deMariaVittoria,de8anos, sedispôsa ajudar.Aprópria professorase responsabilizoupelatarefademedir aglicemiaeaplicar insulina

Julia,5 anos, passouporumaescolaemquenãohaviacontrolesobreo queela comia.Nonovocolégio,professorese funcionáriossão treinados todoano

Projetopedefuncionáriostreinados

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