UNIVERSIDADE DA AMAZÔNIA
PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E EXTENSÃO
PROGRAMA DE MESTRADO EM DESENVOLVIMENTO
E MEIO AMBIENTE URBANO
LUZIA BEATRIZ RODRIGUES BASTOS
ACESSO DE IDOSOS AOS SERVIÇOS DE SAÚDE: estudo em unidades de saúde
do Distrito do Entroncamento de Belém
BELÉM- PA
2013
LUZIA BEATRIZ RODRIGUES BASTOS
ACESSO DE IDOSOS AOS SERVIÇOS DE SAÚDE: estudo em unidades de saúde
do Distrito do Entroncamento de Belém
Dissertação apresentada à Pró-Reitoria de Pesquisa, Pós-Graduação e Extensão da Universidade da Amazônia, como requisito para obtenção do titulo de Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente Urbano.
Orientador: Profº Drº Marco Aurélio Arbage Lobo.
BELÉM- PA
2013
LUZIA BEATRIZ RODRIGUES BASTOS
ACESSO DE IDOSOS AOS SERVIÇOS DE SAÚDE: estudo em unidades de saúde
do distrito do Entroncamento em Belém
Banca Examinadora
___________________________________ Profª Drª Maria Tita Portal Universidade da Amazônia ___________________________________ Profº Drº Carlos Paixão Universidade Federal do Pará ___________________________________ Profº Drº Marco Aurélio Arbage Lobo Universidade da Amazônia Apresentado em:___/____/2013
Conceito:_______
BELÉM- PA
2013
À minha mãe Maria José que aos 78
anos, possui vigor da juventude e alegria
de uma criança. Foi a grande inspiração
desse trabalho.
AGRADECIMENTOS
Ao meu esposo Diniz Antonio, pelo companheirismo nos momentos mais
difíceis, pela sabedoria e alicerce teórico como psicólogo e historiador.
Aos meus filhos, Felipe e Camila, que com seus estudos na área de sistema
de informação e línguas estrangeiras, respectivamente, desenvolveram a parte
técnica específica de suas áreas de atuação em meu trabalho de pesquisa.
Ao sociólogo Elias Junior, que contribuiu na discussão sobre o tema
envelhecimento e na aplicação do instrumento metodológico de pesquisa.
Ao Profº Drº Samuel Sá, que com sua sabedoria, forneceu os conhecimentos
necessários ao meu despertar enquanto profissional da área da saúde, no sentido
de vislumbrar uma possibilidade para a velhice afastada do campo puramente
biológico. Ausente como enfermo, mas presente enquanto referência intelectual.
Aos professores Drº Carlos Paixão, Drª Tita Portal e Drº Marco Aurélio, que se
disponibilizaram em colaborar com seus conhecimentos no sentido de minimizar a
ausência de meu orientador de pesquisa.
À Coordenadora da Pós-Graduação, Profª Drª Maísa Tobias, que de forma
ética, articulou com professores, afim de que a pesquisa pudesse ser devidamente
concluída e defendida.
A Deus razão da vida e mentor do universo, que me concedeu discernimento
e capacidade crítica para dialogar com pesquisadores consagrados o processo de
envelhecimento e a possibilidade de velhice bem sucedida.
Durante a velhice deveríamos estar ainda
engajados em causas que nos
transcendem, que não envelhecem e que
dão significado a nossos gestos
cotidianos.
Ecléa Bosi
RESUMO
A pesquisa investigou o idoso nos aspectos sociais, culturais, políticos e o conceito
de velhice bem-sucedida. O estudo focou o acesso de idosos aos serviços de saúde
das unidades da Marambaia e Tavares Bastos do distrito do Entroncamento de
Belém, entendendo que a descentralização e municipalização da saúde,
responsabiliza o município pelas ações de saúde junto aos seus munícipes e
permite acesso pleno de cidadãos aos serviços de saúde. Partiu-se da definição de
acessibilidade como a facilidade que cada pessoa tem em obter cuidado de saúde e
de acesso, como a entrada no serviço de saúde e a continuidade da assistência. Na
problemática investigou-se as condições de acesso dos idosos ao buscarem os
serviços de saúde no distrito do Entroncamento. Como objetivo geral analisou-se o
acesso de idosos aos serviços de saúde, tendo em vista o conjunto de serviços
ofertados pelas unidades da Marambaia e Tavares Bastos. Nos objetivos específicos
apresentou-se o perfil do idoso que busca o serviço de saúde; identificou-se a
infraestrutura disponibilizada pelas unidades de saúde referidas; e se apontaram as
condições de acesso dos idosos aos serviços de saúde. Na pesquisa quanti-
qualitativa foram considerados aspectos descritivos e analíticos, utilizando-se o
questionário, com perguntas abertas e fechadas, como instrumento de coleta de
dados aplicado em 150 idosos. Foram estudados aspectos pessoais dos idosos,
relativos ao gênero, idade, local de nascimento e moradia, escolaridade e renda; e
aspectos vinculados ao acesso de idosos aos serviços de saúde. Como
regularidades nos depoimentos dos idosos, em relação às reivindicações a serem
consideradas pelos gestores, se pode destacar: ampliação do fornecimento de
medicamentos; melhoria na infraestrutura; maior número de clínicos gerais, médicos
especializados e enfermeiros; menor tempo de espera nas consultas médicas;
melhores relações humanas dos servidores com os usuários; ampliação de cota de
exames laboratoriais e maior compromisso dos gestores das unidades com os
usuários do sistema único de saúde. Recomendam-se em estudos futuros,
pesquisas que aprofundem a discussão na área do acesso, considerando municípios
que optam pela distritalização da saúde na municipalização, como é o caso de
Belém.
Palavras-chave: acesso, acessibilidade, descentralização, municipalização, envelhecimento.
ABSTRACT
The research investigated the elderly with social, cultural, political and the concept of
successful aging. The study focused on the elderly access to health services units
Marambaia Tavares Bastos and the Junction district of Belem, understanding that
decentralization and municipalization of health, the council responsible for the actions
of health among its citizens and allows full access to public health services. We
started from the definition of accessibility as the ease that each person has to obtain
health care and access, such as entry to the health service and continuity of care. At
issue was investigated the conditions of access of older persons to seek health
services in the Junction district. As a general objective analyzed elderly access to
health services in view of the range of services offered by the units of Marambaia
and Tavares Bastos. Specific objectives presented in the profile of the elderly
seeking health services; identified the infrastructure provided by health facilities
mentioned, and it showed the conditions of access for elderly health services. In
quantitative research, qualitative aspects were considered descriptive and analytical,
using the questionnaire with open and closed questions, as an instrument of data
collection applied in 150 elderly. We studied personal aspects of the elderly, related
to gender, age, place of birth and residence, education and income, and aspects
related to access to health services elderly. How regularities in the testimonies of the
elderly in relation to claims to be considered by managers, we can highlight:
expanding the supply of drugs, improved infrastructure, greater number of general
practitioners, specialist doctors and nurses, shorter wait times in medical
consultations; better human relations servers with users; expansion quota laboratory
and greater commitment from the managers of the units with the users of the unified
health system. Are recommended in future studies research that furthers the
discussion in the area of access, municipalities considering opting for districting in
municipalization of health, as is the case of Belem.
Keywords: acess, acessibility, descentralization, municipalization, aging.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
FIGURAS
FIGURA 1 - DISTRITOS ADMINISTRATIVOS DE BELÉM. .......................................................................... 57
FIGURA 2 - BAIRROS DO DISTRITO DO ENTRONCAMENTO. .................................................................. 58
FIGURA 3 - IMAGEM DE SATÉLITE DO DISTRITO DO ENTRONCAMENTO. ........................................... 59
QUADROS
QUADRO 1 - ESTABELECIMENTOS DE SAÚDE CADASTRADOS NO CNES – MUNICÍPIO DE BELÉM –
2012. ...................................................................................................................................................... 55
QUADRO 2 - CASAS FAMÍLIAS, CENTROS OU UNIDADES DE SAÚDE, CADASTRADOS NO MUNICÍPIO
DE BELÉM, SEGUNDO CNES – 2012. ................................................................................................. 56
QUADRO 3 - MÓDULO PROFISSIONAL DA UMS MARAMBAIA – 2012. ................................................... 60
QUADRO 4 - MÓDULO PROFISSIONAL DA UMS TAVARES BASTOS – 2012. ......................................... 62
GRÁFICOS
GRÁFICO 1 - IDOSOS ATENDIDOS NAS UNIDADES DA MARAMBAIA E TAVARES BASTOS, SEGUNDO
GÊNERO – 2013. .................................................................................................................................. 64
GRÁFICO 2 - IDOSOS ATENDIDOS NAS UNIDADES DA MARAMBAIA E TAVARES BASTOS, SEGUNDO
CONDIÇÃO DE MATRÍCULA – 2013. ................................................................................................... 73
GRÁFICO 3 - MEIO DE ACESSO DE IDOSOS ÀS UNIDADES DE SAÚDE DA MARAMBAIA E TAVARES
BASTOS – 2013 .................................................................................................................................... 74
GRÁFICO 4 - IDOSOS ATENDIDOS NAS UNIDADES DA MARAMBAIA E TAVARES BASTOS, SEGUNDO
PROCEDIMENTO CIRÚRGICO – 2013. ............................................................................................... 79
GRÁFICO 5 - MARCAÇÃO DE CONSULTA MÉDICA ESPECIALIZADA POR IDOSOS NAS UNIDADES DA
MARAMBAIA E TAVARES BASTOS – 2013. ........................................................................................ 81
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 – POPULAÇÃO RESIDENTE POR FAIXA ETÁRIA E GÊNERO DO MUNICÍPIO DE BELÉM –
2009. ...................................................................................................................................................... 54
TABELA 2 – IDOSOS ATENDIDOS NA UNIDADE MARAMBAIA E UNIDADE TAVARES BASTOS,
SEGUNDO IDADE – 2013. .................................................................................................................... 66
TABELA 3 – IDOSOS ATENDIDOS NA UNIDADE MARAMBAIA E UNIDADE TAVARES BASTOS, DE
ACORDO COM LOCAL DE NASCIMENTO, AGRUPADOS EM REGIÕES DE SAÚDE – 2013. .......... 67
TABELA 4 – IDOSOS ATENDIDOS NA UNIDADE MARAMBAIA E UNIDADE TAVARES BASTOS, POR
LOCAL DE MORADIA – 2013. ............................................................................................................... 68
TABELA 5 – IDOSOS ATENDIDOS NA UNIDADE MARAMBAIA E UNIDADE TAVARES BASTOS, POR
ESCOLARIDADE – 2013. ...................................................................................................................... 70
TABELA 6 – IDOSOS ATENDIDOS NA UNIDADE MARAMBAIA E UNIDADE TAVARES BASTOS,
SEGUNDO RENDA – 2013. .................................................................................................................. 71
TABELA 7 – CONDIÇÃO DE DESLOCAMENTO DE IDOSOS ÀS UNIDADES MARAMBAIA E TAVARES
BASTOS – 2013. ................................................................................................................................... 75
TABELA 8 – TEMPO DE ESPERA DOS IDOSOS PARA CONSULTAS MÉDICAS NAS UNIDADES DA
MARAMBAIA E TAVARES BASTOS – 2013. ........................................................................................ 76
TABELA 9 – TEMPO DE ESPERA DOS IDOSOS PARA CONSULTA DE ENFERMAGEM NAS UNIDADES
DA MARAMBAIA E TAVARES BASTOS – 2013. .................................................................................. 77
TABELA 10 – TEMPO DE ESPERA DOS IDOSOS PARA EXAMES LABORATORIAIS NAS UNIDADES DA
MARAMBAIA E TAVARES BASTOS – 2013. ........................................................................................ 77
TABELA 11 – TEMPO DE ESPERA DOS IDOSOS PARA EXAMES ESPECIALIZADOS NA UNIDADE DA
TAVARES BASTOS – 1º SEMESTRE 2013. ......................................................................................... 78
TABELA 12 – MARCAÇÃO DE CONSULTA MÉDICA PELOS IDOSOS NAS UNIDADES DA MARAMBAIA E
TAVARES BASTOS – 1º SEMESTRE - 2013. ....................................................................................... 80
TABELA 13 – MARCAÇÃO DE CONSULTA DE ENFERMAGEM PELOS IDOSOS NAS UNIDADES DA
MARAMBAIA E TAVARES BASTOS – 1º SEMESTRE – 2013. ............................................................ 80
TABELA 14 – ACESSO AOS MEDICAMENTOS PRESCRITOS AOS IDOSOS NAS UNIDADES DA
MARAMBAIA E TAVARES BASTOS – 1º SEMESTRE 2013. ............................................................... 82
TABELA 15 – ACESSO À HOSPITALIZAÇÃO DE IDOSOS ATENDIDOS NAS UNIDADES MARAMBAIA E
TAVARES BASTOS – 1º SEMESTRE 2013. ......................................................................................... 83
TABELA 16 – PARTICIPAÇÃO DOS IDOSOS EM PROGRAMAS DAS UNIDADES DA MARAMBAIA E
TAVARES BASTOS – 1º SEMESTRE 2013. ......................................................................................... 84
TABELA 17 – CONHECIMENTO DOS IDOSOS DA DINÂMICA DE FUNCIONALIDADE DAS UNIDADES
DA MARAMBAIA E TAVARES BASTOS – 1º SEMESTRE 2013. ......................................................... 85
LISTA DE SIGLAS
IBGE – INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA
SUS – SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE
OMS – ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE
SUS – SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE
ONU – ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS
SESPA – SECRETARIA ESTADUAL DE SAÚDE PÚBLICA
SESMA – SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE
UMS – UNIDADE MUNICIPAL DE SAÚDE
CAPS – CAIXAS DE APOSENTADORIAS E PENSÕES
IAPS – INSTITUTOS DE APOSENTADORIAS E PENSÕES
INPS – INSTITUTO NACIONAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL
CONASS – CONSELHO NACIONAL DE SECRETÁRIOS DE SAÚDE
CNES – CADASTRO NACIONAL DE ESTABELECIMENTOS DE SAÚDE
UFPA – UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
UEPA – UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 12
1.1 PROBLEMÁTICA .................................................................................................. 16
1.2 OBJETIVOS .......................................................................................................... 16
1.3 JUSTIFICATIVA .................................................................................................... 17
1.4 METODOLOGIA ................................................................................................... 19
2 ENVELHECIMENTO ............................................................................................... 22
2.1 VELHICE E TERCEIRA IDADE ............................................................................ 22
2.2 PROMOÇÃO DA SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA .............................................. 30
2.3 DIREITOS DOS IDOSOS NO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE ............................... 36
3 ACESSO E ACESSIBILIDADE DE IDOSOS AOS SERVIÇOS DE SAÚDE ............ 42
3.1 ENTENDENDO ACESSO E ACESSIBILIDADE .................................................... 42
3.2 DISCUTINDO ACESSO AOS SERVIÇOS DE SAÚDE ......................................... 45
4 DESCENTRALIZAÇÃO E MUNICIPALIZAÇÃO DA SAÚDE .................................. 52
4.1 CONFIGURAÇÃO DE BELÉM NA MUNICIPALIZAÇÃO DA SAÚDE .................... 54
4.2 UNIDADES DE SAÚDE DO DISTRITO DO ENTRONCAMENTO ......................... 60
5 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ...................................................... 63
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................... 86
REFERÊNCIAS .......................................................................................................... 91
APÊNDICES ............................................................................................................... 96
ANEXOS .................................................................................................................. 101
12
1 INTRODUÇÃO
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), censo 2010 revela que
existem no Brasil 20.590.597 pessoas com 60 anos ou mais, ou seja,
aproximadamente 10% da população brasileira são idosos; se inserindo como o 6º
país do mundo em população idosa, superado apenas por China, Índia, Estados
Unidos, Japão e Indonésia.
De 2025 a 2050 o mundo estará constituído de 50% de idosos e nessa
previsão o Brasil estará incluído. Daí um grande motivo para se debruçar no estudo
ao segmento de idosos, despojando-se de visão preconceituosa a pessoas plenas
de direitos.
Na atualidade a expectativa de vida do brasileiro está em torno de 75 anos e
o desafio consiste na oferta e garantia de acesso aos serviços de saúde de
qualidade, cuja demanda tende a aumentar.
Os idosos, nos seus aspectos biológico, psicológico e social apresentam
transformações próprias, requerendo tipos de assistências diferenciadas, em
especial a de saúde. Silva (2004, p. 11) demonstra que voltar a atenção à saúde do
idoso é um ato político que envolve diferentes atores sociais, dentre eles gestores,
sociedade civil e demanda de idosos, que, em um processo democrático e
participativo articulam-se entre si e negociam as tomadas de decisões para o
enfrentamento do envelhecimento populacional.
Há grande necessidade de se fomentar políticas públicas na área de
promoção, prevenção e proteção à pessoa idosa, considerando suas limitações no
sentido de contribuir para a manutenção e melhoria da qualidade de vida.
As legislações específicas na área do idoso, desde a Constituição Federal de
1988, Leis Orgânicas da Saúde, que regulamentaram o Sistema Único de Saúde
(SUS) em 1990, Estatuto do Idoso em 2003, Pacto pela Saúde e Política Nacional
da Pessoa Idosa, de 2006, demonstram a importância do setor saúde para esse
segmento da população.
O Pacto pela Saúde na dimensão do Pacto pela Vida coloca o idoso como
prioridade, inserindo-o no termo de compromisso de gestão, que tem o objetivo de
pactuar e formalizar responsabilidades e atribuições das esferas públicas, tendo em
vista o processo permanente de aprimoramento do Sistema Único de Saúde.
13
A Organização Mundial de Saúde (OMS) divulga a necessidade de conhecer
os vários determinantes de saúde das populações, apontando na direção de
promoção da saúde, onde procura resgatar e valorizar uma gama de fatores que
propiciem uma vida digna e de bem-estar coletivo.
Autores como Litvoc e Brito (2004), discutem a aplicação dos conceitos de
saúde relacionados ao envelhecimento. Discutem a promoção da saúde, os
conceitos de autonomia e de capacidade funcional, como fatores importantes no
estado de saúde das pessoas que envelhecem.
Outros pesquisadores como Silva, Lima e Galhardoni (2010) articulam
envelhecimento bem-sucedido à questão da vulnerabilidade em saúde, onde
destacam estratégias que podem ser utilizadas para alcançar a saúde e o bem-
estar e os recursos que possibilitariam as condições de saúde. Referem que são
necessários esforços coletivos no sentido de minimizar situações de vulnerabilidade
da população idosa, favorecendo o alcance do envelhecimento saudável e com
qualidade de vida.
São considerados mediadores importantes de satisfação do idoso: saúde
biológica; satisfação com a família; situação econômica e psicológica; capacidade de
manter contatos pessoais; e avaliação que o idoso faz de sua situação atual.
É importante destacar que grande parte dos estudos sobre promoção da
saúde do idoso enfoca controle de patologias, seja por fatores de risco ou ações
específicas, onde a abordagem crítica da prevenção e educação em saúde é um
processo em construção.
Na discussão da qualidade de vida na velhice, Neri (2001) aponta três
elementos centrais: o primeiro é que qualidade de vida na velhice depende de
muitos elementos em interação; o segundo é que a qualidade de vida na velhice é
produto de uma história que vai se construindo à medida que indivíduos e
sociedades se desenvolvem; e o terceiro elemento é que a avaliação da qualidade
de vida envolve condições objetivas e subjetivas, normas, valores sociais e
individuais sujeitos a alterações no decorrer do tempo.
Em estudos sobre idosos, Debert (1992) aborda novos modelos de pensar o
envelhecimento. No primeiro, propõe a construção de um quadro que aponte a
situação de pobreza e abandono a que o idoso está submetido, que termina por
alimentar a concepção de velhice como um período de dependência e passividade,
14
legitimando a visão do idoso como doente perante as políticas públicas. O segundo
modelo apresenta os idosos como seres ativos, capazes de dar respostas aos
desafios que enfrentam no seu cotidiano, contrapondo-se aos preconceitos e
estigmas vinculados à velhice.
Velhice é vista como um produto histórico-cultural, onde as etapas da vida
ganha novos significados em cada sociedade; onde o idoso tem-se transformado em
personagem importante na definição de novos mercados de consumo e novos seres
políticos.
Na Política Nacional da Saúde do Idoso, a questão da promoção da saúde é
enfatizada quando aponta propósitos vinculados à promoção do envelhecimento
saudável, a manutenção e a melhoria ao máximo da capacidade funcional dos
idosos, a prevenção de doenças, a recuperação da saúde e a reabilitação, de modo
a garantir permanência no meio em que vivem, exercendo de forma independente
suas funções na sociedade (BRASIL, 1999).
A partir do Pacto pela Saúde o processo de descentralização da saúde passa
a ser enfatizado, onde o município assume um papel primordial sendo necessária
uma capacidade gerencial e técnica, com adequados recursos humanos,
infraestrutura e recursos financeiros para cumprir as responsabilidades
descentralizadas e para promover os objetivos das políticas sociais.
A descentralização envolve mudanças, um novo processo de articulação
entre estado e sociedade, entre o poder público e a realidade social, contribuindo de
maneira decisiva na construção de uma nova sociedade. Somam-se a isso políticas
públicas que devem impactar sistemas de saúde e educação, o planejamento dos
ambientes de trabalho e dos espaços urbanos, o sistema de seguridade social e
também a atuação dos profissionais que cuidam de idosos.
Louvison e Barros (2009) consideram que a idade avançada frequentemente
engloba outras desigualdades pré-existentes, onde políticas equânimes são
importantes no sentido de minimizar as desigualdades e está diretamente
relacionada à garantia de acesso.
O acesso universal e igualitário às ações e serviços para a promoção,
proteção e recuperação da saúde, em todos os níveis de complexidade, é um direito
fundamental a todo cidadão brasileiro e uma das diretrizes estratégicas para a
implantação de políticas de atenção integral à saúde da pessoa idosa no SUS, é a
15
melhoria da qualidade, acesso e humanização dos serviços de atenção à saúde
(BRASIL, 1988)
Vários autores discutem acesso, dentre eles, o precursor, Donabedian (1972
apud LORA, 2004, p. 20) que refere como sendo “ingresso ao sistema de atenção à
saúde” e considera acessibilidade como “algo adicional à mera presença ou
disponibilidade de um recurso em certo lugar e momento dado”.
Define acessibilidade como a facilidade que cada pessoa tem em obter
cuidado. Isso depende de fatores espaciais como a distância das fontes de cuidado
e da disponibilidade e custo do transporte; fatores organizacionais como dias e
horas, quando fontes de cuidado são abertas para receber pacientes; fatores
econômicos como rendimento e posse da segurança do trabalho, em fatores sociais
e culturais como a etnia ou preferências religiosas desses que buscam cuidado ou
predisposição dos que o obtém.
Os teóricos Penchansky e Thomas (1981 apud TRAVASSOS; MARTINS,
2004, p. 192) entram na discussão do acesso definindo-o como grau de ajuste entre
clientes e sistema de saúde vinculando o termo à relação entre oferta e os
indivíduos; e identificam várias dimensões que compõem o conceito de acesso,
como: disponibilidade de serviços; acessibilidade (dimensão do acesso);
acolhimento (forma de organização dos serviços); capacidade de compra (formas de
financiamento); e aceitabilidade, que representa as atitudes das pessoas e dos
profissionais de saúde.
Na definição de Remoaldo (2003, p. 107) acessibilidade é a possibilidade em
obter cuidados de saúde considerados necessários, nas condições mais
convenientes e favoráveis, pautada no princípio da equidade; e da legislação
brasileira que considera a saúde como resultado de diversos determinantes,
incluindo o acesso à assistência.
Optou-se na pesquisa em investigar o acesso de idosos à atenção primária à
saúde ou atenção básica, que nas últimas décadas vem sendo ampliada por uma
série de dispositivos legais, que objetivam descentralizar e municipalizar os serviços
de saúde aos munícipes.
16
1.1 PROBLEMÁTICA
De acordo com o Ministério da Saúde, a atenção básica é considerada porta
de entrada do SUS e orienta-se pelos princípios da universalidade, da
acessibilidade, do cuidado, do vínculo e continuidade, da integralidade, da
responsabilização, da humanização, da equidade e da participação social,
caracterizando-se por um conjunto de ações de saúde, no âmbito individual e
coletivo, que abrangem a promoção e a proteção da saúde, a prevenção de agravos,
o diagnóstico, o tratamento, a reabilitação e a manutenção da saúde.
É desenvolvida por meio do exercício de práticas gerenciais e sanitárias
democráticas e participativas, sob a forma de trabalho em equipe, dirigidas a
populações de territórios bem delimitados, pelas quais assume a responsabilidade
sanitária, considerando a dinamicidade existente no território em que vivem essas
populações. Utiliza tecnologias de elevada complexidade e baixa densidade, que
devem resolver os problemas de saúde de maior freqüência e relevância em seu
território. É o contato preferencial dos usuários com os sistemas de saúde. (BRASIL
2006, p.10)
A estruturação da rede de atendimento básico vem sendo um enorme desafio
para grande parte dos municípios brasileiros, no sentido de garantir a integralidade
do atendimento, mesmo com a criação dos processos de regionalização com as
regiões de saúde.
Nesse aspecto, alicerçado nos preceitos constitucionais e amparo das leis
orgânicas do Sistema Único de Saúde, Estatuto do Idoso e Política Nacional da
Pessoa Idosa, que condições de acesso os idosos estão submetidos quando
buscam os serviços de saúde no Distrito do Entroncamento?
1.2 OBJETIVOS
1.2.1 Objetivo Geral
• Analisar em vista do conjunto de serviços ofertados pelas Unidades de Saúde da
Marambaia e Tavares Bastos localizadas no distrito do Entroncamento, o acesso de
idosos aos serviços de saúde.
17
1.2.2 Objetivos Específicos
• Apresentar o perfil do idoso que busca o serviço de saúde nas unidades de saúde
do distrito do Entroncamento.
• Identificar a infraestrutura disponibilizada pelas unidades de saúde da Marambaia e
Tavares Bastos, nos serviços de saúde;
• Apontar as condições de acesso dos idosos aos serviços de saúde.
1.3 JUSTIFICATIVA
O interesse pelo tema surgiu a partir das atividades profissionais
desenvolvidas na Secretaria Municipal de Saúde de Belém, em unidades
ambulatoriais e na gestão do Sistema Único de Saúde em nível do município de
Belém. Inicialmente na gestão do SUS como coordenadora da área hospitalar,
atuando no Departamento de Regulação no período de 2000 a 2004; e
posteriormente em unidades de saúde: UMS Fátima entre 2004 e 2006 e UMS
Marambaia de 2007 aos dias atuais.
Os entraves de acesso dos usuários do sistema de saúde eram frequentes
mesmo com a garantia de um sistema público gratuito e universal. Casos de idosos
que se avolumavam aguardando leitos na central de internação; por vezes, eram
escolhidos os mais graves, onde os pedidos de leitos justificavam os
encaminhamentos à hospitalização e outras através de solicitação do ministério
público, que exigia a internação imediata dos pacientes, cuja família buscava essa
alternativa para obter êxito na internação.
Como o quantitativo de leitos era limitado, principalmente no aspecto
resolutividade, por vezes eram selecionados os mais jovens para encaminhamento
aos leitos, justificado pela oportunidade de maior tempo de vida. É importante
destacar que a triagem era realizada por médicos que se revezavam por 24h na
central de internação.
Nas situações em nível ambulatorial em que se fazia necessário uma consulta
especializada por um idoso como exemplo, avaliação por um vascular, angiologista
ou cardiologista, ou de um procedimento eletivo (prostatectomia, por exemplo), a
situação se agravava, com espera de meses para a obtenção do cuidado,
18
considerando que as unidades de saúde cobrem apenas consultas das clínicas
básicas em ginecologia, pediatria e clínica geral, e nos casos de consultas
especializadas são solicitadas à central de marcação de consultas do município o
agendamento dessas consultas.
Em casos de comprometimento renal, por vezes causado pela hipertensão
arterial mal acompanhada, o paciente idoso necessitaria de atendimento com
nefrologista ou urologista, que também representam especialidades escassas na
rede do SUS municipal.
Quando o idoso necessitava de exames de diagnóstico por imagem, por
exemplo, ultrassonografia, entrava no agendamento, contando com o fator sorte
para que o aparelho não tivesse danificado no dia do exame, e por fim quando o
realizava sofria com a espera de retorno ao médico para avaliação de seu exame.
A motivação para desenvolver a pesquisa se acentuou quando foi
desenvolvido um estudo de caso com uma usuária da UMS Marambaia onde foi
demonstrada a dificuldade de acesso aos serviços de saúde ofertados pela unidade
principalmente no que se refere às referências especializadas.
Pode-se também observar nesse estudo a dificuldade de acessibilidade pela
degradação física da idosa, desde seu domicílio até a unidade de saúde. Todos os
percalços enfrentados em sua trajetória e a resposta insatisfatória da unidade de
saúde aos anseios e expectativas buscados por ela.
Observou-se no primeiro olhar que as condições físicas das instalações de
saúde são inadequadas aos idosos debilitados que buscam por atendimento de
saúde, somando-se à baixa capacidade resolutiva, que ofertam na maioria das
vezes as clínicas básicas (clínica médica, pediatria e ginecologia) e são escassos os
tratamentos de diagnose e terapia, e de atendimentos pautados na prevenção,
promoção, proteção e reabilitação da saúde.
Nesse sentido foi despertado o interesse em estudar o atendimento ofertado
aos idosos em unidades de saúde que fazem parte do Distrito do Entroncamento e o
acesso de idosos aos serviços de saúde. A escolha desse distrito ocorreu pelo fato
de representar o 3º maior distrito de Belém e de possuir uma população idosa na
faixa de 37.820, representando 30,16% do total de pessoas do distrito.
19
1.4 METODOLOGIA
• Abordagem
É uma pesquisa de abordagem quanti-qualitativa, do tipo descritiva e analítica
que objetiva analisar o acesso de idosos aos serviços de saúde da atenção básica,
em unidades de saúde do distrito do Entroncamento em Belém. Utilizou-se o
questionário com perguntas abertas e fechadas, como instrumento de coleta de
dados aplicado em 150 idosos.
A relação entre a pesquisa quantitativa e qualitativa pode ser estabelecida em
diferentes níveis, como em planos de pesquisa onde o pesquisador que deseje
saber algo a respeito da experiência subjetiva ou a respeito da frequência e da
distribuição de dados, combina o uso de dados e/ ou métodos quali-quantitativos. É
importante destacar que os métodos qualitativo e quantitativo devem ser vistos como
complementares e não rivais. (FLICK, 2004)
Para Minayo (2007, p. 57), cada um dos dois tipos de método tem seu papel,
seu lugar e sua adequação, onde ambos podem conduzir a resultados importantes
sobre a realidade social, não havendo sentido de atribuir prioridade de um sobre
outro.
Ressalta que nas abordagens qualitativas, o foco é posto na compreensão da
intensidade vivencial dos fatos e das relações humanas, ao passo que os estudos
quantitativos se dedicam a conhecer e a explicar a magnitude dos fenômenos. Toda
abordagem qualitativa se trabalha com quantidade e vice-versa: a síntese de ambas
se faz na compreensão do tema específico de estudo. (KANT, 1980, apud MINAYO,
2007).
Como nenhum pesquisador tem condições para produzir um conhecimento completo da realidade, diferentes abordagens de pesquisa podem projetar luz sobre diferentes questões. É o conjunto de diferentes pontos de vista, e diferentes maneiras de coletar e analisar os dados (qualitativa e quantitativamente), que permite uma idéia mais ampla e inteligível da complexidade de um problema. A integração da pesquisa qualitativa e quantitativa permite que o pesquisador, faça um cruzamento de suas conclusões de modo a ter maior confiança que seus dados não são produto de um procedimento específico ou de alguma situação particular. Pode entrevistar repetidamente, pode aplicar questionários, pode investigar diferentes questões em diferentes ocasiões, pode utilizar fontes documentais e dados estatísticos. (GOLDENBERG, 2005, p. 62).
Na pesquisa foram utilizados recursos e técnicas do geo-processamento e
ferramentas do Word e Excel, que possibilitaram apresentar e explicar os dados,
20
aprofundando o conhecimento da realidade do idoso, nos aspectos relativos ao
envelhecimento, legislação e acesso aos serviços de saúde.
Dados relevantes do idoso foram investigados quanto ao gênero, idade,
escolaridade e renda; e aspectos relativos ao acesso do idoso aos serviços
disponibilizados na atenção básica, relacionados às consultas médicas e de
enfermagem, exames laboratoriais e especializados, acesso a medicamentos,
dentre outros.
• Campo de Pesquisa
- 1º momento: Pesquisa bibliográfica e documental: tomou-se como referência
estudos de legislação específica da saúde, vinculadas à área do idoso e um
conjunto de publicações dentre elas artigos, periódicos, dissertações e livros que
abordavam o tema. Em razão da necessidade de dados oficiais foram realizadas
visitas técnicas ao IBGE, CODEM, SESPA, SESMA e às bibliotecas de instituições
de ensino superior da UFPA, UEPA e UNAMA.
- 2º momento: Coleta de informações nas Unidades de Saúde da Marambaia e
Tavares Bastos do distrito do Entroncamento.
• Caracterização da amostra, aplicação de questionários em 150 idosos atendidos
nas unidades de saúde do distrito do Entroncamento, sendo 75 na Unidade de
Saúde da Marambaia e 75 na Unidade de Saúde da Tavares Bastos.
• Aspectos Éticos
As informações obtidas através de questionários aos idosos na faixa etária de
60 anos adiante, usuários do sistema público de saúde nas unidades de saúde
referidas, preservou a integridade física, psicológica, social dos mesmos, onde sua
percepção possibilitou um olhar mais apurado da real situação de atendimento nas
unidades de saúde e pode contribuir para estampar o perfil do idoso que busca os
serviços de saúde, a qualidade dos serviços ofertados, permitindo uma aproximação
mais realista das necessidades de saúde da população idosa.
21
Para a garantia de medidas que garantam o anonimato dos pesquisados
foram utilizados artifícios para preservar a identificação, com omissão do uso de
qualquer nome de pessoa, lugar ou serviço que possa servir como referência para
identificá-las.
Outro aspecto importante é que os pesquisados foram devidamente
orientados sobre as finalidades da pesquisa, a metodologia utilizada, os usos de
seus resultados bem como as formas de disseminação do conhecimento adquirido,
onde foi ressaltada a liberdade da recusa em responder alguma questão e a
possibilidade de retirar-se em qualquer momento que julgar necessário. Para tanto o
termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE) foi devidamente assinado pela
pesquisadora e entrevistados. O Comitê de Ética em Pesquisa da Unama concedeu
nº de protocolo 10154512.1.0000.5174, que conferiu aprovação ao projeto de
pesquisa devidamente registrado na Plataforma Brasil..
22
2 ENVELHECIMENTO
Como fenômeno mundial, o envelhecimento nas últimas décadas tem sido
objeto de interesse de pesquisadores no que concerne ao estudo da assistência à
saúde disponibilizada a essa faixa etária. Segundo dados da OMS, no ano de 2020
serão mais de um bilhão de pessoas com mais de 60 anos de idade vivendo no
mundo, sendo que mais de 700 milhões estarão vivendo em países em
desenvolvimento.
De acordo com dados do IBGE (2010), o total de pessoas com 60 anos ou
mais no Brasil, representa mais de 10% da população total do país. A previsão dos
demógrafos é de que no ano de 2020 existam cerca de 1,2 bilhão de idosos no
mundo, dentre os quais 34 milhões de brasileiros acima de 60 anos.
Segundo Litvoc e Brito (2004) a situação atual do quadro demográfico do
Brasil é decorrente de mudanças caracterizadas pela redução da mortalidade infantil
e pelo declínio acentuado da fecundidade (número médio de filhos por mulher em
idade reprodutiva), culminando com a redução do crescimento da população
brasileira.
Além da relevância dos dados demográficos e epidemiológicos, é crucial
discutir questões relativas ao envelhecimento, não pautadas em aspectos biológicos,
já exaustivamente estudados pela geriatria, mas de relevância social, cultural e
política, que aborda o idoso como pleno de direitos na sociedade. O estudo será
subdividido em três subseções: velhice e terceira idade; promoção da saúde e
qualidade de vida no envelhecimento; e direitos dos idosos no SUS.
2.1 VELHICE E TERCEIRA IDADE
Os fundamentos teóricos no campo das ciências humanas, mas
especificamente da sociologia e antropologia, explicam o surgimento da velhice e
terceira idade, como resultante de um processo histórico, nas sociedades ocidentais,
com a fragmentação do curso da vida em etapas formais.
A consolidação das categorias etárias, segundo Hareven (1995 apud SILVA,
2008) deu-se no século XIX e XX com a institucionalização de ritos de passagem, o
ingresso na escola e na universidade e a aposentadoria. Destacam-se dois fatores
23
determinantes para o surgimento da velhice: novos saberes médicos sobre o corpo
envelhecido e a institucionalização das aposentadorias.
A geriatria e a gerontologia em grande parte estabelecem a velhice como
categoria social. Katz (1995 apud SILVA, 2008) afirma que se identifica um saber
pré-geriátrico, explicando o corpo envelhecido em um âmbito puramente patológico.
A velhice passou a ser vista como etapa da vida vinculada a processos
degenerativos, onde a morte seria resultado de doenças específicas da velhice.
A geriatria surge formulando as bases clínicas para a identificação da velhice
e o tratamento médico adequado a essa categoria, vinculando-a à decadência física.
Os saberes médicos geriátricos disseminaram, por vezes, alicerçando o Estado na
formulação de políticas assistenciais e a formação de disciplinas como a
gerontologia.
Segundo Katz (1995, apud SILVA, 2008), o termo gerontologia teria sido
usado em 1913 por Metchnikoff e se limitava às práticas médicas vinculadas ao
prolongamento da vida, onde,
os saberes populares, a demografia e as ciências sociais contribuíram para estabelecer a gerontologia como disciplina científica e para configurá-la como área de saber multidisciplinar. Também colaboraram com a sua formação a sociologia e a psicologia, ao direcionar o olhar especializado para os chamados aspectos psicossociais da velhice. Além do corpo envelhecido, objeto da geriatria, os hábitos, as práticas, as necessidades sociais e psicológicas dos velhos seriam agora alvo de um saber especializado, que incluía novos aspectos em sua definição e tornava mais complexa a categoria velhice (SILVA, 2008, p. 159).
A institucionalização da aposentadoria toma fôlego com o olhar das
disciplinas especializadas sobre a velhice; no entanto velhice atrelada à invalidez
inspirou a criação dos sistemas de aposentadoria e a vinculação entre velhice e
incapacidade vigorou durante muito tempo.
Por volta da década de 60 surge a categoria terceira idade, considerada um
marco na história da velhice, passando a significar o momento do lazer, propício à
realização pessoal, que ficou incompleta na juventude, a criação de novos hábitos,
hobbies, habilidades e ao cultivo de laços afetivos e amorosos, alternativos à família.
(SILVA, 2008, p.161).
Convém destacar que a gerontologia social, os agentes envolvidos na
organização das aposentadorias e a cultura do consumo têm contribuído para o
surgimento da noção de terceira idade.
24
Na modernidade são propostas alternativas preventivas para se chegar à
velhice saudável e com a aposentadoria, alguns velhos, passam também a ser
consumidores, capazes de usar moda, melhorar o corpo, como demonstra
Featherstone (1998 apud ARCURI, 2005, p.41)
Pode-se argumentar que nas sociedades ocidentais contemporâneas, esse processo é exacerbado pela forte ênfase na aparência física na imagem visual que é um dos elementos fundamentais que impulsiona a cultura de consumo. Nenhuma outra sociedade na história, como é frequentemente dito, produziu e disseminou tal volume de imagens do corpo humano, através de jornais, revistas, dos anúncios e das imagens do corpo em movimento na televisão e nos filmes. A paisagem física das grandes cidades, das construções e lugares nos quais fazemos compras ou nos divertirmos estão cheias de imagens e réplicas do corpo humano. A vasta maioria dessas imagens, especialmente aquelas usadas para vender mercadorias e experiências por meio de anúncios, são imagens da juventude, saúde e beleza dos corpos.
Outros autores discutem a visão de envelhecimento pautado em novos
sentidos como Andreoli et al (1998) quando afirma que envelhecimento é um
fenômeno natural e processual, com distintos significados culturais, que pressupõe
alterações físicas, psicológicas e sociais, onde o fato de se tornar idoso não ocorre
da mesma forma para todos, onde condições culturais, econômicas e políticas
precisam ser consideradas quando se quer compreender as razões pelas quais as
pessoas pensam, fazem e querem coisas que as expõem aos agravos, contrários à
qualidade de vida.
Sustenta-se com a visão de Lopes (2005, p. 65) quando afirma,
A velhice como categoria universal, não existe isoladamente. Existe sim, um indivíduo singular, constituído por um organismo biológico, inserido numa determinada cultura e momento histórico, o que conjuntamente, lhe atribui um lugar social com significados específicos. Quando falamos do velho ou do envelhecimento devemos pensar em uma variedade de indivíduos, cada qual com sua própria trajetória e, portanto, com características singulares: um ser único em constante processo de transformação..
Velhice no ponto de vista de Neri (1993) não é sinônimo de doença, são os
incidentes patológicos que produzem um organismo qualitativamente diferente na
velhice, onde velhice normal significa ausência de patologias biológicas ou
psicológicas, em contraposição à patológica, caracterizada por degenerescência1,
associada a doenças crônicas.
1 A degenerescência macular relacionada com a idade é uma patologia que provoca diminuição da
acuidade visual e possível perda irreversível da visão, constituindo a principal causa de cegueira nos países ocidentais (SILVA; RIBEIRO, 2006)
25
Envelhecer satisfatoriamente depende do equilíbrio entre as limitações e as
potencialidades do indivíduo, o qual lhe possibilitará lidar em diferentes graus de
eficácia, com as perdas inevitáveis do envelhecimento.
Rudinger e Thomae (1990, apud NERI, 1993, p. 14 e 15) apontam itens
importantes no que se refere à satisfação na velhice como: saúde biológica;
maneiras de lidar com problemas de saúde; satisfação com a família, situação
econômica e psicológica; capacidade de manter contatos pessoais; e avaliação que
o idoso faz de sua situação atual. Todos são mediadores importantes de satisfação
do idoso.
Em relação às origens intelectuais, Siqueira (2001) destaca como teorias
sociológicas vinculadas ao idoso, elaboradas entre os anos de 1949 a 1980:
1ª Teoria da Atividade: considera que o declínio em atividades físicas e mentais,
geralmente associados à velhice, é fator dominante nas doenças psicológicas do
idoso, e o mundo social contrai-se tornando difícil para o idoso satisfazer suas
necessidades.
2ª Teoria da Continuidade: enfatiza o ajustamento social que desprivilegia idosos
que desenvolveram desvantagens em estágios anteriores da vida, levando-o à
descontinuidade, enfrentando de forma negativa o envelhecimento.
3ª Teoria da Troca: pauta-se em normas de reciprocidade, justiça distributiva e
beneficência. Considera as interações sociais entre o idoso e outros grupos etários.
4ª Teoria do Construcionismo Social: reconhece como os indivíduos participam
ativamente da criação e manutenção de significados para suas vidas diárias,
produzindo uma realidade dialética.
5ª Teoria do Desengajamento: aponta evidências que dão apoio à ideia de que o
idoso se encaminha progressivamente para uma maior “interioridade”, afastando-se
de envolvimentos ativos na vida social (NEUGARTEN, 1973 apud SIQUEIRA, 2001,
p. 87).
6ª Teoria da Modernização: destaca quatro aspectos: tecnologia científica aplicada à
produção econômica, que torna obsoletos os conhecimentos e as aptidões das
pessoas mais velhas; a urbanização, que inclui a segregação residencial entre
gerações e enfraquece os laços familiares, aumenta a distância entre as gerações,
contribuindo para a redução do status social dos idosos.
26
7ª Teoria da Subcultura do Envelhecimento: propõe que mudanças demográficas,
ecológicas e sociais contribuem para o envelhecimento da subcultura; onde idosos
criam normas e valores específicos, devido segregação a que estão submetidos.
8ª Teoria da Estratificação por Idade: destaca que o lugar ocupado em uma estrutura
de classe e em uma estrutura por idade engloba influência, oportunidade, poder
social e recompensas.
9ª Teorias e Perspectivas Feministas do Envelhecimento: focalizam o nível
microssocial, analisando a rede social, os cuidadores2 e as famílias de idosos, os
significados sociais e as identidades no processo de envelhecimento.
10º Teoria Político-Econômica do Envelhecimento: apresenta uma análise da
relação das políticas públicas com a construção social do envelhecimento. Walker
(1999 apud SIQUEIRA, 2001, p. 104) argumenta que mesmo de forma não
consciente ou explícita, as propostas de políticas públicas baseiam-se em um
conjunto de perspectivas teóricas que orientam a configuração do Estado de bem-
estar-social3.
11ª Teoria Crítica: focaliza duas dimensões: a estrutural e a humanística e as vê
refletidas em tendências diversas na gerontologia contemporânea, tais como a teoria
político-econômica do envelhecimento e as teorias feministas.
As teorias sociológicas enfatizadas por Siqueira (2001), apesar das críticas e
limitações, não se pode negar a influência que tiveram na prática de programas de
atendimento ao idoso no contexto brasileiro e como estas determinam as ações a
serem implementadas no processo de envelhecimento.
No texto “Velhice: uma questão complexa”, Mercadante (2005) discute noções
de identidade para explicar a velhice, questionando respostas que definem velhice
pautada em questões biológicas, quando verifica situações pessoais, sociais,
culturais, muito diversas vividas em várias sociedades.
2 Através do Projeto de Lei 4702/2012 do Senado Federal, deverá ser maior de 18 anos, ter ensino
fundamental completo e ter concluído curso de formação de cuidador de pessoa idosa. Desempenhará funções de acompanhamento e assistência exclusiva à pessoa idosa, como cuidados preventivos de saúde, prestação de apoio emocional, administração de medicamentos e outros procedimentos de saúde; e auxílio e acompanhamento na mobilidade do idoso e na realização de rotinas de higiene pessoal e ambiental e de nutrição. 3 Agente regulamentador de toda vida social, política e econômica do país, no sentido de garantir
serviços públicos e proteção à população, cujos princípios foram defendidos pela socialdemocracia (TEODORO, 2011)
27
Afirma que o pensamento redutor e parcial, não analisa de forma profunda a
velhice que se mostra como um fenômeno de múltiplas faces em que ao lado dos
fatores biológicos, há diversas situações socioculturais e históricas constitutivas
deste mesmo fenômeno. “A diversidade sociocultural indica a existência de uma
pluralidade de formas de viver a vida pelos assim denominados velhos”.
(MERCADANTE, 2005, p. 25).
Na visão de Litvoc e Brito (2004), a aplicação dos conceitos de saúde
relacionados ao envelhecimento é mais complexa pela interferência de atitudes
preconceituosas relativas ao envelhecimento, onde discute a promoção da saúde, os
conceitos de autonomia e de capacidade funcional, como fatores importantes no
estado de saúde das pessoas que envelhecem.
A capacidade funcional do idoso no sentido mais amplo implica na habilidade
em executar tarefas físicas, a preservação das atividades mentais e uma situação
adequada de integração social, ou seja, capacidade de se alimentar sem ajuda, uma
adequada localização no tempo e no espaço e capacidade de possuir amigos como
confidentes ( LITVOC; BRITO; 2004).
O Ministério da Saúde explicita na Política Nacional da Saúde do Idoso, a
capacidade funcional ao afirmar como a capacidade de manter as habilidades físicas
e mentais necessárias a uma vida independente e autônoma, ou seja, transcende o
simples diagnóstico e tratamento de doenças específicas.
O conceito de velhice bem-sucedida, foi proposto inicialmente por Havighurst
(1960 apud SILVA; LIMA; GALHARDONI, 2010), sugerindo que envelhecer bem era
produto da participação em atividades, associadas à satisfação, manutenção da
saúde e participação social. Articulam envelhecimento bem-sucedido à questão da
vulnerabilidade4 em saúde, onde destacam estratégias que podem ser utilizadas
para alcançar a saúde e o bem- estar e os recursos que possibilitariam as condições
de saúde. Destacam que seriam necessários esforços coletivos no sentido de
minimizar situações de vulnerabilidade da população idosa, favorecendo o alcance
do envelhecimento saudável e com qualidade de vida.
Ayres et al (2003, apud SILVA; LIMA; GALHARDONI, 2010), aponta três
planos de vulnerabilidade: pessoal, comportamento dos indivíduos ao autocuidado e
estado de saúde; social, que são as representações sociais, estigmas e condições
4 Termo comumente empregado para designar suscetibilidade das pessoas a problemas e danos de
saúde (AYRES, 2003, apud SILVA; LIMA; GALHARDONI, 2010)
28
sociais que contribuem para o status de saúde; e programática, que sugere acesso,
qualidade dos programas e compromisso das instituições como determinantes nas
condições de saúde.
Do ponto de vista da saúde pública, a noção de envelhecimento satisfatório
consiste na otimização da expectativa de vida e na minimização da morbidade física,
psicológica e pessoal (FRIES, 1990). Isto é, as pessoas poderão viver saudáveis e
por mais tempo e seu período de doenças senis poderá ser evitado, adiado ou
abreviado, dependendo de fatores econômicos e sociais que determinam as
condições de saúde e os estilos de vida do segmento social que fazem parte.
Somam-se a isso políticas públicas que devem impactar sistemas de saúde e
educação, o planejamento dos ambientes de trabalho e dos espaços urbanos, o
sistema de seguridade social e também a atuação dos profissionais que cuidam de
idosos.
Minayo (2002) afirma ser complexo o tema do envelhecimento, pois são
complexos todos os processos vitais experimentados desde o nascimento à vida
adulta, recusando-se a igualar envelhecimento a doença, privação e dependência.
Executa um movimento otimista da velhice como um tempo produtivo da vida,
superando os estigmas do preconceito, tão pesadamente vivenciado pelos idosos.
Enfatiza quatro pontos importantes na discussão do idoso: o envelhecimento
como híbrido biológico-social, onde demonstra a necessidade de considerar a
velhice como categoria social e culturalmente construída; o envelhecimento como
problema, no sentido de superar o estigma do “peso social”; o envelhecimento como
questão pública; e o velho como ator social, com poder de influenciar seus destinos,
pela sua significância qualitativa e numérica.
Termos utilizados com conotação negativa e preconceituosa em relação aos
idosos – decadência, incapacidade, improdutividade, entre outros, vão sendo cada
vez menos utilizados devido ao processo de conquistas sociais dos idosos.
No caso nacional, a terceira idade revela os seguintes avanços positivos: controle de muitas doenças infectocontagiosas e potencialmente fatais; a diminuição das taxas de fecundidade; a queda da mortalidade infantil, graças à ampliação das redes de abastecimento de água e esgoto; o aumento da cobertura vacinal e da atenção básica; a acelerada urbanização; a universalização da previdência social; e as profundas transformações nos processos produtivos e de organização do trabalho e da vida. (MINAYO, 2002, p. 21)
29
Vargas (1994, apud SILVA, 2004, p. 16) afirma que envelhecimento não
significa apenas um espaço de tempo, mas uma categoria, uma atividade
socioeconômica, modo diferente de vida, características pessoais, objetivos e
conflitos de natureza variável, sentimentos positivos e negativos, ou seja, a soma de
todos os processos de viver dentro do contexto sociocultural humano.
É importante destacar a visão de Bom (1992, p. 5) quando afirma,
Uma nova imagem do idoso está se desenhando na sociedade brasileira e espaços importantes de discussão estão alterando significativamente a velha e preconceituosa visão do idoso, fruto de diversos fatores, destacando-se o crescente reconhecimento que os idosos vão conquistando, de que não são um encargo da sociedade, mas um
patrimônio muito significativo.
Apontadas como possibilidades nesse novo momento do idoso, o avanço da
gerontologia no sentido de entender o envelhecimento não sendo necessariamente
decadência, estabelece uma diferença importante entre senescência
(envelhecimento sem enfermidade) e senilidade (envelhecimento acompanhado de
enfermidade).
Em estudos sobre idosos, Debert (1992) aponta modelos de pensar o
envelhecimento. Primeiramente propõe a construção de um quadro que aponte a
situação de pobreza e abandono a que o idoso está submetido, que termina por
alimentar a concepção de velhice como período de dependência e passividade; e o
segundo modelo apresenta os idosos como seres ativos, capazes de dar respostas
aos desafios que enfrentam no seu cotidiano, contrapondo-se aos estigmas
vinculados à velhice.
Aborda velhice como um produto histórico-cultural, onde as etapas da vida
ganha novos significados em cada sociedade; onde o idoso tem-se transformado em
ator privilegiado na definição de novos mercados de consumo e novos atores
políticos. Minayo (2002, p.22) reafirma essa questão quando destaca,
É preciso reconhecer que, do ponto de vista econômico, os idosos e, de forma destacada a terceira idade se configuram hoje como um mercado crescente e cada vez mais promissor do mundo dos bens de consumo, da cultura, do lazer, da estética, dos serviços de prevenção, atenção e reabilitação da saúde. Do ponto de vista sociológico, constituem um emergente ator social, com poder de influir nos seus destinos, pela sua significância numérica e qualitativa, por meio da construção de leis de proteção, de conquista de benefícios e pela presença no cenário político, no qual valem seu voto e sua representação. Como novo construtor da cultura, o idoso tem papel insubstituível, porque, radicalizando as novas situações, nada poderá ser como antes, sob pena de sua exclusão moral e social do projeto para o futuro do país.
30
As novas possibilidades de comunicação, de viagens, de participação grupal,
de ampliação da cultura, do cultivo de diferentes formas de lazer, permitem também
uma existência mais saudável entre idosos; e mesmo reconhecendo a grande
desigualdade social existente no país, a autora destaca que nos bairros e nas
condições em que vivem os idosos mais pobres, é possível dar um novo sentido e
articular atividades de encontro, comunicação e afeto.
Ressalta-se que a ciência e a tecnologia passaram por grandes
transformações, interferindo na forma de pensar e agir das pessoas e as mudanças
incluem as pessoas acima de 60 anos. GUISELINI (2012) frisa que além da
percepção do idoso a respeito de si próprio, suas capacidades, limitações e direitos,
o que mudou foi o surgimento de maior interesse por parte da sociedade para com
esse segmento. Destaca alguns fatores como:
a) a medicina tem mostrado, por meio de pesquisas, que o corpo humano responde de forma satisfatória em qualquer idade e que vários órgãos e sistemas podem ser recuperados por meio de diversos procedimentos como alimentação equilibrada, ingestão de medicamentos, procedimentos cirúrgicos, administração do estresse, equilíbrio emocional e exercício físico irregular; b) as psicoterapias, dentre elas as corporais, por exemplo, têm sido reconhecidas como excelente alternativa para ajudar na recuperação do autoconceito e autoimagem do idoso; c) várias entidades têm criado espaços socioculturais que permitem a participação ativa dos idosos nos diferentes programas e eventos por elas organizados: SESC, SESI, ACM, Secretarias de Esportes, academias de ginástica, entre outras são entidades que na sua programação oferecem diferentes atividades elaboradas especificamente para atender as necessidades e interesses dos “jovens e alegres velhinhos”. A integração social é um dos pontos que merece destaque nessa iniciativa. ( GUISELINI, 2012, p. 179)
Nesse âmbito a promoção da saúde no envelhecimento será abordada no
sentido de desenvolver estratégias que conservem por maior tempo possível, a
maior autonomia e independência do idoso.
2.2 PROMOÇÃO DA SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA
A 1ª Conferência Internacional sobre promoção da saúde, em Otawa, Canadá
em 1986, conhecida como Carta de Otawa, define promoção da saúde como “o
processo de capacitação da comunidade para atuar na melhoria da sua qualidade
de vida e saúde, incluindo uma maior participação no controle deste processo”. O
documento assume que a saúde, é o maior recurso para o desenvolvimento
social, econômico e pessoal, assim como uma importante dimensão da
qualidade de vida (grifo nosso).
31
A Carta de Otawa propõe cinco campos centrais de ação: políticas públicas
saudáveis, ambientes favoráveis à saúde, ação da comunidade, desenvolvimento de
habilidades pessoais e reorientação do sistema de saúde. A promoção da saúde
pressupõe a construção de prioridades para a saúde de todos os setores, em todos
os níveis, responsabilizando-os pelas consequências de suas ações.
Vários pesquisadores discutem o tema, promoção da saúde, dentre eles,
Buss (2000, p. 165) quando afirma,
A promoção da saúde está associada a um conjunto de valores: qualidade de vida, saúde, solidariedade, eqüidade, democracia, cidadania, desenvolvimento, participação e parceria, entre outros. Refere-se também a uma combinação de estratégias: ações do Estado (políticas públicas saudáveis), da comunidade (reforço da ação comunitária), de indivíduos (desenvolvimento de habilidades pessoais), do sistema de saúde (reorientação do sistema de saúde) e de parcerias intersetoriais. Isto é, trabalha com a idéia de responsabilização múltipla, seja pelos problemas, seja pelas soluções propostas para os mesmos.
Defesa da saúde, capacitação e mediação são, segundo a Carta de Otawa,
as três estratégias fundamentais da promoção da saúde. Promover saúde é
assegurar a igualdade de oportunidades e proporcionar os meios que permitam a
todos conhecer e controlar os fatores determinantes de sua saúde, como ambientes
saudáveis, acesso à informação, habilidades para viver melhor, dentre outros.
Segundo Perracini e Fló (2009) a discussão converge para a promoção do
envelhecimento ativo, caracterizado pela experiência positiva de longevidade com
preservação de capacidades e do potencial de desenvolvimento humano.
Convém destacar que os estudos de promoção à saúde do idoso, na grande
maioria, enfocam controle de patologias, seja por fatores de risco ou ações
específicas, onde a abordagem crítica da prevenção e educação em saúde é um
processo em construção. Programas de promoção da saúde do idoso são cada vez
mais solicitados considerando o envelhecimento populacional.
Nesse aspecto Ferrari (apud PERRACINI; FLÓ, 2009), afirmam que os
programas devem oferecer um espaço em que a reformulação de padrões
tradicionais de envelhecimento possa ser uma experiência coletiva e no qual
participar deles ativamente signifique viver intensamente uma nova etapa da vida,
um momento próprio para exploração da identidade e de novas formas de
autoexpressão.
Em 2002, a OMS lançou em Madri um documento intitulado “Envelhecimento
Ativo: um marco para a elaboração de políticas”, que complementa e amplia o PIAE
32
(Plano Internacional de Ação sobre Envelhecimento). Recomenda que políticas de
saúde na área de envelhecimento devem considerar os determinantes sociais,
econômicos, comportamentais, pessoais, culturais, além do ambiente físico e acesso
a serviços.
Na Carta de Ouro Preto em 2002, a comunidade científica em parceria com o
Ministério da Saúde, estabelece grandes eixos de uma agenda para o país que
envelhece, devendo envolver todos os setores da sociedade (governamentais, não
governamentais, voluntários e privados). Tais eixos englobam as seguintes
propostas:
• Rever o papel social do idoso brasileiro, no sentido de conscientizar a sociedade
na valorização do idoso;
• Minimizar o potencial negativo do envelhecimento populacional, através do
estabelecimento de mecanismos de desenvolvimento sustentável.
• Incluir o envelhecimento na agenda de ações intersetoriais, contemplando todos os
aspectos que visem reduzir a vulnerabilidade do idoso;
• Garantir o respeito e a implementação da Política Nacional do Idoso e integrá-la a
outras políticas existentes;
• Garantir a periodicidade dos inquéritos nacionais de saúde, como o PNAD, que
vem se mostrando útil no conhecimento das condições de saúde do idoso;
• Atenuar vulnerabilidade da população que envelhece a doenças e agravos
fortemente condicionados pela idade e pobreza, no sentido de enfrentar as
desigualdades existentes em nossa sociedade.
Na visão de Tavares et al (2011) a promoção da saúde é uma estratégia de
articulação transversal que confere visibilidade aos fatores que colocam a saúde da
população em risco e às diferenças entre necessidades, territórios e culturas
presentes em nosso país, visando a criação de mecanismos que reduzam as
situações de vulnerabilidade e que defendam radicalmente a equidade e incorporem
a participação e o controle social na gestão das políticas públicas.
Para Assis (2003, p. 377) a participação/controle social é entendida como
“espaço de representação da sociedade, onde se articulam diferentes sujeitos, com
suas diversas representações, movimentos populares, entidades de classe,
sindicatos, governo, entidades jurídicas, prestadores de serviço, entre outros, e uma
população com suas necessidades e interesses que envolvem o indivíduo, família e
grupos da comunidade”.
33
Destaca-se o depoimento de Apolônio Carvalho5 em entrevista a Ramalho
(1992, p. 30) que ressalta,
Se você está envolvido pelo meio social, participa da vida social e política, se sente integrante daquilo que o cerca, na família, no condomínio, no bairro, na cidade, no país, no mundo; se você se considera alguém que pode se sentir não apenas participante, mas também útil nisso ou aquilo, aí você corrige um pouco o grande mal que seria permitir que a vida passasse por você , sem que você passasse pela vida.
É importante destacar que os idosos poderão ser agentes criadores de
mudanças, cidadãos de futuro, que buscam transformações significativas na
sociedade, sendo indispensável assegurar-lhes direitos sociais, que lhes concedam
qualidade de vida.
Tavares et al (2011, p. 300) definem as estratégias de promoção da saúde no
Brasil e propõem mudanças em pelo menos três âmbitos:
a) do sistema de atenção, no qual se impõem a desmedicalização e a reorientação dos serviços, de modo que possam acolher e apoiar indivíduos e grupos na construção da autonomia e do empoderamento
6 no
planejamento e desenvolvimento de ações específicas de promoção da saúde, no âmbito da atenção básica e das estratégias de saúde da família; b) da gestão e do desenvolvimento local, em que se implementam ações intersetoriais pela saúde e qualidade de vida, como resultado e como motivação para envolvimento das populações e sujeitos; c) da formulação de políticas e diretrizes gerais para o desenvolvimento sustentável e com qualidade de vida.
Na ótica da promoção da saúde o modelo de atenção à saúde, deve visar o
desenvolvimento humano em sua magnitude e estar assentado no conceito de
saúde como qualidade de vida, no caráter intersetorial das políticas e ações e na
participação das pessoas, como sujeitos ativos nas definições dessas políticas,
como pilares básicos de sua estrutura.
Os idosos poderão ser agentes criadores de mudanças, cidadãos de futuro,
que buscam transformações significativas na sociedade, sendo indispensável
assegurar-lhes direitos sociais, que lhes concedam qualidade de vida.
Nesse sentido convém destacar o texto de Almeida (2011) quando refere
necessidade de incluir na discussão da velhice os projetos de vida por se inserirem
5 Um dos poucos brasileiros a lutar nas Brigadas Internacionais de apoio aos republicanos na Guerra
Civil Espanhola. Na visão de Ramalho (1992, p.30) foi exemplo de que a militância não desaparece com a idade. 6 Processo de participação social que promove o envolvimento das pessoas, das organizações e das
comunidades na meta de incrementar o controle individual e comunitário, alcançando a máxima eficácia política, melhoria de qualidade de vida comunitária e justiça social (DERNTL; WATANABE, 2004).
34
em trajetórias individuais pela mediação das possibilidades em considerar o papel
ativo dos sujeitos, por mais discretos que sejam.
Para Minayo (2000 apud PERRACINI; FLÓ, 2009), qualidade de vida é um
conceito vago e difícil de quantificar e operacionalizar. Esse conceito se apoia na
compreensão das necessidades humanas fundamentais, materiais e espirituais, e
tem no conceito de promoção da saúde seu foco mais relevante, onde destaca,
A positivação da identidade do idoso significa por um lado, reconhecer o que há de importante e específico nessa etapa da vida para desfrutá-la; por outro, compreender, do ponto de vista desse grupo social, os sofrimentos, as doenças e as limitações com toda a carga pessoal e familiar que tais situações acarretam, embora nunca tratando tais acontecimentos dolorosos e tristes como sinônimos de velhice (MINAYO, 2002, p. 14)
Na discussão da qualidade de vida na velhice, Neri (2001) aponta três
elementos centrais: o primeiro é que qualidade de vida na velhice depende de
muitos elementos em interação; o segundo é que a qualidade de vida na velhice é
produto de uma história que vai se construindo à medida que indivíduos e
sociedades se desenvolvem; e o terceiro elemento é que a avaliação da qualidade
de vida envolve condições objetivas e subjetivas, normas, valores sociais e
individuais sujeitos a alterações no decorrer do tempo.
Lawton (1991 apud NERI, 2001, p. 164) foi o responsável pela construção de
um modelo amplamente conhecido na literatura gerontológica, pautado em quatro
dimensões conceituais: competência comportamental, condições ambientais,
qualidade de vida percebida e bem-estar subjetivo.
A funcionalidade física, cognição, comportamento social e utilização do tempo
estariam vinculados à competência comportamental, que refletem independência e
autonomia e se relacionam ao autocuidado e ao manejo de atividades rotineiras.
Baltes et al. (1999 apud NERI, 2001) sugerem que frequência e a duração dos
períodos de vigília, sono, cochilo e descanso, são elementos a considerar na
competência comportamental.
Outra dimensão citada que tem relação direta com a qualidade de vida na
velhice é a existência de condições ambientais que permitem a adaptabilidade do
idoso, devendo ser compatível com suas capacidades físicas e competências
comportamentais.
A dimensão da qualidade de vida percebida acontece paralela à competência
comportamental e implica em saúde percebida, doenças relatadas, consumo
35
relatado de medicamento, dor e desconforto relatados, alterações percebidas na
cognição e autoeficácia nos domínios físico e cognitivo (NERI, 2001).
O bem estar subjetivo é referido por Campbell, Converse e Rodgers (1976,
apud NERI, 2001) afirmando que para conhecer a experiência de qualidade de vida,
é necessário ir diretamente ao indivíduo, para ouvir dele como a vida lhe parece.
Cabe adentrar no domínio das percepções, das expectativas, dos sentimentos e dos
valores dos idosos.
Entende-se que qualidade de vida extrapola a dimensão unidimensional,
pautada em critérios reducionistas, insuficientes para definir qualidade de vida na
velhice. O foco na abrangência e na profundidade da vida toda, na dinâmica das
interações que os indivíduos estabelecem com o ambiente, na historicidade de
indivíduos e de grupos sociais e na variabilidade das experiências de velhice e
envelhecimento conduz à preferência pelas noções de multidimensionalidade e de
multivariação na análise da qualidade de vida na velhice (NERI, 2001).
No Brasil, o debate em torno da promoção da saúde retoma de forma
politizada, a questão dos determinantes sociais da saúde, isto é, identifica-a com a
noção de qualidade de vida, em contraposição ao reducionismo biomédico e
introduz o tema de intersetorialidade como questão fundamental para o alcance dos
objetivos em saúde.
Nessa lógica os determinantes são vistos como processos sociais,
econômicos, políticos, e culturais geradores de iniquidades, o que justifica uma
profunda reorientação das políticas e intervenções públicas, visando promover e
proteger a saúde.
O Ministério da Saúde aponta que a promoção da saúde é uma das
estratégias do setor saúde para a busca da melhoria da qualidade de vida da
população cujo objetivo é produzir a gestão compartilhada entre usuários,
movimentos sociais, trabalhadores do setor sanitário.
Nesse aspecto a Política Nacional de Promoção da Saúde (PNPS) aprovada
em 30 de março de 2006, dá diretrizes e aponta estratégias de organização das
ações de promoção da saúde nos três níveis de gestão do SUS para garantir a
integralidade do cuidado.
No que se refere à Política Nacional da Saúde do Idoso, a questão da
promoção da saúde é enfatizada quando aponta propósitos vinculados à promoção
36
do envelhecimento saudável, a manutenção e a melhoria ao máximo da capacidade
funcional dos idosos, a prevenção de doenças, a recuperação da saúde e a
reabilitação, de modo a garantir permanência no meio em que vivem, exercendo de
forma independente suas funções na sociedade (BRASIL, 1999).
Ressalta-se a visão de Tavares (2011, p. 303) quando afirma,
A gestão da promoção da saúde traz a necessidade de que o gestor se assuma como um gestor social em saúde, na ótica da gestão social, isto é de somar às funções tradicionais, como as competências de planejamento, gestão administrativa, de condução ou de manejo de recursos humanos e financeiros, a ênfase às dimensões sociais do processo saúde-doença mediante a busca de alianças intersetoriais e a garantia de participação social. Cabe ao gestor adquirir habilidades técnicas e estratégicas para o desenho de projetos comunitários em rede, com a utilização de ferramentas comunicacionais de informação.
A próxima subseção abordará aspectos relativos aos direitos dos idosos no
sistema público de saúde, enumerando políticas de saúde e discussões mais
recentes na linha da atenção primária da saúde ou atenção básica, no sentido de
proporcionar envelhecimento saudável a esse segmento populacional.
2.3 DIREITOS DOS IDOSOS NO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE
Pautada na Constituição Federal de 1998, nas leis orgânicas da saúde de
1990 do SUS, Estatuto do Idoso de 2003, Política Nacional de Saúde da Pessoa
Idosa e Pacto pela Saúde, ambos de 2006, a pessoa idosa goza de todos os direitos
e deveres como qualquer outro cidadão brasileiro, tendo prioridade no atendimento
dos serviços prestados, garantindo-lhe pleno acesso à rede dos serviços de saúde
disponíveis, cabendo ao poder público, a garantia da proteção à vida e à saúde que
propicie envelhecimento saudável, digno e livre de incapacidades.
Segundo Dias (2002 apud REIS, 2009) são considerados direitos
fundamentais, os direitos inerentes à condição humana, pois independem de
qualquer dever estatal de provê-los. São também chamados de direitos das minorias
e como exemplos: o direito à vida, à liberdade, à opinião e à liberdade de
locomoção.
O marco no processo de garantia dos direitos da população idosa é a Lei
10.741, de 1º de outubro de 2003, que institui o Estatuto do Idoso como instrumento
legal que vem servindo como referência central para o movimento social na área,
37
que serve como guia essencial para que as políticas públicas sejam cada vez mais
adequadas ao processo de resignificação da velhice.
Alguns destaques da referida lei podem ser ressaltados como o papel do SUS
na garantia da atenção à saúde da pessoa idosa, assegurando acesso universal e
igualitário, em conjunto articulado e contínuo das ações e serviços para a
prevenção, promoção, proteção e recuperação da saúde, incluindo a atenção
especial às doenças que afetam preferencialmente os idosos.
No que se refere ao idoso hospitalizado ou em observação deverá ser
assegurado o direito a acompanhante, devendo o estabelecimento de saúde do SUS
proporcionar as condições adequadas para a sua permanência em tempo integral,
segundo critério médico.
O SUS deve assegurar ao idoso a atenção integral, o acesso universal e
igualitário aos diferentes níveis de complexidade de atenção, tendo o direito de ser
acompanhado por membro do convívio familiar que garanta conforto e segurança.
E, em casos de suspeita ou confirmação de maus-tratos contra o idoso, serão
obrigatoriamente comunicados pelos profissionais de saúde a quaisquer dos
seguintes órgãos: autoridade policial; Ministério Público; Conselho Municipal do
Idoso; Conselho Estadual do Idoso; e Conselho Nacional do Idoso.
Esse Estatuto reafirmou os direitos dos idosos na área da saúde vedando a
discriminação do idoso nos planos de saúde pela cobrança de valores diferenciados
em razão da idade.
De acordo com Silva (2005, apud REIS, 2009, p. 56) a função principal do
Estatuto é funcionar como uma carta de direitos, fortalecendo o controle do poder
público em relação ao melhor tratamento das pessoas com idade avançada,
respeitando a sua dignidade, galgando um lugar de respeito, transformando-se
numa verdadeira educação cidadã, buscando alcançar a posição de cidadão efetivo
na sociedade, aos idosos com participação ativa.
Reis (2009) destaca em sua dissertação sobre idosos, a Lei n° 6.582 datada
de 22 de setembro de 2003 que dispõe sobre a Política Estadual de Amparo ao
Idoso, sancionada pela Assembléia Legislativa na época do então governador Simão
Jatene, que assegura direitos sociais aos idosos, promovendo sua integração e
participação efetiva na sociedade.
38
A Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa publicada através da Portaria
ministerial nº 2.528 de 19 de outubro de 2006, apresenta como objetivo: garantir
atenção adequada e digna para a população idosa brasileira, em consonância com
os princípios e diretrizes do sistema único de saúde, direcionando medidas
individuais e coletivas em todos os níveis de atenção à saúde.
O Pacto Pela Saúde, emitido em 2006, veio para fortalecer compromissos,
através de seus componentes: Pacto pela Vida, em Defesa do SUS e de Gestão. A
Saúde do Idoso surge como uma das prioridades e a oportunidade de se apresentar
e discutir, junto aos gestores, profissionais da rede de serviços de saúde e
população em geral, a nova realidade social e epidemiológica que se impõe através
da mudança do perfil demográfico e epidemiológico da população brasileira.
O Ministério da Saúde apresenta uma vasta legislação em termos de leis,
decretos e portarias, que regulamentam a saúde do idoso. Dentre as leis pode-se
citar:
• Constituição Federal do Brasil de 1988, na seção II – Da Saúde (artigos 196 a 200)
• Lei nº 11.433, de 28 de dezembro de 2006, que dispõe sobre o Dia Nacional do
Idoso.
• Lei nº 10.741 de 1º de outubro de 2003, que dispõe sobre o Estatuto do Idoso e dá
outras providências.
• Lei nº 10.098 de 19 de dezembro de 2000, que estabelece normas gerais e
critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de
deficiência ou com mobilidade reduzida e dá outras providências.
• Lei nº 8.842 de 04 de janeiro de 1994 que dispõe sobre a política nacional do idoso
e dá outras providências.
• Lei nº 8.142 de 28 de dezembro de 1990, que dispõe sobre a participação da
comunidade na gestão do SUS e sobre as transferências intergovernamentais de
recursos financeiros na área da saúde e dá outras providências.
• Lei nº 8.080 de 19 de setembro de 1990, que dispõe sobre as condições para a
promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos
serviços correspondentes e dá outras providências.
A saúde da pessoa idosa e o envelhecimento são preocupações relevantes
do Ministério da Saúde; fazendo parte das áreas estratégicas do Departamento de
Ações Programáticas e Estratégicas (DAPES) do Ministério da Saúde.
39
Vale ressaltar que a Área Técnica Saúde do Idoso reafirma a necessidade de
mudanças na linha de cuidados e da atenção a esse grupo etário, através da
humanização do atendimento, bem como do fomento de inovações, da
disseminação de conhecimentos específicos para gestores e profissionais de saúde
que atuam na rede, buscando parcerias e divulgando a idéia do envelhecimento
ativo.
De acordo com o Caderno de Atenção Básica (2006), dentre as ações
estratégicas da área técnica, pode-se destacar:
• Caderneta de saúde da pessoa idosa, ferramenta de identificação de situações de
risco, que possibilita ao profissional de saúde planejar e organizar ações de
prevenção, promoção e recuperação, objetivando a manutenção da capacidade
funcional das pessoas assistidas pelas equipes de saúde;
• Caderno de atenção básica – envelhecimento e saúde da pessoa idosa com a
finalidade de oferecer subsídios técnicos específicos em relação à saúde da pessoa
idosa de forma a facilitar a prática diária dos profissionais que atuam na atenção
básica;
• Curso de aperfeiçoamento em envelhecimento e saúde da pessoa idosa, com o
objetivo de divulgar as especificidades da saúde do idoso;
• Curso de gestão em envelhecimento que objetiva qualificar profissionais de nível
superior que atuam ou tenham interesse em atuar na direção de serviços e
programas de saúde que atendam à população idosa;
• Ações desenvolvidas ou em desenvolvimento em parceria com outras áreas:
correspondem àquelas elencadas no Pacto pela Saúde: acolhimento, assistência
farmacêutica, atenção domiciliar, imunização e Programa Nacional de Doenças
Sexualmente Transmissíveis.
Em janeiro de 2012, o Núcleo de Geriatria e Gerontologia da UFMG em
parceria com a OPAS/OMS/ Brasil e o Ministério da Saúde, organizou oficina de
trabalho sobre o tema “Atenção à Saúde do Idoso”, onde foram apresentados os
seguintes pontos de debate:
• Repensar o conceito de idoso e essa etapa do ciclo de vida.
• Conflito idoso doente: trabalhar na perspectiva do envelhecimento saudável, de
uma condição normal do ciclo de vida.
40
• Atenção Primária à Saúde (APS) como centro de atenção à saúde do idoso: como
a APS se organiza para atenção ao envelhecimento saudável e como a APS garante
o vínculo na assistência.
• Organização da rede de atenção ao idoso, com forte regulação pela APS,
garantindo a continuidade do cuidado nos outros pontos de atenção.
• Idoso é usuário sócio-sanitário e é preciso investir na integração com assistência
social, permitindo o suporte necessário para promover a autonomia e
independência.
• Trabalhar com inovação no modelo de atenção, adotando e investindo na
implementação de ferramentas como autocuidado, plano de cuidados,
interdisciplinaridade, mudança no modelo tradicional de referência e
contrarreferência.
Como propostas de encaminhamento, a OPAS reafirmou o investimento nas
seguintes áreas:
1. Produção de evidência da mudança do modelo de atenção ao idoso: práticas,
instrumentos, ferramentas que envolvem a reorientação da APS, a gestão da clínica,
as mudanças, as mudanças das práticas tradicionais de referência e
contrarreferência, a abordagem interdisciplinar e intersetorial.
2. Sistematização e divulgação, utilizando-se as linhas de produção da OPAS Série
Navegador SUS, Série Inovação na Gestão e utilizando o ambiente web do Portal da
Inovação na Gestão – Redes e APS para divulgação de estudos, relatos, vídeos,
documentários ou outras mídias.
3. Comunidade de prática: constituir uma rede para intercâmbio de informações e
conhecimentos relativo ao tema envelhecimento saudável, envolvendo outros
municípios, estados e países.
Esse destaque é importante, pois demonstra a preocupação em desvincular a
velhice de patologias, inserindo-a na atenção primária como centro de atenção à
saúde do idoso, com possibilidade de proporcionar envelhecimento saudável.
Estudos demonstram que a atenção primária tem capacidade de responder a
85% das necessidades em saúde (STARFIEL, 1994 apud CONASS, 2011),
realizando serviços preventivos, curativos, reabilitadores e de promoção à saúde;
integrando o cuidado quando existe mais de um problema, lidando com o contexto
de vida e influenciando as respostas das pessoas aos seus problemas de saúde.
41
No entendimento de Ferreira (2001, apud CONASS, 2011) a concepção da
atenção primária à saúde apoia-se nas experiências em desenvolvimento em vários
países, sendo considerada “porta de entrada” ao sistema de saúde, levando-se a
acessibilidade às populações locais, a utilização de recursos técnicos simplificados,
a alta resolutividade e a corresponsabilidade do indivíduo, de sua família e dos
vários níveis de atendimento do sistema público de saúde.
No cenário da atenção primária da saúde, cabe discutir aspectos relativos ao
acesso, acessibilidade e qualidade da assistência dos serviços de saúde
disponibilizados aos idosos, partindo-se dos estudos de Avedis Donabedian.
42
3 ACESSO E ACESSIBILIDADE DE IDOSOS AOS SERVIÇOS DE SAÚDE
Inicialmente na discussão de acesso e acessibilidade, convém tecer alguns
comentários sobre avaliação da qualidade da assistência, tema discutido
internacionalmente por Donabedian (2003), que consubstanciou diversos trabalhos
inclusive no Brasil sobre qualidade da assistência nos serviços de saúde. Só no
PubMed foi possível encontrar 106 trabalhos que citam estudos nessa área, no
sentido de melhorar as estratégias na prestação do cuidado e permitindo mudanças
na área da saúde.
Muitos personagens com diferentes abordagens encontram-se envolvidos na
avaliação da qualidade da assistência de saúde, pesquisadores, administradores,
profissionais, conselheiros de saúde e usuários do sistema público ou privado.
3.1 ENTENDENDO ACESSO E ACESSIBILIDADE
Em seus estudos, Donabedian (2003) define dois fatores como componentes
da qualidade nos cuidados de saúde: um deles é a ciência e a tecnologia; o segundo
é a aplicação dessa ciência e tecnologia na prática do cuidado ao paciente. A
qualidade do cuidado atingido na prática é o produto desses dois fatores, que pode
ser caracterizado em diversos atributos que incluem eficácia, efetividade, eficiência,
otimização, aceitabilidade, legitimidade e equidade. Estes, juntos a uma variedade
de combinações, constituem a definição de qualidade.
Para reforçar aspectos relevantes à discussão da qualidade nos cuidados de
saúde, conceitua os atributos da seguinte forma:
a) Eficácia: habilidade da ciência e tecnologia do cuidado em trazer melhoras na saúde e no bem-estar, em circunstâncias favoráveis; b) Efetividade: grau em que o cuidado, cuja qualidade está sendo avaliada, alcança o nível de melhoria da saúde. Isso implica, em comparação entre o desempenho atual e o desempenho em condições específicas; c) Eficiência: habilidade de diminuir os custos do cuidado sem diminuir melhoras obtidas na saúde. Se duas estratégias de cuidado são igualmente eficazes e efetivas, a mais eficiente é a de menor custo; d) Otimização: representa o balanço das melhoras da saúde contra os custos dessas melhoras. Essa definição demonstra que existe uma “melhor” relação entre custos e benefícios dos cuidados de saúde; e) Aceitabilidade: conformidade aos desejos, vontades e expectativas dos pacientes e seus familiares. Pode ser definida em cinco partes: acessibilidade, a relação entre médico-paciente, a comodidade, as preferências dos pacientes; e que os pacientes consideram ser justo e igualitário; f) Legitimidade: conformidade de preferências sociais de expressar princípios éticos, valores, normas, leis e regulações; g) Equidade: conformidade de um princípio determinar o que é justo ou não na
43
distribuição dos cuidados da saúde e seus benefícios entre os membros da população. (DONABEDIAN, 2003, p. 39).
É importante destacar que o construto acessibilidade, proposto por
Donabedian (2003) está contido no atributo relativo à aceitabilidade, um dos
componentes essenciais da qualidade de assistência nos serviços de saúde.
Define acessibilidade como a facilidade que cada pessoa tem em obter
cuidado. Isso depende de fatores espaciais como a distância das fontes de cuidado
e da disponibilidade e custo do transporte; fatores organizacionais como dias e
horas; quando fontes de cuidado são abertas para receber pacientes; fatores
econômicos como rendimento e posse da segurança do trabalho; fatores sociais e
culturais como a etnia ou preferências religiosas desses que buscam cuidado ou
predisposição dos que o obtém.
Inserido no atributo da equidade, destaca-se primeiro o acesso aos cuidados
de saúde e em segundo, a efetividade e aceitabilidade dos cuidados recebidos. Com
base no cuidado proveniente de médicos e outras práticas, a atenção se foca na
efetividade e eficiência do cuidado técnico, e na relação entre médico e paciente.
O cuidado técnico depende do conhecimento e habilidade daqueles que o
oferecem. Quando a atenção se focaliza no cuidado recebido por uma comunidade,
uma nova característica é acrescentada – o acesso ao cuidado, com base na
efetividade e equidade.
A qualidade do cuidado na visão de Donabedian (1997) pode ser classificada
sob três categorias: estrutura, processo e resultado.
• Estrutura: denota os atributos do ambiente onde o cuidado ocorre. Esta inclui os
atributos dos recursos materiais (como facilidades, equipamento e dinheiro), dos
recursos humanos e da estrutura organizacional.
• Processo: denota quando se dá e recebe cuidado. Isso inclui a busca dos
pacientes pelo cuidado às atividades médicas de diagnóstico, recomendação e
implementação de tratamento.
• Resultado: denota os efeitos do cuidado sobre a saúde da população e pacientes.
Na concepção do autor a atividade do acesso à qualidade não é designada
para estabelecer a presença dessas relações. Deve haver conhecimento
preexistente da ligação entre estrutura e processo, e entre processo e resultado,
antes que o acesso à qualidade possa ser obtido. Sugere que a relação entre
44
características estruturais e processo de cuidado é bastante incipiente, onde as
características estruturais são as maiores preocupações do sistema.
O acesso aos resultados, sob rigoroso controle de circunstâncias é, sem
dúvida, o método pelo qual estratégias alternativas de cuidado são estabelecidas. A
satisfação do paciente deve ser considerada como sendo um dos resultados
desejados do cuidado.
A expressão de satisfação ou insatisfação é também o julgamento do
paciente sobre a qualidade do cuidado em todos os aspectos, mas particularmente
concernente ao processo interpessoal. Portanto, informações sobre a satisfação do
paciente costumam ser tão indispensáveis para o acesso à qualidade como para o
planejamento do sistema de saúde.
Todas as atividades de acesso dependem da disponibilidade adequada de
informação. A chave da informação sobre o processo de cuidado e seu resultado
imediato é, sem dúvida, o registro médico. Sabe-se que o registro médico está
incompleto quando estes documentos, frequentemente omitem elementos
significativos do cuidado técnico e do processo interpessoal.
Fávero (2011) em sua dissertação refere que Donabedian (1973), Aday e
Andersen (1974), Penchansky e Thomas (1981) admitem acesso e acessibilidade
como sinônimos, enquanto outros autores, como Starfield (2004), considera
acessibilidade como possibilidade de chegar aos serviços de saúde e acesso como
a forma como a pessoa experimenta essa característica.
Afirma que poucos autores abordaram acesso pelo ponto de vista do serviço
de saúde, ressaltando os trabalhos de Dutton (1986), que destaca o acesso
realizado pela interação entre profissionais, usuários e sistemas de saúde.
Penchansky e Thomas (1981 apud FÁVERO, 2011, p. 30) em seus estudos
destacam as dimensões do acesso ao incluirem:
a) disponibilidade: relação entre o volume e o tipo do serviço existente, e do volume e tipo da necessidade do usuário. Refere-se à adequação do fornecedor às necessidades dos usuários; b) acessibilidade: relação entre localização da oferta e a localização dos usuários, tendo em conta os recursos para o transporte, tempo de viagem, distância e custo; c) acolhimento: relação entre a maneira pela qual os recursos da oferta são organizados para aceitar os usuários, a capacidade para acolher e a percepção destes; d) capacidade de compra: relação entre a forma de financiamento e a possibilidade de pagamento por esses serviços. São as condições para obter um serviço; e) aceitabilidade: relação entre as atitudes das pessoas e dos profissionais de saúde em relação às características e práticas de cada um.
45
Nessa análise a acessibilidade está inserida na dimensão do acesso assim
como disponibilidade, acolhimento, capacidade de compra e aceitabilidade,
diferenciando-se dos estudos de Donabedian (2003) que insere acessibilidade no
atributo aceitabilidade como referido anteriormente.
Observam-se dois itens bastante significativos apontados por Penchansky e
Thomas (1981 apud FÁVERO, 2011, p. 30) na definição do acesso e qualidade da
assistência: o acolhimento, que na atualidade compõe a política de humanização
proposta pelo Ministério da Saúde; e a aceitabilidade, por envolver os profissionais
da área da saúde, que são os prestadores do cuidado aos usuários do sistema de
saúde.
Torna-se importante estudar especificamente as questões referentes ao
acesso e acessibilidade aos serviços de saúde no Brasil, tomando-se como ponto de
partida o início do século XX, articulando as políticas de saúde vigente com as
condições de acesso e acessibilidade da população.
3.2 DISCUTINDO ACESSO AOS SERVIÇOS DE SAÚDE
Cabe neste momento tecer um breve retrospecto histórico das políticas de
saúde do Brasil, no início do século XX, quando acesso e acessibilidade aos
serviços de saúde eram praticamente inexistentes à população de baixa renda,
restrita à caridade e filantropia, ressalvados os casos de epidemias ou endemias que
refletiam a área econômica ou social e ameaçavam o modelo capitalista vigente.
Dessa forma o sistema de saúde estatal consolidava a dicotomia entre ações
preventivas e coletivas sob a responsabilidade da esfera federal (Ministério da
Saúde) e as ações curativas de caráter individual assumida pela Previdência Social.
Com a Lei Eloy Chaves em 1923, foram criadas, as Caixas de Aposentadorias
e Pensões (CAPS), ligadas a empresas que em 1932 foram convertidas em
Institutos de Aposentadorias e Pensões (IAPS), passando a atender categorias
profissionais de trabalhadores, que descontavam de seus salários para alimentar os
institutos.
Os IAPS fortaleciam o modelo de assistência médica curativa aos seus
segurados na perspectiva de manutenção do trabalhador saudável para a produção,
onde Aguiar (2011, p. 28) destaca,
46
Aqueles que possuíam mais recursos e cuja categoria profissional exercia maior poder de pressão construíam hospitais próprios para o atendimento de seus segurados. Algumas empresas insatisfeitas com a atuação dos Institutos começaram a contratação de serviços médicos particulares, o que mais tarde viria a se constituir nas empresas médicas ou medicina de grupo que terá espaço garantido na assistência previdenciária nos anos seguintes. Amplia-se assim o modelo médico-assistencial privatista que se tornou hegemônico dos anos 60 aos 80.
A partir de 1966 no governo militar os IAPS foram unificados, passando a
fazer parte do Instituto Nacional de Previdência Social (INPS), subordinado ao
Ministério do Trabalho e Previdência Social. A medida uniformizava os benefícios,
passando o INPS a uma gestão centralizada do ponto de vista administrativo e
financeiro e com fins de capitalização. (AGUIAR, 2011)
O sistema de saúde no Brasil nesse período estava configurado em três
grupos: os que trabalhavam formalmente no mercado, que tinham carteira assinada
e contribuíam com a Previdência; os que não tinham emprego e renda, que não
eram contribuintes e dependiam das entidades caritativas e filantrópicas e os que
dependiam da medicina particular.
Ao tomar Donabedian (1972 apud LORA, 2004, p. 20) que refere acesso
como “ingresso ao sistema de atenção à saúde” e considera acessibilidade como
“algo adicional à mera presença ou disponibilidade de um recurso em certo lugar e
momento dado”, ressalta-se que o recurso, no caso, o serviço de saúde à época da
ditadura militar, era desfrutado apenas por uma pequena parcela da sociedade.
Acesso e acessibilidade à saúde estavam comprometidos visto que apenas
os empregados que descontavam de seus salários poderiam usufruir dos sistemas
de saúde e àqueles que poderiam pagar pela sua assistência.
Ao final dos anos 70 aprofunda-se a crise do modelo de saúde previdenciária.
Vive-se um caos nos serviços de saúde e cresce a insatisfação da sociedade e um
clima propício para o surgimento de movimentos sociais, que denunciam a
ineficiência das estruturas de saúde pública e previdenciária, reivindicam serviços de
saúde e lutam por melhores condições de vida à população menos favorecida
(AGUIAR, 2011, p. 31)
O Movimento de Reforma Sanitária no Brasil trouxe a proposta de
democratização da saúde, de transformação do sistema de saúde que existia até
então, que culminou com a realização da 8ª Conferência Nacional de Saúde, em
março de 1986, cujo lema era “Saúde, Direito de Todos e Dever do Estado”.
47
O relatório da 8ª Conferência orientou os constituintes e os militantes do
movimento sanitário e contribuiu com a Constituição Brasileira de 1988. Trazia nos
artigos 196 e 197, a redução dos riscos de doenças e promoção, proteção e
recuperação da saúde da população, garantindo ações, universais e direitos iguais a
todos.
Com a Constituição de 1988 e a criação do Sistema Único de Saúde,
consolidado pelas leis orgânicas da saúde – 8.080 e 8.142 de 1990 a utilização dos
serviços de saúde, que compreende desde a atenção primária à alta complexidade,
passou a ser fundamental para a população que dela necessita. No entanto tem sido
um desafio assegurar uma razoável utilização dos serviços de saúde em nosso país,
sem falar na qualidade da assistência.
Travassos e Martins (2004, p. 191) descrevem como determinantes da
utilização dos serviços de saúde, fatores relacionados,
(a) à necessidade de saúde – morbidade, gravidade e urgência da doença; (b) aos usuários – características demográf icas (idade e sexo), geográficas (região), sócio-econômicas (renda, educação), culturais (religião) e psíquicas; (c) aos prestadores de serviços – características demográficas (idade e sexo), tempo de graduação, especialidade, características psíquicas, experiência profissional, tipo de prática, forma de pagamento; (d) à organização – recursos disponíveis, características da oferta (disponibilidade de médicos, hospitais, ambulatórios), modo de remuneração, acesso geográfico e social; (e) à política – tipo de sistema de saúde, financiamento, tipo de seguro de saúde, quantidade, tipo de distribuição dos recursos, legislação e regulamentação profissional e do sistema.
Esses fatores são essenciais na busca pelos serviços de saúde onde a
acessibilidade representa um dos aspectos na oferta de serviços relativo à
capacidade de produzir serviços e de dar resposta às necessidades de saúde da
população (DONABEDIAN, 1973 apud TRAVASSOS; MARTINS, 2004).
Há destaque de duas dimensões de acessibilidade na visão desses autores:
sócio-organizacional e a geográfica. A sócio-organizacional implica em
características seletivas na oferta de serviços, diz respeito à organização e aos
recursos disponíveis; e a dimensão geográfica está vinculada ao espaço que pode
ser medido pela distância física do domicílio ao serviço de saúde, tempo e custo de
deslocamento, tempo de espera para obtenção do cuidado, entre outros.
Andersen (1974 apud TRAVASSOS; MARTINS, 2004) define acesso como
entrada no serviço de saúde e à continuidade do tratamento, medidos por fatores
48
individuais. Esse autor amplia o conceito de acesso que passa a incorporar a etapa
de utilização de serviços de saúde, cujos fatores individuais ampliam ou limitam seu
uso. Em sua visão na avaliação do acesso devem ser considerados os tipos de
cuidado, de serviços e de problemas de saúde.
O recebimento de cuidados subsequentes é entendido como acesso, que na
maioria das vezes está comprometido pelos entraves de referência e
contrarreferência dos sistemas de saúde, como exemplo, a solicitação de consultas
especializadas ou de procedimentos cirúrgicos eletivos que demandam grande
tempo de espera pelo usuário, culminando com o agravamento do caso.
Lora (2004) ressalta a relação existente entre acolhimento e acessibilidade,
pois em sua visão todos concordam que um bom acolhimento é essencial para que
um serviço tenha boas condições de acessibilidade.
O acolhimento pode analiticamente evidenciar as dinâmicas e os critérios de acessibilidades e que os usuários (portadores de necessidades centrais e finais de um serviço) estão submetidos, nas suas relações com o que os modelos de atenção constituem como verdadeiros campos de necessidade de saúde, para si (MERHY; FRANCO, 1999 apud, LORA, 2004)
A humanização da atenção em saúde no Brasil preserva a autonomia das
pessoas na defesa de sua integridade física e moral, à igualdade da assistência à
saúde, sem preconceitos ou privilégios de qualquer espécie, e o direito à informação
das pessoas assistidas sobre sua saúde.
Os desafios para uma atenção humanizada são muitos, porém ela deve ser
entendida e exercida nos serviços de saúde, tanto com os profissionais como com
os usuários, por meio de conversas, sempre em busca de novos caminhos aptos
para proporcionar um novo modelo de gestão da saúde pública para todos.
Frenk (1985 apud TRAVASSOS; MARTINS, 2004, p. 193), estabelece a
sistematização do fluxo de eventos entre a necessidade e a obtenção do cuidado,
onde acessibilidade é a relação funcional entre um conjunto de obstáculos para
procurar e obter cuidados e as capacidades da população para superar tais
obstáculos. Os obstáculos são classificados como ecológicos, financeiros e
organizacionais, ou seja, podem ser exemplificados pelo poder de tempo e
transporte, poder financeiro e poder de lidar com a organização.
Nesse âmbito a organização é o próprio sistema de saúde que impõe
obstáculos na oferta de serviços quando limita quantidade de senhas, horário
49
noturno de atendimento, exames de diagnose e terapia, medicamentos essenciais,
especialidades médicas, dentre outros.
No que se refere ao acesso de idosos Louvison e Barros (2009) consideram
que a idade avançada frequentemente engloba outras desigualdades pré-existentes,
onde políticas equânimes são importantes no sentido de minimizar as desigualdades
e está diretamente relacionada à garantia de acesso. Referem que,
A organização de redes de atenção à saúde no SUS pressupõe a garantia de acesso qualificado, que dê respostas às necessidades das pessoas. Muitos ainda enfrentam barreiras de acesso aos serviços de saúde, que podem ser de ordem física, psicológica, de atitude e financeira e que, para as pessoas idosas podem ser experiências frustrantes e extremamente catastróficas. Os serviços devem ter como princípios a informação, educação, comunicação e gestão da atenção, adotando os princípios comuns do desenho universal da acessibilidade, conforme preconizado pela OMS (LOUVISON; BARROS, 2009, p. 9).
Goddard e Smith (2001 apud TRAVASSOS; MARTINS, 2004, p. 194)
acrescentam à discussão do acesso o fato de que a disponibilidade de serviços
pode não ser do conhecimento de todos e que diferentes grupos populacionais
variam no grau de informação que possuem sobre os serviços a eles disponíveis.
No que se refere ao conhecimento da disponibilidade de serviços, Menicucci
(2006) discute que a rede assistencial do SUS possui uma forte dependência com o
setor privado, que não é acompanhado por uma ação reguladora eficiente e por uma
efetiva publicização da rede prestadora.
Esse destaque é importante, pois na situação de Belém não há clareza
quanto à disponibilidade de serviços de saúde à população, principalmente no que
se refere aos atendimentos de urgência e emergência e de clínicas para realização
de exames de diagnose e terapia, como também de profissionais médicos
especialistas que atendem na rede pública prestadora de serviços de saúde.
O questionamento feito por Menicucci (2006) no que se refere à regulação da
saúde se soma à discussão de aspectos relativos ao controle, monitoramento e
auditoria dos serviços de saúde, exercidos de forma pouco eficiente pelo poder
público.
As autoras Giovanella e Fleury (1996 apud LORA, 2004, p. 30. 31) no intuito
de estudar a acessibilidade desenvolvem uma divisão pautada em três modelos
teóricos:
a) o primeiro é medido pela decisão dos consumidores em relação a fatores como oferta, demanda e um conjunto de valores e práticas oriundas do contexto familiar, onde o acesso deve levar em conta a intervenção
50
estatal na configuração das práticas ofertadas; b) o segundo para caracterizar o acesso pela possibilidade de consumo garantida pela distribuição planejada de recursos da rede de serviços. Nesse modelo o acesso está dado pela ação planejadora do Estado, a partir da garantia de localização adequada, da disponibilidade e da articulação funcional dos serviços em uma rede organizada de acordo com a demanda; c) o terceiro enfoque toma a noção de consciência sanitária em relação ao acesso, construída de um novo saber e de uma força social capaz de cobrar o cumprimento das disposições legais acerca da atenção à saúde, da
organização do sistema de serviços e da universalização do acesso.
O construto acessibilidade é preferida pelos autores que a descrevem como
uma característica da oferta de serviços de saúde ou do ajuste entre a oferta e a
população, onde o uso efetivo dos serviços de saúde resulta de uma multiplicidade
de fatores relativos à qualidade do cuidado (TRAVASSOS; MARTINS, 2004).
Em razão disso a problemática da acessibilidade aos cuidados de saúde
relaciona-se em grande parte aos aspectos econômicos, à oferta de serviços de
saúde e a capacidade física de acesso aos serviços de saúde.
O acesso universal e igualitário às ações e serviços para a promoção,
proteção e recuperação da saúde, em todos os níveis de complexidade, é um direito
fundamental a todo cidadão brasileiro (BRASIL, 1988) e uma das diretrizes
estratégicas para a implantação de políticas de atenção integral à saúde da pessoa
idosa no SUS, é a melhoria da qualidade, acesso e humanização dos serviços de
atenção à saúde.
A participação social no âmbito do idoso é reforçada nos estudos de Machado
(2007) em seu texto “O Movimento dos Idosos: um novo momento social?” onde
afirma que, participando da política, das universidades abertas, dos grupos de
convivência, dos fóruns, dos conselhos e associações de aposentados, os idosos
trazem a política para um novo patamar. Politizam o cotidiano e suas novas
demandas.
Partindo-se da legislação brasileira que considera a saúde como resultado de
diversos determinantes, incluindo o acesso à assistência à saúde, optou-se na
pesquisa em investigar o acesso de idosos aos serviços de saúde, especificamente
à atenção primária à saúde, que nas últimas décadas vem sendo ampliada por uma
série de dispositivos legais, que objetivam descentralizar e municipalizar os serviços
de saúde.
Dados do CONASS (2011) revelam que a atenção primária à saúde vem
demonstrando ser um elemento-chave na constituição dos sistemas nacionais de
51
saúde, com capacidade de influir nos indicadores de saúde e com grande potencial
regulador da utilização dos recursos de alta densidade tecnológica, garantindo o
acesso universal aos serviços que tragam reais benefícios à saúde da população.
A partir da atenção primária o sujeito deve ser considerado em sua
singularidade, complexidade, integralidade e inserção sócio-cultural no intuito de
buscar a promoção da saúde, prevenção e tratamento de doenças e a redução de
danos que possam estar comprometendo suas possibilidades de viver melhor.
52
4 DESCENTRALIZAÇÃO E MUNICIPALIZAÇÃO DA SAÚDE
De acordo com o relatório final da 11ª Conferência Nacional de Saúde (2000),
os princípios do SUS, se aplicados de forma efetiva, são capazes de garantir o
acesso da população aos serviços de saúde e reconhece que o processo de
descentralização da atenção à saúde já propiciou avanços e melhorou
substancialmente o acesso aos serviços de saúde.
O processo de reforma sanitária, ocorrido pós-implantação da Constituição
Federal de 1988, mas especificamente na década de 1990, trouxe importantes
mudanças no campo da saúde no Brasil, ao declarar em seus artigos 196 e 197, o
direito à saúde como direito de todos e dever do Estado com acesso universal,
igualitário e equânime, garantindo políticas econômicas e sociais no sentido de
reduzir os riscos de doenças; e promover, proteger e recuperar a saúde da
população.
Pela Constituição de 1988, o Sistema Único de Saúde passou a representar o
conjunto de ações e serviços de saúde prestados por instituições públicas dos três
níveis de governo ( municipal, estadual e federal ), com participação complementar
de forma articulada e solidária.
A lei 8.080/90 estabelece a descentralização político-administrativa com
direção única em cada esfera de governo, com ênfase na municipalização. Isso
implica além da gestão dos serviços públicos de saúde para os municípios, a
transferência de poder decisório e de responsabilidade sobre o conjunto de serviços
e de recursos financeiros.
Municipalizar a saúde, portanto, significa reconhecer o município como principal responsável pela saúde da população. Exige-se para tanto que recursos financeiros sejam repassados para as cidades, de modo que os gestores municipais exerçam com autonomia e de forma plena as funções de coordenação, negociação, planejamento, acompanhamento, avaliação e controle sobre os recursos, assim como sobre as ações e os serviços de saúde de seu território. Não obstante, a descentralização não se esgota na municipalização, devendo ser seguida de uma organização regionalizada e hierarquizada para maior integração da rede de serviços, levando-se em consideração as necessidades e realidades locais (AGUIAR, 2011, p. 71).
Netto (1995) destaca o papel que o município pode desempenhar na solução
de problemas da população. Afirma que por atuar em área menor, o governo local
poderia ser menos burocratizado, com estruturas organizacionais menos
dispendiosas, mais ágeis, flexíveis e sensíveis aos problemas dos cidadãos.
53
Destaca ainda que as políticas municipais tendem a ser mais facilmente sujeitas à
transparência e controle social.
A partir do Pacto pela Saúde (2006) o processo de descentralização da saúde
passa a ser enfatizado, onde o município assume um papel primordial sendo
necessária uma capacidade gerencial e técnica, com adequados recursos humanos,
infraestrutura e recursos financeiros para cumprir as responsabilidades
descentralizadas e para promover os objetivos das políticas sociais.
A descentralização, com ênfase na municipalização da gestão dos serviços de saúde, constitui-se em uma mudança significativa do sistema de saúde. Sua defesa, pelo movimento da reforma sanitária brasileira, parte do pressuposto de que a realidade local é o determinante principal para o estabelecimento de políticas de saúde. Além disso, é considerada como um princípio de democratização e estratégia para a universalização e integralidade da atenção. ( AGUIAR, 2011, p. 71).
A descentralização envolve mudanças, um novo processo de articulação
entre estado e sociedade, entre o poder público e a realidade social, contribuindo de
maneira decisiva na construção de uma nova sociedade.
Para Vitte (2006), a idéia de descentralização implica em aumentar o poder, a
autonomia de decisão, o controle sobre os recursos e as responsabilidades dos
níveis subnacionais. A descentralização, a participação popular nos processos
decisórios e o alcance da justiça social, podem assumir uma feição progressista por
ampliar e aprofundar a democracia.
O município se constitui contemporaneamente na esfera de governo
privilegiada, quanto ao equacionamento das necessidades coletivas mais comuns e
prementes, mormente no que tange à coordenação do desenvolvimento local e
urbano. ( Alves, 2005, p.23)
Mesmo reconhecendo que o processo de descentralização vem ocorrendo de
modo gradativo desde a década de 1990, atribui-se aos municípios um papel central
no planejamento e na execução das ações e serviços de saúde, de modo a
contribuir para que cada espaço regional possa diagnosticar e responder às
necessidades locais, onde a implementação progressiva da regionalização, estimula
a articulação entre os municípios para organizarem os serviços de saúde, garantindo
assim maior acessibilidade à população.
Por todas essas questões se destaca a importância de situar o objeto de
investigação no município de Belém, mas especificamente no Distrito do
54
Entroncamento no sentido de investigar o acesso de idosos aos serviços de saúde
de unidades de saúde delineadas nesse distrito.
4.1 CONFIGURAÇÃO DE BELÉM NA MUNICIPALIZAÇÃO DA SAÚDE
O município de Belém situa-se no estado do Pará nos limites ao norte com a
Baía do Marajó, ao nordeste com o Município de Santo Antonio do Tauá, a leste com
o Município de Santa Bárbara do Pará, a sudeste os Municípios de Benevides e
Ananindeua, ao sul, Município de Acará, à sudoeste com o Município de Barcarena
e à oeste com o Arquipélago do Marajó.
Segundo dados do IBGE (2009) no que se refere à população residente por
sexo e faixa etária, em Belém encontram-se 678.850 pessoas do sexo masculino,
758.754 do sexo feminino, totalizando 1.437.604. Na faixa etária de 0 a 80 anos e
mais, 5.180 são homens e 10.342 são mulheres, conforme tabela (1)
Tabela 1 – População Residente por Faixa Etária e Gênero do Município de Belém – 2009.
FAIXA ETÁRIA MASCULIN O FEMININO TOTAL
Menor 1 9.337 8.970 18.307
1 a 4 41.369 40.361 81.730
5 a 9 63.389 64.184 127.573
10 a 14 64.793 66.213 131.006
15 a 19 64.721 66.087 130.808
20 a 29 136.480 149.861 286.341
30 a 39 114.176 129.457 243.633
40 a 49 83.260 96.616 179.876
50 a 59 55.118 66.803 121.921
60 a 69 28.000 38.553 66.553
70 a 79 13.027 21.307 34.334
80 e + 5.180 10.342 15.522
Ignorada - - -
Total 678.850 758.754 1.437.604
Fonte: IBGE - 2009
55
Sua rede assistencial está composta por 1.697 estabelecimentos de saúde,
cadastrados no CNES, conforme quadro (1)
Quadro 1 - Estabelecimentos de Saúde cadastrados no CNES – Município de Belém – 2012.
Tipo de Estabelecimento
Total Tipo de Estabelecimento Total
Posto de Saúde 05 Cooperativa 03
Centro/ Unidade Básica 72 Hospital Dia/Isolado 03
Policlínica 17 Central de Regulação 01
Hospital Geral 17 Laboratório Central/LACEN 01
Hospital Especializado 23 Secretaria de Saúde 04
Pronto Socorro Geral 01 Centro de Atenção e
Hemoterapia
01
OS Especializado 02 Centro de A.Psicossocial 09
Consultório Isolado 1.049 Pronto Atendimento 01
Clínica de especialidades 375 Central de Regulação 01
Unidade de Diagnose e
Terapia (SADT)
88 Unidade de Vigilância em
Saúde
01
Unidade Móvel Terrestre 17 Farmácia 04
Unidade Móvel Pré-
Hospitalar de Urgência
02 TOTAL GERAL 1.697
Fonte: CNES - 2012
Através da Portaria 7.682 de 05 de janeiro de 1994, o prefeito municipal de
Belém à época – Hélio Mota Gueiros, através da Câmara Municipal, sancionou essa
lei que dispõe sobre a Regionalização Administrativa do Município de Belém,
delimitando os respectivos espaços territoriais dos Distritos Administrativos.
Essa regionalização está territorialmente estruturada em oito distritos
administrativos, que no artigo 3º pauta as seguintes características: relações de
integração funcional de natureza econômico-social; e urbanização contínua entre
bairros e/ou áreas limítrofes ou que manifestem tendências nesse sentido.
É importante destacar que dos 1.697 estabelecimentos de saúde cadastrados
no CNES, 73 estão distribuídos entre casas famílias, centros e unidades de saúde,
conforme demonstra quadro (2)
56
Quadro 2 - Casas Famílias, Centros ou Unidades de Saúde, cadastrados no Município de Belém, segundo CNES – 2012.
Tipo de Estabelecimento
Tipo de Estabelecimento Tipo de Estabelecimento
Casa Família Barreiro I Centro de Saúde de Curió USF UMA
Casa Família Barreiro II CESOI UMS Águas Lindas
Casa Família C. da Visconde Clínica do CESUPA UMS Baía do Sol
Casa Família Canal do Pirajá UMS Tavares Bastos UMS Cabanagem
Casa Família Carananduba UBS da Pedreira UMS Condor
Casa Família Combu UBS do Jurunas UMS Cremação
Casa Família E. Angelim USF Água Cristal UMS Marambaia
Casa Família Fama USF Águas Lindas UMS Pratinha
Casa Família Fidelis USF Agulhas UMS Providência
Casa Família F.Marinhas USF Canal do Galo II UMS Sacramenta
Casa Família Malvinas USF Carmelândia UMS Terra Firme
Casa Família Mangueirão USF Cristo Redentor UMS Cotijuba
Casa Família Maracajá USF Baía do Sol UMS Icoaraci
Casa Família P.Amazônia USF CDP UMS BENGUÍ II
Casa Família Parque Verde USF Sacramenta UMS Maguari
Casa Família Riacho Doce USF Águas Negras UMS Satélite
Casa Família Sucurijuquara USF Cotijuba UMS Sideral
Casa Família Terra Firme USF São Joaquim UMS Tapanã
Casa Família Utinga USF Paracuri UMS Telégrafo
Centro de Atenção S. Escolar USF Parque Amazônia II UMS Paraíso dos Pássaros
Centro de Atenção S. Escolar USF Pratinha UMS Vila da Barca
Centro de Saúde de Fátima USF Tapanã I UMS Benguí
Centro de Atenção S. Escolar USF Tapanã II USF Telégrafo
Centro de Saúde de Outeiro TOTAL 73
Fonte: CNES – 2012
No artigo 6º da Lei Municipal 7.603 de 13 de janeiro de 1993, os Distritos
Administrativos ficam assim denominados: Distrito Administrativo de Mosqueiro
(DAMOS); de Outeiro (DAOUT); de Icoaraci (DAICO); do Benguí (DABEN); do
Entroncamento (DAENT); da Sacramenta (DASAC); de Belém (DABEL) e Guamá
(DAGUA), como demonstra figura (1)
57
Figura 1 – Distritos Administrativos de Belém.
Fonte: CODEM, 2012
O artigo 4º da referida lei considera distrito administrativo, o agrupamento de
bairros e/ou áreas limítrofes com densidade demográfica e funções urbanas,
diversificadas ou não, de modo que reúnam as características já descritas e
peculiares a exigirem planejamento integrado, ação conjunta e permanente união de
esforços para a execução de serviços públicos de interesse comum de caráter local.
O Distrito do Entroncamento, objeto de estudo, engloba dez bairros do
Município de Belém: Val-de-Cans, Souza, Castanheira, Guanabara, Águas Lindas,
Aurá, Universitário e parte dos bairros do Curió-Utinga, Mangueirão e Marambaia;
bairros definidos segundo a Lei nº 7.806, de 30 de julho de 1996, como demonstra
figura (2).
58
Figura 2 - Bairros do Distrito do entroncamento.
Fonte: CODEM, 2012
Segundo dados do IBGE 2010, o Distrito Administrativo do Entroncamento, se
constitui no 3º maior distrito de Belém com uma área aproximada de 6.752,17 (ha) e
possui 125.400 habitantes com 37.820 idosos na faixa etária igual ou maior de 60
anos, que representa um percentual de 30,16% de idosos.
No referido distrito será investigada o acesso de idosos a duas unidades de
saúde: Unidade Municipal de Saúde da Marambaia e Unidade Municipal de Saúde
da Tavares Bastos, conforme imagem de satélite fornecido pelo ggogle maps.
59
Figura 3 - Imagem de satélite do distrito do Entroncamento.
A atenção básica é teoricamente, a porta de entrada para o sistema público
de saúde, possivelmente essa será a primeira instância onde o idoso receberá
atendimento. No entanto, há dificuldades em relação à obtenção do acesso ao
cuidado, demonstrando que na prática a atenção básica não tem funcionado como
porta de entrada para todos os idosos.
Convém destacar que no Brasil o modelo assistencial ao idoso ainda é
fortemente marcado pela abordagem biomédica e hospitalar. Por isso, urge a
necessidade de potencializar as ações de cuidado aos idosos na atenção básica,
com a complementação de outros serviços de maior complexidade, quando
necessários.
A assistência à saúde do idoso constitui um campo de estudo relevante,
principalmente pela perspectiva da atenção básica no SUS, que deve garantir a
incorporação de mecanismos que promovam a melhoria da qualidade e aumento da
resolubilidade da atenção à pessoa idosa no sentido de identificar riscos de
fragilidade e vulnerabilidade, permitindo acesso do idoso à rede de atenção, sempre
que se fizer necessário.
60
4.2 UNIDADES DE SAÚDE DO DISTRITO DO ENTRONCAMENTO
4.2.1 Unidade Municipal de Saúde da Marambaia
Localizada na rodovia Augusto Montenegro nº 1, bairro da Marambaia
município de Belém, estado do Pará. Representa uma das poucas unidades
municipais que possui serviço de urgência/emergência em nível ambulatorial.
Oferece atendimento de baixa e média complexidade, atendendo demanda
espontânea e referenciada.
Apresenta como instalações físicas para assistência na urgência e
emergência: consultórios médicos (2), sala de atendimento indiferenciado (1), sala
de curativo (1), sala de higienização (1), sala pequena cirurgia (1), sala
repouso/observação – feminino (3), sala repouso/observação - masculino (3), sala
repouso/observação - indiferenciado (3), sala repouso/observação - pediátrica (5).
Em nível ambulatorial apresenta clínicas básicas (9), clínicas especializadas
(1), odontologia (4), outros consultórios não médicos (6), sala de curativo (1), sala de
serviços de enfermagem (4), sala de imunização (1) e sala de nebulização (1).
Como serviços de apoio a unidade possui: ambulância, central de
esterilização de materiais, farmácia, lavanderia, necrotério, S.A.M.E ou S.P.P
(Serviço de Prontuário do Paciente) e serviço social, próprios e um serviço de
manutenção de equipamentos, terceirizado.
Apresenta os seguintes serviços especializados: serviço de atenção ao
paciente com tuberculose, serviço de atenção ao pré-natal, parto e nascimento,
serviço de controle de tabagismo, serviço de diagnóstico por imagem (radiografia e
ultrassonografia), serviço de diagnóstico por laboratório clínico e serviço de
diagnóstico por laboratório clínico, todos de característica própria. Apresenta
também serviços de fisioterapia e de práticas integrativas e complementares.
Na relação de equipamentos estão incluídos também os de infraestrutura
(grupo gerador), de odontologia (equipo odontológico), para manutenção da vida
(desfibrilador, reanimador pulmonar/ ambu) e equipamento por métodos gráficos
(eletrocardiógrafo). Faz coleta seletiva de resíduos sólidos e biológicos.
Seu módulo profissional encontra-se distribuído no quadro (3)
Quadro 3 - Módulo profissional da UMS Marambaia – 2012.
61
Profissional
Quantitativo Profissional Quantitativo
Téc. Enfermagem 42 Assistente social 02
Agente saúde pública 05 Nutricionista 02
Auxiliar enfermagem 11 Cirurgião dentista 18
Auxiliar saúde bucal 01 Farmacêutico 05
Técnico patologista 06 Psicólogo 01
Técnico radiologista 04 Fonoaudiólogo 01
Enfermeiro 15 Fisioterapeuta 01
Médico clínico 16 Administrador 01
Médico pediatra 04 Sociólogo 01
Médico gineco/obstetra 02 Total 138
Fonte: CNES - 2012
4.2.2 Unidade Municipal de Saúde da Tavares Bastos
Localizada na travessa Tavares Bastos nº 631, bairro da Marambaia,
município de Belém, estado do Pará. Apresenta domínio administrativo e gestão
municipais. Executa atendimento ambulatorial e serviço de diagnose e terapia
(SADT) com fluxo de clientela de demanda espontânea e referenciada. Apresenta
atenção básica e média complexidade.
Apresenta as seguintes instalações físicas para assistência ambulatorial:
clínicas especializadas (02), clínicas de atendimento indiferenciado (06), odontologia
(01), outros consultórios não médicos (01), sala de curativo (01), sala de serviços de
enfermagem (01), sala de imunização (01) e sala de nebulização (01).
A relação de profissionais da unidade está contida no quadro (4) referente ao
módulo profissional.
62
Quadro 4 - Módulo profissional da UMS Tavares Bastos – 2012.
Profissional
Quantitativo Profissional Quantitativo
Téc. enfermagem 03 Médico pediatra 06
Auxiliar enfermagem 18 Médico gineco/obstetra 02
Atend. enfermagem 01 Assistente social 01
Médico clínico 02 Nutricionista 01
Médico urologista 01 Cirurgião dentista 04
Médico cardiologista 01 Farmacêutico 01
Médico cirurg. geral 01 Psicólogo 02
Médico trabalho 01 Enfermeiro 04
Total 49
Fonte: CNES - 2012
Como serviços de apoio possui central de esterilização de materiais, farmácia,
S.A.M.E, serviço de manutenção de equipamentos e serviço social, próprios e
apenas a lavanderia, terceirizada.
Em relação aos serviços especializados possui serviço de atenção ao
paciente com tuberculose, serviço de atenção ao pré-natal, parto e nascimento,
serviços de diagnósticos por métodos gráficos dinâmicos e serviço de práticas
integrativas e complementares, próprios.
Apresenta comissões de revisão de documentação médica e estatística,
notificação de doença, farmácia e terapêutica e revisão de prontuários e
equipamentos de odontologia, eletrocardiógrafo e coleta seletiva de resíduos
biológicos e comuns.
63
5 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
A pesquisa pautou-se em investigar a amostra de 150 idosos, 75 atendidos na
unidade da Marambaia e 75 na unidade da Tavares Bastos, referentes aos dados
pessoais e dados referentes ao acesso de idosos aos serviços de saúde. Para essa
amostra estavam inclusos dados pessoais referentes a gênero, idade, local de
nascimento e de moradia, escolaridade e renda.
No aspecto relativo ao acesso aos serviços de saúde, estavam incluídos
tópicos referentes à matrícula, meio de transporte, condição de deslocamento,
tempo de espera nas consultas médica, de enfermagem, para realização de exames
laboratoriais, especializados e de procedimentos cirúrgicos, acesso à hospitalização,
medicamentos; e condição de acesso às consultas médica, especializada e de
enfermagem; participação em programas e reuniões na unidade e compreensão
quanto ao seu funcionamento.
No gráfico 01, relativo ao gênero dos idosos, observou-se predominância do
sexo feminino, 71% e 68% nas unidades da Marambaia e Tavares Bastos,
respectivamente. Estudos epidemiológicos revelam que o aumento da longevidade
das mulheres significa mais risco que vantagem, uma vez que são física e
socialmente mais frágeis que os homens. A esperança de vida ao nascer, para as
mulheres, é cerca de nove anos mais longa do que a dos homens. (CAMARANO et
al, 1999 apud LIBERALESSO, 2001).
Os idosos de modo geral e as idosas em particular são objeto de um discurso
ambíguo das instituições sociais e do Estado brasileiro, que ora os protege, ora os
aponta como causadores de males que afligem o sistema público de saúde e da
previdência ( DEBERT, 1999, LIBERALESSO, 2001).
Liberalesso (2001) aponta que são escassos os estudos que diferenciam
homens e mulheres idosos e aponta algumas evidências extraídas da literatura
gerontológica que são longevidade, morbidade e incapacidade entre os principais
focos de interesse da pesquisa que compara homens e mulheres idosos, e ressalta
que no âmbito da saúde, gênero é um fator de risco mais importante que idade na
medida em que mulheres idosas são mais frágeis e se percebem como mais frágeis
do que os homens idosos. Quando se somam outras variáveis como escolaridade
64
menor, viver só, ter de cuidar e precisar de cuidados, a qualidade de vida das
mulheres tende a diminuir.
É importante destacar que idosas de todas as classes sociais formam hoje um
segmento cada vez mais visível e diferenciado, que responde de modo variado às
diversas demandas da sociedade e do mercado globalizado. Novos espaços são
conquistados, pelo surgimento dessa nova demanda, com novas possibilidades de
comunicação, de viagens, de participação em grupo, ampliação da cultura e nas
diferentes formas de lazer, até mesmo nas condições em que vivem as idosas mais
pobres.
No que se refere à saúde mental, a idade é um fator biológico de risco mais
importante que o gênero, onde as mulheres mais velhas tendem a ser mais
afetadas, porque são mais longevas que os homens e por ter na maioria das vezes,
condição econômica e educacional mais baixa.
Gráfico 1 - Idosos atendidos nas unidades da Marambaia e Tavares Bastos, segundo Gênero – 2013.
Fonte: Unidades Pesquisadas - 2013
Os dados da tabela 2 demonstram a longevidade dos idosos, com
predominância na faixa etária entre 60 a 65 anos, que perfazem 35% na unidade da
Marambaia e 31% na faixa etária de 65 a 70 anos na unidade da Tavares Bastos.
Observa-se uma diminuição considerável na faixa etária de idosos de 80 a 95 anos
(13%) e (9%) nas unidades pesquisadas.
68%
71%
32%
29%
Marambaia
Tavares Bastos
Gênero
Masculino Feminino
65
Um dos aspectos que pode ser considerado é o da capacidade funcional, que
implica na autonomia em executar tarefas, como alimentar-se sem ajuda, deslocar-
se, dentre outros. Os conceitos de autonomia e capacidade funcional são
considerados fatores importantes no estado de saúde das pessoas que envelhecem.
Essas questões têm ampla repercussão nas habilidades físicas e mentais
indispensáveis a uma vida independente e autônoma. Pode implicar em idosos com
limitações instaladas, que impossibilitam a velhice considerada normal e
caracterizam patologias biológicas ou psicológicas.
A idade avançada frequentemente engloba outras desigualdades pré-
existentes, onde políticas equânimes são importantes no sentido de minimizar as
desigualdades e está diretamente relacionada à garantia de acesso, onde a
organização de redes de atenção à saúde no SUS pressupõe a garantia de acesso
qualificado, que dê respostas às necessidades das pessoas.
Muitos ainda enfrentam barreiras de acesso aos serviços de saúde, que
podem ser de ordem física, psicológica, de atitude e financeira e que, para as
pessoas idosas podem ser experiências frustrantes e extremamente catastróficas.
Os serviços devem ter como princípios a informação, educação, comunicação e
gestão da atenção, adotando os princípios comuns do desenho universal da
acessibilidade, conforme preconizado pela OMS (LOUVISON; BARROS, 2009).
Na visão de Teixeira (2007, apud PERRACINI; FLÓ, 2009) a velhice é
caracterizada por mudanças biológicas, psicológicas, cognitivas e sociais que
aumentam a predisposição a situações de incapacidade funcional, multimorbidade e
aumento de riscos a situações de vulnerabilidade. Essas alterações são bastante
diversificadas e individuais, o que torna o envelhecimento uma experiência
heterogênea e subjetiva.
Infere-se que o baixo percentual de idosos, na faixa etária acima dos 80 anos
pode ocorrer em decorrência da dificuldade em deslocar-se do domicílio a unidade
de saúde, por síndromes geriátricas vinculadas a quedas, imobilismo ou por fatores
relacionados à própria fragilidade do processo de envelhecimento.
66
Tabela 2 – Idosos atendidos na Unidade Marambaia e Unidade Tavares Bastos, segundo Idade – 2013.
Idade
Marambaia
Tavares Bastos
Idoso % Idoso %
60 – 65
65 – 70
70 – 75
75 – 80
80 – 85
85 – 90
90 – 95
Total
26
18
12
09
06
03
01
35
24
16
12
08
04
01
20
23
14
11
05
01
01
27
31
19
15
07
01
01
75 100 75 100
Fonte: Unidades de Saúde Pesquisadas - 2013
Em relação à tabela 3, optou-se em distribuir a amostra de idosos dentro das
regiões de saúde do Estado disponibilizados pela ANVISA (2011) São ao todo 22
regiões de saúde, onde 09 foram referidas pelos pesquisados.
Observou-se que grande parte dos idosos frequentadores das unidades
pesquisadas é oriunda da Região Metropolitana, onde estão inseridos os municípios
de Belém, Ananindeua, Marituba, Santa Bárbara e Benevides. Representam 36%
(27 idosos) atendidos na Marambaia e 44% (33 idosos) atendidos na Tavares
Bastos; seguidos dos municípios que fazem parte da Bacia Atlântico Caetés, que
equivalem a 12% (09 idosos) na Marambaia e 14% (11 idosos) na Tavares Bastos.
São os seguintes municípios que fazem parte dessa região de saúde: Augusto
Correa, Bonito, Bragança, Cachoeira do Piriá, Capanema, Nova Timboteua, Ourém,
Peixe-Boi, Primavera, Quatipuru, Salinópolis, Santa Luzia do Pará, Santarém Novo,
São João de Pirabas, Tracuateua e Viseu.
Possivelmente a vinda às unidades de saúde de Belém esteja vinculada a
dificuldade de acesso aos serviços de saúde na atenção básica, em seus lugares de
origem, ou, pela prática cultural de achar que é na capital que encontram a
resolutividade nos serviços de saúde.
67
Dados do CNES comprovam que em todos os municípios do Estado a
atenção básica está instalada, mas sabe-se a precariedade em disponibilizar
serviços de qualidade à população, mesmo nos grandes centros urbanos.
É importante destacar que 15% (11) dos idosos atendidos são oriundos de
municípios de outros Estados. Isso expressa que a situação de precariedade na
atenção básica, extrapola os limites do Estado do Pará.
Outro dado importante é que grande parte dos idosos têm residência fixa em
Belém ou encontram-se alocados em domicílios de parentes e amigos, como
demonstra a tabela 4, que expressa o local de moradia, de atendidos, onde 88%
(66) e 97% (73) dos idosos são residentes em Belém e apenas 12% e 2% residem
em outros municípios.
Tabela 3 – Idosos atendidos na Unidade Marambaia e Unidade Tavares Bastos, de acordo com local de nascimento, agrupados em regiões de saúde – 2013.
Região de Saúde
Marambaia
Tavares Bastos
Idoso % Idoso %
Alça Viária
Metropolitana
Baixo Amazonas
Rodovia PA 140
Bacia Atlântico Caetés
Rio Guamá
Rodovia BR 010
Marajó Oriental
Calha Norte
Municípios de outros Estados
Total
02
27
04
01
09
06
01
13
01
11
03
36
06
01
12
08
01
17
01
15
04
33
02
05
11
06
-
02
04
08
05
44
03
07
14
08
-
03
05
11
75 100 75 100
Fonte: Unidades de Saúde Pesquisadas – 2013.
Faz-se um destaque na questão, local de moradia (tabela 4), pois os idosos
das unidades pesquisadas referiram residirem em Belém (88%) (66), e 97% (73),
sendo que nem todos pertencem ao distrito do Entroncamento. Essa constatação se
68
expressa no gráfico 2 que especifica o quantitativo de idosos matriculados na
unidade da Marambaia e Tavares Bastos.
Segundo informações prestadas pelas recepções das unidades pesquisadas,
para matrícula é necessário apresentar comprovante de residência que ateste ser
morador dos bairros pertencentes ao distrito do Entroncamento.
De certa forma esse impedimento compromete o acesso de idosos aos
serviços ofertados pelas unidades, no entanto, justifica-se pelo fato da atenção
básica ser disponibilizada nos bairros de Belém, conforme demonstra quadro 3.
Nesse sentido, os idosos deveriam estar matriculados nas unidades de abrangência
de suas áreas de moradia.
Mesmo a legislação enfatizando o acesso dos idosos a todos os serviços de
saúde da atenção básica, o município pelo processo de descentralização e
municipalização dos serviços de saúde tem autonomia na organização da rede de
atendimento.
Netto (1995) destaca o papel que o município pode desempenhar na solução
de problemas da população. Afirma que por atuar em área menor, o governo local
poderia ser menos burocratizado, com estruturas organizacionais menos
dispendiosas, mais ágeis, flexíveis e sensíveis aos problemas dos cidadãos. Faz-se
um questionamento à municipalização quando não reconhece direito, disponibiliza
atendimento de baixa qualidade e limita o acesso de usuários aos serviços de saúde
a eles destinados.
Tabela 4 – Idosos atendidos na Unidade Marambaia e Unidade Tavares Bastos, por local de moradia – 2013.
Local de Moradia Marambaia Tavares Bastos
Idoso % Idoso %
Belém
Ananindeua
Soure
Icoaraci
Salinópolis
Outeiro
Total
66
03
02
02
01
01
88
04
03
03
01
01
73
01
01
-
-
-
97
01
01
-
-
-
75 100 75 100
Fonte: Unidades de Saúde Pesquisadas - 2013
69
A tabela 5 mostra o grau de escolaridade dos idosos atendidos, onde 53%
(40) e 49% (37) estão representados por idosos que possuem o ensino fundamental
incompleto e apenas 3% (02) o ensino superior completo.
Provavelmente os idosos de maior grau de escolaridade não buscam os
serviços de saúde do SUS por terem planos de saúde ou por acreditarem que os
serviços públicos são de má qualidade e que apresentam uma infraestrutura
inadequada às suas necessidades.
No entanto, sabe-se que em outros níveis de complexidade do sistema, ou
seja, na média e alta complexidade do SUS, os serviços de saúde, são solicitados
pela demanda usuária dos planos de saúde, ou pelo baixo grau ou ausência de
cobertura dos planos. Por sua vez as opiniões sobre os planos privados não são
muito positivas, pois recebem críticas quanto ao seu caráter lucrativo em detrimento
da assistência. (MENICUCCI, 2006)
Estudos demonstram que o grau de informação é crucial no acesso aos
serviços de saúde e a disponibilidade de serviços pode não ser do conhecimento de
todos e que diferentes grupos populacionais variam no grau de informação que
possuem sobre os serviços a eles disponíveis, como referem Goddard e Smith (2001
apud TRAVASSOS; MARTINS, 2004).
O grau de informação pode estar vinculado à escolarização, pois grande parte
dos serviços ofertados pelo SUS não são do conhecimento da camada de menor
grau de escolaridade, que desconhece os serviços que são disponibilizados nas
unidades de saúde.
Esse desconhecimento pode ser devido à falta de divulgação dos serviços de
saúde do SUS em nível municipal, que poderia ser resolvido se a gestão
disponibilizasse uma cartilha mostrando a cobertura do atendimento em nível da
rede básica de saúde.
Segundo Alves (2005) o município se constitui contemporaneamente na
esfera de governo privilegiada, quanto ao equacionamento das necessidades
coletivas mais comuns e prementes, mormente no que tange à coordenação do
desenvolvimento local e urbano.
70
Tabela 5 – Idosos atendidos na Unidade Marambaia e Unidade Tavares Bastos, por escolaridade – 2013.
Escolaridade
Marambaia
Tavares Bastos
Idoso % Idoso %
Analfabeto
Fundamental incompleto
Fundamental completo
Médio incompleto
Médio completo
Superior incompleto
Superior completo
Total
14
40
07
04
09
01
-
19
53
9
6
12
01
-
06
37
16
02
11
01
02
08
49
21
03
15
01
03
75 100 75 100
Fonte: Unidades de Saúde Pesquisadas - 2013
A tabela 6 demonstra que 80% (60) e 65% (49) dos idosos atendidos,
percebem até 01 salário mínimo e apenas 3% (02), mais de três salários. Esses
dados refletem a escolaridade, onde 53% (40) e 49% (37) estão representados por
idosos que possuem o fundamental incompleto e 19% (14) e 8% (06), são
analfabetos.
É importante destacar que 07% (05) de idosos atendidos na Marambaia e
13% (10) dos idosos atendidos na Tavares Bastos não possuem renda. Quanto a
essa questão, foram orientados a recorrer junto ao poder público, nas agências da
Previdência Social, a garantia do direito ao benefício de um (01) salário mínimo,
concedido a pessoas com idade mínima de 65 anos, que não exerçam atividade
remunerada ( Art. 38 da Lei 8.742/93).
Debert (1992) aponta modelos de pensar o envelhecimento. Primeiramente
propõe a construção de um quadro que aponte a situação de pobreza e abandono a
que o idoso está submetido, que termina por alimentar a concepção de velhice como
período de dependência e passividade; e o segundo modelo apresenta os idosos
como seres ativos, capazes de dar respostas aos desafios que enfrentam no seu
cotidiano.
71
Assim a renda é um fator importante no sentido de permitir ao idoso sua
autonomia e a possibilidade de usufruir a vida, transformando preconceitos
vinculados à velhice.
Tabela 6 – Idosos atendidos na Unidade Marambaia e Unidade Tavares Bastos, segundo renda – 2013.
Renda
Marambaia
Tavares Bastos
Idoso % Idoso %
Sem renda
Até 01 salário
02 salários
03 salários
Mais de 03 salários
Total
05
60
08
02
-
07
80
10
03
-
10
49
12
02
02
13
65
16
03
03
75 100 75 100
Fonte: Unidades de Saúde Pesquisadas - 2013
O gráfico 02 demonstra o comparativo de idosos matriculados nas unidades
pesquisadas. Destes, 67% (50) são matriculados na unidade da Marambaia e 76%
(57) na Tavares Bastos.
Na investigação foi possível apurar que 33% (25) e 24% (18) dos não
matriculados, o motivo principal era o de não pertencerem à área de jurisdição do
distrito do Entroncamento. Alguns tentavam burlar a situação apresentando
comprovantes de residência do referido distrito no intuito de obterem sua matrícula.
No entanto, novas ferramentas de controle das unidades dificultavam o acesso à
matrícula quando exigiam que os nomes dos idosos, deveriam constar nos
comprovantes de residência.
Percebeu-se que o fato de estarem matriculados possibilitava o acesso mais
fácil às consultas e programas ofertados pelas unidades aos idosos e o não acesso
implicava em longas filas para obtenção de senha ao atendimento. As senhas
limitadas dificultavam ainda mais o acesso, necessitando que os idosos chegassem
mais cedo, enfrentando dificuldades de transporte e de segurança.
72
Nesse âmbito, Frenk (1985 apud TRAVASSOS; MARTINS, 2004), discute a
sistematização do fluxo de eventos entre a necessidade e a obtenção do cuidado,
onde acessibilidade é a relação funcional entre um conjunto de obstáculos para
procurar e obter cuidados e as capacidades da população para superar tais
obstáculos. Dentre os obstáculos encontram-se os organizacionais, onde a
organização é o próprio sistema de saúde que impõe obstáculos na oferta de
serviços quando limita quantidade de senhas, horário noturno de atendimento,
exames de diagnose e terapia, medicamentos essenciais, especialidades médicas, e
até mesmo o acesso à matrícula em unidades de saúde.
O sistema público municipal justifica-se, amparado na distritalização do
atendimento, entendendo que a comunidade deverá ser matriculada de acordo com
o bairro onde está inserida. Nesse caso só teriam acesso à matricula os residentes
dos bairros de Val-de Cans, Souza, Castanheira, Guanabara, Águas lindas, Aurá,
Universitário, Curió-Utinga, Mangueirão e Marambaia, segundo a Lei nº 7.806, de 30
de julho de 1996.
Observa-se que a lei de certa forma infringe os princípios do SUS pautados
na universalidade, equidade e integralidade no atendimento por ele disponibilizado.
Sustenta-se tal afirmação alicerçada na Constituição Federal de 1998, nas leis
orgânicas da saúde de 1990, Estatuto do Idoso de 2003, Política Nacional de Saúde
da Pessoa Idosa e Pacto pela Saúde, ambos de 2006, onde a pessoa idosa goza de
todos os direitos e deveres como qualquer outro cidadão brasileiro, tendo prioridade
no atendimento dos serviços prestados, garantindo-lhe pleno acesso à rede dos
serviços de saúde disponíveis, cabendo ao poder público, a garantia da proteção à
vida e à saúde que propicie envelhecimento saudável, digno e livre de
incapacidades.
O Estatuto do Idoso ressalta o papel do SUS na garantia da atenção à saúde
da pessoa idosa, assegurando acesso universal e igualitário, em conjunto articulado
e contínuo das ações e serviços para a prevenção, promoção, proteção e
recuperação da saúde, incluindo a atenção especial às doenças que afetam
preferencialmente os idosos.
73
Gráfico 2 - Idosos atendidos nas unidades da Marambaia e Tavares Bastos, segundo condição de matrícula – 2013.
Fonte: Unidades Pesquisadas - 2013
O gráfico 03 demonstra a condição de acesso dos idosos às unidades
pesquisadas onde destaca que 55% (41) e 51% (38) deslocam-se através de ônibus
e outro percentual expressivo é referente aos que se deslocam a pé 33% e 37%,
sendo 25 e 28 idosos, respectivamente, às referidas unidades.
Esses dados apontam a capacidade funcional mantida em deslocar-se a
unidade de saúde de ônibus ou a pé, ou seja, capacidade de subir, manter-se firme
até a paragem de destino e descer, e depois repetir no retorno ao seu domicílio. A
capacidade de deambular (caminhar) até a unidade para obter atendimento de
saúde.
O estudo apontou dados de idosos que se deslocam de bicicleta (1%) em
cada unidade pesquisada. Isso demonstra a capacidade de equilíbrio ao ser
conduzido por acompanhante, como demonstra a tabela 06.
Na visão de Lawton (1991 apud NERI, 2001, p. 164) a funcionalidade física,
cognição, comportamento social e utilização do tempo estariam vinculados à
competência comportamental, que refletem independência e autonomia e se
relacionam ao autocuidado e ao manejo de atividades rotineiras.
67%
76%
33%
24%
Marambaia Tavares Bastos
Condição de Matrícula
Sim Não
74
Gráfico 3 - Meio de acesso de Idosos às unidades de saúde da Marambaia e Tavares Bastos – 2013
Fonte: Unidades pesquisadas - 2013
Os dados da tabela 07 confirmam que 65% (49) e 37% (28) dos idosos se
deslocam sozinhos até o serviço de saúde e 31% (26) e 63% (47) estão
acompanhados. Nesse caso, de esposo (a) (11% e 51%), irmão (ã) (1% e 11%),
filho (a) (19% e 01) ou outros (04%) nas respectivas unidades.
Observa-se uma discordância entre a unidade da Marambaia e Tavares
Bastos, pois na Marambaia há predominância de idosos que se deslocam sozinhos
(31%) e na Tavares Bastos de idosos que se deslocam acompanhados (63%). No
entanto, convém destacar que estar acompanhado pode ser mais uma opção do que
necessidade ou até mesmo um direito.
O SUS deve assegurar ao idoso a atenção integral, o acesso universal e
igualitário aos diferentes níveis de complexidade de atenção, tendo o direito de ser
acompanhado por membro do convívio familiar que garanta conforto e segurança; e
o Estatuto do Idoso vem reafirmar esse direito e segundo Silva (2005, apud REIS,
2009, p. 56) “a função principal do Estatuto é funcionar como uma carta de direitos,
fortalecendo o controle do poder público em relação ao melhor tratamento das
pessoas com idade avançada”.
33%
55%
11%
1%
37%
51%
11%
1%
A pé
Ônibus
Carro
Bicicleta
Meio de Acesso
Tavares Bastos Marambaia
75
Tabela 7 – Condição de deslocamento de Idosos às Unidades Marambaia e Tavares Bastos – 2013.
Deslocamento
Marambaia
Tavares Bastos
Idoso % Idoso %
Sozinho
Esposo (a)
Irmão (ã)
Filho (a)
Outros
Total
49
08
01
14
03
65
11
01
19
04
28
38
08
01
-
37
51
11
01
-
75 100 75 100
Fonte: Unidades de Saúde Pesquisadas - 2013
A tabela 08 demonstra o tempo de espera dos idosos nas consultas médicas,
onde 49% (37) e 60% (45) dos idosos aguardaram de 2 a 3 horas para atendimento
médico, na Marambaia e Tavares Bastos, respectivamente. Isso pode ser explicado
pela própria prática médica de disponibilidade de horário reduzido ao atendimento
ou então pela sobrecarga de atividades diárias com sobreposição de empregos que
repercutem no atendimento.
No entanto, convém destacar que a própria demanda idosa entende que a
demora no atendimento pode ser justificada pela quantidade limitada do profissional
médico nas unidades de saúde, ou seja, explicam pela lógica da demanda atendida.
Referem que os profissionais devem estar atendendo em outras unidades de saúde
pela carência de mão de obra.
Pelo ponto de vista da necessidade se justifica, mas pelo ponto de vista da
qualidade da assistência, não. Na maioria dos casos os profissionais médicos,
mesmo com carga horária diária de 4 horas, chegam atrasados e atendem os
usuários de forma rápida, para poderem se deslocar mais rapidamente a outros
serviços ou a seus consultórios particulares.
É importante enfatizar que 08% (06) e 09% (07) dos idosos atendidos nas
unidades, aguardaram até 1 hora pelo atendimento médico e outros 07% (05), de 4
horas em diante.
76
Tabela 8 – Tempo de espera dos Idosos para consultas médicas nas Unidades da Marambaia e Tavares Bastos – 2013.
Tempo (horas)
Marambaia
Tavares Bastos
Idoso % Idoso %
0 – 1
1 – 2
2 – 3
3 – 4
4 – 5
Total
06
20
37
07
05
8
27
49
09
07
07
17
45
06
-
09
23
60
08
-
75 100 75 100
Fonte: Unidades de Saúde Pesquisadas - 2013
Com relação ao tempo de espera para as consultas de enfermagem (tabela
9), 67% (50) e 80% (60) aguardaram até 1 hora pelo atendimento e somente 4%
(02), de 2 a 3 horas. No entanto, 23% (18) e 16% (12) dos idosos referiram não
consultarem com a enfermagem. O destaque é importante, pois representa a falta de
conhecimento do idoso, quanto às atividades pertinentes ao enfermeiro que
desenvolve consultas nos programas de saúde, disponibilizados pelo SUS nas
unidades de saúde, ou pelo fato do próprio enfermeiro dispensar o atendimento e
restringi-lo às atividades desenvolvidas pelos técnicos de enfermagem no polo do
idoso.
Observando-se pela ótica do tempo de consulta, apenas 4% (02) dos idosos
referiram aguardarem de 2 a 3 horas pela consulta de enfermagem; e 7% (05) e 4%
(03) referiram esperar de 1 a 2 horas pelo atendimento.
Nota-se uma predominância no atendimento em até 1 hora, ressaltando que o
fato do enfermeiro ter uma carga horária diária de 6 horas, favorece o atendimento
mais qualificado, permitindo ao idoso manifestar suas dúvidas e atender suas
necessidades.
77
Tabela 9 – Tempo de Espera dos Idosos para consulta de enfermagem nas Unidades da Marambaia e Tavares Bastos – 2013.
Tempo (horas)
Marambaia
Tavares Bastos
Idoso % Idoso %
0 – 1
1 – 2
2 – 3
Não consulta
Total
50
05
02
18
67
7
4
23
60
03
-
12
80
04
-
16
75 100 75 100
Fonte: Unidades de Saúde Pesquisadas - 2013
Os dados da tabela 10 consideraram o tempo de espera dos idosos para
realização de exames laboratoriais nas unidades, onde 33% (25) e 32% (24)
declararam aguardar de 0 a 10 dias para sua realização e 28% (21) 16% (12)
referiram não realizar nas unidades pesquisadas, pelo fato de buscarem em outras
unidades de saúde.
É importante destacar que 25% (19) dos idosos referiram aguardar de 10 a 20
dias para realização dos exames na Tavares Bastos; e 17% (13) referiram aguardar
de 20 a 30 dias para realização dos exames na Marambaia.
Tabela 10 – Tempo de Espera dos Idosos para exames laboratoriais nas unidades da Marambaia e Tavares Bastos – 2013.
Tempo (dias)
Marambaia
Tavares Bastos
Idoso % Idoso %
0 – 10
10 – 20
20 – 30
30 – 40
Não realizam na unidade
Total
25
11
13
05
21
33
15
17
7
28
24
19
12
08
12
32
25
16
11
16
75 100 75 100
Fonte: Unidades de Saúde Pesquisadas
78
O destaque para realização de exames especializados (tabela 11), só foi
possível na unidade de saúde da Tavares Bastos, onde 23% (17) idosos
aguardavam até 10 dias para realizá-lo; de 10 a 20 dias (8%) (06), 20 a 30 dias
(15%) (11); 22% (17) aguardaram de 30 a mais dias; e 32% (24) realizaram fora da
unidade.
Conforme dados do CNES a unidade tem cadastro para realização de
exames especializados na área de cardiologia (exame eletrocardiográfico).
Tabela 11 – Tempo de Espera dos Idosos para exames especializados na unidade da Tavares Bastos – 1º semestre 2013.
Tempo (dias)
Idoso
%
0 – 10
10 – 20
20 – 30
30 – 40
Realiza fora da unidade
Total
17
06
11
17
24
23
8
15
22
32
75 100
Fonte: Unidades de Saúde Pesquisadas
Em relação ao acesso às cirurgias, o gráfico 04 aponta que, 81% (61) dos
idosos realizaram algum tipo de procedimento cirúrgico, e 19% (14) não realizaram
cirurgia; (22) idosos referiram terem realizado procedimentos na área da
oftalmologia, (22) em cirurgia geral, (03) na cardiovascular, (02) em urologia, (24) em
gineco-obstetrícia e mastologia, (04) em traumato-ortopedia e (03) em
procedimentos otorrinolaringológicos.
Na unidade da Marambaia, 75% (56) realizaram cirurgia e 25% (19) não
realizaram procedimento cirúrgico. Dentre os que realizaram, (14) idosos referiram
na área da oftalmologia, (11) em cirurgia geral, (02) na área cardiovascular, (05) em
urologia, (31) em gineco-obstetrícia e (08) em traumato-ortopedia.
Pautar-se-á a discussão dos procedimentos cirúrgicos de idosos atendidos
nas unidades pesquisadas, ao discutir os dados da tabela 14, relativos ao acesso de
idosos à hospitalização.
79
Gráfico 4 - Idosos atendidos nas unidades da Marambaia e Tavares Bastos, segundo procedimento cirúrgico – 2013.
Fonte: Unidades pesquisadas – 2013
A tabela 12 analisa a marcação de consulta médica pelos idosos, nos
quesitos: enfrenta fila sozinho: 52% (39) e 63% (47); solicita a alguém, 19% (14) e
28% (21); e via consulta de enfermagem, 29% (22) e 9% (07) de idosos atendidos
nas unidades da Marambaia e Tavares Bastos, respectivamente.
Faz-se destaque na especificação via consulta de enfermagem, pelo fato que
somente os idosos matriculados nas unidades de saúde referidas, teriam acesso a
essa modalidade de atendimento, onde seria possível o agendamento de consultas
médicas, durante o atendimento de enfermagem. A enfermagem tem o
agendamento das consultas médicas, nos horários de atendimento matutino e
vespertino, durante os 30 dias do mês e apenas nos casos de ausência dos
médicos, esse agendamento é reorganizado e reprogramado.
Dessa forma, apenas idosos não matriculados, enfrentam fila sozinhos ou
acompanhados. Um destaque importante no que se refere ao quesito, enfrenta fila
sozinho, revela que mais da metade dos pesquisados nas unidades, 52% e 63%,
(Marambaia e Tavares, respectivamente), têm preservadas sua capacidade
funcional em nível de deslocamento.
75% 81%
25% 19%
Marambaia Tavares Bastos
Cirurgias
Sim Não
80
Tabela 12 – Marcação de consulta médica pelos Idosos nas unidades da Marambaia e Tavares Bastos – 1º semestre - 2013.
Especificação
Marambaia
Tavares Bastos
Idoso % Idoso %
Enfrenta fila sozinho
Solicita a alguém
Via atendimento de enfermagem
Total
39
14
22
52
19
29
47
21
07
63
28
09
75 100 75 100
Fonte: Unidades de Saúde Pesquisadas - 2013
Na questão referente à marcação de consulta de enfermagem pelos idosos, a
tabela 13, demonstra que 37% (28) dos atendidos na Marambaia enfrenta fila
sozinho, 9% (07) solicita a alguém, 23% (17), não enfrenta fila e 31% (23) não
consulta com a enfermagem. Na unidade da Tavares Bastos, 64% (48), dos idosos
atendidos, enfrenta fila sozinho, 27% (20), solicitam a alguém; e 9% (07) não
enfrentam fila.
Faz-se destaque a 31% (23) dos idosos que não consultam com a
enfermagem na Marambaia e na tabela 8, essa questão foi abordada no tempo de
espera para consulta de enfermagem.
Tabela 13 – Marcação de consulta de enfermagem pelos Idosos nas unidades da Marambaia e Tavares Bastos – 1º semestre – 2013.
Especificação
Marambaia
Tavares Bastos
Idoso % Idoso %
Enfrenta fila sozinho
Solicita a alguém
Não enfrenta fila
Não consulta com a enfermagem
Total
28
07
17
23
37
09
23
31
48
20
07
-
64
27
09
-
75 100 75 100
Fonte: Unidades de Saúde Pesquisadas - 2013
81
No que se refere à marcação de consulta médica especializada, por Idosos
nas unidades da Marambaia e Tavares Bastos, o gráfico 5 demonstra que 63% ( 47)
e 90% (67) dos idosos, tem acesso referenciado pelo clínico geral; e 5% (04), nas
unidades, têm acesso por outros serviços de saúde. É importante ressaltar que 32%
(24) e 5% (04) referiram nunca terem necessitado de consulta médica especializada.
O acesso referenciado se justifica pelo protocolo clínico que estabelece que
todo usuário do serviço público de saúde, necessita ser referenciado,
preferencialmente pelo médico clínico para consultas especializadas (oftalmologia,
cardiologia, vascular, dentre outros), onde será detectada a real necessidade e
quando todas as possibilidades clínicas tiverem sido realizadas.
Gráfico 5 - Marcação de consulta médica especializada por Idosos nas Unidades da Marambaia e Tavares Bastos – 2013.
Fonte: Unidades de saúde pesquisadas - 2013
No que se refere ao acesso de medicamentos prescritos aos idosos, a tabela
14 demonstra que, 21% (16) e 30% (23) dos atendidos nas unidades pesquisadas
conseguem todos os medicamentos; 32% (24) e 12% (9) adquire parte. Um dado
bastante expressivo é daqueles que compram medicamentos, em torno de 40% (30)
e 47% (35); e dos que não necessitam de medicamento, em torno de 4% (03). Na
obtenção por outros meios, 3% (02) referiram na pesquisa, aquisição através da
farmácia popular.
63%
32%
5%
90%
5%
5%
Via clínico geral
Nunca necessitou
Outros serviços de saúde
Especificação
Tavares Bastos Marambaia
82
Tabela 14 – Acesso aos Medicamentos prescritos aos Idosos nas Unidades da Marambaia e Tavares Bastos – 1º semestre 2013.
Medicamentos Marambaia Tavares Bastos
Idoso % Idoso %
Consegue todos
Consegue parte
Compra
Não necessita
Outros meios
Total
16
24
30
03
02
21
32
40
04
03
23
09
35
-
08
30
12
47
-
11
75 100 75 100
Fonte: Unidades de Saúde Pesquisadas - 2013
Quanto ao acesso à hospitalização, a tabela 15 demonstra os dados de
sempre consegue (33%) (25) e 64% (48); consegue através de terceiros (3%) (02)
em ambas unidades; e dificilmente consegue (43%) (32) e 30% (23). Faz-se um
destaque ao dado, nunca necessitou 21% (16) e 3% (02) nas unidades pesquisadas.
Destaca-se dissonância entre os dados sempre consegue e dificilmente
consegue, pois na Marambaia o dado que se destaca é dificilmente consegue (43%)
e na Tavares Bastos destaca-se o dado, sempre consegue (64%)
No entanto, observa-se que o dado sempre consegue (33%) e (64%) se
destaca nas unidades. Isso demonstra que a lógica do modelo biomédico pautado
no tratamento e cura médica de cunho hospitalar, ainda é muito presente no Brasil e
o acesso torna-se possível em detrimento dos cuidados na atenção básica.
Entende-se que os cuidados na atenção primária respaldados na prevenção e
promoção da saúde são determinantes na saúde do idoso e isso repercutirá na não
hospitalização.
A promoção da saúde na Política Nacional da Saúde do Idoso é enfatizada
quando aponta propósitos vinculados à promoção do envelhecimento saudável, a
manutenção e a melhoria ao máximo da capacidade funcional dos idosos, a
prevenção de doenças, a recuperação da saúde e a reabilitação, de modo a garantir
permanência no meio em que vivem, exercendo de forma independente suas
funções na sociedade (BRASIL, 1999).
83
Tabela 15 – Acesso à hospitalização de Idosos atendidos nas Unidades Marambaia e Tavares Bastos – 1º semestre 2013.
Acesso
Marambaia
Tavares Bastos
Idoso % Idoso %
Sempre consegue
Consegue através de terceiros
Dificilmente consegue
Nunca necessitou
Total
25
02
32
16
33
03
43
21
48
02
23
02
64
03
30
03
75 100 75 100
Fonte: Unidades de Saúde Pesquisadas - 2013
A tabela 16 demonstra a participação dos idosos atendidos nos Programas,
disponibilizados pelo Ministério da Saúde, desenvolvidos nas unidades, onde 59%
(44), e 76% (57) indicaram não participar. O restante ficou distribuído entre hiperdia
(5%) (04) e 1% (01); tabagismo (1%) (1); polo do idoso, (28%) (21) e (13%) (10), nas
unidades da Marambaia e Tavares Bastos respectivamente.
Acredita-se que os programas disponibilizados pelas unidades aos usuários
necessitam ser mais atrativos e convidativos no sentido de estimular a participação,
pois na visão de Ferrari (apud PERRACINI; FLÓ, 2009), os programas devem
oferecer um espaço em que a reformulação de padrões tradicionais de
envelhecimento possa ser uma experiência coletiva e no qual participar deles
ativamente signifique viver intensamente uma nova etapa da vida, um momento
próprio para exploração da identidade e de novas formas de autoexpressão.
A participação é entendida como “espaço de representação da sociedade
onde se articulam diferentes sujeitos, com suas diversas representações,
movimentos populares, entidades de classe, sindicatos, governo, entidades
jurídicas, prestadores de serviço, entre outros, e uma população com suas
necessidades e interesses que envolvem o indivíduo, família e grupos da
comunidade". (ASSIS, 2003, p. 377).
A participação social do idoso é reforçada nos estudos de Machado (2007)
quando afirma que, participando da política, das universidades abertas, dos grupos
de convivência, dos fóruns, dos conselhos e associações de aposentados, os idosos
trazem a política para um novo patamar.
84
Politizar o cotidiano no sentido de participar ativamente dos programas, de
reuniões que discutam alternativas de melhoria na construção coletiva articulada
com gestores e trabalhadores da saúde.
Tabela 16 – Participação dos Idosos em Programas das unidades da Marambaia e Tavares Bastos – 1º semestre 2013.
Participação
Marambaia
Tavares Bastos
Idoso % Idoso %
Hiperdia
Tabagismo
Polo do Idoso
Em outros locais
Não participa
Total
04
01
21
05
44
05
01
28
07
59
01
02
10
05
57
01
03
13
07
76
75 100 75 100
Fonte: Unidades de Saúde Pesquisadas - 2013
Com relação ao conhecimento dos idosos sobre a dinâmica de funcionamento
nas unidades pesquisadas, a tabela 17, aponta que 65% (49) e (68%) (51) dos
idosos tem dificuldade em entender o funcionamento das unidades, do atendimento
e dos serviços; e 4% (03) não tem interesse em saber. No entanto, 20% (15) e (9%)
e (07) demonstraram que conhecem parte do que é ofertado e 11% (08) e 23% (17),
conhecem toda a dinâmica de funcionamento das unidades da Marambaia e
Tavares Bastos.
85
Tabela 17 – Conhecimento dos Idosos da dinâmica de funcionalidade das Unidades da Marambaia e Tavares Bastos – 1º semestre 2013.
Conhecimento
Marambaia
Tavares Bastos
Idoso % Idoso %
Conhece
Conhece em parte
Tem dificuldade
Não procura saber
Total
08
15
49
03
11
20
65
04
17
07
51
-
23
09
68
-
75 100 75 100
Fonte: Unidades de Saúde Pesquisadas - 2013
Na questão 13 do questionário, foram questionados quanto a apontar
sugestões para melhorar o atendimento ao idoso. Agrupando por citações, na
unidade da Tavares Bastos, pode-se destacar, dentre as mais relevantes: respeito
ao idoso (08); aumentar fornecimento de medicamentos (10), melhoria no
atendimento (13); diminuição do tempo de espera nas consultas médicas (13); e
ampliar quadro médico (17).
Na unidade da Marambaia, obedecendo-se a mesma forma de agrupamento
e privilegiando a maior quantidade de vezes citadas, destaca-se: melhoria do
atendimento médico (07), melhor tratamento aos idosos (09); melhorar infraestrutura
(10); e ampliação do fornecimento de medicamentos.
86
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Um dos aspectos de maior impacto no início deste século é o envelhecimento
da população do planeta. Uma tendência que vem se consolidando tanto nos países
desenvolvidos como nos chamados em desenvolvimento. Dentre estes se destaca o
Brasil com uma população de 60 anos e mais, beirando 21 milhões de pessoas.
Como a população brasileira está vivendo mais, o grande desafio tem sido
fornecer atendimento de saúde a este segmento populacional, com acesso pleno
aos serviços disponibilizados pela rede pública de saúde do SUS.
O SUS contempla o idoso em sua legislação, no entanto na prática municipal
tem sido pouco satisfatória quando se constatam situações que comprometem seu
bem estar bio-psico-social.
A pesquisa afastou-se da análise pautada no campo puramente biológico,
passando a abordar aspectos sociais, culturais e políticos, que enxergam o idoso
como cidadão pleno de direitos. Discutiu-se o surgimento da velhice, enquanto corpo
envelhecido em um âmbito patológico, vinculado a processos degenerativos e a
terceira idade, que passou a significar o momento do lazer, propício à realização
pessoal, incompleta na juventude e a criação de novos hábitos e laços afetivos.
Discute o conceito de velhice bem-sucedida que afirma que envelhecer bem
implica em participação em atividades vinculadas à satisfação, manutenção da
saúde e participação social, onde estratégias seriam criadas para superar a questão
da vulnerabilidade em saúde.
Nesse âmbito, o Pacto pela Saúde, na dimensão do Pacto pela Vida vem
conceder prioridade do idoso no acesso aos serviços de saúde, especialmente na
atenção básica, considerada porta de entrada ao sistema de saúde, que tem a
capacidade de responder as necessidades de saúde.
O cerne da questão foi discutir acesso e acessibilidade aos serviços de saúde
na atenção básica, inserindo o idoso nesse cenário. Partiu-se do entendimento de
acessibilidade como a facilidade que cada pessoa tem em obter cuidado de saúde,
onde a qualidade do cuidado repercute na satisfação ou insatisfação do usuário que
busca o serviço de saúde.
Na definição de acesso foram consideradas a entrada no serviço de saúde e
a continuidade da assistência, em todos os tipos de cuidado, de serviços e de
problemas de saúde.
87
A pesquisa pautou-se em investigar o acesso de idosos aos serviços de
saúde na atenção básica de unidades de saúde localizadas no distrito do
Entroncamento em Belém, porque entendeu que a descentralização e
municipalização da saúde, proposta pela legislação federal, responsabiliza o
município pelas ações de saúde junto aos seus munícipes e permite acesso pleno
de cidadãos aos serviços de saúde.
O campo de investigação ocorreu nas Unidades de Saúde da Marambaia e
Tavares Bastos, onde foram estudados aspectos pessoais relativos a gênero, idade,
local de nascimento e moradia, escolaridade e renda; e aspectos vinculados ao
acesso de idosos aos serviços de saúde.
Nesse aspecto foram estudadas questões relativas à matrícula dos idosos
nas referidas unidades, meio e condição de deslocamento, tempo de espera nas
consultas médicas, de enfermagem, para exames laboratoriais e especializados,
realização de cirurgias, dados de acesso à hospitalização e medicamentos. Foram
também estudadas as condições de marcação às consultas médicas de clínica
geral, especializada e de enfermagem.
Nos dados relativos ao gênero dos idosos, observou-se predominância do
sexo feminino, perfazendo um total de 104 idosas atendidas nas unidades
pesquisadas. Em relação à faixa etária destacaram-se 26 idosos, entre 60 a 65
anos, na Marambaia e 20 idosos, de 65 a 70 anos na Tavares Bastos. A partir dos
80 anos a frequência às unidades torna-se reduzida e isso pode ser explicado pela
baixa capacidade funcional, fator importante no estado de saúde das pessoas que
envelhecem.
Quanto ao local de nascimento houve um destaque de 60 idosos,
pertencentes a região metropolitana e em relação ao local de moradia, 139 idosos,
residem em Belém, 02 em Soure e 01 em Salinópolis. Dos residentes em Belém,
107 estão matriculados por pertencerem ao distrito do Entroncamento. O fato de
estar matriculado possibilita o acesso mais fácil às consultas e programas ofertados
pelas unidades de saúde e o não acesso implica em longas filas para obtenção de
senha ao atendimento.
O grau de escolaridade revela que 77 idosos, possuem o ensino fundamental
incompleto e apenas 02, o ensino superior completo. Infere-se que os idosos de
maior grau de escolaridade não buscam os serviços de saúde do SUS por terem
88
planos de saúde ou por acreditarem que os serviços públicos são de má qualidade e
que apresentam uma infraestrutura inadequada às suas necessidades.
No aspecto relativo à renda, 109, percebem até 01 salário mínimo e apenas
02, mais de três salários; 15 dos pesquisados, não possuem renda. A renda é um
fator importante no sentido de permitir ao idoso sua autonomia e a possibilidade de
usufruir a vida.
Na condição de acesso, 79, deslocam-se através de ônibus e outro percentual
expressivo é referente aos que se deslocam a pé (53). Esses dados apontam a
capacidade funcional mantida em deslocar-se a unidade de saúde de ônibus ou a
pé, ou seja, capacidade de subir, manter-se firme até a paragem de destino e
descer, e depois repetir no retorno ao seu domicílio. A capacidade de deambular
(caminhar) até a unidade para obter atendimento de saúde.
Os dados confirmam que 77 idosos se deslocam sozinhos até o serviço de
saúde e 73, acompanhados. Convém destacar que o SUS deve assegurar ao idoso
a atenção integral, o acesso universal e igualitário aos diferentes níveis de
complexidade de atenção, tendo o direito de ser acompanhado por membro do
convívio familiar que garanta conforto e segurança; e o Estatuto do Idoso vem
reafirmar esse direito.
Em relação ao tempo de espera dos idosos nas consultas médicas, 82
aguardaram de 2 a 3 horas. Isso pode ser explicado pela própria prática médica de
disponibilidade de horário reduzido ao atendimento ou então pela sobrecarga de
atividades diárias com sobreposição de empregos que repercutem no atendimento.
Para as consultas de enfermagem, 110 idosos aguardaram até 1 hora e
somente 02, de 2 a 3 horas. No entanto, 30 idosos referiram não consultarem com a
enfermagem. O destaque é importante, pois representa a falta de conhecimento do
idoso, quanto às atividades pertinentes ao enfermeiro que desenvolve consultas nos
programas de saúde, disponibilizados pelo SUS nas unidades de saúde, ou pelo fato
do próprio enfermeiro dispensar o atendimento e restringi-lo às atividades
desenvolvidas pelos técnicos de enfermagem no polo do idoso.
Em relação ao tempo de espera para realização de exames laboratoriais, 49,
declararam aguardar até 10 dias e 33, referiram realizar em outras unidades de
saúde.
No quesito cirurgias, 117 idosos realizaram algum tipo de procedimento
cirúrgico, e 33, não realizaram cirurgia. O acesso à hospitalização aponta que o
89
dado, sempre consegue, se apresenta com 73 idosos. Isso demonstra que a
atenção básica cede lugar ao modelo biomédico centrado na lógica da doença e na
cura médica hospitalar. Entende-se que os cuidados na atenção primária
respaldados na prevenção e promoção da saúde são determinantes na saúde do
idoso e isso repercutirá na não hospitalização.
Na marcação de consulta médica pelos idosos, 86, enfrentam fila sozinho, 35,
solicitam a alguém; e 29, conseguem via consulta de enfermagem. Em grande parte,
os idosos que enfrentam fila sozinho ou solicitam a alguém, não são matriculados na
unidade. Em relação à marcação de consulta médica especializada, 114 idosos, tem
acesso referenciado pelo clínico geral; e 04, têm acesso em outros serviços de
saúde. É importante ressaltar que 28 idosos, referiram nunca terem necessitado de
consulta médica especializada.
O acesso referenciado se justifica pelo protocolo clínico que estabelece que
todo usuário do serviço público de saúde, necessita ser referenciado,
preferencialmente pelo médico clínico para consultas especializadas (oftalmologia,
cardiologia, vascular, dentre outras), onde será detectada a real necessidade de
encaminhamento e quando todas as possibilidades clínicas tiverem sido realizadas.
Quanto ao acesso de medicamentos, 39 idosos, conseguem todos os
medicamentos e 33, adquirem parte. Um dado bastante expressivo é daqueles que
compram medicamentos, em torno de 65; e dos que não necessitam de
medicamento, em torno de 03.
Em relação à participação dos idosos atendidos nos Programas, 101,
indicaram não participar. O restante ficou distribuído entre hiperdia, (05); tabagismo
(1); polo do idoso, (31).
Acredita-se que os programas disponibilizados pelas unidades aos usuários
necessitam serem mais motivadores no sentido de estimular a participação,
reformulando padrões tradicionais estabelecidos, onde participar ativamente
signifique viver intensamente uma nova etapa da vida, um momento próprio para
exploração da identidade e de novas formas de autoexpressão.
Quanto ao conhecimento da dinâmica de funcionamento, 100 idosos tem
dificuldade em entender o funcionamento das unidades; e 03 não tem interesse em
saber. No entanto, 22, conhecem parte do que é ofertado e 25, conhecem toda a
dinâmica de funcionamento das unidades pesquisadas.
90
Algumas regularidades puderam ser destacadas nos depoimentos dos idosos,
em relação às reivindicações a serem consideradas pelos gestores: ampliação do
fornecimento de medicamentos; melhoria na infraestrutura; maior número de clínicos
gerais, médicos especializados e enfermeiros; menor tempo de espera nas
consultas médicas; melhores relações humanas dos servidores com os usuários;
ampliação de cota de exames laboratoriais e maior compromisso dos gestores das
unidades com os usuários do SUS.
Acredita-se que a presente pesquisa tem caráter inovador no Estado do Pará
e são escassos trabalhos que vinculam acesso aos serviços de saúde,
principalmente vinculando o idoso no processo de descentralização e
municipalização da saúde no Brasil. Por esse aspecto, muitos trabalhos poderão ser
realizados discutindo acesso nos serviços de saúde do SUS. Recomendam-se
pesquisas que aprofundem a discussão na área do acesso, considerando municípios
que optam pela distritalização da saúde na municipalização, como é o caso de
Belém.
O fato de mapear a saúde em distritos administrativos dificulta o acesso de
usuários aos serviços, considerando ainda a precariedade de atendimento na
atenção básica disponibilizada pelos municípios. Por isso a população se desloca de
bairro a bairro na busca por melhores serviços e quando encontra, enfrenta barreiras
no acesso, que é dificultado, pelo fato de não pertencerem à área de abrangência do
distrito. Insere-se nesse cenário, o idoso que mesmo desenvolvendo a chamada
velhice saudável, enfrenta dificuldades, principalmente quando necessita enfrentar
filas para obter atendimento de saúde.
Dessa forma, a pesquisa buscou desenvolver aspectos relevantes na área da
saúde que implica em acesso de idosos aos serviços na atenção básica no intuito de
fomentar discussão nessa área, transformando a atenção básica em porta de
entrada qualificada, capaz de propiciar ao idoso as condições que necessita para ter
uma velhice realmente bem-sucedida.
91
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96
APÊNDICES
APÊNDICE A – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Você está sendo convidado (a) a participar do projeto de pesquisa acima citado. O
documento abaixo contém todas as informações necessárias sobre a pesquisa que
estamos fazendo. Sua colaboração neste estudo será de muita importância para
nós, mas se desistir a qualquer momento, isso não causará nenhum prejuízo a você.
Eu, ___________________________, residente e domiciliado na
______________________, portador da Cédula de identidade, RG ____________ ,
e inscrito no CPF_________________ nascido (a) em _____ / _____ /_______ ,
abaixo assinado (a), concordo de livre e espontânea vontade em participar como
voluntário (a) do estudo ACESSIBILIDADE DE IDOSOS AOS SERVIÇOS DE
SAÚDE: UM ESTUDO EM UNIDADES DE SAÚDE DO DISTRITO DO
ENTRONCAMENTO EM BELÉM
O participante da pesquisa fica ciente:
I) A pesquisa apresenta como objetivo geral: Analisar o acesso de idosos aos
serviços de saúde das unidades de saúde do distrito do Entroncamento: Unidade
Municipal de Saúde da Marambaia e Unidade Municipal de Saúde da Tavares
Bastos. A metodologia constará de uma investigação de cunho descritivo-
analítico, com a aplicação de questionário como instrumento de coleta de dados.
A amostra será composta de 150 idosos de 60 anos ou mais, que buscam o
atendimento nas unidades de saúde do distrito do Entroncamento. É importante
destacar que a pesquisa seguirá determinações do Comitê de Ética da
Universidade da Amazônia, respaldado através da Resolução nº 196/96 do
Conselho Nacional de Saúde, que instituiu normas e diretrizes regulamentando
pesquisas com seres humanos.
II) Os dados serão coletados de idosos através de questionário com perguntas
abertas e fechadas e não causará risco a sua integridade física, psicológica,
social e intelectual;
III) A inclusão da percepção do usuário idoso pode permitir a flexibilização dos que
ofertam serviços aos idosos, pois diferentes olhares permitem uma aproximação
mais realista das necessidades de saúde da população;
97
IV) A participação nesse projeto não tem objetivo de submeter o usuário tratamento
químico e não causará gasto, em relação aos procedimentos médico-clínico-
terapêuticos efetuados no estudo, onde o participante será esclarecido sobre as
finalidades da pesquisa, a metodologia utilizada, os usos de seus resultados,
bem como as formas de disseminação do conhecimento adquirido.
V) O participante da pesquisa tem a liberdade de desistir ou de interromper a
colaboração neste estudo no momento em que desejar, sem necessidade de
qualquer explicação;
VI) A desistência não causará nenhum prejuízo a sua saúde ou bem estar físico.
Não virá interferir no atendimento ou tratamento médico;
VII) O participante da pesquisa não receberá remuneração e nenhum tipo de
recompensa nesta pesquisa, sendo sua participação voluntária;
VIII) Os resultados obtidos durante este ensaio serão mantidos em sigilo;
IX) O participante da pesquisa concorda que os resultados sejam divulgados em
publicações científicas, desde que seus dados pessoais não sejam mencionados;
X) Caso o participante da pesquisa desejar poderá pessoalmente, ou por meio de
telefone entrar em contato com o Pesquisador responsável para tomar
conhecimento dos resultados parciais e finais desta pesquisa.
( ) Desejo conhecer os resultados desta pesquisa.
( ) Não desejo conhecer os resultados desta pesquisa.
Belém, de de 2013
Declaro que obtive todas as informações necessárias, bem como todos os eventuais
esclarecimentos quanto às dúvidas por mim apresentadas. Desta forma autorizo a
minha participação na referida pesquisa cima citada.
Assinatura do participante:_____________________________________________
Responsável pela Pesquisa: Samuel Sá
Contato do Pesquisador Responsável: (91) 81190131
98
APÊNDICE B – QUESTIONÁRIO PARA COLETA DE DADOS
I – DADOS PESSOAIS
1 – Gênero:..................................................................................................................... 2 – Idade:........................................................................................................................ 3 – Local de Nascimento:............................................................................................... 4 – Local de Moradia:..................................................................................................... 5 - Escolaridade:
( ) analfabeto ( ) médio incompleto
( ) fundamental incompleto ( ) médio completo
( ) fundamental completo ( ) superior incompleto
( ) superior completo
6 – Renda:
( ) até um salário mínimo ( ) 3 salários mínimos
( ) 2 salários mínimos ( ) maior de 3 salários mínimos
( ) sem renda
II – ACESSO AOS SERVIÇOS DE SAÚDE
1 – É matriculado na unidade de saúde:
( ) sim ( ) não
Caso não, por quê?........................................................................................................
2 – Meio de transporte que utiliza do domicílio à unidade:
( ) a pé ( ) carro
( ) ônibus ( ) outros
Qual?Quais?...................................................................................................................
3 – Deslocamento para unidade de saúde executa:
( ) sozinho ( ) acompanhado
Se acompanhado, por quem?........................................................................................
99
4 – Tempo de espera nas consultas: 4.1 Médica:..................................................................................................................... 4.2 Enfermagem:............................................................................................................ 4.3 Para realização de exames laboratoriais:................................................................ 4.4 Para exames especializados:...................................................................................
5 – Realizou cirurgia:
( ) sim ( ) não
Que cirurgia realizou?....................................................................................................
6 – Consulta médica de clínica geral:
( ) enfrenta sozinho a fila da unidade
( ) solicita a um parente próximo ou vizinho que fique na fila
( ) agenda com a enfermagem
7 – Consulta de enfermagem:
( ) enfrenta sozinho a fila da unidade
( ) solicita a um parente próximo ou vizinho que fique na fila
( ) não enfrenta fila pois está cadastrado na unidade em algum programa
( ) não consulta em enfermagem
8 – Consulta médica especializada (oftalmologia, cardiologia, geriatria e outras):
( ) agenda primeiro com clínico e solicita encaminhamento
( ) paga consulta pois dificilmente consegue atendimento no SUS
( ) nunca necessitou de consulta especializada
( ) conseguiu em outro serviço de saúde
9 – Medicamentos na farmácia da unidade de saúde:
( ) consegue todos os medicamentos prescritos
( ) adquire parte dos medicamentos prescritos
( ) compra medicamentos
( ) adquire por outros meios.
100
Qual? Quais?..................................................................................................................
10 – Acesso à hospitalização:
( ) consegue sempre que necessita
( ) consegue com ajuda de terceiros
( ) dificilmente consegue
( ) nunca necessitou
11 – Participação em programas desenvolvidos na unidade:
( ) HIPERDIA (hipertensão e diabetes)
( ) Polo do Idoso
( ) Tabagismo
( ) Outros
Quais?............................................................................................................................
12 – Funcionamento da unidade:
( ) sabe onde funcionam todos os serviços de saúde
( ) sabe onde funciona parte dos serviços de saúde
( ) tem dificuldade em saber onde funcionam os serviços de saúde
( ) não procura saber
13 – Que sugestões você daria para melhorar o atendimento de saúde do idoso?
................................................................................................................................
101
ANEXOS
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104
105
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