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Como citar este material:
MARTINS, Alan. Direito e Legislação: Direito do Consumidor. Caderno de Atividades.
Valinhos: Anhanguera Educacional, 2015.
Olá!
Produtos defeituosos, serviços malprestados, propaganda enganosa, danos a
consumidores em decorrência de vícios nos produtos e serviços, cláusulas contratuais e
práticas abusivas de fornecedores ‒ esses são alguns exemplos marcantes de fatos que
constituem a origem de litígios entre consumidores e fornecedores de produtos e serviços.
Nesse contexto litigioso é que nasceu o Direito do Consumidor, um ramo jurídico que, no
Brasil, destaca-se pelas feições pós-modernas do chamado Código de Defesa do
Consumidor. Instituído pela Lei n. 8.078, de 11 de setembro de 1990, dispõe sobre a
proteção do consumidor e veicula as principais normas de direito material e direito
processual que regem as relações jurídicas entre consumidores e fornecedores de
produtos e serviços.
Quem não precisa adquirir produtos e serviços para sobreviver? Então, fique bastante
atento!
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Direito do Consumidor
Instituído pela Lei n. 8.078, de 11 de setembro de 1990, o Código de Defesa do
Consumidor (CDC) dispõe sobre a proteção do consumidor (Figura 6.1).
Figura 6.1 Lei n. 8.078/1990 ‒ Código de Defesa do Consumidor.
Fonte: http://commons.wikimedia.org/wiki/File:C%C3%B3digo_do_Consumidor_Brasil.JPG?uselang=pt-br. Acesso em: nov. 2014
Partes da Relação de Consumo
A relação jurídica de consumo é o vínculo de direito que se estabelece entre um
consumidor e um fornecedor, cujo objeto é a produção, montagem, criação, construção,
transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou
prestação de serviços.
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Segundo Tartuce (2012), esse vínculo é composto por elementos subjetivos (consumidor
e fornecedor) e elementos objetivos (produtos e serviços). Cada um desses elementos
possui um conceito legal veiculado em um dos dispositivos dos artigos 2º e 3º do CDC:
Consumidor: toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou
serviço como destinatário final, a ele equiparada a coletividade de pessoas, ainda
que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo (CDC, art. 2º).
Figura 6.2 Consumidor decidindo sua compra.
Fonte: http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Consumidor.jpg?uselang=pt-br. Acesso em: dez. 2014
Fornecedor: toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou
estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de
produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação,
distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços (CDC, art. 3º).
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Figura 6.3 Uma quitanda ou barraca na feira enquadra-se perfeitamente ao conceito de fornecedor.
Fonte:
http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Vendedor_de_fruta_Colombia_(Plaza_mayorista_de_Medell%C3%ADn).JPG?u
selang=pt-br. Acesso em: dez. 2014
Produto: qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial (CDC, art. 3º, § 1º).
Figura 6.4 Consumidores adquirindo produtos em um supermercado.
Fonte:
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/6/65/Departamento_supermercado_T%C3%ADa.jpg?uselang=pt-br.
Acesso em: dez. 2014
Serviço: qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante
remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e
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securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista (CDC, art. 3º,
§ 2º).
Figura 6.5 A prestação dos profissionais de saúde aos pacientes é um exemplo de serviço tutelado pelo Código de
Defesa do Consumidor.
Fonte: <http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Anterior_chest_auscultation,_child.jpg?uselang=pt-br>. Acesso em: dez. 2014
Direitos Básicos do Consumidor
O artigo 6º do Código de Defesa do Consumidor estatui quais são os direitos básicos do
consumidor, quais sejam:
I - a proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos provocados por práticas no fornecimento de produtos e serviços considerados perigosos ou nocivos;
II - a educação e divulgação sobre o consumo adequado dos produtos e serviços, asseguradas a liberdade de escolha e a igualdade nas contratações;
III - a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade, tributos incidentes e preço, bem como sobre os riscos que apresentem;
V - a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos comerciais coercitivos ou desleais, bem como contra práticas e cláusulas abusivas ou impostas no fornecimento de produtos e serviços;
V - a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos supervenientes que as tornem excessivamente onerosas;
VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos;
VII - o acesso aos órgãos judiciários e administrativos com vistas à prevenção ou reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos ou difusos, assegurada a proteção Jurídica, administrativa e técnica aos necessitados;
VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências;
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IX - dispositivo vetado.
X - a adequada e eficaz prestação dos serviços públicos em geral.
Saiba Mais!
Documentário de Michael Moore sobre o sistema de saúde norte-americano. O
filme é uma crítica ácida ao sistema capitalista dos Estados Unidos da América,
caracterizado pela contradição entre a imensa riqueza do país e o baixíssimo nível
das prestações de serviços de assistência médica nos setores público e privado
de assistência médica à saúde.
SICKO: SOS Saúde. Direção: Michael Moore. EUA: Columbia Pictures, 2007.
Duração: 120 min.
Responsabilidade Civil no Código de Defesa do Consumidor
A responsabilidade civil em matéria consumerista é regida por normas específicas do
Código de Defesa do Consumidor, tendo sido adotada como regra a responsabilidade
civil objetiva, em detrimento da responsabilidade civil subjetiva, que é exceção.
Subdivide-se em:
- Responsabilidade civil pelo fato do produto e do serviço.
- Responsabilidade civil por vício do produto e do serviço.
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Responsabilidade pelo fato do produto
A responsabilidade pelo fato do produto é objetiva (independe de culpa) e diz respeito à
obrigação do fabricante, produtor, construtor, nacional ou estrangeiro, e importador, relativa
à reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos decorrentes de projeto,
fabricação, construção, montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou
acondicionamento de seus produtos, bem como por informações insuficientes ou
inadequadas sobre sua utilização e riscos (CDC, art. 12).
Saiba Mais!
Um livro interessante conta a história da viúva de um fumante falecido por causas atribuídas
ao cigarro, que move uma ação indenizatória contra uma poderosa companhia de cigarros. O
livro é marcado pela atuação do inescrupuloso advogado da indústria de cigarros, que fará e
gastará o que for necessário para ter os jurados a seu lado, até que se descobre que o júri
está sendo manipulado por um dos jurados. Essa bela história de tribunais possui um enredo
que gira todo em torno de uma discussão jurídica em torno da responsabilidade da indústria
tabagista por fato do produto que coloca no mercado:
GRISHAM, John. O Júri. 3. ed. São Paulo: Rocco, 1998.
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Outra dica é o filme Nação Fast-Food, que conta a história da longa investigação de um
executivo de marketing de uma cadeia de restaurante fast-food norte-americana tentando
descobrir quem colocou carne contaminada dentro de um freezer junto à carne utilizada para
preparar o mais famoso sanduíche da rede, prejudicando a qualidade do produto. Em sua
jornada, o executivo vai descobrir que, na verdade, são os consumidores que estão sendo
consumidos pela indústria norte-americana.
NAÇÃO fast-food: uma rede de conspiração. Direção: Richard Linklater. EUA: Fox Searchlight
Pictures, 2006.
O produto é considerado defeituoso quando não oferece a segurança que dele
legitimamente se espera, levando-se em consideração as circunstâncias relevantes, entre
as quais: I - sua apresentação; II - o uso e os riscos que razoavelmente dele se esperam; III
- a época em que foi colocado em circulação (CDC, art. 12, § 1º). Mas o produto não é
considerado defeituoso pelo fato de outro de melhor qualidade ter sido colocado no
mercado (CDC, art. 12, § 2º). A expressão “entre as quais” denota um rol exemplificativo de
circunstâncias relevantes a serem consideradas.
Atenção, ainda, para as excludentes de responsabilidade, uma vez dispõe o CDC, em
seu art. 12, § 3º, que o fabricante, o construtor, o produtor ou importador não será
responsabilizado quando provar: I - que não colocou o produto no mercado; II - que,
embora haja colocado o produto no mercado, o defeito inexiste; III - a culpa exclusiva do
consumidor ou de terceiro.
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Responsabilidade pelo fato do serviço
A responsabilidade objetiva do fornecedor (independentemente de culpa) é concernente à
reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos
serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e
riscos (CDC, art. 14). Portanto, assim como ocorre na responsabilidade por fato do produto,
os danos reparáveis podem decorrer de defeito no serviço ou informações insuficientes ou
inadequadas a seu respeito.
O serviço é considerado defeituoso quando não fornece a segurança que o consumidor
dele pode esperar, levando-se em consideração as circunstâncias relevantes, entre as
quais (rol exemplificativo): I - o modo de seu fornecimento; II - o resultado e os riscos que
razoavelmente dele se esperam; III - a época em que foi fornecido (CDC, art. 14, § 1º).
Entretanto, o legislador enfatiza que o serviço não é considerado defeituoso pela adoção
de novas técnicas (CDC, art. 14, § 2º).
Saiba Mais!
Neste filme, Paul Newman é um advogado com carreira em declínio que assume
um caso relacionado a erro médico. Quando tudo já levava a um desfecho
mediante acordo judicial, o advogado se conscientiza de que conduzir o processo
a julgamento seria o mais justo. A partir de então, resolve lutar pela sua cliente
com todas as armas que lhe estão disponíveis.
O VEREDITO. Direção: Sydnei Lumet. EUA: 20th Century Fox, 1982.
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Está na responsabilidade pelo fato do serviço a grande exceção à responsabilidade
objetiva em matéria de consumidor (CDC, art. 14, § 4º). A responsabilidade pessoal dos
profissionais liberais será apurada mediante a verificação de culpa, ou seja, trata-se de
responsabilidade subjetiva.
O fornecedor de serviços só não será responsabilizado quando provar uma das seguintes
excludentes: I - que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste; II - culpa exclusiva do
consumidor ou de terceiro (CDC, art. 14, § 3°).
Responsabilidade pelo vício do produto
Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não duráveis respondem
solidariamente pelos vícios de qualidade ou quantidade que os tornem impróprios ou
inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes diminuam o valor, assim como por
aqueles decorrentes da disparidade, com as indicações constantes do recipiente, da
embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária, respeitadas as variações decorrentes de
sua natureza, podendo o consumidor exigir a substituição das partes viciadas (CDC, art.
18).
Não sendo o vício sanado no prazo máximo de 30 dias, pode o consumidor exigir,
alternativamente e à sua escolha: I - a substituição do produto por outro da mesma
espécie, em perfeitas condições de uso; II - a restituição imediata da quantia paga,
monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos; III - o abatimento
proporcional do preço (art. 18, § 1º).
Consideram-se impróprios para uso e consumo: I - os produtos cujos prazos de validade
estejam vencidos; II - os produtos deteriorados, alterados, adulterados, avariados,
falsificados, corrompidos, fraudados, nocivos à vida ou à saúde, perigosos ou, ainda,
aqueles em desacordo com as normas regulamentares de fabricação, distribuição ou
apresentação; III - os produtos que, por qualquer motivo, revelem-se inadequados ao fim a
que se destinam (CDC, art. 18, § 6º).
Os fornecedores também respondem solidariamente pelos vícios de quantidade do produto
sempre que, respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, seu conteúdo líquido
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for inferior às indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou de
mensagem publicitária, podendo o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha: I -
o abatimento proporcional do preço; II - a complementação do peso ou medida; III - a
substituição do produto por outro da mesma espécie, marca ou modelo, sem os aludidos
vícios; IV - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo
de eventuais perdas e danos (CDC, art. 19).
Tendo o consumidor optado pela substituição do produto, e não sendo possível a
substituição do bem, poderá haver substituição por outro de espécie, marca ou modelo
diversos, mediante complementação ou restituição de eventual diferença de preço, sem
prejuízo do consumidor, depois de identificado que não é possível a substituição do bem,
optar pela restituição imediata da quantia paga ou abatimento proporcional do preço (CDC,
art. 18, § 4º e art. 19, § 1º).
Responsabilidade pelo vício do serviço
O fornecedor de serviços responde pelos vícios de qualidade que os tornem impróprios ao
consumo ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade
com as indicações constantes da oferta ou mensagem publicitária, podendo o consumidor
exigir, alternativamente e à sua escolha: I - a reexecução dos serviços, sem custo adicional
e quando cabível; II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada,
sem prejuízo de eventuais perdas e danos; III - o abatimento proporcional do preço (CDC,
art. 20). A reexecução dos serviços poderá ser confiada a terceiros devidamente
capacitados, por conta e risco do fornecedor (CDC, art. 20, § 1º).
Práticas Comerciais Abusivas
As práticas comerciais consideradas abusivas estão listadas no artigo 39 do Código de
Defesa do Consumidor em rol exemplificativo, isto é, que também admite como abusivas e
considera vedadas outras práticas análogas. Neste sentido, é vedado ao fornecedor de
produtos ou serviços, entre outras práticas abusivas:
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I - condicionar o fornecimento de produto ou de serviço ao fornecimento de outro produto ou serviço, bem como, sem justa causa, a limites quantitativos;
II - recusar atendimento às demandas dos consumidores, na exata medida de suas disponibilidades de estoque, e, ainda, de conformidade com os usos e costumes;
III - enviar ou entregar ao consumidor, sem solicitação prévia, qualquer produto, ou fornecer qualquer serviço;
IV - prevalecer-se da fraqueza ou ignorância do consumidor, tendo em vista sua idade, saúde, conhecimento ou condição social, para impingir-lhe seus produtos ou serviços;
V - exigir do consumidor vantagem manifestamente excessiva;
VI - executar serviços sem a prévia elaboração de orçamento e autorização expressa do consumidor, ressalvadas as decorrentes de práticas anteriores entre as partes;
VII - repassar informação depreciativa, referente a ato praticado pelo consumidor no exercício de seus direitos;
VIII - colocar, no mercado de consumo, qualquer produto ou serviço em desacordo com as normas expedidas pelos órgãos oficiais competentes ou, se normas específicas não existirem, pela Associação Brasileira de Normas Técnicas ou outra entidade credenciada pelo Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Conmetro);
IX - recusar a venda de bens ou a prestação de serviços, diretamente a quem se disponha a adquiri-los mediante pronto pagamento, ressalvados os casos de intermediação regulados em leis especiais;
X - elevar sem justa causa o preço de produtos ou serviços;
XI - dispositivo revogado.
XII - deixar de estipular prazo para o cumprimento de sua obrigação ou deixar a fixação de seu termo inicial a seu exclusivo critério.
XIII - aplicar fórmula ou índice de reajuste diverso do legal ou contratualmente estabelecido.
Saiba Mais!
Associação constituída para defesa coletiva dos direitos dos consumidores contra práticas
abusivas, inclusive com a propositura de ação judicial:
BRASIL. ANADEC – Associação Nacional de Defesa do Consumidor. Disponível em:
http://www.anadec.org.br. Acesso em: 9 nov. 2014.
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Proteção Contratual
O Código de Defesa do Consumidor considera cláusulas abusivas e, portanto, nulas de
pleno direito, as estabelecidas em seu artigo 51. Trata-se de rol exemplificativo,
evidenciado pela expressão “entre outras” veiculada no caput do dispositivo. Esse rol
exemplificativo é composto pelas seguintes espécies de cláusulas:
- impossibilitem, exonerem ou atenuem a responsabilidade do fornecedor por vícios de
qualquer natureza dos produtos e serviços ou impliquem renúncia ou disposição de
direitos. Nas relações de consumo entre o fornecedor e o consumidor pessoa jurídica, a
indenização poderá ser limitada, em situações justificáveis (inciso I);
- subtraiam ao consumidor a opção de reembolso da quantia já paga, nos casos previstos
neste código (inciso II);
- transfiram responsabilidades a terceiros (inciso III);
- estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o consumidor em
desvantagem exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa-fé ou a equidade (inciso IV);
- estabeleçam inversão do ônus da prova em prejuízo do consumidor (inciso VI);
- determinem a utilização compulsória de arbitragem (inciso VII);
- imponham representante para concluir ou realizar outro negócio jurídico pelo consumidor
(inciso VIII);
- deixem ao fornecedor a opção de concluir ou não o contrato, embora obrigando o
consumidor (inciso IX);
- permitam ao fornecedor, direta ou indiretamente, variação do preço de maneira unilateral
(inciso X);
- autorizem o fornecedor a cancelar o contrato unilateralmente, sem que igual direito seja
conferido ao consumidor (inciso XI);
- obriguem o consumidor a ressarcir os custos de cobrança de sua obrigação, sem que
igual direito lhe seja conferido contra o fornecedor (inciso XII);
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- autorizem o fornecedor a modificar unilateralmente o conteúdo ou a qualidade do
contrato, após sua celebração (inciso XIII);
- infrinjam ou possibilitem a violação de normas ambientais (inciso XIV);
- estejam em desacordo com o sistema de proteção ao consumidor (inciso XV);
- possibilitem a renúncia do direito de indenização por benfeitorias necessárias (inciso XVI).
Entre os direitos básicos do consumidor está a modificação das cláusulas contratuais que
estabelecem prestações desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos
supervenientes que as tornem excessivamente onerosas (CDC, art. 6º, V). Por exemplo: o
preço de um produto atrelado à variação internacional de sua matéria-prima que, em
determinado momento, triplica de preço no mercado exterior.
O consumidor pode desistir do contrato no prazo de 7 (sete) dias a contar de sua
assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviço, sempre que a contratação de
fornecimento de produtos e serviços ocorrer fora do estabelecimento comercial,
especialmente por telefone ou a domicílio (CDC, art. 49). Se o consumidor exercitar esse
direito de arrependimento, os valores eventualmente pagos, a qualquer título, durante o
prazo de reflexão, serão devolvidos, de imediato, monetariamente atualizados (CDC, art.
49, parágrafo único).
A garantia contratual é complementar à legal e será conferida mediante termo escrito
(CDC, art. 50). O termo de garantia ou equivalente deve ser padronizado e esclarecer, de
maneira adequada, em que consiste a mesma garantia, bem como a forma, o prazo e o
lugar em que pode ser exercitada e os ônus a cargo do consumidor, devendo ser-lhe
entregue, devidamente preenchido pelo fornecedor, no ato do fornecimento, acompanhado
de manual de instrução, de instalação e uso de produto em linguagem didática, com
ilustrações (CDC, art. 50, parágrafo único).
Além de estabelecer o conceito legal de contrato de adesão (art. 54), o Código do
Consumidor estipula algumas normas de proteção ao consumidor em relação a essas
espécies contratuais.
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Em razão de ser composto por cláusulas preestabelecidas, é comum que o contrato de
adesão seja apresentado ao consumidor em formulários padrão. Porém, segundo dispõe o
§ 1º do artigo 54 do CDC, a inserção de cláusula no formulário não desfigura a natureza de
adesão do contrato.
Nos contratos de adesão, admite-se cláusula resolutória, desde que alternativa, cabendo a
escolha ao consumidor (CDC, art. 54, § 2°). E, assim, a cláusula resolutória pode estar
presente no contrato de consumo, mas, além de estar presente como alternativa a outras
formas de solução de conflitos consumeristas, sua aplicação deve ficar sujeita à vontade do
consumidor.
Formalmente, os contratos de adesão escritos serão redigidos em termos claros e com
caracteres ostensivos e legíveis, cujo tamanho da fonte não será inferior ao corpo doze, de
modo a facilitar sua compreensão pelo consumidor (CDC, art. 54, § 3°, com redação dada
pela Lei n. 11.785/2008). E, por fim, as cláusulas desses contratos que implicarem
limitação de direito do consumidor deverão ser redigidas com destaque, permitindo sua
imediata e fácil compreensão (CDC, art. 53, § 4°).
Saiba Mais!
Administrativamente, a proteção contratual do consumidor pode ser exigida mediante
reclamação perante o Procon:
BRASIL. PROCON/SP – Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor. Disponível em:
https://www.procon.sp.gov.br. Acesso em: 9 nov. 2014.
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Contrato de adesão: é aquele cujas cláusulas tenham sido aprovadas pela autoridade
competente ou estabelecidas unilateralmente pelo fornecedor de produtos ou serviços, sem
que o consumidor possa discutir ou modificar substancialmente seu conteúdo (CDC, art.
54).
Culpa: é o aspecto volitivo (de vontade) da responsabilidade civil, que se perfaz por dolo
ou culpa stricto sensu. Divide-se em culpa stricto sensu (é a conduta não intencional do
agente decorrente de negligência, imprudência ou imperícia) e em dolo (conduta
intencional do agente).
Responsabilidade civil: é a obrigação jurídica de o autor de um ato ilícito reparar o dano
causado a outrem.
Responsabilidade civil objetiva: modalidade de responsabilidade cuja configuração
pressupõe apenas a ocorrência de um dano e seu nexo causal com a conduta do agente,
independentemente de culpa.
Responsabilidade civil subjetiva: modalidade de responsabilidade civil cuja configuração
pressupõe a ocorrência de um dano, seu nexo causal com a conduta do agente e presença
de culpa nessa conduta.
Instruções
Agora, chegou a sua vez de exercitar seu aprendizado. A seguir, você encontrará algumas
questões de múltipla escolha e dissertativas. Leia cuidadosamente os enunciados e atente-
se para o que está sendo pedido.
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Questão 1
Fornecedor Consumidor
Produto
ou
Serviço
Pode-se dizer que o esquema apresentado constitui um retrato
a) da relação jurídica de consumo com seus elementos objetivos e subjetivos.
b) da relação jurídica de consumo apenas com seus elementos subjetivos.
c) da relação jurídica de consumo apenas com seus elementos objetivos.
d) de uma relação jurídica de consumo incompleta por falta de elementos.
e) de um litígio entre consumidor e fornecedor de produto ou serviço.
Verifique a resposta correta no final deste material na seção Gabarito.
Questão 2
Contrariando a regra da responsabilidade objetiva do Código de Defesa do Consumidor, é
subjetiva a responsabilidade civil do:
a) Industrial.
b) Transportador.
c) Profissional liberal.
d) Prestador de serviços.
e) Comerciante.
Verifique a resposta correta no final deste material na seção Gabarito.
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Questão 3
Em um bilhete de estacionamento constam os seguintes dizeres: “Este estabelecimento
não se responsabiliza por avarias no veículo que não sejam causadas por nossos
manobristas”. Esses dizeres constituem:
a) Uma cláusula contratual lícita.
b) Uma cláusula contratual abusiva.
c) Publicidade enganosa.
d) Publicidade abusiva.
e) Mero alerta ao consumidor.
Verifique a resposta correta no final deste material na seção Gabarito.
Questão 4
Qual a natureza jurídica da obrigação de indenizar, independentemente da existência de
culpa, para reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos decorrentes de
fabricação? Explique.
Verifique a resposta correta no final deste material na seção Gabarito.
Questão 5
O consumidor que tem um contrato de financiamento cujas parcelas são reajustadas com
base na variação cambial de moeda estrangeira poderá se defender de uma excessiva e
inesperada valorização dessa moeda em relação à nacional, que torne as parcelas do
contrato extremamente pesadas para suas finanças?
Verifique a resposta correta no final deste material na seção Gabarito.
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Definidos os sujeitos das relações jurídicas de consumo nas figuras do consumidor e do
fornecedor, bem como o objeto consistente nos produtos e serviços, é possível perceber o
foco principal do Código de Defesa do Consumidor, que é a proteção da figura mais frágil
da relação consumerista, isto é, o consumidor.
Essa proteção começa pela responsabilidade do fornecedor em razão de fatos e vícios dos
produtos e serviços, perpassando pela vedação das práticas consideradas abusivas.
Abrange, também, a definição das cláusulas abusivas, que são consideradas nulas, entre
outras normas de proteção no campo contratual, com destaque para a modificação das
cláusulas contratuais que estabelecem prestações desproporcionais ou sua revisão em
razão de fatos supervenientes que as tornem excessivamente onerosas, direito de
arrependimento, garantia contratual e proteção relativa aos contratos de adesão.
PALAIA, Nelson. Noções Essenciais de Direito. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2011.
TARTUCE, Flavio; NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de Direito do Consumidor -
Direito Material e Processual. 2. ed. São Paulo: Método, 2012.
Questão 1
Resposta: Alternativa A.
A relação jurídica de consumo é o vínculo de direito que se estabelece entre um
consumidor e um fornecedor, cujo objeto é a produção, montagem, criação, construção,
transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou
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prestação de serviços. Segundo Tartuce (2012), esse vínculo é composto por elementos
subjetivos (consumidor e fornecedor) e elementos objetivos (produtos e serviços).
Questão 2
Resposta: Alternativa C.
Está na responsabilidade pelo fato do serviço a grande exceção à responsabilidade
objetiva em matéria de consumidor (CDC, art. 14, § 4º). A responsabilidade pessoal dos
profissionais liberais será apurada mediante a verificação de culpa, ou seja, trata-se de
responsabilidade subjetiva.
Questão 3
Resposta: Alternativa B.
Constituem cláusulas abusivas aquelas que impossibilitem, exonerem ou atenuem a
responsabilidade do fornecedor por vícios de qualquer natureza dos produtos e serviços
(CDC, art. 51, I).
Questão 4
Resposta: Trata-se de responsabilidade civil pelo fato do produto, de natureza objetiva
(independe de culpa) e diz respeito à obrigação do fabricante, produtor, construtor, nacional
ou estrangeiro, e importador, relativa à reparação dos danos causados aos consumidores
por defeitos decorrentes de projeto, fabricação, construção, montagem, fórmulas,
manipulação, apresentação ou acondicionamento de seus produtos, bem como por
informações insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos (CDC, art. 12).
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Questão 5
Resposta: Entre os direitos básicos do consumidor está a modificação das cláusulas
contratuais que estabelecem prestações desproporcionais ou sua revisão em razão de
fatos supervenientes que as tornem excessivamente onerosas (CDC, art. 6º, V).