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Page 1: DORAKRAMER O pior não foi Nem carne nem peixe o terremoto ... · O pior não foi o terremoto, nem o tsunami Sandro Donnini Mancini Quando um grande terremoto atingiu o Japão no

Nem carne nem peixe

SOROCABA • TERÇA-FEIRA • 22 DE MARÇO DE 2011

A2

O pior não foio terremoto,nem o tsunami

Sandro Donnini Mancini

Quando um grande terremoto atingiu o Japãono dia 11 de março deste ano, o pior estava para vir,em que pesem tantas mortes e destruição causa-das pelo abalo sísmico e pelo tsunami posterior. Co-mo se não bastasse tanto estrago, um complexo nu-clear com seis reatores começou a entrar em pane.

Os seis reatores localizam-se na região deFukushima, leste do Japão, e juntos somam4.700 MW, três vezes menos que a Usina Hidre-létrica de Itaipu, de 14.000 MW.

O primeiro reator de Fukushima (o reator 1)entrou em operação em 1971 e tem capacidade de460 MW. Outros quatro reatores (o 2, 3, 4 e 5) têmcada um a capacidade de 784 MW e começaram afuncionar entre 1974 e 1978. O último, o 6, partiuem 1979 e tem potência de 1.100 GW, menos queos 1.350 MW de cada um dos reatores das usinasbrasileiras de Angra II e Angra III, esta última emfase de construção.

Numa usina nuclear, o combustível (normal-mente urânio) é forçado a ter seu núcleo atômicorompido, o que gera uma quantidade de energiamuito superior (no mínimo 10 mil vezes maior) quea que seria obtida com qualquer combustível uti-lizado em usinas termelétricas convencionais (adiesel, gás natural, carvão etc.). Essa energia, tér-mica, aquece água até virar vapor e esse vapor mo-vimenta turbinas que por sua vez movimentam osgeradores, obtendo dessa maneira a eletricidade.

Porém, independente do combustível, a maio-ria das usinas termelétricas (incluindo as termo-nucleares) tem, no mínimo, dois defeitos básicos.O primeiro é a necessidade de comprar combustí-vel, coisa que usinas hidrelétricas e eólicas (dosventos), por exemplo, não precisam.

O segundo defeito é que o vapor, após acionaras turbinas, precisa ser resfriado para que volte aser água líquida e possa ser bombeada novamentepara o sistema. Caso isso não ocorra, para conti-nuar gerando vapor será necessária cada vez maiságua. Em Fukushima e Angra dos Reis esse resfria-mento é feito com água do mar devido à alta tempe-

ratura do vapor,que necessitaentão de muitaágua para serresfriado. Angra I(de 657 MW depotência) e AngraII juntas preci-sam de 117 millitros de água porsegundo para oresfriamento dovapor. Angra IIIprecisará demais 77 mil L/s.Como compa-ração, a cidadede Sorocaba con-some aproxima-damente 2 milL/s de água. Aregião metropoli-tana de São Pau-lo, 65 mil L/s.

Além da po-tência, os reato-

res brasileiros são diferentes dos de Fukushimatambém em termos de projeto. Nos reatores de An-gra (chamados de PWR, abreviatura de reator deágua pressurizada) há um segundo circuito deágua envolvido, o que faz com que sejam conside-rados mais seguros que os de Fukushima.

Mas não foi por conta da ausência do segundocircuito de água que o acidente nuclear que se su-cedeu ao terremoto e tsunami ocorreu, embora nãose saiba direito quais seriam as consequências deeventos semelhantes num PWR. Ocorre que reato-res nucleares têm vários sistemas de segurança pa-ra parar as reações de fissão e resfriar o combustí-vel e equipamentos. Porém, devido à magnitude doestrago, quase todos falharam justamente porqueeram dependentes de eletricidade. Esta não chegoumais às usinas após o tsunami, mesmo que tenhamsido acionados geradores auxiliares a diesel. A ele-tricidade foi restabelecida anteontem (dia 20) nosreatores 5 e 6, mas ainda não nos reatores 1, 2 e 3.O único reator que não está dando trabalho é o 4,que foi desligado no final de novembro de 2010 pa-ra manutenção. O reator pode não estar dando tra-balho, mas o combustível exaurido de anos anterio-res, deste e dos outro cinco reatores e que fica ar-mazenado nos prédios que os contém (assim comoem Angra), provavelmente está.

O que aconteceu desde o início do acidente ain-da está nebuloso e não se sabe o tamanho do estra-go. O fato é que foram vistas explosões e fumaça, eagências de notícias informam a subida dos níveisde radiação. Há preocupações sobre os alimentosproduzidos na região, uma vez que componenteseventualmente liberados podem ser incorporadospor plantas e chegar até humanos. Previsivelmente,o acidente nuclear de Fukushima criou um cenáriode caos e desespero, que inclui helicópteros jogan-do água sobre os prédios dos reatores.

Curioso nisso tudo é que reatores nuclearessão geralmente programados para durar 40 anos.A empresa responsável pelo reator 1 de Fukushi-ma adicionou em fevereiro mais 10 anos à vida útildele, devido ao seu bom estado geral. Se tivesse si-do “aposentado”, seria um problema a menos.

Sandro Donnini Mancini (www.sorocaba.unesp.br/professor/mancini;[email protected]) é professor da Unesp de Sorocaba(www.sorocaba.unesp.br) para os cursos de graduação em Enge-nharia Ambiental, Mestrado e Doutorado em Ciência e Tecnologiade Materiais e Mestrado em Engenharia Civil e Ambiental. Escrevea cada duas semanas, às terças-feiras, neste espaço.

Previsivelmente,o acidentenuclear deFukushima criouum cenário decaos e desespero,que incluihelicópterosjogando águasobre os prédiosdos reatores

HOJEO céu fica nublado e chove

o dia todo no litoral norte deSão Paulo. Nas demais áreas doleste paulista, inclusive na ca-pital, o sol aparece entre mui-tas nuvens e também chove aqualquer hora. Nas demais áre-as do Sudeste, o sol apareceforte e a temperatura sobe.Com o tempo abafado, a nebu-losidade aumenta e provocapancadas de chuva a partir datarde. Em Sorocaba, a previsãoé de sol e aumento de nuvensde manhã. Pancadas de chuvaà tarde e à noite. A temperaturaoscila entre 18 e 27ºC.

(Fonte: Climatempo)

DORA KRAMER

“Aqueles queacreditam ser ademocracia umobstáculo no caminhodo progresso terão dever com o exemplo doBrasil”

De Barack Obama, presi-dente dos Estados Unidos, emdiscurso no Rio de Janeiro, nodomingo, sobre a democracia.Obama elogiou o Brasil e disseque os dois países são parceirospor “compartilhamos duradou-ros valores e ideias” (21/3).

“O salário nãocoloca a rentabilidade(da empresa) em risco.Comprimi-lo seria umtiro no pé, poisreduziria o dinamismodo mercado interno,que favorece a própriaindústria”

De Fernando Sarti, profes-sor do núcleo de economia in-dustrial da Unicamp sobre o fa-to de que os salários crescerammais que a produtividade noBrasil (21/3).

“É muito vexatóriovocê sentado e todomundo olhando, unscom compaixão eoutros dandorisada... muitos semachucaram”

De Lázaro Roberto Valente,advogado, sobre as quedas nopiso escorregadio da regiãocentral de Sorocaba. Duasações tiveram decisão favorávelàs vítimas, no Tribunal de Jus-tiça do Estado (21/3).

Em meio à polêmica sobre o contrato paraoperação dos radares em várias cidades

brasileiras levantada pelo programa‘Fantástico’, da Rede Globo, uma questão

precisa ser lembrada: eles inibem mesmo aalta velocidade nas vias urbanas e nas

rodovias? Quando estão longedesses equipamentos, geralmente,

motoristas (nem todos,é bom deixarclaro) andam acima da velocidade permitida,

quando estão perto de radares reduzem?Olha o flagrante do repórter fotográfico

Luiz Setti. Um veículo passa em altavelocidade pela placa que avisa que tem ra-

dar logo à frente. Perigo iminente.

Há 100 anos, o Cruzei-ro do Sul registrava:“Domingo proximo o

Sport Club Savoia, do Votoran-tim, inaugurando o seu novoground, realiza uma bella festasportiva, em que figura, como onumero mais sensacional, ummatch de foot-ball com o primei-ro team do valoroso S. PauloAthletic, da capital. Aos dignossportsmens do club inglez, oClub Savoia fará digna recepção,offerecendo-lhes lauto almoçono Grande Hotel do Vicente.”

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Há 100 anos

PERIGO IMINENTE

LU

IZ S

ET

TI

PRÓXIMOS DIASEm Sorocaba

amanhãSol e aumentode nuvens demanhã. Panca-das de chuva àtarde e à noite

quinta-feiraSol e aumentode nuvens demanhã. Panca-das de chuva àtarde e à noite

sexta-feiraSol e aumentode nuvens demanhã. Panca-das de chuva àtarde e à noite

(Fonte: Climatempo)

FASES DA LUA

CHEIAComeçou dia

19/3, às 8h36

MINGUANTEComeça dia 26/3,às 23h27

NOVAComeça dia 3/4,

às 20h47

CRESCENTEComeça dia 11/4,às 23h46

DIRETORIA EXECUTIVAPresidente: Laelso RodriguesVice-presidente:José Augusto Marinho Mauad1º tesoureiro:Francisco Antonio Pinto 2º tesoureiro: Mauro Antonio Correa da Silva 1º secretário: José Roberto Alves2º secretário: José Oswair Drigo Diretor de patrimônio: Rubens Cury Basso Conselho Editorial: Laelso Rodrigues, Paulo VirgílioGuariglia, Hélio Sola Aro, Luiz Antonio Zamuner eCarlos Hingst CorráCONSELHO SUPERIORPresidente: Tiberany Ferraz dos SantosVice-presidente: José Antonio FasiabenSecretário: João Roberto Muller

Diário matutinofundado em 1903

O PSD, partido cuja criação foi anunciada ofi-cialmente ontem pelo prefeito de São Paulo, Gil-berto Kassab, é uma síntese do quadro partidáriobrasileiro.

Não tem ideário específico nem posição nítida,se propõe a transitar do governo à oposição, nãofaz exigências de natureza doutrinária a quem sedispuser a aderir, não apresenta um plano de vooalém da oportunidade de disputa de eleições eexibe um programa adaptável a gregos e troianos.

A declaração do deputado Protógenes Queiróz,presente ao ato de lançamento, é emblemática: nãoestá pensando em se filiar ao partido, mas disse quese Kassab convidá-lo para ser candidato à Prefeitu-ra de São Paulo, em 2012, aceita de bom grado tro-car o PC do B pelo PSD.

Não vai acontecer, masbem que poderia se Protó-genes tivesse credenciaismelhores que ter sido elei-to na esteira dos votos deoutrem graças às artes docoeficiente eleitoral, a jul-gar pelos primeiros movi-mentos PSD e manifes-tações de seu fundador.

O partido é dito liberal,mas até outro dia havia afirme intenção de se fun-dir à legenda socialistapresidida pelo governadorEduardo Campos. Mu-dou de nome antes do ba-tismo, para não dar mar-gem a piadas como PDB(Partido da Boquinha) ealterou também seus pla-nos de fusão.

Kassab, que há menosde um mês dizia que nu-ma escala de 0 a 10 nãopassava de 1 a chance deseu partido seguir viagemsozinho sem se juntar a uma outra agremiação,ontem descartou completamente a hipótese. Pa-ra fugir da acusação de que criou um partido“trampolim” apenas para livrar a si e seus novoscorreligionários dos rigores da fidelidade partidá-ria.

Segundo o prefeito de São Paulo, o PSD é inde-pendente, fará “uma espécie” de oposição respon-sável ao governo Dilma Rousseff mas, ao mesmotempo, se propõe a ajudá-la a ser “uma grandepresidente”.

Ao mesmo tempo que adula Dilma, faz da fi-delidade ao tucano José Serra profissão de fé, jáanunciando que não se oporá a Geraldo Alckminem São Paulo.

Ante tanto ecletismo, é de se perguntar: afinalde contas, que apito tocará o PSD?

MESURA

O casal Obama deu um show de charme, com-postura e simpatia e o presidente americano foimuito gentil, bem como sua assessoria muito com-petente nas referências históricas e contemporâne-as ao Brasil, no discurso do Teatro Municipal do Rio

Elogiou, celebrou, mas de importante não dis-se coisa alguma. Fez uma fala “social”, guardan-do o discurso político para a visita ao Chile, estesim um aliado incondicional dos Estados Unidos.

DESMESURA

A explicação de que Lu-la recusou o convite para oalmoço com Obama paranão “ofuscar” Dilma alémde presunçosa é falaciosa.Pela própria composição docerimonial não há “ofus-cação” possível: quem apa-rece ao lado do convidado otempo todo é a atual e nãoo ex-presidente.

Faz mais sentido a im-pressão geral de que Lulanão foi para não ser “maisum” entre outros ex-pre-sidentes. E para não pas-sar pelo constrangimentode ouvir sem compreen-der a conversa na mesa,da qual fazia parte Fer-nando Henrique Cardoso.

Se o ex-presidentequeria se fazer notar pelaausência, tornou-se per-cebido pela descortesia.Não surpreendeu.

PARA CONTRARIAR

Os mais fanáticos fazem de tudo motivo paraconflito: de “presidente” versus “presidenta” ablog de Bethânia, qualquer assunto vira uma dis-puta entre governistas e oposicionistas, cujosembates não costumam privilegiar bom senso, ló-gica nem discernimento.

Do lado do PT, esse pessoal agora buscarazões ocultas para explicar a boa receptividadede Dilma Rousseff em seus primeiros dias entreos não adeptos de sua candidatura a presidente.

É como se vivessem numa dinâmica movidapelo confronto por mero prazer de confrontar.

Kassab, que há menos de ummês dizia que numa escala

de 0 a 10 não passavade 1 a chance de seu partidoseguir viagem sozinho sem se

juntar a uma outraagremiação, ontem descartou

completamente a hipótese.Para fugir da acusação de quecriou um partido ‘trampolim’

apenas para livrar a si eseus novos correligionários

dos rigores da fidelidadepartidária

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